todorov, tzvetan. a conquista da américa - a questão do outro

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A Conquista da AméricaA Questão do Outro

Tzvetan Todorov

Martins Fontes

2ª edição

Tradução de BEATR! "ERRO#E MO

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$ndice

% &esco'rir 

A desco'erta da América ( )Co*om'o +ermeneuta ( ( ,-Co*om'o e os .ndios ( /,

% Conquistar 

As raz0es da vit1ria ( )

Montezuma e Os si3nos ( -4Cortez e os si3nos ( ,,-

% Amar 

Com5reender6 tomar e destruir ( ,4,3ua*dade ou desi3ua*dade ( ,-4Escravismo6 co*onia*ismo e comunicação ( 27)

8% Con+ecer 

Ti5o*o3ia das re*aç0es com outrem ( 22)&ur9n6 ou a mestiça3em das cu*turas ( 2/4A o'ra de :a+a3;n ( 2-

E5.*o3o

A 5ro<ecia de =as Casas ( 2>-

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&esco'rir 

A descoberta da América

Quero <a*ar da desco'erta que o eu <az do outro6 O assunto é imenso% Ma* aca'amos de <ormu*9(*o

em *in+as 3erais ?9 o vemos su'dividir(se em cate3orias e direç0es m;*ti5*as6 in<initas% "odem(sedesco'rir os outros em si mesmo6 e 5erce'er que não se é uma su'st@ncia +omo3nea6 eradica*mente di<erente de tudo o que não é si mesmo eu é um outro% Mas cada um dos outros é umeu tam'ém6 su?ei to como eu% :omente meu 5onto de vista6 se3undo o qua* todos estão *9 e eu estous1 aqui6 5ode rea*mente se5ar9(*os e distin3ui(*os de mim% "osso conce'er os outros como umaa'stração6 como uma inst@ncia da con<i3uração 5s.quica de todo indiv.duo6 como o Outro6 outro ououtrem em re*ação a mim% Ou então como um 3ru5o socia* concreto ao qua* n1s não 5ertencemos%Este 3ru5o6 5or sua vez6 5ode estar contido numa sociedade as mu*+eres 5ara os +omens6 os ricos

 5ara os 5o'res6 os *oucos 5ara os DnormaisD% Ou 5ode ser eterior a e*a6 uma outra sociedade que6de5endendo do caso6 ser9 5r1ima ou *on3.nqua seres que em tudo se a5roimam de n1s6 no 5*anocu*tura*6 mora* e +ist1rico6 ou descon+ecidos6 estran3eiros cu?a *.n3ua e costumes não com5reendo6

tão estran3eiros que c+e3o a +esitar em recon+ecer que 5ertencemos a uma mesma es5écie% Esco*+iesta 5ro'*em9tica do outro eterior6 de modo um 5ouco ar'itr9rio6 e 5orque não 5odemos <a*ar detudo ao mesmo tem5o6 5ara começar uma 5esquisa que nunca 5oder9 ser conc*u.da% Mas como<a*ar disso #o tem5o de :1crates6 o orador costumava 5er3untar ao audit1rio qua* o seu modo dee 5ressão6 ou 3nero 5re<erido o mito6 isto é6 a narração6 ou a ar3umentação *13ica #a é5oca do*ivro6 a decisão não 5Gde ser tomada 5e*o 5;'*ico% A+a teve de ser <eita 5ara que o *ivro eistisse%Temos de nos contentar em ima3inar6 ou dese?ar6 um 5;'*ico que teria dado ta* res5osta6 e não outra6e em escutar aque*a su3erida ou im5osta 5e*o 5r15rio assunto% Esco*+i contar uma +ist1ria% Mais 5r1ima do mito do que da ar3umentação6 mas distinta em dois 5ia*os em 5rimeiro *u3ar6 éuma +ist1ria verdadeira Ho que o mito 5odia mas não devia serI em se3undo *u3ar6 meu interesse

 5rinci5a* é mais o de um mora*ista do que o de um +istoriador6 O 5resente me im5orta mais do queo 5assado% #ão ten+o outro meio de res5onder J 5er3unta de como se com5ortar em re*ação aoutrem a não ser contando uma +ist1ria eem5*arHeste é o 3nero esco*+idoI6 uma +ist1ria tãoverdadeira quanto 5oss.ve*6 mas tentando nunca 5erder de vista aqui*o que os ee3etas da B.'*iac+amavam de sentido tro5o*13ico6 ou mora*% #este *ivro se a*ternarão6 um 5ouco como numromance6 os resumos6 ou vis0es de con?unto resumidas6 as cenas6 ou an9*ises deta*+adas re c+eadasde citaç0es6 5ausas6 em que o autor comenta o que aca'a de acontecer6 e6 é c*aro6 e*i5ses6 ouomiss0es <requentes% #ão é esse o 5onto de 5artida de toda +ist1ria

Entre os v9rios re*atos que temos J dis5osição6 esco*+i um o da desco'erta e conquista da América%"or convenincia6 esta'e*eci uma unidade de tem5o ( os cem anos que se3uem a 5rimeira via3em deCo*om'o6 isto é6 'asicamente6 o sécu*o K8% Esta'e*eci tam'ém uma unidade de es5aço L a re3iãodo Cari'e e do Méico6 c+amada Js vezes de Meso América6 e6 <ina*mente6 uma unidade de ação L a

 5erce5ção que os es5an+1is tm dos .ndios ser9 meu ;nico assunto6 com uma ;nica eceção6 nMontezuma e os seus% &uas raz0es <undamentaram a esco*+a deste tema co mo 5rimeiro 5asso nomundo cia desco'erta do outro% Em 5rimeiro *u3ar6 a desco'erta da América6 ou me*+or6 a dosamericanos6 é sem d;vida o encontro mais sur5reendente de nossa +ist1ria% #a Ddesco'ertaD dosoutros continentes e dos outros +omens não eiste6 rea*mente6 este sentimento radica* de estran+eza%Os euro5eus nunca i3noraram tota* mente a eistncia da <rica6 ou da $ndia6 ou da C+ina6 sua*em'rança esteve sem5re 5resente6 desde as ori3ens% A =ua é mais *on3e do que a América6 éverdade6 mas +o?e sa'emos que a. não +9 encontro6 que esta desco'erta não 3uar da sur5resas da

mesma es5écie% "ara <oto3ra<ar um ser vivo na =ua6 é necess9rio que o cosmonauta se co*oquediante da c@mara6 e em seu esca<andro +9 um s1 re<*eo de um outro terr9queo% #o in.cio do sécu*oK86 os .ndios da América estão a*i6 'em 5resentes6 mas de*es nada se sa'e6 ainda que6 como é de

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es5erar6 se?am 5ro?etadas so're os seres recentemente desco'ertos ima3ens e ideias re*acionadas aoutras 5o5u*aç0es distantes %

O encontro nunca mais atin3ir9 ta* intensidade6 se é que esta é a 5a*avra adequada% O sécu*o K8veria 5er5etrar(se o maior 3enoc.dio da +ist1ria da +umanidade% Mas não é unicamente 5or ser umencontro etremo6 e eem5*ar6 que a desco'erta da América é essencia* 5ara n1s6 +o?e% A*ém deste

va*or 5aradi3m9tico6 e*a 5ossui outro6 de causa*idade direta% A +ist1ria do 3*o'o é6 c*aro6 <eita deconquistas e derrotas6 de co*onizaç0es e desco'ertas dos outros mas6 como tentarei mostrar6 é aconquista da América que anuncia e <unda nossa identidade 5resente% A5esar de toda data que

 5ermite se5arar duas é5ocas ser ar'itr9ria6 nen+uma é mais indicada 5ara marcar o in.cio da eramoderna do que o ano de ,/>26 ano em que Co*om'o atravessa o oceano At*@ntico% :omos todosdescendentes diretos de Co*om'o6 é ne*e que começa nossa 3enea*o3ia ( se é que a 5a*avra começotem um sentido% &esde ,/>2 es tamos6 como disse =as Casas6 Dneste tem5o tão novo e a nen+umoutro i3ua*D HNistoria de *as .ndias6 ,6 ,I% A 5artir desta data6 o mundo est9 <ec+ado Ha5esar deo universo tornar(se in<initoI% DO mundo é 5equenoD6 dec*arar9 5erem5toriamente o 5r15rioCo*om'o HCarta Rar.ssima6 -%-%,47) ( uma ima3em de Co*om'o transmite a*3o deste es5.rito6 c<%<i3% 2I% Os +omens desco'riram a tota*idade de que <azem 5arte% Até então6 <ormavam uma 5arte

sem todo% Este *ivro ser9 uma tentativa de entender o que aconteceu neste dia6 e durante o sécu*ose3uinte6 através da *eitura de a*3uns tetos cu?os autores serão min+as 5ersona3ens% E*esmono*o3arão6 como Co*om'o6 dia*o3arão através de atos6 como Cortez e Montezuma6 ou através deenunciados eruditos6 como =as Casas e :e5;*veda6 ou ainda6 como &ur9n e :a+a3;n6 manterão umdi9*o3o6 menos evidente6 com inter*ocutores .ndios%

Mas c+e3a de 5re*iminares6 vamos aos <atos% "odemos admirar a cora3em de Co*om'o a*i9s6 isso ?9 <oi <eito mi*+ares de vezes% 8asco da Pama e Ma3a*+ães ta*vez ten+am <eito via3ens maisdi<.ceis6 mas e*es sa'iam 5ara onde iam% A5esar de toda a sua se3urança6 Co*om'o não 5odia tercerteza de que no <im do oceano não +avia um a'ismo6 e6 consequentemente6 a queda no vazio%

 #ão 5odia ter certeza de que a via3em 5ara o oeste não si3ni<icava uma *on3a descida ( estamos H)Ino cume da Terra( e que não seria di<.ci* demais su'ir de novo% Em resumo6 não 5odia ter certeza deque o retorno era 5oss.ve*% A 5rimeira 5er3unta nesta investi3ação 3enea*13ica ser96 5or tanto Oque o *evou a 5artir Como a coisa aconteceu

Ao *er os escritos de Co*om'o Hdi9rios6 cartas6 re*at1riosI6 5oder.amos ter a im5ressão de que seumotivo 5rinci5a* é o dese?o de enriquecer Haqui6 e em se3uida6 di3o de Co*om'o o que 5oderiaa5*icar(se a outros 5or ter sido6 ,% Re<erncias a'reviadas a5arecem no teto 5ara as indicaç0escom5*etas6 vide #otas 'i'*io3r9<icas no <im do *ivro% Os n;meros entre 5arnteses6 sa*vo indicaçãoem contr9rio6 re<erem(se aos ca5.tu*os6 seç0es% 5artes etc%6 e não Js 593inas% <requentemente6 o

 5rimeiro6 deu o eem5*oI% O ouro6 ou me*+or6 a 5rocura deste H?9 que não se encontra quase nada no

in.cioI6 est9 oni5resente no decorrer da 5rimeira via3em% #o dia se3uinte J desco'erta6 ,) deoutu'ro de ,/>26 e*e anota em seu di9rio DEstava atento e tratava de sa'er se +avia ouro%D E vo*ta aisso constantemente

"Não quero parar, para ir mais longe, visitar muitas ilhas e descobrir ouro" (1.11.1492)

 " !lmirante ordenoulhes que não lhes tomassem nada, para que eles comprevendessem que ele s# procurava ouro" (1.11.1492).

Até a sua oração tin+a(se trans<ormado

"$ue Nosso %enhor me a&ude, em %ua miseric#rdia, a descobrir este ouro (2'.12.1492).

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E6 num re*at1rio 5osterior HRe*at1rio 5ara AntGnio de Torres6 )7%,%,/>/I6 e*e se re<ere6*aconicamente6 a Dnossa atividade6 que é co*etar ouroD% :eu 5ercurso é traçado a 5artir dos ind.ciosde eistncia de ouro que e*e 5ensa encontrar%

"ecidi ir para o sudoeste procurar o ouro e as pedras preciosas" (irio, 1'.1*.1492). 

"+le dese&ava ir ilha chamada -abeca, onde, pelo que tinha escutado, sabia que havia muito ouro" (1'.11.1492).

 " almirante acreditava que estava muito pr#imo da /onte do ouro, e que Nosso %enhor lhe mostraria onde elenasce" (10.12.1492 nessa poca, o ouro "nasce")%

 &este modo6 Co*om'o va3a6 de i*+a em i*+a6 e é 'em 5oss.ve* que os .ndios ten+am encontrado a.um meio de se *ivrar de*e%

 D#o des5ontar do dia6 e*e içou as ve*as 5ara se3uir seu camin+o J 5rocura das i*+as que os .ndiosdiziam conter muito ouro6 a*3umas mais ouro do que ter ra" (22.12.1492...).

:er9 que <oi mera am'ição o que *evou Co*om'o a via?ar Basta *er todos os seus escritos 5ara <icarconvenci do de que não é nada disso% Co*om'o sim5*esmente sa'e a ca5acidade atrativa que 5odemter as riquezas6 e es5ecia*mente o ouro% com a 5romessa de ouro que e*e aca*ma os outros emmomentos di<.ceis%

"Neste dia, eles perderam completamente de vista a terra. emendo não tornar a v3la por muito tempo, muito suspiravam e choravam. almirante recon/ortou a todos com grandes promessas de muitas terras e riqueas, para queeles conservassem a esperan5a e perdessem o medo que tinham de um caminho tão longo." (6. 7olombo, 18)

"!qui os homens & não aguentavam mais. eclamavam do comprimento da viagem. :as o !lmirante consolouos domelhor modo poss;vel dandolhes grandes esperan5as do lucro que eles poderiam ter" (irio, 1*.1*.1492). 

Os marin+eiros não são os ;nicos que es5eram enriquecer% Os 5r15rios mandat9rios da e5edição6os Reis de Es5an+a6 não se teriam envo*vido na em5resa se não <osse a 5romessa de *ucro% "ortanto6no di9rio que Co*om'o es creve6 a e*es destinado6 é 5reciso mu*ti5*icar a cada 593ina os ind.cios da

 5resença de ouro Hna <a*ta do 5r15rio ouroI% #a terceira via3em6 *em'rando a or3anização da 5rimeira6 e*e diz e5*icitamente que o ouro era uma es5écie de c+amariz6 5ara que os reisaceitassem <inanci9(*a

 DFoi tam'ém necess9rio <a*ar do tem5ora* e 5or isso *+es mostramos os escritos de tantosestudiosos di3nos de <é que trataram da +ist1ria6 que contavam que nessas re3i0es +avia imensasriquezasD Hcarta aos Reis6 ),%%,/>I%

 Em outra ocasião6 e*e diz ter acumu*ado e conservado o ouro D5ara que :uas A*tezas disso sea*e3rem e que nessas condiç0es E*as 5ossam com5reender6 diante de ta* quantidade de 5edras deouro maciço6 a im5ort@ncia da em5resaD carta J Ama &e *eite6 novem'ro de ,477I% A*i9s6 Co*om'otem razão quando ima3ina a im5ort@ncia disso sua des3raça não se deve6 ao menos em 5arte6 ao<ato de não ter +avido mais ouro nessas i*+as

"a; nasceram as maledic3ncias e os despreos da empresa assim iniciada, porque eu não tinha enviadoimediatamente navios carregados de ouro" (carta aos eis, '1.8.1498).

:a'e(se que uma *on3a discussão o5or9 Co*om'o aos reis He de5ois ser9 instru.do um 5rocesso

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via3em6 e*e reve*a em seu di9rio que es5era encontrar ouro6 e Dem quantidade su<iciente 5ara que osReis 5ossam6 em menos de trs anos6 5re5arar e em5reender a conquista da Terra :anta% Foi assimD6continua e*e6

 "que mani/estei a Aossas !lteas o dese&o de ver os bene/;cios de minha atual empresa consagrados conquista de Gerusalm, o que /e Aossas !lteas sorrirem, diendo que isto lhes agradava, e que mesmo sem este bene/;cio este era

o seu dese&o". :ais tarde, ele relembra este epis#dio@ "No momento em que tomei as provid3ncias para ir descobrir as Hndias, era na in ten5ão de suplicar ao ei e ainha, nossos senhores, que eles se decidissem a gastar a renda que poderiam obter das Hndias na conquista de Gerusalm< e /oi de /ato o que eulhes pedi" ("Fnstitui5ão de :orgado", 22.2.1498). 

Era 5ois esse o 5ro?eto que Co*om'o tin+a a5resentado J corte rea*6 5rocurando o'ter o au.*io deque 5recisava 5ara a 5rimeira e5edição% Quanto a :uas A*tezas6 não *evavam isso muito a sério6 edeviam reservar(se o direito de em5re3ar o *ucro do em5reendimento6 se *ucro +ouvesse6 com outras<ina*idades% Mas Co*om'o não esquece seu 5ro?eto6 e este rea5arece numa carta ao 5a5a

"+sta empresa /oi /eita no intuito de empregar o que dela se obtivesse na devolu5ão da erra %anta %anta Fgre&a. epois de ali ter estado e visto a terra, escrevi ao ei e ainha, meus senhores, diendo lhes que dentro de sete anos

disporia de cinquenta mil homens a p e cinco mil cavaleiros, para a conquista da erra %anta e, durante os cinco anos seguintes, mais cinquenta mil pedestres e outros cinco mil cavaleiros, o que totalia ria de mil cavaleiros e cem mil pedestres para a dita conquista" (/evereiro de 1B*2).

 Co*om'o nem descon<ia de que a conquista acontecer96 mas numa direção com5*etamentedi<erente6 muito 5erto das terras que e*e desco'riu6 e com muito menos 3uerreiros6 a*i9s% :eu a5e*onão 5rovoca6 5or tanto6 muitas reaç0es

"! outra ilustre empresa chama, de bra5os abertos< at o presente momento, todos lhe são in di/erentes" ("7arta arissima", 0.0.1B*')%

"or isso6 querendo a<irmar sua intenção mesmo a51s sua 5r15ria morte6 e*e institui um mor3ado e

d9 instrução seu <i*+o Hou a seus +erdeirosI ?untar o m9imo de din+eiro 5oss.ve* 5ara6 no caso deos Reis renunciarem ao 5ro?eto6 5oder Dir até *9 s1 e tão 5oderoso quanto *+e <or

 5oss.ve*DH22%2%,/>I%

=as Casas deiou uma ima3em cé*e're de Co*om'o6 onde situa 'em sua o'sessão 5e*as cruzadas noconteto de sua 5ro<unda re*i3iosidade

"$uando lhe traiam ouro ou ob&etos preciosos, ele entrava em seu orat#rio, a&oelhavase como as circunstInciaseigiam, e diia@ J!gradecemos a Nosso %enhor que nos tornou dignos de descobrir tantos bensJ. +ra o guardião mais eloso da honra divina< vido e dese&oso de converter as pessoas, e de ver por to da parte semeada e propagada a / de Gesus 7risto<e particularmente dedicado para que eus o tornasse digno de contribuir de algum modo para o resgatedo %anto %epulcro< e com esta devo5ão e certea de que eus o guiar ia na descoberta deste mundo que ele prometia,

tinha suplicado %eren;ssima ainha ona Fsabel que lhe prometes se consagrar todas as riqueas que os eis podiamobter de sua descoberta ao resgate da terra e da %anta 7asa de Gerusalm, o que a ainha /e (>istoria, 1, 2).

 #ão s1 os contatos com &eus interessam muito mais a Co*om'o do que os assuntos 5uramente+umanos6 como tam'ém sua <orma de re*i3iosidade é 5articu*armente arcaica H5ara a é5ocaI% #ão é

 5or acaso que o 5ro?eto das cruzadas tin+a sido a'andonado desde a dade Média% "aradoa*mente6é um traço da menta*idade medieva* de Co*om'o que <az com que e*e descu'ra a América einau3ure a era moderna% H&evo admitir6 e até dec*arar6 que o uso que <aço dos aditivos Dmedieva*D emodernoD não é nada 5reciso% #o entanto6 são indis5ens9veis% Que se?am inicia*mente entendidosem seu sentido mais corrente6 até que e*es adquiram6 no decorrer das 593inas se3uintes6 umconte;do mais 5articu*ar%I "orém6 como veremos6 o 5r15rio Co*om'o não é um +omem moderno6 e

este <ato é 5ertinente no desenro*ar da desco'erta6 como se aque*e que <aria nascer um mundo novo ?9 não 5udesse mais <azer 5arte de*e%N9 traços de menta*idade em Co*om'o6 entretanto6 que estão mais 5r1imos de n1s% "or um *a

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do6 e*e su'mete tudo a um idea* eterior e a'so*uto Ha re*i3ião cristãI6 e todas as coisas terrestres não 5assam de meios em vista da rea*ização deste idea*%

Mas6 5or outro *ado6 e*e 5arece encontrar na desco'erta da natureza6 atividade J qua* e*e se ada5tame*+or6 um 5razer que <az com que essa atividade se +aste% E*a ?9 não tem a m.nima uti*idade6 e omeio torna(se <im% Assim como6 5ara o +omem moderno6 uma coisa6 uma ação ou um ser são 'e*os

a5enas quando ?usti<icam(se 5or si mesmos6 5ara Co*om'o6 desco'rirD é uma ação intransitiva% DOque quero é ver e desco'rir o m9imo que 5uderD6 e*e escreve a ,> de outu'ro de ,/>2% E a ), de dezem'ro de ,/>2 DE*e diz ainda que não teria dese?ado 5artir antes de ter visto toda aque*a terra quese estende em direção a *este e t(*a 5ercorrido toda 5or sua costa%D Basta mencionar a eistncia deuma nova i*+a 5ara que e*e se?a tomado da vontade de visit9(*a% #o di9rio da terceira via3em6encontram(se estas <rases

"+le di estar pronto a abandonar tudo para descobrir outras terras e ver seus segredos" (=as 7asas, >istoria, 1, 1'?).que ele mais queria, pelo que di, era descobrir mais" (ibid., 1, 14?). 

 #outra ocasião6 e*e se 5er3unta

"$uanto lucro daqui se pode tirar, não escrevo, 7erto , %enhores Dr;ncipes, que onde h tais terras deve havertambm uma in/inidade de coisas lucrativas. :as não me detenho em nenhum porto, porque quero ver todas as outrasterras que puder, para relatlo a Aossas !lteas" ("irio", 20.11.1492)

. Os *ucros que a*i DdeveD +aver tm a5enas um interesse secund9rio 5ara Co*om'o% O que conta sãoas DterrasD e sua desco'erta% Esta6 na verdade6 5arece estar su'ordinada a um o'?etivo6 que é o re*atode via3em% &ir(se(ia que Co*om'o <ez tudo 5ara 5oder escrever re*a tos inauditos como U*isses%Ora6 o re*ato de via3em não é6 em si mesmo6 o 5onto de 5artida6 e não somente o 5onto de c+e3ada6de uma nova via3em O 5r15rio Co*om'o não tin+a 5artido 5orque tin+a *ido o re*ato de Marco"o*o

Colombo hermeneuta

"ara 5rovar que a terra que v é mesmo o continente6 e não outra i*+a6 Co*om'o <az o se3uinteracioc.nio Hno di9 rio da terceira via3em6 transcrito 5or =as CasasI

"+stou convencido de que isto uma terra /irme, imensa, sobre a qual at ho&e nada se soube. + o que me re/or5a aopinião o /ato deste rio tão grande, e do mar que doce< em se guida, são as palavras de +sdras em seu livro FA,cap;tulo ?, onde ele di que seis partes do mundo são de terra seca e uma de gua, este livro tendo sido aprovado por%anto !mbr#sio em seu >eamerone por %anto !gostinho (...) !lm disso, asseguraramme as palavras de muitos;ndios cani bais que eu tinha apresado em outras ocasiKes, os quais diiam que ao sul de seu pa;s estava a terra /irme"

(>istoria, 1, 1'8).

Trs ar3umentos vm a5oiar a convicção de Co*om'o a a'und@ncia de 93ua doce6 a autoridade dos*ivros santos e a o5inião de outros +omens encontrados% c*aro que estes trs ar3umentos nãodevem ser 5ostos no mesmo 5*ano6 mas reve*am a eistncia de trs es<eras que dividemo mundo de Co*om'o uma é natura*6 a outra divina6 a terceira +umana% Então ta*vez não se?a 5oracaso que encontramos tam'ém trs im5u*sos 5ara a conquista o 5rimeiro +umano Ha riquezaI6 ose3undo divino6 e o terceiro *i3ado J a5reciação da natureza% E6 em sua comunicação com o mundo%Co*om'o se com5orta de maneira di<erente se3undo se diri3e a Hou se diri3em a e*eI a natureza6&eus e os +omens% 8o*tando ao eem5*o da terra <irme6 se Co*om'o tem razão6 é unicamente em<unção do 5rimeiro ar3umento He 5odemos ver6 em seu di9rio6 que este s1 toma <orma aos 5oucos6

no contato com a rea*idadeI% O'servando que a 93ua é doce *on3e no mar6 e*e deduz6 de modoc*arividente6 a 5otncia do rio6 e da. a dist@ncia 5or e*e 5ercorrida6 de modo que se trata de umcontinente% "or outro *ado6 é 'em 5rov9ve* que e*e não ten+a entendido nada do que diziam os

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D.ndios cani'aisD% Anteriormente6 na mesma via3em6 e*e re*atava suas entrevistas assim DE*eHCo*om'oI diz ter certeza de que é uma i*+a6 5ois é o que diziam os .ndiosD6 e =as Casas comenta

 "Darece, pois, que ele não os compreendia" (>istoria, 1, 1'B).

 Quanto a &eus%%%E<etivamente6 não 5odemos 5Gr no mesmo 5*ano es tas trs es<eras6 como devia

acontecer com Co*om'o% "ara n1s eistem a5enas dois interc@m'ios reais com a natureza e com os+omens% A re*ação com &eus não im5*ica a comunicação6 em'ora 5ossa in<*uenciar6 e até 5redeterminar6 toda <orma de comunicação% Este é ?ustamente o caso de Co*om'o +96 sem d;vida6re*ação entre a <orma de sua <é em &eus e a estraté3ia de umas inter5retaç0es%Quando dizemos queCo*om'o tem <é6 o o'?eto é me nos im5ortante do que a ação sua <é é cristã6 mas tem(se aim5ressão de que6 se <osse muçu*mana6 ou ?udaica6 e*e teria a3ido do mesmo modo6 O im5ortante éa <orça da crença em si% "%ão Dedro saltou sobre o mar e caminhou sobre as guas enquanto sua /o sustentou. !quele que tiver a / do tamanho de um grão de &oio ser obedecido pelas montanhas,$ue aquele que tem / pe5a, pois tudo lhe ser dado. -atei, e se abrir", e*e escreve no 5re<9cio deseu =ivro das 5ro<ecias H,47,I%

 A*ém disso6 Co*om'o não acredita unicamente no do3ma cristão acredita tam'ém He não é o ;nicona é5ocaI em cic*o5es e sereias6 em amazonas e +omens com caudas6 e sua crença6 tão <orte quantoa de :ão "edro6 5ermite que e*e os encontre%

"+le entendeu ainda que, mais alm, havia homens com um s# olho e outros com /ocinho de cão" ("irio", 4.11.1492).

 DO A*mirante diz que na vés5era6 a camin+o do rio do ouro6 viu trs sereias que sa*taram alto, /ora domar, :as elas não eram tão belas quanto se di, embora de um certo modo tivessem /orma humana de rosto"(9.1.149'). 

"+stas mulheres não se dedicam a nenhum eerc;cio /eminino, e sim aos do arco e da /lecha, /abricadas, como ditoacima, de cani5o, e elas se armam e se cobrem de lIminas de cobre que t3m em abundIncia" ("7arta a %antangel", /evereiromar5o de 149').

 "estam em dire5ão ao poente duas prov;ncias, que não percorri, das quais uma, que eles chamamde !van, onde as pessoas nascem com uma cauda" (ibid.).

A crença mais sur5reendente de Co*om'o é de ori3em cristã re<ere(se ao "ara.so terrestre% E*e *euno ma3o inundi de "ierre dAi**V que o "ara.so terrestre devia estar *oca*izado numa re3iãotem5erada a*ém do equador% #ão encontra nada durante sua 5rimeira visita ao Cari'e6sur5reendentemente 5orém6 de vo*ta aos Açores6 dec*ara

 " Dara;so terrestre est no /im do riente, pois essa uma região temperada ao etremo. + aquelas terras que ele

acabava de descobrir são, segundo ele, o /im do riente" (21.2.149'). 

O tema trans<ormou(se em o'sessão durante a terceira via3em6 quando Co*om'o c+e3a mais 5ertodo equador% nicia*mente6 e*e cr 5erce'er uma irre3u*aridade na <orma redonda da terra

 "escobri que o mundo não era redondo da maneira como descrito, mas da /orma de uma pera que seria toda bemredonda, eceto no local onde se encontra a haste, que o ponto mais elevado< ou então como uma bola bem redonda, sobre a qual, em um certo ponto, estaria algo como uma teta de mulher, e a par te deste mamilo /osse a mais elevada ea mais pr#ima do cu, e situada sob a linha equinocial neste mar ceano, no /im do riente" ("7arta aos eis",'1.8.1498).

 +sta eleva5ão (um mamilo sobre uma peraL) ser um argumento a mais para a/irmar que o Dara;so terrestre est ali.

"+stou convencido de que aqui o Dara;so terrestre, onde ningum pode chegar se não /or pela vontade divina (...) Não concebo que o Dara;so terrestre tenha a /orma de uma montanha abrupta, como mostram os escritos a esserespeito, e sim que est sobre este pico, no ponto de que /alei, que /igura a haste da pera, onde subimos, pouco a

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 pouco, por uma inclina5ão tomada de muito longe" (ibid.)%

"odemos o'servar aqui como as crenças de Co*om'o in<*uenciam suas inter5retaç0es% E*e não se 5reocu5a em entender me*+or as 5a*avras dos que se diri3em a e*e6 5ois ?9 sa'e que encontrar9cic*o5es6 +omens com cauda e ama zonas% E*e v que as DsereiasDnão são6 como se disse6 'e*asmu*+eres no entanto6 em vez de conc*uir 5e*a ineistncia das sereias6 troca um 5reconceito 5or

outro e corri3e as sereias não são tão 'e*as quanto se 5ensa% &urante a ter ceira via3em6 num certomomento6 Co*om'o se 5er3unta so're a ori3em das 5éro*as que os .ndios Js vezes *+e trazem% Acoisa acontece na sua <rente6 mas o que e*e re*ata em seu di9rio é a e5*icação de "*.nio6 tirada deum *ivro

"Dr#imo ao mar havia inumerveis ostras presas aos galhos das rvores que cresciam no mar, com a boca aberta para receber o orvalho que cai das /olhas, esperando que ca;sse uma gota para dar origem s prolas, como di Dl;nio< e cita o dicionrio intitulado 7atholicon" (=as 7asas, >istoria, 1, 1'0).

E o mesmo em re*ação ao "ara.so terrestre o si3no que constitui a 93ua doce H5ortanto6 3rande rio6e 5ortanto6 montan+aI é inter5retado6 a51s uma 'reve +esitação6 Dcon<orme a o5inião dos ditossantos e s9'ios te1*o3osD Hi'id%I% DTen+o em min+a a*ma 5or muito certo que *9 onde eu disse seencontra o "ara.so terrestre6 e me 'aseio 5ara isso nas raz0es e autoridades ditas acimaD Hi'id%I%

 Co*om'o 5ratica uma estraté3ia D<ina*istaD da inter5retação6 como os "ais da 3re?a inter5retavam aB.'*ia o sentido <ina* é dado imediatamente Hé a doutrina cristãI6 5rocura(se o camin+o que une osentido inicia* Ha si3ni<icação a5arente das 5a*avras do teto '.'*icoI a este sentido ;*timo% Co*om'onão tem nada de um em5irista moderno o ar3umento decisivo é o ar3umento de autoridade6 não ode e5erincia% E*e sa'e de antemão o que vai encontrar a e5erincia concreta e*e sa'e deantemão o que vai encontrar a e5erincia concreta est9 a. 5ara i*ustrar uma verdade que se 5ossui6não 5ara ser investi3ada6 de acordo com re3ras 5reesta'e*ecidas6 em vista de uma 5rocura daverdade% A5esar de sem5re ser <ina*ista6 Co*om'o6 como vimos6 era mais 5ers5icaz quando

o'servava a natureza do que quando tentava com5reender os ind.3enas% :eu com5orta mento+ermenutico não é eatamente o mesmo aqui e a*i6 como 5oderemos ver em deta*+e%

"esde a mais tenra in/Incia vivi a vida dos marinheiros, e o /a5o at ho&e. +ste o/;cio leva aquelesque a abra5am a querer conhecer os segredos deste mundo" 6 escreve Co*om'o no in.cio do =ivrodas 5ro<ecias H,47,I% nsistiremos aqui na 5a*avra mundo Hem o5osição a D+omensDI aque*e que seidenti<ica com a 5ro<issão de marin+eiro re*aciona(se mais com a natureza do que com seus

 5r1imos e em seu es5.rito a natureza tem certamente mais a<inidade com &eus do que os +omense*e escreve6 ra5idamente6 na mar3em da Peo3ra<ia de "to*omeu DAdmir9veis são os im5u*sostumu*tuosos do mar% Admir9ve* é &eus nas 5ro<undezas%D Os escritos de Co*om'o6 e

 5articu*armente o di9 rio da 5rimeira via3em6 reve*am uma atenção constante a todos os <enGmenos

naturais% "eies e 59ssaros6 5*antas e animais são as 5rinci5ais 5ersona3ens das aventuras que contadeiou(nos descriç0es deta*+adas% 

"+les pescaram com redes e pegaram um peie, entre muitos outros, que se parecia realmente com um porco, não comoo atum, mas, di o !lmirante, que era todo escamado, muito duro, e não tinha nele nada de mole eceto a cauda, osolhos e um ori/;cio por baio para epulsar os ecrementos. +le ordenou que /osse salgado para que os eis o vissem"(1?.11.1492). 

"Aieram ao navio mais de quarenta pardais &untos e dois albatroes, e num deles deu uma pedrada um mo5o da caravela. Aeio nau uma /ragata, e tambm um pssaro branco semelhante a uma gaivota" (4.1*.1492).

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"Ai muitas rvores di/erentes das nossas, e vrias delas tinham ramos de tipos di/erentes saindo de um mesmo tronco um ramo era de um tipo, e o outro de outro J tão estranhos por sua diversidade que era certamente a coisa maismaravilhosa do mundo. Dor eemplo, um ramo tinha /olhas como as da cana e outras como as do lentisco, e assimnuma s# rvore havia /olhas de cinco ou seis tipos e todas di/erentes" (1?.1*.1492). 

&urante a terceira via3em6 e*e <az esca*a nas i*+as do Ca'o 8erde6 que na é5oca serviam aos 5ortu3ueses como *u3ar de de5ortação 5ara todos os *e5rosos do reino% :u50e(se então que e*es 5oderão curar(se comendo tartaru3as e *avando(se com seu san3ue% Co*om'o não 5resta a m.nimaatenção aos *e5rosos e a seus costumes sin3u*ares mas inicia imediatamente uma *on3a descriçãodos +9'itos das tartaru3as%

Ao natura*ista amador ?unta(se o et1*o3o e5erimentador6 na cé*e're cena do com'ate entre um 5ecari e um macaco6 descrita 5or Co*om'o num mo mento em que sua situação é quase tr93ica enão se 5ode ria es5erar que e*e se concentrasse na o'servação da natureza DN9 in;meros animais6

 5equenos e 3randes6 e muito di<erentes dos nossos% &eram(me de 5resente dois 5orcos que um cãoir*ands não ousava en<rentar% Um ar5oador tin+a <erido um anima* seme*+ante a um macaco6

 5orém muito maior e com uma <ace de +omem *+e tin+a através sado o cor5o com uma <*ec+a6 do

 5eito até a cauda e6 co mo e*e estava <urioso6 tin+a tido de cortar(*+e um 'raço e uma 5erna6 O 5orco6 assim que o viu6 <icou eriçado e se 5Gs a <u3ir% Eu6 ao ver isso6 mandei *ançar o 'e3are6 comoé c+amado neste *u3ar6 contra o outro6 e quando <icou so're e*e6 ainda que estivesse J morte e aindativesse a <*ec+a no cor5o6 *ançou a cauda em vo*ta do <ocin+o do 5orco e a manteve assim6 com<orça6 enquanto6 com a mão que *+e restava6 a3arrava(o 5e*a nuca6 como um inimi3o% A 3randenovidade desta cena e a 'e*eza deste com'ate de caça *evaram(me a escrever istoD HDCartaRar.ssimaD6 -%-%,47)I%

Atento aos animais e Js 5*antas6 Co*om'o o é ainda mais a tudo que se re<ere J nave3ação6 aindaque esta atenção este?a mais *i3ada ao senso 5r9tico do marin+eiro do que J o'servação cient.<icari3orosa% Conc*uindo o 5re<9cio de seu 5rimeiro di9rio6 diri3e a si mesmo esta in?unção

"+, sobretudo, muito importante que eu esque5a o sono e se&a um navegador muito vigilante, porque assim deve ser<o que eigir grande es/or5o", e podemos dier que ele obedece risca@ nenhum dia sem anota5Kes re/erentes sestrelas, aos ventos, pro/undidade do mar, ao relevo da costa< os princ;pios teol#gicos não interv3m aqui. $uando Din#n, comandante do segundo navio, desaparece pro cura de ouro, 7olombo passa o tempo /aendo levantamentos geogr/icos@ "+sta noite toda esteve na corda, como diem os marinheiros que andar barlaventeando e não andarnada, para ver uma angra, que uma abertura entre as montanhas, que come5ou a ver ao pMrdosol, onde semostravam duas montanhas enormes" ("irio", 1'.11.1492).

O resu*tado desta o'servação vi3i*ante é que Co*om'o conse3ue6 em matéria de nave3ação6verdadeiras <açan+as Ha5esar do nau<r93io de sua naveI sem5re sa'e esco*+er os me*+ores ventos eas me*+ores ve*as inau3ura a nave3ação 5e*as estre*as e desco're a dec*inação ma3nética% Um deseus com5an+eiros da se3unda via3em6 que não 5rocura ser *ison?eiro6 escreve D&urante asnave3aç0es 'astava(*+e o*+ar uma nuvem6 ou6 J noite6 uma estre*a6 5ara sa'er o que ia acontecer ese +averiamau tem5o%D Em outras 5a*avras6 sa'e inter5retar os sinais da natureza em <unção de seusinteresses% A*i9s6 a ;nica comunicação rea* mente e<icaz que e*e esta'e*ece com os ind.3enas 'aseia(se em sua cincia das estre*as é quando6 numa so*enidade di3na de Tin tin6 se a5roveita do <ato decon+ecer a data de um ec*i5se iminente da =ua enca*+ado na costa ?amaicana +9 oito meses6 nãoconse3ue mais convencer os .ndios a trazer mantimentos 3ratuitamente então6 ameaça rou'ar(*+es a=ua6 e na noite de 2> de <evereiro de ,47/ começa a cum5rir a ameaça6 diante dos o*+os assutadosdos caciques%%% O sucesso é imediato% Mas duas 5ersona3ens coeistem em Co*om'o H5ara n1sI6 e

quando o o<icio de nave3ador não est9 mais em ?o3o a estraté3ia <ina*ista torna(se 5re5onderanteem seu sistema de inter5retação não se trata mais de 5rocurar a verdade6 e sim de 5rocurarcon<irmaç0es 5ara uma verdade con+ecida de antemão Hou6 como se diz6 tomar dese?os

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 5or rea*idadeI% "or eem5*o6 durante toda a 5rimeira travessia HCo*om'o *eva mais de um ms 5arair das Can9rias a Puanani6 a 5rimeira i*+ado Cari'e que encontraI6 e*e 5rocura ind.cios de terra% E6evidentemente6 encontra tais ind.cios6 *o3o6 uma semana a51s sua 5artida

"7ome5amos a ver numerosos tu/os de ervas muito verdes que pare ciam, segundo o !lmirante, terse desligado daterra h pouco tempo" (10.9.1492).

 "o lado do norte apareceu uma grande obscuridade, o que signi/ica que ela cobre a terra" (18.9.1492). 

">ouve algumas ondas sem vento, o que sinal evidente de proimidade da terra" (19.9.1492).

 "Aieram nau capitInia dois albatroes, e depois outro< o que /oi um sinal de estar pr#imo da terra" (2*.9.1492). 

"Airam uma baleia, sinal de que estavam perto da terra, pois elas andam sempre perto da costa" (21.9.1492).

Todos os dias Co*om'o v DsinaisD e6 no entanto6 sa'emos +o?e que os sinais mentiam Hou que não+avia sinaisI6 ?9 que a terra s1 <oi atin3ida no dia ,2 de outu'ro6 ou se?a6 mais de vinte dias de5ois

 #o mar6 todos os sinais indicam a 5roimidade da terra6 ?9 que Co*om'o assim o dese?a% Em terra6

todos os sinais reve*am a 5resença de ouro aqui tam'ém sua convicção ?9 estava <ormada +9 muitotem5o%

"+le di ainda que achava que havia imensas riqueas, pedras preciosas e especia rias" (14.11.1492). 

" !lmirante presumia que ali havia bons rios e muito ouro" (11.1.149'). 

Ws vezes a a<irmação desta convicção mistura(se6 in3enuamente6 com uma con<issão de i3nor@ncia

 "7reio que h muitas ervas e muitas rvores bastante apreciadas na +spanha para as tinturas, e como medicamentos eespeciarias< mas não as conhe5o, o que me deia deveras desgostoso" (19.1*.1492). 

"> tambm rvores de mil espcies, todas com /rutos di/erentes e todos tão per/umados que uma maravilha, e estou pro /undamente desgostoso por não conhec3las, pois estou certo de que t3m todas muito valor" (21.1*.1492). 

&urante a terceira via3em6 e*e mantém o mesmo esquema de 5ensamento ac+a que as terras sãoricas6 5ois dese?a ardente mente que o se?am sua convicção é sem5re anterior J e5erincia%

DE e*e ansiava em 5enetrar os se3redos destas terras6 5ois ac+ava im5oss.ve* que e*as não contivessem coisas de va*orDH=as Casas6 Nistoria6 ,6 ,)I%

Quais são os sinaisD que *+e 5ermitem con<irmar suas convicç0es Qua* é o 5rocedimentode Co*om'o +ermeneuta Um rio *+e <az *em'rar o Te?o%"+le lembrouse então que na embocadura do e&o, pr#imo ao mar, encontrase ouro, e pareceulhe certo que deviahaver dele aqui" ("irio", 2B.11.1492) não s1 uma va3a ana*o3ia deste 3nero não 5rova nada6 comotam'ém o 5r15rio 5onto de 5artida é <a*so no Te?o não ?uro% Ou ainda " !lmirante di que ondeh cera deve haver milhares de outras boas coisas" (29.11.1492) esta in<erncia nem se com5araao cé*e're Donde +9 <umaça +9 <o3oD e o mesmo serve 5ara outra6 onde a 'e*eza da i*+a *evaCo*om'o a conc*uir suas riquezas% Um de seus corres5ondentes6 Mosén Saume Ferrer6 +a viaescrito em ,/>4 DA maioria das coisas 'oas vem das re3i0es muito quentes6 cu?os +a'itantes sãone3ros6 ou 5a5a3aios Os ne3ros e os 5a5a3aios são 5ortanto considerados como sinais H5rovasI deca*or6 e este ;*timo como sina* de riqueza% &everia sur5reender(nos6 então6 o <ato de Co*om'onunca deiar de re3istrar a a'und@ncia de 5a5a( 3aios6 o ne3rume da 5e*e e a intensidade do ca*orOs .ndios que su'iam J nave tin+am entendido que o A*mirante dese?ava ter a*3um 5a5a3aioDH,)%,2%,/>2I a3ora sa'emos 5or qu

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&urante a terceira via3em6 e*e vai mais 5ara o su*"!;, as gentes são etremamente negras. + quando dai naveguei em dire5ão ao cidente, ocalor era etremo" (J7artaaos eis", '1.8.1498). 

Mas o ca*or é 'em(vindo

o calor que, di o !lmirante, eles suportaram nesse lugar, ele deduiu que, nessas Hndias e por onde iam, deviahaver muito ouro" ("irio", 2*.11.1492). 

=as Casas <az uma o'servação ?usta so're um outro eem5*o seme*+ante

"O uma maravilha ver como, quando um homem dese&a muito algo e se agarra /irmemente a isso em sua imagina5ão,tem a impressão, a todo momento, de que tudo aquilo que ou ve e v3 testemunha a /avor dessa coisa" (>istoria, 1, 44).

A 5rocura da *oca*ização da terra <irme Ho continenteI constitui um outro eem5*o es5antoso destecom5ortamento% &esde a 5rimeira via3em% Co*om'o re3istra em seu di9rio a in<ormação 5ertinente 

"+sta ilha >ispaniola (>aiti) e a outra ilha, PamaEe (Gamaica). estão a somente de dias de canoa da terra /irme, o que pode signi/icar de sessenta a setenta lguas, e l as gentes se vestem" (?.1.149')%

E*e tem6 5orém6 suas convicç0es6 ou se?a6 que a i*+a de Cu'a é uma 5arte do continente Hda siaI6 edecide e*iminar qua* quer in<ormação que tenda a 5rovar o contr9rio% Os .ndios encontrados 5orCo*om'o diziam que essa terra HCu'aI era uma i*+a ?9 que a in<ormação não *+e convin+a6 e*erecusava a qua*idade de seus in<ormantes% 

"+ como são homens bestiais e que pensam que o mundo inteiro uma ilha, e que nem sabem o que um continente, enão possuem nem cartas nem documentos antigos, e s# encontram praer em comer e estar com as mulheres, disseramque era uma ilha (-ernalde, transcrevendo o dirio da segunda viagem). + poss;vel nos perguntarmos em que,

eatamente, o amor pelas mulheres invalida a a/irma5ão de que o pa;s uma ilha. e qualquer modo, no /inal desta segunda epedi5ão, assistimos a uma cena clebre e grotesca, onde 7olombo se recusa de/initivamente a veri/icar pelaeperi3ncia se 7uba uma ilha, e decide aplicar o argumento de autoridade em rela5ão a seus companheiros@ todosdescem terra, e cada um pronuncia um &uramento a/irmando que "não tinha dQvida alguma de que /osse terra /irme enão uma ilha, e que antes de muitas lguas, nave gando pela dita costa, encontrariam um pa;s de gente educada econhecedora do mundo (...) %ob pena de de mil maravedis (moeda espanhola) para quem dissesse depois o contrriodo que agora diia, e a cada ve, em qualquer tempo< sob pena tambm de ter a l;ngua cortada, e, para os grumetes e gentes desta espcie, que nesse caso lhes se&am dadas cem chicotadas e que se lhes corte a l;ngua" ("Guramento sobre7uba", &unho de 1494)%

Estran+o ?uramento esse6 em que ?uram que encontrarão 3ente civi*izada a inter5retação dos sinais 5raticada 5or Co*om'o é de terminada 5e*o resu*tado ao qua* e*e deve c+e3ar% Até sua <açan+a6 a

desco'erta da América6 re*aciona(se ao mesmo com5ortamento e*e não a desco're6 encontra(a ondeDsa'iaD que estaria Honde e*e 5ensava estar a costa ocidenta* da siaI%

 "+le sempre tinha achado, no /undo de seu cora5ão", relata =as 7asas, Jquaisquer que /ossem as raKes dessa opinião(eram a leitura de oscaneili e das pro/ecias de +sdras), que atravessando o oceano para alm da ilha de >ierro, poruma distIncia de aproimadamente setecentas e cinquenta lguas, acabaria por descobrir a terra" (>istoria, 1, 1'9)%

 S9 5ercorridas setecentas *é3uas6 e*e 5ro.'e a nave3ação durante a noite6 temendo deiar esca5ar aterra6 que e*e sa'e estar 'em 5r1ima% Esta convicção é 'em anterior J via3em Fernando e sa'e**em'ram(se disso numa carta que se3ue a desco'erta

 " que v#s nos anunciastes realiouse como se v#s o tivsseis visto antes de di3lo a n#s" (carta de 1?,8.1494)%

O 5r15rio Co*om'o6 a 5osteriori6 atri'ui sua desco'erta a este con+ecimento a 5riori6 que identi<icaJ vontade divina e Js 5ro<ecias Hde <ato 'astante invocadas 5or e*e nesse sentidoI

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"G disse que para a eecu5ão do empreendimento das Hndias, a raão, a matemtica e o mapamQndi não me /oram denenhuma utilidade. ratavase apenas da realia5ão do que Fsa;as havia predito" ("Dre/cio" ao =ivro das pro/ecias,1B*1)%

 &o mesmo modo6 Co*om'o desco're Hna terceira via3emI o continente americano 5ro5riamentedito 5orque 5rocura6 de maneira 'em ordenada6 aqui*o que c+amamos de América do :u*6 comoreve*am suas anotaç0es no *ivro de "ierre dAi**V 5or raz0es de simetria6 deve +aver quatrocontinentes no 3*o'o dois ao norte e dois ao su* ou6 vistos no sentido contr9rio6 dois a *este e dois aoeste% A Euro5a e a <rica HDEti15iaDI <ormu*am o 5rimeiro 5ar norte(su* a sia é o e*emento nortedo se3undo resta desco'rir6 não6 ac+ar onde est9 *oca*izado o quarto continente% Assim6 ainter5retação D<ina*istaD não é o'ri3atoriamente menos e<icaz do que a inter5retação em5irista osoutros nave3adores não ousavam em5reender a via3em de Co*om'o6 5orque não tin+am a suacerteza%

Este ti5o de inter5retação6 'aseado na 5ré(cincia e na autoridade6 nada tem de modernoD% "orém6como vimos6 esta atitude é com5ensada 5or outra6 que nos é 'em mais <ami*iar é a admiração

intransitiva da #atureza6 tão intensa que se *i'era de toda inter5retação e de toda <unção é urnaa5reciação da #atureza que ?9 não tem nen+uma uti*idade% =as Casas transcreve um trec+o do di9riode sua terceira via3em6 que mostra Co*om'o 5re<erindo a 'e*eza J uti*idade 

"+le di que mesmo se não houvesse lucros a obter, pela belea dessas terras, (...) não dever;amos estimlas menos"(>istoria, 1, 1'1)%

 + a enumera5ão das admira5Kes de 7olombo não teria /im, "oda esta terra de montanhas muito altas e muito belas,nem ridas nem rochosas, mas muito acess;veis e com vales magn;/icos. 7omo as montanhas, os vales são repletos dervores altas e /rescas, que se tem grande satis/a5ão em avistar" ("irio", 2?.11,1492). 

"!qui, os peies são tão di/erentes dos nossos, que uma maravilha. > alguns que são, como os galos, en/eitados das

mais lindas cores do mundo@ auis, amarelos, vermelhos e de todas as cores. utros são matiados de mil maneiras e suas cores são tão belas que não h quem não /ique maravilhado e etasiado em v3los. > tambm baleias"(1?.1*.1492).

"!qui e por toda ilha, as rvores são verdes e as ervas tambm, como no m3s de abril, na !ndaluia. canto dos passarinhos tal que pareceria que &amais o homem dese&aria partir daqui. s bandos de papagaios escondem o sol. Dssaros e passarinhos são de tantas espcies, e tão di/erentes dos nossos, que uma maravilha" (21.1*.1492). Até ovento a*i Dso5ra muito carin+osamenteD H2/%,7%,/>2I6

 Dara descrever sua admira5ão cia naturea, 7olombo não pode evitar os superlativos, verde dasrvores tão intenso que deia de ser verde, "!s rvores eram ali tão vi5osas que suas /olhasdeiavam de ser verdes e /icavam escuras de tanto verde&ar" (1?.12,1492), 

"Aeio da terra um per/ume, tão bom e tão suave, das /lores ou das rvores, que era a coisa mais doce do mundo"(19.1*. 142), "+le di ainda que aquela ilha a mais bela que os olhos &amais viram" (28.1*.1492),

"+le disse que nunca tinha visto coisa mais bela do que aquele vale no meio do qual corre o rio" (1B.12.1492),

"O certo que a belea destas ilhas, com seus montes e suas serras, suas guas e seus vales regados por rios caudalosos, um espetculo tal que nenhuma outra terra sob o sol pode parecer melhor ou mais magn;/ica" ("elat#rio para !ntMnio de orres", '*.1.1494).

Co*om'o tem conscincia do que estes su5er*ativos 5odem ter de inveross.mi* e6 consequentemente6de 5ouco convincente mas reso*ve correr o risco6 ?9 que era im5oss.ve* 5roceder de outro modo%

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 DE*e <oi ver o 5orto e a<irmou que entre todos os que ?9 tin+a visto nen+um se i3ua*ava Jque*e% + pede desculpas, diendo que tanto elogiou os outros que & não sabe como elogiar aquele, e que teme ser acusado detudo magni/icar em demasia. :as &usti/ica seus elogios..." ("irio", 21.12.1492).

E ?ura que não est9 ea3erando

"+le di tanto e tais coisas da /ertilidade, da belea e da altitude das ilhas encontradas nesse porto, que pede aos eis

que não se espantem com tantos elogios. pois lhes garante que não cr3 dier destas coisas um centsimo" (14.11.1492).

 E de5*ora a 5o'reza de seu ver'o

"iia aos homens que o acompanhavam que, para /aer para os eis uma rela5ão de tudo quanto viam, mil l;nguasnão bastaram para epresslo nem sua mão para escrev3lo, e que lhe parecia estar encantado" (20.11.1492).

A conc*usão desta admiração ininterru5ta é *13ica o dese?o de não deiar este 95ice de 'e*%

 "isse que era um grande praer ver todo aquele verdor, aquelas matas e pssaros que não podia decidirse a deiar para retornar aos navios", lemos no dia 28 de outubro de 1492, e ele conclui, alguns dias depois@ "6oi coisa tão

maravilhosa ver as rvores e o /rescor, a gua tão cristalina, os pssaros e a sua vida dedos lugares que ele diacreditar que não quer mais partir daqui" (20.11.1492).

 As 9rvores são as verdadeiras sereias de Co*om'o% &iante de*as6 e*e esquece suas inter5retaç0es esua 'usca de *ucro6 5ara reiterar6 incansave*mente6 o que não serve 5ara nada6 não conduza nada6 eque6 5ortanto6 s1 5ode ser re5etido a 'e*eza%

"+le parava por mais tempo do que teria dese&ado, pelo dese&o que tinha de ver e o deleite que eperimentava em olhara belea e o /rescor das terras, onde quer que entrasse" (20.11.1492).

 alve encontre a; um motivo que animou todos os grandes via&antes, conscientemente ou não, ! observa5ão atenta da naturea condu a tr3s dire5Kes di/erentes@ interpreta5ão puramente e/ica, quando se trata

de assuntos de navega5ão< interpreta5ão /inalista, em que os sinais con/irmam as cren5as e esperan5as que se t3m< e, /inalmente, a esta recusa de interpreta5ão que a admira5ão intransitiva da naturea, a submissão absoluta belea,onde se gosta de uma rvore porque bela, porque , e não porque poderia ser utiliada como mastro de um navio, ou porque sua presen5a promete riqueas. +m rela5ão aos sinais humanos, o comportamento de 7olombo ser, /inalmente, mais simples. e uns a outros, h solu5ão de continuidade. s sinais da naturea são ind;cios, associa5ãoestveis entre duas entidades, e basta que uma este&a presente para que se possa imediatamente in/erir a outra. s sinais humanos, ou se&a, as palavras da l;ngua, não são simples associa5Kes, não unem diretamente um som a umacoisa, passam por intermdio do sentido, que uma realidade intersub&etiva. Drimeiro /ato que chama a aten5ão@7olombo, em matria de linguagem, parece notar s# os nomes pr#prios, que, em certos aspectos, são os que mais seassemelham aos ind;cios naturais. bservemos, pois, esta aten5ão aos nomes pr#prios, e, para come5ar, a preocupa5ão de 7olombo em rela5ão a seu pr#prio nome, a ponto de, como se sabe, modi/icarlhe a ortogra/ia vriasvees no decorrer de sua vida. 7edo aqui, mais uma ve, a palavra a =as 7asas, grande admirador do !lmirante e /onte Qnica de inumerveis in /orma5Kes a seu respeito, que revelar o sentido destas mu dan5as (>istoria, 1,2)@ 

":as este homem ilustre, renunciando ao nome estabelecido pelo costume, quis chamarse 7ol#n, recuperando ovocbulo antigo, menos por esta raão (ser o nome antigo) do que, devemos acreditar, mo vido pela vontade divina queo havia eleito para realiar o que seu nome e sobrenome signi/icavam. ! Drovid3ncia divina quer, geralmente, que as pessoas por +la designadas para servir recebam nomes e sobrenomes adequados tare/a que lhes con/iada, como seviu em muitos lugares na +scritura %anta@ e o 6il#so/o di, no cap;tulo FA de sua :eta/;sica@ Js nomes devem convirs qualidades e aos usos das coisas.J Dor isso ele era chamado 7ristobal, isto , 7hristurn 6erens, que quer dier portador do 7risto, e assim que ele assinava /requentemente< pois em verdade /oi o primeiro a abrir as portas do marceano, para /aer passar nosso %alvador Gesus 7risto, at essas terras long;nquas e remos at então desconhecidos(...) %eu sobrenome /oi 7ol#n, o que quer dier repovoador, nome que convm quele cu&o es/or5o /e descobrir essas gentes, essas almas em nQmero in/inito que, gra5as prega5ão do +vangelho. (...) /oram e irão todos os dias repovoara cidade gloriosa do 7u. ambm lhe convm na medida em que /oi o primeiro a /aer vir gentes da +spanha (emboranão as que deveria), para /undar colMnias, ou popula5Kes novas que, estabelecendose &unto aos habitantes naturais(...), deviam constituir uma nova (...) Fgre&a cristã e um +stado /eli."7olombo (4) e, depois dele. =as 7asas, assimcomo muitos de seus contemporIneos, acreditam, portanto, que os nomes. ou. pelo menos, os de pessoas ecepcionais.devem ser imagem de seu ser. + 7olombo tinha conservado nele mesmo dois tra5os dignos de /igurar at em seu

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nome@ o evangeliador e o coloniador< e tinha raão. ! mesma aten5ão para com o nome, que beira o /etichismo,mani/estase nos cuidados de que cerca sua assinatura< pois ele não assina, como qualquer um, seu nome, mas uma sigla particularmente elaborada tão elaborada, alis, que ainda não se pode penetrar seu segredo. + não se contentaem utilila, impondoa tambm a seus herdeiros. =3se na institui5ão de morgado@ :eu /ilho on iego e qual queroutra pessoa que herde este morgado, a partir do mo mento em que o herdar e dele tomar posse, assinar minha pr#pria assinatura, tal como por mim utiliada no mo mento. u se&a. um R com um % acima< um : com um !romano abaio, com tra5os e v;rgulas, tal qual tra5oos agora, e que podem ser vistos em minhas assinaturas, que

 podem ser encontradas em grande nQmero, e tal qual podem ser vistos pela presente" (22.2.1498).

 !t os pontos e v;rgulas são estabelecidos de ante mãoL +sta aten5ão ecessiva para com o pr#prio nome encontra um prolongamento natural em sua atividade de denominador, durante as viagens. 7omo !dão no Oden, 7olomboapaionase pela escolha dos nomes do mundo virgem que est vendo< e, assim como para ele mesmo, os nomes devem ser motivados. ! motiva5ão estabelecida de vrias maneiras. No in;cio, h uma espcie de diagma@ a ordemcronol#gica dos batismos corresponde ordem de importIncia dos ob&etos associados aos nomes. ! sequ3ncia ser@ eus, a Airgem :aria, o rei de +spanha, a rainha, a herdeira real. "S primeira que encontrei (tratase de ilhas), dei onome de %an %alvador, em homenagem a %ua !lta :a&estade, que maravilhosamente deume tudo isto. s ;ndioschamam esta ilha de Cuanani. S segunda ilha dei o nome de %anta :aria de 7oncepci#n, terceira, 6ernandina, quarta, Fsabela, quinta, Guana, e assim a cada uma delas dei um novo nome" ("7arta a %antangel", /evereiromar5ode 149').

Co*om'o sa'e 5er<eitamente que as i*+as ?9 tm nome6 de uma certa <orma6 nomes naturais Hmas emoutra ace5ção do termoI as 5a*avras dos outros6 entretanto6 não *+e interessam muito6 e e*e querre'atizar os *u3ares em <unção do *u3ar que ocu5am em sua desco'erta6 dar(*+es nomes ?ustos anomeação6 a*ém disso6 equiva*e a tomar 5osse% Mais tarde6 os re3istros re*i3ioso e rea* ?9 quase es3otados6 recorre a uma motivação mais tradiciona*6 5or seme*+ança direta6 que e*e ?usti<ica emse3uida%

 "ei a esse cabo o nome de 7abo -elo, porque realmente belo" (19.1*.1492). 

"7hamouas de ilhas de !reia, pelo pouco /undo que tinham por seis lguas em sua parte sul" (20.1*.1492).

"Aiu um cabo coberto de palmeiras, e nomeouo 7a bodas Dalmeiras" ('*.1*.1492). "> um cabo que avan5a muito nomar, s vees alto s vees baio, e por isso ele nomeouo 7abo !ltoe-aio" (19.12.1492).

"+ncontramos part;culas de ouro nos aros dos barris (...). !lmirante deu ao rio o nome de io do uro" (8.1.149').

"$uando avistou a terra, /oi um cabo que nomeou do Dai e do 6ilho, porque sua etremidade leste dividida em duas pontas rochosas, uma maior do que a outra" (12.1.149',1, 19B).

 "7hamei o local de s Gardins, porque era o nome que convinha..." ("7arta aos eis", '1.8.1498).

As coisas devem ter os nomes que *+es convm% N9 dias em que esta o'ri3ação deia Co*om'o numestado de verdadeiro <uror nominativo% Assim6 a ,, de ?aneiro de ,/>)

"Navegou quatro lguas em dire5ão ao leste, at um cabo que chamou de Curup3s. e l, a sudeste elevase o monteque ele chamou de :onte da Drata, que di estar a oito lguas. eoito lguas a leste, quarta sudeste do 7aboCurup3s encontrase o cabo que ele chamou do !n&o. (...) $uatro lguas a leste, quarta sudeste do 7abo do !n&o, huma ponta que o !lmirante chamou de Donta do 6erro. $uatro lguas a diante, na mesma dire5ão, uma outra pontaque nomeou Donta %eca, e ainda seis lguas alm, o cabo que chamou de 7abo edondo. :ais alm, a leste, est o7abo 6ranc3s .

 +le parece ter tanto praer nisso que h dias em que d dois nomes sucessivos ao mesmo lugar (por eemplo, no dia ?de deembro de 1492, um porto que de madrugada tinha sido nomeado :aria /ica sendo %ão Nicolau no /im da tarde). Dor outro lado, se algum quiser imitlo em sua a5ão de nomeador, ele anula a decisão para impor o nome que elequer@ durante sua /uga, Din#n tinha nomeado um rio com seu pr#prio nome (coisa que o !lmirante nunca /a), mas7olombo apressase em rebatilo "io de Cra5a". Nem os ;ndios escapam da torrente de nomes@ os primeiros

homens levados +spanha são rebatiados on Guan de 7astilia e on 6ernando de !rag#n... primeiro gesto de7olombo em contato com as terras recentemente descobertas (consequentemente, o primeiro contato entre a +uropa eo que ser a !mrica) uma espcie de ato de nomina5ão de grande alcance@ uma declara5ão segundo a qual asterras possam a /aer parte do reino da +spanha. 7olombo desce terra numa barca decorada com o estandarte real,

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acompanhado por dois de seus capitães, e pelo escrivão real, munido de seu tinteiro. %ob os olhares dos ;ndios, provavelmente perpleos, e sem se preocupar com eles, 7olombo /a redigir um ato. "+le lhes pediu que dessem / etestemunho de que ele, diante de todos, tomava posse da dita ilha como de /ato tomou em nome do ei e da ainha, seus %enhores (11.1*.1492).

Que este ten+a sido o 5rimeiro ato de Co*om'o na América nos diz 'astante da im5ort@ncia quetin+am 5ara e*e as cerimGnias de nominação%

Como dissemos6 os nomes 5r15rios constituem um setor muito 5articu*ar do voca'u*9riodes5rovidos de sentido6 servem somente 5ara denotar6 mas não servem6 diretamente6 5ara acomunicação +umana diri3em(se J natureza Ho re<erenteI6 não aos +omens são6 J seme*+ança dos.ndices6 associaç0es diretas entre sequncias sonoras e se3mentos do mundo% A 5arte dacomunicação +umana que 5rende a atenção de Co*om'o é6 5ois6 5recisamente o setor da *in3ua3emque serve unicamente6 5e*o menos num 5rimeiro momento6 5ara desi3nar a natureza%

Quando Co*om'o se vo*ta 5ara o resto do voca'u*9rio6 ao contr9rio6 mostra muito 5ouco interesse ereve*a ainda mais sua conce5ção in3nua da *in3ua3em6 ?9 que sem5re v os nomes con<undidos Jscoisas toda a dimensão de intersu'?etividade6 do va*or rec.5roco das 5a*avras H5or o5osição 9 suaca5acidade denotativaI6 do car9ter +umano6 e 5ortanto ar'itr9rio6 dos si3nos6 *+e esca5a% Aqui est9um e5is1dio si3ni<icativo6 uma es5écie de 5ar1dia do tra'a*+o etno3r9<ico tendo a5rendido ovoc9'u*o ind.3ena DcaciqueD6 5reocu5a(se menos em sa'er o que si3ni<ica na +ierarquia6convenciona* e re*ativa6 dos .ndios6 do que em ver a que 5a*avra es5an+o*a corres5onde eatamente6co mo se <osse 1'vio que os .ndios esta'e*ecem as mesmas distinç0es que os es5an+1is como se ouso es5an+o* não <osse uma convenção entre tantas6 e sim o estado natura* das coisas

"!t então, o !lmirante não pudera compreender se esta palavra (cacique) signi/icava rei ou governador. +les tinhamtambm uma outra palavra para os grandes, que chamavam nitaEno, mas ele não sabia se designava um /idalgo, um governador ou um &ui" ("irio", 2'.12.1492).

Co*om'o não duvida nem 5or um se3undo de que os .ndios6 como os es5an+1is6 distin3uem entre<ida*3o6 3overnador6 e ?uiz sua curiosidade *imita(se ao eato equiva*ente ind.3ena destes termos%"ara e*e6 todo o voca'u*9rio é seme*+ante aos nomes 5r15rios6 e estes decorrem das 5ro5riedadesdos o'?etos que desi3nam o co*onizador deve c+amar(se Co*1n% As 5a*avras são ( e não são nadamais que isso ( a ima3em das coisas%

 #ão ser9 nada sur5reendente notar a 5ouca atenção que Co*om'o d9 Js *.n3uas estran3eiras% :reação es5ont@nea6 nem sem5re e5*.cita6 mas su'?acente a seu com 5ortamento6 é que6 no <undo6 adiversidade *in3u.stica não eiste6 ?9 que a *.n3ua é natura* O que se torna ainda mais sur5reendentena medida em que o 5r15rio Co*om'o é 5o*i3*ota6 e ao mesmo tem5o des5rovido de *.n3ua materna

 5ratica tão 'em Hou tão ma*I o 3enovs quanto o *atim6 o 5ortu3us e o es5an+o* mas as certezas

ideo*13icas sem5re sou'eram su5erar as contin3ncias individuais% Até sua convicção da 5roimidade da sia6 que *+e d9 a cora3em de 5artir6 'aseia(se num ma*(entendido *in3u.sticocaracterizado% o5inião comum em sua é5oca que a Terra é redonda mas acredita(se6 com razão6que a dist@ncia entre a Euro5a e a sia 5e*a via ocidenta* é muito 3rande6 ta* vez até demais%Co*om'o aceita a autoridade do astrGnomo 9ra'e A*<ra3amus6 que indica com 'astante correção acircun<erncia da Terra6 mas e5rime(a em mi*+as 9ra'es6 de um terço su5eriores Js mi*+asita*ianas6 a que Co*om'o est9 acostumado% Este não 5ode conce'er que as medidas se?amconvenç0es6 que o mesmo termo ten+a si3ni<icados di<erentes se3undo as di<erentes tradiç0es Hou*.n3uas6 ou contetosI traduz então em mi*+as ita*ianas6 e a dist@ncia não 5arece estar a*ém de suas<orças% E6 a5esar de a sia não estar onde e*e 5ensa que est96 tem como conso*o a desco'erta daAmérica%%%

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Co*om'o não recon+ece a diversidade das *.n3uas e6 5or isso6 quando se v diante de uma *.n3ua estran3eira6s1 +9 dois com5ortamentos 5oss.veis6 e com5*ementares recon+ecer que éuma *.n3ua6 e recusar(se a aceitar que se?a di<erente6 ou então recon+ecer a di<erença e recusar(se aadmitir que se?a uma *.n3ua%%% Os .ndios que encontra *o3o no in.cio6 a ,2 de outu'ro de ,/>26

 5rovocam uma reação do se3undo ti5oao v(*os6 5romete

"%e eus as sim o quiser, no momento da partida levarei seis deles a Aossas !lteas, para que aprendam a /alar" (estestermos chocaram tanto os vrios tradutores /ranceses de 7olombo que todos corrigiram@ "para que aprendam nossal;ngua"). :ais tarde, consegue admitir que eles t3m uma l;ngua, mas não chega a conceber a di/eren5a, e continua aescutar palavras /amiliares em sua l;ngua, e /ala com eles como se devessem compreend3lo, e censuraos pela m pronQncia de palavras ou nomes que pensa reconhecer. 7om esta de /orma5ão de audi5ão, 7olombo mantm dilogosengra5ados e imaginrios, dos quais o mais longo re/erese ao Crande 7an, meta de sua viagem. s ;ndios diem a palavra 7a riba, designando os habitantes (antrop#/agos) do 7aribe. 7olombo entende caniba, ou se&a, gente do 7an. :as entende tambm que, segundo os ;ndios, estas personagens t3m cabe5a de cão (do espanhol can), com as quais, &usta mente, comemnos. + acha que os ;ndios estão inventando hist#rias, censurandoos então por isso@ " !lmiranteachava que estavam mentindo, e acreditava que aqueles que os capturavam eram da senhoria do Crande 7an"(2?.11.1492).

Quando Co*om'o recon+ece6 en<im6 a di<erença de uma *.n3ua6 3ostaria que6 5e*o menos6 <osse a de

todas as outras +96 em suma6 as *.n3uas *atinas de um *ado6 e as *.n3uas estran3eiras do outro% Asseme*+anças são 3randes no interior de cada 3ru5o6 a ?u*3ar 5e*a <aci*idade do 5r15rio Co*om'o

 5ara as 5rimeiras6 e a do es5ecia*ista em *.n3uas que traz com e*e 5ara as outras% Quando ouve <a*arde um 3rande cacique no interior das terras6 que ima3ina ser o Can6 envia6 como emiss9rio6 

"um certo =uis de orres que tinha vivido com o governador de :Qrcia e tinha sido &udeu e sabia,diem, o hebraico, o caldeu e um pouco de rabe" (2.11.1492)%

5oss.ve* que nos 5er3untemos em que *.n3ua teriam sido <eitas as ne3ociaç0es entre o enviado deCo*om'o e o cacique .ndio6 a*i9s im5erador da C+ina mas este ;*timo não com5areceu ao encontro%O resu*tado desta <a*ta de atenção 5ara com a *.n3ua do outro é <9ci* de 5rever de <ato6 em todo o

decorrer da 5rimeira via3em6 antes de os .ndios *evados J Es5an+a terem a5rendido a D<a*arD6 é atota* incom5reensão ou6 como diz =as Casas6 na mar3em do di9rio de Co*om'o"+stavam todos no escuro, pois não compreendiam o que os ;ndios diiam" ('*.1*.1492). 

sto não c+e3a a ser c+ocante6 nem sur5reendente ao contr9rio6 o que c+oca e sur5reende é o <ato deCo*om'o a3ir o tem5o todo como se entendesse o que *+e dizem6 dando6 simu*taneamente6 5rovasde sua incom5reensão% A 2/ de outu'ro de ,/>26 5or eem5*o6 es creve "e*o que ouvi dos .ndios6Ha i*+a de Cu'aI é 'astante etensa6 de 3rande comércio6 e que +avia ne*a ouro e es5eciarias e3randes naus e mercadores%D Mas6 duas *in+as a'aio6 no mesmo dia6 escreve não com5reendo a*in3ua3em de*esD% "ortanto6 o que e*e DentendeD e DescutaD é sim5*esmente um resumo dos *ivros deMarco "o*o e "ierre dAi**V% E*e entendeu que vin+am até a*i navios de 3rande tone*a3em6

 5ertencentes ao Prande Can6 e que aterra <irme estava a dez dias de nave3açãoD H2%,7%,/>2I%DRe5ito6 5ois6 o que disse re5etidas vezes Cani'a não é nada senão o 5ovo do Prande Can6 quedeve ser vizin+o deste%D E continua com este coment9rio sa'oroso DA cada dia que 5assa6 diz oA*mirante6 com5reendemos me*+or estes .ndios6 e com e*es acontece o mesmo6 em'ora v9rias vezesten+am tomado uma coisa 5or outraD H,,%,2%,/>2I% &is5omos de outro re*ato que i*ustra a maneira

 5e*a qua* seus +omens <aziam(se com5reender 5e*os .ndios

"s 7ristãos, achando que, se sa;ssem de suas chalupas em grupos de dois ou tr3s no mimo, os ;ndios não teriammedo, avan5aram em dire5ão a eles de tr3s em tr3s traendo que não os temessem em sua l;ngua que conheciam um pouco pela conversa daqueles que traiam. No /im, todos os ;ndios se puseram a /ugir, de modo que não restou nem grande nem pequeno" (20.11.1492).

Co*om'o nem sem5re é en3anado 5or suas i*us0es6 e admite que não +9 comunicação Ho que tornaainda mais 5ro'*em9ticas as Din<ormaç0esD que 5ensa o'ter em suas conversasI

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"Não conhe5o a l;ngua das gentes daqui, eles não me compreendem e nem eu nem nenhum de meus homens osentendemos" (20.11.1492)

 + di ainda que s# compreendia a l;ngua dos ind;genas "por con&ecturas" (1B.1.149')

 sa'emos6 no entanto6 o quanto esse método é 5ouco se3uro%%%

A comunicação não(ver'a* não é nada me*+or que a troca de 5a*avras% Co*om'o 5re5ara(se 5aradesem'arcar com seus +omens%

"Tm dos ;ndios (que estão diante dele) veio, pelo rio, at a popa da barca e iniciou um longo dis curso, que o !lmirante não compreendeu (o que em nada surpreende). :as notou que os outros ;ndios, de tempos em tempos,levantavam as mãos ao cu e davam um grito. !lmirante achava que eles lhe diiam que sua vinda lhes agradava(eemplo t;picode Uish thinVing), mas viu que o ;ndio que traia consigo (este sim, compreende a l;ngua) mudava decor, /icando amarelo como a cera, e tremia muito, diendo por sinais que era preciso que o !lmirante sa;sse do rio, porque queriam matlos" ('.12.1492)%

Resta sa'er se Co*om'o entendeu 'em o que o se3undo .ndio *+e dizia D5or sinaisD% Eis um eem5*ode emissão sim'1*ica mais ou menos tão 'em(sucedida quanto a 5ri meira

"+u dese&ava muito /alar com eles, e & não tinha nada que lhes pudesse ser mostrado para que viessem, eceto umtamborim que mandei traer ao castelo de popa, para ser tocado e /aer dan5ar alguns &ovens, pensando que elesviriam ver a /esta. :as assim que viram o tamborim ser tocado e a dan5a, todos abandonaram os remos, tomaram seusarcos, estenderamnos, cada um cobrindose com o escudo, e come5aram a atirar /lechas sobre n#s" ("7arta aos eis",'1.8.1498).

Estes <racassos não se devem unicamente J i3nor@ncia da *.n3ua e dos costumes dos .ndios Hem'oraCo*om'o 5u desse ter tentado venc(*aI os interc@m'ios com os euro5eus tam'ém não são 'em(sucedidos% Assim6 vo*tando da 5rimeira via3em6 nos Açores6 Co*om'o comete um erro a51s outro

em sua comunicação com um ca5itão 5ortu3us que *+e era +osti*% Crédu*o demais no in.cio6 vseus +omens detidos6 quando es5erava a me*+or das rece5ç0es dissimu*ador 3rosseiro em se3uida6não conse3ue atrair o ca5itão a seu navio6 5ara 5rend(*o% :ua 5erce5ção dos +omens J sua vo*tanão é muito c*arividente aque*es em quem de5osita toda con<iança Hcomo Ro*d9n6 ou No?edaIvo*tam(se em se 3uida contra e*e6 ao 5asso que e*e ne3*i3encia 5essoas que *+e são rea*mentededicadas6 como &ie3o Mendez%

Co*om'o não é 'em(sucedido na comunicação +umana 5orque não est9 interessado ne*a% =(se eeu di9rio6 a de dezem'ro de ,/>26 que os .ndios que +avia trazido a 'ordo de seu 'arco tentamesca5ar e inquietam(se ao ver(se *on3e de sua i*+a% DA*i9s e*e os com5reendia tão ma* quanto e*es ae*e6 e tin+a o maior temor do mundo das 3entes desta i*+a% Assim6 5ara conse3uir <a*ar com os

+a'itantes desta i*+a6 teria sido necess9rio 5ermanecer a*3uns dias neste 5orto% Mas e*e não o <azia6 5ara ver mais terras e duvidando que o 'om tem5o durasse%D Tudo est9 a.6 no encadeamento dea*3umas <rases a 5ouca 5erce5ção que Co*om'o tem dos .ndios6 mistura de autoritarismo econdescendncia a incom5reensão de sua *.n3ua e de seus sinais a <aci*idade com que a*iena avontade do outro visan do a um me*+or con+ecimento das i*+as desco'ertas a 5re<erncia 5e*a terra6e não 5e*os +omens% #a +ermenutica de Co*om'o6 estes não tm *u3ar reservado%

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Colombo e os índiosCo*om'o <a*a dos +omens que v unicamente 5orque estes6 a<ina*6 tam'ém <azem 5arte da

 5aisa3em% :uas men ç0es aos +a'itantes das i*+as a5arecem sem5re no meio de anotaç0es so're a #atureza6 em a*3um *u3ar entre os 59s saros e as 9rvores%

"No interior das terras, h muitas minas de metais e inQmeros habitantes" ("7arta a %antangel", /evereiromar5o de

149'). "!t então, ia cada ve melhor, na quilo que tinha descoberto, pelas terras como pelas /lores tas, plantas, /rutos, /lorese gentes" ("irio", 2B.11.1492).

"!s ra;es ali eram tão grossas quanto as pernas, e todos, di, eram /ortes e valentes" (1?.12.1492) vemosclaramente como são introduidas as pessoas, em /un5ão de uma compara5ão necessria descri5ão das ra;es.

 "Notaram que as mulheres casavam panos de algodão, mas não as meninas, algumas & com deoito anos. >aviaainda cães mastins e perdigueiros. +ncontraram tambm um homem que tinha no nari uma pepita de ouro do tamanhode um meio castelhano (10.1*.1492)

esta re<erncia aos cães en tre o'servaç0es so're as mu*+eres e os +omens indica 'em o re3istro emque estavam inseridos% A 5rimeira re<erncia aos .ndios é si3ni<icativa

"+ntão viram gentes nuas.,." (11.1*.1492). 

'astante reve*ador que a 5rimeira caracter.stica desta 3ente que c+ama a atenção de Co*om'o se?aa <a*ta de vestimentas ( que6 5or sua vez6 são sim'o*os de cu*tura Hda. o interesse de Co*om'o 5e*as

 5essoas vestidas6 que 5oderiam a5roimar(se mais do que se sa'e do Prande Can e <ica um 5oucodece5cio nado 5or encontrar a5enas se*va3ensI% A mesma constatação rea5arece  

WAão completamente nus, homens e mulheres, como suas mães os pariram" (?.11.1492).

 "+ste rei e todo os seus andavam nus como tinham nascido, assim como suas mulheres, sem nenhum embara5oJ(1?.12.1492)@ as mulheres, pelo menos, podiam ser mais cuidadosas. %uas observa5Kes limitamse, /requentemente, aoaspecto /;sico das pessoas@ sua estatura, cor da pele (mais apreciada na medida em que mais clara, ou se&a, mais parecida). "odos são como os canarinos, nem negros nem brancos" (11.1*.1492).

 "%ão mais claros que os de outras ilhas, +ntre outros, tinham visto &ovens tão brancas quanto poss;vel ser na +spanha" (1',12.1492).

"> belissimos corpos de mulheres" (21.12,1492). + conclui, com surpresa, que apesar de nus os ;ndios parecem mais pr#imos dos homens do que dos animais, "odas as gentes das ilhas e l da terra /irme, embora tenham apar3nciaanimalesca e andem nus (J..) parecem ser bastante raoveis e de intelig3ncia agu5ada"(-ernalde),

Fisicamente nus6 os .ndios tam'ém são6 na o5inião de Co*om'o6 des5rovidos de qua*quer 5ro5riedade cu*tura* caracterizam(se6 de certo modo6 5e*a ausncia de costumes6 ritos e re*i3ião Hoque tem uma certa *13ica6 ?9 que6 5ara um +omem como Co*om'o6 os seres +umanos 5assam avestir(se a51s a e5u*são do 5ara.so6 e esta situa(se na ori3em de sua identidade cu*tura*I% A*émdisso6 Co*om'o tem6 como vimos6 o +9'ito de ver as coisas se3undo sua convenincia6 mas ési3ni<icativo que e*e se?a assim *evado J ima3em da nudez es5iritua*6

"Dareceume que eram gente muito desprovida de tudo", escreve no primeiro encontro, e ainda@ "Dareceume que não pertenciam a nenhuma seita" (11,1*.1492)%

"+stas gentes são muito paci/icas e medrosas, nuas, como & disse, sem armas e sem leis" (4,11,1492),

"Não so de nenhuma seita, nem id#latras" (20,11,1492).

 S9 des5rovidos de *.n3ua6 os .ndios se vem sem *ei ou re*i3ião e6 se 5ossuem cu*tura materia*6 esta

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não atrai a atenção de Co*om'o6 não mais do que6 anteriormente6 sua cu*tura es5iritua*

DTraziam 5e*otas de a*3odão <iado6 5a5a3aios6 *anças6 e outras coisin+as que seria tediosoenumerarD H,)%,76,/>2I o im5ortante6 c*aro6 é a 5resença dos 5a5a3aios% :ua atitude em re*ação aesta outra cu*tura é6 na me*+or das +i51teses6 a de um co*ecionador de curiosidades6 e nunca vemacom5an+ada de uma tentativa de com5reender o'servando6 5e*a 5rimeira vez6 construç0es em

a*venaria Hdurante a quarta via3em6 na costa de NondurasI6 contenta(se em ordenar que se que 'rede*as um 5edaço6 5ara 3uardar como *em'rança%

de es5erar que todos os .ndios6 cu*tura*mente vir 3ens6 593ina em 'ranco J es5era da inscriçãoes5an+o*a e cristã6 se?am 5arecidos entre si6 Dodos pareciamse com aqueles de que & /alei, mesmacondi5ão, tambm nus, e da mesma estatura" (10.1*.1492).,"Aieram muitos deles, semelhantes aosdas outras ilhas, igualmente nus e pintados" (22.1*.1492), "+stes t3m a mesma naturea, e osmesmos hbitos que os que at agora encontramos" (1.11,1492), "%ão, di o !lmirante, gente

 semelhante aos ;ndios de que & /alei, de mesma /" ('.12,1492). Os .ndios se 5arecem 5or estaremnus6 5rivados de caracter.sticas distintivas%

&ado este descon+ecimento da cu*tura dos .ndios e sua assimi*ação J natureza6 não se 5odees5erar encontrar nos escritos de Co*om'o descriç0es deta*+adas da 5o5u*ação% A ima3em que Co*om'o nos d9 dos .ndios o'edece6 no in.cio6 Js mesmas re3ras que a descição da natureza decidido a tudo admirar6 começa6 então6 5e*a 'e*eza <.sica dos .ndios6 "+ramtodos muito bem /eitos, bel;ssimos de corpo e muito harmoniosos de rosto" (11,1*,1492). "+ todos de boa estatura, gente muito bonita" (1'.1*,1492). "+ram aqueles os mais belos homens eas mais belas mulheres que tinham encontrado at então" (1?,12.1492).

Um autor como "ierre MartVr6 que re<*ete eatamente as im5ress0es Hou os <antasmasI de Co*om'oe de seus 5rimeiros com5an+eiros6 5inta cenas id.*icas% Eis que as .n dias vm saudar Co*om'o

 "odas eram belas. +ra como se v;ssemos aquelas espl3ndidas niades ou nin/as das /on tes, tão decantadas pela !ntiguidade. endo nas mãos /eies de palmas que seguravam ao eecutar suas dan5as, que acompanhavam de cantos,dobraram os &oelhos e os apre sentaram ao adelantado" (1, B< c/. 6ig. ').

Esta admiração6 decidida de antemão6 estende(se tam'ém J mora*% Co*om'o dec*ara de cara que são3ente 'oa6 sem se 5reocu5ar em <undamentar sua a<irmação% "%ão as melhores gentes do mundo, eas mais paci/icas" (1?.12.1492). " !lmirante di que não cr3 que um homem &amais tenha visto

 gente de cora5ão tão bom" (21.12.1492). JNão creio que ha&a no mundo homens melhores, assimcomo no h terras melhores" (2B.12.1492)@ a /cil liga5ão entre homens e terras indica bem oesp;rito com que es creve 7olombo, e a pouca con/ian5a que podemos depo sitar nas qualidadesdescritivas de suas observa5Kes. !lm disso, no momento em que conhecer melhor os ;ndios, cair

no outro etremo, o que não tornar sua in/orma5ão mais digna de /@ v3se, nu/rago maica,"cercado por um milhão de selvagens cheios de crueldade, e que nos são hostis" ("7arta arissima", 0.0.1B*'). :em d;vida6 o que mais c+ama a atenção aqui6 é o <ato de Co*om'o s1encontrar6 5ara caracterizar os .ndios6 ad?etivos do ti5o 'omX mau6 que na verdade não dizem nadaa*ém de de5enderem do 5onto de vista de cada um6 são qua*idades que corres5ondem a etremos enão a caracter.sticas est9veis6 5orque re*acionadas J a5reciação 5ra3m9tica de uma situação6 e nãoao dese?o descer%

&ois traços dos .ndios 5arecem6 J 5rimeira vista6 me nos 5revis.veis do que os outros sãoa D3enerosidadeD e a DcovardiaD% Ao *er as descriç0es de Co*om'o6 5erce'emos que estas a<irmaç0esin<ormam mais so're o 5r15rio do que so're os .ndios% #a <a*ta das 5a*avras6 .ndios e es5an+1is

trocam6 desde o 5rimeiro encontro6 5equenos o'?etos e Co*om'o não se cansa de e*o3iar a3enerosidade dos .ndios6 que dão tudo 5or nada% Uma 3enerosidade que6 Js vezes6 5arece(*+e 'eirara 'urrice 5or que a5reciam i3ua*mente um 5edaço de vidro e uma moeda Uma moeda 5e quena e

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uma de ouro "ei", escreve, "muitas outras coisas de pouco valor que lhes causaram grande praer" ("irio", 11.1*.1492). "udo o que t3m, dão em troca de qual quer bagatela que se lheso/ere5a, tanto que aceitam na troca at mesmo peda5os de tigela e ta5as de vidroque bradas" (1'.1*.1492) "!lguns tinham peda5os de ouro no nari, que de bom grado tr ocavam por (...) X que valem tão pouco que não valem nada" (22.11.1492). "%e&a coisa de valor oucoisa de baio pre5o, qualquer que se&a o ob&eto que se lhes d em troca e qualquer que se&a seu

valor, /icam satis/eitos" ("7arta a %antangel", /evereiromar5o de 149'). Co*om'o não com5reendeque os va*ores são convenç0es ( a mesma incom5reensão que mostrou em re*ação Js *.n3uas6 comovimos ( e que o ouro não é mais 5recioso do que o vidro Dem siD6 mas somente no sistema euro5eude troca% E6 quando conc*ui a descrição das trocas dizendo

"!t peda5os de barris quebrados aceitavam, dan do tudo o que tinham, como bestas idiotasL" ("7arta a %antangel", /evereiromar5o de 149').

Temos a im5ressão de que é e*e o idiota um sistema de troca di<erente si3ni<ica6 5ara e*e6 aausncia de sistema6 e da. conc*ui 5e*o car9ter 'estia* dos .ndios%

O sentimento de su5erioridade 3era um com5ortamento 5rotecionista Co*om'o nos diz que 5ro.'eseus marin+eiros de e<etuarem trocas6 se3undo e*e6 escanda*osas% #o entanto6 vemos o 5r15rioCo*om'o o<erecer 5resentes estran+os6 que +o?e associamos aos Dse*va3ensD Hmas <oi Co*om'o o

 5rimeiro a ensin9(*os a a5reciar e ei3ir tais 5resentesI%

":andei procurlo, deilhe um gorro vermelho, algumas mi5angas de vidro verde, que pus em seu bra5o, e um par de guios que prendi a suas orelhas" ("irio", 1B.1*.1492).

"eilhe um belissimo colar de Imbar que traia no pesco5o, um par de cal5ados vermelhos e um /rasco de gua de /lor de laran&eira. !legrouse muito com isso" (18.12.1492).

" senhor & traia camisa e luvas que o !lmirante lhe tinha dado" (2?.12.1492).

Com5reende(se que Co*om'o <ique c+ocado com a nudez do outro6 mas *uvas6 um 3orro verme*+o esa5atos seriam6 nessas circunst@ncias6 5resentes mais ;teis do que taças de vidro que'radas Emtodo caso6 os c+e<es .ndios 5oderão vir visit9(*os vestidos%%% 8eremos que de5ois os .ndiosdesco'rirão outros usos 5ara os 5re sentes es5an+1is6 em'ora sua uti*idade continue não sendodemonstrada%

J7omo não tinham vestimentas, os ind;genas se perguntaram de que poderiam servir agulhas, e os espanh#is satis/ieram sua engenhosa curiosidade, mostrandolhes por gestos que as agulhas servem para arrancar os espinhosque /requentemente lhes penetram a pele, ou para limpar os dentes< e assim come5aram a /aer delas muito caso"(Dierre :artEr, 1, 8).

 O com base nessas observa5Kes e trocas que 7olombo declara que os ;ndios são as pessoas mais generosas do mundo,dando assim urna contribui5ão importante ao mito do bonsauvage.

 "Não cobi5am os bens de outrem"(2?.12.1492). "%ão a tal ponto desprovidos de arti/;cio e tão generosos com o que possuem, que ningum acreditaria a menos que o tivesse visto" ("7arta a %antangel", /evereiromar5o de 149').

"+ que não se diga, di o !lmirante, que dão generosamente porque o que davam pouco valia, pois os que davam urna pepita de ouro e os que davam a caba5a de gua agiam do mesmo modo, e com a mesma liberalidade. + /cil saber,di o !lmirante, quando se d uma coisa de cora5ão" ("irio", 21.12.1492).

A coisa é6 na verdade6 menos sim5*es do que 5arece% Co*om'o 5ressente isso quando6 em sua carta a:antan3e*6 reca5itu*a sua e5erincia

"Não pude saber se possuem bens privados, mas tive a impressão de que todos tinham direitos sobre o que cada um possu;a, especialmente no que se re/ere aos v;veres" (/evereiromar5o de 149').

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:er9 que uma outra re*ação com a 5ro5riedade 5rivada e5*icaria estes com5ortamentosD3enerososD Fernando6 o <i*+o6 diz a*3o nesse sentido quando re*ata um e5is1dio da se3undavia3em DA*3uns .ndios que o A*mirante tin+a trazido de sa'e*a entraram nas ca'anas Hque

 5ertenciam aos .ndios *ocaisI e serviram(se de tudo o que era de seu a3rado os 5ro5riet9rios nãoderam o menor sina* de a'orrecimento6 como se tudo o que 5ossu.ssem <osse 5ro5riedade comum%Os ind.3enas6 ac+ando que t.n+amos o mesmo costume6 no in.cio 5e3aram dos cristãos tudo o que

era de seu a3ra do mas notaram seu erro ra5idamenteD H4,I%

Co*om'o6 nesse momento6 esquece sua 5r15ria im5ressão6 e dec*ara *o3o de5ois que os .ndios6*on3e de serem 3enerosos6 são todos *adr0es Hinversão 5ara*e*a Jque*a que os tin+a trans <ormado deme*+ores +omens do mundo em se*va3ens vio *entosI% mediatamente6 im50e(*+es casti3os cruéis6os mesmos que se costumava então a5*icar na Es5an+a

 "7omo na viagem que /i a 7ibao, ocorreu que algum ;ndio roubou, se /osse descoberto que alguns deles roubam,castigaios cortandolhes o nari e as orelhas, pois são partes do corpo que não se pode esconder" ("Fnstru5Kes a :osen Dedro :argarite", 9.4.1494).

O discurso so're a DcovardiaD encamin+a(se do mesmo modo% #o in.cio6 é a condescendnciarison+a

"Não t3m armas e são tão medrosos que um dos nossos bastaria para /aer /ugir cem deles, mesmo brincando"("irio", 12.11.1492).

" !lmirante garante aos eis que com de homens /ar;amos /ugir de mil deles, a tal ponto são co vardes e medrosos"('.12.1492).

"Não possuem nem /erro, nem a5o, nem armas, e não são /eitos para isso< não por que não se&am saudveis, e de boaestatura, mas porque são prodigiosamente medrosos" ("7arta a %antangel", /evereiromar5o de 149').

A caça aos .ndios 5e*os cães6 outra Ddesco'ertaD de Co*om'o6 'aseia(se numa o'servação se

me*+ante

"Dois, contra os ;ndios, um cão equivale a de homens" (-ernalde). Dor isso, 7olombo deia tranqYilamente parte de seus homens em >ispaniola, no /inal da primeira viagem. !o voltar, um ano depois, /or5ado a admitir que /oramtodos mortos por aqueles ;ndios medrosos e ignorantes das armas. eriam eles se organiado em bandos de mil paraacabar com cada um dos espanh#isZ +ntão, cai no outro etremo, deduindo, de algum modo, a coragem a partir dacovardia. "Não h gente pior do que os covardes que nunca arriscam suas vidas no con/ronto direto, e sabereis que seos ;ndios encontrarem um ou dois homens isolados, não de espantar que os matem" ("Fnstru5Kes a :osen Dedro :argarite", 9.4.1494)< o rei deles, 7aonabo, "homem tão mau quanto audacioso" ("ela t#rio para !ntonio deorres", '*.1.1494)%

Ao que tudo indica6 Co*om'o não com5reende os .ndios me*+or a3ora na verdade6 nunca sai de simesmo% verdade que6 num certo momento de sua carreira6 Co*om'o <az um es<orço su5*ementar%

 Acontece durante a se3unda via3em6 quando 5ede ao <rei Ram1n "ane que descrevadeta*+adamente os costumes e crenças dos .ndios e e*e mesmo deia6 em 5re<9cio a esta descrição6uma 593ina de o'servaç0es Detno3r9<icasD% Começa 5or uma dec*aração de 5rinc.5io

"Não encontrei entre eles nenhuma idolatria e nenhuma outra religião",tese que mantm, apesar dos eemplos que elemesmo d em seguida. escreve vrias prticas "id#latras", diendo, no entanto@ "Nenhum de nossos homens pMdecompreender as palavras que pronunciavam." %ua aten5ão voltase, então, para uma /raude@ um ;dolo /alante era naverdade um ob&eto oco, ligado por um tubo a outro cMmodo da casa, onde /icava o assistente do mgico. pequenotratado de am#n Dane (preserva do na biogra/ia de 6rancisco 7olombo, cap;tulo ?2)

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 é 'em mais interessante6 a5esar do autor6 que não se cansa de re5etir

D7omo os ;ndios não possuem nenhum al/abeto ou escrita, não diem bem seus mitos, e me imposs;vel transcrev3los corretamente< tem o colocar o in;cio no /im, e viceversa"  (?). "7omoescrevi s pressas e não tinha pa pel su/iciente, não pude colocar cada coisa em seu devido lugar"(8). "Não consegui saber mais nada acerca disso, e o que escrevi tem pouco valor" (11).

:er9 que 5odemos adivin+ar6 através das anotaç0es de Co*om'o6 como os .ndios 5erce'em os es5an+1is &i<ici* mente% Aqui tam'ém6 toda a in<ormação é viciada6 5orque Co*om'o decidiu tudode antemão e ?9 que o tom6 durante a 5rimeira via3em6 é de admiração6 os .ndios tam'ém devemser admirativos%

"isseramse muitas outras coisas que não pude compreender, mas pude ver que estava maravilhado com tudo"("irio", 18.12.1492) a5esar de não entender o que dizem6 Co*om'o sa'e que o DreiD ind.3ena est9em tase diante de*e% 5oss.ve*6 como diz Co*om'o6 que os .ndios ten+am considerado a

 5ossi'i*idade de os es5an+1is serem seres de ori3em divina o que daria uma 'oa e5*icação 5ara omedo inicia*6 e seu desa5arecimento diante do com5ortamento indu'itave*mente +umano dos

es5an+1is%"%ão crdulos, sabem que h um eus no cu, e estão convencidos de que viemos de l" (12.11.1492).

 "!chavam que todos os cristãos vinham do cu, e que o reino dos eis de 7astela ali se encontrava, e não nestemundoJ (1?.12.1492).

"!inda agora, depois de tanto tempo comigo, e apesar de numerosas conversas, continuam convencidos de que venhodo cu" ("7arta a %antangel", /evereiromar5o de 149')%

8o*taremos a esta crença quando <or 5oss.ve* eamin9(*a mais a <undo o'servemos6 entretanto6 que6 5ara os .ndios do Cari'e6 o oceano 5odia 5arecer tão a'strato quanto o es5aço que se5ara o céu e a

terra%

O *ado +umano dos es5an+1is é a sede que tm de 'ens terrestres o ouro6 como vimos desde oin.cio6 e6 em se3uida6 as mu*+eres% #as 5a*avras de um .ndio6 re*atadas 5or Co*om'o

WTm dos ;ndios que vinham com o !lmi rante /alou com o rei diendolhe que os cristãos vinham do cu e andavam  procura de ouro" ("irioJ, 1?.12.1492).

Esta <rase é verdadeira em mais de um sentido% "ode(se dizer6 sim5*i<icando até a caricatura6 que osconquistadores es5an+1is 5ertencem6 +istoricamente6 J é5oca de transição entre uma dade Médiadominada 5e*a re*i3ião e a é5oca moderna6 que co*oca os 'ens materiais no to5o de sua es ca*a de

va*ores% Tam'ém na 5r9tica6 a conquista ter9 estes dois as5ectos essenciais os cristãos vm ao #ovoMundo im'uidos de re*i3iJo6 e *evam6 em troca6 ouro e riquezas%

A atitude de Co*om'o 5ara com os .ndios decorre da 5erce5ção que tem de*es% "odemos distin3uir6nesta ;*tima6 duas com5onentes6 que continuarão 5resentes até o sécu*o se3uinte e6 5raticamente6até nossos dias6 em todo o co*onizador diante do co*onizado% Estas duas atitudes ?9 tin+am sidoo'servadas na re*ação de Co*om'o com a *.n3ua do outro% Ou e*e 5ensa que os .ndios Ha5esar denão uti*izar estes termosI são seres com5*etamente +umanos com os mesmos direitos que e*e6 e a.considera(os não somente i3uais6 mas idnticos e este com5ortamento desem'oca noassimi*acionismo6 na 5ro?eção de seus 5r15rios va*ores so're os outros ou então 5arte da di<erença6que é imediata mente traduzida em termos de su5erioridade e in<erioridade Hno caso6 o'viamente6

são os .ndios os in<erioresI recusa a eistncia de uma su'st@ncia +umana rea*mente outra6 que 5ossa não ser meramente um estado im5er<eito de si mesmo% Estas duas <i3uras '9sicas dae5erincia da a*teridade 'aseiam(se no e3ocentrismo6 na identi<icação de seus 5r15rios va*ores

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"!mam o pr#imo como a si mesmos", escreve na noite de Natal (2B.12.1492).

evidente que esta ima3em s1 5ode ser o'tida através da su5ressão de todos os traços dos .ndiosque 5oderiam contradiz(*a ( su5ressão no discurso so're e*es e tam'ém6 se <or o caso6 na rea*idade%&urante a se3unda e5edição6 os re*i3iosos que acom5an+am Co*om'o começam a converter os.ndios mas <a*ta muito 5ara que todos se curvem e se 5on+am a venerar as ima3ens santas% D&e5ois

de terem deiado a ca5e*a6 esses +omens ?o3aram as ima3ens ao so*o6 co'riram(nas com um 5un+ado de terra e urinaram so're e*asD vendo isto6 Barto*omeu6 irmão de Co*om'o6 decide 5uni(*os de modo 'em cristão

"7omo lugartenente do vicerei e governador das ilhas, levou aqueles homens maus &usti5a, e, uma ve de/inido ocrime, /e com que /ossem queimados em pQblico" (am#n Dane in 6. 7olombo, ?2, 2?).

:e?a como <or6 sa'emos atua*mente que a e5ansão es5iritua* est9 indisso*uve*mente *i3ada Jconquista mate ria* Hé necess9rio din+eiro 5ara <azer cruzadasI e sur3e a. a 5rimeira <a*+a num

 5ro3rama que im5*icava a i3ua*dade dos 5arceiros a conquista materia* He tudo o que e*a im5*icaIser9 ao mesmo tem5o resu*tado e condição da e5an são es5iritua*% Co*om'o escreve

"7reio que, se come5armos,em breve Aossas !lteas conseguirão converter nossa %anta 6 uma multido de povos, ganhando grandes territ#rios e riqueas, assim como todos os povos da +spanha, pois h sem dQvida nestas terras grandes quantidades de ouro" (12.11.1492).

Esta coneão torna(se quase autom9tica 5ara e*e

"Aossas !lteas t3m aqui um outro mundo onde pode epandirse muito nossa %anta 6 e de onde se pode tirar muito proveito"("7arta aos eis", '1.8.1498).

 O 5roveito tirado 5e*a Es5an+a é incontest9ve*

"Dela vontade divina, pus deste modo um outro mundo sob a autoridade do ei e da ainha, nossos senhores, e assim a +s panha, que diiam ser tão pobre, tornouse o mais rico dos remos" ("7arta !madeleite", novembro de 1B**).

Co*om'o a3e como se entre as duas aç0es se esta'e*ecesse um certo equi*.'rio os es5an+1is dão are*i3ião e tomam o ouro% "orém6 a*ém de a troca ser 'astante assimétrica6 e não necessariamenteinteressante 5ara a outra 5arte6 as im5*icaç0es desses dois atos se o50em% "ro5a3ar a re*i3iãosi3ni<ica que os .ndios são considerados como i3uais Hdiante de &eusI% E se e*es não quiserementre3ar suas riquezas EntJo ser9 5reciso su'?u39(*os6 mi*itar e 5o*itica mente6 5ara 5oder tom9(*asJ <orça em outras 5a*avras6 co*oc9(*os6 a3ora do 5onto de vista +umano6 numa 5osição dedesi3ua*dade Hde in<erioridadeI% E Co*om'o não +esita nem um 5ouco em <a*ar da necessidade desu'?u39(*os6 sem 5erce'er a contradição eistente entre o que cada uma de suas aç0es im5*ica6 ou6

 5e*o menos6 a descontinuidade que esta'e*ece entre divino e +umano% "or essa razão notou queeram medrosos e descon+eciam o uso das armas%

 "7om cinqYenta homens Aossas !lteas podiam dominar todos eles e /ariam deles o que quisessem" ("irio", 14.1*.1492)

ainda é o cristão que <a*a Ainda se trata de i3ua*dade "artindo 5e*a terceira vez 5ara a América6 5ede 5ermissão 5ara *evar com e*e vo*unt9rios criminosos que se?am 5or isso 5erdoados ainda é o 5ro?eto evan3e*izador

 ":inha vontade, escreve 7olombo na primeira viagem, era no passar por nenhuma ilha sem dela tomar posse"(1B.1*.1492)<

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na é5oca6 c+e3a a o<erecer uma i*+a aqui e outra a*i a a*3um de seus com5an+eiros% #o in.cio6 os.ndios não deviam entender muito dos ritos que Co*om'o eecutava em com5an+ia de seusnot9rios% Quando as coisas começaram a se esc*arecer6 não <icam eatamente entusiasmados% "6undei ali um povoado e dei vrios presentes X gorro vermelhoZ 7olombo no in/orma[ ao quibian assim chamam o senhor da terra mas bem sabia que a conc#rdia não duraria. %ãorealmente gente muito rQstica X que não dese&am se submeter aos espanh#is[, e meus homens são bastante importunos<en/im eu tomava posse de terras pertencentes a esse quibian X gunda etapa da troca@ dãose luvas, tomamse terras[. !o ver as casas /eitas e o ardor de nosso tr/ico, ele resolveu queimar tudo e matarnos"("7arta arissima", 0.0.1B*')%

A continuação desta +ist1ria é ainda mais sinistra% Os es5an+1is conse3uem 5render a <am.*ia doqui'ian e querem us9(*a como re<ém a*3uns dos .ndios6 no entanto6 conse3uem esca5ar% Os

 5risioneiros restantes <oram tomados de deses5ero6 5ois não tin+am esca5ado com seuscom5an+eiros6 e no dia se3uinte desco'riu(se que tin+am se en<orca do aos 'arrotes da 5onte6 comas cordas que 5uderam encontrar6 do'rando os ?oe*+os 5or não +aver es5aço su<i ciente 5ara seen<orcarem como se deve%D Fernando6 o <i*+o de Co*om'o6 que re*ata este e5is1dio6 5resenciou(otin+a a5enas quatorze anos6 e 5ode(se 5ensar que a reação de seu 5ai <oi i3ua* J sua

"Dara n#s, que estvamos a bordo, a morte deles não era uma grande perda, mas agravou bastante a situa5ão dos

homens em terra< o quibian teria /icado /eli em /aer a pa em troca de seus /ilhos, mas agora, que & não t;nhamosre/ns, havia raKes para temer que /iesse guerra ainda mais cruel contra nossa vida" (99).

Eis que a 3uerra su'stitui a 5az6 mas 5ode(se 5ensar que Co*om'o nunca ten+a 5ostocom5*etamente de *ado este meio de e5ansão6 ?9 que desde a 5rimeira via3em acaricia um 5ro?eto

 5articu*ar%

"Darti essa manhã", nota & a 14 de outubro de 1492, "para procurar um local onde pu desse ser constru;da uma /ortalea". "Dorque aqui h um cabo rochoso bastante elevado, poder;amos construir uma /ortalea" (B.11.1492).

:a'emos que rea*izar9 este son+o a51s o nau<r93io de sua nau6 e a. deiar9 seus +omens% Mas a

<orta*eza6 mesmo que reve*e não ser 5articu*armente e<icaz6 não seria um 5asso em direção J 3uerra6*o3o J su' missão e J desi3ua*dadeAssim6 3radativamente6 Co*om'o 5assar9 do assimi*acionismo6que im5*ica uma i3ua*dade de 5rinc.5io6 J ideo*o3ia escrava3ista e6 5ortanto6 J a<irmação dain<erioridade dos .ndios% sto ?9 5odia ser notado em a*3uns ?u*3amentos sum9rios que sur3em desdeos 5rimeiros contatos%

"evem ser bons servidores e industriosos" (11.1*.1492).

"%ervem para obedecer" (1?.12.1492).

 "ara manter sua coerncia6 Co*om'o esta'e*ece distinç0es sutis entre .ndios inocentes6 cristJos em 5otencia*6 e .ndios id1*atras6 5raticantes do cani'a*ismo ou .ndios 5ac.<icos Hque se su'metem ao 5oder de*eI e .ndios 'e*icosos6 que merecem 5or isso ser 5unidos mas o im5ortante é que aque*esque ainda não são cristãos s1 5odem ser escravos não +9 uma terceira 5ossi'i*idade% ma3ine entãoque os navios que trans5ortam re'an+os de animais de car3a no sentido Euro5a(América se?amcarre 3ados de escravos no camin+o de vo*ta6 5ara evitar que retornem vazios e enquanto não seac+a ouro em quantidade su<iciente6 e a equiva*ncia im5*icitamente esta'e*e cida entre animais e+omens não é6 sem d;vida6 3ratuita%

 "s transportadores poderiam ser pagos em escravos cani bais, gente /ero mas saudvel e de #timo entendimento, osquais, arrancados de sua desumanidade serão, cremos, os melhores escravos que h" ("elat#rio para !ntonio deorres", '*.1.1494).

s eis da +spanha não aceitam esta sugestão de 7olombo@ pre/erem ter vassalos em ve de escravos< sQditos que possam pagar impostos, em ve de seres que pertencem a algum< mas 7olombo não renuncia a seu pro&eto, e aindaescreve, em setembro de 1498@ "aqui poder;amos enviar, em nome da %ant;ssima rindade, tantos escravos quantos se possam vender, e tambm brasil %e as in/orma5Kes de que disponho são boas,diem que poderiam ser vendidos quatro

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mil escravos, que poderiam valer vinte milhKes ou mais" (J7arta aos eisJ, setembro de 1498).

Os des*ocamentos 5odem a5resentar a*3uns 5ro'*emas no in.cio6 mas estes serão ra5idamentereso*vidos% "O verdade que muitos deles morrem no momento, mas não ser sem pre assim. snegros e os canarinos tinham come5ado da mesma maneira" (ibid.)% &iri3e seu 3overno da i*+a deNis5anio*a nesse sentido6 e uma outra carta6 endereçada aos reis6 de outu'ro de ,

/>6 é resumida 5or =as Casas assim

D e tudo o que di, deduse que o lucro que pretendia dar aos espanh#is que ali se encontravamconsistia em lhes dar escravos para serem vendidos em 7astela" (>istoria, 1, 1BB). #o es5.rito deCo*om'o6 a 5ro5a3ação da <é e a escravização estão intimamente *i3a%

Mic+e*e de Cuneo6 mem'ro da se3unda e5edição6 deiou um dos raros re*atos que descrevemdeta*+adamente como se dava o tr9<ico de escravos no in.cio re*ato que não 5ermite i*us0es quantoJ 5erce5ção que se tem dos .ndios% H%%%I"$uando nossas caravelas tiveram de partir para a

 +spanha, reunimos em nosso acampamento mil e seiscentas pessoas, machos e /3meas desses;ndios, dos quais embarcamos em nossas caravelas, a 10 de /evereiro de 149B, quinhentas e

cinqYenta almas entre os melhores machos e /3meas. $uanto aos que restaram, /oi anunciado nosarredores que quem quisesse poderia pegar tantos de les quantos dese&asse< o que /oi /eito. +,quando todos estavam servidos, sobravam ainda quatrocentos, aproimadamente, a quem demos

 permissão para ir aonde quisessem. +ntre eles havia muitas mulheres com crian5as de colo. 7omotemiam que voltssemos para peglas, e para escapar de n#s mais /acilmente, deiaram os /ilhosem qual quer lugar no chão e puseramse a /ugir como desespera das< e algumas /ugiram para tãolonge que /oram parar a sete ou oito dias de nosso acampamento em Fsabela, alm das montanhase atrs de imensos rios< o que /a com que, de agora em diante, s# os alcan5aremos com grandees/or5o." !ssim come5a a opera5ão< eis aqui seu desenlace@ :as quando atingimos as guas quecercam a +spanha, uns duentos dos ;ndios morreram, creio que por causa doar ao qual nãoestavam habituados, mais /rio do que o deles. 6oram &ogados no mar (...). esembarcamos todos

os escravos, a metade deles doente." 

 :esmo quando não se trata de escravidão, o comportamento de 7olombo implica o nãoreconhecimento do direito dos ;ndios vontade pr#pria< implica que os considera, em suma, comoob&etos vivos. !ssim, em seus impulsos de naturalista, sempre quer traer +spanha espcimes detodos os g3neros@ rvores, pssaros, animais e ;ndios< não lhe ocorre a idia de pedir a opiniãodeles. "i que gos taria de prender uma meia dQia de ;ndios para levlos consigo< mas di quenão pode peglos porque todos tinham partido antes do anoitecer. :as no dia seguinte, ter5a

 /eira, 8 de agosto, doe homens vieram numa canoa at a cara vela@ /oram todos aprisionados elevados nau do !lmirante, que escolheu seis deles e enviou terra os outros seis" (=as 7asas,

 >istoria, 1, 1'4).

O n;mero ?9 tin+a sido <iadomeia d;zia os indiv.duos não contam6 são contados% #uma outraocasião e*e quer mu*+eres Hnão 5or *u'ricidade6 mas 5ara ter uma amostra de cada coisaI% DEnvieia*3uns +omens a uma casa na mar3em oeste do rio% E*es me troueram sete ca'eças de mu*+eres6

 ?ovens e adu*tas6 e trs criançasD HD&i9rioD6 ,2%,,%,/>2I% :er .ndio6 e ainda 5or cima mu*+er6si3ni<ica ser 5osto6 automaticamente6 no mesmo n.ve* que o 3ado%

As mu*+eres se Co*om'o s1 se interessa 5or e*as enquanto natura*ista6 o mesmo não acontece comos outros% 8amos *er o re*ato que Mic+e*e de Cuneo6 <ida*3o de :avona6 <az de um e5is1dio dase3unda via3em ( uma +ist1ria entre mi*6 mas que tem a vanta3em de ser contada 5or seu

 5rota3onista% DQuando estava na 'arca6 ca5turei uma mu*+er cari'e 'e*.ssima6 que me <oi dada 5e*odito sen+or A*mirante e com quem6 tendo(a trazido J ca'ina6 e estando e*a nua6 como é costumede*es6 conce'i o dese?o de ter 5razer% Queria 5Gr meu dese?o em eecução6 mas e*a não quis6 e

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tratou(me com suas un+as de ta* modo que eu teria 5re<erido nunca ter começado% "orém6 vendoisto H5ara contar(te tudo6 até o <imI6 5e3uei uma corda e amarrei(a 'em6 o que a <ez *ançar 3ritosinauditos6 tu não terias acre ditado em teus ouvidos%

Fina*mente6 c+e3amos a um ta* acordo que 5osso dizer(te que e*a 5arecia ter sido educa da numaesco*a de 5rostitutas%DEste re*ato é reve*ador em v9rios as5ectos% O euro5eu ac+a as mu*+eres .ndias

 'onitasnão *+e ocorre6 evidente mente6 a idéia de 5edir a e*a consentimento 5ara D5Gr seu dese?o emeecuçãoD% &iri3e esse 5edido ao A*mirante6 que é +omem e euro5eu como e*e6 e que 5arece darmu*+eres a seus com5atriotas com a mesma <aci*idade com que distri'ui 3uizos entre os c+e<esind.3enas% Mic+e*e de Cuneo escreve6 é c*aro6 5ara um outro +omem6 e 5re5ara cuida dosadamenteo 5razer da *eitura 5ara seu destinat9rio6 5ois6 5ara e*e6 trata(se de uma +ist1ria de 5uro 5razer% #oin.cio6 e*e se co*oca no 5a5e* rid.cu*o de mac+o +umi*+ado mas <az isso unicamente 5ara tornarainda maior a satis<ação de seu *eitor em ver a ordem <ina*mente esta'e*ecida com o trun<o do+omem 'ranco% Y*timo o*+ar c;m5*ice nosso <i da*3o omite a descrição da DeecuçãoD6 mas <azcom que se?a deduzida a 5artir de seus e<eitos6 a5arentemente a*ém de sua e5ectativa6 e que

 5ermitem6 a*ém disso6 num sa* to sur5reendente6 a identi<icação da .ndia a uma 5rostitutasur5reendente6 5ois aque*a que recusava vio*entamente a so*icitação seua* se v assimi*ada J que

<az desta so*icitação sua 5ro<issão% Mas não é esta a verdadeira natureza de toda mu*+er6 que umn;mero su<iciente de 5a*madas 'asta 5ara reve*ar

A recusa s1 5odia ser +i51crita arran+e a mu*+er arisca6 e desco'rir9 a 5rostituta% As mu*+eres.ndias são mu*+eres6 ou .ndios ao quadrado nesse sentido6 tornam(se o'?eto de uma du5*avio*entação% Como Co*om'o 5ode estar associado a estes dois mi tos a5arentemente contradit1rios6 um onde o outro é um D'om se*va3emD Hquando é visto de *on3eI6 e o outro onde é um cãoimundoD6 escravo em 5otencia* 5orque am'os tm uma 'ase comum6 que é o descon+ecimentodos .ndios6 a recusa em admitir que se?am su?eitos com os mesmos direitos que e*e6 mas di<erentes%Co*om'o desco'riu a América6 mas não os americanos6 Toda a +ist1ria da desco'erta da América6

 5rimeiro e5i s1dio da conquista6 é marcada 5or esta am'i3Zidade a a*teridade +umana ésimu*taneamente reve*ada e recusada%

O ano de ,/>2 ?9 sim'o*iza6 na +ist1ria da Es5an+a6 este du5*o movimento nesse mesmo ano o 5a.sre5udia seu outro interior6 conse3uindo a vit1ria so're os mouros na derradeira 'ata*+a de Pranadae <orçando os ?udeus a deiar seu territ1rio e desco're o outro eterior6 toda essa América que vir9a ser *atina% :a'emos que o 5r15rio Co*om'o *i3a constantemente os dois eventos D#o corrente anode ,/>26 de5ois que 8ossas A*tezas 5useram <im na 3uerra contra os mouros H%%%I6 nesse mesmoms6 H%%%I 8ossas A*tezas H%%%I 5ensaram em enviar(me6 a mim6 Crist1vão Co *om'o6 Js ditas 5ara3ensda $ndia% H%%%I Assim6 a51s terem e5u*sado todos os ?udeus 5ara <ora de vossos remos e dom.nios68ossas A*tezas nesse mesmo ms de ?aneiro ordenaram(me que 5artisse com armada su<iciente Js

ditas terras da $ndiaD6 escreve no in.cio do di9rio da 5rimeira via3em% A unidade destes doismovimentos6 onde Co*om'o tende a ver a internação divina6 est9 na 5ro5a3ação da <é cristã%

"+spero em Nosso %enhor que Aossas !lteas se decidirão a enviar rapidamente X para unir Fgre&a tão grandes povose convert3los, assim como +las destru;ram aqueles que não queriam con/essar o Dai, o 6ilho e o +sp;rito %anto"(?.11.1492). 

Mas tam'ém 5odemos ver as duas aç0es como orientadas em sentidos o5ostos6 e com5*ementaresuma e5u*sa a +etero3eneidade do cor5o da Es5an+a6 a outra a introduz irremediave*mente% A seumodo6 Co*om'o 5artici5a deste du5*o movimento% #ão 5erce'e o outro6 como vimos6 e im50e a e*eseus 5r15rios va*ores mas o termo que usa mais <renquentemente 5ara re<erir(se a si mesmo e que éuti*izado tam'ém 5or seus contem5or@neos é o Estran3eiro e se tantos 5a.ses 'uscaram a +onra deser a sua 59tria6 é 5orque e*e não tin+a nen+uma%

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Conquistar 

As razões da vitória

O encontro entre o 8e*+o e o #ovo Mundo6 que a desco'erta de Co*om'o tornou 5oss.ve*6 é de umti5o muito 5articu*ar é uma 3uerra6 ou me*+or6 como se dizia então6 a Conquista% Um mistériocontinua *i3ado J conquista trata(se do resu*tado do com'ate% "or que esta vit1ria <u*3urante6 se os+a'itantes da América são tão su5eriores em n;mero a seus advers9rios6 e *utam em seu 5r15rioso*o :e nos *imitarmos J conquista do Méico6 a mais es5etacu*ar6 ?9 que a civi*ização meicana éa mais 'ri*+ante do mundo 5ré(co*om'iano como e5*icar que Cortez6 *iderando a*3umas centenasde +omens6 ten+a conse3uido tomar o reino de Montezuma6 que dis5un+a de v9rias centenasde mi*+ares de 3uerreiros Tentarei encontrar uma res5osta na a'undante *iteratura que esta <ase daconquista6 ?9 na é5oca6 suscitou os re*at1rios do 5r15rio Cortez as crGnicas es5an+o*as6 das quais a

mais di3na de atenção é a de Berna* &.az de* Casti**o e6 <ina*mente6 os re*atos ind.3enas6 transcritos 5or mission9rios es5an+1is ou redi3idas 5e*os 5r15rios meicanos%

Em re*ação ao uso que sou *evado a <azer dessa *iteratura6 co*oca(se uma questão 5re*iminar6 quenão 5recisava ser considerada no caso de Co*om'o% Os escritos deste ;*timo 5odiam conter6tecnicamente <a*ando6 <a*sidades isto não diminu.a em nada seu va*or6 ?9 que eu 5odia interro39(*os

 5rinci5a*mente enquanto atos6 e não enquanto descriç0es% Ora6 o assunto aqui ?9 não é mais ae5erincia de um +omem6 que escreveu6 e sim um acontecimento em si não(ver'a*6 a conquista doMéico os documentos ana*isados ?9 não va*em unicamente Hou tanto quanto no outro casoIenquanto 3estos6 mas como <ontes de in<ormaç0es so're uma rea*idade da qua* não <azem 5arte% Ocaso dos tetos que e5rimem o 5onto de vista dos .ndios é 5articu*armente 3rave dada a

ineistncia de escuta ind.3ena6 são todos 5osteriores J conquista e6 5ortanto6 in<*uencia dos 5e*osconquistadores vo*tarei a isto no ;*timo ca5.tu*o deste *ivro%

&e modo 3era*6 ten+o uma descu*5a e uma ?usti<icativa a <ormu*ar% A descu*5a se renunciarmos aessa <onte de in<ormaç0es6 não 5oderemos su'stitu.(*a 5or nen+uma outra6 a menos querenunciemos a toda e qua*quer in<ormação desse ti5o% O ;nico remédio é não *er esses tetos comoenunciados trans5arentes e tentar6 ao mesmo tem5o6 *evar em conta o ato e as circunst@ncias de suaenunciação% Quanto J ?usti<icativa6 5oderia ser e5ressa na *in3ua3em dos ret1ricos anti3os asquest0es aqui *evanta das remetem menos ao con+ecimento do verdadeiro do que ao do veross.mi*%E5*ico(me um <ato 5ode não ter acontecido6 contrariamente Js a*e3aç0es de um cronista% Mas o<ato de e*e ter 5odido a<irm9(*o6 de ter 5odido contar com a sua aceitação 5e*o 5;'*ico

contem5or@neo6 é 5e*o menos tão reve*ador quanto a sim5*es ocorrncia de um evento6 a qua*6<ina*mente6 deve(se ao acaso% A rece5ção dos enunciados é mais reve*adora 5ara a +ist1ria dasideo*o3ias do que sua 5rodução e quando um autor comete um en3ano ou mente6 seu tetonão é menos si3ni<icativo do que quando diz a verdade o que im5orta é que o teto 5ossa serrece'ido 5e*os contem5or@neos6 ou que seu 5rodutor ten+a acreditado ne*e% #essa 5ers5ectiva6 anoção de D<a*soD é não 5ertinente% As 3randes eta5as da conquista do Méico são 'em con+ecidas% Ae5edição de Cortez6 em ,4,>6 é a terceira que c+e3a J costa meicana é com5osta de a*3umascentenas de +omens% Cortez é enviado 5e*o 3overnador de Cu'a mas a51s a 5artida dos navios este;*timo muda de ideia e tenta revocar Cortez% Este desem'arca em 8era Cruz e dec*ara estar so' aautoridade direta do rei de Es5an+a% Ao sa'er da eistncia do im5ério asteca6 inicia uma *enta

 5ro3ressão em direção ao interior6 tentando conse3uir a adesão das 5o5u*aç0es cu?as terrasatravessa6 com 5romessas ou com 3uerra% A 'ata*+a mais di<.ci* é travada contra os tiaca*tecas que6a 5artir de então6 seriam seus me*+ores a*iados%

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Cortez c+e3a <ina*mente J Cidade do Méico6 onde é 'em rece'ido a51s a*3um tem5o6 decide 5render o so'erano asteca6 e conse3ue <az(*o% Fica então sa'endo da c+e3ada de uma novae5edição es5an+o*a J costa6 enviada 5e*o 3overnador de Cu'a e diri3ida contra e*e os recém(c+e3ados são mais numerosos do que seus so*dados% Cortez 5arte com a*3uns dos seus ao encontrodesse eército6 enquanto os outros <icam na Cidade do Méico 5ara 3uardar Montezuma6 so' ocomando de "edro de A*varado% Cortez 3an+a a 'ata*+a contra seus com5atriotas6 5rende o c+e<e6

"an<i*o de #ar vaez6 e convence os outros a se co*ocarem so' suas ordens% Mas <ica sa'endo que6durante a sua ausncia6 as coisas se com5*icaram na Cidade do Méico A*varado massacrou um3ru5o de meicanos durante uma <esta re*i3iosa6 e a 3uerra começou% Cortez retorna J ca5ita* e seune a suas tro5as na <orta*eza sitiada Montezuma morre nesse mo mento% Os ataques dos astecassão tão insistentes que e*e decide deiar a cidade J noite sua 5artida é desco'erta6 e na 'ata*+a quese se3ue metade de seu eército é aniqui *ada é a #oc+e Triste% Cortez se retira 5ara T*aca*a6recu5era as <orças e vo*ta 5ara sitiar a Cidade do Méico corta todas as vias de acesso e ordena aconstrução de 'er3antins r95idos Ha cidade encontrava(se6 então6 no meio dos *a3osI% A51s a*3unsmeses de s.tio6 a Cidade do Méico a conquista ter9 durado a5roimadamente dois anos%

,% :eria mais correto <a*ar em meicas em vez de DastecasD6 e 3ra<ar o nome de seu Dim5eradorDMotecu+zoma6 Mas o5tei 5or me ater ao uso comum% Retomemos6 5ara começar6 as e5*icaç0es3era*mente 5ro5ostas 5ara a vit1ria <u*3urante de Cortez% Uma 5rimei ra razão é o com5ortamentoam'.3uo6 +esitante6 do 5r15rio Montezuma6 que não o50e a Cortez quase nen+uma resistncia Hoque est9 re*acionado65ortanto6 J 5rimeira <ase da conqu?sta6 até a morte de*eI este com5ortamentota*vez ten+a6 a*ém dos motivos cu*turais aos quais vo*tarei6 raz0es mais 5essoais em v9rios as5ectosdi<ere do com 5ortamento de outros diri3entes astecas% Berna* &.az6 transcrevendo as 5a*avras dosdi3nit9rios de C+o*u*a6 descreve(o assim Os 5a5as res5onderam que6 na rea*idade6 Montezuma6sa'endo que dev.amos ir até a sua ca5ita*6 comu nicava(se com e*es todos os dias a esse res5eito6mas sem determinar c*aramente o que dese?ava que um dia orde nava que6 se c+e39ssemos6<Gssemos rece'idos com todo o res5eito e 3uiados até a Cidade do Méico que no outro dia dizia que não queria que <Gssemos J sua ca5ita* e que6 <ina*mente6 +9 5ouco tem5o seus deusesTezcat*i5oca e Nuitzi*o5oc+t*i6 em quem e*es tm 3rande devoção6 tin+am aconse*+ado matar(nosa*i em C+o*u*a ou *evar(nos amarrados J Cidade do MéicoD H)I% Tem(se a im5ressão de que érea*mente am'i3Zidade6 e não sim5*es ina'i*idade6 quando os mensa3eiros de Montezumaanunciam simu*tanea mente aos es5an+1is que o reino dos Astecas *+es é dado de 5resente e 5edemque não ven+am J Cidade do Méico6 mas que vo*tem 5ara a terra de*es veremos que Cortezcontri'ui conscientemente 5ara a*imentar essa +esitação%

Em certas crGnicas6 Montezuma é descrito como um +omem me*anc1*ico e resi3nado a<irma(setam'ém que é corro.do 5e*a m9 conscincia6 e5iando em sua 5essoa um e5is1dio 5ouco 3*orioso

da +ist1ria asteca mais remota os astecas se com5razem em se a5resentar como sucessores*e3.timos dos to*tecas6 a dinastia anterior6 quando6 na verdade6 são usur5adores6 recém(c+e3ados%Este com5*eo de cu*5a naciona* teria <eito com que e*e ima3inasse que os6 es5an+1is eramdescendentes diretos dos anti3os to*tecas6 que teriam vindo recu5erar seus 'ens 8eremos que6 nestecaso tam'ém6 a idéia é em 5arte su3erida 5e*os es5an+1is6 e é im5oss.ve* a<irmar com certeza queMontezuma acreditasse nisso%

Tendo os es5an+1is c+e3ado J sua ca5ita*6 o com5ortamento de Montezuma é ainda mais sin3u*ar% #ão somente e*e se deia 5render 5or Cortez e seus +omens Hessa revisão é a decisão maissur5reendente de Cortez6 ?untamente com a de DqueimarD ( na rea*idade6 <azer enca*+ar ( seus

 5r15rios navios com o 5un+ado de +omens que tem 5rende o im5erador asteca6 cercado 5e*o

 5oderoso eército astecaI como tam'ém6 uma vez 5reso6 s1 se 5reocu5a em evitar qua*querderramamento de san3ue% Contrariamente ao que <ar96 5or eem5*o6 o ;*timo im5erador asteca6Cuau+temoc6 5rocura im5edir 5or todos os meios que a 3uerra se insta*e em sua cidade 5re<ere

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a'andonar seu 5oder6 seus 5rivi*é3ios e suas riquezas% Mesmo durante a 'reve ausncia de Cortez6 quando este vai en<rentar a e 5edição 5unitiva enviada contra e*e6 não tentar9 se a5roveitar dasituação 5ara *ivrar(se dos es5an+1is%

J!chamos que :onteuma estava arrependido Fdo come5o das hostilidadesi e que se tivesse sido autor e conselheirodelas, na opinião da maior parte dos soldados de Dedro de !lvarado, todos teriam sido massacrados, :as na verdade :onteuma procurava apaiguar seus sQditos e pedia que cessas sem seus ataques" (-ernal ;a, 12B).

 A +ist1ria ou a *enda H5ouco im5ortaI6 transcrita 5e*o ?esu.ta Tovar6 c+e3a a a5re sent9(*o6 Jsvés5eras de sua morte6 5ronto a converter(se ao cristianismo mas6 c;mu*o da ironia6 o 5adrees5an+o*6 ocu5ado em ?untar ouro6 não tem tem5o 5ara isso% 

"iem que ele pediu o batismo e converteuse verdade do %anto +vangelho e, embora l houvesse um padre, supKe se que estivesse mais preocupado em procurar riqueas do que em catequiar o pobre rei" (ovar, p. 8').

n<e*izmente6 <a*tam documentos que teriam 5ermitido 5enetrar o universo menta* 5essoa* desseestran+o im5era dor diante dos inimi3os6 5re<ere não usar seu imenso 5oder6 como se não tivessecerteza de querer vencer como diz Pomara6 ca5e*ão e 'i13ra<o de Cortez 

"Nossos espanh#is nunca puderam saber a verdade, porque na poca não compreendiam a l;ngua, e depois & não vivianenhuma pessoa com quem :onteuma pudesse ter compartilhado seu segredo" (1*0)%

Os +istoriadores es5an+1is da é5oca 5rocuraram em vão a res5osta 5ara essas 5er3untas6 vendo emMontezuma um *ouco ou um s9'io% "ierre MartVr6 cronista que <icou na Es5an+a6 tende a o5tar 5e*ase3unda so*ução

"+le parecia obedecer a in&un5Kes muito mais duras do que as regras de gramtica ditadas s criancinhas, e suportava tudo com paci3ncia, para evitar um levante de seus sQditos e seus grandes. $ualquer coisa lhe parecia menosdi/;cil de suportar do que uma revolta de seu povo. O como se ele quisesse imitar iocleciano, que pre/eriu tomarveneno a tomar de novo as rdeas do imprio ao qual tinha abdicado" (A, ').

Pomara Js vezes o des5reza

":onteuma deve ter sido um homem /raco e de pouca coragem, para terse deiado prender assim e, mais tarde, preso, por nunca ter tentado /ugir, mesmo quando 7orte lhe o/erecia a liberdade e seus pr#prios homens suplicavamque a aceitasse" (89).

"orém6 em outras ocasi0es6 con<essa sua 5er5*eidade e a im5ossi'i*idade de c+e3ar a umaconc*usão

 "! covardia de :onteuma, ou o amor que sentia por 7orte e pelos espanh#is (91), ou, ainda, "+m minha opinião, ouera muito sbio, passando pelas coisas assim, ou tão nscio que não as sentia" (1*0).

 Continuamos nessa +esitação% A 5ersona3em Montezuma tem certamente a*3o a ver com esta não(resistncia ao ma*% #o entanto6 esta e5*ica ção é v9*ida unicamente 5ara a 5rimeira metade dacam5an+a de Cortez6 5ois Montezuma morre no decorrer dos acontecimentos6 de modo tãomisterioso quanto tin+a vivi do H5rovave*mente a5un+a*ado 5or seus carcereiros es5an+1isI e seussucessores na *iderança do estado asteca dec*ararão6 imediatamente6 uma 3uerra <eroz e im5iedosaaos es5an+1is% Entretanto6 durante a se3unda <ase da 3uerra6 um outro <ator começa a ter 5a5e*decisivo a e5*oração que Cortez <az das dissens0es internas entre as diversas 5o5u *aç0es queocu5am o so*o meicano%

:ai(se muito 'em nisso ao *on3o de toda a cam5an+a6 sa'e a5roveitar(se das *utas internas entre<acç0es rivais e6 na <ase <ina*6 comanda um eército de t*aca*tecas e outros .ndios a*iadosnumericamente com5ar9ve* ao dos meicanos nesse eército6 os es5an+1is são a5enas6 de certomodo6 a5oio *o3.stico6 ou <orça de comando suas unidades 5arecem ser com5ostas6 <reqZentemente6

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 5or dez cava*eiros es5an+1is e dez mi* com'atentes .ndios a 5é Os contem5or@neos ?9 5erce'iamisso se3undo Moto*inia6 <ranciscano e +istoriador da D#ova Es5an+aD6 os conquistadores dizemque os t*aca*tecas merecem que :ua Ma?estade *+es conceda muitos <avores6 e que se não <osse

 5e*os t*aca*tecas6 e*es teriam sido mor tos6 quando os astecas e5u*saram os cristãos da Cidade doMéico6 e os t*aca*tecas os aco*+eramD H6 ,I% E6 de <ato6 durante v9rios anos os t*aca*tecasdes<rutam de v9 rios 5rivi*é3ios concedidos 5e*a coroa dis5ensados de im 5ostos6 tornam(se

<reqZentemente os administradores das re3i0es recém(conquistadas%

Ao *er a +ist1ria do Méico6 não 5odemos evitar a 5er3unta 5or que os .ndios não resistem mais:er9 que não se dão conta das am'iç0es co*onizadoras de Cortez A res5osta des*oca a 5er3unta os.ndios das re3i0es atravessa das 5or Cortez no in.cio não <icam muito im5ressionados com suasintenç0es co*onizadoras6 5orque esses .ndios ?9 <oram conquistados e co*onizados ( 5e*os astecas% OMéico de então não é um estado +omo3neo6 e sim um con3*omerado de 5o5u*aç0es su'?u3adas

 5e*os astecas6 que ocu5am o to5o da 5ir@mide% &esse modo6 *on3e de encarnar o ma* a'so*uto6Cortez <reqZentemente a5arecer9 como um ma* menor6 como um *i'ertador6 mantidas as

 5ro5orç0es6 que 5ermite aca'ar com uma tirania 5articu*armente detest9ve*6 5orque muito mais 5r1ima%

:ensi'i*izados como estamos aos danos causados 5e*o co*onia*ismo euro5eu6 temos di<icu*dade emcom5reender 5or que os .ndios não se revo*tam imediatamente6 enquanto é tem5o6 contra oses5an+1is% Mas os conquistadores s1 atra5a*+aram os astecas% "odemos <icar escanda*izados aosa'er que os es5an+1is s1 5rocuram ouro6 escravos e mu*+eres%

D%# se preocupavam, na verdade, em procurar uma boa ;ndia e conseguir algum sangue", escreve -ernal ;a (142)6 que conta a se3uinte anedota de5ois da queda da Cidade do Méico6DCuau+temoc e todos os seus ca5itães queiam(se a Cortez que a*3uns de nossos c+e<es queestavam nos 'er3antins6 assim como v9rios dos que tin+am com'atido em 3uerra6 tin+am *evado as<i*+as e mu*+eres de muitos 5ersona3ens im5ortantes% "ediram a devo*ução de*as% Cortez res5ondeuque seria di<.ci* 5ara e*e tom9(*as dos camaradas que ?9 as tin+am6 mas que seriam 5rocuradas6 e*evadas até e*e que veria se eram cristãs6 ou se queriam vo*tar 5ara as suas casas com os 5ais emaridos6 e que en tão mandaria devo*v(*as ra5idamenteD% O resu*tado da investi3ação nãosur5reende

"! maior parte delas não quis seguir nem pai, nem mãe, nem marido< mas, ao contrrio, escolheram /icar com os soldados com quem estavam. utras se esconderam< outras declararam que não queriam mais ser id#latras. !lgumasat estavam grvidas< de modo que somente tr3s /oram, 7orte tendo dado ordem epres sa de deilas partir" (1B0).

Mas é ?ustamente disso que rec*amavam os .ndios das outras 5artes do Méico quando rec*amavamdos danos causados 5e*os astecas

 "s habitantes dessas aldeias (...) queiamse muito de :onteuma e de seus coletores de impostos, que lhesroubavam tudo o que tinham, e que se suas mulheres e /ilhas /ossem /ormosas, violentavamnas diante deles e de seusmaridos, e roubavamnas, e que obrigavamnos a trabalhar como se /ossem escravos, e pedras e lenha e muitos outros servi5os de semear milharais (...) e muitas outras queias" (-ernal ;a, 8?).

O ouro e as 5edras 5reciosas6 que atraem os es5an+1is6 ?9 eram reco*+idos como im5osto 5e*os<uncion9 rios de Montezuma 5arece im5oss.ve* re?eitar esta a*e3ação como 5ura invenção doses5an+1is6 visando *e3itimar sua conquista6 em'ora <osse tam'ém isso muitos testemun+osconcordam nesse sentido% O Code F*orentino re5resenta aos c+e<es das tri'os vizin+as queiando(se a Cortez da o5ressão eercida 5e*os meicanos

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"Dois :onteuma e os meicanos causaram grande desgosto e os meicanos troueram problemas. Aieram causar amisria nossa vista, pois nos obrigaram a todos os tipos de impostos" (RFF, 2?).

E &ie3o &ur9n6 dominicano sim5atizante e mestiço cu*tura*6 5or assim dizer6 desco're aseme*+ança ?usta quando acusa os astecas D:e os an<itri0es <ossem ina*tenciosos ou indi<erentes6 os

astecas rou'avam e saqueavam as a*deias6 des5iam as 5essoas de suas rou5as6 surravam(nos6tomavam(*+es tudo o que tin+am e os desonravam destru.am(*+es as sementes e in<*in3iam(*+es mi*in?;rias e 5enas% Todo o 5a.s tremia diante de*es% Onde quer que c+e3assem6 tudo aqui*o de que

 5recisavam *+es era dado mas mesmo quando eram 'em tratados6 a3iam assim H%%%I Era o 5ovo maiscrue* e mais demon.aco que se 5ossa ima3inar6 devido 9 maneira como tratavam seus vassa*os6 queera 'em 5ior do que a maneira como os es5an+1is trataram(nos e tratam(nosD H6 ,>I% Faziam todoo ma* que 5odiam6 como os es5an+1is <azem +o?e se nin3uém os detiverD H6 2,I%

N9 muitas seme*+anças entre conquistadores anti3os e novos6 e estes ;*timos sentiram isso6 ?9 quee*es mesmos descreveram os astecas como invasores recentes6 conquistadores como e*es% Maises5eci<icamente6 e aqui tam'ém a seme*+ança se mantém6 a re*ação com o 5redecessor é de

continuidade im5*.cita6 e Js vezes inconsciente6 acom5an+ada da ne3ação desta re*ação% Oses5an+1is queimarão os *ivros dos meicanos 5ara 5a3ar a re*i3ião de*es destruirão osmonumentos6 5ara <azer desa5arecer qua*quer *em'rança de uma 3randeza anti3a% Mas6 cem anosantes6 durante o reinado de tzcoat*6 os 5r15rios astecas tin+am destru.do todos os *ivros anti3os6

 5ara 5oderem escrever a +ist1ria a seu modo% Ao mesmo tem5o6 os astecas6 como vimos6 3ostam dea5arecer como continuadores dos to*tecas e os es5an+1is <reqZentemente o5tam 5or uma certa<ide*idade ao 5assado6 se?a em re*i3ião ou 5o*.tica são as simi*ados enquanto assimi*am% Fatosim'1*ico entre outros6 a ca5ita* do novo estado ser9 a do Méico vencido%

"7onsiderando que enochtitln tinha sido tão grande e tão clere, pareceunos bom repovola (...) %e no passado ela /oi capital e rainha de todas estas prov;ncias, continuar sendo doravante" (7orte, ').

Cortez 5rocura a*3um modo de constituir 5ara si uma *e3itimidade6 não mais diante do rei daEs5an+a6 o que tin+a sido uma de suas 3randes 5reocu5aç0es durante a cam5an+a6 mas diante da

 5o5u*a ção *oca*6 assumindo a continuidade do reino de Montezuma% O vice(rei de Mendozareuti*izar9 os re3istros <iscais do im5ério asteca% O mesmo acontece no @m'ito da re*i3ião de <ato6a conquista re*i3iosa muitas vezes consiste em tirar de um *u3ar certas ima3ens e co*ocar outras emseu *u3ar ( 5reservando6 e isto é essencia*6 os *ocais de cu*to6 acendendo diante de*es as mesmaservas arom9ticas% Cortez conta

"6i com que /ossem tirados de seus lugares e &ogados pelas escadarias os ;dolos mais importantes, em que elesacreditavam mais< /i com que limpassem as capelas onde se encontravam, pois estavam cheias do sangue dos sacri/;cios e nelas pus as imagens de Nossa %enhora e de outros santos" (2). + -ernal ;a con/irma@ "6oi então

ordenado que no /uturo se incensasse com incenso ind;gena a imagem de Nossa %enhora e o 7ruci/io" (B2). "O &ustoque o que serviu ao culto do demMnio se&a trans/ormado em templo para o servi5o de eus", escreve por sua ve o /rei =oreno de -ienvenida. s padres e /rades cristãos ocupa rão eatamente o espa5o que, antes da repressão, ocupavamos pro/issionais do culto religioso ind;gena, que os espanh#is alis chamavam pelo nome de papas (contamina5ão dotermo ind;gena que os designava e da palavra "papa")< 7orte torna epl;cita a continuidade@ " respeito e a acolhidaque eles los ;ndios[ dão aos padres são conseqY3ncias das ordens do :arqu3s dcl Aaile, on >ernn 7orte, poisdesde o in;cio ordenoulhes que obedecessem aos padres, assim como sempre tinham /eito em rela5ão aos ministros de seus ;dolos" (:otolinia, FFF, ').

Ws reticncias de Montezuma durante a 5rimeira <ase da conquista6 9s divis0es internas entre osmeicanos na se3unda6 <reqZentemente acrescenta(se um outro <ator a su5erioridade dos es5an+1isem matéria de armas6 Os as tecas não con+eciam a meta*ur3ia6 e 5or isso suas es5adas e armaduras

são menos e<icazes as <*ec+as Hnão envenenadasI não va*em os arca'uzes e can+0es dos es5an+1isnos des*ocamentos6 estes ;*timos são 'em mais r95idos dis50em6 em terra6 de cava*os6 ao 5assoque os astecas sem 5re andam a 5é e6 na 93ua6 sa'em construir 'er3antins6 cu?a su5erioridade em

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re*ação Js canoas ind.3enas tem um 5a5e* decisivo na <ase <ina* do s.tio da Cidade do Méico e6<ina*mente6 os es5an+1is6 sem sa'er6 inau3uram tam'ém a 3uerra 'acterio*13ica6 ao trazer a var.o*a6que 5rovoca muitas 'aias no eército advers9rio% #o entanto6 estas su5erioridades6 em siincontest9veis6 não e5*icam tudo6 se *evarmos tam'ém em conta a re*ação numérica entre os doiscam5os% E6 a*ém disso6 os arca'uzes são6 na verdade6 5oucos6 e os can+0es6 5ouqu.ssimos6 e a sua

 5otncia não se com5ara J de uma 'om'a moderna e mais ainda6 a 51*vora est9 quase sem5re

mo*+ada% O e<eito das armas de <o3o e dos cava*os não 5ode ser diretamente ca*cu*ado 5e*o n;merode v.timas% #ão 5rocurarei ne3ar a im5ort@ncia desses <atores6 e sim encontrar ne*es a*3o em comum6 que 5ermita articu*9(*os e com5reend(*os6 acrescentando a e*es v9rios outros6 que 5arecem ter

 5assado desa5erce'idos% Ao <az(*o6 serei *evado a tomar ao 5é da *etra uma res5osta so're asraz0es da conquista(derrota que se encontra nas crGnicas ind.3enas e que <oi ne3*i3enciada até a3orano Ocidente6 tomada sem d;vida 5or 5ura <1rmu*a 5oética% Com e<eito6 a res5osta dos re*atosind.3enas6 que é uma descrição mais do que uma e5*icação6 consistiria em dizer que tudoaconteceu 5orque os maias e os astecas 5erderam o contro*e da comunicação% A 5a*avra dos deusestornou(se ininte*i3.ve*6 ou então os deuses se ca*aram%

 "! compreensão est per dida, a sabedoria est perdida" (7hilam -alam, 22).

 "Não havia mais nenhum grande mestre, ou grande orador, ou sacerdote supremo, quando os soberanos mudaram, aochegarem" (ibid., B). 

O *ivro maia de C+.*am Ba*am é cortado 5or esta 5er3unta *ancinante6 incansave*mente <ormu*ada6 5orque ?9 não 5odia o'ter res5osta

"$ual ser o pro/eta,qual ser o sacerdote que dar o verdadeiro sentido s palavras deste livroZ" (24).

Montezuma e os signos

Os astecas6 5or sua vez6 descrevem o in.cio de seu 5r15rio <im como um si*ncio quecai os deusesnJo *+es <a*am mais% 

"+les pediram aos deu ses que lhes concedessem /avores e a vit#ria sobre os espanh#is e outros inimigos. :as devia ser tarde demais, por que não obtiveram mais nenhuma resposta em seus orculos< então consideraram os deusesmudos ou mortos" (urn, FFF, 00). 

Teriam os es5an+1is triun<ado so're os .ndios com a a?uda dos si3nos Os .ndios e os es5an+1is 5raticam a comunicação de maneiras di<erentes% Mas o discurso da di<erença é um dis curso di<.ci*%S9 notamos6 em re*ação a Co*om'o o 5ostu*ado da di<erença *eva <aci*mente ao sentimento de su5erioridade6 e o 5ostu*ado da i3ua*dade ao de indi<erença6 e é sem5re di<.ci* resistir a esse du5*omovimento6 ainda mais que o resu*tado <ina* desse encontro 5arece indicar6 sem som'ra de d;vida6o vencedor não seriam os es5an+1is su5eriores6 a*ém de di<erentes A verdade6 ou aqui*o que6 5aran1s6 ocu5ar9 seu *u3ar não é6 5orém6 tão sim5*es6 &iremos6 desde ?96 que não +96 evidentemente6nen+uma in<erioridade Dnatura*D dos .ndios no 5*ano *in3Z.stico ou sim'1*ico vimos6 5or eem5*o6que na é5oca de Co*om'o eram e*es que a5rendiam a *.n3ua do outro e6 durante as 5rimeirase5ediç0es em direção J Cidade do Méico6 são tam'ém dois .ndios6 c+amados 5e*os es5an+1isde Su *ian e Me*c+ior6 que servem de intér5retes% Mas +96 certamente6 muito mais% :a'emos6 3raçasaos tetos da é5oca6 que os .ndios dedicam 3rande 5arte de seu tem5o e <orças J inter5retação dasmensa3ens6 e que essa inter5retação tem <ormas etremamente e*a'oradas6 re*acionadas Js diversases5écies de adivin+ação% A 5rimeira de*as é a adivin+ação c.c*ica Hnossa astro*o3ia é um eem5*o

deste ti5oI% Os astecas dis50em de um ca*end9rio re*i3ioso6 com5osto de treze meses com duraçãode vinte dias cada um desses dias 5ossui um car9ter 5r15rio6 5ro5.cio ou ne<asto6 que é transmitidoaos atos rea*izados nesse dia e6 5rinci5a*mente6 Js 5essoas que ne*e nasceram% :a'er a data de

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nascimento de a*3uém é con+ecer seu destino 5or isso6 assim que nasce uma criança6 5rocura(se ointér5rete 5ro<issiona*6 que é6 ao mesmo tem5o6 o sacerdote da comunidade

"$uando nascia um menino ou uma menina, o pai ou pais do beb3 iam imediatamente casa dos astr#logos, /eiticeirosou adivinhos, que havia em abundIncia, pedindolhes que determinassem o destino do menino ou meni na recmnascido. (...) astr#logo e /eiticeiro adivinho pegava o livro dos destinos e o calendrio. Aendo a naturea do dia,enunciava pro/ecias, tirava a sorte e estabelecia o destino, /avorvel ou des/avorvel, da crian5a, 7onsulta ao

adivinho e ao litro consultando uma /olha de papel, sobre a qual estavam pinta dos todos os deuses que adoravam,cada qual no espa5o que lhe era reservado. (...) +ra poss;vel saber se a crian5a seria rica ou pobre, valente, cora&osa,ou covarde, sacerdote ou homem casado, ladrão ou b3bado, moderado ou lascivo todas essas coisas podiam servistas nesses desenhos" (urn, FF, 2).

A*ém dessa inter5retação 5reesta'e*ecida e sistem9tica6 que decorre do car9ter6 esta'e*ecido umavez 5or todas6 de cada dia do ca*end9rio6 +9 uma se3unda <orma de adivin+ação6 esta 5ontua*6 quetoma a <orma de 5ress93ios% Qua*quer acontecimento que saia um 5ouco do comum6 a<astando(se daordem esta'e*ecida6 ser9 inter5retado como 5ren;ncio de um outro acontecimento6 3era*mente ne<asto6 5or acontecer Ho que im5*ica que nada neste mundo acontece 5or acasoI% "or eem5*o6 o <ato deum 5risioneiro <icar triste é mau au3;rio6 5ois 5ara os astecas isto é ines5erado% Ou o <ato de um

 59ssaro 3ritar em certa +ora6 ou de um rato atravessar o tem5*o6 ou de a*3uém <azer uma 5ausa ao<a*ar6 ou de determinado son+o ocorrer% Ws vezes6 é verdade6 esses 5ress93ios são <atos não somenteraros mas com5*etamente so'renaturais% 

"+nquanto eram preparadas iguanas delicadas com as coisas que as mulheres astecas traem para vender, aconteceuuma coisa prodigiosa e aterroriante, que amedrontou e mergulhou no estupor os habitantes de Rochimilco. $uandotodos estavam sentados em seus lugares para comer, as iguanas se trans/ormaram, vista deles, em ps e mãos dehomem, em bra5os, cabe5as, cora5Kes humanos, em /;gados e intestinos. iante de coisa tão horr;vel nunca antes vistaou ou vida, os habitantes de Rochimilco chamaram os ugures e perguntaramlhes o que aquilo podia signi/icar. +stesanunciaram que era pssimo pressgio, pois signi/icava a destrui5ão da cidade e a morte de muita gente" (urn, FFF,12). 

 #o cotidiano6 assim como no ece5ciona*6 5ortanto% "acreditavam em mil augQrios e pressgios" (:otolinia, FF, 8) um mundo su5er determinado ser9 tam'ém6 <orçosamente6 um mundo su5erinter5retado%

&e resto6 quando os si3nos tardam6 não +esitam em so*icit9(*os6 e 5ara isso tam'ém se diri3em aoadivin+o 5ro<issiona*% Este res5onde recorrendo a uma de suas técnicas +a'ituais 5e*a 93ua6 5e*os3rãos de mi*+o6 5e*os <ios de a*3odão% Este 5ro3n1stico6 que 5ermite sa'er se uma 5essoa ausenteest9 viva ou morta6 se um doente vai sarar ou não6 se um marido vo*;ve* vo*tar9 5ara a es5osa6

 5ro*on3a(se em verdadeiras 5ro<ecias6 e vemos os 3randes c+e<es astecas visitarem re3u*armente oadivin+o antes de começar uma o5eração im5ortante% E mais sem terem sido so*icitadas6 diversas

 5ersona3ens a<irmam ter tido comunicação com os deuses e 5ro<etizam o <uturo% Toda a +ist1ria dosastecas6 ta* como é contada em suas 5r15rias crGnicas6 é <eita de rea*izaç0es de 5ro<ecias anteriores6

como se um acontecimento não 5udesse ocorrer se não tivesse sido 5reviamente anunciado a 5artida do *oca* de ori3em6 a es co*+a de uma nova *oca*ização6 ta* vit1ria na 3uerra ou ta* derrota%

Ai6 s1 5ode tornar(se ato aqui*o que <oi anterior mente ver'o% Os astecas estão convencidos de quetodas essas es 5écies de 5revisão do <uturo se rea*izam6 e s1 em casos ece5cionais tentam resistir Jsorte que *+es é anunciada em maia6 a mesma 5a*avra si3ni<ica D5ro<eciaD e D*eiD% D#ão é 5oss.ve*esca5ar ao que deve acontecerD H&ur9n6 6 -I% DEstas coisas se rea*izarão% #in3uém 5oder9im5edi(*asD HP'i*arn Ba*am6 22I% E as coisas e<etivamente se rea*izam6 ?9 que os +omens <azem 5araisso tudo quanto 5odem em outros casos6 a 5ro<ecia é ainda mais verdadeira6 5or ter sido6 narea*idade6 <ormu*ada retros5ectivamente6 a51s a ocorrncia do <ato% Em todos os casos6 esses

 5ress93ios e adivin+aç0es 3ozam de enorme 5rest.3io e6 se <or 5reciso6 arriscarão a vida 5ara o't(

*os6 sa'endo 'em que a recom5ensa va*e o risco o detentor da 5ro<ecia é o <avorito dos deuses6 omestre da inter5retação é6 sim5*esmente6 o mestre% O mundo é co*ocado6 em 5rinc.5io6 como su5erdeterminado os +omens res5ondem a essa situação re3u*amentando minuciosamente sua vida

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socia*% Tudo é 5revis.ve* e6 5ortanto6 tudo é 5revisto6 e a 5a*avra(c+ave da sociedade meso(americana é ordem% =(se numa 593ina do *ivro maia de H[+i*am Ba*am DCon+eciam a ordem deseus dias% Com5*eto era o ms com5*eto6 o ano com5*eto6 o dia com5*eta6 a noite o so5ro de vidatam'ém6 quando 5assava com5*eto o san3ue6 quando c+e3avam a seus *eitos6 a suas esteiras6 a seustronos% Em 'oa ordem recitavam as 'oas oraç1es em 'oa ordem 5rocuravam os dias 5ro5.cios6 atéverem as estre*as 5ro5.cias entrarem em seu reino então o'servavam quando começaria o reino das

 'oas es tre*as% Então tudo era 'om H4I% &ur9n6 um dos me*+ores o'servadores da sociedade asteca6conta6 5or sua vez6 a se3uinte anedota DUm dia 5er3untei a um ve*+o 5orque semeava <ei?0es tãotarde no ano6 ?9 que naque*a é5oca 3era*mente 3eava% Res5ondeu que tudo tin+a sua razão de ser eseu dia 5articu*arD H6 2I% Esta re3u*amentação im5re3na os m.nimos deta*+es da vida6 que

 5oder.amos ima3inar deiados a critério do indiv.duo o ritua* 5ro5riamente dito é a5enas o que se so'ressai numa sociedade com5*eta mente ritua*izada ora6 os dois re*i3iosos são tantos e tãocom5*eos que mo'i*izam um verdadeiro eército de o<iciantes% "+ram tantas as cerimMnias queum s# ministro não podia assistir a todas" (urn, 1, 19).

5ortanto a sociedade ( 5or intermédio da casta dos sacerdotes6 meros de5osit9rios do sa'er socia* (que deci de a sorte do indiv.duo6 o qua* não é6 5ois6 um indiv.duo no sentido que 3era*mente damos

ao termo% #a sociedade ind.3ena de anti3amente6 o indiv.duo não re5resenta em si uma tota*idadesocia*6 é unicamente o e*emento constitutivo de outra tota*idade6 a co*etividade% &ur9n diz tam'ém6numa 5assa3em onde se sente um misto de admiração e nosta*3ia6 5or não encontrar mais em sua

 5r15ria sociedade os va*ores aos quais as5ira

 "Dara o assunto mais insigni/icante, aquela na5ão dispunha de muitos /uncionrios. udo era tão bem registrado quenenhum detalhe escapa va s contas. >avia /uncionrios para tudo, e at emprega dos encarregados da limpea. !ordem era tal que ningum ousava intervir no dever de outrem nem dier nada, pois teria sido imediatamentedespedido" (FFF, 41)%

que os astecas mais pream não , realmente, a opinião individual, a iniciativa individual. emos uma

 provasuplementar da preemin3ncia do social sobre o individual no papel desempenhado pela /am;lia@ os pais são queridos, os /ilhos adorados, e a aten5ão consagrada a uns e outros absorve grande parte da energia social. eciprocamente, o pai e a mãe são considerados responsveis pelos erros que o /ilho cometa< entre os tarascos, a solidariedadena responsabilidade estendese at os criados. "s preceptores e amasdeleite que tinham educado o /ilho são igualmente mortos, assim como os criados, pois lhe ensinaram maus hbitos" (elaci#n de :ichoacn, -F, 8, c/. FFF, 12).

Mas a so*idariedade <ami*iar não é um va*or su5remo6 5ois6 a5esar de ser transindividua*6 a cé*u*a<ami*iar ainda não é a sociedade os *aços <ami*iares6 na verdade6 5assam 5ara o ;*timo 5*ano6a'aio das o'ri3aç0es 5ara com o 3ru 5o% #en+uma qua*idade 5essoa* torna a*3uém invu*ner9 ve* J*ei socia*6 e os 5ais aceitam de 'om 3rado as 5uniç0es que re5rimem in<raç0es cometidas 5or seus<i*+os%

 "!pesar de /icarem a/litos vendo os /ilhos mal tratados, amandoos tanto, não ousavam reclamar, e reconheciam que a puni5ão era &usta e boa" (urn, 1, 21). 

Um outro re*ato descreve o rei #eza+ua*5i**i6 de Tecoco6 cé*e're 5or sua sa'edoria6 5unindo com amorte sua 5r15ria <i*+a 5orque e*a ti n+a deiado que um ?ovem *+e diri3isse a 5a*avra aos quetentam intervir em <avor de sua <i*+a6 res5onde "que não devia in/ringir a lei em /avor de ningum, pois se o /iesse daria mau eemplo aos outros senhores e /icaria desonra do" (\orita, 9).

que a morte s1 é uma cat9stro<e numa 5ers5ectiva estritamente individua*6 ao 5asso que6 do 5ontode vista socia*6 o 'ene<icio o'tido da su'missão J re3ra do 3ru5o 5esa mais do que a 5erda de umindiv.duo% "or isso vemos os <uturos sacri<icados aceitarem sua sorte6 se não com a*e3ria6 5e*o

menos sem deses5ero e o mesmo acontece em re*ação aos so*dados no cam5o de 'ata*+a o san3uede*es contri'uir9 5ara manter a sociedade viva% "ara ser mais eato6 esta é a ima3em que o 5ovoasteca quer ter de si mesmo6 e não é certo que todas as 5essoas que <azem 5ar te de*e aceitem isso

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de 'om +umor 5ara evitar que os 5risioneiros <iquem tristes na vés5era de seu sacri<.cio Hmau 5ress93io6 como vimosI6 rece'em dro3as e Montezuma 5recisar9 reor3anizar seus so*dados em 5rantos6 a<*itos com a morte de seus com5an+eiros

"O para isso que nascemosL O para isso que vamos guerraL O a morte bendita que ealtavam nossos antepassadosL"(urn, FFF, ?2).

 #essa sociedade su5erestruturada6 um indiv.duo não 5ode ser i3ua* a outro6 e as distinç0es+ier9rquicas adqui rem uma im5ort@ncia 5rimordia*% 'astante im5ressionante ver que quando6 nomeio do sécu*o K86 Montezuma ,6 a51s ter 3an+o muitas 'ata*+as6 decide codi<icar as *eis de suasociedade6 <ormu*a catorze 5rescriç0es6 das quais somente as duas ;*timas *em'ram nossas *eisH5unição do adu*tério e do rou'oI6 ao 5asso que dez re3u*amentam a*3o que6 a nosso ver6 não 5assade etiqueta Hvo*tarei Js duas outras *eisI as ins.3nias6 as rou5as6 os adornos que a*3uém tem ounão o direito de usar6 o ti5o de casa a5ro5riado 5ara cada camada da 5o5u*ação% &ur9n6 sem5renost9*3ico da sociedade +ier9rquica e des3ostoso com o i3ua*itarismo que v nascer entre oses5an+1is6 escreve

"Nas casas dos reis e nos templos havia salas e cMmodos onde eram instaladas ou recebidas pessoas de qualidadedi/erente, de modo que umas não se misturassem s outras, de modo que os de sangue nobre não /ossem tratados comoas pessoas de classes in/eriores. (...) Nos estados e comunidades bem organiados davase muita aten5ão a essascoisas, di/eren5a da desordem que reina em nossos estados modernos, onde quase imposs;vel distinguir o cavaleirodo carregador, o castelão do marido. (...) Dor isso, para evitar essa con/usão e esta variedade, e para que cada um saiba onde o seu lugar, os ind;genas possu;am leis importantes, decretos e ordenIncias" (1, 11).

&evido a esta <orte inte3ração6 a vida de uma 5essoa não é nen+um cam5o a'erto e indeterminado6que uma vontade individua* *ivre mode*aria6 e sim a rea*ização de uma ordem sem5re 5resenteHainda que não se ec*ua com5*etamente a 5ossi'i*idade de a*3uém modi<icar seu 5r15rio destinoI%O <uturo do indiv.duo é determinado 5e*o 5assado co*etivo o indiv.duo nJo constr1i seu <uturo6 este

se reve*a da. o 5a5e* do ca*end9rio6 dos 5ress93ios6 dos au3;rios% A 5er3unta que caracteriza essemundo não é6 como 5ara os conquistadores es5an+1is ou os revo*ucion9rios russos6 de ti5o 5raeo*13ico Dque <azerD6 mas e5istmico DComo sa'erD% E a inter5retação do acontecimento se<az menos em <unção de seu conte;do concreto6 individua* e ;nico6 do que em <unção de umaordem 5reesta'e*ecida e a ser resta'e*ecida6 da +armonia universa*6 :eria <orçar o sentido da 5a*avraDcomunicaçJoD dizer6 a 5artir disso6 que +9 duas 3randes <ormas de comunica ção6 uma entre os+omens6 e outra entre o +omem e o mundo6 e constatar que os .ndios cu*tivam 5rinci5a*mente esta;*tima6 ao 5asso que os es5an+1is cu*tivam 5rinci5a* mente a 5rimeira Estamos +a'ituados aconce'er somente a comunicação inter(+umana6 5ois6 o DmundoD não sendo um su?eito6 o di9*o3ocom e*e é 'astante assimétrico Hse é que +9 di9*o3oI% Mas ta*vez esta se?a uma visão *imitada6res5ons9ve*6 a*i9s6 5e*o sentimento de su5erioridade que temos nesse cam5o% A noção seria mais

 5rodutiva se <osse am5*iada de modo a inc*uir6 a*ém da interação de indiv.duo a indiv.duo6 a queeiste entre a 5essoa e seu 3ru5o socia*6 a 5essoa e o mundo natura*6 a 5essoa e o universo re*i3ioso%E é este se3undo ti5o de comunicação que desem5en+a um 5a5e* 5redominante na vida do +omemas teca6 que inter5reta o divino6 o natura* e o socia* através de ind.cios e 5ress93ios6 com o au.*iodo 5ro<issiona* que é o sacerdote(adivin+o% #ão se deve ima3inar que esta 5redomin@ncia ec*ui ocon+ecimento dos <atos6 o que 5oder.amos c+amar mais es5eci<icamente de co*eta de in<ormação

 5e*o contr9rio% E a açJo so're outrem6 5or intermédio dos si3nos6 que aqui se mantém em estadoem'rion9rio em com5ensação6 sem5re se in<ormam acerca do estado das coisas6 inertes ou vivas o+omem aqui im5orta mais como o'?eto do discurso do que como destinat9rio de*e% Uma 3uerra6 *(se na Re*aci1n de Mic+oac9n% ser9 sem5re 5recedida 5e*o envio de es5i0es% &e5ois de umrecon+ecimento minucioso6 vo*tam 5ara 5restar contas de sua missão%

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"s espiKes sabem onde /icam os rios, assim como as entradas e sa;das da aldeia, e os lugares perigosos. $uando oacampamento est montado, desenham no chão um mapa preciso, que indica todos esses /atos ao che/e militar, que omostra sua gente" (FFF, 4).

&urante a invasão es5an+o*a6 Montezuma nunca deia de enviar es5i0es ao cam5o advers9rio6 esem5re est9 5er<eitamente ciente dos <atos assim6 <ica sa'endo da c+e3ada das 5rimeirase5ediç0es6 ao 5asso que os es5an+1is ainda i3noram com5*etamente a eistncia de*e então enviainstruç0es aos 3overnadores re3ionais

 "+le orde nou (...)@ J6a5am com que toda a costa se&a vigiada (...), em todos os lugares onde os estrangeiros poderiamdesembarcar" (7ode 6lorentino, que ser abreviado daqui em diante 76, R ') %

Tam'ém mais tarde6 quando Cortez est9 na Cidade do Méico6 Montezuma é imediatamentein<ormado da c+e3ada de #arvaez6 que Cortez i3nora%

"%empre sabiam o que ocorria, atravs da palavra, da pintura ou dos memoriais. Dara isso, dispunham de homensmuito veloes que, indo e vindo, serviam de mensageiros, e que tinham sido treinados desde a in/Incia para correr e ter /Mlego, para que pudessem subir uma encosta ;ngreme correndo e sem /icarem cansados" (!costa, AF, 1*)%

W di<erença dos tarascos de Mic+oac9n6 os astecas desen+am seus ma5as e mensa3ens em 5a5e*6 5odendo assim transmiti(*os a dist@ncia% Mas os constantes sucessos na co*eta de in<ormação nãoestJo *i3ados6 como se 5oderia ima3inar6 a um dom.nio da comunicação inter(+umana% N9 a*3o deem'*em9tico na recusa6 constantemente reiterada 5or Montezuma6 em se comunicar com osintrusos% &urante a 5rimeira <ase da conquista6 enquanto os es5an+1is ainda estão 5erto da costa6 amensa3em mais im5ortante que Montezuma envia é que e*e não quer nen+um interc@m'io demensa3ens E*e rece'e as in<ormaç0es6 mas não se a*e3ra com isso6 muito 5e*o contr9rio eis aima3em que nos dão de*e os re*atos dos astecas

":onteuma baiou a cabe5a e, sem dier uma palavra, a mão sobre a boca, /icou um longo momento, como

X estivessel morto, ou mudo, pois não pMde /alar nem responder" (urn, FFF, ?9). "$uando o escutou, :onteuma apenas inclinou a cabe5a< mantinha a cabe5a baia (...) Não /alou então, mas /icoumuito tempo cheio de a/li5ão, como se estivesse ao lado de si mesmo (76, RFF, 1').

Montezuma não <ica sim5*esmente amedrontado com o conte;do dos re*atos reve*a(se *itera*menteinca5az de comunicar6 e o teto <az um 5ara*e*o si3ni<icativo entre DmudoD e DmortoD% Esta 5ara*isianão en<raquece unicamente a co*eta de in<ormação ?9 sim'o*iza a derrota6 visto que o so'eranoasteca é6 antes de mais nada6 um mestre da 5a*avra ( ato socia* 5or ece*ncia (6 e que a ren;ncia J*in 3ua3em é o recon+ecimento de uma derrota% &e modo tota*mente coerente6 estão associados emMontezuma o medo da in<ormação rece'ida e o medo da in<ormação 5edida 5e*os outros6es5ecia*mente quando se re<ere J sua 5essoa%

"odos os dias vrios mensageiros iam e vinham, relatando ao rei :onteuma tudo o que acontecia, diendo que osespanh#is /aiam muitas perguntas a respeito dele, colhendo in/orma5Kes sobre sua pessoa, seu comportamento e suacasa. Fsto deiouo bastante angustiado, hesitante em rela5ão ao caminho a seguir, /ugir, ou se esconder, ou entãoesperar, pois temia os maiores ma les e os maiores ultra&es para ele e para todo o seu reino" (ovar, p. 0B) %

"+ quando :onteuma soube que /aiam muitas perguntas sobre ele e que eigiam sua presen5a, que os deu ses queriam t3lo diante dos olhos urgentemente, seu cora5ão /icou apertado de tormento e angQstia" (76, RFF, 1').

:e3undo &ur9n6 a reação inicia* de Montezuma é querer se esconder no <undo de uma 3ruta 5ro<unda% &e acordo com os conquistadores6 as 5rimeiras mensa3ens de Montezuma a<irmam quee*e est9 dis5osto a dar(*+es qua*(,% A5onto aqui um traço esti*.stico dos tetos na+uat* uma

e5ressão é <reqZentemente se3uida 5or uma ou v9rias outras6 sin@nimas% O uso do 5ara*e*ismo é 'astante comum6 mas6 a*ém disso6 :a+a3;n% interessado nas ca5acidades e5ressivas da *.n3ua6tin+a 5edido a seus in <ormantes que *+e <ornecessem sem5re todas as e5ress0es 5oss.veis 5ara

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uma mesma coisa%quer coisa em seu reino6 com uma condição que renunciem ao dese?o de vir v(*o%Esta recusa de Montezuma não é um ato 5essoa*% A 5rimeira *ei enunciada 5or seu ante5assado6Montezuma ,6 diz

"s reis nunca devem aparecer em pQblico, eceto se /or uma ocasião etrema" (urn, FFF, 2?)6

e Montezuma se3ue esta *ei J risca6 5roi'indo ainda que seus s;ditos o*+em 5ara e*e quandoa5arece em 5;'*ico%

 "%e um homem comum ousasse levantar os olhos e olhlo, :onteuma ordenava que /osse morto." urn, que relataeste /ato, reclama que isso pre&udica seu trabalho de historiador. "Fnterroguei certa ve um ;ndio acerca dos tra5os /aciais de :onteuma , sua estatura e aspecto geral, e eis a resposta que obteve@ JDadre, não mentirei para o senhor, enem direi coisas que não sei. Nunca vi o rosto dele" (FFF, B'). 

 #ão é sur5reendente que esta *ei enca'ece a *ista de re3ras re*acionadas J di<erenciação +ier9rquicada sociedade nos dois casos6 o que se e*imina é a 5ertinncia do indiv.duo diante do re3u*amentosocia*% O cor5o do rei continua individua*6 mas a <unção do rei6 mais do que qua*quer outra6 é 5uro

e<eito socia* é 5ortanto necess9rio su'trair esse cor5o aos o*+ares% Ao deiar(se ver6 Montezumaestaria contrariando seus va*ores6 tanto quanto ao deiar de <a*ar sai de sua es<era de ação6que é o interc@m'io socia*6 e torna(se um indiv.duo vu*ner9ve*%

i3ua*mente reve*ador ver Montezuma rece'er a in <ormação e 5unir os que a trazem6 e assim<a*+ar no 5*ano das re*aç0es +umanas% Quando um +omem c+e3a da costa 5ara descrever o que viu6Montezuma a3radece6 mas ordena a seus 3uardas que o 5on+am na 5risão e vi3iem(no 'em% Osm93icos tentam ter son+os 5ro<éticos e inter5retar os 5ress93ios so'renaturais% DQuandoMontezuma viu que os son+os não *+e eram <avor9veis6 e consumavam os maus 5ress93iosanteriores6 com uma <;ria e uma raiva demon.acas ordenou que os ve*+os e ve*+as <ossem ?o3adosna 5risão 5ara sem5re% :1 deviam rece'er 5equenas quantidades de comida6 até que morressem de

<ome% Os sacerdotes dos tem5*os H%%%I 5useram(se todos de acordo 5ara não dizer mais nada aMontezuma6 5ois temiam ter o mesmo destino que os outros ve*+os H6 I% "orém6 5ouco tem 5ode5ois6 e*es ?9 não se encontram na 5risão Montezuma então decide 5uni(*os de modo eem5*arDOrdenou aos carcereiros que 5artissem e <ossem Js cidades de onde vin+am os <eiticeiros6 que *+esdestru.ssem as casas6 que *+es matassem as mu*+eres e <i*+os e que cavassem o *oca* das casas atéque sa.sse 93ua% A*ém disso6 deviam destruir ou *evar os 'ens de*es e6 se a*3um dia um desses<eiticeiros <osse visto num tem5*o6 devia ser a5edre?ado6 e seu cor5o ?o3ado Js <eras se*va3ensDHi'id%I% #essas condiç0es6 é com5reens.ve* que se tornem escassos os vo*unt9rios 5ara in<ormarso're o com5ortamento dos es5an+1is6 ou inter5ret9(*o%

Mesmo quando a in<ormação c+e3a a Montezuma6 sua inter5retação6 necess9ria6 se <az no @m'ito

da comunicação com o mundo6 e não da comunicação com os +omens é aos deuses que 5edeconse*+o so're o com5ortamento que deve ter nos assuntos 5uramente +umanos H5orque tin+a sidoassim desde sem5re6 como sa'emos a 5artir das +ist1rias ind.3enas do 5ovo astecaI%

 "Darece que :onteu ma, devido grande devo5ão que tinha por seus ;dolos ecatlipoca e >uitilopochtli(respectivamente, o deus dos in/ernos e o deus da guerra), sacri/icavalhes crian5as to dos os dias, para conseguir ainspira5o do que devia ser /eito em rela5ão a n#s" (-ernal ;a, 41). 

"!ssim que :onteuma /oi in/ormado do que tinha acontecido, sentiu irri ta5ão e uma /orte dor. %acri/icou alguns;ndios a >uitilo pochtli, que era seu deus da guerra, para obter a revela5ão do que devia acontecer em rela5ão nossa viagem 7idade do :ico se esclarecer acerca da questão de nos sa entrada na cidade" (id., 8').

 #atura*mente6 quando dese?am com5reender o 5resente6 os diri3entes do 5a.s 5rocuram não oscon+ecedores de +omens6 mas os que 5raticam o interc@m'io com os deuses6 os mestres(intér5retes%Assim é em T*aca*a% D&e5ois de escutarem a mensa3em6 de 5éssimo +umor6 concordaram em

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c+amar todos os adivin+os6 todos os 5a5as e outros que tm a sorte6 es5écie de <eiticeiros quec+amavam de taca*a3ua*% Foi(*+es recomendado 5rocurar6 em suas adivin+aç0es6 em seus <eitiços esortes6 quem n1s éra mos e se 5oder.amos ser vencidos 5or +osti*idades de dia e de noiteD HBerna*&.az6 I% #a Cidade do Méico6 ocorre eatamente a mesma reação

 "o rei convocou imediata mente toda a sua corte em conselho, epMs a triste novidade, perguntando quais meios

 poderiam ser empregados para epulsar de seu pa;s aqueles deuses malditos que vinham para destru;los, e debatendolongamente sobre a questão, como eigia um assunto de tal gravidade, resolveram chamar todos os /eiticeiros e sbiosnecromantes que tinham um pacto com o demMnio, para que /iessem o primeiro ataque, suscitando com sua arte visKesaterroriantes que, pelo terror, obrigariam aquela gente a voltar para seu pa;s" (ovar, p. 0B).

Montezuma sa'ia co*+er in<ormaç0es so're seus inimi3os quando e*es se c+amavam t*aca*tecas6tarascos6 +uas tecas% Mas o interc@m'io de in<ormação era então 5er<eita mente esta'e*ecido% Aidentidade dos es5an+1is é tão di<erente6 o com5ortamento de*es a ta* 5onto im5revis.ve* quea'a*am todo o sistema de comunicação6 e os astecas não conse3uem mais <azer ?ustamente a*3o queera es5ecia*idade de*es a co*eta de in<ormaç0es% :e os .ndios tivessem sa'ido6 escreve re5etidasvezes Berna* &.az6 que éramos tão 5oucos6 como est9vamos <racos6 eaustos%%% Todas as aç0es doses5an+1is 5e3a os .ndios de sur5resa6 como se <ossem e*es que conduzissem uma 3uerra re3u*ar eos es5an+1is os atormentassem com um movimento de 3uerri*+a%

Encontramos uma con<irmação 3*o'a* dessa atitude dos .ndios diante dos es5an+1is na 5r15riaconstrução dos re*atos ind.3enas da conquista% Começam6 invariave*mente6 5e*a enumeração dos

 5ress93ios que anunciou a vinda de +omens estran+os 5ara tomar o reino% Tam'ém o rei 5ormensa3ens que6 a*ém de tudo6 5redizem6 sem5re6 a vit1ria dos recém(c+e3ados% 

"Naquele tempo o ;dolo $uetalcoatl, deus dos cholultecas, anunciou a vinda de homens estranhos para tomar o reino.ambm o rei de ecoco X ahualpillil, que tinha um pacto com o demMnio, veio certa ve visitar :onteumanumahora impr#pria, e garantiu que os deuses lhe tinham dito que grandes prova5Kes e grandes so/rimentos se preparavam para ele e seu reino< vrios /eiticeiros e encantadores diiam a mesma coisa" (ovar, p. ?9).

 &is5omos de indicaç0es seme*+antes no que se re<ere não somente aos astecas do Méico centra*6com tam'ém aos tainos do Cari'e6 Ddesco'ertosD 5or Co*om'o6 aos tarascos de Mic+oac9n6 aosmaias do \ucat9n e da Puatema*a6 aos incas do "eru etc% Um 5ro<eta maia6 A+ Ku5an #auat6 teria

 5revisto6 ?9 no sécu*o K6 que a invasão do \ucat9n começaria em ,42-% Tomados em con?unto6esses re*atos6 oriundos de 5o5u*aç0es muito distantes umas das outras6 im5ressionam 5e*auni<ormidade a c+e3ada dos es5an+1is é sem5re 5recedida 5or 5ress93ios6 a vit1ria de*es é sem5reanunciada como certa% E mais os 5ress93ios são estran+amente seme*+antes6 de um etremo docontinente americano ao outro% :ão sem5re um cometa6 raios6 um incndio6 +omens 'icé<a*os6

 5essoas <a*ando durante o transe etc%

Ainda que não quiséssemos ec*uir a 5riori a rea*idade desses 5ress93ios6 um n;mero tão 3rande decoincidncias 'astaria 5ara co*ocar(nos de so'reaviso% Tudo *eva a crer que os 5ress93ios <oraminventados a 5osteriori mas 5or qu 8emos a3ora que esse modo de viver o aconteci mento est9tota*mente de acordo com as normas da comunicação ta* como é 5raticada 5e*os .ndios% Em vez de

 5erce'erem o <ato como um encontro 5uramente +umano a5esar de inédito ( a c+e3ada de +omens9vidos de ouro e de 5oder (6 os .ndios inte3ram(no numa rede de re*aç0es naturais6 sociais eso'renaturais6 onde o aconteci mento 5erde sua sin3u*aridade é de certo modo domesticado6a'sorvido numa ordem de crenças 5reeistente%

Os astecas veem a conquista ( isto é6 a derrota ( e ao mesmo tem5o su5eram(na menta*mente6inscrevendo(a numa +ist1ria conce'ida se3undo suas ei3ncias He não são os ;nicos que a3em

assimI o 5resente torna(se inte*i3.ve* e6 ao mesmo tem5o6 menos inadmiss.ve*6 a 5artir do momentoem que é 5oss.ve* v(*o 5renunciado no 5assado% E a so*ução é tão a5ro5riada J que6 ao ouvir ore*ato6todos 5ensam *em'rar(se de que os 5ress93ios tin+am rea*mente a5arecido antes da conquista%

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Mas6 enquanto isso6 as 5ro<ecias eercem um e<eito 5ara*isante so're os .ndios que tmcon+ecimento de*as e diminuem(*+es a resistncia sa'emos6 5or eem5*o6 que Monte?o ser9es5ecia*mente 'em rece'ido nas re3i0es do \ucat9n de onde 5rovm as 5ro<ecias de C+i*am Ba*am%Este com5ortamento contrasta com o de Cortez6 mas não com o com5ortamento de todos oses5an+1is ?9 encontramos um eem5*o es5an+o* de conce5ção da comunicação es5antosamenteseme*+ante a de Co*om'o% Como Montezuma6 Co*om'o co*etava in<ormaç0es6 cuidadosamente6

acerca das coisas6 mas <a*+a na comunicação com os +omens% Ainda mais not9ve* é o <ato de6 aovo*tar de sua desco'erta ece5ciona*6 Co*om'o dedicar(se J redação de seu C+i*am Ba*am não 5araria enquanto não 5roduzisse um =ivro das "ro<ecias6 co*et@nea de <1rmu*as etra.das dos Houatri'u.das aosI =ivros :antos6 que su5ostamente 5rediriam sua 5r15ria aventura6 e as conseqZnciasde*a% "or suas estruturas mentais6 que o *i3am J conce5ção medieva* do sa'er6 Co*om'o est9 mais

 5r1imo daque*es que desco're do que de certos com5an+eiros de*e como teria <icado c+ocado emsa'er disso E e*e não é o ;nico% Maquiave*6 te1rico do mundo do 5orvir6 escreve6 5ouco tem5ode5ois6 nos &iscursos 

"+emplos antigos e modernos provam igualmente que eventos importantes nunca ocorrem, em nenhuma cidade ou pa;s, sem terem sido anunciados por pressgios, revela5Kes, prod;gios ou outros si nais celestes" (1, B?). 

=as Casas dedica um ca5.tu*o inteiro de sua Nistoria das .ndias ao se3uinte tema 

"nde vemos como a Drovid3ncia divina nunca permite que acontecimentos importantes, para o bem do mundo ou para sua puni5ão, ocorram sem terem sido previamente anunciados e preditos pelos santos, ou por outras pessoas,inclusive os in/iis e pessoas ms, e s vees at pelos demMnios" (1, 1*)%

Mais va*e uma 5ro<ecia <eita 5e*os demGnios do que 5ro<ecia nen+uma #o <im do sécu*o6 o ?esu.taSosé de Acosta é mais 5rudente6 mas ainda mani<esta a mesma estrutura menta*%

 Darece raovel pensar que um acontecimento dessa importIncia Fcomo a descoberta da !mrica deve sermencionado nas %antas +scrituras" (1. 1B).

Este modo 5articu*ar de 5raticar a comunicação Hque 50e de *ado a dimensão inter(+umana e 5rivi*e3ia o conta to com o mundoI é res5ons9ve* 5e*a ima3em de<ormada que os .ndios terão doses5an+1is% durante os 5rimeiros contatos e6 5rinci5a*mente6 5e*a ideia de que e*es são deuses ideiaque tam'ém tem um e<eito 5ara*isante% Este <ato 5arece ser 'astante raro na +ist1ria das conquistase das co*onizaç0es Hrea5arece na Me*anésia6 e é res5ons9ve* 5e*o triste destino do Ca5itão Coo]Is1 5ode ser e5*icado 5or urna inca5acidade em 5erce'er a identidade +umana dos outros6 isto é6admiti(*os6 ao mesmo tem5o6 como i3uais e como di<erentes% A 5rimeira reação6 es5ont@nea6 emre*ação ao estran3eiro é ima3in9(*o in<erior6 5orque di<erente de n1s não c+e3a nem a ser um+omem6 e6 se <or +omem6 é um '9r'aro in<erior se não <a*a a nossa *.n3ua6 é 5orque não <a*a *.n3uanen+uma6 não sa'e <a*ar6 como 5ensava ainda Co*om'o% Assim6 os es*avos da Euro5a c+amam oa*emão vizin+o de nernec6 o mudo os maias do \ucat9n c+amam os invasores to*tecas de numo'6os mudos6 e os maias ca]c+ique* se re<erem aos maias mam como 3a3osD ou DmudosD%Os 5r15rios astecas c+amam os 5ovos ao su* de 8era Cruz de nonoua*ca6 os mudos6 e os que não<a*am o na+uat* determine6 '9r'aros6 ou 5o5o*oca6 se*va3ens 5arti*+am do des5rezo que todos os

 5ovos tm 5or seus vizin+os6 ?u*3ando que os mais distantes6 cu*tura* ou 3eo3ra<icamente6 nãoservem nem 5ara serem sacri<icados e consumidos Ho sacri<icado deve ser simu*taneamenteestran3eiro e estimado6 ou se?a6 na rea*idade6 5r1imoI%

"Nosso deus não gosta da carne desses povos brbaros. Dara ele, pão ruim, duro, ins;pido, porque /alam uma l;nguaestrangeira, porque são brbaros" (u, ', 28).

"ara Montezuma6 as di<erenças entre astecas6 t*aca*tecas e c+ic+imecas eistem6 é c*aro6 mas sãoautomaticamente a'sorvidas na +ierarquia do mundo asteca os outros são os su'ordinados6 aque*esque 5odem ser ( ou não L as v.timas do sacri<.cio% "orém6 mesmo nos casos mais etremos6 não +9

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sentimento de estran+eza a'so*uta dos totonacas6 5or eem5*o6 os astecas dizem simu*taneamenteque <a*am urna *.n3ua '9r'ara e *evam uma vida civi*izada HCF6 K6 2>I6 ou se?a6 que 5ode 5arecer ta*aos o*+os dos astecas%

Ora6 a estran+eza dos es5an+1is é muito mais radica*% As 5rimeiras testemun+as da c+e3ada de*escorrem 5ara contar a Montezuma suas im5ress0es "evemos dier a ele o que vimos, e

aterrador@ nunca se viu nada semelhante" (C6, RFF, ?). #ão conse3uindo inseri(*os na cate3oria dostotonacas ( 5ortadores de uma a*teridade quase nada radica* (6 os astecas renunciam6 diante doses5an+1is6 a seu sistema de a*teridades +umanas6 e são *evados a recorrer ao ;nico outro dis5ositivoacess.ve* o interc@m'io com os deuses% #isso tam'ém 5odemos com5ar9(*os a Co*om'oentretanto6 a5arece tam'ém uma di<erença essencia* co mo e*es6 Co*om'o não conse3ue <aci*mentever o outro como +umano e i3ua* ao mesmo tem5o mas6 devido a isso6 trata(os como animais% Oerro dos .ndios6 a*i9s6 não durar9 muito o su<iciente6 entretanto6 5ara que a 'ata*+a se?ade<initivamente 5erdida e a América su'metida J Euro5a% Como diz em outra 5assa3em o =ivro deH+i*am Ba*am DAque*es que não 5uderem com5reender morrerão os que com5reenderem viverãoDH>I%

O'servemos a3ora6 não mais a rece5ção6 mas a 5rodução dos discursos e dos s.m'o*os6 ta* como é 5raticada nas sociedades ind.3enas na é5oca da conquista% #ão +9 necessidade de vo*tar ao *ivrosanto6 o "o5o* 8u'6 que 50e a 5a*avra na ori3em do mundo6 5ara sa'er que as 5r9ticas ver'ais sãoa*tamente estimadas nada seria mais <a*so do que ima3inar os astecas indi<erentes a esta atividade%Como v9rios outros 5ovos6 os astecas inter5retam seu 5r15rio nome re<erindo(se ao dom.nio da*.n3ua 5or o5osição Js outras tri'os 

"s ;ndios desta Nova +spanha procedem, segundo narram geralmente suas hist#rias, de dois povos di/erentes@ dão ao primeiro o nome de Nahuatlaca, o que signi/ica gente que se eplica e /ala claramenteJ, opondose ao segundo povo,então muito selvagem e brbaro, que se ocupava unicamente com a ca5a e ao qual deram o nome de 7hichimeca, que signi/ica gente que vai ca5aJ e que vive dessa ocupa5ão primitiva e agreste" (ovar, p. 9).

A5render a 'em <a*ar <az 5arte da educação <ami*iar é6 inc*usive6 a 5rimeira coisa em que 5ensamos 5ais D!e*avam cuidadosamente 5ara que ^ <i*+o[ sou'esse conversar de modo a5ro5riado com osoutros6 e que sua conversa <osse convenienteD H-F6 86 276 5% -,I e um 5receito anti 3o6 que os

 5ais transmitem aos <i*+os6 diz

"Não d3 mau eemplo, não /ale sem parar, não interrompa o discurso dos outros. %e algum /ala mal ou de modo pouco claro, trate de não /aer o mesmo< se não lhe cabe /alar, /ique quieto" (lmos em \orita, 9). s pais não paramde dier a seus /ilhos@ "Aoc3 deve /alar lentamente, bem pausada mente< não deve /alar precipitadamente, nemo/egando, nem em /alsete, senão dirão que voc3 um gemedor, um resmungão, um tagarela. Aoc3 tambm não deve gritar, senão ser tratado de imbecil, de semvergonha, de bruto, de verdadeiro bruto. (...) Aoc3 deve esmerarse,ado5ar suas palavras, sua vo" (c6, AF, 22).

Que uma ta* atenção se?a dedicada 9qui*o que os ret1 ricos *atinos c+amavam de actio ou 5ronuntiatio deia su5or que não se?am indi<erentes aos outros as5ectos da <a*a e sa'emos que estaeducação não é deiada a car3o unicamente dos 5ais6 é tam'ém ministrada em esco*as es5eciais%Eistem6 no estado asteca6 duas es5écies de esco*as6 uma onde se 5re5ara 5ara o o<.cio de 3uerreiro6e outra de onde saem os sacerdotes6 os ?uizes e os di3nit9rios reais é nessas ;*timas6 c+amadas deca*mecac6 que se dedica uma atenção 5articu*ar ao ver'o

"+nsinavam cuidadosa mente os meninos a /alar. s que no /alavam bem, que no saudavam bem, eram picados comespinhos de magueE. (...) +nsinavamlhes cantos, chamados de 7antos divinos, e que estavam escritos nos livros. +tambm lhes ensinavam a contar os dias, e o livro dos sonhos, e o livro dos anos" (?J6, FFF, !p3ndice, 8).

 O ca*mecac é uma esco*a de inter5retação e de orat1ria6 de ret1rica e +ermenutica% :ão tomados6 5ois6 todos os cuidados 5ara que os a*unos se tornem 'em <a*antes e 'ons intér5retes%

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que6 como diz um outro cronista H?uan Bautista "o mar6 na Re*ação de TecocoI6 a5rendiamsimu*taneamente

 "a bem /alar e a bem governar". Na civilia5ão asteca como em muitas outras , os altos dignitrios reais sãoescolhidos principalmente em /un5ão de suas qualidades orat#rias. %ahagQn conta que "entre os meicanos, osreitores doutos, virtuosos e valorosos eram muito estimados" (AF, "Dr#logo", 2)6

e *em'ra

 "s reis sempre tinham a seu lado oradores hbeis, para /alar e responder sempre que /osse necessrio. Ttiliavam

nos assim desde os primeiros mo mentos de sua elei5o" (AF, 12, 8). 

Os anti3os maias vão ainda mais *on3e os <uturos c+e<es são esco*+idos através de um 5rocedimento que *em'ra uma 5rova 5or eni3mas devem sa'er inter5retar certas e5ress0es<i3uradas6 c+a madas de D*in3ua3em de !uVuaD% O 5oder ei3e a sa'edoria6 que é atestada 5e*osa'er inter5retar% DEstas são as coisas que é necess9rio com5reender 5ara tornar(se c+e<e da a*deia6quando se é conduzido até o so'erano6 o c+e<e su5erior% Estas são as 5a*avras% :e os c+e<es da

a*deia não as com5reenderem6 então ne<asta é a estre*a que orna a noiteD HH'i*ain Ba*am6 >I% :e oscandidatos não 5assam nessa 5rova6 são severamente 5unidos% DOs c+e<es da a* deia serJo 5resos 5or não terem 5odido com5reender% H%%%I :erão en<orcados6 terão a 5onta da *.n3ua cortada6 e oso*+os arrancadosD Hi'.d%I% Como as v.timas da es<in3e6 os <uturos c+e<es se veem diante do di*emainter5retar ou morrer HJ di<erença6 entretanto6 das 5ersona3ens das Mi* e uma noites6 cu?a*ei seria DConte ou morraD% Mas +96 sem d;vida6 civi*izaç0es narrativas e civi*izaç0esinter5retativasI e conta(se que6 uma vez e*eito6 o c+e<e é marcado 5e*a inscrição de 5icto3ramasso're seu cor5o 3ar3anta6 5é6 mão% A associação entre o 5oder e o dom.nio da *.n3ua é c*aramentemarcada entre os astecas% O 5r15rio c+e<e de estado é c+amado de tiatoani6 o que quer dizer6 *itera*mente aque*e que 5ossui a 5a*avraD Hum 5ouco como nosso ditadorDI6 e a 5eri<rase que desi3na Is9'io é Do 5ossuidor da tinta verme*+a e da tinta ne3raD6 ou se?a6 aque*e que sa'e 5intar e inter5retar

os manuscritos 5icto3r9<icos% As crGnicas ind.3enas descrevem Montezuma como "um ret#rico eum orador nato. $uando /alava, atra;a com suas /rases re/inadas e seduia com seus racioc;nios

 pro /undos< todos /icavam satis/eitos com sua conversa tranqYila" (urn, FF B4)%

 #o \ucat9n6 os 5ro<etas(intér5retes 3ozam da mais a*ta estima e dos maiores 5rivi*é3ios 

"s sacerdotes tinham por o/;cio tratar e ensinar suas ci3ncias, indicar as calamidades e os meios de remedilas, pregar nas /estas, celebrar os sacri/icios e administrar seus sacramentos. s chilanes X deviam dar a todos dacomunidade as respostas do demMnio, e a estima em que eram tidos era tal, que s# sa;am carregados emliteiras"(=anda, 20).

Mesmo de5ois da Conquista6 os es5an+1is não 5odem conter a admiração 5e*a e*oqZncia ind.3ena%Quinze anos a51s o <im do im5ério asteca6 8asco de Quiro3a conta "7ada um deles nos agradeceu

 por sua ve com tal elo qY3ncia que era como se tivesse estudado a arte da orat#ria durante toda avida" (p. '1?)% :e'asti9n Ramirez de Fuen*ea*6 5residente da se3unda audincia Htri'una*6 e tam'ém<on te de todo o 5oder *e3a*I6 da qua* <az 5arte 8asco de Qui ro3a6 sente tanto 5razer em escutaros .ndios <a*arem que se esquece do desa3rado 5rovocado 5e*o teor de suas 5a*avras DN9 dez diasos c+e<es de Mic+oacãn e os <i*+os do Cazonci Frei *oca* vieram trazer suas queias a 8ossaMa?estade% "ronunciaram um discurso tão 'em ordenado que dava 5razer ouvir a tradução que<aziam os intér5retes% DOs es5an+1is da é5oca <icam i3ua*mente <ascinados 5e*a *in3ua3em% Mas a

 5ura e sim5*es eistncia de uma atenção 5ara com a 5rodução ver'a* 5or 5arte de am'os nãosi3ni<ica que os mesmos as5ectos da <a*a se?am va*orizados num caso e no outro% A <a*a

 5rivi*e3iada 5e*os astecas é a <a*a ritua*6 isto é6 re3u*amentada em suas <ormas e em suas <unç0es6<a*a memorizada e6 5ortanto6 sem5re citada% A <orma mais im5ressionante da <a*a ritua* é constitu.da 5e*os +ue+uet*ato discursos a5rendidos de cor6 mais ou menos *on3os6 que co'rem uma 3rande

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variedade de temas e corres5ondem a toda uma série de circunst@ncias sociais rezas6 cerimGnias decorte6 diversos ritos de 5assa3em na vida do indiv.duo Hnascimento6 5u'erdade% casamento6 morteI6

 5artidas6 encontros etc% :ão sem5re <ormu*ados numa *in3ua3em cuidada6 e su5ostamente +er dadosde tem5os imemoriais6 da. seu arca.smo *in3Z.stico% :ua <unção é a de toda 5a*avra numa sociedadesem escrita materia*izam a mem1ria socia*6 isto é6 o con?unto de *eis6 normas e va*ores que devemser transmitidos de uma 3era ção a outra6 5ara 3arantir a identidade da co*etividade isto e5*ica

tam'ém a im5ort@ncia ece5ciona* dada J educação 5;'*ica6 J drençado que acontece nassociedades do *ivro6 onde a sa'edoria a que se 5ode ter acesso sozin+o equi*i'ra os va*orestransmitidos 5e*a instituição co*etiva6A ausncia de escrita é um e*emento im5ortante da situação6ta*vez até o mais im5ortante%

Os desen+os esti*izados6 os 5icto3ramas usados 5e*os astecas6 não são um 3rau in<erior da escritare3istram a e5erincia6 e não a *in3ua3em% A escrita dos euro5eus é tão 5ouco <ami*iar aos .n diosque suas reaç0es serão ra5idamente e5*oradas 5e*a tradição *iter9ria é comum re5resentar o .ndio

 5ortador de um <ruto e de uma mensa3em escrita6 que menciona o <ato o .ndio come o <ruto nocamin+o e <ica 5er5*eo ao ser acusado disso 5e*o destinat9rio da carta% Os desen+os do Coderetm unicamente os 3randes marcos da +ist1ria6 que6 em si6 são ininte*i3.veis o discurso ritua* que

os acom 5an+a 5ermitir9 com5reend(*os nos damos conta disso <aci*mente +o?e em dia6 5oisa*3uns desen+os se mantm o'scuros 5ara n1s6 na ausncia de qua*quer coment9rio anti3o%

Que a ausncia de escrita se?a reve*adora do com5ortamento sim'1*ico em 3era*6 e ao mesmotem5o6 da ca5a cidade de 5erce'er o outro6 5arece ser i*ustrado 5or outro <ato% As trs 3randescivi*izaç0es amer.ndias encontradas 5e*os es5an+1is não se situam no esmon.ve*de evo*ução daescrita% Os incas são tota*mente des5rovidos de escrita Hdis50em de um uso mnemotécnico decord0es6 a*i9s 'astante e*a'oradoI os astecas 5ossuem 5icto3ramas en tre os maias6 encontram(serudimentos de uma escrita <onética% Ora6 o'servamos uma 3radação com5ar9ve* na intensidade dacrença de que os es5an+1is são deuses% Os incas acreditam <irmemente nessa natureza divina% Osastecas6 s1 num 5rimeiro momento% E os maias co*ocam a 5er3unta e res5ondem a e*a 5e*a ne3ativaem vez de DdeusesD6 c+amam os es5an+1is de Destran3eirosD6 ou então Dcome( dores de a nones<ruto que e*es mesmos não ousam con sumir6 ou D'ar'adosD6 ou até D5oderososD mas nuncaDdeusesD% "or um *ado6 diz(se que +ouve entre e*es um mo mento de +esitação a esse res5eito Hcomonos Anais dos ca]c+ique*6 isto é6 na Puatema*a6 não no \ucat9nI6 mas vemos tam'ém que éra5idamente su5erado e que a ima3em dos es5an+1is continua <undamenta*mente +umana% A coisase torna ainda mais incr.ve* na medida em que somente a*3uns sacerdotes ou no'res são iniciadosna escrita maia mas não é o uso e<etivo da escrita que conta6 a escrita como instrumento6 e sim aescrita enquanto .ndice da evo*ução das estruturas mentais% Torna(se necess9rio6 entretanto6acrescentar aqui uma outra e5*icação Ha menos que se?a6 secretamente6 a mesmaI os maiastam'ém são o ;nico dos trs 3ru5os que so<reu uma invasão estran3eira Ha dos meicanosI sa'em

o que é uma outra civi*ização6 outra6 e ao mesmo tem5o6 su5erior e suas crGnicas contentam(se<reqZentemente em inserir os es5an+1is na ru'rica que era anteriormente reservada 5ara osinvasores to*tecas% O im5ortante aqui é a escrita ausente6 e*a não 5ode assumir a <unção de su5orteda mem1ria6 e esta ca'e J 5a*avra% 5or isso que os +ue+uet*ato**i tm tanta im5ort@ncia6 é 5or issotam'ém que6 mesmo <ora desses 3neros <ios6 5erce'emos6 *endo os in<ormantes de :a+a3;n 5oreem5*o6 que suas res5ostas e5ressam um sa'er a5rendido de cor6 sem variaç0es individuais%Mesmo se 5ensarmos que os in<ormantes6 certamente ve*+os6 ea3eram o 5a5e* dos discursos atuaisem detrimento da <a*a im5rovisada6 não 5odemos deiar de <icar im5ressionados com a quantida dee o taman+o desses discursos e6 5ortanto6 com a 5arte ocu5ada 5e*o ritua* no seio da vida ver'a* dacomunidade%

O traço essencia* desses discursos é o <ato de virem do 5assado como a inter5retação6 a5roduçãodiscursiva é do minada 5e*o 5assado6 e não 5e*o 5resente a 5r15ria 5a*avra +ue+uet*ato**i si3ni<icaD5a*avras dos anti3osD% Essas 5a*avras6 diz um ve*+o6 Dvos <oram deiadas6 vos são entre3ues 5e*os

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+omens e mu*+eres de anti3amente6<oram cuidadosamente 3uardadas6 armazenadas em vossas entran+as6 em vossa 3ar3antaD HCF6 86)4I% O que é con<irmado 5or outros cronistas

"Dara condenar estes discursos com as mesas palavras empregadas pelos oradores e poetas, eram eercitados todos osdias nas escolas dos &ovens de /am;lias nobres que seriam seus sucessores, e por meio da repeti5ão cont;nua, gravavamnos na mem#ria sem modi/icar uma s# palavra", escreve ovar ("7arta a !costa").

&e modo mais 3era*6 a re<erncia ao 5assado é essencia* 5ara a menta*idade asteca da é5oca%Encontramos uma i*ustração comovente disso num documento 'astante ece5ciona*6 intitu*ado&i9*o3os e doutrina cristã6 que data de ,42/6 ou se?a6 a5enas trs anos a51s a conquista% Os doze

 5rimeiros <ranciscanos c+e3aram ao Méico e começaram seu tra'a*+o de conversão% Mas um dia6na Cidade do Mé ico6 um +omem se *evanta e 5rotesta certamente não tem ca5acidade 5arares5onder aos ar3umentos teo*13icos dos cristãos mas os meicanos tam'ém tiveram seuses5ecia*istas em assuntos divinos6 e e*es 5oderiam en<rentar os <ranciscanos6 e5*icar a e*es 5orqueos deuses dos astecas não são in<eriores ao deus dos es5an+1is% Os <ranciscanos aceitam o desa<io6 eo 5r15rio Cortez d9 ordens 5ara que se or3anize o encontro%

:em d;vida ocorrem outros de'a tes desse mesmo 3nero nos 5rimeiros anos da 51s(conquistadis5omos atua*mente de um re*ato asteca reco*+ido 5or :a+a3;n6 que é a5resentado como umresumo do encontro da Cidade do Méico em ,42/6 mas que deve ser6 na verdade6 umare5resentação *iter9ria e 3enera*izada des se ti5o de de'ate% O con?unto do de'ate situa(se no @m'itoda ideo*o3ia cristã6 mas ainda assim seu va*or de testemun+o continua 3rande% qua* ser9 oar3umento inicia* dos re*i3iosos astecas #ossa re*i3ião6 dirão6 é anti3a nossos ante5assados ?9aderiram a e*a6 não +9 5ois nen+uma razão 5ara renunciar a e*a%

"O uma palavra nova, essa que dieis, que nos perturba e os contraria. Dois nossos pais, aquelesque /oram, aqueles que viveram nesta terra, não costumavam /alar as sim" (0, 9B*?). 

"+ra a doutrina de nossos antepassados, pela gra5a dos deuses que vivemos, eles nosmereceram" (0, 90*2).

 "+ n#s, agora, destruiremos a antiga regra de vi daZJ (0, 1*1?8)%

Esses ar3umentos não convenceram os 5adres <ranciscanos% A seu modo6 o re*ato de que dis5omosi*ustra a maior e<ic9cia do discurso cristJo o di9*o3o é 'astante assimétrico6 5ois as 5a*avras dosevan3e*izado res ocu5am um *u3ar não somente maior6 como tam'ém crescente tem(se a im5ressãode que a voz dos sacerdotes meicanos6 a<irmando a *i3ação com o 5assado6 é 5ro3ressivamente

a'a<ada 5e*os a'undantes discursos dos <ranciscanos%

Este não é um eem5*o iso*ado encontramos um re*a to quase idntico em Cortez6 que conta estede'ate im5ro visado J!proveitei a ocasião para /a3los notar o quanto a religião deles era tola e vã, pois acreditavamque ela po dia o/erecerlhes bens que não sabiam de/ender, e que lhes eram tomados com tanta

 /acilidade. esponderamme que era a religião de seus pais" (B). $uarenta ou cinqYenta anos maistarde urn ainda ouve a mesma resposta@ "Fnterroguei alguns velhos acerca da origem de seu

 saber no que concerne ao destino dos homens, e eles responderam que os antigos lhes tinhamlegado e ensinado isso, e que era tudo o que sabiam. (...) ão a entender que não adquiriram nadaa partir de uma investiga5ão particular" (FF, 2).

&e nosso 5onto de vista atua*6 a 5osição dos cristãos não é6 em si6 Dme*+orD que a dos astecas6 oumais 5r1ima da DverdadeD% A re*i3ião6 qua*quer que se?a seu conte;do6 é um discurso transmitido

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 5e*a tradição6 e que im5orta en quanto 3arantia de uma identidade cu*tura*6 A re*i3ião cris tã não éem si mais raciona* do que o D5a3anismoD ind.3ena% Mas seria i*us1rio ver nos sacerdotes astecasantro51*o3os do re*i3ioso% :a'er que a re*i3ião não 5assa de um discurso tradiciona* nJo <az comque e*es se distanciem de*a nem um 5ouco muito 5e*o contr9rio6 é eatamente 5or essa razão quee*es nJo 5odem co*oc9(*a em questão% A o5inião 5essoa*6 como vimos6 não tem va*or nesse conteto6 e não se as5ira a um sa'er ao qua* o indiv.duo 5udes se c+e3ar através de uma inda3ação

 5essoa*% Os es5an+1is tentam raciona*izar sua esco*+a da re*i3ião cristã é desse es<orço Hou me*+or6de seu ma*o3roI que nasce6 nessa é5oca6 a se5aração entre a <é e a razão6 e a 5r15ria 5ossi'i*idadede manter um discurso não re*i3ioso so're a re*i3ião%

A su'missão do 5resente ao 5assado continua a ser uma caracter.stica si3ni<icativa da sociedadeind.3ena da é5oca6 e 5odemos o'servar ind.cios dessa atitude em v9rios outros cam5os a*ém dore*i3ioso Hou6 se 5re<erirem6 encontramos o re*i3ioso muito a*ém dos *imites nos quais temos o+9'ito de encerr9(*oI% Os comentadores recentes quase nunca 5uderam conter sua admiração 5or umestado que dava tanta atenção J educação das crianças ricos e 5o'res são Desco*arizadosD6 na esco*are*i3iosa ou na esco*a mi*itar% c*aro6 5orém6 que este não é um traço que 5ossa ser admiradoiso*adamente a educação 5;'*ica é essencia* em qua*quer sociedade onde o 5assado 5esa muito

so're o 5resente6 ou6 o que vem a ser o mesmo6 onde a co*etivida de tem 5recedncia so're oindiv.duo% Uma das catorze *eis de Montezuma , consa3ra essa 5reeminncia do anti3o so're onovo e dos ve*+os so're os ?ovens D"rece5tores e ve*+os re5reenderão6 corri3irão e casti3arão os

 ?ovens6 e os vi3iarão e diri3irão nos eerc.cios +a'ituais6 e não deiarão que <iquem ociosos6 a 5erder tem5oD H&ur9n6 6 2I% Os testes 5or eni3mas dos c+e<es maias não 50em J 5rova umaca5acidade inter5retativa qua*quer não se trata de dar uma res5osta en3en+osa6 mas a res5ostacerta6 isto é6 tradiciona* con+ecer a res5osta im5*ica 5ertencer J 'oa *in+a3em6 ?9 que e*a étransmitida de 5ai 5ara <i*+o% A 5a*avra que6 em na+uat*6 desi3na a verdade6 ne*ti*izt*i6 est9 *i3adaetimo*o3icamente a DraizD6 D'aseD6 D<undamentoD a verdade est9 vincu*ada J esta'i*idade e um+ue'uetiatoi*i 50e em 5ara*e*o estas duas quest0es Do +omem 5ossui a verdade Eistem coisasest9veis e dur9veisD HC ,76 ,4I%

 #esse mundo vo*tado 5ara o 5assado6 dominado 5e*a tradição6 so'revém a conquista umacontecimento a'so*utamente im5revis.ve*6 sur5reendente6 ;nico Hdi3am o que disserem os

 5ress93ios reco*+idos 5osteriormenteI% Traz uma outra conce5ção do tem5o6 que com'ate a dosastecas e maias% &ois traços do ca*end9rio ind.3ena onde esta conce5ção é e5ressa de modo

 5articu*armente c*aro são 5ertinentes aqui% Em 5rimeiro *u3ar6 cada dia 5articu*ar 5ertence a umn;mero de cic*os maior do que 5ara n1s +9 o ano re*i3ioso de 27 dias e o ano astronGmico de )4dias os anos6 5or sua vez6 <ormam cic*os6 como os nossos sécu*os6 mas de modo mais circunscrito6de vinte6 ou de cinqZenta e dois anos etc% Em se3uida6 esse ca*end9rio 'aseia(se na convicção .ntima

de que o tem5o se re5ete% #ossa crono*o3ia tem duas dimens0es6 uma c.c*ica6 e a outra *inear% :edi3o Dquarta(<eira6 vinte e cinco de <evereiroD6 a5enas indi co o *u3ar do dia no interior de trs cic*osHsemana6 ms6 anoI mas6 ao acrescentar D,>,D6 su'meto o cic*o J 5ro3ressão *inear6 ?9 que ocGm5uto dos anos se3ue uma su cessão sem re5etição6 do in<inito ne3ativo ao in<inito 5ositivo%Entre os maias e os astecas6 ao contr9rio6 é o cic*o que domina em re*ação J *inearidade +9 umasucessão no in terior do ms6 do ano6 e do D<eieD de anos mas estes6 em vez de estarem situadosnuma crono*o3ia *inear6 re5etem(se eatamente de um a outro% N9 di<erenças no interior de cadaeqZncia6 mas uma seqZncia é idntica J outra6 e nen+uma de*as est9 da num tem5o a'so*uto Hda.as di<icu*dades encontradas na tradução das crono*o3ias ind.3enas 5ara a nossaI% #ão é 5or acasoque a ima3em6 3r9<ica e menta*6 que os astecas tm do tem5o é a roda Hao 5asso que a nossa seriamais a <*ec+aI% Como diz uma inscrição HtardiaI no =ivro de C+i*am Ba*am "ree vintenas de

anos, e em seguida sempre recome5ar de novo" (22).

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Os *ivros anti3os dos maias e dos astecas i*ustram essa conce5ção do tem5o6 tanto 5or seu conte;doquanto 5e*o uso que de*es se <az% :ão 3uardados6 em cada re3ião6 5e*os adivin+os(5ro<etas e sãoHentre outrosI crGnicas6 *ivros de +ist1ria ao mesmo tem5o6 5ermitem 5rever o <uturo ?9 que otem5o se re5ete6 o con+ecimento do 5assado *eva ao con+ecimento do <uturo ou me*+or6 são amesma coisa% Assim6 vemos nos H+i*am Ba*am maias que é sem5re im5ortante situar oacontecimento em seu *u3ar no sistema Hta* dia6 de ta* ms6 de ta* vintena de anosI mas não +9

re<erncia J 5ro3ressão *inear6 inc*usive 5ara eventos 5osteriores J conquista de modo que nãotemos nen+uma d;vida quanto ao dia da semana em que um determinado <ato ocorreu6 mas 5odemos +esitar entre mais ou menos vinte anos% A 5r15ria natureza dos acontecimentos o'edece aesse 5rinc.5io c.c*ico6 ?9 que cada seqZncia contém os mesmos eventos os que ocu5am eatamenteo mesmo *u3ar em seqZncias di<erentes tendem a se con<undir% Assim6 nesses *ivros6 a invasãoto*teca a5resenta as5ectos que são incontestave*mente 5r15rios da conquista es5an+o*a6 e vice(versa6 de modo que vemos c*aramente que se trata de uma invasão6 mas não 5odemos sa'er comcerteza se é uma ou a outra6 em'ora sécu*os as se5arem%

 #ão são unicamente as seqZncias 5assadas que se 5arecem6 as <uturas tam'ém% "or isso osacontecimentos são contados ou no 5assado6 como numa crGnica6 ou no <uturo6 so' a <orma de

 5ro<ecias mais uma vez6 é a mesma coisa% A 5ro<ecia tem ra.zes no 5assado6 ?9 que o tem5o se re5ete o car9ter 5ositivo ou ne3ativo dos dias6 meses6 anos e sécu*os <uturos é esta'e*ecido a 5artir deuma 'usca intuitiva de um denominador comum com os 5er.odos corres 5ondentes do 5assado%Reci5rocamente6 +o?e em dia tiramos in<ormaç0es acerca do 5assado desses 5ovos das 5ro<ecias6que6 3era*mente6 são as ;nicas a terem sido 5reservadas% &ur9n conta que entre os astecas6os anos eram re 5artidos em cic*os de acordo com os 5ontos cardeais6 Dos anos mais temidos eramos do norte e os do oeste6 devido J e5erincia que tiveram das 3randes des3raças que se

 5roduziram so' aque*es si3nosD H6 ,I% O re*ato maia da invasão es5an+o*a misturaine5*icave*mente <uturo e 5assado6 e 5rocede 5or 5ros5ecç0es retros5ectivas% DEstas 5a*avrasdevem ser a5reciadas como são a5reciadas as 5edras 5reciosas% E*as concernem J <utura introduçãodo cristianismoD HH+i*am Ba*am6 2/I% DAssim &eus nosso "ai envia um sina* do tem5o em quevirão6 5ois não +9 conc1rdia% Os descendentes dos anti3os so'eranos são desonrados e *evados Jmiséria tornamo(nos cristãos enquanto e*es nos tratam como animaisD Hi'id%% ,,I% Um co5ista tardioacrescenta esta nota si3ni<icativa D#este décimo oitavo dia de a3osto de ,-- +ouve um <uracão%Anotei(o aqui 5ara que se 5ossa ver quantos anos 5assarão antes que ocorra outroD Hi'id%6 2,I% 8(sec*aramente que uma vez esta'e*ecido o termo da série6 a dist@ncia que se5ara dois <urac0es6 ser9

 5oss.ve* 5rever todos os <urac0es <uturos% A 5ro<ecia é mem1ria%

Os mesmos *ivros eistem entre os astecas Hmas não <oram tão 'em conservadosI ne*es sãoconsi3nados6 a*ém das de*imitaç0es dos territ1rios ou os montantes dos im5ostos6 osacontecimentos do 5assado e são e*es que se consu*tam quando se quer con+ecer o <uturo 5assado

e <uturo 5ertencem ao mesmo *ivro6 concernem ao mesmo es5ecia*ista% Montezuma tam'ém 5rocurar9 esse *ivro 5ara sa'er o que os estran3eiros vão <azer% nicia*mente6 ordena que se?a <eitoum quadro re5resentando eatamente o que seus mensa3eiros viram J 'eira(mar% O 5intor mais+a'i*i doso da Cidade do Méico é encarre3ado disso quando termina o quadro6 Montezuma *+e

 5er3unta Drmão6 5eço que iTie di3as a verdade acerca do que dese?o 5er3untar(te 5or acaso sa'esa*3o acerca do que aqui 5intaste Teus ante5assados deiaram a*3um desen+o ou descrição desses+omens que virão ou serão trazidos a este 5a.sD H&ur9n6 6 -7I% 8emos que Montezuma não queradmitir que um acontecimento inteiramente novo 5ossa ocorrer6 que so'reven+a a*3o que ?9 não<osse sa'ido 5e*os ante5assados% A res5osta do 5intor é ne3ativa6 mas Montezuma não 59ra 5or a. econsu*ta todos os outros 5intores do reino nada% "or <im *+e recomendam um ve*+o c+amadoQui*azt*i6 que é D'em instru.do e con+ecedor de todas as ma térias re*ativas Js tradiç0es e ao *ivros

 5intadosD% Qui*azt*i6 a5esar de não ter ouvido <a*ar da c+e3ada dos es5an+1is6 sa'e tudo acerca dosestran3eiros que virão6 e diz ao rei

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"Dara que creias que o que digo a verdade, olha atenta mente para este desenhoL

E*e me <oi *e3ado 5or meus ante5assados% ( E tirando então um desen+o muito anti3o6 mostrou a e*eo 'arco e os +omens vestidos como estavam 5intados ^ novo desen+o[ % O rei viu ne*e outros+omens montados em cava*os e outros em 93uias voadoras6 todos vestidos com muitas cores6c+a5éu J ca'eça e es5ada J cintaD Hi'id%I%

O re*ato é visive*mente 'em *iter9rio nem 5or isso deia de ser reve*ador da conce5ção asteca dotem5o e do evento menos a de Montezuma6 é c*aro6 do que a do narrador e de seu audit1rio% #ão

 5odemos crer que eistisse um desen+o6 'em anterior J c+e3ada dos es5an+1is6 re 5resentando seus 'arcos e as es5adas6 rou5as e c+a5éus6 as 'ar'as e a cor da 5e*e He o que devemos ac+ar dos +omensmontados em 93uias voadorasI% Trata(se de uma 5ro<ecia <a'ricada a 5osteriori6 de uma 5ros5ecçãoretros5ectiva% Mas é reve*ador que se sinta a necessidade de <or?ar essa +ist1ria não 5ode +avernen+um acontecimento inteira mente inédito6 a re5etição tem 5rioridade so're a di<erença%

Em *u3ar desse tem5o c.c*ico6 re5etitivo6 imo'i*izado numa sequncia ina*ter9ve*6 onde tudo ésem5re 5revisto com antecedncia6 onde o evento sin3u*ar não 5assa de rea*ização de 5ress93ios

desde sem5re 5resentes em *u3ar desse tem5o dominado 5e*o sistema6 vem se im5or o tem5ounidireciona*6 o tem5o da a5oteose e da rea*ização6 como é vivido então 5e*os cristãos% &e resto6 aideo*o3ia e a atividade 5or e*e ins5iradas aui*iam(se mutuamente os es5an+1is consideram a<aci*idade da conquista como uma 5rova da su5erioridade da re*i3ião cristã Hé o ar3umento decisivoque se em5re3a durante os de'ates teo*13icos a su5erioridade do &eus cristão é evidenciada

 5e*a vit1ria dos es5an+1is so're os astecasI6 e6 ao mesmo tem5o6 <oi em nome dessa su5erioridadeque <izeram a conquista a qua*idade de uma ?usti<ica a outra6 e vice(versa% E é tam'ém a conquistaque ?usti<ica a conce5ção cristã do tem5o6 que não é um sessante retorno e sim uma 5ro3ressãoin<inita em direção J vit1ria <ina* do es5.rito cristão Hconce5ção que seria mais tarde +erdada 5e*ocomunismoI%

&este c+oque entre um mundo atua* e um aconteci mento ;nico resu*ta a inca5acidade deMontezuma em 5roduzir mensa3ens a5ro5riadas e e<icazes% Prandes mestres na arte da <a*a ritua*6os .ndios saem(se muito ma* em situação de im5rovisação e é esta6 5recisamente6 a situação daconquista% :ua educação ver'a* <avorece o 5aradi3ma em detrimento do sinta3ma6 o c1di3o emdetrimento do conteto6 a con<ormidade com a ordem em vez da e<ic9cia do instante6 o 5assado emvez do 5resente% Ora6 a invasão es5an+o*a cria uma situação radica*mente nova6 com5*etamenteinédita6 uma situação onde a arte da im5rovisação é mais im5ortante do que a do ritua*% #esseconteto6 é 'astante not9ve* ver que Cortez não s1 5ratica constantemente a arte da ada5tação e daim5rovisação6 como tam'ém tem conscincia disso6 e o reivindica como 5rinc.5io de seucom5ortamento DEs<orçar(me(ei sem5re em acrescentar o que me 5arecer a5ro5riado6 5ois as

re3i0es que se desco'riam a cada dia são tão 3randes6 e tão diversas6 e os se3redos a que temosacesso 5or meio dessas desco'ertas tantos6 que as novas circunst@ncias im50em novas o5ini0es enovas decis0es e se 8ossa Ma?estade notar a*3uma contradição entre o que estou dizendo e o queterei a dizer ou o que ?9 disse6 que 8ossa Ece*ncia sai'a que um <ato novo <ez com que eu adotasse uma nova o5inião H/I% A 5reocu5ação com a coerncia cede *u3ar J 5reocu5ação com umaadequação 5ontua* de cada 3esto 5articu*ar%

&e <ato6 a maior 5arte das comunicaç0es diri3idas aos es5an+1is im5ressiona 5e*a ine<ic9cia% "araconvenc(*os a deiar o 5a.s6 Montezuma envia(*+es ouro6 todas as vezes mas nada 5odiaconvenc(*os mais a <icar% Outros c+e<es6 com o mesmo intuito6 mandam(*+es mu*+eres e*as setornam a ?usti<icativa su5*ementar da conquista e6 ao mesmo tem5o6 como veremos6 uma das armas

mais 5oderosas nas mãos dos es5an+1is6 arma simu*taneamente de<ensiva e o<ensiva% "aradesencora?ar os intrusos6 os 3uerreiros astecas anunciam que todos e*es serão sacri<icados ecomidos6 5or e*es ou 5e*os animais se*va3ens e quando6 certa vez6 5rendem a*3uns de*es6 <azem

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com que se?am sacri<icados diante dos so*dados de Cortez e o <im é o que e*es tin+am 5reditoDComiam as carnes com c+i*mo*e6 e desta maneira sacri<icaram todos os outros% Comiam(*+es as

 5ernas e os 'raços6 enquanto o coração e o san3ue eram o<erecidos aos .do*os6 e o cor5o6 que eramas entran+as e os 5és6 *ançavam aos ti3res e *e0es que tin+am na casa das <erasD HBer na &.az6 ,42I%Mas essa sorte 5ouco inve?9ve* de seus com5an+eiros s1 5ode 5roduzir nos es5an+1is um e<eito*ev9(*os a *utar com mais determinação6 visto que a3ora s1 tm uma esco*+a vencer ou morrer na

 5ane*a% E tam'ém este outro e5is1dio comovente6 re*atado 5or Berna* &.az os 5rimeiros enviadosde Montezuma 5intam 5ara e*e um retrato de Cortez6 ao que tudo indica muito 5arecido6 ?9 que ade*e3ação se3uinte é *iderada 5or Dum 3rande cacique meicano que tin+a o rosto6 os traços e o cor

 5o seme*+antes aos de Cortez% H%%%I Como se 5arecia rea* mente com Cortez6 n1s o c+am9vamos 5oresse nome em nosso cam5o o Cortez daqui e o Cortez de aco*9D H)>I% Essa tentativa de a3ir so'reCortez com o au.*io de uma m93ica 5or seme*+ança Hsa'e(se que os astecas D5ersoni<icamD assimseus deusesI não surte6 evidentemente6 nen+um e<eito% ne<icazes em suas mensa3ens diri3idas a HoucontraI os es5an+1is6 os astecas não conse3uem mais dominar a comunicação com os outros .ndios6nessa situação nova% S9 em tem5o de 5az6 e antes da c+e3ada dos es5an+1is6 as mensa3ens deMontezuma caracterizam(se 5or seu as5ec to cerimonia*6 entrave 5otencia* a um certo ti5o dee<ic9cia DRes5ondia raramente6 5ois em 3era* sua res5osta era transmitida 5or seus 5r1imos e

ami3os6 que sem5re <icavam a seu *ado e serviam(*+e6 em suma6 de secret9riosD6 escreve Moto*iniaH6 -I% #o estado de im5rovisação im 5osto 5e*a conquista6 sur3em novas di<icu*dades% Os

 5resentes de Montezuma6 que tin+am so're os es5an+1is o e<eito o5osto ao es5erado6 5re?udicam(no tam'ém ?unto J sua 5r15ria 5o5u*ação6 5ois conotam sua <raqueza6 e <azem com que outrosc+e<es decidam mudar de cam5o DFica ram estu5e<atos e entre e*es dizia(se que certamente éramosteu*es ^ de ori3em divina[6 5ois Montezuma tin+a medo de n1s e nos enviava ouro e 5resentes% Ora6se até então t.n+amos tido 3rande re5utação de +omens va*entes6 a 5artir de então nos estimaramainda maisD HBerna &.az6 /I%

Ao *ado das mensa3ens vo*unt9rias6 mas que não comunicam o que seus autores dese?ar iam6 +9outras6 que não 5arecem intencionais6 e que são tão in<e*izes em seus e<eitos quanto as 5rimeirastrata(se de uma certa inca5acidade dos astecas em dissimu*ar a verdade% O 3rito de 3uerra6 que os.ndios *ançam invariave*mente ao iniciarem a 'ata*+a6 e que visa amedrontar o inimi3o6 na verdadereve *a a 5resença de*es e 5ermite que os es5an+1is se orientem me*+or% O 5r15rio Montezuma<ornece in<ormaç0es 5reciosas a seus carcereiros6 e se Cuau+temoc é 5reso6 é 5orque tenta <u3irnum 'arco ricamente decorado com ins.3nias reais% :a'emos que isso não acontece 5or acaso% Umca5.tu*o inteiro do Code F*orentino é consa3rado aos Darmamentos que os reis uti*izavam na3uerraD H86 ,2I6 e o m.nimo que se 5ode dizer é que esses adornos não são 5articu*armentediscretos DUsavam um ca5acete de 5*umas co*oridas que se c+amavam t*au+quec+o*6 en<eitadocom ouro6 e em vo*ta do ca5acete uma coroa de *indas 5e nas e do meio da coroa sa.a um 5enac+ode queta*% =evavam nas costas um tam'or de 5e*e6 co*ocado em sua 'ase e decorado com ouro%

8estiam uma camisa ru'ra <eita de 5enas6 en<eitada com *@minas de s.*e6 ornamentadas com ouro e sua saia de <o*+as de sa5otizeiro era toda co 'erta de 5enas de queta*% O escudo era rodeadode ouro <ino e seus 5in3entes eram <eitos de 5enas 5reciosasD6 etc% #esse *ivro dedicado J conquista6são tam'ém re*atados os <eitos do 3uerreiro Tzi*acatzin e*e se dis<arça de mi* modos 5aradesorientar os es5an+1is mas6 o teto acrescenta Ddeiava a ca'eça desco'erta6 5ara mostrar queera um 3uerreiro otomiD HCF6 K6 )2I% #Jo é sur5reendente6 5or tanto6 que Cortez 3an+e uma

 'ata*+a decisiva6 *o3o a51s sua <u3a da Cidade do Méico na #oc+e Triste6 5recisamente 3raças aessa <a*ta de dissimu*ação entre os astecas% Cortez a'ria camin+o entre os .ndios6 conse3uia<aci*mente *oca*izar e matar(*+es os c+e<es6 que eram recon+ec.veis 5or seus escudos de ouro6 e nãodava atenção aos 3uerreiros comuns de modo que <oi ca5az de matar(*+es o 3rande c+e<e com um3o*5e de sua *ança H%%%I Quando Cortez matou o 3rande c+e<e6 e*es começaram a retirar(se e nos

deiaram 5artirD HF% de A3ui*arI6 Tudo acontece como se6 5ara os astecas6 os si3nos de corressemautom9tica e necessariamente do mundo que desi3nam6 em vez de serem uma arma destinada amani 5u*ar os outros% Esta caracter.stica da comunicação entre os .ndios d9 ori3em6 ?unto aos

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autores que *+es querem 'em6 J *enda de que os .ndios são um 5ovo que descon+ece a mentira%Moto*inia a<irma que os 5rimeiros 5adres tin+am notado 5rinci5a*mente dois traços dos .ndiosDQue eram 3ente muito verdadeira6 e que não tomariam a 5ro5riedade de outros nem que e*a <ossea'andonada na rua durante v9rios diasD H6 4I% =as Casas ena*tece a tota* ausncia de Ddu5*icidadeDnos .ndios6 J qua* o50e a atitude dos es5an+1is DOs es5an+1is nunca res5eitaram a 5r15ria 5a*avraou a verdade nas $ndias6 em re*ação aos .ndiosD HRe*aci1n6 D"eruDI6 de modo que6 a<irma6

DmentirosoD e DcristãoD tornaram(se sinGnimos Quando os es5an+1is 5er3untavam aos .ndios Heisto aconteceu não uma vez6 mas <reqZentementeI se eram cristãos6 o .ndio res5ondia :im6 sen+or6 ?9 sou um 5ouco cristão6 5ois ?9 sei mentir um 5ouco um dia sa'erei mentir muito e serei muitocristãoD HNistoria6 6 ,/4I% Os 5r15rios .ndios não discordariam desta deserção *(se em Tovar DOdiscurso 5ac.<i co do Ca5itão ^ ma* aca'ara6 e os so*dados 5useram(se a saquear o 5a*9cio rea* e ascasas das 5essoas im 5ortantes6 onde es5eravam encontrar riquezas6 e assim os .ndios começaram aconsiderar como muito sus5eita a ati tude dos es5an+1isD H5% 7I%

Os <atos estão6 evidentemente6 aquém das descriç0es entusiastas dos ami3os dos .ndios não 5odemos conce'er uma *in3ua3em sem a 5ossi'i*idade da mentira6 assim como não +9 5a*avra quei3nore as met9<oras% Mas uma sociedade 5ode <avorecer ou6 ao contra.do6 desencora?ar

com5*etamente toda a 5a*avra que6 em vez de descrever <ie*mente as coisas6 5reocu5a(se 5rinci5a*mente com seu e<eito6 e desconsidera6 5ois6 a dimensão da verdade% :e3undo A*varadoTezozomoc6 ":onteuma promulgou uma lei segundo a qual quem dissesse uma mentira, por leveque /osse, seria arrastado nas ruas pelos meninos do colgio de e pochcalco at que desse oQltimo suspiro" (1*')%

!orita tam'ém situa a ori3em desse traço nos costumes e na educação D#in3uém ousava ?urar em<a*so6 temendo que os deuses em nome dos quais ?urava viessem a 5uni(*o com uma 3raveen<ermidade% H%%%I Os 5ais a*ertavam severamente seus <i*+os contra a mentira6 e um 5ai 5unia o <i*+oque co metesse uma o<ensa6 5icando(*+e os *9'ios com um es5in+o de ma3ueV% Consequentemente6os <i*+os cresciam acostumados a dizer a verdade% Quando 5er3untamos aos .ndios ve*+os 5orqueseu 5ovo mente tanto +o?e em dia6 res5ondem que é 5orque o <a*so deiou de ser 5unido% H%%%I Os.ndios dizem que a5renderam essa atitude com os es5an+1isD H>I%

 #o 5rimeiro contato entre a tro5a de Cortez e os .ndios6 os es5an+1is dec*aram H+i5ocritamenteI quenão 'uscam a 3uerra6 e sim a 5az e o amor "não se deram ao trabalho de responder com palavras,mas /ieramno com uma nuvem de /lechas" (7orte, 1)% Os .ndios não se dão conta de que as

 5a*avras 5odem ser uma arma tão 5oderosa quanto as <*ec+as% A*3uns dias antes da queda da Cidadedo Méico6 a cena se re5ete Js 5ro5ostas de 5az <ormu*a das 5or Cortez6 na verdade ?9 vencedor6 osastecas res5on dem o'stinadamente "Dor isso não voltem a /alar de pa, pois as palavras são paraas mulheres e as armas são para os homensL" (-ernal ;a, 1B4).

Esta re5artição das <unç0es não é <ortuita% "ode(se dizer que a o5osição 3uerreiroXmu*+er com 5a5e*estruturador no ima3in9rio socia* asteca como um todo% Em'ora v9rias o5ç0es se a5resentem 5ara o

 ?ovem em 'usca de uma 5ro<issão Hso*dado6 sacerdote6 mercadorI6 sem d;vida a carreira de3uerreiro é a mais 5resti3iosa de todas% O res5eito 5e*a 5a*avra não c+e3a a eri3ir os es5ecia*istas dodiscurso acima dos c+e<es 3uerreiros Ho c+e<e de estado com'ina as duas su5remacias6 5ois ésimu*taneamente 3uerreiro e sacerdoteI% O so*dado é o mac+o 5or ece*ncia6 5ois tem o 5oder dedar a morte% As mu*+eres6 3eradoras6 não 5odem as5irar a esse idea* todavia6 as ocu5aç0es eatitudes de*as não constituem um se3undo 51*o va*orizado da aio*o3ia asteca não se sur5reendemcom a <raqueza das mu*+eres6 mas nunca a e*o3iam% E a sociedade trata de <azer com que nin3uémi3nore seu 5a5e* no 'erço do recém(nascido co*ocam(se6 se <or menino6 uma es5adin+a e um

escudin+o6 e se <or menina6 utens.*ios 5ara tece*a3em%

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A 5ior coisa que se 5ode <azer com um +omem é c+am9(*o de mu*+er em certa ocasião os3uerreiros advers9rios são o'ri3ados a se vestirem com rou5as de mu*+er6 5or não terem aceito odesa<io que *+es tin+a sido <eito ao com'ate% 8emos tam'ém que as mu*+eres assumem essaima3em Hde ori3em mascu*ina sus5eitamosI6 e e*as mesmas contri'uem 5ara manter essa o5osição6atacando os ?ovens que ainda não se distin3uiram nos cam5os de 'ata *+a assim

 Je /ato, aquele dos longos cabelos tran5ados tambm /alaL 6alas realmenteZ (...) u, com essetopete /edorento, empesteado, não ser apenas uma mulher como euZ". + o in/ormante de %ahagQnacrescenta@ "Na verdade, com esse tormento as mulheres podiam incitar os homens guerra<assim, obrigavamnos a agir e provocavamnos< assim as mulheres impeliamnos batalha" (76,

 FF, 2').

Tovar conta uma cena reve*adora6 da é5oca da conquista6 onde Cuau+temoc6 encarnação dos va*ores3uerreiros6 ata ca Montezuma6 assimi*ado Js mu*+eres6 devido J sua 5assividade% Montezuma <a*a aseu 5ovo do terraço do 5a*9cio onde é mantido 5risioneiro 5e*os es5an+1is% DMa* terminara e umva*oroso ca5itão6 de dezoito anos6 c+amado Cuau+temoc6 que ?9 queriam e*e3er rei6 diz em voz a*taQue diz esse covarde do Montezuma6 essa mu*+er dos es5an+1is6 5orque é esse o nome que

 5odemos dar a e*e6 ?9 que se entre3ou a e*es como uma mu*+er6 5or medo6 deiando(nos com os 5és e mãos atados6 atraiu so're n1s todos esses ma*esD HTovar6 55% ,(2I%

Ws mu*+eres as 5a*avras6 aos +omens as armas%%% O que os 3uerreiros astecas não sa'iam é que asDmu*+eresD 3an+ariam a 3uerra a5enas no sentido <i3urado6 é verdade no sentido 5r15rio6 asmu*+eres <oram e são as 5erde doras de todas as 3uerras% Contudo6 ta*vez a assimi*ação não se?acom5*etamente <ortuita o mode*o cu*tura* que se im50e a 5artir do Renascimento6 a5esar de serintroduzido e assumido 5or +omens6 3*ori<ica o que se 5oderia c+amar de vertente <eminina dacu*tura a im5rovisação em *u3ar do ritua*6 as 5a*avras em *u3ar das <*ec+as% Mas não quais quer

 5a*avras nem as que desi3nam o mundo e nem as que transmitem as tradiç0es6 e sim aque*as cu?arazão de ser é a ação so're outrem% A 3uerra% a*i9s6 não 5assa de outro cam5o de a5*icação dosmesmos 5rinc.5ios da comunicação serv9veis em tem5o de 5az *o3o6 encontramos ne*acom5ortamentos seme*+antes diante da esco*+a o<erecida em cada caso% "e*o menos no in.cio6 osastecas conduzem uma 3uerra que est9 su'metida J atua*ização e ao cerimonia* o tem5o6 o *u3ar6 omodo6 são 5reviamente decididos6 o que é mais +armonioso6 5orém menos e<icaz% DEra costume3era* em todas as cidades e todas as 5rov.ncias deiar6 nos *imites etremos de cada uma6 uma *ar3a<aia de terra deserta6 incu*ta 5ara suas 3uerras HMoto*inia6 6 ,I% O com'ate tem +ora certa 5aracomeçar e 5ara aca'ar%

O o'?etivo do com'ate não é tanto matar6 mas <azer 5risioneiros Ho que <avorece c*aramente oses5an+1isI% A 'ata*+a começa com um 5rimeiro envio de <*ec+as% D:e as <*ec+as não <erissem

nin3uém6 e o san3ue não corresse6 retiravam(se como 5odiam6 5ois viam nisso um 5ress93io se3urode que a 'ata*+a aca'aria ma* 5ara e*esD HMoto*inia6 DCarta de ntroduçJoDI%

Encontramos outro eem5*o marcante dessa atitude atua* 5ouco antes da queda da Cidade doMéico tendo es3otado todos os outros recursos6 Cuau+temoc decide em 5re3ar a arma su5rema% Oque é A ma3n.<ica rou5a em 5*umada6 +erdada de seu 5ai6 rou5a J qua* se atri'u.a a ca5acidademisteriosa de <azer o inimi3o <u3ir 5or sua sim5*es a5arição um va*ente 3uerreiro ser9 vestido come*a e *ançado contra os es5an+1is% Mas as 5enas de quetza* não trazem a vit1ria aos astecas Hc<% CFK6 )I%

Assim como +9 duas <ormas de comunicação6 +9 duas <ormas de 3uerra Hou dois as5ectos da 3uerra6

um va*oriza do aqui e outro *9I% Os astecas não conce'em e não com5reendem a 3uerra tota* deassimi*ação que os es5an+1is estão <azendo contra e*es Hinovando em re*ação J sua 5r15riatradiçãoI 5ara e*es6 a 3uerra deve aca'ar num trata do6 esta'e*ecendo o montante dos tri'utos que o

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 5erdedor dever9 5a3ar ao vencedor% Antes de 3an+ar a 5artida6 os es5an+1is ?9 tin+am o'tido umavit1ria decisiva a que con siste em im5or seu 5r15rio ti5o de 3uerra a su5erioridade de*es ?9 não émais 5osta em d;vida% Atua*mente6 temos di<icu*dade em ima3inar uma 3uerra que se?a re3ida 5oroutro 5rinc.5io que não a e<ic9cia6 a5esar de a 5arte do rito não estar com5*etamente morta ostratados que 5unem o uso de armas +acterio*13icas6 qu.micas ou atGmicas são esquecidos no dia emque a 3uerra é dec*arada% E6 no en tanto6 era eatamente assim que Montezuma entendia as coisas%

Até a3ora6 descrevi o com5ortamento sim'1*ico dos .ndios de modo sistem9tico e sintético a3ora6 5ara encerrar este ca5.tu*o6 3ostaria de se3uir um re*ato ;nico6 que ainda não e5*orei% o daconquista de Mic+oac9n Hre3ião situada a oeste da Cidade do MéicoI6 5ara i*ustrar a discussão decon?unto e tam'ém 5ara im5edir que a DteoriaD encu'ra o re*ato% Esta re*ação teria sido <eita 5or umtaras( co no're6 5ara o 5adre <ranciscano Mart.n de Sesus de *a Coruão6 que a inc*uiu em suaRe*aci1nde Mic+oac9n6 redi3ida 5or vo*ta de ,4/7%

O re*ato começa 5or 5ress93ios% DEssa 3ente conta que durante os quatro anos que 5recederam ac+e3ada dos es5an+1is a estas terras6 seus tem5*os queimavam de a*to a 'aio6 <ec+aram(nos6 e ostem5*os queimaram de novo e as 5aredes de 5edra desmoronaram H5orque os tem5*os eram <eitos de

 5edraI% #ão sa'iam qua* a causa desses acontecimentos mas consideraram(nos como 5ress93ios% Ao

que 5arece6 viram dois 3randes cometas no céuD H6 ,>I%

Um sacerdote contou que6 antes de os es5an+1is c+e3arem6 tin+a son+ado que 5essoas viriam6trazendo estran+os animais6 que se reve*aram ser os cava*os6 que e*e não con+ecia% H%%%I O sacerdotemencionou tam'ém que os sacerdotes da mãe de Cuerava5eri6 que estavam num *u3a re?o c+amadoCina5ecuaro6 vieram ver o 5ai do Cazonci de<unto ^ se?a6 o 5en;*timo rei [ e contaram o son+o oureve*ação se3uinte6 e que 5ro<etiza a destruição da morada de seus deuses6 um evento quee<etivamente ocorreu em Ucareo% H%%%I #ão +aver9 mais tem5*o6 nem *ares6 nen+uma <umaça seer3uer96 tudo virar9 um deserto6 5ois +omens novos c+e3am J terraD Hi'id%I% DAs 5essoas das TerrasQuentes dizem que um 5esca dor 5escava em seu 'arco quando um 5eie enorme en3o*iu a isca6mas o 5escador não conse3uiu arranc9(*o 5ara <ora da 93ua% Um ?acaré sur3iu não se sa'e de ondena que*e rio6 5e3ou o 5escador dentro do 'arco6 en3o*iu(o e *evou(o J sua 'e*a casa% Ao c+e3arem6inc*inou(se diante de*e o ?acaré então *+e disse 8er9s que sou um deus vai J cidade de Mic+oac9ne diz ao rei6 que est9 acima de to dos e cu?o nome é !uan3ua6 que o sina* <oi dado6 que a3o ra +9+omens novos6 e que todos os que nasceram em todas as 5artes desta terra morrerão% &iz isso aoreiD Hi'id%I% D&izem que +ouve 5ress93ios que todas as cere?eiras6 inc*usive as menores6 5roduziam a'undantemente6 que os ma3ueVs 5equenos tin+am 'rotos novos6 e que as meninin+asen3ravidavam enquanto ainda eram criançasD H6 2,I%

O acontecimento novo deve ser 5ro?etado no 5assado6 so' a <orma de 5ress93io6 5ara ser inte3radono re*ato do encontro6 5ois é o 5assado que domina o 5resente DComo 5odemos contradizer o que

<oi determinadoD H6 ,>I% :e o evento não tivesse sido 5revisto6 sua eistncia sim5*es mente não 5oderia ser admitida% D#unca ouvimos nossos ante5assados <a*arem da c+e3ada de outra 3ente% H%%%I #os tem5os 5assados não +avia nen+uma *em'rança disso6 e os anti3os não disseram que essa 3enteviria é 5or isso que devemos deiar(nos 3uiar 5e*os 5ress93iosD H6 2,I% Assim <a*a o Cazonci6 reidos tarascos6 dando mais im5ort@ncia aos re*atos anti3os do que Js novas 5erce5ç0es e encontrandouma so*ução de com5romisso na <a'ricação de 5ress93ios% E contudo as in<ormaç0es diretas6 de

 5rimeira mão6 não <a*tam% Montezuma envia ao Cazonci de Mic+oac9n dez mensa3eiros6 5ara 5edira?uda% Estes <azem um re*at1rio 5reciso DO Mestre de Méico6 Montezuma6 nos envia6 a n1s e aa*3uns outros no'res6 com a ordem de contar a nosso irmão o Cazonci tudo o que diz res5eito J3ente estran+a que c+e3ou e nos 5e3ou de sur5resa% #1s os en<rentamos no cam5o de 'ata*+a ematamos a5roimadamente duzentos dos que vin+am montados em cenos e duzentos dos que

andavam a 5é% Os cervos são 5rote3idos 5or cotas e carre3am a*3o que ressoa como as nuvens6 que 5roduz um ru.do de trovão e que mata todos os que encontra em seu camin+o6 até o ;*timo%Rom5eram com5*etamente nossa <ormação e mataram muitos dos nossos% A 3ente de T*aca*a os

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acom5an+a6 5ois vo*tou(se contra n1sD H6 27I% O Cazonci6 descon<iado6 decide veri<icar essasin<or maç0es% A5reende a*3uns otomis e os interro3a e*es con<irmam o re*ato 5recedente% sto não osatis<az envia seus 5r15rios de*e3ados J Cidade do Méico6 sitiada e*es vo* tam6 re5etindo as

 5rimeiras in<ormaç0es e 5recisando as 5ro5ostas mi*itares dos astecas que 5reviram em deta*+e a 5oss.ve* intervenção mi*itar dos tarascos% O ve*+o Cazonci morre nesse momento é su'stitu.do 5orseu <i*+o mais ve*+o%

Os astecas HCuau+temoc mais do que MontezumaI se im5acientam6 e enviam uma nova de *e3ação 5ara reiterar suas 5ro5ostas% A reação do novo Cazonci é reve*adora sem 5Gr em d;vida averacidade ou a uti*idade do que a<irmam os mensa3eiros6 decide sacri<ic9(*os% DQue si3am meu 5aiaté o in<erno e *+e a5resentem *9 sua 5etição% &i3am a e*es que se 5re5arem6 5ois esse é o costume%( Os meicanos <oram in<ormados dessa decisão6 e res5onderam que6 ?9 que o Mestre assimordenara6 devia ser <eito6 e 5ediram que <osse <eito ra5idamente6 acrescentando que não iriam a*u3ar nen+um que tin+am vindo J morte de *ivre e es5ont@nea vontade% Os meicanos <oramra5idamente 5re5arados6 da maneira +a'itua*6 a51s rece'erem a ordem de *evar a mensa3emao Cazonci morto6 e <oram sacri<icados no tem5*o de Curicaveri e de Karatan3a H6 22I%

A ;nica ação 5ositiva dos tarascos consistir9 em eecutar os 5ortadores da in<ormação o Czonci<*Jd9 nen+um 5rosse3uimento ativo ao 5edido dos meicanos% "ara começar6 não 3osta de*es6 sãoinimi3os tradicionais e% no <undo6 não <ica muito descontente com as desventuras que recaem so'ree*es% DQue interesse teria eu em enviar 3ente J Cidade do Méico6 se entramos em 3uerra todas asvezes que nos a5roimamos dos meicanos e +9 entre n1s um ve*+o rancorD H6 27I% D&e que nosservir J Cidade do Méico Todos n1s morrer.amos6 e não sa'emos o que 5oderão dizer de n1sde5ois% Ta*vez nos vendam Jque*a 3ente e 5rovoquem nossa morte%

&eiemos que os meicanos <açam e*es mesmos as suas conquistas6 ou que ven+am ?untar(se a n1scom seus ca5itães% &eiemos que os estran3eiros matem os meicanos H6 22I% A outra razão darecusa de o5or(se aos es5an+1is é o <ato de serem considerados deuses% D&e onde 5odem vir6 a nãoser do céuD H6 2,I% D"or que os estran3eiros viriam sem razão Foram enviados 5or um deus 5orisso vieramD H6 22I% O Cazonci disse que eram deuses vindos do céu e deu a cada es5an+o* umescudo redondo de ouro e co 'ertasD H6 2)I% "ara e5*icar um <ato sur5reendente6 re corre(seJ +i51tese divina o so'renatura* é <i*+o do determinismo e esta crença 5ara*isa qua*quer tentativade resistncia DAc+ando que e*es eram deuses6 os c+e<es disseram Js mu*+eres que não oscontrariassem6 5ois os deuses *evavam o que *+es 5ertenciaD H6 2I%

A 5rimeira reação é6 5ois6 a recusa J intervenção no 5*ano +umano6 e o investimento da es<eradivina Es5ere mos 5ara ver6 Que ven+am e que tentem 5e3ar(nos% Tentemos <azer todo o 5oss.ve*

 5ara resistir um 5ouco mais 5ara 5odermos encontrar madeira 5ara o tem5*osD H6 2,trata(se de

<o3ueiras rituaisI% #o mesmo es5.rito6 quando a vinda dos es5an+1is 5arece inevit9ve*6 o Cazoncire;ne seus 5arentes e servidores 5ara que todos se a<o3uem co*etivamente nas 93uas do *a3o%Aca'a desistindo disso mas suas tentativas 5osteriores de rea3ir ainda estarão situadas no 5*ano dacomunicação que *+e é <ami*iar com o mundo6 e não com os +omens%

 #em e*e nem os que o cercam conse3uem ener3ar a <a*sidade dos conquistadores% Ta*vez o destinoque os es5an+1is nos reservam não se?a assim tão ruim6 5ensa um dos c+e<es dos tarascos D8i osno'res meicanos que vm com e*es se <ossem escravos6 5or que usariam co*ares de turquesa emtorno do 5escoço6 ricas ca5as de 5enas verdes6 como <azemD H6 24I% O com5ortamento doses5an+1is continua incom5reens.ve* 5ara e*es D"ara que e*es que rem todo esse ouro Esses deusesdevem com(*o6 é a ;nica razão 5oss.ve* 5ara 5edirem tantoD H6 2 5arece que Cortez tin+a dado

a se3uinte e5*icação os es5an+1is 5re cisam do ouro 5orque usam(no 5ara curar uma doença%%%Coisa di<.ci* de aceitar 5ara os .ndios que tendem a assimi*ar o ouro aos ecrementosI% O din+eiro6enquanto equiva*ente universa*6 não eiste entre os tarascos toda a estrutura do 5oder es5an+o* s1

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*+es 5ode esca5ar J com 5reensão% A 5rodução sim'1*ica não é mais <e*iz do que a inter5retação6 Os 5rimeiros es5an+1is trazem 5ara o Cazonci6 s1 &eus sa'e 5orque6 dez 5orcos e um cão e*e aceita ea3radece6 mas na rea*idade os teme DAc+ou que eram 5ress93ios e mandou matar os 5orcos e o cão6e assim6 <oram *evados e ?o3ados num terreno 'a*dioD H6 2)I% Mais 3rave6 o Cazonci rea3e domesmo modo quando *+e trazem armas es5an+o*as DTodas as vezes que os tarascos se a5oderavamde armas de <o3o tomadas dos es5an+1is6 as armas eram o<erecidas aos deuses nos tem5*osD H6

22I%

Com5reende(se 5orque os es5an+1is nem mesmo se dão ao tra'a*+o de <azer 3uerra 5re<erem6 aoc+e3ar6 convocar os diri3entes *ocais e dar v9rios tiros de can+ão 5ara o ar os .ndios caem de 5avoro uso sim'1*ico das armas reve*a(se su<icientemente e<icaz% A vit1ria dos es5an+1is na conquista deMic+oac9n é r95ida e com5*eta nJo +9 'ata*+as nem as do *ado dos conquistadores% Os c+e<eses5an+1is ( Cristova* de O*id6 o 5r15rio Cortez6 e #i<*o de Puzm9n ( 5rometem6 ameaçam eetorquem todo o ouro que encontram% O Cazonci d96 es5erando sem5re que se?a a ;*tima vez% "ara<icarem mais J vontade6 os es5an+1is o 5rendem quando não são satis<eitos6 não +esitam emsu'meter o Cazonci e seus 5arentes J tortura são 5endurados os 5és são queimados com 1*eo<ervente os 1r3Jos seuais torturados com uma vareta% Quando #i0o de Puzm9n ac+a que o

Cazonci ?9 não 5ode ser de nen+uma uti*idade% condena(oD a uma tri5*a morte inicia*mente <oiatado a urna esteira 5resa ao ra'o de um cava*o6 montado 5or um es5an+o* H6 2>I% &e5ois de serassim arrastado 5or todas as ruas da cidade6 ser9 3arroteado até o estran3u*amento% Fina*mente6 ocor5o ser9 ?o3ado numa <o3ueira6 e queimado suas cinzas serão es5a*+adas no rio%

Os es5an+1is 3an+am a 3uerra% :ão6 incontestave*mente6 su5eriores aos .ndios na comunicação inter+umana% Mas a vit1ria é 5ro'*em9tica6 5ois não +9 a5enas uma <orma de comunicação6 a5enas umadimensão da atividade sim'1*ica% Toda ação tem a*3o de rio e a*3o de im5rovisação6 todacomunicação é6 necessariamente6 5aradi3ma e sinta3ma6 c1di3o e conteto o +omem tem tantanecessidade de se comunicar com o mundo quanto com os +omens% O encontro de Montezuma comCortez6 dos .ndios com os es5an+1is6 é6 antes de mais nada6 um encontro +umano e não +9 razão

 5ara sur5resa se os es5ecia*istas da comunicação +umana *evam a me*+or% Mas essa vit1ria6de que somos todos ori3in9rios6 euro5eus e americanos6 d9 ao mesmo tem5o um 3rande 3o*5e emnossa ca5acidade de nos sentirmos em +armonia com o mundo6 de 5ertencera uma ordem

 5reesta'e*ecida tem 5or e<eito reca*car 5ro<undamente a comunicação do +omem com o mundo6 5rodu zir a i*usão de que toda comunicação é comunicação inter(+umana o si*ncio dos deuses 5esano cam5o dos euro5eus tanto quanto no dos .ndios% Pan+ando de um *ado6 o euro5eu 5erdia deoutro im5ondo(se em toda a Terra 5e*o que era sua su5erioridade6 arrasava em si mesmo aca5acidade de inte3raçJo no mundo% &urante os sécu*os se3uintes6 son+ar9 com o 'om se*va3emmas o se*va3em ?9 estava morto6 ou assimi*ado6 e o son+o estava condena do J esteri*idade%A vit1ria ?9 trazia em si o 3erme de sua derrota mas Cortez não 5odia sa'er disso%

Cortez e os signos

 #ão se deve ima3inar que a comunicação6 entre os es5an+1is6 se?a eatamente o5osta J que 5raticam os .ndios% Os 5ovos não são noç0es a'stratas6 a5resentam entre si seme*+anças edi<erenças% S9 vimos que6 no 5*ano ti5o*13ico6 Co*om'o situava(se6 <reqZentemente6 do mesmo *adoque os astecas% Acontece mais ou menos o mesmo com as 5rimeiras e5ediç0es diri3idas aoMéico6 as de Nernandez de C1rdo'a e de Suan de Pri?a*va% "ode(se descrever o com5ortamentodesses es5an+1is dizendo que se dedicam a co*etar a maior quantidade de ouro no menor es5aço detem5o6 e não 5rocuram sa'er nada so're os .ndios% Eis o que conta Suan &.az6 cronista da se3unda

dessas e5ediç0es

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">avia margem uma multidão de ;ndios que traiam dois estandartes, que levantavam ebaiavam, para indicar que /Mssemos ter com eles@ o comandante não quis." "Tma dasembarca5Kes perguntounos o que quer;amos< o intrprete respondeu que procurvamos ouro.""Nosso comandante disse a eles que s# quer;amos ouro." $uando surgem ocasiKes, os espanh#is asevitam. 6alou tambm de outras prov;ncias, e disse ao comandante que queria vir conosco, mas ocomandante não consentiu, o que nos deiou descontentes." 

8imos tam'ém que os 5rimeiros intér5retes são .n dios ora6 estes não tm a inteira con<iandoses5an+1is6 que muitas vezes se 5er3untam se o intér5rete rea*mente transmite o que *+e é dito%DAc+amos que o intér5rete nos en3anava6 5ois era natura* daque*a i*+a e daque*a mesma a*deia%D &eDMeic+iorD6 5rimeiro tradutor de Cortez6 Pomara diz "+ra todavia um homem rude, pois era

 pescador. e parecia não saber /alar, nem responder" H,,I% O nome da 5rov.ncia de \ucat9n6s.m'o*o6 5ara n1s6 do eotismo ind.3ena e de autenticidade distante6 é na rea*idade o s.m'o*o dosma*(entendidos que reinam então aos 3ritos dos 5rimeiros es5an+1is que desem'arcam na

 5en.nsu*a6 os maias res5ondem Ma cu+a't+an6 não com5reendemos suas 5a*avras% Os es5an+1is6<iéis J tradição de Co*om'o6 entendem D\ucat9nD6 e decidem que é o nome da 5rov.ncia% #esses

 5rimeiros contatos6 os es5an+1is não se 5reocu5am nem um 5ouco com a im5ressão que seucom5ortamento 5ossa deiar nos que se encontram diante de*es se são ameaçados6 <o3em sem+esitar6 mostrando assim que são vu*ner9veis%

O contraste é sens.ve* a 5artir do momento em que Cortez entra em cena não seria e*e umconquistador de eceção6 e não um conquistador t.5ico #ão a 5rova é que seu eem5*o *o3o ser9se3uido6 e am5*amente6 em'ora e*e nunca se?a i3ua*ado% Era necess9rio um +omem etrema mente

 'em dotado 5ara crista*izar6 num ;nico ti5o de com5ortamento6 e*ementos até então d.s5ares umavez dado o eem5*o6 im50e(se com uma ra5idez im5ressionante% A di<erença entre Cortez e os que o

 5recederam ta*vez este?a no <ato de ter sido e*e o 5rimeiro a 5ossuir uma conscincia 5o*.tica6 e atémesmo +ist1rica6 de seus atos% #a vés5era de sua 5artida de Cu'a6 5rovave*mente em nada sedistin3uia dos outros conquistadores 9vidos de riquezas%

 #o entanto6 tudo muda assim que começa a e5edição6 e ?9 se 5ode o'servar o es5.rito de ada5taçãoque Cortez trans<orma em 5rinc.5io de sua 5r15ria conduta em Cozume*6 a*3uém *+e su3ere queenvie a*3uns +omens armados 5ara 5rocurar ouro no interior% Cortez res5ondeu rindo que não tin+avindo 5or coisas tão insi3ni<icantes6 mas 5ara servir a &eus e ao reiD HBerna* &.az6 )7I% Assim que<ica sa'endo da eistncia do reino de Montezuma6 decide não a5enas etorquir riquezas6 comotam'ém su'?u3ar o reino% Esta estraté3ia muitas vezes contraria os so*dados da tro5a de Cortez6 quecontam com *ucros imediatos e 5a*59veis mas e*e continua intrat9ve* assim6 devemos a e*e ainvenção6 5or um *ado6 de uma t9tica de 3uerra de conquista e6 5or outro6 a de uma 5o*.tica de

co*onização em tem5os de 5az%O que Cortez quer6 inicia*mente6 não é tomar6 mas com5reender são os si3nos que interessam a e*eem 5rimeiro *u3ar6 não os re<erentes% :ua e5edição começa com uma 'usca de in<ormação e não deouro% A 5rimeira ação im5ortante que eecuta ( a si3ni<icação deste 3esto é in ca*cu*9ve* ( é

 5rocurar um intér5rete% Ouve <a*ar de .ndios que em5re3am 5a*avras es5an+o*as deduz que ta*vez+a?a es5an+1is entre e*es6 n9u<ra3os de e5ediç0es anteriores in<orma(se6 e suas su5osiç0es sãocon<irmadas% Ordena en tão a dois de seus 'arcos que es5erem oito dias6 de5ois de enviar umamensa3em a esses intér5retes 5otenciais% &e 5ois de muitas 5eri5écias% um de*es6 Ser1nimo deA3ui*ar6 se une J tro5a de Cortez6 que quase não recon+ece ne*e um es5an+o*% DTomavam(no 5orum .ndio6 5orque a*ém de ser natura*mente moreno6 tin+a os ca'e*os cortados curtos como os .ndios

escravos% Tin+a um remo so're os om'ros6 uma ve*+a sand9*ia nos 5és e outra 5resa J cintura6 umaca5a ruim muito usada e uma tan3a ainda 5ior 5ara co'rir sua nudezD HBerna* &.az6 2>I% EsseA3ui*ar6 trans<ormado em intér5rete o<icia* de Cortez6 *+e 5restar9 serviços inestim9veis%

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Mas A3ui*ar s1 <a*a a *.n3ua dos maias6 que não é a dos astecas% A se3unda 5ersona3em essencia*dessa conquista de in<ormação é uma mu*+er6 que os .ndios c+amam de Ma*intzin6 e os es5an+1isde do<*a Marina6 e não se sa'e qua* dos dois nomes é uma de<ormação do outro a <orma que onome assume mais <reqZentemente é D*a Ma*inc+eD%

E*a é dada de 5resente aos es5an+1is6 durante um dos 5rimeiros encontros% :ua *.n3ua materna é o

na+uat*6 a *.n3ua dos astecas mas <oi vendida como escrava aos maias6 e tam'ém domina a *.n3uade*es% N96 5ois6 no inicio6 uma cadeia 'astante *on3a Cortez <a*a a A3ui*ar6 que traduz o que e*e diz 5ara a Ma*inc+e6 que 5or sua vez se diri3e ao inter*ocutor asteca% :eus dons 5ara as *.n3uas sãoevidentes e em 5ouco tem5o e*a a5rende o es5an+o*6 o que aumenta sua uti*idade% "ode(se su5orque e*a 3uardasse rancor em re*ação a seu 5ovo de ori3em6 ou em re*ação a uns de seusre5resentantes o <ato é que esco*+e decididamente o cam5o dos conquistadores% Com e<eito6 não secontenta em traduzir é evidente que tam'ém adota os va*ores dos es5an+1is6 e contri'ui como 5ode

 5ara a rea*ização dos seus o'?etivos% "or um *ado6 e<etua uma es5écie de con versão cu*tura*6inter5retando 5ara Cortez não somente as 5a*avras6 mas tam'ém os com5ortamentos 5or outro*ado6 sa'e tomar a iniciativa quando necess9rio6 e dizer a Montezuma as 5a*avras a5ro5riadasHes5ecia*mente no momento de sua 5risãoI6 sem que Cortez as ten+a 5ronunciado anteriormente%

Todos concordam em recon+ecer a im5ort@ncia do 5a5e* da Ma*inc+e% considerada 5orCortez como uma a*iada indis5ens9ve*6 e isto é evidenciado 5e*o *u3ar que concede J intimidade<.sica entre e*es% A5esar de t(*a Do<erecidoD a um de seus tenentes *o3o de5ois de t(*a Drece'i doD ede cas9(*a com outro conquistador6 *o3o a51s a ren dição da Cidade do Méico6 a Ma*inc+e ser9 suaamante durante a <ase decisiva6 desde a 5artida em direção J Cidade do Méico até a queda daca5ita* asteca% :em e5i*o3ar acerca do modo como os +omens decidem o destino das mu*+eres6

 5ode(se deduzir que esta re*ação tem uma e5*icação estraté3ica e mi*itar6 mais do que sentimenta*3raças a e*a6 a Ma*inc+e 5ode assumir seu 5a5e* essencia*% Mesmo de5ois da queda da Cidade doMéico6 e*a continua a ser tão a5reciada quanto antes6 D5orque Cortez6 sem e*a6 não 5odia entenderos .ndiosD HBerna &.az6 ,7I% Estes ;*timos veem ne*a muito mais do que uma intér5rete todosos re*atos <azem(*+e <requentes re<erncias e e*a est9 5re sente em todas as ima3ens% A que i*ustra6no C F*orentino6 o 5rimeiro encontro entre Cortez e Montezuma é 'em caracter.stica neste sentidoos dois c+e<es mi*itares ocu5am as 'ordas da <i3ura6 dominada 5e*a <i3ura centra* da Ma*inc+e Hc<%<i3% 4 e ca5aI% Berna* &.az6 5or sua vez6 conta D&o<*a Marina tin+a muita 5ersona*idade eautoridade a'so*uta so're os .ndios em toda a #ova Es5an+aD H)-I% Tam'ém é reve*ador o a5e*idoque os astecas dão a Cor tez c+amam(no%%% Ma*inc+e H5e*o menos uma vez6 não é a mu*+er queadota o nome do +omemI%

Os meicanos 51s(inde5endncia 3era*mente des5rezaram e acusaram a Ma*inc+e6 que setornou a encarnação da traição dos va*ores aut1ctones6 da su'missão servi* J cu*tura e ao 5odereuro5eus% verdade que a conquista do Méico teria sido im5oss.ve* sem e*a Hou outra 5essoa que

desem5en+asse o mesmo 5a5e*I6 e que e*a é6 5ortanto6 res5ons9ve* 5e*o que aconteceu% Quanto amim6 ve?o(a so' outra *uz e*a é6 5ara começar6 o 5rimeiro eem5*o6 e 5or isso mesmo o s.m'o*o6 damestiça3em das cu*turas anuncia assim o Estado meicano moderno e6 mais ainda6 o estado atua*de todos n1s6 que6 a5esar de nem sem5re sermos 'i*.n3Zes6 somos inevitave*mente 'i ou tricu*turais%

A Ma*inc+e 3*ori<ica a mistura em detrimento da 5ureza Has teca ou es5an+o*aI e o 5a5e* deintermedi9rio% E*a não se su'mete sim5*esmente ao outro Hcaso muito mais comum6 in<e*izmente

 5ensemos em todas as ?ovens .ndias6 D5resenteadasD ou não que caem nas mãos dos es5an+1isI6adota a ideo*o3ia do outro e a uti*iza 5ara com5reender me*+or sua 5r15ria cu*tura6 o que écom5rovado 5e*a e<ic9cia de seu com5ortamento Hem'ora Dcom5reenderD sirva6 neste caso6 5araDdestruirDI%

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Mais tarde6 v9rios es5an+1is a5rendem o na+uat*6 e Cor tez sem5re se 'ene<icia disso% "or eem5*o6d9 a Montezu ma um 5a?em6 que <a*a a sua *.n3ua a in<ormação 5assa então a circu*ar nos doissentidos6 5orém6 de imediato6 is so tem um interesse 'astante desi3ua*% D=o3o de5ois6 Mon tezuma

 5ediu a Cortez um 5a?em es5an+o* que estava a seu serviço e que ?9 sa'ia <a*ar a *.n3ua asteca%C+amava(se Orte3ui*ia% Foi certamente 5roveitoso 5ara Montezuma6 as sim como 5ara n1s6 5ois6

 5or intermédio do 5a?em6 Montezuma 5er3untava e a5rendia v9rias coisas acerca de nossa Caste*a

quanto a n1s6 sa'.amos o que diziam seus ca5itãesD HBerna* &.az6 >4I%

Parantindo assim a com5reensão da *.n3ua6 Cortez não deia esca5ar nen+uma o5ortunidade dereunir novas in <ormaç0es% DA51s termos <eito nossa re<eição6 Cortez 5er3untou(*+es através de<*O::O4 intér5retes coisas re*aciona das a seu sen+or6 MontezurnaD HBerna* &.az6 ,I% DCortezreuniu a*3uns caciques e *+es 5er3untou deta*+es minuciosos so're a Cidade do MéicoD Hi'id%6 -I%:uas 5er3untas estão diretamente re*acionadas ao encamin+amento da 3uerra% A51s uma 5rimeiracon<rontação6 interro3a imedia tamente os c+e<es dos vencidos% D"or que razão6 sendo tantos6<u3iam de tão 5oucosD HPomara6 22I% Uma vez o'tidas as in<ormaç0es6 sem5re recom5ensa3enerosamente seus 5ortadores% Est9 sem5re dis5osto a ouvir conse*+os6 em'ora nem sem5re ossi3a( ?9 que as in<ormaç0es tm de ser inter5retadas%

3raças a esse sistema de in<ormação6 5er<eitamente <unciona*6 que Cortez conse3ue 5erce'erra5idamente6 e em deta*+es a eistncia de diver3ncias internas entre os .ndios ( <ato que6 comovimos6 tem 5a5e* decisivo 5ara a vit1ria <ina*% &esde o in.cio da e5edição6 est9 atento a qua* querin<ormação desse 3nero% E as diver3ncias são rea* mente muitas Berna &.az diz DPuerreavamincessantemente6 5rov.ncia contra 5rov.ncia6 a*deia contra a*deia H27I e Moto*inia tam'ém *em'raDQuando os es5an+1is vieram6 todos os sen+ores e todas as 5rov.ncias o5un+am(se <orte menteumas Js outras e 3uerreavam continuamente umas contra as outrasD H6 ,I% C+e3ando a Tiaca*a6Cortez é 5articu*armente sens.ve* a esse <ato D8endo as disc1rdias e a animosidade de uns e deoutros6 <iquei muito satis<eito6 5ois me 5areceu que isso contri'uiria muito 5ara o que me 5ro5un+aa <azer e que eu 5oderia encontrar um meio de su'?u39(*os mais ra5idamente% "ois6 como diz oditado6dividir 5ara reinar etc%6 e *em'rei(me da 5a*avra evan3é *ica6 que diz que todo reino divididoser9 destru.doD H)I é curioso que Cortez *eia esse 5rinc.5io dos césares no =ivro dos cristãos Os.ndios c+e3ariam a so*icitar a intervenção de Cortez em seus 5r15rios con<*itos como escreve "ierreMartVr DEs5eravam que6 de<endidos 5or tais +er1is6 teriam6 contra seus vizin+os6 au.*io e

 5roteção6 5ois e*es tam'ém são corro.dos 5or essa doença que nunca desa5areceu e é6 de certomodo6 inata na +umanidade e*es tm6 como os outros +omens6 a <;ria da dominaçãoD H86 -I% Maisuma vez6 é a conquista e<icaz da comunicação que conduz J queda <ina* do im5ério astecaenquanto Cuau+temoc ostenta im5rudentemente as ins.3nias reais no 'arco que deveria 5ermitir sua<u3a6 os o<iciais de Cortez reco*+em6 ra5idamente6 todas as in<ormaç0es que 5oderiam estarre*aciona das a e*e e *evar J sua ca5tura% D:andova* *o3o rece'eu a not.cia de que Cuau+temoc

estava <u3indo com sua corte%mediatamente6 deu ordem aos 'er3antins de cessar a destruição das casas e começar a 5erse3uir ascanoasD HBerna* &.az6 ,4I% DParc.a de O*3u.n6 comandante de um dos 'er3antins6 quando sou'e6através de um meicano que tin+a ca5turado6 que a canoa que se3uia tin+a a 'ordo o rei6 saiu no seuenca*ço com ta* determinação que <ina*mente a a*cançouD Ht*i*oc+it*6 K6 ,-)I% A conquista dain<orma ção *eva 9 conquista do reino%

N9 um e5is1dio si3ni<icativo durante a 5ro3ressão de Cortez em direção J Cidade do Méico%aca'ava de deiar C+o*u*a e6 5ara c+e3ar J ca5ita* asteca6 devia atravessar uma cadeia demontan+as% Os emiss9rios de Montezu rua indicam(*+e uma 5assa3em Cortez os se3ue a contra(

3osto6 temendo que se?a uma armadi*+a% #esse momento em que6 su50e(se6 deveria dedicar toda asua atenção ao 5ro'*ema da 5roteção6 avista os cumes dos vu*c0es vizin+os6 que estão em atividade%:ua sede de sa'er <az com que e*e esqueça suas 5reocu5aç0es imediatas%

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"! oito lguas da cidade de 7holula, encontramse duas cadeias de montanhas muito elevadas emaravilhosas, pois t3m no topo tanta neve, no /im do m3s de agosto, que não se pode ver maisnada. + de uma delas, que a mais alta, sai vrias vees durante o dia e a noite uma massa de /uma5a, grande como um casarão, que sobe do cimo da montanha at as nuvens, reta como uma

 /lecha< de modo que, ao que parece, os ventos violent;ssimos que sempre sopram naquelas alturas

não conseguem desvila.

7omo sempre dese&ei /aer para Aossa !ltea o relato mais detalhado poss;vel acerca de todas ascoisas deste pa;s, quis conhecer o segredo desta, que me pareceu deveras maravilhosa, e en vieide de meus companheiros, como convinha a uma empresa dessa naturea e, com eles, algunsnativos do pa;s que lhes serviam de guias, e ordenei a eles que se es/or5assem para atingir o topodaquela montanha e conhecer o segredo daquela /uma5a, de onde e como sa;a" (7orte, 2).

Os e5*oradores não c+e3am ao to5o e contentam(se em trazer a*3uns 5edaços de 3e*o% Mas6 navo*ta6 avistam uma outra rota 5oss.ve* em direção J Cidade do Méico6 que 5arece o<erecer menos

 5eri3o é 5or e*a que Cortez se3ui r9 e6 de <ato6 não ter9 nen+uma sur5resa% Mesmo nos momentos

mais di<.ceis6 os que ei3em de*e a maior atenção6 a 5aião de Cortez 5or Dcon+ecer o se3redoD nãodiminui% E6 sim'o*icamente6 sua curiosidade é recom5ensada%

"ode ser instrutivo com5arar esta ascensão do vu*cão a uma outra6 rea*izada 5e*os .ndios maias6 econtada nos Anais dos ca]c+ique*% Tam'ém ocorre durante uma e5edição mi*itar% C+e3am diantedo vu*cão Do <o3o que sa.a do interior da montan+a era rea*mente aterradorD% Os 3uerreiros queremdescer 5ara trazer o <o3o mas nin3uém tem cora3em 5ara isso% 8o*tam(se então 5ara seu c+e<e6Pa3avitz Hcu?o nome si3ni<ica vu*cãoI6 e dizem a e*e D_ tu6 nosso irmão6 c+e3aste e és nossaes5erança% Quem nos trar9 o <o3o6 quem 5ermitir9 que tentemos assim nossa sorte6 16 meu irmãoDPa3avitz decide <az(*o6 na com5an+ia de um outro 3uerreiro intré5ido desce no vu*cão e sai de*etrazendo o <o3o% Os 3uerreiros ec*amam D rea*mente as som'roso6 seu 5oder m93ico6 sua3randeza e sua ma?estade e*e destruiu o <o3o e o ca5turouD% Pa3avitz res5onde DO es5.rito damontan+a tornou(se meu escravo e meu 5risioneiro6 16 meus irmãos Ao conquistarmos o es5.rito damontan+a *i'ertamos a 5edra do <o3o6 a 5edra denominada !acc+o3 ^ H,I%

Em am'os os casos +9 curiosidade e cora3em% Mas a 5erce5ção do <ato é di<erente% "ara Cortez6trata(se de um <enGmeno natura* sin3u*ar6 de uma maravi*+a da natureza sua curiosidade éintransitiva a consequncia 5r9tica Ha desco'erta do me*+or camin+oI é evidentemente casua*% "araPa3avitz6 é 5reciso medir(se com um <enGmeno m93ico6 com'ater o es5.rito da montan+a aconsequncia 5r9 tica é a domesticação do <o3o%em outras 5a*avras6 este re*ato6 que ta*vez ten+a um<undamento +ist1rico6 trans<orma(se num mito da ori3em do <o3o as 5edras6 cu?a <ricção 5rovoca

as <a.scas6teriam sido trazidas 5or Pa3avitz do vu*cão em eru5ção% Cortez 5ermanece no 5*ano 5uramente +umano a +ist1ria de Pa3avitz aciona imediatamente um con?unto de corres5ondnciasnaturais e so'renaturais%

A comunicação6 entre os astecas6 é6 antes de mais nada6 uma comunicação com o mundo6 e asre5resentaç0es re*i3iosas tm um 5a5e* essencia*% A re*i3ião não est96 eviden temente6 ausente no*ado es5an+o*6 e era inc*usive decisiva 5ara Co*om'o% Mas duas di<erenças essenciais c+amamimediatamente a atenção% A 5rimeira est9 *i3ada J es5eci<icidade da re*i3ião cristã em re*ação Jsre*i3i0es 5a3ãs da América o que aqui é o <ato de e*a ser6 <unda menta*mente6 universa*ista ei3ua*it9ria% &eusD não é um nome 5r15rio6 é um nome comum essa 5a*avra 5ode ser traduzida emqua*quer *.n3ua6 5ois não desi3na um deus6 como (uitzi*o5oc+t*i e Tezcat*i5oca que6 no entanto6 ?9

são a'straç0es6 mas o deus% Essa re*i3ião 5retende ser universa* e6 em <unção disso6 é into*erante%Montezuma de monstra a*3o que 5ode 5arecer uma <ata* a'ertura de es5. rito6 durante os con<*itosre*i3iosos Hna rea*idade6 não é 'em issoI quando Cortez ataca seus tem5*os6 e*e 5rocura encontrar

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so*uç0es de com5romisso DEntão Montezuma su3eriu que co*oc9ssemos nossas ima3ens de um*ado e que dei9ssemos seus deuses do outro mas o Marqus ^ tez[ recusouD HAndrés de Ta5iaImesmo de5ois da conquista6 os .ndios continuarão querendo inte3rar o &eus cris tão em seu

 5anteão6 como uma divindade entre outras%

sto não si3ni<ica que não +9 a'so*utamente nen+uma idéia monote.sta na cu*tura asteca% :uas

inumer9veis c*ivindades são a5enas os diversos nomes de deus6 o invis.ve* e inatin3.ve*% E se deustem tantos nomes e tantas ima3ens6 é 5orque cada uma de suas mani<estaç0es e de suas re*aç0escom o mundo natura* é 5ersoni<icada6 cada uma de suas diversas <unç0es é atri'u.da a uma

 5ersona3em di<e rente% O deus da re*i3ião asteca é simu*taneamente uno e m;*ti5*o% O que <az comque a re*i3iosidade asteca se d 'em com a adição de novas divindades sa'e(se que6 no tem5o deMontezuma6?ustamente6 <oi constru.do um tem5*o destinado a rece'er todos os deuses DoutrosD

"Dareceu ao rei :onteuma que /altava um templo dedicado gl#ria de todos os ;dolos adoradosneste pa;s. :ovido pelo elo religioso, ordenou a constru5ão de um (...). 7hamase 7oateo caiu, oque quer dier Jemplo dos deuses diversosJ, de vido diversidade de deuses que havia entre osvrios povos e as vrias prov;ncias" (urn, FFF, B8).

O 5ro?eto ser9 eecutado6 e esse tem5*o es5antoso <uncionar9 durante os anos que 5recedem aconquista% #ão é assim 5ara os cristãos6 e a recusa de Cortez decorre do 5r15rio es5.rito da re*i3iãocristã o &eus cristão não é uma encarnação6 5oderia ?untar(se Js outras6 é um de modo ec*usivo einto*erante6 e não deia nen+um es5aço 5ara outros deu ses como diz &ur9n6 Dnossa <é cat1*ica éuna e ne*a se <unda uma ;nica 3re?a6 que tem 5or o'?eto um s1 &eus verdadeiro6 e não admite a seu*ado nen+uma adoração6 ou <é6 em outros deusesD H,6 DntroduçJoDI%

Este ato contri'ui 'astante 5ara a vit1ria dos es5an+1is a intransi3ncia sem5re venceu a to*er@ncia%O i3ua*itarismo do cristianismo é so*id9rio com seu universa*ismo ?9 que &eus convém a todos6todos convm a &eus quanto a isso6 não +9 di<erenças entre os 5ovos nem entre os indiv.duos% :ão"au*o disse DOnde não +9 3re3o nem ?udeu6 circuncisão nem incircuncisão6 '9r'aro6 cita6 servo ou+omem *ivre6 mas Cristo é tudo em todosD HCo*oss%6)6 ,,I6 e D#isto não +9 ?udeu nem 3re3o6 não+9 servo nem +omem *ivre6 não +9 mac+o nem <mea6 5orque todos v1s sois um em Cristo SesusDHPa*at%6 )6 2I%

Esses tetos indicam c*aramente o sentido que deve ser dado ao i3ua*itarismo dos 5rimeiroscristãos o cristianismo não *uta contra as desi3ua*dades Ho sen+or continuar9 sendo sen+or6 e oescravo6 escravo6 como se esta di<erenciação <osse tão natura* quanto a que eiste entre +omem emu*+erI mas dec*ara(as não 5ertinentes6 diante da unidade de todos no Cristo% Reencontraremosestes 5ro'*emas nos de'ates mo rais que virão a51s a conquista%

A se3unda di<erença decorre das <ormas que tomou o sentimento re*i3ioso entre os es5an+1is dessaé5oca Hta* vez se?a mais uma conseqZncia da doutrina cristã6 e 5odemos nos 5er3untar em quemedida uma re*i3ião i3ua*itarista não *eva6 5or sua recusa das +ierarquias6 a sair da 5r15riare*i3iãoI o &eus dos es5an+1is é um a?udante e não um :en+or6 um ser mais usado do queusu<ru.do H5ara <a*ar como os te1*o3osI% Teoricamente6 e como queria Co *om'o He até Cortez6 eeste é um de seus traços de menta*idade mais DarcaicosDI6 o o'?etivo da conquista é e5andir are*i3ião cristã na 5r9tica6 o discurso re*i3ioso é um dos meios que 3arantem o sucessoda conquista <im e meios trocaram de *u3ar%

Os es5an+1is s1 ouvem os conse*+os divinos quando estes coincidem com as su3est0es de seus

in<ormantes ou com seus 5r15rios interesses6 como com5rovam os re*atos de v9rios cronistas%DRecon+ecemos tam'ém outros sinais se3uros que nos <izeram com5reender que &eus queria6 nointeresse da re*i3ião6 que co*oniz9ssemos este 5a.sD6 ?9 dizia Suan &.az6 que acom5an+ava a

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e5edição de Pri?a*va e Berna* &.az DConcordamos 5ois em se3uir a o5inião da 3ente deCem5oa*a 5ois o 'om &eus dis5un+a 5ara n1s de tudoD H,I% #o e5is1dio da ascensão do vu*cão6acima narrado6 Cortez tam'ém atri'u.a a &eus a desco'erta do me*+or camin+o% DComo &eussem5re 5areceu tomar em mãos os interesses de 8ossa Ma?estade6 desde a mais tenra in<@ncia6 ecomo eu e meus com5an+eiros estamos a serviço de 8ossa A*teza6 quis mostrar(nos outra rota6 umtanto di<.ci*6 mas menos 5eri3osa do que a que queriam que se3u.ssemosD H2I% =ançam(se J 'ata*+a

3ritando D:antia3oD6 não tanto na es5erança de uma intervenção do santo tute *ar6 mas 5ara daremcora3em a si mesmos e amedrontarem os advers9rios% O ca5e*ão da tro5a de Cortez não deia nadaa dese?ar como c+e<e mi*itar D#ossas tro5as c+e3aram a um a*to 3rau de ecitação devido Jin<*uncia dos encora?amentos de <rei Barto*omé de O*medo6 que os eortava a a3Zentar <irme naintenção de servir a &eus e de di<undir a santa <é6 5rometendo(*+es o au.*io de seu santo ministérioe 3ritando(*+es que vencessem ou morres sem em com'ateD HBerna* &.az6 ,/I% #o 5r15rioestandarte de Cortez esta re*ação é e5*icitamente a<irmada DA 'andeira er3uida 5or Cortez era decores 'ranca e azu*6 com uma cruz no centro e6 ao redor6 urna inscrição *atina que6 traduzida6 diziaAmi3os6 si3amos a cruz6 e com <é neste s.m'o*o devemos conquistarD HPornara6 2)I%

Conta(se um e5is1dio si3ni<icativo6 ocorrido durante a cam5an+a contra os Tiaca*tecas 5ara

sur5reender o inimi3o6 Cortez <az uma incursão noturna com seus cava*eiros% Um cava*o tro5eçaCortez manda(o de vo*ta ao acam5amento% Outro <az o mesmo 5ouco de5ois% DA*3uns +` disseram:en+or6 isto 5arece ser um mau 5ress93io 5ara n1s6 retrocedamos% Mas e*e res5ondeu "ara mim6 é

 'om 5ress93io% Em <renteD HFrancisco de A3ui*ar ver tam'ém Andrés de Ta5iaI% "ara os astecas6 ac+e3ada dos es5an+1is era nada mais nada menos do que a rea*ização de uma série de maus

 5ress93iosHo que diminuiu sua com'atividadeI6 ao 5asso que6 em circunst@ncias com5ar9veis6Cor tez HJ di<erença de a*3uns de seus com5an+eirosI recusa(se a ver uma intervenção divina ( ouentão6 se e*a eiste6 s1 5ode <avorec(*o6 a5esar de os sinais 5arecerem dizer o contr9rio im5ressionante ver que6 durante sua <ase descendente6 e 5articu*armente no decorrer da e5ediçãode Nonduras6 Cortez começa a acreditar em 5ress93ios e o sucesso o a'andona% Este 5a5e*su'ordinado e6 <ina*mente6 *imitado do interc@m'io com &eus cede *u3ar a uma comunicação+umana onde o outro ser9 c*aramente recon+ecido Hainda que não se?a estimadoI% O encontro comos .ndios não cria essa 5ossi'i*idade de recon+ecimento6 a5enas a reve*a e*a eiste 5or raz0es

 5r15rias da +ist1ria da Euro5a% "ara descrever os .ndios6 os conquistadores 5rocuram com5araç0esque encontram imediatamente6 em seu 5r15rio 5assado 5a3ão H3reco(romanoI6 ou em outros mais

 5r1imos 3eo3ra<icamente6 e ?9 <ami*iares6 como os muçu*manos% Os es5an+1is c+amam demesquitasD todos os 5rimeiros tem5*os que desco'rem e a 5rimeira cidade avistada durante a e

 5edição de Nernandez de C1rdo'a ser9 denominada6 diz Berna &.az6 Do 3rande CairoD% Tentando 5recisar suas im 5ress0es dos meicanos6 Francisco de A3ui*ar re*em'ra imediatamente DCriança eado*escente6 comecei a *er v9rias +ist1rias e re*atos so're os 5ersas6 3re3os e romanos% Con+eciatam'ém 5e*a *eitura os atos 5raticados nas $ndias "ortu3uesas%D"odemos nos 5er3untar em que

medida toda a ma*ea'i*idade de es5.rito necess9ria 5ara *evar a ca'o a conquista6 e que édemonstrada 5e*os euro5eus de então6 não se deve a essa situação sin3u*ar6 que <az de*es +erdei rosde duas cu*turas a cu*tura 3reco(romana de um *ado6 a cu*tura ?udaico(cristã de outro Hmas isto6 naverdade6 ?9 es tava 5re5arado +9 muito tem5o6 ?9 que a assimi*ação ?9 esta va sendo <eita entre atradiçJo ?udaica e a tradição cristã6 o Anti3o Testamento sendo a'sorvido no #ovoI% Ainda teremosa o5ortunidade de o'servar os con<*itos entre esses dois e*ementos da cu*tura renascentistaconscientemente ou não6 seu re5resentante é o'ri3ado a <azer toda uma série de a?ustes6 detraduç0es e de com5romissos Js vezes 'astante di<.ceis6 que *+e 5ermitem cu*tivar o es5.rito deada5tação e de im5rovisação6 destinado a desem5en+ar um 5a5e* tão im5ortante no decorrer daconquista%

A civi*ização euro5éia de então não é e3ocntrica6 mas Da*ocntricaD +9 muito tem5o6 seu *e3ado 5or ece*ncia6 seu centro sim'1*ico6 Serusa*ém6 não somente é eterior ao territ1rio euro5eu comotam'ém dominado 5or uma civi*ização riva* Ha muçu*manaI% #o Renascimento6 acrescenta(se a essa

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descentra*ização es5acia* uma outra6tem5ora* a era idea* não é nem o 5resente nem o <uturo6 mas o 5assado6 e um 5assado que nem mesmo é cristão o dos 3re3os e romanos% O centro est9 <ora6 o quea're 5ara o outro a 5ossi'i*idade de um dia tornar(se centra*%

Uma das coisas que mais im5ressionam os conquista dores6 quando entram na Cidade do Méico6 éo que se 5oderia c+amar de zoo*13ico de Montezuma% As 5o5u*aç0es dominadas o<ereciam6 aos

astecas6 a t.tu*o de tri'uto6 es5écimes de ve3etais e animais6 e e*es tin+am determina do *ocais ondeessas co*eç0es de 5*antas6 59ssaros6 ser5entes e animais se*va3ens 5odiam ser admiradas% Asco*eç0es não se ?usti<icam unicamente6 ao que 5arece6 5e*as re<erncias re*i3iosas Hta* anima*

 5odendo corres5onder a ta* divindadeI6 eram admiradas tam'ém 5e*a raridade e variedade dases5écies6 ou 5e*a 'e*eza dos es5écimes% sto <az 5ensar6 mais uma vez6 no com5ortamento deCo*om'o6 natura*ista amador6 que queria amostras de tudo o que encontrava%

Essa instituição6 que os es5an+1is6 5or sua vez6 admi ram Hos zoo*13icos não eistem na Euro5aI6 5ode ser ao mesmo tem5o re*acionada a e contrastada com uma outra6 mais ou menos suacontem5or@nea são os 5rimeiros mu seus% Os +omens sem5re co*ecionaram curiosidades6 natu raisou cu*turais mas é somente no sécu*o K8 que os 5a5as começarão a acumu*ar e a ei'ir vest.3ios

anti3os6 na qua*idade de restos de uma outra cu*tura tam'ém é a é5oca das 5rimeiras o'ras so're aDvida e costumesD das 5o5u*aç0es distantes% A*3o desse es5.rito 5enetrou o 5r15rio Cortez6 5ois6 senum 5rimeiro momento sua ;nica 5reocu5ação é derru'ar os .do*os e destruir ostem5*os6 5ouco a51s a conquista vemo(*o 5reocu5ado em 5reserv9(*os como testemun+os da cu*turaasteca% Uma testemun+a da acusação no 5rocesso que *+e é movido a*3uns anos mais tarde a<irmaDMostrou(se 'astante contrariado6 5ois queria que aque*es tem5*os dos .do*os <icassem comomonumentosD H:umario6 ,6 5% 2)2I%

O que mais se 5arecia com um museu6 entre os astecas6 era o Coateoca**i6 ou tem5*o dos deusesdiversos% Entretanto6 notamos imediatamente a di<erença os ido*os6 trazidos a esse tem5*o dosquatro cantos do 5a.s6 não suscitam nem uma atitude estética de admiração e muito menos umaconscincia re*ativista das di<erenças entre os 5ovos% Uma vez na Cidade do Méico6 essasdivindades tornam(se meicanas6 e seu uso continua a ser 5uramente re*i3ioso6 seme*+ante ao dosdeuses meicanos6 em'ora tivessem uma ori3em di<erente% #em o zoo*13ico nem esse tem5*odemonstram um recon+ecimento das di<erenças cu*turais como <az o museu nascente na Euro5a%A 5resença de um *u3ar reservado 5ara outros no uni verso menta* dos es5an+1is é sim'o*izada 5e*odese?o6 constantemente a<irmado6 de comunicar6 que contrasta 5ro<undamente com as reticncias deMontezuma% A 5rimeira mensa3em de Cortez é DS9 que t.n+amos atravessado tan tos mares et.n+amos vindo de 5a.ses tão distantes somente 5ara v(*o e <a*ar com e*e 5essoa*mente6 nosso:en+or e 3rande Rei não a5rovaria nossa conduta se retorn9ssemos assimD HBerna* &.az6 )>I% DOca5itão disse(*+es6 5or meio dos intér5retes que t.n+amos6 e <ez com que com5reendessem que não

 5artiria em +i51tese a*3uma daque*e 5a.s sem antes con+ecer seu se3redo6 a <im de 5oder escrever 5ara 8ossas Ma?estades um re*ato ver.dico a res5eito dissoD HCortez6 ,I%

Os so'eranos estran3eiros6 assim como os vu* c0es6 des5ertam irresistive*mente a curiosidade deCortez6 que a3e como se seu ;nico o'?etivo <osse redi3ir um re*ato% "ode(se dizer que o 5r15rio<ato de assumirem o 5a5e* ativo no 5rocesso de inte3ração 3arante aos es5an+1is uma su5erioridadeincontest9ve*% :ão os ;nicos que a3em nessa situação os astecas 5rocuram a5enas manter o sta tusquo6 a5enas rea3em% O <ato de terem sido os es5an+1is os que atravessaram o oceano 5ara encontraros .ndios6 e não o inverso6 ?9 anuncia o resu*tado do encontro os astecas não se e5andem maisa*ém na América do :u* ou na América do #orte% im5ressionante ver que6 na América Centra*6são 5recisamente os astecas que não querem comunicar(se nem mudar nada em seu modo de vida

Has duas coisas <reqZentemente se con<undemI6 o que vai 5ar a 5ar com a va*orização do 5assado edas tradiç0es6 ao 5asso que as 5o5u*aç0es dominadas ou de5endentes 5artici5am muito maisativamente da interação6 e *evam vanta3em no con<*ito os tiaca*tecas6 a*iados dos es5an+1is6 serão

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em muitos as5ectos os verdadeiros sen+ores do 5a.s no sécu*o que se se3ue J conquista%

8o*temo(nos a3ora 5ara o *ado da 5rodução dos discursos e dos s.m'o*os% Cortez tem6 inicia*mente6uma 5reocu5ação constante com a inter5retação que os outros ( os .ndios ( <arão de seus 3estos%"unir9 severamente os saqueadores em seu 5r15rio eército 5orque estes ao mesmo tem5o tomam oque não deve ser tomado e dão uma im5ressão des<avor9ve* de si mesmos% D8endo o 5orto deser to

e tendo sa'ido como A*varado tin+a estado na vi*a vizin+a 5e3ando as 3a*in+as6 os ornamentos eoutros o'?etos de 5ouco va*or 5ertencentes aos .do*os e o ouro metade co're6 mostrou(se muitoirritado e re5reendeu "edro de A*varado severamente 5or isso6 dizendo(*+e que não era tomandoassim os 'ens dos nativos que se <aria a 5az nos 5a.ses conquistados% H%%%I Fez com que devo*vessemo ouro6 os ornamentos e tudo o mais% Quanto Js 3a*in+as6 tin+am sido comidas mas ordenou queem troca *+es dessem miçan3as e 3uizos6 e a cada um uma camisa de Caste*aD HBerna* &.az6 24I% Emais tarde DUm so*dado de nome Mora6 natura* de Ciudad Rodri3o6 rou'ou duas 3a*in+as numacasa de .ndios daque*a a*deia% Cortez6 5erce'endo isso6 sentiu tanta c1*era 5e*a conduta que aque*eso*dado tin+a ousa do manter J sua vista6 em 5a.s a*iado6 que a*i mesmo <ez com que 5assassemuma corda em vo*ta do 5escoço de*eD HBerna* &.az6 4,I% A razão desses 3estos é 5recisamente odese?o que Cortez tem de contro*ar a in<ormação rece'ida 5e*os .ndios D"ara evitar a a5arncia de

co'iça ne*es6 e 5ara aca'ar com a idéia de que o ;nico motivo de sua vinda era a 5rocura do ouro6todos deviam <azer como se não sou'essem o que eraD HPomara6 24I e6 nas a*deias DCortezanunciou 5e*o arauto que6 so' 5ena de morte6 nin3uém devia tocar outra coisa senão a comida ( isto

 5ara aumentar sua re5utação de 'enevo*ncia ?unto aos ind.3enasDHPomara6 2>I%

"erce'e(se o 5a5e* que começa a ter o voca'u*9rio do <az(de(conta Da5arnciaD6Dre5utaçãoD%QuantoJs mensa3ens que *+es envia6 tam'ém o'edecem a uma estraté3ia 5er<eitamente coerente% "aracomeçar6 Cortez quer que a in<ormação rece'ida 5e*os .ndios se?a eatamente aque*a que e*e enviacom muita 5rudncia6 desti*ar9 a verdade em suas 5r15rias 5a*avras6 e ser9 5articu*armenteim5iedoso em re*ação aos es5i0es os que a3arra terão as mãos cortadas% #o in.cio6 os .ndios nãoestão 'em certos de que os cava*os dos es5an+1is são seres mortais 5ara mant(*os nessa incerteza6Cortez <ar9 com que se?am cuidadosamente enterrados os cad9veres dos animais mortos6 na noiteque se se3ue J 'ata*+a% Recorrer9 a muitos outros estrata3emas 5ara dissimu*ar suas verdadeiras <ontesde in<ormação6 5ara <azer crer que suas in<ormaç0es não 5rovm do interc@m'io com os +omens6e sim do interc@m'io com o so'renatura*%

A 5ro51sito de uma de*ação6 e*e conta DComo i3noravam quem me tin+a reve*ado aqui*o e comoac+avam que sa'ia 5or uma es5écie de m93ica6 5ensam que nada me 5ode esca5ar% 89rias vezestin+am visto que6 5ara ter certeza do camin+o6 sacava um ma5a e uma ';sso*a% 5articu*armentequando encontrei o camin+o de Ca3oatez5an6 e tin+am dito a v9rios es5an+1is que assim euconse3uira sa'(*o% A*3uns de*es6 dese?ando asse3urar(me de sua 'oa vontade6 até vieram a mim e

 5ediram(me que o*+asse no vidro e no ma5a 5ara veri<icar suas 'oas intenç0es6 ?9 que era assim queeu sa'ia de todas as outras coisas deiei que acreditassem que aqui*o era verdade e que a ';sso*a eo ma5a tudo me reve*avamD H4I%

O com5ortamento de Montezuma era contradit1rio Haco*+er ou não aco*+er os es5an+1isI6 ereve*ava o esta do de indecisão em que se encontrava o im5erador asteca6 o que seria e5*orado 5orseus advers9rios% O com5orta mento de Cortez é <reqZentemente tão contradit1rio quan to o deMontezuma6 na a5arncia mas essa contradição é ca*cu*ada6 e tem 5or o'?etivo He 5or e<eitoIcon<undir sua mensa3em6 deiar seus inter*ocutores 5er5*eos% Um mo mento de sua marc+a 5ara aCidade do Méico é eem5*ar nesse sentido% Cortez est9 em Cem5oa*a6 rece'ido 5e*o D3randecaciqueD6 que es5era que o c+e<e es5an+o* o a?ude a rec+açar o ?u3o asteca% C+e3am nesse momento

cinco enviados de Montezuma6 encarre3ados de co*etar o im5osto <icam 5articu*armenteirados com a 'oa aco*+ida aos es5an+1is% O 3rande cacique vem até Cortez 5ara 5edir conse*+oeste *+e diz que 5renda os co*etores6 o que é <eito mas quando os cem5oa*eses se 5ro50em a

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sacri<icar os 5risioneiros6 Cortez se o50e e ?unta seus 5r15rios so* dados J 3uarda da 5risão% Quandocai a noite6 5ede a seus so*dados que *+e tra3am6 Js escondidas6 dois dos cinco 5risioneiros6 os maisinte*i3entes se 5oss.ve* tendo(os diante de si6 simu*a a inocncia6 es5anta(se ao v(*os 5risioneiros ese 5ro50e a *i'ert9(*os 5ara asse3urar a <u3a de*es6 c+e 3a a conduzi(*os em um de seus 'arcos 5ara<ora do territ1rio cem5oa*s% =ivres6 vão até Montezuma6 e contam(*+e o que devem a Cortez% #aman+ã se3uinte6 os cem5oa*eses desco'rem a <u3a e querem sacri<icar 5e*o menos os trs

 5risioneiros restantes mas Cortez se o50e <ica indi3 nado com a ne3*i3ncia dos 3uardascem5oa*eses e 5ro50e 3uardar os outros trs em seus 5r15rios 'arcos6 O 3rande cacique e seusco*e3as aceitam mas sa'em que Montezuma ser9 avisado da re'e*ião de*es ?uram entJo <ide*idadea Cortez e se com5rometem a a?ud9(*o em sua *uta contra o im5erador asteca% DFoi então que

 ?uraram o'edincia J :ua Ma?estade6 diante do escrivão &ie3o PodoV e in<ormaram essesacontecimentos Js outras a*deias da que*a 5rov.ncia% Como não 5a3avam mais tri'utos e não viamos co*etores6 não 5odiam conter a a*e3ria6 5ensando na tirania de que estavam *ivresD HBerna* &.az6/-I%

As mano'ras de Cortez tm dois destinat9rios os cem5oa*eses e Montezuma% Com os 5rimeiros6 ascoisas são re*ativamente sim5*es Cortez *eva(os a uma a*iança irrevers.ve* com os es5an+1is% Como

os co*etores astecas estão 'em 5r1imos6 e os tri'utos sJo 'em 5esados6 ao 5asso que o Rei deEs5an+a é uma 5ura a'stração e não 5ede6 5or enquanto6 nen+um im5osto6 os cem5oa*esesencontram raz0es su<icientes 5ara 5assar 5ara o outro *ado% As coisas são mais com5*eas no que sere<ere a Montezuma% E*e sa'er96 5or um *ado6 que seus enviados <oram ma*tratados 3raças J

 5resença dos es5an+1is mas6 5or outro *ado6 que a vida de*es <oi sa*va 3raças aos mesmoses5an+1is% Cortez se a5resenta6 simu*taneamente6 como inimi3o e como a*iado6 tornandoim5oss.ve*6 ou6 em todo caso6 in?usti<ic9ve*6 qua* quer ação de Montezuma contra e*e através desseato im 50e seu 5oder6 ao *ado do de Montezuma6 5ois este não 5ode 5uni(*o% Enquanto sa'ia a5enasa 5rimeira 5arte da +ist1ria6 Montezuma D?9 tin+a mandado um de seus 3randes eércitos 5aracom'ater as a*deias re'e*desD tendo ou vido a se3unda6 Dsua c1*era cedeu e e*e concordou emenviar a*3uém 5ara in<ormar(se acerca de nossas intenç0esD HBerna* &.az6 /I% O resu*tado damensa3em m;*ti5*a de Cortez é que Montezuma ?9 não sa'e o que deve 5ensar6 e é o'ri3ado avo*tar J 'usca de in<ormação%

A 5rimeira 5reocu5ação de Cortez quando est9 <raco6 é <azer com que os outros 5ensem que é <orte6não 5ermitir que descu'ram a verdade esta 5reocu5ação é constante% DComo t.n+amos anunciadoque aque*e seria nosso camin+o6 ac+ei me*+or 5erseverar e não recuar6 5ara que não 5ensassem queme <a*tava cora3emD H2I% D"or mim6 ac+ei que demonstrar tão 5ouca cora3em diante dos natu rais6so'retudo diante dos que eram nossos ami3os6 seria su<iciente 5ara a<ast9(*os de n1s e *em'rei(mede que a sorte sem5re <avorece os audaciososD H2I% D"areceu(me que6 em'ora não <osse nossocamin+o6 seria 5usi*@nime 5assar sem *+es dar uma 'oa *ição6 e 5ara que nossos ami3os não

 5ensassem que o medo nos im5edia de <az(*oD etc% H)I% &e modo 3era*6 Cortez é um +omemsens.ve* Js a5arncias% Quando é nomeado 5ara *iderar a e5edição6 seus 5rimeiros 3astos serãodedicados J com5ra de uma rou5a im5onente% DComeçou a cuidar(se e en<eitar(se muito mais doque de +9'ito% "Gs um 5ena c+o e um meda*+ão e uma corrente de ouroD HBerna* &iaz6 27I mas

 5ode(se 5ensar que6 ao contr9rio dos c+e<es astecas6 e*e não usava todas as suas ins.3nias durante as 'ata*+as% :eus encontros com os mensa3eiros de Montezuma tam'ém são cercados de todo umcerimonia*6 que devia ser 'astante cGmico na <*oresta tro5ica*6 ma nem 5or isso deiava de surtire<eito%

Cortez tem a re5utação de 'em(<a*ante sa'e(se que c+e 3a a escrever 5oesias6 e os re*at1rios queenvia a Car*os 8 evidenciam um not9ve* dom.nio da *.n3ua% Os cronistas mostram(no

<reqZentemente em atividade6 tanto ?unto a seus so*dados como quando se diri3e aos caciques6 5orinter médio de intér5retes% DWs vezes o ca5itão nos diri3ia 'e*.ssimos discursos6 que nosconvenciam de que ser.amos todos condes ou duques6 e nos tornar.amos no'res trans <ormava(nos

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assim de cordeiros em *e0es6 e n1s camin+9 vamos ao encontro de eércitos 5oderosos sem medoou +esitaçãoD HFrancisco de A3ui*ar vo*taremos J com5aração com os *e0es e os cordeirosI% D&enatureza a<9ve*6 era 5ro curado e a3radava 5or sua conversaD HBerna* &.az6 27I% DCortez sa'iaconquistar a atenção dos caciques com 'oas 5a*avrasD Hi'id%6 )I% DCortez conso*ou(os com 5a*avrasamistosas que e*e e do<ia Marina sa'iam muito 'em em 5re3arD Hi'id%6 I% Até mesmo seu inimi3o

 ?urado6 =as Casas6 en<atiza seu com5*eto desem'araço na comunicação com os +omens descreve(o

como um +omem que Dsa'ia <a*ar a todosD e tin+a Dvivacidade astuciosa e cincia mundanaDHNistoria6 ,,,6 ,,/ e ,,4I%

"reocu5a(se i3ua*mente com a re5utação de seu eército6 e contri'ui conscientemente 5ara suae*a'oração% Ao su'ir com Montezuma até o to5o de uni dos tem5*os da Cidade do Méico6 comuma a*tura de cento e catorze de 3raus6 o im5erador asteca convida(o a descansar% DCortezres5ondeu(*+e6 5or meio de nossos intér5retes6 que nem e*e nem nen+um de seus +omens ?amais secansava6 qua* quer que <osse a razãoD HBerna* &.az6 >2I%

Pomara <az com que e*e reve*e o se3redo desse com5ortamento num discurso6 que Cortez teria <eitoa seus so*dados DO des<ec+o da 3uerra de5ende muito de nossa re5utaçãoD H,,/I% Quando entra

 5e*a 5rimeira vez na Cidade do Méico6 dis5ensa a com5an+ia de um eército de .ndios a*iados6 5ois isso 5o deria ser inter5retado como um sina* de +osti*idade em com5ensação6 quando rece'e6a51s a queda da Cidade doMéico6 os mensa3eiros de um c+e<e distante6 ei'e ostensivamente todoo seu 5oder "ara que ve?am nosso modo de a3ir e contem isso ao seu sen+or6 <iz com que todos oscava*os <ossem *evados a uma 5raça e corressem e *utas sem diante de*es a in<antaria se co*ocouem <ormação de 'ata*+a6 com os arca'uzeiros6 que descarre3aram suas ar mas6 enquanto euordenava que atirassem 3ranadas so're uma das torresD H)I% E sua t9tica mi*itar 5re<erida ser9 ( ?9que e*e d9 a im5ressão de estar <orte quando est9 <raco ( simu*ar sua <raqueza ?ustamente quandoest9 <orte6 5ara atrair os astecas a armadi*+as mortais%

Em todo o decorrer da cam5an+a6 Cortez demonstra seu 3osto 5or aç0es es5etacu*ares6 'emconsciente do va*or sim'1*ico de*as% 6 5or eem5*o6 essencia* 3an+ar a 5rimeira 'ata*+a contra os.ndios destruir os .do*os ao 5rimeiro desa<io dos sacerdotes6 5ara mostrar sua invu*nera'i*idadesair vitorioso do 5rimeiro com'ate entre 'er3antins e canoas ind.3enas queimar um determinado

 5a*9cio no interior da cidade 5ara mostrar a am5*itude de sua 5enetração su'ir até o to5o de umtem5*o 5ara que todos 5ossam v(*o a*i% "une rara6 mas eem5*armente6 de modo que todos a

 5rendem temos um eem5*o disso na vio*ncia com que re5rime a re3ião de "anuco6 a51s umasu'*evação que e*e aniqui*ou nota(se a atenção que d9 J di<usão da in<ormação Ordena que cadaum dos ^ senta[ caciques <aça vir seu +erdeiro%

A ordem é cum5rida% Todos os caciques são então queimados numa imensa <o3ueira e seus

+erdeiros assistem J eecução% Cortez c+ama(os em se3uida e *+es 5er3unta se sa'em como <oidada a sentença contra seus 5ais assassinos6 de5ois6 tomando um ar severo6 acrescenta que es5eraque o eem5*o 'aste e que e*es não se?am mais sus5eitos de deso'edinciaD H"ierre MartVr6 86 2I%O uso que Cortez <az de suas armas tem uma e<ic9cia mais sim'1*ica do que 5r9tica% Ordena aconstrução de uma cata5u*ta que não <uncionar96 mas não <az ma* DMesmo se e*a não tivesse tidooutro e<eito senão amedront9(*os6 o que aconteceu6 esse medo era tão 3rande que 5ens9vamosque os inimi3os se renderam6 e isso nos 'astavaD HCortez6 )I% =o3o no in.cio da e5edição6 or3anizaverdadeiros es5et9cu*os de Dsom e *uzD com seus cava*os e seus can+0es Hque então não tmnen+uma outra uti*idadeI sua 5reocu5ação com a encenação é rea*ot9ve*% Esconde num determinado *oca* uma é3ua6 e co*oca em <rente de*a seus an<itri0es .ndios e um 3aran+ão asmani<estaç0es 'aru*+entas deste ;*timo a5avoram essas 5essoas que nunca tin+am visto um cava*o%

Esco*+endo um momento de ca*maria6 Cortez manda dis5arar os can+0es que tam'ém estão 'em 5erto% E*e não inventou esse ti5o de estrata3ema6 mas é certamente o 5rimeiro a a3ir assim de modosistem9tico% Em outra ocasião6 *eva seus convidados a um *oca* onde o so*o é duro6 5ara que os

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cava*os 5ossam 3a*o5ar ve*ozmente6 e manda dis5arar novamente o 3rande can+ão6 descarre3ado%:a'emos6 5e*os re*atos astecas6 que essas encenaç0es atin3iam seus o'?etivos D#esse instante osemiss9rios 5erderam a ca'eça6 e desmaiaram% &es5encaram6 a<undaram cada um de um *ado ?9 nãoeram sen+ores de si mesmosD HCF6 K6 4I% Esses 5asses de m93ica são tão e<icientes6 que um 5adre

 5Gde escrever tranqZi*amente6 a*3uns anos mais tarde DEssa 3ente tem tanta con<iança em n1s que ?9 não são necess9rios mi*a3resD HFrancesco de Bo*o3naI% Esse com5ortamento de Cortez <az

 5ensar6 irresistive* mente6 no ensinamento quase contem5or@neo de Maquia ve*% #ão se trata6evidentemente6 de uma in<*uncia direta6 mas do es5.rito de uma é5oca6 que se mani<esta nosescritos de um e nos atos do outro de resto6 o reisD cat1*icoD Fernando6 cu?o eem5*o Cortez não

 5odia i3norar6 é cita do 5or Maquiave* como mode*o do Dnovo 5r.nci5eD% Como deiar de <azer aa5roimação entre os estrata3emas de Cortez e os 5receitos de Maquiave*6 que eri3e a re5utação e o<az(de(conta ao to5o dos novos va*ores D#ão é 5reciso que um 5r.nci5e ten+a todas as qua*idadessu5racitadas6 mas é 5reciso que 5areça t(*as% Ousaria até dizer que se e*e as tiver e as usar sem5re6e*as o 5re?udicarão mas6 <in3indo t(*as6 e*as serão 5roveitosasD HO 5r.nci5e6 ,I% &e modo 3era*6no mundo de Maquiave* e de Cortez6 o discurso não é determinado 5e*o o'?eto que descreve6 nem

 5e*a con<ormidade a uma tradição6 mas é constru.do unicamente em <unção do o'?etivo que se 5rocura atin3ir%

A me*+or 5rova de que 5odemos dis5or quanto J ca5acidade de Cortez em com5reender e <a*ar a*in3ua3em do outro é sua 5artici5ação na e*a'oração do mito da vo*ta de Quetza*coat*% #ão ser9essa a 5rimeira vez em que os conquistadores es5an+1is e5*oram os mitos ind.3enas em seu

 5r15rio 'ene<icio% "ierre MartVr consi3nou a como vente +ist1ria da de5ortação dos *ucaVos6+a'itantes das atuais *+as Ba+amas6 que acreditam que6 a51s a morte6 seus es5.ritos 5artem 5arauma terra 5rometida6 5ara um 5ara.so6 onde 5odem 3ozar todos os 5razeres% Os es5an+1is6 que

 5recisam de mão(de(o'ra e não conse3uem encontrar vo*unt9rios6 assimi*am ra5idamente o mitoe com5*etam(no em seu 5r15rio 'ene<.cio% DAssim que os es5an+1is sou'e ram das crençasin3nuas dos insu*ares em re*ação a suas a*mas que6 a51s a e5iação das <a*tas6 devem 5assar dasmontan+as 3e*adas do norte 5ara as re3i0es meridionais6 tudo <izeram 5ara 5ersuadi(*os a a'andonar

 5or iniciativa 5r15ria o so*o nata* e se deiar *evar Js i*+as meridionais de Cu'a e Nis5anio*a%Conse3uiram convenc(*os de que e*es mesmos estavam c+e3ando ao 5a.s onde encontrariam seus

 5ais e <i*+os mortos6 todos os 5arentes e ami3os6 e des<rutariam de todas as de*.cias nos 'raçosdaque*es que tin+am amado% Como os sacerdotes ?9 tin+am incutido ne*es essas <a*sas crenças6e os es5an+1is con<irmavam(nas6 deiaram a 59tria nessa vã es5erança% Assim que com5reenderanque tin+am a'usado de*es6 ?9 que não encontravam nem os 5arentes nem 5essoa a*3uma quedese?avam e eram6 ao contr9rio6 <orçados a su5ortar <adi3as e a eecutar tra'a*+os duros aos quaisnão estavam +a'ituados6 <icaram deses5erados% Ou se suicidavam6 ou então reso*viam morrer de<ome e <a*eciam de cansaço6 recusando qua*quer ar3umento6 e até mesmo a vio*ncia6 5ara sea*imentarem% H%%%I Assim 5ereceram os desa<ortunados *ucaVosD H86 /I%

A +ist1ria do retomo de Quetza*coat*6 no Méico6 é mais com5*ea6 e suas conseqZncias6 'em maisim5ortantes% Eis os <atos6 em 5oucas 5a*avras% :e3undo os re*atos ind. 3enas anteriores J conquista6Quetza*coat* é uma 5ersona 3em simu*taneamente +ist1rica Hum c+e<e de estadoI e *e3end9ria HumadivindadeI% Em um dado momento6 é o'ri3ado a deiar seu reino e 5artir 5ara o *este Ho At*@nticoIdesa5arece6 mas se3undo a*3umas vers0es do mito 5ro mete Hou ameaçaI vo*tar um dia 5ararecu5erar o que é seu% Ca'e *em'rar aqui que a idéia do retorno de um messias não desem5en+a um

 5a5e* essencia* na mito*o3ia asteca que Quetza*coat* é a5enas uma divindade entre outras e nãoocu5a um *u3ar de destaque H5articu*armente na Cidade do Méico6 cu?os +a'itantes consideram(nodeus dos c+o*u*tecasI e que a5enas a*3uns re*atos 5rometem sua vo*ta6 enquanto outrossim5*esmente descrevem seu desa5arecimento%

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Ora6 os re*atos ind.3enas da conquista6 5articu*armente os reco*+idos 5or :a+a3;n e &ur9n6 dizemque Montezuma tomou Cortez 5or Quetza*coat*6 que vo*tava 5ara recu5erar seu reino essaidenti<icação seria um dos motivos 5rinci5ais de sua 5assividade diante do avanço dos es5an+1is%"ode(se duvidar da autenticidade dos re*atos6 que dizem o que ac+avam os in<ormantes dos 5adres%A idéia de uma identidade entre Quetza*coat* e Cortez rea*mente eistiu nos anos imediatamentesu'seqZentes J conquista com5rovada tam'ém 5e*a re5entina recrudescncia na 5rodução de

o'?etos de cu*to *i3ados a Quetza*coat*% Ora6 +9 um +iato evidente entre esses dois estados do mitoo anti3o6 onde o 5a5e* de Quetza*coat* é secund9rio6 e sua vo*ta incerta e o novo6 onde aque*e é 5redominante e esta a'so*utamente certa% Uma <orça deve ter intervindo 5ara ace*erar essatrans<ormação do mito%

Essa <orça tem um nome Cortez% E*e sintetizou v9rios dados% A di<erença radica* entre es5an+1is e.ndios6 e a re*ativa i3nor@ncia de outras civi*izaç0es 5or 5arte dos as tecas *evavam6 como vimos6 Jidéia de que os es5an+1is eram deuses% Mas quais deuses a. que Cortez deve ter <ornecido o e*oque <a*tava6 esta'e*ecendo a re*ação com o mito6 um tanto mar3ina*6 mas tota*mente 5ertencente JD*in3ua3em do outroD6 da vo*ta de Quetza*coat*% Os re*atos que se encontram em :a+a3;n e &ur9na5resentam a identi<icação Cortez(Quetza*coat* como tendo sido 5roduzida no es5.rito do 5r15rio

Montezuma% Mas essa a<irmação 5rova somente que6 5ara os .ndios da 51s(conquista6 isso eraveross.mi* ora6 é certamente nisso que se 'aseia o racioc.nio de Cortez6 que 5rocurava 5roduzir ummito 'em .ndio% Em re*ação a isso6 dis5omos de 5rovas mais diretas%

A 5rimeira <onte im5ortante que esta'e*ece a eistncia desse mito são as cartas(re*at1rios do 5r15rio Cortez% Esses re*at1rios6 endereçados ao im5erador Car*os 86 não tm um mero va*ordocument9rio 5ara Cortez6 como vimos6 a 5a*avra é um meio de mani5u*ar as 5essoas6 antes de serre<*eo <ie* do mundo6 e6 em suas re*aç0es com o im5erador6 tem tantos o'?etivos a atin3ir que ao'?etivida de não é sua 5reocu5ação 5rinci5a*% #ão o'stante6 a evo cação desse mito6 ta* como seencontra em seu re*ato do 5rimeiro encontro com Montezuma6 é a*tamente reve*adora% Montezumateria dec*arado6 diri3indo(se a seu +1s5ede es5an+o* e a seus 5r15rios no'res D&evido ao *u3ar deonde dizeis vir6 a sa'er o *evante6 e Js coisas que dizeis do 3rande sen+or ou rei que vos envia aqui6cremos e estamos certos de que é esse o nosso sen+or natura*6 5articu*ar( mente 5orque dizeis quee*e nos con+ece +9 muito tem5o%D Ao que Cortez res5onde DO que ac+ei conveniente6 tratandoes5ecia*mente de convenc(*o de que 8ossa Ma?estade era aque*e que es5eravamD HCortez6 2I%

"ara caracterizar seu 5r15rio discurso6 Cortez encontra6 si3ni<icativamente6 a noção ret1rica<undamenta* do DconvenienteD o discurso é re3ido 5or seu o'?etivo6 não 5or seu o'?eto% Mas CorteznJo tem nen+um interesse em convencer Car*os 8 de que este ;*timo é6 sem sa'er6 um Quetza*coat*em re*ação a isso6 seu re*at1rio deve dizer a verdade% Ora6 nos <atos re*atados6 vemos suaintervenção duas vezes a convicção Hou sus5eitaI inicia* de Montezuma ?9 é e<eito das 5a*avras de

Cortez HDdevido 9s coisas que dizeisDI6 e 5articu*armente do ar3umento en3en+oso se3undoo qua* Car*os 8 ?9 os con+ece +9 muito tem5o Hnão devia ser di<.ci* 5ara Cortez 5roduzir 5rovasdissoI% E6 em res5osta6 Cortez a<irma e5*icitamente a identidade das duas 5ersona3ens6tranqZi*izando Montezuma6 enquanto se mantém va3o e d9 a im5ressão de estar a5enascon<irmando uma convicção que o outro teria adquirido 5or suas 5r15rias vias% :em que nos se?a

 5oss.ve*6 5ois6 ter certeza de que Cortez é o ;nico res5ons9ve* 5e*a identi<icaçJo entre Quetza*coat*e os es5an+1is6 constatamos que <az tudo 5ara a*iment9(*a% :eus es<orços serão coroados de sucesso6em'ora a *enda deva ainda 5assar 5or a*3umas trans<ormaç0es Hdeiando de *ado Car*os 8 eidenti<icando diretamente Cortez a Quetza*coat'% E essas trans<ormaç0es são rent9veis em todos osn.veis Cortez 5ode assim 3a'ar(se de uma *e3itimidade ?unto aos .ndios a*ém disso6 <ornece( *+esum meio de raciona*izar sua 5r15ria +ist1ria senão6 sua vinda teria sido a'surda e 5ode(se su5or

que a resis tncia teria sido muito mais im5*ac9ve*%

Mesmo que Montezuma não tome Cortez 5or Quetza*coat* Ha*i9s6 e*e não teme Quetza*coat

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* a esse 5ontoI6 os .ndios que com5orão os re*atos6 isto é6 os autores da re5resentação co*etiva6 acreditam nisso o que tem conseqZncias incomensur9veis% de<initivamente 3raças ao dom.nio dossi3nos dos +omens que Cortez 3arante seu contro*e so're o anti3o im5ério asteca% Ainda que oscronistas6 es5an+1is ou .ndios6 se equivoquem6 ou mintam6 suas o'ras continuam e*oqZentes 5aran1s o 3esto que cada uma de*as constitui reve*a a ideo*o3ia do autor6 inc*usive quando a narraçãodos acontecimentos é <a*sa% 8imos o quanto o com5ortamento semi1tico dos .ndios acom5an+ava o

dom.nio6 entre e*es6 do 5rinc.5io +ier9rquico so're o 5rinc.5io democr9tico6 e a 5reeminncia dosocia* so're o individua*% :e com5ararmos os re*atos da conquista6 ind.3enas e es5an+1is6desco'riremos ainda a o5osição entre dois ti5os de ideo*o3ia 'em distintos% Tomemos doiseem5*os dos mais ricos a crGnica de Berna* &iaz de um *ado a do Code F*orentino6 reco*+ida

 5or :a+a3;n6 do outro% E*as não di<erem 5e*o va*or documenta* am'as mesc*am verdades e erros% #em 5e*a qua*idade estética am'as são comoventes e até mesmo 5ertur'adoras% Mas não sãoconstru.das do mesmo modo% O re*ato do Code F*orentino é a +ist1ria de um 5ovo contada 5oresse mesmo 5ovo% A crGnica de Berna* &.az é a +ist1ria de a*3uns +omens contada 5or um +omem%

 #ão que ineistam identi<icaç0es individuais no Code F*orentino% 89rios 3uerreiros va*entes sãomencionados6 assim como 5arentes do so'erano6 sem <a*ar no 5r15rio evocam(se 'ata*+ases5ec.<icas6 e o *oca* onde ocorrem é 5recisamente indicado% #o entanto6 esses indiv.duos nun ca se

tornam D5ersona3ensD não 5ossuem uma 5sico*o3ia individua* que seria res5ons9ve* 5or seus atos eque os di<erenciaria uns dos outros% A <ata*idade reina so're o desenro*ar dos acontecimentos6 e emmomento a*3um temos o sentimento de que as coisas 5oderiam ter ocorrido de outro modo% #ão sãoesses indiv.duos que6 5or adição ou <usão6 <ormam a sociedade asteca é e*a6 ao contr9rio6 que é odado inicia*6 o +er1i da +ist1ria os indiv.duos são a5enas suasinst@ns%

Berna* &.az conta e<etivamente a +ist1ria de a*3uns +omens% #ão somente Cortez6 mas todos osmencionados são 5rovidos de traços individuais6 <.sicos e morais cada um de*es é uma misturacom5*ea de qua*idades e de<ei tos cu?os atos são im5revis.veis do mundo do necess9rio6 5assamos

 5ara o do ar'itr9rio6 ?9 que cada indiv.duo 5ode ser a <onte de uma ação que *eis 3erais não 5oderiam 5re ver% #esse sentido6 sua crGnica se o50e não somente aos re*atos ind.3enas Hque e*ei3noravaI6 como tam'ém J de Pomara6 sem a qua* ( no dese?o de contradiz(*a ( Berna* &.az ta*veznão tivesse escrito6 e tivesse a5enas contado sua +ist1ria ora*mente6 como deve ter <eito v9riasvezes% Po mara su'mete tudo J ima3em de Cortez6 que deia então de ser um indiv.duo6 5aratornar(se uma 5ersona3em idea*% Berna* &iaz6 ao contr9rio6 reivindica a 5*ura*idade e a di versidadedos 5rota3onistas se eu <osse um artista6 diz e*e6 D5oderia até desen+ar o as5ecto de cada ummarc+ando 5ara o com'ateDH27I%

E vimos o quanto seu re*ato a'unda em deta*+es Din;teisD Hou me*+or6 desnecess9rios6 que não sãoim5ostos 5e*a <ata*idade do destinoI 5or que dizer que A3ui*ar carre3ava a sand9*ia J cintura"orque6 a seu ver6 é essa sin3u*aridade do acontecimento que constitui sua identidade% #a verdade6

encontram(se no Code F*orentino a*3uns de ta*+es do mesmo ti5o as 'e*as .ndias que co'rem orosto de *ama 5ara esca5ar dos o*+ares *ascivos dos es5an+1is estes se vem o'ri3ados a se3urarum *enço so' o nariz 5ara evitar o odor dos cad9veres as rou5as em5oeiradas de Cuau+temocquando se a5resenta diante de Cortez% Mas todos e*es a5arecem nos ;*timos ca5.tu*os6 a51s a quedada Cidade do Méico6 como se o desmoronamento do im5ério <osse acom5an+ado 5e*a vit1ria domodo narrativo euro5eu so're o esti*o ind.3ena o mundo da 51s(conquis ta é mestiço6 nos <atoscomo nas maneiras de os narrar% #o Code F*orentino6 não sa'emos em momento a*3um quem<a*a ou me*+or6 sa'emos que não se trata do re*ato de um indiv.duo6 mas daqui*o que a co*etividade

 5ensa% #ão é 5or acaso que i3noramos os nomes dos au tores desses re*atos isto não se deve Jne3*i3ncia de :a+a3;n6 mas J não(5ertinncia da in<ormação% O re*ato 5ode contar v9riosacontecimentos que ocorreram simu*taneamente6 ou em *ocais 'em a<astados uns dos outros nunca

se 5reocu5a em a5resentar as <ontes dessas in<ormaç0es6 ou e5*icar como se sou'e de tudo isso% Asin<ormaç0es não tm <onte6 5ois 5ertencem todos6 e é ?ustamente isso que as torna 5ro'antes setivessem uma ori3em individua* seriam6 ao contr9rio6 sus5eitas%

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nversamente6 Berna &.az autenti<ica suas in<ormaç0es6 5ersona*izando suas <ontes% W di<erença dePomara6 mais uma vez6 se quer escrever6 não é 5orque se considera um 'om +istoriador6 ca5az dee5rimir me*+or uma verdade comum a todos seu 5ercurso sin3u*ar6 ece5ciona*6 qua*i<ica(oenquanto cronista é 5orque e*e6 5essoa*mente6 estava *96 5orque assistiu aos acontecimentos6 quedeve a3ora cont9(*os% Em um de seus raros en*evos *.ricos6 e c*ama D:e não estivesse 5resente emnossas 'ata*+as6 se não as tivesse visto6 nem com5reendido6 como a*3uém 5oderia cont9(*as Quem6

então6 vir9 diz(*as :eriam os 59s saros que voavam nos ares enquanto est9vamos ocu5adosno com'ate Ou então as nuvens que 5*anavam so're nossas ca'eças Este cuidado no dever96 emvez disso6 ser dei ado a n1s6 ca5itães e so*dados6 que est9vamos com5ro metidos na açãoD H2 E6cada vez que conta 5eri5écias que não 5resenciou6 indica de que me como sou'e da +ist1ria ( 5oise*e não é o ;nico na é5oca6 entre os conquis tadores6 a desem5en+ar o 5a5e* de testemun+aDEst9vamosD6 escreve6 Dem cont.nua comunicação uns com os outrosD H27I%

"oder.amos 5rosse3uir nessa com5aração das moda*idades de re5resentação no 5*ano da ima3em%As 5ersona3ens a5resentadas nos desen+os ind.3enas não são 5ersona*izadas interiormente quandose a*ude a urna 5essoa es5ec.<ica6 um 5icto3rama que a identi<ica a5arece ao *ado da ima3em%Qua*quer idéia de 5ers5ectiva *inear e6 5ortanto6 de um 5onto de vista individua*6 est9 ausente os

o'?etos são re5resentados em si mesmos6 sem interação 5oss.ve* entre e*es6 e não como se a*3uémos visse o 5*ano e o corte são *ivremente ?usta5ostos uma ima3em Hc<% <i3% I <i3urando o tem5*ocia Cidade do Méico re5resenta todas as 5aredes vistas de <rente6 e tudo su'ordinado ao 5*ano doso*o e6 ainda6 5ersona3ens maiores do que as 5aredes% As escu*turas astecas são tra'a*+adas de todosos *ados6 inc*usive na 'ase6 ainda que 5esem v9rias tone*adas é que o es5ectador do o'?eto é tão

 5ouco individua* quanto seu eecutor a re5resentação nos d9 essncias6 não se im5or ta com asim5ress0es de um +omem% A 5ers5ectiva *inear euro5éia não nasceu da 5reocu5ação de va*orizarum 5onto de vista ;nico e individua*6 mas torna(se o seu s.m'o*o6 ?untando se J individua*idade doso'?etos re5resentados% "ode 5arecer temer9rio *i3ar a introdução da 5ers5ectiva J desco'erta daAmérica e contudo a re*ação eiste6 não 5or que Toscanei*i6 ins5irador de Co*om'o6 era ami3o deBrunei*esc+i e A*+erti6 5ioneiros da 5ers5ectiva Hou 5orque "iero dei*a Francesca6 outro <undador da

 5ers5ectiva6 morreu a ,2 de outu'ro de ,/>2I6 mas em razão das trans<ormaç0es que os dois <atosreve*am e 5roduzem6 simu*taneamente6 nas conscincias%

O com5ortamento semi1tico de Cortez 5ertence a seu tem5o e a seu *u3ar% Em si6 a *in3ua3em não éum instru mento u<*$voco serve i3ua*mente J inte3ração no seio da comunidade e J mani5u*ação deoutrem% Mas Montezuma 5rivi*e3ia a 5rimeira <unção Cortez6 a se3unda% Um ;*timo eem5*o dessadi<erença encontra(se no 5a5e* atri'u.do aqui e *9 J *.n3ua naciona*% Os astecas e os maias6 em'ora6como vimos6 venerassem o dom.nio do sim'1*ico6 não 5arecem ter com5reendido a im5ort@ncia

 5o*.tica da *.n3ua comum6 e a diversidade *in3Z.stica torna di<.ci* a comunicação com osestran3eiros% DFa*am(se duas ou trs *.n3uas di<erentes em v9rias cidades6 e quase não +9 contato

ou <ami*iaridade entre os 3ru5os que <a*am essas *.n3uas di<erentesD6 escreve !orita H>I% =9 onde a*.n3ua é6 antes de mais nada6 um meio de desi3nar6 e de e5ressar a coerncia 5r15ria do 3ru5o quea <a*a6 não é 6necess9rio im5G(*a ao outro%

A *.n3ua <ica situada no es5aço de*imitado 5e*o interc@m'io dos +omens com os deuses e o mundo6em vez de ser conce'ida como instrumento concreto de ação so're outrem% :erão 5ortanto oses5an+1is que instaurarão o natura* como *.n3ua ind.3ena naciona* no Méico6 antes de rea*izar a+is5anização serão os <rades <ranciscanos e dominicanos que se *ançarão ao estudo das *.n3uasind.3enas6 assim como ao ensino do es5an+o*% Este com5ortamento ?9 estava 5re5arado +9 muitotem5o e o ano de ,/>26 que ?9 +avia visto a not9ve* coincidncia da vit1ria so're os 9ra'es6 doe.*io im5osto aos ?udeus e da desco'erta da América6 é tam'ém o ano da 5u'*icação da 5rimeira

3ram9tica de uma *.n3ua euro5éia moderna6 e é a 3ram9tica do es5an+o*6 5or Antonio de #e'ri?a% Ocon+ecimento da *.n3ua6 nesse caso te1rico6 demonstra uma atitude nova6 nJo de veneração mas dean9*ise6 e de tomada de conscincia de sua uti*idade 5r9tica e #e'ri?a escreveu em sua introdução

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estas 5a*avras decisivas DA *.n3ua sem5re <oi a com5an+eira do im5ério%D

Amar 

Compreender, tomar e destruir

Cortez com5reende re*ativamente 'em o mundo asteca que se desco're diante de seus o*+os6certamente me *+or do que Montezuma com5reende as rea*idades es5an+o*as%E6 contudo6 essa com5reensão su5erior não im5ede os conquistadores de destruir a civi*ização e asociedade meicanas muito 5e*o contr9rio6 tem(se a im5ressão de que é ?ustamente 3raças a e*a quea destruição se torna 5oss.ve*% Eiste a. um encadeamento terr.ve*6 onde com5reender *eva a tomar6e tomar a destruir6 encadeamento cu?o car9 ter ine*ut9ve* 3ostar.amos de co*ocar em questão% A com

 5reensão não deveria vir ?unto com a sim5atia E ainda6 o dese?o de tomar6 de enriquecer J custado outro6 não deve ria 5redis5or J conservação desse outro6 <onte 5otencia* de riqueza O 5aradoo

da com5reensão que mata desa5areceria <aci*mente se <osse 5oss.ve* o'servar ao mesmo tem5o6naque*es que com5reendem6 um ?u*3amento de va*or inteiramente ne3ativo so're o outro se o itono con+eci mento viesse acom5an+ado de uma recusa aio*13ica% "ode r.amos ima3inar que6 tendoa5rendido a con+ecer os astecas6 os es5an+1is os ten+am considerado tão des5rez.veis que osten+am dec*arado6 e*es e sua cu*tura6 indi3nos de vi ver% Ora6 *endo os escritos dos conquistadores6vemos que não é nada disso6 e que6 em a*3uns as5ectos 5e*o menos6 os astecas 5rovocam aadmiração dos es5an+1is% Quando Cortez deve emitir um ?u*3amento so're os .ndios do Mé ico6ser9 sem5re 5ara a5roim9(*os dos es5an+1is +9 nisso mais do que um 5rocedimento esti*.stico ounarrativo% D#u ma de min+as cartas in<ormava 8ossa Ma?estade de que os naturais deste 5a.s sãomuito mais inte*i3entes do que os das i*+as que seu entendimento e sua razão de*es nos 5arece ramsu<icientes 5ara que e*es 5ossam se com5ortar como cidadãos ordin9riosD H)I% D#oscom5ortamentos e re*acionamentos6 essa 3ente tem quase os mesmos modos de vi ver que naEs5an+a6 e +9 tanta ordem e +armonia quanto *9 e6 considerando que são '9r'aros e tão a<astadosdo con+ecimento de &eus e da comunicação com outras na ç0es racionais6 é uma coisa admir9ve*ver a que 5onto c+e3aram em todas as coisasD H2I note(se que6 5ara Cortez6 as re*aç0es com umaoutra civi*ização 5odem e5*icar um a*to n.ve* de cu*tura%

As cidades dos meicanos6 5ensa Cortez6 são tão civi*izadas quanto as dos es5an+1is6 e e*e d9 uma 5rova curio sa disso DN9 muita 3ente 5o're que6 nas ruas6 nas casas e nos mercados im5*ora aosricos6 como <azem os 5o'res na Es5an+a e em outros 5a.ses onde +9 3ente raciona*D H2I% #averdade6 as com5araç0es sem5re <avorecem o Méico6 e é im5oss.ve* não <icar im5ressionado com

sua 5recisão6 mesmo que se *eve em conta o em5en+o de Cortez em *ouvar os méritos do 5a.s queo<erece a seu im5erador% DOs es5an+1is H%%%I <a*aram es5ecia*mente de um acam5a mento entrinc+eirado com <orta*eza6 que era maior6 mais resistente e me*+or constru.do que o caste*o de Bur3osD H2I%Dsto *em'ra o mercado de sedas de Pranada6 com a di<erença de que tudo aqui é em maiorquantidadeD H2I% DA torre 5rinci5a* é mais a*ta do que a torre da catedra* de :evi*+aD H2I% DOmercado de Tenotit*9n é uma 3rande 5raça toda cercada de 51rticos e maior que a de:a*amancaDH)I%

Um outro cronista diz DAinda que os es5an+1is o tivessem <eito6 não teria sido me*+or eecutadoDH&ie3o PodoVI% "ara resumir D:1 5osso dizer que na Es5an+a não +9 nada de com5ar9ve*D HCortez62I% Essas com5araç0es demonstram6 é c*aro6 o dese?o de a5reender o descon+ecido com o au.*io do

con+ecido6 mas tam'ém contm uma distri'uição dos va*ores sistem9tica e reve*adora% Os modosdos astecas6 ou 5e*o menos os de seus diri3entes6 são mais re<inados que os dos es5an+1is% Cortezdescreve com es5anto os 5ratos aquecidos no 5a*9cio de Montezuma DComo <azia <rio6 traziam

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cada 5rato e cada taça so're um 5equeno 'raseiro c+eio de 'rasas6 5ara que nada es<riasseD H2I6 e areação de Berna* &.az aos sanit9rios é a mesma D"ara manter intacta essa ordem6 era costume <azer6ao *on3o dos camin+os6 a'ri3os de caniço6 5a*+a ou <o*+as6 onde6 sem ser visto 5e*os

 5assantes6 se en trava se sur3isse a vontade de esvaziar o ventreD H>2I%

Mas 5or que *imitar(se J Es5an+a Cortez est9 convencido de que as maravi*+as que v são as

maiores do mun do% D#ão +9 nen+um 5r.nci5e con+ecido no mundo que 5ossua coisas de ta*qua*idadeD H2I% D#o mundo todo6 não se 5oderia tecer vestimentas como essas6 nem <eitas com coresnaturais tão numerosas e tão variadas6 nem tão 'em tra'a*+adasD H2I% DOs tem5*os são tão 'emconstru.dos6 em madeira e em a*venaria6 que não se 5oderia <azer me*+or em 5arte a*3umaD H2I%DTão <inamente eecutados em ouro e em 5rata que não +9 ?oa*+eiro no mundo ca5az de <azerme*+orD H2I% DEssa cidade ^ Méico* era a coisa mais 'e*a do mundoD H)I% E as ;nicas com5araç0esque Berna* &.az encontra são tiradas dos romances de cava*aria Ha*i9s6 *ei tura 5re<erida dosconquistadoresI D&iz.amos uns aos outros que era com5ar9ve* Js casas encantadas em Amadis6devido Js a*tas torres6 aos tem5*os e a todos os ti5os de edi<.cios6 constru.dos com ca* e areia6 na

 5r15ria 93ua da *a 3oa% A*3uns dos nossos se 5er3untavam se tudo o que v.a mos a*i não era umson+oD H-I%

Tanto encanto6 se3uido todavia de uma destruição tão com5*eta Berna* &.az escreveme*anco*icamente6 evocando sua 5rimeira visão da Cidade do Méico DI di3o ainda que ao veraque*e es5et9cu*o não 5ude crer que no mundo tivesse sido desco'erto outro 5a.s com5ar9ve*Jque*e onde est9vamos H%%%I Atua*mente6 a cidade toda est9 destru.da e nada ne*a restou em 5éD H-I%=on3e de esc*arecer(se6 5or tanto6 o mistério s1 aumenta não somente os es5an+1is com5reendiam

 'astante 'em os astecas como tam'ém sen tiam admiração 5or e*es e6 no entanto6 os aniqui*aram 5or qu 8amos re*er as <rases admirativas de Cortez% Uma coisa ne*as c+ama a atençãoeecutando(se umas 5oucas6 todas re<erem(se a o'?etos a arquitetura das casas6 as mercadorias6 ostecidos6 as ?1ias% Com5ar9ve* ao turista atua*6 que admira a qua*idade do artesanato quando via?a

 5ara a <rica ou a sia6 sem que 5or isso *+e ocorra a idéia de conviver com os artesãos que 5roduzem esses o'?etos% Cortez <ica em tase diante das 5roduç0es astecas6 mas não re con+eceseus autores como individua*idades +umanas equi5ar9veis a e*e% Um e5is1dio 5osterior J conquistai*ustra 'em essa atitude quando Cortez vo*ta J Es5an+a6 a*3uns anos a51s a conquista6 re;ne umaamostra 'astante si3ni<icativa de tudo o que6 se3undo e*e6 +9 de interessante no 5a.s conquistado6DE*e tin+a ?untado um 3rande n;mero de 59ssaros di<erentes dos de Caste*a muito di3nos de seremvistos (6 dois ti3res6 v9rios 'arris de *iqZid@m'ar6 '9*samo endurecido6 e um outro '9*samo6 *.quidocomo o 1*eo6 quatro .ndios6 5ro<undos con+ecedores da arte de <azer 3irar varetas com os 5és6 ?o3onot9ve* 5ara Caste*a ou qua*quer outro 5a.s outros .ndios mais6 3randes dança rinos6 que dão aim5ressão de voarem 5e*os ares dançando e*e trazia trs .ndios corcundas e an0es6 cu?o cor5o eramonstruosamente retorcidoD HBerna &.az6 ,>/6 c<% <i3% -I%

:a'e(se que esses ma*a'aristas e monstros causam admiração na corte es5an+o*a e diante do 5a5aC*emente 8 5ara onde se diri3em em se3uida% As coisas mudaram um 5ouco de5ois de Co*om'o6que6como sa'emos6 a3arrava os .ndios 5ara com5*etar uma es5écie de co*eção natura*ista6 emque e*es eram co*ocados ao *ado das 5*antas e animais e onde s1 im5ortava o n;mero seis ca'eçasde mu*+eres6 seis de +omens% #esse caso6 o outro era reduzido6 5ode(se dizer6 ao estatuto de o'?eto%Cortez ?9 não tem o mesmo 5onto de vista6 mas nem 5or isso os .ndios tornam(se su?eitos no sentido

 5*eno6 isto é6 su?eitos com5ar9veis ao eu que os conce'e% antes um estado intermedi9rio quedevem ocu5ar em seu es5.rito são su?eitos sim6 mas su?eitos reduzidos ao 5a5e* de 5roduto resdeo'?etos6 de artesJos ou de ma*a'aristas6 cu?o desem5en+o é admirado6 mas com uma admiraçãoque6 em vez de a5a39(*a6 marca a dist@ncia que os se5ara de*e e sua 5ertinncia J série

Dcuriosidades naturaisD não é tota*mente esquecida% Quando Cortez com5ara o desem5en+o de*es aodos es5an+1is6 mesmo que se?a 5ara atri'uir(*+es6 3enerosamente6 o 5rimeiro *u3ar6 não a'andonaseu 5onto de vista e3ocntrico6 e não 5rocura <az(*o não é verdade que o im5erador dos es5an+1is

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é o maior6 que o &eus dos cristãos é o mais <orte #ão é de estran+ar que Cortez6 que assim 5ensa6se?a es5an+o* e cristão% #esse 5*ano6 o do su ?eito em re*ação 9qui*o que o constitui como ta*6 e nãocom os o'?etos que 5roduz6 de maneira a*3uma se atri'ui r9 uma su5erioridadeaos .ndios% Quando Cortez deve dar sua o5inião acerca da escravidão dos .ndios He*e o <az numre*at1rio endereçado a Car*os 8I6 encara o 5ro'*ema de um ;nico 5onto de vista o da renta'i*idadedo ne31cio nunca se *eva em conta o que os .ndios 5oderiam querer Hnão sendo su?eitos6 não tm

quererI% D#ão +9 d;vida que os ind.3enas devem o'edecer Js ordens reais de 8ossa Ma?estade6qua*quer que se?a sua naturezaD este é o 5onto de 5artida de seu racioc.nio6 que em se3uida dedica(se J 5rocura das <ormas de su'missão que seriam mais 5roveitosas 5ara o rei% 'astanteim5ressionante ver como6 em seu testemun+o6 Cortez 5ensa em todos os que devem rece'erseu din+eiro sua <am.*ia6 seus va*etes6 os conventos e os co*é3ios os .ndios nunca sãomencionados6 a5esar de te rem sido a ;nica <onte de todas as suas riquezas%

Cortez interessa(se 5e*a civi*ização asteca e6 ao mes mo tem5o6 mantém(se com5*etamenteestran3eiro a e*a% #ão é o ;nico esse é o com5ortamento de muita 3ente esc*arecida de seu tem5o%A*'ert &Zrer admira6 desde ,4276 as o'ras dos artesãos ind.3enas6 enviadas 5or Cortez J corte rea*mas não *+e ocorre tentar <azer o mesmo inc*usive as ima3ens dos .ndios6 desen+adas 5or &Zrer6

continuam inteiramente <iéis ao es5.rito euro5eu%

Os o'?etos e1ticos serão ra5idamente tranca<iados em co*eç0es6 e co'ertos de 5oeira a Darte .ndiaDnão eerce nen+uma in<*uncia so're a arte euro5éia do sécu*o K8 Hcontrariamente ao queacontecer9 com a Darte ne3raD no sécu*o KKI% Formu*ando as coisas de outro modo na me*+or das+i51teses6 os au tores es5an+1is <a*am 'em dos .ndios mas6 sa*vo eceção6 nunca <a*am aos .ndios%Ora6 é <a*ando ao outro Hnão dado(*+e ordens6 mas dia*o3ando com e*eI6 e somente então6 querecon+eço ne*e uma qua*idade de su?eito6 com5ar9ve* ao que eu mesmo sou% A3ora6 5ortanto6 é

 5oss.ve* 5recisar as 5a*avras que <ormam meu t.tu*o se a com5reensão não <or acom5an+ada de umrecon+ecimento 5*eno do outro como su?eito6 então essa com5reensão corre o risco de ser uti*izadacom vistas J e5*oração6 ao DtomarD o sa'er ser9 su'ordinado ao 5oder% Resta a esc*arecer ase3unda re*a ção 5or que tomar *eva a destruir S9 que +96 de <ato6 uma destruição6 ser9 5reciso6 natentativa de res5onder a essa 5er3unta6 *em'rar seus e*ementos 5rinci5ais%

&evemos eaminar a destruição dos .ndios no sécu*o K8 em dois 5*anos6 quantitativo equa*itativo% #a ausncia de estat.sticas contem5or@neas6 a questão do n;mero de .ndios mortos

 5oderia ser o'?eto de uma sim5*es es5ecu*ação6 admitindo as res5ostas mais contradit1rias% Osautores an ti3os 5ro50em n;meros6 é verdade6 mas6 de modo 3era*6 quando um Berna* &.az ou um=as Casas dizem Dcem mi*D ou Dum mi*+ãoD65ode(se duvidar que e*es ?amais ten+am tido a

 5ossi'i*idade de contar6 e se esses n;meros6 no <ina* das contas6 querem dizer a*3uma coisa6 e*a é 'astante im 5recisa DmuitosD% A*ém disso6 não <oram *evados a sério os Dmi*+0esD de =as Casas

em sua Brev.sima Re*aci1n de *a &estracci1n de *as $ndias6 quando tenta dar um n;meroa5roimado de .ndios desa5arecidos% Contudo6 as coisas mudaram com5*etamente desde que+istoriadores atuais6 através de métodos en3en+osos6conse3uiram estimar com 'astanteverossimi*+ança a 5o5u*ação do continente americano Js vés5eras da conquista6 5ara com5ar9(*a Jque se encontra cinqZenta ou cem anos mais tarde6 a 5artir dos recenseamentos es5an+1is% #en+umar3umento sério 5ode ser *evantado contra esses n;meros6 e aque*es que6 até +o?e6 continuam ane39(*os6 <azem(no sim5*esmente 5or que6 se é verdade6 é 5ro<undamente c+ocante% E<etivamente6esses n;meros dão razão a =as Casas não que suas estimativas se?am con<i9veis6 mas seus n;merossão da mesma ordem de 3randeza que os <iados atua*mente%

:em entrar em deta*+es6 e 5ara dar somente uma idéia 3*o'a* Ha5esar de não nos sentirmos

tota*mente no direito de arredondar os n;meros em se tratando de vidas +umanasI6 *em'raremos queem ,477 a 5o5u*ação do 3*o'o deve ser da ordem de /77 mi*+0es6 dos quais 7 +a'itam asAméricas% Em meados do sécu*o K86 desses 7 mi*+0es6 restam ,7% Ou6 se nos restrin3irmos ao

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Méico Js vés5eras da conquista6 sua 5o5u*ação é de a5roimadamente 24 mi*+0es em ,776 é de, mi*+ão%

:e a 5a*avra 3enoc.dio <oi a*3uma vez a5*icada com 5recisão a um caso6 então é esse% um recorde6 5arece me6 não somente em termos re*ativos Huma destruição da ordem de >7 e maisI6 mastam'ém a'so*utos6 ?9 que estamos <a*ando de uma diminuição da 5o5u*ação estimada em -7

mi*+0es de seres +umanos% #en+um dos 3randes mas sacres do sécu*o KK 5ode com5arar(se a esta+ecatom'e% Com5reende(se o quanto são vãos os es<orços <eitos 5or a*3uns autores 5ara dissi5ar oque é c+amado de D*enda ne3raD6 esta'e*ecendo a res5onsa'i*idade da Es5an+a nes se 3enoc.dio emanc+ando assim sua re5utação% O ne3ro me eistia6 mesmo que não +a?a nen+uma *enda% #ão queos es5an+1is <ossem 5iores do que os outros co*onizadores sim5*esmente6 acontece que <oram e*esque ocu5aram então a América e nen+um outro co*onizador teve a o5ortunidade6 antes ou de5ois6 decausar a morte de tanta 3ente ao mesmo tem5o% Os in3*eses e os <ranceses6 na mesma é5oca6com5ortam(se do mesmo modo mas sua e5ansão não tem6 de modo a*3um6 a mesma esca*a6 *o3o6os estra 3os que 5odem causar tam'ém não%

Mas6 5oderiam dizer que não <az sentido 5rocurar res5onsa'i*idades e nem mesmo <a*ar em

3enoc.dio6 em vez de cat9stro<e natura*% Os es5an+1is não em5reenderam um eterm.nio diretodesses mi*+0es de .ndios6 e não 5odiam t(*o <eito% :e nos vo*tarmos 5ara as <ormas que tomou adiminuição da 5o5u*ação6 5erce'eremos que são trs6 e que a res5onsa'i*idade dos es5an+1is éinversamente 5ro5orciona* ao n;mero de v.timas causadas 5or cada uma de*as

,% "or assassinato direto6 durante as 3uerras ou <ora de *as n;mero e*evado6 masre*ativamente 5equeno res5onsa'i*idade direta%

2% &evido a maus tratos n;mero mais e*evado res5onsa'i*idade H*i3eiramenteI menos direta%

)% "or doenças 5e*o Dc+oque micro'ianoD a maior 5ar te da 5o5u*ação res5onsa'i*idadedi<usa e indireta%

8o*tarei ao 5rimeiro 5onto6 eaminando a destruição dos .ndios no 5*ano qua*itativo devemosconsiderar aqui em que e como a res5onsa'i*idade dos es5an+1is est9 envo*vida na se3unda eterceira <ormas de morte%

"or Dmaus tratosD6 entendo 'asicamente as condiç0es de tra'a*+o im5ostas 5e*os es5an+1is6 5articu*armente nas minas6 mas não s1 ne*as% Os conquistadores(co*onizadores não tm tem5o a 5erder6 devem enriquecer imediatamente conseqZentemente6 im50em um ritmo de tra'a*+o insu

 5ort9ve*6 sem nen+uma 5reocu5ação com a 5reservação da sa;de e6 5ortanto6 da vida6 de seuso5er9rios a e5ectativa de vida média de um mineiro da é5oca é de vinte e cinco anos% Fora dasminas6 os im5ostos são tão des5ro5ositados que *evam ao mesmo resu*tado% Os 5rimeirosco*onizadores não dão atenção a isso6 5ois as conquistas se se3uem então com ta* ra5idez que amorte de uma 5o5u*ação inteira não os deia muito inquietos é sem5re 5oss.ve* trazer uma outra6das terras recentemente conquistadas% Moto*in+a constata DOs im5ostos ei3idos dos .ndios eramtão e*evados que v9rias cidades6 im5ossi'i*itadas de 5a3ar6 vendiam aos usu9rios que *9 +avia asterras e os <i*+os dos 5o'res6 mas como os im5ostos eram muito <reqZentes6 e e*es não conse3uiam

 5a39(*os nem que vendessem tudo o que tin+am6 a*3umas vi*as <icaram tota*mente des5ovoadas eoutras 5erderam a 5o5u*açãoD H6 /I% A redução J escravidão tam'ém 5rovoca direta eindiretamente6 diminuiç0es maciças da 5o5u*ação% O 'is5o da Cidade do Méico6 Suan de

!umarra3a6 assim descreve as atividades de #i<*o de Puzm9n6 conquistador e tirano DQuando e*ecomeçou a 3o vernar esta 5rov.ncia6 e*a contin+a 24777 .ndios su'missos e 5ac.<icos% 8endeu ,7777de*es como escravos6 e os outros6 temendo a mesma sorte6 a'andonaram suas

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a*deias%D"ara*e*amente ao aumento da morta*idade6 as novas condiç0es de vida tam'ém 5rovocamuma diminuição da nata*idade DE*es não mais se a5roimam das es5osas6 5ara não en3endrarescravosD6 escreve o mesmo !umarra3a ao rei e =as Casas e5*ica DAssim6 marido e mu*+er não<icavam ?untos e nem se viam durante oito ou dez meses6 ou um ano e quando6 ao ca'o dessetem5o6 se encontravam6 estavam tão cansados e a'atidos 5e*a <ome6 tão 5rostrados e en<raquecidos6tanto uns quanto as outras6 que 5ouco se 5reocu5avam em manter comunicaç0es maritais% &este

modo6 5araram de 5rocriar% Os recém(nascidos morriam cedo6 5ois suas mães6 cansadas e <amintas6não tin+am *eite 5ara nutri(*os% "or isso6 enquanto eu estava em Cu'a6 -777 crianças morreram emtrs meses% A*3umas mães c+e3avam a a<o3ar os <i*+os 5or deses5ero6 enquanto outras6 vendo(se3r9vidas6 5rovocavam a'ortos com certas er vas6 que 5roduzem crianças natimortasD HNistoria6 6,)I% =as Casas tam'ém conta6 na Nistoria de *as ndias H6 ->I6 que sua conversão J causa dos.ndios <oi desencadeada 5e*a *eitura destas 5a*avras no Ec*esiasta Hca5% )/I DO 5ão dos 5o'res é asua vida quem 5riv9(*os de*e é um assassi no%D E6 de <ato6 trata(se de um assassinato econGmico6em todos esses casos6 e de inteira res5onsa'i*idade dos co*onizadores% As coisas são menos c*arasno que concerne Js doenças% As e5idemias dizimavam as cidades euro5éias da é5oca6 do mesmomodo que6 em'ora em outra esca*a6 na América não somente os es5an+1is inocu*aramconscientemente este ou aque*e micr1'io nos .ndios6 mas6 ainda que tivessem dese?ado com'ater as

e5idemias Hcomo era o caso de certos re*i3iososI6 não 5oderiam t(*o <eito de modo e<icaz% #ãoo'stante6 é sa'ido atua*mente que a 5o5u*ação meicana dec*inava tam'ém na ausncia de 3randese5idemias6 de vido J su'nutrição6 outras doenças comuns ou J destruição da teia socia* tradiciona*%"or outro *ado6 essas e5idemias mort.<eras não 5odem ser consideradas como um <ato 5uramentenatura*% O mestiço Suan Bautista "omar6 em sua Re*aci1n de Tecoco6 terminada 5or vo*ta de ,426medita acerca das causas da de5o5u*ação6 que estima6 a*i9s corretamente6 ser uma redução da ordemde ,7 5ara , são as doenças6 c*aro6 mas os .ndios estavam 5articu*armente vu*ner9veis a e*as6 5orestarem eauridos 5e*o tra'a*+o e não 3ostarem mais da vida a cu*5a é da Dan3;stia e <adi3a deseus es5.ritos6 5ois tin+am 5erdido a *i'erdade que &eus *+es tin+a dado6 5ois os es5an+1istratavam(nos 5ior do que escravos%DQue essa e5*icação se?a ou não aceit9ve* no 5*ano médico6outra coisa é certa6 e é mais im5ortante 5ara a an9*ise das re5resentaç0es ideo*13icas que tentodesenvo*ver aqui% Os conquistadores consideram as e5idemias como uma de suas armas nãocon+ecem os se3redos da 3uerra 'acterio*13ica6 mas6 se sou'essem6 não deiariam de uti*izarconscientemente as doenças 5ode(se tam'ém ima3inar que6 na maior 5arte das vezes6 e*es nada<izeram 5ara im5edir a 5ro5a3ação das e5idemias% O <ato de os .ndios morrerem Js 5encas é uma

 5rova de que &eus est9 do *ado dos conquistadores% Os es5an+1is ta*vez 5resumis sem um 5ouco a 'oa vontade divina 5ara com e*es6 mas o <ato era6 5ara e*es6 incontest9ve*%

Moto*inia6 mem'ro do 5rimeiro 3ru5o de <ranciscanos que desem'arca no Méico6 em ,42)6começa sua Nistoria 5or uma enumeração das dez 5ra3as enviadas 5or &eus 5ara 5unir aque*a terrasua descrição ocu5a o 5rimeiro ca5.tu*o do 5rimeiro *ivro da o'ra% A re<erncia é c*ara como o

E3ito '.'*ico6 o Méico tornou(se cu*5ado diante do verdadeiro &eus6 e é devidamente 5unido%8emos então se sucederem6 nessa *ista6 uma série de eventos cu?a inte3ra ção numa ;nica sucessão éinteressante%

A 5rimeira <oi a 5ra3a da var.o*aD6 trazida 5or um so* dado de #arvaez% DComo os .ndios nãocon+ecem o remédio 5ara essa doença6 e tm o +9'ito de tomar muitos 'an+os6 este?am sãos oudoentes6 e continuaram a <az(*o6 mesmo atin3idos 5e*a var.o*a6 morriam em massa6 Js 5encas%Muitos outros morreram de <ome 5orque6 como <icaram todos doentes ao mesmo tem5o6 não

 5odiam cuidar uns dos outros6 e não +avia nin3uém 5ara *+es dar 5ão ou qua*quer outra coisa%D "araMoto*inia tam'ém6 5ortanto6 a doença não é o ;nico res5ons9ve* são res5ons9veis6 na mesmamedida6 a i3nor@ncia6 a <a*ta de cuidados6 a <a*ta de a*imentos% Os es5an+1is 5odiam6 materia*mente6

su5rimir essas outras causas de morta*idade6 mas nada era mais a*+eio a suas intenç0es 5or quecom'ater uma doença6 se e*a <oi enviada 5or &eus 5ara 5unir os descrentes Onze anos de5ois6continua Moto*inia6 começou uma nova e5idemia6 de ru'éo*a mas <oram 5roi'idos os 'an+os e os

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doentes <oram tratados +ouve mortos6 mas muito menos do que da 5rimeira vez%

DA se3unda 3rande 5ra3a <oi o n;mero dos que morreram quando da conquista da #ova Es5an+a6 5articu*ar( mente nos arredores da Cidade do Méico%D Assim6 os que <oram mortos 5e*as armas ?untam(se Js v.timas da var.o*a% DA terceira 5ra3a <oi uma 3rande <ome que se a'ateu

imediatamente a51s a tomada da Cidade do Méico%D &urante a 3uerra6 não era 5oss.ve* semear ese conse3uissem <az(*o6 os es5an+1is destru.am a co*+eita% Até os es5an+1is6 acrescenta Moto*inia6tin+am di<icu*dade em encontrar mi *+o isso dis5ensa coment9rios%

DA quarta 5ra3a <oi a dos ca*5iques6 ou <iscais6 e dos ne3ros%D Am'os serviam de intermedi9riosentre os co*onizadores e o 3rosso da 5o5u*ação eram cam5oneses es5an+1is ou anti3os escravosa<ricanos% Como não 3ostaria de reve*ar(*+es os de<eitos6 ca*arei o que sinto6 e direi somen te que se<azem servir e temer como se <ossem sen+ores a'so*utos e naturais% #ão <azem nada a*ém de 5edir6e 5or mais que se *+es d6 nunca estão satis<eitos6 5ois onde quer que este?am6 in<ectam ecorrom5em tudo6 tJo <étidos quanto a carne 5utre<eita H%%%I Ao *on3o dos 5rimeiros anos6 esses <iscais ma*tratavam os .ndios de modo tão a'so*uto6 so'recarre3ando(os6 mandando(os

 5ara *on3e de suas terras6 im5ondo(*+es muitos outros serviços6 que muitos .ndios morreram 5orcausa de*es6 e em suas mãos%D

DA quinta 5ra3a <oram os im5ostos e*evados e os serviços devidos 5e*os .ndios%D Quando os .ndios ?9 não tin+am mais ouro6 vendiam os <i*+os quando ?9 não tin+am mais <i*+os6 s1 5odiam o<erecersuas vidas DQuando eram inca5azes de <az(*o6 muitos morreram 5or causa disso6 a*3uns so'tortura e outros em 5ris0es cruéis6 5ois os es5an+1is tratavam(nos 'ruta*mente e estimavam(nosmenos que seus animais% :er9 que os es5an+1is 3an+am a*3uma coisa com isso

DA seta 5ra3a <oram as minas de ouro%D D:eria im5oss.ve* contar o n;mero de escravos .ndios que6até a3ora6 morreram nessa minas%D

DA sétima 5ra3a <oi a construção da 3rande Cidade do Méico%D DQuando da construção6 a*3unseram esma3ados 5or vi3as6 outros ca.am do a*to6 outros ainda eram enterrados so' os edi<.cios queeram demo*idos num *oca* 5ara serem reconstru.dos em outro isso aconteceu 5rinci5a* mentequando derru'aram os 5rinci5ais tem5*os do dia'o%

Muitos .ndios a*i morreram%D Como deiar de ver uma intervenção divina na morte causada 5e*as 5edras do Pran de Tem5*o Moto*inia acrescenta que6 5ara esse tra'a*+o6 não somente os .ndios nãoeram recom5ensados6 como tam'ém 5a3avam o materia* de seus 'o*sos6 ou deviam traz(*o e6 a*ém

disso6 não eram a*imentados e como não 5odiam destruir os tem5*os e tra'a*+ar no cam5o aomesmo tem5o6 iam 5ara o tra'a*+o com <ome o que ta*vez e5*ique um certo aumento dosDacidentes de tra'a*+oD%

DA oitava 5ra3a <oram os escravos que eram ?o3ados nas minas%D #o in.cio6 em5re3avam aque*esque ?9 eram escravos entre os astecas em se3uida6 os que tin+am dado mostras de insu'ordinação<ina*mente6 todos os que 5udes sem a3arrar% &urante os 5rimeiros anos a51s a conquista6 o comérciodos escravos é <*orescente6 e os escravos mudam <reqZentemente de sen+or6 Dtantas marcas eramco*o cadas so're seus rostos6 que se ?untavam aos esti3mas reais6 que todo o seu rosto <icavainscrito6 5ois traziam as marcas de todos os que os tin+am vendido e com5radoD% 8asco de Quiro3a6 em carta ao Conse*+o das ndias6 tam'ém deiou uma descrição desses rostos trans<ormados

em *ivros i*e3.veis6 como os cor5os dos su5*iciados da Co*Gnia "enitenci9ria de ba<]a D:ãomarcados a <erro no rosto e im5rimem(se em sua carne as iniciais dos nomes daque*es que sãosucessivamente seus 5ro5riet9rios 5assam de mão em mão6 e a*3uns tm trs ou quatro nomes6 de

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modo que os rostos desses +omens6 que <oram criados J ima3em de &eus6 <oram6 5or nossos 5ecados6 trans<ormados em 5a5e*%D DA nona 5ra3a <oi o serviço das minas6 5ara o qua* os .ndios6carre3ando muito 5eso6andavam sessenta *é3uas ou mais 5ara trazer 5rovis0es% A comida quetraziam 5ara si Js vezes aca'ava quando c+e3avam Js minas e6 outras vezes6 no camin+o de vo*ta6antes de c+e3arem a casa% Ws vezes eram retidos 5e*os mineiros durante a*3uns dias6 5ara quea?udassem a etrair o minério6 ou constru.ssem suas casas6 ou servissem(nos6 e quando não tin+am

mais comi da6 morriam6 nas minas ou no camin+o6 5ois não tin+am din+eiro 5ara com5r9(*a enin3uém *+es dava% A*3uns c+e 3avam a casa num ta* estado que morriam 5ouco de5ois% Os cor5osdesses .ndios e dos escravos que morreram nas minas 5roduziam um ta* <edor que 5rovocou a

 5esti*ncia6 5articu*armente nas minas de Puaaca% #um raio de meia *é3ua e ao *on3o de 3rande 5arte da estrada6 era im5oss.ve* evitar andar so're os cad9veres ou so're os ossos6 e as revoadas de 59ssaros e corvos que vin+am comer os cad9veres eram tão numerosas que escureciam o so*6 demodo que v9rias a*deias <oram des5ovoadas6 tanto ao *on3o das estradas quanto nas redondezas%DDA décima 5ra3a <oram as divis0es e <acç0es que eistiam entre os es5an+1is no Méico%D Em queisso 5re?udica os .ndios6 5odemos nos 5er3untar é sim5*es como os es5an+1is não se entendem6 os.ndios ima3inam que 5odem se a5roveitar disso 5ara *ivrar(se de*es se?a verdade ou não6 oses5an+1is encontram a. um 'om 5reteto 5ara eecutar muitos de*es6 como Cuau+temoc6 então

 5risioneiro%

Moto*inia 5artiu da ima3em '.'*ica das dez 5ra3as6 eventos so'renaturais6 enviados 5or &eus 5ara 5unir o E3ito% Mas seu re*ato vai se trans<ormando 5ouco a 5ouco numa descrição rea*ista eacusativa da vida no Méico nos 5rimeiros anos a51s a conquista <ica c*aro que são os +omens osres5ons9veis 5or essas D5ra3asD6 e na verdade Moto*inia não os a5rova% Ou me*+or em'ora condenea e5*oração6 a crue*dade e os maus tratos6 considera a 5r15ria eistncia dessas D5ra3asD comouma e5ressão da vonta de divina6 e uma 5unição dos in<iéis Hsem que isso im5*ique que e*ea5rova os es5an+1is6 causa imediata dos in<ort;niosI% Os res5ons9veis diretos 5or cada um dessesde sastres Hantes que se tornem D5ra3asD6 de a*3um modoI são con+ecidos 5or todos são oses5an+1is% "assemos a3ora ao as5ecto qua*itativo da destruição dos .ndios Hem'ora o termoDqua*itativoD 5areça um tanto des *ocado aquiI% Quero dizer o car9ter 5articu*armenteim5ressionante6 e ta*vez moderno6 que toma essa destruição% =as Casas tin+a consa3rado suaBrev.sima Re*aci1n J evocação sistem9tica de todos os +orrores causados 5e*os es5an+1is % Mas aRe*aci1n 3enera*iza6 sem citar os nomes 5r15rios6 ou as circunst@ncias individuais 5or isso <oi

 5oss.ve* dizer que era um 3rande ea3ero6 senão 5ura invenção6 nascida do es5.rito ta*vez doentio6ou até 5erverso6 do dominicano é evidente que =as Casas não assistiu a tudo o que conta% &ecidi6

 5ortanto6 citar a5enas re*atos de testemun+as ocu*ares 5odem 5rovocar uma im5ressão demonotonia6 mas assim era6 5rovave*mente6 a rea*idade que evocam%

O mais anti3o de*es é o re*at1rio de um 3ru5o de dominicanos6 endereçado a M% de C+ivres6

ministro de Car*os , H<uturo Car*os 8I6 de ,4, concerne eventos que ocorreram nas i*+as doCari'e% :o're o modo como as crianças eram tratadas DA*3uns cristãos encontraram uma .ndia6que trazia nos 'raços uma criança que estava amamentando e como o cão que os acom5an+avatin+a <ome6 arrancaram a criança dos 'raços da mãe e6 viva6 ?o3aram(na ao cão6 que se 5Gs ades5eda ç9(*a diante da mãe% H%%%I Quando +avia entre os 5risioneiros mu*+eres recém(5aridas6 5or

 5ouco que os recém(nasci dos c+orassem 5e3avam(nos 5e*as 5ernas e matavam(nos contra asroc+as ou ?o3avam(nos no mato 5ara que aca'assem de morrer%D

:o're as re*aç0es com os tra'a*+adores das minas DTodos *os contramestres das minas estavamacostumados a dormir com as .ndias que de5endiam de*es6 se *+e a3radassem6 <ossem casadas ouso*teiras% Enquanto o contra( mestre <icava na ca'ana ou c+oçã com a .ndia6 mandava o marido

etrair ouro nas minas e J noite6 quando o in<e*iz vo*tava6 não somente co'ria(o de 3o*5es ouc+icoteava(o 5or não ter trazido quantidade su<iciente de ouro6 como tam'ém6 muito<reqZentemente6 amarrava seus 5és e mãos e ?o3ava(o 5ara 'aio da cama como um cão6 antes de

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dei tar(se6 'em acima6 com sua mu*+er%D

:o're a maneira como a mão(de(o'ra era tratada Ca da vez que os .ndios eram trans<eridos6 eramtantos os que morriam de <ome 5e*o camin+o que deiavam um rastro que 'astaria6 5ode(se su5or6

 5ara 3uiar até o 5orto outra em'arcação H%%%I Mais de 77 .ndios tendo sido trazidos a um 5ortodessa i*+a6 de nome "uerto de "*ata6 dois dias se 5assaram antes que os <izessem descer da carave*a%

Morreram seiscentos de*es6 que <oram *ançados ao mar <*utuavam so're as ondas como t9'uas%DEis a3ora um re*ato de =as Casas6 que nJo <i3ura na Re*aci9n6 mas em sua Nistoria de*as .ndias6 eque narra um acontecimento do qua* <oi mais do que testemun+a 5artici5ante é o massacre deCaonao6 em Cu'a6 5er5etra do 5e*a tro5a de #arvaez6 de que era ca5e*ão H6 2>I% O e5is1diocomeça 5or uma circunst@ncia <ortuita D 5reciso sa'er que os es5an+1is6 no dia em que a*ic+e3aram6 5araram de man+ã6 5ara o des?e?um6 no *eito seco de um riac+o que6 entretanto6 aindaconservava a*3umas 5ocin+as d93ua6 e que estava re5*eto de 5edras de amo*ar o que *+es deu aidéia de a<iar as es5adas%D

C+e3ando J a*deia6 a51s esse convescote6 os es5an+1is tm outra idéia veri<icar se as es5adas estãotão cortantes quanto 5arecem% DUm es5an+o*6 su'itamente6 desem'ain+a a es5ada Hque 5arecia ter

sido tomada 5e*o dia'oI6 e imediatamente os outros cem <azem o mesmo6 e começam a estri5ar6ras3ar e massacrar aque*as ove*+as e aque*es cordeiros6 +omens e mu*+eres6 crianças e ve*+os6 queestavam sentados6 tranqZi*amente6 o*+ando es5antados 5ara os ca va*os e 5ara os es5an+1is% #umse3undo6 não restam so're( viventes de todos os que a*i se encontravam% Entrando então na casa3rande6 que <icava ao *ado6 5ois isso acontecia diante da 5orta6 os es5an+1is começaram do mesmo

 ?eito a matar a torto e a direito todos os que a*i se encontravam6 tanto que o san3ue corria de toda 5arte6 como se tivessem matado um re'an+o de vacas%D

=as Casas não encontra nen+uma e5*icação 5ara es ses <atos6 a não ser o dese?o de veri<icar se ases5adas esta vam 'em a<iadas% D8er os <erimentos que co'riam os cor 5os dos mortos e a3onizantes<oi um es5et9cu*o +orroroso e a5avorante de <ato6 como o dia'o6 que movia os es5an+1is6 *+es<ornecera as 5edras de amo*ar com que a<iaram as es5adas6 na man+ã do mesmo dia6 no *eito doriac+o on de comeram6 onde quer que 3o*5eassem aque*es cor5os tota*mente nus e carnes de*icadas6cortavam um +omem inteiro ao meio de um s1 3o*5e%D Eis a3ora um re*ato que concerne ae5edição de 8asco #u<iez de Ba*'oa6 transcrito 5or a*3uém que ouviu v9rios conquistadorescontarem 5essoa*mente suas aventuras

"!ssim como os a5ougueiros cortam em peda5os a carne dos bois e carneiros para colocla venda no a5ougue, os espanh#is cortavam de um s# golpe o traseiro de um, a coa de outro, oombro de um terceiro. ratavamnos como animais desprovidos de raão. (...) Aasco /e com que oscães despeda5assem uns quarenta deles" (Dierre :artEr, FFF, 1).

O tem5o 5assa mas os modos <icam é o que se deduz da carta que o mon3e Per1nimo de :anMi3ue* envia ao rei a 27 de a3osto de ,447 DQueimaram vivos certos .ndios6 outros tiveram asmãos cortadas6 ou o nariz6 a *.n3ua6 e outros mem'ros outros <oram entre3ues aos cães corta ramos seios das mu*+eres%%%DEis a3ora o re*ato do 'is5o de \ucat9n6 &ie3o de =anda6 que não ées5ecia*mente <avor9ve* aos .ndios DE este &ie3o de =anda diz ter visto uma 3rande 9rvore

 5r1ima desse *oca*6 em cu?os ramos o ca5itão en<orcou um 3rande n;mero de .ndias e6 em seus 5ésen<orcou tam'ém as criancin+as% H%%%I Os es5an+1is cometeram crue*dades inauditas6 cortando asmãos6 os 'raços6 as 5ernas6 cortando os seios das mu*+eres6 ?o3ando(as em *a3os 5ro<undos6 e3o*5ean do com estoque as crianças6 5orque não eram tão r95idas quanto as mães% E se os quetraziam co*eira em torno do 5escoço <icassem doentes ou não camin+assem tão ra5idamente quanto

seus com5an+eiros6 cortavam(*+es a ca'eça6 5ara não terem de 5arar e so*t9(*osD H,4I% E6 5araterminar esta enumeração maca'ra6 um deta*+e contado 5or A*onso de !orita6 *9 5or ,4-7DCon+ecia um oidor ^ que dizia em 5;'*ico6 de seu estrado e em voz a*ta6 que se <a*tasse 93ua 5ara

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irri3ar as <azendas dos es5an+1is6 isso seria <eito com o san3ue dos .ndiosD H,7I% Quais são osmotivos imediatos que *evam os es5an+1is a essa atitude Um é6 incontestave*mente6 o dese?o deenriquecer6 ra5idamente e muito6 o que im5*ica tratar com ne3*i3ncia o 'em(estar e até a vida dosoutros torturam 5ara arrancar o se3redo so're os esconderi?os dos tesouros e5*oram 5ara o'ter

 'ene<.cios% Os autores da é5oca ?9 5ro 5un+am essa razão como 5rinci5a* e5*icação do ocorrido6como Moto*inia D:e a*3uém me 5er3untasse qua* <oi a causa de tantos ma*es6 res5onderia

a co'iça6 o dese?o de trancar no 'a; a*3uns *in3otes de ouro6 5ara o 'em de não sei quemD H,6 )I e=as Casas D#ão di3o que e*es ^ es5an+1is[ querem matar diretamente os .ndios6 devido ao 1dio quetm de*es% Matam(nos 5orque querem ser ricos e ter muito ouro6 é este seu ;nico o'?etivo6 3raças aotra'a*+o e ao suor dos atormentados e dos in<e*izesD HEntre *os remediosD6 -I% E 5or que esse dese?ode enriquecer "orque o din+eiro6 como todos sa'em6 traz tudo Com o din+eiro os +omensadquirem todas as coisas tem5orais de que 5recisam e que dese?am% como a +onra6 no'reza6 'ens6<am.*ia6 *uo6 rou5as <inas6 comidas de*icadas6 o 5razer dos v.cios6 a vin3ança so're os inimi3os6 a3rande estima 5or sua 5essoaD Hi'id%I%

O dese?o de enriquecer não é6 evidentemente6 novo6 a 5aião 5e*o ouro nada tem de es5eci<icamentemoderno% O que é um tanto moderno6 é a su'ordinação de todos os outros va*ores a esse% O

conquistador ainda as5ira aos va*ores aristocr9ticos6 t.tu*os de no'reza6 +onra e estima mas6 5arae*e6 tornou(se 5er<eitamente c*aro que tudo 5ode ser o'tido através do din+eiro6 que este nãosomente é o equiva*ente universa* de todos os va*ores materiais6 como tam'ém a 5ossi'i*idade deadquirir todos os va*ores es5irituais% sem d;vida vanta?oso6 tanto no Méico de Montezumaquanto na Es5an+a de antes da conquista6 ser rico mas não se 5ode com5rar status6 ou6 em todocaso6 não diretamente% Essa +omo3eneizaçJo dos va*ores 5e*o din+eiro é um <ato novo6 e anuncia amenta*idade moderna6 i3ua*itarista e economicista%

&e qua*quer modo6 o dese?o de enriquecer não e5*ica tudo6 *on3e disso e se é eterno6 as <ormasque toma a destruição dos .ndios6 assim como suas 5ro5orç0es6 são inéditas6 e Js vezesece5cionais a e5*icação aqui é insu<iciente% #ão se 5ode ?usti<ica o massacre de Caonao 5or umaco'iça qua*quer6 nem o en<orcamento das mães nas 9rvores6 e das crianças nos 5és das mães nemas torturas nas quais a carne das v.timas é arrancada com tenazes6 5edaço 5or 5edaço os escravosnão tra'a*+am mais se o sen+or dormir com suas mu*+eres 5or so're suas ca'eças% tudo como seos es5an+1is encontrassem um 5razer intr.nseco na crue*dade6 no <ato de eercer 5oder so're osoutros% na demonstração de sua ca5acidade de dar a morte%

Aqui é 5oss.ve*6 mais uma vez6 evocar certos traços imut9veis da Dnatureza +umanaD6 5ara os quaiso voca'u*9rio 5sicana*.tico reserva termos tais como Da3ressividadeD6 D5u*são de morteD6 ou atéD5u*são de dom.nioD HBemãc+ti 3un3str instinct?'r niasterV ou6 em re*ação J crue*dade6 *em'rardiversas caracter.sticas de outras cu*turas6 e inc*usive6 5articu*armente da sociedade asteca6 que tem

a re5utação de ser Dcrue*D6 e de <azer 5ouco caso do n;mero de v.timas Hou então de <azer muito6 5ara van3*oriar(se dissoI

se3undo &ur9n6 7/77 5essoas <oram sacri<icadas na Cidade do Méico 5e*o rei A+uitzot*6 quandoda inau3uração do novo tem5*o% 5oss.ve* tam'ém a<irmar que cada 5ovo6desde as suas ori3ens atéos tem5os atuais6 5ossui suas v.timas e con+ece a *oucura assassina6 e inda3ar se esta não é umacaracter.stica das sociedades com 5redom.nio mascu*ino H?9 que são as ;nicas con+ecidasI%Mas seria um erro a5a3ar assim todas as di<erenças e *imitar(se a termos mais a<etivos do quedescritivos6 como Dcrue*dade6 Os assassinatos tm a*3o em comum com as ascens0es dos vu*c0es acada vez6 so'e(se ao to5o e vo*ta(se contudo6 não se traz a mesma coisa% Assim como <oi necess9rioo5or a sociedade que va*oriza o ritua* J que <avorece a im5rovisação ou6 o c1di3o e o conteto6

ca'eria aqui <a*ar em sociedades de sacri<.cio e sociedades de mas sacre6 de que os astecas e oses5an+1is do sécu*o K8 se riam6 res5ectivamente6 os re5resentantes% O sacri<.cio é6 nessa 1tica6um assassinato re*i3ioso <az(se em nome da ideo*o3ia o<icia*6 e ser9 5er5etrado em 5raça 5;'*ica6 J

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vista e con+ecimento de todos% A identidade do sacri<icado é determinada 5or re3ras estritas% #ão deve ser estran3eiro demais6 a<astado demais vimos que os astecas ac+avam que a carne dastri'os distantes não era comest.ve* 5ara seus deuses6 mas tam5ouco 5ode 5ertencer J mesmasociedade não se sacri<ica um concidadão% Os sacri<icados 5rovm de 5a.ses *im.tro<es6 que <a*am amesma *.n3ua mas tm um 3overno autGnomo a*ém disso6 uma vez ca5turados6 são mantidos na

 5risão durante a*3um tem5o6 e assim6 5arcia*mente assimi*ados ( mas nunca com5*etamente% #em

seme*+ante nem tota*mente di<erente6 o sacri<icado tam'ém é ava*iado se3undo suas qua*idades 5essoais o sacri<.cio de 3uerreiros va*orosos é mais a5reciado do que o do ?oão(nin3uém inv9*idosde qua* quer ti5o são dec*arados im5r15rios 5ara o sacri<.cio6 5or 5rinc.5io% O sacri<.cio é eecutadoem 5raça 5;'*ica6 e evidencia a <orça dos *aços sois e seu 5redom.nio so're o ser individua*%O massacre6 ao contr9rio6 reve*a a <ra3i*idade desses *aços sociais6 o desuso dos 5rinc.5ios moraisque asse3uravam a coesão do 3ru5o então6 é eecutado de 5re<erncia *on3e6 onde a *eidi<ici*mente se <az res5eitar 5ara os es5an+1is6 na América6 ou6 a ri3or6 na t9*ia% O massacre est96

 5ois6 intimamente *i3ado Js 3uerras co*oniais6 <eitas *on3e da metr15o*e% Quanto mais *on3.nquos eestran3eiros <o rem massacrados6 me*+or são eterminados sem remorsos6 mais ou menosassimi*ados aos animais% A identidade individua* do massacrado é6 5or de<inição6 não 5ertinente Hsenão6 seria um assassinatoI não +9 nem tem5o nem curiosidade de sa'er quem se est9 matando nesse

momento% Ao contr9rio dos sacri<.cios6 os massacres nunca são reivindicados6 e sua 5r15riaeistncia é 3era*mente mantida em se3redo e ne3ada% sso 5orque sua <unção socia* não érecon+ecida6 e tem(se a im5ressão de que o ato encontra em si mesmo sua ?usti<icação os sa'ressão mane?ados 5e *o 5razer de mane?ar os sa'res6 corta(se o nariz6 a *.n3ua e o seo do .ndio semque o m.nimo rito se mani<este no es5.rito do cortador de narizes%

:e o assassinato re*i3ioso é um sacri<.cio6 o massacre é um assassinato ateu6 e os es5an+1is 5arecemter inventado Hou redesco'erto mas não em5restado de seu 5assado imediato 5ois as <o3ueiras danquisição estão mais 5r1imas do sacri<.cioI 5recisamente esse ti5o de vio*ncia que6 emcom5ensação6 é a'undante em nosso 5assado mais recente6 quer se?a no 5*ano da vio*nciaindividua* ou esta ta*% como se os conquistadores o'edecessem J re3ra Hse é que 5odemos c+am9(*a assimI de van baramazov6 Dtudo é 5ermitidoD% =on3e do 5oder centra*6 *on3e da *ei rea*6 todos osinterditos caem6 o *iame socia*6 ?9 <o*3ado6 arre'enta6 5ara reve*ar6 não uma natureza 5rimitiva6 oanima* adormecido em cada um de n1s6 mas um ser moderno6 a*i9s c+eio de <uturo6 que nãoconserva mora* a*3uma e mata 5orque e quando isso *+e d9 5razer% A D'ar'9rieD dos es5an+1is nadatem de at9vico6 ou de anima* é 'em +umana e anuncia a c+e3ada dos tem5os modernos% #a dadeMédia6 acontecia de mu*+eres terem os seios cortados e +omens6 o 'raço6 5or 5unição ou 5orvin3ança mas se <az isso em seu 5r15rio 5a.s6 ou tanto dentro quanto <ora de*e% O que os es5an+1isdesco'rem6 é o contraste entre metr15o*e e co*Gnia6 *eis morais radica*mente di<erentes re3u*amentam o com5ortamento aqui e *9 o massacre 5recisa de um cen9rio a5ro5riado% Mas o que <azerse não quisermos ter de esco*+er entre a civi*ização do sacri<.cio e a civi*ização do massacre

Igualdade ou desigualdade

O dese?o de enriquecer e a 5u*são de dom.nio6 essas duas <ormas de as5iração ao 5oder6 sem d;vidanen+uma motivam o com5ortamento dos es5an+1is mas este tam'ém é condicionado 5e*a idéia que<azem dos .ndios6 se3undo a qua* estes *+es são in<eriores6 em outras 5a*avras6 estão a meiocamin+o entre os +omens e os animais% :em esta 5re missa essencia*6 a destituição não 5oderia terocorrido%&esde a sua 5rimeira <ormu*ação6 essa doutrina da desi3ua*dade ser9 com'atida 5or umaoutra6 que6 ao contr9rio6 a<irma a i3ua*dade de todos os +omens assistimos6 5ois6 a um de'ate6 eser9 necess9rio 5restar atenção Js duas vozes 5resentes% Ora6 esse de'ate não 50e em ?o3o somente a

o5osição i3ua*dade(desi3ua*dade6 mas tam'ém aque*a entre identidade e di<erença e esta novao5osição6 cu?os termos não são mais neutros no 5*ano ético do que os da 5recedente6 torna maisdi<.ci* ?u*3ar as duas 5osiç0es% S9 vimos em Co*om'o a di<erença se de3rada em desi3ua*dade a

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i3ua*dade em identidade são essas as duas 3randes <i3uras da re*açJo com o outro6 que de*imitamseu es 5aço inevit9ve*%

=as Casas e outros de<ensores da i3ua*dade acusaram tão <reqZentemente seus advers9rios de teremtomado os .ndios 5or animais6 que se 5ode sus5eitar de que +ouve ea3ero% 6 5ois6 necess9riovo*tar a atenção 5ara os de<ensores da desi3ua*dade6 5ara ver como é% O 5rimeiro documento

interessante a esse res5eito é o cé*e're Requerimiento6 ou in?unção diri3ida aos .ndios% o'ra do ?urista rea* "a*acios Ru'ios6e data de ,4,/ é um teto que sur3e da necessidade de re3u*amentar asconquistas6 até então um 5ouco ca1ticas% A 5artir de então6 antes de conquistar uma re3ião6 é 5recisodiri3ir(se a seus +a'itantes6 <azendo(*+es a *eitura desse teto% Quiseram ver a. o dese?o da coroa deim5edir as 3uerras in?usti<icadas6 de dar certos direitos aos .ndios mas essa inter5retação é 3enerosademais% #o conte to de nosso de'ate6 o Requerimiento est9 c*aramente do *ado da desi3ua*dade6ne*e mais im5*icada do que a<irmada%

Esse teto6 eem5*o curioso de uma tentativa de <udamentar *e3a*mente a rea*ização dos dese?os6começa com uma 'reve +ist1ria da +umanidade6 cu?o 5onto cu*minante é o a5arecimento de SesusCristo6 dec*arado Dc+e<e da *in+a3em +umanaD6 es5écie de so'erano su5remo6 que tem o universo

inteiro so' sua ?urisdição% Esta'e*ecido esse 5onto de 5artida6 as coisas se encadeiam natura*menteSesus transmitiu seu 5oder a :ão "edro6 e este aos 5a5as que o sucederam um dos ;*timos 5a5asdoou o continente americano aos es5an+1is He 5arte aos 5ortu3uesesI% Co*ocadas as raz0es ?ur.dicasda dominação es5an+o*a6 é necess9rio certi<icar(se de uma ;nica coisa que os .ndios serãoin<ormados da situação6 5ois é 5oss.ve* que i3norem esses 5re sentes ecessivos trocados 5or 5a5ase im5eradores% A *ei tura do Requerimiento6 <eita na 5resença de um o<icia* do rei Hmas nen+umintér5rete é mencionadoI6 vem sanar este 5ro'*ema% :e os .ndios <icarem convencidos a51s essa *eitura6 não se tem o direito de <az(*os escravos Hé a. que o teto D5rote3eD os .ndios6 concedendo(*+es um statusI% :e6 contudo6 não aceitarem essa inter5retação de sua 5r15ria +ist1ria6 serãoseveramente 5unidos% D:e não o <izerdes6 ou se demorardes ma*iciosamente 5ara tomar umadecisão6 vos 3aranto que6 com a a?uda de &eus6 invadir(vos(ei 5oderosamente e <ar(vos(ei a 3uerrade todos os *ados e de todos os modos que 5uder6 e su?eitar(vos(ei ao ?u3o e J o'edincia da 3re?a ede :uas A*tezas% Ca5turarei a v1s6 vossas mu*+eres e <i*+os6 e reduzir(vos(ei J escravidão% Escravos6vender(vos(ei e dis5orei de v1s se3undo as ordens de :uas A*tezas% Tomarei vossos 'ens e <ar(vos(ei todo o ma*6 todo o dano que 5uder6 como convém a vassa*os que não o'edecem a seu sen+or6 nãoquerem rece'(*o6 resistem a e*e e o contradizem%DN9 uma contradição evidente6 que os advers9riosdo Requerimiento não deiarão de su'*in+ar6entre a essncia da re*i3ião que su5ostamente<undamenta todos os direitos dos es5an+1is e as conseqZncias dessa *eitura 5;'*ica o cristianismoé uma re*i3ião i3ua*it9ria ora6 em seu nome6 os +omens são escravizados%

 #ão somente 5oder es5iritua* e 5oder tem5ora* se encontram con<undidos6 o que é a tendncia de

toda e qua*quer ideo*o3ia de Estado ( que de corra ou não do Evan3e*+o ( como6 a*ém do mais6 os .ndios s1 5odem esco*+er entre suas 5osiç0es de in<erioridade ou se su'metem de *ivre e es5ont@neavontade6 ou serão su'metidos J <orça6 e escravizados% Fa*ar em *e3a*ismo6 nessas condiç0es6 éderris1rio% Os .ndios são automaticamente co*ocados como in<eriores6 5ois são os es5an+1is quedecidem as re3ras do ?o3o% A su5erioridade dos que enunciam o Requerimiento6 5ode(se dizer6 ?9est9 con tida no <ato de serem e*es os que <a*am6 enquanto os .ndios escutam% :a'e(se que osconquistadores não tin+am nen+um escr;5u*o em a5*icar como *+es convin+a as instruç0es reais6 e

 5unir os .ndios em caso de insu'ordinação% Ainda em ,4476 "edro de 8a*divia conta ao rei que osaruaques6 +a 'itantes do C+i*e6 não quiseram su'meter(se conseqZentemente6 dec*arou(*+es 3uerrae6 3an+ando6 não deiou de 5uni(*os DMandei cortar as mãos e os narizes de duzentos de*es 5ara

 5uni(*os 5or insu'ordinação6 ?9 que v9rias vezes tin+a enviado a e*es mensa3ens e *+es tin+a

transmiti do as ordens de 8ossa Ma?estade%D

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 #Jo se sa'e eatamente em que *.n3ua se e5rimiam os mensa3eiros de 8a*divia% e como <aziam 5ara tornar in te*i3.ve* 5ara os .ndios o conte;do do Requerimiento% Mas6 em com5ensação6 sa'e(seque6 em outros casos6 os es5an+1is dis5ensavam conscientemente os intér5retes6 ?9 que issosim5*i<icava6 em suma6 seu tra'a*+o ?9 não se co*oca va a questão da reação dos .ndios% O+istoriador Oviedo6 um dos cam5e0es da tese da desi3ua*dade e conquistador e*e mesmo6 deiouv9rios escritos a esse res5eito% Começa(se 5or a3arrar os .ndios% DUma vez acorrentados6 a*3uém *eu

 5ara e*es o Requerimiento6 sem con+ecer sua *.n3ua e sem intér5retes nem o *eitor nem os .ndios seentendiam% Mesmo de5ois de a*3uém que com5reendia sua *.n3ua *+es ter e5*icado6 os .ndios nãotiveram nen+uma c+ance de res5onder6 5ois <oram imediatamente *evados 5risioneiros6 os es5an+1isuti*izando o 'astão so're os que não andavam su<icientemente de5ressaD H,6 2>6 -I%

Quando de uma outra cam5an+a6 "edrarias &avi*a 5ede a Oviedo que *eia o <amoso teto% Esteres5onde a seu ca5itão D:en+or6 5arece(me que os .ndios não querem entender a teo*o3ia desteRequerimiento6 e que não dis5ondes de nin3uém ca5az de e5*ic9(*o a e*es% Puardai 5ois convoscoo Requerimiento6 até encarcerarmos a*3uns desses .ndios% =96 5oderão ca*mamente a5reend(*o6 eMonsen+or o Bis5o *+es e5*icar9D Hi'id%I% Como diz =as Casas ao ana*isar esse documento6 não sDse devemos rir ou c+orar diante do a'surdoD do Requerimiento HNistoria6 6 4I% O teto de

"a*acios Ru'ios não ser9 mantido como 'ase ?ur.dica da conquista% "orém6 marcas mais ou menosatenuadas de seu es5.rito encontram(se até mesmo nos advers9rios dos conquistadores% O eem5*omais interessante ta*vez se?a o de Francisco de 8it1ria6 te1*o3o6 ?urista e 5ro<essor da Universidadede :a*amanca6 uma das sumidades do +umanismo es5an+o* do sécu*o K8% 8it1ria destr1i as

 ?usti<icativas comumente a5resentadas 5ara as 3uerras <eitas na América6 mas conce'e6 todavia6 a 5ossi'i*idade de D3uerras ?ustasD% Entre as raz0es que 5odem *evar a e*as6 dois ti5os são 5articu*armente interessantes 5ara n1s% N96 5or um *ado6 as que se 'aseiam na reci5rocidadea5*icam(se indi<erentemente a .ndios e a es5an+1is%

o caso da vio*ação daqui*o que 8it1ria c+ama de Do direito natura* de sociedade e decomunicaçJoD H&os ndios6 )6 ,6 2)7I% Esse direito J comunicação 5ode ser entendido em v9riosn.veis% nicia*mente6 é natura* que as 5essoas 5ossam circu*ar *ivremente <ora de seu 5a.s de ori3em6deve ser D5ermitido a todos ir e via?ar a todos os 5a.ses que quiseremD H)6 26 2)2I% "ode(sei3ua*mente ei3ir a *i'erdade de co mércio6 e 8it1ria re*em'ra aqui o 5rinc.5io da reci5rocidadeDOs 5r.nci5es ind.3enas não 5odem im5edir seus vassa*os de comerciarem com os es5an+1is e6inversamente6 os 5r.nci5es es5an+1is não 5odem 5roi'ir o comércio com os .ndiosD H)6 )6 2/4I% #oque se re<ere J circu*ação das idéias6 8it1ria s1 5ensa6 evidentemente6 na *i'erdade6 5ara oses5an+1is6 de 5re3ar o Evan3e*+o 5ara os .ndios6 nunca na *i'erdade dos .ndios 5ara divu*3ar o"o5o* 8u' na Es5an+a6 5ois a Dsa*vaçãoD cristã é6 5ara e*e6 um va*or a'so*uto% #ão o'stante6 essecaso 5ode ser assimi*ado aos dois 5recedentes% Em com5ensação6 o mesmo não acontece com umoutro 3ru5o de raz0es que 8it1ria avança 5ara ?usti<icar as 3uerras% Considera uma intervenção *.cita

se <or <eita em nome da 5roteção dos inocentes contra a tirania dos c+e<es ou das *eis ind.3enas6 queconsiste D5or eem5*o6 em sacri<icar +omens inocentes ou até mesmo eecutar +omens nãocu*5ados 5ara com(*osD H)6 ,46 2>7I% Ta* ?usti<icação da 3uerra é muito menos evidente do que3ostaria 8it1ria6 e6 em todo caso6 não diz res5eito J reci5rocidade mesmo que essa re3ra sea5*icasse indi<erentemente a .ndios e a es5an+1is6 são estes ;*timos que decidem o sentido da

 5a*avra DtiraniaD6 e é isso o essencia*% Os es5an+1is6 J di<erença dos .ndios6 não sJo unicamente 5arte mas tam'ém ?uiz6 ?9 que são e*es co*+em os critérios se3undo os quais o ?u*3amento ser9 5ronunciado decidem6 5or eem5*o6 que o sacri<.cio +umano diz res5eito J tirania6 mas o massacrenão% Ta* distri'uição dos 5a5éis im5*ica que não +9 verdadeira i3ua*dade entre es5an+1is e .ndios%

 #a verdade6 8it1ria não dissimu*a sua ;*tima ?usti<icativa da 3uerra contra os .ndios é 5er<eitamente c*ara a esse res5eito Ha5esar de ser a5resentada de modo du'itativoI% DEm'ora esses

 '9r'aros não se?am com5*etamente *oucos6 escreve6não es tão *on3e disso% H%%%I #ão são ou ?9 nãosão mais ca5azes de se auto(3overnarem do que *oucos ou até animais se*va3ens e 'ic+os6 +a?a vistoque sua a*imentação não é mais a3rad9ve* e s1 *i3eiramente me*+or do que a dos animais

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se*va3ens%D :ua estu5idez6 acrescenta6 Dé muito maior do que a das crianças e dos *oucos dosoutros 5a.sesD H)6 ,6 2>>()72I% 5ortanto *.cito intervir em seu 5a.s 5ara eercer um direito detute*a% Mas6 admitindo que se deve im5or o 'em aos outros6 quem6 mais uma vez6 decide o que é

 'ar'9rie ou se*va3eria e o que é civi*ização :omente uma das 5artes 5resentes6 entre as quais nJo+9 mais nen+uma i3ua*dade ou reci5rocidade%

Tornou(se um +9'ito ver em 8it1ria um de<ensor dos .ndios mas6 se interro3armos o im5acto deseu discurso6 em vez das intenç0es do su?eito6 <ica c*aro que seu 5a5e* é outro com o 5reteto deum direito internaciona* <undado na reci5rocidade6 <ornece6 na verdade6 uma 'ase *e3a* 5ara as3uerras de co*onização6 que até então não tin+am nen+uma Hem todo caso6 nen+uma que resistisse aum eame um 5ouco mais sérioI%

Ao *ado dessas e5ress0es ?ur.dicas da doutrina da desi3ua*dade6 encontram(se outras6 em 3randequantidade6 nas cartas6 re*at1rios ou crGnicas da é5oca todas tendem a a5resentar os .ndios comoim5er<eitamente +umanos% Es co*+o dois testemun+os entre mi*6 sim5*esmente 5orque seus autoressão um re*i3ioso e um +omem de *etras e cincias6 o que quer dizer que re5resentam os 3ru5os sociais que são6 3era*mente6 os que demonstram maior 'oa vontade em re*ação aos .ndios% O

dominicano Tomas Ortiz escreve ao Conse*+o das $ndias

"7omem carne humana na terra /irme. %ão sodomitas mais do que qualquer outra na5ão. Não h &usti5a entre eles. !ndam completamente nus. Não respeitam nem o amor nem a virgindade. %ão estQpidos e tontos. %# respeitam averdade quando lhes /avorvel< são inconstantes. Não /aem idia do que se&a a previd3ncia. %ão muito ingratos eamantes das novidades. (...) %ão brutais. Costam de eagerar seus de/eitos. Não h entre eles nenhuma obedi3ncia,nenhuma complac3ncia dos &ovens para com os velhos, dos /ilhos para com os pais. %ão incapaes de receber li5Kes,s castigos de nada adiantam. (...) 7omem piolhos, aranhas e vermes, sem co3los, e onde quer que os encontrem. Não praticam nenhuma das artes, nenhuma das indQstrias humanas. $uando se lhes ensinam os mistrios da religião,diem que essas coisas conv3m aos castelhanos, mas não valem nada para eles e que não querem mu dar seuscostumes. Não t3m barba e, se por ventura ela cresce, arrancamna e depilamna. (...) $uanto mais envelhecem, piores /icam. = pelos de ou doe anos, pensamos que terão alguma civilidade, alguma virtude, porm, mais tarde

trans/ormamse em verdadeiras bestas brutas. !ssim posso a/irmar que eus nunca criou ra5a mais cheia de v;cios ede bestialidade, sem mistura alguma de bonda de e de cultura. (...) s ;ndios são mais idiotas do que os asnos, e nãoquerem /aer es/or5o no que quer que se&a" (Dierre :artEr, AFF, 4).

Esse teto6 5arece(me6 dis5ensa coment9rios%O se3undo autor é6 mais uma vez6 Oviedo6 <onte ricade ?u*3amentos en1<o+os e racistas ne*e os .ndios não são reduzidos ao n.ve* do cava*o ou do asnoHou mesmo *o3o a'aioI6 mas co*ocados na*3uma 5arte ?unto aos materiais de construção6 madeira6

 5edra ou <erro6 de qua*quer modo6 com os o'?etos inanimados% E*e tem um modo tão etraordin9riode <ormu*ar as coisas6 que di<ici*mente se acreditaria não ser irGnico mas não6 não é DQuando se3uerreia contra e*es e se com'ate <ace a <ace6 é 5reciso ser muito 5rudente 5ara não atin3i(*os naca'eça com a es5ada6 5ois vi muitas es5adas serem que'radas desse modo% :eus cr@nios sãoes5essos e tam'ém muito <ortesD H86 D"re<9cioD6 c<% 86 >I% #ão sur5reender9 o <ato de Oviedo ser6na verdade6 5artid9rio da Dso*ução <ina*D do 5ro'*ema ind.3ena6 so*ução cu?a res5onsa'i*idade e*e3ostaria que o &eus dos cristãos assumisse% D&eus destru.(*os(9 em 'reveD 5ro c*ama comse3urança6 e tam'ém D:atã a3ora <oi e5u*so dessa i*+a ^ toda a sua in<*uncia desa5areceu a3oraque a maioria dos .ndios est9 morta% H%%%I Quem 5ode ne3ar que usar 51*vora contra os 5a3ãos éo<erecer incenso a #osso :en+or DO de'ate entre 5artid9rios da i3ua*dade e da desi3ua* dade dos.ndios e dos es5an+1is atin3ir9 seu a5o3eu6 e encontrar9 ao mesmo tem5o uma encarnação concreta6na cé*e're controvérsia de 8a**ado*id que6 em ,4476 o50e o erudito e <i*1so<o Pines de :e5;*vedaao 5adre dominicano e 'is5o de C+ia5as6 Barto*omé de =as Casas%

A 5r15ria eistncia desse con<ronto tem a*3o de etraordin9rio% Pera* mente6 esse ti5o de di9*o3o

se esta'e*ece entre *ivros6 e os 5rota3onistas não <icam um diante do outro% "orém6 ?usta mente6 <oirecusado a :e5;*veda o direito de im5rimir seu tratado consa3rado Js ?ustas causas das 3uerrascontra os .ndios 'uscando uma es5écie de ?u*3amento de recurso6 :e5;*veda 5rovoca um encontro

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diante de um 3ru5o de doutos6 ?uristas e te1*o3os =as Casas se 5ro50e a de<ender o 5onto de vistao5osto nessa ?usta orat1ria% di<.ci* ima3inar o es5.rito que 5ermite que os con<*itos ideo*13icosse?am so*ucionados 5or di9*o3os assim% A*i9s6 o con<*ito não ser9 rea*mente so*ucionado de5ois deouvir *on3os discursos Hes5ecia*mente o de =as Casas6 que dura cinco diasI6 os ?u.zes6 eaustos6 sese5aram6 e no <im não tomam nen+uma decisão a 'a*ança 5ende6 no entanto6 5ara o *ado de =asCasas6 5ois :e5;*veda não o'tém autorização 5ara 5u'*icar seu *ivro%:e5;*veda se 'aseia6 em sua

ar3umentação6 numa tradição ideo*13ica6 na qua* os outros de<ensores da tese da desi3ua*dadetam'ém vão 'uscar seus ar3umentos% &esta quemos entre esses autores aque*e que essa tesereivindica ( com razão ( como 5atrono Arist1te*es% :e5;*veda tra duziu a "o*.tica 5ara o *atim6 e éum dos maiores es5ecia *istas de seu tem5o no 5ensamento aristoté*ico ora6 não é Arist1te*es6

 ?ustamente na "o*.tica6 que esta'e*ece a cé*e're distinção entre os que nasceram sen+ores e os quenasceram escravos Quando os +omens di<erem entre si tanto quanto a a*ma di<ere do cor5o e um+omem de um 'ruto H%%%I6 estes são 5or natureza escravos H%%%I% e<etiva mente escravo 5or naturezaaque*e H%%%I que rece'e da razão um quin+ão somente na medida em que est9 im5*icada na sensação6mas sem 5ossu.(*a 5*enamenteD H,24/ 'I% Um outro teto mencionado <reqZentemente é um tratado6&e Re3imine6 atri'u.do na é5oca a :ão Tom9s de Aquino6 mas que na verdade é de autoria de"to*omeu de =ucas6 que acrescenta J a<irmação da desi3ua*dade uma e 5*icação ?9 anti3a6 que6 no

entanto6 tem muito <uturo deve(se 5rocurar a razão da desi3ua*dade na in<*uncia do c*ima He nados astrosI%:e5;*veda ac+a que a +ierarquia6 e não a i3ua*dade6 é o estado natura* da sociedade+umana% Mas a ;nica re*a ção +ier9rquica que con+ece é a da sim5*es su5erioridade(in<erioridadenão +96 5ois6 di<erenças de natureza6 mas a5enas 3raus diversos numa ;nica esca*a de va*ores6 aindaque a re*ação 5ossa re5etir(se adin<initum%

:eu di9*o3o &emocrates A*ter6 aque*e 5ara o qua* não conse3uem o'ter o im5rimatur6 e50ec*aramente suas o5ini0es a esse res 5eito% ns5irado nos 5rinc.5ios e a<irmaç0es 5articu*ares queencontra na "o*.tica de Arist1te*es6 dec*ara que todas as +ierarquias6 a5esar das di<erenças de <orma6

 'aseiam(se num ;nico 5rinc.5io Do dom.nio da 5er<eição so're a im5er<eição6 da <orça so're a<raqueza6 da eminente virtude so're o v.cioD H5% 27I% "arece 1'vio6 como se se tratas se de umaD5ro5osição ana*.ticaD no momento se3uinte6 :e5;*veda6 mantendo o es5.rito aristoté*ico6 d9eem5*os dessa su5erioridade natura* o cor5o deve su'ordinar(se J a*ma6 a matéria J <orma6 os<i*+os aos 5ais6 a mu*+er ao +omem e os escravos Hde<inidos tauto*o3icamente como seresin<erioresI aos sen+ores% Mais um 5asso e ?usti<ica(se a 3uerra de conquista contra os .ndios DEm

 5rudncia como em +a'i*idade6 e em virtude como em +umanidade6esses '9r'aros são tão in<erioresaos es5an+1is quanto as crianças aos adu*tos e as mu*+eres aos +omens entre e*es e os es5an+1is6+9 tanta di<erença quanto entre 3ente <eroz e 3ente de uma etrema demncia6 entre 3ente

 5rodi3iosa( mente intem5erante e seres tem5erantes e comedidos6 e6 ousaria dizer6 tanta di<erençaquanto entre os macacos e os +omensD Hi'id%6 5% )) a ;*tima 5arte da <rase est9 ausente em certosmanuscritosI%

Todas as o5osiç0es que constituem o universo menta* de :e5;*veda tm6 <ina*mente6 o mesmoconte;do e as a<irmaç0es acima 5oderiam ser reescritas como uma cadeia intermin9ve* de

 5ro5orç0es

$#&O: (E:"A#N_: (CRA#A: HF=NOI(A&U=TO: H"AIMU=NER HE:"O:AINOMEM HE:"O:OI (A#MA:HMACACO:I fNUMA#O:FEROC&A&E (C=EMg#CA#TEM"ERA#A TEM"ERA#A (MATRA (FORMACOR"O (A=MA

A"ETTE (RA!hOMA= (BEM (#em todos os 5artid9rios da desi3ua*dade tm um 5ensamento assim tão esquem9tico

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v(se que :e5;*veda ?unta todas as +ierarquias e todas as di<erenças na sim5*es o5osição do 'om edo mau6 o que quer dizer que6 no <ina*6 arran?a(se 'em com o 5rinc.5io da identidade Hem vez do dadi<erençaI% Mas a *eitura dessas o5osiç0es em cadeia tam'ém é instrutiva% nicia*mente6 co*oquemosde *ado a o5osição onde a<irmar a su5erioridade do se3undo termo so're o 5rimeiro é tauto*o3iama*X'em as que va*orizam um determinado com5ortamento Hdemncia6 tem5erançaI e <ina*mente6as que se 'aseiam numa di<erença 'io*13ica c*ara animaisX+omens ou criançasXadu*tos%

Restam duas séries de o5osiç0es as que 3iram em torno do 5ar cor5o a*ma e as que o51em 5artesda 5o5u*ação do 3*o'o cu?a di<erença é evidente6 mas a su5erioridade ou in<erioridade

 5ro'*em9tica .ndios es5an+1is6 mu*+eresX+omens% E sem d;vida reve*ador encontrar os .ndiosassimi*ados Js mu*+eres6 o que 5rova a 5assa3em <9ci* do outro interior ao outro eterior H?9 que ésem5re um +omem es5an+o* que <a*aI *em'ramo(nos6 a*i9s6 de que os .ndios <aziam umadistri'uição simétrica e inversa os es5an+1is eram assimi*a dos Js mu*+eres6 5e*o viés da 5a*avra6na <a*a dos 3uerreiros astecas% in;ti* es5ecu*ar 5ara sa'er se <oi 5ro?etada no estran3eiro aima3em da mu*+er ou6 antes6 na mu*+er os traços do estran3eiro os dois sem5re estiveram

 5resentes6 e o que im5orta é sua so*idariedade6 e não a anterioridade de um ou de outro% Co*ocar emequiva*ncia essas duas o5osiç0es e o 3ru5o re*ativo ao cor5o e J a*ma é i3ua*mente reve*ador

antes de mais nada6 o outro é nosso 5r15rio cor5o da. tam'ém a assimi*ação dos .ndios e mu*+eresaos animais6 Jque*es que6 a5esar de animados6 não tm a*ma%Todas as di<erenças se reduzem6 5ara:e5;*veda6 a a*3o que não é uma di<erença6 a su5erioridade in<erioridade6 o 'em e o ma*%

8e?amos a3ora em que consistem seus ar3umentos em <avor da ?usta 3uerra <eita 5e*os es5an+1is%Quatro raz0es tornam uma 3uerra *e3.tima H5ara<raseio seu discurso de 8a**ado*id6 mas os mesmosar3umentos encontram(se em &emocratesA*terI

,% *e3.timo su?eitar 5e*a <orça das armas +omens cu?a condição natura* é ta* que deveriamo'edecer aos outros6 se recusarem essa o'edincia e não restar nen+um outro recurso%

2% *e3.timo 'anir o crime a'omin9ve* que consiste em comer carne +umana6 que é uma o<ensa 5articu*ar J natureza6 e 5Gr <im ao cu*to dos demGnios6 que 5rovoca mais que nada a c1*era de &eus6com o rito monstruoso do sacri<.cio +umano%

)% *e3.timo sa*var de 3raves 5eri3os os inumer9veis mortais inocentes que esses '9r'arosimo*avam todos os anos6 a5azi3uando seus deuses com coraç0es +umanos%

/% A 3uerra contra os in<iéis é ?usti<icada6 5ois a're camin+o 5ara a di<usão da re*i3ião cristã e<aci*ita o tra'a*+o dos mission9rios%

"ode(se dizer que essa ar3umentação re;ne quatro 5ro5osiç0es descritivas acerca da natureza dos.ndios a um 5ostu*ado que é tam'ém um im5erativo mora*% As 5ro 5osiç0es :ão os .ndios são 5ornatureza su'missos 5raticam o cani'a*ismo sacri<icam seres +umanos i3noram a re*i3ião cristã%Quanto ao 5ostu*ado(5rescrição6 é temos o direito6 se não o dever6 de im5or o 'em aos outros%Ta*vez se?a necess9rio 5recisar desde ?9 que n1s mesmos decidimos o que é o 'em e o ma* temos odireito de im5or aos outros o que n1s consideramos como um 'em6 sem nos 5reocu5armos em sa'er se é tam'ém um 'em do 5onto de vista de*es% Esse 5ostu*ado im5*ica6 5ortanto6 uma 5ro?eção dosu?eito enunciante so're o universo6 uma identi<icação entre meus va*ores e os va*ores% #Jo se 5ode

 ?u*3ar do mesmo modo as 5ro5osiç0es descritivas e o 5ostu*ado 5rescritivo%

As 5ro5osiç0es6 que estão *i3adas J rea*idade em5.rica6 5odem ser contestadas ou com5*etadas na

rea*idade não estão6 nesse caso es5e.<ico6 muito a<astadas da verdade% incontest9ve* que os astecasnão são cristãos6 que 5raticam o cani'a*ismo e o sacri<.cio +umano% Até mesmo a 5ro5osição so'rea tendncia natura* J o'edincia não é eatamente des5rovida de veracidade6 em'ora sua

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<ormu*ação se?a evidente mente tendenciosa certamente os .ndios nJo tm a mesma re*ação com o 5oder que os es5an+1s que6 ?ustamente6 o mero 5ar su5erioridadeXin<erioridade tem6 5ara e*es6menos im5ort@ncia do que a inte3ração na +ierarquia 3*o'a* da sociedade%

 #ão acontece o mesmo com o 5ostu*ado6 que não diz res5eito J veri<icação e ao mais(ou(menos6 e sim J <é6 ao tudo(ou(nada é um 5rinc.5io6 que constitui a 'ase da ideo*o3ia que o5era em

:e5;*veda6 e 5or isso não 5ode ser discutido Hmas somente recusado ou aceitoI% E*e tem em menteesse 5ostu*ado quando avança o se3uinte ar3umento Como diz :anto A3ostin+o He5.sto*a -4I6 a 5erda de uma s1 a*ma morta sem o 'atismo u*tra5assa em 3ravida de a morte de inumer9veisv.timas6 ainda que <ossem inocentesD H&emocrates6 5% ->I% Esta é a conce5ção Dc*9ssica +9 umva*or a'so*uto6 que neste caso é o 'atismo6 o <azer 5arte da re*i3ião cristã a aquisição desse va*ortem 5recedncia so're aqui*o que o indiv.duo considera como seu 'em su5remo6 a sa'er6 a vida%sso 5orque a vida e a morte do indiv.duo são6 ?ustamente6 'ens 5essoais6 ao 5asso que o idea*re*i3ioso é um a'so*uto6 ou me*+or6 um 'em socia*% A di<erença entre o va*or comum6transindividua*6 e o va*or 5essoa*6 é tão 3rande6 que 5ermite uma variação quantitativa inversa nostermos aos quais esses va*ores estão *i3a dos a sa*vação de um ?usti<ica a morte de mi*+ares%

Anteci5ando a continuação6 5odemos *em'rar aqui que =as Casas6 enquanto advers9rio coerente esistem9tico de :e5;*veda6 recusaria 5recisamente esse 5rinc.5io6 no que ta*vez não traia ocristianismo em 5articu*ar6 mas a essncia da re*i3ião em 3era*6 ?9 que e*a consiste na a<irmação deva*ores transindividuais6 e assim a'andona a 5osição Dc*9ssicaD 5ara anunciar a dos DmodernosD%Escreve HDEntre *os remediosD6 27I uma 3rande desordem e um 5ecado morta* ?o3ar uma criançano 5oço 5ara 'atiz9(*a e sa*var sua a*ma se assim e*a morresse% #ão somente a morte de mi*+ares de

 5essoas não se ?usti<ica 5e*a sa*vação de uma 5essoa a morte de um s1 5assa 5esar mais do que suasa*vação% O va*or 5essoa* ( a vida6 a morte ( 5assa a ter 5recedncia so're o va*or comum%

Em que medida o quadro ideo*13ico de :e5;*veda 5ermite que e*e 5erce'a os traços es5ec.<icos dasociedade ind.3ena #um teto 5osterior J controvérsia de 8a**ado*id Hmas seme*+ante a e*a noes5.ritoI6 D&o reino e dos deveres do reiD6 escreve DOs maiores <i*1so<os dec*aram que tais 3uerras

 5odem ser travadas 5or uma nação muito civi*izada contra 3ente não civi*izada6 que são mais '9r'aros do que se 5ossa 5ensar6 5ois <a*ta(*+es a'so*utamente qua*quer con+ecimento das *etras6i3noram o uso do din+eiro6 3era*mente andam nus6 inc*usive as mu*+eres6 e carre3am <ardos so're os om'ros e as costas6 como animais6 5or *on3os 5ercursos% E eis as 5rovas de sua vidase*va3em6 seme*+ante J dos animais suas imo*aç0es eecr9veis e 5rodi3iosas de v.timas +umanas

 5ara os demGnios o <ato de se a*imentarem de carne +umana de enterrarem vivas as mu*+eres dosc+e<es com os maridos mortos6 e outros crimes seme*+antesD H,6 /(4I%

O retrato que :e5;*veda es'oça é do maior interesse6 tanto 5or cada um dos traços que o com50em

quanto 5or sua com'inação% :e5;*veda é sens.ve* Js di<erenças6 c+e3a a 5rocur9(*as 5or isso re;nea*3umas das caracter.sticas mais marcantes das sociedades ind.3enas é curioso constar que6 ao<az(*o6 :e5;*veda recu5era a*3umas descriç0es idea*izadas dos .ndios Ha ausncia de escrita6 dedin+eiro6 de rou5asI6 e ao mesmo tem5o inverte(*+es o sina*% O que <az com que 5recisamente essestraços se?am reuni dos :e5;*veda não diz6 mas 5ode(se 5ensar que ta* reunião não se deve aoacaso% A 5resença de tradição ora* em vez de escrita6 indica o 5a5e* di<erente que é destinado emcada caso J 5resença e J ausncia em 3era* a escrita6 5or o5osição J 5a*avra6 5ermite a ausncia dos*ocutores 5or o5osição J ima3em6 a do o'?eto desi3nado6 até e inc*usive em sua <orma amemorização necess9rias *eis e transiç0es6 im5osta 5e*a ausncia de escrita6 determina6 comovimos6 a 5redomin@ncia do ritua* so're a im5rovisação% seme*+ante o caso da ausncia dedin+eiro6 esse equiva*ente universa* que dis5ensa a necessidade de ?usta5or os 'ens que são

trocados% A ausncia de rou5as6 se <osse veri<ica da6 5or um *ado6 que o cor5o est9 sem5re 5resente6não sendo ocu*tado dos o*+ares 5or outro *ado6 que não +9 di<erença entre situação 5rivada e 5;'*ica6 .ntima e socia*6 isto é6 o não(reconto do estatuto sin3u*ar do terceiro% Fina*mente6 a <a*ta de

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animais de car3a deve ser 5osta no mesmo 5*ano que a ausncia de <erramentas é so're o cor5o+umano que recai o cum5rimento de determina das tare<as6 em vez de essa <unção ser atri'u.da aum aui*iar6 animado ou não a 5essoa <.sica em vez do interme di9rio%

"ode(se6 5ois6 5rocurar o traço su'?acente da sociedade descrita que é res5ons9ve* 5or essasdi<erenças6 e vo*tar assim J re<*eão es'oçada acerca do com5ortamento sim'1*ico t.n+amos

constatado que os discursos de5endiam6 de certo modo6 DdemaisD de seu re<erente Ha <amosainca5acidade de mentir6 ou de dissimu*arI e que +avia uma certa insu<icincia na conce5ção que osastecas tin+am do outro% As D5rovasD reco*+idas 5or :e5;*veda a5ontam 5ara a mesmainsu<icincia o cani'a*ismo6 o sacri<.cio +umano6 o enterro da es5osa6 todos im5*icam que não serecon+ece 5*enamente ao outro o estatuto de +umano6 simu*taneamente seme*+ante e di<erente% Ora6a 5edra de toque da a*teridade não é o tu 5resente e 5r1imo6 mas o e*e ausente ou a<astado% #ostraços destacados 5or :e5;*veda encontramos tam'ém uma di<erença no *u3ar ocu5ado 5e*aausncia Hse é que e*a 5ode ocu5ar *u3arI o interc@m'io ora*6 a <a*ta de din+eiro e de rou5as6 assimcomo de animais de car3a6 im5*icam uma 5redomin@ncia da 5resença so're a ausncia6 do imediatoso're omedJto% eata mente nesse 5onto que se 5ode ver como se cruzam o te ma da 5erce5ção dooutro e do com5ortamento sim'1*ico Hou semi1ticoI6 que me 5reocu5am simu*taneamente ao *on3o

de toda esta 5esquisa num certo 3rau de a'stração os dois se con<undem% A *in3ua3em s1 eiste 5e*o outro6 não somente 5orque sem5re se <a*a a a*3uém6 mas tam'ém na medida em que 5ermiteevocar o terceiro6 ausente J di<erença dos animais6 os +omens con+ecem a citação% Mas a 5r15riaeistncia desse outro 5ode ser medida 5e*o *u3ar que *+e reserva o sistema sim'1*ico não é omesmo6 5ara evocar a5enas um eem5*o s1*ido6 e a3ora <ami*iar6 antes e de5ois do advento daescrita Hno sentido estritoI% &e modo que qua*quer 5esquisa so're a a*teridade é necessariamentesemi1tica e reci5rocamente a semi1tica não 5ode ser 5ensada <ora da re*ação com o outro%:eriainteressante <azer uma a5roimação entre os tra ços da menta*idade asteca destacados e o que uma<orma de sacri<.cio6 evocada 5or &ur9n6 ensina acerca do <uncionamento do sim'1*ico DQuarentadias antes da <esta6 um .ndio era vestido como o .do*o6 com os mesmos adereços6 de modo queaque*e escravo .ndio vivo re5resentasse o .do*o% A51s ter sido 5uri<icado6 era +onrado e ce*e'radodurante quarenta dias6 como se <osse o 5r15rio .do*o% H%%%I &e5ois de os deuses serem sacri<icados6eram todos es<o*a dos ra5idamente H%%%I% O coração era arrancado e o<erecido a *este6 e de5ois oses<o*adores6 cu?a <unção era essa6 tra ziam o cor5o morto novamente 5ara 'aio e <endiam(no danuca até os ca*can+ares6 es<o*ando(o como um cordeiro%

A 5e*e sa.a inteira% H%%%I Os outros .ndios vestiam imediatamente as 5e*es e em se3uida adotavam onome dos deuses re5resentados% "or so're as 5e*es traziam os adereços e as ins.3nias das mesmasdivindades6 cada +omem rece'ia o nome do deus que re5resentava e se considera va divinoD H,6 >c<% Fi3% ,7I% #um 5rimeiro momento6 5ortanto6 o 5risioneiro *itera*mente torna(se o deus rece'eseu nome6 a5arncia6 ins.3nias e tratamento 5ois 5ara a'sorver o deus6 ser9 5reciso sacri<icar e

consumir seu re5resentante% Contudo6 são os +omens que decidiram essa identi<icaçJo6 e nãoesquecem isso6 ?9 que recomeçam todos os anos% E a3em como se con<undissem o re5resentantecom aqui*o que e*e re5re senta o que começa como uma re5resentação aca'a em 5artici5ação eidenti<icação 5arece <a*tar a dist@ncia necess9ria 5ara o <uncionamento sim'1*ico% &e resto6 5ara seidenti<icar a um ser ou a uma de suas 5ro5riedades Hmu*+eres são <reqZentemente es<o*adas em ritos*i3ados J <erti*idadeI6 veste(se6 *itera*mente6 sua 5e*e% sso <az 5ensar na 5r9tica das m9scaras6 que

 5odem ser <eitas J seme*+ança de um indiv.duo% "orém a m9scara6 ?ustamente6 se 5arece com6 masnão <az 5arte daque*e que re5resenta% #este caso6 o 5r15rio o'?eto da re5resentação 5ermanece6 5e*omenos na a5arncia Ha 5e*eI o sim'o*izante não est9 rea*mente se5arado de seu sim'o*izado% Tem(se a im5ressão de que uma e5ressão <i3urada <oi tomada ao 5é da *etra6 que se encontra a 5resençaonde era es5erada a ausncia curiosamente6 temos a <1rmu*a Dse 5Gr na 5e*e de a*3uémD6 o que não

im5*ica que sua ori3em se?a um rito de es<o*amento +umano% Fazendo este *evantamento dascaracter.sticas do com 5ortamento sim'1*ico dos astecas sou *evado a constatar não somente adi<erença entre duas <ormas de sim'o*ização6 como tam'ém a su5erioridade de uma em re*ação J

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outra ou me*+or6 e 5ara ser mais 5reciso6 sou *evado a dei ar a descrição ti5o*13ica6 5ara me re<erira um esquema evo*utivo% :er9 que isso si3ni<icaria adotar6 5ura e sim5*es mente6 a 5osição dosdesi3ua*itaristas "enso que não% N9 um cam5o no qua* a evo*ução e o 5ro3resso não 5odem ser

 5ostos em d;vida é6 3rosso modo6 o da técnica% in contest9ve* que um mac+ado de 'ronze ou de<erro corta me*+or do que um mac+ado de madeira ou de 5edra que o uso da roda reduz o es<orço<.sico necess9rio% Ora6 essas invenç0es técnica não sur3em do nada são condiciona das Hsem serem

diretamente determinadasI 5e*a evo*ução do a5are*+o sim'1*ico 5r15rio do +omem6 evo*ução que 5odemos i3ua*mente o'servar em determinados com5ortamentos sociais% Eiste uma Dtecno*o3iaDdo sim'o*ismo6 que é tão suscet.ve* de evo*ução quanto a tecno*o3ia dos utens.*ios6 e nessa

 5ers5ectiva os es5an+1is são mais DavançadosD do que os astecas Hou6 3enera*izando as sociedadescom escrita mais do que as sociedades sem escritaI6 ainda que se trate unicamente de uma di<erençade 3rau%

Mas vo*temos a :e5;*veda% :eria tentador ver ne*e os 3ermes de uma descrição etno*13ica dos.ndios6 <aci*itada 5e*a atenção que d9 Js di<erenças% "orém6 é necess9rio acrescentar em se3uida que6

 ?9 que as di<erenças sem5re se reduzem6 5ara e*e6 a uma in<erioridade6 sua descrição 5er de muito doseu interesse% #ão somente 5orque a curiosidade de :e5;*veda em re*ação aos .ndios é <raca demais

 5ara que6 uma vez demonstrada a Din<erioridadeD6 e*e 5ossa inda3ar acerca das raz0es das6di<erenças nem sim5*esmente 5orque seu voca'u*9rio é carre3ado de ?u*3amentos de va*or HDnãocivi*izadosD6 D'9r'arosD6 DanimaisDI6 em vez de visar J descrição mas tam'ém 5orque seu 5reconceito contra os .ndios vicia as in<ormaç0es nas quais a demonstração se 'aseia% :e5;*vedacontenta(se em 'uscar suas in<ormaç0es em Oviedo6 que ?9 é vio*entamente anti .ndio6 e nunca *evaem conta as nuanças e as circunst@ncias% "or que cu*5ar os .ndios 5e*a ausncia de animais de car3aHem vez de constat9(*o sim5*esmenteI6 ?9 que o cava *o e o 'urro6 a vaca e o came*o sãodescon+ecidos no continente americano que animais os .ndios 5odiam uti*izar Os 5r15rioses5an+1is não conse3uem reso*ver o 5ro'*ema ra5idamente6 e vimos que o n;mero de v.timas entreos carre3adores s1 aumentou de5ois da conquista% A ausncia de rou5as6 o'servada 5or Co*om'o noCari'e6 não caracterizava6 evidentemente6 os +a'itantes do Méico6 que6 ao contr9rio6 5ossu.am6como vimos6 modos re<inados6 admirados 5or Cortez e seus camaradas% A questão do di n+eiro6assim como a da escrita6 tam'ém é mais com5*ea% As in<ormaç0es de :e5;*veda são6 5ortanto6<a*seadas 5or seus ?u*3amentos de va*or6 5e*a assimi*ação da di<erença J in<erioridade contudo6 oretrato que <ornece dos .ndios continua a ter interesse%

:e a conce5ção +ier9rquica de :e5;*veda 5odia ser co*ocada so' o 5atronato de Arist1te*es6 aconce5ção i3ua*itarista de =as Casas merece ser a5resentada6 o que a*i9s <oi <eito na é5oca6 como

 5roveniente dos ensinamentos do Cristo% O 5r15rio =as Casas diz6 em seu discurso de 8ai*ado*idDAdeus6 Arist1te*es O Cristo6 que é a verdade eterna6 deiou(nos este mandamento Amar9s ao

 5r1imo como a ti mesmo% H%%%I A5esar de ter sido um <i*1so<o 5ro<undo6 Arist1te*es não era di3no

de ser sa*vo e de c+e3ar a &eus 5e*o con+ecimento da verdadeira <éD HA5o*o3ia6 )I% #ão que o cristianismo i3nore as o5osiç0es6 ou as desi3ua*dades mas aqui a o5osição <undamenta*é a que eis te entre crente e descrente6 cristão e não(cristão ora6 todos6 sem eceção6 5odem tornar(se cristãos as di<erenças de <a to não corres5ondem a di<erenças de natureza% O mesmo não se d9com a o5osição sen+or(escravo derivada de Arist1te*es o escravo é um ser intrinsecamente in<erior6

 5ois <a*ta(*+e6 ao menos em 5arte6 a razão6 que é ?ustamente o que de<ine o +omem6 e que não 5odeser adquirida6 como a <é% A +ierarquia é irredut.ve* nesse se3mento da tradição 3reco(romana6 assimcomo a i3ua*dade é um 5rinc.5io ina'a*9ve* da tradição cristã estas duas com5onentes dacivi*ização ocidenta*6 aqui etremamente sim5*i<icadas6 con<rontam(se diretamente em 8a**ado*id%Os 5atronos rei vindicados 5or cada uma de*as tm6 evidentemente6 um va*or essencia*mente

em'*em9tico não es5eremos que aqui se <aça ?ustiça Js com5*eidades da doutrina cristã ou Jssuti*ezas da <i*oso<ia de Arist1te*es%

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=as Casas tam'ém não é o ;nico a de<ender os direi tos dos .ndios6 e a 5roc*amar que e*es não 5odem6 em +i51tese a*3uma6 ser escravizados na verdade6 a maior 5arte dos documentos o<iciaisemitidos 5e*a coroa <azem o mesmo% 8imos os reis ne3arem a Co*om'o o direito de vender os.ndios como escravos6 e o cé*e're testamento de sa'e* a<irma que e*es não devem ser6 de maneiranen+uma6 5re ?udicados% Uma ordem de Car*os 86 datada de ,4)76 é 5articu*armente e5*.cita

 "$ue ningum ouse escraviar nenhum ;ndio, no decorrer de uma guerra ou em tempo de pa< nemmanter nenhum ;ndio escravo sob preteto de aquisi5ão por guerra &usta, ou de resgate, ou decompra ou de troca, ou sob qualquer t;tulo ou preteto que se&a, mesmo se se tratar de ;ndios queos pr#prios nativos dessas ilhas e dessas terras continentais consideram como escravos". !s =eEes

 Nuevas, relativas ao governo das colMnias espanholas, de 1B42, serão redigidas no mesmo esp;rito(e provocam um verdadeiro clamor entre os colonos e conquistadores da !mrica).

&o mesmo modo6 na 'u*a 5a5a* de ,4)-6 "au*o a<irma DA 8erdade H%%%I diz6 ao enviar os 5re3adores da <é 5ara que cum5ram este 5receito 8ai e <az disc.5u*os em todas as naç0es% E*e diztodas sem nen+uma distinção6 ?9 que todos são ca5azes de rece'er a disci5*ina da <é% H%%%I Os .ndios6sendo verdadeiros +omens6 H%%%I não 5odem de modo a*3um ser 5rivados de sua *i'erdade ou da

 5osse de seus 'ens%D Esta a<irmação decorre dos 5rinc.5ios cristãos <undamentais &eus criou o+omem J sua ima3em6 o<ender o +omem é o<ender &eus% =as Casas adota essa 5osição6 e *+e d9uma e5ressão mais am5*a6 co*ocando a i3ua*dade como <undamento de qua*quer 5o*.tica +umanaDAs *eis e as re3ras naturais e os direitos do +omem são comuns a todas as naç0es6 cristã ou3ent.*ica6 e qua*quer que se?a a seita6 *ei6 estado6 cor e condição6 sem nen+uma di<erença%D E d9ainda mais um 5asso6 que consiste não somente em a<irmar a i3ua*dade a'strata6 mas em 5recisarque se trata rea*mente de uma i3ua*dade entre n1s e os outros6 es5an+1is e .ndios da. a <reqZncia6em seus escritos6 de <1rmu*as do 3nero

 "odos os ;ndios que se encontram devem ser considera dos livres@ pois na realidade o são, pelomesmo direito que /a com que eu mesmo se&a" ("7arta ao Dr;ncipe 6elipe", 2*.4.1B44).

Conse3ue tornar seu ar3umento 5articu*armente concreto recorrendo <aci*mente J com5aração queco*o ca os .ndios no *u3ar dos es5an+1is

 "%e os mouros ou turcos tivessem vindo /aer ;ndios o mesmo equerimiento, a/irmando que :aom senhor e criador do mundo e dos homens, ser que teriam de acreditar nelesZ" (>istoria, FFF, B8).

Mas essa a<irmação da i3ua*dade dos +omens se <az em nome de uma re*i3ião 5articu*ar6o cristianismo6 e esse 5articu*arismo não é recon+ecido% N96 conseqZentemente6 um 5eri3o 5otencia*

de ver a<irmar6 não somente a natureza +umana dos .ndios6 mas tam'ém sua DnaturezaD cristã% "!sleis e as regras naturais e os direitos dos homens diia =as 7asas< mas quem decide o que naturalem matria de leis e direitosZ Não seria &ustamente a religião cristãZ G que o cristianismo universalista, implica uma indi/eren5a essencial de todos os homens. Aemos delinearse o perigo daassimila5ão neste teto de %ão Goão 7ris#stomo, citado e de/endido em Aalladolid@ "!ssim comonão h nenhuma di/eren5a natural na cria5ão dos homens, tampouco h di /eren5a no apelo para

 salvar todos eles, se&am brbaros ou sbios, pois a gra5a divina pode corrigir o esp;rito dosbrbaros de modo que tenham um entendimento raovel" (!pologia, 42).

A identidade 'io*13ica 5assa a acarretar uma es5écie de identidade cu*tura* Hdiante da re*i3iãoItodos são c+amados 5e*o &eus dos cristãos6 e é um cristão que decide qua* o sentido da 5a*avra

Dsa*varD% #um 5rimeiro momento6 =as Casas constata que6 do 5onto de vista doutrin9rio6 a re*i3iãocristã 5ode ser adotada 5or todos%

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"Nossa religião cristã convm igualmente a todas as na5Kes do mundo, est aberta a todos domesmo modo< e, sem tirar de nenhuma delas a liberdade ou a soberania, não pKe nenhuma delasem estado servil, com o preteto de distinguir entre homens livres e servos por naturea" (discurso

 pro /erido por volta de 1B2*, diante do rei< >istoria, FFF, 149). 

Mas em se3uida a<irma que todas as naç0es são destinadas J re*i3ião cristã6 dando o 5asso que

se5ara o 5otencia* do ato

"Nunca houve gera5ão, ou povo, ou l;ngua entre os homens criados (...), e menos ainda desde a +ncarna5ão e Daião do edentor (...), que não pudesse ser inclu;da entre os predestinados, isto ,entre os membros do corpo m;stico de Gesus 7risto, que, como di %ão Daulo, a Fgre&a" (>istoria,1, "Dr#logo"). "! religião cristã, que o caminho universal, /oi dada pela miseric#rdia divina atodos os povos, para que abandonem os caminhos e as seitas da in/idelidade" (ibid., 1, 1).

E é como o'servação em5.rica que a5arecer9 a a<irmação6 incansave*mente re5etida6 de que oindios ?9 5ossuem traços cristãos e que as5iram ao recon+ecimento de sua cristandade um tantoquanto Dse*va3emD

"Gamais /oi vista em outras pocas ou em outros povos tanta capacidade, tanta disposi5ão ou /acilidade para essa conversão.(...) Não h no mundo na5ão tão d#cil nem menos re/ratria, nemmais apta ou mais disposta que estas a receber o &ugo do 7risto" ("7arta ao 7onselho das Hndias",2*.1.1B'1). "s ;ndios são tão doces e tão decentes que, mais do que qualquer outra na5ão de todoo mundo, estão inclinados e prontos a abandonar a adora5ão dos ;dolos e aceitar, prov;ncia por

 prov;ncia e povo por povo, a palavra de eus e a prega5ão da verdade" (!pologia, 1).

O traço mais caracter.stico dos .ndios6 se3undo =as Casas6 é sua seme*+ança com os cristão %%% Oque encontramos6 a*ém disso6 em seu retrato Os .ndios são dotados de virtudes cristãs6 sãoo'edientes e 5ac.<icos% Eis aqui a*3umas <ormu*aç0es etra.das de v9rias o'ras6 escritas emmomentos di<erentes de sua carreira

 "+stes povos, tomados em con&unto, são, por naturea, s# meiguice, humildade e pobrea, semde/esa ou armas, sem a menor mal;cia, tolerantes e pacientes como ningum no mundo" (>istoria,1, "Dr#logo").

 ":uito obedientes e muito virtuosos, natural mente pac;/icos" (elaci#n, "e los remos ). "%ão, em sua grande maioria, de naturea pac;/ica, meiga, ino/ensiva" ("b&e5Kes a %epQlveda"). "s ;ndios,(...) naturalmente meigos e humildes" ("7arta a 7arrana", agosto de 1BBB).

A 5erce5ção que =as Casas tem dos .ndios não é mais nuançada do que a de Co*om'o6 no tem5om que este acreditava no D'om se*va3emD6 e =as Casas quase admite que 5ro?eta so're e*es seuidea* DOs *ucaVos H%%%I viviam rea*mente como a 3ente da dade do Ouro6 uma vida que 5oetas e+istoriadores tanto *ouvaramD6 escreve6 ou ainda6 a 5ro51sito de um .ndio DTin+a a im5ressão dever ne*e nosso 5ai Adão6 no tem5o em que vivia no estado de ino cnciaD HNistoria6 6 // e /4I%Essa monotonia dos ad?etivos é ainda mais im5ressionante na medida em que *emos a. descriç0esque6 a*ém de terem sido escritas em momentos di<erentes6 descrevem 5o5u*aç0es distintas6 e atédistantes entre si6 da F*1rida ao "eru ora6 são todas6 invariave*mente6 Dmei3as e 5aci<icasD% E*ec+e3a a 5erce'(*o6 Js vezes6 mas não se atém a isso DEm'ora em a*3umas coisas seus ritos ecostumes se?am di<erentes6 5e*o menos nisso todos6 ou quase todos6 se asseme*+am são sim5*es6

 5ac.<icos6 am9veis6 +umi*des6 3enerosos6 e6 de todos os descendentes de Adão6 sem eceção6 os

mais 5acientes% Tam'ém são os mais dis5ostos a serem trazidos ao con+ecimento da <é ede seu Criador6 não *+e o5ondo nen+um o'st9cu*oD HNistoria6 ,6 -I% Uma outra descrição6 noD"re<9cioD da Re*aci1n6 tam'ém é reve*adora a esse res5eito DTodos esses 5o*os universais e

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inumer9veis6 de todos os ti5os6 <oram criados 5or &eus etremamente sim5*es6 sem ma*dade oudu5*icidade6 muito o'edientes e muito <iéis a seus sen+ores naturais e aos cristãos que servem6 osmais +umi*des6 os mais 5acientes6 os mais 5ac.<icos e tranqZi*os que +9 no mundo sem rancor nemea3ero6 nem vio*entos nem 'ri3uentos6 sem ressentimentos6 sem 1dio6 sem dese?o de vin3ança%D interessantever que =as Casas é *evado a des crever os .ndios em termos quase inteiramentene3ativos ou restritivos são 3ente sem de<eitos6 nem assim nem assado%%%

A*ém disso6 o que se a<irma 5ositivamente não é senão um estado 5sico*13ico Hmais uma vezcomo em Co*om'oI 'ons6 tranqZi*os6 5acientes nunca uma con<i3uração cu*tura* ou socia* que

 5ossa a?udar a com5reender as di<erenças% A*i9s6 tam5ouco determinados com5ortamentos6 J 5rimeira vista ine5*ic9veis 5or que os .ndios o'edecem tão +umi*demente aos es5an+1is6 5intadoscomo monstros cruéis "or que são <aci*mente derrotados 5or 5oucos advers9rios A ;nicae5*icação que6 eventua*mente ocorre a =as Casas é 5orque e*es se com5ortam como verdadeiroscristãos% #ota6 5or eem5*o6 uma certa indi<erença dos .ndios em re*ação aos 'ens materiais6 que <azcom que não se a5ressem em tra'a*+ar e enriquecer% A*3uns es5an+1is 5ro5useram6 comoe5*icação6 o <ato de os .ndios serem natura*mente 5re3uiçosos =as Casas re5*ica DEmcom5aração com a 5reocu5ação <ervente e in<ati39ve* que temos em acumu*ar riquezas e 'ens

tem5orais6 devido J nossa am'ição inata e J nossa co'iça insaci9ve*6 esta 3ente6 concedo6 5oderiaser taada de ociosa mas não se3undo a *ei natura*6 a *ei divina e a 5er<eição evan3é*ica6 que *ouvam e a5rovam que nos contentemos com o estritamente necess9rioD HNistoria6 6 ,7I% Assim6 a

 5rimeira im5ressão6 correta6 de =as Casas é neutra*izada6 5orque e*e est9 convencido dauniversa*idade do es5.rito cristão se essa 3ente é indi<erente J riqueza6 é 5orque tem uma mora*cristã%:ua A5o*o3etica Nistoria contém6 de <ato6 uma massa de in<ormaç0es6 co*+idas 5or e*e mesmo ou 5or outros mission9rios6 e re*ativas J vida materia* e es5iritua* dos .ndios% "orém6 como dizo 5r15rio t.tu*o da o'ra6 a +ist1ria se trans <orma em a5o*o3ia o essencia*6 5ara =as Casas6 é que nen+um dos costumes ou 5r9ticas dos .ndios 5rova que são seres in<eriores <az uma a5roimação detodos os <atos com cate3orias va*orativas6 e o resu*tado do con<ronto é decidido de antemão seo *ivro de =as Casas tem6 atua* mente6 va*or de documento etno3r9<ico6 é J reve*ia do autor% :omoso'ri3ados a recon+ecer que o retrato dos .ndios que se 5ode etrair das o'ras de =as Casas éc*aramente mais 5o're do que o deiado 5or :e5;*veda na verdade6 acerca dos .ndios não sea5rende nada% :e é incontest9ve* que o 5reconceito da su5erioridade é um o'st9cu*o na via docon+ecimento6 é necess9rio tam'ém admitir que o 5re conceito da i3ua*dade é um o'st9cu*o aindamaior6 5ois consiste em identi<icar6 5ura e sim5*esmente6 o outro a seu 5r15rio Didea* do euD Hou aseu euI%

=as Casas 5erce'e todos os con<*itos6 e 5articu*armente o de es5an+1is e .ndios6 em termos de uma;nica o5osição6 com5*etamente es5an+o*a <ie*Xin<ie*% A ori3ina*idade de sua 5osição reside no <atode atri'uir o 51*o va*orizado H<ie*I ao outro6 e o desva*orizado a Dn1sD Haos es5an+1isI% Mas esta

distri'uição invertida dos va*ores6 5rova incontest9ve* de sua 3enerosidade de es5.rito6 não diminuio esquematismo da visão% sto é 5articu*armente 5erce5t.ve* nas ana*o3ias a que =as Casas recorre 5ara descrever o con<ronto entre .ndios e es5an+1is% "or eem5*o6 uti*iza sistematicamente acom5aração evan3é*ica entre os a51s to*os e os cordeiros6 os in<iéis e os *o'os6 ou os *e0es6 etc% os

 5r15rios conquistadores6 como vimos6 usavam essa com 5aração6 mas sem *+e dar um sentidocristão% DFoi na casa desses mansos cordeiros6 assim dotados6 5or seu criador6 de tantas qua*idades6que os es5an+1is6 desde que os con+eceram6 entraram como *o'os6 ti3res6 e *e0es muito cruéis6es<omeados +9 diasD HRe*aci1n6 D"re<9cioDI%

&o mesmo modo6 assimi*ar9 os .ndios aos ?udeus6 os es5an+1is ao <ara1 os .ndios aos cristãs6 oses5an+1is aos mouros% DO 3overno ^ $ndias* é muito mais in?usto e crue* do que o reinado 5e*o qua*

o <ara1 do E3ito o5rimia os ?udeusD HDRe*at1rio ao Conse*+o das $ndiasD6 ,44I% DAs 3uerras <oram 5iores do que as dos turcos e mouros contra o 5ovo cristãoD HD&iscurso de 8a**ado*idD6 ,2I note( seque =as Casas nunca demonstra a m.nima ternura em re*ação aos muçu*manos6 sem d;vida 5orque

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não 5odem ser assimi*ados a cristãos que não tm conscincia de s( *o e6 quando demonstra emsua A5o*o3ia6 que é i*e3.timo tratar os .ndios de D'9r'arosD sim5*esmente 5orque são outros6di<erentes6 não se esquece de condenar Dos turcos e os mouros6 a verdadeira esc1ria '9r'ara dasnaç0esD H/I%

Quanto aos es5an+1is na América6 são <ina*mente as simi*ados ao dia'o% D#ão seria conveniente

c+amar tais cristãos de dia'os e não seria 5re<er.ve* con<iar os .ndios aos dia'os do in<erno6 em*u3ar de con<i9(*os aos cristãos das $ndiasD HRe*aci1n6 DPranadaDI% =utar9 contra osconquistadores6 diz ainda6 Daté que :atã se?a 5osto 5ara <ora das $ndiasD HDCarta ao "r.nci5e Fe*i5eD6>%,,%,4/4I% Esta <rase evoca um som con+ecido é o +istoriador racista Oviedo6 que tam'émes5erava que D:atã <osse e5u*so das i*+asD s1 muda o :atã6 neste caso .ndio6 no outro6 es5an+o*mas a Dconceitua*izaçãoD continua a mesma% Assim6 =as Casas ao mesmo tem5o i3nora os .ndiose descon+ece os es5an+1is% Estes não são6 e<etivamente6 cristãos como e*e Hou como seu idea*I masnão se 5ode ca5tar a mudança que ocorreu na menta*idade es5an+o*a se <or a5resentada sim

 5*esmente como a tomada do 5oder 5e*o dia'o6 isto é6 conservando ?ustamente o quadro dere<erncias que <oi co*ocado em questão% Os es5an+1is6 5ara quem a noção de acaso su'stitui a dedestino6 tm um novo modo de viver a re*i3ião Hou de viver sem re*i3iãoI isto e5*ica 5arcia*mente

o <ato de constru.rem com tanta <aci*idade seu im5ério transat*@ntico6 de contri'u.rem 5ara asu'missão de 3rande 5arte do mundo J Euro5a não é essa a <onte de sua ca5acidade de ada5tação ede im5rovisação Mas =as Casas o5ta 5or i3norar essa maneira de viver a re*i3ião6 com5orta(seaqui como te1*o3o6 não como +istoriador%

A*i9s6 em matéria de +ist1ria6 =as Casas contenta(se i3ua*mente em manter uma 5osiçãoe3ocntrica6 no que concerne não mais ao es5aço6 mas ao tem5o% :e admite +aver6 entre es5an+1is e.ndios6 di<erenças que 5odem ser des<avor9veis a estes6 é 5ara reduzi(*as imediatamente6 5or umesquema evo*ucionista ;nico e*es H*9I são a3ora como n1s HaquiI éramos anti3amente Hé c*aro quee*e não in ventou este esquemaI% Ori3inariamente6 todas as naç0es <oram 3rosseiras e '9r'aras H=asCasas não quer recon+ecer a 'ar'9rie es5eci<icamente modernaI com o tem5o atin3irão acivi*ização Hsu'entendido a nossaI% D#ão temos razão a*3uma 5ara nos es5antarmos com osde<eitos ou costumes não civi*izados e desre3rados que 5odemos encontrar entre as naç0esind.3enas6 nem de des5rez9(*as 5or isso% "ois a maior 5arte das naç0es do mundo6 senão todas6<oram 'em mais 5ervertidas6 irracionais e de5ravadas6 e deram mostra de muito menos 5rudncia esa3acidade em sua maneira de se 3overnarem e de eercer as virtudes morais% #1s mesmos <omos

 'em 5iores no tem5o de nossos ante5assados e em toda a etensão de nossa Es5an+a6 tanto 5e*airraciona*idade e a con<usão dos modos quanto 5e*os v.cios e costumes anima*escosD HA5o*o3eticaNistoria6 6 2)I%

N96 aqui tam'ém6 uma incontest9ve* 3enerosidade 5or 5arte de =as Casas6 que se recusa a des5rezar

os outros sim5*esmente 5orque são di<erentes% Mas vai mais a*ém6 e acrescenta a*i9s6 e*es não sãoHou não serãoI di<erentes% O 5ostu*ado de i3ua*dade acarreta a a<irmação de identidade6 e a se3unda3rande <i3ura da a*teridade6 ainda que incontestave*mente mais am9ve*6 *eva a um con+ecimento dooutro ainda menor do que a 5rimeira%

Escravismo, colonialismo e comunicaço

=as Casas ama os .ndios% E é cristão% "ara e*e6 esses dois traços são so*id9rios ama(os 5recisamente 5orque é cris tão6 e seu amor i*ustra sua <é% Entretanto6 essa so*idariedade não é 1'via vimos que6 ?ustamente 5or ser cristão6 não via c*aramente os .ndios% :er9 que é 5oss.ve* amar rea* mente

a*3uém i3norando sua identidade6 vendo6 em *u3ar dessa identidade6 uma 5ro?eção de si mesmo oude seu idea* :a'emos que isto é 5oss.ve*6 e até <reqZente6 nas re*aç0es inter5essoais6 mas como <icano encontro das cu*turas #ão se corre o risco de querer trans<ormar o outro em nome de si mesmo6

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e6 conseqZentemente6 de su'met *o &e que va*e então esse amor

O 5rimeiro 3rande tratado de =as Casas consa3rado J causa dos .ndios intitu*a(se &a ;nica maneirade atrair todos os 5ovos J verdadeira re*i3ião% Este t.tu*o condensa a am'iva*ncia da 5osição*ascasiana% Essa D;nica maneiraD é6 evidentemente6 a suavidade6 a 5ersuasão 5ac.<ica a o'ra de =asCasas é diri3ida contra os conquistadores6 que 5re tendem ?usti<icar suas 3uerras de conquista 5e*o

o'?etivo a*me?ado6 que é a evan3e*ização% =as Casas recusa essa vio*ncia mas6 ao mesmo tem5o6 5ara e*e s1 +9 uma re*i3ião DverdadeiraD a sua% E esta DverdadeD não é somente 5essoa* Hnão é are*i3ião que =as Casas considera verdadeira 5ara e*e mesmoI6 mas universa* é v9*ida 5ara todos6 e

 5or isso e*e não renuncia ao 5ro?eto evan3e*izador% Ora6 ?9 não +9 vio*ncia na convicção de 5ossuira verdade6 ao 5asso que esse não é o caso dos outros6 e de que6 ainda 5or cima6 deve(se im5G(*a aesses outros A vida de =as Casas é rica em aç0es variadas em <avor dos .ndios% "orém6ecetuando(se as de seus ;*timos anos6 Js quais vo*taremos no ca5.tu*o se3uinte6 todas são marcadas 5or a*3uma <orma dessa mesma am'i3Zidade% Antes de sua DconversãoD J causa dos .ndios6estava c+eio de 'oa vontade e sentimentos +umanit9rios em re*ação a e*es no entanto6 os *imites desua intervenção a5arecem ra5idamente% S9 <oi mencionado o massacre de Caonao6 do qua* e*e <oitestemun+a6 como ca5e*ão da tro5a de #arv9ez% Que 5ode e*e <azer 5ara a*iviar as dores dos .ndios

massacra dos Eis o que e*e mesmo conta

 "6oi então que, tendo descido o &ovem ;ndio, um espanhol que ali se encontrava sacou um al/an&eou espada curta e lhe deu, como se quisesse divertirse, um golpe no /lanco que pMs a nu suasentranhas. in/eli ;ndio tomou os intestinos nas mãos e /ugiu da casa correndo< encontrou o

 padre X 7asasique, reconhecendoo, /alou ali mesmo das coisas da / X que l;nguaZ1, tanto quanto permitia a angustiante circunstIncia, /aendo com que ele compreendesse que se quisesse serbatiado, iria para o cu, viver com eus. in/eli, chorando e gritando sua dor como se estivesse

 sendo consumido pelo /ogo, respondeu que sim< o padre, então, batiouo, e o ;ndio,imediatamente, caiu morto ao solo" (>istona, FFF, 29).

Aos o*+os de quem tem <é6 evidentemente6 <az di<erença sa'er se uma a*ma vai 5ara o 5ara.so Htendo sido 'atizadaI ou 5ara o in<erno rea*izando esse 3esto6 =as Casas est9 rea*mentesendo movido 5e*o amor ao 5r1imo% N96 no entanto6 a*3o de derris1rio nesse 'atismo inetremis6 eo 5r15rio =as Casas diz isso em outras ocasi0es% A 5reocu5ação com a conversão adquire aqui umas5ecto a'surdo6 e o remédio rea*mente não est9 a*tura do ma*% O 'ene<.cio que a cristianização trazaos .ndios é então 'em 5equeno6 como i*ustra tam'ém esta anedota contada 5or Berna &.az

"Gesus permitiu que o cacique se /iesse cristão@ o monge batiouo, e ele pediu e obteve de !lvarado que não seria queimado, mas en/orcado" (1?4). 7uauhtemoc tambm "morreu de certo modocristãmente"@ "os espanh#is en/orcaramno num cincho", mas "puseramlhe nas mãos uma cru"

(7himalpahin, 0, 2*?).A51s sua DconversãoD6 que o <az renunciar aos .ndios que 5ossui6 =as Casas *ança(se numa novaem5resa6 que é a co*onização 5ac.<ica da re3ião de Cumana6 na 8enezue*a atua* no *u3ar dosso*dados devem estar c*éri3os6 dominicanos e <ranciscanos6 e cam5oneses(co*onos trazidos daEs5an+a trata(se6 sem d;vida6 de co*onizar6 no 5*ano es5i ritua* e no 5*ano materia*6 mas deve(se<az(*o com suavidade% A e5edição é um <racasso =as Casas se v o'ri3ado a <azer cada vez maisconcess0es aos es5an+1is que o acom5an+am6 e os .ndios6 5or sua vez6 não são tão d1ceis quantoe*e es5erava tudo aca'a em san3ue% =as Casas es ca5a6 e não desanima% A5roimadamente quinzeanos mais tarde6 dedica(se J 5aci<icação de uma re3ião 5articu*armente tumu*tuada6 na Puatema*a6que rece'er9 o nome de 8era "az% Mais uma vez6 os re*i3iosos devem su'stituir os so* dados mais

uma vez6 o resu*tado dever9 ser a mesma co*onização6 ta*vez me*+or do que se <osse <eita 5or so*dados =as Casas 3arante o aumento dos *ucros da coroa se seus conse*+os <orem se3uidos%

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"eclaramonos dispostos a paci/iclos e reduilos ao servi5o do rei nosso senhor, e a convert3los e instru;los no conhecimento de seu cria dor< /eito isso, /aremos com que essas popula5Kes

 paguem tributos e prestem servi5os a %ua :a&estade todos os anos, segundo as possibilidades que seus recursos lhes deiam tudo para melhor proveito do rei, da +spanha e destes pa; ses" ("7arta auma personagem da corte", 1B.1*.1B'B).

&esta vez as coisas dão mais certo do que da outra mas6 a*3uns anos mais tarde6 sentindo(se em 5eri3o6 os 5r15rios mission9rios a5e*am 5ara o eército que6 de qua*quer modo6 não est9 *on3e%A atitude de =as Casas 5ara com os escravos ne3ros tam'ém 5oderia ser evocada neste conteto% Osadvers9 rios do dominicano6 que sem5re <oram muitos6 não deiaram de ver a. uma 5rova de sua

 5arcia*idade na questão dos .ndios e6 5ortanto6 um meio de re?eitar seu testemun+o da destruiçãodestes% Esta inter5retação é in?usta6 mas é <ato que =as Casas não teve6 no in.cio6 a mesma atitudeem re*ação aos .ndios e aos ne3ros aceita que estes6 mas não aque*es6 se?am escravizados% 5recisore*em'rar que a escravidão dos ne3ros é então um dado6 ao 5asso que a dos .ndios começa so' seuso*+os% Mas6 na é5oca em que escreve a Nistoria de *as ndias6 a<irma que não <az mais nen+umadistinção entre os dois

"%empre considerou os negros in&ustamente e tiranicamente escraviados, pois as mesmas raKesaplicamse a eles e aos ;ndios" (FFF, 1*2). No entanto, sabemos que, em 1B44, ainda possu;a umescravo negro (tinha renunciado a seus ;ndios em 1B14), e ainda se encontram em sua >istoriaepressKes do g3nero@ "O uma cegueira incr;vel a das pessoas que vieram a estas terras e trataram

 seus habitantes como se /ossem a/ri canos" (FF, 20).

:em ver nisso a*3o que 5ossa inva*idar seu testemun+o so're os .ndios6 devemos constatar que suaatitude em re*ação aos ne3ros é menos c*ara% #ão seria 5orque sua 3enerosidade 'aseia(se noes5.rito de assimi*ação6 na a<irmação de que o outro é como eu6 essa a<irmação seria esquisitademais no caso dos ne3ros

Uma coisa é certa =as Casas não 5retende <azer 5arar a aneação dos .ndios6 quer sim5*esmenteque isso se?a <eito 5or 5adres em vez de so*dados% o que diz sua carta ao Conse*+o das $ndias6 de27 de ?aneiro de ,4), é 5reciso que os conquistadores Dse?am e5u*sos deste 5a.s e su'stitu.dos 5or

 5essoas que temem a &eus6 de 'oa conscincia e 3rande 5rudnciaD% O son+o de =as Casas é umestado teocr9tico6 onde o 5oder es5iritua* este?a acima do 5oder tem5ora* Ho que é um modo devo*tar J dade Mé diaI% A mudança que 5ro50e ta*vez encontre sua me*+or e5ressão numacom5aração que e*e encontra numa carta escrita 5e*o 'is5o :anta Maria6 5ara o rei6 a 27 de maio de,4/,6 e que e*e cita na Re*aci1n é 5reciso arrancar esta terra Ddo 5oder de 5ais desnaturados e dar(*+e um marido que a trate sensatamente e como e*a mereceD% =as Casas6 como :e5;*veda6 identi<ica

a co*Gnia Js mu*+eres e a emanci5ação est9 <ora de co3itação H5ara as mu*+eres ou 5ara os .ndiosI 'asta su'stituir o 5ai6 que mostrou(se crue*6 5or um marido que6 es5era(se6 ser9 sensato% Ora6 emmatéria de emanci5ação <eminina6 a doutrina cristã estaria mais 5r1ima de Arist1te*es a mu*+er étão necess9ria 5ara o +omem quanto o escravo 5ara o sen+or% A su'missão e a co*onização devemser mantidas6 mas <eitas de outro modo os .ndios não são os ;nicos que tm a 3an+ar com isso Hnãosendo torturados e eterminadosI6 o rei da Es5an+a tam'ém% =as Casas sem5re desenvo*ve6 *ado a*ado6 esses dois ar3umentos% "ode(se 5ensar que6 ao <az(*o6 não se?a sincero6 que sim5*esmentese?a o'ri3a do a usar esse c+amariz 5ara que 5restem atenção a suas 5a*avras mas 5ouco im5ortanão somente 5orque é im5oss.ve* sa'er ao certo6 mas tam'ém 5orque os tetos de =as Casas6 isto é6o que 5ode a3ir 5u'*icamente6 dizem c*aramente que +9 uma vanta3em materia* a ser tirada daco*onização% Rece'ido 5e*o ve*+o rei Fernando6 em ,4,46 diz(*+e que suas 5a*avras Dsão da mais

*ata im5ort@ncia 5ara a conscincia do rei e 5ara suas 5ossess0esD HNistoria6 6 /I% #um re*at1riode ,4, a<irma DTudo ser9 muito 5roveitoso 5ara :ua A*teza6 cu?a renda aumentar9 5ro5orciona*menteD Em sua carta ao Conse*+o das $ndias6 de 27 de ?aneiro de ,4), se3uir seus

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conse*+os traria Da*ém disso6 imensos 'ene<.cios e a 5romessa de uma 5ros5eridade inca*cu*9ve*%D #uma carta6 da #icar93ua6 de ,4)4 o re*i3ioso Dserviu ao rei um 5ouco me*+or do que aque*esque <azem com que e*e 5erca tantos remos imensos6 5rivam(no de tantas riquezas6 e tam'ém de<a'u*osos tesouros%D

Essas a<irmaç0es reiteradas não 'astam6 de resto6 5ara a<astar de =as Casas todas as sus5eitas de

querer rec+açar o 5oder im5eria*6 e e*e tem de se de<ender e5*icitamente6 enumerando 5or sua vezas raz0es que o *evam a crer na *e3itimidade desse 5oder este é 5articu*armente o caso das Trinta 5ro5osiç0es H,4/-I e do Tratado das 5rovas H,442I% =(se neste ;*timo teto DO 5ont.<ice romanotem6 sem d;vida a*3uma6 5oder so're os in<iéis%D DA :é a5ost1*ica 5ode 5ortanto esco*+er certosterrit1rios desses in<iéis e atri'u.(*os a um rei cristão%D DO rei que a :é a5ost1*ica es co*+eu 5araeercer o ministério da 5re3ação da <é nas $n dias devia necessariamente ser investido da su5remaso'erania e da monarquia 5er5étua so're as ditas $ndias e ser constitu.do im5erador acima demuitos reis%D#ão soa como uma 5ar9<rase do Requerimiento6 ainda que os reis *ocais conservemne*e uma a5arncia de 5oder Os outros de<ensores dos .ndios adotam a mesma atitude em re*ação aisso não se deve com'at(*os6 não se deve escraviz9(*os6 não somente 5orque isso <az so<rer os.ndios He a conscincia do reiI6 mas tam'ém 5orque é me*+or 5ara as <inanças da Es5an+a6 DOs

es5an+1is não se dão contaD6 escreve Moto*inia6 Dde que6 não <ossem os 5adres6 e*es não teriamservos6 em suas casas ou em suas terras6 5ois todos teriam sido mortos6 como se deduz dae5erincia em :ão &omin3os e nas outras i*+as6 onde os .ndios <oram eterminadosD H6 ,I% E o

 'is5o Ramirez de Fuen*ea*6 numa carta a Car*os 8 D 'om im5edir que se escravizem .ndios6 5oissão e*es que devem <azer va*er o territ1rio6 e enquanto +ouve muitos de*es6 não <a*tar9 nada aoses5an+1is%D

 #ão 5retendo su3erir6 acumu*ando citaç0es6 que =as Casas ou outros de<ensores dos .ndios deviam6ou 5odiam6 a3ir de outro modo6 &e qua*quer modo6 a maioria dos documentos que *emos sãomissivas endereçadas ao rei6 e não vemos que interesse 5oderia +aver em su3erir(*+e querenunciasse a seus remos% "e*o contr9rio6 5edindo uma atitude mais +umana em re*ação aos .ndios6<azem a ;nica coisa 5oss.ve*6 e rea*mente ;ti* se a*3uém contri'uiu 5ara me*+orar a situação dos.ndios6 esse a*3uém <oi =as Casas o 1dio inetin3u.ve* que sentiam 5or e*e todos os advers9 riosdos .ndios6 todos os de<ensores da su5erioridade 'ranca6 com5rova(o su<icientemente%

E*e o'teve esse resu*tado uti*izando as armas que mais *+e convin+am escrevendo6a5aionadamente% &eiou uma ima3em inde*éve* da destruição dos .ndios6 e todas as *in+as que<oram consa3radas a e*es desde então ( inc*usive esta ( *+e devem a*3o% #in3uém sou'e6 como e*e6com tanta a'ne3ação6 dedicar uma imensa ener3ia e meio sécu*o de sua vida a me*+orar a sorte dosoutros% Mas não diminui em nada a 3randeza da 5ersona3em6 muito 5e*o contr9rio6 recon+ecer que aideo*o3ia assumida 5or =as Casas e outros de<ensores dos .ndios é uma ideo*o3ia co*onia*ista%

 ?ustamente 5or ser im5oss.ve* não admirar o +omem que é im5ortante ?u*3ar *ucidamentesua 5o*.tica%

Os reis da Es5an+a não se en3anam% Em ,4-)6 so' Fe *i5e 6 são re3idas as ordenanças de<initivasno que con cerne Js D$ndiasD% Enca'eçando o Conse*+o das $ndias6 res5ons9ve* 5e*o teor dasordenanças6 encontra(se Suan de Ovando6 que não somente con+ece as doutrinas de =as Casas comotraz J corte6 em ,4-,6 os tetos da cé*e're controvérsia de 8a**ado*id% Eis aqui a*3uns trec+os

D#ão se deve c+amar as desco'ertas de conquistas% Como queremos que se?am <eitas 5aci<icamentee caridosamente6 não queremos que o uso da 5a*avra conquista sirva de descu*5a 5ara o em5re3oda <orça ou 5ara os da nos causados aos .ndios% H%%%I Tratar(se(9 de o'ter in<ormaç0es so're as v9rias

naç0es6 *.n3uas6 seitas e 3ru5os de naturais que +9 na 5rov.ncia6 assim como so're os sen+ores aquem essas 5o5u*aç0es o'edecem% Feito isso6 usando a troca e o comércio como dis<arce6esta'e*ecer(se(ão com e*es re*aç0es amistosas6 mani<estando muito amor6 *ison?eando(os e

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distri'uindo a*3uns 5resentes e 5equenos o'?e tos que 5ossam interessar(*+es% E6 sem demonstrarco'iça6 esta'e*eceremos *aços de amizade e <aremos a*ianças com os c+e<es e sen+ores que 5areçamser os mais a5tos a <aci*itar a 5aci<icação daque*es 5a.ses% H%%%I "ara que os .ndios 5ossam ver a <écom mais temor e reverncia6 os 5adres devem sem5re trazer o cruci<io nas mãos e devem andarvestidos 5e*o menos com uma a*va ou uma esto*a que se di3a aos cristãos que escutem a 5re3açãocom muito res5eito e veneração6 de modo que seu eem5*o induza os <iéis a aceitarem a instrução%

:e 5arecer dese?9ve*6 os 5adres 5odem c+amar a atenção dos in<iéis uti*izando m;sica e cantores6encora?ando(os assim a se unirem a e*es% H%%%I Os 5adres devem 5edir(*+es os <i*+os so' 5reteto deinstru.( *os6 e mant(*os como re<éns devem tam'ém convenc(*os a construir i3re?as onde 5ossamensinar6 5ara ne*as estarem se3uros% "or esses meios e outros seme*+antes6 os .ndios serão

 5aci<icados e doutrinados6 mas não devem ser de modo a*3um 5re?udicados6 5ois 'uscamosunicamente seu 'em(estar e sua conversão%D

Ao *er o teto das Ordenanças6 5erce'emos que6 desde o Requerimiento de "a*acios Ru'ios6 +ouvenão somente =as Casas como tam'ém Cortez a anti3a in?unção so<reu a in<*uncia inetric9ve* dosdiscursos de am'os% &e =as Casas vem6 evidentemente6 a suavidade% A escravidão é 'anida6 assimcomo a vio*ncia6 eceto em caso de etrema necessidade% A D5aci<icaçãoD e a 3estão u*terior devem

ser rea*izadas com moderação6 e os im5ostos devem ser razo9veis% Tam'ém devem ser mantidos osc+e<es *ocais6 contanto que aceitem servir aos interesses da coroa% A 5r1 5ria conversão não deve serim5osta6 mas somente 5ro5osta os .ndios s1 devem a'raçar a re*i3ião cristã de *ivre e es5ont@neavontade% Mas é J in<*uncia Hdi<usaI de Cortez que se deve a 5resença es5antosa6 e assumida6 dodiscurso do 5arecer% O teto não 5odia ser mais e5*.cito neste 5onto não são as conquistas que sedeve etir5ar6 é a 5a*avraDconquistaD a D5aci<icaçãoD não 5assa de outra 5a*avra 5ara desi3nar amesma coisa6 mas não 5ensem que este cuidado *in3Z.stico é vão% Em se3uida6 deve(se a3ir usandoo comércio como dis<arce6 mani<estando amor6 e sem demonstrar co'iça%

"ara aque*es que 5orventura não entendam esta *in3ua3em6 es5eci<ica(se que os 5resentes devemser de 5ouco va*or +asta que a3radem aos .ndios Hé a tradição do 3orro verme*+o 5resenteado 5orCo*om'oI% A evan3e*ização tam'ém uti*iza encenaç0es de es5et9cu*os de Dsom e *uzD6 inau3urados

 5or Cortez o rito deve ser cercado de toda a so*enidade 5oss.ve*6 os 5adres são 5aramentados comseus mais 'e*os adornos6 e a m;sica tam'ém dar9 sua contri'uição% Fato interessante6 ?9 não se 5ode contar automaticamente com a devoção dos es5an+1is6 e neste caso tam'ém ser9 necess9riore3u*amentar o 5arecer nJo se *+es 5ede que se?am 'ons cristãos6 mas que a?am como se o <ossem%A5esar dessas in<*uncias evidentes6 a intenção do Requerimiento se mantém6 e o o'?etivo 3*o'a*não é modi<icado continua a ser a su'missão daque*as terras J coroa es5an+o*a% E tudo é ca*cu*adoas i3re?as6 a*ém de 'e*as6 devem tam'ém 5oder servir de <orta*ezas% Quanto ao ensino63enerosamente o<erecido aos <i*+os dos no'res6 não 5assa de um 5reteto 5ara a5oderar(se de*es eus9(*os6 caso se?a necess9rio6 como um meio de c+anta3em Hvossos <i*+os em nossas esco*as são

re<éns%%%I%Uma outra *ição de Cortez é *em'rada antes de dominar6 é 5reciso estar in<ormado% O 5r15rioCortez e5*icitou essa re3ra em documentos 5osteriores J conquista6 como neste re*at1rio Hde ,4)-Iendereçado a Car*os 8 antes de conquistar uma re3ião é 5reciso6 escreve6 Dsa'er se é +a'itada e 5orqua* es5écie de 3ente6 e quais são sua re*i3ião ou ritos6 de que vivem6 e o que +9 nas terras%D"ressente( se aqui a <unção do <uturo etn1*o3o a e5*oração desses 5a.ses *evar9 J sua Hme*+orIes5o*iação6 e sa'e(se que a Es5an+a co*onia* é o 5rimeiro 5a.s a a5*icar sistematicamente este

 5receito6 3raças Js investi3aç0es insti3adas 5e*a coroa% Uma nova es5écie de trindade su'stitui6 oume*+or6 co*oca em se3undo 5*ano6 5ois é 5reciso estar sem5re 5ronto 5ara intervir6 o anti3oconquistador(so*dado é <or mada 5e*o douto6 5e*o 5adre e 5e*o comerciante% O 5rimeiro co*+e

in<ormaç0es acerca do estado do 5a.s o se3undo 5ossi'i*ita sua assimi*ação es5iritua* o terceiro3arante os *ucros 5resta(se au.*io m;tuo6 e todos aui*iam a Es5an+a%

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=as Casas e os outros de<ensores dos .ndios não são contr9rios J e5ansão es5an+o*a mas 5re<eremuma de suas <ormas J outra% &aremos a cada uma de*as um nome <ami*iar Hainda que estes nomesnão se?am tota*mente corretos +istoricamenteI tm uma ideo*o3ia co*onia*ista6 e são contra aideo*o3ia escravista% O escravismo6 neste sentido da 5a*avra6 reduz o outro ao n.ve* de o'?eto6 o quese mani <esta 5articu*armente em todos os com5ortamentos onde os .ndios são tratados como menos

do que +omens sua carne é uti*izada 5ara a*imentar os .ndios que restam6 ou até mesmo os cãesmatam(nos 5ara usar sua 3ordura que6 su50e(se6 cura os <erimentos dos es5an+1is e assim sãoconsiderados como animais de corte cortam(se todas as etremidades6 nariz6 mãos6 seios6 *.n3ua6seo6 trans<ormando(os em a*ei?0es6 como se cortam 9rvores 5ro50e(se uti*izar(*+es o san3ue 5arare3ar o ?ardim6 como se <osse 93ua de rio% =as Casas conta que o 5reço de uma escrava aumenta seestiver 3r9vida6 eatamente como acontece com as vacas% DAque*e +omem 5erdido 3a'ou(se6van3*oriou(se desaver3on+adamente6 diante de um vener9ve* 5adre6 de tudo <azer 5ara en3ravidarmuitas .ndias6 de modo a o'ter me*+or 5reço 5or e*as6 vendendo(as 3r9vidas como escravasDHRe*aci1n6 D\ucat9nDI%

Mas essa <orma de uti*ização do +omem não é6 evidentemente6 a mais rent9ve*% :e6 em vez de

considerar o outro como o'?eto6 e*e <osse considerado como um su?eito ca5az de 5roduzir o'?etosque se 5ossuir96 a cadeia teria mais um e*o ( um su?eito intermedi9rio ( e6 ao mesmo tem5o6 on;mero de o'?etos 5ossu.dos seria in<initamente maior% &uas 5reocu5aç0es su5*ementares decorremdesta trans<ormação% "rimeiramente6 é 5reciso manter o su?eito Dinterme di9rioD nesse6 5a5e* desu?eito 5rodutor de o'?etos6 e im5edir que ven+a a ser como n1s a 3a*in+a dos ovos de ouro 5er detodo o interesse se consumir seus 5r15rios 5rodutos% O eército6 ou a 5o*.cia6 cuidar9 disso%

A se3unda 5reocu5ação se traduz assim quanto mais 'em tratado6 mais 5rodutivo ser9 o su?eito% Os 5adres6 5ortanto6 dis5ensarão cuidados médicos6 a*ém de instrução HMoto*inia e O*arte dizem6in3enuamente6 numa carta ao vice(rei =uis de 8e*asco6 de ,44/

DEsta 5o're 3ente ainda não est9 su<icientemente instru.da 5ara 5a3ar de 'oa vontade ^tri'utosi%DI% Asa;de do cor5o e a da a*ma serão 5osteriormente 3arantidas 5or es5ecia*istas *ei3os o médico e o

 5ro<essor%A e<ic9cia do co*onia*ismo é su5erior J do escravismo6 ou 5e*o menos é isto que 5odemosconstatar atua*mente% #a América es5an+o*a não <a*tam co*onia*istas de 3rande estatura se umCo*om'o deve ser co*ocado do *ado dos escravistas6 5ersona3ens tão di<erentes6 e inc*usive o5ostasna rea*idade6 como Cortez e =as Casas6 estão *i3adas J ideo*o3ia co*onia*ista Hé este 5arentesco queas ordenanças de ,4-) tornam e5*.citoI%

Um a<resco de &ie3o Rivera6 no "a*9cio #aciona* da Cidade do Méico6 mostra da re*ação entre asduas 5ersona3ens Hc<% <i3% ,,I de um *ado Cortez6 es5ada numa mão e c+icote na outra6

es5ezin+ando os .ndios diante de*e =as Casas6 5rotetor dos .ndios6 detém Cor tez com uma cruz% verdade que muitas coisas se5aram os dois +omens% =as Casas ama os .ndios mas não os con+eceCortez con+ece(os6 a seu modo6 em'ora não sinta 5or e*es nen+um DamorD es5ecia* sua atitude emre*ação J escravidão dos .ndios6 que 5udemos o'servar6 i*ustra 'em sua 5osição% =as Casas écontr9rio ao re5artimiento6 distri'uição <euda* dos .ndios entre os es5an+1is6 que Corte6 aocontr9rio6 5romove% 3nora(se quase com5*etamente o que os .ndios da é5oca sentem 5or =as Casas6o que6 em si6 ?9 é si3ni<icativo% Cortez6 em com5ensação6 é 5o5u*ar6 que <az tremer os detentores do

 5oder *e3a*6 re5resentantes do im5erador es5an+o*6 que sa'em que os .ndios se su'*evariam ao 5rimeiro sina* de Cortez os mem'ros da se3unda Audincia e5*icam a situação assim DA a<eiçãoque os .ndios tm 5e*o Marqus vem do <ato de ter sido e*e quem os conquistou6 e6 5aradizer a verdade6 5or t(*os tratado me*+or do que todos os outros%D E6 contudo6 =as Casas e Cortez

concordam num 5onto essencia* a su'missão da América J Es5an+a6 a assimi*ação dos .ndios Jre*i3ião cristã6 a 5re<erncia 5e*o co*onia*ismo em detrimento do escravismo%

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"ode es5antar o <ato de se esti3matizar6 5e*o nome de Dco*onia*ismoD6 que atua*mente é um insu*to6todas as <or mas tomadas 5e*a 5resença es5an+o*a na América% &esde a é5oca da conquista6 osautores 5ertencentes ao 5artido 5r1(es5an+o* sem5re insistem nos 'ene<.cios trazidos 5e*oses5an+1is Js re3i0es se*va3ens6 e <reqZentemente encontramos estas *istas os es5an+1is su5rimiramos sacri<.cios +umanos6 o cani'a*ismo6 a 5o*i3amia6 o +omosseua*ismo6 e troueram o

cristianismo6 as rou5as euro5éias6 animais domésticos6 utens.*ios% Em'ora +o?e em dia nem sem5rese?a evidente a su5erioridade de uma determinada novidade so're uma 5r9tica anti3a6 e se considereque o 5reço de a*3uns desses 5resentes <oi muito a*to6 ainda assim +9 5ontos indiscutive*mente

 5ositivos 5ro3ressos técnicos e tam'ém6 como vimos6 sim'1*icos e cu*turais% Ainda se trata deco*onia*ismo

&ito de outro modo6 toda in<*uncia é6 em <unção de sua eterioridade6 ne<asta Co*ocada destemodo6 a 5er3unta s1 5ode rece'er6 5arece(me6 uma res5osta ne3ativa% "ortanto6 se o co*onia*ismo seo50e6 de um *ado6 ao escravismo6 o50e(se ao mesmo tem5o a uma outra <orma6 5ositiva ou neutra6do contato com outrem6 que c+amarei sim5*esmente de comunicação% W tr.ade com5reenderXtomarXdestruir corres5onde esta outra6 em ordem inversa escravismoXco*onia*ismoXcomunicação%

O 5rinc.5io de 8it1ria6 se3undo o qua* é 5reciso 5ermitir a *ivre circu*ação dos +omens6 das idéias edos 'ens6 5arece ser 3era*mente aceito atua*mente Hem'ora não 'aste 5ara ?usti<icar uma 3uerraI%Em nome de que reservar(se(ia Da América 5ara os americanosD ( ou os russos 5ara a R;ssia &eresto6 os 5r15rios .ndios não tin+am vindo de outros *u3ares do norte6 ou6 até6 se3undo a*3uns6 deoutro continente6 a sia6 5e*o Estreito de Be+rin3 A +ist1ria de um 5a.s qua*quer 5ode ser a*3o quenão a soma de todas as in<*uncias sucessivas que so<reu :e eistisse rea*mente um 5ovo re<rat9rioa qua*quer mudança6 uma ta* vontade nJo indicaria uma 5u*são de morte +i5ertro<iada Po'ineauacreditava que as raças su5eriores eram as mais 5uras não acreditamos6 atua*mente6 que as cu*turasmais ricas são as mais misturadas

Mas tam'ém temos outro 5rinc.5io6 o da auto determinação e não(in3erncia% Como conci*i9(*o #ãoé contradit1rio reivindicar o direito J in<*uncia e condenar a in3erncia #ão6 ainda que isso nãose?a evidente6 e deva ser 5recisado% #ão se trata de ?u*3ar o conte;do6 5ositivo ou ne3ativo6 dain<*uncia em questão s1 seria 5oss.ve* <az(*o a 5artir de critérios tota*mente re*ativos6 e mesmo assim6 correr.amos o risco de nunca c+e3ar a um acordo6 tão com5*eas são as coisas% Como medir oim5acto da cristianização so're a América A 5er3unta 5arece quase des5rovida de sentido6 ta* avariação 5oss.ve* das res5ostas% Um 5equeno eem5*o 5oder9 <azer com que re<*itamos so're are*atividade dos va*ores é um e5is1dio contado 5or Cortez6 durante sua e5edição em NondurasDAconteceu que um e s5an+o* encontrou um .ndio de sua comitiva6 ori3in9rio da Cidade do Méico6comendo um 5edaço da carne de um outro .ndio que tin+a matado ao entrar na a*deia% 8eio diz(*o amim ordenei que <osse 5reso e queimado vivo na 5resença do sen+or t.ndio*6 <azendo com que e*e

com5reendesse a razão daque*e casti3o e*e tin+a mata do e comido um .ndio6 o que é 5roi'ido 5or8ossa Ma?estade em vosso rea* nome tin+a 5roi'ido que se <izesse isso6 e assim6 5or ter matado ecomido a*3uém6 mandei queim9 *o 5orque não queria que se matasse nin3uémD H4I%Os cristãos<icaram revo*tados com os casos de cani 'a*ismo Hc<% <i3% ,2I%

A introdução do cristianismo *eva J sua etinção% Mas6 5ara conse3uir isso6 queimam +omens vivosTodo o 5aradoo da 5ena de morte est9 a. a inst@ncia 5ena* eecuta o 5r15rio ato que condena6mata 5ara me*+or 5roi'ir de matar% "ara os es5an+1is6 era um meio de *utar contra o que ?u*3avamser 'ar'9rie os tem5os mudaram6 e tornou(se di<.ci* 5erce'er a di<erença de Dcivi*izaçãoD entrequeimar vivo e comer morto%

"aradoo da co*onização6 ainda que se?a <eita em nome de va*ores considerados su5eriores% Emcom5ensação6 é 5oss.ve* esta'e*ecer um critério ético 5ara ?u*3ar a <orma das in<*uncia o essencia*6eu diria6 é sa'er se são im5ostas OU 5ro5ostas% A cristianização6 como a e5ortação de toda e

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qua*quer ideo*o3ia ou técnica6 é conden9ve* a 5artir do momento em que é im5osta6 5e*as armas oude outro modo% N9 traços de uma civi*ização que 5odem ser considerados su5eriores ou in<erioresmas isso não ?usti<ica sua im5osição a outrem% E mais6 im5or sua 5r15ria vontade a outrem im5*icanão consider9 *o 5arte da mesma +umanidade de que se <az 5arte6 o que é 5recisamente um traço decivi*ização in<erior% #in3uém 5er3untou aos .ndios se queiram a roda6 ou os teares6 ou as <or?as<oram o'ri3ados a aceit9(*os a. reside a vio*ncia6 e e*a inde5ende da eventua* uti*idade desses

o'?etos% Mas em nome de qu condenar(se(ia o 5re3ador sem armas6 mesmo que seu o'?etivodec*arado se?a converter(nos J sua 5r15ria re*i3ião

Ta*vez se?a um tanto uto5ista6 ou sim5*ista6 reduzir assim as coisas ao uso da vio*ncia% #a medidaem que e*a 5ode6 como se sa'e6 adquirir <ormas que não são rea*mente mais sutis6 5orém menosevidentes 5ode(se dizer que uma ideo*o3ia ou técnica é somente 5ro5osta6 quando o é 5or todos osmeios de comunicaçJo eistentes #ão6 sem d;vida% Reci5rocamente6 uma coisa não é im5osta se+ouver a 5ossi'i*idade de esco*+er uma outra6 e de sa'er disso% A re*ação entre o sa'er e o 5oder6que 5udemos o'servar durante a conquista6 não é contin3ente6 mas constitutiva% 8it1ria6 um dos<undadores do direito internaciona* moderno6 ?9 tin+a conscincia disso% 8imos que admitia aeistncia de 3uerras ?ustas6 as que tm 5or motivo a su5res são de uma in?ustiça% Ora6 e*e mesmo se

 5er3untava como decidir acerca da ?ustiça de uma 3uerra :ua res5osta 50e em evidncia o 5a5e*da in<ormação% #ão 'asta que o 5r.nci5e acredite nisso est9 com5rometido demais6 e um +omem

 5ode se equivocar% #em que a 5o5u*ação6 ainda que toda6 5ense assim o 5ovo não tem acesso aosse3redos de estado6 e é6 5or de<inição6 não in<ormado% 5reciso que a causa em si se?a ?usta6 e nãosomente se3undo uma o5inião sem5re mani5u*9ve*% Esta ?ustiça a'so*uta s1 é acess.ve* 5ara oss9'ios6 e torna(se o'ri3ação desta% E 5reciso consu*tar +omens +onestos e s9'ios6 ca5azes de <a*ar*ivremente6 sem c1*era6 1dio ou co'içaD HO direito de 3uerra6 2,6 4>I% A i3nor@ncia é uma descu*5a

 5rovis1ria a 5artir de um certo 5onto6 é cu*5ada% DAque*e que tiver d;vidas6 e deiar de *ado a 'usca da verdade6 não tem 'oa <é Hi'id%6 2>6 /I%

Quando 8it1ria a5*ica esta doutrina ao caso das 3uerras contra os .ndios6 não esquece esse cuidadocom a in<ormação os es5an+1is s1 5oderão queiar(se das +osti*idades dos .ndios se 5uderem

 5rovar que estes <oram devida( mente in<ormados das 'oas intenç0es dos recém(c+e3a dos o ato de<ornecer in<ormação é uma o'ri3ação6 tanto quanto o de 'usc9(*a% "orém o 5r15rio 8it1ria nãoi*ustra com 5er<eição seu 5receito e as encarnam a se5aração caracter.stica do inte*ectua* moderno6entre o dizer e o <azer6 entre o conte;do do enunciado e o sentido da enunciação% A*ém das raz0esDrec.5rocasD que 5odem ?usti<icar uma 3uerra6 e a*ém das que 5oderiam ser im5utadas a seu 5r15rioetnocentrismo6 dava outras6 cu?o v.cio não é a <a*ta de reci5rocidade6 mas o descuido em re*ação Jin<orma ção% Admite6 5or eem5*o6 que os c+e<es6 ou uma 5arte da 5o5u*ação6 a5e*em 5ara as

 5otncias estran3eiras6 cu?a intervenção estaria então *i3ada J 3uerra ?usta% Mas não diz uma 5a*avraso're as moda*idades de consu*ta J 5o5u*ação nesse caso6 e não encara a 5ossi'i*idade de m9(<é 5or

 5arte dos c+e<es% Ou ainda6 ?usti<ica as intervenç0es <eitas em nome de a*ianças mi*itares% Mas oeem5*o que <orne ce ( tirado da conquista do Méico ( o trai

"ise que os tlacaltecas agiram assim em rela5ão aos meicanos@ entenderamse com osespanh#is para que estes os a&udas sem a combater os meicano s< os espanh#is posteriormentereceberam tudo o que caberia a eles em virtude do direito de guerra" (s ;ndios, ', 10, 29?).

8it1ria <a*a como se a 3uerra entre meicanos e t*aca*tecas <osse a re*ação de 'ase6 e os es5an+1isinterviessem somente enquanto a*iados destes ;*timos% Mas sa'emos que isto é uma de<ormação

 'ruta* da rea*idade 5or isso6 8it1ria é cu*5ado6 5or ter(se <iado na a5roimação dos DdizemD6 dosDdizeres da que*es que *9 estiveramD Hi'id%6 )6 ,6 )72I6 sem rea*mente D'uscar a verdadeD%

A 'oa in<ormação é o me*+or meio de esta'e*ecer o 5oder vimos com Cortez e as ordenanças reais%Mas6 5or outro *ado6 o direito J in<ormação é ina*ien9ve*6 e não +9 *e3itimidade do 5oder se este

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direito não <or res5eitado% Aque*es que não se 5reocu5am em sa'er6 assim como os que se a'stmde in<ormar6 são cu*5ados diante de sua sociedade ou6 5ara diz(*o em termos 5ositivos6 a <unção dain<ormação é uma <unção a* essencia*% Ora6 se a in<ormação <or e<icaz6 a distinção entreDim5orD e D5ro5orD continuar9 a ser 5ertinente% #ão é 5reciso <ec+ar(se numa a*ternativa estéri* ouse ?usti<icam as 3uerras co*oniais Hem nome da su5erioridade da civi*ização ocidenta*I6 ou então serecusa qua*quer inte ração com o estran3eiro6 em nome de uma identidade 5r1 5ria% A co.nunicação

não(vio*encia eiste e 5ode ser de<endida como um va*or% sto 5oderia <azer comque a tr.ade escravismoXco*onia*ismoXcomunicação não se?a a5enas um instrumento de an9*iseconceitua*6 mas aca'e 5or corres5onder tam'ém a uma sucessão no tem5o%

8 Con+ecer 

!ipologia das relações com outrem

N9 a*3o de 5aradoa* em identi<icar o com5ortamento de =as Casas com o de Cortez em re*ação aos.ndios6 e tornou(se necess9rio cercar essa a<irmação de v9rias restriç0es é que a re*ação com ooutro não se d9 numa ;nica dimensão% "ara dar conta das di<erenças entre e*es no rea*6 é 5recisodistin3uir entre 5e*o menos trs eios6 nos quais 5ode ser situada a 5ro'*em9tica da a*teridade%"rimeira mente6 um ?u*3amento de va*or Hum 5*ano aio*13icoI o outro é 'om ou mau6 3osto de*eou não 3osto de*e6 ou6 como se dizia na é5oca6 me é i3ua* ou me é in<erior H5ois6 evidentemente6 namaior 5arte do tem5o6 sou 'om e ten+o auto(estima%%%I% N96 em se3undo *u3ar6 a ação dea5roimação ou de distanciamento em re*ação ao outro Hum 5*ano 5raio*13icoI a dos va*ores dooutro6 identi<ico me a e*e ou então assimi*o o outro6 im5ondo(*+e min+a 5r15ria ima3em entre asu'missão ao outro e a su'missão do outro +9 ainda um terceiro termo6 que é a neutra*idade6 ou

indi<erença% Em terceiro *u3ar6 con+eço ou i3noro a identidade do outro Hseria o 5*ano e5istmicoIaqui não +96 evidentemente6 nen+um a'so*uto6 mas uma 3radação in<inita entre os estados decon+ecimento in<eriores e su5eriores%

Eistem6 é c*aro6 re*aç0es e a<inidades entre esses trs 5*anos6 mas nen+uma im5*icação ri3rosa nãose 5ode6 5ois6 reduzi(*os um ao outro6 nem 5rever um a 5artir do outro% =as Casas con+ece os .ndiosmenos do que Cortez6 e 3osta mais de*es os dois se encontram em sua 5o*.tica comum deassimi*ação% O con+ecimento não im5*ica o amor6 nem o inverso e nen+um dos dois im5*ica6 ou éim5*ica do6 5e*a identi<icação com o outro% Conquistar6 amar e con+ecer são com5ortamentosautGnomos e6 de certo modo6 e*ementares Hdesco'rir6 como vimos6 est9 mais re*acionado J terra doque aos +omens quanto a estes6 a atitude de Co*om'o 5ode ser descrita em termos inteiramente

ne3ativos não 3osta6 não con+ece e não se identi<icaI%

Essa de*imitação dos eios não deve ser con<undida com a diversidade que se o'serva num s1 eio%=as Casas <orneceu o eem5*o de amor 5e*os .ndios mas6 na verdade6 e*e mesmo i*ustra mais deuma atitude e6 5ara <azer( *+e ?ustiça6 devemos com5*etar aqui seu retrato% =as Casas 5assou 5oruma série de crises6 ou trans<ormaç0es6 que o *evaram a tomar uma série de 5osiç0es 5r1imas6 econtudo distintas6 durante sua *on3a vida H,//(,4I% Renuncia a seus .ndios em ,4,/6 mas s1 setorna dominicano em ,422(,42)6 e esta se3unda conversão é tão im5ortante quanto a 5rimeira% Euma trans<ormação que nos interessar9 no momento a que acontece no <im de sua vida6 a51s seuretorno de<initivo do Méico6 e tam'ém a51s o <racasso de ãrios de seus 5ro?etos 5ode(se tomar oano do de'ate de 8a**ado*id6 ,4476 como 5onto de re<erncia Hmas6 na rea*idade6 não +9 DconversãoDn.tida neste momentoI% A atitude de =as Casas em re*ação aos .ndios6 o amor que sente 5or e*es6 nãosão os mesmos antes e de5ois dessa data%

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A mudança 5arece ter(se o5erado a 5artir da re<*eão J qua* é *evado 5e*os sacri<.cios +umanos 5raticados 5e*os astecas% A eistncia desses ritos era o ar3umento mais convincente do 5artidore5resentado 5or :e5;*veda6 que a<irma a in<erioridade dos .ndios era6 5or outro *ado6 incontest9ve*Hainda que discordassem acerca da quantidadeI% #ão é di<.ci*6 mesmo v9rios sécu*os mais tarde6ima3inar a reação não se conse3ue *er sem 5estane?ar as descriç0es redi3idas 5e*os mon3es

es5an+1is da é5oca6 ditadas 5or seus in<ormantes%

Tais 5r9ticas não são a 5rova 3ritante da se*va3eria e6 5ortanto6 da in<erioridade dos 5ovos que aseecutam Es te é o ti5o de ar3umento que =as Casas tin+a de re<utar% &edica(se a isto em suaA5o*o3ia6 escrita em *atim6 a5re sentada aos ?u.zes em 8a**ado*id6 e em a*3uns ca5.tu*os daA5o*o3etica Nistoria6 que devem ter sido escritos na mesma é5oca% :eu racioc.nio a esse res5eitomerece ser acom5an+ado deta*+adamente% #um 5rimeiro momento6 =as Casas a<irma que6 em'orao cani'a*ismo e o sacri<.cio +umano se?am conden9veis em si6 não decorre da. que se?a 5re cisodec*arar 3uerra Jque*es que os 5raticam o remédio corre então o risco de ser 5ior do que o ma*%A*ém disso +9 o res5eito6 que6 su50e =as Casas6 é comum a .ndios e a es5an+1is6 5e*as *eis do 5a.s%:e a *ei im50e o sacri<.cio6 ao 5ratic9(*o6 a3e(se como 'om cidadão6 e não se 5ode censurar o

indiv.duo 5or <az(*o% Em se3uida vai mais adiante a 5r15ria condenação torna(se 5ro'*em9tica%=as Casas em 5re3a6 5ara isso6 dois ti5os de ar3umentos6 que desem'ocam em duas a<irmaç0es3radativas%

O 5rimeiro ar3umento é da ordem dos <atos6 e 'aseia( se em a5roimaç0es +ist1ricas% =as Casasquer tornar o sacri<.cio +umano menos estran+o6 menos ece5ciona* 5ara o es5.rito de seu *eitor6 e*em'ra que esse sacri<.cio não est9 tota*mente ausente da 5r15ria re*i3ião cristã% D:eria 5oss.ve*

 5*eitear de modo convincente6 a 5artir do <ato de &eus ter ordenado a A'raão que sacri<icasse seu;nico <i*+o6 saac6 que &eus não detesta com5*etamente que *+e sacri<iquem seres +umanosDHA5o*o3ia6 )-I% &o mesmo mo do6 Se<té se viu o'ri3ado a sacri<icar sua <i*+a HSu.zes6 ,,6 ), ss%I% Os

 5rimo3nitos não eram todos 5rometidos a &eus A quem o'?etasse que todos esses eem5*os 5rovm do Anti3o Testamento6 =as Casas res5onderia que6 a<ina*6 Sesus tin+a sido sacri<icado 5or&eus "ai6 e que os 5rimeiros cristãos eram i3ua*mente o'ri3ados a isso6 a menos que renunciassemJ sua <é essa era6 a5arentemente6 a vontade divina% &e modo an9*o3o6 no ca5.tu*o anterior6 =asCasas reconci*iava seu *eitor com a idéia do cani'a*ismo6 contando casos em que os es5an+1is6im5e*idos 5e*a necessidade6 tin+am comido o <.3ado ou a coa de um de seus com5atriotas%

A se3unda a<irmação Hque a5arece em 5rimeiro *u3ar na ar3umentação de =as CasasI é ainda mais am'iciosa trata(se de 5rovar que o sacri<.cio +umano é aceit9ve* não somente 5or raz0es de<ato como tam'ém de direito% Ao <az(*o6 =as Casas é *evado a 5ressu5or uma nova de<inição dosentimento re*i3ioso6 e é a. que seu racioc.nio é 5articu*armente interessante6 Os ar3umentos são

tirados da Drazão natura*D6 de consideraç0es a 5riori acerca da natureza +umana% =as Casas vaiacumu*ando6 uma a51s outra6 quatro DevidnciasD

,% Todos os seres +umanos tm con+ecimento intuitivo de &eus6 isto é6 daqui*o Dque é maior eme*+or do que tudoD Hi'id%6 )4I%2% Os +omens adoram a &eus de acordo com suas ca5acidades6 e cada um a seu modo6 tentandosem5re <azer o me*+or 5oss.ve*%)% A maior 5rova que se 5ode dar de amor 5or &eus consiste em o<erecer(*+e o quese tem de mais

 5re cioso6 ou se?a6 a 5r15ria vida +umana%

Este é o cer ne do ar3umento6 e assim se e5rime =as Casas DA maneira mais intensa de adorar a

&eus é o<erecer(*+e um sacri<.cio% o ;nico ato que nos 5ermite mostrar6 Jque*e 5ara quem osacri<.cio é o<erecido6 que somos seus s;ditos e servos% A*ém disso6 a natureza nos ensina que é ?usto o<erecer a &eus6 de quem admitimos ser devedores6 5or tantas raz0es6 as coisas 5reciosas e

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ece*entes6 devido J ece*ncia de sua ma?estade% Ora6 se3undo o ?u*3amento +u mano e de acordocom a verdade6 nada na natureza é maior ou mais 5recioso do que a vida do +omem ou o 5r15rio+omem% Assim6 é a 5r15ria natureza que instrui e ensina aos que não tm <é6 a 3raça6 ou a doutrina6aos que vivem 3uiados unicamente 5e*a *uz natura* e que6 a des5eito de qua*quer *ei 5ositiva queesta'e*eça o contr9rio6 que devem sacri<icar v.timas +umanas ao verdadeiro &eus ou ao <a*so deusque crem ser o verdadeiro6 de modo que o<erecendo(*+e uma coisa sumamente 5reciosa 5ossam

e5ressar sua 3ratidão 5e*os m;*ti5*os <avores que rece'eramD Hi'id%6 )I%

/% O sacri<.cio eiste6 5ois6 5or <orça da *ei natura* e suas <ormas são <iadas 5e*as *eis +umanas6 5articu*armente no que se re<ere J natureza do o'?eto sacri<icado%

Praças a essa série de encadeamentos6 =as Casas aca'ou 5or adotar uma nova 5osição6 introduzindoo que 5oderia ser c+amado de D5ers5ectivismoD no seio da re*i3ião%

8imos que e*e toma 5recauç0es6 5ara *em'rar que o deus dos .ndios6 em'ora não se?a oDverdadeiroD &eus6 é considerado assim 5or e*es6 e que este deve ser o 5onto de 5ar tida DOverdadeiro &eus6 ou o su5osto deus6 se este <or considerado o verdadeiro &eusD Hi'id%6 )I Do

verdadeiro &eus ou aque*e que 5ensam ser &eusD Hi'id%6 )4I Do verdadeiro &eus ou aque*e que6 5oren3ano6 e*es 5ensam ser o verdadeiro &eusD Hi'id%6 )4I% Mas recon+ecer que o deus de*es éverdadeiro 5ara e*es6 não si3ni<ica dar um 5asso na direção de um outro recon+ecimento6 a sa'er6que o nosso &eus é verdadeiro 5ara n1s ( somente 5ara n1s O que resta então de comum euniversa* não é mais o &eus da re*i3ião cristã6 ao qua* todos deveriam c+e3ar6 mas a 5r1 5ria idéiade divindade6 daqui*o que est9 acima de n1s a re*i3iosidade6 e não a re*i3ião%

o 5ressu5osto de seu racioc.nio6 e tam'ém seu e*emento mais radica* Hmais do que o que dizacerca do sacri<.cioI é rea*mente sur5reendente ver introduzir o D5ers5ectivismoD num cam5o quese 5reta tão ma* a isso% O sentimento re*i3ioso não se de<ine 5or um conte;do universa* e a'so*uto6mas 5or sua orientação6 e mede(se 5or sua intensidade assim6 mesmo que o &eus cristão se?a em siuma idéia su5erior J que se e5ressa através de Tezcat*i5oca Hé o que cr o cristão =as CasasI6 osastecas 5odem ser su5eriores aos cristãos em matéria de re*i3iosidade6 e de <ato o são% A 5r15rianoção de re*i3ião sai disso com5*etamente trans<ormada% DAs naç0es que o<ereciam sacri<.cios+umanos a seus deuses mostravam assim6 como id1*atras desorientados6 a a*ta idéia que tin+am daece*ncia da divindade6 do va*or dos deuses6 o quanto era no're6 e 3rande sua veneração 5e*adivindade% &emonstraram6 conseqZentemente6 que 5ossu.am6 mais do que as outras naç0es6 are<*eão natura*6 a retidão da 5a*avra e o ?u*3amento da razão me*+or do que as outras6 usaram seuentendi mento% E em re*i3iosidade su5eraram todas as outras naç0es6 5ois são as naç0es maisre*i3iosas do mundo que6 5ara o 'em de seus 5ovos6 o<erecem em sacri<icio seus 5r15rios <i*+osDHA5o*o3etica Nistoria6 6 ,)I% #o interior da tradição cristã6 s1 os m9rtires dos 5rimeiros tem5os6

se3undo =as Casas6 5odiam se com5arar aos <ervorosos astecas%6 5ois6 ao en<rentar o ar3umento mais incGmodo que =as Casas se v o'ri3ado a modi<icar sua

 5osição e i*ustra assim uma nova variante do amor 5e*o outro um amor não mais assimi*acionista6mas6 de certo modo6 distri'uti vo cada um tem seus 5r15rios va*ores a com5aração s1 5ode ser<eita no n.ve* das re*aç0es ( entre o ser e seu deus ( e não no n.ve* das su'st@ncias s1 +9 universais<or mais% Em'ora a<irme a eistncia de um ;nico deus6 =as Casas não 5rivi*e3ia a5riori a via cristã

 5ara c+e3ar a e*e% A i3ua*dade ?9 não é esta'e*ecida J custa da identidade6 não se trata de um va*ora'so*uto cada um tem o direito de se a5roimar de deus 5e*o camin+o que *+e convier% #ão +9 maisum verdadeiro &eus Ho nossoI6 mas uma coeistncia de universos 5oss.veis se a*3uém oconsiderar verdadeiro%%% =as Casas6 su'(re5ticiamente6 deiou a teo*o3ia e 5assa a 5raticar uma

es5écie de antro5o*o3ia re*i3iosa6 o que6 nesse conteto6 é rea*mente su'versivo6 5ois 5arece quequem assume um discurso so're a re*i3ião d9 um 5asso em direção ao a'andono do 5r15rio discursore*i3ioso%

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:er9 ainda mais <9ci* 5ara e*e a5*icar esse 5rinc.5io ao caso 3era* da a*teridade e6 como quiser ser o 5rimeiro a <az(*o na é5oca modernaI cada um é o '9r'aro do outro6 'asta6 5ara s(*o6 <a*ar uma*.n3ua que esse outro i3nora 5ara e*e6 ser9 a5enas um 'ur'urin+o%

DUm +omem ser9 c+amado de '9r'aro6 quando com5arado a outro6 5or ser estran+o em seus modosde <a*ar e 5or 5ronunciar ma* a *.n3ua do outro H%%%I% :e3undo Estra'ão6 =ivro K86 essa era a 5rinci5a* razão 5e*a qua* os 3re3os c+amavam os outros 5ovos de '9r'aros6 isto é6 5orque 5ronunciavam ma* a *.n3ua 3re3a% Mas6 desse 5onto de vista6 não +9 +omem ou raça que não se?a '9r'aro em re*ação a um outro +omem ou uma outra raça% Como diz :ão "au*o6 de si mesmo e dosoutros6 na "rimeira E5.sto*a aos Cor.ntios H,/6 ,7(,I "or mais numerosas que 5ossam ser asdiversas *.n3uas no mundo6 não +9 nen+uma que não se?a uma *.n3ua se6 5ois6 eu não con+eço osentido da *.n3ua6 serei um '9r'aro 5ara aque*e que <a*a6 e aque*e que <a*a ser9 um '9r'aro 5aramim% Assim como n1s consideramos '9r'ara a 3ente das $ndias6 e*es nos ?u*3am da mesmamaneira6 5orque não nos com5reendemD Hi'id%6 6 24/I% O radica*ismo de =as Casas im5ossi'i*itaqua*quer meio(termo ou e*e a<irma6 como no 5er.odo anterior6 a eistncia de uma ;nica re*i3ião

verdadeira6 o que *eva6 <ata*mente6 a identi<icar os .ndios a uma <ase anterior6 e 5ortanto in<erior6 daevo*ução dos euro5eus ou então6 como na ve*+ice6 aceita a coeistncia de ideais e va*ores6 e ne3aqua*quer sentido não re*ativo da 5a*avra D'9r'aroD e6 5ortanto6 qua*quer evo*ução%

Ao a<irmar a i3ua*dade em detrimento da +ierarquia6 =as Casas reata com um tema cristão c*9ssico6como indica a re<erncia a :ão "au*o6 citado tam'ém na A5o*o3ia6 e esta outra6 ao Evan3e*+ose3undo :ão Mateus DTudo o que que reis que os +omens <açam 5or v1s6 <azei(o 5ois 5or e*esD H-6,2I% D a*3oD6 comenta =as Casas6 Dque todo +omem con+ece6 5erce'e e com5reende 3raças J *uznatura* que <oi re5artida entre nossos es5.ritosD HA5o*o3ia6 ,I% S9 t.n+amos encontrado este tema doi3ua*itarismo cristão6 e t.n+amos i3ua*mente visto o quanto continuava am'.3uo% Todos6 nessaé5oca6 arvoram o es5.rito do cristianismo% em nome da mora* cristã que os cat1*icos He6 5oreem5*o6 o 5rimeiro =as CasasI vem os .ndios como i3uais a e*es6 5ortanto6 seme*+antes a e*es6 e tentam assimi*9(*os a si mesmos% Com as mesmas re<erncias em mente6 os 5rotestantes6 aocontr9rio6 a5ontam as di<erenças e iso*am suas comunidades das ind.3enas6 quando se encontramem situação de contato Hcuriosamente6 esta 5osição *em'ra um 5ouco a de :e5;*vedaI% Em am'osos casos ne3a(se a identidade do outro quer se?a no 5*ano da eistncia6 como no caso doscat1*icos ou no 5*ano dos va*ores6 como os 5rotestantes é um tanto derris1rio 5rocurar sa'er qua*dos times é o recordista na via da destruição do outro% Mas 9 na doutrina cristã que o ;*timo =asCasas desco're esta <orma su5erior do i3ua*itarismo que é o 5ers5ectivismo6 onde cada um ére*acionado a seus 5r15rios va*ores6 em vez de ser re<eri do a um idea* ;nico%

Ao mesmo tem5o6 não se deve esquecer o car9ter 5aradoa* desta união dos termos6 Duma re*i3iãoi3ua*itaristaD e*e e5*ica a com5*eidade da 5osição de =as Casas6 e é este mesmo 5aradoo quei*ustra um outro e5is1dio da +ist1ria das ideo*o3ias e dos +omens6 mais ou menos contem5or@neo ode'ate so're a <initude ou a in<initude do mundo6 e6 conseqZentemente6 so're a eistncia ou não deuma +ierarquia no mundo% Em seu tratado em <orma de di9*o3o6 &e *in<inito universo e mondi6escrito em ,4/6 Piordano Bruno6 dominicano6 como =as Casas6 <az com que se con<rontem duas

 5osiç0es% Uma6 que a<irma o car9 ter <inito do mundo e a +ierarquia necess9ria6 é de<endida 5e*oaristoté*ico Hque não se c+ama :e5;*vedaI a outra é a de*e% &o mesmo modo que =as Casas He antesde*e :ão "au*oI tin+a a<irmado a re*atividade das 5osiç0es a 5artir das quais se ?u*3a os as5ectos+umanos6 Bruno o <az em re*ação ao es5aço <.sico6 e ne3a a eistncia de qua*quer 5osição

 5rivi*e3iada% Tam5ouco a terra6 ou qua*quer ou tro mundo6 est9 no centro ^ Universo* e não +9

 5ontos no es5açoque constituam 51*os de<inidos e determinados 5ara nossa terra6 assim como e*anão constitui um 51*o de<inido e determinado 5ara nen+um outro 5onto do éter ou do es5aço domundo e isto va*e 5ara todos os outros cor5os ^ Universo*% &esde 5ontos de vista di<erentes to dos

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e*es 5odem ser vistos como centros6 ou como 5ontos da circun<erncia6 como 51*os6 ou comoznites6 e assim 5or diante% "ortanto6 a terra não é o centro do Universo s1 é centra* em re*ação aoosso 5r15rio es5aço circunvizin+o% H%%%I &esde que se su5on+a um cor5o de taman+o in<inito6 ser9

 5reciso renunciar a atri'uir(*+e centro ou 5eri<eriaD H2I%

 #ão somente a terra não é o centro do universo como nen+um 5onto <.sico o é a 5r15ria noção do

centro s1 <az sentido em re*ação a um 5onto de vista 5articu*ar o centro e a 5eri<eria são noç0estão re*ativas quanto as de civi*ização e 'ar'9rie He atsI% D#ão +9 no universo nem centro nemcircun<erncia6 mas6 5or assim dizer6 o todo é centra*6 e 5ode(se tam'ém considerar cada 5ontocomo 5arte de uma circun<erncia6 em re*ação a um outro 5onto centra*D H4I%

Mas a nquisição6 que tin+a sido indu*3ente 5ara com =as Casas Hsem <a*ar em :ão "au*oI6 nãoadmite a in<orma ção de Bruno ?9 ec*u.do da ordem dominicana no momento em que escreveessas <rases6 ser96 5ouco de5ois6 5reso6 ?u*3ado 5or +eresia e queimado em 5raça 5;'*ica6 em ,776nesse ;*timo ano do sécu*o que tin+a 5resencia do os com'ates de =as Casas% Em seu i3ua*itarismo6seu discurso6 como o de =as Casas6 é simu*taneamente cristão e anti(re*i3ioso mas os ?u.zes de =asCasas ouvirão a 5rimeira com5onente6 e os de Bruno6 a se3unda% Ta*vez 5or que a a<irmação de =as

Casas se re<ere ao mundo dos +omens6 em re*ação ao qua*6 de qua*quer modo6 a<irmaç0es di<erentessão conce'.veis ao 5asso que a de Bruno diz res5eito ao universo inteiro6 que inc*ui &eus ( ou6

 ?ustamente6 não o inc*ui6 o que é um sacri*é3io%

&e qua*quer modo6 este é um <ato di3no de es5anto nin3uém critica os 5ro?etos 5ro5riamente 5o*.ticos de =as Casas6 no <im de sua vida6 O que evidentemente não si3ni<ica que se?am aceitosmas são i3norados é di<.ci* ima3inar6 de resto6 como tais 5ro?etos 5oderiam ser 5ostos em 5r9tica6tanto são ut15icos e *evam 5ouco em conta os interesses envo*vidos na em5resa% A so*ução 5e*aqua* se inc*ina =as Casas é conservar os anti3os Estados6 com seus reis e 3overnantes 5re3ar oEvan3e*+o6 mas sem o a5oio dos eércitos se os reis *ocais 5edirem 5ara <azer 5arte de uma es5écie de <ederação6 5residida 5e*o rei da Es5an+a6 que se?am aceitos não tirar 5roveito de suasriquezas6 a menos que e*es mesmos o 5ro5on+am D:u5ondo(se que os reis e sen+ores naturais dos.ndios cedam ao rei de Caste*a seus direitos so're as minas de ouro6 de 5rata6 de 5edras 5reciosas6sa*inas e outrosD HDCarta ao E Barto*omé Carranza de MirandaD6 a3osto de ,444I%

Em outras 5a*avras6 =as Casas su3ere ao rei da Es5an+a que renuncie a suas 5ossess0esu*tramarinas6 nem mais nem menos% E a ;nica 3uerra que conce'e seria <eita 5e*o rei contra osconquistadores es5an+1is H5ois =as Casas duvida que e*es se retirem es5ontaneamenteI DO meioque a5resenta menos inconvenientes6 e o verdadeiro remédio 5ara todos esses ma*es6 que6 na min+ao5inião He creio nisso como creio em &eusI os reis de Caste*a6 5or 5receito divino6 devem a5*icar6inc*usive 5e*a 3uerra6 se não 5uderem <az(*o 5aci<icamente6 e ainda que tivessem de arriscar todos

os 'ens tem5orais que 5ossuem nas $ndias6 é *ivrar os .ndios do 5oder dia'1*ico ao qua* estãosu'metidos6 devo*ver( *+es a *i'erdade ori3ina* e resta'e*ecer em suas so'eranias todos os reis esen+ores naturaisD Hi'id%I%

Eis que a ?ustiça Ddistri'utivaD e D5ers5ectivistaD de =as Casas *eva(o a modi<icar uma outracom5onente de sua 5osição renunciando6 na 5r9tica6 ao dese?o de assimi*ar os .ndios6 esco*+e a vianeutra os .ndios decidirão e*es mesmo acerca de seu 5r15rio <uturo% Eaminemos a3ora a*3unscom5ortamentos na 5ers5ectiva do se3undo eio uti*izado 5ara descrever as re*aç0es com o outro6 oda ação de identi<icação ou de assimi*ação% 8asco de Quiro3a é um eem5*o ori3ina* desta ;*tima% mem'ro da se3unda Audincia e Méico6 isto é6 5ertence ao 5oder administrativo mais tarde torna(se 'is5o de Mic+oac9n% Em v9rios as5ectos se 5arece com outros +umanistas6 *ei3os ou re*i3iosos6

que tentarão6 no Méico6 5rote3er os .ndios dos a'usos dos conquistadores mas é muito di<erentede*es num 5onto sua atitude é assimi*acio nista6 mas o idea* ao qua* e*e quer assimi*ar os .ndios nãoé encarnado 5or e*e e nem 5e*a Es5an+a de seu tem5o6 em suma6 assimi*a(os a um terceiro% O

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es5.rito de 8asco de Quiro3a <ormou(se 5e*a *eitura dos *ivros cristãos6 inicia*( mente6 e tam'émdas cé*e'res :aturnais de =uciano6 em que +9 uma descrição deta*+ada do mito da idade do ouroen<im6 e 5rinci5a*mente6 a Uto5ia de T+omas More% Em resumo6 8asco de Quiro3a a<irma que oses5an+1is 5ertencem a uma <ase decadente da +ist1ria6 ao 5asso que os .ndios são seme*+antesaos 5rimeiros a51sto*os e Js 5ersona3ens do 5oema de =uciano Hainda que 8asco de Quiro3a se?ai3ua*mente ca5az de 5unir(*+es os de<eitosI DTm os mesmos costumes e modos6 a mesma

i3ua*dade6 sim5*icidade6 'ondade6 o'edincia e +umi*dade6 as mesmas <estas6 ?o3os6 5razeres6 'e'idas6 *azeres6 5assatem5os e nudez6 5ossuem a5enas os mais modestos 'ens domésticos e nãotm ne n+um dese?o de adquirir me*+ores tm as rou5as6 os ca*çados e a*imentos que *+es sãoo<erecidos 5e*a <erti*idade do so*o6 quase sem nen+um tra'a*+o6 cuidado ou es<orço de sua 5arteDHDn<ormaci1n en derec+oD6 55% 7 ss%I%

"ode(se ver a. que 8asco de Quiro3a6 a5esar de sua e5erincia Dde cam5oD6 não tin+a avançadomuito no con+ecimento dos .ndios como Co*om'o6 ou como =as Casas6 a5oiando(se em a*3umasseme*+anças su5er<iciais6 v ne*es6 não o que são6 mas o que quer que se?am6 uma variante das

 5ersona3ens de =uciano% Todavia6 as coisas são mais com5*eas6 5ois esta visão idea*izante é 'arrada no meio do camin+o os .ndios são6 e<etivamente6 uma encarnação da visão id.*ica de 8asco

de Quiro3a6 mas estão *on3e da 5er<eição% 5ortanto e*e que6 5or uma ação de*i'erada so're os.ndios6 varias trans<ormar essa 5romessa numa sociedade idea*% "or isso6 J di<erença de =as Casas6não a3ir9 ?unto aos reis6 mas so're os 5r15rios .ndios% "ara isso re correr9 aos ensinamentos de ums9'io um 5ensador socia*6 T+omas More6 ?9 encontrou6 em sua Uto5ia6 as <ormas ideais queconvm J vida de tais 5essoas si3ni<icativamente6 More6 5or sua vez6 tin+a(se ins5irado6 5ara

 5intar sua uto5ia6 nos 5rimeiros re*atos entusi9sticos so're o #ovo Mundo H+9 a. um <ascinante ?o3ode es5e*+os6 em que os ma*(entendidos de inter5retação motivam a trans<ormação da sociedadeI% :1<a*ta6 5ois6 rea*izar esse 5ro?eto% 8asco de Quiro3a or3anizar9 duas a*deais se3undo as 5rescriç0esuto5istas6 uma 5erto da Cidade do Méico6 outra no Mic+oac9n6 am'as 'atizadas :anta Fé6 quei*ustram simu*taneamente seu es5.rito <i*antr15ico e os 5rinc.5ios inquietantes do Estado ut15ico%A unidade socia* de 'ase é a <am.*ia etensa6 com5osta de dez a doze casais de adu*tos a5arentados6so' a autoridade de um 5adre de <ami*ia os 5adres6 5or sua vez6 e*e3em o c+e<e da a*deia% #ão +9ser viçais6 e o tra'a*+o é o'ri3at1rio6 tanto 5ara os +omens quanto 5ara as mu*+eres6 mas não 5odeu*tra5assar seis +oras di9rias%

Todos a*ternam o'ri3atoriamente tra'a*+o no cam5o e tra'a*+o artesana* na a*deia os rendimentosda 5rodução são divididos eqZitativamente6 de acordo com as necessidades de cada um% Oscuidados médicos e a a5rendiza3em Htanto es5iritua* como manua*I são 3ratuitos e o'ri3at1rios oso'?etos e atividades de *uo são 5roi'idos6 e é inc*usive 5roi'ido usar rou5as co*oridas% OsD+os5itaisD(a*deias são os ;nicos 5ro5riet9rios de 'ens e tm o direito de e5u*sar os mause*ementos6 isto é6 os re'e*des6 os ''ados e os 5re3uiçosos Hna verdade6 a rea*idade <ica r9 aquém

deste 5ro3ramaI%8asco de Quiro3a não tem nen+uma d;vida quanto J su5erioridade deste modo de vida6 e considera

 'ons todos os meios 5ara atin3i(*o ser96 5ois6 com :e5;*veda6 e contra =as Casas6 um 5artid9rio dasD3uerras ?ustasD contra os .ndios e de sua re5artição nas encomiendas <eudais% sto não o im5edir96

 5or outro *ado6 de a3ir como verdadeiro de<ensor dos .ndios contra as 5retens0es dos co*onoses5an+1is6 e suas a*deias são muito 5o5u*ares ?unto aos .ndios%

8asco de Quiro3a i*ustra um assimi*acionismo incondiciona*6 em'ora ori3ina*% Os eem5*os decom5ortaniento inverso6 de identi<icação J cu*tura e J sociedade ind.3enas6 são muito mais raros Hao

 5asso que a'undam os casos de identi<icação no sentido o5osto a Ma*inc+e era um de *esI% O

eem5*o mais 5uro é o de Ponza*o Puerrero%

Em conseqZncia de um nau<r93io ao *ar3o do Méico6 em ,4,,6 vai dar6 ?untamente com a*3uns

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outros es5an+1is6 na costa do \ucat9n% :eus com5an+eiros morrem a5enas A3ui*ar6 <uturointér5rete de Cortez6 so'revive6 e é vendido como escravo no interior do 5a.s% O 'is5o de \ucat9n6&ie3o de =anda6 narra a continuação DQuanto a Puerrero6 como tin+a a5rendido a *.n3ua do 5a.s6<oi a C+ectema*6 que é a :a*amanca do \ucat9n6 e *9 <oi rece'ido 5or um c+e<e de nome #ac+ancan%Este encarre3ou(o das coisas da 3uerra6 no que e*e <oi 3rande 5erito6 conse3uindo v9rias vit1riasso're os inimi3os de seu sen+or% Ensinou os .ndios a com 'ater6 a construir <ortes e 'asti0es deste

modo6 e se com 5ortando como um .ndio6 adquiriu uma 3rande re5utação%

Assim6 casaram(no com uma mu*+er de a*ta cate3oria6 de quem teve <i*+os6 o que <oi a causa denunca ter tentado <u3ir6 como <ez A3ui*ar muito 5e*o contr9rio6 co'riu o 5r1 5rio cor5o de 5inturas6deiou crescer o ca'e*o6 <urou as ore*+as 5ara usar 'rincos como os .ndios6 e é 5oss.ve* que se ten+atornado id1*atra como e*esD H)I%

Trata(se6 5ortanto6 de uma identi<icação com5*eta Puerrero adotou a *.n3ua e os costumes6 are*i3ião e os modos% #ão é sur5reendente que se recuse a unir(se Js tro5as de Cortez quando estedesem'arca no \ucat9n6 e ?usti<ique sua decisão6 se3undo Berna* &.az6 ?ustamente a 5artir de suainte3ração J cu*tura ind.3ena DFizeram(me cacique6 e até ca5itão6 em tem5o de 3uerra6 ora% Ten+o o

rosto tatua do e as ore*+as <uradas% Que dirão os es5an+1is ao ver(me assim E de5ois6 ve?am meus<i*+in+os6 como são 'onitosD H2-I% "ensa(se inc*usive que Puerrero não manteve essa 5osição neutrae reservada6 e c+e3ou a com'ater os eércitos dos conquistadores6 na *iderança das unidadesVucatecas de acordo com Oviedo H6 )26 2I6 teria sido morto6 em ,426 5e*o *u3ar(tenente deMonte?o6 A*onso de Avi*a6 numa 'ata*+a travada contra o cacique de C+ectema*%

Curioso6 5or i*ustrar uma das variantes 5oss.veis da re *ação com o outro6 o caso de Puerrero nãotem 3rande si3ni<icação +ist1rica e 5o*.tica Hnisso tam'ém é o contr9rio do da Ma*inc+eI seueem5*o não ido6 e +o?e em dia vemos c*aramente que não 5odia s(*o6 não corres 5ondia em nada Jre*ação de <orças eistente% :omente trezentos anos mais tarde6 na inde5endncia do Méico6veremos ( mas em circunst@ncias tota*mente di<erentes ( crio*ios tomarem o 5artido dos .ndios6contra os es5an+1is%

Um eem5*o mais interessante6 5or ser mais com5*eo6 na su'missão dosXaos .ndios6 é o doconquistador A*var #u<iez Ca'eza de 8aca% :eu destino é etraordin9rio% "arte inicia*mente 5ara aF*1rida6 numa e5edição cu?o c+e<e é "9n<i*o de #arv9ez6 que ?9 tos encontrado em outrascircunst@ncias% #au<r93io6 iniciativas desastrosas6 ca*amidades de todos os ti5os o resu*tado é queCa'eza de 8aca e a*3uns de seus com5an+eiros são o'ri3ados a viver com os .ndios6 e como e*es%&e5ois <azem uma *on3a via3em Ha 5éI6 e emer3em no Méico oito anos a51s sua c+e3ada JF*1rida% Ca'eza de 8aca retorna J Es5an+a6 e 5arte nova mente6 a*3uns anos de5ois6 desta vezcomo c+e<e de uma nova e5edição6 no atua* "ara3uai% Esta e5edição tam'ém aca'a ma*6 mas

 5or outras raz0es em con<*ito com seus su'ordinados6 Ca'eza de 8aca é destitu.do e enviado6acorrentado6 J Es5an+a% :e3ue(se um *on3o 5rocesso6 que e*e 5erde mas deia dois re*atos6consa3rados Js suas duas via3ens%

As o5ini0es de Ca'eza de 8aca so're os .ndios não a5resentam uma 3rande ori3ina*idade sua 5osição é 'astante simi*ar J de =as Casas Hde antes de ,447I% Estima(os e não quer <azer(*+es ma*se +ouver evan3e*ização6 deve ser <eita sem vio*ncia% D"ara <azer com que todos esses +o mens setornem cristãos6 e o'edeçam J 8ossa Ma?estade m5eria*6 é 5reciso trat9(*os com 'randura é o;nico meio se3uro6 e não o outroD H,6 )2I% Faz esta re<*eão no mo mento em que est9 s1 entre os.ndios mas6 quando se tor na 3overnador no Rio de *a "*ata6 não esquece a *ição6 e tenta co*oc9(*aem 5r9tica em suas re*aç0es com os .ndios esta é6 sem d;vida6 uma das raz0es do con<*ito com os

outros es5an+1is% Mas essa D'randuraD não o <az esquecer o o'?etivo a*me?ado6 e e*e dec*ara6 commuita natura*idade6 durante o 5éri5*o na F*1rida DEstes .ndios são os mais o'edientes que ?9encontramos6 em todos os 5a.ses6 e tm o me*+or tem5eramentoD H,6 )7I6 ou ainda DA*i a 5o5u*a

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ção é muito 'em dis5osta6 e*es servem os cristãos Hos que são seus ami3osI de muito 'om 3radoD H,6)/I% #a rea*idade6 e*e não ec*ui o recurso Js armas6 e re*ata em deta*+es a técnicade 3uerra dos .ndios6 D5ara que aque*es que um dia terão de *idar com estes 5ovos este?am cientesde seus modos e arti<.cios6 o que ser9 muito ;ti* em tais circunst@nciasD H,6 24I os ditos 5ovos<oram6 desde então6 etermina dos6 e não deiaram vest.3ios% Em resumo6 e*e nunca se a<asta doRequerimiento6 que 5romete a 5az no caso de os .ndios aceitarem su'meter(se6 e a 3uerra se

recusarem Hc<% 5or eem5*o ,6 )4I%

Ca'eza de 8aca distin3ue(se de =as Casas não somente 5or a3ir6 como 8asco de Quiro3a6 so're os.ndios e não ?unto J corte6 como tam'ém 5or seu con+ecimento 5reciso e direto do modo de vidade*es% :eu re*ato contém uma descrição not9ve* dos 5a.ses e 5o5u*aç0es que desco're6 deta*+es

 5reciosos da cu*tura materia* e es5iritua* dos .ndios% #ão é 5or acaso sua 5reocu5ação é e5*icitadare 5etidas vezes se esco*+e um 5ercurso6 é D5orque atravessando o 5a.s 5od.amos o'servar me*+orsuas 5articu*aridadesD H,6 2I se descreve uma técnica6 é Da <im de dar a ver e a con+ecer o quanto ainvenção e a ind;stria dos +omens +umanos são diversas e es5antosasD H,6 )7I se se interessa 5oruma determinada 5r9tica6 é D5orque os +omens dese?am con+ecer os modos e as 5r9ticas dos outros

 5ovosD H,6 24I%

Mas é6 evidentemente6 no 5*ano da identi<icação H5oss.ve*I que o eem5*o de Ca'eza de 8aca é omais interes sante% "ara so'reviver6 é o'ri3ado a eercer dois o<.cios% O 5rimeiro é o de mascatedurante a5roimadamente seis anos6 re<az incessantemente o 5ercurso entre a costa e o interior6*evando a cada um os o'?etos que *+e <a*tam6 mas que são dis5on.veis 5ara o outro a*imentos6medicamentos6 conc+as6 5e*es de animais6 caniços 5ara as <*ec+as6 co*a% Esse o<.cio me convin+a6eu ia e vin+a *ivremente6 não tin+a nen+uma ocu5ação o'ri3at1ria6 não era escravo% Onde quer queme a5resentasse era 'em rece'ido6 davam me de comer6 e tudo isso 3raças Js min+as mercadorias%Essas via3ens eram 5roveitosas 5ara mim6 o'servava 5or onde 5odia avançar6 e me tornavacon+ecido dos +a'itantesD H,6 ,I%

O se3undo o<.cio de Ca'eza de 8aca é ainda mais interessante torna(se curador ou6 em outrostermos6 amã% #ão é uma esco*+a de*i'erada devido a certas 5eri5écias6 os .ndios decidem queCa'eza de 8aca e seus com5an+eiros cristãos 5odem curar os doentes6 e 5edem a e*es queinterven+am% #o in.cio os es5an+1is <icam reticentes6 dec*aram(se incom5etentes mas6 como os.ndios *+es cortam os v.veres6 aca'am aceitando% As 5r9ticas a que se entre 3am tm uma du5*ains5iração 5or um *ado6 o'servam os curadores ind.3enas6 e imitam(nos a5a*5am6 so5ram so 're osdoentes6 san3ram e cauterizam com <o3o% "or outro *ado6 como 3arantia6 recitam as oraç0es cristãs%D#osso método consistia em <azer so're e*es o sina* da cruz6 so5rar so're e*es6 e dizer um "ai #ossoe uma Ave Maria rez9vamos a &eus nosso :en+or que os curasse o mais 'reve 5oss.ve* e que osins5irasse a tratar(nos 'emD H,6 ,4I% &e acordo como re*ato de Ca'eza de 8aca6 essas inter venç0es

são sem5re coroadas de sucesso6 e e*e até ressuscita um morto%%%Ca'eza de 8aca adota os o<.cios dos.ndios6 e veste(se como e*es Hou <ica nu como e*esI6 come da mesma <orma que e*es% Mas aidenti<icação nunca é com5*eta +9 uma ra zão Deuro5éiaD 5ara que o o<.cio de mascate *+e a3rade6 eoraç0es cristãs em suas 5r9ticide curador% Em momento a*3um esquece sua 5r15ria identidadecu*tura*6 e essa a<irmação *+e serve de am5aro nas 5rovas mais di<.ceis% D#o meio de todos esses tormentos6 meu ;nico remédio e meu conso*o era 5ensar na 5aião de nosso redentor Sesus Cristo6no san3ue que tin+a derramado 5or mim e ima3inava o quão devia ter sido mais crue* o su5*.ciodos es5i n+os que e*e tin+a su5ortadoD H,6 22I% Tam5ouco esquece seu o'?etivo6 que é 5artir ereencontrar os seus% D"osso dizer que nunca 5erdi a es5erança de que a miseric1rdia divina metiraria daque*e cativeiro6 e não 5arava de dizer isso a meus com5an+eirosD H,6 22I%

A5esar de sua 5ro<unda inte3ração J sociedade ind.3ena6 sente uma enorme a*e3ria ao encontraroutros es5an+1is DAque*e dia <oi 5ara n1s um dos mais <e*izes de nossas vidasD H,6 ,-I% O 5r15rio<ato de redi3ir uma +ist1ria de sua vida indica c*aramente que 5ertence J cu*tura euro5éia% "ortanto6

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Ca'eza de 8aca não tem nada de Puerrero6 e é im5oss.ve* ima3in9(*o *iderando eércitos ind.3enascontra os es5an+1is ou casando(se e tendo <i*+os mestiços% &e resto6 assim que reencontra DaDcivi*ização no Mé ico6 5e3a o navio 5ara vo*tar J Es5an+a nunca mais vo* tar9 J F*1rida6 ao Teasou ao norte do Méico% E6 no entanto6 esta *on3a estada deia marcas ne*e6 como se ves5ecia*mente no re*ato do <im de seu 5éri5*o% C+e3a aos 5rimeiros 5ostos dos es5an+1isacom5an+ado de .ndios( ami3os encora?a(os a renunciar a qua*quer ação +osti* e 3arante que os

cristãos não *+es <arão nen+um ma*% Mas estava su'estimando a co'iça destes ;*timos6 e seu dese?ode conse3uir escravos aca'a sendo en3anado 5or seus 5r15rios corre*i3ion9rios% D"rocur9vamosasse3urar a *i'erdade dos .ndios6 e no momento em que acredit9vamos t(*a o'tido6 aconteceu ocontr9rio% E*es Hos cristãosI tin+am na verdade com'inado de atacar os .ndios que t.n+amos mandado de vo*ta6 com a 3arantia de 5az% "useram o 5*ano em 5r9tica6 <azendo(nos 5eram'u*ar nos

 'osques durante dois dias6 e a*i <icamos sem 93ua6 5erdidos e sem rumo de<ini do% "ensamos quetodos morrer.amos de sede6 sete dos nossos 5ereceram6 e um 3rande n;mero de .ndios ami3os queos cristãos traziam6 c+e3aram ao 5onto de 93ua que encontramos na se3unda noite somente doisdias de5ois6 ao meio(diaD H,6 )/I% O universo menta* de Ca'eza de 8aca 5arece vaci*ar aqui6 aincerteza quanto aos re<erentes de seus 5ronomes 5essoais contri'ui6 ?9 não +9 dois 5artidos6 n1s HoscristãosI e e*es Hos .ndiosI6 mas trss cristãos6 os .ndios e Dn1sD% Mas quem são esse Dn1sD6

eteriores a am 'os os mundos6 5or t(*os vivido Dde dentroD

A*ém desse em'ara*+amento da identidade6 o'serva(se tam'ém6 como é de es5erar6 identi<icaç0es 5arciais muito mais contro*adas% :ão es5ecia*mente as dos mon3es <ranciscanos6 que6 sem nuncarenunciar a seu idea* ou a seu o'?etivo evan3e*izador6 adotam <aci*mente o modo de vida dos .ndiosna verdade6 uma coisa a?uda a outra6 o movi mento inicia* de identi<icação <aci*ita a assimi*ação em

 5ro <undidade% DQuando o 5residente da se3unda Audincia[ 5er3untou(*+es 5orque 5re<eriamaque*es re*i3iosos *os <ranciscanos[ aos outros6 os .ndios res5onderam 5orque andam vestidos

 5o'remente6 e desca*ços como n1s comem o que comemos6 insta*am(se conosco6 e <a*ammansamenteD HMoto*inia6 6 /I% A mesma ima3em encontra(se nos &i9*o3os dos sacerdotes cristãose ind.3enas6 contados 5e *os anti3os meicanos a 5rimeira 5a*avra que e*es 50em na 'oca dos<ranciscanos é uma a<irmação de seme*+ança D#ão vos inquietai6 evitai ver(nos como seressu5eriores na verdade6 somos a5enas vossos seme*+antes e tam'ém somos a5enas 3ente comum emais6 somos +omens da mesma es5écie que v1s6 rea*mente não somos deuses% Tam'ém +a'itamos aterra6 'e'emos tam'ém6 tam'ém morremos de <rio6 tam'ém so<remos com o ca*or6 tam'ém somosmortais6 tam'ém somos 5erec.veisD H,6 2()I%

A*3uém como Ca'eza de 8aca avança 'astante na via da identi<icação6 e con+ece 'em os .ndios que<reqZenta% Mas6 como ?9 <oi dito6 não +9 nen+uma re*ação de im5*icação entre esses dois traços% A

 5rova disso seria dada6 se <osse necess9rio6 5e*o eem5*o de &ie3o de =anda% Este <ranciscano devesua ce*e'ridade a um du5*o 3esto6 decisivo 5ara o nosso con+ecimento da +ist1ria dos maias% 5or

um *ado6 o autor da Re*aci1n de *as cosas de \ucat9n6 o documento mais im5ortante so're o 5assadodos maias é6 5or outro *ado6 o insti3ador de v9rios autos(de(<é 5;'*icos6 em que serão queimadostodos os *ivros maias eistentes na é5oca6 como conta =anda em sua Re*aci1n DEncontramosmuitos *ivros escritos com aque*as *etras dos .ndios6 e como não +avia nen+um em que não+ouvesse su5erstição e mentiras do demGnio6 queimamos todos so<reram 5or isso amar3amente eisso causou(*+es muito 5esarD H/,I%

 #a verdade6 esse 5aradoo do +omem que simu*taneamente queima e escreve *ivros não érea*mente um 5a radoo dissi5a(se se o'servamos que =anda recusa qua* quer identi<icação com os.ndios e ei3e6 ao contr9rio6 que e*es adotem a re*i3ião cristã mas6 o mesmo tem5o6 est9 interessadoem con+ec(*os% #a rea*idade6 +9 uma sucessão em seus 3estos% =anda tin+a 5ermanecido no

\ucat9n de ,4/> a ,426 ano do auto(de(<é descrito% :eus atos6 que com5reendem não somente adestruição dos *ivros como tam'ém 5uniç0es 5ara os .ndios D+eréticosD6 que são encarcerados6c+icoteados até eecutados 5or ordens suas6 <azem com que se?a c+amado de vo*ta J Es5an+a 5ara

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ser ?u*3ado H?usti<icava o uso da tortura so're os .ndios a*e3ando que de outro modo teria sidoim5oss.ve* o'ter de*es qua*quer in<ormaçãoI% inicia*mente condenado 5e*o Con se*+o das $ndias6mas6 em se3uida6 é a'so*vido 5or uma comissão es5ecia* e mandado de vo*ta ao \ucat9n6 desta vezcom os 5oderes mais im5ortantes de 'is5o% Redi3e seu *ivro na Es5an+a6 em ,46 em 5arte 5ara sede<ender das acusaç0es que *+e <azem% #ota(se6 5ois6 a com5*eta se 5aração das duas <unç0es oassimi*ador a3e no \ucat9n o erudito escreve *ivros na Es5an+a%

Outras 5ersona3ens do c*ero da é5oca com'inaram esses dois traços 5rocuram converter todos os.ndios J re*i3ião cristã e6 ao mesmo tem5o6 descrevem sua +ist1ria6 seus modos6 sua re*i3ião6 dandosua contri'uição 5ara o con+ecimento de*es mas nen+um de*es comete os ecessos de =anda6 etodos *amentam a queima dos manuscritos% Formam um dos dois 3randes 3ru5os de autores aosquais devemos o con+ecimento de que atua*mente dis5o mos acerca do Méico anti3o +9 entre e*esre5resentantes de diversas ordens re*i3iosas6 <ranciscanos6 dominicanos6 ?esu.tas% O outro 3ru5o éconstitu.do 5e*os autores .ndios ou mestiços6 que a5renderam o es5an+o*6 ou *ançam mão doa*<a'eto *atino 5ara escrever o na+uat* são Mu0oz Camar3o6 A*va t*i*oc+it*6 Bautista "omar6A*varado Tezozomoc e outros Ha*3uns tetos são anGnimosI%

Em con?unto 5roduzem uma massa incom5ar9ve* de documentos6 mais rica do que a dis5on.ve*acerca de qua*quer outra sociedade tradiciona*% &uas <i3uras ece5cionais dominam o con?unto daso'ras consa3radas aos .ndios6 e merecem um eame deta*+ado são &ie3o &ur9n e Bernardino de:a+a3;n%

"ur#n, ou a mestiçagem das culturas

Encontra(se um des*ocamento da 5ersona*idade6 rea*izado de modo in<initamente mais com5*eo6no autor de uma das me*+ores descriç0es do mundo 5ré(co*om'iano6 o dominicano &ie3o &ur9n%

 #asceu na Es5an+a H5or vo*ta de ,4)-I mas6 J di<erença de muitas outras 5ersona3ens marcantes

dessa é5oca6 vir9 viver no Méico aos cinco ou seis anos de idade e ser96 5ortanto6 <ormado in *oco%Resu* tar9 dessa e5erincia uma com5reensão interna da cu*tura ind.3ena que não seria i3ua*ada 5or nin3uém naque*e sécu*o K8% "ouco antes de morrer Hem ,4I6 de ,4- a ,4,6 &ur9n redi3ir9uma Nistoria de *as ndias de #ueva Es5an+a e *+as de *a Tierra Firme Ht.tu*o incoerente6 e certamente acrescentado a seu *ivro 5or outra 5essoaI6 cu?as duas 5rimeiras 5artes tratam da re*i3ião dosastecas6 e a terceira de sua +ist1ria% Essas o'ras s1 seriam 5u'*icadas no sé cu*o KK%

A am'iva*ncia de &ur9n é mais com5*ea 5orque sua vida não consiste em 5ermanncias a*ter nadas na Es 5an+a e no Méico6 e tam'ém 5orque seu con+ecimento da cu*tura ind.3ena é 'emmais .ntimo é tam'ém uma 5osição mais dram9tica% N96 5or um *ado6 o cristão convicto6 oevan3e*izador o'stinado este decide que a conversão dos .ndios ei3e um con+ecimento mais

 5ro<undo de sua anti3a re*i3ião% Mais eatamente6 &ur9n concatena estas duas in<erncias

,% 5ara im5or a re*i3ião cristã6 é 5reciso etir5ar todos os vest.3ios da re*i3ião 5a3ã2% 5ara conse3uir e*iminar o 5a3anismo6 é 5reciso con+ec(*o 'em antes% DOs .ndios não encontrarão&eus enquanto não tiverem sido arrancadas as ra.zes6 até o menor vest.3io da anti3a re*i3ião% H%%%I :etentarmos seriamente a<astar a mem1ria de Ama*ec+6 ?amais conse3uiremos6 se não *evarmos emconta6 5revia( mente6 todas as moda*idades da re*i3ião na qua* viviamD H,6DntroduçãoDI% Toda amotivação e5*.cita de &ur9n est9 nessas duas im5*icaç0es6 que e*e não se cansa de re5etir ao *on3ode sua o'ra acerca da re*i3ião asteca6 desde H*itera*menteI o 5rimeiro 5ar93ra<o da 5rimeira 5arte atéo ;*ti mo da se3unda e*e v a. a ;nica razão que o *evou a em5reender esse tra'a*+o DMin+a ;nicaintenção era e é a*ertar nossos sacerdotes contra as adivin+aç0es e 5r9ticas id1*atras dessa 3ente6 de

modo que os sacerdotes <iquem conscientes e vi3i*antes em re*ação Js so'revivncias das anti3ascrençasD H,6 ,>I%

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"ara 5oder etir5ar as ido*atrias6 é 5reciso a5render a recon+ec(*as 5rimeiro &ur9n não temnen+uma d;vida quanto a isso% Ora6 o c*ero de seu tem5o6 que se encarre3a da evan3e*ização6 éi3norante% Os 5adres <icam satis<eitos com um con+ecimento su5er<icia* da *.n3ua Hduas e5res s0es*+e 'astam6 5rotesta &ur9n6 Dque nome dais a istoD e Dvamos es5erarD6 ,6 I mas6 sem dominar em

 5ro<undida de a *.n3ua6 é im5oss.ve* com5reender a cu*tura6 e as 5es soas deiam(se *evar ainter5retaç0es <a*aciosas6 3uiadas 5or esses dois aui*iares 5ér<idos que são a ana*o3ia e o is+<u*

t+in]in3% &ur9n conta que uma certa <orma de tonsura6 *i3ada Js 5r9ticas 5a3ãs6 era tomada 5or uma+ome na3em aos mon3es6 5or ser 5arecida com a sua% DEs<orçava(me em acreditar nessa e5*icação6dada em tão santa sim5*icidade6 mas devo admitir que na rea*idade e*a 5rovém de sua etremai3nor@ncia e de sua não(com5reensão das 5a*avras dos .ndiosD H,6 4I%

"or isso6 &ur9n censura aque*es que6 como &ie3o de =anda ou como Suan de !umarra3a6 5rimeiro 'is5o da Cidade do Méico6 queimaram os *ivros anti3os6 5or terem di<icu*tado ainda mais otra'a*+o de evan3e*ização% DAque*es que6 no in.cio6 com um ze*o <ervoroso Hmas 5oucodiscernimentoI queimaram e destru.ram todos os desen+os contendo as anti3as tradiç0es6cometeram um erro% &eiaram(nos no escuro ( a 5onto de os .ndios adorarem os .do*os em nossa

 5resença e não com5reendermos nada do que acontece em suas danças6 em seus mercados6 em seus

 'an+os 5;'*icos6 em seus cantos Hem que c+oram seus anti3os deuses e sen+oresI6 em suas re<eiç0ese 'anquetesD H,6 DntroduçãoI%

N9 a. um de'ate6 e a*3uns ( que tin+am tomado con+ecimento do tra'a*+o a que &ur9n se dedicava (não +esitavam em acus9(*o de contri'uir 5ara um resu*tado eatamente o5osto ao que e*e 5retendiaa sa'er6 reavivar as su5erstiç0es anti3as ao 5roduzir um re5ert1rio tão deta*+ado de*as% &ur9nretruca que as so'revivncias da anti3a re*i3ião estão 5or toda 5arte Hmas invis.veis 5ara osi3norantesI6 e que os .ndios não 5recisam de seus tra'a*+os 5ara recu5er9(*as% :e6 todavia6 <osse esseo caso6 Dseria eu o 5rimeiro a *ançar essas coisas ao <o3o6 de modo que essa a'omin9ve* re*i3ião<osse tota*mente esquecidaD H6 )I% "ortanto6 e*e não é contra o 5rinc.5io dos autos(de(<é6 sim

 5*esmente duvida de que esse se?a o meio a5ro5riado de *utar contra o 5a3anismo assim se 5erdemais do que se 3an+a% 5or isso que se entre3a com 5aião ao tra'a*+o DQuando meu *ivro tiversido 5u'*icado6 nin3uém mais 5oder9 <in3ir(se de i3noranteD H,6 ,>I%

Ora6 uma vez con+ecida a ido*atria6 deve(se 5rosse3uir até que se?a inteiramente e*iminada esta é ase3unda a<irmação de &ur9n6 interessante ?ustamente 5or seu car9 ter radica*% A conversão deve sertota* nen+um indiv.duo6 nen+uma 5arce*a do indiv.duo6 nen+uma 5r9tica6 5or mais <;ti* que 5ossa

 5arecer6 deve esca5ar(*+e%

 #ão se deve <icar satis<eito6 diz6 com uma adoção dos ritos eteriores ao cristianismo6 Dcomo ummacacoD H,6 ,-I6 o que6 in<e*izmente6 é muito <reqZente "7ontentamonos com as apar3ncias

cristãs que os ;ndios /ingem para n#s" (1, 8). ampouco devese /icar /eli com a conversão damaioria@ basta uma ovelha sarnenta para contagiar todo o rebanho. "Nem todos seguem essescostumes, mas basta um no povoado para causar um grande malJ (GG, '). E6 so're tudo6 não se deve

 5ensar que 'asta *imitar(se ao essencia* a m.nima reminiscncia da anti3a re*i3ião 5ode 5erverterinteiramente o cu*to novo He ;nico certoI%

"$ue o servo de eus não pense que essas coisas t3m pouca importInciaL %e não as com bater, senão as reprimir, mostrando sua c#lera e seu desgosto, os ;ndios /icarão habituados nossa

 permissividade e /arão coisas de maior peso e gravidade. (...) 7ertas pessoas dirão que essascoisas são insigni/icantes. +u digo que uma /orma sutil de idolatria, alm de ser um rito antigo"(1, 0). "%e persistir a menor lembran5a das tradi5Kes antigas entre eles, preciso arrancla" (1,

10). $uem rouba um vintm rouba cem@ quem deia subsistir o m;nimo vest;gio de paganismo traio pr#prio esp;rito da tradi5ão crist. "$ue os ministros do culto não se deiem levar pela molea eneglig3ncia, pela pregui5a e distra5ão, e que pro;bam os ;ndios e praticar inclusive as pequenas

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coisas, como tonsurar a cabe5a das crian5as, en/eitlas com penas de pssaros selvagens, oues/regar goma em suas cabe5as ou testas, ou untlos com breu, ou ungilos com betume divino"(1,B). +m seu elo, /rei urn chega a per seguir todos os restos de idolatria at nos sonhos dos;ndios. "evem ser interrogados no con/essionrio acerca do que sonham< em tudo isso pode haverreminisc3ncias das antigas tradi5Kes. !o tratar disso, seria aconselhvel perguntarlhes@ J que

 sonhastesZJ em ve de passar por cima disso como um gato sobre a brasa. Nossa prega5ão deve ser

consagrada condena5ão e abomina5ão de tudo isso" (1'). que mais irrita urn que os;ndios consigam inserir segmentos de sua antiga religião no seio das prticas religiosas cristãs,  sincretismo um sacrilgio, e a este combate espec;/ico que se atm a obra de urn@ "+sta nossa principal inten5ão@ prevenir o clero da con/usão que pode eistir entre as nossas /estas e asdeles. s ;ndios, si mulando a celebra5ão das /estas de nosso eus e dos santos, inserem ecelebram as de seus ;dolos quando caem no mesmo dia. + introduem seus antigos ritos no nossocerimonial" (1, 2). %e numa determinada /esta cristã os ;ndios dan5arem de um certo modo@aten5ão, uma maneira de adorarem seus deuses, bem na /rente dos padres espanh#is. %e umdeterminado canto /or integrado ao o/;cio dos mor tos, são tambm os demMnios que eles celebram.%e o/erecem /lores e /olhas de milho pela Natividade de Nossa %enhora, porque atravs dela sedirigem a uma antiga deusa pagã. "urante esses dias de /esta, ouvia cantos louvando a eus e

aos santos que eram misturados com suas met/oras e coisas antigas que s# o demMniocompreende, pois /oi ele quem lhas ensinou" (FF, ').

&ur9n c+e3a a se 5er3untar se os que vão J missa na catedra* da Cidade do Méico não o <azem6 naverdade6 5ara 5oder adorar os anti3os deuses6 ?9 que suas re5resentaç0es na 5edra <oram usadas 5araconstruir o tem5*o cristão as co*unas da catedra*6 nessa é5oca6 re5ousam so're ser5entesem5*umadas :e o sincretismo re*i3ioso é a <orma mais escanda*osa da 5ersistncia das ido*atrias6 as outras <ormas não são me nos re5reens.veis6 e o 5eri3o est96 ?ustamente6 em sua mu*ti5*icidade%

 #uma sociedade 5ro<undamente +ierarquiza da6 codi<icada e ritua*izada6 como a dos astecas6 tudoest9 *i3ado6 de 5erto ou de *on3e6 J re*i3ião &ur9n tem razão6 a<ina* de contas% "or mais que sinta

 5razer em assistir a certos es5et9cu*os de teatro encenados na cidade6 5erce'e seu car9ter 5a3ãoDodas essas /arsas eram etremamente divertidas e agradveis, mas sua representa5ão continhaalusKes secretas e antiga religião[" (1, ?)% r ao mercado6 o<erecer 'anquetes6 comer certascomidas Hcães que não *adram6 5or eem5*oI6 em'ria3ar(se6 tomar 'an+os todos esses atos tm umsi3ni<icado re*i3ioso6 e devem ser e*imi nados E &ur9n6 que não queima *ivros 5orque não acreditana e<ic9cia desse 3esto6 não +esita em destruir o'?etos cu?a re*ação mais ou menos remota com ocu*to anti3o e*e 5erce'e "+u mesmo demoli algumas dessas casas de banho constru;das nostempos antigos" (1, 19)% A*3umas 5essoas certamente *+e diziam que eram a5enas costumes6e não su5erstiç0es6 ou decoraç0es6 e não ima3ens 5a3ãs um .ndio certa vez *+e disse6 res5ondo Jssuas re5rimendas6 que Daque*a 5r9tica não se devia Js tradiç0es anti3as6 mas era a5enas o modode*es de <azer as coisasD H,6 27I Js vezes aceita o ar3umento6 a contra3osto6 mas no <undo 5re

<eriria as conseqZncias radicais de sua 5osição intransi 3ente se toda a cu*tura asteca est9im5re3nada dos anti3os va*ores re*i3iosos6 que desa5areça% D:u5erstição e ido*atria estão 5resentes 5or toda a 5arte na semeadura e na co*+eita6 na conservação do 3rão6 inc*usive na *avoura e naconstrução das casas6 nos ve*1rios dos mortos e nos <une rais6 nos casamentos e nos nascimentosDH,6 DntroduçãoDI% DPostaria que desa5arecessem e <ossem esquecidos todos os anti3os costumesDH,6 27I todos #esse 5onto6 &ur9n não e5rime a o5inião de todos os re*i3iosos es5an+1is noMéico e*e toma 5artido num con<*ito entre duas 5o*.ticas em re*ação aos .ndios6 que são6sim5*i<icando6 a dos dominicanos e a dos <ranciscanos% Os 5rimeiros são ri3oristas a <é não se

 'ar3an+a6 a conversão deve ser tota*6 ainda que isso im5*ique uma trans<ormação de todos osas5ectos da vida dos conversos% Os outros são mais rea*istas ou 5orque e<etivamente i3noram asso'revivncias da ido*atria entre os .ndios6 ou 5orque decidem i3nor9(*as6 o <ato é que recuam

diante da imensidão da tare<a Ha conversão inte3ra*I e con<ormam(se com o 5resente6 mesmo quese?a im5er<eito% Esta se3unda 5o*.tica6 que se im5or96 reve*ar9 ser e<icaz mas é <ato que ocristianismo meicano ainda traz vest.3ios de sincretismo%

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&ur9n esco*+e o 5artido ri3orista6 e diri3e amar3as censuras a seus advers9rios J!lguns religiososdiiam que não era necessrio /or5ar aquela gente a respeitar todas as /estas que sobrev3mdurante a semana, mas eu considero isso impr#prio e errMneo, pois eles são cristãos e deviam

 saber disso" (1,10)% Uma santa indi3nação arde em suas im5recaç0es quando e*e quer in<*i3ir

 5uniç0es severas aseus co*e3as6 tão cu*5ados6 se3undo e*e6 quanto os +ere3es6 5ois não conservam a 5ureza da re*i3ião% "s atos que descrevo deveriam ser &ulgados como casos para a Fnquisi5ão, e osreligiosos que se comportam assim deveriam ser suspensos para sempre desse o/;cio" (1, 4)% Mas ooutro 5artido tam'ém <a*a a*to6 e &ur9n queia(se das in?unç0es a que tem de se con<ormar6 não<a*ando mais acerca das anti3as ido*atrias essa é certamente uma das raz0es 5e*as quais a o'ra de&ur9n <icou inédita durante trezentos anos6 e quase não <oi *ida%

Essa é uma das <aces de &ur9n um cristão r.3ido6 in transi3ente6 de<ensor da 5ureza re*i3iosa% E 5ois6 com certa sur5resa que 5erce'emos que e*e 5r15rio uti*iza <aci*mente a ana*o3ia e acom5aração6 5ara tornar as rea*idades mei canas inte*i3.veis 5ara seu *eitor6 5resumidamenteeuro5eu nada de conden9ve* nisso6 c*aro6 mas 5ara a*3uém que 5ro<essa a manutenção vi3i*ante das

di<erenças6 e*e decididamente v muitas seme*+anças% Os traidores são 5unidos do mesmo modoaqui e *96 e as 5uniç0es acarretam o mesmo sentimento de ver3on+a% A tri'o adota o nome de seu *.der6 e a <am.*ia6 o de seu c+e<e eatamente como n1s <a zemos% E*es su'dividem o 5a.s em re3i0es6como na Es5a n+a6 e sua +ierarquia re*i3iosa se 5arece com a nossa% :uas rou5as *em'ram ascasu*as e suas danças6 a sara'anda% Tm os mesmos ditados e o mesmo 3nero de narraç0es é5icas%Brincando6 <a*am e '*as<emam6 eatamente como os es5an+1is6 e6 de resto6 seu ?o3o a*querque*em'ra tanto o adrez que 5ode(se até con<undi(*os nos dois as 5eças são 5retas e 'rancas%%%A*3umas ana*o3ias de &ur9n 5arecem rea*mente um 5ouco <orçadas mas a sur5resa do *eitortrans<orma(se em estu5e<ação quando e*e desco're que as ana*o3ias são 5articu*armente a'undantesno cam5o re*i3ioso #ão são mais os .ndios que tentam6 mais ou menos conscientemente6 misturare*ementos 5a3ãos com os ritos cristãos é o 5r15rio &ur9n que desco're6 nos anti3os ritos 5a3ãos6ta* como eram 5raticados antes da conquista6 e*ementos cristãos ( cu?o n;mero aca'a se tornando

 5ertur'ador%

"!s antigas cren5as ainda são tantas, tão compleas, tão semelhantes s nossas em vrios casos,que se encalalam. (...) %empre tiveram seus pr#prios sacramentos e um culto divino que coincide devrios modos com a nossa religião, como veremos ao longo desta obra"(1, "Fntrodu5ão).

E6 de <ato6 vemos coisas im5ressionantes "ensavam que a <esta de "9scoa era es5eci<icamentecristã Mas6 5ara a <esta de Tezcat*i5oca o tem5*o é co'erto de <*ores6 como <azemos na :eta(Feira:anta% E as o<erendas a T*a*oc são DeatamenteD como as da :eta(Feira :anta% Quanto ao <o3o que

se acende a cada cinqZenta e dois anos6 é como as ve*as que acendemos na "9scoa%%% O sacri<.cio em+onra de C+icomecoat* o <az 5ensar numa outra <esta cristã "+ra quase como a noite de Natal"(1,14), 5orque a mu*tidão o*+a os <o3os tarde da noite &ur9n tam'ém não encontra nen+umadi<icu*dade em desco'rir os ritos essenciais da re*i3ião cristã re5roduzidos DeatamenteD no ritua*asteca o 3rande tam'or tocado ao 5Gr(do(so* é como os sinos da Ave Maria a 5uri<icação asteca

 5e*a 93ua é como a con<issão% As 5enitncias são muito seme*+antes aqui e *96 e tam'ém os 5adresmendicantes% Ou me*+or6 não6 as a'*uç0es astecas são como o 'atismo 93ua nos dois casos%%% "7on

 sideravam a gua como puri/icadora do pecado. Nisso os ;ndios não estavam enganados, pois eus colocou o sacra mento do batismo na substIncia da gua, e por ela que /omos lavados do pecado original" (1, 19). E se isso não <or o 'astante6 desco'riremos que Tezcat*i5oca6 que temm;*ti5*as encarnaç0es6 reduzidas a trs 5ara o ense?o6 não é senão uma trans<ormação da :ant.ssima

Trindade "+les reverenciavam o Dai, o 6ilho e o +sp;rito %anto, e chamavamnos ota, opiltin ePolometl. +stas palavras signi/icam Nosso Dai, Nosso 6ilho e 7ora5ão dos ois, honrando cadaum deles separadamente e os tr3s como um todo. A3se aqui a prova de que essa gente sabia algo

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acerca da %ant;ssima rindade" (1, 8).

O que vemos6 so'retudo6 é que &ur9n d9 um ?eito de desco'rir seme*+anças onde os id1*atras6 que e*e mesmo arrasa6 nunca tin+am ousado 5rocur9(*as 5e*o que e*e diz6 'astaria o'edecer Janti3a re*i3ião6 com a*3umas modi<icaç0es6 ?9 que é a mesma que a nova &ur9n c*amava 5e*anquisição e 5e*o an9tema so're aque*es que misturavam os dois ritos6 e até 5ara os outros6

 5ro<issionais do cu*to cristão6 que não eram su<icientemente severos 5ara com os 5rimeiros masque o5inião teriam de*e se sou'essem que con<issão e 'atismo6 #ata* e "9scoa6 e até a :ant.ssimaTrindade6 ao ver de &ur9n6 não in<eriam em nada dos ritos e conceitos 5r15rios dos 5a3ãos astecasAqui*o que e*e considerava como a maior in<@mia ( o sincretismo re*i3ioso (6 &ur9n o tin+aem sua 5r15ria visão%%%

"ara tantas seme*+anças6 s1 +9 duas e5*icaç0es 5os s.veis% :e3undo a 5rimeira6 que tem toda 5re<erncia de &ur9n6 se os ritos astecas *em'ram tanto os dos cristãos6 é 5orque os astecas ?9tin+am rece'ido6 num 5assado remo to6 um doutrinamento cristão%

"Fnterroguei os ;ndios acerca de seus antigos pregadores. (...) Na verdade, eram cat#licos. $uando

compreendi o saber que os ;ndios tinham no que concerne s beatitudes do repouso eterno e vida santa que se deve viver na terra para conseguir essas coisas, /iquei admirado. :as tudo isso estavamisturado com sua idolatria, sangrenta e abominvel, que comprometia o bem. :enciono essascoisas simplesmente porque acredito que, na realidade, houve um pregador nestes pa;ses quedeiou esses ensinamentos" (1, 9).

&ur9n vai a*ém dessa a<irmação 3era*6 e es5eci<ica sua crença o 5re3ador em questão era :ãom9s6 esua *em'rança é 5reservada nos re*atos astecas so' os traços de To5i*tzin6 o que é a5enas um Outronome de Quetza*coat*% A razão dessa identi<icação é uma outra seme*+ança6 a5ontada 5or &ur9n%DComo e*es tam'ém eram criaturas divinas6 racionais6 e suscet.veis de sa*vação6 E*e não 5Gde t(*osdeiado sem um 5re3ador o Evan3e*+o% E se isso <or verdade6 esse 5re3ador é To5i*tzin6 que veioa este 5a.s% :e3undo a +ist1ria6 e*e era escu*tor6 e cinze*ava ima3ens admir9veis na 5edra% =emosque o 3*orioso a51sto*o :ão To m9s era mestre artesão6 nesse mesmo o<.cioD H,6 ,I% &ur9n teriaadorado encontrar 5rovas dessa 5assa3em do evan3e*izador um 5ouco mais tan3.veis do que essasana*o3ias Js vezes e*e tem a im5ressão de estar na 5ista certa6 mas6 no ;*timo minuto6 e*as *+eesca5am 5or entre os dedos% Fa*am(*+e acerca de uma cruz 3ravada na montan+a in<e*izmente6 nãose sa'e mais onde se encontrava% E*e tam'ém ouve dizer que os .ndios de uma certa a*deia tin+amum *ivro escrito em caracteres que não com5reendiam% Corre 5ara *96 mas 5ara sa'er que o *ivrotin+a sido quei mado +9 a*3uns anos% DFiquei deso*ado ao ouvir isso6 5or que o *ivro 5oderia teresc*arecido nossa sus5eita de que 5odia ser o santo Evan3e*+o em +e'raico% Censurei comveemncia os que o tin+am queimadoD H,6 ,I%

Esta <a*ta de 5rovas de<initivas não im5ede &ur9n de esco*+er este t.tu*o 5ara o ca5.tu*o consa3radoa Quetza*coat*

"o ;dolo chamado $uetalcoatl, deus dos cholultecas, altamente venerado e temido por eles, paidos toltecas e dos espanh#is, pois tinha anunciado a vinda destes" (1, ?).

&e modo que Quetza*coat* era o 5ai comum dos to*tecas e dos es5an+1is Ws vezes6 no entanto6uma d;vida crue* se a5odera da a*ma de &ur9n6 e e*e 5erce'e que uma outra e5*icação 5ara todasessas seme*+anças é i3ua*mente 5oss.ve*% "+m muitos casos a religião cristã e as cren5as

 supersticiosas encontraram um terreno comum. + embora eu este&a convencido (por vrios

argumentos que descobri e que me /irmaram na cren5a) que houve pregadores nes te pa;s, meusargumentos não estão su/icientemente com provados para serem utiliados como provas de/initivas.(...) Não poss;vel emitir uma opinião de/initiva. Dor outro lado, podese dier que o demMnio os

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 persuadiu e instruiu a roubar e des/igurar o culto divino, de modo que ele se&a honrado como eus, pois tudo era uma mescla de mil supersti5Kes" (1, 1?)% "u, como a/irmo, nossa santareligião cristã era conhecida neste pa;s, ou então o demMnio, nosso maldito adversrio, /or5ou os;ndios a eecutar as cerimMnias da religião cristã em seu pr#prio servi5o e culto, sendo desse modoadorado e servido" (1, ').Que a*ternativa aterradora 8ai(se de um etremo a ou tro ou ast;cia dia'1*ica 5articu*armente

 5ér<ida6 ou 3raça divina ece5ciona*% &ur9n não su5orta a tensão da d;vida 5or muito tem5o6 naé5oca em que escreve seu *ivro de +ist1ria6 isto é6 ,47(,4,6 ?9 tomou sua decisão os astecas são6nada mais nada menos6 do que uma das tri'os 5erdi( das de srae*%

O 5rimeiro ca5.tu*o de sua +ist1ria a're(se com esta a<irmação "!/inal das contas, poder;amosa/irmar que, por sua naturea, eles são &udeus e /aem parte do povo hebreu. !o /a3lo, não secorre o risco de come ter um grande erro, dadas as suas maneiras de viver, suas cerimMnias, seusritos e supersti5Kes, seus pressgios e /ingimentos, tão pr#imos dos &udeus que não di/erem emnada" (FFF, 1)% As 5rovas dessa ori3em comum são tam'ém ana*o3ias am'os <izeram uma *on3avia3em6 mu*ti5*icaram(se ra5idamente6 tiveram um 5ro<eta6 con+ecerem ter remotos6 rece'eram oman9 divino6 5rovm do encontro entre a terra e o céu e con+ecem o sacri<.cio +umano H5ara

&ur9n uma seme*+ança s1 5ode ser e5*icada 5e*a di<usãoI% E6 se no *ivro so're a re*i3ião6 &ur9na*ternava com 5araç0es com os cristãos e com5araç0es com os ?udeus6 no *ide +ist1ria e*e

 5raticamente s1 indica seme*+anças entre ritos astecas e ritos ?udaicos%

'astante 5rov9ve* que o 5r15rio &ur9n viesse de <am.*ia de ?udeus convertidos% "oder(se(ia ver a.a razão do ze*o com que se concentra nas seme*+anças e desconsidera as di<erenças ?9 devia ter(sededicado6 mais ou menos conscientemente6 a uma atividade desse 3nero6 numa ten tativa dereconci*iar as duas re*i3i0es6 ?udaica e cristã% Ta*vez e*e ?9 tivesse uma 5redis5osição 5ara amestiça3em cu*tu ra* o <ato é que o encontro que se d9 ne*e6 entre civi*ização ind.3ena e civi*izaçãoeuro5éia6 <az de*e o eem5*o mais aca'ado do mestiço cu*tura* no sécu*o K8%

O encontro dessas duas civi*izaç0es tão di<erentes e a necessidade de conviverem s1 5odem introduzir a dis5aridade no coração de cada um6 se?a e*e es5an+o* ou asteca% &ur9n é antes demais nada sens.ve* J mutação que os .ndios so<rem% #o <im da 3uerra de conquista6 durante o s.tioda Cidade do Méico6 ?9 a5onta 5ara a divisão que reina entre os astecas% O 5a.s estava a<*ito edividido% A*3uns queriam <azer a 5az com os es5an+1is6 ao 5asso que outros queriam a 3uerra%A*3uns queriam destruir os estran3eiros e 5re5aravam seu equi5amento mi*itar e constru.am murose diques% Mas outros <icavam 5assivos6 s1 queriam a 5az6 a ca*ma e a sa*va3uarda de suas vidas e

 'ensD H6 -I% CinqZenta anos mais tarde6 na é5oca em que escreve seus *ivros6 a divisão continua 5ro<unda6 ainda que seu o'?eto6 de mi*itar6 ten+a(se tornado re*i3ioso os .ndios tam'ém sa 'emdisso% &ur9n conta que tin+a desco'erto que um .ndio insistia em suas 5r9ticas 5a3ãs% DCensurei(o

 5e*as 'o'a3ens que tin+a <eito6 e e*e res5ondeu "adre6 não se es5ante ainda somos ne5antia%Em'ora eu con+ecesse o si3ni<icado dessa 5a*avra6 isto é6 no meio6 insisti 5ara que e*e me dissessea qua* meio se re<eria% &isse que6 ?9 que as 5essoas ainda não estavam 'em <irmes na <é6 eu não deveria <icar assom'rado 5or continuarem neutros não eram 3uiados 5or nen+uma das duas re*i3i0es%Ou6 me*+or dizendo6 acreditavam em &eus e tam'ém se3uiam seus anti3os ritos e costumesdia'0*icosD H6 )I% Mas os es5an+1is tam'ém não 5odem sair i*esos desse encontro6 e &ur9n6 semsa'er6 es'oça assim o que é tam'ém o seu retrato6 ou me*+or6 escreve a a*e3oria de seu destino%

A sua mestiça3em mani<esta(se de v9rios modos% O mais evidente6 mas ta*vez tam'ém o maissu5er<icia*6 é o <ato de com5arti*+ar o modo de vida dos .ndios6 suas 5rovaç0es6 suas di<icu*dadesse3undo e*e6 era essa a vida de muitos mission9rios% DTornaram(se 'ic+os com os 'ic+os6 .ndios

com os .ndios6 '9r'aros com os '9r'aros6 +omens a*iena dos de nossos modos e nação%D Mas esse éo 5reço que de vem 5a3ar 5ara com5reender DOs que <a*am de <ora6 que nunca quiseram tomar 5arte nesses assuntos6 com5reendem 5ouca coisaD H6 )I% #essa vida6 Js vezes e*e c+e3a a aceitar e

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até a adotar certos com5ortamentos6 a5esar de descon<iar de seu car9ter id1*atra6 5orque 5re<ere deiar 5airar a d;vida6 como diante de cantos 5rovave*mente re*i3iosos6 quando não 5odeconter sua admiração

"+scutei esses cantos muitas vees no decorrer das dan5as pQblicas, e embora celebrassem seus senhores, /icava muito satis/eito em ouvir tais louvores e tão grandes /eitos. (...) !lgumas vees vi

dan5arem esses cantos &untamente com outros dedicados s divindades, e são tão tristes que /uitomado de melancolia e de tristea" (1, 21)< ou porque perde as esperan5as de modi/icar suasovelhas, como quando des cobre que as /lores que substituem as velas numa cerimMnia cristã são,na verdade, uma reminisc3ncia de ecatlipoca@ "Ae&o essas coisas mas /ico quieto, pois me douconta de que todos consentem. +ntão pego meu bastão /lorido como os outros e sigo" (1, 4).

Outras <ormas de mestiça3em cu*tura* são menos conscientes6 e na verdade mais im5ortantes% Em 5rimeiro *u3ar6 &ur9n é um dos raros indiv.duos que rea*mente com5reenderam am'as as cu*turas (ou6 em outras 5a*avras6 é ca5az de traduzir os si3nos de uma 5ara os da outra devido a is so6 suao'ra é o 95ice da atividade do con+ecimento6 J qua* os es5an+1is do sécu*o K8 se dedicam emre*ação aos .ndios% O 5r15rio &uran deiou testemun+o das di<icu*dades com que de5ara a 5r9tica

da tradução%

DTodos os cantos de*es são entremeados de met9<oras tão o'scuras que é quase im5oss.ve* a*3uémcom5reend(*os6 a menos que se?am estudados de modo muito es5ecia* e que se?am e5*icados6 5araque seu si3ni<icado se torne acess.ve*% "or essa razão comecei6 de*i'eradamente6 a escutar commuita atenção o que era cantado e se no in.cio as 5a*avras e os termos das met9<oras me 5areciamincoerentes6 a51s ter discutido e de'atido6 ve?o que são sentenças admir9veis6 tanto nos cantosre*acionados Js coisas divinas que e*es com50em atua*mente6 quanto nos re*ativos aos assuntos +umanosD H,6 2,I% 8(se aqui como o con+ecimento acarre ta o ?u*3amento de va*or tendocom5reendido6 &ur9n não 5ode conter a admiração 5e*os tetos astecas6 a5esar de se re<erirem Jscoisas divinas ( isto é6 id1*atras%

O resu*tado dessa com5reensão é a inestim9ve* o'ra so're a re*i3ião asteca6 5roduzida 5or &ur9n (inestim9ve*6 5ois e*e é 5raticamente o ;nico que não se contenta em descrever do eterior6 ainda quecom 'enevo*ncia e atenção6 mas que tenta6 5e*o menos6 com5reender o 5orqu das coisas% DAca'eça de Tezcat*i5oca era rodeada 5or um c.rcu*o de ouro 5o*ido6 que terminava numa ore*+a deouro6 com 'a<oradas de <umaçaD eis a descrição6 5reciosa6 sem d;vida6 mas em si incom5reens.ve*%A e5*icação6 ou me*+or6 a associação corrente6 a5arecem se3uida "Fsso signi/icava que eleescutava as ora5Kes e os pedidos dos desgra5ados e dos pecadores" (1,. 4). Ou ainda D$uando o

 sacerdote matava as duas mulheres nobres, ecepcional mente, para signi/icar que tinham morridovirgens, suas pernas eram cruadas uma por sobre a outra, enquanto os bra5os eram estendidos,

como de hbito" (1, 1?) a indica ção da <ina*idade 5ermite com5reender qua* o sentido dasevocaç0es sim'1*icas dos astecas% Ta*vez nem tudo o que &ur9n su3ere se?a verdade 5e*o menose*e tem o mérito de 5rocurar res5ostas%

Uma outra mani<estação <ascinante da mestiça3em cu*tura* 5ode ser notada na evo*ução do 5onto devista a 5artir do qua* é escrita a o'ra de &ur9n% Em seu *ivro acerca da re*i3ião6 como vimos6 os dois

 5ontos de vista6 asteca e es5an+o*6 são di<erenciados6 ainda que eistam 5assa3ens de um 5ara ooutro mas o sincretismo arrai3ado de &ur9n co*oca em 5eri3o qua*quer re5artição n.tida% O *ivro de+ist1ria6 5osterior ao 5rimeiro6 é ainda mais com5*eo nesse 5onto% Contudo6 9 5rimeiravista6 a intenção de &ur9n é sim5*es é a de um tradutor6 no sentido mais estrito da 5a*avra% E*e dizque tem diante de si um manuscrito redi3ido em na+uat*6 que traduz 5ara o es5an+o*6 con<rontando(

o es5oradicamente com outras <ontes6 ou esc*arecendo as 5assa3ens o'scuras 5ara o *eitor es5an+o*é a cé*e're e eni3m9tica DCrGnica KD Hassim c+amada 5e*os es5ecia*istas da atua*idadeI6 admir9ve*a<resco é5ico da +ist1ria asteca6 cu?o ori3ina* é descon+ecido6 mas serviu i3ua*mente de 5onto de

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 5artida 5ara os *ivros de Tezozomoc e de Tovar% DMin+a ;nica intenção <oi traduzir o na+uat* 5aranossa 5r1 5ria *.n3ua es5an+o*aD H6 ,I% #ão deia de indicar6 quando é 5reciso6 a di<erença entreseu 5onto de vista 5essoa* e o do re*ato asteca% DTudo isso me 5areceu tão inacredit9ve* que6 se nãose3uisse min+a CrGnica e se não tivesse encontrado a mesma coisa em v9rios outros manuscritos

 5intados ou escritos6 não ousaria a<irmar essas coisas6 te mendo que me tomem 5or um mentiroso%Quem traduz uma +ist1ria não deve <azer um romance daqui*o que encontra escrito na *.n3ua

estran3eira e eu o'edeci a essa re3raD H6 //I% :eu o'?etivo não é uma verdade 5e*a qua* e*e seres5onsa'i*izaria6 mas a <ide*idade em re*ação a uma outra voz o teto que nos o<erece é nãosomente uma tradução6 mas tam'ém uma citação &ur9n não é o su?eito da enunciação das <rasesque *emos% D&evo escrever a verdade6 se3undo os re*atos e as crGnicas dos .ndiosD H6 -/Ievidentemente6 é outra coisa contar somente a verdade%

Mas esse 5ro?eto não é mantido ao *on3o de todo o *ivro% Quando &ur9n diz ":eu Qnico dese&o  /alar da na5ão asteca, de suas grandes proeas e de seu destino in/eli, que a levou perdi5ão"(FFF, & não menciona um su &eito do discurso intermedirio entre ele e a hist#ria dos as tecas@ elemesmo tornouse o narrador. + vai ainda mais longe numa outra compara5ão@ " rei ordenou queesculpissem e consagrou esttuas de pedra para perpetuar a me m#ria deles X membros de sua

 /am;liar, & que o +stado asteca tinha sido muito bene/iciado quando estavam vivos. s historiadores, com suas hist#rias, e os pintores, por meio de seus pigmentos, com o pincel de sua curiosidade,

 pintaram a vida e os /eitos desses valentes cavaleiros e senhores, com as cores mais vivas. emodo que sua gl#ria voou com a lu do sol, atingindo todas as na5Kes. Nesta minha hist#ria, eutambm quis narrar sua gl#ria e sua me m#ria, parque aqui se perpetuem, enquanto durar meu

 pr#prio livro. +sses homens serão assim imitados por to dos os amantes da virtude e sualembran5a ser bendita, porque são amados por eus e pelos homens< e serão então iguais aos

 santos em sua apoteose" (FFF, 11).

"arece que estamos son+ando *on3e de se restrin3ir ao 5a5e* de um modesto tradutor6 mesmoaui*iado 5or um DanotadorD6 &ur9n reivindica 5ara si mesmo o *u3ar de +istoriador6 cu?a <unção é

 5er5etuar a 3*1ria dos +er1is% E <ar9 isso do mesmo modo que as mar3ens6 escu*5idas ou 5intadas6deiadas 5e*os 5r15rios astecas ( eceto 5e*o <ato de visua*izar os +er1is seme*+antes aos santos do

 5ara.so cristão6 o que 5rovave*mente não acontecia com os 5intores astecas% &ur9n identi<ica(se 5ortanto6 com5*etamente6 ao 5onto de vista asteca ( e6 no entanto6 não6 5ois nunca 50e em d;vidasua <é cristã6 e a ;*tima 5arte do *ivro diz

"7oncluirei esta obra para a honra e para a gl#ria de Nosso eus e %enhor, e de sua mãe bendita,a soberana Airgem :aria, e submet3loei ao eame de nossa santa mãe a Fgre&a 7at#lica, de quem

 sou servo e /ilho, e sob cu&a prote5ão prometo viver e morrer, como verdadeiro e /iel cris tão" (FFF,08).

 #em es5an+o* nem asteca6 &ur9n é6 como a Ma*inc+e6 um dos 5rimeiros meicanos6 O autor dore*ato +ist1rico ori3ina* Ha DCrGnica KDI devia ser um asteca o *eitor de &ur9n6 <orçosamente6 umes5an+o* &ur9n é um ser que 5ermite a 5assa3em de um ao outro6 e e*e mesmo é a mais not9ve* desuas o'ras% no re*ato da conquista que a <usão dos 5ontos de vista se mani<esta de modo mais c*aro% #a verdade6 no que se re<ere J +ist1ria mais anti3a6 &ur9n s1 5odia se 'asear num ;nico ti5ode testemun+o6 os re*atos tradicionais6 e estes encarnavam um 5onto de vista consistente% Ora6 noque se re<ere J conquista6 o 5r15rio 5onto de vista asteca não é mais tota*mente coerente% #o in.cio6o re*ato a5re senta Montezuma como um rei idea*6 na tradição das ima 3ens dos reis 5recedentes%"+ra um homem maduro, recatado, virtuoso, muito generoso e de um esp;rito in/le;vel. +ra dotadode todas as virtudes que podiam ser encontradas num bom principe, suas opiniKes e conselhos

 sempre eram corretos, particularmente para as coisas da guerra" (FFF, B2)% Mas um ?u*3amentoassim causa 5ro'*emas6 5ois não 5ermite mais com5reender de dentro as raz0es do desa'a mento dom5ério Asteca% Como vimos6 nada é mais insu5ort9ve* 5ara a menta*idade +ist1rica dos astecas do

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que esse acontecimento tota*mente eterior J sua 5r15ria +ist1ria% Torna(se necess9rio encontrarne*a raz0es su<icientes 5ara o <racasso de Montezuma é6 se3undo o cronista asteca6 seu or3u*+odesmedido% "+le ver e sentir em breve o seu destino, e isso acontecer porque ele quis /aer maisdo que eus" (FFF, ??).

"+st embriagado por sua soberba. (...) Frritou o eus de todas as coisas criadas e buscou ele

mesmo o mal que lhe acontecer" (FFF, ?0)%

&e modo seme*+ante6 o manuscrito Tovar6 derivado da mesma DCrGnica KD e com um es5.rito 5arecido6 traz uma i*ustração que atri'ui a mestiça3em ao 5r15rio im5erador Montezuma Hc<% <i3%,4I e*e é a5resentado so' os traços de um +omem 'ar'udo6 de as5ecto euro5eu6 em'ora

 5aramentado com os atri'utos de um c+e<e asteca uma 5ersona3em assim evidentemente 5re5ara atransição entre astecas e es5an+1is6 e a torna menos c+ocante%

Essas <rases6 no *ivro de +ist1ria de &ur9n6 a5esar de 5rovirem6 5rovave*mente6 da crGnica ori3ina*6 ?9 reve*am a in<*uncia cristã% Mas se o cronista asteca começa a re<erir(se de Montezum *i inManuscrit Tovar6 So+n CarterBron =i'rarV6 "rovidence6 R% ,%6 Estados Unidos a seus com5atriotas

como De*esD6 &ur9n <ar9 o mesmo em re*ação aos es5an+1is Am'os estão a*ienados de seu meio deori3em o re*ato que resu*ta de seus es<orços con?untos é6 5ortanto6 inetricave*mente am'iva*ente%"ro3ressiva( mente6 a di<erença entre os dois desa5arece6 e &ur9n começa a assumir diretamente odiscurso que enuncia% "or isso introduz6 5ouco a 5ouco6 outras <ontes de sa'er Hrenunciando a seuidea* de <ide*idade e a'raçando o de verdadeI6 es5ecia*mente os re*atos dos conquistadores% O que oo'ri3a a con<rontar as v9rias <ontes6 5ois <reqZentemente e*as discordam6 e a esco*+er6 entre asv9rias vers0es de um acontecimento6 aque*a que e*e 5ossa autenticar 5essoa*mente%

"6oi di/;cil acreditar naquilo, e não encontrei nenhum conquistador que me esclarecesse. :ascomo todos negam as coisas mais #bvias e evidentes, e mantiveram o sil3ncio a esse respeito em

 suas hist#rias, escritos e narra5Kes, tambm negarão esta e não lhe /arão men5ão, por que /oi umerro e uma atrocidade etrema" (FFF, 04). "isso minha 7rMnica não /ala e não menciona< mas port3lo ou vido de pessoas dignas de /, escrevoo aqui. (...) :inha raão para acreditar neles e

 pre/erir dier uma coisa em ve de outra decorre do /ato de ter sido certi/icada pela boca de umconquistador religioso" (FFF, 04).

":esmo se a 7rMnica não conta isso, não creio que a virtude dos nossos /osse grande o bastante para aconselharem aquelas mulheres a perseverar em sua castidade, honestidade e recato" (FFF,0B).

Assim6 a +ist1ria da conquista contada 5or &ur9n é sensive*mente di<erente dos re*atos ind.3enas

dos mesmos <a tos6 e situa(se a meio(camin+o entre e*es e uma +ist1ria es5an+o*a como a dePomara% &ur9n e*iminou de sua re *ação todos os ma*(entendidos que 5orventura 5ersistissem nosre*atos astecas6 indica os motivos dos conquistadores tais como 5rovave*mente se a5resentavam aum es5an+o* da é5oca% O re*ato do massacre 5er5etrado 5or A*varado no tem5*o da Cidade doMéico é eem5*ar nesse sentido6 e é e5*icitamente assumido 5or &ur9n% Aqui est9 um 5e quenotrec+o

"s sacerdotes tiraram uma grossa viga e /ieramna rolar desde o alto do templo. :as diem queela se chocou com os primeiros degraus, e que sua queda /oi interrompida. 7onsideram que aquiloera um milagre, e real mente era, pois a bondade divina não quis que aqueles que tinham cometidoum ato tão vil e cruel X o ataque ao templo, portanto, os espanh#is[ /ossem para o in/erno com os

outros, mas que /icassem vivos para /aer penit3ncia. :as sua selvageria era tanta que, nãoreconhecendo esse /avor e essa gra5a divina que permitia que se salvassem de tão grande perigo,mataram todos os sacerdotes e tentaram &ogar o ;dolo escada abaio" (FFF, 0B).

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 #essa cena6 em que os so*dados es5an+1is atacam o tem5*o de Nuitzi*o5oc+t*i e derru'am os.do*os6 &ur9n v a intervenção da miseric1rdia divina ( mas onde não se es5erava que estivesse&eus sa*vou os es5an+1is unicamente 5ara que 5udessem e5iar os 5ecados derru'ar o .do*o ematar seus sacerdotes si3ni<icava recusar essa 3raça% "or 5ouco tomar.amos Nuitzi*o5oc+t*i 5or um

 5ro<eta de &eus ou 5or um santo cristão o 5onto de vista de &ur9n é simu*taneamente .ndio ecristão% Sustamente 5or isso6 &ur9n não se 5arece com nen+um dos 3ru5os de que <az 5arte nem oses5an+1is nem os astecas do tem5o da conquista 5odiam 5ensar como e*e% Tendo acedido ao statusde mestiço cu*tura*6 &ur9n6 sem sa'er6 teve de a'andonar o de mediador e intér5rete6 que tin+aesco*+ido% A<irmando sua 5r15ria identidade mestiçada ante os seres que 5rocura descrever6 nãoconse3ue mais rea*izar seu 5ro?eto de com 5reensão6 5ois atri'ui Js suas 5ersona3ens 5ensamentos eintenç0es que s1 ca'em a e*e e aos outros mestiços cu*turais de seu tem5o% O dom.nio do sa'er *evaa uma a5roimação com o o'?eto o'servado mas essa a5roimação6 ?ustamente6 '*oqueia o

 5rocesso do sa'er% #ão é de es5antar que &ur9n emita o5ini0es 5ro<undamente am'.3uas6 5ara nãodizer contradit1rias6 acerca dos .ndios e de sua cu*tura% #ão +9 d;vidas de que e*e não os consideranem 'ons se*va3ens nem animais des5rovidos de razão mas não sa'e muito 'em como conci *iar os

resu*tados de suas o'servaç0es os .ndios 5ossuem uma or3anização socia* admir9ve*6 mas sua+ist1ria s1 contém crue*dade e vio*ncia são +omens etraordinariamente inte*i3entes e6 no entanto6se mantm ce3os em sua <é 5a3ã% Assim6 &ur9n <ina*mente o5ta 5or não o5tar6 e 5or manter6 comtoda a +onestidade6 a am'iva*ncia de seus sentimentos% DEsse 5ovo era em 5arte 'em or3anizadoe civi*izado6 mas6 5or outro *ado6 era tir@nico e crue*6 re5*eto de som'ras dos casti3os e da morteDH,6 DntroduçãoDI% DCada vez que me aten+o ao eame das coisas 5uerisnas quais <undamentavamsua <é6 sou tomado de es5anto diante da i3nor@ncia que os ce3ou ( um 5ovo que não era nemi3norante nem 'estia*6 mas +9'i* e s9'io em todas as coisas munda nas6 es5ecia*mente as 5essoas deva*orD H,6 ,2I% #o que diz res5eito aos es5an+1is6 ao contr9rio6 &ur9n est9 'em decidido a5roveitatodas as ocasi0es 5ara condenar os que 5re3am a <é com uma es5ada na mão nisso a sua 5osiçãonão muito di<erente da de =as Casas6 este outro dominicano6 ainda que suas e5ress0es se?ammenos viru*entas% sto co*oca &ur9n numa 3rande 5er5*eidade quando e*e tem de 5esar os 5r1s e oscontras de tudo o que resu*tou da conquista%

DFoi no ano Um Caniço ^ ca*end9rio asteca[ que os es5an+1is c+e3aram a estas terras% O 'ene<.cio 5ara as a*mas ̂ .ndios[ <oi a*3o 3rande e venturoso6 5ois e*es rece'eram a nossa <é6 que se e5andiue conti nua a se e5andir% Mas6 quando so<reram mais do que na que*e anoD H6 ,I%

 #o 5*ano aio*13ico6 assim como no da 5r9is6 &ur9n é um ser dividido um cristão convertido aoindianismo que converte os .ndios ao cristianismo%%% #en+uma am'i3Zidade6 entretanto6 no 5*anoe5istmico o ito de &ur9n é incontest9ve*% E6 no entanto6 era esse o seu 5ro?eto e5*.cito DEu

 5oderia contar muitos outros divertimentos6 <arças e troças6 os ?o3os e as re5resentaç0es% Mas não éesse o o'?etivo de in+a crGnica6 5ois dese?o unicam`nte e5Gr o ma* que então eistia6 de modo queatua*mente6 se se descon<iar6 ou 5ressentir6 sua vo*ta6 se?a 5oss.ve* corri3i(*o6 e etir59(*o comoconvémD H6 I% Temos sorte que esse 5ro?eto uti*it9rio ten+a sido su5*antado 5or um outro6certamente 5roveniente do <ato de &ur9n ser6 em seus 5r15rios termos6 Dum eterno curioso que3osta de <azer 5er3untasD H,6 I% "ara n1s6 conseqZentemente6 ser9 sem5re uma <i3ura eem5*ardaqui*o que e*e mesmo c+ama de Do dese?o de sa'erD H,6 ,/I%

A obra de $abag%n

Bernardino de :a+a3;n nasceu na Es5an+a6 em ,/>> ado*escente6 estudou na Universidade de

:a*amanca6 e 5osteriormente in3ressou na ordem dos <ranciscanos% Em ,42>6 c+e3ou ao Méico6onde 5ermaneceria até sua morte6 em ,4>7% :ua carreira não tem nen+um acontecimentoetraordin9rio é a de um *etrado% &izem que era tão 'e*o quando ?ovem que os outros <ranciscanos

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não queriam que se mostrasse em 5;'*ico e que6 até morrer6 o'servava escru5u*osamente o ritua*de sua ordem e as o'ri3aç0es de*a decorrentes% DEra doce6 +umi*de e 5o're6 muito discreto ao <a*ar ea<9ve* com todosD6 escreve seu contem5or@neo e com5an+eiro Per1nimo de Mendieta H86 ,6 /,I%A atividade de :a+a3;n6 um 5ouco como a do inte*ectua* moderno6 tem duas 3randes orientaç0es oensino e a escrita% :a+a3;n era6 inicia*mente6 3ram9tico ou D*in3ZistaD no Méico6 a5rende na+uat*6se3uindo o eem5*o de seus 5redecessores re*i3iosos6 como O*mos e Moto*inia% Este <ato em si ?9 é

 'astante si3ni<icativo% #orma*mente6 é o vencido que a5rende a *.n3ua do vencedor% #ão é 5oracaso que os 5rimeiros intér5retessão .ndios os que Co*om'o *evou 5ara a Es5an+a6 os que vm dasi*+as ?9 ocu5adas 5e*os es5an+1is HDSu*i9nD e DMe*c+iorDI6 a Ma*inc+e6 o<ertada aos es5an+1is comoescrava% &o *ado es5an+o* tam'ém6 a5rende(se a *.n3ua quando se est9 em 5osição de in<erioridadeé o caso de A3ui*ar e de Puerrero6 o'ri3ados a viver entre os maias ou6 mais tarde6 Ca'eza de 8aca% im5oss.ve* ima3inar Co*om'o6 ou Cortez6 a5rendendo a *.n3ua daque*es quesu'?u3am6 e o 5r15rio =as Casas nunca c+e3ou a do minar a *.n3ua ind.3ena% Os <ranciscanos eoutros re*i3iosos vindos da Es5an+a são os 5rimeiros a a5render a *.n3ua dos vencidos6 e ainda queeste 3esto se?a com5*etamente interessado Hdeve servir J 5ro5a3ação da re*i3ião cristãI6 tem muitasi3ni<icação mesmo que se?a unicamente 5ara me*+or assimi*ar o outro a si6 começa(se 5or seassimi*ar6 5e*o menos 5arcia*mente6 a e*e% 89rias im5*icaç0es ideo*13icas desse ato ?9 são

 5erce'idas na é5oca6 ?9 que6 em carta inaca'ada ao 5a5a6 em ,46 =as Casas conta que Dcertas 5essoas indi3nas se a5resentam diante de 8ossa Beatitude e de5reciam os 'is5os que a5rendem a*.n3ua de suas ove*+asD e que os su5eriores das ordens a3ostiniana6 dominicana e <ranciscana noMéico 5edem J nquisição6 em 5etição de , de setem'ro de ,4->6 que 5ro.'a que a B.'*ia se?atraduzida 5ara as *.n3uas ind.3enas%

:a+a3;n a5rende 'em a *.n3ua na+uat* e torna(se 5ro<essor de 3ram9tica H*atinaI no Co*é3io deT*ate*o*co desde a sua <undação6 em ,4)% Este co*é3io6 destinado J e*ite meicana6 recruta seusa*unos entre os <i*+os da anti3a no'reza o n.ve* dos estudos e*evou(se ra5idamente% O 5r15rio:a+a3;n conta mais tarde DOs es5an+1is e os mon3es de outras ordens que sou'eram disso riammuito e zom'avam de n1s6 considerando <ora de d;vida que nin3uém se ria ca5az de ensinar3ram9tica 5ara 3ente que 5ossu.a tão 5oucas a5tid0es% Mas a51s termos tra'a*+ado com e*es 5ordois ou trs anos6 conse3uiram im5re3nar(se de tudo o que concerne J 3ram9tica6 <a*ar6com5reender e escrever em *atim6 e até com5or versos +er1icosD HK6 2-I%

"odemos <icar 5ensativos diante dessa r95ida evo*ução dos es5.ritos 5or vo*ta de ,4/76nem vinte anos a51s o cerco da Cidade do Méico 5or Cortez6 os no'res meicanos com50emversos +er1icos *atinos Tam'ém é not9ve* o <ato de a instrução ser rec.5roca enquanto introduzos ?ovens meicanos nas suti*ezas da 3ram9tica *atina6 :a+a3;n a5roveita esse contato 5araa5er<eiçoar seu con+ecimento da *.n3ua e da cu*tura na+uat* e*e conta

"7omo & estão instru;dos na l;ngua latina, /aemnos compreender as propriedades das palavras ede seus modos de /alar, assim como as coisas incongruentes que diemos em nossos sermKes ouinserimos em nosso ensino. 7orrigem tudo isso, e nada do que deve ser traduido para a sua l;ngua

 pode estar livre de erros se não /or eaminado por eles" (ibid.).

Os r95idos 5ro3ressos dos estudantes meicanos 5rovocam tanta +osti*idade no meio am'ientequanto o interesse dos mon3es 5e*a cu*tura dos outros% Um certo Per1nimo =o5ez6 de5ois de visitaro Co*é3io de T*ate*o*co6 escreve a Car*os 8 D 'om que e*es sai'am o catecismo6 mas sa'er *er eescrever é tão 5eri3oso quanto a5roimar( se do dia'oD e :a+a3;n e5*ica DQuando os *ei3os e osre*i3iosos <icaram convencidos de que os .ndios 5ro3rediam e eram ca5azes de mais ainda6começaram a contrariar o ne31cio e a *evantar muitas o'?eç0es no intuito de im5edir que

 5rosse3uisse% H%%%I &iziam que6 ?9 que aque*a 3ente não devia in3ressar nas ordens6 de que serviaensinar(*+es 3ram9tica &esse modo6 e*es corriam o risco de se tornarem +ere3es6 e diziam tam'émque6 vendo as :antas Escrituras6 e*es com5reenderiam que os anti3os 5atriarcas tin+am muitas

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mu*+eres ao mesmo tem5o6 eatamente como era costume entre e*esD Hi'id%I% A *.n3ua sem5reacom5a n+ou o im5ério os es5an+1is temiam que6 5erdendo a su5remacia numa6 5udessem 5erd(*a tam'ém no outro%

A se3unda orientação dos es<orços de :a+a3;n é a escrita6 5ara a qua* uti*iza6 evidentemente6 oscon+ecimentos adquiridos durante o tem5o em que ensinava% o autor de v9rios escritos6 a*3uns

de*es 5erdidos6 todos <uncionando como intermedi9rios entre as duas cu*turas que e*e tin+a adotadoquer a5resentem a cu*tura cristã aos .ndios quer6 inversamente6 destinem(se aos es5an+1is6 re3istrame descrevem a cu*tura na+uat*% Esta atividade de :a+a3;n tam'ém de5ara com v9rios o'st9cu*os% quase um mi*a3re que seus escritos6 e 5articu*armente sua Nistoria6 ten+am sido 5reservados até+o?e% E*e est9 constantemente J merc de seu su5erior +ier9rquico6 que tanto 5ode encora?9(*o comotornar seu tra'a*+o im5oss.ve*% #um determinado momento6 a*e3ando que a em5reitada édis5endiosa demais6 cortam(*+e os créditos DFoi ordenado ao autor que dis5ensasse seus co5istas6 eque escrevesse tudo com sua 5r15ria mão% Ora6 como e*e tin+a mais de setenta anos de idade6 e suasmãos tremiam6 não 5Gde escrever nada6 e a ordem su5racitada não 5Gde ser sus5ensa durantemais de cinco anosD H6 D"r1*o3oDI% D#ão 5ude <azer me*+or6 escreve6 5or <a*ta de a?uda e 5roteçãoDH,6 DAo sincero *eitorDI% Per1nimo de Mendieta escreve so're e*e estas <rases amar 3as DEsse 5o're

mon3e teve tão 5ouca sorte6 a 5ro51sito de seus v9rios escritos6 que esses mesmos onze *ivros deque <a*o *+e <oram +a'i*mente su'tra.dos 5or um 3overna dor do 5a.s que os enviou J Es5an+a6 5araum cronista que 5edia escritos acerca das $ndias6 que certamente serão usados como 5a5e* deem'ru*+o nas mercearias%

Quanto aos seus tra'a*+os que <icaram entre n1s6 s1 5ode im5rimir c@nticos 5ara serem usados 5e*os.ndios nos dias de <esta de #osso :en+or e de seus :antosD H86 ,6 /,I% Os outros escritos serãoim5ressos nos sécu*os KK e KK%

A o'ra 5rinci5a* de :a+a3;n é a Nistoria 3enera* de *as cosas de #ueva Es5an+a O 5ro?eto destao'ra nasceu6 co mo no caso de &ur9n6 de consideraç0es re*i3iosas e 5rose*itistas 5ara <aci*itar ae5ansão do cristianismo6 :a+a3;n se 5ro50e a descrever em deta*+es a anti3a re*i3ião dosmeicanos% Assim e*e mesmo se e5*ica DFoi o'edecendo Js ordens de meu 5re*ado maior quedescrevi em *.n3ua meicana o que me 5arece ser o mais ;ti* 5ara o do3ma6 a cu*tura e a duração docristianismo entre os nativos da #ova Es5an+a6 e que seria6 ao mesmo tem5o6 o mais a5ro5riado

 5ara servir de a5oio 5ara os ministros e co*a'oradores que os doutrinamD H6 D"r1*o3oDI%

5reciso con+ecer os modos dos <uturos conversos6 assim como 5ara curar uma doença é 5recisocon+ecer o doente essa com5aração é uti*izada 5or e*e noutra ocasião% DO médico 5oderia

 5rescrever com eatidão remédios 5ara seu doente sem con+ecer 5rimeiramente o +umor e ascausas de que 5rocede a doença H%%%I6 os 5re3adores e os con<essores são os médicos das a*mas e6

 5ara curar as doenças es5irituais6 convém que con+eçam os remédios e as doenças% H%%%I Os 5ecadosda ido *atria6 seus ritos6 suas su5erstiç0es e 5ress93ios6 seus a'usos e cerimGnias não desa5areceramtota*mente% "ara 5re3ar contra essas coisas6 e 5ara sa'er se ainda eistem6 é necess9rio sa'er comoeram usadas no tem5o da ido*atriaD H,6 D"r1*o3oDI% &ur9n6 5or sua vez6 dizia DOs cam5os da cu*tura e as 9rvores <rut.<eras não 3erminam em so*o incu*to6 co'erto de ervas e de mato6 a menos quese?am etir5adas todas as ra.zes e ce5osD H,6 DntroduçãoDI% Os .ndios são essa terra e esse cor5o

 5assivos6 que devem rece'er a in seminação viri* e civi*izada da re*i3ião cristã%

Esta atitude6 a*i9s6 estaria 5er<eitamente de acordo com a tradição cristã DO divino A3ostin+o nãoac+ou que <osse coisa vã ou su5ér<*ua tratar da teo*o3ia <a'u*osa dos Pentios6 no seto *ivro dAcidade de &eus 5orque6 como e*e mesmo diz6 uma vez con+ecidas as <9'u*as e v9s <icç0es que os

Pentios em5re3avam6 em re*ação a seus <a*sos deu ses6 tornava(se mais <9ci* convenc(*os de quenão eram deuses e que6 de sua essncia6 não 5odia decorrer nada de ;ti* 5ara seres razo9veisD H6D"r1*o3oDI% Este 5ro?eto est9 de acordo com mi*+ares de aç0es 5raticadas 5or :a+a3;nno decorrer

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de sua vida redação de tetos cristãos em na+uat*6 5artici5ação na 5r9tica de evan3e*ização%Mas6 a*ém desse motivo dec*arado6 eiste um outro6 e é a 5resença con?unta dos dois o'?etivos ares5ons9ve* 5e*a com5*eidade da o'ra é o dese?o de con+ecer e 5reservar a cu*tura na+uat*% Estese3undo 5ro?eto começou a ser eecutado antes do 5rimeiro% Com e<eito6 a 5artir de ,4/-6 :a+a3;nreco*+e um con?unto de discursos rituais6os 'ue+uet*ato**i6 es5écie de <i*oso<ia mora* a5*icada dosastecas e6 a 5artir de ,4476 começa a re3istrar os re*atos ind.3enas da conquista o 5rimeiro 5ro?eto

da Nistoria s1 adquire <orma a 5artir de ,446 quando :a+a3;n se encontra em Te5e5u*co% Mas omais im5ortante aqui é que esse se3undo 5ro?eto6 o con+ecimento da cu*tura dos anti3os meicanos6 decide o método que ser9 em5re3ado na redação da o'ra6 o qua*6 5or sua vez6 é res5ons9e* 5e*o teto ta* qua* se nos a5resenta +o?e em dia6 #a verdade6 a 5reocu5ação que 5reside aconstrução da o'ra é menos a 5rocura do me*+or meio de converter os .ndios do que a <ide*idade emre*ação ao o'?eto descrito o con+ecimento 3an+a 5recedncia so're o interesse 5ra3m9tico6 num3rau ainda mais a*to do que em &ur9n% isso o que *eva :a+a3;n Js suas decis0es maisim5ortantes o teto ser9 com5osto a 5artir de in<ormaç0es reco*+i das ?unto Js testemun+as maisdi3nas de <é e6 5ara 3arantir sua <ide*idade6 <icarão consi3nadas na *.n3ua dos in<ormantes aNistoria ser9 escrita em na+uat*% #um se3undo momento6 :a+a3;n decide acrescentar uma tradução*ivre6 e co*ocar i*ustraç0es no con?unto% O resu*tado é uma o'ra de 3rande com5*eidade estrutura*6

onde trs media se entre*açam continuamente6 o na+uat*6 o es5an+o* e o de sen+o%

nicia*mente6 é 5reciso esco*+er 'em os in<ormantes6 e certi<icar(se6 5or m;*ti5*os cruzamentos dein<ormação6 da eatidão de seus re*atos% :a+a3;n6 que é6 na +ist1ria ocidenta*6 um dos 5rimeiros arecorrer a essa 5r9tica6 cum5re sua tare<a com um escr;5u*o eem5*ar% &urante sua estada emTe5e5u*co6 de ,44 a ,476 re;ne J sua vo*ta a*3uns not9veis da cidade% "+pus diante deles o queme propunha a /aer e pedilhes que me /ornecessem algumas pessoas hbeis e eperientes, com asquais eu pudesse discutir, e que estivessem aptas a satis/aerme em tudo o que eu lhes pedisse" (FF,"Dr#logo"). Os not9veis se retiram e vo*tam no dia se3uinte com uma *ista de doze anci0es

 5articu*armente 5eritos nos assuntos anti3os% :a+a3;n6 5or sua vez6 convoca seus quatro me*+oresa*unos do co*é3io de T*ate*o*co% D&urante quase dois anos discutia <reqZentemen te com aque*esnot9veis e 3ram9ticos6 i3ua*mente 3ente de qua*idade6 se3uindo o 5*ano que tin+a <eito% "useram emima3ens o que constitu.a o assunto de nossas entrevistas H5ois essa era a escrita que uti*izavamnoutros tem5osI6 e os 3ram9ticos <ormu*aram(no em sua *.n3ua6 escrevendo a'aio do desen+oDHi'id%I%

:a+a3;n vo*ta a T*ate*o*co em ,4,6 e 5ermanece a*i até ,44 a o5eração inicia* é re5etida osnot9veis esco*+em os es5ecia*istas6 e*e c+ama seus me*+ores disc.5u*os D&urante mais de um ano6<ec+ados no co*é3io6 corri3iu( se6 escreveu(se6 com5*etou(se tudo o que eu ?9 tin+a escrito emTe5e5u*co6 e <izemos uma nova c15iaD H.'id%I%

nesse momento que se constitui o essencia* do teto de<initivo% Fina*mente6 a 5artir de ,446 est9na Cidade do Méico6 e todo o tra'a*+o é mais uma vez revisto é então que e*e c+e3a a uma divisãoem doze *ivros6 inc*uindo em seu 5*ano materiais reunidos anteriormente6 so're a <i*oso<ia mo ra*Hque se tornam o *ivro 8I e so're a conquista H*ivro K DA*i6 durante trs anos6 revisei sozin+o6v9rias vezes6 meus escritos6 e <iz correç0es dividi(os em doze *ivros6 e cada um dos *ivros emca5.tu*os e 5ar93ra<os% H%%%I Os meicanos corri3iram e acrescentaram v9rias coisas a meus doze*ivros6 enquanto trat9vamos de 5ass9(*os a *im5oD Hi'id%I% Em todo o decorrer de seu tra'a*+o:a+a3;n consu*ta6 a*ém de seus in<ormantes6 os code anti3os onde a +ist1ria dos meicanos est9consi3nada 5or meio de ima3ens6 e 5ede que *+as e5*iquem sua atitude em re*ação a isso é oinverso da de &ie3o de =anda e idntica J de &ie3o &ur9n% E*e re*ata a eistncia dos autos(de(<é6mas acrescenta "7onservaramse vrios deles, que /oram escondidos, e que n#s vimos. %ão

conservados at ho&e, e /oi gra5as a eles que pudemos compreender suas tradi5Kes" (R, 20).&e5ois de o teto na+uat* ter sido de<initivamente esta'e*ecido6 :a+a3;n decide acrescentar umatradução% Essa decisão é tão im5ortante quanto a 5rimeira6 senão mais6 Hencontrar os me*+ores

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es5ecia*istas e contro*ar seus dizeres 5or meio de cruzamentos de in<ormaçãoI% Com5aremos nesse 5articu*ar6 5ara a5reciar sua ori3ina*idade6 o tra'a*+o de :a+a3;n ao de seus contem5or@neosi3ua*mente interessados na +ist1ria meicana6 que tam'ém recorreram( não 5odiam a3ir de outromodo ( aos in<ormantes e aos code Hco*ocaremos6 5ois6 de *ado6 as com5i*aç0es corno aA5o*o3etica Nistoria de =as Casas e a Nistoria natura* V mora* de *as ndias de Sosé de AcostaI%

 Um Moto*inia certamente ouviu discursos mas sua Nistoria <oi escrita de seu 5r15rio 5onto devista6 e a 5a*avra dos outros s1 inter vém na <orma de 'reves citaç0es6 eventua*mente acom5an+adasde o'servaç0es do ti5o "+ste o modo de /alar dos ;ndios, assim como outras epressKesutiliadas neste livro, que não concordam com o uso espanhol" (111, 14). O resto do tem5o6 temos

 5ois um Desti*o indireto *ivreD6 uma mistura de discursos cu?os in3redientes é im5oss.ve* iso*ar com 5recisão o conte;do vem dos in<ormantes6 o 5onto de vista6 de Moto*inia mas como sa'er ondeaca'a um e começa o outro

O caso de &ur9n é mais com5*eo% :eu *ivro <oi tira do6 diz e*e6 Dda crGnica e dos desen+os desse 5ovo6 assim como de a*3uns ve*+osD H6 ,I6 e e*e descreve com cuida do uns e outros est9natura*mente atento Js esco*+as6 mas não se envo*ve6 como :a+a3;n6 em 5rocedimentos com

 5*eos% "ara seu *ivro de +ist1ria6 e*e tam'ém uti*iza a DCrGnica KD em na+uat*6 que ?9 não é umcode 5icto3r9<i co% Como vimos6 e*e Js vezes conce'e seu tra'a*+o como o de um tradutor mas6 narea*idade6 não se trata de uma sim5*es tradução o 5r15rio &ur9n indica <reqZentemente que <azcortes6 ou que troca sua crGnica 5or in<ormaç0es 5rovenientes de testemun+as ou de outrosmanuscritos enuncia continuamente as raz0es que o *evaram a esco*+er uma determinada versão%

 #o devido momento6 re<ere(se tam'ém J sua 5r15ria e5erincia de criança criada no Méico oresu*tado é que seu *ivro6 como vimos6 re3istra uma voz cu?a mu*ti5*icidade é interior%A*ém disso &ur9n6 como os outros tradutores(com5i *adores6 5ratica uma es5écie de intervenção6que 5oder.amos qua*i<icar de anotaç0es Hem'ora <i3urem no interior do teto e não <ora de*eI% "arao'servar essa 5r9tica6 tome mos um outro eem5*o6 o do 5adre Martin de Sesus de Co ruã6 su5ostotradutor da Re*aci1n de Mic+oac9n%

:ão e5*icaç0es de e5ress0es idiom9ticas ou meta<1ricas D +les diem@ JesposarteeiJ e suainten5ão a copula5ão, pois assim que /alam a sua l;ngua" (FFF, 1B< poss;vel perguntarse seessa uma maneira de /alar que caracteria eclusivamente os tarascos) indicaç0es acerca damaneira de <a*ar "O preciso compreender que o narrador sempre atribu;a as guerras e a

 perpetra5ão dos atos a seu deus 7uricaveri, não diendo mais nada dos senhores do pa;s" (FF, 2)com5*ementos de in<ormação que tornam o re*ato inte*i3.ve*6 e5*icitando os su'entendidos 5e*adescrição dos costumes "Fsso estava de acordo com seu costume habitual, pois, quando agarravamum prisioneiro que devia ser sacri/icado, dan5avam com ele e diiam que a dan5a eprimia suacompaião por ele e /aia com que ele chegasse ao cu rapidamente" (FF, '4) e <ina*mente a*3umas

indica ç0es acerca do que aconteceu desde a é5oca do re*ato ":ais tarde, um espanhol eumou suas cinas e encontrou muito pouco ouro, pois ainda era o in;cio da conquista" (FF, '1).

Mas +9 tam'ém outras intervenç0es desse 5adre Coru<*a6 que <azem com que 5artes de seu teto setornem de esti*o indireto *ivre6 em vez de continuarem a ser de esti*o direto% E*e desi3na o su?eito<a*ante 5or um De*esD6 Das 5essoasD6 e nunca Dn1sD determinadas asserç0es são 5recedidas 5or<1rmu*as moda*izantes como Das 5essoas acreditamD H6 ,I Js vezes6 e*e introduz com5araç0es quenão 5odem vir de seus in<ormantes DE*es não misturam as *in+a3ens6 como <azem os ?udeusD H6,,I e inc*usive deta*+es cu?a autenticidade 5arece 5ro'*em9tica DA mu*+er 5arou diante da 5orta6<ez o sina* da cruz H6 ,4I% Essas intervenç0es não su5rimem o va*or document9rio de um tetocomo a Re*aci1n de Mic+oac9n6 mas mostram os *imites da <ide*idade da tradução *imites que

teriam sido a'o*idos se se dis5usesse do teto ori3ina*6 ao *ado da tradução%

:a+a3;n o5ta 5e*a <ide*idade inte3ra*6 ?9 que re5roduz os discursos que ouviu6 e acrescenta sua

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tradução6 em vez de su'stitu.(*os 5or e*a HO*mos <oi um dos raros6 no Mé ico6 a <az(*o antes de*eI%Essa tradução6 a*i9s6 não 5recisa mais ser *itera* Hser9 e as dos outros eram nunca sa'eremosI6 sua<unção é di<erente da do teto em na+uat* e*a omite certos desenvo*vimentos e acrescenta outros odi9*o3o das vozes torna(se mais suti*% Essa <ide*idade inte3ra*6 o'serve(se desde ?96 não si3ni<icaautenticidade inte3ra* mas esta é 5or de<inição im5oss.ve*6 não 5or raz0es meta<.sicas6 mas 5orquesão os es5an+1is que introduzem a escrita% Mesmo quando dis5omos do teto na+uat*6 não 5odemos

se5arar o que é e5ressão do 5onto de vista meicano do que est9 a*i 5ara a3radar6 ou6 ao contr9rio6 5ara desa3radar6 aos es5an+1is e*es são os destinat9rios de todos esses tetos6 e o destinat9rio é tãores5ons9ve* 5e*o conte;do de um discurso quanto seu autor%

E6 <ina*mente6 o manuscrito ser9 i*ustrado os desen+istas são meicanos6 mas ?9 so<reram a <ortein<*uncia da arte euro5éia6 de modo que o 5r15rio desen+o é um 5onto de encontro de doissistemas de re5resentação6 di9 *o3o que se su5er50e ao das *.n3uas e dos 5ontos de vista quecom50em o teto% #o tota*6 a criação Hque não contei aqui em todos os deta*+esI dessa o'raece5ciona* em todos os sentidos6 a Nistoria 3enera* de *as cosas de #ueva Es5an+a ocu5a :a+a3;ndurante quase quarenta anos%

O resu*tado desses es<orços é uma inestim9ve* encic*o5édia da vida es5iritua* e materia* dos astecasde antes da conquista6 o retrato deta*+ado de uma sociedade que di<eria es5ecia*mente de nossassociedades ocidentais e que estava destinada a 5erecer de<initivamente dentro em 'reve%Corres5onde 'em J am'ição que :a+a3;n con<essava6 de "não deiar na obscuridade as coisas dosnativos da Nova +spanha" (1, "Dr#logo") e ?usti<icaria que uma de suas com5araç0es se a5*iquenão somente Js 5a*avras6 como queria :a+a3;n6 mas tam'ém Js coisas que e*as desi3nam "+staobra comparvel a uma rede, cu&a /un5ão seria traer tona todas as palavras daquela l;nguacom seu signi/icado pr#prio e meta/#rico, todas as maneiras de /alar e a maior parte das tradi5Kesboas ou ms" (ibid.).Mas se essa encic*o5édia tem sido devidamente a5re ciada desde a sua 5u'*icação6 e serviu de 'ase

 5ara todos os estudos so're o mundo asteca6 deu(se menos atenção ao <ato de ser tam'ém um *ivro6um o'?eto6 ou me*+or6 um ato6 que merece ser ana*isado enquanto ta* ora6 é 5recisa mente nessa

 5ers5ectiva que :a+a3;n nos interessa aqui6 no @m'ito desta 5esquisa acerca das re*aç0es comoutrem6 e acerca do *u3ar que ne*as ocu5a o con+ecimento% "oder(se(ia ver em &ur9n e em :a+a3;nduas <ormas o5ostas de uma re*ação6 um 5ouco como se costumava descrever a o5osição entre osc*9ssicos e os rom@nticos inter5enetra ção dos contr9rios num caso6 sua se5aração no outro e écerto que se :a+a3;n é mais <ie* ao discurso dos .ndios6 &ur9n est9 mais 5erto de*es6 e oscom5reende me*+or% Mas6 na rea*idade6 a di<erença entre os dois não é tão c*ara6 5ois a Nistoria de:a+a3;n6 5or sua vez6 é o *ocus de interação de as vozes Hdeiando6 5ortanto6 de *ado os desen+osImas esta adquire <ormas menos vis.veis6 e ei3e6 5ara ser ana*isada6 uma o'servação mais atenta%

,% :eria evidentemente in3nuo ima3inar que a voz dos in<ormantes se e5rime unicamente no tetona+uat*6 e a de :a+a3;n6 no teto es5an+o* não somente6 o que é evidente6 os in<ormantes sãores5ons9veis 5e*a maior 5arte do teto es5an+o*6 mas tam'ém6 como veremos6 :a+a3;n est9

 5resente6 ainda que de modo menos discreto6 no teto na+uat*% Mas eistem trec+os6 ausentes emuma ou outra versão6 que são diretamente 5ertinentes 5ara nossa ques tão% As intervenç0es maisevidentes de :a+a3;n no teto es5an+o* são os diversos 5r1*o3os6 advertncias6 5re<9cios edi3ress0es6 que desem5en+am a <unção de mo*dura 3arantem a transição entre o teto a5resentadoe o mundo J sua vo*ta% Todavia os 5re<9cios não tm o mesmo o'?eto que o teto 5rinci5a* são ummetateto6 dizem res5eito ao *ivro mais do que aos astecas6 e a com5aração6 conseqZen temente6nem sem5re é esc*arecedora% "or v9rias vezes6 entretanto6 :a+a3;n intervém no <undo6 como noA5ndice do *ivro , ou no <ina* do ca5.tu*o 276 *ivro % #a 5rimeira vez6 de5ois de descrever o

 5anteão dos astecas6 :a+a3;n acrescenta uma re<utação6 5recedida 5or esta a51stro<e "A#s,habitantes desta Nova +spanha, meicanos, tlacaltecas, habitantes do pa;s de :ichoacn, e todosos outros ;ndios destas Hndias ocidentais, saibais que tendes vivido nas pro/undas trevas da

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in/idelidade e da idolatria, em que vos deiaram vossos antepassados, como provam claramentevossas escritas,vossos desenhos, e os ritos id#latras nos quais vivestes at ho&e. +scutai agoracom aten5ão..." E :a+a3;n transcreve *itera*mente Hem *atimI quatro ca5.tu*os da B.'*ia que tratamda ido*atria e de seus e<eitos ne <astos se3ue(se a re<utação 5ro5riamente dita% &iri3e(se6 5ois6 aseus 5r15rios in<ormantes6 <a*ando 5or si mesmo em se3uida vem uma nova a51stro<e6 desta vezDao *eitorD e <ina*mente a*3umas DEc*amaç0es do autorD6 que não são diri3idas a nin3uém em

 5articu*ar6 ou ta*vez a &eus6 nas quais e5rime sua tristeza 5or ver os meicanos tão equivocados%A se3unda intervenção6 i3ua*mente iso*ada 5e*o t.tu*o DEc*amação do autorD6 se3ue a descrição deum sacri<.cio de crianças% D#ão creio que 5ossa eistir um coração tão duro que não se enterneça enão se sinta invadido 5e*as *93rimas6 o +orror e o 5avor6 ao ouvir uma crue*dade tão desumana6 maisdo que 'ruta* e dia'1*ica6 ta* como a que aca'amos de *er acima%D A*i6 a Dec*amaçãoD serve

 5rinci5a*mente 5ara 5rocurar uma ?usti<icativa6 uma de<esa dos meicanos que 5oderiam6 emconseqZncia de tais re*atos6 ser ma* ?u*3ados% "! causa desta cegueira cruel, de que as in/eliescrian5as eram o ob&eto, não deve ser imputada crueldade de seus pais, que derramavam copioso

 pranto e se entregavam a essa cruel prtica com dor na alma< deve ser imputada ao #dioin/initamente cruel de nosso antiqY;ssimo inimigo %atã (FF, 2*).

O que +9 de not9ve* nessas intervenç0es não é so mente o <ato de serem tão 5oucas H*em'rar aquique o teto es5an+o* da o'ra de :a+a3;n ocu5a a5roimadamente setecentas 593inasI6 mas tam'émo <ato de serem tão nitidamente se5aradas do resto aqui6 :a+a3;n ?usta50e sua voz J dosin<ormantes6 sem que se?a 5oss.ve* qua*quer con<usão entre as duas% Em com5ensação6 e*e sea'stém de qua*quer coment9rio nas descriç0es de ritos astecas6 que a5resentam ec*usivamente o

 5onto de vista dos .ndios% Tomemos como eem5*o a evocação de um sacri<.cio +umano6 ere5aremos como os diversos autores da é5oca 5reservam ou in<*uenciam o 5onto de vista ind.3enaque se e5ressa no re*ato% Em 5rimeiro *u3ar6 Moto*inia "%obre essa pedra eles punham os pobresin/elies, deitados de costas, para sacri/iclos, com o peito bem estica do, pois tinham os p e asmãos amarrados, e o principal sacerdote dos idolos, ou seu substituto, que sacri/icavamhabitualmente, (...) como o peito do pobre in/eli estava tão esticado, abriamno com muita /or5a,

 por meio daque la /aca cruel, e arrancavam rapidamente o cora5ão, e o o/iciante desse ato vilbatia então o cora5ão contra a parte eterior dos ps do altar, deiando ali uma mancha de

 sangue. (...) + que ningum pense que os que eram sacri/icados, pelo arrancamento do cora5ão ou por outra morte, iam de livre e espontInea vontade< eram levados /or5a e sentiam violentamentea morte e sua pavorosa dor" (1, ?)% "7ruel", "vil", "pobres in/elies", "pavorosa dor"@ é evidenteque Moto*inia6 que dis50e de um re*ato ind.3ena mas não o cita6 introduz seu 5r15rio 5onto de vistano teto6 sa*5icando(o de termos que e5rimem a 5osição com5arti*+ada 5or Moto*inia e seu *eitoreventua* Moto*inia 5ressente e e5*icita6 de um certo modo6 a reação deste ;*timo% As duas vozesnão estão em 5osição de i3ua*dade6 cada uma se e5rime nua vez uma das duas Ha de Moto*iniaIinc*ui e inte3ra a outra6 que ?9 não <a*a diretamente ao *eitor6 mas somente 5or intermédio de

Moto*inia6 que 5ermanece sendo o ;nico su?eito6 no sentido 5*eno do termo%8e?amos a3ora uma cena seme*+ante descrita 5or &ur9n " ;ndio segurava sua pequena carga de

 presentes traida pelos cavaleiros do sol, assim como o bastão e o escudo, e come5ava a subirdegrau por degrau em dire5ão ao topo do templo, o que representava o percurso do sol de leste aoeste. $uando atingia o topo e se colocava no centro da grande pedra solar, que estava l paraindicar o meiodia, os sacri/icadores chegavam e sacri/icavamno, abrindolhe o peito ao meio.iravam o cora5ão e o o/ereciam ao sol, &ogando o sangue em sua dire5ão. epois disso, pararepresentar a descida do sol em dire5ão ao oeste, deiavam rolar o cadver escadaria abaio"(FFF,2').

Aca'aram(se os Dcrue*D6 os Dvi*D6 os Din<e*izesD &ur9n transcreve esse re*ato num tom tranqZi*o6a'stendo(se de qua*quer ?u*3amento de va*or Hcoisa que <az em outras ocasi0esI% Mas6 em *u3ardisso6 um novo voca'u*9rio6 ausente em Moto*inia6 a5areceu o da inter5retação% O escravo re

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 5resenta o so*6 o centro da 5edra est9 a*i 5ara marcar o meio(dia6 a queda do cor5o re5resenta o 5Gr(do(so*%%% &ur9n6 como vimos6 com5reende os ritos de que <a*a6 ou mais eatamente6 con+ece asassociaç0es que 3era*mente os acom5an+am e re5arte seus con+ecimentos com seu *eitor%

O esti*o de :a+a3;n é di<erente dos dois anteriores

"s senhores X prisioneiros ou dos escravos[ arrasta vamonos pelos cabelos at o cepo ondedeviam morrer. 7hegando ao cepo, que era uma pedra de tr3s palmos de altura ou um pouco mais,e dois de largura, ou quase, eles eram derrubados sobre ela de costas, e cinco pessoas osagarravam@ duas pelas pernas, duas pelos bra5os, e um pela cabe5a< então vinha o sacerdote quedevia matlos e que os golpeava no peito com as duas mãos e uma pedra de s;le, /eita como um

 /erro de lan5a, e, pela abertura que acabava de /aer, introduia a mão e arrancavalhes ocora5ão, depois o/ereciao ao sol e &ogavao numa caba5a. epois de ter retirado o cora5ão e

 &ogado o sangue numa caba5a que recebia o senhor do morto, &ogavam o corpo, que rolava pelosdegraus at a base do templo" (FFF, 2).

&e re5ente6 é como se *ssemos uma 593ina de Dnovo romanceD essa descrição é o5osta Js de e de

Moto*inia nen+um ?u*3amento de va*or6 mas tam'ém nen+uma inter5retação temos a. uma 5uradescrição% :a+a3;n 5arece 5raticar a técnica *iter9ria donciamento descreve tudo do eterior6acumu*ando 5recis0es técnicas6 de onde a a'und@ncia de medidas Dtrs 5a*mos ou um 5ouco maisD6Ddois ou quaseD etc%

Mas seria um equ.voco ima3inar que :a+a3;n nos o<erece o re*ato 'ruto dos .ndios6 ao 5asso que&ur9n e Moto*inia *+e im50em a marca de sua 5r15ria 5ersona*idade6 ou de sua cu*tura que amono<onia6 em outras 5a*avras6 su'stitui a di<onia% mais do que certo que os .ndios não <a*avamcomo :a+a3;n seu teto c+eira a investi3ação etno*13ica6 as quest0es miniosas He <ina*mente um

 5ouco des*ocadas6 5ois a5reende(se a <orma6 mas não o sentidoI os .ndios não 5recisavam see5ressar assim entre e*es esse discurso é 5ro<undamente determinado 5e*a identidade de seuinter*ocutor% A*ém disso6 o teto de :a+a3;n com 5rova o trec+o que aca'amos de *er não temcontra5artida em na+uat* <oi redi3ido 5e*o 5r15rio :a+a3;n6 em es5an+o*6 a 5artir dos testemun+osque estão reunidos num outro ca5.tu*o H6 2,I a*i se encontram os e*ementos do rito6 mas nen+umadas 5recis0es técnicas% :eria então esta ;*tima versão o 3rau zero da intervenção "ode(se duvidardisso6 não 5orque os mission9rios se desincum'is semanama* de seu tra'a*+o etno3r9<ico6 mas

 5orque o 5r15rio 3rau zero ta* vez se?a i*us1rio% O discurso6 como se disse6 é <ata*mentedeterminado 5e*a identidade de seu inter*ocutor ora6 e*e é6 em todos os casos 5oss.veis6 umes5an+o*6 um estran3eiro%

 "ode(se ir ainda mais *on3e6 e6 sem 5oder o'serv9(*o6 ter certeza de que entre si os astecas não

<a*avam do mes mo modo quando se diri3iam a uma criança6 ou a um recém(iniciado6 ou a um s9'ioancião e o sacerdote e o 3uerreiro não tin+am a mesma maneira de <a*ar%

2% Uma outra intervenção 'astante circunscrita de :a+a3;n encontra(se nos t.tu*os de certosca5.tu*os6 5articu*ar( mente no *ivro ,% Esses t.tu*os constituem uma tentativa6 'em t.mida6 a 'em daverdade6 em'ora :a+a3;n a ten+a recomeçado diversas vezes6 de esta'e*ecer uma série deequiva*ncias entre os deuses astecas e os deuses romanos "0. ! deusa chamada 7hicomecoatl. Ouma outra 7eres." "11. ! deusa da gua, chamada 7halchiuhtlicue< uma outra Guno." "12. !deusa das coisas carnais, chamada laolteotl, uma outra A3nus." 6 etc% #o 5r1*o3o do *ivro ,6 e*e

 5ro50e uma ana*o3ia que concerne as cidades e seus +a'itantes% DEssa cé*e're e 3rande cidade deTu*a6 muito rica e decente6 muito s9'ia e va*ente6 teve <ina*mente a sorte in<e*iz de Tr1ia% H%%%I A

Cidade do Méico é uma outra 8eneza ^ do aos canais[ e e*es mesmos são outros vnetos 5or seusa'er e sua civi*idade6 Os tiaca*tecas 5arecem ter sucedi do os carta3ineses%D Esse 3nero decom5aração é6 na verdade6 muito comum nos escritos da é5oca Hvo*tarei a issoI o que se nota aqui

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tam'ém6 é o 5a5e* *imitado que assume mais uma vez6 <ora do teto que descreve o universo astecaHessas ana*o3ias não a5arecem na versão na+uat*I6 na mo*dura Ht.tu*os6 5re<9ciosI e não no quadro%&e novo6 é 5oss.ve* equivocar(se quanto J ori3em da voz a interven ção é <ranca6 não dissimu*ada6até ei'ida% Essas duas <ormas de interação6 Dec*amaç0esD e ana*o3ias6 se5aram6 5ois6 de modo

 5er<eitamente n.tido6 os discursos de uns e do outro% Mas outras <ormas encarnarão inter5enetraç0escada vez mais com5*eas das duas vozes%

)% Quando se trata da descrição de um sacri<.cio6 :a +a3;n não acrescenta6 na tradução6 nen termoque im 5*ique um ?u*3amento mora*% Mas6 ao <a*ar do 5anteão asteca6 encontra(se diante de umaesco*+a di<.ci* qua*quer que se?a o termo em5re3ado6 o ?u*3amento de va*or é ine vit9ve* e*e secom5romete i3ua*mente se traduzir 5or DdeusD ou 5or Ddia'oD ou6 em re*ação a seu servidor6 tanto

 5or DsacerdoteD quanto 5or DnecromanteD o 5rimeiro termo ?9 *e3itima6 o se3undo condenanen+um de*es é neutro% Como *ivrar(se disso A so*ução de :a+a3;n consiste em não o5tar 5or umdos dois termos6 e a*tern9(*os consiste6 em suma6 em eri3ir a ausncia de sistema em sistema e6desse modo6 neutra*izar os dois termos6 em 5rinc.5io 5ortadores de ?u*3amentos morais o5ostos6 quea3ora se tornam sinGnimos% "or eem5*o6 um t.tu*o no A5ndice ) do *ivro anuncia uma DRe*açãodas cerimGnias que se <aziam 5ara +onrar o demGnioD6 e o t.tu*o do A5ndice se3uinte6 /6 é

DRe*ação das di<erenças entre os ministros encarre3ados do serviço dos deusesD% O 5rimeiroca5.tu*o do terceiro *ivro inverte a ordem o t.tu*o diz D&a ori3em dos deusesD6 e a 5rimeira <raseDEis aqui o que os anci0es ind.3enas sa'iam e nos disseram do nascimento e da ori3em do dia'oque se c+ama Nuitzi*o5oc+t*i%D #o 5r1*o3o da o'ra inteira6 :a+a3;n esta'e*ece a mesmaneutra*idade através de um *a5so contro *ado DEscrevi doze *ivros acerca das coisas divinas ou6 me*+or dizendo6 id1*atras :eria 5oss.ve* ima3inar que são os in<ormantes que 5ensam DdeusD e:a+a3;n6 Do dia'oD% Mas6 ao aco*+er os dois termos em seu 5r15rio discurso6 e*e o curva nadireção de seus in<ormantes6 sem 5or isso adotar com5*etamente a 5osição de*es 3raça J suaa*tern@ncia6 os termos 5erdem suas nuanças qua*itativas%

 #um outro t.mio6 encontra(se um testemun+o di<erente da am'iva*ncia 5r15ria da 5osição de:a+a3;n D a ora ção do 3rande s9tra5a6 onde se encontram v9rias suti*ezas%%%D H86 4I% Ta*vez6como a<irmam certas 5essoas6 :a+a3;n6 nisso seme*+ante a &ur9n6 admire as coisas naturais dos astecas Haqui a *in3ua3emI e condene as so'renaturais Hos ido*osI de qua*quer modo tem(se aquimais um eem5*o em que a voz dos in<ormantes 5ode ser ouvida no interior da de :a+a3;n6trans<ormando(a% Em outros tetos de :a+a3;n6 5rédicas cristãs endereçadas aos meicanos eredi3idas em na+uat*6 o'serva(se uma outra inter<erncia :a+a3;n em 5re3a 5or sua vez a*3uns

 5rocedimentos esti*.sticos da 5ro sa dos astecas H5ara*e*os6 met9<orasI%

/% :e a voz dos in<ormantes estava 5resente no discurso de :a+a3;n6 a voz de :a+a3;n6 5or sua vez6im5re3nou(*+es os discursos% #ão se trata de intervenç0es diretas que6 co mo vimos6 são c*aramente

indicadas e de*imitadas mas de ?ma 5resença simu*taneamente mais di<usa e mais maciça% que:a+a3;n tra'a*+a a 5artir de um 5*ano esta'e*ecido 5or e*e a51s seus 5rimeiros contatos com acu*tura asteca6 mas tam'ém em <unção de sua idéia do que seria uma civi*ização% :a'emos atravésdo 5r15rio :a+a3;n que e*e uti*iza um question9rio6 e é im5oss.ve* su5erestimar esse <ato% Osquestion9rios não <oram6 in<e*izmente6 conservados mas <oram reconstitu.dos6 3raças ao en3en+odos 5esquisadores atuais% "or eem5*o6 a descrição dos deuses astecas no *ivro , reve*a que todos osca5.tu*os He6 5ortanto6todas as res5ostasI se3uem uma ordem6 que corres5onde Js se3uintesquest0es

,% Quais são os t.tu*os6 os atri'utos6 as caracter.sticas desse deus2% Quais são seus 5oderes

)% Quais são os ritos eecutados em sua +onra/% Qua* é sua a5arncia :a+a3;n im50e 5ortanto seu recorte conceitua* ao sa'er asteca6 e este 5arece(nos ser 5ortador de uma or3anização que na rea*idade *+e é dada 5e*o question9rio%

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verdade que6 no interior de cada *ivro6 5erce'e(se uma trans<ormação o começo sem5re se3ue umaordem r.3ida6 ao 5asso que a seqZncia a5resenta cada vez mais di3ress0es e desvios a 5artir doesquema :a+a3;n teve o 'om senso de 5reserv9(*as e a 5arte concedida J im5rovisação com5ensa6numa certa medida6 o e<eito do question9rio% Mas isso im5ede :a+a3;n de com5reender6 5oreem5*o6 a natureza da divindade su5rema HTezcat*i5oca é um de seus nomesI6 5ois e*a é invis.ve* einatin3.ve*6 é a ori3em de si mesma6 criadora da +ist1ria mas des5rovida de +ist1ria e*a mesma

:a+a3;n ca*cu*a que os deuses astecas se 5arecem com os deuses romanos6 não com o &eus doscristãos Em certos casos6 o resu*tado é <rancamente ne3ativo6 como no *ivro 86 que trata daDastro*o3ia natura*D dos .ndios6 em que :a+a3;n não entende muito 'em as res5ostas que se 'aseiamnuma conce5ção c1smica com5*etamente di<erente da sua6 e a5arentemente vo*ta incessantemente aseus question9rios%#ão somente os question9rios im50em uma or3anização euro5éia ao sa'eramericano6 e Js vezes im5edem a 5assa3em da in<ormação 5ertinente6 como tam'ém deter minamos temas a serem tratados6 e ec*uem outros% "ara tomar um eem5*o maciço Hmas +9 muitosoutrosI6 a5ren demos muito 5ouco acerca da vida seua* dos astecas6 5e*a *eitura do *ivro de:a+a3;n% Ta*vez essa in<ormação <osse a<astada 5e*os 5r15rios in<ormantes ta*vez6inconscientemente6 5or :a+a3;n não 5odemos sa'er6 mas tem(se a im5ressão de que os atos decrue*dade6 ?9 5resentes na mito*o3ia cristã6 não c+ocam demais o investi3ador es5an+o*6 e que e*e os

transcreve <ie*mente ao 5asso que a seua*idade não tem vez% 'astante divertido ver que os 5rimeiros editores do *ivro6 no sécu*o KK6 eerceram uma censura tota*mente consciente emre*ação aos raros trec+os do *ivro que contm re<erncias J seua*idade6 que consideravamesca'rosos nessa é5oca6 não eistem mais interditos no que concerne J re*i3ião Hsumariamente<a*andoI6 5ortanto6 não +9 mais sacri*é3ios nem '*as<mias em com5ensação6 o 5udor aumentou6 eac+am tudo o'scno% Em seu 5re<9cio Hde ,7I6 o tradutor <rancs se sente o'ri3ado a ?usti<icar*on3amente Desses contrastes entre a 5ureza da a*ma e as *i'erdades na e5ressão do 5ensamentoDnos mon3es es5an+1is do sécu*o K86 e cu*5a <ina*mente os ind.3enas6 cu?as 5a*avras6 durante ascon<iss0es6 teriam corrom5ido os ou vidos do 'om 5adre ( Dora6 5reciso eu dizer em que imundassu?eiras os 5rimeiros con<essores dos .ndios eram o'ri3ados a ouvir suas *on3as conversas de todosos diasD HD"re<9cioD6 5% KI%

O tradutor6 5ois6 5or sua vez6 van3*oria(se de sua cora3em em traduzir inte3ra*mente o teto de:a+a3;n em'ora de tem5os em tem5os se 5ermita a*3umas emendas DO tradutor acredita que deveaqui6 como Bustamante6 o 5rimeiro editor do teto es5an+o*6 su5rimir um trec+o esca'roso6 que asde*icadezas da *.n3ua <rancesa tornariam de *eitura insu5ort9ve*D H5% /)7I na verdade o dito trec+oé 5reservado em nota6 em es5an+o* ( *.n3ua a5arentemente menos de*icada% Ou então DO ca5.tu*oque vem a se3uir contém trec+os esca'rosos que s1 são 5er do9veis em <unção da in3enuidade da*in3ua3em 5rimitivamente em5re3ada e da intenção de :a+a3;n de tudo traduzir com sinceridadeH%%%I% :e3uirei incondiciona*mente o teto em min+a tradução6 sem <azer outra modi<icação a*ém desu'stituir 5e*a 5a*avra nudez a 5a*avra mais rea *ista uti*izada 5or :a+a3;n6 5ara não se a<astar

daqui*o que seus anci0es *+e diziam em *.n3ua na+uat*D H5% 2,7I% O teto es5an+o* diz6sim5*esmente miem'ro 3enita* H6 4I devem(se rea*mente res5onsa'i*izar os anci0es astecas 5oressa e5ressão Fe*icitemo(nos 5ortanto 5or :a+a3;n não ter sido tão +i51crita quanto seuseditores6 trezentos anos mais tarde &e qua*quer modo6 e*e é res5ons9ve* 5e*o 5r15rio teto na+uat*6e não somente 5e*a versão es5an+o*a o ori3ina* carre3a marcas das convicç0es re*i3iosas6 daeducação e da camada socia* de :a+a3;n%

4% :e 5assarmos a3ora 5ara o n.ve* macroestrutura*6 a51s essas o'servaç0es acerca damicroestrutura6 encontraremos o mesmo 3nero de DvisitaD de uma voz J outra%

A esco*+a dos temas tratados6 5or eem5*o6 <az com que a voz dos in<ormantes se?a ouvida na de

:a+a3;n% Como vimos6 o 5ro?eto e5*.cito de :a+a3;n era <aci*itar a evan3e*ização dos .ndios6 5ormeio do estudo de sua re*i3ião% Mas um terço da o'ra6 nem isso6 corres5onde a essa idéia% Qua*querque ten+a sido a 5rimeira intenção de :a+a3;n6 <ica c*aro que a riqueza do materia* que tin+a J

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naturais6 com a 5retensão de reduzi(*os a viver como na Es5an+a6 tanto nas 5r9ticas divinas quantonas coisas +umanas6 sim5*esmente 5or consider9(*os id1*atras e '9r'aros6 5erdeu(se todo o seuanti3o 3overno% H%%%I Mas 5erce'e(se a3ora que essa nova or3anização torna os +omens viciosos6

 5roduz ne*es 5éssimas tendncias e 5iores o'ras que os tornam odi9veis 5ara &eus e 5ara os+omens6 sem contar as 3raves doenças e suas vidas encurta dasD HK6 2-I%

:a+a3;n6 5ortanto6 5erce'e 5er<eitamente que os va*ores sociais <ormam um con?unto em que tudoest9 *i3ado não se 5ode derru'ar os .do*os sem derru'ar a sociedade inteira e6 mesmo do 5onto devista cristão6 a que <oi edi<icada em seu *u3ar é in<erior J 5rimeira% D:e é verdade que e*esdemonstravam ainda mais a5tid0es nos tem5os 5assa dos6 na administração da coisa 5;'*ica comono serviço de seus deuses6 é 5orque viviam so' um re3ime mais condizente com suas as5iraç0es esuas necessidadesD Hi'.d%I% :a+a3;n não <ormu*a nen+uma conc*usão revo*ucion9ria mas aim5*icação de seu racioc.nio não é que a cristianização troue6 a<ina*6 mais ma* do que 'em6 e que6conseqZentemente6 teria sido 5re<er.ve* que e*a não tivesse ocorrido #a rea*idade6 seu son+o6 etam'ém o de outros <rancisca nos6 seria a criação de um Estado idea* novo meicano He6 5ortanto6inde5endente da Es5an+aI e cristão ao mesmo tem5o6 um reino de &eus so're a terra% Mas sa'etam'ém que esse son+o est9 *on3e de se rea*izar6 e contenta(se em ressa*tar os as5ectos ne3ativos do

Estado 5resente% Essa 5osição6 entretanto6 a*iada J im5ort@ncia que e*e d9 J cu*tura meicana6 <azcom que sua o'ra acarrete uma <ranca condenação 5or 5arte das autoridades não somente cortam(*+e os créditos6 como vimos mas uma cédu*a rea* de Fe*i5e ,,6 datada de ,4--6 5ro.'e qua*quer

 5essoa de to mar con+ecimento dessa o'ra6 e mais ainda de contri'uir 5ara a sua di<usão%

 #a 5r9tica cotidiana tam'ém6 a 5resença dos <rades tem6 se3undo :a+a3;n6 um e<eito am'.3uo% Anova re*i3ião *eva a novos modos6 e estes 5rovocam uma reação ainda mais a<astada do es5.ritocristão do que a anti3a re*i3ião% :a+a3;n conta sem +umor os dissa'ores que os es5eram naeducação dos ?ovens DW seme*+ança de seus anti3os costumes H%%%I n1s os +a'ituamos a *evantar(seno meio da noite e a cantar as matinas de #ossa :en+ora de man+ãzin+a6 <az.amos com querecitassem as Noras c+e3amos a ensin9(*os a se <*a3e*arem durante a noite e a se ocu5arem comoraç0es mentais% Mas6 como e*es não se dedicavam aos tra'a*+os <.sicos de outros tem5os6 se3undoei3e sua condição de viva sensua*idade6 como a*ém disso comiam muito me*+or do quecostumavam em seu anti3o Estado6 e devido J suavidade e J com5aião a que est9vamos+a'i tuados entre n1s6 começaram a sentir im5u*sos sensuais e tornaram(se 5eritos nas 5r9ticas*ascivas Hi'id%I% assim que o 'om &eus *eva ao demGnio

Mais uma vez6 não se trata de dizer que :a+a3;n 5assou 5ara o *ado dos .ndios% Outros trec+os do*ivro mostram(no com5*etamente <irme em suas convicç0es cristãs6 e todos os documentos de quedis5omos com5rovam que6 até o <im de sua vida6 e*e continua 5reocu5ado com a cris tianização dosmeicanos mais do que com qua*quer outra coisa% Mas deve(se ver até que 5onto sua o'ra é o 5rodu

to da interação entre duas vozes6 duas cu*turas6 dois 5ontos de vista6 mesmo que essa interação se?amenos evidente do que em &ur9n% "or isso6 s1 5odemos re?eitar a tentativa <eita 5or a*3unses5ecia*istas contem5or@neos de que'rar essa o'ra ece5ciona*6 e6 ne3*i3enciando toda a interação6dec*arar que os in<ormantes são os ;nicos res5ons9veis 5e*o teto na+uat* do *ivro6 e :a+a3;n6unicamente 5e*o teto es5an+o* em outras 5a*avras6 de <azer dois *ivros de uma o'ra que deve amaior 5arte de seu interesse ?usta mente ao <ato de ser uma Um di9*o3o não é a adição dedoismon1*o3os6 5ensem o que 5ensarem% E s1 5odemos dese?ar a 5u'*icação r95ida de uma ediçãoen<im com5*eta6 ou cr.tica6 que 5ermitiria *er e dar o devido va*or a esse monumento ;nico do

 5ensamento +umano%

Como situar :a+a3;n na ti5o*o3ia das re*aç0es com ou trem #o 5*ano dos ?u*3amentos de va*or6

e*e adere J dou trina cristã da i3ua*dade de todos os +omens% "Na verdade, no que concerne ao governo, eles não perdem em nada, ecetuandose algumas viol3ncias tirInicas, para outras na5Kes que t3m grandes pretensKes de civilidade" (1, "Dr#logo")% " que certo, que todos eles são

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nossos irmãos, oriundos do tronco de !dão como n#s mesmos< eles são o nosso pr#imo a quemdevemos amar como a n#s mesmos" (ibid.).Mas essa 5osição de 5rinc.5io não o arrasta 5ara uma a<irmação de identidade6 nem 5ara umaidea*ização dos .ndios6 como em =as Casas os .ndios tm qua*idades e de<eitos6 como os es5an+1is6mas numa distri'uição di<erente% Em certas ocasi0es e*e *amenta diversos traços do car9ter dos.ndios que *+e 5arecem *astim9veis mas não os e5*ica 5or uma in<erioridade natura* Hcomo teria

<eito :e5;*vedaI6 mas 5e*as condiç0es di<erentes em que vivem6 5rinci5a*mente c*im9ticas amudança é sens.ve*% &e5ois de evo car a 5re3uiça e +i5ocrisia dos .ndios6 e*e nota "Não /ico muitoespantado com os de/eitos e tolices que se encontram nos naturais deste pais, porque os espanh#isque aqui vivem e mais ainda os que aqui nasceram tambm adquirem essas ms tend3ncias. (...)

 Denso que isso se deve ao clima ou s constela5Kes deste pa;s" (R, 20)% Um deta*+e i*ustra 'em adi<erença entre =as Casas e :a+a3;n 5ara =as Casas6 como vimos6 todos os .ndios são 5ortadoresdas mesmas qua*idades não +9 di<erenças entre os 5ovos6 sem <a *ar dos indiv.duos% :a+a3;nnomeia seus in<ormantes 5or seus nomes 5r15rios%

 #o 5*ano do com5ortamento6 :a+a3;n tam'ém ocu5a uma 5osição es5ec.<ica não renuncia emnada seu modo de vida e nem J sua identidade Hnada tem de um PuerreroI contudo6 a5rende

acon+ecer em 5ro<undidade a *.n3ua e a cu*tura do outro6 consa3ra a esta tare<a toda a sua vida eaca'a6 como vimos6 5or com5arti*+ar a*3uns va*ores daque*es que eram inicia*mente seu o'?etode estudo%

Mas é evidentemente no 5*ano e5istmico6 ou do con+ecimento6 que o eem5*o de :a+a3;n é omais interessante% inicia*mente o as5ecto quantitativo que im5ressiona a soma de seuscon+ecimentos é enorme6 e u*tra5assa todas as outras Ha de &ur9n é a que mais se a5roimaI% Maisdi<.ci* de <ormu*ar é a natureza qua*itativa desse con+ecimento% :a+a3;n traz uma massaim5ressionante de materia*6 mas não o inter5reta6 quer dizer6 não o traduz 5ara as cate3orias de umaoutra cu*tura Ha suaI6 evidenciando 5or isso mesmo a re*atividade desta é o tra'a*+o a que sededicarão ( a 5artir de suas investi3aç0es ( os etn1*o3os de +o?e% #a eata medida em que seutra'a*+o6 ou o dos outros mon3es eruditos seus contem5or@neos6 contin+a o 3erme da atitudeetno*13ica6 não 5odia ser rece'ido em sua é5oca de qua*quer modo6 é muito im5ressionante ver queos *ivros de Moto*inia6 O*mos6 =as Casas HA5o*o3etica NistoriaI6 :a+a3;n6 &ur9n6 Tovar6 Mendietanão seriam 5u'*icados antes do sécu*o KK6 ou até se 5erderiam% :a+a3;n s1 deu um 5asso t.midonessa direção6 como vim são suas com5araç0es entre 5anteão asteca e 5anteão ro mano% =as Casasir9 muito mais *on3e na via com5aratista6 na A5o*o3etica Nistoria6 e outros virão de5ois%

Mas a atitude com5aratista não é a do etn1*o3o% O com5aratista co*oca no mesmo 5*ano o'?etos6todos eteriores a e*e6 e continua a ser o ;nico su?eito% A com5aração se re<ere6 tanto em :a+a3;nquanto em =as Casas6 aos deuses dos outros dos astecas6 dos romanos6 dos 3re3os nJo co*oca o

outro no mesmo 5*ano que si mesmo6 e não co*oca em questão suas 5r15rias cate3orias% O etn1*o3o6em com5ensação6 contri'ui 5ara o esc*arecimento rec.5roco de uma cu*tura 5or meio de uma outra6 5ara Dnos <azer mirar na <ace de ou tremD6 se3undo a 'e*a <1rmu*a uti*izada ?9 no sécu*o K8 5orUr'ain C+auveton con+ece(se o outro 5or meio de si e tam'ém a si 5or meio do outro%

:a+a3;n não é um etn1*o3o6 di3am o que disserem seus admiradores modernos% E6 J di<erença de=as Casas6 não é <undamenta*mente com5aratista seu tra'a*+o estaria mais *i3ado 9 etno3ra<ia6 Jco*eta de documentos6 5remissa in dis5ens9ve* 5ara o tra'a*+o etno*13ico% O di9*o3o das cu*turas éne*e <ortuito e inconsciente6 é uma derra5a3em não contro*ada6 não é He não 5ode serI eri3ido emmétodo e*e é inc*usive um inimi3o decidido da +i'ridação cu*tura* que se?a <9ci* assimi*ar a8ir3em Maria J deusa asteca Tonantzin est9 re*acionado6 se3undo e*e6 a uma Dinvenção sat@nicaD HK

,26 A5ndice -I e não se cansa de a*ertar seus corre*i3ion9rios contra qua*quer entusiasmo <9ci*diante das coincidncias entre as duas re*i3i0es6 ou diante da ra5idez com que os .ndios a'raçamo cristianismo% :ua intenção é ?usta( 5or as vozes em vez de <azer com que e*as se inter5etem ou

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são os .ndios que contam suas Dido*atriasD ou é a 5a*avra da B.'*ia6 co5iada no interior de seus*ivros uma das vozes diz a verdade6 a outra6 não% E6 contudo6 vemos aqui os 5rimeiros es'oços do<uturo di9*o3o6 os em'ri0es sem <orma que anunciam nosso 5resente%

E5.*o3o

A pro&ecia de 'as Casas

Bem no <im de sua vida6 =as Casas escreve em seu testamento DCreio que 5or causa dessas o'rasim5ias6 crimi nosas e i3nominiosas6 5er5etradas de modo tão in?usto6 tir@nico e '9r'aro6 &eusderramar9 so're a Es5an+a sua <;ria e sua ira6 5orque toda a Es5an+a6 'em ou ma*6 teve o seuquin+ão das san3rentas riquezas6 usur5adas J custa de tanta ru.na e eterm.nio%D

Essas 5a*avras6 entre a 5ro<ecia e a ma*dição6 esta'e*ecem a res5onsa'i*idade co*etiva doses5an+1is6 e não somente dos conquistadores 5ara os tem5os <uturos6 e não somente 5ara o

 5resente% Anunciam a 5unição do crime6 e a e5iação do 5ecado%

Estamos6 atua*mente6 em 5osição de ?u*3ar se =as Casas 5reviu corretamente ou não% "ode(se <azeruma 5eque na correçJo na etensão de sua 5ro<ecia6 e su'stituir a Es 5an+a 5e*a Euro5a ocidenta*Dem'ora a Es5an+a desem5en+e o 5a5e* 5rinci5a* no movimento de co*onização e de destruição dosoutros6 e*a não est9 s1 5ortu3ueses6 <ranceses6 in3*eses e +o*andeses vm *o3o em se3uida 'e*3as6ita*ianos e a*emães virão unir(se a e*es mais tarde% E se6 em matéria de destruição6 os es5an+1is<azem mais do que as outras naç0es euro5éias6 isso não <ica que e*as não ten+am tentado i3ua*ar(seaos es5an+1is e su5er9(*os%

=eia(se6 5ois6 D&eus derramar9 sua <;ria so're a Euro5aD6 se isso 5u der <azer com que nos sintamosmais diretamente im5*icados% Rea*izou(se a 5ro<ecia Cada um res5onder9 a essa 5er 3unta deacordo com sua o5inião% #o que me diz res5eito6 e consciente da ar'itrariedade que eiste emqua*quer a5reciação do 5resente6 ?9 que a mem1ria ainda não <ez a sua tria3em6 e 5ortanto6 daesco*+a ideo*13ica que estaria im5*icada6 5re<iro assumir a'ertamente min+a visão das coisas6 semdis<arç9(*a em descrição das 5r15rias coisas% Ao <az(*o6 esco*+o no sente e*ementos que me 5arecem ser os mais caracter.sticos que6 conseqZentemente6 contm em 3erme o <uturo ( ou deveriamcont(*o% Como se deve6 essas o'servaç0es serão e*.5icas%

 #ão +9 d;vida de que v9rios acontecimentos da +ist1ria recente 5arecem dar razão a =as Casas% Aescravidão <oi a'o*ida +9 cem anos6 e o co*onia*ismo Js anti3as HJ es5an+o*aI6 +9 uns vinte%

 #umerosas vin3anças tm sido 5raticadas6 e continuam a s(*o6 contra cidadãos das anti3as 5o*ncias co*oniais6 cu?o ;nico crime é6 <reqZentemente6 o <ato de 5ertencerem J nação em questãoos in3*eses6 os americanos6 os <ranceses são6 5ortanto6 considerados como co*etivamenteres5ons9veis 5or seus anti3os co*onizados% #ão sei se devemos ver nisso o e<eito da <;ria e da ir a divinas6 mas 5enso que duas reaç0es se im50em Jque*e que tomou con+ecimento da +ist1riaeem5*ar da conquista da América inicia*mente6 que tais atos nunca 5oderão equi*i'rar a 'a*ançados crimes 5er5etrados 5e*os euro5eus He que6 nesse sentido6 não se 5ode descu*59(*os e6 emse3uida6 que esses atos não são senão a re5rodução qui*o que os euro5eus <izeram de maisconden9ve* ora6 nada é mais a<*itivo do que ver a +ist1ria se re5etindo ( ainda mais no caso da+ist1ria de uma destruição% 8er a Euro5a6 5or sua vez6 co*onizada 5e*os 5ovos da <rica6 da siaou da América =atina H5ossi'i*idade remota6 eu seiI6 ta*vez <osse uma 'e*a revanc+eD6 mas não

 5oderia constituir meu idea*%

Uma mu*+er maia morreu devorada 5e*os cães% :ua +ist1ria6 reduzida a a*3umas *in+as6 concentra

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uma das vers0es etremas da re*ação com outrem% :eu marido6 em re*ação a quem e*a é o DOutrointeriorD6 ?9 não *+e d9 nen+uma c+ance de se a<irmar enquanto su?eito *ivre temendo ser morto na3uerra6 o marido quer con?urar o 5eri3o 5rivando a mu*+er de sua vontade a 3uerra não ser9 a5enasuma +ist1ria de +omens mesmo que e*e este?a morto6 a mu*+er deve continuar a *+e 5ertencer%Quando so'revém o conquistador es5an+o*6 a mu*+er é a5enas o *ocus onde se en<rentam os dese?ose vontades de dois +omens% Matar os +omens6 vio*entar as mu*+eres essas são6 simu*taneamente6

as 5rovas de que um +omem detém o 5oder6 e suas re com5ensas% A mu*+er o5ta 5or o'edecer a seumarido e Js re3ras de sua 5r15ria sociedade e*a uti*iza tudo o que ainda *+e resta de vontade 5essoa* 5ara de<ender a vio*ncia de que <oi o'?eto% Mas6 ?ustamente6 a eterioridade cu* tura* determinar9 odesen*ace desse 5equeno drama e*a não é vio*entada6 como 5oderia ter sido uma es5an+o*a emtem5o de 3uerra atiram(na aos cães6 5orque e*a é6 ao mesmo tem5o6 mu*+er que não consente e.ndia% #unca <oi tão tr93ico o destino de outrem%

Escrevo este *ivro 5ara tentar <azer com que não se esqueça esse re*ato6 e mi*+ares de outros i3uais%Acredito na necessidade de D'uscar a verdadeD6 e na o'ri3ação de divu*39(*a sei que a <unção dain<ormação eiste6 e que o e<eito da in<ormação 5ode serderoso% Meu dese?o não é que as mu*+eresmaias entre3uem os euro5eus que encontram aos cães Hsu5osição a'surda6 natura*menteI% Mas que

se recorde o que 5ode acontecer se não se conse3uir desco'rir o outro%

"ois o outro deve ser desco'erto% Coisa di3na de es5anto6 ?9 que o +omem nunca est9 s16 e não seriao que é sem sua dimensão socia*% E6 no entanto6 é assim 5ara a criança que aca'a de nascer6 seumundo é o mundo6 e o crescimento é uma a5rendiza3em da eterioridade e da socia'i*idade 5ode(se dizer6 um 5ouco 3rosseiramente6 que a vida +umana est9 contida entre dois etremos6 aque*eonde o eu invade o mundo e aque*e onde o mundo aca'a a'sorvendo o eu6 na <orma de cad9ver oude cinzas% E6 como a desco'erta do outro tem v9rios 3raus6 desde o outro como o'?eto6con<undido com o mundo que o cerca6 até o outro como su?eito6 i3ua* ao eu6 mas di<erente de*e6com in<initas nuanças intermedi9rias6 5ode(se muito 'em 5assar a vida toda sem nunca c+e3ar Jdesco'erta 5*ena do outro Hsu5ondo( se que e*a 5ossa ser 5*enaI% Cada um de n1s deve recome ç9(*a6

 5or sua vez as e5erincias anteriores não nos dis5ensam disso% Mas 5odem ensinar quais são ose<eitos do descon+ecimento%

Contudo6 ainda que a desco'erta do outro deva ser assumida 5or cada indiv.duo e recomeceeternamente6 e*a tam'ém tem uma +ist1ria6 <ormas socia* e cu*tura*mente determinadas% A +ist1riada conquista da América me *eva a crer que uma 3rande mudança ocorreu Hou me*+or6 se reve*ouIna aurora do sécu*o K86 di3amos6 entre Co*om'o e Cortez uma di<erença seme*+ante Hnão nosdeta*+es6 é c*aroI 5ode ser o'servada entre Montezuma e Cortez e*e atua6 5ois6 tanto no tem5oquanto no es5aço6 e se me ative mais ao contraste es5acia* do que ao contraste tem5ora*6 é 5orqueeste ;*timo é con<undido 5or transiç1es in<initas6 ao 5asso que o 5rimeiro tem toda a nitidez

dese?ada6 com a a?uda dos oceanos% &esde aque*a é5oca6 e durante quase trezentos e cinqZenta anos6a Euro5a ocidenta* tem( se es<orçado em assimi*ar o outro6 em <azer desa5arecer a a*teridadeeterior6 e em 3rande 5arte conse3uiu <az(*o% :eu modo de vida e seus va*ores se es5a*+aram 5ortodo o mundo como queria Co*om'o6 os co*onizados adotaram nossos costumes e se vestiram%Esse sucesso etraordin9rio deve(se6 entre outros6 a um traço es5ec.<ico da civi*ização ocidenta*6que durante muito tem5o <oi tomado 5or um traço do +omem em 3era*6 seu desenvo*vimento nosocidentais tornando(se6 então6 a 5rova de sua su5erioridade natura* é6 5aradoa*mente6 a ca5acidadeque os euro5eus tm de com5reender os outros% Cortez nos <ornece um 'om eem5*o disso6 e e*etin+a conscincia de que a arte de ada5tação e de im5rovisaçJo%

re3ia seu com5ortamento% Este6 5ode(se dizer esquematicamente6 se or3aniza em dois tem5os% O

 5rimeiro é o do interesse 5e*o outro6 J custa até de uma certa em5atia6 ou identi<icaçJo 5rovis1ria%Cortez entra na 5e*e do outro6 mas de modo meta<1rico6 e não mais *itera* a di<erença éconsider9ve*% Parante assim a com5reensão da *.n3ua6 o con+ecimento da 5o*.tica Hda. seu interesse

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 5e*as dissens1es internas dos astecasI6 e até domina a emissão das mensa3ens num c1di3oa5ro5riado ei(*o <azendo(se 5assar 5or Quetza*coat* de vo*ta J terra% Mas6 ao <az(*o6 nunca se se 5ara de seu sentimento de su5erioridade muito 5e*o con tr9rio6 sua ca5acidade de com5reender ooutro é uma con<ir mação dessa su5erioridade% :e3ue(se então o se3undo tem5o6 no decorrer doqua* e*e não se contenta em rea<irmar sua 5r15ria identidade Hque nunca a'andonou de <atoI6 mas

 5rocede J assimi*ação dos .ndios ao seu 5r15rio mundo6 &o mesmo modo6 como vimos6 os mon3es

<ranciscanos adotam os +9'itos dos .ndios Hrou5as6 a*imentaçãoI 5ara me*+or convert(*os J re*i3iãocristã% Os eurde monstram ter not9veis qua*idades de <*ei'i*idade e im5rovisação6que *+es 5ermitem im5or ainda me*+or6 5or toda 5arte6 o seu modo de vida% c*aro que essaca5acidade de ada5tação e6 ao mesmo tem5o6 de a'sorção nada tem de um va*or universa*6 e trazconsi3o o seu reverso6 que é mui to menos a5reciado% O i3ua*itarismo6 de que uma versão écaracter.stica da re*i3ião cristã Hocidenta*I assim como da ideo*o3ia dos Estados ca5ita*istasmodernos6 serve i3ua* mente J e5ansão co*onia* esta é uma outra *ição6 um 5ou co sur5reendente6de nossa +ist1ria eem5*ar%

Ao mesmo tem5o que o'*iterava a estran+eza do outro eterior6 a civi*ização ocidenta* encontravaum outro interior% &a era c*9ssica até o <im do romantismo Histo é6 até +o?eI os escritores e os

mora*istas não 5araram de desco'rir que a 5essoa não é uma6 ou que e*a não é nada6 que eu é umoutro6 ou uma sim5*es c@mara de eco% S9 não se acre dita em +omens(<era na <*oresta6 masdesco'riu(se a <era dentro do +omem6 Desse misterioso e*emento da a*ma que não 5arece recon+ecernen+uma ?urisdição +umana6 mas6 a5esar da inocncia do indiv.duo que e*e +a'ita6 son+a son+os+orr.veis e murmura os 5ensamentos mais 5roi'i dosD HMe*vi**e6 "edro ou as Am'i3Zidades6 86 2I%

 A instauração do inconsciente 5ode ser considerada como o 5onto cu*minante dessa desco'erta dooutro em si mesmo% Creio que esse 5er.odo da +ist1ria euro5éia6 5or sua vez6 est9 terminandoa3ora% Os re5resentantes da civi*iza ção ocidenta* ?9 não acreditam tão in3enuamente em suasu5erioridade6 e o movimento de assimi*ação en<raquece desse *ado6 ainda que os 5a.ses6 recentesou anti3os6 do Terceiro Mundo continuem a querer viver como os euro5eus% #o 5*ano ideo*13ico

 5e*o menos6 tentamos com'i narrar aqui*o que nos 5arece ser o me*+or nos dois termos daa*ternativa queremos a i3ua*dade sem que e*a acarrete a identidade mas tam'ém a di<erença6 semque e*a de3enere em su5erioridadeXin<erioridade es5eramos co*+er os 'ene<.cios do mode*oi3ua*itarista e do mode*o +ier9rquico as5iramos J recu5eração do sentido do socia*6 sem 5erder aqua*idade do individua*% O socia*ista russo A*eandre Nerzen escrevia em meados do sécu*o KKDCom5reender toda a etensão6 a rea*idade e a sacra*idade dos direitos da 5essoa sem destruir asociedade6 sem <ra3ment9(*a em 9tomos este é o o'?etivo socia* mais di<.ci*%D Ainda estamosdizendo isso6 +o?e em dia%

8iver a di<erença na i3ua*dade é mais <9ci* dizer do que <azer% E no entanto6 v9rias 5ersona3ens de

min+a +ist1ria eem5*ar c+e3aram 5erto disso6 de v9rios modos% #o 5*ano aio*13ico6 um =asCasas conse3uia6 na ve*+ice6 amar e estimar os .ndios não em <unção de um idea* seu6 mas do de*esé um amor não uni<icador6 5ode(se tam'ém dizer DneutroD6 5ara em5re3ar o termo de B*anc+ot e deBart+es% #o 5*ano da ação6 da assimi*ação do outro ou da identi<icação com e*e6 um Ca'eza de 8acaatin3ia i3ua*mente um 5onto neutro6 não 5orque <osse indi<erente Js duas cu*turas6 mas 5orque tin+avivido no interior de am'as de re5ente6 s1 +avia De*esD J sua vo*ta sem tornar(se .ndio6 Ca'eza de8aca ?9 não era tota*mente es5an+o*% :ua e5erincia sim'o*iza6 e anuncia6 a do ei*ado moderno6 oqua*65or sua vez6 5ersoni<ica uma tendncia 5r15ria da nossa sociedade esse ser que 5erdeu sua

 59tria sem 3an+ar ou tra6 que vive na du5*a eterioridade% o ei*ado o que me*+or encarna6 +o?eem dia6 desviando(o de seu sentido ori3ina*6 o idea* de Nu3ues de :aint(8ictor6 assim <ormu*a do nosécu*o K O +omem que ac+a a sua 59tria a3rad9ve* não 5assa de um ?ovem 5rinci5iante aque*e

 5ara quem todo so*o é como o seu 5r15rio ?9 est9 <orte mas s1 é 5er <eito aque*e 5ara quem omundo inteiro é como um 5a.s estran3eiroD Heu6 que sou um ';*3aro morando na França6 co*+o essacitação em Edard :aid6 5a*estino que vive nos Estados Unidos6 que6 5or sua vez6 encontrou(a em

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Eric+ Auer'ac+6 a*emão ei*ado na TurquiaI%

Fina*mente6 no 5*ano do con+ecimento6 um &ur9n e um :a+a3;n anunciavam6 sem rea*iz9(*o 5*enamente6 o di9 *o3o das cu*turas que caracteriza nosso tem5o6 e que6 a nosso ver6 é encarnado 5e*a etno*o3ia6 ao mesmo tem5o <i*+a do co*onia*ismo e 5rova de sua a3onia um di9*o3o em quenin3uém tem a ;*tima 5a*avra6 em que nen+uma das vozes reduz a outra ao status de um mero

o'?eto6 e onde se tira vanta3em de sua eterioridade ao outro &ur9n e :a+a3;n6 s.m'o*osam'.3uos6 5orque es5.ritos medievais ta*vez se?a ?ustamente essa eterioridade J cu*tura do tem5ode*es a res5ons9ve* 5or sua modernidade% Através desses v9rios eem5*os se a<irma uma mesma

 5ro5riedade uma nova eoto5ia H5ara <a*ar como Ba]+tineI6 uma a<irmação da eterioridade dooutro que vem ?unto com seu recon+eci mento enquanto su?eito% Ta*vez +a?a a. não somente umanova maneira de viver a a*teridade6 mas tam'ém um traço caracter.stico de nosso tem5o6 comoeram o individua*is mo e autote*ismo em re*ação J é5oca cu?o <im começamos a divisar% Assim

 5ensaria um otimista como =evinas D#ossa é5oca não se de<ine 5e*o triun<o da técnica 5e*atécnica6 nem tam5ouco se de<ine 5e*a arte6 assim como não se de <ine 5e*o nii*ismo% E*a é ação 5araum mundo que vem6 su5eração de sua é5oca ( su5eração de si que requer a e5i<ania do Outro%DEste *ivro i*ustra e*e mesmo a atitude nova diante do outro6 através de min+a re*ação com os autores

e as 5ersona3ens do sécu*o K8 :1 5osso <a*ar de min+as intenç1es6 e não do e<eito que 5roduzem%

 Eu quis evitar dois etremos% O 5rimeiro é a tentação de re5roduzir a voz das 5ersona3ens como éem si mesma de 5rocurar eu mesmo desa5arecer 5ara me*+or servir ao outro6 O se3undo é su'meter os outros a si6 trans<orm9(*os em marionetes e contro*ar(*+es os <ios% Entre os dois6 5rocureinão um cam5o intermedi9rio6 mas a via do di9*o3o% Eu inter5e*o6 trans5on+o6 inter5reto essestetos mas tam'ém deio que <a*em Hda. tantas citaç0esI e se de<endam% &e Co*om'o a :a+a3;n6essas 5ersona3ens não <a*avam a mesma *in3ua3em que eu mas não se d9 vida ao outro deiando(ointacto6 assim como não se 5ode <az(*o a'a<ando com5*etamente a sua voz% "r1imos e distantesao mesmo tem5o6 eu quis v(*os como <ormadores de um dos inter*ocutores de nosso di9*o3o%

Mas nossa é5oca se de<ine i3ua*mente 5or uma e5erincia de certo modo caricatura* dessesmesmos traços o que é certamente inevit9ve*% Essa e5erincia <reqZentemente camu<*a o traçonovo 5or sua a'und@ncia6 e Js ve zes até o 5recede6 ?9 que a 5ar1dia assa muito 'em sem mode*o6 Oamor DneutroD6 a ?ustiça Ddistri'utivaD de =as Casas sJo 5arodiados6 e esvaziados de sentido6 numre*ativismo 3enera*izado6 em que tudo se equiva*e6 desde que se esco*+a o 5onto de vistaa5ro5riado o 5ers5ectivismo *eva J indi<erença e J ren;ncia a todos os va*ores% A desco'erta6 5e*oDeuD6 dos De*esD que ne*e eistem é acom5an+ada 5e*a a<irmação muito mais assustadora dodesa5arecimen to do DeuD no Dn1sD6 caracter.stica dos re3imes tota*it9rios% O e.*io é <ecundo se se

 5ertencer simu*taneamente a duas cu*turas6 sem se identi<icar com nen+uma mas se a socie adeinteira <or <eita de ei*ados6 o di9*o3o das cu*turas cessa é su'stitu.do 5e*o ec*etismo e o

com5aratismo6 5e*a ca5acidade de amar de tudo um 5ouco6 de sim5atizar va3amente com todas aso5ini0es sem nunca adotar nen+uma% A +etero*o3ia6 que <az soar a di<erença das vozes6é necess9ria a 5o*i*o3ia é ins.5ida% En<im6 a 5osição do etn1*o3o é <ecunda muito menos turista6cu?a curiosidade 5e*os costumes estran3eiros *eva até a i*+a de Ba*i ou aos su';r 'ios de :a*vador6mas que con<ina a e5erincia da +etero3eneidade no es5aço de suas <érias remuneradas%

verdade que6 J di<erença do etn1*o3o6 e*e 5a3a a via3em do seu 'o*so%A +ist1ria eem5*ar daconquista da América nos ensi na que a civi*ização ocidenta* venceu6 entre outras coisas6 3raças Jsua su5erioridade na comunicação +umana mas tam'ém que essa su5erioridade se a<irmou J custada comunicação com o mundo% :a.dos do 5er.odo co*onia*6 sen timos con<usamente a necessidadede reva*orizar essa comunicação com o mundo mas aqui tam'ém a 5ar1dia 5arece 5receder a

versão séria6 Os 'iD5ies americanos dos anos sessenta6 recusando(se a adotar o idea* de seu 5a.s6 que 'om'ardeava o 8ietnã6 tentaram reencontrar a vida do 'om se*va3em% Um 5ouco como os .ndiosdas descriç0es de :e5;*veda6 e*es queriam dis5ensar o din+eiro6 esquecer os *ivros e a escrita6 dar

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 5rovas de indi<erença em re*ação Js rou5as6 e renunciar ao uso das m9quinas6 5ara <azer tudo comsuas 5r15rias mãos% Mas essas comunidades estavam evidentemente <adadas ao <racasso6 ?9 quea5*icavam esses traços D5rimitivosD so're uma menta*.dade individua*ista 5er<eitamente moderna%O DC*u' MéditerranéeD 5ermite viver esse mer3u*+o no mundo 5rimitivo Hausncia de din+eiro6 de*ivros e6 eventua*mente6 de rou5asI sem co*ocar em questão a continuidade da vida de Dcivi*izadoDo sucesso comercia* dessa <1rmu*a é 'em con+ecido% As vo*ta s Js re*i3i0es anti3as ou novas não

 5odem6 creio eu6 encarnar isso a vo*ta ao 5assado é im5oss.ve*% :a'emos que não queremos mais amora* Ha amora*I do Dtudo é 5ermitidoD 5ois ?9 sentimos as suas conseqZncias mas é 5recisoencontrar novas 5roi'iç0es6 ou uma nova motivação 5ara as ve*+as6 5ara que 5ossamos

 5erce'er(*+es o sentido% A ca5a cidade de im5rovisação e de identi<icação instant@nea 5ro curaequi*i'rar(se 5or uma va*orização do ritua* e da identidade mas é duvidoso que 'asta vo*ta aotorrão nata*%

Re*atando e ana*isando a +ist1ria da conquista da América6 <ui *evado a duas conc*us0esa5arentemente contradit1rias% "ara <a*ar das <ormas e das es5écies de comunica ção6 co*oquei(meinicia*mente numa 5ers5ectiva ti5o*13ica os .ndios <avorecem o interc@m'io com o mundo6 oseuro5eus6 o interc@m'io com os +omens nen+um dos dois é intrinsecamente su5erior ao outro6 e

sem5re 5recisamos dos dois ao mesmo tem5o 3an+ando(se em um dos 5*anos6 5erde(senecessariamente no outro% Mas6 ao mesmo tem5o6 <ui *evado a constatar uma evo*ução natecno*o3iaD do sim'o*ismo essa evo*ução 5ode ser reduzida6 5ara sim5*i<icar6 ao a5arecimento da escrita% Ora6 a 5resença da escrita <avorece a im5rovisação em detrimento do ritua*6 assim como aconce5ção *inear do tem5o6 ou6 de outro modo6 a 5erce5ção de outrem% Naveria tam'ém umaevo*ução6 da comunicação com o mundo J comunicação entre os +omens &e modo mais 3era*6recon+ecer uma evo*ução6 não seria devo*ver J noçJo de 'ar'9rie um sentido não re*ativoA so*ução dessa a5oria não consiste6 5ara mim6 no a'andono de uma das duas a<irmaç0es6 masantes no reco +ecimento6 5ara cada evento6 de determinaç0es m;*ti5*as6 que condenam ao <racassoqua*quer tentativa de sistematizar a +ist1ria% isso que e5*ica que o 5ro3resso tecno*13ico6sa'emos disso muito 'em atua*mente6 não acarrete uma su5erioridade no 5*ano dos va*ores morais esociais He nem uma in<erioridadeI% As sociedades com escrita são mais avançadas do que associedades sem escrita mas +averia motivo 5ara +esitação se tivéssemos de esco*+er entresociedades de sacri<.cio e sociedade de massacre%

 #um outro 5*ano ainda6 a e5erincia recente é desencora?adora o dese?o de u*tra5assar oindividua*ismo da so ciedade i3ua*it9ria e de c+e3ar J socia'i*idade 5r15ria das sociedades+ier9rquicas encontra(se6 entre outros6 nos Estados tota*it9rios% Estes se 5arecem com a criançamonstruosa temida 5or Bernard :+a que6 dizem6 <oi consu*tado 5or sadora &uncan tão <eiaquanto e*e e tão 5arva quanto e*a% Esses Estados6 certamente modernos6 não 5odendo serassimi*ados nem Js sociedades de sacri<.cio nem Js sociedades de massacre6 re;nem no entanto

certos traçosjdas duas e mereceriam a criação de uma 5a*avra mista são sociedades de maissacri<.cio% Como nas 5rimeiras6 5ro<essa(se um re*i3ião de Estado como nas ;*timas6 o com 5ortamento est9 <undamentado no 5rinc.5io ]aramazoviano do tudo é 5ermitidoD% Como nosacri<.cio6 mata(se inicia*mente em casa como no caso dos massacres6 ocu*ta(se e ne3a(se aeistncia dessas matanças% Como *96 as v.timas são esco*+idas individua*mente como aqui6 sãoeterminadas sem nen+uma idéia de ritua*% O terceiro termo eis te6 mas é 5ior do que os dois

 5recedentes que <azer A <orma de discurso que se im5Gs a mim 5ara este *ivro6 a +ist1riaeem5*ar6 resu*ta ainda do dese?o de u*tra 5assar os *imites da escrita sistem9tica6 sem 5or isso Dvo*tarD ao mito 5uro% Ao com5arar Co*om'o e Cortez6 Cortez e Montezuma6 tomo conscincia de queas <ormas da comunicação6 5rodução tanto quanto inter5retação6 em'ora se?am universais e eternas6não são o<erecidas J *ivre esco*+a dos escritor6 mas são corre*atas das ideo*o3ias em vi3or6 e 5odem6

 5or isso mesmo6 se tornar o si3no das mesmas% Mas qua* é o discurso a5ro5riado 5ara a menta*idade+etero*13ica #a civi*ização euro5éia6 o *o3os venceu o mVt+os ou me*+or6 em *u3ar do discurso 5o*imor<o6 dois 3neros +omo3neos se im5useram a cincia6 e tudo o que est9 *i 3ado a e*a6 diz

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res5eito ao discurso sistem9tico a *iteratura e seus avatares 5raticam o discurso narrativo% Mas esteter reno enco*+e a cada dia que 5assa até os mitos são reduzi dos a quadros de du5*a entrada6 a

 5r15ria +ist1ria é su'stituida 5e*a an9*ise sistem9tica6 e os romances *utam sem tré3ua contra o 5assar do tem5o6 5e*a <orma es5acia*6 tendendo 5ara o idea* da matriz im1ve*% Eu não 5odia medesvincu*ar da visão dos DvencedoresD sem renunciar6 ao mesmo tem5o6 J <orma discursiva de quee*es se a5ro5riaram% :into a necessidade He não ve?o nisso nada de individua*6 5or isso escrevo(oI de

aderir ao re*ato que 5ro50e mais do que im50e de reencontrar6 no interior de um s1 teto6 acom5*ementaridade do discurso narrativo e do discurso sistem9tico de modo que min+a +ist1riata*vez se 5areça mais6 quanto ao 3nero6 e co*ocando de *ado qua*quer questão de va*or6 com a deNer1doto do que com o idea* de v9rios +istoriadores contem5or@neos%

Certos <atos que re*ato *evam a a<irmaç0es 3erais outros Hou outros as5ectos dos mesmos <atosI6não% A*ém desses retos que eu su'meto J an9 *ise6 +9 outros6 insu'missos% E se6 neste eatomomento6 eu tiro a mora*D de min+a +ist1ria6 não é de modo a*3um com a intenção de reve*ar e<iar seu sentido um re*ato não é redut.ve* a ma m9ima mas 5orque ac+o mais <ranco <ormu*ara*3umas das im5ress0es que e*a me deiou6 ?9 que tam'ém sou um de seus *eitores% A +ist1riaeem5*ar eistiu no 5assado mas o termo não tem a3ora o mesmo sentido que tin+a então% &esde

C.cero6 re5ete(se o ad93io Nistoria ma3istra vitae6 seu sentido é que o destino do +omem éimut9ve*6 e que é 5oss.ve* ca*car o com5ortamento 5resente no dos +er1is do 5assado% Essaconce5ção da +ist1ria e do destino 5ereceu com o advento da ideo*o3ia individua*ista moderna6 ?9que desde então 5re<ere(se acreditar que a vida de um +omem *+e 5ertence6 e que não tem nada aver com a de um outro% #ão creio que o re*ato da conquista da América se?a eem5*ar no sentido deque re5resentaria um retrato <ie* de nossa re*ação com o outro não somente Cortez não é i3ua* aCo*om'o6 mas n1s ?9 não somos i3uais a Cortez% 3norando a +ist1ria6 diz o ditado6 corre(se o riscode re5eti(*a6 mas con+ec(*a não 'asta 5ara sa'ermos o que é 5reciso <azer% :omos 5arecidos com osconquistadores e di<erentes de*es seu eem5*o é instrutivo6 mas ?amais teremos certeza de quenão nos com5ortando como e*es6 não estamos6 ?usta mente6 a imit9(*os6 ada5tando(nos Js novascircunst@ncias% Mas a sua +ist1ria 5ode ser eem5*ar 5ara n1s 5orque nos 5ermite <azer uma auto(re<*eão6 desco'rir as seme*+anças e tam'ém as di<erenças mais uma vez o con+ecimento de si

 5assa 5e*o con+ecimento do outro%"ara Cortez6 a conquista do sa'er *eva J do 5oder% Fico com aconquista do sa'er6 ainda que se?a 5ara resistir ao 5oder% N9 a*3uma *eviandade em *imitar(se a

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