trabalho final belo monte

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1 Fundação Universidade Federal do ABC Odair José Ribeiro Simeão Lopes Ferreira Vinicius Inácio Silva USINA HIDRELÉTRICA BELO MONTE: População Ribeirinha e Reservas Indígenas. São Bernardo do Campo 2014

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Page 1: Trabalho Final Belo Monte

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Fundação Universidade Federal do ABC

Odair José Ribeiro

Simeão Lopes Ferreira

Vinicius Inácio Silva

USINA HIDRELÉTRICA BELO MONTE:

População Ribeirinha e Reservas Indígenas.

São Bernardo do Campo

2014

Page 2: Trabalho Final Belo Monte

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Odair José Ribeiro

Simeão Lopes Ferreira

Vinicius Inácio Silva

USINA HIDRELÉTRICA BELO MONTE:

População Ribeirinha e Reservas Indígenas.

São Bernardo do Campo

2013

Trabalho Final do curso de Ciência,Tecnologia e Sociedade daUniversidade Federal do ABC

Page 3: Trabalho Final Belo Monte

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Odair José Ribeiro

Simeão Lopes Ferreira

Vinicius Inácio Silva

USINA HIDRELÉTRICA BELO MONTE:

População Ribeirinha e Reservas Indígenas.

Data de avaliação: __/__/____

Avaliador:

_____________________________

Professor Doutor Elias David Morales Martinez

Trabalho Final do curso de Ciência,Tecnologia e Sociedade daUniversidade Federal do ABC

Page 4: Trabalho Final Belo Monte

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RESUMO

Com a construção da Hidroelétrica de Belo Monte surgiu à discussão de

como o crescimento e a tecnologia podem afetar de maneira negativa o

ambiente e principalmente a qualidade de vida de pequenos grupos sociais.

Esse trabalho tem como objetivo mostrar as possíveis consequências para as

comunidades ribeirinhas e povos indígenas da Volta Grande do Xíngu e expor

algumas características dos grupos a favor e contra.

Page 5: Trabalho Final Belo Monte

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ABSTRACT

With the construction of the hydroelectric plant of Belo Monte, arose to

the discussion of how the growth and technology can negatively affect the

environment and especially the quality of life in small social groups. This work

aims at showing the possible consequences for the riverine communities and

indigenous people of Volta Grande do Xingu and expose characteristics of

groups for and against.

Page 6: Trabalho Final Belo Monte

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SUMÁRIOINTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 7

1. Usina ............................................................................................................................... 8

2. PUPULAÇÃO DA VOLTA GRANDE DO XINGU. .................................................... 12

2.1. População Ribeirinha ......................................................................................... 12

2.2. Consequências às reservas indígenas ........................................................... 15

CRITICA ................................................................................................................................ 18

CONCLUSÃO ....................................................................................................................... 19

REFERÊNCIAS .................................................................................................................... 20

Page 7: Trabalho Final Belo Monte

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INTRODUÇÃO

A construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, foi iniciada em fevereiro

de 2011, muitos anos depois do projeto original ser apresentado. Essa demora

se deu por causa da pressão dos povos indígenas, ativistas ambientais, grupos

políticos de oposição e celebridades, e em 1989 o governo de transição da

época resolveu abandonar o projeto.

Em 2005 o governo do PT, a fim de criar um excedente na produção de

eletricidade, para que o País não enfrentasse novamente uma crise energética

e o racionamento de eletricidade, resolveu retomar o projeto, que é ainda

questionado por análise crítica dos estudos, que mostram que a obra pode

mudar de forma significativa a vida dos ribeirinhos, alterações do ecossistema

nas Reservas Indígenas e do dano ambiental como um todo.

Para conseguir a aprovação do projeto o governo fez modificações no

projeto original, como a alteração da área de alagamento que passou de 1200

km2 para 516 km2, assim o novo projeto não alaga terras de duas reservas

indígenas da região, a Terra Indígena Juruna do Paquiçamba e a Terra

Indígena Arara da Volta Grande.

Estudos posteriores mostram que o IBAMA não deveria ter concedido às

licenças, pois os danos são grandes e irreversíveis tanto para o ecossistema

como para as populações que vivem no local e serão descritas na sequencia.

Page 8: Trabalho Final Belo Monte

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1. Usina

Belo Monte será a terceira maior Usina Hidroelétrica do Mundo, além de

ser sem sombra de dúvidas uma das mais controvérsias. A responsabilidade

de sua construção é da empresa Norte Energia S.A, que deve iniciar a

produção de energia até fevereiro de 2015 e concluir a obra até janeiro de

2019. Na realidade a empresa trabalha com a possibilidade de antecipar a

montagem das turbinas principais, de modo que todas iniciem a operação

antes do prazo contratual, o que poderá trazer muitos ganhos para o

empreendedor.

A construção da Usina ocorre durante 24 horas por dia, em junho de

2014 a obra completara 3 anos e a mesma possui um custo total de

aproximadamente R$30 Bilhões. No seu clímax Belo Monte chegou a ter 25 Mil

trabalhadores dentre eles apenas 13% eram homens.

Trabalhar na construção é considerado por muitos algo muito atrativo, o

que acarretou a mudança de diversos operários de outras regiões para o Pará,

mas o primeiro impacto sentido por todos é baixa renda mensal. Se

compararmos o salário pago nas construções de outras usinas com o de Belo

Monte, a diferença chega a ser maior que 30%, sendo um dos motivos que

pode explicar a media de 170 pedidos de demissão por mês. Outro fator

impactante é o teto de 10 horas extras semanais negociados entre o CCBM

(Consorcio Construtor de Belo Monte) e o Sintrapav (Sindicato dos

Trabalhadores da Indústria da Construção Pesada do Pará), impedindo que o

trabalhador consiga aumentar de forma significativa sua renda através das

horas extras.

Mais da metade dos trabalhadores vivem em alojamentos dos canteiros

de obras, sendo esse um ponto positivo, aonde 89% dos trabalhadores

aprovam as condições de conforto; 84% aprovam a limpeza e 50% aprovam a

alimentação. Mas devido a falta de sinal de telefones celulares, os operários se

distanciam ainda mais de seus familiares, sendo outro fator desanimador. Mas

Page 9: Trabalho Final Belo Monte

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a insatisfação dos trabalhadores não pode ser considerados como o único

motivo que pode atrasar a construção, podem ser adicionados na lista os

protestos indígenas, problemas com licenças e paralisações determinadas pela

Justiça; pontos que serão discutidos no decorrer do trabalho.

No contrato assinado com a União, a multa em caso de atraso no prazo

de entrega pode chegar a 2% do faturamento anual e cada turbina parada pode

chegar a um custo diário de até R$ 1 Milhão, esse custo adicional é devido a

energia que a empresa terá que comprar para suprir o que não conseguiu

produzir. Custo que acabaria sendo retransmitido para o contribuinte, mesmo

sendo planejada como um empreendimento privado, Belo monte na verdade é

estatal.

Quando a Norte Energia ganhou o leilão para a construção da usina, o

grupo de investidores era basicamente formado por empresas de energia e

construção civil, dentre elas estavam Bertin, Queiroz, Galvão, J. Malucelli,

Centeco, Galvão Engenharia; e as estatais eram lideradas pela Companhia

Hidrelétrica do São Francisco (Chesf). No decorrer do projeto sua composição

se tornou uma parceria entre as estatais e fundos de pensão, que contratou

para tocar a obra civil boa parte das empreiteiras perdedoras do leilão, agora

reunidas no CCBM.

Em toda sua extensão Belo Monte apresentará estruturas grandiosas, a

água poderá alcançar uma profundidade de 22m, o canal terá 20km de

extensão e em alguns pontos a largura poderá ultrapassar 300m. O principal

trecho de geração possuirá 18 turbinas de 5m de altura e 8,5 m de diâmetro, 6

delas já estão sendo produzidas pela Alstom. Empresa envolvida em diversos

escândalos que possui um contrato de R$ 1,3 Bilhão em fornecimento de

turbinas para a usina.

Um grande desafio de todo o processo de construção é a dificuldade

logística, as rodovias são precárias, a Transamazônica ainda possui trechos

não asfaltados em aproximadamente 900km, sendo esse o caminho que

separa Altamira da capital Belém. Durante as chuvas não possível transitar,

motivo pela qual obrigou a construção de 270km de acessos da

Transamazônica até o canteiro de obras, reduzindo para aproximadamente

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20% o tempo de deslocamento do sítio Pimentel até a Transamazônica.

Mesmo com algumas melhorias os problemas de logística continuam gerando

um alto custo dos transportes, em torno de 8% do custo total da Usina, o diretor

administrativo da CCBM diz que: “Se tivéssemos a Transamazônica asfaltada,

teríamos uma economia de R$ 200 milhões, dos R$ 800 milhões já gastos com

transporte”.

O gasto excessivo com transporte pode ser levemente equilibrado com a

economia de concreto, após diversos estudos a material foi substituído pelas

rochas de migmatito, que são abundantes na região. Chegando a uma

economia de até R$ 200 milhões e reduzir em 11 meses o término do canal

principal.

Como qualquer empresa que disputa a concessão de uma usina, a Norte

Energia visa a lucratividade futura, com a venda de energia para o sistema

nacional. Durante o processo de concorrência o governo estipulou uma tarifa

de R$ 83,00 por mega watt-hora, sendo um valor que pagaria todo o

investimento na construção e geraria lucro. A empresa que apresenta-se o

menor valor seria a responsável pela usina, a Norte Energia venceu a

concorrência apresentando um valor de R$ 78,00, mas seus custos de

produção estavam 30% a mais do que o previsto pelo governo. Além das

informações estarem em desacordo uma decisão da Eletrobras gera diversas

suspeitas, a Chesf uma das empresas que estão sob o seu controle firmou um

acordo com a Norte Energia para comprar a energia excedente que a Usina

puder vender para o mercado, sendo o valor de R$ 130,00 por mega watt-hora,

aproximadamente 40% acima do preço de outras Usinas.

As negociações entre a Eletrobras e a Norte Energia convenceram o

BNDES a aprovar um empréstimo subsidiado de R$ 22,5 Bilhões. Mesmo com

a verba a Norte Energia depende do Ibama para a liberação do projeto, órgão

que definiu que para a aprovação o rio Xingu terá que ter uma vazão mínima

nas cheias, com o intuito de manter a boa saúde dos ecossistemas na volta

grande, abaixo da barragem de Pimental.

A alteração no ambiente será de alto impacto, mas Belo Monte possui

uma característica que foi fundamental para a continuação do projeto, ela

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poderá gerar uma grande quantidade de energia em períodos do ano em que

outras usinas hidroelétricas trabalham com um baixo rendimento. Essa ira

reduzir a produção de energia em usinas termoelétricas, podendo gerar uma

economia de até R$12 Bilhões.

Fazendo um paralelo entre a obra “Artefatos Têm Política” de Langdon

Winner e os acontecimentos de Belo Monte, fica claro que a usina pode ser

julgada por sua eficiência e produtividade, não deixando de lado os efeitos que

podem ser causados ao ambiente e acaba sempre sendo controlada pela

autoridade e o poder politico e empresarial.

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2. PUPULAÇÃO DA VOLTA GRANDE DO XINGU.

A região da volta grande do Xingu é composta por vários grupos indígena,

porém duas se destacaram, quando fizeram de reféns engenheiros que

trabalham na usina de Belo Monte, os Jurunas e os Araras.

Há também a população ribeirinha que migrou para a região, principalmente

do nordeste, nos ciclos da borracha, que foram dois, o primeiro ciclo durou 30

anos de 1880 a 1910 e o segundo ciclo que ocorreu durante a Era Vargas e

acaba com o fim da segunda guerra mundial. Depois do auge da extração as

pessoas que trabalhavam com a extração da borracha sem poder retornar para

sua terra natal ou migrar para outro lugar ficam no local e formam os povos

chamados hoje de ribeirinhos.

Os índios Araras eram tidos como um povo guerreiro porém muito sociável,

mas hoje em dia tem perdido suas virtudes guerreiras, por causa do contato

com a cultura ocidental. Os Araras são originários do Xingu e já foram

considerados extintos nos anos quarenta, mas nos anos 70 com a construção

da Transamazônica foram redescobertos na região da Volta Grande do Xingu.

Os índios Jurunas foram levados à região de Volta Grande do Xingu por

Jesuítas durante o século XVIII, logo depois os Jesuítas forem expulsos do

país pelo Marques de pombal e os índios se distribuíram pela região. Hoje

muitos dos índios vivem na cidade de Altamira e não nas reservas indígenas.

2.1. População Ribeirinha

A construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, causou impacto sobre

11 municípios na região da Volta Grande do Xingu, mas o município de

Altamira é o mais afetado. Desde o ano de 2009, Altamira atrai atenções por

ser a cidade mais próxima da Usina Hidrelétrica de Belo Monte.

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O empreendimento de Belo Monte fez com que a população de Altamira

salta-se de 100 mil habitantes, segundo o Censo de 2010, para mais de 140 mil

habitantes. Esse aumento populacional gerou grandes transtornos para a

cidade que não tinha a infraestrutura apropriada.

A empresa Norte Energia S.A. responsável pela construção de Belo

Monte, para obter a licença de operação da usina estabeleceu junto ao governo

que cumpriria dezenas de ações de cunho social e ambiental, um investimento

de R$ 5 bilhões na infraestrutura das cidades e municípios da região. Já no ano

de 2013, muitas das obras estão atrasadas, e os serviços públicos saturados.

O único hospital da cidade, que já atendia os 100 mil habitantes, passou a

atender também os novos moradores.

O município de Altamira ainda não dispõe de acessos pavimentados,

pois a única rodovia utilizada para chegar ao município é a Rodovia

Transamazônica (BR-230), que teve seu processo de pavimentação

interrompido na década passada, o que deixa o município por um longo

período incomunicável por malha rodoviária, causada pelas chuvas fortes,

corroborando com o pouco desenvolvimento industrial.

Dentre os problemas que assolam a população, está o trânsito caótico,

causado pelo aumento dos veículos automotores, que antes de 2010 eram 10

mil veículos e que passaram a ser 40 mil em 2013, destes 68% são

motocicletas, muitas das quais são dirigidas por motoristas sem carteira de

habilitação. Antigamente havia quatro óbitos por ano, mas que hoje são em

media quatro óbitos por mês. O fato das pessoas estarem dirigindo sem

habilitação, demonstra que essas pessoas estão cometendo um desvio e não

um crime.

Desvio é como uma não-conformidade com determinado conjunto de

normas que são aceitas por um número significativo de pessoas em uma

comunidade ou sociedade.(Anthony Guiddens)

Altamira nunca teve uma rede de coleta de esgoto adequada. A

distribuição da água atende no máximo 40% das casas. Mais de dois anos

depois de iniciadas as obras de saneamento básico ainda estão longe de

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serem finalizadas. As estações elevatórias e as de tratamento de esgoto ainda

estão sendo construídas.

Outro problema é o aumento da violência, com relatos de bebedeiras,

brigas de bar e assassinatos. Nesses casos fica caracterizado o crime e não

apenas um desvio.

O município registrou do ano de 2010 para cá, um aumento na

criminalidade. Furtos e roubos aumentaram numa proporção de 30% a 40%,

com quadrilhas que vieram de outros estados. Em 2011, a polícia prendeu 22

traficantes, ano que foram iniciadas as obras de Belo Monte, já nos cinco

primeiros meses de 2013 foram presos 104 traficantes, a maioria por porte de

crack.

O custo de vida aumentou, com os imoveis puxando a fila, uma casa de

80 m² no centro da cidade, que antes valia R$ 200 mil, hoje não sai por menos

de R$ 400 mil. O preço dos alimentos também aumentou, o que custava um

real na feira, hoje custa três reais.

A Norte Energia precisou adquirir cerca de 1100 propriedades na área

rural, algumas dessas propriedades serão alagadas quando a usina estiver

pronta, e outras fazem parte das áreas onde estão localizados os canteiros de

obra. Os moradores dessas propriedades foram retirados e indenizados.

Um desses moradores indenizados contou ao jornal Folha de São Paulo,

em entrevista, que viveu quase a vida toda na Volta Grande do Xingu, ele tinha

um sítio que dava para o rio no local onde circulam hoje caminhões e tratores

do canal em construção, recebeu R$ 700 mil pela terra, comprou uma casa

para os filhos em Altamira e um terreno em Medicilândia, a cerca de 80 km² do

Xingu. Ele vendia arroz, farinha, feijão, e estava acostumado a viver na beira

do rio e tinha pouca vontade de sair, mas não teve jeito, conta. Essa mudança

de vida repentina prejudicou essas pessoas que estavam acostumadas a uma

vida simples, em seus sítios, pescando, plantando, caçando. E que a partir de

agora terão que se acostumar a rotina agitada da cidade, barulho, volume

grande de pessoas, violência, tudo o que não havia em suas casas a beira do

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rio Xingu. Cerca de 2000 famílias que viviam da pesca e agricultura foram

atingidas, tendo que mudar suas vidas.

2.2. Consequências às reservas indígenas

As tribos indígenas que vivem na região do Volta Grande do Xingu

também protestam por não terem sido ouvidas pelo governo, que por meio de

artifícios, como o de reduzir a área alagada, conseguiu que o projeto fosse

liberado. Já que reduzindo a área alagada que passou de 1200 km2 para 516

km2 as reservas indígenas não seriam afetadas diretamente, por outro lado

estudos mostram que isso pode ocorrer e que os estudos do governo não

foram claros e com essa mudança os grupos indígenas podem sofrer com as

mudanças causadas com o empreendimento.

As reservas indígenas fazem com que o projeto da Hidroelétrica seja

criticado, por grupos políticos nacionais e entidades internacionais, pois gera

violações legislativas, constitucionais e tratados internacionais, como as Oitivas

Indígenas, que é obrigatória segundo a legislação brasileira. Mas governo

garante que as reservas indígenas e o meio ambiente, depois da reformulação

do projeto que torna a usina uma tipo de usina chamado de fio d’água, não irão

sofrer impactos ambientais e essas áreas ficarão intocadas o único problema é

a redução do nível de do rio na volta grande que é na parte abaixo da

barragem Pimental.

Mesmo negando essas possíveis interferências na construção da

barragem, há projetos de compensação social do governo para os indígenas

que vivem nas reservas da volta grande, uma vez que a barragem pode vir a

interferir de forma significativa na pesca, na obtenção de água para irrigação

da roça e de forma geral. Mas não serão os problemas relacionados à vazão

de água os únicos já que houve um aumento da população na Volta do Xingu e

as politicas públicas não foram bem elaboradas como se tem observado na

região que foi invadida como descrito anteriormente.

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Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, de 6 de dezembro de

2009, o ex-coordenador geral de Infraestrutura de Energia Elétrica do Instituto

Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA),

Leozildo Tabajara da Silva Benjamin, afirmou que pediu demissão após uma

reunião em que o ministro “tentou ensinar” os analistas ambientais do instituto

a fazer licenciamento. Além dele, o diretor de Licenciamento, Sebastião

Custódio Pires, também pediu demissão. (HERNÁNDEZ e MAGALHÃES,

2011)

Os órgãos de controle como o IBAMA, segundo denuncia dos

ambientalistas contrários a construção de Belo Monte, não foi capaz de resistir

à pressão do governo, que para tentar acalmar a população indígena local

destina a FUNAI dinheiro para os programas sociais destinados aos indígenas.

Contudo essa compensação deve ser usada para manter o padrão de

vida dos índios, mas não existe ao que parece no plano da construção medidas

que possam fazer com que eles gradualmente deixem de necessitar dele, pois

o desenvolvimento que a usina vai levar aos indígenas uma nova cultura social

e se estes índios ficarem refém dessa nova forma de sociedade as

comunidades indígenas podem sofrer quando a compensação social for

retirada.

Além do mais, como na passagem para a Revolução Industrial, as

reservas indígenas poderão sofrer problemas com o ambiente que pode ser de

maneira direta como a questão do fio de água que passa pelas reservas da

volta grande e de formas indiretas como a maior interação que passa a ocorrer

com os povos indígenas que com a compensação passa a ter carros e comprar

comida industrializadas.

O maior obstáculo da ciência responsável é, uma vez mais, o modo

como no panorama atual as grandes corporações escaparam do controle de

órgãos reguladores e de grupos de pressão da sociedade civil. (SEVCENKO,

2009)

Essas palavras nos levam a pensar sobre a situação e sobre se a obra

da Usina Hidroelétrica de Belo Monte é a melhor solução para solucionar os

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problemas de abastecimento da população em relação ao detrimento do

ambiente e possível modificação de uma cultura quase em extinção.

Page 18: Trabalho Final Belo Monte

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CRITICA

O Brasil que é um país com dimensões continentais, possui um deficit no

setor de geração de energia elétrica. Belo Monte será construída para

juntamente com outras usinas espalhadas pelos Estados, fornecer a energia

necessária para levar o país rumo ao desenvolvimento.

Um país que quer crescer e se desenvolver, como é o caso do Brasil,

tem que investir em infraestrutura e geração de energia. Energia necessária

para o funcionamento de máquinas utilizadas nas indústrias para geração de

bens e produtos, em laboratórios de pesquisas, em escolas, hospitais, etc.

A construção da hidrelétrica pode ser uma excelente fonte de geração

de eletricidade, mas temos que levar em conta o impacto social e ambiental por

trás dessa obra. Belo Monte trará para região da Volta Grande, no Pará, e

cidades vizinhas, uma transformação na paisagem, no meio ambiente e na vida

dos ribeirinhos, estes que vivem e retiram seu sustento a partir do rio, captando

água para suas plantações, dando água para o gado beber, pescando e até se

divertindo as margens desse rio. Desmatar a floreta, retirar o habitat de várias

espécies de animais e até das pessoas será um impacto que no momento não

pode ser calculado, mas que deixará marcas na região.

Além de que como, ao que parece, todo governo tem que pensar em

medidas populistas em relação à reeleição, fica claro que as minorias terão

suas vontades suprimidas em comparação com a vontade da maioria. Com o

estudo do assunto pode se observar que a questão não é só simplesmente

beneficiar a população e por que não a humanidade, preservando o

ecossistema. Ela é descaradamente um objeto politico que tem de um lado a

oposição que evidencia os danos causados e criticar o governo, já do outro

lado o governo que busca não afetar diretamente a maioria para não perder

pontos percentuais em voto.

Page 19: Trabalho Final Belo Monte

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CONCLUSÃO

As questões referentes aos indígenas podem ser explicadas pelas

teorias de Wiebe Bijker que acredita que os grupos sociais relevantes, no caso

representado pelo governo do Brasil, está impondo aos indígenas, que ao

reclamar não recebem a merecida atenção, em parte pela guerra travada e

falta de dialogo entre o governo, que busca pela tecnologia nacional dar uma

condição de vida a população em geral, e os ambientalistas, que acreditam que

não é necessário a produção de mais energia em degradação a natureza.

Porém fica a dúvida até que ponto o povo realmente deseja essas

melhorias tecnológicas em detrimento a natureza ou essa é apenas uma

vontade política ligada a elevados lucros que essa obra em potencial pode

gerar. Não devemos esquecer que não há informações sobre as reais

intenções desses ambientalistas, artistas e grupos políticos de oposição, serão

motivados unicamente pelo sentimento de proteção ao meio ambiente ou

grupos indígenas que ali vivem.

“O desenvolvimento dessa indústria, feito sem controle social, tem se

tornado um obstáculo à ação comunicativa das pessoas entre si". (Benjamim,

1998).

Com as palavras citadas acima podemos fechar com a certeza que os

ribeirinhos e os indígenas podem até ser um das opções do povo brasileiro,

mas a manipulação midiática é tanta que não o povo não tem como escolher

um lado com total convicção e que as reais consequências serão observadas

com o tempo.

Page 20: Trabalho Final Belo Monte

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