só se vê a deus com santificação

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Só se Vê a Deus Com Santificação Silvio Dutra NOV/2015

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Só se Vê a Deus

Com Santificação

Silvio Dutra

NOV/2015

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Só se vê a Deus com Santificação

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Sumário

1 - Introdução 3

2 – O que é Ver a Deus? 5

3 – O que é Estar Santificado 8

4 - Como a Santificação é Forjada? 18

5 – Jesus é a Nossa Santificação 23

6 – Os Componentes da Santificação 31

7 – A Medida da Santificação 39

8 - Estamos Santificados? 44

9 – O Motivo 55

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Só se vê a Deus com Santificação

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1 – Introdução

Quando o texto de Hebreus 12.14 foi escrito, é provável

que o seu autor estivesse pensando no retorno do

Senhor Jesus para arrebatar o seu povo.

Sabedor de tantas instruções e advertências que haviam

sido dadas pelo próprio Cristo para que seus discípulos

estivessem devidamente preparados para recebê-lo por

ocasião da Sua volta, como por exemplo as que

encontramos nas Parábolas dos Talentos e das Dez

Virgens, o autor de Hebreus não tinha então qualquer

dúvida sobre a referida necessidade de santificação para

que os crentes pudessem ver o Senhor na citada ocasião.

Ora, na avaliação que fizermos desta matéria não

podemos esquecer de que temos o exemplo do ladrão

que morreu na cruz ao lado de Jesus e que pôde ver a

face de Deus no paraíso sem que tivesse tido tempo para

receber qualquer medida adicional de santificação além

da que acompanha a conversão (novo nascimento do

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Espírito Santo) e que ele certamente recebeu quando

ouviu dos lábios do Senhor que estaria com ele ainda

naquele dia no paraíso.

Muito bem, outro ponto também a ser considerado é

que Deus é poderoso o bastante para renovar e

reconciliar consigo mesmo a qualquer crente que tenha

andado desviado da Sua presença, e isto não exclui o

momento da volta de Jesus.

Agora, temos que ter a devida prudência em nossas

afirmações porque a Parábola das Dez Virgens assegura

que não houve tempo hábil para as cinco virgens

insensatas serem renovadas, de modo que não subiram

com o Senhor juntamente com as demais cinco virgens

prudentes.

A conclusão a que chegamos é a de que não somos

chamados a especular com isto e nem tampouco nos

descuidarmos do nosso dever de vigiar, orar e

perseverar diariamente, confirmando cada vez mais a

nossa eleição pela prática da Palavra de Deus, para a

santificação do Espírito Santo.

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Só se vê a Deus com Santificação

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Como dissemos antes, devemos recorrer ao próprio

texto bíblico e analisar cuidadosamente as passagens

que tratam do assunto da santificação para que sejamos

devidamente esclarecidos pelo menos sobre o que seja

estar santificado e o que é necessário fazer para que o

possamos obter.

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Só se vê a Deus com Santificação

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2 – O que é Ver a Deus?

Das várias passagens bíblicas que discorrem sobre o

assunto do nosso título, destaca-se a citação de Jesus no

Sermão do Monte quando disse diretamente que são os

puros de coração que verão a Deus.

A par do verbo estar no tempo futuro, a citação aplica-

se também ao presente pois é notório que só podemos

ter comunhão com o Senhor quando estamos

santificados.

Não pensemos que ver a Deus equivale a uma

contemplação com nossos olhos de carne, uma vez que

Deus é espírito invisível aos nossos olhos, de modo que

a visão aqui referida é de caráter espiritual, indicando

um maior conhecimento da pessoa de Deus e da Sua

vontade, como sucedeu com o patriarca Jó que pôde

declarar que passou a ver a Deus depois de tudo o que

passou, e não somente mais ouvir falar acerca dele.

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Só se vê a Deus com Santificação

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É digno de nota também que quando Moisés manifestou

o desejo de ver a glória do Senhor, em vez de lhe ter sido

concedido uma visão contemplativa, foi-lhe dada a

declaração pelo próprio Deus acerca do Seu caráter

divino, em ser longânimo, misericordioso e justo.

Disto tudo se depreende então que este ver a Deus

equivale a ser admitido à Sua presença, a se privar do

Seu favor e companhia, e a condição necessária para tal

é declarada como sendo a nossa santificação, como no

dizer do Senhor, a purificação do nosso coração.

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3 – O que é Estar Santificado

O pecador é transformado em santo quando nasce de

novo do Espírito Santo.

Na sua conversão ele é santificado ao ser transformado

em uma nova criatura.

Ele recebe um novo coração, uma nova natureza, a

natureza divina, e assim tem acesso à santidade que o

faz aceitável a Deus.

Esta é a razão pela qual o apóstolo Paulo se refere aos

cristãos em todas as suas epístolas, chamando-os de

santos, apesar de que muitos deles eram ainda carnais,

como, por exemplo, parte dos cristãos coríntios (I Cor

1.2; 6.11; 14.33; II Cor 1.1; 13.12; Ef 1.1; 2.19; Fp 1.1; Col

1.2; Jd 3) que eram santos, separados para Deus, apesar

de não serem ainda cristãos espirituais.

Entretanto, aquele que foi santificado pelo Espírito, é

chamado a prosseguir nesta santificação, através de um

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processo que não deve cessar ao longo de toda a sua

vida, e pelo qual obterá graus cada vez maiores de

crescimento na graça e no conhecimento pessoal e

íntimo de Jesus (Jo 17.17,19; Ef 4.12;I Tes 5.23; Apo

22.11).

Este processo consiste basicamente no despojamento

das obras da carne (natureza terrena) e do revestimento

das virtudes de Cristo.

O texto de Hebreus 12.14 diz, “segui a paz com todos e

a santificação” – ambas as coisas, tanto a paz quanto a

santificação devem ser seguidas de forma prática.

Se a santificação tivesse sido obtida em sua forma plena

e final na regeneração (novo nascimento), não haveria

necessidade de se mandar segui-la, ordenança que não

se aplica à justificação, por ter sido obtida de uma vez

para sempre na conversão.

Santificação é conformidade à vontade de Deus, e

obediência aos mandamentos do Senhor. Isto é o

trabalho do Espírito na alma, pelo qual o homem é feito

semelhante a Deus, e torna-se participante da natureza

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divina, sendo livrado da corrupção que há no mundo

através da cobiça.

Não é dito em Heb 12.14 “perfeição de santificação”,

mas, “santificação”.

A santificação é uma coisa que cresce.

Ela pode ser na alma como o grão de mostarda, e ainda

não estar desenvolvida; ela pode ser uma vontade e um

desejo no coração, um suspiro, uma aspiração.

Com as águas do Espírito de Deus, ela crescerá como o

grão de mostarda até se tornar uma árvore.

A santificação, no coração regenerado é como criança,

não está madura – está perfeita em todas as suas partes,

mas não perfeita no seu desenvolvimento.

Uma criança é um ser perfeito, mas não quanto ao

desenvolvimento que ainda terá até ser uma pessoa

madura.

Por conseguinte, quando nós achamos muitas

imperfeições e muitas falhas em nós mesmos, não

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devemos concluir que isto significa que não temos

interesse na graça de Deus.

A santificação requer que o coração esteja em Deus, e

que pulse de amor por Ele.

“Sem santificação ninguém verá o Senhor”.

Isto quer dizer, nenhum homem pode ter comunhão

com Deus nesta vida, e na vida por vir, sem santidade.

“Podem dois caminharem juntos se não houver entre

eles acordo?”.

Santificação é uma palavra que significa mais do que

purificação, porque ela inclui mais do que a ideia de

sermos limpos, ela inclui também a necessidade de

estarmos adornados com todas as virtudes de Cristo.

“Por causa deles eu me santifico a mim mesmo”. Estas

são palavras que foram proferidas por Jesus em João 17.

No caso do Senhor não pode significar purificação do

pecado, porque ele não tinha pecado.

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A santificação do Senhor era sua consagração ao

completo propósito divino, sua absorção na vontade do

Pai.

Assim, nossa própria santificação também significa a

nossa consagração à vontade de Deus, além da nossa

purificação, já que somos pecadores.

“Santifica-os na verdade, a tua palavra é a verdade”

(João 17.17).

Ninguém pode santificar uma alma mas somente o Todo

Poderoso Deus, o grande Pai dos espíritos.

Somente aquele que nos fez pode fazer-nos santos.

A regeneração é onde a santificação começa, e é

totalmente o trabalho do Espírito de Deus.

Cada pensamento sobre santidade, e cada desejo

posterior por pureza, vêm somente do Senhor, porque

nós, por natureza, somos inclinados ao pecado.

Assim que a última vitória sobre o pecado em nós, e

sermos feitos perfeitamente como o nosso Senhor, deve

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ser inteiramente o trabalho do Senhor Deus, que faz

novas todas as coisas, desde que não temos nenhum

poder para realizar tão grande trabalho em nós mesmos.

Isto é uma criação (Tg 1.18). Nós podemos criar esta

nova vida?

Isto é uma ressurreição. Nós podemos levantar da

morte, pelo nosso próprio poder?

Nossa natureza degenerada (terrena) pode estar

rumando em direção à putrefação, mas não pode jamais

retornar à pureza ou à perfeição por si mesma; por isto

está sentenciada à morte, pela nossa identificação com

a crucificação de Jesus, e temos recebido uma nova

natureza de Deus pela fé, que está realizando em nosso

espírito um trabalho de santificação, e isto é de Deus, e

de Deus somente.

Veja então que grande coisa é a santificação, e como é

necessário para isto que o nosso Senhor orasse ao seu

Pai: “Santifica-os na verdade”.

Todavia, somente a verdade não santifica o homem.

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Ele pode permanecer num credo ortodoxo, mas se isto

não tocar o nosso coração e influenciar o nosso caráter,

qual é o valor da nossa ortodoxia?

Não é a doutrina que, de si mesma, nos santifica, mas o

Pai santifica usando a doutrina como meio.

A verdade é o elemento em que nós devemos viver para

sermos santos.

A falsidade (mentira) conduz ao pecado; a verdade

conduz à santidade; mas há o espírito mentiroso, e há

também o Espírito da verdade, e por estes o erro e a

verdade são usados como meios para se atingir o fim,

respectivamente.

A verdade deve ser aplicada com poder espiritual à

mente, à consciência, ao coração, senão o homem pode

receber a verdade, e ainda permanecer na injustiça.

Eu creio que isto é a coroação do trabalho de Deus no

homem, que seu povo seja perfeitamente livre do mal.

Ele os escolheu para que sejam seu povo particular,

zeloso de boas obras; Ele os redimiu para que fossem

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livres de toda a iniquidade, e purificados; ele os chamou

efetivamente para uma elevada e santa vocação, a saber

para a verdadeira santidade.

Todo o trabalho do Espírito de Deus na nova natureza

tem em mira a purificação, a consagração, o

aperfeiçoamento de todos aqueles que Deus, em amor,

tomou para Si.

Tudo o que nos sucede na caminhada para o céu tem o

propósito de nos preparar para o fim último da nossa

jornada.

Nosso caminho através do deserto tem por objetivo nos

provar, para que possamos conhecer quem realmente

somos, e para que nossos males possam ser

descobertos, e nos arrependermos, e assim, para que

nos apresentemos a Deus, no fim, sem máculas, diante

do Seu trono.

Nós estamos sendo educados pelos céus, para o

encontro na assembleia dos perfeitos.

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Só se vê a Deus com Santificação

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Ainda não se manifestou o que seremos, mas seremos

como Ele, porque o veremos assim como Ele é.

Nós estamos sendo levantados: através de um duro

combate, de longa vigilância, e paciente espera,

estamos sendo levantados em santidade.

Estas tribulações que trilham o nosso trigo e que lançam

a palha para longe, estas aflições que consomem nossas

escórias, e que tornam nosso ouro mais puro, têm um

objetivo glorioso em vista.

Todas as coisas cooperam juntamente para o bem

daqueles que amam a Deus; e o resultado esperado de

tudo isso será a apresentação dos escolhidos a Deus, não

tendo mancha ou ruga ou qualquer coisa semelhante.

Não devemos pensar que a santificação ocorre

instantaneamente, quando se ouve um pregador

sincero.

Este não é o trabalho de um momento, de alguns dias,

ou da habilidade humana, mas é o próprio Deus que

deve trabalhar em nós.

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Devemos, antes de tudo, ter a habitação do Espírito

Santo.

É pela fé em Cristo que se é renascido pelo Espírito. É

também pela mesma fé que somos santificados, assim

como temos crido para o seu perdão e justificação.

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4 - Como a Santificação é Forjada?

Jesus disse em João 17: “Santifica-os na verdade, a tua

palavra é a verdade.”.

Observem como Deus tem juntado a verdade e a

santificação.

Tem havido uma tendência recentemente para se dividir

a verdade da doutrina; a verdade do preceito.

Nenhuma vida santa será produzida em nós por crer na

falsidade.

A santificação em seu caráter visível vem da edificação

em fé no interior do coração, ou de outra forma é uma

mera casca.

Boas obras são o fruto da verdadeira fé, e a verdadeira

fé é uma sincera crença na verdade.

Cada verdade conduz à santificação, cada erro de

doutrina, direta ou indiretamente conduz ao pecado.

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E não estamos falando de mero conhecimento

intelectual, mas de conhecimento espiritual, por

experiência pessoal, na implantação das virtudes de

Cristo em nossa nova natureza, recebida pela fé nEle

(longanimidade, amor, benignidade, paciência, domínio

próprio, alegria etc).

Por isso, somente o ensino que é segundo a Palavra de

Deus revelada, nos santificará.

A Palavra de Deus é viva e demonstrará se estamos

santificados ou não por vermos as realidades afirmadas

por ela implantadas e manifestadas em nossas vidas.

Por isso se diz que a santificação é operada pela Palavra.

A matemática é uma verdade, mas ninguém é

santificado por ela.

O erro pode soprar sobre você, ele pode mesmo levar

você a pensar que você está santificado, mas há uma

grande e séria diferença entre ostentar santificação e

estar santificado de fato, uma grave diferença entre se

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sentir mais purificado que outros, e estar sendo

realmente aceito por Deus.

A verdade nunca é a sua opinião, nem minha; sua

mensagem, nem minha. Jesus disse, “a tua Palavra é a

verdade”.

O que santifica os homens não é apenas a verdade, mas

a verdade que está revelada na Palavra de Deus.

É uma bênção que toda a verdade que é necessária para

nos santificar esteja revelada na Palavra de Deus, tanto

que nós não temos que gastar nossas energias tentando

descobrir a verdade, mas podemos, para nosso maior

proveito, usar a verdade revelada nas Escrituras.

Não haverá mais revelações da verdade, não são mais

necessárias. E não pensemos esta prática da Palavra

consiste apenas em se cumprir os mandamentos morais,

pois é muito mais do que isso, uma vez que o que se tem

em mira é a nossa transformação à semelhança de Jesus,

então mais do que obedecer ao preceito, temos na

Palavra a direção de como seremos em nosso caráter,

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mente, coração e espírito quando andarmos no Espírito

em comunhão com Cristo.

O cânon está fixado e completo, e por isso se diz que

nada deve ser retirado ou acrescentado à Palavra, sob a

pena de lhe serem acrescentadas as pragas descritas em

Apo 22.18,19.

O Senhor nunca reescreveu ou reeditou Sua Palavra e

certamente nunca o fará, porque ela, verdade que é,

permanece para sempre.

Nosso ensino pode estar cheio de erros, mas o Espírito

não erra. A fé foi entregue de uma vez por todas aos

santos.

A Escritura sozinha é a verdade absoluta e eterna.

É por isso que nos é ordenado que a Palavra de Deus

habite ricamente em nosso coração, e para tanto, será

necessário que a leiamos e que meditemos nela dia e

noite.

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É pela leitura e meditação das Escrituras que se chega ao

conhecimento do caráter de Deus, e a termos temor e

tremor em nossa caminhada diante dEle e da Sua justiça.

Quando a verdade for totalmente usada, ela destruirá o

pecado diariamente, nutrirá a graça, inspirará nobres

desejos, e produzirá ações santas em nós.

Agora, ninguém espere ter uma verdadeira santificação

sem isto.

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5 – Jesus é a Nossa Santificação

(I Cor 1.30)

Quando Deus diz “sede santos por que eu sou santo” o

que está em foco é uma convocação direta a ser imitado.

Jesus é o nosso exemplo de vida que devemos seguir, se

desejamos de fato ser santificados.

E m ais do que exemplo, a sua própria vida em nós é o

que nos santifica, de modo que não pode haver

qualquer santificação verdadeira aparte da comunhão

real e vital com Ele.

Por isso há várias convocações diretas na Palavra neste

sentido em Mt 10.25; Fil 2.5; I Cor 11.1; Ef 5.1; I Ts 1.6; I

Pe 2.21; I Jo 2.6; 4.17, entre outras.

A imitação de Cristo está embutida na ordenança bíblica

que nos manda nos revestirmos de Cristo ou do novo

homem, o que é a mesma coisa (Rom 13.14; Ef 4.24; Col

3.10).

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Cabe ressaltar que na regeneração já ocorreu um

revestimento do novo homem, e um despojamento do

velho homem, mas tanto uma coisa quanto outra

(revestimento e despojamento) devem prosseguir na

santificação.

Quando encontramos na Palavra de Deus, citações ao

fato de já termos sido lavados, santificados, revestidos

do novo homem e despojados do velho, a referência se

aplica no caso à REGENERAÇÃO (novo nascimento), e

quando há uma exortação no sentido de se prosseguir

com o trabalho de purificação da alma, de

despojamento da carne, mortificação da natureza

terrena e revestimento de Cristo ou do novo homem, a

referência então se aplica ao processo da

SANTIFICAÇÃO, que deve prosseguir por toda a vida, até

que sejamos recebidos na glória.

A santificação consiste basicamente na ordenança de

Rom 13.14: revestir-se de Cristo e nada dispor para a

carne quanto às suas concupiscências.

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E para revestir-se externamente de Cristo é necessário

primeiro conhecê-lo interiormente.

Jesus deve ser recebido no coração por fé, antes de

poder se manifestar na vida pela santidade.

Para que a luz apareça e ilumine é preciso primeiro

acender a lâmpada.

É assim que a luz do cristão brilha no mundo, pelo

testemunho de sua própria vida, pelas virtudes visíveis

de Cristo que se manifestam na mesma.

Esta luz pode brilhar mais em uns do que em outros,

conforme o nível de sua consagração, e

consequentemente, da sua santificação.

Assim, o exterior e visível deve ser precedido

e inspirado pelo interior e invisível, para que o mundo

não possa negar que somos filhos da luz e do dia (I Tes

5.5,8).

Não basta que Cristo seja o alimento que sustém o

homem interior, é também necessário que seja o

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vestido que cobre o homem exterior, e que deve ser

visto pelo mundo, através do seu testemunho.

O cristão deve estar vestido de Cristo em todo o tempo,

e deve estar de tal maneira vestido do Senhor, que se

confunda com Ele.

Na conversão, quando é regenerado pelo Espírito esta

exortação é cumprida num sentido parcial, pois o cristão

se reveste de Cristo como um manto de justiça.

A justiça de Cristo que é imputada ao cristão na

justificação, passa a ser dele, porque Cristo agora lhe

pertence e ele a Cristo.

Embora injusto por natureza, o cristão passa a ser justo.

Mas a ordenança de Rom 13.14 não se refere à

justificação, mas à santificação.

Entretanto o ato de se revestir de Cristo só pode ser

cumprido por aqueles que já foram justificados e

regenerados.

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Devemos nos revestir de Cristo, continuamente, para

que a santidade de Cristo seja reproduzida em nossa

conduta diária.

Se é a Cristo que devemos ir para obter o perdão e a

justificação, não devemos ir a outro para obter a

santificação (I Cor 1.30).

Havendo começado com Jesus, devemos seguir com Ele

até o fim.

Devemos andar no mundo como Cristo andava.

Uma pergunta deve acompanhar o cristão em todas as

áreas de atividades e situações de sua vida:

“o que faria Jesus em meu lugar?”, e sua ação deve ser

norteada pela resposta a tal pergunta.

É pela vida de Jesus que devemos modelar a nossa.

O motivo ativo e potente que nos encoraja a imitar Jesus

como nosso modelo é a santificação das nossas almas.

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Acheguemo-nos ao Senhor e Ele nos dará o vigor que nos

falta.

Sem a graça que está em Cristo Jesus não é possível ter

a verdadeira santidade.

O próprio Moisés e todos os que agradaram a Deus na

dispensação da lei foram assistidos e fortificados pela

graça, que também operou mediante a fé.

A fonte da verdadeira santidade está em que “o pecado

não terá domínio sobre vós; pois não estais debaixo da

lei, e sim, da graça.”.

Todos os que agradam a Deus não são os que se deixam

constranger pela força dos Seus mandamentos, como

quem serve a um rude patrão, mas, são os que O servem

como filhos que estimam e amam a seu Pai.

A motivação do cristão deve repousar na gratidão pela

graça e redenção de Jesus, que lhe trouxe a salvação.

Não é no Sinai que deve buscar o estímulo à sua

santidade, mas no Calvário.

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Inflamado de amor pelo Salvador, que morreu por ele,

será a sua felicidade estar pronto para viver ou para

morrer, para trabalhar ou para sofrer pelo seu Senhor.

O desejo de ser louvado e o temor de ser censurado não

são motivos para a santidade, são indignos de quem

pertence a Cristo.

O servo do Senhor não pode se fazer servo dos homens,

agindo como que para agradar a homens.

Antes, a glória do seu Mestre é sua paixão, e tudo o mais

é sem importância.

Dizer “revesti-vos do Senhor Jesus Cristo” é o mesmo

que dizer, “revesti-vos da perfeição”.

Assim, o cristão deve se revestir das virtudes que fazem

parte do caráter de Jesus.

Não de parte destas virtudes, mas de todas elas.

Não é somente sua humildade ou doçura, ou amor, ou

zelo o que devemos imitar, mas a sua completa

santidade.

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A nossa comunhão com Cristo deve ser tão íntima, que

a sua personalidade possa ser reproduzida em nós.

A nossa vontade deve ser conformada à dEle.

É a vontade de Deus que sejamos cada vez mais

semelhantes a Jesus (Rom 8.29).

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6 – Os Componentes da Santificação

Lendo o texto de Col 3.12-14 vemos que Paulo está

descrevendo o traje do cristão.

As vestes que ali são descritas devem ser usadas

permanentemente.

Nenhuma delas deve ser deixada de lado.

Todas devem ser vestidas.

Não apenas no domingo, mas durante todos os dias da

semana.

As primeiras vestes citadas são a misericórdia e a

bondade.

Somos tão misericordiosos, benignos, ternos e

compassivos com os nossos semelhantes como é o

próprio Cristo?

Pela santificação, obtivemos este traje, e estamos com

ele vestidos?

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Esforçamo-nos para alcançá-lo?

Se não, a nossa alegada santidade está nua em parte.

Longe de nós a presunção da igreja de Laodiceia que lhe

custou a reprimenda de Apo 3.17.

Em seguida são citadas como parte do vestuário de

Cristo, a mansidão e a humildade.

Jesus não oprime nem tiraniza a ninguém.

Ele foi sempre humilde, manso e cheio de graça, sendo

o Mestre de todos, e o Senhor dos senhores.

Somos arrogantes e duros de coração por natureza. É

somente pelo trabalho de quebrantamento do Espírito

Santo que deixamos de sê-lo.

Há também os vestidos da longanimidade e da

paciência, no trato com os semelhantes.

Há cristãos que se não fazem tudo a seu gosto, logo se

encolerizam.

São egoístas, obstinados, iracundos e suscetíveis.

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33

Não se sujeitam à disciplina do Espírito Santo, e nem à

autoridade da Palavra de Deus.

A verdade que servem é a própria, engendrada por sua

imaginação e sentimentos carnais.

Estas vestes da velha natureza devem ser trocadas pelas

vestes de Jesus, da longanimidade (tardio em se irar) e

da paciência.

Devemos ser pacientes ainda quando tenhamos sido

vítimas de grandes injustiças: mais vale sofrer do que

devolver mal por mal (Rom 12.17-21; I Pe 2.19-23; 4.12-

14).

O apóstolo segue dizendo:

“Perdoai-vos mutuamente...”.

Não é evidente que tal ensino não é da terra, mas que

nos veio do céu?

Tratemos pois de colocá-lo em ação.

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Vesti-vos do Espírito de Cristo, e sua língua não soltará

palavras tão amargas.

Vesti-vos do seu amor, e seu coração não abrigará

sentimentos tão ásperos.

Que suas almas se encham de sua santidade, e de boa

vontade perdoarão, não sete, mas setenta vezes sete.

Agora, o cinturão que mantém em seu lugar cada peça

deste vestuário espiritual é:

“Acima de tudo isto, porém, esteja o amor, que é o

vínculo da perfeição.”.

Este cinturão é divino: o amor.

Tudo o que temos feito tem muito pouco valor se nossas

animosidades não têm sido sepultadas com o velho

homem.

Ainda que tenhamos muitos defeitos, que não nos falte

o amor pelo Senhor e por nossos semelhantes.

E finalmente:

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“a paz de Deus governe os seus corações e sejam

agradecidos.”.

A gratidão deve ser achada entre os discípulos de Jesus.

Bem-aventurada a alma que está em plena possessão de

si mesma, sempre tranquila e descansada.

Se desejamos ser semelhantes a Jesus devemos estar

vestidos da Sua paz.

Uma pessoa santa, além das virtudes destacadas em Col

3.12-14 também possui: submissão, domínio próprio,

auto negação, amor fraternal por seus irmãos em Cristo,

pureza de coração, temor de Deus, fidelidade em todos

os deveres e relacionamentos, e todas as demais

virtudes que caracterizam o cristão fiel, segundo o que

está revelado na Bíblia.

Apesar de estarmos revestidos de Jesus, temos

necessidade ainda de lutar contra a carne como se diz

em Rom 13.14.

Não devemos ser indulgentes com a carne, nem

desculpá-la.

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36

Nunca digamos: “Cristo me tem perdoado porque tenho

mau gênio, e não posso livrar-me dele.”.

Nunca justifiquemos aquilo que em nós não se encontra

na natureza de Cristo.

Alguém pode dizer: “Sou muito alegre por natureza e

assim, um pouco de prazer mundano me é necessário.”.

Jogo perigoso é este!

Está fazendo o que a Palavra proíbe.

Está adulando a carne para satisfazer os seus desejos.

Cuidado!

Não se deve dar trégua ao pecado, nem por um dia, uma

hora, um minuto, um segundo.

Nossa obediência deve ser sem interrupção.

Não devemos consentir que a carne levante a cabeça,

pois não se pode saber até onde é capaz de nos arrastar.

A carne é voraz e nunca se sacia.

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Só se vê a Deus com Santificação

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Não devemos lhe dar nem ainda as migalhas que caem

da mesa.

Revesti-vos do Senhor Jesus e já não haverá lugar para

as concupiscências da carne.

O pecado está onde Cristo não está.

Qual é o vestido de casamento que nos fará dignos de ir

ao encontro de Cristo e participar do Seu triunfo? É o

próprio Cristo.

Se aqui neste mundo Ele é meu adorno, e minha

formosura, posso estar seguro de que Ele será minha

glória durante a eternidade.

A carne é tão ardilosa que os próprios mandamentos de

Deus, que nos são dados para vida (Rom 7.10), ela os

utiliza para reviver o pecado (a carne gosta do que é

proibido – Rom 7.9), e assim, o pecado, se prevalecendo

do mandamento, pelo próprio mandamento nos engana

e mata (Rom 7.11).

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Só se vê a Deus com Santificação

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Diante de um inimigo tão ardiloso, que ainda opera na

natureza terrena do cristão, toda vigilância e cuidado

são poucos.

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7 – A Medida da Santificação

Nunca podemos dizer que a santificação chega ao

amadurecimento e perfeição total, ou que todas as virtudes citadas até aqui, especialmente as de Col 3.12-14, sejam achadas em total florescimento e força, para que possamos dizer que a pessoa é santa.

Não, longe disto.

A santificação é sempre um trabalho progressivo, e

consoante a concessão da graça do evangelho, que

trabalha muito mais com a nossa consagração a Deus e

à Sua Palavra, do que com a nossa perfeição presente,

quanto aos nossos pensamentos, motivações,

sentimentos e ações.

As virtudes ou graças de algumas pessoas são como

plantas em germinação, em outras, como plantas

crescidas, e ainda em outras como plantas maduras com

frutos.

Mas todas elas tiveram um começo.

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Nós nunca devemos desprezar “o dia dos humildes

começos” (Zac 4.10). E a santificação neste mundo, no

melhor dos snaos, é um trabalho imperfeito.

Spurgeon disse:

A história dos maiores santos que já viveram contém

muitos “poréns”, “todavias” e “emboras”.

O ouro nunca será sem algumas escórias e nós nunca

brilharemos sem algumas nuvens, até que alcancemos a

Jerusalém celestial.

Os homens e mulheres mais santificados têm tido

muitas manchas e defeitos, quando comparados com o

padrão elevado e santo da Palavra de Deus.

Suas vidas estão continuamente em guerra com o

pecado, e o diabo; e algumas vezes vocês os verão não

submetendo o Inimigo e a carne, mas sendo

submetidos.

Assim, não é pelo tanto que ainda haja de imperfeições

e fraquezas em nós, que estaremos impedindo ou

desacelerando o processo de santificação, mas o quanto

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não nos arrependemos do nosso procedimento

contrário à vontade de Deus.

Enquanto tivermos o temor do Senhor e da Sua Palavra,

enquanto confessarmos os nossos pecados, e nos

arrependermos de nossas más obras, buscando andar

do modo que Deus aprova, sempre haverá esperança

para o nosso caso, quanto a fazermos progresso em

santificação.

Afinal, a carne está sempre lutando contra o Espírito, e

o Espírito contra a carne, e “todos nós tropeçamos em

muitas coisas” (Tg 3.2; Gál 5.17).

Mas todo verdadeiro cristão, renascido do Espírito,

perseguirá o alvo da santificação.

E corajosa e confiantemente eu digo, que a verdadeira

santificação é uma grande realidade.

Ela é algo que pode ser visto nos homens e mulheres, e

mesmo em crianças, e que pode ser sentido por todos

ao seu redor.

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Eu sei que o caminho pode ir de um ponto a outro, e ter

muitas curvas e deformações, e a pessoa pode ser

verdadeiramente santa, e ainda ser rodeada por muitas

fraquezas.

O ouro não é menos ouro porque está misturado com

algum liga metálica; nem a luz é menos luz porque é

fraca e turva; nem a graça é menos graça porque é jovem

e fraca.

Mas depois de todas estas considerações eu não posso

dizer que uma pessoa mereça ser chamada

“santificada”, que deliberadamente se permite

continuar habitualmente nos seus pecados, e que não se

sente envergonhada por causa deles. Eu não ousaria

chamar de “santo” quem faz um hábito deliberado

negligenciar os deveres conhecidos, e que pratica aquilo

que sabe que Deus tem claramente proibido em Sua

Palavra.

John Owen se expressou muito bem quanto a isto: “Eu

não entendo como um homem pode ser um cristão

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verdadeiro sem que o seu pecado não lhe seja a maior

aflição, tristeza e problema.”.

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8 - Estamos Santificados?

J. C. Riley nos faz esta pergunta em um de seus

memoráveis sermões.

Esta é a pergunta de maior importância para as nossas

almas.

Se a Bíblia é a verdade, e é certo que é, a menos que nós

sejamos santificados, nós não seremos salvos.

Há três coisas que de acordo com a Bíblia, são

absolutamente necessárias à salvação de cada homem e

mulher cristão.

Estas três coisas são a justificação, a regeneração e a

santificação. Aquele em quem falte alguma destas três

coisas, não poderá ir para o céu quando morrer.

Onde, então está o dano em perguntar, “estamos

santificados?”.

Estranhas doutrinas têm se levantado ultimamente

sobre todo o assunto da santificação.

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Alguns parecem confundi-la com a justificação. Outros a

fragmentam em nada, sob o pretenso zelo pela livre

graça.

Outros levantam um erro de uma santificação padrão

diante dos seus olhos, e falham ao tentar alcançá-la em

suas vidas através de repetidas mudanças de igreja a

igreja, na vã esperança que eles acharão o que eles

desejam.

Num dia como este, o calmo exame da pergunta em

título, pode ser de grande utilidade para nossas almas.

Quanto maior a santificação, maior a consciência

espiritual de que se estava morto, separado da vida de

Deus, e da comunhão com Ele, porque o oposto disto,

ou seja, vida e comunhão, crescem à medida que a

santificação aumenta em graus.

Muitos se iludem por sentimentos, dizendo que sentem

algo lhes dizendo no seu interior que são salvos.

Apesar de o Espírito Santo testificar com o nosso espírito

que fomos salvos, não se pode ter por seguro que toda

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voz ouvida no coração seja do Espírito, porque a carne

ou o Inimigo poderão nos enganar.

Então essa testificação do Espírito Santo, aumenta em

graus, naqueles que se santificam.

E é especialmente pela constatação pessoal do aumento

das suas graças transformadoras em nós, que podemos

ter a plena certeza que somos de fato de Cristo (pelo

aumento da longanimidade, do amor aos irmãos e a

Deus, da benignidade, paciência etc).

O Espírito nunca permanece adormecido e ocioso na

alma: Ele sempre faz Sua presença conhecida pelo fruto

que Ele produz no coração, no caráter e na vida.

“O fruto do Espírito”, diz Paulo, “é amor, alegria, paz,

longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade,

mansidão, domínio próprio,” (Gál 5.22,23).

Quando estas coisas são encontradas, há o Espírito:

quando estas coisas não existem, os homens estão

mortos diante de Deus.

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O Espírito é comparado ao vento, e, como o vento, Ele

não pode ser visto pelos nossos olhos de carne.

Mas assim como nós conhecemos o efeito que o vento

produz nas ondas, nas árvores, na fumaça, assim nós

podemos saber que o Espírito está no homem pelos

efeitos que Ele produz na conduta dos homens.

É possível supor que nós temos o Espírito, se nós

também “andarmos no Espírito” (Gál 5.25), produzindo

o fruto que é consequente dessa santa

Assim, os que são realmente “guiados pelo Espírito de

Deus, são filhos de Deus.” (Rom 8.14).

A santificação, ainda, é uma coisa que sempre será vista,

assim como a Grande Cabeça da Igreja, de quem isto

procede, não pode ser escondida.

Cada árvore é conhecida pelo seu próprio fruto (Lc 6.44).

Uma pessoa verdadeiramente santificada pode ser tão

vestida de humildade, que ela pode ver em si mesma,

nada além de fraquezas e defeitos.

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Como Moisés, quando ele veio ao monte, ele pode não

ter tido consciência que sua face brilhava.

Como os justos na importante parábola das ovelhas e

dos bodes, que não podiam ver que eles tinham feito

algo para o seu Mestre quando o fizeram a outros (Mt

25.37).

Mas ainda que não vejam isto em si mesmos ou não,

outros sempre verão neles, um tom, um caráter e uma

forma de vida não vista em outros homens.

A luz pode ser muito turva, mas se houver somente uma

centelha num quarto escuro, ela será vista.

A vida pode estar muito débil, mas se houver pulsação,

ainda que fraca, isto será percebido. É exatamente o

mesmo que ocorre com o homem santificado: sua

santificação será algo sentido e visto, embora ele

mesmo não possa compreender isto. Um santo em

quem nada pode ser visto mas mundanismo ou pecado,

é um tipo de monstro não reconhecido pela Bíblia.

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A santificação, ainda, é uma coisa pela qual cada cristão

é responsável.

Cada homem na terra é responsável diante de Deus, e

todos os perdidos estarão mudos e sem desculpas no

último dia.

Cada homem tem poder para “perder sua própria alma”

(Mt 16.26).

Deus tem dado aos cristãos graça e um novo coração, e

uma nova natureza, de modo que tem negado a eles

toda a desculpa, caso não vivam para o Seu louvor.

Este é um ponto que é muito esquecido.

Um homem que professa ser um verdadeiro cristão,

enquanto se assenta ainda, contente com um muito

baixo grau de santificação (se de fato ele tem alguma), e

friamente diz que ele “nada pode fazer quanto a isto”, é

de fato uma muito lamentável visão, de um homem

muito ignorante.

Contra esta ilusão deixem-nos vigiar e estar em guarda.

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Se o Salvador de pecadores nos der uma graça

renovadora, e nos chamar, pelo Seu Espírito, nós

podemos estar certos que Ele espera que usemos a

nossa graça, e que não venhamos a dormir como os

demais.

É o esquecimento disto a causa de muitos cristãos

entristecerem o Espírito Santo, e se tornarem inúteis.

A santificação, ainda, é uma coisa que permite o

crescimento e o progresso.

Um homem pode escalar um degrau após outro em

santidade, e ser mais santificado num período de sua

vida do que em outro.

Mais perdoado e mais justificado do que era quando

creu no princípio ele não pode ser, embora ele possa

sentir isto com mais intensidade.

Mais santificado ele certamente pode ser, porque cada

graça em seu novo caráter pode ser fortalecida,

ampliada e aprofundada.

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Este é o evidente significado da última oração de nosso

Senhor por seus discípulos, quando ele usou as palavras,

“santifica-os” (Jo 17.17), e Paulo orou pelos

tessalonicenses “o mesmo Deus da paz vos santifique

em tudo” (I Tes 5.23).

Em ambos os casos a expressão claramente implica a

possibilidade de aumento da santificação; enquanto que

uma expressão paralela como “justifica-os” nunca é

encontrada uma só vez nas Escrituras, aplicada aos

cristãos, porque eles não podem ser mais justificados do

que eles já estão.

A justificação é recebida de uma vez para sempre na

conversão e não é portanto um processo.

Já a santificação é um processo que dura toda a vida.

A ideia de uma “santificação imputada” numa

experiência de poder em avivamento do Espírito não

tem respaldo bíblico e contraria a verdade da Palavra e

da própria experiência prática, porque não existe uma

santificação completa que se receba de uma vez para

sempre em determinado momento da vida.

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Só se vê a Deus com Santificação

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O que pode ocorrer é um renovo espiritual que desperte

a santidade que estava adormecida, mas esta

necessitará ser sempre mantida e renovada e

aumentada.

A ordem de Cristo em Apocalipse é que o que é santo,

santifique-se mais ainda.

Isto denota a necessidade de exercício espiritual, de

disciplina, de esforço, de vigilância constante,

perseverança e diligência.

Há necessidade de formação progressiva de um hábito

de santidade na vida, em todas as suas áreas.

Se há um ponto em que os santos mais consagrados a

Deus concordam, é este que eles veem mais, e

conhecem mais, e sentem mais, e fazem mais, e se

arrependem mais, e creem mais, à medida que avançam

na vida espiritual, e em proporção à intimidade da sua

caminhada com Deus.

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Em resumo, eles crescem na graça, como Pedro exorta

os cristãos a fazerem (II Pe 3.18), e progridem cada vez

mais, conforme as palavras de Paulo em I Tes 4.1.

A santificação, ainda, é uma coisa que depende

grandemente do diligente uso dos meios das Escrituras.

Quando eu falo “meios” eu me refiro à leitura da Bíblia,

à sua prática na vida, à presença regular à adoração

pública, a regular escuta da Palavra de Deus, a

constância na oração, e a regular recepção da Ceia do

Senhor.

Eu não posso achar qualquer exemplo de algum santo

eminente que sempre tenha negligenciado tais coisas.

Elas são apontadas como canais através dos quais o

Espírito Santo conduz novos suprimentos da graça à

alma, e fortalece a obra que ele tem começado no

homem interior (nova criatura, nova natureza).

Deixem os homens chamarem isto de deveres legalistas.

Que o façam se lhes agrada, mas eu nunca recuarei em

declarar minha crença de que não há ganhos espirituais

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sem esforço ou sofrimento. Eu seria como um agricultor

que espera prosperar em seu negócio, se contentando

em semear seu campo e nunca cuidar dele até a

colheita.

Assim é o cristão que espera alcançar muita santidade

mas que nunca foi diligente na leitura da sua Bíblia, em

suas orações, e no uso do dia do Senhor, para a adoração

e serviço.

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9 – O Motivo

Apesar de tudo que já foi dito anteriormente ainda

há espaço para refletirmos sobre o motivo pelo qual não se pode ver a Deus sem santificação.

Creio que o principal motivo decorre do fato de ser Deus

santo, decorre da Sua própria santidade que demanda

de todo ser moral e espiritual que seja também santo

para que possa participar da Sua natureza divina.

Por isso Jesus, sendo Deus se fez homem, para que nós

também pudéssemos participar da Sua natureza

essencial.

Há um dito que afirma que arara voa no bando de araras

e não no de urubus.

É a indicação da natureza que temos que nos torna

participantes da unidade com nossos semelhantes.

E então é somente pela santidade que podemos ser

tornados semelhantes a Deus.

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Não se exige de nós a Sua Onipotência, a Sua

Onipresença, a Sua Onisciência divina, mas com certeza,

é exigido de nós que sejamos santos assim como ele é

santo. É nisto que consiste a nossa semelhança com

Deus, a propósito, para a qual fomos projetados desde

o princípio da criação.