trabalho de parasito

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Introdução Os parasitos desempenham funções-chave nos ecossistemas, regulando a abundância ou densidade de populações de hospedeiros, que estabilizam as cadeias alimentares e que estruturam as comunidades de animais, assim, os parasitos, nos últimos anos, têm sido reconhecido como importante componente da biodiversidade global (POULIN; MORAND, 2004). De acordo com Anônimo (2000), um dos principais passos para a conservação da biodiversidade é a utilização de inventários sistemáticos, que permitirá o conhecimento das espécies presentes em determinada região. Peixes em seu ambiente natural pode apresentar alta diversidade de parasitas com potencial patogênico, embora os sinais clínicos evidentes raramente são mostrados (BACHMANN et al., 2012). Isso enfatiza a importância de estudos sobre a taxonomia e ocorrências desses parasitas em seus organismos hospedeiros.

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Introduo

Os parasitos desempenham funes-chave nos ecossistemas, regulando a abundncia ou densidade de populaes de hospedeiros, que estabilizam as cadeias alimentares e que estruturam as comunidades de animais, assim, os parasitos, nos ltimos anos, tm sido reconhecido como importante componente da biodiversidade global (POULIN; MORAND, 2004). De acordo com Annimo (2000), um dos principais passos para a conservao da biodiversidade a utilizao de inventrios sistemticos, que permitir o conhecimento das espcies presentes em determinada regio.Peixes em seu ambiente natural pode apresentar alta diversidade de parasitas com potencial patognico, embora os sinais clnicos evidentes raramente so mostrados (BACHMANN et al., 2012). Isso enfatiza a importncia de estudos sobre a taxonomia e ocorrncias desses parasitas em seus organismos hospedeiros.

BREVE HISTRICO

Em uma esfera global, o conhecimento sobre larvas de trematdeos iniciou-se apenas no sculo XVIII. Primeiramente, com o holands Jan Swammerdam, que verificou, ao dissecar um espcime de molusco, a presena de organismos cujas descries e ilustraes demonstraram tratar-se de cercrias; depois, com o naturalista dinamarqus Otto Friedrich Mller ao encontrar larvas em amostras de gua que, naquela poca, foram consideradas organismos de vida livre descritos como um novo gnero: Cercaria (3, 12). A associao entre cercrias e moluscos foi verificada anos mais tarde, assim como o conhecimento de outros estgios de desenvolvimento de trematdeos (rdias, esporocistos, metacercrias e miracdios). Contudo, o conhecimento de que as cercrias so estgios larvares de trematdeos adultos concretizou-se apenas com a descrio do princpio da alternncia de gerao por Steenstrup, em 1882, o que estimulou a elucidao de ciclos biolgicos, incluindo o da Fasciola hepatica Linnaeus, 1758, que foi um marco para o conhecimento da biologia destes parasitos (3, 12). Desde ento, centenas de espcies de cercrias foram descritas e estudos experimentais foram realizados ao longo do sculo XX, visando associao entre uma determinada cercria e o parasito adulto correspondente.No Brasil, o estudo de larvas de trematdeos teve incio com a descrio da Cercaria blanchardi, forma larvar do S. mansoni. Desde ento, uma diversidade de cercrias foi relatada no Brasil. Nas primeiras dcadas do sculo XX, exclusivamente por Adolpho Lutz e, posteriormente, por vrios pesquisadores brasileiros e estrangeiros. Mais de uma centena de trabalhos cientficos foram publicados no pas, nos quais foi registrada a participao de moluscos na transmisso de trematdeos. Apenas em uma pequena frao destes a larva encontrada foi associada ao respectivo parasito adulto, de modo que a maior parte destes parasitos registrados em hospedeiros vertebrados no Brasil no possui ainda seu ciclo biolgico conhecido (38). Fica, assim, evidenciada a necessidade de estudos adicionais sobre a interao parasito-hospedeiro, os ciclos biolgicos, a taxonomia e a ecologia destes parasitos no pas.Rev Patol Trop Vol. 42 (4): 369-386. out.-dez. 2013

Desenvolvimento

O padro que envolve trs eventos de transmisso e, conseqentemente, trs hospedeiros, o mais freqente. No hospedeiro definitivo, na maioria das vezes um vertebrado, o parasito alcana a maturidade sexual, realizando a reproduo sexuada que resulta na produo de ovos que j contm ou ainda daro origem a formas larvares denominadas miracdios. Os hospedeiros intermedirios, principalmente moluscos gastrpodes, tanto aquticos quanto terrestres, infectam-se ativamente pela penetrao do miracdio ou passivamente pela ingesto de ovos larvados, iniciando a fase de reproduo assexuada. Esta ocorre com a formao de esporocistos e/ou rdias e resulta na produo de cercrias por um processo de poliembrionia (13, 47). As cercrias so, em sua maioria, organismos de vida livre que emergem dos moluscos geralmente em grande nmero. So verificadas, na maioria das vezes, em ambientes aquticos, sendo parte do zooplncton. Como no se alimentam, dependem de uma reserva de glicognio e, consequentemente, o tempo de vida para a maioria das espcies varia de poucas horas a alguns dias. Interessantes adaptaes biolgicas ocorreram visando maximizar a possibilidade de encontro das cercarias com o prximo hospedeiro. Entre estas, destacam-se: a produo de grande nmero de larvas; a liberao sincronizada em perodos de maior possibilidade de encontro com o hospedeiro, acompanhada de respostas a estmulos ambientais, fsicos (luz, temperatura, gravidade) e qumicos associados presena deste e, ainda, o desenvolvimento de caractersticas morfolgicas e comportamentais visando sua atrao (10, 20, 33, 47). A maioria dos trematdeos necessita de um segundo hospedeiro intermedirio, podendo ser aneldeos, anfbios, artrpodes, equinodermas, moluscos, peixes, dentre outros. Nestes hospedeiros so formadas as metacercrias, formas infectantes que so transmitidas aos hospedeiros definitivos (anfbios, aves, mamferos, peixes e rpteis) por ingesto do segundo hospedeiro intermedirio. Embora este padro que envolve relaes trficas seja o mais comum, outros mecanismos de transmisso so verificados, como a excluso do segundo hospedeiro intermedirio, em que as cercrias penetram ativamente na pele do hospedeiro definitivo (por exemplo, S. mansoni), e a formao de metacercrias em substrato slido ou na pelcula dgua (por exemplo,F. hepatica) (13). As cercrias apresentam, em linhas gerais, corpo ovalado ou alongado e cauda simples ou bifurcada. A maioria das larvas possui duas ventosas cuja disposio depende do tipo cercariano. O sistema digestrio composto por boca, pr-faringe, faringe (ausente em Schistosomatidae) e esfago, que se bifurca em cecos que podem ser curtos ou longos e terminam em fundo cego. Glndulas de penetrao com canalculos direcionados para a extremidade anterior so encontradas em vrias espcies. rgos sensoriais como par de ocelos (pigmentados ou no), pelos sensitivos e espinhos podem estar presentes. O corpo pode apresentar estruturas acessrias como colar de espinhos, estilete ou membrana dorsal. Clulas cistognicas so encontradas nas espcies que se encistam. O primrdio genital localiza-se geralmente na poro posterior do corpo. As larvas de cauda bifurcada so subdivididas em dois grupos: brevifurcadas, cujas furcas so menores que a metade do tronco caudal, e longifurcadas com furcas maiores que a metade do tronco caudal. As furcas podem apresentar ou no membranas natatrias. O sistema excretor composto por vescula excretora localizada na poro posterior do corpo, podendo ser simples ou epitelial e com formatos distintos (oval, em forma de V, Y, ou I). Desta, partem de ambos os lados canais excretores que percorrem o corpo e terminam em clulas-flamas, as unidades funcionais do sistema excretor, cujo nmero e disposio so importantes para a identificao especfica. Algumas espcies apresentam concrees circulares no interior dos canais excretores principais. A maior parte possui ainda canal excretor na cauda que termina em poro excretor. Algumas das estruturas gerais verificadas normalmente em larvas de trematdeos podem ser visualizadas na Figura 1.

Figura 1.Algumas caractersticas morfolgicas gerais avaliadas no estudo de larvas de trematdeos.Abreviaturas: (Ce) cecos, (Cce) colar ceflico com espinhos, (Cc) concrees circulares, (Es) esfago, (Est) estilete, (Fa) faringe, (Gc) glndulas cistognicas, (Gp) glndulas de penetrao, (Oa) rgo anterior, (Oc) ocelos, (Pg) primrdio genital, (Pf) pr-faringe, (Ve) vescula excretora, (Vo) ventosa oral, (Vv) ventosa ventral. Coloraes empregadas: (A, E) sulfato azul do Nilo, (B) vermelho neutro, (C) soluo de Lugol, (D) carmim acetoalmen.Escalas: 50 m.

Do ponto de vista taxonmico, as larvas de trematdeos so organizadas em tipos morfolgicos, sistema inicialmente proposto por Lhe (1909) (28) que foi, posteriormente, modificado e complementado por vrios outros autores. Este sistema, considerado artificial, baseado em caracteres morfolgicos bsicos. Alguns dos tipos cercarianos comumente verificados em moluscos no Brasil podem ser visualizados na Figura 2.

Figura 2.Alguns tipos cercarianos verificados em moluscos no Brasil. (A) Gimnocfala (cercria de Fasciola hepatica), (B) Anfistoma, (C) Equinostoma, (D) Magnacauda, (E) Megalura (Philophthalmus gralli), (F) Monostoma, (G, H) Pleurolofocerca, (I) Xifidiocercria, (J) Distoma brevifurcada afaringeada (cercria de Schistosoma mansoni), (K) Distoma brevifurcada faringeada (Clinostomumsp.), (L) Distoma brevifurcada faringeada (Spirorchiidae), (M) Distoma longifurcada faringeada (Estrigeocercria), (N) Distoma longifurcada faringeada com tronco caudal largo (Apharyngostrigea sp.). Escalas: 50 m.

Rev Patol Trop Vol. 42 (4): 369-386. out.-dez. 2013

Quais so os problemas que os diplostomdeos causam aos peixes?As cercrias dos diplostomdeos (formas infestantes do parasito) penetram no corpo dos peixes atravs da pele e da mucosa bucal, e precisam, obrigatoriamente, se instalar nos olhos ou sistema nervoso/crebro dos peixes. Estes locais so os nicos locais do corpo onde elas conseguem sobreviver, pois no h uma reao imune contra os parasitos e existem nutrientes adequados para que as cercrias se desenvolvam em metacercrias, que a forma do verme visvel a olho nu. Instaladas nos olhos, as metacercrias dos diplostomdeos causam cataratas (opacidade da crnea) e comprometem a viso dos peixes. Um estudo com truta arco-ris que indica a infestao por 4 a 5 metacercrias nos olhos suficiente para reduzir em 10% a capacidade visual dos peixes. Infestaes mais pesadas podem levar a uma cegueira definitiva do hospedeiro. A perda da viso prejudica o crescimento e resulta em perda de peso, debilitando os peixes. Com a viso comprometida, os peixes tendem a se posicionar mais superfcie e em reas mais rasas, onde h mais luz. Nesses locais ficam bastante susceptveis predao por aves e outros animais. Os peixes sobreviventes geralmente ficam muito fracos e com o sistema imunolgico comprometido, sendo facilmente acometidos por infeces secundrias causadas por bactrias e fungos. H vrios indcios de que a presena dos parasitos nos olhos e crebro dos peixes altera o comportamento natural dos peixes, deixando-os mais susceptveis predao por pssaros, que so os hospedeiros definitivos dos diplostomdeos.Quais os sinais clnicos observadosnos peixes infectados?As metacercrias nos olhos dos peixes esto em ativo movimento e podem ser vistas a olho nu. Os peixes infestados desenvolvem cataratas (as lentes dos olhos ficam opacas) e tm dificuldade de encontrar o alimento (peletes). Com a viso, crebro e sistema nervoso comprometidos, os peixes geralmente ficam com o corpo escurecido e nadam com o corpo inclinado. Sem se alimentar, os animais perdem peso, ficam fracos e letrgicos. Podem surgir deformidades na coluna e mortalidade crnica nos animais mais infestados. Ao penetrarem ativamente nos peixes, as cercrias rompem a pele, facilitando a entrada de bactrias e outros patgenos. Em casos com trutas, uma grande quantidade de cercrias penetrando nos peixes foi capaz, por si s, de causar mortalidade nestes animais.Peixes de um mesmo lote acabam sendo mais afetados que outros, como observamos em algumas pisciculturas. Peixes severamente afetados, como o tambaqui da Figura 3, que tm a presena de centenas de parasitos nos olhos, tinham peso mdio inferior a 1,0 kg, enquanto que o restante dos tambaquis no mesmo viveiro j passava dos 3 kg. No sabemos ao certo o motivo desse diferente grau de infestao em peixes no mesmo viveiro, mas possvel que existam diferenas entre os indivduos na resistncia infeco por diplostomdeos. No campo, temos verificado que a presena de poucos parasitos (menos que 4 a 5 metacercrias nos olhos) no tem afetado significativamente o crescimento destes animais.

Figura 3 a) tambaqui com olho severamente infestado por metacercrias de diplostomdeo (verme dos olhos); b) uma metacercrias vista ao microscpio. c) pintado da Amaznia com algumas metacercrias nos olhos

O ciclo de vida do verme e a infestao dos peixesO verme do olho tem um ciclo de vida relativamente complexo, passando por trs hospedeiros. Os hospedeiros intermedirios so um caramujo e um peixe. Uma ave que se alimenta de peixes serve como hospedeiro definitivo do diplostomdeo (Figura 4).

Figura 4 Ilustrao do ciclo de vida do verme dos olhos

Uma ave infestada com os vermes adultos (vermes sexualmente maduros) em seu intestino defeca nos tanques e audes onde os peixes so criados. Os ovos dos vermes esto presentes nas fezes e so liberados na gua. Dos ovos eclodem larvas chamadas miracdios. Os miracdios procuram um hospedeiro intermedirio, nesse caso geralmente um caramujo. Uma vez dentro do caramujo os miracdios se desenvolvem em esporocistos-mes. Os esporocistos-mes ficam maduros e se transformam em cercrias. As cercrias so as formas infestantes do verme e, quando deixam o corpo dos caramujos, precisam encontrar rapidamente um peixe para se alojarem. As cercrias penetram ativamente atravs da pele e mucosa bucal dos peixes. Na pele e nas mucosas as cercrias sofrem o ataque de clulas de defesa do peixe (sistema imunolgico). Por isso precisam migrar rapidamente para os olhos (atravs do nervo tico ou da circulao sangunea), onde encontraro condies mais propcias para se desenvolverem em metacercrias, causando cataratas e cegueira nos peixes. Nos olhos no h uma reao imune contra o parasito e existem nutrientes adequados para que as cercrias se desenvolvam em metacercrias (a forma do verme presente nos olhos e visvel a olho nu). Portanto, o olho um dos nicos locais do corpo do peixe onde o verme consegue se desenvolver. As metacercrias tambm podem se alojar em algumas partes do crebro dos peixes e na poro anterior da coluna vertebral (espinha dorsal) onde, acredita-se, elas poderiam prejudicar a natao e as reaes dos peixes para evitar predadores. Com isso, os peixes ficariam mais susceptveis predao por aves, por exemplo, favorecendo a propagao do prprio verme. Quando uma ave come um peixe infestado com o verme, as enzimas digestivas da ave rompem a cpsula que encerra as metacercrias. As metacercrias que escapam da ao de cidos e enzimas no estmago, se alojam no intestino, onde se desenvolvem em vermes adultos e produzem ovos, que sero excretados nas fezes das aves, fechando o ciclo de vida do parasito.

Quem so os hospedeiros intermedirios e definitivos no caso dos diplostomdeos?Diversos caramujos da famlia Lymnaeidae (gnero Lymnaea ou Radix) foram relacionados como hospedeiros intermedirios de trematdeos parasitos (helmintos) da famlia Diplostomidae (Figura 3). O controle de caramujos uma prtica fundamental para minimizar problemas com o verme dos olhos nas pisciculturas.Diversas aves que comem peixes (aves piscvoras) podem servir como hospedeiro final para os trematdeos digenticos. Entre elas destacamos as gaivotas marinhas, os bigus (mergulho ou pato preto), as garas brancas, a grande gara azul (great blue heron), pelicanos (pelicano americano branco), o soc (ou savacu), o martim-pescador, etc. Todas essas aves servem como hospedeiro final para diversas espcies de trematdeos digenticos, inclusive diversas espcies de diplostomdeos. No caso particular do verme dos olhos encontrado nos tambaquis em Rondnia, ainda no possvel afirmar com exatido quais so as aves piscvoras que realmente servem como hospedeiro final ao parasito.

Figura 3 Nas trs fotos menores (extradas da WEB) esto as conchas de caramujos do gnero Lymnaea (Radix), hospedeiros intermedirios do Diplostomum. 1)Lymnaea ovata ou Lymnaea peregra (Radix balthica); 2) Lymnaea auriculata (Radix auriculata); 3) Lymnaea natalensis. Na foto maior conchas de algumas espcies de caramujos de gua doce identificados na rea de um pesqueiro em Itapecerica da Serra SP (adaptado de publicao disponvel na WEB de autoria de Mota et al. 2012). A: Physa marmorata; B:Lymnaea columela; C: Biomphalaria straminea; D:Melanoidestuberculatus; E: Pomacea lineata; F:Anodontites trapesialisQuais fatores favorecem e intensificama infestao dos peixes?O nmero de cercrias no corpo de um peixe aumenta com o aumento na densidade e na quantidade de cercrias presentes na gua. Isso est relacionado tanto quantidade e frequncia de visitas de aves, quanto ao tamanho da populao de caramujos nos tanques e audes. A concentrao de cercrias na gua tambm pode aumentar nos perodos de estiagem, quando o volume de gua nos audes de muitas pisciculturas fica reduzido. Em trutas foi verificada uma taxa mdia de infeco de 3 a 4 cercrias por peixe a cada 10 horas. Essa taxa pode ser ainda maior em peixes tropicais como o tambaqui, devido a maior velocidade de desenvolvimento das cercrias com uma temperatura mais elevada na gua. Em resumo, o grau de infestao nos cultivos tende a ser maior em peixes que esto h mais tempo na gua do que em peixes recm-estocados, bem como onde h mais caramujos e mais aves hospedeiras. Juvenis mantidos por muito tempo nos tanques berrios (de recria) podem apresentar uma maior infestao por metacercrias nos olhos, comparado a juvenis que foram rapidamente recriados e transferidos para a etapa de engorda. Assim, um bom procedimento acelerar o ciclo de cultivo, evitando manter estoques de juvenis por muito tempo nos berrios. Isso depende da adoo de boas prticas de manejo (qualidade de gua, nutrio e alimentao, estocagem de nmero adequado de peixes, entre outras) que contribuam com um rpido desenvolvimento dos peixes.

Figura 4 Algumas aves piscvoras encontradas em pisciculturas da Regio Norte do pasQuanto tempo as metacercrias podem sobreviver nos olhos de um peixe?Na hiptese de no haver mais infestaes e o peixe ser mantido no tanque por muitos anos, as cercrias podem acabar morrendo e diminuindo em nmero nos olhos dos peixes. Mas isso s ocorreria com peixes muito velhos, o que no o caso de uma piscicultura de recria e engorda. Em Rondnia acompanhamos casos de alevinos e juvenis de tambaqui que foram estocados com um baixo nvel de infestao e que se mantiveram assim at o momento da despesca. Portanto, uma vez infectado, mesmo na fase de alevinos, o peixe cultivado ser um portador das cercrias nos seus olhos at chegar ao mercado (salvo se for medicado com vermfugo especfico para o verme do olho). importante ressaltar que as metacercrias nos olhos no so capazes de se reproduzir e infestar outros peixes. Para que isto ocorra necessrio que os peixes sejam comidos por um pssaro de maneira a fechar o ciclo de vida do parasitoVias de transmisso de diplostomdeosOs vermes nos olhos (as metacercrias) no podem ser transmitidos de um peixe a outro. Desse modo, a transferncia de peixes infestados com metacercrias no o bastante para a instalao de uma epidemia em uma piscicultura. Apesar disso, sempre vale o esforo de evitar a introduo desse verme atravs de alevinos, juvenis e peixes adultos infectados com metacercrias nos olhos, especialmente em uma piscicultura onde nunca foi relatada a ocorrncia do problema.A infeco de um peixe ocorre atravs da entrada das cercrias na pele ou nas mucosas, seguida da migrao das cercrias para os olhos. Para que isso ocorra, necessrio haver cercrias do verme na gua dos tanques de cultivo. As cercrias tm origem em caramujos presentes nos prprios tanques ou nos canais de abastecimento, servindo como reservatrio de cercrias. Para que esses caramujos estejam infectados, necessrio que aves piscvoras portadoras do verme defequem na gua. Assim, a presena de aves piscvoras e de caramujos dos gneros Radix (Lymnaea) nos tanques de cultivo, ou mesmo nos mananciais que abastecem as pisciculturas, um pr-requisito para a introduo de diplostomdeos nos cultivos. Pisciculturas localizadas prximas a refgios de aves e com muitos caramujos em seus tanques correm mais risco de problemas com diplostomdeos. Caramujos demais indicam um acmulo excessivo de material orgnico na gua. Isso pode estar relacionado a excessivas taxas de alimentao (em funo de elevadas densidades de estocagem de peixes) ou ao uso de alimentos de baixa qualidade. O excesso de vegetao nas margens das unidades de cultivo tambm favorece o desenvolvimento dos caramujos.A gua de abastecimento (proveniente de rios e lagos que abrigam os caramujos e aves que servem de hospedeiros ao Diplostomum) uma importante fonte de infeco. Algumas pisciculturas tambm descartam suas guas em crregos e rios que sevem como fontes de gua para outras pisciculturas jusante. Se a gua de descarte contm cercrias, essas formas infestantes do verme podem chegar a outras propriedades ainda em condies de causar infeco. Portanto, evitar a troca desnecessria de gua nos tanques de cultivo uma boa prtica para reduzir problemas com diplostomdeos nas pisciculturas.A estocagem de alevinos e juvenis infestados com os vermes nos olhos uma das rotas mais provveis de introduo desse diplostomdeo em uma piscicultura. Esses alevinos e juvenis contaminados com metacercrias, se consumidos por aves piscvoras e na presena de caramujos hospedeiros intermedirios, facilitam a instalao do problema no local. Assim, muito importante selecionar bem os fornecedores de alevinos. Deve ser dada preferncia aos produtores que adotam prticas preventivas contra a infeco dos seus alevinos por diplostomdeos e realizam inspees de rotina da presena de metacercrias nos lotes de alevinos, assim como nas matrizes e demais peixes de suas pisciculturas.Outra rota de entrada do verme dos olhos nas pisciculturas a presena de aves piscvoras no local. Aves como as garas, bigus, tuiuis, maguaris e socs se deslocam de uma regio para outra e podem visitar diferentes pisciculturas em curto espao de tempo. Se essas aves so portadoras dos vermes adultos, elas podem introduzir o verme dos olhos em qualquer piscicultura onde venham a defecar e existam caramujos. pouco provvel que equipamentos como as redes, ou mesmo as vestimentas dos trabalhadores, possam carregar quantidades suficientes de cercrias de um tanque a outro (ou de uma propriedade a outra) para causar uma severa infestao. Da mesma forma, pouco provvel que a gua de transporte contenha suficiente quantidade de cercrias para ser considerada um veculo importante na transmisso dos diplostomdeos. As cercrias no conseguem sobreviver por muito tempo aps terem sido liberadas dos caramujos. Uma cercria com mais de 12 horas de vida j perde grande parte da sua capacidade de causar infeco.Manejo integrado para a preveno de infestaes pelo verme dos olhosSabemos que diversas aves piscvoras (entre elas as garas, o maguari, os bigus, os socs, entre outras) e caramujos planorbdeos servem como hospedeiros de diplostomdeos. A nica forma eficaz de prevenir epidemias desse verme a adoo de prticas preventivas de controle e reduo da populao de caramujos, bem como com o intuito de dificultar a visita ou acesso de aves piscvoras aos tanques de cultivo. Outras boas prticas tambm podem contribuir, entre elas:a) o melhor planejamento e qualidade na construo de tanques e audes;b) planejamento eficaz das etapas de recria e engorda, para otimizar o crescimento dos animais e encurtar os ciclos de cultivo;c) eficiente monitoramento e correo da qualidade da gua;d) adequada alimentao e nutrio dos animais com o uso de raes de alta qualidade e de menor impacto poluente nos cultivos;e) outras prticas que podem ajudar a minimizar a intensidade de infeo dos peixes por esse parasito.Todas essas estratgias devem fazer parte de um manejo integrado para a preveno de infestaes por diplostomdeos e, mesmo, de outros tipos de trematdeos digenticos que dependem de aves e caramujos para completar seu ciclo de vida.O controle de caramujos os caramujos se beneficiam da abundncia de material orgnico e do desenvolvimento de plantas aquticas e algas filamentosas nos tanques de piscicultura. A reduo das populaes de caramujos depende da adoo de boas prticas de manejo que minimize o aporte de resduos orgnicos nos tanques, bem como do controle de plantas e algas filamentosas. Sobre o controle de plantas aquticas, consulte o artigo publicado na Panorama da AQICULTURA, Edio 123 (janeiro/fevereiro 2011). Em sntese, os produtores devem eliminar touceiras de plantas que se desenvolvem no meio dos tanques e audes (onde o acesso para o controle de caramujos mais dificultado). Alm disso, devem manter as margens dos tanques relativamente livres de plantas aquticas. Aplicaes de cal ou de sulfato de cobre ao longo das margens podem ajudar a reduzir a populao de caramujos. H outros produtos moluscicidas que tambm podem ser usados em tanques de peixes para o controle de caramujos.Aplicaes de cal nas margens dos tanques e audes a aplicao peridica de uma calda preparada com cal virgem ou com cal hidratada ao longo de todo o permetro dos tanques e audes uma prtica eficaz na reduo da populao de caramujos. Caso o produtor no conte com equipamento para aspergir essa calda ao longo das margens, ele pode aplicar a cal diretamente sobre a gua. A calda ou a cal em p deve ser aplicada cobrindo uma faixa de 1,2 a 1,5 m de largura a partir da margem. Caprichar nos locais onde h maior concentrao de caramujos (reas com plantas e locais onde h acumulo de algas e sobras de alimentos). O ideal aplicar a calda de cal ou a cal em p nas primeiras horas da manh (quando o pH da gua nos tanques geralmente est mais baixo) e em dias sem ventos (sem muitas ondas batendo nas margens). Isso faz com que o produto permanea mais tempo nas margens, na zona de preferncia dos caramujos, agindo sobre esses animais. Em geral necessrio um saco de cal hidratada (25 kg) para cada 30 m linear de margem. Assim, um tanque de 80 m x 125 m = 1 hectare (410 m de margem), demandaria uma aplicao de praticamente 14 sacos de 25 kg de cal hidratada (350 kg). Na opo pela cal virgem, deve se usar cerca de 60 a 70% dessa quantidade. O produtor deve se certificar da qualidade da cal que vai ser comprada. Um teste rpido pode ser feito dissolvendo 2 gramas de cal (mais ou menos metade de uma tampinha de garrafa pet) em um balde com 20 litros de gua com pH entre 5 e 7 (gua de abastecimento, sem fitoplncton, ou mesmo uma gua de torneira). Uma cal hidratada de boa qualidade far o pH da gua passar de 10. Uma boa cal virgem dever fazer o pH da gua no balde exceder a 11. Se o pH da gua no superar 9, a cal fraca e no deve ser comprada.Aplicaes de sulfato de cobre ao logo das margens dos tanques outra estratgia usada no controle de caramujos nas pisciculturas a aplicao peridica de sulfato de cobre ao longo de todo o permetro dos tanques e audes. Sugerimos que esse tratamento no seja empregado em guas com alcalinidade total menor do que 50 mg de CaCO3/litro. O sulfato de cobre aplicado diludo em uma gua acidificada. A soluo cida de sulfato de cobre preparada dissolvendo 2 a 3 kg de sulfato de cobre e 0,6 quilo de cido ctrico em 350 litros de gua. Em soluo cida o sulfato de cobre se torna mais solvel e fica mais tempo disponvel na gua para agir sobre os caramujos. Essa quantidade de soluo deve ser aplicada em uma extenso de 100 m de margem, cobrindo uma faixa de 2 m de largura. Esse o local onde os caramujos mais se concentram. Obviamente que pode haver caramujos espalhados por todo o tanque/aude, de modo que esse tipo de tratamento no capaz de erradicar os caramujos do ambiente. Apenas ajuda a reduzir a populao de moluscos nos tanques.Antes de proceder ao controle de caramujos com o uso da cal ou do sulfato de cobre certifique-se, primeiro, que os caramujos presentes nos tanques podem realmente ser potenciais hospedeiros do verme dos olhos (ver Figura 3). Esses tratamentos devem ser indicados e assistidos por um profissional experiente, pois h uma interao muito intensa entre a qualidade da gua (temperatura e alcalinidade total), tolerncia da espcie de peixe e a toxidez do sulfato de cobre aos peixes, caramujos e fitoplncton. Em tanques e audes com grande quantidade de fitoplncton, plantas submersas e algas filamentosas, o tratamento com sulfato de cobre pode reduzir drasticamente o oxignio dissolvido na gua (pelo bloqueio da fotossntese e morte dessas plantas e algas). Assim, conte sempre com o suporte de um profissional experiente no assunto para definir estratgias integradas e eficazes para efetuar esse controle.Outro moluscicida o Bayluscide, na forma de p molhvel com 70% de niclosamida, um moluscicida (substncia que mata moluscos) usado no controle de caramujos em ambientes aquticos. Esse produto tem sido empregado no Brasil e em diversos pases com reas endmicas de esquistossomose. Serve ao controle da Biomphalaria (caramujo hospedeiro intermedirio do verme que causa a esquistossomose). O Bayluscide foi aprovado pelo FDA nos Estados Unidos para o controle de caramujos na criao de catfish, sendo aplicado na dose 0,5 g/m3 na gua dos tanques de cultivo. O produtor deve acompanhar o declnio e recuperao da populao de caramujos. Isso ajuda a determinar quando deve ser feita uma nova aplicao. Esse produto ainda no foi aprovado pelo Ministrio da Agricultura no Brasil para uso em piscicultura.Controle biolgico dos caramujos caramujos tambm podem ser controlados por peixes que se alimentam de plantas aquticas e algas filamentosas. A carpa capim uma excelente espcie para essa funo. Peixes que comem plantas, por tabela, acabam consumindo os ovos e os pequenos caramujos recm-nascidos. O uso de peixes que comem caramujos tambm uma opo. Cabe aqui um parntese: o tambaqui e o pacu so tidos como peixes que naturalmente comem caramujos. Povoamentos com juvenis de tambaqui tm sido realizados em audes de reas endmicas de esquistossomose no Nordeste do pas, como uma ferramenta para reduo da ocorrncia da esquistossomose em seres humanos. No entanto, tambaquis de grande tamanho no conseguem ter acesso aos caramujos que se refugiam em reas mais rasas e, ou, densamente tomadas por plantas aquticas. Tambm possvel que, em tanques de piscicultura, arraoados com rao, os tambaquis no comam caramujos com a mesma intensidade que comeriam em ambientes naturais, onde precisam encontrar os alimentos por si prprios. Assim, infestaes de verme dos olhos tm ocorrido no prprio tambaqui em tanques e audes com um grande nmero desses peixes, demonstrando que o tambaqui no to efetivo no controle de caramujos quando alimentados com rao nos tanques de piscicultura. Nos casos de tanques de alto risco de infeco (aqueles que no foram totalmente drenados e que tm grande quantidade de aves e caramujos) uma possibilidade de manejo a estocagem prvia, 10 dias antes do tambaqui, de alevinos de piau / aracu, espcie que se alimenta de caramujos, reduzindo o potencial de inculo dos parasitos.Controle do acesso de aves aos tanquesEm tanques de pequeno tamanho (200 a 2.000 m2), geralmente usados na larvicultura, alevinagem e recria de alevinos, a cobertura com redes antipssaros uma prtica economicamente vivel e bastante eficaz para prevenir o acesso das aves. Isso reduz a predao dos peixes e o aporte de fezes (com os ovos do verme) na gua. Em tanques de porte mdio (entre 5.000 a 20.000 m2) a colocao e manuteno das redes antipssaros acaba ficando muito onerosa. Nesses casos possvel usar uma proteo com fios de nylon tranados sobre os tanques para prevenir o acesso de aves, especialmente os bigus, que causam severa predao. Audes e tanques maiores do que 2 hectares geralmente so usados para as etapas de engorda. Nesses tanques de grande tamanho geralmente no se utiliza fios de nylon tranados ou mesmo telas antipssaros para impedir o acesso de aves piscvoras. Nesse caso as aves acabam tendo livre acesso gua e aos peixes. Espantalhos e outros dispositivos para espantar aves podem ainda ser colocados prximos aos tanques e audes. Esses dispositivos devem sempre ser mudados de posio para diminuir as chances das aves se acostumarem com eles. Nem sempre esses dispositivos so eficazes para evitar o acesso das aves aos tanques de piscicultura.

Figura 5. Bando de aves predando pequenos peixes em poa durante a drenagem de um aude onde foram cultivados tambaquisOutras prticas de manejo preventivocontra o verme dos olhosA convivncia com o verme do olho, uma vez instalado em uma piscicultura, requer ateno a diversas boas prticas que compem, juntamente com o controle de caramujos e a restrio do acesso de aves aos tanques, uma estratgia integrada de manejo preventivo contra essa verminose. Algumas prticas so sugeridas a seguir.Minimizar o tempo de estocagem de alevinos e juvenis nas pisciculturas em muitas pisciculturas h tanques que chegam a ficar estocados por mais de 400 ou 500 dias com juvenis que aguardam a transferncia para os tanques de engorda. Devemos lembrar que, quanto mais tempo os peixes ficam alojados, maior a chance de contrairem parasitos como o verme dos olhos. E maior ser o nmero de metacercrias alojadas nos olhos e, portanto, maior o dano aos animais. Assim, o produtor deve planejar a estocagem de modo a possibilitar um rpido crescimento dos animais e uma adequada sincronizao dos ciclos de recria com os de engorda. Adequada manuteno da qualidade da gua e manejo nutricional e alimentar so ferramentas importantes para minimizar o tempo de berrios (ver artigo publicado na Panorama da AQICULTURA, Edio 129 janeiro/fevereiro 2012, sobre o manejo da alimentao do tambaqui).Melhor qualidade na construo dos tanques e estruturas de drenagem comum verificar nas pisciculturas tanques que, quando drenados, ainda ficam com grande quantidade de poas. Isso ainda mais comum em tanques de barragem ou audes que no tiveram o desnvel do fundo sistematizado. Tambm h casos em que os tanques / audes drenam lentamente, pelo fato de terem a tubulao de descarga mal dimensionada, permanecendo alguns dias com uma razovel rea alagada aps a despesca. Um grande nmero de peixes pequenos (piabas, traras, etc.) ficam nessas poas, atraindo bandos de aves piscvoras, que permanecem horas ou mesmo dias comendo peixes e defecando diretamente sobre o fundo dos tanques (Figura 5). Essas aves, se forem portadoras do verme, acabam aportando uma grande quantidade de ovos, renovando o estoque de miracdios para o ciclo de cultivo seguinte. Aps o enchimento do tanque, os ovos eclodiro gerando milhares de miracdios, que infectaro os caramujos e daro origem a novas cercrias.Atraso na estocagem dos alevinos e juvenis as cercrias de diplostomdeos podem ser viveis na gua por no mximo 36 horas aps deixarem o corpo do caramujo. No entanto, os caramujos so capazes de abrigar em seu corpo um estoque de cercrias dormentes at que encontrem condies adequadas para liber-las. Atrasar a estocagem dos juvenis por um perodo de uma a duas semanas aps o enchimento dos tanques uma estratgia que pode ajudar a diminuir a intensidade da infeco pelos diplostomdeos. Essa estratgia, porm, deve ser combinada com o controle da populao de caramujos (aplicao prvia de cal nas poas remanescentes, remoo de plantas aquticas e exposio do fundo dos tanques ao sol por alguns dias podem ajudar a diminuir a quantidade de caramujos). As aves tambm devem ser mantidas afastadas o mximo possvel para que no haja um novo aporte de ovos no tanque.Estocagem de alevinos livres do verme muito provvel que alevinos e juvenis infectados com metacercrias estejam sendo comercializados sem que os produtores tenham cincia do fato. Dessa forma, preciso realizar inspees rotineiras dos alevinos e juvenis que chegam propriedade (exames macro e microscpico dos olhos dos peixes) e, com o tempo, ir selecionando os fornecedores de alevinos mais confiveis. Um lote de alevinos e juvenis infectado deve receber tratamento imediato antes de ser comercializado, ou mesmo se j foi recebido em uma piscicultura (ver uso do Praziquantel mais adiante no texto). Os produtores de alevinos devem comear a realizar exames de rotina para avaliar o grau de infestao e realizar tratamentos preventivos adequados para eliminar os parasitos nos peixes que sero comercializados. Os produtores de alevinos tambm devem adotar as mesmas boas prticas preventivas mencionadas nesses textos para minimizar o risco de infestaes pelo verme do olho.Tratamento teraputico com vermfugo o praziquantel um vermfugo usado no controle de parasitos em animais e nos seres humanos e eficaz no tratamento de infestaes por diplostomdeos em peixes. No entanto, devido ao alto preo do produto (que supera R$ 2.000,00 por quilo de ingrediente ativo nos premixes comerciais) e a elevada dose teraputica (100 a 150 mg/kg PV/dia aplicado durante 3 a 6 dias consecutivos), o tratamento com praziquantel somente vivel para pequenos alevinos e juvenis. O praziquantel incorporado na rao. O produto possui baixa palatabilidade e pode ser necessrio usar algum palatabilizante, para no haver rejeio ao produto. Banhos prolongados com o praziquantel podem ser aplicados (2 a 3 g de praziquantel IA/m3 por 12 a 24 horas) na depurao dos alevinos (antes do transporte) ou mesmo na chegada dos alevinos na propriedade, antes de sua estocagem definitiva nos tanques de recria. Para tanto preciso contar com tanques especiais para esse manejo (tanques de vinil, fibra de vidro ou alvenaria). Durante o banho no deve ser feita renovao de gua. Aerao necessria, podendo se usar sopradores e difusores de ar, bombas de gua ou mesmo pequenos aeradores. Como o praziquantel no solvel diretamente na gua, necessrio solubilizar o produto previamente em lcool antes da aplicao na gua (500 ml de lcool 96 GL para cada 10 gramas de praziquantel garantem uma boa dissoluo). gua do banho tambm devem ser adicionados 4 a 5 kg de sal comum/m3, para reduzir o risco de infeces bacterianas e fngicas nos peixes. Alevinos recm chegados na piscicultura podem ser alimentados durante o dia em que ficam no banho. O banho com praziquantel eficaz para matar eventuais cercrias presentes na pele, assim como as metacercrias nos olhos dos peixes. O praziquantel eliminado rapidamente do corpo dos peixes. Cerca de 72 horas aps a aplicao, via banho ou via oral (na rao), no possvel detectar resduos de praziquantel na carne dos peixes que foram medicados. A compra e o uso do praziquantel precisam ser prescritos por um mdico veterinrio. Embora seja um vermfugo autorizado para uso em aves, sunos e animais domsticos, no Brasil no h registro para uso desse produto em peixes. Em diversos pases o praziquantel autorizado para o controle de parasitos em peixes cultivados.Filtragem da gua de abastecimento embora tal procedimento seja impraticvel para grandes tanques, pode ser facilmente adotado no abastecimento de tanques de larvicultura, especialmente se h suspeitas de que a fonte de gua possa conter cercrias (lagos ou rios cheios de caramujos e visitados por aves piscvoras). Malhas com cerca de 30 micra eliminam 99% das cercrias presentes na gua.

Consideraes finais.Embora um conhecimento significativo sobre larvas de trematdeos tenha sido adquirido aps um sculo de estudos no Brasil, a diversidade destes parasitos em moluscos certamente encontra-se subestimada no pas. De fato, a maior parte das espcies descritas em hospedeiros vertebrados no Brasil no possui ainda seu ciclo biolgico e moluscos transmissores conhecidos. Estudos parasitolgicos nesta rea do conhecimento devem ser encorajados e podem resultar na determinao da ocorrncia de novas reas de transmisso. No entanto, assim como outras parasitoses, sua presena tem se espalhado por diversas pisciculturas em vrios municpios, o que leva necessidade de maiores informaes sobre o problema. Pesquisas aplicadas para determinar os hospedeiros definitivos e intermedirios do verme dos olhos nas pisciculturas, o tempo de vida livre das cercrias sob diversas condies de qualidade de gua e outros produtos econmicos e eficazes para o controle desses vermes nos peixes, so fundamentais para estabelecer prticas de manejo preventivo e curativo para o controle dessa e de outras verminoses nas pisciculturas. Enquanto no se dispe de ferramentas mais eficazes e econmicas para os tratamentos das infeces pelo verme dos olhos e outras possveis verminoses nos peixes cultivados, a nica alternativa aos produtores adotar as prticas preventivas registradas nesse texto.

Refernciashttp://www.researchgate.net/publication/259692916_LARVAS_DE_TREMATDEOS_EM_MOLUSCOS_DO_BRASIL_PANORAMA_E_PERSPECTIVAS_APS_UM_SCULO_DE_ESTUDOS. http://www.panoramadaaquicultura.com.br/novosite/?p=4118http://global download.acer.com/GDFiles/Driver/CardReader/CardReader_Realtek_6.1.7601.27015_W7x64W7x86_A.zip?acerid=634703164186305317&Step1=NOTEBOOK&Step2=ASPIRE&Step3=ASPIRE E1-471&OS=711&LC=pt&BC=ACER&SC=PA_3