teoria do conhecimento na modernidade

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Teoria do Teoria do Conhecimento Conhecimento Na Modernidade Na Modernidade Prof. Ítalo Colares

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Page 1: Teoria do conhecimento na modernidade

Teoria do Teoria do ConhecimentoConhecimentoNa ModernidadeNa ModernidadeProf. Ítalo Colares

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Foi no Renascimento que a teoria do conhecimento (epistemologia) que a possibilidade do ser humano conhecer o real foi tão evidente.

No Renascimento ocorreram grandes mudanças dentre as quais cabe destacar:

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A separação entre fé e razão – o que levou o desenvolvimento do método científico para as ciências naturais.

O antropocentrismo – que estabeleceu a razão humana como fundamento do saber.

O interesse pelo saber ativo – que levou a transformação da natureza e ao desenvolvimento das técnicas em oposição ao saber contemplativo.

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A temática do conhecimento é colocada na questão própria do conhecimento.

Não se trata mais de saber qual é o objeto conhecido.

Quais as possibilidades de engano e acerto?

Quais os métodos que podemos utilizar para garantir que o conhecimento seja verdadeiro?

As respostas a essas indagações originaram duas correntes filosóficas:

RACIONALISMO & EMPIRISMO

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A teoria do racionalismo atribui à razão a forma pela qual se alcança o conhecimento.

A matemática surge para os racionalistas como um conhecimento verdadeiro.

A razão é o princípio fundamental para qualquer produção de conhecimento.

Racionalismo:Racionalismo:

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O maior expoente do racionalismo foi René Descartes (1596-1650), que tentou provar, por meio da lógica, que o ser humano pode confiar nas ciências.

Seu raciocínio, bastante complexo, foi o seguinte:

Questão fundamental: Posso confiar no meu

conhecimento?

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1º PASSO – dúvida hiperbólica: Para obter o conhecimento mais fundamental, é necessário levar a dúvida ao grau máximo, duvidando de tudo o que é possível e, assim, investigando se resta algo de que não se pode absolutamente duvidar.

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1º grau da dúvida hiperbólica: os sentidos podem enganar, logo há o engano sempre. Não se pode confiar nos sentidos.

2º grau da dúvida hiperbólica: se às vezes, em sonho, acredita-se estar acordado, é possível que se esteja sonhando. Por isso, não se pode mais confiar na ideia de que se está agora, pois pode-se estar dormindo.

3º grau da dúvida hiperbólica: é possível que exista uma espécie de diabo com poderes como os de Deus que dedique-se a enganar o tempo todo.

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IIº PASSO – a conquista da primeira certeza: Se pode duvidar de tudo, inclusive da própria existência, então pode-se duvidar do próprio fato de que se está duvidando. Contudo, isso é logicamente impossível. Se duvida-se do fato de que duvido, continua duvidando. Ora, isso é uma prova de que algo existe. A dúvida é um pensamento. Se há um pensamento, há necessariamente um ser que pensa. Se eu duvido, se eu penso, então eu necessariamente existo. Daí, se pensa, se tem a garantia lógica de que, pelo menos no momento em que está pensando, existe. Penso, logo existo , cogito ergo sum .

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IIIº PASSO – conquista de outras certezas: Descartes recorre para as provas da existência de Deus. Afinal, se Deus existe, e Deus é sumamente bom, então Ele não quer que os seres humanos errem e não deixa o ser maligno existir, logo, o ser maligno não existe.

Mas como Descartes prova a existência de Deus?

O argumento da causa pelo efeitos

O argumento ontológico

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AS QUATRO REGRAS FUNDAMENTAIS DO MÉTODO DE DESCARTES SÃO:

Jamais aceitar como verdadeiro algo que não seja absolutamente evidente, claro e indubitável (fora de dúvida).

Dividir as dificuldades em quantas partes for possível e necessário para resolvê-las.

Conduzir com ordem os pensamentos: ir do mais simples para os mais complicados. Depois, fazer um resumo da realidade obtida.

Fazer enumerações e revisões complexas em todas as partes, para nada se omitir.

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Empirismo:Empirismo:O empirismo tem como

fundamento para o alcance do conhecimento as experiências.

Na perspectiva empirista, a sensação e a percepção são oriundas de fatores exteriores.

O empirismo tem como significado a experiência, segundo os empiristas o conhecimento é alcançado através das experiências sensíveis, divergindo do racionalismo.

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O filósofo inglês John Locke elaborou sua teoria do conhecimento na obra Ensaio sobre o entendimento humano, que tem por objetivo saber "qual é a essência, qual a origem, qual o alcance do conhecimento humano".

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Locke afirmava que a alma é como uma tábua rasa. Como um pedaço de cera em que não há qualquer impressão, um papel em branco.

Por isso, o conhecimento começa apenas a partir da experiência sensível.

Se houvesse ideias inatas, as crianças já teriam.

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Locke preferiu o caminho psicológico ao indagar como se processa o conhecimento. Distingue, então, duas fontes possíveis para nossas ideias:

A sensação: cujo estímulo é externo, resulta da modificação feita na mente por meio dos sentidos.

A reflexão: que se processa internamente, é a percepção que a alma tem daquilo que nela ocorre. Portanto, a reflexão fica reduzida à experiência interna do resultado da experiência externa produzida pela sensação.

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A razão reúne as ideias, as coordena, compara, distingue, compõe, ou seja, as ideias entram em conexão entre si. Portanto,

as ideias simples que vêm da sensação combinam-se entre si, formando as...

....ideias complexas,

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David Hume preconiza o método de investigação, que consiste na observação e na generalização.

Afirma que o conhecimento tem início com as percepções individuais, que podem ser impressões ou ideias.

A diferença entre elas depende apenas da força e da vivacidade pelas quais as percepções atingem a mente.

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As impressões são as percepções originárias que se apresentam à consciência com maior vivacidade, tais como as sensações (ouvir, ver, sentir dor ou prazer etc.).

As ideias são as percepções derivadas, cópias pálidas das impressões e, portanto, mais fracas.

Nesse sentido, o sentir (impressão) distingue-se do pensar (ideia) apenas pelo grau de intensidade. Além de que a impressão é sempre anterior e a ideia dela depende. Desse modo, Hume rejeita as ideias inatas.

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O centauro é fruto da imaginação humana, pois associamos as ideias de cavalo e de homem em uma só figura.

Nesta tela de Pompeo Batoni, Aquiles e o centauro Quíron (1746), o centauro Quíron, preceptor de Aquiles, herói grego da guerra de Troia, ensina o discípulo a usar a razão e a força.

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CRITICISMO KANTIANOCRITICISMO KANTIANOKant se atentou às

dificuldades relativas à natureza do conhecimento e debruçou-se sobre o assunto em sua obra Crítica da razão pura, mudando o rumo dessa discussão.

Sua filosofia é chamada criticismo porque, diante da pergunta: “Qual é o verdadeiro valor dos nossos conhecimentos e o que é conhecimento?”.

Kant coloca a razão em um tribunal para julgar o que pode se conhecido legitimamente e que tipo de conhecimento não tem fundamento.

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Kant explica que o conhecimento é constituído de algo que recebemos de fora, da experiência (a posteriori) e algo que já existe em nós mesmos (a priori) e, portanto, anterior a qualquer experiência.

O que vem de fora é a matéria do conhecimento – empiristas.

O que vem de nós é a forma do conhecimento - racionalistas.

A questão é que matéria e forma atuam ao mesmo tempo.

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é a faculdade receptiva, pela

qual obtemos as representações

exteriores

é a faculdade de pensar ou produzir

conceitos.

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As formas a priori da sensibilidade ou intuições puras são o espaço e o tempo.

Ou seja, o espaço e o tempo não existem como realidade externa, são antes formas a priori que o sujeito precisa para organizar as coisas.

Dizendo de outra maneira, fora de nós estão as coisas, mas quando as percebemos "em cima'', "embaixo'', "do lado'' ou então "antes", "depois", "durante" é porque temos a intuição apriorística do espaço e do tempo, caso contrário não poderíamos percebê-las.

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As formas a priori do entendimento são as categorias.

As categorias funcionam como conceitos puros, que não têm conteúdo, por serem formas a priori, condição do conhecimento.

Kant identifica 12 categorias, entre as quais destacaremos três: a substância, a causalidade e a existência.

Quando observamos a natureza e afirmamos que uma coisa "é isto'', ou "tal coisa é causa de outra'', ou "isto existe", temos, de um lado, coisas que percebemos pelos sentidos, mas, de outro, algo lhes escapa, isto é, respectivamente as categorias de substância, de causalidade, de existência.

Essas categorias não vêm da experiência, mas são postas pelo próprio sujeito pensante.

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Kant se depara com antinomias da razão pura, ou seja, com argumentos contraditórios que se opõem em tese e antítese. Vejamos alguns exemplos:

a ideia de liberdade tanto pode ter argumentos a favor como contra (determinismo);

pode-se argumentar tanto que o mundo tem um início e é limitado ou que não teve início e é ilimitado;

tanto se argumenta que o mundo existe a partir de uma causa necessária, que é Deus, ou que não existe um ser absolutamente necessário que seja a causa do mundo.

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Kant conclui, portanto, não ser

possível conhecer as coisas tais

como são em si. Decorre dessa

constatação a impossibilidade do

conhecimento metafísico.

Devemos, portanto, nos abster de

afirmar ou negar qualquer coisa a

respeito dessas realidades.

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Idealismo dialético: HegelIdealismo dialético: HegelHegel, introduz uma noção nova,

a de que a razão é histórica, ou seja, a verdade é construída no tempo.

A sua nova lógica Hegel chama dialética.

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Para melhor entender o processo dialético, lembramos que Hegel usa a palavra alemã aufheben, “superar”.

A riqueza do termo está em significar “suprimir”, “negar” e também “conservar”.

Essa ambivalência é adequada para representar que, na superação da contradição, o que é negado é ao mesmo tempo mantido pela dialética.

Portanto, a contradição não se reduz à alternativa de enunciados excludentes de tipo “ou-ou”..

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Vamos entender esse processo: Hegel parte não da natureza, da matéria, mas da ideia pura...

a ideia, para se desenvolver, cria um objeto oposto a si, a natureza;

a natureza é a ideia alienada, o mundo privado de consciência; da luta desses dois princípios opostos surge o espírito;

o espírito é ao mesmo tempo pensamento e matéria, isto é, a ideia que toma consciência de si por meio da natureza.

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E o que é espírito para Hegel? – é uma atividade da consciência que se manifesta no tempo e se expressa em três momentos distintos:

o espírito subjetivo é o espírito individual, ainda encerrado na sua subjetividade (como ser de emoção, desejo,

imaginação);

o espírito objetivo é o espírito exterior como expressão da vontade coletiva por meio da moral, do direito, da política.

o espírito absoluto é o espírito que atinge a absoluta autoconsciência

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O conhecimento nasce, portanto, no momento em que a consciência adquire “a certeza de ser toda a realidade” por meio das etapas fenomenológicas da razão no processo dialético.

É esta uma contribuição fundamental de Hegel: a defesa de uma concepção processual de tudo o que existe.

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Positivismo de ComtePositivismo de Comte

A doutrina positivista, cujo principal representante foi o francês Augusto Comte

Em sua obra Curso de filosofia positiva, propôs-se a examinar como ocorreu o desenvolvimento da inteligência humana desde os primórdios, a fim de dar as diretrizes de como seria melhor pensar a partir do progresso da ciência.

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O espírito humano teria passado por três estados históricos diferentes:

No estado teológico, as explicações dos fenômenos supõem são explicados pela ação dos deuses.

No estado metafísico, os agentes sobrenaturais são substituídos por forças abstratas.

No estado positivo, que decorreu do desenvolvimento das ciências modernas

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Para Comte, o termo “positivo” designa o real em oposição ao quimérico, a certeza em oposição à indecisão, o preciso em oposição ao vago.

Portanto, o estado positivo corresponde à maturidade do espírito humano, objetivo de toda educação daí em diante.