uma alternativa diferenciada para acessibilidade no jornalismo móvel: criação da revista acesso...

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PAMPA CAMPUS SÃO BORJA CURSO JORNALISMO MARINA DE ALMEIDA SILVA UMA ALTERNATIVA DIFERENCIADA PARA ACESSIBILIDADE NO JORNALISMO MÓVEL: CRIAÇÃO DA REVISTA ACESSO MODA SÃO BORJA 2014

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O trabalho propõe a elaboração de uma revista digital feminina de moda, com suporte de mídia exclusiva para iPad, além da inclusão de acessibilidade para que pessoas com deficiência visual também tenham acesso às informações. Diante do atual contexto sobre acessibilidade disponível em dispositivos móveis, reflete-se sobre qual é a melhor forma de estruturar acessibilidade em uma revista para iPad. Descrevese, também, as etapas de criação da revista e, logo após, é relatado o teste do produto final, realizado com o auxílio da pedagoga Luciane Maria Molina Barbosa. O trabalho expõe a análise da mesma, para que, com isso, fosse possível verificar se, de fato, o produto final é acessível, bem como revelações de outros detalhes importantes em relação à inclusão de acessibilidade em revistas para dispositivos móveis.

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Page 1: Uma alternativa diferenciada para acessibilidade no jornalismo móvel: Criação da revista Acesso Moda

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PAMPA

CAMPUS SÃO BORJA

CURSO JORNALISMO

MARINA DE ALMEIDA SILVA

UMA ALTERNATIVA DIFERENCIADA PARA ACESSIBILIDADE NO

JORNALISMO MÓVEL: CRIAÇÃO DA REVISTA ACESSO MODA

SÃO BORJA 2014

Page 2: Uma alternativa diferenciada para acessibilidade no jornalismo móvel: Criação da revista Acesso Moda

MARINA DE ALMEIDA SILVA

UMA ALTERNATIVA DIFERENCIADA PARA ACESSIBILIDADE NO

JORNALISMO MÓVEL: CRIAÇÃO DA REVISTA ACESSO MODA

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Curso de

Comunicação Social – Habilitação em Jornalismo, da

Universidade Federal do Pampa, Campus São Borja, como

requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em

Jornalismo.

Orientador: Professora Vivian Belochio.

SÃO BORJA 2014

Page 3: Uma alternativa diferenciada para acessibilidade no jornalismo móvel: Criação da revista Acesso Moda

MARINA DE ALMEIDA SILVA

UMA ALTERNATIVA DIFERENCIADA PARA ACESSIBILIDADE NO

JORNALISMO MÓVEL: CRIAÇÃO DA REVISTA ACESSO MODA

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Curso de

Comunicação Social – Habilitação em Jornalismo, da

Universidade Federal do Pampa, Campus São Borja, como

requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em

Jornalismo.

Trabalho de conclusão de curso defendido e aprovado em: ____/____/____

Banca Examinadora:

_________________________________________________________

Prof. Dra. Joseline Pippi - UNIPAMPA

_________________________________________________________

Prof. Me. Marco Bonito - UNIPAMPA

_________________________________________________________

Prof. Dra. Vivian Belochio – UNIPAMPA

Orientador

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Dedico este trabalho a minha mãe, Marta Almeida, que

sempre foi um exemplo de dedicação e esforço. Agradeço

todo o apoio para seguir em frente, além de todo amor e

carinho.

Page 5: Uma alternativa diferenciada para acessibilidade no jornalismo móvel: Criação da revista Acesso Moda

AGRADECIMENTOS

Descobrir o que fazer depois de terminar o ensino médio foi um grande desafio. Já fiz três

semestres de agropecuária, pensei em ser médica, e tive o sonho de me tornar uma

fisioterapeuta. Porém nunca me imaginei como jornalista. Cai no curso de paraquedas, e

logo depois do primeiro semestre iria pedir transferência para a tão sonhada fisioterapia.

Mas ao longo deste primeiro semestre, fui descobrindo coisas a respeito do curso que

fizeram com que resolvesse me arriscar. Desde então, não tive dúvidas sobre o que eu

gostaria de ser. Muitas vezes acredito ter sido o destino responsável por toda essa bagunça

que, no fim, me levou para o lugar exato onde gostaria de estar. Agradeço em primeiro

lugar a minha família, que sempre me apoiou e incentivou a seguir em frente.

Principalmente aos meus avós, minha mãe e irmãos que sempre apoiaram minhas decisões

e incentivaram na procura daquilo que de fato me interessasse. Aos meus amigos de

infância que foram importantes na minha vida desde o inicio: Caroline Almeida, Daniele

Bronzoni, Illana Braga, Leticia Colpo, Mariane Nolibos e Mariele Siqueira. Aos amigos

que criei ao longo dos anos na universidade: Ariel Barcelos, Ana Paula Veiga, Camila

Vessozi, Damaris Strassburger, Franciele Mendes, Lays Borges, Ludmila Constant,

Nycolas Ribeiro, Patricia Bittencourt, Phillipp Gripp e Tabita Strassburger. Cada um deles

teve grande importância em diferentes momentos da minha vida. Agradeço também ao meu

namorado, Victor Theodoro, que esteve sempre disposto a ler o meu trabalho quantas vezes

fosse necessário, que me abraçou quando parecia que nada ia dar certo e sempre esteve do

meu lado apoiando e falando sobre a minha capacidade de conquistar as coisas que

desejava. Á minha orientadora, por sempre incentivar a novas buscas e novas ideias. Pelos

ensinamentos que aprendi ao longo deste trabalho, e principalmente por fazer parte dessa

conquista. Agradeço ao professor Marco Bonito pelo incentivo em incluir acessibilidade no

projeto, fazendo parte de um momento importante para minha vida acadêmica e pessoal, no

qual descobri assuntos que me desafiaram e que desafiarão mais adiante. Aos meus amigos

de estágio, por ouvirem incontáveis vezes minhas reclamações sobre o trabalho, e mesmo

assim, sempre apoiaram: Carolina Aquino, Jeferson Kohler, Laiane Flores e Roberta

Moraes. Por fim, agradeço também a todos que de alguma forma ajudaram para que este

trabalho fosse finalizado. Sinto alívio e tristeza por encerrar mais esta etapa da minha vida.

Page 6: Uma alternativa diferenciada para acessibilidade no jornalismo móvel: Criação da revista Acesso Moda

RESUMO

O presente projeto experimental propõe a elaboração de uma revista digital feminina de

moda, com suporte de mídia exclusiva para iPad, além da inclusão de acessibilidade para

que pessoas com deficiência visual também tenham acesso às informações. Diante do atual

contexto sobre acessibilidade disponível em dispositivos móveis, reflete-se sobre qual é a

melhor forma de estruturar acessibilidade em uma revista para iPad. Para isso, em um

primeiro momento, realizou-se revisão bibliográfica que aborda as características das

mídias móveis, a acessibilidade nesses meios e o uso de ferramentas disponíveis atualmente

para incluí-la no jornalismo de moda. Na parte metodológica, foram utilizadas as técnicas

de entrevista jornalística, entrevista semiestruturada e de pesquisa documental. Descreve-

se, também, as etapas de criação da revista e, logo após, é relatado o teste do produto final,

realizado com o auxílio da pedagoga e especialista em Atendimento Educacional

Especializado, Luciane Maria Molina Barbosa. O trabalho expõe a análise da mesma, para

que, com isso, fosse possível verificar se, de fato, o produto final é acessível, bem como

revelações de outros detalhes importantes em relação à inclusão de acessibilidade em

revistas para dispositivos móveis. O trabalho contribui para a reflexão sobre os potenciais e

desafios que precisam ser observados na construção de uma publicação jornalística para

tablets direcionada também ao público com deficiência visual. Igualmente, oportuniza a

construção estratégica, para dispositivos móveis, de conteúdos de jornalismo de moda.

Palavras-chave: acessibilidade; jornalismo de moda; revista digital; dispositivos móveis;

iPad.

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ABSTRACT

The presente experimental work proposes the elaboration of a digital lady’s fashion

magazine, with exclusive media support for iPad, besides the accessibility inclusion for

people who have visual impairment also have access to information. Against the current

context about avaible accessibility in mobile devices, reflected wich shape is better to

organize the accessibility in a magazine for iPad. To make this, in a first moment, was

carried out bibliographic review that focuses the mobile devices features, the accessibility

in these means and the use of currently avaible tools to include it in fashion journalism. In

the methodological part, has been used journalistic interview technique, semi-structured

interview and desk research. Describes, too, the step for the criation of the magazine and,

after, the final product test is reported, conducted with the aided of the pedagogue and

specialist in Special Education Service, Luciane Maria Molina Barbosa. The work exposes

from the same analisys, above all to verify if, indeed, the final product is accessible, as well

revelations of other important details, in relation to accessibility inclusion in magazines to

mobile devices. The work makes a contribution to the reflection about the challenges and

potential who must be noted in the building of a journalistic publication for tablets, also

directed for people who have visual impairment. Equally, provides the strategic

construction, for mobile devices, with fashion journalism contents.

Key Words: Accessibility; fashion journalism; digital magazine; móbile devices; iPad,

Page 8: Uma alternativa diferenciada para acessibilidade no jornalismo móvel: Criação da revista Acesso Moda

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Imagem mostrando todas as palavras na cor preta. ....................................... 37

Figura 2 – Imagem mostrando a palavra sendo ocultada. .............................................. 38

Figura 3 - Imagem de como ficou a página com todas as palavras necessárias ocultas. 38

Figura 4 - Legendas ocultas na descrição de cada sapato............................................... 39

Figura 5 - Legenda da foto inserida no meio da página. ................................................ 40

Figura 6 - Diferença de interação entre uma página na versão Folio e PDF.................. 41

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................. 10

2 CONVERGÊNCIA NO CONTEXTO JORNALÍSTICO E MÍDIAS MÓVEIS DIGITAIS ......... 12

3 JORNALISMO DE REVISTA ...................................................................................................... 16

3.1 Jornalismo de revista em tablets .................................................................................................. 18

4 JORNALISMO DE MODA ........................................................................................................... 20

5 ACESSIBILIDADE PARA PESSOAS COM DEFICIÊNCIA VISUAL ...................................... 22

5.1 Proposta de revista com acessibilidade para tablets .................................................................... 24

5.2 Acessibilidade em teste: experiências com Android e IOS ......................................................... 27

6 PROPOSTA DA REVISTA ACESSO MODA ............................................................................. 28

7 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS APLICADOS ............................................................ 29

7.1 Elaboração da revista móvel ....................................................................................................... 30

7.1.1 Pautas ....................................................................................................................................... 31

7.1.2 Reportagem: moda acessível .................................................................................................... 31

7.1.3 Entrevista .................................................................................................................................. 33

7.1.4 Artigo de opinião: guarda-roupa de dez peças ......................................................................... 33

7.1.5 Matéria curta: carreira de moda ............................................................................................... 33

7.1.6 Nota: amor por sapatos ............................................................................................................. 34

7.1.7 Nota: últimos lançamentos de beleza ....................................................................................... 34

7.2 Roteiro e Apuração...................................................................................................................... 34

7.3 Redação e revisão ........................................................................................................................ 34

7.4 Diagramação ............................................................................................................................... 35

7.4.1 Diagramação básica.................................................................................................................. 35

7.4.2 Recursos interativos e elementos multimídia ........................................................................... 36

7.5 Acessibilidade ............................................................................................................................. 36

8 TESTE DA REVISTA ................................................................................................................... 42

9 CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................................... 45

REFERÊNCIAS ................................................................................................................................ 47

ANEXO 1 .......................................................................................................................................... 51

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1 INTRODUÇÃO

O mundo da moda vivencia um momento único. Atualmente, com as comunicações

em alta velocidade, não existem barreiras para que as novidades e lançamentos

apresentados em qualquer lugar do mundo estejam acessíveis em pouco tempo ao público.

Em análise sobre a formação de caudas longas mediante a multiplicação de manifestações e

iniciativas de nicho na rede, Anderson (2006, p.6) afirma que “o principal efeito de toda

essa conectividade é o acesso ilimitado e sem restrições a culturas e a conteúdos de todas as

espécies”.

Isso provoca mais do que um movimento de inovações. Essas ideias podem se

tornar acessíveis a todos, a partir do aproveitamento das possibilidades das tecnologias

digitais. Anderson (2006, p.21) afirma que os “poderosos veículos de cultura exerceram o

impacto de ligar as pessoas no tempo e no espaço, sincronizando efetivamente a

sociedade”.

Percebe-se que a diversidade inclui e aceita os mais diferentes estilos, culturas e

gostos e propõe que cada um use aquilo que mais se aproxima do seu jeito, estilo, sua cara.

“Estamos em meio à maior explosão de variedade na história. Percebe-se essa tendência a

toda hora e em todos os lugares” (ANDERSON, 2006, p.115).

Com base nesta realidade, foi pensado o presente projeto experimental, que envolve

a construção de uma revista de moda para tablets com acessibilidade. Atualmente, o

lançamento de produtos para dispositivos móveis se tornou tendência, com grande espaço

no mercado. Isso principalmente depois do lançamento do iPad, tablet da Apple, em abril

de 2010. Esses aparatos têm atraído a atenção do público de forma crescente. Com isso, é

importante a oferta de conteúdos específicos para publicações direcionadas ao suporte.

Neste trabalho, optou-se pela criação de revista para o iPad. A escolha se justifica

pelo fato de o aparelho possuir configurações de acessibilidade mais completas do que os

tablets de outras marcas, com sistema Android, como Philco e Samsung, testadas ao longo

deste trabalho. Acredita-se que, com isso, a chance de atingir o público de mulheres com

deficiência visual se torne maior, de acordo com a proposta deste projeto experimental.

O profissional de jornalismo necessita estar atento às mudanças no cotidiano, seja

no caráter político, econômico, social, cultural. Com o surgimento de tecnologias

diferenciadas, readaptar-se e trabalhar de forma adequada. Diante da pesquisa realizada

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para este trabalho, percebe-se que o jornalismo e a acessibilidade carecem de produções nas

quais um contemple o outro, de acordo com esses avanços. Isso inclusive nas publicações

para tablets, que estão no início do seu desenvolvimento.

Desta forma, a problemática do trabalho consiste em averiguar qual a melhor forma

de se estruturar acessibilidade em uma revista para iPad. O enfoque experimental é testar

um modelo de revista móvel sobre moda, englobando o jornalismo. Com isso, pretende-se

contemplar, além dos leitores que não possuem deficiência visual, o público de pessoas

cegas, que normalmente não são o foco central das revistas de moda em circulação.

Segundo o site da Associação Brasileira de Assistência à Pessoa com Deficiência Visual

(LAMARA),

a população de pessoas com deficiência visual no mundo é de 285 milhões, sendo

39 milhões cegos e 246 milhões com baixa visão. Além disso, eles mencionam os

resultados preliminares do Censo de 2010, que indicaram que no Brasil 3,5% da

população tem grande dificuldade ou nenhuma capacidade de enxergar e foram

classificados como deficiência visual severa. (online)

Visto isso, os objetivos deste projeto experimental serão descritos a seguir.

Objetivo geral

- Construir uma revista para o iPad, focada no jornalismo de moda, direcionada também

para pessoas com deficiência visual.

Objetivos específicos

- Refletir sobre o jornalismo de moda e as suas possibilidades em mídias móveis com

acessibilidade para pessoas com deficiência visual;

- Compreender as potencialidades e desafios da estruturação de publicação com

acessibilidade em revista para o iPad;

- Compreender a importância do papel do jornalismo na inclusão social.

Delimitados os objetivos, cabe descrever a estrutura do presente trabalho, que se

divide em sete partes. A primeira corresponde à convergência no contexto jornalístico. A

segunda faz uma breve contextualização sobre o jornalismo de revista. Logo em seguida, na

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terceira parte, é abordado o jornalismo de revista para tablets, salientando a importância do

jornalismo se adequar ao suporte.

Em seguida, são discutidos conceitos de jornalismo de moda. Depois disso,

evidencia-se a importância da acessibilidade nos meios de comunicação, como direito de

todo cidadão, e é realizada breve explanação da proposta da revista.

Por fim, nos procedimentos metodológicos aplicados, evidenciam-se as etapas de

construção deste projeto experimental, que dividiram-se em três vertentes. A primeira

consiste em pesquisa bibliográfica, a segunda na elaboração da revista e a terceira no teste

da mesma. As etapas de elaboração são: pauta, roteiro, apuração, redação, revisão e

diagramação. As etapas do teste são: submissão da revista para uma pessoa com deficiência

visual, aplicação de uma entrevista semiestruturada e a análise dessas considerações.

2 CONVERGÊNCIA NO CONTEXTO JORNALÍSTICO E MÍDIAS MÓVEIS

DIGITAIS

Atualmente, estamos vivendo uma realidade que passa por constantes modificações,

principalmente no contexto marcado pelo que Jenkins (2008) chama de cultura de

convergência. Tendências da comunicação digital e da Web 2.0 (O’REILLY, 2005)

possibilitaram mudanças nas formas como são lidas e consumidas as informações, no

tempo em que a notícia chega e, principalmente, na construção desses conteúdos

(JENKINS, 2008).

Conforme O’Reilly (2005, p.2) “pode-se visualizar a Web 2.0 como um conjunto de

princípios e práticas que interligam um verdadeiro sistema solar de sites que demonstram

alguns ou todos esses princípios e que estão a distâncias variadas do centro”. Com o

fortalecimento das funcionalidades da Web 2.0, a interação e a publicação em ambientes

digitais se tornam fáceis e comuns, ou seja, surge a contribuição e a transformação do que o

leitor espera. Isso o envolve em parte dos sistemas de produção das informações. O

público, hoje, não apenas consome, mas também compartilha seus interesses, manifestando

ideias e opiniões.

As práticas da Web 2.0 são características da cultura da convergência, que, de

acordo com Jenkins (2009, p.29), é marcada pelo “fluxo de conteúdos através de múltiplas

plataformas de mídia, à cooperação entre múltiplos mercados midiáticos e ao

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comportamento migratório dos públicos dos meios de comunicação” (JENKINS, 2009,

p.29). Percebe-se, assim, o surgimento, nesse cenário, de diversas possibilidades de

caminhos de informação a serem percorridos pelos leitores.

Atualmente, nesse contexto, os veículos jornalísticos, muitas vezes, procuram

estabelecer uma nova relação de produção e interação com os consumidores. Isso através de

publicações disponibilizadas em suportes atuais e do aproveitamento da mentalidade

modificada dos consumidores.

Com todo esse avanço tecnológico e a quantidade de possibilidades disponíveis para

a leitura, percebe-se que o leitor passou da fase de apenas consumir para se tornar

colaborador. Ele pode atuar, hoje, nos processos de produção e de distribuição de

informações (O’REILLY, 2005; ANDERSON, 2006; JENKINS, 2009).

Essa ação amplia o volume de dados e conteúdos disponíveis na rede, aumentando

as opções do mercado da informação. A mudança fortalece a cultura participativa

(O’REILLY, 2005; JENKINS, 2008). Segundo Jenkins (2009),

O público, que ganhou poder com as novas tecnologias e vem ocupando um

espaço na intersecção entre os velhos e os novos meios de comunicação, está

exigindo o direito de participar intimamente da cultura. Produtores que não

conseguirem fazer as pazes com a nova cultura participativa enfrentarão uma

clientela declinante. (JENKINS, 2009, p.53)

Os dispositivos móveis fazem parte desse avanço tecnológico. Com a consolidação

dos mesmos como aparatos úteis também à produção, para a distribuição e ao consumo de

informações jornalísticas, compreende-se que os profissionais da informação ganharam

novas ferramentas para a divulgação e a criação de conteúdos. É comum vermos, no dia-a-

dia, pessoas acessando sites e revistas por meio desses dispositivos. Segundo Barbosa e

Seixas (2013),

No Brasil, o número de celulares ultrapassa o total da população do país. Já são

217,3 milhões de linhas de celulares, de acordo com a Agência Nacional de

Telecomunicações (Anatel). A teledensidade é de 111,6 acessos para cada grupo

de 100 habitantes. Os acessos 3G (tecnologia WcDma e terminais de dados), que

trafegam dados em maior velocidade, totalizaram aproximadamente 28 milhões

de acessos em junho, respondendo por 12,84% do total de linhas. Já no que se

refere a tablets, segundo estudo realizado pela consultoria iDc, mais de 400 mil

unidades serão vendidas no Brasil em 2011. (BARBOSA; SEIXAS, 2013, p.57)

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Publicações específicas para suportes como smartphones e tablets, por exemplo,

vêm sendo desenvolvidas e incorporadas cada vez mais na rotina dos leitores. Como

afirmam Barbosa e Seixas (2013):

Considerados como a ‘quarta tela’, os dispositivos móveis encontram-se em

estágio ascendente de adoção, seja por parte das organizações jornalísticas, bem

como de outros produtores de conteúdo, seja por parte do público, que, a cada

dia, consome mais informação, entretenimento e constrói suas relações sociais

por meio desses aparatos que já integram a paisagem urbana, sobretudo das

grandes cidades, dada a sua extensiva utilização. (BARBOSA; SEIXAS, 2013,

p.57)

Silva (2003) segue a ideia da criação de dispositivos para facilitar o acesso e agilizar

o consumo de informação. Ele afirma que, “com a produção jornalística capitaneada por

meio do território informacional baseado nas tecnologias sem fio e nos dispositivos móveis

digitais, novas configurações emergem no agenciamento da apuração, produção e

distribuição de conteúdos” (SILVA, 2003, p.10).

Com isso, fica evidente que o jornalismo precisa de adaptações, acompanhando os

avanços e o crescimento do que conhecemos por jornalismo móvel. Segundo Barbosa e

Seixas (2013):

O chamado jornalismo móvel se expande entre muitas redações. Ele é definido

como uma prática associada às condições de mobilidade e desempenhada através

do uso de dispositivos digitais móveis para o registro, o tratamento e o

envio/transmissão de conteúdo diretamente do terreno onde o fato acontece.

(BARBOSA; SEIXAS, 2013, p.60)

Acredita-se que a sua introdução na rotina das pessoas pode estar provocando uma

mudança no comportamento do público e no consumo das informações, na multiplicação de

publicações e de iniciativas que privilegiam tipos diferenciados de leitores. Com essas

alterações, meios de comunicação tradicionais resolveram migrar seus conteúdos para

plataformas móveis. Como dizem Barbosa e Seixas (2013):

Como os novos tablets despontaram há pouco mais de um ano, certamente ainda

serão melhor considerados nas estratégias das empresas. Entre os grandes jornais

e revistas nacionais, além de periódicos regionais, os que saíram na frente foram:

Estadão, Folha de S. Paulo, O Globo, Valor Econômico, Correio Braziliense,

Zero Hora, Gazeta do Povo/Paraná, Diário de Pernambuco, O Povo/Ceará, Veja,

Época, Istoé, Placar, Info, entre outros. A maioria possui versões para o iPad da

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Apple, sendo que a Zero Hora também tem aplicativo para o sistema Android da

Google. (BARBOSA; SEIXAS, 2013, p.63)

Outros resolveram criar novos conteúdos para as mesmas, atuando com perfil

diferenciado em cada suporte. Exemplo dado por Barbosa e Seixas (2013) é o Estado de S.

Paulo. “O Estado de S. Paulo tem como produto exclusivo para tablet o Estadão Noite,

edição disponível apenas para dispositivo móvel, que é composto, em grande parte, por

conteúdos compilados da edição impressa e do site web” (BARBOSA; SEIXAS, 2013,

p.63). Esse tipo de estratégia altera, em alguns casos, o entendimento sobre as

possibilidades de estratégias jornalísticas na contemporaneidade. Para Guimarães, Lima e

Neto (2013, p.11) “com tantas facilidades e tantos aparelhos móveis que permitem

conexões de qualquer lugar, este cenário tem contribuído e modificado o modo de se fazer e

pensar jornalismo”.

Esse modo de pensar o fazer jornalístico está ligado com as tendências da cultura

da convergência, definida anteriormente. Barbosa e Seixas (2013) comentam:

[...] os dispositivos móveis podem ser considerados como um “novo”meio que

possui sua própria gramática, práticas de produção, dinâmicas de consumo e

modelos de negócio específicos. E muitos pesquisadores, especificamente do

jornalismo, já começaram a examiná-los para apontar os traços específicos,

impactos, formatos de produtos e conteúdos, aplicações, formas de uso,

distribuição e consumo dos dispositivos móveis. (BARBOSA; SEIXAS, 2013,

p.57)

Em revistas para dispositivos móveis, a forma como as informações serão

repassadas tem grande importância, já que a interação com o público pode ser maior e mais

significativa (JENKINS, 2009). Não basta o jornalista passar a informação. Ele precisa de

estratégias para que a busca desses novos conteúdos seja interessante para o leitor. Assim, o

mesmo pode construir seu próprio caminho na hora da leitura, de acordo com seus

interesses (JENKINS, 2008).

Descrito o contexto considerado para a construção da publicação acessível proposta

neste projeto experimental, é relevante, a partir de agora, descrever aspectos relacionados

com o produto e com o segmento escolhidos para a sua composição. Dessa forma, serão

descritos, na sequência, pontos relevantes sobre as revistas jornalísticas e sobre o

jornalismo de moda.

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3 JORNALISMO DE REVISTA

O jornalismo de revista se guia pelo interesse do público alvo, já que seu foco está

exclusivamente em leitores com interesses particulares (SCALZO, 2011). Atualmente, há

diferentes especializações nessa área e isso faz com que os leitores busquem informações

específicas, de acordo com seus interesses e gostos.

A revista é definida como “um veiculo de comunicação [...] e possui uma mistura de

jornalismo e entretenimento” (SCALZO, 2011, p.11). Ou seja, as revistas podem

influenciar comportamentos e transformar diariamente o cotidiano de seus leitores,

proporcionando visões diferenciadas sobre a realidade e sobre os fatos de seu interesse. “As

revistas vieram para ajudar na complementação da educação, no aprofundamento de

assuntos, na segmentação, no serviço utilitário que podem oferecer a seus leitores”

(SCALZO, 2011, p.14).

Para Benetti (2013), o jornalismo de revista pode ser considerado

um discurso e um modo de conhecimento que: é segmentado por público e por

interesse; é periódico; é durável e colecionável; tem características materiais e

gráficas distintivas dos demais impressos; exige uma marcante identidade visual;

permite diferentes estilos de texto; recorre fortemente à sinestesia; estabelece uma

relação direta com o leitor; trata de um leque amplo de temáticas e privilegia os

temas de longa duração; está subordinado a interesses econômicos, institucionais

e editoriais; institui uma ordem hermenêutica do mundo; estabelece o que julga

ser contemporâneo e adequado; indica modos de vivenciar o presente; define

parâmetros de normalidade e de desvio; contribui para formar a opinião e o gosto;

trabalha com uma ontologia das emoções (BENETTI, 2013, p.55)

“As Variedades ou Ensaios de Literatura” foi a primeira revista a ser publicada no

Brasil, idealizada pelo português Antônio da Silva Serve. A mesma foi lançada quatro anos

após o primeiro jornal impresso brasileiro, no início do século XIX. Com o passar dos anos,

as revistas foram se adequando e se modificando. Logo, surgiram iniciativas que eram

direcionadas para diversos públicos, tais como: feminino, masculino, jovem e infantil, entre

outros.

Entre as décadas de 40 e 50, Assis Chateaubriand, idealizador da revista “O

Cruzeiro”, marcou o jornalismo impresso brasileiro. Com isso, a escrita, a estrutura e a

forma das revistas se modificaram: a imagem e o texto se valorizaram e se completaram,

criando uma harmonia visual.

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Na contemporaneidade, especificamente no cenário de produção de revistas no

Brasil, as empresas do ramo atuam de forma diferenciada, trabalhando com títulos

criativos, escrita simples, mas com conteúdo especializado, entre outras características. “O

estilo magazine também guarda suas especificidades, na medida em que pratica um

jornalismo de maior profundidade. Mais interpretativo e documental do que o jornal, o

rádio e a TV; e não tão avançado e histórico quando o livro-reportagem” (BOAS, 1996,

p.9).

A especificação do público-alvo é fator determinante para o crescimento da

produção de revista (SCALZO, 2011), pois os idealizadores conhecem o perfil dos seus

leitores e, com isso, determinam o melhor modo de atingi-los.

Para ilustrar, podemos lançar mão da seguinte imagem: na televisão, fala-se para

um imenso estádio de futebol, onde não se distinguem rostos na multidão; no

jornal, fala-se para um teatro, mas ainda não se consegue distinguir quem é quem

na platéia; já numa revista semanal de informação, o teatro é menor, a platéia é

selecionada, você tem uma idéia melhor do grupo, ainda que não consiga

identificar um por um. É na revista segmentada, geralmente mensal, que de fato

se conhece cada leitor, sabe-se exatamente com quem se está falando (SCALZO,

2011, p.20).

As revistas caracterizam-se por aglomerar itens como: reportagem, linguagem e

questões visuais. As mesmas podem se utilizar de diversas formas e figuras de linguagem.

Essas características criam a identidade da revista. Sua linguagem depende,

necessariamente, do perfil do público-alvo. Para Scalzo (2011), a periodicidade, o público e

o formato são características importantes e que diferenciam o jornalismo de revista

do jornalismo diário. Goulart (2006) explicita e destaca algumas características

fundamentais de revista:

A variedade – muitos assuntos para fisgar o leitor e passar a sensação de janela do

mundo; a especialização – centrada num determinado universo de expectativas,

visto que conhece seu leitor; visão de mercado – por conhecer seu público,

apresenta um produto de olho nos nichos de mercado; texto – o público é curioso,

escolhe a revista, logo, se importa com o texto; imagem – o leitor é seduzido com

apelo visual, com o bom fotojornalismo. Texto e imagem, traduzidos em matéria

bem escrita e apresentação visual eficiente são as bases da revista. (GOULART,

2006, online)

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A lógica geral diverge entre o jornalismo diário e o jornalismo de revista. As pautas

se diferenciam com relação aos tons e enfoques relacionados à linha editorial. Com isso,

enfatiza-se, principalmente, a boa escrita e a apresentação visual, despertando no leitor a

curiosidade sobre determinado assunto. Scalzo (2011) afirma que,

Enquanto o jornal ocupa o espaço público, do cidadão, o jornalista que escreve

em jornal dirige-se sempre a uma plateia heterogênea, muitas vezes sem rosto, a

revista entra no espaço privado, na intimidade, na casa dos leitores. Há revistas de

sala, de cozinha, de quarto, de banheiro [...] (SCALZO, 2011, p.14)

Portanto, o jornalista de revista deve estar atento a toda diversidade textual,

cotidiana, cultural, política, econômica, histórica e social, que envolve diariamente a

sociedade.

3.1 Jornalismo de revista em tablets

Mielniczuk (2013) afirma que, no geral, as versões móveis de produtos noticiosos

começaram a ser disponibilizadas de forma diferente, adaptando-se de maneira semelhante

à primeira geração do jornalismo digital. Esta é marcada pela transposição de conteúdos

que eram constituídos para os meios impressos, sem adaptações ou mudanças

(MIELNICZUK, 2003). Entretanto, já há exceções, como, por exemplo, o caso do primeiro

jornal para Ipad, o The Daily (EUA), e O Estadão Noite, citado anteriormente, produto

exclusivo para tablet. Belochio (2013) fala sobre as características das publicações

jornalísticas móveis:

(...) os aparatos móveis como o iPad e o Kindle, por exemplo, podem ser

considerados como suportes de mídia(...). Estes naturalmente não oferecem o

mesmo tipo de interação que o papel, que o rádio, que a TV, ou mesmo que o

computador. Isso porque não possuem as mesmas características físicas, a sua

tecnologia é distinta. A forma como eles podem ser manuseados é diferente,

fazendo com que as notícias precisem ser consumidas de outras maneiras.

Portanto, tais suportes não podem ser interpretados da mesma forma que os mais

antigos. (BELOCHIO, 2013, p.7)

Os tablets permitem a inserção de conteúdos multimídia em aplicativos específicos,

além de possuírem características particulares, como acesso à internet, aplicativos, jogos e

têm como particularidade o conteúdo diferenciado, desde o design aos dados

disponibilizados. Segundo Oliveira e Paulino (2012, p.8) “os produtos jornalísticos nos

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tablets têm a missão de incorporar as potencialidades proporcionadas pelo meio sem perder

as características de formato noticioso”.

Esse tipo de publicação cria novos desafios para a narrativa jornalística e carece de

uma linguagem diferenciada e única, diferente das revistas impressas. Como Pluvinage e

Silva (2012, p.1) afirmam, “uma revista voltada para o tablet tem seu próprio meio de

produção, consumo, distribuição e uma linguagem de possibilidades únicas, o que permite

formar uma nova narrativa jornalística”.

Para explorar essa linguagem única mencionada anteriormente por Pluvinage e

Silva (2012), é preciso entender como fazer jornalismo de revista. Por isso, neste projeto

experimental, foram utilizados princípios da linguagem gráfica de revistas impressas,

juntamente com características do jornalismo digital, como hipertextualidade, atualização

contínua, memória, multimidialidade, interatividade e personalização (PALACIOS, 2003;

MIELNICZUK, 2003). Além disso, o layout alternativo é decorrente da particularidade dos

dispositivos móveis.

Passando pelos conceitos de disponibilização de revistas digitais para iPad,

podemos entender que a maioria delas é disponibilizada através de aplicativos, presentes na

AppStore (loja da Apple). Depois que o aplicativo está instalado, na maioria dos casos,

basta fazer o download da revista digitalizada em formato integral, sem possibilidades de

atualização. O diferencial das revistas digitais para as revistas impressas é a possibilidade

de utilizar recursos da mídia digital, além de elementos próprios do suporte. Para Giorno

(2012),

Assim como a Internet, o iPad trouxe uma nova leitura e estrutura ao transformar

revistas impressas em formatos de aplicativos. Periódicos realizaram adaptações

de conteúdo e interfaces para o segmento móvel, permitindo uma maior variedade

de recursos além da navegação de sites. O usuário pode ler o mesmo conteúdo da

revista impressa com acréscimo de vários outros recursos. (GIORNO, 2012, p.

76)

Sendo assim, compreende-se que conteúdos para revistas em suportes móveis, como

o iPad, devem ser repensados. Tais publicações adquirem características diferentes das que

estamos acostumados a verificar no jornalismo de revistas impressas. Cria-se, assim,

possibilidades para o desenvolvimento de adaptações e até novidades nas narrativas

jornalísticas, como Pluvinage e Tranquilin (2011) destacam.

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20

Atualmente, é possível encontrar uma variedade maior de revistas específicas para

dispositivos móveis. Segundo Pluvinage e Horie (2011):

Num período relativamente curto de tempo, a partir de 2010, notou-se o

nascimento de um novo modelo de negócios para este segmento: as revistas

digitais. Trata-se de uma nova forma de produzir, consumir e distribuir conteúdo

que se encontra, literalmente, na ponta de nossos dedos. Ela fornece uma

narrativa diferente de uma revista tradicional. Diferente por ter uma linguagem

nova, que reúne o que há de melhor da mídia impressa com a mídia digital:

conteúdo segmentado, personalizado, portátil, com recursos multimídia,

interativos e hipertextuais. (PLUVINAGE; HORIE 2011, p.3)

Em uma breve pesquisa, verificou-se diversas publicações desse tipo no iPad. São

exemplos a revista Mente, revista MOD, primeira revista de moda brasileira para Ipad,

Ithing, Like Magazine, Lançamentos, Duda Lina masculina, You Fashion, a Revista

LomoMag, entre outras.

Pode-se afirmar que as revistas impressas também estão em um processo de

adaptação ao novo suporte. Exemplos disso são algumas conhecidas na área da moda, como

Vogue, Lola, Marie Claire, Elle, Cláudia, etc. As mesmas podem ser encontradas em forma

de aplicativo e também no Iba1.

4 JORNALISMO DE MODA

Segundo Barnard (2003), moda é comunicação. Por isso, percebe-se que a mesma

tem uma função importante: a de transmitir informações para o público, agregando

conhecimento como qualquer outro assunto acerca do jornalismo. O jornalista de moda tem

o papel de revelar conteúdos relevantes para o leitor. De acordo com Malfitano (2008),

Até agora, esse campo de pesquisa foi de fato considerado pouco merecedor da

atenção da maioria dos historiadores, que o subestimaram e o deixaram à margem

de seus interesses. Na realidade, há considerações categóricas a favor desse

gênero de pesquisa, baseadas no fato de que os jornais de moda oferecem um

espelho no qual se pode ler a evolução social, e de que, surgidos há mais de

duzentos anos, seu público tem aumentado constantemente ao longo das décadas.

(MALFITANO, 2008, p.57)

O jornalista de moda não trabalha apenas como pesquisador de tendências. Ele

desenvolve um trabalho muito maior, envolvendo uma indústria significativa, tanto na área

1 No iba, cada tipo de publicação tem seu aplicativo exclusivo: iba revistas, iba e-books e iba jornais.

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da comunicação como na área econômica. Como qualquer profissional, o jornalista de

moda precisa ficar atento às mudanças do mercado e da sociedade e sempre buscar

atualizações do meio em que trabalha. Para isso, há necessidade de profissionais

capacitados, como explica Joffily (1991):

Moda também é assunto cultural. Está vivamente acoplada aos hábitos e crenças

de uma população. O jornalista de moda deve estar apto a cobrir todos esses

aspectos. A sua formação, técnica e cultural, é a única arma de que dispõe contra

desvalorização que lhe é imposta. (1991, p.13)

As mídias jornalísticas, então, são relevantes para a divulgação e a criação de

tendências nesse meio, como explica Caldas (1997). O autor afirma que, “na moda, a mídia

é o primeiro poder, tal a força institucional e a capacidade de determinar as tendências dos

grandes meios de comunicação” (CALDAS, 1997, p.26).

Entende-se, diante disso, que o papel do jornalismo de moda é relevante para a

criação de informações acerca do tema, e é necessária uma boa produção jornalística, já

que, de acordo com Penido (2009, p.27), “o jornalismo de moda deve seguir a mesma

estrutura de formação textual dos outros textos. Deve conter as sinalizações dos valores-

notícia, mas não excessivamente explorados, primando pela clareza que este como qualquer

outro assunto exige”.

A moda é ligada pela informação e uma de suas características é a construção de

identidades, já que o papel da vestimenta não se baseia apenas em suprir a vaidade. Serve

também como forma de comunicação e até mesmo como meio de demonstrar

características pessoais de quem a usa. Para Palomino (2003),

A moda é um sistema que acompanha o vestuário e o tempo, que integra o

simples uso de roupas no dia-a-dia a um contexto maior, político, social,

sociológico. Você pode enxergar a moda naquilo que escolhe de manhã para

vestir. (...) Moda não é só “estar na moda”. Moda é muito mais do que roupa.

(PALOMINO, 2003, p.14)

A criação da revista Acesso Moda tem a intenção de informar através do jornalismo

de moda, para que, assim, o leitor possa buscar suas modificações e criar seu próprio estilo,

ou seja, sua forma de comunicar-se com o mundo na escolha das suas roupas. Joffily (1991,

p.18) afirma que “o objetivo da comunicação sobre moda é a sua compreensão pelo maior

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número de pessoas”. Com isso, fica evidente a importância de conteúdos específicos sobre

o tema, salientando a relação que a moda tem com a sociedade na qual está inserida.

Segundo Braga (2006):

Vale lembrar que a moda é o reflexo de uma época, uma cultura de um povo, uma

denunciadora de períodos e locais, verdadeiramente, uma sinalizadora dos

tempos. Por ela, podemos contextualizar estudos históricos, observar hábitos e

costumes, distinguir o gosto, entender o processo criativo, estudar a economia,

verificar o desenvolvimento tecnológico e, mais do que isso, compreender

também, mediante seu estudo e observação e de seu significado cultural, a mente

humana. (BRAGA, 2006, p.22)

Podemos entender até aqui que jornalismo de moda não envolve apenas nas

escolhas do que vestir diariamente. Ele abrange diversos outros fatores. A moda acaba se

tornando uma forma de passar uma mensagem sobre si mesmo. As revistas especializadas

são consideradas meios que têm como objetivo atender a um público específico, que se

identifica com a temática, na tentativa de contribuir na construção da identidade do leitor. E

isso acontece através do acesso às informações disponibilizadas por intermédio do

jornalismo de moda. No caso deste trabalho, através da revista Acesso Moda.

5 ACESSIBILIDADE PARA PESSOAS COM DEFICIÊNCIA VISUAL

Na contemporaneidade, com o surgimento das tecnologias digitais, o termo

acessibilidade ganhou destaque. Ocorreu o fortalecimento e o desenvolvimento de

instrumentos que facilitam o acesso e a sua utilização (FILHO; WAECHTER, 2013).

Apesar de a sociedade civil estar cada vez mais consciente e mobilizada, entende-se, neste

trabalho, que a concretização da inclusão social através da acessibilidade não depende

apenas do surgimento de novas ferramentas e tecnologias. A mesma depende, também, das

adaptações e mudanças culturais. A finalidade é que, a partir disso, a sociedade atual

modifique-se e passe a compreender a acessibilidade como parte fundamental das criações

jornalísticas e não apenas de produtos específicos para tal.

No site Acessibilidade Brasil, acessibilidade está definida como

[...] não só o direito de acessar a rede de informações, mas também o direito de

eliminação de barreiras arquitetônicas, de disponibilidade de comunicação, de

acesso físico, de equipamentos e programas adequados, de conteúdo e

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apresentação da informação em formatos alternativos. (In:

www.acessibilidadebrasil.org.br, acesso em 18.09.2013)

As pessoas com deficiência visual, nem sempre foram consideradas na realização de

iniciativas voltadas ao seu atendimento específico. Na sociedade primitiva, as crianças

cegas eram abandonadas ou deixadas para morrer, pois a população da época acreditava

que essa deficiência era causada pela possessão de espíritos malignos (MECLOY, 1974).

Segundo Mecloy (1974), no Cristianismo, essa situação modificou-se. Pessoas com

deficiência visual começaram a ser vistas de maneira diferenciada, pois o Evangelho

dignificava o cego como um ser que possui um lugar no céu e, automaticamente, estende

essa entrada para o ser humano que o ajude. Desmitifica, assim, as questões relacionadas a

espíritos do mau.

Um marco histórico do atendimento de parte das necessidades dessa camada do

público é a criação do sistema braille, segundo Machado (2011, p.49). O mesmo foi criado

por Louis Braille, aluno da primeira escola direcionada a pessoas com deficiência visual, o

Instituto Real dos Jovens Cegos de Paris. Isso ocorreu no ano de 1784. O sistema braille é

definido como o “processo de leitura e escrita em relevo, tendo como base a signografia

[...], que consistia num código secreto militar denominado ‘escrita noturna’, composto da

disposição de doze pontos em relevo, cujas combinações formavam os símbolos fonéticos”

(FRANCO & DIAS, 2014, p.3).

O fato de construir a revista Acesso Moda com ênfase na acessibilidade para

pessoas com deficiência visual faz com que seja necessário pensar numa estrutura

adequada, considerando os ajustes necessários. É preciso levar em conta que, segundo o

levantamento bibliográfico realizado neste relatório, produtos jornalísticos para tablets não

têm, até o presente momento, sequer uma base sólida do que realmente funcionaria ou não

nas publicações noticiosas comuns, direcionadas aos leitores em geral. Isso também se

aplica à acessibilidade no suporte.

As pessoas com deficiência visual são classificadas em dois grupos: cegos e com

visão parcial ou reduzida. Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais:

Cegueira: perda da visão, em ambos os olhos, de menos de 0,1 no melhor olho

após correção, ou um campo visual não excedente a 20 graus, no maior meridiano

do melhor olho, mesmo com o uso de lentes de correção. Sob o enfoque

educacional, a cegueira representa a perda total ou o resíduo mínimo da visão que

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leva o indivíduo a necessitar do método Braille como meio de leitura e escrita,

além de outros recursos didáticos e equipamentos especiais para a sua educação;

Visão parcial ou reduzida: acuidade visual dentre 6/20 e 6/60, no melhor olho,

após correção máxima. Sob o enfoque educacional, trata-se de resíduo visual que

permite ao educando ler impressos a tinta, desde que se empreguem recursos

didáticos e equipamentos especiais. (BRASIL, 1998, p.26)

A revista Acesso Moda, produzida neste projeto experimental, foi pensada para o

atendimento das demandas dos públicos com os dois tipos de cegueira citados. Considera-

se que o uso da internet e das tecnologias móveis ampliou as suas chances de acesso a

informações. Para Filho e Waechter (2003, p.4), “em usuários com visão reduzida, a

acessibilidade está em ampliar a informação visual, já em usuários com cegueira total, a

acessibilidade se dá através do estímulo de outros canais perceptivos, sendo o tátil e o

auditivo os mais comuns” (FILHO; WAECHTER, 2003, p.4).

Alguns sites/revistas digitais (TONET, 2006) ainda não estão adaptados com

acessibilidade, o que acaba dificultando a navegação. Isso faz com que a pessoa com

deficiência visual fique restrita a apenas algumas opções, muitas vezes desmotivando a

busca de informações por esses tipos de mídias. Ainda há muitas dificuldades ao tentar

utilizar a Internet. Segundo Tonet (2006),

Os deficientes visuais não têm tanta facilidade para acessar páginas da internet.

Eles precisam de um software leitor de telas que leia, por meio de sintetizadores

de voz, o que está escrito no monitor. Para que esses programas funcionem de

maneira eficaz é necessário que algumas regras de construção estejam aplicadas

às páginas de um site. (TONET, 2006, p.6)

Logo, entende-se que os problemas de acessibilidade nesses meios ainda são

obstáculos para aqueles que apresentam algum tipo de deficiência visual. O ideal é fazer

com que o mesmo sinta-se incluído e seguro ao ler as notícias e informações, sem precisar

do auxílio de alguém (TONET, 2006).

5.1 Proposta de revista com acessibilidade para tablets

A partir das observações expostas, surgiu a proposta de criar a revista para tablet

sobre moda, incluindo conteúdos e mecanismos que facilitem a acessibilidade, para que

todas as pessoas que gostam do tema possam aproveitar as informações. O iPad, da Apple,

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já disponibiliza opções e configuração de acessibilidade para que os cegos possam usufruir

do aparelho. Segundo Filho e Waechter (2012),

como as telas sensíveis ao toque, atualmente, são uma forma comum de interação

humana com computadores, não é apenas importante o fato das pessoas cegas

terem o acesso a elas, mas também que possam fazer uso destas telas de forma

eficiente e eficaz. (FILHO; WAECHTER 2012, p.8)

Recursos de acessibilidade visual presentes em tablets foram reconhecidos através

de pesquisa qualitativa e descritiva de Filho e Waechter (2013). São eles: SliderRuler;

leitura automática; digitalização falada; monitor braille; audiodescrição; zoom e cores

invertidas e reconhecimento de voz. Tais recursos serão descritos a seguir:

O primeiro deles se chama SlideRuler (ou regra de deslizamento). Foi criado para

gerar informações auditivas para as pessoas com deficiência visual utilizando-se dos gestos.

Conforme Filho e Waechter (2013), trata-se de

um sistema gerador de informação auditiva para o usuário cego. É um método de

navegação pela interface que utiliza gestos: o dedo do usuário é usado para

interagir fisicamente com os itens mostrados em tela, possibilitando ao usuário

percorre-la, dando-lhe uma noção espacial de onde os itens se encontram.

Sistemas de Slide Ruler estão disponíveis nas versões mais atualizadas dos

sistemas Android, sob o nome “Explore byTouch” (GOOGLE INC, 2012), e iOS,

sob o nome “VoiceOver” (APPLE INC, 2013a). Com eles o usuário interage com

um, dois, três dedos ou duplo toque para navegar na tela, através de feedbacks

auditivos, possibilitando sua utilização (LEPORINI; BUZZI;) Ao passar o dedo

sobre blocos de texto, uma voz lê o conteúdo para o usuário, em conjunto com

instruções de uso. (FILHO; WAECHTER, 2013, p.9)

Outro recurso conhecido é a leitura automática, que se trata de uma voz que lê os

elementos disponíveis na tela. Além disso, serve de base para outros sistemas, como

Waechter (2013) explica:

É uma tecnologia geradora de informação auditiva, que consiste em uma voz

automatizada que lê os elementos dispostos na tela. É o principal mecanismo de

geração de informação auditiva, servindo de base para outros sistemas assistivos,

como o Slide Ruler, Digitação Falada e Audio-Descrição. Sistemas de leitura

automática estão presentes em ambos dos principais sistemas operacionais

móveis: Android, sob o nome “TalkBack”, e iOS, sob o nome “VoiceOver”.

(FILHO; WAECHTER, 2013, p.9)

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A digitação falada faz com que o leitor tenha mais contato com a tela, já que, ao

deslizar o dedo no teclado do tablet, uma voz fala em qual tecla o dedo está, permitindo,

assim, que se escreva facilmente. Segundo a pesquisa de Filho e Waechter, a “digitação

falada consiste em um feedback auditivo, em que o usuário desliza o dedo entre o teclado e

uma voz automática anuncia em qual tecla o dedo se encontra. Um sistema gerador de

informação auditiva, disponível no sistema Android e iOS" (FILHO; WAECHTER, 2013,

p.10).

O monitor braille, além de prático, pode ser uma ótima opção para as pessoas com

deficiência visual que ainda não sabem a linguagem braille e gostariam de aprender.

Um monitor Braille é formado por um conjunto de células, com 6 ou 8 pontos,

atualizáveis, que permitem uma pluralidade de visualizações de caracteres nas

células (SUTHERLAND, 1970). São sistemas geradores de informação tátil, que

se conectam aos tablets através de conectividade bluetooth, possibilitando ao

usuário cego acesso às informações visuais inicialmente contidas na tela.

(FILHO; WAECHTER, 2013, p.10)

A audiodescrição é outro sistema auditivo importante para ajudar na compreensão

de fotografias, legendas, etc. Também pode auxiliar aqueles que não têm muita experiência

com tecnologias.

(...) é um sistema gerador de informação auditiva, “assumindo o papel de

transmissora de informações que, inicialmente, estariam disponíveis apenas no

plano visual, a exemplo de imagens estáticas (tais como fotografias), cenas

dinâmicas (veiculadas no cinema, TV ou teatro), além de textos e legendas

impressas” (GUEDES, 2011). Faz-se necessário atenção do projeto

hipermidiático, pois esta etapa de descrição verbal não é realizada

automaticamente. Cada elemento visual da interface deve ser descrito em texto,

que será adicionado à hipermídia de forma oculta. Os usuários sem necessidades

especiais não visualizarão este texto, porém, quando os usuários com

necessidades especiais tocarem no objeto, ativarão a audio-descrição do mesmo.

Pode ser necessário o emprego de profissionais especializados em audio-

descrição em sua produção. (FILHO E WAECHTER, 2013, p.11)

O zoom, o texto aumentado e cores invertidas, são funções básicas para qualquer

meio de comunicação que deseja ter acessibilidade e, segundo Filho e Waechter (2013,

p.12), “são categorias geradoras de informação visual ampliada, utilizadas por usuários com

visão reduzida. Ela consiste na ampliação da interface da tela, aumento do tamanho do

texto ou inversão do esquema de cores”.

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Por último, a pesquisa fala sobre o reconhecimento de voz, através do qual o usuário

pode fazer perguntas ou comandar funções apenas por meio da fala.

São sistemas geradores de informação auditiva. Através dele, o usuário pode

perguntar por informações ou ordenar o dispositivo que faça determinadas

tarefas, a exemplo: abrir aplicativos; ditar mensagens, lembretes, e-mails;

perguntar por informações; configurar alarmes; buscar por pessoas e contatos;

entre outros. São serviços baseados na nuvem que requerem conexão com a

internet para funcionarem. No Android, o serviço é oferecido sob o nome

“Google VoiceSearch”, e no iOS, sob o nome “Siri”. (FILHO E WAECHTER,

2013, p.12)

Com todas essas opções, percebe-se que as tecnologias presentes nos tablets vêm

com a função de dar autonomia á pessoa com deficiência visual, incluindo, assim, a

acessibilidade, que têm grande potencial para proporcionar acesso mais democratizado e

possibilitam a introdução dos cegos nas mídias móveis, tornando mais fácil acessar páginas

na internet, ler livros, utilizar aplicativos, entre outras opções.

5.2 Acessibilidade em teste: experiências com Android e IOS

Para a realização deste trabalho, depois da leitura da pesquisa citada anteriormente,

testou-se o iPad Mini, da Apple, o tablet Galaxy Tab 10.1, da marca Samsung, o tablet da

Philco e, por fim, o tablet YPY, Android 4.1.1 da marca Positivo. Percebeu-se que somente

o iPad disponibiliza de uma acessibilidade de fato acessível.

A Samsung teve bom desempenho ativando as opções Talkback, que permitem

explorar por toque (explore byTouch), citado na pesquisa como Slide Ruler. Em algumas

questões, tem bastante semelhança com o iPad, porém em muitos momentos se perde, e lê

páginas de livros/revistas anteriores, mesmo quando o usuário passa para a próxima. No

teste com a revista Acesso Moda, o aparelho não leu as legendas ocultas, que ficam atrás

das fotografias. Leu apenas as que ficam em espaço em branco. Porém, na web, conseguiu

navegar muito bem pelas páginas, e-mail e redes sociais.

O tablet da marca Philco tem a opção acessibilidade nas configurações, mas, ao

entrar, consta que não há nenhum aplicativo e que precisa ser feito o donwload.

Por último, o tablet da marca Positivo também apresentou dificuldades. Na opção

acessibilidade há TalkBack, mesmo recurso da Samsung. Porém, ao ativar, nada acontece.

Diferente do tablet da Samsung, o Positivo não tem a opção explorar por toque.

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Visto isso, constatou-se que, para o funcionamento da Philco, e melhoria no da

Positivo, a pessoa que necessita da acessibilidade deve procurar aplicativos para instalar no

seu produto e, assim, poder usufruir das informações. Esse fato foi um dos que contribuiu

para a escolha do iPad para a realização do produto final deste trabalho. Isso porque, numa

revista que envolve a disponibilização de acessibilidade, é importante, “promover o acesso

à informação para pessoas com deficiência visual por ser este um direito básico da

cidadania e participação social” (CAMPOS, 2009, p.6).

Para a criação da revista Acesso Moda, foi preciso atenção aos mais singelos

detalhes: cada palavra, cada imagem e cada página, para que o leitor se sinta bem

informado, de forma que compreenda tudo e se sinta satisfeito com as informações,

tentando viabilizar a inclusão digital para todos. De acordo com Passerino e Montardo

(2007, p.6), inclusão digital “é o direito de acesso ao mundo digital para o desenvolvimento

intelectual (educação, geração de conhecimento, participação e criação) e para o

desenvolvimento de capacidade técnica e operacional”. Essa inclusão também se dá através

de conteúdos específicos sobre moda, já que se trata de um tema que interessa grande parte

das mulheres.

Segundo Londoño (2006, p.8), “a deficiência visual muda o comportamento em

relação ao consumo de televisão, da moda, da percepção das marcas, da imagem da marca”.

Porém, isso não quer dizer que não exista interesse por parte desse público. Muitas vezes, o

problema está na falta de acessibilidade dessas informações. O autor considera que “a

vaidade e a moda são comportamentos e características que não têm muita importância na

compra e no consumo dos produtos, mas também não querem estar fora dela”

(LONDOÑO, 2006, p.9). Com isso, compreende-se que basta o meio de comunicação estar

acessível para que, assim, seja facilitada a chegada dessas informações a todos os usuários

que têm interesse no assunto.

6 PROPOSTA DA REVISTA ACESSO MODA

A finalidade da revista Acesso Moda, criada neste projeto experimental, não se

baseia apenas em informar, mas também em criar um referencial de jornalismo móvel sobre

moda, com embasamento nas técnicas jornalísticas que aprendemos ao longo dos anos.

Como afirma Vilas Boas “cada veículo tem sua maneira de ser, seu estilo. Sem perder de

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vista certas regras básicas do estilo jornalístico, a revista-magazine compreende uma grande

variedade de estilos. Sem dúvida que é uma prática jornalística diferenciada” (BOAS, 1996,

p.71). Então, fica claro aqui que o estilo jornalístico tem que se manter. Foram usadas

outras técnicas e conteúdos específicos para dispositivos móveis, a fim de compreender a

diferença da criação de jornalismo de revista para a criação de jornalismo de revista para

dispositivo móvel.

Ressaltando que a problemática deste projeto experimental está vinculada à seguinte

questão: qual é a melhor forma de estruturar acessibilidade em uma revista para iPad? Logo,

também se propõe um novo formato de revista para iPad, evidenciando todo o processo de

criação.

7 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS APLICADOS

Descrever os passos metodológicos é importante para entender toda a trajetória teórica e

colocar em prática a construção da revista Acesso Moda, que foi realizada de forma

experimental e pensada a partir da ideia de incluir acessibilidade em uma publicação sobre

moda.

Este tópico dedica-se à descrição dos procedimentos metodológicos aplicados para o

planejamento, a composição, a produção e a publicação da revista Acesso Moda. Adotou-

se, neste trabalho, práticas de apuração jornalística, através da utilização de técnicas como a

entrevista jornalística, entrevista semiestruturada e a pesquisa documental via web.

A entrevista jornalística é, de fato, importante para a coleta de informações de pessoas

envolvidas no tema proposto para a revista Acesso Moda. Ela pode ser considerada,

segundo Lage (2003, p.73), como “procedimento clássico de apuração de informações em

jornalismo”. Caputo (2010) diz que

A entrevista é uma aproximação que o jornalista, o pesquisador (ou outro

profissional) faz em uma dada realidade, a partir de um determinado assunto, e

também a partir de seu próprio olhar, utilizando como instrumento perguntas

dirigidas a um ou mais indivíduos. (CAPUTO, 2010, p.28)

Foram entrevistadas, durante a apuração jornalística realizada, para as pautas

escolhidas para a revista, as seguintes fontes: coordenadora do concurso Moda Inclusiva,

Daniela Auler, a fisioterapeuta Dariene Rodrigues, a blogueira Júlia Alcântara, a estudante

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Leticia Pinheiro, a ilustradora e designer Amanda Mol e as estudantes de design de moda,

Amanda Inácio e Endy Benittis.

A pesquisa documental segundo Pádua (2002)

É aquela realizada a partir de documentos, contemporâneos ou retrospectivos,

considerados cientificamente autênticos (não fraudados); tem sido largamente

utilizada nas ciências sociais, na investigação histórica, a fim de

descrever/comparar fatos sociais, estabelecendo suas características ou

tendências; além de fontes primárias, os documentos propriamente ditos,

utilizam-se as fontes chamadas secundárias, como dados estatísticos, elaborados

por institutos especializados e considerados confiáveis para a realização da

pesquisa (p.65).

Ela serviu como base no início do processo de apuração para a constituição da

revista. Primeiramente, foi realizada a pesquisa na web sobre todas as pautas, para que,

assim, na hora da realização das entrevistas, fossem suficientes as informações de fundo,

consideradas aqui necessárias. A pesquisa documental também serviu para conhecer um

pouco mais do que já existe sobre cada assunto, para que, assim, não faltassem informações

na hora da criação dos textos.

A entrevista semiestruturada não seguiu um roteiro fixo de perguntas e respostas.

Ofereceu, dessa forma, a possibilidade de novas indagações e diferentes colocações, não

previstas inicialmente, por parte da entrevistada. De acordo com Martins e Theóphilo

(2009), a entrevista semiestruturada “é conduzida com uso de um roteiro, mas com

liberdade de serem acrescentadas novas questões pelo entrevistado” (MARTINS;

THEÓPHILO, 2009, p.88).

Esta técnica foi aplicada na conversa realizada com a pedagoga e especialista em

Atendimento Educacional Especializado, Luciane Maria Molina, pessoa com deficiência

visual que testou a revista para realizar suas considerações sobre a funcionalidade. Todas as

entrevistas aconteceram no período de março a julho, devido à demora de alguns retornos.

No próximo tópico serão descritas todas as técnicas utilizadas, mencionadas até

aqui.

7.1 Elaboração da revista móvel

Após pesquisar publicações sobre os assuntos abordados, era hora de pensar em

como seria colocada em prática a revista. O nome escolhido no começo é ‘In Moda’.

Page 31: Uma alternativa diferenciada para acessibilidade no jornalismo móvel: Criação da revista Acesso Moda

31

Buscava remeter à ideia de estar dentro da moda. No processo de criação, foi alterado para

‘Acesso Moda’. Considera-se tal nome mais adequado à proposta deste projeto

experimental, visto que trabalha-se diretamente com a acessibilidade.

A revista foi dividida da seguinte forma: capa; guia de navegação; expediente;

editorial; índice; um artigo de opinião; uma reportagem; uma matéria pequena; uma

entrevista e duas notas.

O processo de produção da revista para mídia móvel, no caso, o iPad, abrangeu seis

etapas: pauta; roteiro; apuração; redação; edição; e, por fim, a diagramação. Esta se dividiu em

três partes: a) diagramação básica, composta pela organização dos elementos visuais e textuais

nas páginas utilizando-se o software In Design; b) inclusão de recursos do layout líquido,

elementos interativos e elementos multimídia; c) inserção de acessibilidade.

7.1.1 Pautas

Vários assuntos foram pensados, sempre tendo em mente a criação de matérias e

reportagens para dispositivo móvel, mas obedecendo aos processos de jornalismo de revista

impressa. A temática já estava definida desde o início: a moda. A partir disso, ocorreu uma

pesquisa sobre o que estava acontecendo nessa área, para que a reportagem principal fosse algo

atual.

O trabalho jornalístico resultou em um artigo de opinião, uma reportagem e uma

entrevista. Depois disso, também foram criados conteúdos de moda, porém mais simples e com

produções menos elaboradas, comuns em revistas de moda. São exemplos, dicas de beleza e

tendências.

7.1.2 Reportagem: moda acessível

A reportagem produzida para a revista tem a sua abordagem focada no concurso

Moda Inclusiva. O evento realizará a sua sexta edição no mês de agosto de 2014. A

reportagem fala sobre o mesmo, além de relacionar ao evento outras iniciativas referentes

ao assunto, evidenciando a forte presença que a acessibilidade tem ganhado na área de

moda.

Desde que se pensou em incluir uma pauta sobre acessibilidade, já se tinha em

mente destacar o concurso Moda Inclusiva. O mesmo já vinha sendo acompanhado no ano

anterior, através do acesso a notícias e conteúdos a respeito do evento.

Page 32: Uma alternativa diferenciada para acessibilidade no jornalismo móvel: Criação da revista Acesso Moda

32

De todas as matérias produzidas, considera-se esta pauta a que mais favorece a

revista. Foi a mais trabalhosa, devido ao fato de que encontrou-se dificuldades na busca de

pessoas disponíveis para responder questões relacionadas.

Foram contatadas as fontes previstas no mês de março de 2014. Primeiramente, elas

foram informadas sobre o projeto experimental em construção. Após a apresentação da

proposta do trabalho, foram encaminhadas por e-mail questões para os que confirmaram

interesse em colaborar. Á medida em que algumas pessoas não retornavam o contato,

procurava-se novas fontes. Alguns contatos foram feitos através do Facebook e, logo em

seguida, por e-mail.

O mais difícil neste trabalho foi conseguir contato com as fontes. E foi neste

momento que pensou-se em trocar o foco da revista, para poder utilizar fontes da cidade, o

que facilitaria muito no trabalho de produção, podendo ir aos locais e conversar

pessoalmente com os entrevistados. Porém, como desde o início o tema moda já era

prioridade, optou-se por continuar na busca de pessoas consideradas relevantes para

abordar o tema moda e acessibilidade, dispostas a responder perguntas relacionadas. No

total, foram enviados e-mails para dez pessoas2. Também foram realizados contatos através

de mensagens no Facebook. Contudo, apenas quatro delas retornaram.

As pessoas que colaboraram para a criação desta reportagem são a coordenadora do

concurso Moda Inclusiva, Daniela Auler, a fisioterapeuta e dona da loja Lado B: Moda

Inclusiva, Dariene Rodrigues, a blogueira e designer de moda Julia Alcântara, e a estudante

Letícia Pinheiro, cliente da loja Lado B.

Com isso, a ideia do produto final na reportagem precisou ser alterada várias vezes,

pois à medida em que se pensava num entrevistado diferente, mudava o caminho a ser

percorrido, de acordo com as informações que essa pessoa poderia repassar. Mesmo com

algumas dificuldades, acredita-se que as fontes conseguiram transmitir informações

benéficas para a construção de um texto com sequência. A reportagem ficou menor do que

o esperado. Entretanto, ao termino do trabalho, foi possível aproximar todas as informações

para que não ficassem perdidas e sem sentido.

2 Entre as pessoas que não retornaram, destacam-se a proprietária de uma Agência de Modelos com

deficiência física, um estilista que fez um trabalho sobre pessoas com deficiência visual, uma professora de

Design de Moda, coordenadora do projeto Santa Catarina Moda e Cultura (SCMC), um participante do 5º

Moda Inclusiva, uma loja de roupas adaptadas para pessoas com deficiência e, por fim, um cliente da loja.

Page 33: Uma alternativa diferenciada para acessibilidade no jornalismo móvel: Criação da revista Acesso Moda

33

7.1.3 Entrevista

Quando ocorreu a ideia de criar algo relacionado a negócios on-line, logo surgiu em

mente entrevistar a ilustradora e designer, Amanda Mol. Conheceu-se o trabalho dela numa

procura pessoal. Desde então, houve um acompanhamento de seu trabalho. Essa entrevista

foi uma das mais tranquilas de fazer, pois Amanda sempre foi muito receptiva e respondeu

todos os contatos. Percebe-se, na entrevista, o carinho que ela tem e a paixão por aquilo que

faz. Buscou-se fazer diversas perguntas para que não faltasse nada para conseguir o

resultado que imaginou-se desde o início: passar um pouco da experiência de alguém que

trabalha há alguns anos na web e é conhecida. Basta fazer uma breve pesquisa para notar

isso. Ela também ajuda aqueles que têm interesse em abrir um negócio on-line.

7.1.4 Artigo de opinião: guarda-roupa de dez peças

O artigo de opinião exposto na revista aborda o tema guarda-roupa de dez peças. O

interesse na questão de um guarda-roupa com poucas peças surgiu no acesso em um blog, à

resenha sobre o livro Madame Charme, de Jennifer L. Scott. Após a leitura da versão on-

line do livro, foi construído o artigo opinativo. Como no livro Jennifer aborda assuntos

como dieta, por exemplo, o texto foi baseado apenas em uma das questões do livro, que se

encaixaria bem em um artigo de opinião e, claro, com o tema da revista.

7.1.5 Matéria curta: carreira de moda

A ideia, no início, era produzir um editorial. Como não tenho um conceito básico de

produção de moda, resolvi não arriscar. Por isso, entrei em contato com duas estudantes de

moda, pedindo autorização para usar os seus editoriais. Ao montar a revista no papel, ficou

claro que não seria possível apenas jogar as imagens ali. Era necessária uma introdução.

Com base nisso, foi constituído um breve texto sobre a carreira de moda. Foram realizadas

conversas com as duas estudantes para saber um pouco mais sobre os seus interesses, além

das suas inspirações para a criação daqueles editoriais. O contato foi feito por e-mail. Logo,

as estudantes enviaram as imagens que foram utilizadas na revista.

Page 34: Uma alternativa diferenciada para acessibilidade no jornalismo móvel: Criação da revista Acesso Moda

34

7.1.6 Nota: amor por sapatos

Como toda revista de moda, não poderia faltar uma dica com alguma tendência.

Principalmente porque a revista é pequena e muito texto poderia se tornar cansativo. Assim,

constituiu-se um pequeno texto com dica de sapatos para o inverno. Foram selecionados e

expostos alguns modelos, incluindo marca e valor. Foi feita uma rápida pesquisa sobre

sapatos que estavam na moda, para ter uma ideia do que separar para indicar.

7.1.7 Nota: últimos lançamentos de beleza

Uma das páginas da revista destaca alguns lançamentos de beleza. Para finalizar,

por produzir um blog de moda e beleza, recebo muitos e-mails informando os últimos

lançamentos de determinadas marcas. A partir disso, foram selecionados alguns deles e

incluídos em uma página contando as novidades. Por fim, foram enviados e-mails para as

assessorias das marcas, avisando que seriam utilizadas as informações para o projeto

experimental.

7.2 Roteiro e Apuração

Depois de feita a pesquisa sobre quais assuntos seriam abordados, foi realizada a

criação do roteiro, com os temas pré-definidos, as possíveis fontes, links da pesquisa sobre

o assunto, uma breve introdução e contatos. Os contatos prévios foram importantes, pois

todas as fontes são de outras cidades. Os principais meios utilizados são o Facebook e e-

mail. Algumas fontes passaram os números de seus telefones, mas não houve a necessidade

de contatá-los dessa forma. Foi realizado um primeiro contato, mais informal, com uma

breve introdução da proposta do trabalho. Logo após o retorno, foi enviado um arquivo com

as questões iniciais das entrevistas. Em vários casos manteve-se o contato através do

Facebook.

7.3 Redação e revisão

Durante a elaboração de cada texto produzido para a Acesso Moda, foram pensadas,

simultaneamente, estratégias de exposição e manipulação da publicação para tablets, além

dos recursos de acessibilidade. Os conteúdos foram criados pensando nisso. Depois das

Page 35: Uma alternativa diferenciada para acessibilidade no jornalismo móvel: Criação da revista Acesso Moda

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entrevistas, da pesquisa e das imagens que seriam utilizadas, chegamos à parte da criação

dos textos, pensando numa revista de moda descontraída, mas sem perder o teor

jornalístico.

Depois da produção, houve a revisão de todo o conteúdo e, também, a elaboração de

um boneco gráfico, para que fosse feita a diagramação com mais facilidade. A partir daí, os

textos foram constituídos na ordem prevista e as fotos e matérias foram selecionadas e

organizadas por pastas.

7.4 Diagramação

Para a diagramação da revista, foi usado o programa InDesign CC, na versão mais

atual. No mesmo, constam todos os plug-ins necessários para a criação da revista. O trabalho de

diagramação foi dividido em três etapas: a diagramação básica, com inserção de textos e

imagens; a inserção de recursos interativos com botões e suas funções e os elementos

multimídia; e por último, a inclusão de acessibilidade.

7.4.1 Diagramação básica

Nessa etapa, foi feita a inserção de textos e imagens na revista, escolhendo-se as cores,

melhor enquadramento e posicionamento do conteúdo. Nos textos foi utilizada a fonte gothic

regular, tamanho 17pt, com espaçamento 12,5 pt para o corpo do texto. Uma fonte diferente do

habitual no jornalismo impresso, mas que, no teste feito no Ipad Mini, se encaixou muito bem

com a proposta da revista e fugiu um pouco do comum. Na capa da revista, foi utilizada a fonte

Bebas, tamanho 160 na palavra Acesso e 210 na palavra Moda, para que ficasse do mesmo

tamanho, com um aparência visual mais atraente. Nos títulos, foram utilizados quatro tipos de

fontes: Bebas, Neou, Marmellata e Lisbon Script. No início, a ideia era usar apenas duas

fontes, para padronizar, mas, à medida em que a revista ia sendo construída, encontrava-se a

necessidade de mudanças. As cores base utilizadas são: branco, preto, azul claro e rosa.

As imagens foram sendo inseridas e modificadas quando necessário. Nessa fase, o

roteiro não foi seguido de maneira integral, já que, em alguns casos, o texto ocupava maior ou

menor espaço do que o previsto. Porém, isso não atrapalhou no desenvolvimento da revista. Só

fez com que, em alguns momentos, determinados elementos fossem alterados e algumas

imagens fossem trocadas de lugar, sem muitas diferenças e comprometimento no resultado

final.

Page 36: Uma alternativa diferenciada para acessibilidade no jornalismo móvel: Criação da revista Acesso Moda

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7.4.2 Recursos interativos e elementos multimídia

Nessa etapa, cada elemento foi inserido de forma diferente e com recursos de acesso

diferente. Na revista, as informações foram apresentadas em formas de texto em rolagem, links,

além de imagens utilizando recurso de slideshow. Nos recursos interativos, optou-se pelo botão

para obter mais informações, além do layout alternativo para a leitura na horizontal e vertical.

Todos esses conteúdos interativos foram aplicados no próprio InDesign. Nele, há um

recurso chamado Folio Overlays. São nove opções de interatividade: hiperlink; exibição de

slide; sequência de imagens, áudio; vídeo; panorama; conteúdo da web; panorama e zoom e,

por último, quadro de rolagem.

No começo da diagramação, a ideia era usar mais elementos interativos, mas à medida

em que a revista ia sendo montada e testada, percebeu-se que, ao inserir acessibilidade, muitos

desses recursos se perdiam.

7.5 Acessibilidade

Nessa etapa, tudo foi sendo produzido e testado, já que não existia uma ideia clara

do que funcionaria ou não. Em um primeiro momento, a intenção era ter áudios em todas as

imagens com descrição e, também, no canto superior de cada página, descrevendo os seus

elementos. Porém, a preocupação era com o tamanho do arquivo. Com isso, realizou-se a

tentativa de legenda oculta com descrição de imagens, para que, assim, o programa VoiceOver

realizasse a leitura da descrição de cada uma, quando o mesmo estiver ativo. No primeiro teste,

deu tudo certo, mas à medida que foram incluídas outras legendas, alguns textos e imagens

precisaram ser alterados ou trocados de lugar, para que o programa lesse o conteúdo na ordem

certa e não fizesse com que o leitor se sentisse confuso.

Optou-se por colocar legendas ocultas porque, para descrever uma imagem, o espaço é

bem maior que o de uma legenda menos descritiva. E o leitor que não possui deficiência visual

não necessita de uma descrição da imagem. Caso precise, pode ativar o VoiceOver, mencionado

anteriormente, que o recurso funcionará.

Depois de uma breve análise, retirou-se a ideia de áudio no canto superior de cada

página, com descrição da mesma. Nesse caso, achou-se ideal colocar, na descrição de cada

imagem, o local onde a mesma se encontrava. Por exemplo: canto superior esquerdo - descrição

da imagem.

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37

Em algumas partes da publicação, foi necessário adicionar pontos e palavras, para

que, na hora da leitura do VoiceOver, houvesse o intervalo e o entendimento do que se

tratava. Após escrever o que seria oculto, as palavras foram transformadas na cor branca,

ou nenhuma, para que não aparecessem na diagramação final. As imagens a seguir mostram

alguns dos passos seguidos para a inserção das legendas.

Figura 1 - Imagem mostrando todas as palavras na cor preta.

Fonte: Imagem reproduzida do programa InDesign CC

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Figura 2 – Imagem mostrando a palavra sendo ocultada.

Fonte: Imagem reproduzida do programa InDesign CC

Figura 3 - Imagem de como ficou a página com todas as palavras necessárias ocultas.

Fonte: Imagem reproduzida do programa InDesign CC

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39

Na descrição das imagens, também optou-se pelo texto oculto. A próxima figura

destaca as linhas na cor cinza abaixo do texto que são as legendas em tamanho menor, letra

tamanho número cinco, e na cor branca. Com isso, no resultado final o VoiceOver identifica

e descreve essas imagens.

Figura 4 - Legendas ocultas na descrição de cada sapato.

Fonte: Imagem reproduzida do programa InDesign CC

Algumas legendas precisaram ser colocadas em lugares diferentes, para que, no

momento em que o programa VoiceOver lesse a página, a descrição acontecesse na hora

exata. Com isso, procurou-se garantir que o leitor não tenha prejuízos na compreensão do

texto e nem troque a ordem das informações. A figura que segue destaca uma das legendas

inseridas no meio da página.

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40

Figura 5 - Legenda da foto inserida no meio da página.

Fonte: Imagem reproduzida do programa InDesign CC

O produto jornalístico final resultou em uma revista com dois formatos diferentes:

PDF e folio. Essa não era a proposta final esperada com o desenvolvimento do trabalho.

Mas, ao longo do tempo, foram evidenciadas algumas dificuldades relacionadas à

acessibilidade no formato folio. Neste tópico, serão explicadas cada uma delas.

A versão no formato folio era uma das finalidades centrais deste trabalho. A

intenção era que ela funcionasse para usuários sem deficiência visual e com deficiência

visual, com a acessibilidade em perfeitas condições. Esse tipo de formato permite usar

botões, slideshow e todo o diferencial que se espera de uma revista para iPad. O trabalho

todo foi pensado com base nessa proposta, porque, além de incluir acessibilidade, também

havia o objetivo de aprender as técnicas utilizadas hoje em dia na criação de revistas para

dispositivos móveis. Foram analisadas várias revistas de moda no tablet e observou-se

muitos botões de interação ao longo das páginas. “No tablet, o artigo de uma revista digital

pode ter um link para uma página específica, para um outro artigo, para uma página na

Web, alterando a sequência em que o leitor adquire as informações” (HORIE;

PLUVINAGE, 2011, p. 9).

No entanto, no momento de testar a acessibilidade na versão folio, percebeu-se que

todos os aplicativos gratuitos neste tipo de formato acessados para teste bloquearam o

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VoiceOver. Nem mesmo o zoom, em alguns casos, foi possível utilizar. Isso fez com que se

pensasse em uma alternativa, já que o diferencial da revista é a acessibilidade. Para essa

nova versão funcionar, seria necessário retirar recursos como botões de mais informações,

rolagem e slideshow. Para não perder todo o trabalho feito, optou-se por ter duas versões da

revista, com pequenos diferenciais e com formatos diferentes.

A versão no formato PDF perdeu grande parte da interatividade. Foi a única forma

que se encontrou para que a acessibilidade de fato, funcionasse. Claro que houve uma

restrição na questão da publicação da revista, já que muitos sites que fazem publicações

digitais têm um preço elevado. Nesse caso, ela não perdeu todas as características de ser

uma revista digital por ter uma linguagem digital além das legendas, que podem ser

consideradas também como uma forma de interação.

Na imagem abaixo, a diferença do formato Folio para o formato PDF. Na primeira

imagem, página com slideshow de três imagens, e na segunda, apenas com uma imagem, já

que no formato PDF os recursos interativos não funcionam.

Figura 6: Diferença de interação entre uma página na versão Folio e PDF

Fonte: Imagem reproduzida da tela do iPad

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42

8 TESTE DA REVISTA

Para concretizar o trabalho, foi realizado contato com a pedagoga Luciane Maria

Molina Barbosa. Ela foi escolhida por ser uma pessoa com deficiência visual e também

usuária de mídias móveis. Realizou o teste da revista e, por fim, respondeu algumas

questões sobre a mesma em uma entrevista semiestruturada, conforme explicado

anteriormente.

O primeiro contato foi realizado através do Facebook. Após os contatos iniciais, foi

enviada a revista por e-mail e, logo em seguida, foram recebidas as considerações da

entrevistada. Vale ressaltar que o teste realizado por Luciane foi de grande valor, sendo que

suas observações sobre a proposta editorial e a acessibilidade ajudaram na atualização de

questões que passaram despercebidas.

Luciane nasceu com baixa visão (uma visão bem limitada), devido a um glaucoma

congênito. Foi progressivamente perdendo a pouca capacidade de enxergar. Aos 13 anos,

teve que substituir os recursos para baixa visão pelo braille. Hoje, enxerga apenas claridade

de um dos olhos. Atualmente, usa das tecnologias para manter-se informada.

Nos testes da revista, ela se mostrou bastante interessada no assunto, o que fez com

que se confirmasse o que as breves pesquisas haviam deixado claro. A pessoa com

deficiência visual tem interesse na moda, mas muitas vezes deixa-a de lado devido ao fato

de que as informações, muitas vezes, não são acessíveis.

A entrevista foi realizada no dia 22 de julho de 2014. Luciane demonstra que

compreendeu a proposta editorial da revista, a essência do que se pretendia repassar ao

público. Ela relata que compreende a existência da moda para identificar o estilo e que,

com ele, cria a imagem que quer transparecer para o mundo, de acordo com aquilo que lhe

agrada.

Apesar da baixa ou nenhuma visão funcional, eu sempre gostei muito de

organizar meu vestuário, escolher minhas roupas e participar do mundo das

imagens, mesmo que fosse através da descrição das pessoas e dos olhos de

alguém. Acompanho as tendências da moda e, conforme fui construindo meu

repertório de imagens e estilos, criei minha própria moda, pois a moda não

depende apenas do visual, mas também do sentir-se confortável, das texturas dos

tecidos, do modelo das peças, enfim, do sentir-se bem. Tenho meu próprio estilo

de vestir, combino minhas peças, sigo a tendência sem ser careta ou me parecer

dominada pelo mercado atual. Quando li a revista Acesso Moda, percebi, de cara,

que era esse o espírito da coisa. Tentar mostrar que a moda segue uma tendência,

mas o estilo é muito particular. Vestir-se bem tem a ver com a maneira de encarar

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o mundo, o seu corpo e sua beleza interior. A estética visual não pode, nem deve,

ser o centro e nem ditar as regras inflexíveis de um mercado que visa ao

consumo, sem se preocupar com o bem-estar das pessoas. Gostei do conteúdo, as

matérias me prenderam para leitura, as descrições, como diferencial da revista,

trazem interatividade também para o público cego. Infelizmente, as pessoas

cegas não estão acostumadas a esse universo e acabam por privar-se da moda. Ou

ficam dependentes de alguém que as faça vestir e não lhes dão oportunidade, ou

acabam por deixar de lado suas vaidades. Por não haver procura, as editoras

também dificilmente se preocupam em oferecer acessibilidade. É a lei do

mercado, do consumo e da produção. A matéria que mais me chamou a atenção

foi sobre a resenha do livro a respeito das dez peças principais do vestuário.

Sempre gostei de roupa e tenho fartura delas no meu gigante guarda-roupa. Tenho

dificuldade incrível para fazer malas e reduzir a quantidade de peças e essa

matéria me fez refletir para tentar mudar o hábito. (BARBOSA, 2014)

Luciane testou a revista em três aplicativos. Dois deles são diferentes dos que

haviam sido testados anteriormente. Por isso, as observações feitas por ela a partir dessas

experiências são de grande importância para este trabalho. Na entrevista, ela contou sobre

cada um deles.

Como a revista está no formato PDF, tentei primeiro compartilhar pelo Dropbox.

Fiz upload aqui no meu computador e abri o aplicativo do Dropbox pelo iPad.

Abri a revista e comecei a ler. O Dropbox tem um sistema muito legal e acessível

para leitura de arquivos. Li sem dificuldades através dessa forma. (BARBOSA,

2014)

A segunda opção que ela seguiu é exportar para o e-books, forma através da qual foi

testada a revista antes de ela ser enviada.

Particularmente, não tenho muita afinidade com esse leitor de livros, mas testei

para conferir a acessibilidade e novamente foi perfeita, não tive dificuldades. As

páginas podem ser folheadas e lidas uma a uma, ou continuamente. As pausas e

marcações feitas dependem do aplicativo e tudo transcorreu normalmente.

(BARBOSA, 2014)

Por último, como terceira opção, ela utilizou o e-reader Kindle.

Forma que mais utilizo para ler livros no meu iPad é o aplicativo Kindle. Do meu

computador, enviei o livro em PDF por e-mail para um e-mail que o Kindle

mesmo oferece ao realizarmos o cadastro. É preciso enviá-lo anexado, com corpo

do e-mail em branco e, no assunto, a palavra convert. Assim que enviamos o e-

mail, o livro passa a aparecer dentro da nossa biblioteca Kindle e, então, posso

salvá-lo em meu dispositivo ou deixá-lo na nuvem, um espaço que a Amazon nos

concede para essa finalidade. Preferi baixá-lo em meu dispositivo. Iniciei a leitura

e foi perfeita. O interessante é que, para mudar de página nesse app, basta que

façamos um movimento com os dedos, como se estivéssemos virando uma página

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de papel. É bem legal e interativo. Podemos fazer marcas, parar e retomar a

leitura, etc. A leitura transcorreu muito bem. (BARBOSA, 2014)

Na parte das legendas das fotografias, ocorreram alguns problemas relacionados à

descrição das imagens utilizadas. Como esta foi uma primeira experiência, aconteceram

certas dificuldades na hora de descrever as imagens. Foi feita uma pesquisa de áudio-

descrição e, partindo daí, foram feitas as legendas.

Para construí-las, seguiu-se a ideia de que se descreve como se vê. Erro constatado

com as considerações de Luciane, que se tornaram enriquecedoras para o trabalho.

As legendas das fotos ficaram um pouco confusas. Percebi que ora faltava algum

detalhe, ora sobrava informação desnecessária. Algumas descrições foram feitas

sem uma sequência. Enquanto se falava de características físicas, já mostrava

detalhes da roupa e novamente voltava para características físicas. Expressões

como batom vermelho nos lábios e outras deixam uma duplicidade de

informações desnecessária. As frases precisam ser curtas e com verbos de ação no

presente. Cada frase deve conter uma única ação de forma objetiva, ou duas

características mais próximas. (BARBOSA, 2014)

Como a revista foi enviada com antecedência, foram realizados questionamentos e

mudanças na forma como essas imagens estavam sendo descritas. Com ajuda de Luciane,

foi possível alterá-las antes da entrega final deste projeto experimental.

Depois de todas as alterações, muito significativas para o trabalho, foi enviada a

revista novamente para Luciane, que deixa evidente um melhor resultado na compreensão

dessas imagens.

Eu não chamaria isso de legenda, mas sim de áudio-descrição, pois a pessoa cega

ouvirá a descrição através de uma voz sintetizada. Assim que foram

reformuladas, o conceito ficou mais claro. As frases curtas, objetivas e

encadeadas trouxeram uma uniformidade maior, para que pudéssemos construir

mentalmente a figura estampada naquela página. As ações precisas deram um

movimento para a imagem e trabalhar questões sobre cores e lateralidade,

movimento e perspectiva é algo natural para pessoas cegas. (BARBOSA, 2014)

Observa-se, então, a importância da objetividade nessas descrições e, principalmente, a

criação de frases curtas que, no início, não foram utilizadas. Com isso, obtemos melhores

resultados na questão de entendimento do leitor. Acredita-se que, assim, a acessibilidade se

tornou, de fato, acessível.

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9 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Na atualidade, a acessibilidade vem sendo cada vez mais reconhecida como

necessidade e, a partir disso, ganhou maior importância e relevância na comunicação.

Tendo em vista uma nova forma de unir jornalismo e acessibilidade, possibilitada através

das mídias digitais, incluindo-se aí as mídias móveis, os profissionais da área de

comunicação ganharam novas ferramentas para incluir nos seus processos de criação.

Porém, ao longo das pesquisas realizadas na constituição deste projeto

experimental, surgiu um questionamento: será que essas ferramentas estão sendo

utilizadas? A revista Acesso Moda foi pensada em busca de uma forma de incluir

acessibilidade em revistas de moda para tablets. As primeiras ideias que surgiram para

realizar a criação foram as mais diferentes e criativas possíveis. Acreditou-se que seria

possível criar a revista de várias formas diferentes, desde que com devidos testes. Ao longo

do trabalho, ocorreram muitos momentos de desânimo, mas em todos eles foi possível

buscar soluções que, de alguma forma, ainda não haviam sido exploradas.

Com o objetivo de propor uma estrutura de revista para iPad, observou-se que há

falta de recursos que colaborem com o propósito deste projeto experimental. Com isso, a

busca por referências adequadas teve grande importância para averiguar o cenário atual do

profissional de jornalismo e das diferentes possibilidades de desenvolver conteúdo com

acessibilidade para a disponibilização de conteúdos em mídias móveis.

O iPad se tornou um suporte de mídia bastante utilizado para o jornalismo, em

particular para as revistas, de modo que, com as ferramentas disponíveis no aparelho, pode-

se explorar mais a acessibilidade, que é direito de todo cidadão. A experiência realizada

aqui mostrou que a construção de uma revista para iPad, principalmente quando se

pretende incluir acessibilidade para viabilizar a inclusão digital, deve ser pensada desde o

início, como na construção das pautas, no boneco gráfico, na escolha das imagens, etc. Mas

como ainda não há estrutura padrão a ser seguida, e como não encontrou-se muitas

produções acadêmicas em relação ao problema aqui apresentado, considera-se que este

trabalho pode ser utilizado como contribuição para novas ideias relacionadas à revistas com

acessibilidade, dando apoio na criação de novos produtos.

Com isso, ao final de toda a produção da revista Acesso Moda, observou-se, através

de testes, que a proposta estabelece somente um ponto de partida e deve ser vista como uma

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aproximação para o entendimento das relações entre revista, moda e inclusão digital.

Entretanto, apesar de ainda não se encaixar como um modelo ideal, o produto final se

aproxima bastante do que era esperado desde o início. Mas fica evidente que ainda existem

melhorias à serem realizadas.

Essas constatações podem ser feitas por meio das análises e interpretações da

entrevista semiestruturada realizada para este trabalho. Através dela, percebeu-se que é

possível fazer jornalismo de moda com acessibilidade para pessoas com deficiência visual

com bons resultados.

Fazer uma revista de moda que disponibilize acessibilidade foi um desafio. A

Acesso Moda despertou meu gosto por revistas digitais. Principalmente pela liberdade em

linguagem diferenciada e o formato de criação, que fizeram com que me identificasse com

assuntos que, antes, passavam despercebidos.

Acredita-se, com base em tudo o que foi dito, que o presente trabalho atingiu o

objetivo geral de construir uma revista para o iPad, focada no jornalismo de moda,

direcionada também para pessoas com deficiência visual. Através das pesquisas

bibliográficas expostas no referencial teórico, foi possível refletir sobre o jornalismo de

moda e as suas possibilidades em mídias móveis.

Por fim, a revista Acesso Moda permitiu a reflexão sobre uma estrutura de revista

com acessibilidade para dispositivos móveis. Com isso, fica claro que o jornalismo pode se

abrir a novas ideias através da utilização de tecnologias digitais, como os aparatos móveis.

Assim, torna-se possível buscar saídas que possibilitem o acesso às informações e que

estabeleçam novos passos na direção de melhorias na inclusão digital.

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REFERÊNCIAS

ANDERSON, Chris. A Cauda Longa. 9ª Ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006.

AÇÃO BRASILEIRA PARA A ACESSIBILIDADE. Normas Técnicas de

Acessibilidade. Disponível em <http://www.acessibilidade.org.br/normas.htm.> [Acesso

em 20/09/2013].

ACESSIBILIDADE BRASIL. O que é acessibilidade. Disponível em:

<http://www.acessobrasil.org.br>. [Acesso em 20-09-2103]

BARBOSA, Suzana; MIELNICZUK, Luciana. Jornalismo e tecnologias móveis. Labcom.

Covilhã: Universidade da Beira Interior, 2013.

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51

ANEXO 1

Passo-a-passo para visualizar a revista Acesso Moda no iPad:

FORMATO FOLIO

Como a revista foi criada em formato folio, para ser visualizada no Ipad e utilizar os

recursos disponíveis para o suporte, é necessário baixar o aplicativo content viewer, na app

store e instalá-lo no dispositivo. O aplicativo é gratuito e bem leve.

Depois de baixá-lo, basta fazer o login, utilizando o e-mail:

[email protected] e a senha: tcc12345. Feito isto, a revista estará disponível

para download, no entanto, o download requer conexão com a internet.

FORMATO PDF

Como a revista ainda não foi publicada, para visualiza-la no iPad, deverá ser

enviando um email para [email protected] solicitando a mesma. Com isso, a

revista é enviada, e basta fazer o download que requer conexão com a internet.