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A Sociedade Colonial

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A Sociedade Colonial

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Ao estudarmos antropologicamente a sociedade doperíodo colonial, poderemos classificá-la da seguinteforma: Estamentada, por haver certa mobilidade social

(escravos poderiam ser alforriados, pequenosproprietários poderiam expandir, etc.) e seureconhecimento legal.

Patriarcal, por não reconhecer qualquer direitofeminino.

Teocrática, pelo intenso papel que a igreja possuía nacolônia, especialmente no início da colonização. Sópodemos classificar a sociedade como tal até 1759, coma expulsão jesuítica.

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Ano População

1550 15.000

1600 20.760

1700 300.000

1770 2.666.000

1800 3.250.000

1850 8.000.000

1872 9.930.478

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Os portugueses já estavam acostumados à escravatura:Lisboa era a cidade europeia com o maior númeroproporcional de escravos, 10%, isso mesmo antes dacolonização do Brasil e da África.

A escravidão já era praticada na África e, em menorescala, na América muitos séculos antes da chegadados europeus.

A chegada dos europeus ao Continente Africano só fezaumentar um sistema pré-existente. Os reinosafricanos, que já se enriqueciam com a venda de seuscidadãos ou de inimigos vizinhos como escravos paraos árabes, lucraram ainda mais com a demanda demão-de-obra dos europeus.

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Num primeiro contato, os lusos respeitaram aliberdade dos povos nativos da costa brasileira. Asprimeiras tentativas de escravização ocorreram porvolta de 1530.

Mesmo assim, os índios possuíam status especial:Mem de Sá declarou durante seu governo que os índiospoderiam ser escravizados apenas voluntariamente ouatravés de “guerra justa”.

O fim da escravidão indígena só aconteceu plenamenteem 1757, por decreto do M.es de Pombal.

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Os primeiros escravos negros aqui chegaram em 1559.

A maioria dos africanos trazidos à colônia portuguesacomo escravos pertencia a dois grandes grupos étnicos:os bantos, originários de Angola, Moçambique eCongo, e que se tornaram mais numerosos no centro-sul e no Nordeste; e os sudaneses, provenientes daGuiné, da Nigéria e da Costa do Ouro, e que foramlevados principalmente para a região da Bahia.

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Os escravos começavam o trabalho ao raiar o dia e sóparavam ao escurecer. Seu principal alimento era amandioca. Os escravos viviam e trabalhavam vigiadospor capatazes e feitores.

Quando fugiam, eram perseguidos pelos capitães-do-mato, que recebiam certa quantia por escravocapturado e devolvido ao senhor.

A escravatura era tão firmemente enraizada nasociedade colonial que não era incomum libertosadquirirem escravos. O número era tão grande quesenhores negros chegavam à paridade com aos deorigem europeia.

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Os escravos desempenhavam quase todas as funçõesna colônia, no entanto a principal atividade era aprodução agropecuária e mineradora.

Devido a baixa capacidade portuguesa de ocupação, asmulheres escravas também serviam de reprodutoraspara os homens brancos.

A resistência dos escravos se dava de diversas formas,fosse através da preservação de sua cultura, da fuga, domotim, do assassinato, ou simplesmente através dagreve.

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A colônia não era simplesmente composta por escravose senhores. Havia uma classe média composta portrabalhadores assalariados e pequenos produtores.

Dita classe média incluía tanto brancos vindos dePortugal e negros libertos.

Apesar da posse de terras e escravos, da ancestralidadebranca e de, até mesmo, títulos de nobreza, que algunspodiam ter, os negros, índios e mestiços jamaischegavam ao topo da pirâmide social.

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Os trabalhadores brancos vieram inicialmente para oBrasil para exercer funções as quais os escravos nãopodiam ou não sabiam fazer sozinhos, comomarcenaria, olaria, instalação de maquinário, controlesocial, etc.

Esse fluxo foi cortado quando até mesmo isso osnegros passaram a ser incumbidos de fazer. Ostrabalhadores livres que agora se viam desempregadosmigraram para as cidades e desenvolveram o comércio.

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Também eram integrantes dessa classe média osfuncionários que eram mandados até a colônia pelo reide Portugal para funções administrativas.

Esse grupo geralmente se fixava na região e formavaalianças e casamentos com a classe senhorial.

Havia também os pequenos proprietários chamados de“pés-rapados”, pela ausência de sapatos, ou deagregados.

Os agregados poderiam ter seu próprio lote de terra outer arrendado um do senhor de engenho.

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Esses pequenos proprietários possuíam uma relação deobediência voluntária para com o senhor da região,baseada na “gratidão” e no vínculo “divino”: o casalsenhorial geralmente batizava todas as crianças livresda região.

As condições da classe livre da colônia variava muito:enquanto os pequenos produtores viviam num sistemade semiescravidão, os funcionários públicos e grandescomerciantes tinham um estilo de vida próximo aosenhorial.

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A religião teve um papel fundamental na criação emanutenção do sistema colonial português, além deter sido vital para a ruína do império brasileiro séculosmais tarde.

Até a expulsão destes em 1754, pode-se dizer que osjesuítas possuíam mais poder do que a administraçãosecular em algumas regiões.

Inicialmente, as principais preocupações dos religiososno Brasil era catequizar os indígenas e os escravos. Aúnica coisa que um senhor não podia fazer contra seuescravo era deixá-lo sem batismo.

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No entanto, a real função destes religiosos na ordemsocial da colônia era amansar os “selvagens”,preparando-os para o trabalho escravo, além delegitimar as barbáries que o Estado secular e a classesenhorial praticavam.

Jesuítas também eram encarregados da educação dosfilhos das classes senhorial, comercial e administrativada colônia.

O catolicismo era a oficial de Portugal. Assim sendo,era proibido praticar qualquer outra religião.

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Exemplos disso são legislações como o De HaereticoComburendo, que punia com a fogueira a heresia, e oeventual “Auto da Fé”.

No entanto, a nível papal, as colônias portuguesasestão em segundo plano para com as espanholas, o quepode ser evidenciado pela ausência de um tribunal daSanta Inquisição no Brasil e pelo pequeno número deDevassas organizadas.

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Como já foi citado anteriormente, a sociedade colonialbrasileira pode ser considerada patriarcal, porestabelecer a superioridade masculina e não garantiros direitos da mulher.

Mas deve-se ressaltar que esta era a tendência nomundo todo já há 3500 anos daquela época, desde odesaparecimento da maior parte das religiõesmatriarcais.

Durante toda a Idade Antiga, as mulheres mantiveramalguns direitos básicos, mas isso desapareceu durante aIdade Média.

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Na colônia, o povoamento era majoritariamentemasculino, quase não haviam mulheres europeias. Asque ali moravam eram freiras.

A relação era tão baixa que os conventos foramproibidos no século XVIII.

As mulheres dos senhores eram, normalmente,“importadas” da Europa por parentes ou conhecidosque viviam em Portugal.

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Já na “classe média”, ou os homens já vinham casados,o que era raro, ou jamais o faziam oficialmente,vivendo na boemia ou, simplesmente, “juntando ostrapos” com uma mulher de cor.

Os religiosos não raramente também se envolviamcom mulheres de cor, tendo filhos com elas, apesar decriticar ferrenhamente os costumes matrimoniais dasclasses mais baixas.

Europeus que visitavam as terras brasileirascomumente também se escandalizavam com essescostumes, contribuindo para a má reputaçãoamericana.

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Apesar de ambas sofrerem, a mulher branca, de longe,possuía mais direitos que a escrava.

As brancas não tinham outra tarefa se não produzirherdeiros varões. As mulheres ricas possuíam escravaspara todas as suas necessidades, e até mesmo asdesquitadas possuíam cativas que vendiam comida narua feita pela senhora.

Várias mulheres, quando enviuvavam, passavam aadministrar o engenho do marido falecido, adquirindoindependência.

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As brancas também castigavam seus escravos comigual crueldade, a única diferença com relação aos seusmaridos é que elas não administravam pessoalmenteos castigos, sempre encarregando o feitor de fazê-lo.

Já as escravas eram tratadas em completa paridade comseus semelhantes masculinos. Com exceção de algunstrabalhos mais pesados, as cativas tinham as mesmasobrigações que os homens.

As mais bonitas eram mandadas para trabalhar nacasa-grande, onde eram expostas ao assédio do senhore de seus filhos.

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A maior parte dos frutos dessas uniões eram mandadospara escravidão, mas, às vezes, principalmente noinício da colonização, estas crianças poderiam serassumidas e tornarem-se herdeiras do senhor.

As negras também poderiam ser mandadas para aprostituição, que possuía clientela certa.

Filhos de escravas eram separados da mãe nonascimento, e a cativa era posta para aluguel comoama-de-leite de crianças brancas que perderam a mãeno parto ou de mulheres secas.

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Nos dois primeiros séculos da colonização formou-seno Nordeste a elite agrária da Colônia: os senhores deengenho.

A maioria deles vinha da pequena nobreza portuguesa.Também podiam ser comerciantes ou aventureirospertencentes às boas famílias lusitanas, que recebiamterras na Colônia para produção.

Os colonos geralmente casavam-se aqui, pois poucos jáhaviam constituído família na terra natal.

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Também vinham para o Brasil os chamados "cristãos-novos". Eram judeus que procuravam a nova terratentando se proteger das perseguições do Tribunal daInquisição.

Essa elite colonial morava nas fazendas, visitando asvilas e pequenas cidades apenas algumas vezes porano, quando fechavam seus negócios ou participavamdas festas religiosas mais importantes.

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Os senhores de engenho usavam os casamentos e osbatizados para garantir a posse e a ampliação dopatrimônio de suas famílias. Para aumentar suasriquezas e diversificar seus negócios, os grandesproprietários casavam os filhos entre si, com ricoscomerciantes locais ou criadores de gado do sertão.

O poder e a riqueza desses proprietários chegaram aultrapassar os de muitos nobres de Portugal, apesar denão existir uma nobreza nativa no Brasil até a chegadada corte no Rio de Janeiro.

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O senhor de engenho era a figura central do seu grupofamiliar. Determinava as funções que cada grupo dacasa-grande devia desempenhar.

Os filhos homens costumavam passar uns tempos emcasas de amigos ou parentes que lhes pudessemtransmitir alguns ensinamentos fundamentais. O filhomais velho era orientado para suceder o pai na chefiado engenho.

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Dentre os demais filhos, um geralmente se tornavapadre, outro se formava em Direito pela Universidadede Coimbra em Portugal. O advogado ajudava atransformar em poder político o prestigio da família.

Nessa época, era comum o casamento de moçinhas dequinze anos com homens de cinquenta e até maisidade. Os namoros e casamentos precisavam daautorização do pai.

Havia casos de escravas que delatavam namoros eencontros das sinhás-moças (filhas) ou sinhás-donas(esposas). Por vezes, essas histórias levavam o senhor aordenar o assassinato da esposa ou de uma filha.

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