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Revista Especial de Educação Física – Edição Digital v. 3, n. 1, novembro 2006. Anais do V Simpósio de Estratégias de Ensino em Educação/Educação Física Escolar Disponível em: <http://www.faefi.ufu.br/nepecc> 227 UMA OUTRA METODOLOGIA DE ENSINO DO BASQUETE É POSSÍVEL? 1 Renata Linhares 2 Especialista em Educação Física Escolar FEF/UFG - [email protected] Vanessa Carvalho Pereira 3 Especialista em Educação Física Escolar FEF/UFG - [email protected] Resumo Neste estudo apresentamos uma proposta teórico-metodológica para o ensino da Educação Física escolar, mais especificamente, para o ensino do basquete na Escola Municipal Honestino Monteiro Guimarães. Para tanto, nos valemos, prioritariamente, dos estudos de Bracht (1996) e Assis (2001) sobre as questões que envolvem o fenômeno esportivo e sua relação com a Educação Física escolar, de Frigotto (2000) e Silva (1992) acerca da Educação/Currículo e do Coletivo de Autores (1992) a propósito de dialogarmos com a literatura crítica produzida na área. Tal incursão fez-se necessária na medida que favoreceu reflexões que apontavam para necessidade de construção de propostas e instrumentos pedagógicos efetivos e alternativos à perspectiva da aptidão física e a esportivização da Educação Física. Deste modo, o trabalho apresenta uma discussão inicial acerca do esporte e da Educação Física, o nosso entendimento sobre a avaliação, o detalhamento dos objetivos, da metodologia e dos passos utilizados para implementação da proposta e as considerações finais. Introdução Este trabalho tem a perspectiva de construção de uma proposta teórico-metodológica para o ensino do basquete como um elemento da cultura corporal. Nesse contexto, a estratégia planejada realizou-se numa escola pública de Goiânia para, assim, contribuirmos com o desenvolvimento de uma proposta de intervenção que primasse por favorecer reflexões sobre as dimensões: históricas, de origem, técnicas e táticas, fundamentos e regras do basquete, bem como reflexões sobre o esporte espetáculo, sua relação com a mídia e os possíveis mitos e preconceitos. Para tanto, desenvolvemos uma pesquisa-ação que busca aproximar a produção teórica da prática, na medida que envolve na pesquisa os agentes sociais afetados na condição de sujeitos do conhecimento (Thiollent, 2002). 1 O presente estudo foi elaborado ao final da disciplina de Metodologia do ensino do esporte, ministrada pelo professor Drº. Marcelo Guina Ferreira, da Especialização em Educação Física escolar oferecida pela U.F.G, pensando na realidade da escola pública de Goiânia/GO. 2 Professora de Educação Física da Escola Municipal Honestino Monteiro Guimarães. 3 Professora de Educação Física da Escola Infantil São José.

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Page 1: UMA OUTRA METODOLOGIA DE ENSINO DO … · 5 Originalmente este ensaio “Resume über Kulturindustrie” foi uma conferencia radiofônica pronunciada por Adorno na ... (Parva Aesthetica

Revista Especial de Educação Física – Edição Digital v. 3, n. 1, novembro 2006. Anais do V Simpósio de Estratégias de Ensino em Educação/Educação Física Escolar

Di sponível em: <http://www.faefi.ufu.br/nepecc>

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UMA OUTRA METODOLOGIA DE ENSINO DO BASQUETE É POSSÍVEL?1

Renata Linhares2 Especialista em Educação Física Escolar FEF/UFG - [email protected]

Vanessa Carvalho Pereira3 Especialista em Educação Física Escolar FEF/UFG - [email protected]

Resumo

Neste estudo apresentamos uma proposta teórico-metodológica para o ensino da Educação Física escolar, mais especificamente, para o ensino do basquete na Escola Municipal Honestino Monteiro Guimarães. Para tanto, nos valemos, prioritariamente, dos estudos de Bracht (1996) e Assis (2001) sobre as questões que envolvem o fenômeno esportivo e sua relação com a Educação Física escolar, de Frigotto (2000) e Silva (1992) acerca da Educação/Currículo e do Coletivo de Autores (1992) a propósito de dialogarmos com a literatura crítica produzida na área. Tal incursão fez-se necessária na medida que favoreceu reflexões que apontavam para necessidade de construção de propostas e instrumentos pedagógicos efetivos e alternativos à perspectiva da aptidão física e a esportivização da Educação Física. Deste modo, o trabalho apresenta uma discussão inicial acerca do esporte e da Educação Física, o nosso entendimento sobre a avaliação, o detalhamento dos objetivos, da metodologia e dos passos utilizados para implementação da proposta e as considerações finais.

Introdução

Este trabalho tem a perspectiva de construção de uma proposta teórico-metodológica para o ensino do basquete como um elemento da cultura corporal. Nesse contexto, a estratégia planejada realizou-se numa escola pública de Goiânia para, assim, contribuirmos com o desenvolvimento de uma proposta de intervenção que primasse por favorecer reflexões sobre as dimensões: históricas, de origem, técnicas e táticas, fundamentos e regras do basquete, bem como reflexões sobre o esporte espetáculo, sua relação com a mídia e os possíveis mitos e preconceitos. Para tanto, desenvolvemos uma pesquisa-ação que busca aproximar a produção teórica da prática, na medida que envolve na pesquisa os agentes sociais afetados na condição de sujeitos do conhecimento (Thiollent, 2002).

1 O presente estudo foi elaborado ao final da disciplina de Metodologia do ensino do esporte, ministrada pelo professor Drº. Marcelo Guina Ferreira, da Especialização em Educação Física escolar oferecida pela U.F.G, pensando na realidade da escola pública de Goiânia/GO. 2 Professora de Educação Física da Escola Municipal Honestino Monteiro Guimarães. 3 Professora de Educação Física da Escola Infantil São José.

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Neste relato de experiência, a intenção é colaborar com as reflexões e propostas pedagógicas progressistas que foram produzidas na Educação Física a partir da década de 1980, dialogando com as mesmas, a fim de produzir propostas de intervenção inovadoras, pois segundo Arroyo (2000, p.152), “o núcleo inovador é baseado nas práticas cotidianas dos próprios professores e alunos, nas virtualidades inovadoras que há no ato educativo. Os sujeitos da ação pedagógica são os sujeitos da inovação”. Bem como construir subsídios que venham contribuir com a prática pedagógica dos professores de Educação Física escolar. A pesquisa foi realizada com turmas de ciclo II4 da escola Municipal Honestino Monteiro Guimarães, no ano de 2005. Fundamentação Teórica

A Educação Física escolar tradicionalmente pautou-se pela ótica da educação do ‘físico’, ou seja, pela formação e desenvolvimento

da aptidão física do ser humano. As instituições que cumpriram e, ainda cumprem papel decisivo neste processo são: a médica, a militar e a esportiva. Segundo Assis durante o seu percurso histórico,

a educação física vem recebendo influência de outras instituições, assumindo ou incorporando seus códigos e vinculando-se à construção/formação de diferentes modelos de ‘corpos’. Primeiro a instituição médica (o corpo higiênico-eugênico), depois a instituição militar (o corpo produtivo, dócil e disciplinado) e, por último, a instituição esportiva (os corpos produtivo, esportivo, competitivo, apolítico, acrítico, alienado, mercador, mercadoria e consumidor) (ASSIS, 2001, p.14).

A respeito das instituições que ao longo da história do desenvolvimento da Educação Física tornaram-se marcantes e porque não

dizer, decisivas para a constituição desta área merecerá destaque neste estudo a instituição esportiva, pelo fato de constatarmos que sua influência alcança os dias atuais e pelo esporte constituir-se no foco principal deste trabalho.

A influência esportiva na Educação Física é mais recente que as demais, já que o esporte se difunde pelo mundo após a Revolução

Industrial. Este, enquanto prática corporal, vem assumindo historicamente um caráter competitivo que o acompanha desde sua evolução e que se constitui numa das suas mais marcantes características. Segundo Bracht, o esporte

[...] refere-se a uma atividade corporal de movimento com caráter competitivo surgida no âmbito da cultura européia por volta do século XVIII, e que com esta, expandiu-se para todos os cantos do planeta. No seu desenvolvimento conseqüente no interior desta cultura, assumiu o esporte suas características básicas, que podem ser sumariamente resumidas em: competição, rendimento físico-técnico, recorde, racionalização e cientifização do treinamento (BRACHT, 1989 p. 69).

4 A organização escolar na Rede Municipal do Ensino (RME) de Goiânia se estabelece a partir de agrupamentos por ciclos, de acordo com a faixa etária dos educandos. Assim, o ciclo I compreende crianças de 6 a 8 anos, o ciclo II crianças de 9 a 11 anos e o ciclo III de adolescentes de 12 a 14 anos.

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O esporte, entendido enquanto fenômeno do mundo moderno, ritualiza e incorpora elementos da sociedade capitalista, tais como: a

competição, a racionalização, a influência cada vez mais crescente de uma ciência que surge com o propósito de influir nas práticas esportivas (ciência esportiva), a identidade criada entre nações e práticas esportivas, a especialização, a busca incessante por recordes, medalhas, supremacia política e econômica (caso da Guerra Fria), etc. Assim, o esporte se difundiu pelo mundo revolucionando o universo das práticas corporais. Tal fenômeno dar-se-á sobre os cuidados do movimento olímpico internacional. Para Bracht:

É importante ressaltar que muitos dos elementos característicos da sociedade moderna, no caso capitalista industrial, vão ser incorporados e/ou estão presentes no esporte: orientação para o rendimento e a competição, a cientifização do treinamento, a organização burocrática, a especialização de papéis, a pedagogização e o nacionalismo (este último sendo central para a expansão do esporte promovido pelo movimento olímpico) (BRACHT, 1996, p. 04).

No Brasil, somente no final do Estado Novo, com os processos de urbanização, industrialização e com o avanço dos meios de

comunicação de massa é que o esporte se difunde pelo país. Os governos pós-64 foram decisivos neste processo, a ponto do esporte ser utilizado como Aparelho Ideológico do Estado. Através do esporte, o governo buscava desviar o foco de atenção da população das questões políticas e econômicas (Assis, 2001).

Com o desenvolvimento do esporte irão ficar cada vez mais evidentes a importância que assumem a mídia, a ciência e a escola dentro

do mundo esportivo corroborando com a aceitação popular e a legitimação social desta prática corporal. “Os meios de comunicação de massa não podem ser considerados elementos externos a instituição esportiva, são parte integrante dela, assim como as chamadas ciências do esporte (sem falar na escola que vai ser instrumentalizada para socializar consumidores e praticantes).” (BRACHT, 1996 p.09).

A pressão que a sociedade faz sobre o indivíduo através dos meios de comunicação de massa está presente também no esporte, no

sentido de manter a perspectiva da ideologia dominante.

A indústria cultural abusa na sua consideração para com as massas a fim de duplicar, consolidar e reforçar sua mentalidade pressuposta como imutável. Tudo que poderia servir para transformar esta mentalidade é por ela excluído. As massas não são o critério em que se inspira a industria cultural, mas antes a sua ideologia, dado que esta só poderia existir, prescindindo da adaptação das massas. (ADORNO5, 1979).

5 Originalmente este ensaio “Resume über Kulturindustrie” foi uma conferencia radiofônica pronunciada por Adorno na Internationalen Rundfunkuniversität des Hessischen Rundfunk de Frankfurt, de 28 de março a 4 de abril de 1963, depois incluído do livro Ohne Leitbild. Parva Aesthetica. Frankfurt, Suhdamp, 1967. Tradução de Carlos Eduardo Jordão Machado do original alemão e cotejada com a tradução italiana (Parva Aesthetica. Milano. Einaudi, 1979). Anita Simis e Marcos Costa colaboraram na edição final do texto.

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Não é difícil diagnosticar isso nas práticas corporais, principalmente, no esporte, onde a cooptação das vontades de cada um é manipulada para adquirir os equipamentos, a vestimenta, os ingressos de jogos... tornando as pessoas consumidoras das práticas corporais.

O esporte, a ginástica, a dança, as artes marciais e as práticas de aptidão física tornam-se, cada vez mais, produtos de consumo (mesmo que apenas como imagens) e objetos de conhecimento e informações amplamente divulgados para o grande público. Jornais, revistas, videogames, rádio e televisão difundem idéias sobre cultura corporal de movimento (...) Crianças tomam contato precocemente com práticas corporais e esportivas do mundo adulto. Informações sobre a relação práticas corporais - saúde estão accessíveis em qualquer revista feminina, em jornais noticiais e documentários de TV, nem sempre com o rigor técnico-científico que seria desejável. (BETTI, 1998, p. 17).

O papel assumido pela mídia foi tão decisivamente importante para a difusão do esporte que a denominação mais usual atualmente é

esporte-espetáculo, mantido e dirigido por instituições. O que queremos dizer é que existem instituições cada vez mais organizadas que controlam as práticas esportivas (federações, confederações, C.O.B., C.O.I., etc) e empresas ligadas a estas mesmas instituições que controlam o mercado esportivo e que acabam por controlar até mesmo as próprias instituições e seus regimentos internos, já que o que manda é o mercado e as questões econômicas. Sobre esta questão Bracht (1996, p.10) elucida: “O esporte de alto rendimento ou espetáculo vai organizar-se a partir dos princípios econômicos vigentes na economia de mercado”.

A escola também desempenhará papel importante neste processo assumindo e veiculando o discurso de que o esporte ‘educa’ e

principalmente, que ‘esporte é saúde’. Assim, o esporte consolidou-se na instituição escolar como conteúdo quase exclusivo das aulas de Educação Física, e se apresenta a serviço da instituição esportiva disseminando seus princípios dentro da escola. Segundo Assis (2001 p.16): “Hoje não só o esporte é o conteúdo exclusivo ou prioritário para a organização das aulas, como também outras formas culturais vão sendo esportivizadas por meio da realização de competições, da uniformização de regras, etc”.

Entretanto, o que queremos destacar e que se configura num dos maiores intentos deste estudo é a possibilidade de construirmos uma

outra cultura esportiva, um novo esporte escolar que surgirá por um lado, do conhecimento do modelo esportivo que está posto - o qual na maioria das vezes é hegemonicamente trabalhado em nossas escolas - por outro, da subseqüente crítica reflexiva a este modelo e às condições sociais que privilegiam o esporte. Partindo da idéia que a escola é um campo de disputa hegemônica o intuito é colaborar com propostas de mudanças que tenham como foco a transformação da escola, tanto dos seus sujeitos escolares quanto da realidade concreta a que está submetida a escola pública.

A educação, quando apreendida no plano das determinações e relações sociais e, portanto, ela mesma constituída e constituinte destas ralações, apresenta-se historicamente como um campo de disputa hegemônica. Esta disputa dá-se na perspectiva de articular as concepções, a organização dos processos e dos conteúdos educativos na escola e, mais amplamente, na diferentes esferas da vida social, aos interesses de classe. (FRIGOTTO, 2000, p. 25)

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Porém, tal intento não se constitui em tarefa simples, visto que a Educação Física também é um campo de disputa hegemônica. No

entanto, é por acreditarmos que a Educação Física pode e deve desempenhar outras funções que não sejam aquelas ligadas ao melhoramento da aptidão física e/ou a preparação esportiva, e que o esporte não é, nem deve ser tratado como o único conteúdo da Educação Física escolar, que nos dedicamos neste estudo a reflexões acerca do esporte e da Educação Física, a fim de que construamos uma proposta alternativa de ensino do esporte na escola. Deste modo, concordamos com o Coletivo de Autores (1992, p. 50) que “a Educação Física é uma prática pedagógica que, no âmbito escolar, tematiza formas de atividades expressivas corporais como: jogo, esporte, dança, ginástica, formas estas que configuram uma área de conhecimentos que podemos chamar de cultura corporal”.

Assim sendo, propomos um processo de ensino-aprendizagem humanizador, crítico, identificador das relações existentes entre o

esporte, a ginástica, a dança, etc e a sociedade capitalista, com vistas à transformação e à reflexão superadora, sem, contudo, negarmos “a necessidade do domínio dos elementos técnicos e táticos” (Coletivo de Autores, 1992, p. 41). Entretanto, tais elementos merecem ser abordados não como supostas verdades ‘naturais’, mas como fruto de um processo de construção histórica, no qual principalmente, a ciência e os meios de comunicação influenciam de forma decisiva.

O ponto crucial parece ser o acesso real e refletido à cultura corporal, através da prática efetiva das atividades, mas de uma prática

capaz de aquisição e compreensão da linguagem corporal, refletindo sobre o significado e os valores do mundo por ela representado e, também, construído (ASSIS, 2001, p.97). O que propomos e que ficará mais claro aos olhos dos/as leitores/as no momento em que detalharmos nossa metodologia é um trato diferenciado para o esporte. Para educar as crianças e jovens dentro da lógica capitalista, do esporte-espetáculo já temos a mídia, bem como o conjunto da nossa organização social. A nossa função dentro da instituição educacional é favorecer o acesso ao conhecimento, desmistificando a pretensa neutralidade do fenômeno esportivo, levando aos nossos/as alunos/as um conhecimento que ultrapasse as barreiras do técnico, tático e da imposição das regras oficiais. É preciso que sejam capazes de entender o esporte enquanto fenômeno cultural, fruto de construção histórico-social e, portanto, passível de ser reconstruído, questionado e vivenciado de forma lúdica e prazerosa, com vistas à ampliação do conhecimento e à emancipação, contudo, sem negarmos aos/às alunos/as o conhecimento acerca do esporte-espetáculo.

Um esporte que sai da condição de conteúdo prioritário ou exclusivo da organização das aulas, para ser tratado no âmbito de um programa que contempla o acervo de conteúdos ou temas da cultura corporal, sem hierarquia. Um esporte que foge da ditadura dos gestos, modelos e regras, que têm suas normas questionadas e é adaptado à realidade social e cultural dos alunos. Um esporte desmistificado porque conhecido, praticado de forma prazerosa, com vivências de sucesso para todos. Um esporte adquirido como bem cultural, cuja prática passa a ser compreendida como direito (ASSIS, 2001, p. 196).

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É preciso contribuir para que uma outra visão de ser humano seja construída, desde a infância, para que possamos estabelecer outras relações entre as pessoas. Assim, a avaliação tem que atender esse olhar complexo do ser humano, merecendo ser discutida como um processo que se configura em mais uma etapa dentro do ensino da Educação Física, levando em consideração o percurso caminhado por alunos/as e professores/as na construção do conhecimento. Deste modo, buscamos romper com a lógica seletiva e excludente que vem pautando as avaliações em Educação Física. Selecionar e classificar alunos/as a partir do seu desempenho físico-esportivo não será a tônica do processo avaliativo que propomos, “o que se pretende é deixar evidente que a avaliação não se reduz a partes, no início, meio e fim de um planejamento,

Sabemos que a construção dessa perspectiva nos leva a questionar as mudanças na nossa sociedade, uma vez que a escola reproduz a lógica capitalista dentro de suas relações. De acordo com Silva (1992) a escola reproduz a estrutura social, a dominação cultural e simbólica, as funções hierárquicas do mundo do trabalho, mas abriga a contradição presente na sociedade que é o estopim pra que possamos transformar. Existe, portanto, um potencial de ruptura presente, mas encontraremos limites para implementar uma proposta que pretende ser contrária a essa lógica. Essas dificuldades não podem nos impossibilitar de contribuir para a construção de outra perspectiva sócio-pedagógica, que ultrapasse os muros da escola dando conta de questionar a influência da mídia e das organizações sociais dentro da escola. Assim, segundo Silva (1992, p.59) “a educação seria, ao mesmo tempo, produção e reprodução, inculcação e resistência, continuidade e descontinuidade, repetição e ruptura, manutenção e renovação”.

Cabe a escola partir de valores do senso comum, mas para superá-los. O reconhecimento dos limites de nossas ações na

transformação de comportamentos não pode ser um obstáculo que nos impeça de fazer a discussão de gênero, raça, biótipo, classe social, deficientes físicos... O corpo esportivo apresenta historicamente características masculinizadas que precisam ser compreendidas como construção cultural de uma sociedade que carrega valores estabelecendo a supremacia masculina em detrimento da feminina. Como apresenta Daólio, (1997 p.102) “... compreender que as diferenças motoras entre meninos e meninas são, em grande parte, construídas culturalmente, e, portanto, não são naturais, no sentido de serem determinadas biologicamente, e, conseqüentemente, irreversíveis”.O desafio para nós professores/as de educação física é respeitar essas diferenças e construir relações de equidade entre os gêneros. Construir uma metodologia que permita oportunidade para meninos e meninas vivenciarem a prática esportiva.

A discussão de raça também é outro ponto a ser discutido, pois apesar da igualdade assegurada formalmente pelo poder jurídico, a

realidade nos mostra uma desigualdade racial. De acordo com Carneiro (2000) representante do movimento negro em entrevista para Caros Amigos:

Em nossa situação de igualdade formal aprofundou a visão de inferioridade natural do negro, porque, se você tem uma situação onde supostamente há uma igualdade – pelo menos no plano legal - então, se os negros vivem pior, se são desgraçados, miseráveis, pobres e analfabetos, é porque devem isso as suas próprias características... E isso denuncia o desprezo absoluto que a sociedade brasileira tem pelo negro (CARNEIRO, 2000, p.26).

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ou a períodos predeterminados. Não se reduz a medir, comparar, classificar e selecionar alunos. Muito menos se reduz à análise de condutas esportivo-motoras, a gestos técnicos ou táticas.” (COLETIVO DE AUTORES, 1992, p.112).

Deste modo, comungamos da idéia de que a avaliação deve ser processual, pautada por princípios que levem em conta o percurso do

aluno/a dentro do processo de aprendizagem, a fim de que sejam respeitados os limites e as possibilidades de cada um. Tudo isso, dentro de um processo dialógico e democrático, no qual professores/as e alunos/as se sintam partícipes e responsáveis pelos resultados da ação educativa. “A proposta de avaliação de ensino-aprendizagem da Educação Física deve, portanto, levar em conta a observação, análise e conceituação de elementos que compõem a totalidade da conduta humana e que se expressam no desenvolvimento de atividades”. (COLETIVO DE AUTORES, p.104).

Os critérios para avaliação dos alunos abrangeram: participação nas aulas, auto-avaliação, produção de trabalho, textos, bem como o

desenvolvimento e ampliação dos gestos técnicos e motores trabalhados.

Detalhando o projeto

O trabalho em questão constituiu-se em grande desafio, pois após termos discutidos questões que perpassam o esporte e a Educação

Física e concordado que é urgente a construção de propostas alternativas, restava-nos estruturar uma proposta concreta de ensino do esporte. Com base na nossa realidade, de professores/as de escola pública, construímos uma proposta de ensino do Basquetebol para turmas de ciclo II, ou seja, alunos de 09 a 11 anos.

Objetivos Número

de aulas Segmento

da aula Assuntos/Temas

Objetivo Geral: Propiciar que os/as alunos/as apropriem-se do conhecimento teórico/prático do basquete, a fim de que possam relacioná-lo com a realidade atual respeitando suas características individuais e possibilitando o desenvolvimento do sento crítico e da reflexão.

Total: 11

Objetivos Específicos: 1. Tematizar as questões históricas e de origem do Esporte-

Basquetebol, através de atividades que se proponham à reconstrução destes aspectos com os alunos.

02 01, 02 Histórico do basquete/ reconstrução

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2. Conhecer os aspectos técnicos, táticos e as regras do Basquete, bem como reconhecer que os mesmos são fruto da evolução histórica do esporte e da influência da ciência e da mídia, entre outras.

07 02, 03, 04, 05, 06, 07, 08

Aspectos técnicos, táticos e as regras do Basquete

3. Discutir questões sociais mais amplas, como a discriminação de raça, gênero ou estatura, etc que se manifestam no âmbito esportivo, mais especificamente no Basquete e suas influências na técnica e tática do jogo, etc...

03 02, 05, 09 Mitos e preconceitos no basquete

4. Identificar e reconhecer as características e aspectos marcantes do Basquete enquanto esporte-espetáculo, bem como ressaltar a atuação da indústria esportiva e a estreita relação estabelecida entre o Basquete e a cultura norte americana.

02 08, 09 Esporte-espetáculo Basquete e a cultura norte americana

5. Vivenciar o Basquete através de situações pedagogicamente adaptadas à realidade dos alunos e da escola em questão, sem perder de vista ou negar aos alunos, a oportunidade de conhecerem e praticarem o Basquete institucionalizado.

02 05, 06, 07

6. Sistematizar o conhecimento apreendido através de diferentes linguagens: textual, gráfica e corporal.

03 07, 10, 11

Procedimentos metodológicos Observação

Aula 1 – Vivência do jogo com caixa de papelão no chão e bola de futebol, borracha, vôlei, menos bola de basquete. Perguntar às crianças se o jogo se assemelha a algum jogo que já conhecem. Contar o surgimento do basquete Curiosidades – Usava-se no início um cesto de colher pêssegos. Perguntar se toda a turma já comeu pêssego? Apresentar a lata de pêssego e dizer sobre o processo de industrialização (evidenciando a marca desse produto) e o preço da fruta que é alto favorecendo uma parcela da população. Oferecer o pêssego para as crianças comerem.

A caixa fica no chão, nas extremidades da quadra, substituindo a cesta de basquete.

Aula 2 - Apresentar a bola do basquete como resultado do processo de desenvolvimento do esporte que vai exigindo materiais mais modernos e fazer uma discussão sobre a industrialização e a marca presente na bola, fazendo uma relação com a lata de pêssego. Explicar que antes não tinha marca nem na bola nem

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no pêssego. Vivenciar o jogo do basquete com a cesta alta. Problematizar o não saber jogar, a altura da cesta e os conflitos que aparecerem. Perguntar: Por que a cesta no basquete subiu? Contar a história sobre o piso (corredor de cima) que havia no ginásio onde surgiu o basquete e associar com o fato da cesta se localizar há cerca de 3 metros de altura e isso permanece até hoje. Se possível mostrar a foto de um ginásio que tem essa arquitetura. Ex: Colégio Hugo de Carvalho Ramos. Discutir sobre a altura dos jogadores de basquete na atualidade e comparar com a altura das crianças. Aula 3 – Dividir a turma em dois grupos, onde um joga e o outro observa os fundamentos: condução da bola e passe, depois inverter os grupos. A observação deve ser feita no caderno. Fazer um levantamento dos passes que aconteceram Apresentar os tipos de passes e as funções deles no jogo: peito, picado, ombro e cabeça. Vivenciar cada um dos passes.

Formar grupos mistos de preferência com equidade de gêneros.

Aula 4 – Jogo de passes: uma pessoa de cada time dentro de um bambolê, situado nos extremos da quadra, embaixo da tabela do basquete. O objetivo das equipes é fazer com que a bola chegue nas mãos do seu colega de equipe situado na extremidade do outro lado da quadra. Introduzir no jogo a regra que não pode sair andando com a bola na mão; o pé de apoio no basquete. Caso aconteça do jogo não se tornar efetivamente coletivo: Apresentar a regra que antes de fazer o ponto, a equipe precisa passar a bola 10 vezes para os colegas do seu time. Discutindo com isso o “fominha”.

Aula 5 – Dividir a turma em dois grupos onde um grupo joga e o outro observa como os/as colegas arremessam e vice-versa. Fazer um levantamento dos arremessos que aconteceram. Apresentar a história dos arremessos e porque alguns foram sendo extintos:

Melancia: por causa da facilidade de marcação e do tempo que demorava. Por cima da cabeça com as duas mãos. Uma das mãos. (influência da ciência no esporte)

Vivenciar o arremesso parado com uma das mãos em cima de uma cadeira ou mesa. Reflexão sobre a cesta que não abaixa para se adaptar a altura das crianças. Fazer a discussão sobre a altura dos jogadores hoje em dia.

Aula 6 – Filme NBA (100 melhores jogadas). Apresentar as partes do filme que falam sobre os arremessos. Observar junto com os/as alunos/as a quadra.

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Fazer um levantamento sobre os arremessos que aparecem no filme. À medida que as crianças apresentarem os gestos, dar nome aos movimentos: jump, enterrada, gancho e lance livre. Dividir a turma em 02 grupos: de um lado vivenciar o arremesso parado com uma das mãos, do outro fazer a enterrada em uma caixa de papelão que estará suspensa por cadeiras. Lembrar de desenhar uma linha no chão, afastada da caixa, para que as crianças pulem antes de enterrar. Aula 7 – Andar pela quadra com o caderno e observar as linhas que demarcam a área de jogo do basquete. As crianças deverão desenhar a quadra de basquete do jeito que abstraíram. Entregar às crianças um desenho da quadra com as dimensões e nomes das linhas; garrafão. Apresentar as regras:

• Linha lateral: se o jogador colocar o pé na linha com a bola na mão é fora. • Garrafão: área de perigo pela proximidade da cesta • Arremesso de 03 e 02 pontos. • Linha de lance livre.

Vivenciar o jogo – respeitando as limitações da quadra

Aula 8 – Relembrar as regras jogando: inclusive o número de jogadores (05 por equipe), resgatando que foi um processo histórico o número de jogadores. Antes jogavam 11, depois 09 de acordo com o espaço da quadra. Apitar todas as regras apresentadas. Colocar a regra de que vale ponto se a bola encostar na tabela, trabalhando a função da mesma. Discutir o papel do árbitro – função: fazer cumprir as regras. Por que as regras são criadas? Permite que o jogo seja universal. Apresentar a idéia das Federações, Confederações.

Aula 9 – Discutir a cultura dos EUA e do Brasil Apresentar um filme: “Começa na rua e termina aqui” ou “Homens brancos não sabem enterrar”, sobre Street ball discutindo o basquete de rua, como um movimento de resistência às regras oficiais, ao esporte institucionalizado. Comparar com o futebol de rua no Brasil. Fazer uma discussão sobre mídia e espetáculo. Fazer uma discussão sobre raça.

Problematizar outras discussões que possam aparecer

Aula 10 – Construir e vivenciar um jogo de meia quadra baseado no filme do Street ball, fugindo das regras oficiais. Depois trocar as idéias dos jogos e vivenciar o que o outro grupo propõe.

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Aula 11 – Produção de texto Como se os/as alunos/as fossem o James Naismsh e fossem criar o basquete. Tem que apresentar o jogo para quem nunca viveu o basquete, não sabem nada sobre o jogo. Respondendo algumas perguntas: Porque inventar esse jogo? Para que? Para quem?

Considerações finais

Com esse trabalho esperamos ter contribuído para que o conhecimento e as discussões relacionadas ao tema sejam suscitados e passem a fazer parte do cotidiano dos professores de Educação Física que se interrogam e se deixam apaixonar pela prática docente. Estamos certas de que empreendemos apenas um pequeno passo rumo à construção de uma proposta inovadora para o ensino da Educação Física em nossas escolas, entretanto reconhecemos o esforço de diálogo que travamos com as teorias críticas produzidas na área a partir da década de 1980, a fim de que o empenho resultasse num trabalho que sintetiza e propõe saídas para as nossas angústias, as nossas dificuldades e mais, concretiza ‘sonhos’ e desejos de mudança.

Não almejamos fornecer ‘receitas’, mas compartilhar uma experiência de trabalho pedagógico que foi construída a partir da realidade

apresentada pelos/as alunos/as da Escola Municipal Honestino Monteiro Guimarães. Algumas questões propostas no planejamento não puderam ser viabilizadas, umas por falta de tempo, outras pela ausência de condições que não dependiam dos sujeitos da ação educativa, outras ainda por reconhecermos que o conhecimento não se esgota no ciclo II. A relação histórica do Basquete com a cultura goiana é uma das temáticas que não foram abordadas e que merecem estudos futuros.

No mais, é preciso destacar que na experiência descrita, o basquete deixou de ser um conteúdo pouco conhecido da Educação Física

escolar e dos/as nossos/as alunos/as para disputar espaço com o futebol nos recreios passando a ser vivenciado e a ser alvo da curiosidade questionadora das crianças quando elas se defrontavam com informações televisivas sobre o mesmo. Constituiu-se em momento de alegria e descontração quando da realização de uma aula que objetivava fazer com que os alunos enterrassem a bola na cesta e os mesmos ainda puderam – durante o processo de ensino-aprendizagem - se apropriar do conhecimento (Basquete) vivenciando concretamente a reconstrução da sua historicidade, desmistificando a pretensa origem natural das suas regras, técnicas e táticas. Portanto afirmamos ser possível uma outra metodologia do basquete.

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COLETIVO DE AUTORES. Metodologia do ensino de educação física. São Paulo: Cortês, 1992. (Coleção Magistério 2º grau. Série Formação do professor). DAÓLIO, J. A construção cultural do corpo Feminino ou o Risco de se Transformar Meninas em ‘Antas’. In: ROMERO, E. (Org.) Corpo, Mulher e Sociedade. Campinas: Papirus, 1997. FRIGOTTO, G. Educação e a crise do capitalismo real. 4. ed. São Paulo: Cortez, 2000. SILVA, T. T da. O que produz e o que reproduz em educação: Ensaio de Sociologia da Educação. Porto Alegre: Artes Médicas, 1992. THIOLLENT, M. Metodologia da Pesquisa-ação. 11. ed. São Paulo: Cortez, 2002.