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2ª EDIÇÃO

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2ª EDIÇÃO

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APRESENTAÇÃO

Por meio deste documento, o Estado-Maior do Exército(EME) pretende dar partida ao "Processo de Transformação doExército".

As concepções nele contidas são o resultado dos estudos,diagnósticos, formulações e concepções surgidas no EME ao lon-go dos trabalhos relativos à Estratégia Nacional de Defesa, à ela-boração da Estratégia Braço Forte e ao planejamento do SIPLEX2011/2014.

Foram colhidos subsídios em um amplo conjunto de fontes:militares da ativa e da reserva, oficiais de nações amigas, civis eespecialistas em diversos setores. Experiências anteriores foramestudadas, no Brasil e no exterior, colhidas em muitas horas deestudos, pesquisas, palestras, brainstorm, painéis, debates e se-minários. Contou ainda com a contribuição espontânea de umgrande número de oficiais de várias Organizações Militares (OM)e da Reserva Remunerada.

O presente volume inclui três capítulos.

O primeiro, "T"T"T"T"Transformação Militarransformação Militarransformação Militarransformação Militarransformação Militar: conceituação e his-conceituação e his-conceituação e his-conceituação e his-conceituação e his-tórico"tórico"tórico"tórico"tórico", tem um caráter essencialmente informativo. Traz por ob-jetivo difundir conceitos e uniformizar as percepções. Apresentaestudo de casos e relata as transformações empreendidas peloExército Brasileiro (EB) nas décadas de 1970 e 1980.

O Capítulo II: PPPPPor que transformar o Exércitoor que transformar o Exércitoor que transformar o Exércitoor que transformar o Exércitoor que transformar o Exército, não tem

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a pretensão de constituir-se em um diagnóstico da Força, até pornão ser fruto da aplicação de metodologias científicas. Apresenta-nos, contudo, um pano de fundo sobre o patamar em que seencontra o Exército, em termos relativos, considerando os avan-ços por que passam as Forças Armadas estrangeiras, a Marinha ea Força Aérea Brasileiras, bem como os níveis de conhecimentoencontrados em diversos setores da sociedade civil. Buscaparâmetros em eventos recentes por que passou o Exército etermina apresentando uma proposta de embasamento político--estratégico, como orientação para a trajetória de evolução.

Por último, no Capítulo III: Como transformar o Exérci-Como transformar o Exérci-Como transformar o Exérci-Como transformar o Exérci-Como transformar o Exérci-tototototo, são apresentados os VVVVVetores de Tetores de Tetores de Tetores de Tetores de Transformaçãoransformaçãoransformaçãoransformaçãoransformação, eixos queorientarão todas as ações relativas ao Processo de Transformação.Os seis Vetores propostos são na verdade o desdobramento detrês áreas básicas: doutrina, recursos humanos e gestão, em cujoâmbito ocorrerão as mudanças.

A operacionalização das atividades será regulada emDiretriz a ser expedida pelo EME, devendo a reunião nº 268 doAlto Comando do Exército (ACE) de 20 e 21 de Maio marcarformalmente o desencadeamento do processo.

Há que se considerar, contudo, que as atividades estãoapenas em seu início e será principalmente por intermédio daliderança e do engajamento de todos os setores do Exército queos trabalhos obterão a profundidade e a amplitude indispensáveisà obtenção do êxito e à concretização dos objetivostraçados.

Brasília, 10 de maio de 2010

Gen Ex FERNANDO SÉRGIO GALVÃO

Chefe do Estado-Maior do Exército

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SUMÁRIOIntroduçãoIntroduçãoIntroduçãoIntroduçãoIntrodução

Capítulo I - TCapítulo I - TCapítulo I - TCapítulo I - TCapítulo I - Transformação Militar:ransformação Militar:ransformação Militar:ransformação Militar:ransformação Militar:conceituação e históricoconceituação e históricoconceituação e históricoconceituação e históricoconceituação e histórico

• Transformação Militar, o que é ..........................................10

• Adaptação, Modernização e Transformação ......................10

• Aplicação desses Conceitos no EB ...................................11

• A Evolução do Exército .....................................................11

• A Transformação do EB no Período 1964 - 1984 ..............11

• Estudo de Caso: ..............................................................13

A Transformação dos Exércitos da Espanha e do Chile

Capítulo II - PCapítulo II - PCapítulo II - PCapítulo II - PCapítulo II - Por que transformar o Exércitoor que transformar o Exércitoor que transformar o Exércitoor que transformar o Exércitoor que transformar o Exército

• Lições do Haiti .................................................................18

• A Questão da Relevância .................................................19

• A Questão Orçamentária .................................................20

• A Estratégia Nacional de Defesa ......................................21

• A Estratégia Braço Forte ...................................................21

• O SISFRON .....................................................................23

• Reflexos da Estratégia Braço Forte ....................................24

• Capacidades Necessárias ao EB de 2030 .........................26

Capítulo III - Como transformar o ExércitoCapítulo III - Como transformar o ExércitoCapítulo III - Como transformar o ExércitoCapítulo III - Como transformar o ExércitoCapítulo III - Como transformar o Exército

Os Vetores de Transformação .............................................30

• 1º Vetor: Doutrina ...........................................................31

• 2º Vetor: Preparo e Emprego ...........................................32

• 3º Vetor: Educação e Cultura ...........................................34

• 4º Vetor: Gestão de Recursos Humanos ..........................37

• 5º Vetor: Gestão Corrente e Estratégica ...........................38

• 6º Vetor: C&T e Modernização do Material .....................39

• 7º Vetor: Logíatica ............................................................41

ConclusãoConclusãoConclusãoConclusãoConclusão

GlossárioGlossárioGlossárioGlossárioGlossário

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INTRODUÇÃO

A economia mundial adquiriu dinamismo sem precedentescom o apoio das inovações tecnológicas, principalmente na áreada informática, ao mesmo tempo em que demonstrou ter incor-porado novos elementos de incerteza e instabilidade. A revolu-ção tecnológica em andamento, impulsionada pelos avanços nasáreas espacial, nuclear, da biotecnologia, nanotecnologia e robótica,provoca a aceleração dessa dinâmica e o acesso facilitado àtecnologia fez com que as ameaças à paz e à segurança internaci-onais adquirissem caráter mais contundente.

Rrecentes previsões de analistas mostram o Brasil na posi-ção de 5ª economia mundial já durante a década que se inicia.Até lá, o País poderá estar desfrutando, também, da condição demembro permanente no Conselho de Segurança da Organiza-ção das Nações Unidas. Terá, portanto, alcançado o patamar dosatores globais de primeira linha.

Diante desse quadro, a questão que naturalmente sobre-vém está em sabermos se o Exército está em condições dedesenvolver as capacidades necessárias para que o Paíspossa fazer valer suas decisões, respaldar a políticaexterior e atuar de maneira afirmativa em suas áreas de interesseestratégico.

E mais, seremos capazes de projetar forças com prontidãoe mantê-las por prazos indefinidos, sustentando as capacidadesque lhes assegurem o êxito no cumprimento das missões?

Se for verdadeira a percepção generalizada de que sãonecessárias mudanças em nossas concepções estratégicas,doutrinárias, tecnológicas e de gestão, quais seriam elas exata-mente?

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Por gerações sucessivas, temos atribuído a agentes exter-nos à Força a responsabilidade pelas dificuldades que nos afligempersistentemente. Mas é forçoso admitir que as últimas mudan-ças qualitativas de vulto realizadas por nossa iniciativa ocorreramnas décadas de setenta e oitenta.

A questão está em definir em que medida a situação atualdecorre também da nossa dificuldade para elaborar e executarestratégias capazes de superar os óbices advindos da conjunturaorçamentária desfavorável e de projetar o Exército para o futuro.

Novamente: se isso for verdade, a Nação terá o dever dequestionar se temos as capacidades necessárias para fazer face auma contingência e, mais ainda, se são elas compatíveis com asdo Exército de um país que busca tornar-se relevante na cenainternacional.

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CAPÍTULO I

TRANSFORMAÇÃOMILITAR:CONCEITUAÇÃOE HISTÓRICO

"Hoje as mudanças são tão rápidas que a adapta-"Hoje as mudanças são tão rápidas que a adapta-"Hoje as mudanças são tão rápidas que a adapta-"Hoje as mudanças são tão rápidas que a adapta-"Hoje as mudanças são tão rápidas que a adapta-ção, modernização ou transformação das forças armadasção, modernização ou transformação das forças armadasção, modernização ou transformação das forças armadasção, modernização ou transformação das forças armadasção, modernização ou transformação das forças armadasdeverá ser uma atividade permanente e não resultantedeverá ser uma atividade permanente e não resultantedeverá ser uma atividade permanente e não resultantedeverá ser uma atividade permanente e não resultantedeverá ser uma atividade permanente e não resultantede planos adotados periodicamente."de planos adotados periodicamente."de planos adotados periodicamente."de planos adotados periodicamente."de planos adotados periodicamente."

(Brigadeiro Covarrubias - Exército do CHILE).

.....

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TRANSFORMAÇÃO MILITAR, O QUE ÉO conceito de transformação surgiu na década de 1970, a partir

da discussão sobre Evolução em Assuntos Militares (EAM) e Revoluçãoem Assuntos Militares (RAM), combinando dinâmica do progresso gra-dual com a necessidade de periodicamente se romper paradigmas nabusca da plena capacidade de superar oponentes e cumprir missões.

Com o surgimento das novas tecnologias relacionadas aoprocessamento e transmissão de dados, à robótica e aos sistemas dearmas, firmou-se a tendência de sistematizar as ações necessárias parao aproveitamento militar dessas vantagens potenciais, por intermédiodo processo de transformação.

Tecnologia da informação, cibernética, capacidades espacial enuclear, nanotecnologia, robótica, C4ISR, biotecnologia, são alguns dosparâmetros com os quais as forças militares estão se deparando nosconflitos atuais e nos visualizados para o futuro.

ADAPTAÇÃO, MODERNIZAÇÃO ETRANSFORMAÇÃO

O significado da ação de "transformar" foi discutido em artigo pu-blicado na edição brasileira da Military Review, de novembro-dezembrode 2007, intitulado "Três Pilares de uma Transformação Militar", de au-toria do Brigadeiro Covarrubias, do Exército do Chile.

Afirma o autor que as instituições militares podem ser submetidasa três tipos de mudanças: adaptação, modernização e transformação.

"A adaptação consiste em ajustar as estruturas existentes paracontinuar cumprindo as tarefas previstas; a modernização correspondeà otimização das capacidades para cumprir a missão da melhor forma;e transformação é o desenvolvimento das novas capacidades para cum-prir novas missões ou desempenhar novas funções em combate."

Verifica-se que a modernização incide sobre as estruturas físicasda Força, trazendo-a do passado para o presente; já a transformaçãoaltera as concepções, projetando a Força para o futuro.

Prossegue o autor, apresentando os "pontos que marcam umatransformação":

• transição da estrutura de paz para a de guerra;

• compressão operativa, que significa diminuir o ciclo que vai doplanejamento até a execução;

• interoperabilidade, em relação a outras forças, países eagências;

• desenvolvimento dos sistemas de armas; e

• gestão da informação.

APLICAÇÃO DESSES CONCEITOS NO EBEm nosso Exército, a continuada carência de recursos impôs o

surgimento de uma cultura que atribui alta relevância à capacidade deadaptação, para ajustar as estruturas e procedimentos existentes, coma finalidade de continuar cumprindo as tarefas previstas.

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Na tentativa de amenizar essa situação, uma das aspiraçõeslegítimas da Força, comum a todos os níveis decisórios, tornou-se abusca pela modernização, para otimizar as capacidades operacionais combase em novos equipamentos e procedimentos.

Contudo, no cenário atualmente vivido pelo Exército, e para ofuturo próximo, a adaptação e a modernização não proporcionam to-das as respostas para as demandas operacionais que se apresentam,pois partem do pressuposto que as atuais formas de atuação são ade-quadas.

A solução para a necessidade de manter o preparo e o empregodo Exército à frente dos novos desafios é, então, encontrada no con-ceito de transformação, pois exige o desenvolvimento das novas capa-cidades para cumprir novas missões.

A EVOLUÇÃO DO EXÉRCITOPara chegar ao estágio em que se encontra, o pensamento

militar do Exército Brasileiro sofreu, ao longo de sua história,influências de diversas naturezas, que ficaram caracterizadas como ci-clos de evolução.

Desde o esforço autóctone empreendido na Guerra da TrípliceAliança, no século XIX, o EB passou pelas influências alemã e francesadurante as primeiras décadas do século XX, até sofrer os reflexos daparticipação na Segunda Guerra Mundial que resultou na aproximaçãomilitar com os EUA. Passamos a adotar um pensamento militar comrelativa autonomia somente a partir dos anos 1980, quando adota-ram-se conceitos próprios e promoveu-se o fortalecimento da indús-tria nacional de defesa.

A TRANSFORMAÇÃO DO EBNO PERÍODO 1964 - 1984

A Reforma Administrativa do Estado Brasileiro, iniciada no País apartir da Revolução de 31 de Março de 1964, com a expedição doDecreto-Lei nº 200, foi um marco na História do Exército.

As inovações daquele Decreto e de outros que se seguiram fo-ram sendo progressivamente introduzidas na Força, redundando emprofundas modificações de estruturas, rotinas, métodos de trabalho e,sobretudo, de mentalidade, passando os Regulamentos do Estado-Maiordo Exército a refletirem esses fatos.

A partir de 1970 foram lançadas as Bases para a Reformulaçãoda Doutrina Militar Brasileira. O Exército empreendeu esforços pararecuperar o atraso que, à época, o separava dos seus congêneres dasnações mais desenvolvidas. Tornou-se um imperativo da segurançanacional o aumento da capacidade operacional da Força Terrestre, pormeio de seu reequipamento e da adoção de nova organização, articu-lação e método de instrução. Tal esforço procurava também libertar aForça da importação de material estrangeiro, pelo estímulo à indústrianacional civil para produzir materiais de emprego militar, especialmen-

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te blindados, outras viaturas, armamentos, munições, material de tele-comunicações e engenharia.

A partir de 1971 uma nova organização foi implantada na Força,com a transformação das divisões de infantaria em divisões de exército,das divisões de cavalaria e da divisão blindada em brigadas de cavalariamecanizada e blindada; e das infantarias divisionárias em brigadas deinfantaria motorizada e blindada. Nos dois anos seguintes, 18 regimen-tos de infantaria foram transformados em 25 batalhões de infantariamotorizados e blindados, foram criados cinco batalhões de infantariade selva e, também, por transformação, três batalhões de infantariaparaquedista. Ainda neste mesmo período, 16 regimentos de cavalariaforam transformados em oito regimentos de cavalaria mecanizados,três de cavalaria blindados e cinco de carros-de-combate. A artilhariapassou por grandes transformações com a criação, a partir de antigosregimentos, de grupos de artilharia de campanha e autopropulsados,além da criação e reorganização de grupos de artilharia antiaérea.

Como esforço de modernização administrativa, foram criadasseis inspetorias de finanças, subordinadas à então Diretoria-Geral deEconomia e Finanças, para acompanhamento da execução financeiradas unidades administrativas. Foram atualizados os diplomas legais co-muns às três Forças Armadas - o Estatuto dos Militares e a Lei de Pro-moção dos Militares - e elaboradas e promulgadas novas leis do Magis-tério e do Ensino.

Criaram-se também os Departamentos de Material Bélico, deEngenharia e Comunicação e houve a reorganização do Departamen-to Geral do Pessoal (DGP), além da organização do DepartamentoGeral de Serviços.

O Fundo do Exército passou a ser um instrumento de grande valiapara assegurar a flexibilidade e o dinamismo da administração. Além dis-so foram extintos os armazéns reembolsáveis, granjas e outros estabele-cimentos em guarnições servidas por congêneres civis, em busca de mo-dernização e racionalização das atividades da Força.

Destaque especial teve o Estado-Maior do Exército, criando eacionando uma Comissão de Reforma Administrativa, desde junho1967, a qual tinha por missão estudar uma ampla eprofunda reforma, a fim de permitir que os recursos que a Naçãoreservava ao Exército pudessem assegurar o pleno cumprimento desua destinação constitucional com o mínimo de dispêndio e o máximode eficiência. Seus estudos e propostas de alterações estruturais, instru-ções e normas regulamentares para as diversas atividades do Exércitotiveram por objetivos compatibilizar o planejamento com acompatibilizar o planejamento com acompatibilizar o planejamento com acompatibilizar o planejamento com acompatibilizar o planejamento com aorçamentação, descentralizar a ação administrativa e de co-orçamentação, descentralizar a ação administrativa e de co-orçamentação, descentralizar a ação administrativa e de co-orçamentação, descentralizar a ação administrativa e de co-orçamentação, descentralizar a ação administrativa e de co-mando, estabelecer adequados sistemas de controle, simpli-mando, estabelecer adequados sistemas de controle, simpli-mando, estabelecer adequados sistemas de controle, simpli-mando, estabelecer adequados sistemas de controle, simpli-mando, estabelecer adequados sistemas de controle, simpli-ficar rotinas, estruturar a organização por atividades funcio-ficar rotinas, estruturar a organização por atividades funcio-ficar rotinas, estruturar a organização por atividades funcio-ficar rotinas, estruturar a organização por atividades funcio-ficar rotinas, estruturar a organização por atividades funcio-nais e aliviar as unidades operacionais dos encargos burocrá-nais e aliviar as unidades operacionais dos encargos burocrá-nais e aliviar as unidades operacionais dos encargos burocrá-nais e aliviar as unidades operacionais dos encargos burocrá-nais e aliviar as unidades operacionais dos encargos burocrá-ticosticosticosticosticos. Cumpridas as tarefas, a Comissão de Reforma Administrativadeu lugar a uma Seção de Organização e Métodos, que passou a orien-tar, coordenar e controlar, como seção base, as atividades específicaspara obtenção de melhores padrões de eficiência no Exército.

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A partir de 1972, com a organização do novo sistema de plane-jamento federal, o Ministério do Exército instituiu o Sistema de Plane-jamento do Exército, integrando as atividades de planejamento,orçamentação e modernização administrativa, enquadradas por dife-rentes seções do EME como instrumento de políticas setoriais especí-ficas: o Plano Diretor do Exército, o Orçamento Plurianual de Investi-mentos, o Orçamento-Programa Anual, programação de trabalho, dedesembolso, projetos de organização e modernização, instruçõesnormativas e novos manuais técnicos.

Em 1975, institucionalizou-se no Exército o Subsistema deModernização Administrativa, com largos e amplos efeitos sobre suasatividades.

Para responder aos sistemas da administração federal, o Exérci-to, em prazos surpreendentemente curtos e sem prejuízo dos resulta-dos estruturais, fez funcionar vários sistemas, como o de planejamen-to, orçamento, modernização administrativa, processamento de da-dos, administração financeira, contabilidade e auditoria, microfilmagem,transporte administrativo, cadastro de pessoal, ensino e de comunica-ções.

Por fim, o Sistema de Ensino do Exército, instituído em novem-bro de 1975, modernizou o ensino militar, organizando-o emsubsistemas com características próprias, que englobaram todas as ati-vidades de ensino e pesquisa.

ESTUDOS DE CASO: A TRANSFORMAÇÃODOS EXÉRCITOS DA ESPANHA E DO CHILE

Exército da EspanhaExército da EspanhaExército da EspanhaExército da EspanhaExército da Espanha

O Processo de Transformação do Exército da Espanha tem comohorizonte o ano de 2025 e a intenção é que o plano se torne realidadeem pouco mais de uma década.

O Exército deverá preparar-se para cumprir sua missão de de-fender os interesses nacionais num contexto internacional de ameaçascomo o terrorismo, crime organizado, proliferação de armas de des-truição em massa e a luta por recursos naturais básicos. Consideramque as ações mais prováveis a realizar, nas operações de paz e de reso-lução de crises, ocorrerão no campo das missões de estabilização, ondeserão frequentes as operações de combate urbano.

Para tal, definiram a necessidade de desenvolver um processode transformação centrado em cinco categorias: fator humano, con-trole, organização, armamento e equipamento e logística.

O FO FO FO FO Fator Humanoator Humanoator Humanoator Humanoator Humano

O elemento humano é considerado o recurso mais valiosodentro do Exército e está na base de qualquer organização operacional.Apesar dos avanços tecnológicos, os novos sistemas de armas não po-dem substituir completamente o seu papel. Portanto, o esforço estaráem melhorar o nível de educação geral, tanto quanto os conhecimen-tos táticos e técnicos.

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A participação espanhola nas organizações internacionais e mis-sões estrangeiras faz com que o conhecimento de outras linguas torne-se especialmente relevante. Assim, o militar espanhol no futuro deveráser fluente em inglês e, quando necessário, aprenderá também umoutro idioma.

ControleControleControleControleControle

A ação de comando exigirá dos comandantes uma liderança queproporcione o desenvolvimento da iniciativa, da criatividade e da capa-cidade de análise de situações complexas, além de servir para o desen-volvimento das virtudes militares.

OrganizaçãoOrganizaçãoOrganizaçãoOrganizaçãoOrganização

A doutrina, que é uma compilação do pensamento militar e estáem consonância intelectual com a de países aliados, constitui-se nomotor da mudança do Exército. Deve servir como orientação para asoperações conjuntas expedicionárias.

A Brigada Orgânica será constituída como uma peça fundamen-tal e o módulo básico para as operações. Sua estrutura será permanen-te e o mais homogênea, versátil e flexível possível, com vistas naintegração e na atuação como uma equipe.

Armamento e EquipamentoArmamento e EquipamentoArmamento e EquipamentoArmamento e EquipamentoArmamento e Equipamento

O armamento e os equipamentos a serem adotados devem ga-rantir a interoperabilidade, a proteção, o poder de combate e a mobili-dade. O plano procura assegurar que cada cenário terá o melhor sistemade armas, dependendo da natureza da missão a cumprir, tendo em contaa necessidade de otimizar a relação entre a segurança e a eficiência.

LogísticaLogísticaLogísticaLogísticaLogística

Conjunta e integrada, esse será o futuro da logística do Exército.As estruturas funcionais devem ter todos os requisitos para o apoio dastropas, tanto as localizadas no teatro de operações como no própriopaís, ou seja, a mesma estrutura para a paz servirá para as operações.Deverá reduzir os encargos das pequenas unidades e buscar amodularidade.

Os recursos não críticos serão terceirizados, o que facilitará oemprego dos militares nos processos que lhes são próprios, liberandorecursos humanos das tarefas que podem ser executadas de forma efi-ciente fora da estrutura militar.

ReestruturaçãoReestruturaçãoReestruturaçãoReestruturaçãoReestruturação

A reestruturação, conhecida como "Exército do Século XXI", vailevar à desativação de 40 dos 195 batalhões existentes, e afetará dire-tamente cerca de 16.000 militares que serão transferidos para outrasunidades e em nenhum caso ficarão sem destino.

O plano prevê uma força de 60.000 soldados profissionais ecerca de 26.000 quadros, estruturada com base na "Brigada Modular"- em vez do sistema anterior, centrado em cinco grandes divisões -,com o objetivo ter um exército totalmente profissional, completamenteequipado e com um elevado grau de operacionalidade.

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Exército do ChileExército do ChileExército do ChileExército do ChileExército do Chile

O Exército Chileno desencadeou, a partir de 2002, seuProcesso de Transformação, movido pela premência de adaptar-se às no-vas realidades, global, regional e nacional. Esse processo implicou areestruturação da organização, da articulação, dos equipamentos e dascapacidades, com base em dois pilares fundamentais.

O primeiro diz respeito à Estrutura da Força, empreendida pormeio da racionalização e reorganização dos meios, com o propósitode contar com unidades completas e mais bem treinadas, de elevadacapacidade operacional e poder de dissuasão.

O segundo pilar, denominado de Desenvolvimento da Força,enfatizou a integração e a tecnologia, com vistas no fortalecimento dossistemas operacionais e das capacidades gerais.

A base de sustentação dos dois pilares foi proporcionada peloSistema de Ensino, com suas diferentes áreas: educação, instrução,treinamento e capacitação.

O processo como um todo implicou profundas transformaçõesda estrutura orgânica tradicional e na articulação, o que exigiu o aban-dono da Estratégia da Presença.

Para tanto, procedeu-se a desativação e a fusão de unidades apartir da criação de Regimentos Reforçados, dotados dos meios neces-sários para tornarem-se operacionalmente eficientes, completos empessoal e equipamentos tecnologicamente avançados. Condicionadospelas capacidades exigidas em cada Hipótese de Emprego, passaram acombinar armas e serviços no nível unidade.

Essa concepção respaldou-se em uma nova "visão de desenvol-vimento estratégico", desdobrada em horizontes de curto, médio elongo prazo, motivada pelas mudanças que, nos últimos anos, vêmocorrendo no sistema internacional.

Buscou a racionalização das estruturas e a modernização da ges-tão e teve também, como importante vetor, a capacitação do pessoal,de modo a que se habilitassem ao emprego de complexos sistemas dearmas.

Dessa forma, o Exército passou a contribuir para que o paísexerça um adequado nível de dissuasão e, por outro lado, possua ascapacidades necessárias para cooperar com as missões de manutençãoda paz das Nações Unidas. Em essência, o processo visou ao desen-volvimento de uma organização moderna, de elevada especialização econstituída por unidades eficientes e eficazes.

A estrutura até então era caracterizada principalmente por ser"unifuncional", condicionada pela geografia, com grande número deunidades distribuídas pelo território nacional, todas elas incompletas,com forte dependência da mobilização e sem capacidade de comporsistemas operacionais. Passou, agora, a constituir um SistemaOperacional capaz de cumprir suas missões em quatro áreas de atua-ção: a dissuasão, a cooperação internacional, o apoio ao desenvolvi-mento nacional e a contribuição para a unidade e a coesão social.

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As vantagens proporcionadas por esse novo sistema repousamna "multifuncionalidade", ou seja, a possibilidade de cumprirvárias missões simultâneas e com capacidade de durar na ação, pormeio de unidades permanentemente completas, autossustentáveis,tecnologicamente avançadas e com elevada interoperabilidade.

PPPPPontos comuns em ambos os processosontos comuns em ambos os processosontos comuns em ambos os processosontos comuns em ambos os processosontos comuns em ambos os processos

Verifica-se que, embora Chile e Espanha estejam imersos ementornos estratégicos completamente diferentes e possuam requisitosde segurança totalmente distintos, há muitos pontos em comum emseus Processos de Transformação:

• os processos foram desencadeados em função da necessidadede adaptar-se às novas realidades do mundo atual;

• racionalizaram e enxugaram as estruturas operacionais;

• promoveram a modernização da gestão e a busca da raciona-lização administrativa;

• fortaleceram o Sistema de Doutrina, a quem caberá exercer afunção de "motor da transformação";

• enfatizaram a interoperabilidade;

• promoveram a diminuição do nível em que se processará aintegração dos sistemas de armas. No Exército da Espanha passará dedivisão para brigada e, no do Chile, de brigada para regimento;

• definiram que a logística será conjunta e integrada, devendo aestrutura de paz ser capaz de atender a situações de guerra sem neces-sidade de modificações;

• investiram fortemente na adoção de equipamentos modernose no desenvolvimento científico & tecnológico, como forma de com-pensar qualitativamente a diminuição dos efetivos;

• investiram na formação e no desenvolvimento dos recursoshumanos, considerados por ambos como o principal indutor da trans-formação;

• incluíram as operações de paz no conjunto das missões princi-pais dos Exércitos do futuro.

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CAPÍTULO II

POR QUETRANSFORMARO EXÉRCITO

“Não devemos conservar o exército ao qual nos“Não devemos conservar o exército ao qual nos“Não devemos conservar o exército ao qual nos“Não devemos conservar o exército ao qual nos“Não devemos conservar o exército ao qual noshabituamos, mas criar o exército que necessitamos”.habituamos, mas criar o exército que necessitamos”.habituamos, mas criar o exército que necessitamos”.habituamos, mas criar o exército que necessitamos”.habituamos, mas criar o exército que necessitamos”.

(General De Gaulle, em 1932)

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LIÇÕES DO HAITI

“Não há unidade mais cara do que a que não é“Não há unidade mais cara do que a que não é“Não há unidade mais cara do que a que não é“Não há unidade mais cara do que a que não é“Não há unidade mais cara do que a que não écapaz de combater com eficiência no momento em quecapaz de combater com eficiência no momento em quecapaz de combater com eficiência no momento em quecapaz de combater com eficiência no momento em quecapaz de combater com eficiência no momento em queé empregada.”é empregada.”é empregada.”é empregada.”é empregada.”

(Livro Branco de Defesa da Espanha - 2000)

A crise vivida no Haiti colocou em evidência a restrita capacida-de de a Força Terrestre projetar força e de fazer face a situações decontingência, o que poderia ter colocado em risco nossa capacidade demanter o protagonismo entre os demais países ali presentes. Para des-dobrar um segundo contingente foram necessárias três semanas e aparticipação de 84 organizações militares.

Parece que a problemática preparação da FEB não forneceu osensinamentos de que foi plena ou esses foram esquecidos. Vale, pois,retirá-los do caso mais recente.

Diante dessas dificuldades, setores da sociedade poderão questi-onar a razão de ser de um Exército de cento e oitenta mil integrantes,que consome um orçamento anual de 22 bilhões de Reais, mas quenão está em condições de atuar com presteza e eficiência em situaçõesque, embora inesperadas, constituem-se na razão de ser de uma ForçaTerrestre.

Poder-se-ia perguntar: o que fará o Exército se nossa soberaniafor ameaçada em épocas do ano em que as unidades ainda não tenhaminiciado o seu adestramento?

E na América do Sul, que poder de combate poderemos em-pregar, no caso de um conflito entre países vizinhos que venha a exigiruma imposição da paz? Qual a conduta a adotar em situações em que,à semelhança do Haiti, abram-se espaços para a presença de paísesextracontinentais em nosso entorno? Que alternativas teremos paraestabilizar situações – hipotéticas, mas não impossíveis – de guerracivil ou de recrudescimento da narcoguerrilha, em países amazônicos,potencialmente causadoras de fluxos de refugiados para o interior doterritório brasileiro?

E se uma crise humanitária de grandes proporções ocorrer empaíses da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), sobreos quais o Brasil exerce grande influência e onde possui responsabilida-des e interesses importantes, inclusive com larga presença de empre-sas e de cidadãos nacionais?

Finalmente, temos que considerar que se for necessária a proje-ção de poder de combate de caráter convencional nossas deficiênciasmostrar-se-iam ainda mais sérias no que se refere à capacitação dopessoal, à desatualização doutrinária, à ineficiência dos sistemasoperacionais e à situação de obsolescência, sucateamento e insuficiên-cia de equipamentos e suprimentos.

Essas questões devem, necessariamente, ser consideradas peloExército de um país destinado a papel de liderança e de relevância emfóruns regionais e mundiais.

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A QUESTÃO DA RELEVÂNCIA“...se pode corromper o papel das forças armadas“...se pode corromper o papel das forças armadas“...se pode corromper o papel das forças armadas“...se pode corromper o papel das forças armadas“...se pode corromper o papel das forças armadas

na sociedade com a perda da importância de seu papelna sociedade com a perda da importância de seu papelna sociedade com a perda da importância de seu papelna sociedade com a perda da importância de seu papelna sociedade com a perda da importância de seu papelnatural ao ser pouco a pouco substituído por um papelnatural ao ser pouco a pouco substituído por um papelnatural ao ser pouco a pouco substituído por um papelnatural ao ser pouco a pouco substituído por um papelnatural ao ser pouco a pouco substituído por um papelsecundário...”secundário...”secundário...”secundário...”secundário...”

(Brigadeiro Covarrubias - Exército do Chile)

O EB não tem tido dificuldades para capitalizar os elevadosíndices de confiabilidade que as pesquisas de opinião costumamindicar, mas não logra obter o retorno que se poderia esperar,tanto sob a forma de recursos orçamentários como em relação àremuneração de seus integrantes. Provavelmente, esse efeito sejadecorrente do fato de que, nos níveis decisórios e em setoresespecíficos da sociedade, não haja a mesma percepção existentena população em geral nem a compreensão da importância dovetor militar na construção da capacidade dissuasória.Empiricamente, constata-se que o Exército se encontra com difi-culdades para evidenciar relevância perante esses segmentos.

Há duas gerações atrás, o EB era referência em uma exten-sa gama de setores de atividades e de conhecimento. Planeja-mento estratégico, gestão, ciência e tecnologia, telecomunicações,engenharias diversas, treinamento físico, música e muitos outrossão exemplos que demonstram nossa perda relativa da impor-tância no pensamento nacional.

Atualmente, em termos absolutos, nossa relevância repou-sa em atividades subsidiárias, eventualmente no apoio à seguran-ça pública, Força de Paz e na capilaridade que serve de base paraa operacionalização da Estratégia da Presença. Verifica-se, portan-to, que não há percepção relativa à missão principal - a defesa dapátria e nem tampouco é levada em conta a importância do Exér-cito como instrumento de Relações Exteriores.

Não havendo ameaças perceptíveis à soberania ou à inte-gridade territorial, é natural que a sociedade brasileira não atribuaà defesa a prioridade ansiada pelas Forças, já que, do ponto devista da população, há muitas outras demandas ocupando posi-ção mais elevada.

Tal circunstância se reflete no Congresso Nacional onde,em relação aos assuntos de defesa, verifica-se uma espécie deconsenso que apresenta-se com intensidade mais baixa do queas demais aspirações da sociedade.

Enquanto nas empresas privadas a eficiência é medida pelolucro, nas instituições sem fins lucrativos o parâmetro de aferiçãoda capacidade de atender às expectativas de seus públicos alvostem como indicador a percepção da relevância.

Essa questão ganha algum sentido de urgência. O longoperíodo de orçamentos reduzidos e contingenciados, de

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defasagem tecnológica e dificuldades operacionais, decarências de toda ordem e da inexistência de percepção das ame-aças pode acarretar o desenvolvimento de uma imagem deirrelevância e, até mesmo, a perda do sentido deimprescindibilidade perante a Nação.

Por outro lado, a necessidade de, durante alguns meses aoano, o Exército trabalhar em regime de meio expediente, alémde impedir que os profissionais militares exerçam plenamente suaprofissão, corresponde a um atestado de irrelevância e de precá-ria imprescindibilidade passado à sociedade brasileira.

O certo é que o caminho para a elevação dos recursos or-çamentários destinados à defesa passam obrigatoriamente por umaelevada percepção da relevância e da imprescindibilidade do Exér-cito para a nação.

A QUESTÃO ORÇAMENTÁRIA“““““O Brasil quer possuir um Exército? Se querO Brasil quer possuir um Exército? Se querO Brasil quer possuir um Exército? Se querO Brasil quer possuir um Exército? Se querO Brasil quer possuir um Exército? Se quer, é por, é por, é por, é por, é por

que reconhece a sua necessidade. Então, tem-se queque reconhece a sua necessidade. Então, tem-se queque reconhece a sua necessidade. Então, tem-se queque reconhece a sua necessidade. Então, tem-se queque reconhece a sua necessidade. Então, tem-se quelhe assegurar as condições de realizar o papel que lhelhe assegurar as condições de realizar o papel que lhelhe assegurar as condições de realizar o papel que lhelhe assegurar as condições de realizar o papel que lhelhe assegurar as condições de realizar o papel que lhecompete – e isso não pode mais ser postergado.”compete – e isso não pode mais ser postergado.”compete – e isso não pode mais ser postergado.”compete – e isso não pode mais ser postergado.”compete – e isso não pode mais ser postergado.”

(Pandiá Calógeras, dirigindo-se ao parlamento)

Outra questão extremamente séria decorre da prolongadaestiagem orçamentária, que levou o Exército a uma situação dedéficit crônico, deixando-o hoje sem folga em termos de recursosde qualquer natureza, capazes de assegurar a liberdade de açãoe ou a flexibilidade para investir, ampliar, modernizar, adaptar oumodificar suas estruturas.

Essa situação está imobilizando o Exército, pois nenhum deseus problemas pode ser solucionado com ações pontuais ou decurto prazo. Com frequência, temos sido forçados a tomar deci-sões que sacrificam a atividade-fim para manter o “organismo” comoum todo funcionando. A pior situação que pode ser vivida poruma organização é a de entropia, gastando suas precárias energi-as apenas para sobreviver, sem produzir os resultados para osquais foi destinada. Com pouca margem de erro, é válido afirmarque nosso Exército corre esse risco.

A carência crônica de recursos tem tirado de nossos oficiaise sargentos, no início da carreira, certas referências cuja obtençãoé importante que ocorra quando ainda jovens. Nas OM quasenão mais se percebe a salutar e desejável “vida de cassino”, ondese transmite o espírito, a mística e as tradições próprias das unida-des operacionais. Não se “mora” no quartel, não se vive o ambi-ente de caserna, não mais se ouve o toque de silêncio e nemtampouco o despertar da alvorada. As rotinas diárias mais se pa-recem com a de um escritório. Em consequência, esmaecem oscomprometimentos.

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Estamos limitando o alcance dos benefícios que as própriasfamílias dos recrutas esperam que os filhos recebam ao se incor-porar ao Exército. Diariamente, por não poder alimentar os nos-sos soldados, aqueles que juraram, sob nossa liderança, defen-der a Pátria com o sacrifício da própria vida, são empurrados devolta aos seus ambientes de origem, onde às vezes convivemcom a rotina de infrações e até com o crime organizado.

Mesmo a implementação dos projetos da Estratégia BraçoForte poderá inviabilizar-se, pois as ações de criação ou de ampli-ação de novos sistemas, caso não venham acompanhadas pormedidas de racionalização, no sentido de ajustar as estruturasexistentes a possibilidades de custeio garantidas pelo orçamento,agravarão ainda mais o ônus da defasagem orçamentária.

As restrições orçamentárias constituem uma “conjuntura”que perdura, com algumas oscilações, por pelo menos vinte ecinco anos e não há indicações de que vá se modificar.

Em consequência da falta de sensibilidade do poder políti-co, o Exército foi levado a sacrificar a qualidade em benefício daquantidade: não modernizamos os equipamentos, não buscamosas melhores práticas e não capacitamos nem desenvolvemosmentalidade de inovação em nossos recursos humanos.

A ESTRATÉGIA NACIONALDE DEFESA

A assinatura, pelo Presidente da República, da Estratégia da Estratégia da Estratégia da Estratégia da EstratégiaNacional de Defesa (END),Nacional de Defesa (END),Nacional de Defesa (END),Nacional de Defesa (END),Nacional de Defesa (END), em dezembro de 2008, consti-tuiu-se em marco histórico na evolução do pensamento de defe-sa em nosso país. Pela primeira vez, o poder político tomou a si aresponsabilidade de definir os parâmetros que balizarão a evolu-ção do segmento militar no contexto da estrutura de defesa naci-onal, o que faz recair sobre as Forças renovadas atribuições, prin-cipalmente no sentido de apresentar planejamentos com capaci-dade de respaldar e motivar decisões políticas e econômicas porparte do Governo Federal.

O documento estabeleceu que cada Força elaborasse pla-nos de estruturação e de equipamento, a serem apresentadosnum prazo de seis meses. Em consequência, no mês de junho de2009, o Comandante do Exército entregou a Estratégia BraçoEstratégia BraçoEstratégia BraçoEstratégia BraçoEstratégia BraçoFFFFForteorteorteorteorte ao MD, que atualmente trabalha na integração com os pla-nos correspondentes da Marinha e da Força Aérea.

A ESTRATÉGIA BRAÇO FORTE

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“““““O equipamento militar brasileiro – além de obsoO equipamento militar brasileiro – além de obsoO equipamento militar brasileiro – além de obsoO equipamento militar brasileiro – além de obsoO equipamento militar brasileiro – além de obso-----leto em grande parte – foi pensado para outros eventosleto em grande parte – foi pensado para outros eventosleto em grande parte – foi pensado para outros eventosleto em grande parte – foi pensado para outros eventosleto em grande parte – foi pensado para outros eventose conjunto de ameaças, datado da Guerra Fe conjunto de ameaças, datado da Guerra Fe conjunto de ameaças, datado da Guerra Fe conjunto de ameaças, datado da Guerra Fe conjunto de ameaças, datado da Guerra Fria. Daí aria. Daí aria. Daí aria. Daí aria. Daí aemergência do reaparelhamento das FFemergência do reaparelhamento das FFemergência do reaparelhamento das FFemergência do reaparelhamento das FFemergência do reaparelhamento das FFAA brasileiras.”AA brasileiras.”AA brasileiras.”AA brasileiras.”AA brasileiras.”

(Prof Francisco Carlos – UFRJ)

A Estratégia Braço Forte, em sua estrutura principal, cons-tou de 823 projetos organizados em quatro grandes programas, aserem desdobrados em curto, médio e longo prazos (2014 – 2022– 2030).

No que se refere à articulação, o EB elaborou doisprogramas:

• PPPPPrograma Amazônia Programa Amazônia Programa Amazônia Programa Amazônia Programa Amazônia Protegidarotegidarotegidarotegidarotegida: Abrangendo três pro-jetos principais: Pelotões Especiais de Fronteira, o Sistema Inte-grado de Monitoramento de Fronteira (SISFRON) e Reestruturaçãodas Brigadas de Selva, completando e modernizando seus siste-mas operacionais.

• PPPPPrograma Sentinela da Pátria: rograma Sentinela da Pátria: rograma Sentinela da Pátria: rograma Sentinela da Pátria: rograma Sentinela da Pátria: destinado àreestruturação e à modernização de todas as Brigadas e estrutu-ras dos demais Comandos Militares de Área.

No tocante ao equipamento, o planejamento se desdobraem duas vertentes:

• PPPPPrograma Mobil idade Estratégicarograma Mobil idade Estratégicarograma Mobil idade Estratégicarograma Mobil idade Estratégicarograma Mobil idade Estratégica, queincidirá sobre o Exército do presente, por meio doqual se pretende completar e modernizar osequipamentos e as dotações de suprimentos. Asações de curto prazo terão caráter de urgência, paraque até 2014 tenhamos assegurado os níveismínimos necessários ao adequado desenvolvimento

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das atividades de preparo e emprego e, com isso, restabelecido acapacidade dissuasória mínima. As aquisições desse programadeverão equilibrar a garantia da capacidade de dissuasão; asquantidades suficientes para equipar as unidades; a prioridadepara produtos nacionais; e o máximo avanço tecnológico possível.

• PPPPPrograma Combatente Brasileiro do Frograma Combatente Brasileiro do Frograma Combatente Brasileiro do Frograma Combatente Brasileiro do Frograma Combatente Brasileiro do Futurouturouturouturouturo – COCOCOCOCO-----BRABRABRABRABRA – destinado a equipar o Exército do futuro. Por intermédiode projetos de Ciência e Tecnologia, desenvolverá os sistemas dearmas a serem adotados a partir de 2014, dando cumprimento aum dos três chamados eixos estruturantes contidos na END: for-talecer aIndústria Nacional de Material de Defesa.

Transversalmente, foram ainda estruturados quatro outrosprogramas:

• Bem-estar da Família Militar

• Racionalização Administrativa das OM Operacionais

• Ciência e Tecnologia

• Serviço Militar.

O SISFRONNo prosseguimento dos trabalhos, após a entrega dos pla-

nos, o Projeto do Sistema Integrado de Monitoramento deSistema Integrado de Monitoramento deSistema Integrado de Monitoramento deSistema Integrado de Monitoramento deSistema Integrado de Monitoramento deFFFFFronteiras – SISFRON – ronteiras – SISFRON – ronteiras – SISFRON – ronteiras – SISFRON – ronteiras – SISFRON – ganhou proeminência, por abrigarideias-força de grande apelo perante a opinião pública e por con-ter respostas para problemas em evidência e de difícil soluçãopara o Governo.

Além da vig i lância da fronteira amazônica e dosconsequentes benefícios naturalmente relativos àquela região,como a preservação ambiental e a proteção de comunidadesindígenas, o Projeto elevará a capacidade de monitorar e con-trolar as fronteiras do Centro-Oeste e do Sul e ensejará mui-to maior eficiência na resposta operacional aos eventuais aler-tas a serem proporcionados pelo sistema. Com isso, estare-mos nos antecipando no atendimento das demandas por par-te do governo e da sociedade no sentido de contribuir para asegurança nos centros urbanos, por meio do ganho de eficiên-cia no apoio ao combate ao narcotráfico e ao contrabando dearmas.

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Esse anseio pela atuação das Forças Armadas na GLOtende a se potencializar a partir da aprovação das modifica-ções da Lei Complementar 97/99 (alterada pela Lei Comple-mentar 117/04) e da proximidade dos grandes eventos espor-tivos que o Brasil sediará – Copa do Mundo de 2014 e Olim-píadas de 2016. Além desse apelo natural, o Projeto está abri-gado no “guarda-chuva” do acordo Brasil-França, o que elevaconsideravelmente a possibilidade de alocação de recursos pormeio de crédito externo. Esse benefício poderá estender-se atodos os projetos da Estratégia Braço-Forte, pois eles po-dem, convenientemente, ser caracterizados como parte inte-grante dos vários subsistemas do SISFRON, conforme ilustra oesquema.

REFLEXOS DA ESTRATÉGIABRAÇO FORTE

A Estratégia Braço FA Estratégia Braço FA Estratégia Braço FA Estratégia Braço FA Estratégia Braço Forteorteorteorteorte, resultante de um ano de in-tensos trabalhos, além de produzir um planejamento completo,detalhado e abrangente, representou o rompimento de uma situ-ação de inércia que já perdurava por tempo demasiado.

Mobilizando amplamente o Exército, tornou evidente oenorme entusiasmo com que os integrantes de todos os setoresde atividade e níveis se dedicaram aos trabalhos. A todoscontagiou a perspectiva de estarem participando da transforma-ção da Força em uma instituição moderna e eficiente, capaz deproporcionar a plena realização profissional aos componentes daForça Terrestre.

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O processo permitiu também a elaboração de um banco dedados bastante completo, que estará disponível, a partir de agora,para subsidiar futuros planejamentos e ensejou a consolidação deum diagnóstico abrangente sobre a situação em que o Exército seencontra.

Esse diagnóstico tornou evidente que a Estratégia Braço For-te, embora represente uma ferramenta com potencial de trazerenormes benefícios para o Exército, provocará efeitos restritosapenas às estruturas físicas da Força. Para provocar a transforma-ção de que o Exército necessita, a implementação deverá ser acom-panhada de alterações nas concepções política, estratégica, dou-trinária, administrativa e tecnológica, hoje vigentes.

Conjunturalmente, verifica-se a convergência de alguns fa-tores com potencial para provocar a aceleração do processo deequipamento: a mobilização do empresariado nacional atraído pornovas possibilidades de negócio, o entendimento de setores dogoverno de que o fortalecimento do setor de defesa contribuiráefetivamente para o desenvolvimento sócio-econômico e, por fim,o estabelecimento de acordos estratégicos internacionais, os quaisresultarão em compromissos e obrigações por parte doMinistério da Defesa e do Governo Federal.

Esses fatores têm potencial para resultar na adoção de equi-pamentos com alto conteúdo tecnológico; o que, por sua vez,poderá provocar um forte impacto e exigirá mudanças qualitativasem todos os sistemas de atividades, sem o que os novos sistemasde armas não lograrão o efeito que deles se espera em razão daprecoce perda de eficiência e de durabilidade. Há que se consi-derar, contudo, que os novos encargos administrativos decorren-tes, sem a necessária modernização dos métodos de gestão, po-derão agravar ainda mais o déficit orçamentário, vindo a onerarcrescentemente todos os demais sistemas.

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CAPACIDADES NECESSÁRIASAO EB DE 2030

O Brasil, do ponto de vista da defesa, para dispor da liber-dade de ação necessária à condição de ator global, tem pela fren-te três tarefas históricas, todas de caráter geopolítico.

A primeira está em ajudar a concluir a ocupação e aintegração à nação brasileira de praticamente a metade doterritório nacional correspondente à nossa Amazônia.

Num mundo em que, no ano 2030, a população teráaumentado em dois bilhões de habitantes e estará consumindo odobro de recursos naturais, o Brasil não pode permitir que sefortaleça o conceito de relativização da soberania dessa incomen-surável fonte de recursos – a Amazônia -, como ocorre no imagi-nário de parte considerável da opinião pública internacional.

A segunda tarefa relaciona-se com o continente sul-ameri-cano. A decolagem da economia brasileira será lenta, se tivermosa nossa volta um arco de instabilidade e de problemas sociais eeconômicos colados à fuselagem, principalmente se considerar-mos que, em dezessete mil quilômetros de fronteira, temos dezpaíses vizinhos. Algumas grandes cidades brasileiras já apresen-tam os sintomas de que estamos a caminho de nos transformarem um país de imigrantes, o que poderá, no futuro, contribuirpara agravar nossas desigualdades sociais e econômicas.

A terceira tarefa será a de desenvolver a capacidade de pro-jetar poder em nível mundial, com a consistência capaz de asse-gurar a presença efetiva e fazer valer seus interesses.

Das considerações acima, depreendemos que o Exércitodeve desenvolver formas básicas de atuação, correspondentes àstarefas geopolíticas.

- Em relação ao território nacional, prosseguir com a Estra-tégia da Presença, por tratar-se de vetor fundamental de apoio aoEstado Brasileiro na tarefa histórica de ocupar, integrar, proteger edesenvolver o território brasileiro. Temos consciência de que oExército, além de ser com frequência a única presença do Estadoem áreas remotas, é uma importante ferramenta de suporte aosdemais setores da sociedade. Ademais, a Presença nos proporci-ona a identificação com as populações locais, influindo sobre avontade nacional e ajudando a formar o sentimento nacional derelevância do Estado brasileiro, tão importante para o êxito dequalquer estratégia de defesa, especialmente a da Resistência.Igualmente importante, a presença permanente serve de basefísica para a atitude ofensiva adotada no nível operacional.

- Na América do Sul, enfatizar a cooperação com os exérci-tos vizinhos e, a partir dessa aproximação, auxiliá-los na supera-ção de suas dificuldades e no aumento da capacidade de influir naestabilidade interna de seus países.

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Estaremos assim nos alinhando às políticas externa e eco-nômica do governo e, sob o guarda-chuva de compromissos in-ternacionais, fortalecendo nossa importância como ferramenta deapoio às relações exteriores. Ademais, a integração política e eco-nômica será favorecida pela cooperação militar.

Esta opção pela cooperação, implicitamente, repousa sobreo pressuposto de que nossa capacidade de dissuasão em relaçãoaos países sul-americanos está assegurada e tende a ampliar-sena medida em que avançarmos no desenvolvimento das capaci-dades operacionais básicas.

- Em nossas áreas de interesse estratégico, desenvolver capacidade de projetar força e sustentá-la pelo período que fornecessário, mantendo a eficiência dos sistemas operacionais.

Como corolário, o Exército deverá estruturar-se para trêsconjuntos de missões:

• o atendimento aos planos relativos às HE;

• as inerentes à Estratégia da Presença, à GLO, ao apoio ànação (desenvolvimento e defesa civil) e às missões subsidiárias; e

• o apoio à política exterior.

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CAPÍTULO III

COMO TRANSFORMARO EXÉRCITO

"A vitória pertence àqueles que se antecipam às"A vitória pertence àqueles que se antecipam às"A vitória pertence àqueles que se antecipam às"A vitória pertence àqueles que se antecipam às"A vitória pertence àqueles que se antecipam àsgrandes mudanças na arte da guerra, e não aos quegrandes mudanças na arte da guerra, e não aos quegrandes mudanças na arte da guerra, e não aos quegrandes mudanças na arte da guerra, e não aos quegrandes mudanças na arte da guerra, e não aos queapenas procuram adaptarapenas procuram adaptarapenas procuram adaptarapenas procuram adaptarapenas procuram adaptar-se, depois que as mudanças-se, depois que as mudanças-se, depois que as mudanças-se, depois que as mudanças-se, depois que as mudançasocorrem."ocorrem."ocorrem."ocorrem."ocorrem."

(Júlio Douhet)

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36,56%

OS VETORES DATRANSFORMAÇÃO

A partir da assinatura da Estratégia Nacional de Defesa criou-se a perspectiva inédita de podermos iniciar um processo de aqui-sição e modernização do material de emprego militar. A impor-tância desse processo vai muito além do fato de passarmos a con-tar com novos equipamentos e sistemas de armas. Ela advém doimpacto que esses meios poderão causar em todos os sistemasdo Exército. Contudo, para que esse potencial de mudanças seconcretize e chegue ao nível de transformaçãotransformaçãotransformaçãotransformaçãotransformação, teremos quealterar concepções, algumas delas profundamente arraigadas emnossa cultura institucional.

Durante o planejamento BRAÇO FORTEBRAÇO FORTEBRAÇO FORTEBRAÇO FORTEBRAÇO FORTE, as tentativasde implantação de novas concepções esbarraram sistematicamenteem fatores críticosfatores críticosfatores críticosfatores críticosfatores críticos, decorrentes de deficiências estruturais.

Essas deficiências são o resultado de uma conjugação deproblemas variados, alguns conjunturais, outros, em sua maioria,históricos, os quais, para serem superados, exigirão medidas pro-longadas, de grande amplitude e profundidade, as quais, parasurtirem os efeitos pretendidos, deverão incidir sobre vários seto-res de atividade e em todos os níveis do Exército.

Os fatores críticos concentram-se em três principais áreas:doutrina, recursos humanos e gestão. Contudo, levando-se em contaa estrutura e a cultura institucionais, as ações com vista na supera-ção de cada um deles serão conduzidas por meio de VVVVVetores deetores deetores deetores deetores deTTTTTransformação (VT)ransformação (VT)ransformação (VT)ransformação (VT)ransformação (VT), os quais compreenderão os estudos, os di-agnósticos, as concepções, os planejamentos, os processos, as fer-ramentas, os recursos humanos, as capacitações e os meios neces-sários.

A superação desses fatores deverá estar embasada noaprofundamento dos diagnósticos sobre a série de conjunturas eas tendências internas e externas, bem como nas indicações aserem extraídas dos cenários de médio e longo prazos, o quedará origem às novas concepções (políticas, estratégicas, doutri-nárias e de gestão) e às propostas de modificação nas estruturas.

Considerando-se a massa crítica de conhecimentos, a acu-mulação de experiências, a inserção nos sistemas corresponden-tes em âmbito do Ministério da Defesa, das demais Forças e deoutras esferas de governo e da iniciativa privada, caberá aos ODSa direção das atividades relativas aos VT que lhes corresponderem.

Como as soluções a serem estruturadas frequentementeabrangerão medidas da esfera de outros VT, necessitaremos sis-tematizar a integração em todas as fases; daí a importância dopapel a ser desempenhado pelo Estado-Maior do Exército, pormeio das Subchefias.

Os Vetores de Transformação propostos são os seguintes:

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• • • • • Doutrina

• • • • • Preparo e Emprego

• • • • • Educação e Cultura

• • • • • Gestão de Recursos Humanos

• • • • • Gestão Corrente e Estratégica

• • • • • C&T e Modernização do Material

• • • • • Logística

1º VETOR: DOUTRINA

A precariedade da estrutura do Sistema de Doutrina do EBnão permite que se promova, minimamente, a modernização dou-trinária requerida por novas concepções estratégicas a seremimplementadas e pela iminente incorporação de equipamentosmodernos.

Nossa doutrina, em geral, respalda-se em concepções ul-trapassadas. Não incorporou conceitos próprios dos conflitos con-temporâneos, tais como: proteção do combatente; minimizaçãode danos colaterais sobre as populações e o meio-ambiente; aopinião pública como importante fator para a vitória; superiorida-de de informações; o domínio da "consciência situacional", a pre-sença de atores não governamentais e outros conceitos, passíveisde domínio a partir do uso de equipamentos e de sistemas comelevado padrão tecnológico incorporado.

Em suma, a tarefa a empreender será a de retirar o Exércitoda era industrial, transformando-o em uma instituição da era dainformação. Assentado sobre ferramentas de tecnologia dainformação (TI), deverá ter o caráter de um grande sistema de

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gestão do conhecimento, englobando, dentre outras, as seguin-tes funcionalidades: informações doutrinárias, lições aprendidas,modelagem, simulação, estudo da guerra, e processamento, for-mulação, experimentação, validação e difusão.

Há que se considerar ainda que o processo de transforma-ção, tendo como referência cenários de longo prazo, deverá seorientar pelas tendências das hipóteses de emprego, a partir deum sistema de prospecção estratégica, doutrinária e de C&T, queem alguns Exércitos recebe a denominação genérica de "Guerrado Futuro".

O Sistema de Doutrina deverá tornar-se o motor da trans-formação da Força Terrestre. Ao atingir esse patamar, constituir-se-á na principal atividade geradora da "cultura institucional", daráconsistência à atividade de preparo e emprego, acentuará aprofissionalização dos quadros, elevará os níveis de motivação,conduzirá a Instituição à obtenção da "expertise" no que se refereà atividade-fim e contribuirá para o desenvolvimento da capacida-de de inovação de seus integrantes.

A doutrina foi alvo de intensas discussões ao longo do anode 2009 e suas soluções já estão equacionadas, aguardando im-plantação. Contudo essa ação está paralisada, em razão das ca-rências administrativas, o que corrobora a condição de imobilismoem que nos encontramos por não dispormos da "folga" a que jános referimos.

2º VETOR: PREPARO E EMPREGOO preparo da Força Terrestre, com base na conscrição e reali-

zado ao longo do ano de instrução, tem-se mostrado inadequado aodesenvolvimento das capacidades operacionais requeridas pelo Exér-cito de um país com as responsabilidades como as que o Brasil buscaassumir no contexto internacional. Tampouco atende às necessida-des decorrentes dos Planos Operacionais relativos às HE.

O recruta, e não o adestramento, constitui-se, desde há muitotempo, na preocupação central do Exército. As unidades passam amaior parte do ano dedicadas exclusivamente à Instrução Individual,o que as caracteriza mais como escolas do que como Unidadesoperacionais, pois os efetivos profissionais dedicam-se prioritariamenteao ensino, em detrimento do adestramento.

A emergência do HAITI, por outro lado, está demonstrandoclaramente que, no período do ano em que ela ocorreu, torna-sepraticamente impossível ao Exército deslocar uma fração constituídae com a integridade, tanto em pessoal como em material,preservada.

Modificações substanciais necessitam ser empreendidas: no SerSerSerSerSer-----viço Militarviço Militarviço Militarviço Militarviço Militar e nos Ciclos de PCiclos de PCiclos de PCiclos de PCiclos de Preparoreparoreparoreparoreparo.

Como ponto de partida, o Serviço Militar deve ser dissociadoda atividade operacional, proporcionando a ambos os sistemas flexi-

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bilidade para ajustar-se às suas necessidades e melhor atingir seusobjetivos.

O Serviço MilitarO Serviço MilitarO Serviço MilitarO Serviço MilitarO Serviço Militar

Na atual concepção do SIMEB, o Serviço Militar e o SistemaOperacional são interdependentes, o que impede a flexibilizaçãode ambos. Anualmente, incorporamos no mês de fevereiro e to-das as OM são obrigadas a cumprir ciclos de preparo idênticos,independentemente da natureza e da destinação estratégica, sen-do que, ao final do ano, quase todo o "produto" dessa atividade édescartado pela Força.

Esse sistema respalda-se no pressuposto, não mais pertinen-te, de que os conflitos serão de longa duração, e que a capacidadede resposta será obtida por meio da mobilização de pessoal e dematerial.

O Serviço Militar, dissociado do adestramento, poderá tervários de seus parâmetros flexibilizados, tais como duração, uni-verso abrangido, relação EV/EP, sistema de instrução, incrementoda profissionalização, locais, e outros a serem definidos.

Da mesma forma como a Marinha e a Aeronáutica o fazem,o Serviço Militar se transformaria num provedor de recursos hu-manos indispensáveis para o funcionamento do SistemaOperacional.

Adicionalmente, poder-se-iam valorizar os NPOR e CFST,com vista no aumento percentual de oficiais e sargentos temporá-rios, em relação aos efetivos profissionais de carreira.

Há que se considerar também que o Serviço Militar, quantoà forma de prestação, seus fundamentos e base legal, tem semantido inalterado desde quando se tornou obrigatório, no anode 1945, sem levar em conta as modificações por que vem pas-sando a sociedade brasileira.

Já houve tempo em que o Serviço Militar representava aúnica oportunidade para muitos brasileiros aprenderem a ler, es-crever, receber noções básicas de higiene e até mesmo falar oportuguês. Hoje, contudo, diante das mudanças nos níveis deescolaridade, composição etária, situação econômica e classessociais, o Serviço Militar, para manter-se relevante, necessita pas-sar por profundas modificações, a serem concebidas.

Três outras razões impõem, ainda, que se modifiquem asbases sobre as quais o Serviço Militar é realizado.

1) Trata-se de um dos Eixos Estruturantes da Estratégia Na-cional de Defesa, que determina a busca de sua ampliação,dinamização e valorização.

2) Permitirá a implementação das mudanças necessárias àmodernização do sistema operacional, no que diz respeito ao pre-paro e emprego.

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3) A complexidade dos novos sistemas de armas, a seremadotados ou já em processo de incorporação, passará a exigir muitomaior qualificação, maturidade e experiência dos recursos huma-nos. Modernos sistemas de armas não podem ser operados pe-los recrutas, e sim por profissionais experientes.

Ciclos de PCiclos de PCiclos de PCiclos de PCiclos de Preparoreparoreparoreparoreparo

Pode-se concluir que o ano de instrução, nos moldes atu-ais, perdeu a capacidade de atingir os objetivos requeridos pelasnovas realidades. Com a concretização das modificações no Ser-viço Militar inicial, surgirá a possibilidade de se estabelecerem asmudanças necessárias, alterando a duração dos ciclos de preparoe emprego.

Grupamentos de emprego (brigadas de selva, tropas leves,brigadas mecanizadas, blindadas, OM expedicionárias etc.)escalonados em diferentes fases do ciclo de preparo, permitirãoque se tenha um poder de combate permanentemente em con-dições de fazer face às HE.

As durações diferenciadas dos ciclos de preparo poderãoser definidas em função das naturezas das OM, das localizações,de acontecimentos conjunturais, das missões peculiares e de ou-tros fatores.

O importante é que, a qualquer momento, haja"grupamentos de emprego" vivendo cada uma das diferentes fa-ses do ciclo de preparo.

Os ciclos condicionarão inclusive as atividades dos demaissistemas, principalmente os de pessoal e de logística. Movimen-tações, cursos e estágios, concessão de férias e licenças, distribui-ção de suprimentos são exemplos de alguns aspectos a seremrevistos.

Há que se considerar, contudo, que essas modificações nãoserão possíveis sem uma profunda reestruturação no Serviço Militar.

3º VETOR: EDUCAÇÃO E CULTURANo que se refere à formação profissional, identificam-se dois

aspectos que merecem ser enfatizados no desenvolvimento denossos RH: baixa eficiência da atividade de capacitação capacitação capacitação capacitação capacitação e a pre-cária mentalidade de inovação inovação inovação inovação inovação dos quadros.

A capacitaçãoA capacitaçãoA capacitaçãoA capacitaçãoA capacitação

Inicialmente, faz-se mister estabelecer a distinção entre edu-cação e capacitação.

A educação é a atividade destinada a produzir efeitos per-manentes sobre os RH. Visa a promover o desenvolvimento pes-soal, incidindo sobre as áreas cognitiva, afetiva e psicomotora, pro-porcionando os atributos necessários ao exercício da profissão.

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Ao longo dos tempos, a educação tem, sem solução de continui-dade, recebido prioridade absoluta pelas lideranças da Força,não deixando de ser adequadamente contemplada com recursosde toda ordem, mesmo em períodos de sérias restriçõesorçamentárias.

Em razão desses cuidados, geração após geração, o EB temsido capaz de preservar seus valores fundamentais, graças aoscomprometimentos gerados em nossas Escolas, em relação aoscompanheiros, à Instituição e a seus princípios, resultando umExército disciplinado e coeso. Repousa aí nosso mais ricopatrimônio, capaz de manter o entusiasmo e a devoção individuale coletiva, a despeito das precariedades permanentemente en-frentadas. Trata-se, portanto, de um bem que não pode, sob ne-nhuma hipótese, ser colocado em risco por qualquer empreendi-mento de transformação. Excelente!

A capacitaçãocapacitaçãocapacitaçãocapacitaçãocapacitação, por sua vez, destina-se ao desenvolvimen-to de habilidades específicas, com ênfase na realização de tarefasque exijam algum tipo de especialização. Seu alcance normalmenteé limitado no tempo e no espaço e requer atualizações periódi-cas. A introdução de novas concepções, projetos, processos e equi-pamentos, tende a exigir um eficiente sistema de capacitação comocondição essencial de êxito.

O uso dessa ferramenta no desenvolvimento de recursoshumanos ocorre em nosso Exército, normalmente, não em de-corrência de necessidades presentes específicas, mas sim em ra-zão de dados colhidos ao longo de séries históricas. Daí a situa-ção típica entre nós, e frequentemente testemunhada, na qualum militar ao final do curso de especialização é classificado emclaro funcional onde a OM terá pouca ou nenhuma oportunidadede aproveitamento – e ele de aplicação – dos seus novos conhe-cimentos e habilitações.

Esta situação se verifica até mesmo por ocasião de términode cursos ou de missões no exterior.

Precisamos desenvolver um sistema calcado no uso de fer-ramentas de gestão do conhecimento.

A própria implementação dos vetores de transformação acar-retará uma demanda crescente de capacitação dos quadros. Poroutro lado, conforme demonstra a gravura acima, a disponibilida-de de RH nos quais o Exército prematuramente deixa de investircausa o desperdício de talentos e o arrefecimento do entusiasmoprofissional.

Capacidade de InovaçãoCapacidade de InovaçãoCapacidade de InovaçãoCapacidade de InovaçãoCapacidade de Inovação

O mundo moderno exige das organizações a evolução per-manente dos equipamentos, das estruturas, das concepções, dosprocessos e do relacionamento com os públicos interno e exter-no. A inovação se tornou um fator essencial de êxito, a ponto de,nas estruturas organizacionais, haver um setor cuja missão espe-

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cífica é promovê-la.

Talvez a precária mentalidade de inovação seja uma dasmaiores deficiências de nossos recursos humanos. Numa avalia-ção sumária, verifica-se que nesse atributo nossos oficiais estãoem desvantagem em relação aos da Marinha e da Aeronáutica, adespeito de nossa sólida formação no que diz respeito a valores,comprometimento, desprendimento, dedicação e espírito militar.Os oficiais daquelas Forças desde cedo são colocados em contatocom outros ambientes, nacional e internacionalmente, bem comotêm, no exercício de suas atividades profissionais, empregado equi-

pamentos próximos do estado da arte, ou seja, com alto teortecnológico incorporado.

Há necessidade de ações no sentido de desenvolver esseatributo, as quais, para terem a profundidade e o alcance neces-sários, deverão abranger medidas em todos os sistemas de ativi-dades.

Na área de ensino, nos últimos anos um importante passofoi dado por meio do projeto de modernização, o qual pode, apartir de agora, ser revitalizado pela adoção de ações voltadaspara o desenvolvimento de uma mentalidade de inovação.

Há que se incutir nos militares a preocupação com a per-manente atualização e a consciência de que o domínio de novastecnologias será condição básica para o êxito profissional.

Esse processo, para surtir os efeitos pretendidos, exigiráa adoção de medidas mais efetivas no âmbito do DECEX, taiscomo: programas de leitura ao longo da carreira; premiaçãopor inovações aprovadas e por textos inovadores sobre as-suntos profissionais publicados; ênfase no ensino de idiomas;estímulo à leitura de publicações modernas sobre assuntos

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profissionais, nacionais e internacionais; maior convivência commilitares de outras Forças, com civis e com estrangeiros; via-gens de estudos a países mais desenvolvidos; e cursos demestrado e doutorado em instituições civis, com o benefícioadicional de desestimular a realização por conta própria decursos universitários em circunstâncias que poderão provocardesprofissionalização.

Adicionalmente, toda a instituição deve proporcionar umambiente propício ao desenvolvimento da capacidade de inova-ção: incrementar a interação com Exércitos de países desenvol-vidos; intensificar a realização de visitas e intercâmbios com or-ganizações modernas de grande porte e de atuação internacio-nal; criar um centro de pesquisa de Guerra do Futuro, com ca-pacidade de realizar a prospecção estratégica, doutrinária etecnológica; incorporar civis às estruturas organizacionais; evitaro cerceamento da iniciativa decorrente da cultura do "erro-zero";e estimular o desenvolvimento de lideranças com perfi linovador.

4º VETOR: GESTÃO DOSRECURSOS HUMANOS

As modificações requeridas pela Gestão dos Recursos Hu-manos provavelmente acarretarão profundas mudanças emparadigmas solidamente arraigados em nossa cultura institucional.Exigirão pesquisas especializadas, ampla discussão e estudosaprofundados, pois seus reflexos se farão sentir sobre todos osdemais sistemas de atividades da Força.

Nessa área há dois principais eixos de atuação:Nessa área há dois principais eixos de atuação:Nessa área há dois principais eixos de atuação:Nessa área há dois principais eixos de atuação:Nessa área há dois principais eixos de atuação:

• • • • • Ajuste da Composição dos Efetivos

• • • • • Gestão de pessoal

Ajuste na Composição dos EfetivosAjuste na Composição dos EfetivosAjuste na Composição dos EfetivosAjuste na Composição dos EfetivosAjuste na Composição dos Efetivos

A eventual redução dos efetivos profissionais dependerá daconcepção estratégica da Força e da estrutura necessária ao atendi-mento dos planos operacionais relativos às Hipóteses de Emprego.

Paralelamente, outras medidas poderão ser adotadas, to-das dependendo de estudo e de avaliação da necessidade,pertinência e aplicabilidade:

• • • • • valorização e aumento do efetivo de temporários e deestagiários;

• • • • • valorização e aumento da quantidade de pessoal da re-serva remunerada contratado. Confirmando-se a pertinência dessasolução para a recomposição dos efetivos, poder-se-ia estudarnovas formas de ampliá-la, a criação de atrativos adicionais e apreparação dos militares para ocupação futura de cargos específi-cos, quando ainda na ativa.

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• • • • • emprego de civis, em um sistema que englobe capacitaçãoe a elaboração de um plano de carreira. (Conforme se verifica empaíses desenvolvidos, a participação de civis amplia a parcela dasociedade diretamente interessada no fortalecimento das estru-turas de defesa);

• • • • • terceirização de atividades administrativas;

• • • • • racionalização administrativa das OM operacionais;

• • • • • modernização da segurança dos aquartelamentos;

• • • • • administração por processos; e

• • • • • descentralização de atribuições e de responsabilidadesfuncionais, podendo complementarmente transformar cargos deoficiais em cargos de praças.

Também os efetivos de recrutas podem sofrer substancial re-dução por meio de medidas de racionalização administrativa e demodernização de concepções e de sistemas. Estima-se que quaseum terço do efetivo incorporado seja empregado, nas rotinas dasOM, em atividades outras que não as relativas à atividade-fim.

Gestão de competênciasGestão de competênciasGestão de competênciasGestão de competênciasGestão de competências

Os êxitos a serem alcançados pela evolução dos "Vetoresde Transformação", dependem diretamente da gestão do pesso-al, no sentido de proporcionar que cada sistema conte com osrecursos humanos mais capacitados e na quantidade necessária.Em alguns deles, a continuidade é vital para o êxito das ativida-des, como se verifica, por exemplo, na área de C&T.

O Exército tem sentido necessidade de incorporarnovas linhas de especialização, em razão da multiplicação das áreasdo conhecimento. Também em relação aos Sistemas Operacionais,a evolução da Doutrina poderá acarretar modificações significati-vas na concepção de nossas armas, quadros e serviços. Emconseqüuência, as próprias carreiras necessitam ser revistas, nosentido de flexibilizar os requisitos de progressão funcional,permitindo um maior aproveitamento das especializações e dasaptidões adquiridas ao longo da vida profissional.

5º VETOR: GESTÃO CORRENTEE ESTRATÉGICA

O aperfeiçoamento dos Métodos de Gestão do Exército, aexemplo da Gestão de Recursos Humanos, constitui-se em im-portante caminho para a viabilização e consolidação de todo oProcesso de Transformação, pelas seguintes necessidades:

• • • • • racionalizar as despesas de custeio, com vista na obten-ção de maior capacidade de investimento;

• • • • • promover a redução dos efetivos empregados em ativi-dades outras que não aquelas relativas ao Preparo e Emprego;

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• • • • • aumentar a eficiência do SIPLEX como ferramenta deplanejamento, implementação e controle das estratégias, empre-gando ferramentas de TI no controle diário da execução das es-tratégias setoriais.

• • • • • assegurar a capacidade de execução e controle dos pro-jetos constantes da Estratégia Braço Forte;

• • • • • dar visibilidade aos projetos em andamento;

• • • • • modernizar os métodos de gestão administrativa;

• • • • • criar a mentalidade de melhoria contínua, bem como va-lorizar a administração por projetos e por processos;

• • • • • consolidar conhecimentos e experiências e desenvolvermétodos e ferramentas de gestão adequados ao Exército.

Medidas estruturais e sistêmicas serão necessárias,

em todos os níveis, tais como:

• • • • • reestudar a Estrutura Organizacional da Alta Administra-ção do Exército, com pensamento sistêmico;

• • • • • proporcionar à estrutura de gestão do EME a capacidadede atuar como órgão central de um sistema de gestão estratégica,responsável pelo controle da interação sistêmica dos ODS;

• • • • • criar estrutura de TI capaz de fornecer insumos em tem-po real para o centro de controle dos grandes projetos da Estraté-gia Braço Forte;

• • • • • prosseguir na consolidação do Sistema de Gestão do Exército;

• • • • • estabelecer foco nos métodos de gestão por projeto eprocessos, com ênfase na execução;

• • • • • estudar a criação de "Serviço de Administração", cujosquadros, em função de suas capacidades e especializações,proporcionem aos efetivos combatentes, em suas atividadesfuncionais, dedicar-se integralmente ao preparo e emprego; e

• • • • • criar um Centro ou Escola que se constitua em polo dereferência no ensino das ciências gerenciais, com vista naespecialização, mas também para cursos de mestrado ou de dou-torado nessas áreas.

6º VETOR: C&T E MODERNIZAÇÃODO MATERIAL

Os equipamentos de todos os tipos da Força Terrestre, prin-cipalmente aqueles voltados para a atividade-fim, além de insufi-cientes, encontram-se em acentuado estado de obsolescência ede sucateamento. De uma maneira geral, datam de quarenta anose muitos deles trazem concepções da Segunda Guerra Mundial.

Empresas de qualquer setor de atividade tornar-se-iaminviáveis economicamente caso empregassem, em seus departa-

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mentos de produção, máquinas e ferramentas com tal nível dedesatualização. Portanto, fica fácil imaginar o preço elevado que oExército tem pago em razão da necessidade de aplicar recursosna manutenção das estruturas.

Contudo o ônus maior recai sobre os recursos humanos,por restringir-lhes a capacidade de inovação, além de provocardesmotivação e de impedir que os quadros, no exercício de suasfunções, adquiriram a vivência profissional que só a prática é ca-paz de proporcionar. É grande o contraste entre o ambiente deformação vivido em nossas escolas militares e o encontrado pelosAsp Of e pelos 3º Sgt ao chegarem à tropa.

A situação dos equipamentos é também um dos principaisfatores pelos quais nossa doutrina encontra-se tão defasada, tor-nando-se impossível atualizá-la sem sua modernização.

A própria capacidade dissuasória do Exército pode estar naiminência de perder consistência, uma vez que alguns sistemasoperacionais do EB se encontram em situação de inferioridadeem relação aos de alguns países vizinhos.

No diagnóstico realizado pelo EME sobre as três capacida-des básicas que Estratégia Nacional de Defesa estabeleceu -monitoramento/vigilância, mobilidade e presença -, ficou patenteque o Exército apresenta sérias deficiências em relação às duasprimeiras, em razão, principalmente, da obsolescência dos equi-pamentos.

O padrão tecnológico incorporado aos equipamentos deveconstituir-se em fator determinante para o sistema de aquisiçõesdo Exército, pois é por meio da tecnologia que poderemos racio-nalizar nossas estruturas, enquanto ampliam-se suas capacidades.

A própria condição de Exército de um país que ascende aopatamar de ator global, e que consolida sua liderança na Américado Sul, impõe a adoção de sistemas de armas com elevado valortecnológico, o que condicionará até mesmo a imagem da Forçaperante a Nação brasileira.

Adicionalmente, torna-se imperiosa e urgente a incorpora-ção da simulação como importante ferramenta de adestramentoindividual e coletivo. Largamente utilizada nos países desenvolvi-dos, proporciona substancial economia de recursos de toda or-dem, incorpora tecnologias avançadas ao processo de treinamen-to e alivia as estruturas administrativas e logísticas. Tal ferramentacumpre um importante papel diante das restrições decorrentesdas características das sociedades modernas, as quais tendem ase acentuar no Brasil, tais como a urbanização acelerada, a segu-rança da população e a prevenção de danos ambientais.

Na comparação com sistemas de aquisições de outros Exér-citos, constata-se a necessidade de modificações sistêmicas e es-truturais, a serem indicadas a partir do aprofundamento dos diag-nósticos.

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7º VETOR: LOGÍSTICAA Logística, como processo dinâmico para apoiar as mis-

sões da Força Terrestre, provavelmente seja a vertente que maisnecessite ser transformada, em face do hiato existente entre aLogística Militar Terrestre e a logística atualmente praticada pelasempresas civis.

Em nosso País, já houve época em que a Logística Militarera referência, servindo de modelo para a logística praticada pe-las empresas nacionais. Contudo, o quadro de escassez de re-cursos financeiros verificados nas duas últimas décadas agrava-ram os problemas logísticos no Exército, não somente no campoda logística operacional como na logística organizacional.

No período que antecede a criação do DepartamentoLogístico (2001) a logística de serviços e materiais, excetuando-seas de engenharia de construção estava distribuída entre o Depar-tamento Geral de Serviços (DGS) e Departamento de MaterialBélico (DMB), estruturados sob o critério das atribuições por ser-viços técnicos e cujo modelo de organização se estendia por todaa cadeia logística do Exército até o nível Unidade/ Subunidadeisolada.

Para atender os princípios logísticos de controle, coordena-ção, economia de meios, simplicidade, objetividade e unidade decomando, foram extintos o DGS e o DMB e criado o Departa-mento Logístico (DLog), buscando-se a concentração das funçõeslogísticas de transporte, suprimento e manutenção de materialem um único Orgão de Direção Setorial organizado sob o critériode divisão de atribuições por funções logísticas, permanecendo alogística de engenharia de construção no Departamento de En-genharia e Construção (DEC) e a de pessoal no DepartamentoGeral de Pessoal (DGP), que passou a gerir a logística de saúde.

Este novo conceito de organização por funções logísticas,também se estendeu para o nível Região Militar (RM) e Organi-zações MIlitares (OM) onde as seções e carteiras de serviços téc-nicos foram substituídas pelas seções e carteiras de suprimento ede manutenção.

Novas modificações foram introduzidas no Sistema Logístico(SISLOG) entre os anos de 2005 e 2008 que geraram alteraçõesna estrutura inicial do DLog, sem que as medidas implementadastivessem completo êxito.

Na transformação do Sistema Logístico, alguns fatores de-vem ser considerados:

• adoção de uma estrutura de organização que possibiliteo controle efetivo de todo o ciclo de vida dos Materiais de Empre-go Militar (MEM);

• estruturação e organização do SISLOG que leve emconta a nova configuração do Ministério da Defesa que contacom uma Secretaria de Produtos de Defesa (SEPRODE) e no

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Estado-Maior Conjunto, com uma Chefia de Logística;

• uma estrutura de paz que possa, rapidamente, passar ade guerra pela ativação dos órgãos necessários que devem estarconfigurados e estruturados dentro do SISLOG;

• considerar a grande e rápida evolução tecnológica dosmateriais que exigem menor número de operações de manuten-ção, porém com maior necessidade de equipamentos e de espe-cialização do pessoal;

• adotar um novo conceito dos escalões de manutenção eda divisão de atribuições, buscando a economia de meios e amelhoria dos padrões de execução;

• considerar as características dos conflitos modernos nosestudos para definir a nova estrutura de apoio às operações nafrente de combate;

• terceirização dos serviços; e

• adequação do fardamento e do equipamento aos ambi-entes operacionais existentes no território nacional.

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CONCLUSÃO

" Os planos que nos cabem desenvolver e" Os planos que nos cabem desenvolver e" Os planos que nos cabem desenvolver e" Os planos que nos cabem desenvolver e" Os planos que nos cabem desenvolver eimplementar visam, acima de tudo, à estrutura do Exérimplementar visam, acima de tudo, à estrutura do Exérimplementar visam, acima de tudo, à estrutura do Exérimplementar visam, acima de tudo, à estrutura do Exérimplementar visam, acima de tudo, à estrutura do Exér-----cito para 2030, ou seja, estaremos concebendo o Exército para 2030, ou seja, estaremos concebendo o Exército para 2030, ou seja, estaremos concebendo o Exército para 2030, ou seja, estaremos concebendo o Exército para 2030, ou seja, estaremos concebendo o Exér-----cito do qual fará parte a atual juventude militar brasilei-cito do qual fará parte a atual juventude militar brasilei-cito do qual fará parte a atual juventude militar brasilei-cito do qual fará parte a atual juventude militar brasilei-cito do qual fará parte a atual juventude militar brasilei-ra, e que, com certeza, conterá a Fra, e que, com certeza, conterá a Fra, e que, com certeza, conterá a Fra, e que, com certeza, conterá a Fra, e que, com certeza, conterá a Força Torça Torça Torça Torça Terrestre de umerrestre de umerrestre de umerrestre de umerrestre de umBrasil potência."Brasil potência."Brasil potência."Brasil potência."Brasil potência."

(Gen Enzo - Cmt Ex)

A Transformação do Exército constituir-se-á em um dosobjetivos da Política Militar Terrestre, compondo o Livro 3 doSIPLEX, que entrará em vigor em janeiro de 2011. Buscar-se-ádessa forma a institucionalizar as ações, facilitar a sua execuçãopelos ODS, COTER e Comandos de Área, e o acompanhamen-to pelo EME, uma vez que estarão desdobradas nas estratégias enos planos básicos e de gestão das OM de todos os níveis.

Caberá ao Estado Maior do Exército regular em portariaespecífica as prescrições necessárias ao desencadeamento dasações.

Três Pressupostos Básicos condicionarão a transformação:a valorização do Serviço Militar Obrigatório, a manutenção daEstratégia da Presença e a preservação dos valores e tradições doExército.

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As atividades de implantação terão a duração de cinco anos(o que corresponde ao médio prazo estabelecido pela END), parapermitir a amplitude, a profundidade e a necessária experimenta-ção, capazes de garantir que todos os objetivos pretendidos se-jam efetivamente atingidos.

Quanto à oportunidade em que esse processo se inicia,verifica-se que a conjuntura por que atravessamos reúne umasérie de características extremamente favoráveis.

Há vários fatores contribuindo para isso.

De caráter político, porque, pela primeira vez em muitosanos, as questões relativas à defesa passaram a ocupar lugar dedestaque na agenda nacional, além de as lideranças pareceremter entendido que a defesa é indutora do desenvolvimento e deavanços científico-tecnológicos.

Do ponto de vista econômico, porque a Estratégia BraçoForte atraiu o empresariado nacional a participar das ações deestruturação da defesa.

Internamente, na Força, por termos um plano consistentede modernização, materializado pela estratégia Braço Forte, comcapacidade de orientar as ações em curto, médio e longo prazos.

Trata-se, portanto, de um processo que proporcionará con-dições para levar o Exército ao patamar de força armada de paísdesenvolvido e ator mundial, capaz de se fazer presente, com aprontidão necessária, em qualquer ponto da área de interesseestratégico do Brasil.

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GLOSSÁRIO

Adaptação:Adaptação:Adaptação:Adaptação:Adaptação: adequação de procedimentos, com caráter impro-visado e/ou temporário, para atender novas demandas operacionais,sem alterar conceitos, doutrina ou estruturas funcionais.

Articulação:Articulação:Articulação:Articulação:Articulação: forma como as estruturas operacionais se organi-zam e se distribuem territorialmente com vista no cumprimento desuas missões.

C2: C2: C2: C2: C2: processo ou estrutura para planejar operações futuras econduzir operações correntes, integrando forças nacionais de diferen-tes origens.

C4ISR:C4ISR:C4ISR:C4ISR:C4ISR: sigla usada internacionalmente (Command, Control,Intelligence, Communications, Computers, Surveillance andReconnaissance) que sintetiza o conceito operacional que combina,com sinergia e eficácia, as estruturas e as capacidades de comando econtrole, inteligência, comunicações, informática, vigilância e reconhe-cimento. Preconiza o uso intensivo de redes de informações digitaisinterligadas por telecomunicações de alta velocidade, redes de sensoresde diferentes naturezas, agilidade e qualidade no processo decisório, ecapacidade de atuação sobre os objetivos levantados.

Combatente do futuro:Combatente do futuro:Combatente do futuro:Combatente do futuro:Combatente do futuro: expressão motivacional com a finali-dade de sintetizar as qualidades e capacidades de um soldado, considera-do individualmente, apoiado por estruturas eficazes de alta tecnologiaque combinam sistemas de informação, armas, mobilidade e proteção.

Consciência situacional:Consciência situacional:Consciência situacional:Consciência situacional:Consciência situacional: capacidade de receber, processar e

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difundir eficazmente volume significativo de informações, com a finali-dade de sobrepujar, durante as operações, a capacidade de reação dosoponentes.

Evolução em Assuntos Mil itares (EAM):Evolução em Assuntos Mil itares (EAM):Evolução em Assuntos Mil itares (EAM):Evolução em Assuntos Mil itares (EAM):Evolução em Assuntos Mil itares (EAM): conceitosurgido na década de 1970 que expressa a tendência deevolução gradual das técnicas e equipamentos militares.

Era da informação:Era da informação:Era da informação:Era da informação:Era da informação: fase evolutiva de determinadopaís, caracterizada pela relevância da aplicação dos conceitosassociados à Tecnologia da Informação (TI) nas diversas áreas da gestãoe das atividades cotidianas.

Guerra do futuro:Guerra do futuro:Guerra do futuro:Guerra do futuro:Guerra do futuro: conflito que exige a aplicação do podermilitar da Nação e cujas características exigirão a adoção de novosconceitos, capacidades, técnicas e equipamentos. Significa, generica-mente, um cenário futuro a ser prospectado permanentemente.

InovaçãoInovaçãoInovaçãoInovaçãoInovação: novos conceitos e/ou tecnologias úteis para aplica-ção prática.

Logística focada: capacidade de combinar Tecnologia da Infor-mação (TI) com tecnologias de transporte para a realização das ativida-des logísticas com máxima flexibilidade e rapidez, mesmo em cenárioscaóticos.

Modernização:Modernização:Modernização:Modernização:Modernização: processo de aprimoramento de estruturasorganizacionais para que incorporem capacidades, técnicas e equipa-mentos, a fim de melhorarem seu desempenho dentro de conceitos jáestabelecidos.

Revolução em Assuntos Militares (RAM):Revolução em Assuntos Militares (RAM):Revolução em Assuntos Militares (RAM):Revolução em Assuntos Militares (RAM):Revolução em Assuntos Militares (RAM): conceito surgi-do na década de 1970, que expressa os efeitos multiplicadores da efi-cácia operacional de novos conceitos, capacidades, técnicas e equipa-mentos militares.

TTTTTransformação:ransformação:ransformação:ransformação:ransformação: processo de desenvolvimento eimplementação de novos conceitos e capacidades operacionais con-juntas, modificando o preparo, o emprego, as mentes, os equipamen-tos e as organizações, para atender as demandas operacionais de umambiente sob evolução continuada.

Superioridade de Informação:Superioridade de Informação:Superioridade de Informação:Superioridade de Informação:Superioridade de Informação: Capacidade de obter, anali-sar, processar e difundir os dados necessários para a obtenção do co-nhecimento sobre a situação no tempo oportuno. É fundamental paraa conquista e manutenção da iniciativa no emprego das demais capaci-dades operacionais.

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