traumas e fraturas aula 9
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Profa. Luciana
1. TRAUMA
• Trauma: é uma agressão aos tecidos que formam o corpo humano, proveniente da ação de uma força deformatória que atua sobre eles.
• O trauma depende da intensidade e duração da força que o provoca.
As forças que provocam os traumas ortopédicos podem atuar:
sobre a pele,
articulações,
músculos e ossos
sobre todos esses tecidos de uma só vez, dependendo da duração e da intensidade que atuarem sobre os mesmos.
A. Trauma sobre a pele: ferimento e contusão
Ferimento: é a abertura da pele e/ou demais tecidos, também chamado de solução de continuidade.
O ferimento pode ser:
perfurante, cortante, perfuro-cortante ou abrasivo.
Contusão: é o trauma aos tecidos em que não há solução de continuidade da pele
B.Trauma sobre as articulações
Entorse: é uma lesão nas estruturas ligamentares em torno de uma articulação provocada por uma torção ou tração, ocasionando distensão dos tecidos sem causar ruptura no mesmo.
Lesão ligamentar: é uma lesão nas estruturas ligamentares, em torno de uma articulação,provocadas por uma tração ou torção, ocasionando uma ruptura ligamentar.
Luxação: é uma lesão articular cujas superfícies que as compõem perderam o contato anatômico.
Três tipos:
luxações traumáticas
luxações congênitas
espontâneas.
C. Trauma sobre os músculos:
Espasmo muscular : ocorre uma contratura permanente do músculo após o trauma.
Distensão muscular : ocorre um estiramento da fibra muscular sem rompê-la.
Ruptura muscular : ocorre a ruptura da fibra muscular.
D. Trauma sobre os ossos:
Fraturas: é a interrupção da continuidade óssea, sendo definida de acordo com o tipo e a extensão.
Pode ser:
Incompleta Fechada exposta
2. FRATURA
Conceito: é a quebra da continuidade óssea, ou seja a ruptura completa ou incompleta da continuidade de um osso.
Exige correção adequada para se evitar ou diminuir uma incapacidade futura e permanente.
O osso é a parte mais afetada diretamente, porém outras estruturas também podem ser acometidas, resultando em um :
edema dos tecidos moles,
hemorragias nos músculos e nas articulações,
rupturas tendinosas,
lesões nervosas e vasos sanguíneos.
Os órgãos podem ser lesados pela força que causou a fratura ou pelos fragmentos fraturados.
Dor que aumenta com a palpação e a movimentação;
Deformidade anatômica no local;
Mobilidade anormal no foco de fratura;
Aumento do volume local(derrame do conteúdo medular – hematoma fractuário)
Crepitação óssea
Impotência funcional: parcial ou total
De acordo com aplicação das forças traumatizantes:
Fratura direta : pancada no local com objeto, veículo, projétil.
Fratura indireta : conseqüente à queda, flexão, torção, ou seja a força traumatizante não se aplicou no local da fratura.
Fratura patológica : quando já há debilidade óssea anterior por deformidade e sem qualquer violência ocorre a fratura (osteoporose, tumor).
De acordo com a condição da pele
Fechada : quando não existe comunicação da zona de fratura com a superfície do corpo.
Atenção para as possibilidades de complicações como por exemplo: os fragmentos estarem macerando capilares ou vasos maiores e nervos
Aberta: quando existe comunicação do foco com o meio exterior.É uma fratura que pode levar a uma contaminação por germes do exterior e ser passível de um perigo iminente de infecção (osteomielite)
Conceito: é o processo histológico da reparação de uma fratura nas diversas fases após o traumatismo.
Pode ser dividida em cinco fases distintas:
Hematoma Proliferação celular Calo ósseo Consolidação Remodelação
Fase do hematoma : no momento da fratura há o rompimento dos vasos sanguíneos e derrame de sangue na superfície da fratura ao seu redor. Temos hemorragia e formação de coágulos entre 12 e 14 horas do trauma.
Fase da proliferação celular : é a fase de proliferação de células ósseas procedentes da superfície profunda do periósteo.
Fase do calo ósseo : à medida que o tecido medular cresce em cada fragmento, as células básicas dão origem aos osteoblastos e condroblastos formando um tecido cartilaginoso.Os osteoblastos depositam-se na matriz sendo impregnados por sais de cálcio, formando o calo primário = massa dura ao redor do foco da fratura
Fase de consolidação : a formação imatura do calo primário se transforma por ação dos osteoblastos originando o calo secundário.
Fase de remodelação : com os meses, o osso se reforça e a cavidade medular se reforma. É um processo lento e contínuo ao longo da vida.Em crianças a remodelação é tão perfeita que não se observa ao Raio X
Os princípios fundamentais que regem o tratamento da fratura são:
redução,
imobilização,
conservação da função
reabilitação.
Consiste no alinhamento dos fragmentos ósseos de forma a retornarem à sua estrutura anatômica.
Deve ser feita o mais rápido possível, evitando o aumento de edema, problemas circulatórios e neurológicos, podendo até ocasionar choque neurogênico causado pela dor.
Pode ser feita com anestesia local,regional ou geral, dependendo do local e condições da fratura.
Pode ser realizada de forma incruenta, por tração contínua ou cirurgicamente (cruenta).
Consiste em manipular o fragmento através de manipulação externa ou indireta dos ossos.Após a redução imobiliza-se o membro afetado com aparelho gessado, enfaixes, esparadrapagem ou talas gessadas.
Usada para vencer a ação contrátil dos músculos, colocando o fragmento em posição normal e também para se conseguir uma redução gradual mediante uma tração prolongada e sem anestesia.
Manipulação direta ou cirúrgica sobre o foco da fratura, quando as formas anteriores não são indicadas ou fracassam .
Tratamento que, em qualquer caso, consiste na imobilização do osso fraturado.
Deste modo consegue-se :
desaparecimento da dor, a estabilização da fratura, o relaxamento muscular, o que supõe
também alívio da sensação dolorosa.
Na imobilização de um osso fraturado, objetiva-se prevenir:
deslizamentos e cavalgamento dos fragmentos ósseos,
repouso de um segmento, contensão de fragmentos, proporcionar correta e rápida consolidação de fraturas
aliviar a dor.
Existem vários tipos de imobilizações e são indicadas de acordo com o tipo, gravidade e prognóstico de cada traumatismo e conduta do ortopedista.
A enfermagem deve atuar, prevenindo o agravamento das fraturas, com imobilizações provisórias e auxiliando o ortopedista nas imobilizações definitivas e demais procedimentos ortopédicos .
As técnicas de imobilização funcional são decorrentes da utilização do conhecimento de anatomia e biomecânica.
é a limitação, contenção e inibição de um movimento que provoca a dor, deixando outras livres.
Podem ser utilizadas multidisciplinariamente: por ortopedistas e traumatologistas, enfermagem, fisioterapia.
Prevenir deslizamento ou angulação dos fragmentos e manter alinhamento correto
Conservação da imobilidade e repouso
Alívio da dor
Prevenção e correção de deformidades
Auxiliar a cura e dar suporte à parte afetada
Gesso, enfaixe ,esparadrapagem, talas,
tração contínua (cutânea etransesquelética),
fixação cirúrgica.
A técnica de imobilização, não deve possibilitar o movimento que provoca a dor, deve ser moldada até a extremidade do segmento afetado e cobrir uma área suficiente para imobilizar a parte lesada. O princípio de uma imobilização é sempre que possível, imobilizar uma articulação acima e uma abaixo do segmento que foi traumatizado.
Posição funcional
Presença de pulso
Presença de ferimentos
Ompressão ( não aplicar
Ataduras sob tensão)
Ombro em adução em relação ao tronco
Cotovelo em flexão a 90 graus
Punho em posição neutra
Dedos em semiflexão
Quadril com 15 graus de flexão e 5 graus de abdução
Joelho a 30 graus de flexão
Tornozelo a 90 graus de flexão
Dor :relacionada a compressão do gesso apertado
Cheiro: fétido indicando presença de infecção ou área de necrose
Ausência ou diminuição de sensibilidade e ou motricidade: sensação de alfinetada ou queimação, indicando compressão nervosa
Edema, palidez, cianose, ou alteração da temperatura das extremidades: sinais de comprometimento neurovascular
( Síndrome de Volkmann)
Fraturas na infância: por exemplo, no momento do parto ao proceder à retirada da criança e forçar o “parto de ombros”, pode provocando uma fratura de clavícula.
Fraturas na adolescência: podem afetar todos os membros inferiores, sobretudo perna e tornozelo, por exemplo prática de esportes
Fraturas no adulto: os traumatismos podem ser mais graves, por exemplo, em máquinas, acidentes de trânsito, ocasionando fraturas diversas de MMII e MMSS e coluna vertebral
Fraturas na terceira idade: se relacionam com o envelhecimento do osso e falta de elasticidade, por exemplo fraturas da pelve
Manter o membro elevado, para reduzir edema,melhorar o retorno venoso, aliviar a dor.
Aparelhos gessados recentes, com menos de 24 horas de confecção, devem ficar descobertos para secagem.
Estar atento a sinais de formigamento, dor e cianose, pois estes sinais significam compressão local, podendo levar a isquemia do membro e futura necrose (síndrome de volkmann)
Manter vigilância constante das extremidades gessadas, observando a perfusão, temperatura e coloração da mesma.
No caso de fraturas de membros, estimular a mobilidade dos dedos do lado afetado, com o objetivo de estimular a circulação.
Não permitir que o gesso molhe.
Proteger o aparelho gessado das eliminações vesicais e intestinais.
Estar atento aos sinais de dor do membro afetado
Valorizar as queixas do paciente.
Depois da retirada do gesso, lavar o membro suavemente, aplicar hidratante, não coçar e evitar esforços bruscos.
Vigiar constantemente os pontos de inserção na pele, buscando sinais de infecção.
Realizar limpeza diária dos pontos de inserção com soro fisiológico e secar
Observar constantemente extremidades (cor,edema, perfusão, sensibilidade).
Manter o membro em tração e /ou fixação elevado, a menos que contra-indicado.
Estimular movimentos das articulações liberadas.
Manter extremidades dos fios liberadas.