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DIEGO GOMES CAMILO NOVO DESAFIO DA MISSÃO INTEGRAL NO BRASIL: Uma releitura da missão integral na vida do indivíduo como parte integrante da igreja de Cristo. Londrina 2015

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DIEGO GOMES CAMILO

NOVO DESAFIO DA MISSÃO INTEGRAL NO BRASIL: Uma

releitura da missão integral na vida do indivíduo como parte

integrante da igreja de Cristo.

Londrina

2015

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DIEGO GOMES CAMILO

NOVO DESAFIO DA MISSÃO INTEGRAL NO BRASIL: Uma

releitura da missão integral na vida do indivíduo como parte

integrante da igreja de Cristo.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito final no curso de Validação de Créditos e Diplomas – VCD para obtenção do grau de Bacharel em Teologia, da Faculdade Teológica Sul Americana. Orientador: Prof. Dr. William Lacy Lane

Londrina

2015

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DEDICATÓRIA

Aos meus familiares, pais Antonio Camilo e Francicléia Camilo

e irmã Vitória Camilo que me instruíram nos caminhos do

evangelho e contribuem para minha vida Cristã.

A minha Igreja (Primeira Igreja Batista de Redenção-PA),

comunidade que é um porto seguro ao meu coração.

Ao meu pastor Domiciano Alves, referência, professor,

conselheiro, amigo e exemplo ministerial.

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Agradeço de coração:

A Deus, pela graça, misericórdia, sabedoria, força e amparo.

Aos meus pais, pelas horas de compreensão, por tolerância de minha ausência e pelo apoio tão fundamental desde o meu

primeiro dia de vida.

Ao professor William Lacy Lane, meu orientador, por compartilhar comigo seu conhecimento e pela paciência nos

momentos de orientação.

À minha Igreja, por me apoiar em tudo.

Ao meu amigo e pastor Domiciano Alves que me trouxe esperança sobre o ministério pastoral e foi instrumentos para

reavivar a chamada em meu coração.

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“Pois estou convencido de que nem morte nem

vida, nem anjos nem demônios, nem o

presente nem o futuro, nem quaisquer

poderes, nem altura nem profundidade, nem

qualquer outra coisa na criação será capaz de

nos separar do amor de Deus que está em

Cristo Jesus, nosso Senhor.”

Romanos 8: 38-39

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SUMÁRIO

Introdução ............................................................................................................ 06

1. Breve histórico das origens e contexto da Missão Integral............................... 08

2. Novo desafio à missão Integral: Releitura ........................................................ 14

3. Vivenciando o novo desafio: Fazer Integral x Ser Integral. .............................. 18

Conclusão ............................................................................................................ 21

Referências .......................................................................................................... 23

Page 7: Tcc - Releitura da missão integral

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Introdução

A MI (Missão Integral) apresenta em seu conceito básico uma diferenciação

conceitual importante em relação a outras tantas teorias teológicas. Enquanto as

concepções da Teologia estão profundamente mergulhadas em debater conceitos

metafísicos e até titulações ideológicas, a MI está fundamentada na práxis

eclesiológica histórica da igreja e na congruência dos principais conceitos a fim de

iniciar uma discussão voltada ao prisma teórico-prático da confissão de fé cristã. É

importante ressaltar que a missão tem um viés missional, porém não se reduzindo a

missão transcultural, tem propósito de propulsionar a atitude de uma experiência

religiosa muito mais inteira em Cristo de acordo com as escrituras.

Esta pesquisa tem como propósito apresentar o significado de Missão

Integral, e discutir seu contexto eclesiológico, social e antropológico, não

necessariamente em uma análise sistemática, mas contextualizando toda a

amplitude que está inserida na ótica adotada pela teologia da integralização da

missão em sua análise da vida cristã refletida na sociedade como igreja e através

das denominações. Objetiva-se discorrer sobre uma releitura e os novos desafios da

missão integral, que no seu contexto de responsabilidade social tem alcançado

ótimos resultados e alçada voos maiores do que os atuais, mas esse novo desafio

de desinstitucionalizar a vivencia prática da missão integral, passando assim a algo

mais aprofundado e intrínseco de cada indivíduo da igreja de Cristo espalhando

equidade e amor.

A escolha do tema justifica-se através da importância da missão integral

para a igreja brasileira e o intenso crescimento dessa teologia prática no contexto da

igreja do Brasil e de toda Sul América, também pela importância do tema e

amplitude em sua aplicação dentro da vida prática eclesiástica e vida do cristão. A

importância do debate sobre missão integral representa um desafio para a igreja

contemporânea, no tocante a responsabilidade social, estabelecimento do reino de

Deus e cumprimento do “ide”. Deve-se observar a práxis que está em atividade no

nosso cotidiano e contexto, indo ainda além, é importante observar nesta discussão

a ótica mais intimista da MI (Missão Integral) que é observar por um prisma pessoal

qual a atividade vivenciada ou não pelo indivíduo como parte integrante da igreja de

Cristo.

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Pretende-se verificar a possibilidade e como uma igreja partindo de um

membro formador que é um indivíduo, possa viver a missão integral em seus novos

desafios implícitos e explícitos na sociedade contemporânea, em todos os níveis da

sociedade. Partindo do pressuposto da prática cotidiana e da integralidade de Cristo

tomando por completo os caminhos da vida desse membro formador e

consequentemente da própria igreja. Também se propõe a verificar e apresentar o

atual quadro da MI (Missão Integral) no tocante aos resultados alcançados mediante

as discussões e práticas impressas na sociedade, em níveis antropológico e

sociológico.

Sobre a base teórica utilizada na pesquisa foram consultados variados

autores que contribuíram ou contribuem na construção dos pensamentos sobre a

missão integral, pesquisando, interpretando e compreendendo os textos, artigos

científicos, teses, livros, artigos eletrônicos. Este trabalho tem em sua composição

três capítulos. O primeiro traz em seu conteúdo informações históricas sobre o

surgimento da Missão Integral, abordando de uma forma breve e direta com o

objetivo de demonstrar todo o processo de formação da MI dentro do processo

histórico. Apresentar o contexto contemporâneo em que se encontra a MI

relacionando ao cenário social atual e o conceito da missão, estabelecendo um

novo desafio, a releitura de sua definição para a contemporaneidade. O segundo

capítulo levanta o debate de como vivenciar esse novo desafio, de ampliação da

visão e desvinculados do fazer especificamente ao pobre, mas vivenciando um

evangelho integral, assim como a proposta de Lausanne (1974) era posta.

Perpassando o seu conceito original até o que encontramos hoje, evidenciando que

a missão integral só pode ser vivida em comunidade a partir de um prisma individual

para que posteriormente possa alcançar toda a comunidade e sociedade. O terceiro

ponto apresenta propostas que viabilizem a realização e consumação nos novos

desafios mencionados no ponto anterior, levando assim a uma concepção ainda

mais profunda e impactante no tocante a sociedade.

Essa leitura tem o intuito de ser útil na construção do pensar teológico sobre

o que contribua para a evolução do conceito e da práxis ligada a Missão Integral, em

cada comunidade, em cada indivíduo, que a sociedade seja atingida pelo evangelho

em sua plenitude, que o reino seja apresentado para aqueles que o tem por

desconhecido, que seja uma lanterna em meio a escuridão.

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1. Breve histórico das origens e contexto da Missão Integral.

Ao longo de uma análise e consulta bibliográfica observa-se que o Século

XX foi um período de intensa discussão sobre diversos temas, dentre eles destaca-

se evangelismo e responsabilidade social, esse debate desenvolveu-se através de

vários pontos de vista ou por muitos autores diferentes que sempre chegavam a

pontos em comum: a missão da igreja na sociedade, diálogo inter-religioso, justiça e

paz, serviço dentre outros. A MI (Missão Integral) na América Latina tem em sua

proposta algo condizente ao seu título MI, que se contempla na ideia do

cumprimento do ide, da missão, de forma inteira e holística, abrangendo todas as

áreas do ser, tanto biológica, quanto psicológica e sociológica. A ação da missão

integral deve então atingir o ponto de que “promova transformação espiritual e social

na sua comunidade” (PADILLA, 2003:13).

Tantos debates e discussões desencadearam muitas reuniões e

conferências, dentre esses, o marcante Congresso Internacional de Evangelização

Mundial (Lausanne, 1974). Que teve como tema “Para que o mundo ouça a Sua

(Deus) voz”, reuniu 2473 participantes e 1000 observadores de 150 países e 135

denominações protestantes. Ao final desse congresso foi redigido o Pacto de

Lausanne este desde então tem sido referência primordial para a construção

conceitual da MI (Missão Integral).

A revista Time descreveu o Congresso de Lausanne como “um foro

formidável, possivelmente a reunião mais global já realizada pelos cristãos”.

O jornalista que escreveu estas linhas provavelmente tinha em mente que

esse Congresso havia reunido 2.473 “participantes e cerca de 1.000

observadores de 150 países e 135 denominações protestantes”. Mais

importante que isso, no entanto, foi o impacto do Congresso em todo

mundo. Nas palavras do evangelista Leighton Ford, “se houve um momento

da história em que os evangélicos se colocaram em dia com a época,

seguramente este momento de ter sido em julho de 1974”. Lausanne

explodiu como uma bomba. Foi um despertar para todos os que

participaram e para milhares de cristãos em muitos países que leram a

respeito (PADILLA, 2005:9)

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A partir do pacto abriu-se um diálogo com setores da sociologia e da

Teologia da Libertação, porém o Pacto fundamentou-se muito mais em tratar de

fundamentações conceituais cristãos como:

O propósito de Deus, a autoridade e o poder da Bíblia, a unidade e

universalismo de Cristo, a natureza da evangelização, a responsabilidade

social cristã, a igreja e o evangelismo, cooperação, esforço conjugado de

igrejas, a urgência da tarefa, evangelização e cultura, educação e liderança,

conflito espiritual, liberdade e perseguição, o poder do Espírito Santo, o

retorno de Cristo (STOTT, 1984),

Dando norte para uma consciência evangélica saudável em todo mundo. O

pacto mostrou o caminho a ser seguido em meio a um pseudoevangelho que estava

sendo difundido no qual conceituava a missão cristã de forma reducionista e pobre,

reafirmou o engajamento da igreja em ações sociais em prol dos mais carentes e o

envolvimento a ponto de lutar por mudanças na estruturação social. Como já fora

dito em Lausanne foi evidenciado o posicionamento evangélico, demonstrando a

centralidade de Cristo, a infabilidade Bíblica no que diz respeito ao tema principal e a

necessidade da evangelização, ou seja, o cumprimento do papel cristão. Um ponto

importante que foi abordado no pacto foi o esclarecimento sobre a teologia da

missão indo além de conceitos tradicionais clareando a obscuridade que cercava a

missão da igreja, foi demonstrado que o evangelismo é uma prática inseparável da

responsabilidade social, do discipulado “vida na vida” e da renovação da igreja. O

pacto não atingiu seu objetivo no tocante a práxis, se tornou uma normatização, um

norte conceitual, referencial teórico de fato, Padilla relata sua decepção:

Alguns do que vimos o nascimento do movimento de Lausanne nos primeiro anos da década de 1970 esperávamos que o Pacto de Lausanne se constituísse num lugar de encontro para cristãos preocupados com a visão integral da igreja. É triste dizê-lo, porém essa esperança se viu defraudada por desenvolvimentos posteriores por meio dos quais o movimento, não em teoria, mas em prática, abandonou o conceito de MI esboçado no Pacto. Um grupo influente (principalmente norte-americano) dentro do Comitê Lausanne conseguiu modos para conduzir o movimento de volta a uma posição que, no “matrimônio”. (PADILLA, 1990:69)

O pacto mostrou-se ineficaz no sentido prático, haja vista a necessidade

urgente da região Latina de uma intervenção cristã na sociedade devida os

momentos de lutas e enfrentamentos sociais no sentido político, econômico e

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antropológico, frustrando assim teólogos Latino Americanos como René Padilla,

porém notabilizou-se para sempre como um marco histórico e referencial para os

cristãos em muitos contextos, como: fundamentos da fé cristã, correlação entre o

cristão e a sociedade, entre o cristão e a cultura, no intervalo do Pacto na Suíça, em

1974, e o Pacto, nas Filipinas, em 1989, houve uma aumento no distanciamento de

lideranças teológicas latino-americanas e teólogos do Primeiro Mundo; fica claro que

a Missão Integral teve conotações diferentes em cada continente variando de acordo

com o contexto social vivido, ou seja, a realidade de cada região.

A frustração dos teólogos sul americanos em relação ao fruto prático dos

Pactos de Laussane I e II e a dissidência entre as opiniões com os teólogos norte

americanos, gerou uma articulação de uma nova forma de pensar a partir dos bons

conceitos firmados em Lausanne I, principalmente. Robinson Cavalcanti outro

expoente importante da MI na América do sul diz que “Lamentavelmente, o

exclusivismo arrogante, estreito, intolerante e repressor que hoje infelicita o nosso

protestantismo veda o livre exame, a diferença, a diversidade, a inclusividade.”

(CAVALCANTI, 2003:49). Claramente Cavalcanti demonstra sua insatisfação com a

chamada intolerância e resistência dos teólogos norte americanos que poderiam ter

papel de grande valia na precursão da Missão Integral.

Os Congressos Latino-Americanos de Evangelização (CLADE’s)

contribuíram de forma direta para a formação conceitual e prática da Missão Integral,

partindo de uma reflexão social viva, baseando-se na própria realidade sul

americana de injustiça social, falta de equidade, regimes comunistas e falsas

democracias, esses congressos foram propulsores diretos da M.I devido o Pacto de

Lausanne ter sido algo bem mais abrangente, ou seja, conceituação geral e ter vindo

cronologicamente após os CLADE’s. Falando da origem dos Congressos Latino-

Americanos de Evangelização os chamados CLADE’s, foram promovidos após o

Congresso Munidal de Evangelização, em Berlim (1966), onde foi decidido a

ampliação da discussão com a promoção de congressos continentais, que cada

congresso “regional” discutisse suas especificidades, dessa designação e decisão

nasceu o 1º Congresso (CLADE I), que aconteceu em Bogotá na (Colômbia), com o

tema “Ação em Cristo para um continente em crise”, que aprovaram a Declaração

Evangélica em Bogotá”. As discussões e conceitos criados em Lausanne (1974) não

fora um fim, mas o meio de se iniciar um profundo debate sobre as bases do

contexto organizacional evangélico, a intenção dos (CLADE’s) era gerar um evento

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que servisse como processo de construção de um pensamento e não meramente

um evento solto sem uma evolução conceitual e prática, após o CLADE I, na

Colômbia, foi realizado o CLADE II (1979), em Lima, Peru, realizado pela importante

Fraternidade Teológica Latino Americana (FTL), é importante citar também o CLADE

III (1992), ocorrido em Quito, no Equador, congresso esse que teve proporções

significativas a nível de representatividade, já no ano de 2000 foi realizado o CLADE

IV novamente em Quito no Equador, este último segue a linha crescente e tem

representatividade ainda maior que todos os outros.

Nossa maior necessidade é um evangelho mais bíblico e uma igreja mais fiel. Poderemos nos despedir deste congresso com um belo conjunto de papéis e declarações que serão arquivadas e esquecidas, e com lembrança de um grande e impressionante encontro de âmbito mundial. Ou poderemos sair daqui com a convicção de que temos fórmulas mágicas para a conversão das pessoas. Eu pessoalmente espero em Deus que possamos sair daqui com uma atitude de arrependimento no que diz respeito à nossa escravidão ao mundo e ao nosso arrogante triunfalismo, com o senso de nossa incapacidade de sermos libertos dos grilhões a que estamos atados e, apesar disso, com grande confiança em Deus, o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que “é poderoso para fazer infinitamente mais do que tudo quanto pedimos ou pensamos, conforme o seu poder que opera em nós, a ele seja a glória, na igreja e em Cristo Jesus, por todas as gerações, para todo o sempre". Amém. (PADILLA, 1982, p. 171)

É importante ressaltar que durante determinado período da história da

América Latina, na qual esse continente foi sacudido por revoluções políticas,

ideologias e choques sociais em todos os níveis. Muitos Cristãos acabaram por

aderir a Teologia da Libertação, essa debandada foi e tem sido combatida pela

Fraternidade Teológica Latino-Americana, a qual tem apresentado uma opção que

esteja alinhada biblicamente que é denominada de missão integral. Demonstrando

que as igrejas têm a possibilidade de permanecer firme no tocante a sua declaração

de fé, e ao mesmo tempo, conceber um posicionamento ousado e coerente em

relação aos problemas sociais. Falando sobre os cristãos brasileiros nasce nesse

contexto de forma parecida com toda a América Latina a necessidade em

compreender a missão da Igreja e também quanto às necessidades

socioeconômicas do Brasil. O desafio de compreender a atuação da igreja dá-se

pelo fato de que as escrituras apresentam um Deus expresso nos atos de Jesus

Cristo, um Deus que age, busca a humanidade com compaixão, amor, sempre com

olhar holístico e trazendo a cada indivíduo uma oportunidade de ser dignificado,

Jesus manifestou em seu ministério o interesse incondicional de Deus por cada um

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de seus filhos, todos os tipos de filhos e de forma integral, ou seja, completa,

enxergando no profundo do ser, suas angústias, medos, saudades, frustrações,

paixões, necessidades. A MI tem uma fundamentação conceitual clara e evidente de

que a evangelização e a ação social não se separam, sendo necessário e primordial

que nesse processo, o evangelho seja pregado de forma verbal e prática,

demonstrando o Reino de Deus e sendo um sinal histórico da chegada de Jesus,

com intuito de trazer libertação, restauração, transformação e cura de toda a

humanidade, através da ação transformadora do Espírito de Deus. É um espelho do

cuidado de Deus para com toda pessoa alcançada, buscando trazer libertação a

todas as pessoas de todo tipo de prisão social, não se tratando de sistematizações e

programa sociais e políticos somente. A intenção da MI vai muito além de padrões

sociais, a missão da igreja tem como norte, a mensagem da salvação e a

convocação para a vivência de um reino desde o momento em que Cristo se faz

Deus na vida desse indivíduo. Além disso, o papel da igreja nesse contexto é

primordial, pois nesse ponto a igreja se torna sinal ao incrédulo.

Se a palavra e obras não andam juntas, tudo o que temos são conversões deformadas. Palavras sem obras geram apenas crentes teóricos; obras sem palavra geram apenas crentes sem discernimento. Uma das razões de sermos um povo tão dividido e tão ambíguo é que temos entre nós a Igreja da Palavra e a Igreja das Obras. Um dos apelos fortíssimos no enfrentamento do mundo espiritual, que tem expressão concreta na história, é a aceitação do desafio de que a Palavra e Obras precisam andar juntas na nossa prática aqui e agora. Não podemos separar evangelização e ação social, reflexão teológica e oração por doentes, hermenêutica técnica de textos e profecia carismática, enfrentamento das forças sociais e políticas da maldade e enfrentamento individual de demônios que habitam corações humanos. Não podemos nos esquecer de que Jesus ‘andou por toda parte fazendo o bem e libertando os oprimidos do diabo’ (At 10.38). Essa é a receita que de nortear toda ação prática: fazer o bem (palavra de relacionada com o bem social) e libertar oprimidos (palavra com conotação carismática, pelo menos no texto). Dessa forma somos ensinados a entender que as obras a serem feitas têm duas dimensões: social e espiritual. (D’ ARAUJO 1990, 77-78)

No contexto brasileiro as igrejas estavam e ainda estão, muitas delas, se

preocupadas apenas com a salvação das almas sem se importar muito com as

necessidades básicas da comunidade que a cerca, ou até mesmo de um dos

membros de sua irmandade. A MI traz uma nova proposta, nem tão nova assim,

seria novidade para nosso contexto de um evangelho incompleto ou parcial, mas, na

realidade expressa o retorno às origens e ao que de fato deve ser valorizado, o ser

humano por inteiro e faz um convite ousado, a identificação do cristão com o resto

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da sociedade, sem que ele perca sua identificação com o Cristo, digo com Jesus e

não com contextos dogmáticos das religiões ou denominações que se dizem cristãs,

essa identificação significa não simplesmente vivenciar superficialmente as

situações que nos rodeiam, mas conhecer a situação e as pessoas envolvidas nesse

determinado contexto e servindo as pessoas, cristãs ou não, sendo espelho dentro

da sociedade, lutando pelo amor, justiça e paz. Deve ser observado que com o

passar dos anos, a MI tomou proporções bem mais abrangentes do que no início,

pelo próprio avanço econômico e social do continente Sul Americano e

principalmente do Brasil, começa a galgar novos desafios e novas dimensões, a

fome ainda presente não é o foco único e central, o chamado apoio ou serviço social

ganha novas conotações e a Missão integral passa a ganhar uma nova dimensão e

compreensão de conceito e prática.

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2. Novo Desafio à Missão Integral: Releitura.

A MI surgiu em meio a tempos de muita opressão política, social e

econômica, tempos de pobreza extrema, momentos tenebrosos da história, que

foram superados, não por inteiro, mas de uma forma significativa. Missão integral é

retornar às “origens e essencialidades do cristianismo bíblico” (KIVITZ, 2003: p.13).

A missão integral surge de uma necessidade latente da região da Americana Latina,

a necessidade de atos de justiça por parte da igreja cristã em meio a uma realidade

devastadora de pobreza, fome e miséria em todos os âmbitos, eram vivenciados

dias de governos totalitários, e até ditaduras. A partir disso surge um novo desafio,

buscar o entendimento da missão integral nesse novo contexto social vivido pelo

Brasil, não seria a elitização da missão, mas a verdadeira equidade na análise do

tema, assim como em Lausanne (1974) surgiu a oportunidade de um debate prático

sobre a missão integral em relação à necessidade da época, hoje a necessidade é a

ampliação da abrangência do tema ou simplesmente o rebuscar de conceitos não

tão evidenciados que foram pactuados em Lausanne (1974), como a

contextualização da missão em primas, culturais, econômicos, políticos, buscando

em primeiro lugar a integralidade da missão, se a missão é integral não pode e nem

deve ser reduzida a um conceito específica e sim sempre ser repensada com intuito

de ampliação de horizontes.

Trata-se então da redução conceitual e assim naturalmente da diminuição

do campo da práxis evangélica da MI, a pobreza não é mais somente o único e

principal foco da missão integral na contemporaneidade, ao avançar dos tempos

tem adquirido mais espaços pertinentes e com o surgimento de novos desafios tem

ampliado seu campo de ação. Com o avanço econômico do Brasil a miserabilidade

de parte da população tem diminuído gradativamente, ainda não é uma situação

resolvida, porém encaminha-se bem, isso não significa uma abertura para um

possível relaxamento ou desvirtuamento da máxima “evangelização e ação social”,

de forma alguma, mas, abre espaço para um pensar teológico com visão horizontal

ainda mais vasta do que antes.

A palavra missão tem uma conotação de tarefa, de um fazer, com sentido

proselitista, é interessante repensar os caminhos que estão sendo tomados, a

integralidade da missão não é fazer, executar uma tarefa, não pode ser reduzida a

isso, não pode ser definida como uma ação social com ênfase evangelística a fim de

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aumentar os adeptos da religião e consequentemente aumentar o número de

membros da igreja local, fazer esse reducionismo do termo e da práxis, seria

desvalorizar a abrangência dessa missão tão vasta, seria mais um caminho

religioso, mais uma tática a ser adaptada assim como g12, m12 etc.

Aqui também nos arrependemos de nossa negligência e de termos algumas

vezes considerado a evangelização e a atividade sociais mutuamente

exclusivas. Embora a reconciliação com o homem não seja reconciliação

com Deus, nem a ação social evangelização, nem a libertação política

salvação, afirmamos que a evangelização e o envolvimento sociopolítico

são ambos parte do nosso dever cristão (STOTT, 1982:27)

Definitivamente a MI não é fazer ou ter um projeto social em determinada

comunidade, Lausanne (1974) não apresenta simplesmente uma releitura de como

se fazer missão, mas sim uma cosmovisão de como ser cristão, em contextos

sociais, antropológicos e na vivência humana. Esse novo desafio pode até não ser

tão jovem assim, mas é sim repensar constantemente quem ela é, e fugir de ser

confundida por comparação com a teologia da libertação. Olhando a MI pelo viés

pobre conceitual e pode-se concluir que entregar cestas básicas e dizer “Deus te

abençoe” seria evangelização e serviço social, mas isso é empobrecer o debate.

Essa ação integral deve transcender o fazer e alcançar o campo do ser em sua

totalidade.

O ponto de vista sempre foi de uma visão em comunidade, em tempos que

a igreja era menos institucionalizada, vivemos em uma sociedade egoísta, hoje o

que realmente tem sido evidenciado em canais de televisão, em redes sociais,

definitivamente tem sido o “Eu”. Em tempos de lutas de egos, quedas de braços

constantes é ainda mais difícil estabelecer conceitos comunitários e trabalhar na

construção de uma comunidade auto doadora. Porém na ampliação do debate sobre

a MI observa-se a grande necessidade da abordagem do tema de um ponto de vista

do indivíduo como parte integrante da igreja de Cristo. Não uma observação de fora

pra dentro, mas de dentro pra fora, não observando a comunidade e determinando

os papéis que ela deve executar, mas sim partindo de um pressuposto de que o

indivíduo é a igreja, e a partir dele que essa sociedade egoísta pode tomar rumos

mais humanitários e igualitários.

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A MI pode ser reduzida por um projeto de serviço ao pobre? Essa releitura

propõe que não, a ideia é que a missão integral sendo unicamente uma proposta ao

pobre é uma traição a abrangência e amplitude do debate de Lausanne (1974), no

momento contemporâneo em que a sociedade vive, de evolução econômica vê-se a

necessidade do repensar conceitual, de que haja uma quebra de barreiras de uma

fundamentação limitadora e possa galgar voos mais altos, sendo integral de fato, e

fiel ao vasto Pacto de Lausanne, atingindo todas as fatias da sociedade, tocando em

todos os quesitos sociais desde o pobre até o rico, desde o relacionamento do

Cristão com a cultura e sociedade. A evangelização e responsabilidade social não

devem e nem podem ser abandonadas nem excluídas do debate, não é essa a

proposta dessa releitura, mas sim de que deve-se ampliar o horizonte, aprofundar a

interpretação e vivência do tema MI.

Evangelizar é difundir as boas novas de que Jesus Cristo morreu por nossos pecados e ressuscitou segundo as Escrituras, e de que, o Senhor e rei, ele agora oferece o perdão dos pecados e o dom libertador do Espírito a todos os que se arrependem e crêem. A nossa presença no mundo é indispensável à evangelização, e o mesmo se dá com aquele tipo de diálogo cujo propósito é ouvir com sensibilidade, a fim de compreender. Mas a evangelização propriamente dita é a proclamação do Cristo bíblico e histórico como Salvador e Senhor, com o intuito de persuadir as pessoas a vir a ele pessoalmente e, assim, se reconciliarem com Deus. Ao fazermos o convite do evangelho, não temos o direito de esconder o custo do discipulado. Jesus ainda convida todos os que queiram segui-lo e negarem-se a si mesmos, tomarem a sua cruz e identificarem-se com a sua nova comunidade. Os resultados da evangelização incluem a obediência a Cristo, o ingresso em sua igreja e um serviço responsável no mundo. (Pacto de Lausanne, 2004)

Jesus que é nosso padrão foi agente da missão integral de forma explícita,

oferecendo o reino de Deus desde uma mulher samaritana junto ao poço (João 4),

até um rico cobrador de impostos chamado Zaqueu (Lucas 19). Jesus não se limitou

nem aos costumes da época, nem a limitações culturais, nem ao pobre, nem ao rico,

alcançou seres integralmente, enxergando-os por dentro de fora justa, igualitária e

em todas as dimensões, essas foram apenas algumas situações que Cristo se

relacionou e de fato executou a missão de maneira integral. Um indivíduo dotado da

missão integral original, essa que Cristo realizou tem um potencial tremendo em

qualquer contexto em que viva, pois, não está limitado nem preso a conceituações

retrógradas. Que a MI seja um estilo de ser e não simplesmente fazer, que seja uma

prestação de serviço integral a sociedade, em todos os níveis e âmbitos sociais. Que

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tenhamos a íntima compaixão que havia em Cristo Jesus (Mateus 20,34), ao ver o

necessitado, o faminto, o carente, o milionário de bens materiais, porém miserável

de sentimentos , ao ver o depressivo, ao ver o pobre de espírito, ao conviver com o

faminto sem ignora-lo, que sejamos impactado pela verdade do evangelho

construído em Cristo , através do amor, compaixão, empatia e misericórdia a cima

de tudo.

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3. Vivenciando o novo desafio: Fazer Integral x Ser Integral.

Este novo desafio se notabiliza pela releitura e o rebuscar de um conceito

mais integral de missão, principalmente os que foram construídos em Lausanne

(1974), marcante congresso para a história contemporânea da Igreja protestante no

mundo todo. O Brasil se encontra em um contexto econômico denominado

capitalismo que pode ser brevemente descrito como uma busca pelo lucro, para que

através deste obtenha posições sociais mais elevadas e alcance objetivos tanto de

conquistas de objetos físicos quanto status quo. Esse contexto competitivo gera

uma sociedade completamente exclusivista e individualista fugindo assim do plano

original de Deus de que a humanidade fosse uma grande comunidade, uma comum

unidade. A vivência do “fazer” e “ser” sempre foi e será um paradigma, haja vista a

fé e as obras (Tiago 2), uma dualidade, que deixa claro que as obras não salvam

porém uma fé sem obras e expressividade é morta, sem função, sem conteúdo, sem

existência. Praticar a missão para a qual fomos chamados é um desafio constante e

diário, ser missão é um desafio eterno, o “fazer” não classifica uma ação como

missão integral. O ser leva o cristão a um nível de expressividade missional na qual

em qualquer contexto social que ele se encontrar inserido produzirá frutos ou atos

integrais e voltados ao serviço ao próximo, de maneira holística e com equidade em

todos esses atos.

A maioria das pessoas alimenta visões de um mundo melhor. Ofato complementar, no entanto, é que os seres humanos são “retorcidos de egocentrismo” (como Michael Ramsey costumava definir o pecado original), e isto impõe limites às nossas expectativas. Os seguidores de Jesus são realistas, não utópicos. É possível melhorar a sociedade – e o registro histórico da influência do crisianismo na sociedade tem sido impressionante. Mas a sociedade perfeita, na qual só “habitará a justiça”, ainda aguarda a volta de Jesus Cristo. (STTOT, 1998:478)

A sociedade pode sim receber uma boa influência através da vida dos

cristãos que são missão, não apenas participam de movimentos passageiros e

limitadores, mas estão tomados pela consciência do próprio Cristo, movidos de

intima compaixão para com o próximo, sendo ele um miserável incrédulo, ou um

milionário incrédulo. A MI não deve ser limitada nem reduzida, mas sim valorizada

em toda sua amplitude conceitual e naturalmente sua amplitude prática, não visa

simplesmente um fazer, executar, na verdade isso está incluído em um

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comportamento saudável de um cristão. A assistência social não deve ser o foco e

objetivo central da missão, mas na realidade uma formação profunda de uma nova

consciência, forma de pensar e proceder, pois uma consciência transformada faz um

efeito ativo e natural de um “fazer” constante e desinstitucionalizado, trazendo

liberdade para que os indivíduos não dependam exclusivamente de iniciativas de

denominações evangélicas ou ONGs para por em prática o chamado comum a

todos os cristãos, de fazer o bem, evangelizar, amar ao próximo, compartilhar o

amor.

A liberdade de consciência que foi desconstruída ao passar dos anos

através de mudanças teológicas não saudáveis gerou uma parcela representativa de

cristãos passivos, que sempre estão à espera de uma atitude organizacional para

refletirem com um gesto de amor. Uma vida cristã saudável apresenta

intrinsicamente um comportamento tomado por gestos de amor e uma correlação

com a missão integral, ou seja, um cristão verdadeiramente convertido não pode

possuir outro comportamento senão apresentar uma evolução de consciência

(Romanos 12,2), uma cosmovisão a respeito do próximo e um compartilhar

constante do amor fraterno.

Então o que foi que mudou com a chegada do reino? Mudou a economia. Agora, a proposta é a solidariedade e o alvo é a igualdade. Mudou a relação de trabalho. Porque agora, o trabalhador tem de ser o primeiro a desfruta do resultado do seu trabalho. Mudou a relação política. Agora, o “sujeito” não é eleito para assumir o poder, o “sujeito” é eleito para assumir o serviço. Se a Igreja ganha essa consciência, a Igreja se torna profeta dos profetas, se torna o grande arauto da justiça. (RAMOS, 2014).

A chegada do reino diz respeito sobre a missão integral, que pode também

ser definida como o estabelecimento do reino de Deus através de Cristo Jesus, em

cada cristão, em cada filho de Deus. A relação antes da vivência da MI seria de

fazer, por ser uma obrigação um rito religioso, para “ficar bem com Deus”, porém a

ampliação de visão e renovação de mente nos traz uma nova conceituação da

práxis cristã, sendo uma consequência de uma consciência transformada, causando

mudanças profundas e significativas na vida do cristão e dos que estão em sua

volta.

Se essa concepção mais ampla e transformadora atingir cada cristão sendo

que, cada um é um membro formador da igreja de Cristo por toda a terra, em todos

os países, em todas as situações e alcançando milhões de pessoas e talvez quase

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toda a população mundial. Nas correlações sociais, devido ao alcance mundial que o

cristianismo tem se notabilizado durante a história, seria possível impactar toda uma

geração com um cristianismo verdadeiro, relevante e que tem de fato tudo haver

com o Senhor Jesus Cristo. Toda essa contextualização se caracteriza muito

diferente de opções dogmáticas e normativas que recolocam um véu em nosso

relacionamento com o sagrado, institucionalizando a experimentação das livres

relações interpessoais entre cristãos e também entre o cristão e um incrédulo.

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Conclusão

A missão integral surge como uma alternativa viva e eficaz contra a injustiça

social e a favor da evangelização, em Lausanne (1974) tem conceitos firmados e um

norte é traçado com bastante clareza e evidencia mundial, como naquele momento

da história a América Latina vivia momentos de tensão política, extrema pobreza e

miserabilidade da população. A MI traçou caminhos mais específicos sobre o serviço

e humanização ao pobre, abandonando todo um contexto conceitual reflexivo que foi

construído sobre a vivência cristã do reino de Deus de forma integral, através de um

evangelho integral, inteiro ao qual não foi partilhado ou reduzido em dogmas

humanos ou naquela parte mais atraente a determinado público.

É tempo de imediatismo e capitalismo consumista, um período da história

em que os bens naturais se tornaram apenas meios a serem utilizados em prol de

objetivos vazios e passageiros. As relações humanas tem se findado, cada um se

enclausura em suas metas, tornando-se inimigo do seu próximo que deveria ser um

irmão na caminhada um ajudador, enxergar o outro é um desafio tremendo. Olhar

para fora da janela é um ato profundo da missão integral, um cristão que busca a

realidade da missão, precisa parar de olhar para a própria sombra e passar a

visualizar o seu próximo. A sociedade deixou-se contaminar pelo mal do “EU”,

esquecendo-se do verdadeiro valor da vida, que se tornou algo tão ínfimo quanto um

bem material que se esvai sem história, angústias, sonhos, pensamentos e família.

A pesquisa trouxe uma nova reflexão sobre o ponto de vista contemporâneo

da MI, em níveis antropológicos, sociológicos, demonstrando sempre a

cristocentricidade da premissa de missão, essa releitura também alcança os

assuntos eclesiológicos, pois compreende que o ser formador da igreja de Cristo dá

origem, forma, força e sustentação a eclesiologia. Pretendeu-se o aprofundamento

do tema, destacando-se uma perspectiva, não tendo como objetivo uma nova prática

mirabolante que revolucione a MI, mas provocar as análises, releituras, críticas,

avaliações, dessa teologia prática.

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Em dado momento Cristo vê uma multidão faminta e é “possuído de íntima

compaixão” (Mateus 14:14, Almeida Corrigida e Revisada – Fiel), Jesus nos dá uma

lição, mais uma vez olha para o próximo, enxerga sua necessidade, não somente a

fome, e busca manifestar o reino de Deus palpável e o invisível, através da

proclamação do evangelho e da manifestação do reino. Existem já muitas teologias

e teorias, de todos os tipos e para todos os agrados, das mais ortodoxas até as mais

neopentecostais, porém há pouco “ser” e muito pouco ainda “fazer” pelo “ser”.

Constantemente são cumpridas agendas e tarefas, porém não pode ser esquecida a

possibilidade da integralidade tomar por completo o cotidiano cristão, se como

cristãos crê-se obviamente na divindade do Cristo é necessário ser corroído,

possuído, comovido, pela intima compaixão que comoveu o próprio Deus na pessoa

de Jesus, e através disso viver em todos os âmbitos, com toda a sociedade, tocando

em todos através da graça e misericórdia transformadora de Cristo.

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REFERÊNCIAS

A pesquisa dos fatos históricos e datas foram retiradas do site da Fraternidade Teológica Latino-americana. Disponível em: <www.ftl.org.br>. Acesso em: 02 de fev. 2015.

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<http://ftl.org.br/>. Acesso em 08 de fev. 2015.

PADILLA, René. A Evangelização e o Mundo: A Missão da Igreja no Mundo de Hoje. São Paulo e Belo Horizonte: ABU Editora e Visão Mundial, 1982. p. 171. PADILHA, C. René. Missão Integral: Ensaios sobre o Reino e a Igreja. Trad. Emil Albert Sobottka. São Paulo: FTLB - Temática Publicações , 1992. RAMOS, Ariovaldo. Nossa Igreja Brasileira: uma opinião sobre a história recente. São Paulo: Hagnos, 2002. p.115.

RAMOS, A. Palestra no Fórum Jovem de Missão Integral. Disponível em: <http://www.irmaos.com/artigos/?id=2432>. Acesso em: 24 de fev. 2015. RODRIGUES, Ricardo Gondin. A Teologia da Missão integral: Aproximações e impedimentos entre Evangélicos e Evangelicais. 2009. 161 págs. Dissertação de Mestrado em Ciências da Religião – UMESP: Faculdade de Humanidades e Direito, São Paulo. 2009. Disponível em: < http://ibict.metodista.br/tedeSimplificado/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=2159 >. Acessado em: 25 de fev. de 2015.

STOTT, Jonh R. W. Crer é também Pensar. Trad Milton A. Andrade. 7ª Ed.São Paulo: EBU editora, 1997.