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134
Correlação entre a Rugosidade e o Ângulo de Atrito em Superfícies de Descontinuidade Abertas Ângela Maria Moreira Fontes Miguel Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em Engenharia Geológica e de Minas Júri Presidente: Professor Doutor António Jorge Gonçalves de Sousa Orientadora: Professora Doutora Maria Matilde Mourão de Oliveira Carvalho Horta Costa e Silva Vogal: Professora Doutora Ana Paula Alves Afonso Falcão Neves Novembro, 2011

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Correlação entre a Rugosidade e o Ângulo de Atrito em Superfícies de Descontinuidade Abertas

Ângela Maria Moreira Fontes Miguel

Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em

Engenharia Geológica e de Minas

Júri

Presidente: Professor Doutor António Jorge Gonçalves de Sousa

Orientadora: Professora Doutora Maria Matilde Mourão de Oliveira Carvalho Horta Costa e Silva

Vogal: Professora Doutora Ana Paula Alves Afonso Falcão Neves

Novembro, 2011

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I

Agradecimentos

Quero agradecer com um carinho especial aos meus pais, às minhas irmãs e ao Luís, pelo apoio

constante e compreensão que me dedicaram durante a realização deste trabalho e durante todo o

meu percurso académico.

À minha orientadora, Professora Matilde Costa e Silva, agradeço a orientação, o apoio técnico e

humano dispendidos e os constantes ensinamentos, ao longo destes anos.

Ao Laboratório de Geomecânica do IST agradeço o material e equipamento facultado. Ao Sr. Jorge

Fernandes um muito obrigada por toda a ajuda dada. Ao Eng. Gustavo Paneiro agradeço por todo o

tempo e ensinamentos dispensados.

Ao Pedro Correia agradeço a preciosa ajuda que me deu, com uma ferramenta por si criada, e

constante amizade e disponibilidade demonstrada. Às minhas amigas Filipa Torcato, Catarina Matos

e Catarina Marciano, agradeço a amizade e companheirismo em todos os momentos. Agradeço aos

colegas e amigos Ana Sofia Alberto, Carina Veríssimo, João Gabriel, Júlio Caineta, Maria Helena

Caeiro, Pedro Nunes, Tiago Henriques e a todos os que me acompanharam durante este percurso.

Quero também dar um agradecimento muito especial à querida Ágata de Sousa, a Maior.

Um muito obrigada a todos!

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II

Page 5: Tese 5,3 MB

III

Resumo

O presente trabalho foi realizado com o intuito de estudar a variação do ângulo de atrito de

descontinuidades rochosas com a rugosidade das superfícies destas. Para esta abordagem, foram

medidas as superfícies de dois tipos de rocha, calcário margoso e xisto micáceo, a fim de se

quantificar a rugosidade e foram realizados ensaios de deslizamento sobre as mesmas para a

obtenção dos parâmetros de resistência.

A quantificação da rugosidade das descontinuidades foi feita através do parâmetro linear de

rugosidade média, , e do parâmetro de rugosidade superficial, . Estes parâmetros foram

relacionados com o ângulo correspondente à componente das asperidades, , obtido do ângulo de

atrito de pico, , nos ensaios de deslizamento de diaclases.

O estudo desenvolvido permitiu o estabelecimento de correlações entre os resultados experimentais

obtidos e as características de resistência de descontinuidades.

Palavras-chave: rugosidade, asperidades, descontinuidades, ângulo de atrito, resistência ao corte.

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IV

Page 7: Tese 5,3 MB

V

Abstract

This research was conducted with the aim of study the variation of rock discontinuities friction angle

with the discontinuities surfaces roughness. For this approach, the surfaces of two rock types were

measured, marly limestone and micaceous schist, in order to quantify their roughness. Shear tests

were also performed to obtain the shear strength parameters of the discontinuities.

The quantification of rock discontinuities roughness was performed using the arithmetical average

roughness parameter, , and the surface roughness parameter, . These parameters were related

with the angle corresponding to the asperities component, , derived from the peak friction angle,

, in joint shear tests.

The developed study, allowed the establishment of correlations between the experimental results

and the strength characteristics of discontinuities.

Keywords: roughness, asperities, discontinuities, friction angle, shear strength.

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VI

Page 9: Tese 5,3 MB

VII

Lista de Abreviaturas e Simbologia

- ângulo de inclinação da superfície, no tilt

test

- deslocamento tangencial

- ângulo de dilatância no pico

- resistência à compressão da rocha

- tensão normal

– tensão de transição entre regimes

- tensão tangencial

- resistência ao corte de pico

- resistência ao corte residual

- resistência ao corte das asperidades

- ângulo de atrito da descontinuidade

- ângulo de atrito básico

- ângulo de atrito de pico

- ângulo de atrito de pico, para rectas

corrigidas

- ângulo de atrito residual

- ângulo de dilatância

- ângulo de dilatância de pico

- área total projectada

- área projectada ou área da secção

transversal de medição

- áreas elementares triangulares

- área superficial de contacto aparente

- área superficial de contacto real

- razão entre a área onde ocorre o corte

através das asperidades e a área restante

- área projectada das asperidades cortadas,

área de superfície real

- Arithmetical Average

- coesão aparente

- coesão residual

- Center Line Average

– dilatância

- ângulo de dilatância, componente

geométrica

- força aplicada na amostra

- ângulo médio da rugosidade

- (joint compressive strength) resistência à

compressão da rocha na superfície da

fractura

- correcção de escala para , bloco in

situ

- (joint roughness coefficient) coeficiente

de rugosidade da descontinuidade

- correcção de escala para , bloco in

situ

- comprimento de perfil

- tamanho do bloco à escala de laboratório

(100 mm)

- tamanho do bloco in situ

M – linha média central

- número de ordenadas

- pressão (normal – ; tangencial – )

- número de Schmidt para superfícies

alteradas e molhadas

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VIII

- número de Schmidt para superfícies

serradas sãs e secas

- média aritmética da rugosidade de um

perfil

- de perfis perpendiculares ao

deslizamento, direcção

- de perfis paralelos ao deslizamento,

direcção

– valor médio de da superfície

- valor médio de da superfície

- valor máximo de da superfície

) - valor máximo de da superfície

- coeficiente de correlação

- coeficiente de determinação

- coeficiente de determinação ajustado

- desvio quadrático médio do perfil de

rugosidade

- coeficiente de rugosidade superficial

- secção da amostra

- componente relacionada com a rotura das

asperidades

- deslocamento horizontal medido na

direcção de corte

- deslocamento vertical do plano médio da

descontinuidade de pico

– eixo dos x

– eixo dos y

- altura das irregularidades

– eixo dos z

- desvio quadrático médio da primeira

derivada do perfil

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IX

Índice

Agradecimentos .................................................................................................................................. I

Resumo .............................................................................................................................................III

Abstract ............................................................................................................................................. V

Lista de Abreviaturas e Simbologia ................................................................................................... VII

1. Introdução ..................................................................................................................................1

1.1. Enquadramento geral ...............................................................................................................1

1.2. Objectivos ................................................................................................................................2

1.3. Organização da dissertação ......................................................................................................2

2. Resistência ao corte de descontinuidades ...................................................................................3

2.1. Introdução ...............................................................................................................................3

2.2. Superfícies planas e lisas ..........................................................................................................7

2.3. Superfícies Rugosas ................................................................................................................ 10

2.3.1. Superfícies idealizadas ..................................................................................................... 11

2.3.2. Superfícies Reais .............................................................................................................. 15

3. Rugosidade ............................................................................................................................... 25

3.1. Introdução ............................................................................................................................. 25

3.2. Métodos para a descrição da rugosidade................................................................................ 30

3.3. Quantificação da rugosidade .................................................................................................. 36

3.3.1. Parâmetros lineares ......................................................................................................... 37

3.3.2. Parâmetros superficiais ................................................................................................... 38

4. Ensaios de laboratório – Estudo experimental ........................................................................... 41

4.1. Introdução ............................................................................................................................. 41

4.2. Caracterização da rugosidade ................................................................................................. 42

4.2.1. Leitura de coordenadas e medição .................................................................................. 43

4.3. Ensaios de deslizamento de diaclases ..................................................................................... 46

5. Resultados e Análise dos Dados................................................................................................. 49

Page 12: Tese 5,3 MB

X

5.1. Introdução ............................................................................................................................. 49

5.2. Quantificação das superfícies rugosas. ................................................................................... 49

5.2.1. Cálculo ....................................................................................................................... 50

5.2.2. Cálculo ........................................................................................................................ 52

5.2.3. Relação entre e ...................................................................................................... 53

5.3. Ensaio de deslizamento de diaclases ...................................................................................... 56

5.4. Determinação de ......................................................................................................... 60

5.5. Análise dos resultados ............................................................................................................ 61

6. Conclusões e Recomendações ................................................................................................... 67

7. Referências Bibliográficas .......................................................................................................... 69

Anexo I – Perfis medidos .................................................................................................................... iii

Anexo II – Ensaio de deslizamento de diaclases ................................................................................ xvi

Anexo III – Código do programa que calcula o parâmetro .......................................................... xxii

Anexo IV – Parâmetro ................................................................................................................xxvi

Anexo V – Parâmetro ................................................................................................................ xxxii

Anexo VI – Regressão não-linear ................................................................................................. xxxviii

Anexo VII – Diagramas tensão tangencial – tensão normal ......................................................... xl

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XI

Índice de Figuras

Figura 2.1 – Transição da rocha intacta para um maciço rochoso fracturado com o aumento do

tamanho da amostra. ......................................................................................................4

Figura 2.2 – Relações entre tensão de corte e normal na superfície deslizante para três

descontinuidades em diferentes condições geológicas ....................................................6

Figura 2.3 – Ensaio de corte em descontinuidade ................................................................................8

Figura 2.4 – Ensaio de corte em descontinuidade lisa ........................................................................ 10

Figura 2.5 – Curva tensão de corte – deslocamento para descontinuidade rugosa regular................. 11

Figura 2.6 – Modelo da experiência de Patton .................................................................................. 12

Figura 2.7 – Envolvente bilinear de rotura de pico obtida a partir de ensaios de corte directo nos

modelos de Patton. ....................................................................................................... 13

Figura 2.8 – Curva tensão de corte – deslocamento para descontinuidade rugosa irregular. ............. 15

Figura 2.9 – Envolventes de rotura para valores de resistências de pico e residual. ........................... 16

Figura 2.10 – Perfis de rugosidade e valores correspondentes. .................................................. 19

Figura 2.11 – Método alternativo para estimar o JRC, em campo ...................................................... 20

Figura 2.12 – Componentes da resistência ao corte e sua redução com o aumento do tamanho dos

blocos ........................................................................................................................... 21

Figura 2.13 – Tamanho do bloco ( ) .................................................................................................. 22

Figura 3.1 – Diferentes escalas da rugosidade em superfície de descontinuidade. A rugosidade pode

ser caracterizada pelo ângulo ...................................................................................... 25

Figura 3.2 – Perfis típicos de rugosidade e respectivas designações................................................... 26

Figura 3.3 – Medição dos ângulos de rugosidade para asperidades de 1ª e 2ª ordem, em superfícies

rochosas rugosas ........................................................................................................... 27

Figura 3.4 – Efeito da direcção de corte na resistência ao corte de uma descontinuidade. ................ 29

Figura 3.5 – Classificação dos principais métodos para a medição da rugosidade. ............................. 31

Figura 3.6 – Medição da rugosidade superficial com um apalpador ................................................... 31

Figura 3.7 – Pormenores do rugosímetro de contacto do Laboratório de Geomecânica do IST. ......... 32

Page 14: Tese 5,3 MB

XII

Figura 3.8 – Sistema proposto por Develi et al................................................................................... 33

Figura 3.9 – a) Perfilómetro a laser; b) A superfície rochosa transformada numa imagem ................. 34

Figura 3.10 – a) Scanner ATOS I - 3D e amostra; b) Exemplos de digitalização 3D .............................. 35

Figura 3.11 – Perfis de duas secções, nas direcções e , de uma superfície cortada por planos

perpendiculares. ........................................................................................................... 37

Figura 3.12 – Área real e projectada de uma superfície rochosa. ....................................................... 39

Figura 3.13 – Triangulação de uma superfície elementar. .................................................................. 39

Figura 4.1 – Rugosímetro do Laboratório de Geomecânica. ............................................................... 43

Figura 4.2 – Exemplo da malha de pontos medidos na amostra X5B, com indicação da direcção do

corte. ............................................................................................................................ 44

Figura 4.3 – Perfis medidos segundo a direcção e , para uma amostra de xisto (X5B). ................. 45

Figura 4.4 – Equipamento de corte directo do Laboratório de Geomecânica ..................................... 46

Figura 4.5 – Curvas tensão de corte – deslocamento tangencial, para

, amostra X1. ........................................................................................... 48

Figura 5.1 – Procedimento para a obtenção dos parâmetros de rugosidade. ..................................... 49

Figura 5.2 – Conceito de linha média................................................................................................. 50

Figura 5.3 – Rugosidade média .................................................................................................... 50

Figura 5.4 – Representação da linha média para dois perfis segundo a direcção e ,

respectivamente, para a amostra X5 (lado B). ............................................................... 51

Figura 5.5 – Superfície da amostra de calcário margoso (C4) e superfície do xisto micáceo (X5) e

direcção do deslizamento imposto. ............................................................................... 52

Figura 5.6 – Ajuste gráfico da função aos dados, para as amostras de calcário .................................. 55

Figura 5.7 – Ajuste gráfico da função aos dados, para as amostras de xisto ....................................... 55

Figura 5.8 – Diagrama tensões tangenciais – tensões normais, para a amostra X1. ............................ 57

Figura 5.9 – Relação linear de com o ângulo . ............................................................................. 60

Figura 5.10 – Diagrama de dispersão versus resistência tangencial de pico................................... 62

Figura 5.11 – Diagrama rugosidade superficial versus o ângulo de atrito de pico e residual. .............. 62

Figura 5.12 – Relação linear entre e . ..................................................................................... 63

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XIII

Figura 5.13 – Relação linear entre e . ................................................................................... 63

Figura 5.14 – Relação linear entre e . ................................................................................... 64

Figura 5.15 – Relação linear entre e . ........................................................................... 64

Figura 5.16 – Relação linear entre o factor e . .................................................................. 65

Índice de Tabelas

Tabela 3.1 – Classificação da rugosidade de descontinuidades .......................................................... 26

Tabela 4.1 – Amostras de calcário margoso ....................................................................................... 41

Tabela 4.2 – Amostras de xisto micáceo ............................................................................................ 42

Tabela 5.1 – Valores médios e máximos do parâmetro . ............................................................... 52

Tabela 5.2 – Parâmetro . ............................................................................................................... 53

Tabela 5.3 – Resultados da regressão não-linear, obtidos pelo software LAB Fit. ............................... 54

Tabela 5.4 – Resultados dos ensaios de deslizamento. ...................................................................... 56

Tabela 5.5 – Ensaio de deslizamento de diaclases. ............................................................................ 58

Tabela 5.6 – Resultados para . ..................................................................................................... 59

Tabela 5.7 – Ângulo . ...................................................................................................................... 59

Tabela 5.8 – Valores de . ............................................................................................................. 61

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1

1. Introdução

1.1. Enquadramento geral

O conhecimento do comportamento geomecânico dos maciços rochosos é fundamental para o

estudo da estabilidade de qualquer superfície rochosa ou escavação subterrânea. Este

comportamento torna-se complexo devido à presença de descontinuidades, ou seja, o maciço

rochoso apresenta-se como um meio descontínuo e anisotrópico, eventualmente heterogéneo,

composto por dois tipos de elementos: a matriz rochosa e as descontinuidades.

Por matriz rochosa ou material rochoso entende-se a rocha intacta existente entre descontinuidades

(Brady e Brown, 2005), que representa a maior parte do volume do maciço. O termo

descontinuidade refere-se a uma superfície de separação, ou seja, uma quebra na continuidade

espacial de um material (Vásárhelyi, 1999), caracterizada por uma resistência à tracção baixa ou igual

a zero (Hudson e Harrison, 1997).

O comportamento de um maciço rochoso vai depender, então, das características das

descontinuidades existentes, assim como da rocha matriz e sua história evolutiva (Dinis da Gama e

Longo, 2006). Segundo Hudson e Harrison (1997) as descontinuidades podem ser o factor mais

importante na estabilidade e comportamento de um maciço rochoso fracturado, pois estas

condicionam a resistência, a deformabilidade e permeabilidade deste. Esta importância reside no

facto das descontinuidades serem planos de fraqueza no seio da rocha intacta, geralmente mais

resistente, sendo que a rotura tende a ocorrer, preferencialmente, ao longo destas superfícies

(Wyllie e Mah, 2004). Estas podem ter diferentes feições geométricas e mecânicas, sendo a natureza

e distribuição destas estruturas geológicas denominada de estrutura rochosa (Hudson e Harrison,

1997; Brady e Brown, 2005).

A descrição da rugosidade em superfícies de descontinuidades em toda a escala é parte importante

da descrição geométrica da estrutura rochosa (Fecker e Rengers, 1971 apud Hoek e Londe, 1974)

referida, sendo um factor que tem especial incidência na resistência ao deslizamento das

descontinuidades, principalmente se estas se apresentarem fechadas e sem movimentos prévios. A

sua importância como factor favorável ao aumento da resistência diminui com os aumentos da

abertura, da espessura do enchimento ou do valor do deslocamento devido a anteriores movimentos

de escorregamento (Brady e Brown, 2005).

A significativa influência da rugosidade no comportamento mecânico ao corte das superfícies de

descontinuidade implica que o seu conhecimento e caracterização sejam importantes para prever o

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2

comportamento resistente dos maciços rochosos. Com o intuito de definir o comportamento

mecânico das descontinuidades partindo do conhecimento do material rochosos e da caracterização

da geometria da superfície da descontinuidade têm sido estabelecidos diversos modelos físicos (e.g.

Patton, 1966 e Barton, 1973). Apesar destes esforços, continua a ser necessário recorrer a ensaios

nas diversas fases de uma obra de engenharia para caracterizar ou, no mínimo, aferir o

comportamento das descontinuidades (Resende, 2003), principalmente devido à dificuldade da

caracterização da rugosidade, pela sua natureza tridimensional e não repetitiva.

1.2. Objectivos

A presente dissertação foca a importância da rugosidade de superfícies de descontinuidades

rochosas no seu comportamento ao corte. Tendo por objectivos contribuir com uma abordagem

experimental para a caracterização da rugosidade e analisar a sua relação com os parâmetros de

resistência obtidos através de ensaios de deslizamento, de forma a melhor estimar a resistência ao

deslizamento de descontinuidades.

1.3. Organização da dissertação

O trabalho apresenta-se estruturado em seis capítulos que se descrevem sucintamente. Ao primeiro

capítulo de introdução seguem-se os capítulos de revisão da literatura. No segundo capítulo referem-

se os aspectos relacionados com a resistência ao corte de descontinuidades, tendo em conta a

interface destas, e apresentam-se alguns modelos de comportamento de descontinuidades de

maciços rochosos, quando sujeitas a deslizamento (e.g. Patton, 1966 e Barton, 1973). No terceiro

capítulo descreve-se a rugosidade, tendo em conta as asperidades de primeira e segunda ordem,

apresentam-se alguns métodos ou equipamentos existentes para a sua medição e alguns dos

parâmetros que a permitem quantificar.

No quarto capítulo descrevem-se os testes efectuados, tanto os ensaios de deslizamento de

diaclases, como as medições ou leituras feitas através de um rugosímetro de contacto, que permitem

obter a topografia das superfícies estudadas. No quinto capítulo são apresentados os resultados

obtidos, são calculados os parâmetros característicos das superfícies, que são analisados e

interpretados juntamente com os dados obtidos nos ensaios de deslizamento.

Finalmente, no Capítulo 6, fazem-se algumas considerações finais, como conclusão de todo o

trabalho. E formulam-se ainda algumas hipóteses explicativas dos comportamentos das superfícies

estudadas.

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3

2. Resistência ao corte de descontinuidades

2.1. Introdução

A resistência de um maciço rochoso é função da resistência da rocha intacta e das descontinuidades

presentes neste. Segundo o grau de fracturação, o comportamento e propriedades resistentes de um

maciço rochoso podem ser definidas pela (Vallejo et al, 2004, apud Camones, 2010):

Resistência da rocha intacta (isótropa ou anisótropa);

Resistência ao corte de uma família de descontinuidades ou famílias,de acordo com a escala

do problema a analisar (famílias representativas do maciço rochoso);

Resistência global de um sistema de blocos rochosos com comportamento isótropo.

A resposta de uma rocha a uma força imposta mostra um efeito pronunciado do tamanho ou escala

do volume carregado, dependendo este efeito da natureza descontínua do maciço rochoso (Brady e

Brown, 2005). Experimentalmente, amostras geometricamente homotéticas de um mesmo material

sujeitas a solicitações de carga semelhantes exibem características que não são constantes, mas

função da dimensão da amostra. O efeito de variação destas características com a dimensão da

amostra é o que se considera o efeito de escala (Graça, 1986).

Este efeito pode ser apreciado observando-se o comportamento de um mesmo maciço rochoso

solicitado pelo mesmo sistema de cargas onde o efeito de escala se torna fundamental para a

avaliação da estabilidade de diferentes trabalhos de engenharia: por exemplo, numa escavação

mineira subterrânea (Brady e Brown, 2005) e num talude de uma mina a céu aberto (Wyllie e Mah,

2004). A Figura 2.1 mostra como um mesmo maciço rochoso pode ser estudado como uma rocha

isótropa intacta, passando a ser encarado como um maciço rochoso altamente anisotrópico em que

a rotura é controlada por uma ou duas descontinuidades, para uma situação a ser estudado como

um maciço rochoso isótropo fortemente fracturado (Hoek e Brown, 1997), para os dois casos

mencionados.

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4

Figura 2.1 – Transição da rocha intacta para um maciço rochoso fracturado com o aumento do tamanho da amostra, numa abertura subterrânea e num talude de uma mina a céu aberto (Hoek e Brown, 1997).

Analisando a Figura 2.1 verifica-se que a uma escala menor que o espaçamento entre

descontinuidades, ocorrem blocos de rocha intacta, estando o comportamento controlado

unicamente pela resistência desta. Por exemplo, o processo de perfuração, em geral, reflecte as

propriedades de resistência da rocha intacta (Brady e Brown, 2005). Ao aumentar-se a escala, a

potencial superfície de deslizamento pode acontecer por uma ou por um número pequeno de

descontinuidades, sendo o comportamento das descontinuidades de fundamental importância.

Exemplos deste tipo de problema incluem o equilíbrio de blocos de rocha formados pela intersecção

de três ou mais descontinuidades no tecto ou parede de uma escavação (Brady e Brown, 2005) ou,

quando a altura de uma bancada é aproximadamente igual à extensão de uma descontinuidade, e a

estabilidade é apenas controlada por esta (Wyllie e Mah, 2004). A uma escala maior o maciço

rochoso pode ser considerado como um conjunto de blocos discretos e o seu desempenho na

periferia de uma escavação subterrânea ser dominado pelas propriedades das descontinuidades

disseminadas e o seu comportamento condicionado pela presença destes blocos (Brady e Brown,

2005). A grande escala, por vezes é necessário considerar a resposta global do maciço rochoso

fracturado no qual o espaçamento entre descontinuidades é pequeno tendo em conta a escala de

domínio do problema. Por exemplo, as dimensões globais de um talude podem ser maiores do que a

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5

extensão das descontinuidades, portanto, qualquer superfície de rotura estará contida no maciço

rochoso fracturado (Wyllie e Mah, 2004).

Segundo Wyllie e Mah (2004), a selecção de um valor adequado para a resistência ao corte depende,

então, em grande medida da escala relativa entre a superfície de deslizamento e a geologia

estrutural do maciço rochoso. Ou seja, o modelo a aplicar em determinado caso depende,

primeiramente, da dimensão do trabalho em relação aos espaçamentos de descontinuidades, do

estado de tensão in situ e das orientações das descontinuidades presentes (Brady e Brown, 2005). As

características geométricas e de resistência da rugosidade das superfícies de descontinuidades são

por isso “fontes potenciais de efeito de escala” (Bandis, 1981 apud Graça, 1986).

Estabelecidos os elementos que controlam a resistência do maciço, para ambos os casos

(descontinuidades ou maciço rochoso), a sua determinação pode efectuar-se mediante os seguintes

procedimentos:

A resistência ao corte do maciço rochoso é determinada por métodos empíricos envolvendo

retro-análise, requerendo informações sobre a resistência da rocha intacta, o tipo de rocha e

do grau de fracturação (Wyllie e Mah, 2004).

A resistência ao corte de descontinuidades pode ser determinada experimentalmente no

campo ou em laboratório. Conforme explicado com mais detalhe nas secções seguintes, o

ensaio laboratorial de corte ou deslizamento de diaclases revela-se adequado para o estudo

do atrito em mecânica das rochas (Grasselli, 2001).

Em taludes, fundações e escavações subterrâneas a pouca profundidade, a rotura é frequentemente

controlada pela presença de descontinuidades. Como referido acima, a intersecção destas feições

estruturais pode soltar blocos ou cunhas que podem cair ou deslizar a partir da superfície da

escavação. A rotura da rocha intacta raramente é um problema nestes casos onde a deformação e

rotura são causadas pelo deslizamento ao longo de superfícies de descontinuidade individuais ou ao

longo das linhas de intersecção de superfícies. A separação de planos e rotação de blocos e cunhas

desempenham, neste caso, um papel fundamental no processo de deformação e rotura (Hoek,

2007). A pequenas profundidades, onde as tensões são normalmente reduzidas, o comportamento

do maciço é então controlado principalmente pelo deslizamento sobre as descontinuidades. Assim,

para analisar a estabilidade dos sistemas de blocos de rocha é necessário compreender os factores

que controlam a resistência ao corte das descontinuidades que os separam (Hoek, 2007), sendo

importante distinguir, primeiramente, descontinuidades com e sem preenchimento.

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6

As descontinuidades preenchidas configuram um conjunto muito especial de problemas e a sua

resistência ao corte depende principalmente das propriedades físicas e mineralógicas do material

que separa as paredes da descontinuidade (Barton e Choubey, 1977; Grasselli, 2001). Por sua vez, o

comportamento da resistência ao corte das descontinuidades sem preenchimento depende, além do

nível da tensão normal efectiva que actua no plano do deslizamento, das propriedades das paredes

da descontinuidade incluindo o tipo de rocha, o grau de rugosidade, o tamanho da descontinuidade

(efeito de escala), o grau de desgaste, a presença de humidade e a pressão da água (Grasselli, 2001).

O efeito da rugosidade na resistência ao corte é mais pronunciado em situações onde a tensão

normal efectiva é baixa e tende a ser mais importante do que os outros factores (Barton e Choubey,

1977).

Em análises da estabilidade, geralmente, assume-se que a rocha se comporta como um material que

segue a teoria de rotura de Mohr-Coulomb, no qual a resistência ao corte da superfície deslizante é

expressa em termos de coesão ( ) e do ângulo de atrito ( ) (Coulomb, 1773 apud Wyllie e Mah,

2004). Os valores destes dois parâmetros de resistência estão intimamente relacionados com as

condições geológicas de cada local, ilustrando-se de seguida a sua aplicação para três condições

diferentes. Na Figura 2.2 apresenta-se as rectas de Mohr-Coulomb, ilustrando os possíveis

comportamentos da resistência ao corte para três tipos de descontinuidades. O declive das rectas

representa o ângulo de atrito e as ordenadas na origem a coesão.

Figura 2.2 – Relações entre tensão de corte e normal na superfície deslizante para três descontinuidades em diferentes condições geológicas. (Adaptado de Wyllie e Mah, 2004).

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7

Na Figura 2.2 observa-se:

Em (1), uma descontinuidade com preenchimento, é necessário ter em conta a natureza do

preenchimento. Se este é uma argila de má qualidade ou farinha de falha, é provável que o

ângulo de atrito seja baixo, embora possa ser observada alguma coesão no caso do

preenchimento se encontrar intacto. No caso de o preenchimento ser um material mais

resistente, provocando a selagem das paredes da descontinuidade, então a coesão poderá

ser significativa e deverá ser considerada para análises de estabilidade.

Em (2), uma descontinuidade sem qualquer preenchimento e de paredes lisas, a coesão é

nula e o ângulo de atrito ( ) está relacionado com o tamanho do grão da rocha, sendo

geralmente menor nas rochas de grão fino do que nas rochas de grão grosseiro.

No caso de uma descontinuidade com superfícies rugosas (3), a coesão é nula e o ângulo de

atrito é composto por duas componentes: o ângulo de atrito da superfície da rocha ( ) e

uma componente ( ) relacionada com a rugosidade (asperezas) da superfície e a razão entre

a resistência da rocha e a tensão normal aplicada. Com o aumento da tensão normal, as

asperezas são progressivamente aplanadas e o ângulo de atrito total diminui.

Os sub-capítulos seguintes descrevem com mais pormenor os casos apresentados em cima, tendo

em conta a relação entre a resistência ao corte e a rugosidade das descontinuidades, estudada por

vários autores, como Patton, 1966, Ladanyi e Archambault, 1970 ou Barton, 1973.

2.2. Superfícies planas e lisas

A fim de estudar qualitativa e quantitativamente o comportamento ao corte de descontinuidades

rochosas, efectuam-se ensaios de corte directo ou ensaios de escorregamento de diaclases sobre

modelos de superfícies criados artificialmente ou directamente sobre superfícies rochosas (Yang et

al., 2010), determinando-se através destes ensaios os parâmetros de resistência das

descontinuidades.

Na Figura 2.3 representa-se o comportamento de uma descontinuidade plana, sem irregularidades

ou asperezas com preenchimento de um material cimentado. Em cada ensaio a amostra é sujeita a

uma tensão ( ) normal à superfície da descontinuidade e a uma tensão ( ) na direcção paralela à

descontinuidade, necessária para causar deslocamento de corte ( ) (Figura 2.3 (a)). Para uma tensão

normal constante, os deslocamentos tangenciais, correspondentes ao incremento da tensão de

corte, podem ser facilmente medidos durante um ensaio e apresentados num gráfico de tensões

tangenciais – deslocamentos tangenciais como o da Figura 2.3 (b).

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8

Figura 2.3 – Ensaio de corte em descontinuidade: a) Configuração do ensaio de corte directo; b) Curva típica para ensaio de corte directo conduzido em condições de carga normal constante; c) Diagrama de Mohr para a resistência de pico e

resistência residual. (Adaptado de Hoek, 2007).

Para pequenos deslocamentos, a amostra comporta-se elasticamente e a tensão de corte aumenta

linearmente com o deslocamento. Quando se supera a força de resistência ao movimento, a curva

torna-se não-linear e progressivamente alcança um máximo, conhecido como resistência de pico da

descontinuidade (Figura 2.3 (b), ponto 1) (Wyllie e Mah, 2004), que corresponde à soma da

resistência do material cimentado que liga as duas metades da amostra e a resistência ao

deslizamento das superfícies combinadas (Hoek, 2007). Após atingido o valor da resistência máxima,

a tensão necessária para provocar o deslocamento tangencial decresce e eventualmente alcança um

valor constante, que representa a resistência para grandes deslocamentos (Lima e Menezes, 2008),

denominado de resistência ao corte residual (Figura 2.3 (b), ponto 2).

Quando a rotura por corte ocorre através de um plano, a tensão normal ( ) e a tensão de corte ( )

estão relacionadas por uma relação funcional característica do material (Jaeger e Cook, 1979 apud

Kliche, 1999). A partir dos valores da resistência de pico e residual obtidos em ensaios realizados com

diferentes níveis de tensão normal é, então, possível obter uma relação que pode ser representada

no diagrama de Mohr (Mohr, 1900 apud Wyllie e Mah, 2004), obtendo-se a conhecida envolvente de

Mohr (curvas 1, 2, 3 na Figura 2.2) Para as superfícies de descontinuidade planar os pontos

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9

experimentais geralmente formam uma envolvente linear (Hoek, 2007), como a que se apresenta na

Figura 2.3 (c), onde as duas rectas representam respectivamente a resistência ao corte de pico e

residual.

A relação entre a resistência ao corte de pico ( ) e a tensão normal ( ) é representada pela

equação de Mohr-Coulomb:

[2.1]

Em que é a resistência coesiva do material cimentado e o ângulo no qual um corpo em repouso

sobre uma superfície inclinada supera a resistência de atrito e começa a deslizar, medido entre a

normal à superfície e a resultante das forças que actuam sobre o corpo (Kliche, 1999). A componente

coesiva da resistência total ao corte é independente da tensão normal, mas a componente de atrito

aumenta com o incremento desta (Wyllie e Mah, 2004).

Da mesma maneira, se os valores da tensão de corte residual para cada tensão normal aplicada

forem representados no diagrama de Morh (Figura 2.3 (c)), a equação que expressa a resistência

residual ( ) é a seguinte:

[2.2]

Onde é o ângulo de atrito residual. Sendo, neste caso, o valor da coesão igual a zero, pois as

ligações através do material de preenchimento foram quebradas.

Segundo Hoek et al. (2000), em muitas aplicações práticas, o termo coesão é usado por conveniência

e refere-se a uma quantidade matemática relacionada com a rugosidade da superfície. A coesão é,

assim, conforme já descrito, a tensão de corte na ausência de tensão normal.

Em testes realizados em descontinuidade com superfícies planas, lisas e sem preenchimento, para

uma dada tensão normal constante, obtêm-se curvas tais com as indicadas na Figura 2.4 (a), onde é

possível verificar que a tensão de corte aumenta rapidamente até atingir um valor máximo, a partir

do qual se mantém aproximadamente constante, com o crescimento dos deslocamentos. A

resistência de pico é, então, praticamente igual à resistência residual

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Figura 2.4 – Ensaio de corte em descontinuidade lisa: a) Diagrama tensão – deslocamento; b) Critério de rotura de Mohr-Coulomb. (Adaptado de Abbruzzese e Labiouse, 2007).

Nesta situação, para diferentes valores de tensão normal, obtém-se a envolvente de rotura (Figura

2.4 (b)) expressa pela lei de Mohr-Coulomb na Equação 2.3:

[2.3]

Onde é o valor do ângulo de atrito da descontinuidade, conhecido frequentemente por ângulo de

atrito básico ( ), sendo aproximadamente igual (Hoek, 2007) ou ligeiramente superior (Hudson e

Ulusay, 2007) ao ângulo de atrito residual ( ), e obtido ou medido por testes em superfícies

rochosas polidas ou serradas (Wyllie e Mah, 2004).

Neste caso, para descontinuidades lisas e limpas, está-se perante um modelo de atrito linear sem

coesão ( ), sendo que a resistência ao corte é apenas definida pelo ângulo de atrito, que como

se referiu, está relacionado com o tamanho e forma dos grãos expostos na superfície de fractura.

2.3. Superfícies Rugosas

Na natureza, as superfícies rochosas das descontinuidades nunca são completamente lisas ou

polidas. As ondulações e asperidades numa superfície de descontinuidade natural têm uma

influência significativa no seu comportamento ao corte. Geralmente, a superfície rugosa aumenta a

resistência ao corte desta (Hoek, 2007), devido à maior tensão de corte a aplicar para que o

deslizamento possa ocorrer, vencendo as asperezas ou irregularidades, e este incremento é

extremamente importante em termos da estabilidade de escavações em rocha.

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2.3.1. Superfícies ideais

Indica-se na Figura 2.5, a curva tensão de corte – deslocamento tangencial típica de um ensaio de

deslizamento sob tensão normal constante em descontinuidades rugosas ideais, isto é, regulares.

Figura 2.5 – Curva tensão de corte/dilatância – deslocamento para descontinuidade rugosa regular. (Adaptado de Abbruzzese e Labiouse, 2007).

Verifica-se que para uma tensão normal constante, o valor da resistência de pico ( ) é atingido para

um pequeno deslocamento ( ). Simultaneamente, é corrente verificar-se deslocamento normal, no

sentido do afastamento das duas partes da amostra ensaiada (Grasselli, 2001), fenómeno que se

designa por dilatância ( ). Para maiores deslocamentos tangenciais, a tensão de corte decresce até

atingir um valor residual constante ( ), assim como a dilatância que se mantém constante após o

alcance da tensão de pico.

Tanto para as superfícies idealmente regulares como para as superfícies rochosas reais os valores das

tensões de pico e residual são fortemente condicionadas pelo valor de tensão normal aplicada ( ou

na Figura 2.5). Da relação entre a resistência de pico e a tensão residual depende a formação ou

não de um pico acentuado, sendo esta relação dependente dos efeitos combinados da rugosidade da

descontinuidade, da resistência da rocha na superfície, da tensão normal aplicada e do valor do

deslocamento tangencial (Wyllie e Mah, 2004), associando-se curvas com picos mais acentuados a

descontinuidades mais rugosas e a altas relações tensão normal/resistência da rocha (Resende,

2003).

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2.3.1.1. Critério de Patton

Patton (1966; apud Yang et al.,2010; Hoek, 2007; Grasselli, 2001) foi o primeiro a estudar o efeito das

asperezas das superfícies de descontinuidade na resistência ao corte, através de uma série de testes

usando modelos físicos com superfícies em forma de serra, com pontas de forma triangular de

inclinação constante, como ilustra a Figura 2.6 (a).

Figura 2.6 – Modelo da experiência de Patton: a) Superfície rugosa ideal, ilustrando o ângulo de rugosidade (Adaptado de Hoek, 2007); b) Pormenor da superfície: deslocamento tangencial num plano inclinado (Adaptado de Wyllie e Mah,

2004).

Baseado na lei de atrito de Mohr-Coulomb, de clássica utilização para superfícies lisas como se viu

anteriormente, o modelo de Patton caracteriza o comportamento de descontinuidades através de

um parâmetro de superfície denominado o ângulo médio da rugosidade ( ) (Kemthong, 2006; Wyllie

e Mah, 2004), ou também conhecido por ângulo de dilatância.

Considere-se, então, uma superfície de descontinuidade inclinada de um ângulo em relação à

direcção da tensão de corte (Figura 2.6 (b)). A tensão de corte e normal na superfície de

deslizamento, e respectivamente, podem ser calculadas pelas expressões (Wyllie e Mah, 2004):

[2.4]

[2.5]

Assumindo que a superfície da descontinuidade não tem coesão, a resistência ao corte é dada por:

[2.6]

Substituindo as expressões 2.4 e 2.5 na equação 2.6 (expressão equivalente a 2.3), obtém-se a

relação entre a tensão de corte aplicada e a tensão normal:

[2.7]

Onde o ângulo de atrito da superfície e o ângulo da aspereza (Wyllie e Mah, 2004).

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Assim, para as condições indicadas na Figura 2.6 (b), a superfície de descontinuidade inclinada tem

um ângulo de atrito aparente igual a: .

Por meio de ensaios em superfícies rugosas regulares (Figura 2.6 (a)), com aplicação de tensões

normais baixas, Patton (1966; apud Zhao, 1997), verificou que o deslizamento ocorre pelo galgar das

asperidades, que permanecem intactas, e que a resistência ao corte aumenta linearmente com a

tensão normal, satisfazendo a relação da equação 2.7. Em simultâneo, registou a ocorrência de

dilatância, ou seja, de deslocamentos significativos na direcção normal ao plano médio da

descontinuidade (Lima e Menezes, 2008). Na Figura 2.7, apresenta-se a envolvente de rotura para

tensões normais inferiores ao valor de tensão de transição ( ), que demarca dois regimes (Yang et

al., 2010; Vásárhelyi e Ván, 2006), correspondente ao segmento rectilíneo de inclinação que

passa pela origem.

Figura 2.7 – Envolvente bilinear de rotura de pico obtida a partir de ensaios de corte directo nos modelos de Patton. (Adaptado de Brady e Brown, 2005).

Sob maiores tensões normais ( ), o deslizamento ao longo das superfícies inclinadas das

asperidades é inibido (Brady e Brown, 2005) e estas começam a ser quebradas, tornando-se menor o

ângulo de dilatância (Zhao, 1997). Nestas circunstâncias, a dilatância é totalmente substituída pelo

corte das asperidades e os valores correspondentes às tensões de corte e normal dão o troço

superior do diagrama bilinear da Figura 2.7, traduzido pela seguinte equação:

[2.8]

Em que é aproximadamente igual a e é a coesão aparente a um nível de tensão

correspondente a (Hudson e Ulusay, 2007).

A resistência residual após o corte das asperidades é dada pela expressão 2.9 (Abbruzzese e

Labiouse, 2007).

[2.9]

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As descontinuidades naturais raramente têm um comportamento tal como o idealizado nos modelos

referidos, daí que as superfícies rugosas de descontinuidades naturais produzam envolventes de

resistência ao corte que são curvas em vez de rectas bilineares (Zhao, 1997). No entanto, estão

presentes os dois mecanismos – escorregamento ao longo da superfície das asperidades, a cargas

normais baixas, e supressão da dilatância com corte das asperidades, para cargas normais superiores

à tensão de transição – estão presentes no comportamento dessas descontinuidades.

2.3.1.2. Critério de Ladanyi e Archambault

Ladanyi e Archambault, 1970 (apud Yang et al., 2010; Vásárhelyi e Ván, 2006; Grasselli 2001;

Vásárhelyi, 1999; Zhao, 1997), propuseram uma extensão para o modelo de Patton de forma a

explicar os mecanismos de corte e deslizamento encontrados nas descontinuidades rochosas

naturais. Estudaram teórica e experimentalmente a transição curvilínea da dilatação ao corte,

considerando os mesmos perfis dentados bidimensionais. Abordaram o problema da resistência ao

corte identificando a área de contacto na superfície da descontinuidade onde o escorregamento e a

quebra das asperidades são mais prováveis de ocorrer. Definiram ( ) como a razão

entre a área onde ocorre o corte através das asperidades (área de dano ou área de contacto efectiva)

e a área restante, , e assumiram que as asperezas deslizam umas sobre as outras sem dano

(área intacta, onde ocorre apenas deslizamento). A equação proposta para a resistência ao corte de

pico ( ) é a seguinte:

[2.10]

Onde representa a resistência ao corte das asperidades e é igual à resistência da rocha

intacta; é o ângulo de dilatância no pico; é o deslocamento vertical do plano

médio da descontinuidade de pico e deslocamento horizontal medido na direcção de corte.

Verifica-se que para valores baixos de tensão normal e quando não há praticamente corte das

asperidades, tende para zero e tende para (onde é a inclinação dos dentes da superfície), e a

equação reduz-se à equação de Patton.

Do ponto de vista prático, não é fácil medir a razão da área de degradação, mesmo em condições de

laboratório, e a dilatância, apesar de facilmente medida durante um ensaio de corte, é de difícil

medição in situ (Grasselli, 2001). Para ultrapassar estes problemas Ladanyi e Archambault sugeriram,

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15

então, as seguintes expressões empíricas para e , no intervalo de tensão normal

(Belem et al., 2009; Leong e Randolph, 1992):

,

[2.11]

Em que é a área projectada das asperidades cortadas (equivalente à real área superficial de

contacto ), é a área total projectada (equivalente à área superficial de contacto aparente ),

é a tensão de transição ( ), é a inclinação média das asperidades intactas e (geralmente

=1.5) e (geralmente ) são constantes das superfícies rochosas.

2.3.2. Superfícies Reais

Para superfícies que apresentam uma rugosidade irregular, ou seja, em que as asperidades têm uma

inclinação ( ) variável, o comportamento mecânico observado (Figura 2.8) corresponde a uma

progressiva dilatância e corte das irregularidades.

Figura 2.8 – Curva tensão de corte/dilatância – deslocamento para descontinuidade rugosa irregular.

(Adaptado de Abbruzzese e Labiouse, 2007).

Inicialmente, quando a carga de corte é aplicada a uma amostra, dá-se o movimento de fecho da

descontinuidade. Após o encerramento desta, as asperidades em contacto deformam-se

elasticamente até ao ponto em que são “galgadas” ou são quebradas ou esmagadas, dependendo da

carga normal aplicada e da geometria local.

Na Figura 2.8, apresenta-se, além da variação da tensão de corte com o deslocamento tangencial, a

evolução da dilatância ( ) ao longo do deslizamento. Com o aumento da tensão de corte regista-se

um período de ajustamento com ligeira contracção seguido por um rápido aumento na taxa de

dilatância até ser atingido o valor de pico da curva tensão de corte – deslocamento. Em seguida

observa-se uma diminuição do ângulo de dilatância até zero, à medida que as rugosidades se

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16

desgastam (Resende, 2003). A inclinação da curva deslocamento normal ( ) – deslocamento

tangencial ( ) permite definir o ângulo de dilatância ( , com sendo o incremento do

deslocamento vertical e o incremento do deslocamento horizontal), cuja convenção estabelece o

movimento dilatante como positivo e o movimento contraente como negativo (Huang et al., 2002).

Segundo Barton e Choubey (1977), se apenas fosse possível escolher um parâmetro para caracterizar

o desempenho potencial da estabilidade de um talude rochoso ou de uma escavação subterrânea, o

ângulo de dilatância de pico das descontinuidades críticas (i.e. descontinuidades nas quais é mais

provável ocorrer o deslizamento) ocuparia certamente o primeiro lugar em importância. O valor do

ângulo de dilatância de pico ( ), que é o ângulo de dilatância máximo que ocorre mais ou menos

simultaneamente com a resistência ao corte de pico, no caso de um talude rochoso, determina se se

pode ou não contar com uma resistência ao corte maior do que o ângulo de atrito residual ( ). Nas

superfícies planares, lisas, ou preenchidas com materiais macios, consideradas por Hoek e Londe

(1974) as superfícies de separação mais perigosas para a estabilidade de um maciço rochoso, apenas

o valor do interessa para o projecto e o ângulo de dilatância é assumido ser zero para todos os

efeitos práticos. Nas descontinuidades rugosas que não foram submetidas a grandes deslocamentos

de corte no passado geológico ou nas descontinuidades onde há cimentação das superfícies por

precipitação do enchimento, o ângulo de dilatância de pico permite ter uma ideia aproximada do

valor da resistência ao corte mobilizável em relação ao valor do .

A realização de vários ensaios sobre descontinuidades rugosas, com diferentes valores de tensão

normal, permite obter a envolvente de rotura relativa aos valores das resistências de pico e a

envolvente relativa aos valores das resistências residuais (Figura 2.9). O fenómeno dilatância – corte

é ilustrado no diagrama de Mohr como uma envolvente não linear com uma inclinação inicial (

), que representa o ângulo de atrito de pico de uma superfície rugosa intacta, reduzindo-se para

( ) a tensões normais altas, devido ao corte gradual das asperidades (Wyllie e Mah, 2004).

Figura 2.9 – Envolventes de rotura para valores de resistências de pico e residual. (Adaptado de Brady e Brown, 2005).

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Para condições de resistência residual, o ângulo de atrito ( ) é inferior ao ângulo de pico, graças ao

deslocamento de corte que provocou o desgaste das irregularidades menores da superfície rochosa,

produzindo uma superfície mais suave, com menos atrito.

Como já se referiu, os ângulos de atrito básico ( ) e residual ( ) representam resistências ao corte

mínimas. Conceptualmente refere-se a uma superfície lisa e plana de rocha sã (sem quaisquer

sinais de alteração) e pode ser considerado como uma constante do material, refere-se à

condição residual da superfície da descontinuidade natural que é atingida depois de um amplo

deslocamento de corte. Se a superfície natural é sã, pode ser considerado igual a . (Asadollahi e

Tonon, 2010; Kemthong, 2006).

O ângulo de dilatância medido durante um ensaio de corte vai variar sobretudo de acordo com a

rugosidade original da amostra e com o nível de tensão aplicado, no entanto, não é o mesmo ângulo

de dilatância que Patton definiu como o ângulo que o centro de gravidade do bloco deslizante

segue durante o deslizamento (Hencher et al., 2011), pois este último mantém-se constante até

desaparecer completamente de forma abrupta, sendo característico da descontinuidade. De referir

também que a Equação 2.7 proposta por Patton é válida para tensões normais baixas onde o

deslocamento é devido ao deslizamento ao longo das superfícies inclinadas. Sob tensões normais

mais altas, a resistência do material intacto vai ser excedida e os dentes tem tendência a quebrar,

resultando num comportamento da resistência de corte que é mais estreitamente relacionado à

resistência do material intacto do que às características de atrito da superfície (Hoek, 2007).

2.3.2.1. Critério de Barton – Bandis

Barton (1973, apud Asadollahi e Tonon, 2010; Yang et al., 2010; Hoek, 2007; Wyllie e Mah, 2004,

Barton e Bandis, 1990) estudou o comportamento de descontinuidades rochosas naturais e propôs

um critério modificado a partir do critério de Patton. A relação tensão de corte - tensão normal

apresentada na Figura 2.9 pode ser, então, quantificada usando o critério não-linear desenvolvido

por Barton, baseado no comportamento da resistência ao corte de descontinuidades rugosas.

O estudo de Barton mostrou que a resistência ao corte de uma superfície rugosa depende da relação

entre a rugosidade, a resistência da rocha e a tensão normal, e pode ser definida pela seguinte lei

empírica de atrito:

[2.12]

Onde (joint roughness coefficient) é o coeficiente de rugosidade da descontinuidade e (joint

compressive strength) a resistência à compressão da rocha na superfície da fractura.

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18

Barton e Choubey (1977), com base em resultados de ensaios de corte directo de oito tipos

diferentes de rocha, representadas por 136 amostras de diaclases, reescreveram a equação 2.12 de

Barton (1973), para o caso geral de descontinuidades sãs ou alteradas, da seguinte forma (equação

2.13):

[2.13]

O ângulo de atrito residual ( ) pode ser estimado a partir da expressão:

[2.14]

Em que e são o número de Schmidt para superfícies serradas sãs, secas e superfícies alteradas,

molhadas, respectivamente.

O parâmetro representa a relevância da rugosidade na definição da resistência ao corte das

rochas (superfícies lisas e planas: ; superfícies muito ásperas e onduladas: ).

pode ser estimado por:

Comparação visual do perfil real da superfície com perfis de rugosidade padrão, com

atribuição de um valor consoante a categoria escolhida. Barton e Choubey (1977), depois da

estimação preliminar de Barton (1973) para o (5, 10 e 20), apresentaram dez perfis de

rugosidade e os respectivos valores calculados agrupados em intervalos de [0, 2], [2, 4] até

[18, 20], reproduzidos na Figura 2.10.

Realização de ensaios de deslizamento de diáclases em superfície inclinada (tilt test). O valor

de relaciona-se com ângulo de inclinação ( ) pela relação (Barton e Bandis, 1990; Barton

e Choubey, 1977):

[2.15]

O ensaio consiste na colocação da amostra, constituída por duas partes separadas, num

plano, lentamente inclinado até o deslizamento entre os blocos ocorrer. Sendo o ângulo de

inclinação que representa o máximo valor em que a parte superior da amostra não sofre

movimentação.

Segundo Barton e Bandis (1990), para descontinuidades com valores de superiores a 10

é, geralmente, impossível o uso deste tipo de ensaio.

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19

Medição do comprimento e da amplitude do perfil da superfície rochosa. Sabendo-se o

comprimento e a amplitude máxima do perfil, a correlação gráfica da Figura 2.11 permite

determinar o valor aproximado de , referente a tamanhos de blocos in situ (Barton e

Bandis, 1980).

No entanto, segundo Bahrani e Tannant (2011) este método tem mostrado gerar valores de

ângulos de dilatância irrealistas, quando usado em perfis longos ( ).

Métodos fractais e métodos estatísticos, desenvolvidos por autores diversos que têm

investigado a correlação entre os parâmetros obtidos por estes métodos e os valores .

Figura 2.10 – Perfis de rugosidade e valores correspondentes, propostos por Barton e Choubey (1977).

(Hoek, 2007).

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20

Figura 2.11 – Método alternativo para estimar o JRC, em campo. (Adaptado de Hoek, 2007).

A resistência à compressão da rocha ( ) pode ser estimada por:

Comparação do grau de alteração da descontinuidade com o grau de alteração da rocha

usando observações de campo, proposta pela Sociedade Internacional de Mecânica das

Rochas (ISMR, 1981 apud Wyllie e Mah, 2004; Hoek, 2007).

O valor de é determinado através de uma relação com a resistência à compressão da

rocha intacta. Segundo Barton (1971, apud Asadollahi e Tonon, 2010), a baixos níveis de

tensão e para descontinuidades sãs, é igual à resistência à compressão ( ) da rocha,

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21

mas pode reduzir-se para aproximadamente , no caso de descontinuidades

alteradas. A razão controla, assim, a quantidade de dano nas asperidades para uma

dada rugosidade.

Realização de ensaios de carga pontual (point load tests).

Uso do martelo de Schmidt, proposto por Deere and Miller (1966, apud Hoek 2007,

Kemthong, 2006). Pode ser usado em observações de campo para a obtenção do JCS, através

da combinação da dureza de Schmidt com o peso volúmico da rocha.

A equação 2.13 sugere a existência de três componentes na avaliação da resistência ao corte – uma

componente friccional, relacionada com o ângulo de atrito ( ), uma componente geométrica ( )

controlada pela rugosidade da descontinuidade ( ) e, por fim, uma componente relacionada com

a rotura das asperidades ( ), controlada pela razão ( ). Como se apresenta na Figura 2.12, a

combinação destas duas últimas componentes, determina o efeito global da rugosidade

anteriormente atribuído ao ângulo , sendo então a resistência global função de ( ) (Brady e

Brown, 2005; Barton e Bandis, 1990). Assim, na equação 2.13 o termo

é

equivalente ao ângulo de rugosidade na Equação 2.7 proposta por Patton, e

que representa, por omissão de , o ângulo de dilatância ( ou ) definido por Barton e Choubey

(1977) a baixas tensões normais, com destruição mínima das irregularidades.

Figura 2.12 – Componentes da resistência ao corte e sua redução com o aumento do tamanho dos blocos; efeito de escala nos três componentes da resistência ao corte de uma descontinuidade, indicando a complexidade do valor de

Patton, na prática. (Adaptado de Bandis, 1980 apud Brady e Brown, 2005; Barton e Bandis, 1990).

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22

A equação 2.13 e a Figura 2.12 mostram que a resistência ao corte de uma descontinuidade rugosa é

ao mesmo tempo dependente da escala e da tensão aplicada. Para valores de tensão normal

elevados em relação à resistência da rocha, com e com o corte das asperezas, o termo

é igual a zero. Para valores de tensão normal baixos a razão alcança os

maiores valores e a componente da rugosidade da resistência ao corte torna-se muito grande (Wyllie

e Mah, 2004). Ou seja, à medida que a tensão normal ( ) aumenta, o termo

diminui,

assim como o ângulo de atrito. Com o aumento da escala, o corte das asperidades mais acentuadas e

a inclinação das irregularidades diminui. Da mesma forma, a componente da rotura das asperidades

desce com o aumento da escala devido à diminuição do valor de , que diminui com o aumento do

tamanho do bloco (Brady e Brown, 2005).

A razão para esta relação é que a rugosidade de pequena escala torna-se menos significativa

comparando com as dimensões da descontinuidade e, eventualmente, ondulações de larga escala

têm mais importância (Barton and Bandis, 1983; Bandis, 1993 apud Wyllie e Mah, 2004). O efeito de

escala pode, assim, ser quantificado pelas seguintes equações (Barton e Bandis, 1990):

[2.16]

[2.17]

As equações 2.16 e 2.17 representam as correcções de escala para e para , respectivamente,

o índice refere-se à escala de laboratório (100 mm) e aos tamanhos do bloco in situ (Figura 2.13).

Figura 2.13 – Tamanho do bloco ( ). (Adaptado de Barton e Bandis, 1990)

Várias abordagens, teóricas e empíricas, foram desenvolvidas, ao longo do tempo, para o estudo da

resistência ao corte de rocha fracturada. De acordo com Yang et al. (2010) os critérios empíricos

podem ser classificados em dois grupos principais: o grupo dos critérios baseados no ângulo de

dilatância de pico (equações 2.7, 2.8 por Patton e Equação 2.12 por Barton); e o grupo dos critérios

baseados na área de dano (equação 2.10 por Ladanyi e Archambault). O primeiro grupo tenta prever

a resistência ao corte usando o ângulo de dilatância de pico, enquanto o segundo grupo pretende

estimar a resistência ao corte considerando a noção de área degradada.

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23

Por sua vez, Grasselli et al. (2003) propuseram um critério que pode ser considerado como uma sub-

categoria dos critérios baseados na área superficial degradada (Yang et al., 2010). Neste critério a

área de contacto no pico é considerada uma variável dominante para a estimação da resistência ao

corte das descontinuidades rochosas, tendo sido demonstrada uma relação matemática entre

parâmetros de superfície tridimensionais e a resistência ao corte (Poropat, 2009). Também o modelo

de Belem et al. (2004) tem em conta a natureza dilatante e encaixante das descontinuidades, assim

como a direcção de corte, levando em conta parâmetros morfológicos iniciais da superfície,

características do deslizamento e propriedades do material da descontinuidade. De notar que a

contribuição da rugosidade para a resistência ao corte, no modelo de Belem et al., é contabilizada

através de parâmetros que são calculados sobre toda a superfície, assim como no critério proposto

por Grasselli et al. (2003).

A fim de desenvolver modelos constitutivos realísticos para as descontinuidades rochosas,

numerosos estudos experimentais e numéricos foram admitidos para caracterizar a morfologia

superficial de descontinuidades e para relacionar os parâmetros desta às suas propriedades

mecânicas (Belem et al., 1997). No capítulo seguinte apresentam-se algumas das técnicas que têm

sido adoptadas para quantificar a rugosidade de superfícies rochosas.

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24

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25

3. Rugosidade

3.1. Introdução

A topografia da superfície de uma descontinuidade rugosa é constituída por asperezas que ocorrem

em diversas escalas e que podem ser classificadas em primárias (ondulações) e secundárias

(irregularidades) (Patton, 1966 apud Yang, 2010). A ondulação descreve os desvios da superfície a

larga escala, enquanto as irregularidades descrevem a rugosidade de pequena escala (Figura 3.1).

Figura 3.1 – Diferentes escalas da rugosidade em superfície de descontinuidade. A rugosidade pode ser caracterizada pelo ângulo . (Adaptado de Brady e Brown, 2005).

A rugosidade define-se, então, como uma medida das irregularidades e ondulações inerentes à

superfície de descontinuidade em relação ao seu plano médio. De uma maneira geral a rugosidade

pode ser caracterizada pelas irregularidades superficiais de pequena escala e ondulações de grande

escala (Brady e Brown, 2005) e descrita em termos de uma combinação de ambas (Wyllie e Mah,

2004):

Forma: em degraus (stepped); ondulada (undulating), plana (planar);

Rugosidade: rugosa (rough), lisa (smooth), espelhada (slickensided).

Sendo que o termo slickensided só deverá ser usado quando houver sinais evidentes de deslizamento

prévio ao longo da descontinuidade (Lima e Menezes, 2008).

A comissão ISRM (International Society for Rock Mechanics – Sociedade Internacional de Mecânica

das Rochas) sugere que os termos listados na Tabela 3.1 e ilustrados na Figura 3.2 podem ser usados

para descrever a rugosidade em duas escalas: pequena escala (vários centímetros – ensaios de

laboratório) e escala intermédia (vários metros – ensaios in situ). No entanto, curvaturas ou

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26

ondulações de larga escala podem sobrepor-se sobre as escalas de rugosidade referidas, pequena e

intermédia. (Brady e Brown, 2005).

Tabela 3.1 – Classificação da rugosidade de descontinuidades. (Adaptado de Brady e Brown, 2005).

Classe Descrição

I Rugosa ou irregular, em degraus

II Lisa, em degraus

III Espelhada, em degraus

IV Rugosa ou irregular, ondulada

V Lisa, ondulada

VI Espelhada, ondulada

VII Rugosa ou irregular, plana

VIII Lisa, plana

IX Espelhada, plana

Figura 3.2 – Perfis típicos de rugosidade e respectivas designações. (Adaptado de ISRM Commission, 1978a apud Brady e Brown, 2005).

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27

Como se apresentou no capítulo anterior, o grau de rugosidade pode ser quantificado em termos do

valor , que se define como a medida da inclinação das asperidades sobre a superfície da rocha

(Wyllie e Mah, 2004). A Figura 3.3 ilustra um exemplo das duas classes de asperidades, de primeira e

segunda ordem e os respectivos ângulos ( ) medidos por Patton.

Figura 3.3 – Medição dos ângulos de rugosidade para asperidades de 1ª e 2ª ordem, em superfícies rochosas rugosas. (Adaptado de Patton, 1966 apud Wyllie e Mah, 2004)

Patton afirmou que o comportamento das descontinuidades rochosas é inicialmente controlado

pelas asperidades secundárias durante pequenos deslocamentos, enquanto as primárias governam o

comportamento ao corte em grandes deslocamentos (Yang et al., 2010).

Posteriormente, vários autores estudaram o papel da classe das asperidades, sendo que o efeito de

escala nos componentes da resistência ao corte proposto por Barton está relacionado com esta

ordem das asperidades. Assim, quando as paredes da descontinuidade estão encaixadas e em

contacto, as ondulações de larga escala originam movimento dilatante durante o deslizamento uma

vez que são demasiado grandes para que sejam quebradas. Por sua vez, as asperidades de segunda

ordem (com maiores valores de e comprimento base menor), que correspondem a pequenas

saliências, tendem a ser danificadas durante os deslocamentos de corte, salvo quando a relação

entre a resistência da rocha na superfície da descontinuidade e a tensão normal é alta, caso em que

podem ocorrer fenómenos de dilatância (Wyllie e Mah, 2004). Barton estabeleceu que, para valores

de tensão normal baixos, são as asperidades secundárias que controlam o processo de corte. Com o

aumento da tensão normal, as asperidades secundárias são cortadas e as primárias (com maior

comprimento de base e menor ângulo) assumem-se como factor dominante no processo de corte

(Yang et al., 2010).

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28

Yang et al. (2010) estudaram também o efeito da ordem das asperidades na resposta ao corte das

descontinuidades (desde o pico até ao residual) considerando o conceito de área de dano.

Demonstraram que a resistência ao corte de pico e o ângulo de dilatância de pico são maiores para

as superfícies estudadas que incluem as asperidades secundárias. Expressaram também que as

asperidades secundárias têm influência em ambos os parâmetros no critério de Mohr-Coulomb

(coesão e ângulo de atrito), sendo o efeito muito mais evidente na coesão do que no ângulo de

atrito. Além disso, verificaram que as asperidades de segunda ordem aumentam o coeficiente de

rugosidade da descontinuidade ( ) no critério de resistência de Barton, prevendo-se, assim,

resistência ao corte maior para descontinuidades que incluem as asperidades secundárias.

Mostraram, ainda, que para as amostras estudadas as asperidades de segunda ordem não afectam

resistência ao corte residual.

Para Belem et al. (2000) as asperidades secundárias (e.g. rugosidade de segunda ordem ou

rugosidade, no sentido estrito) são definidas pela distribuição das alturas da superfície, enquanto as

asperidades primárias (e.g. rugosidade de primeira ordem são definidas pela geometria global da

superfície. E afim de melhor caracterizarem a rugosidade (primária e secundária) definiram vários

parâmetros morfológicos para cada ordem, sendo que a rugosidade primária é caracterizada em

termos da anisotropia estrutural real e aparente. Esta anisotropia estrutural é considerada o ponto

comum entre várias superfícies com morfologias diferentes, nos vários estudos experimentais,

existentes na literatura, com o propósito de modelar o comportamento mecânico de

descontinuidades rochosas. De facto, segundo Belem et al., todas as superfícies apresentam

diferentes estruturas (ou características) ao longo das direcções e (superfícies regulares ou

irregulares).

A Figura 3.4 (Brown et al., 1977 apud Brady e Brown, 2005) ilustra um caso no qual superfícies de

descontinuidade rugosa preparadas em amostras de ardósia, por fractura num ângulo constante com

a clivagem, foram ensaiadas por corte directo. Quando as amostras foram ensaiadas com as

direcções dos sulcos da superfície paralelas à direcção de deslizamento (teste A), a envolvente de

resistência ao corte resultante conduziu a um ângulo de atrito de 22°, valor relativamente próximo

dos 19.5° obtidos para superfícies limpas e polidas (ângulo de atrito básico). No entanto, com a

direcção de corte normal à direcção dos sulcos (teste B), o deslizamento pelos sulcos ocorreu com

dilatância, tendo sido obtida uma envolvente curvilínea com um ângulo de asperidade de 45.5°

(67.5°-22°) para valores de tensão normal próximos de zero, e um ângulo de 24° (46°-22°) para

valores mais altos de tensão normal. Devido aos efeitos da rugosidade da superfície, de acordo com

Brady e Brown (2005), a resistência ao corte pode ser uma propriedade direccional, variando com a

direcção do deslizamento.

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29

Figura 3.4 – Efeito da direcção de corte na resistência ao corte de uma descontinuidade em ardósia, via húmida. (Adaptado de Brown et al., 1977 apud Brady e Brown, 2005).

Leal Gomes (2000) abordou a determinação quantitativa da anisotropia de rugosidade das

descontinuidades e verificou que a resistência das diaclases também depende da largura ou da

dimensão transversal à direcção do deslizamento, efeito que depende do aumento do número de

níveis de rugosidade das diaclases quando se aumenta essa largura. Assim, concluiu que,

principalmente, a grande escala, é necessária atenção ao fenómeno de anisotropia e correlacioná-lo,

pelo menos qualitativamente com a resistência nas várias direcções e sentidos, porque a amplitude

da ondulação pode ser grande e porque os perfis morfológicos e as ordens de ondulação envolvidas

podem variar significativamente com a direcção e o sentido em função, principalmente, da génese

das descontinuidades. Sob este ponto de vista, concluiu que, só a anisotropia envolvida nas

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30

ondulações de ordem superior deve determinar diferenças de resistência suficientes para

eventualmente se tirar partido e se considerarem os distintos comportamentos consoante o sentido

e a direcção e não somente as condições mais desfavoráveis.

De acordo com Fardin et al. (2004) a importância da rugosidade primária ou secundária, na prática da

engenharia, dependente do tipo de projecto, assim como das condições de fronteira. Em regimes de

tensão baixa, onde a tensão normal na fractura é pequena, condições estas comuns para a análise de

estabilidade de pequenos blocos rígidos em escavações subterrâneas a pouca profundidade ou

estruturas de superfície como taludes rochosos, a rugosidade secundária tem uma influência

significativa na resistência ao corte das descontinuidades. Em contrapartida, a rugosidade primária

governa a resistência ao corte, ou seja, é preponderante para a análise da estabilidade de estruturas

situadas em maciços rochosos fracturados submetidos a tensões elevadas.

3.2. Métodos para a descrição da rugosidade

A quantificação da rugosidade de uma superfície de fractura implica o uso de uma técnica de

medição eficaz para obter os dados da rugosidade da superfície. Segundo Develi et al. (2001) a

fiabilidade da análise quantitativa das superfícies depende bastante da exactidão dos dados

adquiridos, devendo a técnica de aquisição destes ser adequada para o propósito particular. Por

exemplo, nas superfícies metálicas, a rugosidade à escala micrométrica ou mesmo nanométrica

precisa ser detectada, requerendo uma técnica adequada para caracterizar a microtopografia das

superfícies. Enquanto para a caracterização da rugosidade das superfícies de rocha fracturada, a

magnitude da rugosidade alvo é da ordem de milímetros ou centímetros, podendo atingir a ordem

de metros quando grandes superfícies topográficas são consideradas.

Ao longo dos anos, várias tentativas de desenvolvimento de técnicas de aquisição e fabricação de

dispositivos têm sido empregues no âmbito da rugosidade das descontinuidades, de forma a

descrever as suas superfícies. Também numerosos estudos têm sido publicados sobre a análise

quantitativa dos dados obtidos através destas técnicas, porém a selecção do dispositivo apropriado

para aquisição de dados e a metodologia para análise quantitativa continuam a ser questionáveis.

Grasselli (2001) elaborou um resumo dos métodos de aquisição de dados disponíveis à data e

classificou-os em duas categorias dependendo se eles fornecem dados bidimensionais (2D) ou

tridimensionais (3D) (Figura 3.5). Alguns destes métodos usam técnicas de contacto e outros

sistemas de medição sem contacto (e.g. sensores ópticos (ASME B46.1-2002)), sendo que o crescente

avanço tecnológico possibilitou o desenvolvimento de sistemas cada vez mais rápidos e sofisticados.

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31

Figura 3.5 – Classificação dos principais métodos para a medição da rugosidade. (Adaptado de Grasselli, 2001).

A maneira mais natural e simples de avaliar a rugosidade de uma superfície é deslizar um dedo sobre

a mesma. De modo similar, nos perfilómetros tradicionais um apalpador de contacto move-se ao

longo de uma dada linha superficial, sendo medido o seu deslocamento vertical à medida do seu

movimento através da superfície (Grasselli, 2001). O método da percepção da rugosidade com um

sensor é ilustrado na Figura 3.6.

Figura 3.6 – Medição da rugosidade superficial com um apalpador: a) Rugosidade da superfície perceptível pelo dedo; b) Perfil medido, que representa a rugosidade perceptível pela ponta do dedo (rugosidade táctil), quando a ponteira de

contacto tem o tamanho apropriado, podendo variar o perfil consoante o tamanho desta. (Adaptado de Ye et al., 2010)

Com base neste princípio, Fecker e Rengers (1971 apud Grasselli, 2001 e Develi et al., 2001)

desenvolveram uma perfilógrafo para registo mecânico da rugosidade em papel, onde as elevações

ao longo da direcção de medição são registadas num tambor rotativo, na sua escala original

enquanto a escala horizontal é reduzida em um quinto. Anteriormente, em um dos primeiros estudos

sobre medição de superfícies de rocha fracturada, Rengers (1970 apud Develi et al., 2001) usou um

estereomicroscópio de medição de profundidade para o tamanho de amostras de mão e registou os

Sistemas disponíveis para medição da rugosidade de uma superfície

Sistemas 2D

Contacto

Perfilómetros com ponteira arredondada

Perfilómetros com ponteira tipo agulha

Sistemas antigos

Sem contacto

Perfilómetros a laser

Sistemas ultra-sónicos e acústicos

Sistemas 3D

Fotogrametria

Interferometria

Câmeras CCD

Scanner topométrico

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perfis de rugosidade ao longo de diferentes direcções. Posteriormente, além destes dois métodos,

Fecker and Rengers (1971 apud Wyllie e Mah, 2004; Develi et al., 2001 e Goodman, 1989)

desenvolveram um método que consiste na utilização de uma bússola geológica normal e de discos

de base com diferentes diâmetros para a medição do ângulo de rugosidade , a diferentes escalas.

Na classificação proposta por Grasselli (2001), os perfilómetros mecânicos, a laser e métodos ultra-

sónicos são as técnicas de medida 2D mais comuns, fornecendo dados ao longo de perfis. Entre os

métodos de contacto, onde se incluem os perfilómetros com apalpadores mecânicos ou electrónicos

ou os mais actuais rugosímetros de contacto mecânicos, é possível identificar dois subgrupos

diferentes de dispositivos mecânicos: o grupo com ponteira arredondada que desliza ao longo da

superfície da descontinuidade e o grupo que usa uma ponteira tipo agulha. O tipo de ponteira é,

então, fundamental na avaliação de perfis de superfície, uma vez que determina o tamanho e a

forma das feições de superfície que podem ser devidamente avaliadas (ASME B46.1-2002).

Observando a Figura 3.6 (b) verifica-se que a maior ou menor precisão dos dados obtidos em relação

à superfície estão relacionados com a forma da ponteira, neste caso uma ponteira mais fina

permitiria atingir espaços entre partículas muito menores, podendo no entanto riscar ou danificar

mais facilmente a superfície.

Segundo Gaitán-Oliva (2005) estes métodos de contacto são os mais usados para medir a superfície

de descontinuidades, devido ao baixo custo do equipamento e à facilidade de processamentos dos

dados obtidos. O funcionamento deste tipo de equipamento, basicamente, fundamenta -se nos

procedimentos topográficos, pois são obtidas as coordenadas , , de cada ponto medido na

superfície (Figura 3.7), que podem ser posteriormente processadas em qualquer programa de

interpolação e assim gerar uma superfície.

Figura 3.7 – Pormenores do rugosímetro de contacto do Laboratório de Geomecânica do IST.

Page 49: Tese 5,3 MB

33

Develi et al. (2001) também classificaram os vários métodos de medição da rugosidade de superfícies

rochosas fracturadas como: mecânicos, fotográficos, por dispersão de neutrões e raios X,

perfilómetros a laser e ópticos. Consideraram que os métodos como os de laser e dispersão de

neutrões e raios X fornecem dados fiáveis, mas o custo e disponibilidade limitam o seu uso efectivo,

enquanto o uso de técnicas mecânicas e fotográficas pode ser restrito para amostras de tamanho

mais pequeno, como testemunhos de sondagens. Posto isto, considerando ambos os factores,

equipamento rápido e de baixo custo adequado para obtenção de dados em pequenas superfícies,

Develi et al. (2001) desenvolveram um equipamento de medição mecânica controlado por

computador (software SG1PRO) para medir a superfície de amostras de rocha com dimensão máxima

de 54x54 [mm], representado na Figura 3.8 (a).

Figura 3.8 – Sistema proposto por Develi et al.: a) Vista geral do dispositivo de digitalização da superfície; b) Mapa de contornos (mapa das curvas de nível) e imagem 3D da superfície de fractura. (Adaptado de Develi et al., 2001).

Este equipamento consiste em três partes móveis com liberdade nos três eixos, , e , ou seja,

permite adquirir dados de superfície (3D) ao invés de dados em apenas uma direcção ( ou -

perfis).

A necessidade de não tocar nem danificar as feições das superfícies e a necessidade de aumentar a

velocidade de medição (Grasselli, 2001), levou à adopção, por vários autores, do perfilómetro a laser.

Por exemplo, Kwafniewski e Wang (1997) investigaram experimentalmente fracturas induzidas em

amostras de arenitos para encontrar relação entre a topografia e comportamento mecânico das

descontinuidades, usando para a medição das asperidades o perfilómetro a laser. Młynarczuk (2010)

investigou a possibilidade de usar o método de análise de imagem e morfologia matemática para

descrever a superfície de fracturas rochosas, previamente mapeada usando um perfilómetro a laser

(Figura 3.9 (a)).

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34

Figura 3.9 – a) Perfilómetro a laser; b) A superfície rochosa transformada numa imagem. (Adaptado de Młynarczuk, 2010)

Neste estudo, Młynarczuk, efectuou o varrimento por meio de um perfilómetro laser de cada campo

de medição definido, para cada amostra. Como resultado desta medição, a matriz contendo as

coordenadas , , foi criada, podendo estes dados ser processados e apresentados de diferentes

maneiras, uma delas em forma de imagem (Figura 3.9 (b)). Nesta abordagem cada nó medido pode

ser apresentado como um pixel da imagem, de tal modo que as coordenadas e desse pixel

correspondem à posição do nó, enquanto o nível da cor cinza da imagem corresponde directamente

ao valor medido na fractura.

Outros autores, com o intuito de investigar a rugosidade de superfícies por meio da obtenção directa

de dados tridimensionais, recorreram a técnicas como: a fotogrametria, a interferometria, as

câmaras CCD (charge-coupled device – com dispositivo de carga acoplado) e scanners topométricos.

Bahrani e Tannant (2011) usaram técnicas fotogramétricas para desenvolver um modelo digital de

terreno (DTM – digital terrain model), de onde obtiveram vários perfis 2D da superfície de rotura,

com o propósito de caracterizar os ângulos de dilatância de uma superfície de deslizamento, à escala

de campo.

Belem et al. (2000 e 2009) a fim de avaliarem a contribuição da morfologia das superfícies para o

comportamento mecânico de descontinuidades de corte realizaram medições topográficas, antes e

depois dos ensaios de corte, com um perfilómetro de sensor laser. Este equipamento permite a

medição tridimensional das superfícies das paredes da descontinuidade, pelo armazenamento de

todos pontos ( , , ) de dados para cada amostra. O perfilómetro de sensor laser é composto por um

sensor óptico equipado com uma câmara CCD.

Grasselli (2001), com o objectivo de melhorar a compreensão do comportamento de atrito das

descontinuidades rugosas sob cargas tangenciais e relacionar a sua resistência ao corte com a

rugosidade, centrou-se na medição e descrição de como a rugosidade influencia o tamanho e

distribuição das áreas de contacto durante o corte, e propôs um novo critério constitutivo,

Page 51: Tese 5,3 MB

35

relacionando a tensão e o deslocamento, para modelar a resistência ao corte de descontinuidades

sob condições de carga normal constante. Após a avaliação de diversas técnicas de medição, optou

pelo uso de um sistema de medição óptico, baseado num sensor topométrico avançado (ATS –

advanced topometric sensor) que oferece como vantagens a alta precisão e boa repetibilidade com

uma maneira rápida e fácil de utilização, sendo normalmente utilizado em sectores como a indústria

automóvel.

Fifer Bizjak (2010), para a determinação do coeficiente de rugosidade superficial, usou um scanner

3D e o sistema seleccionado foi o mesmo que Grasselli: o sensor topométrico avançado, mas

denominou-o de ATOS I (Figura 3.10 (a)). Para este estudo, as superfícies de dez amostras foram

digitalizadas e os resultados comparados com o correspondente valor JRC. Para a obtenção dos perfis

3D (Figura 3.10 (b)) das descontinuidades rochosas para análise dos dados da nuvem de pontos foi

necessário software de processamento de imagem. Devido a este sistema produzir nuvens de pontos

tridimensionais de alta densidade para cada imagem, também requer um sistema de computação de

grande capacidade.

Figura 3.10 – a) Scanner ATOS I - 3D e amostra; b) Exemplos de digitalização 3D da amostra. (Adaptado de Fifer Bizjak, 2010).

O desenvolvimento de novas ferramentas de imagem 3D forneceu meios eficazes, rápidos e precisos

de criar modelos de superfície 3D, dos quais as medições de rugosidade podem ser facilmente

obtidas. Estas novas técnicas são versáteis permitindo a medição da rugosidade ao longo de qualquer

perfil desejado e em qualquer resolução. Mas, segundo Poropat (2009), uma questão importante que

surge, da medição da geometria da superfície, é o efeito que o ruído de medição tem sobre a

caracterização da rugosidade. A presença de ruído nas medições acrescenta um componente

adicional de variação aleatória que irá aumentar a rugosidade aparente. O ruído é, assim, um

problema significativo na caracterização da rugosidade com métodos sem contacto, podendo a

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36

determinação do grau em que a rugosidade é sobrestimada ser uma limitação crítica no uso dos

dados obtidos através de um processo de medição particular.

A escolha entre um dos métodos para a definição das superfícies depende principalmente do grau de

precisão requerido. No entanto, no mapeamento das superfícies rochosas de descontinuidades, a

sensibilidade de detecção do equipamento usado não é tão crítica, sendo os perfilómetros ou

rugosímetros de contacto uma boa alternativa, tendo em conta os custos e a escala de trabalho.

3.3. Quantificação da rugosidade

Uma grande variedade de técnicas (qualitativas e quantitativas) tem sido aplicada para determinar a

topografia da superfície de descontinuidades, sendo esta definida pela geometria das asperidades.

Os métodos de caracterização qualitativa mais comummente utilizados, com base nos perfis padrão,

foram já referidos:

Método JRC (Figura 3.10), desenvolvido por Barton and Choubey (1977);

Métodos sugeridos pelo ISRM (e.g. Tabela 3.1 e Figura 3.2).

No sub-capítulo 2.3.2.1. apresentaram-se metodologias que pretendem quantificar o JRC como o tilt

test ou a régua (straight edge) usada em campo. No entanto, e apesar das óbvias limitações de

reduzir todas a informações de rugosidade para um único valor escalar, a eventual natureza

subjectiva da medição e a sua total natureza empírica, os perfis provaram ser de valor

significativo na mecânica das rochas (Hudson e Harrison, 1997), e várias têm sido as tentativas para

aproximar o valor deste parâmetro com outro tipo de métodos. Como a Sociedade Internacional de

Mecânica das Rochas adoptou estes perfis padrão no seu procedimento para medição da rugosidade

das descontinuidades (ISMR, 1978 apud Grasselli, 2001), cada autor que tenta estudar a contribuição

da morfologia para a resistência ao corte tem de lidar com o critério - proposto por Barton.

Segundo Grasselli (2001) a rugosidade é difícil de quantificar e, mesmo quando medida, o resultado

depende fortemente do método de medição. A precisão das medições e a resolução espacial

necessária para fazer medições úteis depende da aplicação desejada. Assim, várias abordagens para

parametrizar a rugosidade, para além da empírica (e.g. Barton e Choubey, 1977), têm surgido:

análises estatísticas (e.g. Rasouli e Harrison, 2010; Yang et al., 2010) análises de Fourier (e.g. Yang et

al., 2010; Chae et al., 2004), dimensões fractais (e.g. Jiang et al., 2006; Belem et al., 1997;

Kwafniewski e Wang, 1997), análises geoestatísticas (e.g. Młynarczuk, 2010; Kwafniewski e Wang

,1997), entre outras.

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37

Desde que as primeiras avaliações da rugosidade superficial foram introduzidas na mecânica das

rochas, tanto por causa da dificuldade na aquisição de dados como com o propósito de simplificar o

problema da avaliação desta, foram usados perfis lineares, sendo que a rugosidade é normalmente

amostrada por meio de perfis lineares paralelos à direcção de deslizamento, isto é, retirados

paralelamente à direcção de inclinação (dip vector) da descontinuidade (Wyllie e Mah, 2004). Nos

últimos anos, tem sido dada atenção crescente à caracterização 3D da rugosidade superficial e a sua

ligação com o comportamento mecânico das descontinuidades (e.g. Belem et al., 2009, 2000 e 1997;

Jiang et al., 2006; Lee et al., 2006; Grasseli et al., 2002; Grasselli, 2001; Homand et al., 2001; Fardin et

al., 2004 e 2001). No entanto, a caracterização dos perfis lineares e a estimação da rugosidade

utilizando abordagens 2D continua ser importante para aplicações como as previsões empíricas da

resistência ao corte (Rasouli e Harrison, 2010; Tatone e Grasselli, 2010).

Em seguida abordam-se alguns parâmetros de caracterização quantitativa da rugosidade

(parâmetros lineares e parâmetros de superfície), que podem ter em conta características como a

amplitude, a angularidade, periodicidade, anisotropia e curvatura (Belem et al., 2000).

3.3.1. Parâmetros lineares

Os parâmetros lineares são calculados a partir de perfis individuais obtidos ao longo de uma direcção

( e/ou ), como se ilustra na Figura 3.11.

Figura 3.11 – Perfis de duas secções, nas direcções e , de uma superfície cortada por planos perpendiculares.

A maioria dos parâmetros de perfil consiste, basicamente em razões de comprimento ou de pontos

de intersecção. Assim, eles são adimensionais e não variam com o tamanho para curvas com a

mesma forma (ASM Handbook, 1987). Descrevem-se, em seguida, alguns destes parâmetros.

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38

Rugosidade Média ( ): é a média aritmética dos valores absolutos das ordenadas dos

afastamentos dos pontos do perfil de rugosidade, em relação à linha média. E pode ser calculado

pela seguinte equação (Palma, 2006):

[3.1]

Ou, aproximadamente:

[3.2]

Onde é o comprimento do perfil, a altura das irregularidades e o número de ordenadas

consideradas.

Este parâmetro é também denominado de (Center Line Average) e (Arithmetical Average) e

representa, então, os desvios das alturas das asperidades em relação a uma linha média. Sendo

utilizado recorrentemente na avaliação da textura superficial, na Metrologia.

Desvio Quadrático Médio ( ): representa o desvio quadrático médio, ou o valor médio do

quadrado dos desvios, do perfil. É também denominado (Root Mean Square). E pode ser

definido pela Equação 3.3 (Palma, 2006).

[3.3]

Coeficiente : desvio quadrático médio da primeira derivada do perfil (Grasselli, 2001),

dado pela equação seguinte.

[3.4]

3.3.2. Parâmetros superficiais

O maior interesse na avaliação dos parâmetros de superfície reside nas suas possíveis relações com a

área superficial da fractura ou descontinuidade. No entanto, os parâmetros de superfície não são tão

abundantes quanto os parâmetros de perfil. Na verdade, muitos dos parâmetros existentes

designados como de superfície são expressos em termos de quantidades lineares (ASM Handbook,

1987). Um parâmetro natural de rugosidade de superfície de grande importância é o coeficiente de

rugosidade superficial ( ) (El Soudani, 1978 apud Belem et al., 2007; Lee et al., 2006; Fifer Bizjak,

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39

2010) e define-se como a razão entre a área de superfície real ( ), independente da área de

contacto, e a sua área projectada ( ) ou área da secção transversal de medição (Figura 3.12):

[3.5]

Quando = 1 a superfície é perfeitamente lisa e plana e corresponde à sua superfície projectada,

sendo = 2 o valor limite superior.

Figura 3.12 – Área real e projectada de uma superfície rochosa. (Adaptado de Belem et al., 2009).

Um dos métodos para estimar é, através da triangulação dos dados topográficos (Figura 3.13),

pela soma de todas as áreas elementares triangulares ( ):

[3.6]

Figura 3.13 – Triangulação de uma superfície elementar (duas possibilidades, a e b). (Homand et al., 2001).

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40

Page 57: Tese 5,3 MB

41

4. Ensaios de laboratório – Estudo experimental

4.1. Introdução

O trabalho experimental consistiu na realização de ensaios de deslizamento de diaclases, para

caracterização do comportamento ao corte destas, e na medição da rugosidade das superfícies de

deslizamento. Foram ensaiadas ao corte dez amostras de rocha com descontinuidades abertas, isto

é, sem preenchimento. Os ensaios de corte foram efectuados com quatro tensões normais diferentes

(0.15, 0.30, 0.60 e 1.20 MPa) e apenas numa direcção. Previamente, foram estabelecidos vários

perfis das superfícies das descontinuidades na direcção do deslizamento e na direcção transversal a

esta (perfis paralelos e perpendiculares ao deslizamento) para a medição da rugosidade, feita através

de um rugosímetro de contacto. Os ensaios foram realizados no Laboratório de Geomecânica do IST.

Utilizaram-se neste estudo, amostras de descontinuidades induzidas por choque mecânico, de dois

tipos de rocha: calcário margoso (C – 5 amostras), proveniente da zona de Maceira, com uma

resistência à compressão ( ) de 40 MPa, e xisto micáceo (X – 5 amostras), proveniente de Banjas,

com igual a 25 MPa, ambas recolhidas de testemunhos de sondagens. Na Tabela 4.1 e 4.2

apresentam-se as superfícies ensaiadas.

Tabela 4.1 – Amostras de calcário margoso.

Amostras Aspecto Secção da amostra

(x10-4 m2)

C1

31.62

C2

30.66

C3

30.19

C4

30.66

C5

29.70

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42

Tabela 4.2 – Amostras de xisto micáceo.

Amostras Aspecto Secção da amostra

(x10-4

m2)

X1

35.63

X2

40.01

X3

33.17

X4

34.68

X5

43.35

4.2. Caracterização da rugosidade

Para a medição da rugosidade usou-se um rugosímetro de contacto (Figura 4.1) composto por um

sistema digital para medição linear (absolute linear scale AT 715 Mitutoyo) com resolução de 0.001

mm, um leitor digital (KA counter Mitutoyo), uma mesa de rugosímetro e o programa SurfRock

(Surface Measurement Software – Mitutoyo Surf) constituído por uma aplicação que engloba todos

os recursos de comunicação e registo de dados.

Page 59: Tese 5,3 MB

43

Figura 4.1 – Rugosímetro do Laboratório de Geomecânica.

Foram testadas dois tipos de ponteira, mas não se verificaram diferenças significativas na precisão

dos dados obtidos, optando-se pela ponteira mais arredondada, que proporcionou uma maior

facilidade e rapidez de movimento, devido ao melhor contacto.

4.2.1. Leitura de coordenadas e medição

Após a inicialização do equipamento e software, a leitura dos deslocamentos é efectuada

simultaneamente no display do leitor e no interface do programa SurfRock. O programa efectua

automaticamente a gestão de aquisição dos dados bastando movimentar a mesa do rugosímetro

através da manivela correspondente à direcção seleccionada, proporcionando-se, assim, a

movimentação da amostra sob a agulha de medição.

O equipamento permite efectuar a recolha de dados segundo as direcções ou do referencial

cartesiano convencionado (Figura 4.2). Assim, para cada superfície definiu-se uma malha espaçada

de 5 mm para ambas as direcções, e . Tendo em conta os ensaios de deslizamento realizados

posteriormente, os perfis obtidos na direcção são os perfis paralelos à direcção do deslizamento e

os perfis medidos na direcção são perpendiculares ao deslizamento. A Figura 4.2 mostra, em

planta, as linhas medidas na superfície da amostra.

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44

Figura 4.2 – Exemplo da malha de pontos medidos na amostra X5B, com indicação da direcção do corte (seta colorida).

Dependendo da dimensão da amostra, obtiveram-se cerca de 15 perfis na direcção e 12 na

direcção para cada amostra de xisto e cerca de 12 perfis em cada direcção para as amostras de

calcário. Durante a medição dos perfis verificaram-se erros máximos de 0.003 mm em algumas

leituras, devido ao deslocamento lateral das amostras causado pelas asperidades, ou seja, as linhas

em cada direcção podem variar até ±0.003 em relação à sua rectilinearidade.

Os dados , , obtidos através do programa SurfRock, foram importados para folha de cálculo

Excel, podendo-se então desenhar os perfis medidos, como apresentado na Figura 4.3, para a

amostra X5, e nas Figuras AI.1 a AI.9 para as restantes superfícies, no Anexo I. Assume-se que cada

perfil é um conjunto de N pontos num plano normal à superfície da descontinuidade.

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45

Figura 4.3 – Perfis medidos segundo a direcção e , para uma amostra de xisto (X5B).

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46

4.3. Ensaios de deslizamento de diaclases

Os ensaios de deslizamento foram realizados com o objectivo de determinar a resistência ao corte de

pico e residual das amostras estudadas. Em função das tensões normais aplicadas sobre o plano das

amostras, determinam-se, assim, as propriedades mecânicas das descontinuidades e obtêm-se os

parâmetros resistentes (coesão) e (ângulo de atrito) da descontinuidade.

A técnica de ensaio de deslizamento consiste, fundamentalmente, na aplicação de forças normais e

de forças tangenciais às superfícies da descontinuidade. Essas forças são produzidas por dois

sistemas independentes, instalados em adequada estrutura metálica rígida (Figura 4.4). Para a

aplicação desta técnica, as amostras devem possuir forma prismática, de maneira a garantir uma

distribuição uniforme das forças normais e tangenciais que lhes são transmitidas no ensaio (Dinis da

Gama et al., 2002), para isso as amostras foram previamente encabeçadas com argamassa de

cimento, como se apresenta nas figuras da Tabela 4.1 e Tabela 4.2.

O equipamento de corte utilizado nos ensaios e seus componentes são ilustrados na Figura 4.4.

Figura 4.4 – Equipamento de corte directo: 1) reservatório de óleo/bomba; 2) electroválvula de descarga (normal); 3) torneira de controlo de caudal de descarga (pressão normal); 4) torneira de controlo de caudal de carga (pressão normal); 5) controlador de pressão normal; 6) controlador de pressão tangencial; 7) Aplicador manual de pressão tangencial; 8) descarga tangencial; 9) interruptor on/off de aplicação de pressão normal; 10) interruptor de descarga da pressão normal; 11) câmara de aplicação das pressões; 12) hidráulico de aplicação da pressão normal; 13) hidráulico de aplicação da pressão tangencial; 14) braço para aplicação da pressão tangencial; 15) braço para aplicação da pressão normal. (Adaptado do Manual interno do Laboratório de Geomecânica, 2011).

O ensaio foi realizado segundo a norma: ISRM - Suggested Methods for Determining Shear Strength.

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47

A resistência ao deslizamento de uma descontinuidade é mobilizada por atrito entre as superfícies e

pelo encaixe entre as rugosidades das paredes, dependendo assim da tensão normal a que a

descontinuidades está sujeita (Resende, 2003). Assim, foram ensaiados provetes segundo planos

transversais, submetidos a quatro tensões normais ( ): 0.15, 0.30, 0.60 e 1.20 MPa. Para a obtenção

destes valores determinou-se o valor da pressão normal ( ) a aplicar (Equações 4.1 e 4.2). E para a

programação do valor de pressão normal no controlador do equipamento (Figura 4.4 – [5]) foi

necessária a introdução de quatro valores (Hi1, Lo1, Hi2, Lo2 (ver Anexo II)), conseguindo-se, assim, o

controlo dos caudais de óleo e correcto funcionamento do sistema.

Depois de colocada a amostra na câmara (Figura 4.4 – [11]), aplicados os valores no controlador de

pressão normal e o sistema automático da pressão normal se encontrar estabilizado, preparou-se o

sistema de pressão tangencial, impondo-se manualmente a pressão tangencial. O ensaio de

escorregamento consistiu, então, na aplicação de uma determinada tensão normal de compressão

que é mantida constante, aplicando-se depois uma força tangencial crescente que provoca o

escorregamento de uma metade do provete em relação à outra. Nas amostras de xisto, a tensão

normal aplicada é perpendicular aos planos de xistosidade e o deslizamento ocorre ao longo destes

planos.

Durante cada ensaio, para uma determinada pressão normal constante, obtiveram-se os valores da

pressão tangencial e os valores do deslocamento tangencial num deflectómetro, instalado no

equipamento.

Os dados obtidos correspondem a valores de deslocamentos tangenciais ( ) e aos valores das

pressões normal e tangencial, correspondentes às pressões de óleo aplicadas nos macacos

hidráulicos. O cálculo das forças, normal e tangencial, aplicadas é efectuado através da seguinte

relação (Manual interno do Laboratório de Geomecânica, 2011):

[4.1]

Sendo a força aplicada na amostra, a pressão (normal – ; tangencial – ) medida durante

o ensaio.

As tensões normais e tangenciais na amostra são calculadas por:

[4.2]

Sendo [m2] a secção da amostra.

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48

Os pares de valores ( , ) permitiram obter as curvas tensão de corte - deslocamento tangencial, para

cada tensão normal aplicada (Figuras AII.1 a AII.9, Anexo II), na figura seguinte apresenta-se um

exemplo típico das curvas obtidas.

Figura 4.5 – Curvas tensão de corte – deslocamento tangencial, para

, amostra X1.

Como se pode observar na Figura 4.5, de um modo geral, a resistência ao corte aumenta até um

máximo chamado resistência ao corte de pico ( ), a partir do qual, continuando o deslocamento, a

resistência decai para o que se chama resistência ao corte residual ( ), estando esta perda

relacionada com o possível desgaste das asperidades.

0.00

0.10

0.20

0.30

0.40

0.50

0.60

0.70

0.80

0.90

1.00

0.00 1.00 2.00 3.00 4.00 5.00 6.00 7.00

τ (M

Pa)

δ (mm)

σ4 = 1.20

σ3 = 0.60

σ2 = 0.30

σ1 = 0.15

Page 65: Tese 5,3 MB

49

5. Resultados e Análise dos Dados

5.1. Introdução

Neste capítulo, que se divide em quatro secções, são apresentados e analisados os resultados dos

ensaios efectuados e descritos anteriormente. A primeira parte dedica-se à caracterização das

superfícies das descontinuidades rugosas, analisando-se um parâmetro linear ( ) e um parâmetro

de superfície ( ), descritos anteriormente, e à relação entre ambos. Numa segunda parte analisam-

se os ensaios de deslizamento e os parâmetros de resistência ao corte obtidos a partir destes. Na

terceira determina-se o coeficiente , para por fim se analisarem os dados de ambos os ensaios,

relacionando os parâmetros de rugosidade e resistência.

5.2. Quantificação das superfícies rugosas

Depois de efectuado o varrimento das superfícies das amostras, com os dados ( , , ) obtidos

calculou-se o valor para cada perfil, nas direcções e . E para o cálculo de , directamente

através da superfície de cada amostra, efectuou-se interpolação espacial através do software Surfer®

versão 10.0 (Surface Mapping System – Golden Software™ Inc.) para a obtenção das áreas das

superfícies e posterior cálculo do parâmetro. Na Figura 5.1 apresenta-se de forma esquemática a

metodologia seguida para a obtenção dos parâmetros de rugosidade, depois da aquisição dos dados.

Figura 5.1 – Procedimento para a obtenção dos parâmetros de rugosidade.

Dados xyz Tratamento dos dados

(Excel)

Parâmetros de perfil

Cálculo de Ra

Valores médios

Valores máximos

Parâmetro de superfície

Interpolação espacial (Surfer)

Cálculo de Rs

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50

5.2.1. Cálculo

Para o cálculo dos parâmetros de rugosidade utilizaram-se os perfis efectivos, ou seja, perfis sem

qualquer filtragem (perfil medido semelhante ao perfil real), apresentados no Anexo I.

Para a medição do perfil linear de uma superfície o sistema mais utilizado é o sistema da linha Média,

em que todas as grandezas são definidas a partir de uma linha de referência (Palma, 2006 e Spínola,

1998) conforme mostra a Figura 5.2.

Figura 5.2 – Conceito de linha média. (Adaptado de Palma, 2006).

Neste sistema da linha Média, ou sistema M, a linha média é definida como uma linha disposta

paralelamente à direcção geral do perfil, dentro do percurso de medição, de tal modo que a soma

das áreas superiores, compreendida entre a linha M e o perfil efectivo seja igual à soma das áreas

inferiores (A1 +A2 = A3). Quando um perfil é cortado pela sua linha média, a porção acima desta é

denominada por pico do perfil e a porção abaixo denomina-se por vale do perfil.

Como exposto no sub-capítulo 3.3.1, o parâmetro é a soma do módulo das áreas, dos picos e

vales de um perfil, calculadas a partir da linha média a dividir pela distância na horizontal ( ), sendo

por isso equivalente à altura de um rectângulo, como se mostra na Figura 5.3.

Figura 5.3 – Rugosidade média . (Adaptado de Palma, 2006).

Page 67: Tese 5,3 MB

51

Assim, com o auxílio de um programa em linguagem Python (versão compilada de um programa que

funciona a partir do Python - Anexo III), que primeiramente, com um passo de 0.001 mm, percorre os

pontos do perfil calculando as áreas de forma a encontrar uma linha resultante do equilíbrio entre

áreas positivas e negativas, obteve-se o valor em relação à melhor linha média calculada para

cada perfil.

Na Figura 5.4 ilustram-se, a título de exemplo, dois perfis medidos e a respectiva linha média.

Figura 5.4 – Representação da linha média para dois perfis segundo a direcção e , respectivamente, para a amostra X5 (lado B). Unidades apresentadas em mm.

Os valores de calculados a partir de todos os perfis (perfis perpendiculares - - e paralelos -

- ao deslizamento) para as superfícies das várias amostras encontram-se no Anexo IV. Foram

considerados apenas os perfis medidos nos blocos superiores de cada amostra, ou seja, a metade do

provete que escorrega em relação à outra, nos ensaios de deslizamento efectuados posteriormente.

Na Tabela 5.1 reúnem-se os resultados obtidos para cada amostra, tendo em conta a média

ponderada de todos os valores de e ( , ), a partir do comprimento dos perfis medidos,

e o valor máximo ( e ) de todos os calculados em cada direcção.

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52

Tabela 5.1 – Valores médios e máximos do parâmetro .

Amostras

C1 0.558 1.300 1.444 1.517

C2 1.470 1.531 3.782 3.070

C3 0.720 0.892 1.536 1.861

C4 0.470 1.982 1.269 2.545

C5 1.336 1.710 2.433 3.961

X1 0.323 0.475 0.584 0.595

X2 0.587 1.447 1.742 2.078

X3 0.994 1.237 1.948 1.601

X4 0.677 0.800 1.071 0.901

X5 0.591 1.094 0.901 1.399

Considerando os valores médios, verifica-se que o valor de é superior nos perfis medidos na

direcção . Quando se consideram os valores máximos observa-se que, de um modo geral, o calcário

tem os perfis com maiores amplitudes em ambas as direcções.

5.2.2. Cálculo

Para a obtenção do parâmetro usou-se o programa Surfer (ver Anexo V), que a partir das

coordenadas , , de todos os perfis de um mesmo provete, por interpolação gerou uma malha que

permite calcular a área da superfície ( ) e a área projectada ( ) (Tabela 5.2). O mesmo programa

permitiu, ainda a representação das superfícies a 3D, ilustradas na sua totalidade no Anexo V (Figuras

AV.1 a AV.10), e exemplificadas na Figura 5.5.

Figura 5.5 – Superfície da amostra de calcário margoso (C4) e superfície do xisto micáceo (X5) e direcção do deslizamento imposto.

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53

Tabela 5.2 – Parâmetro .

Amostras (mm2) (mm

2)

C1 3112.751 3016.274 1.032

C2 3090.174 2930.187 1.055

C3 3012.359 2904.556 1.037

C4 3007.248 2898.257 1.038

C5 3103.179 2878.644 1.078

X1 3457.402 3415.511 1.012

X2 4005.635 3910.408 1.024

X3 3288.692 3158.464 1.041

X4 3374.269 3304.609 1.021

X5 3892.535 3810.514 1.022

Pela Tabela 5.2, verifica-se que o parâmetro de rugosidade superficial é superior nas amostras de

calcário, excepto em relação a X3 que apresenta um valor de 1.041. Os valores de encontram-se

no intervalo de cerca de 1.01 a 1.08, valores semelhantes aos obtidos por Lee et al. (2006), que

estudaram a modelação de superfícies de descontinuidades rochosas através deste parâmetro. No

entanto todos os valores são considerados reduzidos, tendo em conta a variação do parâmetro:

, proposta por El Soudani (1978 apud Fifer Bizjak, 2010).

Para o cálculo de , foram consideradas as áreas da secção obtidas pelo programa Surfer e não as

consideradas na Tabela 4.1 e Tabela 4.2, uma vez que estas últimas foram calculadas de forma mais

grosseira (através de régua assumindo a forma elíptica das superfícies) e por isso com menor

precisão.

5.2.3. Relação entre e

Segundo Belem et al. (2000) pode-se obter o parâmetro que descreve toda a superfície da fractura

através do cálculo de um parâmetro pseudo-superficial ou pseudo-3D (caracterização indirecta da

morfologia). Assim, os parâmetros dos perfis ( ) obtidos ao longo de linhas paralelas, na direcção

e podem aproximar o valor para as diferentes superfícies.

Considerou-se, então, que os parâmetros médios ( e ) medidos para cada superfície são

variáveis independentes ( e , respectivamente) e o coeficiente a variável dependente ( ),

Page 70: Tese 5,3 MB

54

que passa a ser função das anteriores. Admite-se um comportamento não-linear, sendo necessário

ajustar funções não-lineraes aos dados e determinar os parâmetros que possibilitam descrever

qualitativa e quantitativamente o fenómeno, usando-se para isso a técnica denominada análise de

regressão não-linear. O procedimento utilizado baseia-se, sucintamente, na escolha da melhor

função de ajuste de duas variáveis independentes, na determinação dos parâmetros da função e na

visualização da função obtida em gráficos 3D. Esta análise foi realizada com o auxílio da ferramenta

informática LAB Fit Curve Fitting Software V7.2.48 (ver Anexo VI).

Escolheu-se, então, a função que melhor se ajusta, simultaneamente, aos dois conjuntos de dados,

calcário e xisto: função potência com duas variáveis independentes e dois parâmetros e

(Equação 5.1).

[5.1]

As equações de regressão obtidas, para o calcário [5.2] e xisto [5.3], assim como os coeficientes de

correlação obtidos encontram-se sintetizados na Tabela 5.3.

Tabela 5.3 – Resultados da regressão não-linear, obtidos pelo software LAB Fit.

Amostras Equações

Calcário

0.88 0.78 0.70

Xisto [5.2] 0.86 0.74 0.65

A “qualidade” da regressão efectuada pode ser avaliada pelo coeficiente de correlação múltiplo,

que mede o “grau” de relacionamento entre a variável independente ( ) e o conjunto das variáveis

independentes ( e ). Obteve-se valores altos para este coeficiente para ambas as regressões

( =0.88 e 0.86) que indicam que há uma boa correlação, de acordo com o modelo de regressão

adoptado. O coeficiente de determinação ( ), que é o quadrado do coeficiente de correlação , é

expresso em percentagem e representa a fracção da variância total que é explicada pelas variáveis

independentes de acordo com o modelo matemático ajustado aos dados. Assim, para o calcário, 78%

da variação do parâmetro é explicada pelos parâmetros de rugosidade média e ,

enquanto no xisto o coeficiente é igual a 0.74, valores que representam uma correlação alta.

Contudo um grande valor de , nos casos de regressão múltipla, não implica necessariamente que o

modelo de regressão seja um bom ajustamento, uma vez que a adição de uma variável aumenta

sempre o valor deste coeficiente, sem ter em conta se os termos incluídos são ou não

estatisticamente significativos. Assim é importante considerar o coeficiente de determinação

Page 71: Tese 5,3 MB

55

ajustado ( ), que considera a perda de correlação pela adição de variáveis. Para este

coeficiente obteve-se, então, cerca de 70% de correlação no caso do calcário e 65% para o xisto,

valores que, apesar de terem decrescido, se consideram altos. E sendo a diferença entre e

diminuta (8 e 9%), considera-se que ambas as variáveis independentes são estatisticamente

significativas e o ajuste apresenta boa qualidade.

Uma vez determinados os parâmetros do ajuste, é possível representar as funções em gráficos 3D

com os dados originais (Figura 5.6 e Figura 5.7).

Figura 5.6 – Ajuste gráfico da função aos dados, para as amostras de calcário, obtido pelo LAB Fit.

Figura 5.7 – Ajuste gráfico da função aos dados, para as amostras de xisto, obtido pelo LAB Fit.

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56

Pela análise dos gráficos 3D verifica-se que, de acordo com o modelo escolhido, o coeficiente de

rugosidade superficial ( ) aumenta com o incremento dos valores médios dos parâmetros e

, notando-se maior preponderância do parâmetro , ou seja, dos valores médios de

rugosidade medidos na direcção .

5.3. Ensaio de deslizamento de diaclases

Da análise das curvas obtidas para as tensões normais , , e

MPa (Anexo I), obtiveram-se os valores ( , ), correspondentes à envolvente de

resistência das descontinuidades. Os valores da tensão normal variam ligeiramente de amostra para

amostra devido aos cálculos efectuados para determinar a pressão . Na tabela seguinte

apresentam-se os valores correspondentes à tensão tangencial de pico ( ) e residual ( ), para cada

amostra.

Tabela 5.4 – Resultados dos ensaios de deslizamento.

Amostras (MPa) (MPa) (MPa)

C1

0.15 0.321 0.213

0.31 0.466 0.258

0.60 0.683 0.846

1.20 1.131 0.846

C2

0.15 0.392 0.266

0.30 0.555 0.457

0.60 0.866 0.700

1.20 1.483 1.301

C3

0.15 0.303 0.156

0.28 0.171 0.085

0.60 0.360 0.218

1.22 0.554 0.512

C4

0.15 0.244 0.098

0.31 0.378 0.280

0.60 0.620 0.518

1.21 1.241 0.895

C5

0.15 0.351 0.135

0.31 0.385 0.250

0.61 0.703 0.544

1.20 1.083 0.756

X1

0.15 0.177 0.112

0.30 0.313 0.201

0.60 0.518 0.381

1.20 0.883 0.759

X2

0.15 0.122 0.082

0.31 0.211 0.154

0.60 0.361 0.293

Page 73: Tese 5,3 MB

57

Continuação da Tabela 5.4

X2 1.20 0.615 0.543

X3

0.15 0.198 0.168

0.31 0.323 0.302

0.60 0.578 0.526

1.20 1.000 0.944

X4

0.15 0.165 0.124

0.30 0.260 0.198

0.60 0.441 0.388

1.20 0.800 0.730

X5

0.15 0.211 0.115

0.30 0.323 0.208

0.60 0.554 0.393

1.20 0.838 0.729

Os resultados para a amostra C3 não foram considerados nos posteriores cálculos efectuados, pois

não se considerou o ensaio válido.

Na Figura 5.8, representam-se, para uma das amostras ensaiadas, o diagrama com a representação

dos pontos de ( , ), para valores de tensão de pico e residual onde se traçou a recta de Mohr-

Coulomb correspondente, por regressão linear. Com base nesta recta é possível determinar os

parâmetros que caracterizam a resistência ao corte da fractura, nomeadamente o ângulo de atrito de

pico ( ) e residual ( ), a coesão aparente ( ) e coesão residual ( ). Os restantes diagramas tensão

de corte – tensão normal e os parâmetros calculados encontram-se no Anexo VII.

Figura 5.8 – Diagrama tensões tangenciais – tensões normais, para a amostra X1.

τp = 0.6605σn + 0.101; R² = 0.9955

τr = 0.6166σn + 0.0164; R² = 0.9998

0.00

0.10

0.20

0.30

0.40

0.50

0.60

0.70

0.80

0.90

1.00

0.00 0.20 0.40 0.60 0.80 1.00 1.20

τ (M

Pa)

σn (MPa)

Pico

Residual

Page 74: Tese 5,3 MB

58

Na Tabela 5.5 indicam-se os valores dos parâmetros de resistência ( , , e ) e ainda os

coeficientes entre os valores obtidos e as rectas mais prováveis aos valores para as tensões de

pico e residuais.

Tabela 5.5 – Ensaio de deslizamento de diaclases.

Amostra (MPa) (°) (MPa) (°) Coeficiente

C1 0.22 37.35 0.08 31.79 1.00 0.99

C2 0.24 46.07 0.14 44.07 1.00 1.00

C4 0.07 43.76 0.03 36.21 1.00 0.99

C5 0.22 35.60 0.09 30.10 0.98 0.94

X1 0.10 33.44 0.02 31.66 1.00 1.00

X2 0.07 24.88 0.02 23.63 1.00 1.00

X3 0.09 37.40 0.07 36.29 1.00 1.00

X4 0.08 31.10 0.03 30.22 1.00 1.00

X5 0.15 31.66 0.03 29.80 0.99 1.00

Verifica-se, como esperado, que o ângulo de atrito residual é inferior ao ângulo de pico, graças ao

deslocamento tangencial, que provocou o desgaste das asperidades das superfícies. Ainda assim a

coesão residual não é nula, facto que pode ser explicado assumindo que o desgaste ocorreu

preferencialmente nas asperidades menores das superfícies.

Como exposto no sub-capítulo 2.3.1.1., Patton considera que para valores de tensão normal baixos o

deslizamento ocorre pelo galgar das asperidades e que a resistência ao corte aumenta linearmente

com a tensão normal, satisfazendo a relação da Equação 2.7 [ ]. Considerou-se

assim relevante calcular também os ângulos de pico ( ) para as rectas corrigidas segundo a origem,

considerando (Tabela AVII.1, Anexo VII) apresentados em seguida na Tabela 5.6.

Page 75: Tese 5,3 MB

59

Tabela 5.6 – Resultados para .

Amostra (°)

C1 45.60 0.83

C2 52.99 0.88

C4 46.18 0.99

C5 44.17 0.80

X1 37.93 0.95

X2 28.44 0.95

X3 41.15 0.97

X4 34.76 0.97

X5 37.51 0.84

Admitindo que (para superfícies sãs), considerou-se a seguinte equação:

[5.3]

Em que é o ângulo correspondente à componente das asperidades para as amostras estudadas.

Na Tabela 5.7 indicam-se os ângulos obtidos pela Equação 5.4, a partir dos dados da Tabela 5.5 e

Tabela 5.6.

Tabela 5.7 – Ângulo .

Amostra (°)

C1 13.81

C2 8.92

C4 9.97

C5 14.07

X1 6.27

X2 4.81

X3 4.86

X4 4.54

X5 7.71

Page 76: Tese 5,3 MB

60

Relacionando o ângulo calculado com o parâmetro de rugosidade superficial ( ) apresentado na

Tabela 5.2, obtém-se uma relação linear positiva como se verifica no diagrama de dispersão da Figura

5.9.

Figura 5.9 – Relação linear de com o ângulo .

O valor de =0.63, que indica que 63% da variabilidade de é linearmente descrita pelo parâmetro

, permite assumir que o ajuste linear é representativo.

5.4. Determinação de

Como se referiu no sub-capítulo 2.3.2.1., na Equação 2.13, proposta por Barton e Choubey (1977), o

termo

é equivalente ao ângulo de rugosidade , proposto por Patton. Igualando o

ângulo calculado neste estudo com o termo referido obtém-se a equação:

[5.4]

Na Tabela 5.8 apresentam-se os valores de JRC calculados com base na Equação 5.5.

y = 120.68x - 117.42; R² = 0.63 0

2

4

6

8

10

12

14

1.01 1.03 1.05 1.07

i'

Rs

Page 77: Tese 5,3 MB

61

Tabela 5.8 – Valores de .

Amostra

C1 5.69

C2 3.68

C4 4.11

C5 5.80

X1 2.82

X2 2.16

X3 2.19

X4 2.04

X5 3.47

Tendo em conta que para tensão normal baixa e para descontinuidades sãs (sem alteração), é

igual à resistência à compressão ( ) da rocha (Barton, 1971 apud Asadollahi e Tonon, 2010),

considerou-se os seguintes valores para : 40 MPa para as amostras de calcário e 25 MPa para o

xisto. Para o valor de usou-se a tensão normal mais baixa reproduzida nos ensaios de

deslizamento ( = 0.15 MPa).

5.5. Análise dos resultados

Em seguida, analisam-se as relações entre as características de corte calculadas a partir dos ensaios

de deslizamento e as características das superfícies em estudo.

A relação entre a tensão tangencial de pico ( ) e o coeficiente de rugosidade superficial ( ), para as

tensões normais estudadas ( = 0.15, 0.30, 0.60 e 1.20 MPa), apresenta-se na Figura 5.10. Através

do diagrama verifica-se que, de um modo geral, os aumentos na resistência ao deslizamento são

correspondentes ao incremento da rugosidade superficial, para as superfícies estudadas.

Page 78: Tese 5,3 MB

62

Figura 5.10 – Diagrama de dispersão versus resistência tangencial de pico.

Com o aumento da tensão normal, segundo Barton (1973), o efeito da rugosidade na resistência ao

deslizamento decresce. No entanto, verifica-se que para os ensaios efectuados a tendência mantém-

se para todos os níveis de tensão normal aplicados (Figura 5.10).

Na representação dos valores dos ângulos e com (Figura 5.11) verifica-se que o andamento

de ambas as séries é semelhante e é melhor aproximado por uma função polinomial, tendo-se obtido

valores de correlação de R² = 0.77 para e de 0.97 para . O aumento da rugosidade das paredes

resulta num ângulo de atrito maior; a forte relação entre e pode significar que a “topografia”

da superfície se manteve constante (em graus diferentes), ao longo dos deslizamentos, assumpção

esta comprovada com os valores de coesão residual obtidos nos ensaios.

Figura 5.11 – Diagrama rugosidade superficial versus o ângulo de atrito de pico e residual.

0.00

0.20

0.40

0.60

0.80

1.00

1.20

1.40

1.60

1.00 1.02 1.04 1.06 1.08

τ p (

MP

a)

Rs

σ4 = 1.20

σ3 = 0.60

σ2 = 0.30

σ1 = 0.15

y = 5533x2 - 11054x + 5557; R² = 0.77 y = 10385x2 - 21144x + 10792; R² = 0.97

20.00

25.00

30.00

35.00

40.00

45.00

50.00

55.00

1.01 1.02 1.03 1.04 1.05 1.06

φ (°)

RS

φ'p (°)

φr (°)

Page 79: Tese 5,3 MB

63

Para determinar o comportamento entre os valores obtidos para o e os outros parâmetros de

rugosidade calculados, usaram-se os valores determinados pela Equação 5.5 com = 0.15 MPa,

admitindo-se a destruição mínima das asperidades das superfícies, pois os parâmetros de rugosidade

( e ) foram obtidos a partir de medições feitas antes dos ensaios de deslizamento e caracterizam

a rugosidade inicial das descontinuidades. Na Figura 5.12 apresenta-se, então, o diagrama - e

respectiva regressão linear, tendo a função um comportamento idêntico ao verificado para a

componente representado na Figura 5.9, como esperado. No entanto o coeficiente diminuiu

ligeiramente de 63% para 59%.

Figura 5.12 – Relação linear entre e .

Testou-se também a relação entre o e os valores médios de , para as direcções e (Figura

5.13 e Figura 5.14, respectivamente), de modo a aferir a influência da direcção de medição dos perfis

no valor da rugosidade .

Figura 5.13 – Relação linear entre e .

y = 45.372x - 43.737; R² = 0.59 1.00

2.00

3.00

4.00

5.00

6.00

1.01 1.03 1.05 1.07

JRC

Rs

y = 1.3994x + 2.1562; R² = 0.21 1.00

2.00

3.00

4.00

5.00

6.00

0.20 0.40 0.60 0.80 1.00 1.20 1.40

JRC

RaX

Page 80: Tese 5,3 MB

64

Figura 5.14 – Relação linear entre e .

Verifica-se uma correlação linear positiva em ambas as direcções e o aumenta de 21%, no caso

dos valores de rugosidade média medidos na direcção ( ), para 34%, nos valores medidos na

direcção ( ). Existe, então, maior correlação do com o parâmetro médio da direcção

paralela à direcção do deslizamento ( ), sendo este sempre maior que como se pode ver na

Tabela 5.1.

Tendo em conta o valor de 34% obtido na relação com o parâmetro médio , analisou-se (Figura

5.15), a relação do coeficiente de rugosidade com os valores máximos do parâmetro na direcção

( ). A correlação obtida aumentou significativamente para 63%.

Figura 5.15 – Relação linear entre e .

y = 1.5182x + 1.3361; R² = 0.34 1.00

2.00

3.00

4.00

5.00

6.00

0.40 0.90 1.40 1.90

JRC

RaY

y = 0.8959x + 1.4779; R² = 0.63 1.00

2.00

3.00

4.00

5.00

6.00

0.50 1.00 1.50 2.00 2.50 3.00 3.50 4.00

JRC

Ra Y(max)

Page 81: Tese 5,3 MB

65

Dado o aumento de correlação linear entre o JRC e os valores máximos medidos na direcção ,

relacionou-se também os valores de e , tendo-se obtido um coeficiente R² = 0.68 (Figura

5.16).

Figura 5.16 – Relação linear entre o ângulo e .

Obteve-se, então, a equação matemática da recta que representa o melhor relacionamento

numérico linear entre o conjunto de pares de dados das variáveis e , com um coeficiente

de correlação = 0.82:

[5.5]

Em que é o ângulo correspondente à componente das asperidades e o valor máximo de

na direcção , para as amostras estudadas.

i'= 2.3829Ra Y(max)+ 2.8392; R² = 0.68 0

2

4

6

8

10

12

14

0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4

i'

Ra Y(max)

Page 82: Tese 5,3 MB

66

Page 83: Tese 5,3 MB

67

6. Conclusões e Recomendações

Os valores de medidos na direcção são superiores aos da direcção , para ambos os tipos

de rocha, devido à geometria mais acentuada, resultante da forma como foi provocada a

fractura, principalmente nas amostras de calcário que não rompem por uma direcção

preferencial. Os calcários apresentam, então, ondulações de maiores amplitudes médias na

direcção , devido à fractura do tipo sub-conchoidal. Enquanto os xistos apresentam um maior

grau de variabilidade, sendo que as diferenças entre direcções não são tão grandes, pois a rocha

rompe segundo a superfície de maior fraqueza (xistosidade), ainda assim os maiores valores

obtidos correspondem aos perfis medidos paralelamente à direcção dos planos de xistosidade.

Os valores do parâmetro são, de um modo geral, superiores para o calcário. Os valores para o

xisto são menores devido exactamente à xistosidade, pois a rocha fractura segundo planos lisos

a ligeiramente ondulados.

Observa-se que a relação entre e é bem descrita por uma função potência do tipo:

Em que e são constantes que variam com o tipo de material. Tendo-se verificado que é

0.011 para o xisto e para o calcário é 0.026, e que é semelhante nos dois casos, 1.03 e 1.04,

respectivamente.

Da observação dos valores de coesão aparente pode concluir-se que, para as rochas estudadas,

os níveis de tensão normal aplicados nos ensaios não foram suficientemente altos para

desgastar ou degradar por completo as asperidades das superfícies das amostras estudadas,

ocorrendo deslizamento pelo galgar das asperidades, verificando-se a destruição apenas das

asperidades menores.

Verifica-se um aumento na resistência ao deslizamento de pico ( ) com o aumento da

rugosidade superficial ( ), para as superfícies estudadas.

Existe uma correlação forte entre o coeficiente de rugosidade superficial e o ângulo de atrito de

pico e residual, medidos em laboratório.

Page 84: Tese 5,3 MB

68

Quando se estuda a variação do com a rugosidade superficial ( ) a correlação decresce

(59%) indicando uma correlação ligeiramente superior (63%) deste parâmetro com o valor

máximo de rugosidade média de cada superfície ( ). O é, efectivamente, um

parâmetro unidimensional e é sobretudo sensível às maiores amplitudes.

Relativamente ao parâmetro esta tendência verifica-se, havendo um aumento de correlação,

de 63% com a rugosidade superficial, para 68% com o parâmetro de rugosidade na direcção .

As correlações obtidas enfatizam a relevância da rugosidade na resistência ao corte das

superfícies de descontinuidade abertas.

A relação entre os parâmetros de resistência, expressos através do ângulo , e os parâmetros de

rugosidade medidos, representados por pode ser caracterizada através da expressão:

A rugosidade deve ser estudada com parâmetros que considerem principalmente as asperidades

de maior amplitude e na direcção paralela ao corte, para que se possam obter melhores

correlações entre esta e os parâmetros e . Ou seja, neste estudo consideraram-se os

perfis, na direcção paralela ao corte, com maiores valores de rugosidade média ( ) e seria

vantajoso estudar para cada perfil as maiores distâncias pico-vale.

De forma a avaliar a influência dos níveis de tensão normal na superfície da amostra e para se

estudar a evolução dos parâmetros de rugosidade de acordo com os deslizamentos a que as

superfícies são submetidas, seria importante a medição destes parâmetros após cada

deslizamento imposto, considerando-se assim a degradação das asperidades da superfície.

A medição dos deslocamentos normais aquando dos ensaios de deslizamento permitiria

também um estudo mais aprofundado do ângulo , ou seja permitiria a análise do ângulo de

dilatância, proposto por Barton e Choubey (1977).

Uma vez que o parâmetro de rugosidade é constante somente para um dado comprimento

de perfil, os valores deste obtidos a partir do ângulo devem ser interpretados de forma

cuidadosa, pois não se teve em conta o efeito de escala neste estudo.

Page 85: Tese 5,3 MB

69

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10.1007/s12555-010-0411-5;

ZHAO, J. (1997). Joint Surface Matching and Shear Strength Part B: JRC-JMC Shear Strength Criterion.

Int. J. Rock Mech. Min. Sci., 34 (2), 179-185;

Page 91: Tese 5,3 MB

i

Anexos

Page 92: Tese 5,3 MB

ii

Page 93: Tese 5,3 MB

iii

Anexo I – Perfis medidos

Nas Figuras AI.1 a AI.9 apresentam-se os perfis medidos nas superfícies estudadas, na esquerda os

perfis medidos na direcção e na direita os medidos na direcção .

Figura AI.1 – Perfis da superfície C1A.

Page 94: Tese 5,3 MB

iv

Figura AI.2 – Perfis da superfície C2B.

Page 95: Tese 5,3 MB

v

Page 96: Tese 5,3 MB

vi

Figura AI.3 – Perfis da superfície C3A.

Page 97: Tese 5,3 MB

vii

Figura AI.4 – Perfis da superfície C4B.

Page 98: Tese 5,3 MB

viii

Figura AI.5 – Perfis da superfície C5B.

Page 99: Tese 5,3 MB

ix

Page 100: Tese 5,3 MB

x

Figura AI.6 – Perfis da superfície X1B.

Page 101: Tese 5,3 MB

xi

Figura AI.7 – Perfis da superfície X2B.

Page 102: Tese 5,3 MB

xii

Page 103: Tese 5,3 MB

xiii

Figura AI.8 – Perfis da superfície X3B.

Page 104: Tese 5,3 MB

xiv

Figura AI.9 – Perfis da superfície X4A.

Page 105: Tese 5,3 MB

xv

Page 106: Tese 5,3 MB

xvi

Anexo II – Ensaio de deslizamento de diaclases

Ensaio de deslizamento de diaclases

Valores para o Controlador de Pressão Normal do equipamento de corte (Manual interno do

Laboratório de Geomecânica, 2011):

Hi1: Valor pressão normal (em bar) a partir do qual o sistema de descarga acorda (liga a

electroválvula).

Lo1: Valor de pressão normal (em bar) a partir do qual o sistema de descarga desliga (desliga

a electroválvula). Tem-se sempre de verificar a relação: Hi1 ≥ Lo1 + 0.6 *bar+

Hi2: Valor de pressão normal (em bar) a partir do qual desliga o sistema de carga (Desliga a

bomba).

Lo2: Valor pressão normal (em bar) a partir do qual liga o sistema de carga actua (Liga a

bomba).: Dever-se-á verificar a relação: Hi2 ≥ Lo2 + 0.6 *bar+

Na tabela seguinte apresentam-se os valores usados para o controlo da pressão normal e os valores

de pressão e tensão normal obtidos através das Equações 4.1 e 4.2.

Tabela AII.1 – Valores de pressão e tensão normal.

Amostra Hi1 Lo1 Hi2 Lo2 obtida (bar) (MPa)

C1

4.6 4.0 4.0 3.4 3.4 0.15 7.8 7.2 7.2 6.6 6.8 0.31

14.4 13.8 13.8 13.2 13.2 0.60 27.2 26.6 26.6 26.0 25.6 1.20

C2

4.4 3.8 3.8 3.2 3.2 0.15 7.0 6.4 6.2 5.6 6.4 0.30

14.0 13.4 13.4 12.8 12.8 0.60 27.2 26.6 26.4 25.8 25.8 1.20

C3

4.4 3.8 3.8 3.2 3.2 0.15 7.0 6.4 6.2 5.6 6.0 0.28

14.0 13.4 13.2 12.6 12.6 0.60 27.2 26.6 26.4 25.8 25.8 1.22

C4

4.4 3.8 308 3.2 3.2 0.15 7.6 7.0 7.0 6.4 6.6 0.31

14.0 13.4 13.4 12.8 12.8 0.60 27.2 26.4 26.4 25.8 26.0 1.21

C5

4.4 3.8 3.8 3.2 3.2 0.15 7.4 6.8 6.8 6.2 6.4 0.31

13.8 13.2 13.2 12.6 12.6 0.61 26.6 26.0 26.0 25.4 25.4 1.20

X1 4.8 4.2 4.2 3.6 3.6 0.15

Page 107: Tese 5,3 MB

xvii

Continuação da Tabela AII.1

8.6 8.0 8.0 7.4 7.4 0.30

15.8 15.2 15.2 14.6 14.4 0.60 31.2 30.6 30.6 30 29.8 1.20

X2

5.4 4.8 4.8 4.2 4.2 0.15 9.6 9.0 9.0 8.4 8.4 0.30

17.8 17.2 17.2 16.6 16.6 0.60 34.2 33.6 33.6 33.0 32.6 1.20

X3

4.6 4.0 4.0 3.4 3.4 0.15 8.2 7.6 7.6 7.0 7.2 0.31

15.2 14.6 14.6 14.0 14.0 0.60 28.0 27.4 27.4 26.8 26.8 1.20

X4

4.8 4.2 4.2 3.6 3.6 0.15 8.4 7.8 7.8 7.2 7.2 0.30

15.8 15.2 15.2 14.6 14.6 0.60 30.6 30.0 30.0 29.4 29.2 1.20

X5

5.8 5.2 5.2 4.6 4.6 0.15 10.2 9.6 9.6 9.0 9.0 0.30 19.2 18.6 18.6 18.0 18.0 0.60 37.2 36.6 36.6 36.0 36.0 1.20

Curvas tensão tangencial – deslocamento tangencial , para as tensões normais

.

Em seguida, nas Figuras AII.1 a AII.9, representam-se as curvas com os valores de tensão tangencial,

calculados a partir das pressões tangenciais impostas (Equações 4.1 e 4.2), versus os deslocamentos

tangenciais medidos.

Figura AII.1 – tensão de corte – deslocamento tangencial, amostra C1.

0.00

0.20

0.40

0.60

0.80

1.00

1.20

0.00 1.00 2.00 3.00 4.00 5.00 6.00 7.00

τ (M

Pa)

δ (mm)

σ4 = 1.20

σ3 = 0.60

σ2 = 0.31

σ1 = 0.15

Page 108: Tese 5,3 MB

xviii

Figura AII.2 – tensão de corte – deslocamento tangencial, amostra C2.

Figura AII.3 – tensão de corte – deslocamento tangencial, amostra C3.

0.00

0.20

0.40

0.60

0.80

1.00

1.20

1.40

1.60

0.00 1.00 2.00 3.00 4.00 5.00 6.00 7.00

τ (M

Pa)

δ (mm)

σ4 = 1.20

σ3 = 0.60

σ2 = 0.30

σ1 = 0.15

0.00

0.10

0.20

0.30

0.40

0.50

0.60

0.00 0.50 1.00 1.50 2.00 2.50 3.00

τ (M

Pa)

δ (mm)

σ4 = 1.22

σ3 = 0.60

σ2 = 0.28

σ1 = 0.15

Page 109: Tese 5,3 MB

xix

Figura AI.4 – tensão de corte – deslocamento tangencial, amostra C4.

Figura AII.5 – tensão de corte – deslocamento tangencial, amostra C5.

0.00

0.20

0.40

0.60

0.80

1.00

1.20

1.40

0.00 1.00 2.00 3.00 4.00 5.00 6.00 7.00

τ (M

Pa)

δ (mm)

σ4 = 1.21

σ3 = 0.60

σ2 = 0.31

σ1 = 0.15

0.00

0.20

0.40

0.60

0.80

1.00

1.20

0.00 1.00 2.00 3.00 4.00 5.00 6.00 7.00

τ (M

Pa

)

δ (mm)

σ4 = 1.22

σ3 = 0.61

σ2 = 0.31

σ1 = 0.15

Page 110: Tese 5,3 MB

xx

Figura AII.6 – tensão de corte – deslocamento tangencial, amostra X2.

Figura AII.7 – tensão de corte – deslocamento tangencial, amostra X3.

0.00

0.10

0.20

0.30

0.40

0.50

0.60

0.70

0.00 1.00 2.00 3.00 4.00 5.00 6.00 7.00

τ (M

Pa)

δ (mm)

σ4 = 1.20

σ3 = 0.60

σ2 = 0.30

σ1 = 0.15

0.00

0.20

0.40

0.60

0.80

1.00

1.20

0.00 1.00 2.00 3.00 4.00 5.00 6.00 7.00

τ (M

Pa)

δ (mm)

σ4 = 1.20

σ3 = 0.60

σ2 = 0.31

σ1 = 0.15

Page 111: Tese 5,3 MB

xxi

Figura AII.8 – tensão de corte – deslocamento tangencial, amostra X4.

Figura AII.9 – tensão de corte – deslocamento tangencial, amostra X5.

0.00

0.10

0.20

0.30

0.40

0.50

0.60

0.70

0.80

0.90

0.00 1.00 2.00 3.00 4.00 5.00 6.00 7.00

τ (M

Pa)

δ (mm)

σ4 = 1.20

σ3 = 0.60

σ2 = 0.30

σ1 = 0.15

0.00

0.10

0.20

0.30

0.40

0.50

0.60

0.70

0.80

0.90

0.00 1.00 2.00 3.00 4.00 5.00 6.00 7.00

τ (M

Pa)

δ (mm)

σ4 = 1.20

σ3 = 0.60

σ2 = 0.30

σ1 = 0.15

Page 112: Tese 5,3 MB

xxii

Anexo III – Código do programa que calcula o parâmetro

-*- coding: utf-8 -*- """ Created on Wed May 18 17:58:47 2011 @author: pedro.correia """ from __future__ import division import numpy as np import wx import wx.lib.plot as wxplot # from __future__ import division indica que podemos utilizar a divisão directamente # sem ter que indicar que o resultado é um "float" (ele assume directamente). # import numpy as np importa a biblioteca numpy que usamos para tratamento numérico, # matrizes e vectores. # import wx importa o wxpython, a biblioteca usada para construir o interface gráfico. # import wx.lib.plot as wxplot faz a importaçao das ferramentas que nos permitem fazer #gráficos. """ Para analisar o código deste programa o leitor deverá começar pelo fim onde se chama a classe ANGFrame e depois a definição da própria classe que aparece nas linhas a seguir a este texto. Dentro da classe estão constituídos os objectos gráficos e a função que vai executar o tratamento numérico e gráfico (onapply). Nesta função está o seguimento do que é lido, calculado e salvo. É importante notar que este programa funciona a partir do Python, no entanto foi construída uma versão compilada para ser usada em computadores que não disponham desta ferramenta (compilado pelo programa py2exe). """ # A ANGFrame é a janela principal do programa onde decorrem todas as operações de maior # importância. A descriçao vai sendo feito à medida que aparece o código. Class ANGFrame(wx.Frame): # A primeira coisa que o programa faz é correr o código dentro da # função __init__ (indicando que é para fazer ao inicializar). def __init__(self,parent,id): # Cria um janela com titulo "Programa da Angela", tamanho em pixéis # 680 na horizontal e 470 na vertical com vários oboés em relação às # funções que a mesma contem (minimizar, maximizar, fechar, etc.) wx.Frame.__init__(self,parent,id,"Programa da Angela",size=(680,470),style=wx.CAPTION|wx.CLOSE_BOX|wx.SYSTEM_MENU|wx.MINIMIZE_BOX) # Meto um objecto painel onde vão ficar todos os objectos incluídos # no corpo da janela. panel=self.panel=wx.Panel(self) # Criar variáveis dentro da janela (que podem, em certa medida ser consideradas # variáveis globais). É importante porque vão ser usadas dentro de funções (se # fossem locais não seria possível). # self.path é a lista dos caminhos dos ficheiros de input. # self.path_len é o tamanho da lista. # self.output é a directoria para onde se vão guardar os resultados. # NOTA: Ver as funçoes onsave e onload onde o utilizador indica qual os ficheiros # que quer usar para salvar e carregar, respectivamente. self.path=None self.path_len=None self.output=None

Page 113: Tese 5,3 MB

xxiii

wx.StaticBox(panel,-1,'Caminho',(10,10),(250,70)) self.path_btn1=wx.Button(panel,-1,'Carregar ficheiro',(30,30),(100,40)) wx.EVT_BUTTON(self,self.path_btn1.GetId(),self.onload) wx.StaticBox(panel,-1,'Passo',(10,80),(250,70)) self.step=wx.TextCtrl(panel,-1,'0.001',(30,105),(100,-1)) wx.StaticBox(panel,-1,'Saida',(10,150),(250,70)) self.path_btn2=wx.Button(panel,-1,'Salvar para...',(30,170),(100,40)) wx.EVT_BUTTON(self,self.path_btn2.GetId(),self.onsave) # O botão apply corre o programa e trata a informaçao carregada em todos os ficheiros. wx.StaticBox(panel,-1,'Correr o programa',(10,220),(250,70)) self.apply=wx.Button(panel,-1,'Faz contas',(30,240),(100,40)) wx.EVT_BUTTON(self,self.apply.GetId(),self.onapply) self.plotterx=wxplot.PlotCanvas(self.panel,pos=(270,10)) self.plotterx.SetInitialSize(size=(400,400)) def onapply(self,event): # O real objectivo do programa está nesta função. resfile='Resultado_do_' imfile='Imagem_do_' cc=1 # ciclo "for" para fazer a mesma operação para todos os ficheiros que estão na lista # self.path. for p in self.path: var=np.loadtxt(p) step=float(self.step.GetValue()) # definir o vector media com mínimo dos valores: tamanho=var.shape[0] linmedia=np.zeros(tamanho) minimo=var[:,1].min() # linha a começar no valor mínimo. k=0 while k<tamanho: linmedia[k]=minimo k=k+1 bestlinmedia=np.zeros(tamanho) bestdist=np.zeros(tamanho) appexdist=np.zeros(tamanho) bestareas=np.zeros(tamanho) appexareas=np.zeros(tamanho) # iteração da linha para todas as posições entre mínimo e máximo # com o passo de precisão escolhida e retirar dai o valor óptimo. # Este método desconsidera a performance do algoritmo dado que o tamanho # dos dados não justifica aproximações mais rápidas. counter=0 while minimo<=var[:,1].max(): if counter==0: i=0 while i<tamanho: if i==0: appexdist[i]=var[i,1]-linmedia[i] else:

Page 114: Tese 5,3 MB

xxiv

appexdist[i]=var[i,1]-linmedia[i] bestdist[i]=appexdist[i] appexareas[i]=((appexdist[i-1]+appexdist[i])/2)*(-var[i,0]+var[i-1,0]) bestareas[i]=appexareas[i] i=i+1 counter=1 else: i=0 while i<tamanho: if i==0: appexdist[i]=linmedia[i]-var[i,1] else: appexdist[i]=linmedia[i]-var[i,1] appexareas[i]=((appexdist[i-1]+appexdist[i])/2)*(-var[i,0]+var[i-1,0]) i=i+1 bestsum=bestareas.sum() appexsum=appexareas.sum() if abs(appexsum)<abs(bestsum): f=0 while f < tamanho: bestareas[f]=appexareas[f] bestdist[f]=appexdist[f] bestlinmedia[f]=linmedia[f] f=f+1 minimo=minimo+step k=0 while k<tamanho: linmedia[k]=minimo k=k+1 a=bestdist.reshape(tamanho,1) bestsumareas=bestareas.sum() bestsumdist=bestdist.sum() distmax=var[-1,0]-var[0,0] b=bestareas.reshape(tamanho,1) c=bestlinmedia.reshape(tamanho,1) soma=0 for d in bestdist: soma=soma+abs(d) soma2=soma/tamanho soma3=0 for abc in bestareas: soma3 = soma3 + abs(abc) # Após de retirados todos os indicadores, é escrito um ficheiro para cada um dos que é # lido no primeiro "for" indicando todas as informações de importância. final=np.hstack((a,b,c)) fid=open(self.output+'\\'+resfile+repr(cc)+'.prn','w') fid.write('Ficheiro de origem = '+p+'\n') fid.write('Linha media em Y = '+repr(bestlinmedia[0])+' # Linha resultante do equilíbrio entre áreas positivas e negativas.\n') fid.write('Soma das areas = '+repr(bestsumareas)+' # Soma das areas positivas e negativas resultantes do calculo com a melhor linha #media.\n') fid.write('Soma das distancias = '+repr(soma)+' # Soma do modulo das distancias a linha media.\n') fid.write('Media das distancias = '+repr(soma2)+' # Media do modulo das distancia a linha media.\n') fid.write('Distancia maxima em X = '+repr(distmax)+'

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xxv

# Distancia entre o ponto menor e o maior da direccao horizontal (distancia maxima na # horizontal).\n') fid.write('Normalizacao das areas = '+repr(bestsumareas/distmax)+' # Soma das areas calculadas a partir da linha media a dividir pela distancia maxima na # horizontal.\n') fid.write('Normalizacao do modulo das areas = '+repr(soma3/distmax)+' # Soma do modulo das areas calculadas a partir da linha media a dividir pela distancia # maxima na horitontal.\n') fid.write('Normalizacao das alturas = '+repr(bestsumdist/distmax)+' # Soma das distancias calculadas a partir da linha media a dividir pela distancia maxima # na horizontal.\n') fid.write('Normalizacao dos desvios = '+repr(soma2/distmax)+' # Media do modulo das distancias a dividir pela distancia maxima horizontal.\n') np.savetxt(fid,final,fmt='%.3f') fid.close() # Depois de feito o ficheiro de texto, é feito um gráfico com os resultados das operações # acima, ficando o utilizador com a resposta númerica e visual do estudo (linha média). z=1 listxy=[(var[0,0],var[0,1])] listmed=[(var[0,0],bestlinmedia[0])] while z<tamanho: listxy.append((var[z,0],var[z,1])) listmed.append((var[z,0],bestlinmedia[0])) z=z+1 line1=wxplot.PolyLine(listxy,colour='red', width=1) line2=wxplot.PolyLine(listmed,colour='green', width=1) gc=wxplot.PlotGraphics([line1,line2],p) self.plotterx.SetFontSizeTitle(point=8) self.plotterx.Draw(gc,xAxis=(var[0,0],var[-1,0])) self.plotterx.SaveFile(fileName=self.output+'\\'+imfile+repr(cc)+'.png') cc=cc+1 wx.MessageBox("Processo terminado","Ja esta!!!") def onsave(self,event): dlg=wx.DirDialog(self,"Choose output directory.") if dlg.ShowModal() == wx.ID_OK: self.output=dlg.GetPath() def onload(self,event): dlg=wx.FileDialog(self,"Input files...",style=wx.OPEN|wx.MULTIPLE,wildcard='*.*') if dlg.ShowModal() == wx.ID_OK: self.path=dlg.GetPaths() self.path_len=self.path.__len__() # Abrir janela principal do programa onde vão decorrer as principais operações. Chama-se # ANGFrame. O MainLoop indica que o programa não se irá desligar (porque está a fazer um # loop infinito) até que o utilizador o indique. Depois deste primeiro passo passamos para a # definiçao da ANGFrame. if __name__=='__main__': app=wx.App() frame=ANGFrame(parent=None,id=999) frame.Centre() frame.Show() app.MainLoop()

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xxvi

Anexo IV – Parâmetro

Nas tabelas AIV.1 a AIV.10 apresenta-se o parâmetro para todos os perfis: perfis perpendiculares

( ) e paralelos ( ) à direcção do deslizamento das amostras no ensaio de escorregamento.

Indica-se, ainda o comprimento ( ) de cada perfil medido, a média ponderada ( e ) (ver

equação seguinte) e o valor de máximo ( e ) para cada direcção.

Tabela AIV.1 – Parâmetros para amostra C1A.

Perfis perpendiculares

(mm) Perfis

paralelos (mm)

x5 13.516 0.558 y5 26.933 0.513

x10 32.737 0.882 y10 41.871 0.705

x15 44.194 0.156 y15 55.555 1.279

x20 51.276 0.481 y20 59.565 1.394

x25 55.774 0.405 y25 63.686 1.517

x30 58.918 0.414 y30 65.639 1.367

x35 60.698 0.593 y35 64.781 1.406

x40 60.519 0.561 y40 63.228 1.378

x45 59.095 0.349 y45 59.147 1.247

x50 54.243 0.450 y50 52.728 0.975

x55 47.967 0.530 y55 42.590 0.751

x60 40.134 0.967 - - -

x65 32.740 1.444 - - -

Média ponderada

- 0.558 - - 1.300

Máximo - 1.444 - - 1.517

Page 117: Tese 5,3 MB

xxvii

Tabela AIV.2 – Parâmetros para amostra C2B.

Perfis perpendiculares

(mm) Perfis

paralelos (mm)

x5 28.500 0.532 y5 35.389 1.133

x10 42.929 0.607 y10 46.583 0.907

x15 50.878 0.806 y15 54.495 0.677

x20 56.621 0.896 y20 58.346 0.558

x25 58.135 0.616 y25 61.480 0.481

x30 60.466 0.852 y35 61.498 0.832

x35 60.268 1.212 y40 58.666 2.973

x40 58.415 1.316 y45 54.370 3.070

x45 56.073 1.914 y50 46.530 2.840

x50 51.474 2.494 y55 35.725 2.354

x55 46.036 3.265 y60 17.813 1.264

x60 35.309 3.782 - - -

Média ponderada

- 1.470 - - 1.531

Máximo - 3.782 - - 3.070

Tabela AIV.3 – Parâmetros para amostra C3A.

Perfis perpendiculares

(mm) Perfis

paralelos (mm)

x5 31.543 0.656 y5 33.403 0.583

x10 44.500 0.381 y10 46.226 0.481

x15 50.728 0.888 y15 52.603 0.500

x20 56.410 1.536 y20 56.197 0.609

x25 59.455 1.374 y25 59.716 0.385

x30 61.691 0.936 y30 62.722 0.364

x35 60.573 0.584 y35 61.388 0.770

x40 59.119 0.262 y40 59.435 1.234

x45 56.439 0.305 y45 54.506 1.462

x50 48.973 0.472 y50 48.791 1.861

x55 40.239 0.523 y55 38.532 1.536

x60 20.845 0.188 y60 21.713 1.509

Média ponderada

- 0.720 - - 0.892

Máximo - 1.536 - - 1.861

Page 118: Tese 5,3 MB

xxviii

Tabela AIV.4 – Parâmetros para amostra C4B.

Perfis perpendiculares

(mm) Perfis

paralelos (mm)

x5 33.642 0.185 y5 30.228 2.103

x10 45.988 0.632 y10 43.191 2.194

x15 51.484 0.741 y15 52.473 1.965

x20 58.052 0.592 y20 57.033 2.337

x25 60.048 0.673 y25 57.841 2.545

x30 61.752 0.422 y30 60.930 2.480

x35 60.266 0.264 y35 61.279 2.317

x40 58.154 0.321 y40 59.433 2.152

x45 53.884 0.328 y45 54.848 1.855

x50 48.402 0.276 y50 49.410 1.280

x55 39.020 0.257 y55 40.124 0.897

x60 22.936 1.269 y60 24.499 0.335

Média ponderada

- 0.470 - - 1.982

Máximo - 1.269 - - 2.545

Tabela AIV.5 – Parâmetros para amostra C5B.

Perfis perpendiculares

(mm) Perfis

paralelos (mm)

x5 36.145 0.763 y5 27.720 3.280

x10 46.659 1.513 y10 44.852 3.961

x15 53.672 2.433 y15 51.084 3.392

x20 58.185 1.732 y20 56.443 2.419

x25 59.851 1.535 y25 59.537 2.013

x30 60.859 1.163 y30 60.715 1.480

x35 60.457 1.044 y35 59.439 1.038

x40 58.062 0.869 y40 58.373 0.758

x45 53.531 0.893 y45 54.810 0.649

x50 46.202 1.293 y50 48.455 0.556

x55 36.371 1.554 y55 39.973 0.500

x60 20.062 0.916 y60 24.756 1.044

Média ponderada

- 1.336 - - 1.710

Máximo - 2.433 - - 3.961

Page 119: Tese 5,3 MB

xxix

Tabela AIV.6 – Parâmetros para amostra X1B.

Perfis Perpendiculares

(mm) Perfis

paralelos (mm)

x5 27.189 0.177 y5 29.339 0.359

x10 40.401 0.584 y10 46.817 0.427

x15 49.356 0.584 y15 58.004 0.563

x20 54.714 0.312 y20 65.826 0.505

x25 58.882 0.163 y25 69.132 0.379

x30 61.816 0.424 y30 71.545 0.384

x35 62.555 0.378 y35 71.785 0.447

x40 61.802 0.266 y40 70.223 0.518

x45 61.270 0.137 y45 65.967 0.520

x50 58.672 0.338 y50 59.602 0.595

x55 53.214 0.290 y55 50.976 0.528

x60 47.981 0.279 y60 35.089 0.423

x65 39.419 0.270 - - -

x70 25.944 0.363 - - -

Média Ponderada

- 0.323 - - 0.475

Máximo - 0.584 - - 0.595

Tabela AIV.7 – Parâmetros para amostra X2B.

Perfis Perpendiculares

(mm) Perfis

paralelos (mm)

x5 40.033 1.742 y5 44.054 0.333

x10 49.716 1.569 y10 60.518 0.303

x15 55.027 1.162 y15 68.773 0.804 x20 58.235 0.619 y20 74.019 1.461 x25 61.390 0.302 y25 78.224 1.894 x30 62.530 0.364 y30 78.491 2.078 x35 63.534 0.529 y35 78.647 1.990 x40 62.545 0.594 y40 76.594 1.921 x45 61.553 0.497 y45 73.202 1.843 x50 59.821 0.360 y50 67.714 1.496 x55 56.430 0.239 y55 58.024 1.215 x60 51.964 0.185 y60 40.08 0.926

x65 46.390 0.293 - - -

x70 39.209 0.261 - - -

X75 27.281 0.285 - - -

Média Ponderada

- 0.587 - - 1.447

Máximo - 1.742 - - 2.078

Page 120: Tese 5,3 MB

xxx

Tabela AIV.8 – Parâmetros para amostra X3B.

Perfis perpendiculares

(mm) Perfis

paralelos (mm)

x5 30.439 1.310 y5 35.370 1.111 x10 44.420 1.763 y10 47.024 1.128 x15 52.324 1.918 y15 55.348 1.392 x20 58.855 1.948 y20 60.008 1.568 x25 61.446 1.510 y25 62.997 1.498 x30 62.488 1.164 y30 65.978 1.233 x35 62.799 0.626 y35 65.228 0.989 x40 61.669 0.468 y40 63.748 0.768 x45 58.799 0.381 y45 59.436 0.884 x50 54.423 0.366 y50 53.038 1.353 x55 47.043 0.319 y55 43.935 1.601 x60 36.136 0.282 y60 28.910 1.583 x65 19.274 0.619 - - -

Média ponderada

- 0.994 - - 1.237

Máximo - 1.948 - - 1.601

Tabela AIV.9 – Parâmetros para amostra X4A.

Perfis perpendiculares

(mm) Perfis

paralelos (mm)

x5 29.989 0.282 y5 36.226 0.723 x10 42.720 0.331 y10 49.635 0.859 x15 51.510 0.542 y15 58.700 0.901 x20 57.520 0.946 y20 63.832 0.885 x25 61.107 0.910 y25 66.494 0.823 x30 62.907 0.905 y30 68.116 0.808 x35 62.858 1.071 y35 68.399 0.816 x40 62.428 0.957 y40 65.554 0.713 x45 59.871 0.751 y45 61.771 0.782 x50 56.928 0.532 y50 54.959 0.724 x55 50.852 0.326 y55 45.478 0.778 x60 43.912 0.330 y60 29.479 0.708 x65 32.663 0.187 - - -

Média ponderada

- 0.677 - - 0.800

Máximo - 1.071 - - 0.901

Page 121: Tese 5,3 MB

xxxi

Tabela AIV.10 – Parâmetros para amostra X5B.

Perfis perpendiculares

(mm) Perfis

paralelos (mm)

x5 29.398 0.210 y5 45.579 1.067 x10 42.034 0.431 y10 58.279 1.334 x15 50.571 0.595 y15 66.555 1.378 x20 55.318 0.769 y20 73.652 1.211 x25 59.157 0.793 y25 77.338 1.114 x30 61.644 0.650 y30 79.502 1.399 x35 62.827 0.762 y35 78.043 1.256 x40 62.721 0.901 y40 76.345 1.262 x45 62.027 0.821 y45 69.780 1.103 x50 61.225 0.771 y50 62.847 0.616 x55 58.402 0.409 y55 52.261 0.370 x60 54.176 0.263 y60 32.962 0.356 x65 48.911 0.167 - - -

x70 40.256 0.394 - - -

x75 27.372 0.378 - - -

Média ponderada

- 0.591 - - 1.094

Máximo - 0.901 - - 1.399

Page 122: Tese 5,3 MB

xxxii

Anexo V – Parâmetro

Com o programa Surfer foi possível obter:

A representação das superfícies a três dimensões (Figuras V.1 – V.10)

Áreas das superfícies para cálculo do parâmetro .

Após a introdução dos dados ( , , ) de cada um dos perfis (na direcção e ), criou-se um ficheiro

“. ” com todos os dados referentes a uma superfície. A partir deste ficheiro criou-se uma malha

por triangulação com interpolação linear (ficheiro grid – “. ”). Este método é um interpolador

exacto cujo princípio é o de criar triângulos através de linhas que interligam pontos e utiliza malha

irregular com triangulação Delaunay. O resultado é uma superfície formada por faces triangulares

distribuídas por toda a malha. A triangulação funciona melhor quando os dados estão distribuídos de

forma regular ao longo do domínio. Sendo que dados que contenham áreas dispersas ou espaçadas

tendem a apresentar feições triangulares no gráfico. Para grandes conjuntos de dados (mais de 3000

observações), como os deste estudo, este método é bastante rápido e produz boas representações.

(Surfer®10 - Online Tutorial, 2011).

Cálculo das áreas

O comando Grid|Volume do programa Surfer permite o cálculo das áreas planares ( ) e áreas da

superfície ( ). Como resultados devolve as áreas positivas e negativas que depois de somadas

permitem obter os valores de áreas totais, apresentados na Tabela 5.2.

Representação 3D

As superfícies foram representadas em mapas 3D wireframe, que são representações tridimensionais

dos ficheiros grid. São criados pela conexão dos valores ao longo de linhas de e constantes.

Cada intersecção ocorre num nó da malha e a altura do wireframe é proporcional ao valor

atribuído a esse nó. O número de colunas e linhas no ficheiro grid determina o número de e

linhas desenhadas no wireframe (Surfer®10 - Online Tutorial, 2011). Em seguida apresentam-se as

superfícies obtidas.

Page 123: Tese 5,3 MB

xxxiii

Figura AV.1 – Representação da superfície C1A.

Figura AV.2 – Representação da superfície C2B.

Page 124: Tese 5,3 MB

xxxiv

Figura AV.3 – Representação da superfície C3A.

Figura AV.4 – Representação da superfície C4B.

Page 125: Tese 5,3 MB

xxxv

Figura AV.5 – Representação da superfície C5B.

Figura AV.6 – Representação da superfície X1B.

Page 126: Tese 5,3 MB

xxxvi

Figura AV.7 – Representação da superfície X2B.

Figura AV.8 – Representação da superfície X3B.

Page 127: Tese 5,3 MB

xxxvii

Figura AV.9 – Representação da superfície X4A.

Figura AV.10 – Representação da superfície X5B.

Page 128: Tese 5,3 MB

xxxviii

Anexo VI – Regressão não-linear

As análises de regressão não-linear foram realizadas no Lab Fit, um software desenvolvido para

tratamento e análise de dados experimentais. Os ajustes de funções são feitos através de regressão

não-linear aplicada de forma iterativa, até que um critério de convergência seja atingido. Devido à

instabilidade, em termos computacionais, do processo iterativo o software utiliza o algoritmo de

Levenberg-Marquardt para contornar a maioria dos problemas de divergência que ocorrem quando

os valores iniciais estipulados pelo utilizador não forem muito adequados (Silva et al., 2004).

Em seguida apresentam-se as tabelas com os dados originais referentes ao coeficiente de rugosidade

superficial ( ) e à média dos parâmetros lineares de rugosidade na direcção ( ) e ( ), para

as superfícies medidas de calcário (Tabela AVI.1) e xisto (Tabela AVI.2).

Tabela AVI.1 – Conjunto de dados para as amostras de calcário.

Amostras

M1a 1.031985522 0.558145407 1.300035596

M2b 1.054599689 1.470333786 1.530728411

M3a 1.037115450 0.719541327 0.892199509

M4b 1.037605581 0.470052030 1.982319296

M5b 1.078000108 1.335810058 1.710048231

Tabela AVI.2 – Conjunto de dados para as amostras de xisto.

Amostras

X1b 1.012265025 0.323362693 0.475424567

X2b 1.024352096 0.586565782 1.446999243

X3b 1.041231417 0.994241976 1.237182745

X4a 1.021079582 0.676619309 0.800083643

X5b 1.021524796 0.591410127 1.093930745

Page 129: Tese 5,3 MB

xxxix

Os resultados obtidos através do Lab Fit apresentam-se, de forma resumida, na Figura AV.1 e Figura

AV.2, para o calcário e xisto, respectivamente. É possível ver o número de iterações, o coeficiente de

determinação ( ). Além disso, também é informado a expressão da função de ajuste, o

número de graus de liberdade do ajuste e o valor Qui-quadrado e Qui-quadrado reduzido. Para além

desta informação, é também apresentada a lista com os valores dos parâmetros de ajuste e as

respectivas incertezas.

Figura AVI.1 – Resumo dos resultados da regressão para os dados das amostras de calcário - output do programa LAB Fit.

Figura AVI.2 – Resumo dos resultados da regressão para os dados das amostras de xisto - output do programa LAB Fit.

Page 130: Tese 5,3 MB

xl

Anexo VII – Diagramas tensão tangencial – tensão normal

Figura AVII.1 – Diagrama tensões tangenciais – tensões normais, para a amostra C1.

Figura AVII.2 – Diagrama tensões tangenciais – tensões normais, para a amostra C2.

τp = 0.7633σn + 0.2188; R² = 0.9992

τr = 0.6199σn + 0.0839; R² = 0.9873

0.00

0.20

0.40

0.60

0.80

1.00

1.20

1.40

0.00 0.20 0.40 0.60 0.80 1.00 1.20

τ (M

Pa)

σn (MPa)

Pico

Residual

τp = 1.038σn + 0.2452; R² = 0.9993 τr = 0.968σn + 0.1365; R² = 0.9976

0.00

0.20

0.40

0.60

0.80

1.00

1.20

1.40

1.60

0.00 0.20 0.40 0.60 0.80 1.00 1.20

τ (M

Pa

)

σn (MPa)

Pico

Residual

Page 131: Tese 5,3 MB

xli

Figura AVII.3 – Diagrama tensões tangenciais – tensões normais, para a amostra C4.

Figura AVII.4 – Diagrama tensões tangenciais – tensões normais, para a amostra C5.

τp = 0.9576σn + 0.0723; R² = 0.9984

τr = 0.7322σn + 0.0322; R² = 0.9859

0.00

0.20

0.40

0.60

0.80

1.00

1.20

1.40

0.00 0.20 0.40 0.60 0.80 1.00 1.20

τ (M

Pa)

σn(MPa)

Pico

Residual

τp = 0.7158σn + 0.2209; R² = 0.9827

τr = 0.5796σn + 0.0895; R² = 0.9415

0.00

0.20

0.40

0.60

0.80

1.00

1.20

0.00 0.20 0.40 0.60 0.80 1.00 1.20

τ (M

Pa)

σn (MPa)

Pico

Residual

Page 132: Tese 5,3 MB

xlii

Figura AVII.5 – Diagrama tensões tangenciais – tensões normais, para a amostra X1.

Figura AVII.6 – Diagrama tensões tangenciais – tensões normais, para a amostra X2.

τp = 0.6605σn + 0.101; R² = 0.9955

τr = 0.6166σn + 0.0164; R² = 0.9998

0.00

0.10

0.20

0.30

0.40

0.50

0.60

0.70

0.80

0.90

1.00

0.00 0.20 0.40 0.60 0.80 1.00 1.20

τ (M

Pa)

σn (MPa)

Pico

Residual

τp = 0.4637σn + 0.0662; R² = 0.9959

τr = 0.4376σn + 0.0219; R² = 0.9991

0.00

0.10

0.20

0.30

0.40

0.50

0.60

0.70

0.00 0.20 0.40 0.60 0.80 1.00 1.20

τ (M

Pa)

σn (MPa)

Pico

Residual

Page 133: Tese 5,3 MB

xliii

Figura AVII.7 – Diagrama tensões tangenciais – tensões normais, para a amostra X3.

Figura AVII.8 – Diagrama tensões tangenciais – tensões normais, para a amostra X4.

τp = 0.7645σn + 0.0929; R² = 0.9976

τr = 0.7343σn + 0.0701; R² = 0.9987

0.00

0.20

0.40

0.60

0.80

1.00

0.00 0.20 0.40 0.60 0.80 1.00 1.20

τ (M

Pa)

σn (MPa)

Pico

Residual

τp = 0.6033σn + 0.0771; R² = 0.9999

τr = 0.5825σn + 0.0321; R² = 0.9994

0.00

0.10

0.20

0.30

0.40

0.50

0.60

0.70

0.80

0.90

0.00 0.20 0.40 0.60 0.80 1.00 1.20

τ (M

Pa)

σn (MPa)

Pico

Residual

Page 134: Tese 5,3 MB

xliv

Figura AVII.9 – Diagrama tensões tangenciais – tensões normais, para a amostra X5.

Características de deslizamento

Tabela AVII.1 – Ângulos de atrito de pico ( ).

Amostra τ tgφ φ (°) tgφ (corrigido) φ' (°)

C1 pico 0.7633 37.35 1.0211 45.60

residual 0.6199 31.79 0.7187 35.70

C2 pico 1.0380 46.07 1.3264 52.99

residual 0.9680 44.07 1.1285 48.45

C4 pico 0.9576 43.76 1.0421 46.18

residual 0.7322 36.21 0.7699 37.59

C5 pico 0.7158 35.60 0.9715 44.17

residual 0.5796 30.10 0.6831 34.34

X1 pico 0.6605 33.44 0.7794 37.93

residual 0.6166 31.66 0.6359 32.45

X2 pico 0.4637 24.88 0.5416 28.44

residual 0.4376 23.63 0.4634 24.86

X3 pico 0.7645 37.40 0.8740 41.15

residual 0.7343 36.29 0.8169 39.25

X4 pico 0.6033 31.10 0.6940 34.76

residual 0.5825 30.22 0.6203 31.81

X5 pico 0.6167 31.66 0.7676 37.51

residual 0.5727 29.80 0.6222 31.89

τp=0.6167 σn+ 0.1546; R² = 0.9857

τr= 0.5727 σn + 0.0331; R² = 0.9994

0.00

0.10

0.20

0.30

0.40

0.50

0.60

0.70

0.80

0.90

1.00

0.00 0.20 0.40 0.60 0.80 1.00 1.20

τ (M

Pa)

σn (MPa)

Pico

Residual