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DIMENSIONAMENTO DE CONDUTAS ENTERRADAS João José Campino de Carvalho Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em Engenharia Civil Júri Presidente: Professor Augusto Martins Gomes Orientador: Professor António Jorge Silva Guerreiro Monteiro Vogal: Professora Filipa Maria Santos Ferreira Julho 2010

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DIMENSIONAMENTO DE CONDUTAS ENTERRADAS

João José Campino de Carvalho

Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em

Engenharia Civil

Júri

Presidente: Professor Augusto Martins Gomes

Orientador: Professor António Jorge Silva Guerreiro Monteiro

Vogal: Professora Filipa Maria Santos Ferreira

Julho 2010

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i

AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer a todos os que me ajudaram a realizar esta obra.

Ao Professor António Monteiro, orientador científico desta dissertação, pela

oportunidade que me proporcionou em realizar esta dissertação e pelos conhecimentos que me

transmitiu ao longo da elaboração da mesma.

Ao Eng. Manuel Anastácio, pela flexibilidade de horário de trabalho permitida nas fases

mais importantes da realização da dissertação.

À Mariana Simão e ao Nuno Carvalho pela ajuda no texto em inglês, tanto no Abstract como no Extended Abstract.

Ao Luís Viana pela companhia e incentivo em muitas etapas da realização da obra. Á minha namorada um especial obrigado por toda a motivação e coragem que me

transmitiu para a conclusão deste trabalho.

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iii

DIMENSIONAMENTO DE CONDUTAS ENTERRADAS

João José Campino de Carvalho

Departamento de Engenharia Civil e Arquitectura, Instituto Superior Técnico - Lisboa, Portugal

RESUMO

A instalação de condutas enterradas implica uma adequada análise hidráulica e

estrutural, processos condicionantes na escolha: do diâmetro; do tipo de material; do tipo de

assentamento; e da capacidade resistente a exigir à tubagem a instalar.

A classificação das condutas e os seus métodos de instalação são factores que

também são importantes no processo de dimensionamento de condutas enterradas.

Após a estimativa do caudal a transportar, o dimensionamento hidráulico efectua-se,

em geral, com a verificação da capacidade de transporte através de uma expressão de cálculo

de perdas de carga como, por exemplo a expressão de Manning-Strickler, para definir o

diâmetro a ser adoptado.

A determinação das cargas aplicadas nas condutas é composta pelas cargas estáticas

e cargas dinâmicas. Os fundamentos para a determinação das cargas estáticas baseiam-se

nas teorias de Marston e Spangler, cujos conceitos, teorias e procedimentos são considerados

os mais adequados ao dimensionamento de condutas enterradas. Considerando que estes

métodos têm um grau significativo de complexidade na sua aplicação e o respectivo significado

físico não é de fácil apreensão, desenvolveram-se expressões alternativas que são de mais

simples compreensão física e aplicação. São apresentadas comparações gráficas entre a

metodologia proposta e a teoria de Marston e Spangler.

Para o cálculo das cargas dinâmicas aplicadas em elementos enterrados, foram

utilizados dois métodos distintos, a expressão de Boussinesq e o método de degradação linear

de cargas, apresentando graficamente a comparação entre os métodos.

São também abordados os aspectos referentes aos ensaios laboratoriais da resistência

à compressão diametral, com referência à Norma Europeia, e o valor máximo de deformação

diametral através da fórmula de Spangler, a expressão empírica de Watkins&Anderson e a

fórmula de Iowa.

Palavras-chave: cargas em condutas enterradas, degradação de carga dinâmica, ensaios de

compressão diametral, expressão de Boussinesq e teoria de Marston.

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v

DESIGN OF BURIED PIPELINES

João José Campino de Carvalho

Departamento de Engenharia Civil e Arquitectura, Instituto Superior Técnico - Lisboa, Portugal

ABSTRACT

The installation of buried pipelines requires an adequate hydraulic analysis and

structural constraints in the selection process: diameter, type of material, type of settlement, and

bearing capacity required for piping installation.

The classification of pipes and their installation methods are also important for the

design of buried pipelines.

After estimating the flow to be transported, the hydraulic design is carried out, in

general, through the verification of transport capability by using an expression for the calculation

of load losses such as the Manning-Strickler expression, to define the diameter to be adopted.

The determination of loads applied on pipes is composed of static and dynamic loads.

The grounds beyond the determination of static loads are based on the theories of Marston and

Spangler, whose concepts, theories and procedures are considered the most suitable for the

design of buried pipelines. Considering that these methods have a significant degree of

complexity in its implementation and that its physical meaning is not easy to grasp, alternative

expressions of simpler physical understanding and application, have been developed. Graphical

comparisons between the proposed methodology and the theory of Marston and Spangler are

presented.

To calculate the dynamic loads imposed on buried elements, two different methods

were used - the expression of Boussinesq and the method of linear degradation of loads. The

comparison between the two is presented graphically.

Aspects relating to laboratory tests of resistance of diametric compression, with

reference to the European Standard, and the maximum value of diametric deformation through

Spangler's formula, the empirical expression of Anderson & Watkins and the Iowa formula, are

also approached.

Keywords: loads on buried pipelines, degradation of dynamic load, diametric compression

data, Boussinesq expression and Marston theory.

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ÍNDICE DO TEXTO

1. Introdução ........................................................................................... 1

1.1. Relevância do tema ............................................................................... 1

1.2. Objectivos ................................................................................................ 1

1.3. Estrutura da dissertação .......................................................................... 2

2. Materiais das condutas ........................................................................ 5

2.1. Tipos de materiais .................................................................................... 5

2.1.1. Condutas de grés cerâmico ........................................................................... 5

2.1.2. Condutas de fibrocimento .............................................................................. 6

2.1.3. Condutas de betão ........................................................................................ 7

2.1.4. Condutas de aço ........................................................................................... 8

2.1.5. Condutas de ferro fundido ............................................................................. 9

2.1.6. Condutas de materiais plásticos .................................................................. 10

2.1.6.1. Polietileno de Alta Densidade (PEAD) ............................................................................. 10 2.1.6.2 Policloreto de Vinilo (PVC) ................................................................................................ 11 2.1.6.3 Condutas de plástico reforçadas com fibras de vidro ...................................................... 12

2.2 Factores que influenciam a escolha do material ..................................... 13

2.2.1 Tipo de escoamento ..................................................................................... 13

2.2.2 Tipo de ligação entre condutas .................................................................... 13

2.2.3 Tipo de ligação entre condutas .................................................................... 14

2.2.4 Necessidade de estanqueidade ................................................................... 14

3. Classificação das condutas ................................................................. 15

3.1 Considerações Gerais ............................................................................. 15

3.2 Condutas rígidas ..................................................................................... 15

3.3 Condutas flexíveis ................................................................................... 16

3.4 Condutas semi-flexíveis ou semi-rígidas ................................................. 17

4. Métodos de instalação ...................................................................... 19

4.1 Instalação em vala .................................................................................. 19

4.2 Instalação em aterro ............................................................................... 19

4.2.1 Instalação em projecção positiva ................................................................. 19

4.2.2 Instalação em projecção negativa ................................................................ 20

4.3 Outros tipos de instalação ....................................................................... 21

4.3.1 Instalação por macacos hidráulicos ............................................................. 21

4.3.2 Instalação por impulsos ................................................................................ 21

4.3.3 Instalação através da abertura de um túnel ................................................. 21

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viii

5. Dimensionamento ............................................................................. 23

5.1 Dimensionamento hidráulico ................................................................... 23

5.1.1 Cálculo hidráulico ......................................................................................... 23

5.1.2 Estudo do Coeficiente de Rugosidade ......................................................... 24

5.2 Dimensionamento estrutural ................................................................... 26

5.2.1 Considerações introdutórias ......................................................................... 26

5.2.2 Solicitações estáticas em vala ...................................................................... 28

5.2.3 Solicitações estáticas em aterro ................................................................... 33

5.2.3.1 Considerações Gerais ....................................................................................................... 33 5.2.3.2 Projecção positiva ............................................................................................................ 35 5.2.3.3 Projecção negativa ........................................................................................................... 44

5.2.4 Solicitações dinâmicas ................................................................................. 50

5.2.4.1 Considerações gerais ........................................................................................................ 50 5.2.4.2 Expressão de Boussinesq .................................................................................................. 50 5.2.4.2 Degradação linear de cargas ............................................................................................ 51 5.2.4.3 Comparação dos dois métodos ........................................................................................ 52

5.2.5 Solicitação de cálculo ................................................................................... 53

5.2.6 Deformação .................................................................................................. 58

5.2.7 Ensaios de determinação da resistência ...................................................... 60

5.3 Determinação da largura de transição .................................................... 62

5.4 Fluxogramas dos processos de cálculo das cargas estáticas ................. 63

5.4.1 Fluxograma para as fórmulas originais de Marston ..................................... 64

5.4.2 Fluxograma para as fórmulas propostas ........ Error! Bookmark not defined.

6. Conclusões ........................................................................................ 67

Referências bibliografias ....................................................................... 71

Anexos .................................................................................................. 75

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ix

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 – Condutas de grés cerâmico (Fonte: www.servizi-industriali.com). ............................................... 5

Figura 2 – Condutas de fibrocimento (Fonte: www.murilocampos.com). ...................................................... 6

Figura 3 – Condutas de betão (Fonte: www.jodofer.pt). ............................................................................... 8

Figura 4 – Condutas de aço (Fonte: www.solostocks.com.br). ..................................................................... 9

Figura 5 – Condutas de ferro fundido (Fonte: www.cabralsousa.pt). .......................................................... 10

Figura 6 – Condutas de PEAD (Fonte: www.centralplast.pt). ..................................................................... 11

Figura 7 – Condutas de PVC (Fonte: www.baquelite-liz.pt). ....................................................................... 12

Figura 8 – Condutas de plástico reforçadas com fibras de vidro (Fonte: www.nei.com.br). ....................... 12

Figura 9 – Acréscimo de carga em condutas rígidas. ................................................................................. 16

Figura 10 – Redução de carga em condutas flexíveis. ............................................................................... 16

Figura 11 - Tipos de vala: (a) simples; (b) com degrau ou com sub-vala; (c) com paredes inclinadas (Adaptado: Neto e Relvas, 2003). .............................................................................................. 19

Figura 12 – Instalação em aterro com projecção positiva (Adaptado: Neto e Relvas, 2003). .................... 20

Figura 13 – Instalação em aterro com projecção negativa (Adaptado: Neto e Relvas, 2003). .................. 20

Figura 14 – Diagrama de forças existentes em vala (Adaptado: Young e Trott, 1984). .............................. 29

Figura 15 – Instalações em aterro: (a) Projecção positiva incompleta (b) Projecção positiva completa (Adaptado: Young e Trott, 1984). ............................................................................................... 34

Figura 16 – Instalação em aterro: (a) Projecção negativa incompleta (b) Projecção negativa completa (Adaptado: Young e Trott, 1984). ............................................................................................... 34

Figura 17 – Planta do veículo tipo (Adaptado: R.S.A., 2006). ..................................................................... 50

Figura 18 – Esquematização do método de Boussinesq (Fonte: Ferreira e Pereira, 2000). ....................... 50

Figura 19 – Vista em perspectiva da degradação de cargas do veículo tipo. ............................................. 51

Figura 20 – Bases condenáveis em instalação em vala (Adaptado de Debs, 2003). ................................. 54

Figura 21 – Bases comuns em instalação em vala (Adaptado: Debs, 2003). ............................................. 54

Figura 22 – Bases de 1ªclasse em instalação em vala (Adaptado: Debs, 2003). ....................................... 55

Figura 23 – Bases de betão em instalação em vala (Adaptado: Debs, 2003). ........................................... 55

Figura 24 – Bases condenáveis em instalação em aterro (Adaptado: Debs, 2003).................................... 56

Figura 25 – Bases comuns em instalação em aterro (Adaptado: Debs, 2003). .......................................... 56

Figura 26 – Bases de 1ªclasse em instalação em aterro (Adaptado: Debs, 2003). .................................... 56

Figura 27 – Bases de betão em instalação em aterro (Adaptado: Debs, 2003). ......................................... 57

Figura 28 - Gráfico comparativo entre a Curva Empírica e a Curva de Iowa .............................................. 60

Figura 29 - Métodos de ensaio de laboratório na Europa (Fonte: EN 1916:2002, 2002). ........................... 61

Figura 30 - Métodos de ensaio de laboratório no Brasil (Adaptado: Zaidler, 1983). ................................... 61

Figura 31 – Reacção do solo em condutas flexíveis (Adaptado: Chama Neto e Relvas, 2003). ................ 62

Figura 32 – Diagrama de forças para cálculo da largura de transição (Adaptado: Plácido, 2006). ............ 62

Figura 33 - Fluxograma do processo de cálculo com as fórmulas originais de Marston. ............................ 64

Figura 34 - Fluxograma do processo de cálculo com as fórmulas propostas. ............. Error! Bookmark not defined.

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x

ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1 – Carga aplicada em condutas rígidas de DN200 pelas fórmulas de Marston-Spangler. .............. 40

Tabela 2 – Carga aplicada em condutas rígidas de DN1000 pelas fórmulas de Marston-Spangler. ........... 40

Tabela 3 – Carga aplicada em condutas rígidas de DN200 pelas fórmulas propostas. ................................. 41

Tabela 4 – Carga aplicada em condutas rígidas de DN1000 pelas fórmulas propostas. ............................... 41

Tabela 5 – Carga aplicada em condutas flexíveis de DN200 pelas fórmulas de Marston-Spangler. ........... 42

Tabela 6 – Carga aplicada em condutas flexíveis de DN1000 pelas fórmulas de Marston-Spangler. ......... 42

Tabela 7 – Carga aplicada em condutas flexíveis de DN200 pelas fórmulas propostas. ............................... 43

Tabela 8 – Carga aplicada em condutas flexíveis de DN1000 pelas fórmulas propostas.............................. 43

Tabela 9 – Carga aplicada em condutas de DN200 pelas fórmulas originais de Marston-Spangler. ........... 48

Tabela 10 – Carga aplicada em condutas de DN1000 pelas fórmulas originais de Marston-Spangler. ...... 48

Tabela 11 – Carga aplicada em condutas de DN200 pelas fórmulas propostas ............................................. 49

Tabela 12 -Carga aplicada em condutas de DN1000 pelas fórmulas propostas ............................................. 49

Tabela 13 - Factor de instalação (Fonte: Barreto, 2003) ..................................................................................... 57

Tabela 14 - Valores do parâmetro X (Fonte: Barreto, 2003)............................................................................... 57

ÍNDICE DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Relação entre o coeficiente de rugosidade de Manning-Strickler e o diâmetro das condutas. . 26

Gráfico 2 – Gráfico para se retirar o coeficiente de vala de Marston-Spangler, Cv ......................................... 30

Gráfico 3 – Ampliação do gráfico do coeficiente de vala de Marston-Spangler, Cv. ....................................... 30

Gráfico 4 – Gráfico com o coeficiente de carga unitário, v (-). .......................................................................... 32

Gráfico 5 – Coeficiente de carga unitário, a, em aterro com projecção positiva para condutas rígidas. .... 38

Gráfico 6 – Coeficiente de carga unitária, a, em aterro com projecção positiva para condutas flexíveis ... 39

Gráfico 7 – Coeficiente de carga unitário em aterro com projecção negativa, n. ........................................... 47

Gráfico 8 – Comparação entre a expressão de Boussinesq e a degradação linear. ...................................... 52

Gráfico 9 – Ampliação do Gráfico 8. ....................................................................................................................... 52

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xi

LISTA DE SÍMBOLOS

Latinas

A – Área da secção transversal da conduta (m2);

a – Constante para determinação da intensidade de precipitação que depende da localização da

bacia hidrográfica (-);

Ab – Área da bacia hidrográfica (m2);

B – Largura da vala, ao nível da geratriz superior da conduta, (m);

b – Constante para determinação da intensidade de precipitação que depende da localização da

bacia hidrográfica (-);

C – Coeficiente para a fórmula Racional que depende das características superficiais da bacia

hidrográfica (-);

Ca – Coeficiente de carga de Marston para elementos instalados em aterro com projecção

positiva (-);

Cn – Coeficiente de carga de Marston para elementos instalados em aterro com projecção

negativa (-);

Cv – Coeficiente de carga de Marston para elementos instalados em vala (-);

CR – Classe de rigidez da conduta (-);

D – Diâmetro da conduta (m);

d – Deformação vertical a longo prazo (-);

Dr – Coeficiente de deformação retardada (-);

DN – Diâmetro Nominal (mm);

E – Módulo de elasticidade do material da conduta (MPa);

E’ – Módulo de elasticidade do solo (MPa);

f – Factor de atrito Darcy-Weisbach (-);

fe – Factor de equivalência em função do tipo de assentamento da conduta (-);

g – Aceleração da gravidade (m/s2);

H – Altura de aterro, a partir da geratriz superior da conduta (m);

He – Altura de igual assentamento (m);

ΔH – Perda de carga ao longo do comprimento da tubagem (m.c.f.);

I – Intensidade média de precipitação (m/s);

i – Inclinação da tubagem (m/m);

Ic – Inércia da secção da conduta (m4);

K – Constante de leito (-);

k – Rugosidade absoluta da parede da tubagem (m);

Ks – Coeficiente de rugosidade de Manning-Strickler (m1/3

s-1

);

L – Comprimento da conduta (m);

Pp – Carga uniforme sobre a conduta, por unidade de comprimento, (kN/m);

Ps – Carga concentrada aplicada à superfície (kN);

p – Carga sobre a conduta, por unidade de comprimento (kN/m);

Q – Caudal de ponta de cheia (m3/s);

Qdinâmicas – Cargas dinâmicas, representativas das cargas móveis (kN);

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xii

Qestáticas – Cargas estáticas, relacionadas com o peso do solo (kN);

Qoutras Carga proveniente de outra origem (kN);

Qtotal – Carga total, soma das cargas actuantes nas condutas (kN);

qm – Carga devido a cargas móveis (kN/m);

qt –Carga devido a carga do peso das terras (kN/m);

R – Raio hidráulico (m);

Re – Número de Reynolds (-);

Rs – Rácio de rigidez da secção (-).

rsp – Grau de compactação do solo (-)

Sm – Plano crítico da cota de B (-);

t – Tempo de retorno (anos);

U – Velocidade do escoamento (m/s);

V – Carga sobre a conduta por unidade de comprimento (kN/m);

Gregas

a – Coeficiente de carga unitário em aterro de projecção positiva (-);

n – Coeficiente de carga unitário em aterro de projecção negativa (-);

v – Coeficiente de carga unitário em vala (-);

δ – Deformação a longo prazo (redução do diâmetro vertical);

– Extensão vertical do solo na geratriz superior da secção (mm);

– Ângulo de atrito interno do solo (º);

– Peso volúmico do solo de enchimento (kN/m3);

– Deslocamento total do prisma interior (m);

’ – Deslocamento total do prisma exterior abaixo do plano de igual assentamento (m);

’ – Coeficiente de atrito entre o solo de aterro e as paredes da vala (-);

– Percentagem do diâmetro da conduta abaixo do solo natural (-).

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1

1. Introdução

1.1. Relevância do tema

A utilização de condutas enterradas tem aumentado bastante nos últimos anos devido

aos desenvolvimentos dos centros urbanos e também por motivos de boa utilização de

matérias-primas e outros recursos escassos. É de facto a solução mais económica para o

transporte de água, esgoto, gás ou combustíveis, tanto dentro das cidades como em terrenos

desertos ou também ao longo das vias de comunicação.

A necessidade de empregar condutas enterradas para estas tarefas deve-se a ser uma

solução que introduz menores perturbações quando comparadas com outras soluções, tais

como a construção de estruturas mais complexas à superfície do terreno para o mesmo efeito.

Considerando que um dos principais custos de implantação de condutas enterradas está

relacionado com a instalação, um estudo sobre o método a utilizar-se é de extrema

importância. Além dos custos de instalação, todo o processo de transporte, manutenção e o

próprio custo inicial das componentes, são factores que levam a que as condutas enterradas

sejam normalmente uma excelente opção para transportar ou conduzir todos os serviços

adequados.

Com o intuito de optimizar a solução a adoptar, é imprescindível analisar a altura de

terra acima da conduta e também a escolha acertada do tipo de conduta a utilizar. O valor da

altura de terra apropriado a colocar-se no topo das condutas deverá ser o mínimo para

minimizar os custos dos movimentos de terra mas deverá ser o suficiente para garantir a

segurança das condutas face ás cargas aplicadas na superfície do terreno. Por outro lado,

quando por questões funcionais as profundidades de instalação tiverem de elevadas, torna-se

imprescindível a determinação da resistência estrutural da conduta a colocar.

1.2. Objectivos

O projecto de condutas enterradas deve merecer o mesmo cuidado do que de um

projecto de estruturas de um edifício, embora, pela particularidade de "ficarem escondidas", às

vezes é dada menos atenção a obras desse género. As consequências do colapso de uma

rede de águas ou de esgotos podem ser problemas graves e dispendiosos, e muitos destes

acidentes estão relacionados com erros de execução ou falta de concordância entre o projecto

e a obra de executada.

A elaboração deste trabalho pretende ser um contributo para um melhor entendimento

sobre o dimensionamento de condutas enterradas, visto ser um tema de elevada importância

nos dias de hoje. Para se obter a solução economicamente mais vantajosa, é necessário o

projectista elaborar um estudo aprofundado abrangendo uma vasta gama de tipos de materiais

e respectivas características geométricas diferentes. A comparação de todos os resultados

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2

finais, frequentemente considerando o custo do projecto como factor determinante na escolha

da solução final, é realizada para se puder seleccionar a solução melhor enquadrada no plano

de estudo. Foi com este objectivo em mente que se realizou o presente trabalho.

1.3. Estrutura da dissertação

A dissertação é constituída por seis capítulos e dois anexos.

O presente capítulo é apenas de carácter introdutório, limitando-se a transmitir a

relevância do tema, os objectivos e a estrutura da dissertação.

No seguinte capítulo enumera-se os vários tipos de materiais possíveis de se utilizar no

fabrico das condutas e alguns dos factores que influenciam a sua escolha. São descritos vários

materiais, destacando-se a data do aparecimento, algumas características próprias e também

vantagens e desvantagens desses materiais. Em relação aos factores que podem influenciar a

selecção do material, apresentam-se alguns factores mais comuns e conhecidos, mas também

são referidos o caso das ligações das condutas e as juntas vedantes.

No terceiro capítulo apresenta-se a classificação das condutas em relação à rigidez em

comparação com a rigidez do solo. São caracterizadas as três designações habitualmente

atribuídas às condutas enterradas neste domínio, nomeadamente condutas rígidas, condutas

flexíveis e condutas semi-rígidas ou condutas semi-flexíveis.

O capítulo 4 refere-se aos diferentes métodos de instalação das condutas enterradas,

apresentando alguns esquemas para uma melhor percepção dos tipos de instalação. São

apresentadas as abordagens adoptadas nos dois principais métodos de instalações, a

instalação em vala e a instalação em aterro, e no caso do aterro, as opções por projecção

positiva ou projecção negativa. São também apresentados num ponto separado os outros

métodos de instalação, recorrendo a macacos hidráulicos, a impulsos ou através da abertura

de um túnel.

O capítulo 5 abrange todos os passos do dimensionamento de condutas enterradas,

começando por mostrar como se efectua o projecto hidráulico e o projecto estrutural, onde

neste último se desenvolve o cálculo das cargas aplicadas nas condutas. Estas cargas podem

ser de duas origens, cargas estáticas, que são as cargas devidas ao peso das terras, ou

cargas dinâmicas, correspondentes às cargas móveis que são aplicadas à superfície do

terreno. Para garantir o bom funcionamento dos elementos, além da verificação da ruptura, é

necessária a assegurar que a deformação da conduta não é exagerada, podendo-se perceber

como se calcula este valor neste mesmo capítulo. Após o cálculo das cargas é necessário

explicar os ensaios de determinação da resistência das condutas, que possibilitam a

determinação do tipo e tamanho da conduta a utilizar consoante a carga aplicada num

determinado troço do projecto. Neste capítulo apresenta-se também um estudo sobre a

verificação de qual o método de instalação a executar, vala ou aterro, fórmula que determina a

largura de transição. Por último, resumem-se os métodos de cálculo utilizados para o cálculo

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3

das cargas aplicadas nas condutas enterradas, permitindo-se assim uma fácil execução de

todos os métodos apresentados durante o presente trabalho.

No capítulo 6 apresenta-se algumas conclusões dos estudos realizados ao longo do

presente trabalho, analisando os resultados e gráficos que se efectuaram para se atingir o

objectivo desta obra.

Por fim, para complementar alguns pontos onde se executaram vários cálculos durante

o estudo, são apresentados nos Anexos informação em tabelas e expressões numéricas que

podem ajudar a esclarecer dúvidas sobre os estudos realizados. No Anexo A são apresentados

elementos do estudo elaborado no capítulo 4, acerca do coeficiente de rugosidade de

Manning-Strickler, com os valores mais usuais deste coeficiente e todo o estudo realizado

sobre este ponto. No outro anexo, Anexo B, são apresentadas as resoluções das equações

integrais necessárias para o cálculo dos valores do coeficiente de aterro de Marston.

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4

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5

2. Materiais das condutas

2.1. Tipos de materiais

2.1.1. Condutas de grés cerâmico

As condutas em grés cerâmico (Figura 1) surgiram no início de século XIX, data em

que surgiram os primeiros elementos em argila, resultado que se deveu aos avanços na

indústria e produção de tijolos (Young e Trott, 1984).

A maior qualidade deste material é a resistência a ataques químicos, pois apresenta

resultados que comprovam elevados valores de resistência quando sujeito a este tipo de

acções. Por outro lado, quando ocorrem ataques orgânicos, o grés cerâmico já se comporta

abaixo da média, isto porque quando se dá a absorção de água contendo sais orgânicos ou

existe uma sucessiva alternância entre o estado molhado e o estado seco, originam-se

perturbações na superfície dos elementos. Um possível revestimento para estas condutas é a

aplicação de um verniz cerâmico com uma solução de sais, antes do processo de fabrico da

queima, e tanto pode ser aplicado pelo interior, exterior ou até mesmo em ambos os lados. A

aplicação deste revestimento pelo interior reduz a porosidade e o atrito das paredes, tornando

as paredes totalmente estanques aos líquidos utilizados nas condutas. Este melhoramento do

fluxo de escoamento retrata bem uma outra qualidade deste tipo de material, que é o baixo

coeficiente de rugosidade, resultante de uma superfície muito lisa, o que permite um

escoamento do líquido com menor atrito no interior das condutas (Young e Trott, 1984).

De acordo com UNL-FCT-HU (2001/2002) as desvantagens do grés cerâmico estão

relacionadas com as fraca prestações destes elementos na resistência estrutural, pois este

valor é muito inferior aos restantes materiais possíveis de aplicar. A justificação para esta

avaliação deve-se com o comportamento frágil e o seu elevado peso, o que implica ser

considerado como um material de manuseamento e aplicação difícil. Já segundo Gonçalves e

Monteiro (2002), também o preço tem um papel negativo na caracterização deste material, pois

não é competitivo com os restantes materiais utilizáveis.

Figura 1 – Condutas de grés cerâmico (Fonte: www.servizi-industriali.com).

Em Portugal, a utilização de condutas de grés cerâmico tem vindo a diminuir

acentuadamente, tornando-se num material muito pouco usado em obras de saneamento nos

dias de hoje. A principal razão pode dever-se à qualidade de fabrico a nível nacional não

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6

obedecer a processos certificados ou reconhecimentos de qualidade, podendo assim não

garantir resultados satisfatórios. Noutros países europeus, onde o fabrico tem as aprovações

necessárias atrás referidas, como é o caso da Alemanha, o grés cerâmicos tem elevada

utilização nas redes de drenagem (Gonçalves e Monteiro, 2002).

2.1.2. Condutas de fibrocimento

Foi no final do século XIX que se desenvolveu a técnica de fabrico de fibrocimento na

Europa, aproveitando-se desde logo para se iniciar com o fabrico de condutas

(Young e Trott, 1984).

Estes elementos quando enterrados, têm a possibilidade de ser revestidos

exteriormente por uma camada protectora de base betuminosa e epoxídica ou também por

uma manga de polietileno, já que quando as condutas não são revestidas com estas

protecções podem ser susceptíveis a ataques químicos. Ao nível de protecção interior, é usual

encontrar-se revestimentos de epoxídica juntamente com revestimento espesso de PVC (mais

de 2mm de espessura), mas existe também a possibilidade de se revestir as condutas de

fibrocimento em ambos as superfícies por tintas específicas, exteriormente em função dos

solos e interiormente de acordo com o tipo de fluído a transportar (Gonçalves e Monteiro,

2002).

As condutas de fibrocimento (Figura 1Figura 2) não só apresentam ainda bons

coeficientes de rugosidades, valores muito reduzidos permitindo assim bons comportamentos

hidráulicos, como também um preço competitivo e peso reduzido (UNL-FCT-HU, 2001/2002).

Como características inconvenientes para o uso destas condutas em redes de

drenagem, encontram-se a sensibilidade a águas e a terrenos agressivos, porque o

fibrocimento é facilmente atacado por líquidos e terrenos ricos em sulfatos, e também a

fragilidade a choques e esforços de flexão, resultado de ser um material frágil

(UNL-FCT-HU, 2001/2002). Por ter na sua constituição fibras de amianto, cujas poeiras

constituem um material cancerígeno, o uso, o manuseamento, a remoção e tratamento final

dos resíduos deste material estão actualmente muito condicionados, o que levou a que tenha

sido muito reduzida a sua utilização em novas condutas e instalações.

Figura 2 – Condutas de fibrocimento (Fonte: www.murilocampos.com).

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7

2.1.3. Condutas de betão

O aparecimento do cimento Portland em 1845 foi determinante para o desenvolvimento

das condutas de betão (Figura 3), onde o processo pioneiro de fabrico de condutas resultava

do simples enchimento de um molde vertical de betão fresco. Mais tarde, em meados do

século XX, surgiram várias novas técnicas de melhoramento de colocação do betão nos

moldes, possibilitando assim uma melhoria da qualidade e resistência das condutas (Young e

Trott, 1984).

Em 1902, na Alemanha, começou-se a produzir condutas de betão armado, mais

direccionadas para a utilização de condutas de gama de diâmetros elevados. Mais tarde, em

1970 em Inglaterra, surgiram as condutas de betão pré-esforçadas, fabricadas com a

introdução de fios de aço previamente traccionados no interior do betão (Young e Trott, 1984).

Mais recentemente, outras novas técnicas têm sido utilizadas no fabrico das condutas

de betão, nomeadamente a mistura de pedaços de fio de aço ou fibras de vidro com o betão,

ou também, a colocação de mechas de fibra de vidro enrolado sobre as condutas. Com estas

misturas, aumenta-se a resistência e reduzem-se o peso dos elementos, medidas que

beneficiam bastante a avaliação deste material para a produção de condutas (Young e Trott,

1984).

No que diz respeito à resistência do betão a ataques químicos, o betão é resistente às

substâncias que estão presentes normalmente nos esgotos domésticos, nomeadamente

provenientes dos tratamentos fitossanitários, mas no caso da presença de outros químicos

como sulfatos, ácidos ou sulfureto hidrogénio na séptica de esgoto, o betão por si só tem um

mau comportamento. O aparecimento de sulfato de hidrogénio no interior das condutas é

gerado pelo demasiado tempo que o esgoto pode permanecer dentro do sistema sem ter

contacto com o oxigénio, provocando condições anaeróbicas o que provoca uma libertação de

sulfato de hidrogénio. Assim, este químico em contacto com a parte superior da conduta, não

só começa a reagir e danificá-la, como também ainda origina o ácido sulfúrico, ácido este que

também protagoniza uma quebra na resistência do betão. Uma das medidas encontradas por

Young e Trott (1984), é a colocação de uma membrana plástica na parte superior da conduta,

pois é nessa zona da conduta onde normalmente se encontra a concentração desta bactéria.

Em relação à face exterior das condutas, os ataques químicos podem-se dever às

águas que até elas chegam ou através do simples contacto com o solo, sendo esta última

razão devido às composições do solo onde as condutas estão instaladas. Os solos com

sulfatos podem atacar o betão devido às reacções com o cimento constituinte, sendo que a

solução para este problema passa pela utilização de cimentos resistentes a sulfatos (Young e

Trott, 1984).

A opção de condutas de betão também pode ser determinada pelo preço muito

competitivo que é praticado no mercado, isto porque entre os materiais alternativos, o betão é o

que apresenta o preço mais reduzido (UNL-FCT-HU, 2001/2002).

Page 22: Tese 1,6 MB

8

Por outro lado, os pontos fracos destes elementos consistem na pouca resistência ao

impacto, na carência de protecção catódica e ainda pela reduzida estanquecidade hidráulica

(Gonçalves e Monteiro, 2002).

Figura 3 – Condutas de betão (Fonte: www.jodofer.pt).

2.1.4. Condutas de aço

Foi durante a segunda metade do século XIX, e no seguimento do grande aumento da

produção de aço, que se começou a fabricar condutas de aço (Figura 4) produzidas em massa.

Por consequência deste fenómeno, criaram-se novas técnicas e métodos dentro desta

produção, que provocaram um desenvolvimento de laminadores capazes de fabricar placas de

aço com grandes dimensões, tornando possível a produção de condutas com elevados

diâmetros através do processo de perfilagem a frio e interligação das extremidades por

rebitagem. Mas nem tudo correu na perfeição, pois este processo trouxe alguns resultados

insatisfatórios, causando a sua substituição pelo reaquecimento e união forçada das

extremidades ou colocando juntas de soldadura. Mais tarde, desenvolveu-se outro tipo de

soldadura, a soldadura por arco-eléctrico e de seguida, pelo contínuo arco-soldagem, que é

hoje o método preferido para se unir extremidades (Young e Trott, 1984).

As condutas de aço são normalmente protegidas da corrosão devido às acções do

líquido transportado por um revestimento interior de cimento de alto-forno ou tintas

betuminosas, ou por uma aplicação de um tecido pelo exterior que posteriormente é

impregnado com betume para o efeito provocado pelo solo. Recentemente introduziu-se uma

técnica de aplicação de argamassa de cimento pelo interior das condutas através de uma

máquina que percorre a conduta depois da instalação da conduta no solo. Para protecção pelo

lado exterior também são conhecidos alguns métodos, sendo o mais praticado a aplicação do

poliestireno em todo o perímetro da conduta (Young e Trott, 1984).

Um outro método para impedir o efeito da corrosão nestas tubagens, prende-se com a

protecção catódica, sendo um processo mais recente e com um elevado nível de eficácia. Esta

protecção é aplicada nos elementos enterrados, mas é necessário adequar este processo com

a resistividade do terreno onde se insere a conduta de aço.

As condutas de aço apresentam algumas características que se tornam favoráveis em

relação a outros tipos de material, que segundo Gonçalves e Monteiro (2002) se destacam a

elevada resistência mecânica, a impermeabilização a óleos e gases, e também a simplicidade

Page 23: Tese 1,6 MB

9

de equipamentos de utilização. Para UNL-FCT-HU (2001/2002), uma das principais vantagens

da utilização das condutas de aço são a larga gama de diâmetros disponíveis no mercado.

Como factores negativos para estas condutas podem-se nomear a exigência de

protecção internamente e externamente para a corrosão e o custo bastante elevado

(Gonçalves e Monteiro, 2002).

Figura 4 – Condutas de aço (Fonte: www.solostocks.com.br).

2.1.5. Condutas de ferro fundido

As condutas de ferro fundido (Figura 5) apareceram em Inglaterra no século XIX, no

entanto, foi em 1920 que se desenvolveram através de dois métodos: fundição centrífuga

horizontal, em que o molde era rodado em alta velocidade para que o ar saísse do metal que

se encontra em estado líquido; ou então, pela vibração do molde. Posteriormente, em 1948

introduziu-se grafite esferoidal em vez do tradicional ferro fundido cinzento, melhorando assim

as propriedades das condutas e permitindo não só a produção de uma gama de diâmetros

elevados, mas também de tubos com espessuras muito reduzidas (Young e Trott, 1984).

As condutas em ferro fundido podem ser encontradas tanto em redes de drenagem,

como na distribuição de água e gás, e, com o intuito de melhorar e garantir um comportamento

positivo destes elementos, é frequente revestir as condutas interiormente para minimizar o

ataque de ferrugem. Um cuidado a ter nas instalações das condutas de ferro fundido é a

possibilidade de existência de solos que contém sulfatos, que são transformados, por algumas

bactérias, em ácido sulfúrico e causam o ataque às paredes dos elementos. Estes ataques são

normalmente concentrados numa pequena região da parede, causando assim pequenas

perfurações nas paredes (Young e Trott, 1984).

Nas situações de melhoramento dos constituintes das condutas através da inserção de

grafite, é frequente alcançar uma redução da espessura das paredes dos elementos, tornando-

os mais sensíveis aos ataques atrás referidos. Para solucionar este problema, admitindo que

se introduz grafite, é exigido uma atenção redobrada no processo de fabrico e transporte

porque é usual que nestes processos ocorram alguma danificação ou imperfeição que

provoquem os ataques à corrosão devido às paredes encontrarem-se fragilizadas (Young e

Trott, 1984).

Page 24: Tese 1,6 MB

10

A nível de revestimentos, do lado exterior é corrente colocar uma solução de zinco com

camada de acabamento de tinta epóxi normalmente vermelha, enquanto que pelo lado interior

se aplica um revestimento de cimento aluminoso centrifugado (Gonçalves e Monteiro, 2002).

As principais vantagens no uso de condutas de ferro fundido são a boa resistência

mecânica a elevadas pressões internas, a impermeabilidade a gases e óleos, a simplicidade de

equipamento de instalação, e ainda, a disponibilidade de acessórios do mesmo material

(Gonçalves e Monteiro, 2002). Para UNL-FCT-HU, também se podem destacar como

qualidades deste material a grande longevidade e a boa resistência à corrosão.

Como desvantagens, encontram-se o peso elevado do material, a possibilidade de

corrosão por ácidos sulfúricos e outros ácidos, e também, o custo relativamente elevado do

ferro fundido (Gonçalves e Monteiro, 2002).

Figura 5 – Condutas de ferro fundido (Fonte: www.cabralsousa.pt).

2.1.6. Condutas de materiais plásticos

2.1.6.1. Polietileno de Alta Densidade (PEAD)

O aumento da compreensão e aprendizagem dos polímeros no início do século XX,

provocou uma expansão da indústria termoplástica nas décadas de 1950 e 1960, tornando

possível uma produção em larga escala dos produtos em Polietileno de Alta Densidade

(PEAD). O PEAD é fabricado através da polimerização do etileno pelos processos de

suspensão em solvente, solução e fase gasosa. Todas estas etapas dão-se em reactores de

baixa pressão, concedendo assim uma estrutura molecular regular, originando produtos finais

com características superiores às de outros materiais plásticos. A produção ocorre com a

extorsão do material em temperaturas elevadas através da evaporação, necessitando por isso,

um controle especial da taxa de alimentação, temperatura e pressão, para que o material

mantenha as propriedades uniformes (Young e Trott, 1984).

As condutas de PEAD (Figura 6) apresentam algumas características mecânicas que

elegem este material como um dos melhores dentro dos plásticos, isto porque a flexibilidade do

material permite um bom comportamento em relação ao golpe de aríete, e juntamente com

outras características próprias, permite suportar pressões de serviço elevadas (UNL-FCT-HU,

2001/2002). Tem também a vantagem de ser extremamente leve e resistir, em geral, a

produtos químicos e vibrações (Gonçalves e Monteiro, 2002).

Page 25: Tese 1,6 MB

11

Os maus comportamentos deste material ocorrem da degradação por radiação solar e

calor, degradação devido ao contacto com detergentes, solventes e hidrocarbonatos, e ainda,

pela dificuldade de detecção de fugas de escoamento (Gonçalves e Monteiro, 2002).

Por curiosidade, pode-se relatar que Montenegro, Zaporski e Ribeiro, (1996) estimam

que o mercado da construção civil requer entre 10% a 15% da produção de PEAD.

Figura 6 – Condutas de PEAD (Fonte: www.centralplast.pt).

2.1.6.2 Policloreto de Vinilo (PVC)

O Policloreto de Vinilo (PVC) é um material termoplástico sólido originado de um pó de

cor branca, que é produzido por polimerização do monómero de cloreto de vinilo, que por sua

vez, é proveniente do sal e do petróleo. Mais recentemente introduziu-se uma técnica de

fabrico que consiste em orientar as moléculas de cadeia longa de PVC através da colocação

da conduta no molde e aplicando água quente para pressionar a conduta contra as paredes do

molde. Afirma-se que esta nova técnica proporcionou uma melhoria nas características de

impacto e resistência a longo prazo (Young e Trott, 1984).

As condutas de PVC (Figura 7) são produzidos numa vasta área de diâmetros e

espessuras de paredes, o que permite resistir diferentes pressões internas, sendo o seu

desempenho dependente da temperatura em que se encontra a conduta (Young e Trott, 1984).

Apesar de não ser uma medida imprescindível, é frequente pintar com resina e

pulverizar com areia antes de colocar estas condutas em locais onde esteja em contacto com o

betão (UNL-FCT-HU, 2001/2002).

Como principais qualidades apresentadas pelas condutas de PVC, pode-se nomear o

reduzido peso, a vasta gama de acessórios do mesmo material, e por fim, os preços muito

competitivos em relação aos restantes materiais possíveis de aplicação.

(Gonçalves e Monteiro, 2002)

Para se apresentar as desvantagens do PVC, pode-se começar por referir a

sensibilidade ao choque, à exposição solar e ao calor, e também o elevado risco de ovalização.

(Gonçalves e Monteiro, 2002)

Actualmente, e segundo informação apresentada no sítio da empresa Cires, o consumo

mundial deste material é de 30 milhões de toneladas anuais, valor que torna este material

como um dos plásticos com maior procura.

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12

Figura 7 – Condutas de PVC (Fonte: www.baquelite-liz.pt).

2.1.6.3 Condutas de plástico reforçadas com fibras de vidro

Ocorreu no ano de 1955 o primeiro reforço de condutas de plástico com a inserção de

fibras de vidro, sendo depois mais desenvolvidas nos E.U.A. com a introdução destes

elementos em tanques de combustíveis dos foguetes perto do ano de 1960. No Reino Unido,

em 1975, iniciou-se a comercialização de um novo processo de reforço, chamado efeito

“sanduíche”, que consiste na aplicação de uma camada interior de resina poliéster ou fibra de

vidro, seguida de uma camada intermédia de areia fina, e na colocação de uma camada

exterior de resina de vidro (Young e Trott, 1984).

Segundo UNL-FCT-HU, (2001/2002) é possível dispensar-se qualquer tipo de

revestimento destas condutas porque, pela composição deste material, as condutas já

apresentam uma boa resistência a agentes químicos.

As condutas plásticas reforçadas com fibras de vidro (Figura 8) caracterizam-se

principalmente por terem elevada resistência mecânica à corrosão química e electrolítica.

Possuem ainda outras vantagens únicas que as tornam diferentes dos restantes materiais, que

são a insensibilidade ao gelo, a resistência a temperaturas elevadas, aos raios ultra-violetas e

a agentes atmosféricos. Outros aspectos favoráveis que estes elementos apresentam também

são um peso reduzido, facilidade de fabrico e baixo coeficiente de rugosidade

(Gonçalves e Monteiro, 2002).

Como defeitos ou características menos apreciadas, encontram-se a vulnerabilidade a

choques e corrosão sob tensão, e ainda, exige uma boa compactação dos solos envolventes

(Gonçalves e Monteiro, 2002).

Figura 8 – Condutas de plástico reforçadas com fibras de vidro (Fonte: www.nei.com.br).

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13

2.2 Factores que influenciam a escolha do material

2.2.1 Tipo de escoamento

Com o objectivo de optimizar o aproveitamento de todos os materiais existentes num

projecto, é recorrente elaborar um estudo sobre os prováveis cenários a ter em conta, de

maneira a confirmar a adequação da decisão tomada. Na escolha do material a empregar nas

condutas surge a exigência de tirar o máximo proveito desse mesmo material, mas apenas é

possível elaborar este passo com o conhecimento das características dos materiais e quais as

necessidades das condutas.

O tipo de escoamento, em pressão ou de superfície livre, decide qual o sentido

possível da força diametral resultante na secção das condutas. Nos escoamentos em pressão,

as forças exercidas nas paredes dos elementos pode ser em ambos os sentidos, porque existe

a força de compressão provocada pelo solo e a força de tracção devido à pressão interior.

Quando se trata de escoamento em superfície livre, apenas poderá ocorrer forças de

compressão diametral exercidas pelo solo na envolvente das condutas.

2.2.2 Tipo de ligação entre condutas

Os tipos de ligaçoes disponíveis hoje em dia no mercado são normalmente produzidos

com a marca própria de cada fabricante, o que provoca uma vasta gama de ligações em cada

fornecedor. As ligações no passado eram simples, dimensionadas apenas para se introduzir

argamassa de cimento nas condutas de betão, ou chumbo quando se tratava de condutas

metálicas. Devido à construção destas uniões rígidas, na ocorrência de deslocamentos

relativos entre duas condutas surge um aumento dos esforços nestes pontos, que apenas

podem ser combatidos com a aplicação de juntas flexíveis compostas por anéis de borracha

comprimidos para permitir também uma boa vedação do escoamento (Young e Trott, 1984).

Um outro problema que pode aparecer nas uniões de condutas, prende-se com a

variação de tamanho entre peças do mesmo material devido ao processo de fabrico. Nas

condutas de grés cerâmico, durante os processos de secagem e da queima, ocorre um certo

encolhimento das peças que poderá ser diferente entre algumas peças, e para resolver este

problema é necessário aplicar junções flexíveis constituídas por material plástico que é

moldado de acordo com a extremidade em questão. Em relação aos elementos de betão,

devido ao método de fabrico ser com recurso ao molde com força centrífuga, a grande variação

de tamanho encontra-se no diâmetro interior, tornando-se necessário preencher estas

diferenças com argamassa de maneira a permitir um escoamento sem perturbações

(Young e Trott, 1984).

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14

2.2.3 Tipo de ligação entre condutas

Os tipos de amarração que se podem encontrar nas redes enterradas são os reforços

ou apoios necessários para impedir certos deslocamentos relativos das condutas. As variações

de secção ou de traçado nos escoamentos em condutas sob pressão, provocam esforços onde

estes elementos se tornam úteis para os contrariar e amarrar as condutas. Quando se encontra

uma mudança de direcção do sistema, como por exemplo tês ou curvas, as ligações entre os

tubos são muito solicitadas por forças que se calculam com a aplicação dom Teorema de

Euler, recorrendo-se a maciços de amarração ou de apoio para evitar os deslocamentos que

poderão afectar as ligações das condutas.

A construção destes elementos de apoio ao traçado da rede depende do material das

condutas, porque as forças exercidas pelas tubagens estão relacionadas com os pesos dos

materiais das condutas, ou também, pela possibilidade ou não de se construir maciços de

reforço nos pontos necessários da rede.

2.2.4 Necessidade de estanqueidade

A aplicação das juntas de ligações entre condutas inclui a verificação de estanqueidade

consoante a necessidade de garantir uma boa vedação durante a vida útil das condutas,

tornando-se uma tarefa muito importante para um bom funcionamento do sistema.

A diferença entre projecto de esgotos domésticos ou de esgotos pluviais encontra-se

na selecção do material da junta, pois no caso dos esgotos domésticos, devido às elevadas

percentagens de ácidos, terá de haver uma atenção para que não ocorram reacções que

afectam o desempenho das juntas, enquanto que no caso de esgotos pluviais, é muito pouco

habitual encontrarem-se este problema, sendo apenas essencial o controlo entre o solo

envolvente e a própria junta de vedação (Young e Trott, 1984).

A existência de pressão interior nas condutas pode facilitar a aplicação das juntas

interiores, pois a força diametral da pressão pressiona o material de vedação nas paredes das

condutas, permitindo assim um constante contacto forçado entre estes dois elementos.

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15

3. Classificação das condutas

3.1 Considerações Gerais

Após o estudo dos vários tipos de materiais possíveis de utilização em condutas

enterradas, é importante entender qual a classificação atribuída a esse elemento em termos de

cálculo estrutural.

A relação entre a classificação da conduta e o seu dimensionamento estrutural

refere-se ao conceito de rigidez, que por sua vez está relacionado com o tipo de conduta, tipo

do solo de enchimento e condição de instalação (Viana, 1998).

Como também acontece em estruturas de betão armado, quanto maior a rigidez de um

elemento maior é a absorção de carga, e transpondo esta ideia para as condutas enterradas e

visto ter-se um sistema apenas constituído por dois intervenientes, solo e conduta, pode-se

afirmar que o elemento mais rígido é aquele que recebe mais carga (Alves e Viana, 2006).

A classificação das condutas e o conhecimento do tipo de solo existente no local da

intervenção, permitem desde logo perceber qual a relação presenciada no sistema, situação

desfavorável ou situação favorável. A situação desfavorável ocorre quando as condutas são

rígidas, o que implica que absorvem mais carga do que o solo envolvente, caso contrário, nos

casos em que se classifica as condutas como flexíveis, a carga encaminha-se

predominantemente para o solo tornando-se numa situação de alivio para as condutas.

Os tipos de classificação a atribuir às condutas difere de autor para autor, já que alguns

apenas enumeram a condutas rígidas e condutas flexíveis, enquanto outros também se

referem a condutas semi-rígidas ou semi-flexíveis.

3.2 Condutas rígidas

As condutas rígidas resistem às cargas no solo devido ao seu comportamento em anel,

isto é, todo o perímetro entra para a resistência das paredes independentemente da direcção

da carga aplicada. Este processo explica-se quando ocorre a aplicação de cargas verticais nas

condutas e resulta uma resposta da resistência das paredes dos elementos por forças

horizontais provenientes dos impulsos do solo (Young e Trott, 1984).

Nas instalações de condutas rígidas uma outra característica relevante é o facto da

conduta ser mais rígida do que o solo onde está instalada, o que implica que a conduta suporta

praticamente toda a carga aplicada ao nível da superfície e do peso do solo como se pode

verificar na Figura 9, em que D representa o diâmetro da conduta e B a largura da vala.

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16

Figura 9 – Acréscimo de carga em condutas rígidas.

A classificação das condutas rígidas é definida pela carga máxima que não deforma a

secção o suficiente para provocar um aumento significativo da reacção passiva por parte do

solo onde a conduta está instalada (Young e Trott, 1984). O valor da deformação máxima que

pode ocorrer neste tipo de condutas sem que apresentem fissuras prejudiciais ao seu

desempenho é de 0,1% do diâmetro, sendo medida no sentido de aplicação da carga

(Neto e Relvas, 2003).

3.3 Condutas flexíveis

Para as condutas flexíveis, o critério de classificação consiste na capacidade de

deformação não excessiva das secções devido à aplicação das cargas, transformando as

secções inicialmente circulares em secções ovais. Esta alteração de geometria, que provoca

uma redução do diâmetro vertical e um aumento do diâmetro horizontal, é quantificada como a

percentagem de deformação do diâmetro vertical sem que nas paredes das condutas corram

risco de colapso (Young e Trott, 1984).

Nos locais onde se encontram instaladas condutas flexíveis, o solo é mais rígido que a

conduta, o que permite que o terreno suporte a maior parte do carregamento aplicado como se

observa na Figura 10.

Figura 10 – Redução de carga em condutas flexíveis.

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17

Devido à característica principal deste tipo de condutas, não existe valor máximo de

deformação, apenas se pode restringir que qualquer que seja a deformação imposta na secção

da conduta, esta não apresente nenhuma fissura perigosa para o funcionamento da mesma

(Neto e Relvas, 2003).

3.4 Condutas semi-flexíveis ou semi-rígidas

É frequente encontrar-se apenas dois tipos de classificação para as condutas

enterradas, condutas rígidas e condutas flexíveis, no entanto, pode-se ainda nomear uma outra

categoria, condutas semi-flexíveis ou condutas semi-rígidas. Esta classe é conhecida pelos

dois nomes porque se encontra entre as duas outras.

Nas situações de condutas inicialmente classificadas como rígidas, mas por terem

diâmetros muito elevados e capazes de suportar um aumento de carga extra em virtude da sua

flexibilidade, são normalmente classificadas como condutas semi-flexíveis ou condutas

semi-rígidas (Young e Trott, 1984). Por outro lado, condutas classificadas como flexíveis, mas

por serem de diâmetro reduzido não têm grande flexibilidade, são também nomeados como

condutas semi-flexíveis ou semi-rígidas. Como exemplos desta classificação, encontram-se as

condutas de grandes diâmetros constituídas por betão armado, ou as condutas de pequenos

diâmetros como as de materiais plásticos.

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18

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19

4. Métodos de instalação

4.1 Instalação em vala

Um dos processos mais frequentes utilizados na instalação de condutas enterradas é

sem dúvida a instalação em vala, visto ser de fácil execução relativamente aos restantes

métodos (Júnior, Lages, et al, 2008). Este método consiste na abertura de um troço com

dimensões superiores ao diâmetro das condutas a serem colocadas, de modo a garantir boas

condições de trabalho no momento da colocação das condutas. Esta abertura pode ser

efectuada por três métodos distintos, como está ilustrado na Figura 11.

Figura 11 - Tipos de vala: (a) simples; (b) com degrau ou com sub-vala; (c) com paredes inclinadas

(Adaptado: Neto e Relvas, 2003).

É possível encontrarem-se mais do que um elemento instalado na mesma escavação,

justificando-se com a redução dos custos e pela garantia de ter os mesmos resultados práticos.

Para tal, é necessário abrir uma vala suficientemente larga para permitir acomodar as tubagens

em condições propícias para uma boa instalação, não comprometendo o bom desempenho das

condutas (Young e Trott, 1984).

4.2 Instalação em aterro

4.2.1 Instalação em projecção positiva

Uma das possibilidades de executar uma instalação em aterro é a instalação em

projecção positiva, que se destaca por ser a única que a conduta é acomodada na superfície

do terreno natural (Debs, 2003).

A instalação de projecção positiva apenas obriga a uma pequena abertura no terreno,

apresentada na Figura 12, normalmente identificada como trincheira, com a intenção de

garantir que a conduta esteja imobilizada no local onde foi colocada. É de notar que a

Page 34: Tese 1,6 MB

20

superfície do terreno natural terá de ficar pelo menos abaixo da cota do centro da conduta, pois

caso contrário, deixaria de ser considerada projecção positiva.

Dentro deste tipo de instalação, existem ainda dois modos de projecção, a projecção

incompleta e a projecção completa, diferenciadas pela existência ou não de um plano de igual

assentamento, respectivamente. Este plano, tal qual o nome sugere, traduz o plano horizontal

a partir do qual o assentamento do solo é igual em toda a mesma cota, e pode ser determinado

como será explicado no capítulo 5.2.3.2.

Figura 12 – Instalação em aterro com projecção positiva

(Adaptado: Neto e Relvas, 2003).

4.2.2 Instalação em projecção negativa

A instalação com projecção negativa difere na classificação anterior pela altura da

trincheira escavada, mas o objectivo deste passo inicial é o mesmo que o descrito na projecção

positiva. Nestas condições a altura da trincheira terá de ser superior ao diâmetro da conduta,

conforme apresentado na Figura 13, de modo a que exista um patamar acima da cota superior

da conduta constituído por solo natural.

Também em projecção negativa se encontra a distinção entre a projecção completa e

projecção incompleta, descriminada pela mesma razão apresentada na projecção positiva.

Figura 13 – Instalação em aterro com projecção negativa

(Adaptado: Neto e Relvas, 2003).

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21

4.3 Outros tipos de instalação

4.3.1 Instalação por macacos hidráulicos

O processo de colocação de condutas com recurso a macacos hidráulicos tem como

etapa inicial a abertura de um poço vertical com dimensões que permitam a introdução do

operário e do material mecânico necessário para se efectuar a obra. O primeiro troço de

conduta a instalar tem um tubo de aço de corte na extremidade, para que seja possível a

penetração pelo terreno, recorrendo-se também ao auxílio da força dos macacos hidráulicos

colocados na conduta posterior. O trabalhador dentro do elemento, encaixa os novos troços de

conduta na extremidade das condutas já instaladas. Este método é repetido sucessivamente

até se alcançar o comprimento de conduta pretendido.

4.3.2 Instalação por impulsos

Nos casos onde os diâmetros são reduzidos para que o operário trabalhe em

condições dentro dos elementos, é recorrente optar-se pela instalação por impulsos,

normalmente recorre-se quando se pretende atravessar caminhos-de-ferro, estradas ou linhas

de água.

A instalação por impulsos consiste na colocação de uma broca rotativa dentro de um

tubo de aço horizontal para que seja encostada ao solo e começar a perfurar o terreno.

Enquanto a broca penetra no terreno, o material já cavado é removido para fora da perfuração

pelo mesmo sistema rotativo da broca, permitindo retirar o terreno já escavado

simultaneamente com o processo de escavação.

Finalizado o troço projectado, inicia-se a colocação das condutas dentro desta linha

através de tubos guia, preenchendo todo o espaço vazio do percurso realizado pelas condutas

definitivas. É discutível a continuidade ou não destes elementos guia na parte exterior das

condutas definitivas, uma vez que tem vantagens e desvantagens. A grande vantagem de os

manterem é o acréscimo de resistência à conduta, e a desvantagem é a eventualidade de

intervir em fases de manutenção ou mesmo de reparações. Esta decisão caberá sempre às

entidades responsáveis pela obra, uma vez que pode ser uma decisão com uma certa

responsabilidade.

4.3.3 Instalação através da abertura de um túnel

A necessidade de recurso a este método prende-se com a dimensão ainda mais

reduzida do diâmetro da conduta, pois este processo apenas prevalece em relação ao anterior

devido a esta razão.

Também neste tipo de instalação a abertura de um túnel na parede da vala deverá ser

de medida suficiente para o efeito, pois deve garantir espaço de trabalho para os operários.

Page 36: Tese 1,6 MB

22

Page 37: Tese 1,6 MB

23

5. Dimensionamento

5.1 Dimensionamento hidráulico

5.1.1 Cálculo hidráulico

O projecto hidráulico tem como principal objectivo o cálculo do diâmetro necessário a

garantir um bom desempenho hidráulico da rede, independente do tipo de escoamento que

esteja em causa, escoamento em pressão ou escoamento em superfície livre. Para tal,

determinam-se todos os parâmetros necessários para efeitos de cálculo de acordo com os

regulamentos existentes, sendo que nos projectos realizados em Portugal se destacam os

Decretos-lei e os Decretos Regulamentares.

Para o dimensionamento de condutas para escoamentos sob pressão, exemplos das

condutas de águas e petróleo, os factores preponderantes são os limites de velocidade e o

valor mínimo de carga hidráulica necessário num determinado ponto da rede. Os valores

limites de velocidade são controlados por dois motivos diferentes: com o valor mínimo

pretende-se controlar as condições de auto-limpeza, enquanto que com o limite superior se

pretende limitar as dissipações de energia e excessivas forças tangenciais nas paredes das

tubagens. Em relação ao valor mínimo da carga hidráulica, este número possibilita que o fluído

chegue a todos os pontos da rede em condições de ser aproveitado, isto é, qualquer local no

sistema tem a possibilidade de ser um ponto de captação ou utilização do escoamento. Este

valor de carga hidráulica não é constante ao longo de todo o sistema devido às perdas de

carga locais ou contínuas existente na respectiva rede.

Nos estudos hidráulicos de sistemas de drenagem urbana os escoamentos são em

geral em superfície livre, como são os casos dos sistemas de drenagem das águas residuais

domésticas e pluviais. As verificações que necessitam de ser efectuadas para o caudal de

cálculo são: a capacidade de transporte (verificada normalmente pela limitação da altura

máxima do escoamento); a velocidade máxima do escoamento para o caudal de ponta do

horizonte de projecto e, a velocidades mínima para o início de exploração. O caudal de

dimensionamento é definido dependendo de se tratar de esgotos pluviais ou de esgotos

comunitários (domésticos, industriais e comerciais), isto porque a origem do escoamento é

diferente. Para esgotos domésticos a estimativa dos caudais é efectuada em função das

populações servidas e das respectivas capitações. Para a estimativa dos caudais pluviais

pode-se recorrer à fórmula do Método Racional para determinação do caudal de projecto:

bAICQ .. (1)

sendo:

Q = Caudal de ponta de cheia (m3/s)

C = Coeficiente que depende das características superficiais da bacia hidrográfica (-)

I = Intensidade média de precipitação (m/s)

Page 38: Tese 1,6 MB

24

Ab = Área da bacia hidrográfica (m2)

A intensidade de precipitação é calculada através da fórmula (Quintela, 1996):

baI t (2)

sendo:

a e b = Constantes que dependem da localização da bacia hidrográfica (-);

t = duração da chuvada crítica da bacia que corresponde, em geral, ao tempo de

concentração (min.).

Por outro lado, por se tratar de sistemas de drenagem de águas residuais que se

caracterizam por transportar uma grande quantidade de sólidos, é importante impedir a

ocorrência de perturbações no escoamento, nomeadamente alguns entupimentos ou atritos

que possam por em causa o bom funcionamento do sistema. Uma outra diferença entre os

esgotos comunitários e esgotos pluviais relaciona-se com a altura máxima admissível do

escoamento para os caudais de dimensionamento, isto porque em dimensionamentos de

esgotos pluviais calculam-se os diâmetros para uma secção cheia, enquanto que nos esgotos

residuais apenas é permitido utilizar meia secção de vazão para D<500 mm e 75% do diâmetro

para D>=500 mm.

Tanto para a determinação das velocidades ou diâmetros das duas redes atrás

mencionadas, pode-se utilizar a fórmula Manning-Strickler (Quintela, 1981):

2/13/2iARKQ hs (3)

onde:

Q = Caudal de cálculo (m3);

Ks = Coeficiente de rugosidade de Manning-Strickler (m1/3

s-1

);

A = Área da secção transversal da conduta (m2);

Rh = Raio hidráulico (m);

i = Inclinação da tubagem (m/m).

5.1.2 Estudo do Coeficiente de Rugosidade

O valor que representa o coeficiente de Manning-Strickler na expressão anterior é um

valor tabelado, como é exemplo a tabela A1 do Anexo A, função do material da conduta. Para

se verificar a veracidade desta ideia, realiza-se neste capítulo um estudo sobre a dependência

de outros factores na escolha do valor correcto do coeficiente de rugosidade de Manning-

Strickler.

Para se realizar este estudo arbitraram-se uma gama de Diâmetros Nominais (DN)

entre DN200 e DN2000, três valores padrão do coeficiente de rugosidade (75, 90 e 110), um

valor constante de 0,5% como representante do declive da tubagem, e ainda, que o

escoamento ocorria em secção cheia (Rh=D/4). Com estes dados arbitrados é fácil recorrer-se

à equação de Manning-Strickler para se calcular o valor do caudal e da velocidade do

Page 39: Tese 1,6 MB

25

escoamento, e de seguida pela fórmula de Darcy-Weisbach retirar-se o valor do factor de atrito,

f (Lencastre, 1969):

g

U

D

LfH

2

2

(4)

sendo:

ΔH = Perda de carga ao longo do comprimento da tubagem (m.c.f.);

f = Factor de atrito Darcy-Weisbach (-);

L = Comprimento da tubagem (m);

U = Velocidade do escoamento (m/s);

D = Diâmetro da tubagem (m);

g = Aceleração da gravidade (m/s2).

Este factor de atrito também pode também ser determinado através de um processo

iterativo pela equação de Colebrook-White (Manzanares, 1979):

fD

k

f Re

51,2

7,3log2

110

(5)

sendo:

f = Factor de atrito Darcy-Weisbach (-);

k = Rugosidade absoluta da parede da tubagem (m);

D = Diâmetro da tubagem (m);

Re = Número de Reynolds (-).

Para avaliar o efeito do diâmetro da conduta no coeficiente de Manning-Strickler, com

rugosidade absoluta constante, igualou-se o factor de atrito pela equação de Colebrook-White

ao determinado pela fórmula de Darcy-Weisbach com as perdas de carga dadas pela

expressão de Manning-Strickler. O valor da rugosidade absoluta da tubagem, segundo Baptista

(1980), representa o diâmetro de um grão de areia necessário de revestir uma tubagem de

vidro para que valor de rugosidade da tubagem de vidro seja igual ao da tubagem de projecto.

Os resultados obtidos estão na tabela A2 apresentada no Anexos A e no gráfico 1:

Page 40: Tese 1,6 MB

26

Gráfico 1 – Relação entre o coeficiente de rugosidade de Manning-Strickler e o diâmetro das condutas.

Conclui-se assim, que o coeficiente de rugosidade de Manning-Strickler, a adoptar

pode sofrer variações com algum significado, dependendo não só do material, característica

que tem maior peso na relação com o coeficiente, mas também do diâmetro adoptado.

5.2 Dimensionamento estrutural

5.2.1 Considerações introdutórias

Após a escolha do material constituinte das condutas e do cálculo do diâmetro

necessário para assegurar um bom desempenho hidráulico na rede, inicia-se o projecto

estrutural, que poderá por si só alterar as escolhas anteriormente realizadas.

A verificação da segurança de qualquer estrutura de betão armado é realizada em

relação a dois estados limites, que segundo o Regulamento de Segurança e Acções (2006) se

designam por Estado Limite Último (E.L.Últimos) e verificação ao Estado Limite de Utilização

(E.L.Utilização), onde se averiguam o colapso e a deformação, respectivamente.

Os fundamentos para a execução deste projecto estrutural baseiam-se nas teorias de

Marston e Spangler, criadores de alguns trabalhos que provaram que os seus conceitos,

teorias e procedimentos são adequados ao dimensionamento de condutas enterradas. Após a

publicação destes projectos, surgiram novas ideias externas que serviram também para criticar

as orientações dos dois pioneiros do tema, mas todas elas foram pouco significativas por

nunca serem provadas em ensaios. As maiores críticas em relação a Marston e Spangler eram

direccionadas para o dimensionamento pouco económico, pois consideravam serem projectos

antieconómicos devido a se chegar a dimensões algo exageradas. (Neto e Figueiredo, 2002)

Baseadas nas expressões originais de Marston e Spangler desenvolveram-se no

presente trabalho expressões simplificadas para o cálculo da carga aplicadas em condutas

enterradas baseadas nas fórmulas originais dos dois autores já referidos. A resolução das

equações de Marston e Spangler têm algum grau de complexidade porque

necessita-se de determinar inicialmente qual o estado de projecção a executar, completa ou

incompleta, processo que só é possível através de um cálculo iterativo para se chegar ao valor

Page 41: Tese 1,6 MB

27

da altura do plano de igual assentamento. Outra das razões para se proceder à determinação

das novas fórmulas, é que na expressão inicial de Marston e Spangler o coeficiente de carga

não está a multiplicar pelo peso do volume de solo acima do elemento enterrado, o que não

evidencia a contribuição do coeficiente no valor final da carga aplicada.

Para a determinação dos valores das cargas estáticas actuantes na conduta é

necessário obter a informação sobre o tipo de instalação, vala ou aterro, e a classificação,

rígida ou flexível, visto que a maioria dos processos de cálculos dependem destes dois

parâmetros.

A razão pela qual é necessário diferenciar o tipo de instalação e a classificação dos

elementos enterrados, é a diferença entre o sentido da força de atrito entre o solo natural e o

solo reposicionado no local da obra. Esta força de atrito reduz ou aumenta uma pequena parte

da carga do solo, e é originada pelo contacto do prisma de solo e a parede do solo natural. Nos

casos em que o prisma central tem assentamento, a força de atrito alivia a carga, mas em

situações onde os prismas de solo laterais têm maior assentamento, esta força já é um

acréscimo de carga aplicada no elemento. O seu valor é proporcional ao coeficiente K de

Rankine e segundo Pereira (2005) é calculado pela seguinte expressão:

sen

senK

1

1)º45(tan

tan1tan

tan1tan 2

2

2

(6)

onde:

– ângulo de atrito interno do solo.

Por facilidade de apresentação das fórmulas durante a dissertação, onde deveria estar

escrito tan , estará ’, e traduz o coeficiente de atrito entre o solo estático e o solo que sofre

um assentamento.

No dimensionamento estrutural existem valores que têm de ser estabelecidos

inicialmente para serem introduzidos nos cálculos, tais como as características do solo

envolvente das condutas, os dados geométricos da conduta e da vala ou do aterro. Todos os

valores atribuídos a estes parâmetros foram seleccionados de acordo com os objectivos

propostos, ou seja, os dados introduzidos nos cálculos foram escolhidos após se ter reflectido

sobre algumas situações reais que seriam interessantes de simular.

Os primeiros valores a serem estabelecidos foram o peso volúmico e o coeficiente de

atrito do solo colocado acima da conduta, e toma-se o valor de 20kN/m3 e de 30º,

respectivamente, que traduzem o solo mais comum nas obras deste tipo no nosso País, sendo

geralmente composto por terra e algumas pedras existentes no próprio terreno.

Com o objectivo de se exemplificar duas situações distintas em relação às dimensões

das condutas serão utilizados dois valores de Diâmetros Nominais (DN) diferentes, elementos

de DN200 e DN1000. Esta escolha justifica-se por serem os extremos da gama de diâmetros

mais utilizada, sendo que o DN200 é o valor mínimo regulamentar em colectores de sistemas

públicos de drenagem e o DN1000 já representa um diâmetro suficientemente elevado para se

Page 42: Tese 1,6 MB

28

distanciar do outro diâmetro escolhido. De referir ainda que o diâmetro externo da conduta está

relacionado com o material do elemento porque em condutas de betão e de ferro fundido o DN

refere-se ao diâmetro interior e em tubagens plásticas, como o PVC, ao diâmetro exterior. O

valor da largura de vala também está dependente do diâmetro, porque a largura necessária

para uma boa trabalhabilidade está relacionada com o diâmetro encontrado no local.

Em relação aos materiais, betão armado, PVC e ferro fundido, de referir que são os

materiais mais utilizados e que representam todas as classes de classificação da rigidez. Se

por um lado os elementos de betão são sempre rígidos e os de PVC são sempre flexíveis, já o

ferro fundido pode estar associado a todas as classes de rigidez incluindo a classe de

semi-rígidas ou semi-flexíveis. A razão para esta última ideia prende-se com a atribuição da

classificação dependendo do valor do diâmetro das condutas de ferro fundido, isto porque em

pequenos diâmetros os elementos são classificados como rígidos e em grandes dimensões já

se qualificam como flexíveis.

Os últimos parâmetros escolhidos serão apenas utilizados na determinação das cargas

provenientes nas instalações em aterro, que são a taxa de projecção dos elementos

enterrados, , e o grau de compactação do solo em contacto com a conduta, rsd. A taxa de

projecção será considerada nula ( =1, para ser nula iguala-se a variável da taxa a 1 e não a 0)

por ser bastante difícil quantificar este valor nas situações reais, sendo que geralmente o valor

em obra seja mesmo nulo. Para representar o grau de compactação do solo junto do elemento,

será utilizado o valor de 0,5 (intervalo de 0,5 a 0,8 de acordo com Young e Trott, 1984) que

representa não existir qualquer atenção especial para uma melhor compactação nesta zona de

intervenção, sendo que em projecção negativa este valor é de -0,5 (valor recomendado por

Young e Trott, 1984).

5.2.2 Solicitações estáticas em vala

Para o cálculo das cargas actuantes em condições de vala, Marston inicia o raciocínio

com a análise de um elemento horizontal de solo de espessura dh, localizado a uma

profundidade h em relação ao topo da superfície, Marston define que a força aplicada por esta

camada de solo sobre o solo abaixo desta cota, será uniformemente distribuída ao longo da

largura B. O valor da carga aplicada é igual ao peso do solo dessa camada acrescido pelo

peso do solo acima deste, subtraindo a reacção de atrito existente nas paredes da vala. Para

que esta teoria possa ser verdadeira, assume-se que o solo colocado na vala sofre um

assentamento, que o ângulo de atrito e a densidade do solo são constantes ao longo de toda a

escavação. A força de atrito nas duas paredes laterais da vala de escavação é proporcional ao

impulso do solo nas paredes da vala. A ilustração do diagrama de forças existente numa

instalação em vala é apresentada na figura 14:

Page 43: Tese 1,6 MB

29

Figura 14 – Diagrama de forças existentes em vala (Adaptado: Young e Trott, 1984).

A carga aplicada pelo peso do solo é designada por V, e dV significa o peso

relacionado com a camada de solo de espessura dh. Pelo diagrama de cargas pode-se

escrever a seguinte expressão de equilíbrio de forças:

dh

B

VKBdhVdVV '2

(7)

A solução da equação diferencial anterior é dada por:

'2

)/'2exp(12

K

BhKBV

(8)

e quando h=H, temos:

'2

)/'2exp(12

K

BHKBV

(9)

Se se substituir o factor entre parêntesis por um coeficiente Cv fica:

vCBV 2

(10)

onde o coeficiente Cv se nomeia por coeficiente de vala e pode ser retirado do

Gráfico 2 ou Gráfico 4 a seguir apresentados.

Page 44: Tese 1,6 MB

30

0,01

0,10

1,00

10,00

100,00

0,01 0,10 1,00 10,00

C oefic iente de va la de

Ma rston-S pa ng ler, C v (-)

Re

laç

ão

H/B

(-)

Φ= 30 º

Φ= 37,5 º

Φ= 45 º

Φ= 52,5 º

Φ= 60 º

Gráfico 2 – Gráfico para se retirar o coeficiente de vala de Marston-Spangler, Cv

1,00

10,00

100,00

1,00 10,00

C oefic iente de vala de Mars ton-S pang ler, C v (-)

Re

laç

ão

H/B

(-)

Φ= 30 º

Φ= 37,5 º

Φ= 45 º

Φ= 52,5 º

Φ= 60 º

Gráfico 3 – Ampliação do gráfico do coeficiente de vala de Marston-Spangler, Cv.

Após a observação dos gráficos anteriores onde se retira o valor do coeficiente Cv,

conclui-se que este valor depende da relação entre a altura (H) e a largura (B) da vala, isto é, é

Page 45: Tese 1,6 MB

31

necessário determinar-se o valor de H/B para de seguida determinar-se o coeficiente Cv. Se

substituirmos esta relação na expressão da determinação da carga, chega-se à conclusão que

o valor da carga é directamente proporcional à largura da vala, permitindo dizer que um

aumento da largura da vala implica um aumento de carga na conduta.

A relação H/B pode tomar variados valores quando se pretende determinar o

coeficiente de vala, tomando valores elevados quando se está perante “valas estreitas” e

valores reduzidos para “valas largas”. As larguras das valas condicionam a força exercida nas

condutas e a fórmula como é determinada, visto que se a largura é demasiada elevada,

passa-se de situação de vala larga, para situação de aterro com largura limitada.

A análise da diferença entre “valas largas” e aterros com larguras limitadas pode ter

alguma complexidade, como por exemplo, a necessidade da determinação da largura limite

que separa qual o método a aplicar no cálculo. Este valor limite, designado por “largura de

transição”, traduz a largura em que a carga aplicada na conduta enterrada é igual

independentemente do método de instalação. Na presente dissertação será apresentado no

capítulo 5.3 uma explicação e um estudo mais aprofundados sobre a determinação deste

valor.

Em relação à questão da classificação da conduta para determinar a carga actuante, a

justificação deve-se com a diferente largura do prisma de solo que entra no cálculo. Esta

largura difere porque em condutas flexíveis apenas se entra com a largura diametral do

elemento, enquanto que nos elementos rígidos a largura de solo é igual à largura da vala ao

nível da geratriz superior da secção.

Assim, para o cálculo da carga do solo em condições de vala segundo Young e Trott

(1984) tem-se para:

condutas rígidas,

2BCV v (11)

condutas flexíveis,

DBCV v (12)

onde,

V = carga sobre a conduta, por unidade de comprimento, (kN/m);

Cv = coeficiente de carga para elementos instalados em vala, que depende do tipo de

solo (Kμ), da profundidade da instalação (H) e da largura da vala (B), como se pode ver no

Gráfico 2 ou Gráfico 3;

γ = peso volúmico do solo de enchimento, (kN/m3);

B = largura da vala, ao nível da geratriz superior da conduta, (m);

D = diâmetro externo da conduta, (m).

Page 46: Tese 1,6 MB

32

Formulação alternativa proposta

A aplicação das fórmulas apresentadas anteriormente são de fácil execução, apenas é

necessário substituir os valores das variáveis e introduzir o valor do coeficiente de vala a partir

do gráfico ou através do cálculo do valor pela respectiva expressão. No entanto, e por se

pretender apresentar uma expressão para o cálculo da carga actuante em que esta seja

relacionada com o peso do prisma de solo (γHB em condutas rígidas e γHD em condutas

flexíveis), propõe-se uma expressão alternativa à fórmula original, usando um coeficiente de

carga unitário, v, que se relaciona com o coeficiente de vala (Cv) da forma que se deduz de

seguida:

condutas rígidas

H

BCBCHBCBH vvvvvv

2

condutas flexíveis

H

BCBCHDBCDH vvvvvv

Após a verificação das expressões referentes à relação entre o novo coeficiente e o

original, é fácil perceber que o valor da carga actuante da conduta será o mesmo do que pelo

cálculo pelas fórmulas originais, apenas diferem na apresentação. Considera-se que estas

novas expressões são fisicamente mais perceptíveis porque resulta de aplicar directamente

factores (de redução ou ampliação) ao peso do volume de solo acima do elemento enterrado.

No Gráfico 4 apresenta-se a forma como varia o coeficiente de carga unitária, v, nesta

nova formulação em função da altura e largura de vala, H/B.

0,00

0,20

0,40

0,60

0,80

1,00

0,00 5,00 10,00 15,00 20,00

R ela ç ã o H/B (-)

Co

efi

cie

nte

de

ca

rga

un

itá

rio

, v (

-)

Φ= 30 º

Φ= 45 º

Φ= 60 º

Gráfico 4 – Gráfico com o coeficiente de carga unitário, v (-).

O facto do coeficiente de carga unitária, v, ser menor que 1 permite evidenciar mais

facilmente, com esta formulação, que numa instalação em vala a carga sobre a conduta é

sempre inferior ao peso do prisma de solo da vala a partir da geratriz superior da conduta

(condutas rígidas) ou do prisma de solo com de largura igual ao diâmetro (condutas flexíveis).

Page 47: Tese 1,6 MB

33

5.2.3 Solicitações estáticas em aterro

5.2.3.1 Considerações Gerais

A determinação da carga em situação de aterro não difere de forma tão explícita em

relação à classificação do elemento como se verificou em instalações em vala, isto porque não

é demonstrada logo na expressão geral se se trata de uma situação de condutas rígidas ou de

condutas flexíveis. A justificação para este facto deve-se à existência de outros parâmetros ao

longo do cálculo que permitem distinguir o método a aplicar consoante a classificação atribuída

ao elemento.

Em ambas as situações de instalação em aterro, projecção positiva e projecção

negativa, existem ainda dentro de cada uma, duas condições diferentes de instalação, as

condições completas e condições incompletas. Assim, pode-se concluir que em instalações em

aterro, temos quatro hipóteses de processo cálculo para a determinação da carga a aplicada,

sendo que a expressão geral, segundo Young e Trott (1984), é igual nestas mesmas situações

para condutas rígidas e flexíveis:

2DCV a (13)

onde:

V = carga sobre a conduta, por unidade de comprimento, (kN/m);

Ca = coeficiente de carga para elementos instalados em aterro, que depende do tipo de

solo (Kμ), e da relação entre a profundidade da instalação (H) e do diâmetro da conduta (D);

γ = peso volúmico do solo de enchimento, (kN/m3);

D = diâmetro externo da conduta, (m).

Na situação de aterro é necessário distinguir o tipo de condição final de assentamento.

Esta condição relaciona-se com o plano de igual assentamento, que traduz o plano horizontal a

partir do qual, acima desta cota, o solo tem todo o mesmo assentamento. Os aterros onde todo

o solo colocado tem assentamentos diferenciais, indicando assim que o plano de igual

assentamento ainda não foi atingido, são denominados por condição completa. Por outro lado,

quando se aterra uma conduta com alturas de solo que permitam existir um plano horizontal

que estabelece o limite inferior da camada de solo com um assentamento uniforme, atingindo a

altura He, designa-se por condição incompleta.

Assim, pode-se verificar que em projecção positiva temos as seguintes condições de

assentamento e respectivas forças:

Page 48: Tese 1,6 MB

34

Figura 15 – Instalações em aterro: (a) Projecção positiva incompleta (b) Projecção positiva completa

(Adaptado: Young e Trott, 1984).

Já nas instalações em aterro com projecção negativa tem-se:

Figura 16 – Instalação em aterro: (a) Projecção negativa incompleta (b) Projecção negativa completa

(Adaptado: Young e Trott, 1984).

A determinação da altura de solo para se atingir o plano de igual assentamento é

diferente para projecção positiva e para projecção negativa. Para se efectuar este cálculo é

necessário recorrer-se a um rácio de assentamento do solo, rsp, que permite introduzir no

cálculo um dado muito importante sobre o grau de compactação do solo que envolve a

conduta. Este cálculo possibilita ao projectista saber se está perante uma situação de

projecção completa ou incompleta, isto é, se o aterro a partir da altura He tem um

assentamento uniforme ou todo o aterro assenta com valores diferentes ao longo das larguras

dos prismas. Perante esta explicação percebe-se que só depois de se introduzir na fórmula a

altura do aterro e todos os restantes parâmetros sobre o problema, se pode saber qual o

estado da projecção do aterro.

Page 49: Tese 1,6 MB

35

5.2.3.2 Projecção positiva

Projecção positiva completa

Pela análise do diagrama de forças aplicado nos aterros com projecção positiva e

elaborando o equilíbrio de forças aí estabelecido, pode-se chegar á seguinte expressão:

dh

D

VKDdhVdVV 2

(14)

Resolvendo a equação diferencial, temos a expressão 15:

K

DhKDV

2

1)/2exp(2

(15)

Quando a conduta se encontra a uma altura H, temos:

aCD

K

DHKDV 22

2

1)/2exp(

(16)

Projecção positiva incompleta

Também pela análise do diagrama de forças aplicado nos aterros com projecção

positiva e tendo em atenção que nesta situação é importante considerar a classificação do

elemento, elabora-se o equilíbrio de forças e chega-se á seguinte expressão:

dh

D

VKDdhVdVV 2

(17)

O sinal ± aparece para distinguir se o cálculo se refere a condutas rígidas, onde se

utiliza o sinal positivo, ou condutas flexíveis, utilizando neste último caso o sinal negativo. A

atribuição de sinal positivo ou negativo justifica-se, como já foi anteriormente referido, com a

maior ou menor percentagem de força encaminhada para a conduta consoante a sua maior ou

menor rigidez, respectivamente.

Para se ter um melhor entendimento do processo de cálculo nestas situações, e visto

que neste caso a altura h começa no plano de igual assentamento, começa-se por introduzir

h=0, V = (H – He ) D, sendo V apenas a carga da camada de solo com assentamento

uniforme. Quando h=He, V já toma o valor total da carga actuante na conduta.

Resolvendo a equação diferencial para os limites 0 e He, temos a expressão 18:

ae

ee CDDHKD

H

D

H

K

DHKDV 22 )/2exp(

2

1)/2exp(

(18)

Até este ponto os métodos de Marston e Spangler estão de acordo, deixando de o

estar a partir da determinação do valor de He.

O método mais antigo para o cálculo de He é o de Marston, sendo que Sprangler

apresentou mais tarde uma outra solução considerada mais lógica, razão pela qual apenas

será apresentado no presente trabalho este último método.

Page 50: Tese 1,6 MB

36

A determinação da altura do plano de igual assentamento em instalações de projecção

positiva implica um processo complicado porque relaciona os vários assentamentos existentes

no conjunto conduta-solo.

Com a observação da Figura 15 e considerando que os prismas de largura D nas

laterais do prisma central em cima da conduta contribuem para a carga total aplicada no

elemento enterrado, pode-se concluir que o valor total da carga é de 3H D. Como já foi atrás

referido, pela definição que Marston e Spangler apresentaram para o valor da carga do prisma

central, este valor é dado por D2Ca, o que implica que a carga dos dois prismas exteriores seja

determinada pela seguinte expressão:

aCDDH 23 (19)

Para uma dada altura h abaixo da cota do plano de igual assentamento, a expressão

anterior toma a seguinte forma:

VhHHD e )(3

(20)

Calculando-se a carga uniforme na largura dos dois prismas:

D

VhHHD e

2

)(3

(21)

Recorrendo-se ao módulo de elasticidade do solo, Es, para a determinação da tensão

de compressão, dλ’, de uma camada de solo no prisma exterior, obtém-se a seguinte

expressão:

dhDE

VhHHDd

s

e

2

)(3' (22)

Para se determinar o valor do deslocamento total do prisma exterior abaixo do plano de

igual assentamento, λ’, calcula-se o integral da expressão anterior:

dhDE

VhHHDeH

s

e

02

)(3'

(23)

Do mesmo modo que o deslocamento total do prisma interior, λ, toma a seguinte

expressão:

dhDE

VeH

s0 (24)

Igualando os deslocamentos do prisma exterior ao prisma interior de solo, obtém-se a

seguinte igualdade:

gmcf SSdS ' (25)

Page 51: Tese 1,6 MB

37

Pela definição de rsd:

sd

m

cfgmr

S

dSSS )()(

(26)

A diferença de assentamentos entre os três prismas será de:

msd Sr' (27)

A carga no prisma interior no plano critico é:

D

CDDH c

2

3 2

(28)

Enquanto que o assentamento abaixo do plano crítico da cota de B, identificado por

Sm, é:

pD

D

DCHS c

m2

)3(

(29)

Substituindo na equação 27 os valores de λ’, λ e Sm e dividindo ambos os termos por

3 D2/(2E) , como está apresentado no Anexo B, chega-se à expressão final dada por:

D

Hpr

D

H

D

H

DK

HDHK

D

H

D

Hpr

D

Hpr

D

H

D

H

KK

DHK

sp

ee

e

esp

espee

.2

)/2exp(3

2

1

32

1

2

1)/2exp(2

(30)

Formulação alternativa proposta

Após a verificação do processo de determinação do coeficiente de aterro e também da

expressão inicial do cálculo da carga actuante nas instalações em aterro, desenvolveu-se uma

outra formulação que se julga mais perceptível. Assim, e como já foi apresentado nas

instalações em vala, a expressão para a determinação da carga actuante é modificada com o

intuito de a carga aplicada ser função do peso do prisma de solo acima da conduta multiplicada

por um novo coeficiente de aterro. A nova fórmula de determinação da carga para condutas

rígidas e flexíveis é dada por:

DHp a (31)

onde:

p = carga sobre a conduta, por unidade de comprimento, (kN/m);

a = coeficiente de carga unitário que depende do tipo de solo, Kμ, e da relação H/D,(-);

γ = peso volúmico do solo de enchimento, (kN/m3);

H = altura de aterro, a partir da geratriz superior da conduta, (m);

D = diâmetro exterior da conduta, (m).

Page 52: Tese 1,6 MB

38

A determinação do novo coeficiente de aterro é agora efectuada por uma expressão

empírica dependendo da relação entre a altura de aterro e o diâmetro exterior (H/D), e do tipo

de solo (Kμ), mas independentemente da condição de completa ou incompleta. É necessário

também separar as condutas rígidas das condutas flexíveis, daí serem apresentadas duas

expressões para o coeficiente de aterro, ambas foram determinadas arbitrando que a conduta

está toda acima do terreno natural (p’=1) e que o solo em torno do elemento não está

especialmente compactado (rsp=0,5), características que são as mais frequentes encontradas

em obras deste género.

Para se estimar de forma explícita o valor do coeficiente de carga unitário, procedeu-se

a um estudo exaustivo de análises de correlação dos valores obtidos pela teoria de Marston e

os parâmetros que contribuem para o seu valor nomeadamente H/D e Kμ. Apresenta-se de

seguida as expressões explícitas para as quais se obteve as melhores correlações e as suas

representações gráficas:

Condutas Rígidas: D

HK

a eKD

H 006,0141,1021,0

096,0

)( (32)

0,00

0,50

1,00

1,50

2,00

0,00 5,00 10,00 15,00 20,00

Relação H/D (-)

Coefic

iente

de c

arg

a u

nitá

ria e

m a

terr

o,

a (

-) p

ara

conduta

s r

ígid

as

Φ= 30 º

Φ= 45 º

Φ= 60 º

Gráfico 5 – Coeficiente de carga unitário, a, em aterro com projecção positiva para condutas rígidas.

Page 53: Tese 1,6 MB

39

Condutas Flexíveis: K

D

H

a eKD

H 955,1009,0024,0

194,0

)( (33)

0,00

0,50

1,00

0,00 5,00 10,00 15,00 20,00

Relação H/D (-)

Coefic

iente

de c

arg

a u

nitá

rio e

m a

terr

o,

a (

-), para

conduta

s fle

xív

eis

Φ= 30 º

Φ= 45 º

Φ= 60 º

Gráfico 6 – Coeficiente de carga unitária, a, em aterro com projecção positiva para condutas flexíveis

De referir que a diferença entre as variáveis presentes nas expressões e nas legendas

dos gráficos se devem a facilitar a leitura visual dos gráficos, isto porque é mais fácil pensar-se

em termos de ângulo de atrito do solo do que em termos de Kμ.

Para comprovar a fiabilidade das equações alcançadas para a determinação dos

coeficientes de carga unitária, a, apresenta-se de seguida os quadros com os cálculos

efectuados para comparar os resultados pelas duas alternativas de determinação de carga

aplicada nas condutas. Nas tabelas referentes à formulação alternativa proposta, indica-se o

erro em relação ao resultado alcançado pelas fórmulas de Marston e Spangler.

As grandes vantagens da utilização das expressões alternativas propostas são a forma

explícita com que o coeficiente é aplicado e calculado através de uma simples folha de cálculo.

Pelo lado contrário, o ponto negativo das suas utilizações são a existência de um erro, apesar

de ser relativamente pequeno em condutas rígidas mas elevado em condutas flexíveis com

diâmetros elevados.

Page 54: Tese 1,6 MB

40

Apresentação dos cálculos

Aplicando as equações correspondentes ao cálculo para situações de aterro com projecção positiva, chegam-se aos seguintes valores:

Diâmetro Nominal DN (mm)

Altura H (m)

Relação entre a altura do aterro e o diâmetro

λ (-)

Equação Limite

Condição final de assentamento

Altura de igual assentamento

He (m)

Coeficiente de carga de Marston-Spangler em aterro

Ca (-)

Carga aplicada na

conduta p (kN/m)

200

1,2 6,00 28,55 Incompleta 0,227 8,95 7,16

1,5 7,50 70,28 Incompleta 0,224 11,21 8,97

2,0 10,00 249,05 Incompleta 0,220 14,97 11,98

2,5 12,50 758,65 Incompleta 0,219 18,73 14,99

3,0 15,00 2144,35 Incompleta 0,218 22,49 18,00

3,5 17,50 5833,41 Incompleta 0,217 26,26 21,00

4,0 20,00 15561,81 Incompleta 0,216 30,02 24,01

4,5 22,50 41108,79 Incompleta 0,216 33,78 27,02

5,0 25,00 108072,26 Incompleta 0,215 37,54 30,03

Tabela 1 – Carga aplicada em condutas rígidas de DN200 pelas fórmulas de Marston-Spangler.

Diâmetro Nominal DN (mm)

Altura H (m)

Relação entre a altura do aterro e o diâmetro

λ (-)

Equação Limite

Condição final de assentamento

Altura de igual assentamento

He (m)

Coeficiente de carga de Marston-Spangler em aterro

Ca (-)

Carga aplicada na conduta p (kN/m)

1000

1,2 1,20 -0,22 Completa ( - ) 1,53 30,50

1,5 1,50 -0,16 Completa ( - ) 2,03 40,60

2,0 2,00 0,13 Incompleta 1,492 2,92 58,36

2,5 2,50 0,75 Incompleta 1,316 3,68 73,56

3,0 3,00 1,81 Incompleta 1,247 4,43 88,68

3,5 3,50 3,48 Incompleta 1,209 5,19 103,77

4,0 4,00 5,92 Incompleta 1,184 5,94 118,84

4,5 4,50 9,35 Incompleta 1,167 6,70 133,90

5,0 5,00 14,04 Incompleta 1,153 7,45 148,96

Tabela 2 – Carga aplicada em condutas rígidas de DN1000 pelas fórmulas de Marston-Spangler.

Page 55: Tese 1,6 MB

41

Diâmetro Nominal DN (mm)

Altura H (m)

Relação entre a altura do aterro e o diâmetro

λ (-)

Coeficiente de carga unitário em aterro

a (-)

Carga aplicada na conduta p (kN/m)

Erro (kN/m)

Erro (%)

200

1,2 6,00 1,38 6,62 0,55 7,62

1,5 7,50 1,40 8,37 0,59 6,63

2,0 10,00 1,41 11,31 0,67 5,60

2,5 12,50 1,42 14,23 0,76 5,08

3,0 15,00 1,43 17,11 0,88 4,90

3,5 17,50 1,43 19,96 1,04 4,97

4,0 20,00 1,42 22,76 1,25 5,20

4,5 22,50 1,42 25,51 1,51 5,58

5,0 25,00 1,41 28,21 1,82 6,06

Tabela 3 – Carga aplicada em condutas rígidas de DN200 pelas fórmulas propostas.

Diâmetro Nominal DN (mm)

Altura H (m)

Relação entre a altura do aterro e o diâmetro

λ (-)

Coeficiente de carga unitário em aterro

a (-)

Carga aplicada na conduta p (kN/m)

Erro (kN/m)

Erro (%)

1000

1,2 1,20 1,22 29,18 1,33 4,36

1,5 1,50 1,24 37,19 -3,41 -8,39

2,0 2,00 1,27 50,83 7,53 12,91

2,5 2,50 1,29 64,71 8,85 12,03

3,0 3,00 1,31 78,79 9,89 11,15

3,5 3,50 1,33 93,01 10,75 10,36

4,0 4,00 1,34 107,35 11,49 9,67

4,5 4,50 1,35 121,78 12,13 9,06

5,0 5,00 1,36 136,27 12,69 8,52

Tabela 4 – Carga aplicada em condutas rígidas de DN1000 pelas fórmulas propostas.

Page 56: Tese 1,6 MB

42

Diâmetro Nominal DN (mm)

Altura H (m)

Relação entre a altura do aterro e o diâmetro

λ (-)

Equação Limite

Condição final de assentamento

Altura de igual assentamento

He (m)

Coeficiente de carga de Marston-Spangler em aterro

Ca (-)

Carga aplicada na conduta p (kN/m)

200

1,2 6,00 5,10 Incompleta 0,461 3,05 2,44

1,5 7,50 10,85 Incompleta 0,441 3,75 3,00

2,0 10,00 25,20 Incompleta 0,425 4,92 3,94

2,5 12,50 45,66 Incompleta 0,417 6,10 4,88

3,0 15,00 72,33 Incompleta 0,412 7,28 5,82

3,5 17,50 105,22 Incompleta 0,408 8,46 6,77

4,0 20,00 144,35 Incompleta 0,406 9,64 7,71

4,5 22,50 189,73 Incompleta 0,404 10,82 8,65

5,0 25,00 241,36 Incompleta 0,402 12,00 9,60

Tabela 5 – Carga aplicada em condutas flexíveis de DN200 pelas fórmulas de Marston-Spangler.

Diâmetro Nominal DN (mm)

Altura H (m)

Relação entre a altura do aterro e o diâmetro

λ (-)

Equação Limite

Condição final de assentamento

Altura de igual assentamento

He (m)

Coeficiente de carga de Marston-Spangler em aterro

Ca (-)

Carga aplicada na conduta p (kN/m)

1000

1,2 1,20 -0,66 Completa ( - ) 1,53 30,50

1,5 1,50 -0,75 Completa ( - ) 2,03 40,60

2,0 2,00 -0,80 Completa ( - ) 3,01 60,24

2,5 2,50 -0,72 Completa ( - ) 4,20 84,05

3,0 3,00 -0,47 Completa ( - ) 5,65 112,92

3,5 3,50 -0,04 Completa ( - ) 7,40 147,91

4,0 4,00 0,57 Incompleta 2,743 1,92 38,38

4,5 4,50 1,38 Incompleta 2,543 3,59 71,73

5,0 5,00 2,40 Incompleta 2,432 4,97 99,38

Tabela 6 – Carga aplicada em condutas flexíveis de DN1000 pelas fórmulas de Marston-Spangler.

Page 57: Tese 1,6 MB

43

Diâmetro Nominal DN (mm)

Altura H (m)

Relação entre a altura do aterro e o diâmetro

λ (-)

Coeficiente de carga unitário em aterro

a (-)

Carga aplicada na conduta p (kN/m)

Erro (kN/m)

Erro (%)

200

1,2 6,00 0,53 2,56 -0,12 -4,75

1,5 7,50 0,52 3,10 -0,10 -3,34

2,0 10,00 0,50 4,00 -0,06 -1,51

2,5 12,50 0,49 4,90 -0,01 -0,31

3,0 15,00 0,48 5,80 0,02 0,40

3,5 17,50 0,48 6,72 0,05 0,73

4,0 20,00 0,48 7,65 0,06 0,77

4,5 22,50 0,48 8,60 0,05 0,57

5,0 25,00 0,48 9,58 0,02 0,18

Tabela 7 – Carga aplicada em condutas flexíveis de DN200 pelas fórmulas propostas.

Diâmetro Nominal DN (mm)

Altura H (m)

Relação entre a altura do aterro e o diâmetro

λ (-)

Coeficiente de carga unitário em aterro

a (-)

Carga aplicada na conduta p (kN/m)

Erro (kN/m)

Erro (%)

1000

1,2 1,20 0,70 16,72 13,78 45,18

1,5 1,50 0,67 20,07 20,53 50,56

2,0 2,00 0,64 25,42 34,82 57,79

2,5 2,50 0,61 30,57 53,48 63,63

3,0 3,00 0,59 35,57 77,35 68,50

3,5 3,50 0,58 40,46 107,45 72,65

4,0 4,00 0,57 45,26 -6,87 -17,91

4,5 4,50 0,56 49,99 21,74 30,30

5,0 5,00 0,55 54,67 44,72 45,00

Tabela 8 – Carga aplicada em condutas flexíveis de DN1000 pelas fórmulas propostas.

Page 58: Tese 1,6 MB

44

5.2.3.3 Projecção negativa

Projecção negativa completa

Na projecção negativa existem algumas alterações de identificação de coeficientes

para se poder distinguir da anterior análise, tais como, o valor do diâmetro D deixa de

interessar para passar a ser utilizado o valor da largura vala B, e o valor do coeficiente de

aterro é agora representado por Cn.

A análise do diagrama e a resolução do equilíbrio de forças nesta situação é idêntica à

instalação em vala, pois a projecção negativa implica a instalação dos elementos numa vala,

chegando-se à seguinte expressão:

K

BHKBV

2

)/2exp(12

(34)

Projecção negativa incompleta

O diagrama de forças para a situação de projecção negativa difere do de projecção

positiva no sentido das forças de atrito, isto porque os prismas de solo acima da conduta têm

sentidos inversos em relação ao restante solo de aterro nas duas situações.

Como já foi estudado na situação de projecção positiva em que o prisma tinha um

movimento reduzido em comparação com o solo envolvente, em situações de projecção

negativa este assentamento do prisma é maior. Assim, o equilíbrio é dado por:

dhB

VKBdhVdVV 2 (35)

Iniciando a dedução com h=0 tem-se BHHV e)( , sendo V apenas a carga da

camada de solo corresponde ao interior da vala onde está inserida a conduta. Quando h=He, V

toma o valor total da carga actuante na conduta.

Resolvendo a equação diferencial chega-se à seguinte fórmula:

)/2exp(2

)/2exp(12 BhKB

H

B

H

K

BhKBV e

(36)

Quando h=He, V toma o valor total dado pela expressão:

ne

ee CBBHKB

H

B

H

K

BHKBV 22 )/2exp(

2

)/2exp(1

(37)

Pela analise da Figura 16 e raciocinando de igual modo que na situação de projecção

positiva incompleta, o peso dos dois prismas exteriores, de largura B cada, é dado por:

'2'3 nCBBH (38)

com Cn’ relacionado com H’

Page 59: Tese 1,6 MB

45

Colocando a expressão de forma a encontrarmos a solução da soma das duas forças

dos prismas exteriores, chega-se à seguinte equação:

VBhHHV e )'(3'2 '

(39)

Após a indicação da carga e dividindo a expressão anterior pela largura dos dois

prismas obtém-se a tensão no terreno à cota h. Se a esta tensão dividir-se pelo módulo de

elasticidade do solo encontra-se a deformação do terreno naquela cota, o que permite pela

integração da deformação chegar-se ao valor do assentamento da camada de solo:

dhBE

VBhHHeH

s

e

'

0

'

2

)'(3'

(40)

Da mesma forma é possível admitir que o assentamento do prisma central é dado pela

fórmula:

dhBE

VeH

s

'

0 (41)

O assentamento da camada central pode ser acrescido com deformação da conduta, o

que leva a somar-se alguns parâmetros, como se vê a seguir:

)( cfd dSS

(42)

Igualando os assentamentos dos três prismas de solo:

)(' cfdg dSSS

(43)

A diferença entre o prisma central e os prismas laterais terá de ser igual a:

)(' cfdg dSSS

(44)

Pela definição de rsd para a projecção negativa:

d

cfd

gsdS

dSSSr

)(

(45)

Pelo que se pode simplificar a expressão 44 para:

dsdSr' (46)

O assentamento do terreno logo acima da conduta até à cota do topo da vala onde está

instalada é dado por:

BpBE

BCS

s

n

d ')( 2'

(47)

Page 60: Tese 1,6 MB

46

Substituindo na equação 45 os valores de λ’, λ e Sm e dividindo ambos os termos por

EB 2/3 2

, como é apresentado no Anexo B, chega-se à expressão final dada por:

)/'2exp(''

2

)/'2exp(1

3

'2

2

1'

2

1'''

2

1'

2

)/'2exp(1

BHKB

H

B

H

K

BHKpr

KB

H

B

H

B

H

B

H

KB

H

B

H

K

BHK

eeesp

eeeee

(48)

Formulação alternativa proposta

Com o raciocínio igual ao efectuado na projecção positiva, a nova fórmula de

determinação da carga, para condutas rígidas e flexíveis, é:

BHp n (49)

onde:

p = carga sobre a conduta, por unidade de comprimento, (kN/m);

n = coeficiente de carga unitário para elementos instalados em aterro com projecção

negativa, que depende do tipo de solo, Kμ, e da relação H/B, (-);

γ = peso volúmico do solo de enchimento, (kN/m3);

H = altura de aterro, a partir da geratriz superior da conduta, (m);

B = largura da vala, (m).

Neste tipo de instalação não existem duas fórmulas diferentes para o cálculo do

coeficiente de carga Cn, isto porque o terreno natural onde se executa a pequena vala abaixo

do aterro será sempre mais rígido do que o elemento enterrado. Assim, a expressão para se

calcular o novo coeficiente, coeficiente de carga unitária em aterro com projecção negativa, n,

foi elaborada arbitrando que todo o elemento se instala acima do terreno natural (p’=1) e que o

solo em torno do elemento não está especialmente compactado (rsp=-0,5).

Da mesma forma como se fez para a projecção positiva, para se estimar de forma

explícita o valor do coeficiente de carga unitário, procedeu-se a um estudo exaustivo de

análises de correlação dos valores obtidos pela teoria de Marston e os parâmetros que

contribuem para o seu valor nomeadamente H/B e Kμ. Apresenta-se de seguida a expressão

explícita para a qual se obteve a melhor correlação e a sua representação gráfica:

31550,002683,0

13924,1

B

Hee B

H

K

n (50)

Page 61: Tese 1,6 MB

47

Gráfico 7 – Coeficiente de carga unitário em aterro com projecção negativa, n.

Apresentam-se de seguida, as tabelas com os cálculos de cargas pela formulação

alternativa proposta destinadas às condutas instaladas em aterro com projecção negativa,

onde se apresentam os respectivos erros em relação aos valores determinados pelas fórmulas

originais de Marston e Spangler.

Também neste tipo de instalação existem as mesmas vantagens e desvantagens já

referidas na projecção positiva, que são a forma explícita como o coeficiente de carga unitária é

calculado e aplicado, e a existência do erro.

Page 62: Tese 1,6 MB

48

Apresentação dos cálculos

Largura da vala B (mm)

Altura H (m)

Altura H' (m)

Relação entre a altura do aterro e o diâmetro

λ (-)

Equação Limite

Condição final de assentamento

Altura de igual assentamento

He' (m)

Altura de igual assentamento

He (m)

Coeficiente de carga em aterro

Cc (-)

Carga aplicada na conduta p (kN/m)

700

1,2 0,5 1,71 0,19 Completa (-) (-) 1,26 12,30

1,5 0,8 2,14 0,22 Completa (-) (-) 1,46 14,30

2,0 1,3 2,86 0,10 Completa (-) (-) 1,73 16,98

2,5 1,8 3,57 -0,32 Incompleta 0,240 0,940 2,38 23,30

3,0 2,3 4,29 -1,08 Incompleta 0,237 0,937 2,81 27,51

3,5 2,8 5,00 -2,23 Incompleta 0,235 0,935 3,24 31,71

4,0 3,3 5,71 -3,79 Incompleta 0,234 0,934 3,66 35,92

4,5 3,8 6,43 -5,79 Incompleta 0,233 0,933 4,09 40,12

5,0 4,3 7,14 -8,24 Incompleta 0,232 0,932 4,52 44,33

Tabela 9 – Carga aplicada em condutas de DN200 pelas fórmulas originais de Marston-Spangler.

Largura da vala B (mm)

Altura H (m)

Altura H' (m)

Relação entre a altura do aterro e o diâmetro

λ (-)

Equação Limite

Condição final de assentamento

Altura de igual assentamento

He' (m)

Altura de igual assentamento

He (m)

Coeficiente de carga em aterro

Cc (-)

Carga aplicada na conduta p (kN/m)

1700

2,0 0,3 1,18 0,06 Completa (-) (-) 0,95 54,69

2,5 0,8 1,47 0,14 Completa (-) (-) 1,12 64,91

3,0 1,3 1,76 0,19 Completa (-) (-) 1,28 74,03

3,5 1,8 2,06 0,22 Completa (-) (-) 1,42 82,18

4,0 2,3 2,35 0,21 Completa (-) (-) 1,55 89,46

4,5 2,8 2,65 0,16 Completa (-) (-) 1,66 95,96

5,0 3,3 2,94 0,06 Completa (-) (-) 1,76 101,76

Tabela 10 – Carga aplicada em condutas de DN1000 pelas fórmulas originais de Marston-Spangler.

Page 63: Tese 1,6 MB

49

Largura da vala B (mm)

Altura H (m)

Relação entre a altura do aterro

e o diâmetro λ (-)

Coeficiente de carga em aterro

Cc (-)

Carga aplicada na conduta p (kN/m)

Erro (kN/m)

Erro (%)

700

1,2 1,71 0,71 11,92 0,38 3,10

1,5 2,14 0,67 14,05 0,26 1,78

2,0 2,86 0,62 17,43 -0,45 -2,65

2,5 3,57 0,59 20,70 2,60 11,16

3,0 4,29 0,57 23,91 3,60 13,08

3,5 5,00 0,55 27,08 4,63 14,59

4,0 5,71 0,54 30,25 5,67 15,78

4,5 6,43 0,53 33,42 6,70 16,69

5,0 7,14 0,52 36,62 7,71 17,39

Tabela 11 – Carga aplicada em condutas de DN200 pelas fórmulas propostas

Largura da vala B (mm)

Altura H (m)

Relação entre a altura do aterro

e o diâmetro λ (-)

Coeficiente de carga em aterro

Cc (-)

Carga aplicada na conduta p (kN/m)

Erro (kN/m)

Erro (%)

1700

2,0 1,18 0,79 53,55 1,14 2,09

2,5 1,47 0,74 62,88 2,03 3,13

3,0 1,76 0,70 71,80 2,23 3,02

3,5 2,06 0,68 80,42 1,76 2,14

4,0 2,35 0,65 88,82 0,64 0,72

4,5 2,65 0,63 97,04 -1,08 -1,13

5,0 2,94 0,62 105,12 -3,36 -3,30

Tabela 12 -Carga aplicada em condutas de DN1000 pelas fórmulas propostas

Page 64: Tese 1,6 MB

50

5.2.4 Solicitações dinâmicas

5.2.4.1 Considerações gerais

Para estimar os efeitos das cargas dinâmicas, no presente trabalho, apenas será

analisado o efeito das cargas provenientes das vias rodoviárias e considerando dois métodos

de cálculo, a expressão de Boussinesq e a degradação linear de cargas. Ambos os métodos

utilizam o veículo tipo representado na Figura 17 apresentado no Regulamento de Segurança e

Acções (2006).

Figura 17 – Planta do veículo tipo (Adaptado: R.S.A., 2006).

A determinação da carga total aplicada nos elementos enterrados proveniente do

veículo tipo efectua-se com o somatório das contribuições das várias rodas que projectam a

carga na conduta.

5.2.4.2 Expressão de Boussinesq

As cargas aplicadas à superfície podem ser concentradas ou uniformes, e podem ser

provenientes de veículos (estradas), comboios (caminhos de ferro) ou aviões (aeroportos).

Segundo Ferreira e Pereira (2000), Boussinesq assume que as cargas na superfície são

concentradas (Ps) e aplicadas a uma dada distância (d), transmitidas à conduta de diâmetro

conhecido (D) de forma uniforme (Pp) a uma dada profundidade (h) como se pode verificar na

Figura 18:

Figura 18 – Esquematização do método de Boussinesq (Fonte: Ferreira e Pereira, 2000).

Page 65: Tese 1,6 MB

51

O valor da carga uniforme, também de acordo com Pereira e Ferreira, 2000, é dado

pela expressão:

5,2

2

2 12

3

h

dh

PP S

P (51)

onde:

Pp = carga uniforme sobre a conduta, por unidade de comprimento, (kN/m);

Ps = carga concentrada aplicada à superfície, (kN);

h = altura de aterro, a partir da geratriz superior da conduta, (m);

d = distância horizontal entre o ponto de aplicação da carga concentrada e o centro

geométrico da conduta, (m).

5.2.4.2 Degradação linear de cargas

Na determinação das cargas móveis pelo método de degradação linear aplica-se um

modelo de degradação de cargas que se apresenta de forma esquemática na Figura 19. O

cálculo através deste método considera que a partir de uma aplicação de carga com uma área

rectangular à superfície, área de um rodado do veículo tipo, esta se degrada com o aumento

em profundidade da sua área de influência segundo o ângulo de atrito do solo. Assim, ocorre

para cada roda, uma redução do valor da carga por área devido a resultar da relação entre o

valor da carga aplicada à superfície, que permanece constante, e a área de influência

projectada no plano horizontal, que aumenta com a profundidade, até onde está instalada a

conduta.

A designação do método deve-se ao facto da área no plano horizontal aumentar

linearmente com a profundidade segundo um determinado ângulo de degradação, devendo ser

esse valor igual ao ângulo de atrito interno do solo. No presente trabalho foi usado o valor de

30º, ilustrado na Figura 19:

Figura 19 – Vista em perspectiva da degradação de cargas do veículo tipo.

Page 66: Tese 1,6 MB

52

5.2.4.3 Comparação dos dois métodos

Para se calcular o valor da carga total aplicada nas condutas enterradas devido ao

veículo tipo somam-se as contribuições das várias rodas que projectam a carga nos elementos,

podendo de seguida (Gráfico 8 e Gráfico 9) comparar os resultados dos dois métodos

anteriormente apresentados.

0,50

0,00

200,00

400,00

600,00

800,00

1000,00

0,00 1,00 2,00 3,00 4,00 5,00

Altura de aterro, H (m)

Carg

a a

plicad

a, p

(kN

/m2)

Degradação

linear

Boussinesq

Boussinesq

(desprezável

)Série4

Gráfico 8 – Comparação entre a expressão de Boussinesq e a degradação linear.

De seguida no Gráfico 9, apresenta-se uma ampliação do gráfico anterior, de modo a

que seja mais perceptível a variação de cada método de cálculo.

0,00

10,00

20,00

30,00

40,00

50,00

60,00

1,00 2,00 3,00 4,00 5,00

Altura de aterro, H (m)

Carg

a a

plicad

a, p

(kN

/m2)

Degradação

linear

Boussinesq

Gráfico 9 – Ampliação do Gráfico 8.

Da análise aos gráficos atrás ilustrados, pode-se concluir que os métodos têm valores

de carga semelhantes, o que permite concluir que o método mais simples, degradação linear, é

uma alternativa a ter em consideração para o cálculo das cargas dinâmicas.

No entanto, o método de Boussinesq apresenta valores de carga muito exagerados

para valores de altura de solo inferiores a 0,5m, isto porque, a aproximação de considerar a

Page 67: Tese 1,6 MB

53

carga de cada roda como carga pontual ser, neste caso, uma aproximação inaceitável. Este

método pode aproximar-se tanto quando se quiser da realidade, para a zona mais superficial,

bastando para isso dividir a carga de cada roda em várias cargas pontuais, sendo mais

rigoroso quanto maior o número de cargas pontuais consideradas. Devido a estes erros para

profundidades muito reduzidas, não é aconselhável a aplicação simples da expressão de

Boussinesq (uma carga pontual por roda), razão pela qual a função determinada pela

expressão do referido método é indicada a tracejado no Gráfico 8. Assim, recomenda-se

apenas como método de cálculo para altura de terras inferiores a 0,5m o método da

degradação linear de cargas.

A partir dos 0,5m de profundidade os valores não são muito diferentes, mas quando o

são, os valores pela degradação linear são frequentemente superiores, o que torna este

método mais conservativo.

A existência de alguns “picos” nos valores da degradação linear justifica-se com os

valores de altura de solo em que se têm de aumentar o número de rodados que contribuem

para o valor total de carga aplicada nas condutas enterradas.

5.2.5 Solicitação de cálculo

A soma das cargas actuantes nas condutas contempla todas as acções aplicadas nos

elementos enterrados, nomeadamente as cargas estáticas, as cargas dinâmicas, e mais

algumas cargas possíveis de existir na zona de influência das condutas.

A determinação desta soma não é o último passo para se atingir o valor da carga que

se compara com o valor da resistência da conduta, isto porque a capacidade de carga dos

elementos enterrados não dependem apenas da resistência da secção, mas também das

condições de execução. A principal razão que justifica este reajuste no valor final de carga,

prende-se com a contribuição das pressões laterais do solo exercidas nas condutas, pois

permitem uma melhoria da resistência face às cargas verticais aplicadas. A expressão que

traduz esta ideia, de acordo com Neto e de Figueiredo (2002) é a seguinte:

e

outradinâmicasestáticas

cálculof

QQQQ (52)

onde:

Qcálculo = carga de cálculo actuante na conduta, (kN);

Qestáticas = cargas relacionadas com o peso do solo, (kN);

Qdinâmicas = cargas representativas das cargas móveis, (kN);

Qoutra = carga proveniente de outra origem, (kN);

fe = factor de equivalência em função do tipo de acomodação da conduta, (-).

A contribuição das pressões laterais difere se é em vala ou em aterro, e está

relacionada com as condições de assentamento dos elementos enterrados e respectivos

factores de equivalência.

Page 68: Tese 1,6 MB

54

Para as condutas em vala temos:

a) Bases sem preparação – em condutas que são colocadas sem muitos cuidados, não

executando uma preparação do solo, e também, em casos onde não se encha os vazios em

torno da conduta por material granular. Para estas condições o factor de equivalência (fe) é de

1,1. (Figura 20)

Figura 20 – Bases condenáveis em instalação em vala (Adaptado de Debs, 2003).

b) Bases comuns – em condutas colocadas no fundo das valas, sobre o solo natural,

com a execução de uma pequena abertura no terreno de largura mínima igual a metade do

diâmetro da conduta, de forma ao elemento adaptar-se perfeitamente à acomodação, e

também, garantindo um enchimento da vala com material granular até pelo menos 15cm acima

do topo do elemento. Nestas condições utiliza-se um factor de equivalência (fe) de 1,5.

(Figura 21)

Figura 21 – Bases comuns em instalação em vala (Adaptado: Debs, 2003).

c) Bases de assentamento compactado– situações onde os elementos são colocados

sobre uma abertura semelhante à da classe anterior mas com um mínimo de 0,6 do diâmetro.

Page 69: Tese 1,6 MB

55

O solo utilizado para cobrir a conduta até ao seu topo deverá ser de granulação fina com uma

boa compactação, permitindo assim uma acomodação melhorada. Deverá ainda existir uma

camada de 30cm a partir do topo do elemento composta por materiais granulares, e

espessuras máximas de 15cm para as camadas compactadas acima do material granular. Para

estas condições recorre-se a um factor de equivalência (fe) de 1,9. (Figura 22)

De referir que este é o esquema de instalação de vala tipo presente na

Regulamentação Nacional.

Figura 22 – Bases de 1ªclasse em instalação em vala (Adaptado: Debs, 2003).

d) Bases de betão – casos onde as bases das condutas são assentes em camas de

betão, com fck ≥ 14 MPa e com espessura mínimas de uma quarto do valor do diâmetro do

elemento. Estas situações, devido às diferentes qualidades dos betões e à possível existência

de armaduras nas camadas de assentamento, é frequente aconselhar dois valores para o

factor a aplicar. Assim, para camadas de betão simples o factor de equivalência (fe) é de 2,25,

e para camadas de betão armado o factor de equivalência (fe) é de 3,4 (Figura 23).

Figura 23 – Bases de betão em instalação em vala (Adaptado: Debs, 2003).

Page 70: Tese 1,6 MB

56

Nos casos em situações de aterro, enquanto as instalações em projecção negativa

utilizam-se os factores descritos na instalação em vala, em projecção positiva as condições de

assentamento são:

a) Bases sem preparação – em condutas que são assentadas com pouco ou nenhum

cuidado para contornar a base aparte interior do elemento ou em relação ao enchimento dos

espaços sob e adjacente ao tubo. (Figura 24).

Figura 24 – Bases condenáveis em instalação em aterro (Adaptado: Debs, 2003).

b) Bases comuns – são aqueles em que as condutas são colocadas com cuidados

normais, em fundação de solo conformado ao fundo do tubo, abrangendo pelo menos 10% da

sua altura, e sendo a superfície restante do elemento preenchida por material granular, que

preencha completamente os espaços sob e adjacente ao tubo. (Figura 25)

Figura 25 – Bases comuns em instalação em aterro (Adaptado: Debs, 2003).

c) Bases de assentamento melhorado - são aquelas em que os elementos são

assentados sobre material de granulométrica fina, formando uma fundação de terra que é

cuidadosamente conformada à parte inferior do tubo em pelo menos 10% da sua altura total,

com aterro em redor das condutas executado em camadas perfeitamente compactadas, de

espessura não superior a 15cm até 30% de sua altura, acima do topo. (Figura 26)

Figura 26 – Bases de 1ªclasse em instalação em aterro (Adaptado: Debs, 2003).

Page 71: Tese 1,6 MB

57

d) Bases de betão – são aquelas em que a face inferior da tubagem é assentada em

berço de betão com fck ≥ 14MPa, com espessura mínima sob a conduta de um quarto do

diâmetro interno e se estendendo aos lados com uma altura mínima a partir da geratriz inferior

da secção de um quarto do diâmetro externo. O berço deve ser betonado sem juntas

horizontais de construção. (Figura 27)

Figura 27 – Bases de betão em instalação em aterro (Adaptado: Debs, 2003).

O cálculo dos factores de equivalência, fe, em projecção positiva é, segundo Barreto

(2003), pela seguinte expressão:

).(

431,1

qXNf e (53)

onde:

N = factor de instalação dependente do tipo de fundação e pode tomar os valores da

Tabela 13;

Tipo de assentamento Factor de instalação

Bases sem preparação 1,310

Bases comuns 0,840

Bases de assentamento

melhorado 0,707

Bases de betão 0,505

Tabela 13 - Factor de instalação (Fonte: Barreto, 2003)

X = parâmetro que depende da taxa de projecção da conduta, valores da Tabela 14;

p Valores de X

Bases de betão Outras bases

0 0,150 0

0,3 0,743 0,217

0,5 0,856 0,423

0,7 0,811 0,594

0,9 0,678 0,655

1,0 0,638 0,638

Tabela 14 - Valores do parâmetro X (Fonte: Barreto, 2003)

Page 72: Tese 1,6 MB

58

q = relação entre a pressão lateral total e a carga vertical total, e pode ser calculado

pela expressão:

)2

(p

D

H

C

pKq

ea

(54)

onde:

p = taxa de projecção, (-);

K = coeficiente de Rankine, (-);

Ca = coeficiente de aterro de Marston-Spangler, (-);

H = altura de aterro, (m);

De = diâmetro externo da conduta, (m).

Vistos as descrições anteriores e estabelecidos os factores de equivalência, tanto para

vala como para aterro, podemos tirar algumas conclusões sobre a relação entre os mesmos.

Para acomodações em piores condições, o factor de equivalência é menor, o que implica

naturalmente uma menor diminuição da carga de cálculo. Por outro lado, nos casos onde as

condições de assentamento são muito favoráveis, o factor a ser utilizado é superior para que

represente uma maior diminuição no valor de cálculo da carga actuante. Apesar de serem

apenas indicados quatro factores de equivalência, é possível utilizarem-se outros valores,

desde que se garante que as condições situam-se nos intervalos adequados e coerentes com

os valores a utilizar.

5.2.6 Deformação

A verificação da deformação de secções das condutas é outro passo importante no

dimensionamento estrutural de condutas enterradas, visto ser frequente ocorrer o colapso ou

apenas mau desempenho de elementos por falta de rigor nesta verificação.

Entende-se por deformação a variação do diâmetro na direcção vertical, e tanto pode

ocorrer esta variação nas condutas classificadas por flexíveis, como nas condutas rígidas. No

entanto, os maiores valores das deformações encontram-se nas flexíveis, pois as condutas

rígidas não apresentam grandes valores de deformação devida à pouca flexibilidade dos seus

constituintes, motivo que leva frequentemente a desprezarem-se estes valores e

consideram-se como rígidas.

O início da deformação nas condutas ocorre no processo construtivo, quando se inicia

a colocação do solo de enchimento. A secção transversal tende a deformar-se em forma de

elipse, provocando uma redução do diâmetro na direcção vertical e um aumento na direcção

horizontal. Esta variação na direcção horizontal provoca uma reacção passiva do solo

envolvente, gerando um efeito de confinamento lateral na conduta, o que implica um aumento

da sua rigidez, como se pode observar na Figura 31.

Apesar de ser um processo favorável, a ovalização da secção nas condutas flexíveis

tem um valor limite, pois acima desse valor a conduta corre o sério risco de ocorrer o colapso

Page 73: Tese 1,6 MB

59

da secção. Para se determinar o valor teórico da deformação a longo prazo de uma certa

secção, aplica-se a fórmula de Spangler:

'061,08 ECR

qqDK

D

mtr

(53)

onde:

δ = deformação a longo prazo (redução do diâmetro vertical), (mm);

D = diâmetro inicial da secção, (mm);

Dr = coeficiente de deformação retardada, (-);

K = constante de leito, (-)

qt =carga devido a carga do peso das terras, (kN);

qm = carga devido a cargas móveis, (kN);

CR = classe de rigidez da conduta, (-)

E’ = módulo relativo do solo, (kPa).

Na fórmula atrás apresentada, um dos factores mais importantes presentes na fórmula

é o módulo de elasticidade relativo do solo, que é um factor indicativo da capacidade de

suporte do solo de envolvimento lateral, que desempenha papel fundamental na resistência à

deformação da conduta.

Outra hipótese de cálculo para determinação do valor da deformação vertical das

condutas poderá ser através de duas fórmulas alternativas:

- expressão empírica de Watkins&Anderson:

S

S

R

Rd

30 (54)

onde:

d = deformação vertical a longo prazo (redução do diâmetro vertical), (mm);

ε = extensão vertical do solo na geratriz superior da secção, (mm);

Rs = rácio de rigidez da secção, (m-1

).

- fórmula de Iowa:

S

S

R

Rd

61,080 (55)

onde:

d = deformação vertical a longo prazo (redução do diâmetro vertical), (mm);

ε = extensão vertical do solo na geratriz superior da secção, (mm);

Rs = rácio de rigidez da secção, (m-1

).

Page 74: Tese 1,6 MB

60

Em ambas as expressões atrás apresentadas, o rácio de rigidez da secção é dado por:

EI

DERS

3'

(56)

onde:

E’ = módulo de elasticidade do solo, (kPa);

D = diâmetro inicial da secção, (m);

E = módulo de elasticidade do material da conduta, (kPa);

I = inércia da secção da conduta, (m4).

Para ser possível comparar as duas últimas alternativas que conduzem á determinação

da deformada da secção, apresenta-se de seguida Figura 28 com os resultados das duas

fórmulas em função do rácio de rigidez da secção da conduta.

Figura 28 - Gráfico comparativo entre a Curva Empírica e a Curva de Iowa (Fonte: Ferreira e Pereira, 2000).

Segundo a Norma Europeia EN1916:2002, 2002, o valor da deformação deve ser

limitado a 65% do espaçamento entre condutas nos pontos de união entre as mesmas, de

modo a que não ocorra qualquer perturbação no desempenho estrutural e hidráulico das

condutas.

5.2.7 Ensaios de determinação da resistência

Para se avaliar a capacidade de resistência das condutas é frequente recorrer-se a

ensaios de laboratório. Existem vários métodos de ensaio em laboratório destinados à

determinação da resistência de condutas, dependendo do regulamento existente para a zona

de intervenção do projecto.

Segundo a Norma Europeia EN 1916:2002, os ensaios que se devem realizar para o

cálculo da resistência da conduta são de três tipos, conforme se ilustra na

Figura 29.

Page 75: Tese 1,6 MB

61

Figura 29 - Métodos de ensaio de laboratório na Europa (Fonte: EN 1916:2002, 2002).

Em bibliografias estrangeiras, nomeadamente em obras brasileiras como é exemplo

Zaidler, 1983, existem quatros tipos diferentes de determinar a resistência dos elementos,

todos apresentados na Figura 30:

Figura 30 - Métodos de ensaio de laboratório no Brasil (Adaptado: Zaidler, 1983).

Após a análise dos quatro ensaios atrás referidos, é importante nomear que o método

dos três cutelos (ensaio do lado esquerdo) é o mais utilizado, quer pela simplicidade e

facilidade de realização, quer pela exactidão e uniformidade dos resultados.

Todos estes métodos de determinação de carga resistente, tanto os da Norma

Europeia como os de Zaidler, são destinados apenas para condutas rígidas, porque nestes

ensaios as condutas são testadas isoladamente do solo e envolvente, razão pela qual não é

possível ensaiar condutas flexíveis com estes métodos. Como já foi explicado, as condutas

flexíveis contam com o solo envolvente para aumentarem a resistência, isto porque a redução

de diâmetro vertical e aumento de diâmetro horizontal, provoca uma reacção passiva no solo,

como é ilustrado na Figura 31, que aumenta a resistência da conduta.

Page 76: Tese 1,6 MB

62

Figura 31 – Reacção do solo em condutas flexíveis (Adaptado: Chama Neto e Relvas, 2003).

Esta contribuição depende do maior ou menor grau de compactação do solo de

enchimento, pois se o solo for muito compacto, a contribuição na resistência é maior.

5.3 Determinação da largura de transição

Em condições de vala onde a relação H/B apresenta valores elevados, frequentemente

denominadas por “valas estreitas”, a força de atrito pode ser da mesma ordem de grandeza do

valor do peso do solo. Por outro lado, para situações de valas largas onde as forças de atrito

mantém-se constante devido a altura do solo ser a mesma, mas o peso do solo aumenta

significativamente com o alargamento do prisma de solo, a parcela das forças de atrito

tornam-se desprezáveis perante o valor do peso, o que obriga a estabelecer um dado valor

limite da relação H/B para ser possível considerar-se instalação em vala em vez da instalação

em aterro. Este valor limite traduz a largura da vala ou aterro em que a conduta enterrada está

sujeita à carga com igual valor independentemente do método de instalação aí aplicado, mais

concretamente designada por ”largura de transição”.

A razão para ser necessário a determinação do valor da “largura de transição” pode ser

facilmente perceptível observando a Figura 32 que traduz a ideia anteriormente referida:

Figura 32 – Diagrama de forças para cálculo da largura de transição (Adaptado: Plácido, 2006).

Page 77: Tese 1,6 MB

63

A determinação da “largura de transição” inicia-se com o cálculo da carga aplicada

sobre a conduta através da aplicação da equação referente a condição de vala, e

posteriormente efectua-se o cálculo para condição de aterro de projecção positiva. Enquanto o

primeiro resultado for inferior ao segundo, pode-se dizer que estamos perante uma condição de

vala, mas a partir do momento em que o resultado pela equação de aterro for inferior, teremos

de passar a considerar que se está na situação de aterro. Ao valor de B onde estes dois

resultados atrás referidos forem iguais, designa-se por largura de transição, isto porque faz a

transição entre a utilização da expressão para condição em vala e para condição em aterro.

O estudo realizado sobre este tema tem como objectivo não só descrever o que foi dito

anteriormente sobre o cálculo da largura de transição, mas também transmitir duas

considerações importantes a ter em conta na fase de projecto de condutas enterradas. Numa

primeira recomendação, em obras onde é possível proceder-se a uma instalação tanto em vala

como em aterro, é importante perceber se é preferível realizar um aterro bem compactado e

depois abrir uma vala, ou então, colocar a conduta no local indicado e proceder-se

posteriormente ao aterro compactado. A segunda nota a dar a perceber prende-se com a

instalação da conduta numa vala larga e saber qual o método de cálculo a utilizar para se

determinar o valor da carga a aplicar na conduta.

Para que se possa estudar várias situações distintas, foram utilizados três valores de

diâmetro, 200, 500 e 1000 mm, e valores de altura de solo reposicionado até aos 5 metros.

Procedeu-se então aos cálculos pelas expressões das ambas instalações, vala e aterro com

projecção positiva, comparando-se de seguida os valores de largura de vala que originam o

mesmo valor de carga determinado pela fórmula de aterro. Após a obtenção destes vários

resultados, procedeu-se a uma análise de regressão linear, com diferentes factores explicativos

com o intuito de se determinar uma expressão para o cálculo da largura de transição, Bt, que

resultou a seguinte expressão:

1251,0

9822,0 1

KHBt (57)

A expressão obtida caracteriza-se por ser um pouco conservativa no valor calculado

para largura de transição.

5.4 Fluxogramas dos processos de cálculo das cargas estáticas

Após toda a apresentação das explicações e conteúdos dos processos de cálculo para

a determinação das cargas estáticas aplicadas nas condutas enterradas, torna-se quase

prioridade expor um resumo para uma fácil aplicação dos métodos utilizados. Serão

apresentados dois fluxogramas, um de acordo com as fórmulas originais de Marston e um

outro com as fórmulas propostas ao longo do presente trabalho. Em ambos os fluxogramas

existem uns dados de entrada e ambos terminam com as expressões de cálculo da carga.

Page 78: Tese 1,6 MB

64

5.4.1 Fluxograma para as fórmulas originais de Marston

Figura 33 - Fluxograma do processo de cálculo com as fórmulas originais de Marston.

Instalação em

vala?

N

S

S

N

Cálculo de Ca

(Equação 16) Cálculo da carga

(V=Ca× ɣ ×D2)

Projecção

positiva?

Completa? (Equação 30)

N

S

Cálculo de He

(Equação 30)

Completa? (Equação 48)

S

N

Cálculo de Ca

(Equação 18)

Cálculo da carga

(V=Ca× ɣ ×D2)

Cálculo de Cn

(Equação 34)

Cálculo de He’

(Equação 48)

Cálculo de Cn’

(Equação 37) Cálculo da carga

(V=Cn’× ɣ ×B2)

Cálculo da carga

(V=Cn× ɣ ×B2)

Dados:

ɣ - Peso volúmico ’ – Ângulo de atrito (cálculo de K ’=tang ’)

H – Altura da vala ou do aterro D – diâmetro da conduta B – Largura da vala

Cálculo da carga

(V=Cv× ɣ ×B2)

Cálculo da carga

(V=Cv× ɣ ×B×D)

Conduta

rígida?

S

N

Cálculo de Cv

(Equação 9 ou gráfico 2)

Inicio do cálculo

Page 79: Tese 1,6 MB

65

5.4.2 Fluxograma para as fórmulas propostas

Figura 34 - Fluxograma do processo de cálculo com as fórmulas propostas.

Instalação em

vala?

N

Cálculo de αv

(αv=Cv×B/H ou gráfico 4)

Conduta

rígida?

S

N

Cálculo da carga

(V=αv× ɣ ×D×H)

S

Cálculo da carga

(V=αv× ɣ ×B×H)

Cálculo de αn

(Equação 50 ou gráfico 7)

Cálculo da carga

(V=αn× ɣ ×B×H)

Projecção

positiva?

Cálculo de αa

(Equação 32 ou gráfico 5)

Conduta

rígida? Cálculo de αa

(Equação 33 ou gráfico

6)

Cálculo da carga

(V=αa× ɣ ×H×D)

Cálculo da carga

(V=αa× ɣ ×H×D)

Dados:

ɣ - Peso volúmico ’ – Ângulo de atrito (cálculo de K ’=tang ’)

H – Altura da vala ou do aterro D – diâmetro da conduta B – Largura da vala

B<Bt ?

N

S Cálculo de Bt

(Equação 57)

N

N

S

S

Inicio do cálculo

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66

Page 81: Tese 1,6 MB

67

6. Conclusões

A apresentação dos vários factores que influenciam o dimensionamento de condutas

enterradas e dos estudos realizados sobre alguns aspectos relevantes desta matéria,

proporcionam diversas conclusões que se sintetizam neste capítulo.

No capítulo inicial onde foram expostos alguns materiais possíveis de serem utilizados

nas condutas enterradas, são apresentadas inúmeras informações que permitem contribuir

para uma escolha acertada no material a ser aplicado. Apesar do relato das vantagens e

desvantagens dos diferentes materiais neste mesmo capítulo, não é possível afirmar qual o

melhor material a ser aplicado sem se saber previamente quais as restantes condições do

projecto a executar, razão pela qual não se pode tirar quaisquer conclusões sobre este tema.

Em relação à classificação das condutas, pôde-se reter duas ideias importantes

esclarecidas no capítulo, tais como o conceito de rigidez em condutas enterradas e a relação

entre o conceito de rigidez e o diâmetro dos elementos. A primeira ideia justifica-se com a

semelhança entre as condutas enterradas e as estruturas de betão no que diz respeito ao

conceito de rigidez, isto porque quanto maior a rigidez dos elementos, maior será a carga

absorvida pelos elementos. Nos projectos deste género, onde apenas existem dois

intervenientes, solo e conduta, o elemento classificado como mais rígido será aquele que irá

receber maior parcela de carga. Em análise à segunda ideia, é importante reter que uma

conduta constituída por um material classificado isoladamente como rígido pode ser

classificada como semi-flexível quando aplicado numa conduta de diâmetro elevado, e o

contrário igual, material flexível em condutas de diâmetro reduzido pode ser classificado como

semi-rígido.

Na apresentação dos vários tipos de instalação de condutas enterrada descrevem-se

os métodos de instalação mais frequentes. Referir ainda que dentro de alguns destes tipos de

execução, existem duas classificações distintas, incompleta e completa, que varia consoante

exista ou não plano de igual assentamento do solo.

No capítulo 5, parte mais desenvolvida e importante do presente trabalho, esclareceu-

se os procedimentos para se realizar um dimensionamento de condutas enterradas. Teceram-

se alguns comentários sobre formas para proceder ao cálculo dos caudais de projecto e ao

dimensionamento hidráulico das condutas para a determinação do diâmetro correcto para o

bom funcionamento hidráulico do sistema.

Foi precisamente neste tema que se efectuou o primeiro estudo específico apresentado

no trabalho, que foi realizado sobre o coeficiente de rugosidade utilizado nas expressões de

Manning-Strickler. Este estudo possibilitou analisar a veracidade destes valores serem

tabelados independentemente de qualquer outro factor sem ser o material das condutas,

medida que foi a justificação para a elaboração deste estudo. Após o término deste registo,

concluiu-se facilmente que o valor do coeficiente de rugosidade não se mantém constante com

a variação do diâmetro da secção da conduta, pois o seu valor reduz com o aumento do

diâmetro da tubagem. Constatou-se que se os valores tabelados para um dado material forem

Page 82: Tese 1,6 MB

68

correctos para menores valores de diâmetros, podem ser excessivos quando se trabalha com

diâmetros elevados, podendo mesmo ultrapassar um aumento de 10%. Assim, é possível

afirmar que a solução pode passar pela atribuição de um novo coeficiente de rugosidade mais

apropriado para o diâmetro em questão.

O cálculo estrutural dos elementos enterrados foi elaborado em duas partes distintas,

uma primeira referente à determinação das cargas estáticas provenientes do peso do solo

situado acima das condutas, e uma segunda etapa relativa às cargas dinâmicas que se devem

às cargas móveis aplicadas pelos veículos que circulam à superfície do terreno. O processo de

cálculo das cargas estáticas baseou-se nas teorias e procedimentos de Marston e Spangler,

criadores das expressões consideradas como as mais adequadas para a realização destes

cálculos. Com o objectivo de se obterem novas expressões mais perceptíveis fisicamente e de

aplicação mais expedita foram deduzidas novas formulações que resultam de relacionar o valor

da carga estática sobre a conduta com o peso do volume do solo situado acima do elemento

enterrado e efectuadas análises de regressão para permitir ter expressões explícitas de alguns

dos coeficientes. Procedeu-se a comparações das expressões obtidas com os valores

utilizados para se proceder a comparações com os valores provenientes das expressões

originais de Marston e Spangler. As primeiras conclusões a retirar da elaboração das novas

expressões reincide nos gráficos dos coeficientes unitários de carga, onde se percebe

nitidamente que a função se inicia num valor unitário, correspondente ao peso do volume de

solo, e depois varia consoante o método de instalação e a classificação da conduta. Numa

segunda conclusão desta análise de resultados também bastante esclarecedora, permitiu-se

de imediato observar que os valores de carga resultantes das novas expressões são

semelhantes aos valores originais, razão pela qual os indicadores dos erros têm valores

bastantes reduzidos. No caso menos correcto, onde o erro atinge os valores mais elevados, a

razão para o sucedido resume-se à situação dos valores introduzidos, pois com os dados

atribuídos para se resolver a simulação provocou-se uma situação de fronteira entre a condição

de instalação completa e incompleta.

Com a explicação dos processos para se determinar o valor das cargas dinâmicas,

provenientes dos veículos que circulam à superfície do terreno, realizou-se a comparação de

resultados entre os métodos apresentados, a expressão de Boussinesq e o método da

degradação linear de cargas. A primeira conclusão a ser retirada neste ensaio é que o método

de Boussinesq não deve de ser aplicado para profundidades inferiores a 0,5m, a não ser que

se divida a carga concentrada em várias cargas pontuais. Neste estudo o principal objectivo foi

verificar a fidelidade que o método da degradação linear de cargas, considerado bastante mais

simples de executar, e também observar quais os pontos onde poderia haver maior ou menor

disparidade nos resultados obtidos pelos dois métodos. A análise de resultados neste capítulo

resume a considerar os dois métodos bastantes semelhantes, pois os resultados obtidos têm

diferenças pouco significativas, e quando estas existem o método da degradação apresenta

valores maiores. Assim, concluiu-se que o método da degradação linear pode ser considerado

Page 83: Tese 1,6 MB

69

fiável para estes tipos de cálculo, podendo por vezes até ser mais conservativo do que a

expressão de Boussinesq.

Após todos os cálculos efectuados até esta fase do estudo, é importante reter também

algumas considerações sobre as condições que se devem executar no assentamento das

condutas. Com a definição de grau de assentamento permite aplicar-se um coeficiente de

equivalência que permite reduzir o efeito sobre a tubagem do valor da solicitação calculada que

resulta numa redução da resistência à compressão diametral necessária nas condutas. Neste

ponto, a conclusão que se deve retirar é que quanto maior for o cuidado e qualidade do

assentamento dos elementos enterrados, maior será a redução da resistência à compressão

diametral necessária para resistir a uma dada carga de cálculo.

Concluído todo o processo de cálculo, resta então ensaiar as condutas aos valores de

carga obtidos nos cálculos. Com a ilustração dos vários métodos existentes para se ensaiar as

condutas, chega-se à conclusão que os métodos existentes na Europa são semelhantes aos

efectuados por exemplo no Brasil.

Outro parâmetro a ter em conta para completar a análise estrutural das condutas

enterradas é a limitação do valor da deformação diametral que a secção pode sofrer, pois caso

este valor seja elevado pode colocar a funcionalidade da conduta em risco. Analisando todos

os métodos apresentados neste capítulo, concluiu-se que o processo da Norma Europeia é o

mais simples de ser aplicado, pois apenas se determina o valor da deformação em relação ao

espaçamento entre condutas nos pontos de junção das mesmas.

Outro ponto estudado no trabalho foi a determinação da largura de transição, processo

que permite calcular o valor de largura de vala, a partir do qual o cálculo da carga aplicada nas

condutas deve ser calculada através das expressões em aterro. A expressão calculada e

apresentada, caracteriza-se por ser um pouco conservativa, pois regista frequentemente

valores ligeiramente superiores de carga aos valores realmente existentes. A razão para este

acontecimento, deve-se ao facto de que como a carga pela fórmula de aterro não depende da

largura, e a carga pelas fórmulas de valas está directamente relacionada com a largura, à

medida que se aumenta a largura da vala, a carga por aterro é constante e a de vala aumenta

uniformemente. Por esta razão e após o estudo da fórmula apresentada neste ponto, verificou-

se que a largura de transição resultante pela fórmula apresentada é antecipada ligeiramente, o

que deve ser considerada como medida favorável.

Por fim, resumem-se todos os processos de cálculo apresentados ao longo do trabalho,

facilitando assim as suas aplicações. Esta apresentação dos dois métodos permite reforçar a

ideia de que o novo processo de cálculo da carga aplicada em condutas enterradas é mais

simples do que o original de Marston.

Page 84: Tese 1,6 MB

70

Page 85: Tese 1,6 MB

71

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www.cabralsousa.pt

www.centralplast.pt

www.cires.pt

www.jodofer.pt

www.murilocampos.com

www.nei.com.br

www.servizi-industriali.com

www.solostocks.com.br

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74

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Anexos

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Anexo A – Coeficientes de Rugosidade de Manning-Strickler

Tabela A1 – Coeficiente de rugosidade de Manning-Strickler.

Natureza das condutas K

(m1/3

s-1

)

Cimento muito bem alisado, madeira aplainada, chapa metálica sem soldaduras salientes, fibrocimento 100; 90

Cimento alisado, aço com protecção betuminosa 85

Reboco ordinário, grés, chapa fina rebitagens pouco salientes, ferro fundido novo 80

Betão liso, tubos de cimento com juntas frequentes, ferro fundido com serviço corrente 75

Ferro fundido com longo uso 70

Chapa de grande espessura com muitas rebitagens 60

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Tabela A2 – Estudo da existência de variação do coeficiente de rugosidade de Manning-Strickler quando se aumenta o diâmetro da conduta.

Diâmetro

interno

Coeficiente de

Manning

Área da

secção

Raio hidráulico Perda de carga Caudal Velocidade Factor de atrito Número de

Reynolds

Rugosidade

relativa

Rugosidade

absoluta

Di (mm) Ks (m1/3

s-1

) A (m2) RH (m) J (-) Q (m

3/s) U (m/s) f (-) Re (-) k/d (-) k (mm)

200 110,00 0,03 0,0500 0,005 0,0332 1,056 0,0176 2,11E+05 2,96E-04 0,0593 300 108,82 0,07 0,0750 0,005 0,0967 1,368 0,0157 4,11E+05 1,98E-04 0,0593 400 107,76 0,13 0,1000 0,005 0,2063 1,642 0,0145 6,57E+05 1,47E-04 0,0589 500 106,76 0,20 0,1250 0,005 0,3706 1,887 0,0138 9,44E+05 1,18E-04 0,0590 600 105,85 0,28 0,1500 0,005 0,5975 2,113 0,0132 1,27E+06 9,87E-05 0,0592 700 105,07 0,38 0,1750 0,005 0,8945 2,324 0,0127 1,63E+06 8,45E-05 0,0592 800 104,33 0,50 0,2000 0,005 1,2682 2,523 0,0123 2,02E+06 7,41E-05 0,0593 900 103,67 0,64 0,2250 0,005 1,7252 2,712 0,0120 2,44E+06 6,59E-05 0,0593

1000 103,06 0,79 0,2500 0,005 2,2713 2,892 0,0117 2,89E+06 5,93E-05 0,0593 1200 101,97 1,13 0,3000 0,005 3,6544 3,231 0,0113 3,88E+06 4,94E-05 0,0593 1500 100,57 1,77 0,3750 0,005 6,5350 3,698 0,0107 5,55E+06 3,95E-05 0,0593 1800 99,38 2,54 0,4500 0,005 10,5012 4,127 0,0104 7,43E+06 3,29E-05 0,0593 2000 98,69 3,14 0,5000 0,005 13,8104 4,396 0,0101 8,79E+06 2,96E-05 0,0593

200 90,00 0,03 0,0500 0,005 0,0271 0,864 0,0263 1,73E+05 2,71E-03 0,5425 300 89,16 0,07 0,0750 0,005 0,0793 1,121 0,0234 3,36E+05 1,81E-03 0,5425 400 88,37 0,13 0,1000 0,005 0,1692 1,346 0,0216 5,39E+05 1,36E-03 0,5425 500 87,66 0,20 0,1250 0,005 0,3043 1,550 0,0204 7,75E+05 1,08E-03 0,5425 600 87,03 0,28 0,1500 0,005 0,4912 1,737 0,0195 1,04E+06 9,04E-04 0,5425 700 86,46 0,38 0,1750 0,005 0,7361 1,913 0,0188 1,34E+06 7,75E-04 0,5425 800 85,94 0,50 0,2000 0,005 1,0446 2,078 0,0182 1,66E+06 6,78E-04 0,5425 900 85,46 0,64 0,2250 0,005 1,4222 2,236 0,0176 2,01E+06 6,03E-04 0,5425

1000 85,02 0,79 0,2500 0,005 1,8739 2,386 0,0172 2,39E+06 5,42E-04 0,5425 1200 84,23 1,13 0,3000 0,005 3,0188 2,669 0,0165 3,20E+06 4,52E-04 0,5425 1500 83,23 1,77 0,3750 0,005 5,4080 3,060 0,0157 4,59E+06 3,62E-04 0,5425 1800 82,37 2,54 0,4500 0,005 8,7035 3,420 0,0151 6,16E+06 3,01E-04 0,5425 2000 81,86 3,14 0,5000 0,005 11,4560 3,647 0,0147 7,29E+06 2,71E-04 0,5425

200 75,0 0,03 0,0500 0,005 0,0226 0,720 0,0378 1,44E+05 9,61E-03 1,9226 300 75,0 0,07 0,0750 0,005 0,0666 0,943 0,0331 2,83E+05 6,41E-03 1,9226 400 74,8 0,13 0,1000 0,005 0,1431 1,139 0,0302 4,56E+05 4,81E-03 1,9226 500 74,5 0,20 0,1250 0,005 0,2585 1,317 0,0283 6,58E+05 3,85E-03 1,9226 600 74,2 0,28 0,1500 0,005 0,4188 1,481 0,0268 8,89E+05 3,20E-03 1,9226 700 73,9 0,38 0,1750 0,005 0,6293 1,635 0,0257 1,14E+06 2,75E-03 1,9226 800 73,6 0,50 0,2000 0,005 0,8951 1,781 0,0247 1,42E+06 2,40E-03 1,9226 900 73,4 0,64 0,2250 0,005 1,2211 1,919 0,0239 1,73E+06 2,14E-03 1,9226

1000 73,1 0,79 0,2500 0,005 1,6117 2,052 0,0233 2,05E+06 1,92E-03 1,9226 1200 72,7 1,13 0,3000 0,005 2,6043 2,303 0,0222 2,76E+06 1,60E-03 1,9226 1500 72,0 1,77 0,3750 0,005 4,6817 2,649 0,0209 3,97E+06 1,28E-03 1,9226 1800 71,5 2,54 0,4500 0,005 7,5554 2,969 0,0200 5,34E+06 1,07E-03 1,9226 2000 71,2 3,14 0,5000 0,005 9,9602 3,170 0,0195 6,34E+06 9,61E-04 1,9226

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Page 95: Tese 1,6 MB

Anexo B – Dedução da expressão para determinação do plano de igual assentamento

Projecção Positiva

K

B

B

H

B

H

K

B

K

BB

HK

B

H

B

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K

BH

K

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HKH

HHHBEB

K

BB

hK

B

H

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Bh

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hKhhHHhB

EB

dhEB

VhHHB

e

e

ee

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sc

He

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sc

He

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2

32

2

0

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2

32

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Dividindo por 2

3

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B

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K

BH

K

B

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B

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B

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B

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2

22

22

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2

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2

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2

3

Page 96: Tese 1,6 MB

e

e

e

H

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e

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H

cc

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Page 99: Tese 1,6 MB

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