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HOSPITAL DA LUZ UMA RARIDADE NO TRATAMENTO DAS E RIDAS ALIGNAS Maria Aparício En fª Responsável da Unidad e de Cu i da dos Pa I iati vos do Hospital da L uz. maparicio@ hospita Ida luz.pt Tân ia Resende Joa na Bragança Cátia M áx i mo En fermeiras na UC CPdo HL I sabei Ga Ir i ça Neto DiretoraCiín i ca da UC CPdo HL .. INTRODUÇAO O gliossarcoma é um raro tumor maligno primário do SNC. Apresenta um comportamento clínico muito agressivo e tem capacidade de metastização reconhecida, podendo as metástases ocorrer a nível sistémico em até cerca de 1/3 dos casos, nomeadamente a nível cutâneo. O tratamento passa pela cirurgia e RT, mas o prognóstico é pobre e a sobrevida habitualmente não ultrapassa os 12 meses. ESTUDO DE CASO clínico de um doente com ferida maligna (FM) secundária a gliossarcoma. Foi consultado processo clínico do doente de forma a apresentar as estratégias adoptadas no tratamento dos sintomas para a promoção da qualidade de vida (QV). ... , DESCRIÇAO SUMARIA DO, CASO Sexo masculino, 67 anos; Antecedentes Pessoais: HTA ; lnsuficiencia venosa membros inferiores; Hi stória clín ica atual: Maio 2014 diagnostico de Gliossarcoma tempera parietal -:) tratamento imediato: cirurgia +quimioterapia- > com recidiva tumoral; Dezembro 2014 nova cirurgia + infiltração tumoral cutânea e subcutânea loco regional ... EVOLUÇAO No inicio do internamento (15/12/2014) a FM apresentava-se de nível I com ausência de sintomas, necessitando apenas de penso simples. No decurso do internamento, evoluiu até nível IV, aumentando progressivamente de extensão, surgindo exsudado abundante; hemorragia ligeira; cheiro fétido, prurido e dor. O tratamento foi ajustado consoante as necessidades, utilizando hidrofibra com prata, carvão ativado, metronidazol sistémico, sulcralfato e gel de rmel. A frequencia e o tipo de materiais utilizados na realização do penso visaram acima de tudo o conforto e a promoção da dignidade do doente, bem como o bem estar e apoio da familia. O internamento terminou com o óbito do doente (18/01/2015) sendo que à data do óbito o odor da ferida estava melhorado e a sua repercussão no ambiente do doente foi minimizada. Doente faleceu tranquilamente com sintomas controlados. - CONCLUSAO A raridade desta caso e a sua agressividade clínica mereceram-nos destaque e permitiram-nos novas aprendizagens, numa situação de elevado impacto para os doentes/família e profissionais de saúde. O controlo dos sintomas associados à FM , integrado numa estratégia global de intervenção no sofrimento, contribuiu para a QV do doente e a prevenção do seu isolamento, permitindo a participação em eventos familiares e manutenção do desempenho dos seus papéis. BIBLIOGRAFIA: •Seunggu J. Han et ai ; Primary gliosarcoma: key clinical and pathologic distinctions from Q!lioblastoma with implications as a un ique oncologic entity; J Neu ro oncol (201 O) 96:313-320 •Sibele Kllitzke et a i; Gl iossarcoma: um desafio clínico e terapêutico; Revista da AMRIGS, Porto Alegre, 56 (1): 63-66, jan.- mar. 2012 •Pareckh HC , Odonovan DG , Sharma RR , Keogh AJ. Primary cerebral gliosarcoma: report of 17 cases. British Journa l of Neurosurgery. 1995;9: 171- 178.

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HOSPITAL DA LUZ

UMA RARIDADE NO TRATAMENTO DAS E RIDAS ALIGNAS

Maria Aparício En fª Responsável da Unidade de Cu ida dos Pa I ia ti vos do Hospital da Luz. maparicio@ hospita Ida luz.pt

Tân ia Resende

Joana Bragança

Cátia Máximo

En fermeiras na UCCPdo HL

I sabei Ga Ir iça Neto DiretoraCiín ica da UCCPdo HL

.. INTRODUÇAO

O gliossarcoma é um raro tumor maligno primário do SNC. Apresenta um comportamento clínico muito agressivo e tem capacidade de metastização reconhecida, podendo as metástases ocorrer a nível sistémico em até cerca de 1/3 dos casos, nomeadamente a nível cutâneo. O tratamento passa pela cirurgia e RT, mas o prognóstico é pobre e a sobrevida habitualmente não ultrapassa os 12 meses.

ESTUDO DE CASO clínico de um doente com ferida maligna (FM) secundária a gliossarcoma. Foi consultado processo clínico do doente de forma a apresentar as estratégias adoptadas no tratamento dos sintomas para a promoção da qualidade de vida (QV).

... , DESCRIÇAO SUMARIA DO, CASO

Sexo masculino, 67 anos; Antecedentes Pessoais: HTA; lnsuficiencia venosa membros inferiores; História clínica atual: Maio 2014 diagnostico de Gliossarcoma tempera parietal -:) tratamento imediato: cirurgia +quimioterapia­> com recidiva tumoral; Dezembro 2014 nova cirurgia + infiltração tumoral cutânea e subcutânea loco regional

... EVOLUÇAO

No inicio do internamento (15/12/2014) a FM apresentava-se de nível I com ausência de sintomas, necessitando apenas de penso simples. No decurso do internamento, evoluiu até nível IV, aumentando progressivamente de extensão, surgindo exsudado abundante; hemorragia ligeira; cheiro fétido, prurido e dor.

O tratamento foi ajustado consoante as necessidades, utilizando hidrofibra com prata, carvão ativado, metronidazol sistémico, sulcralfato e gel de rmel. A frequencia e o tipo de materiais utilizados na realização do penso visaram acima de tudo o conforto e a promoção da dignidade do doente, bem como o bem estar e apoio da familia.

O internamento terminou com o óbito do doente (18/01/2015) sendo que à data do óbito o odor da ferida estava melhorado e a sua repercussão no ambiente do doente foi minimizada. Doente faleceu tranquilamente com sintomas controlados.

-CONCLUSAO

A raridade desta caso e a sua agressividade clínica mereceram-nos destaque e permitiram-nos novas aprendizagens, numa situação de elevado impacto para os doentes/família e profissionais de saúde. O controlo dos sintomas associados à FM, integrado numa estratégia global de intervenção no sofrimento, contribuiu para a QV do doente e a prevenção do seu isolamento, permitindo a participação em eventos familiares e manutenção do desempenho dos seus papéis.

BIBLIOGRAFIA:

•Seunggu J. Han et ai ; Primary gliosarcoma: key clinical and pathologic distinctions from Q!lioblastoma with implications as a unique oncologic entity; J Neurooncol (201 O) 96:313-320 •Sibele Kllitzke et ai; Gl iossarcoma: um desafio clínico e terapêutico; Revista da AMRIGS, Porto Alegre, 56 (1): 63-66, jan. -mar. 2012 •Pareckh HC, Odonovan DG, Sharma RR, Keogh AJ. Primary cerebral gliosarcoma: report of 17 cases. Brit ish Journal of Neurosurgery. 1995;9: 171-178.