síndrome de wallenberg: estudo retrospetivo no centro ... · síndrome de wallenberg: estudo...
TRANSCRIPT
-
UNIVERSIDADE DA BEIRA INTERIOR
Ciências da Saúde
Síndrome de Wallenberg:
Estudo Retrospetivo no Centro Hospitalar
Universitário da Cova da Beira
Ana Rita dos Santos Almeida
Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em
Medicina (Ciclo de estudos integrado)
Orientador: Professor Doutor Francisco José Alvarez Pérez
Covilhã, maio de 2019
-
Síndrome de Wallenberg: Estudo Retrospetivo no Centro Universitário Hospitalar da Cova da Beira
ii
Dedicatória
À minha mãe.
-
Síndrome de Wallenberg: Estudo Retrospetivo no Centro Universitário Hospitalar da Cova da Beira
iii
Agradecimentos
Ao Professor Doutor Francisco Alvarez, orientador deste projeto, pela iniciativa na definição do
tema, por toda a acessibilidade e disponibilidade no esclarecimento de dúvidas, por todos os
conselhos, pelo interesse sempre envolvido.
A todos os meus amigos e família, que sempre acreditaram em mim e me apoiaram em todas
as etapas da minha vida.
À C’a TunaMUs, para sempre a minha família da Covilhã, por todo o apoio incondicional e
momentos de lazer, por me ensinarem que a vida é muito mais do que estudar.
Ao Filipe, por todas as quedas amparadas, por todas as palavras de ânimo, pelo aconchego do
abraço sempre disponível, por todo o amor e carinho. Graças a ele aprendi a confiar nas minhas
capacidades e a valorizar-me. Tornou-me uma pessoa melhor. Tornou o meu mundo mais
bonito.
Ao meu pai, que sempre me motivou para alcançar a excelência. Sem ele este sonho não seria
possível.
À Inês, minha irmã e amiga, pela cumplicidade e apoio, por festejar todas as minhas vitórias e,
principalmente, por todos os desentendimentos e conflitos que me ensinaram a não me
contentar com o fácil.
À minha mãe, a quem dedico este trabalho, a mulher mais forte e destemida que conheço,
pelos conselhos mais sábios, compreensão e constante encorajamento. Ensinou-me a não
desistir ao primeiro obstáculo e a lutar sempre por todos os meus sonhos.
-
Síndrome de Wallenberg: Estudo Retrospetivo no Centro Universitário Hospitalar da Cova da Beira
iv
Resumo
Introdução: O Síndrome de Wallenberg (SW) é, maioritariamente, provocado pela oclusão da
artéria cerebelar inferior posterior (PICA), sendo o síndrome cerebrovascular mais frequente
da circulação posterior. Tem uma apresentação clínica atípica o que, associado à falta de
tradução imagiológica precoce, leva a erros e atrasos no diagnóstico. Este estudo propõe-se a
analisar as características epidemiológicas e a apresentação clínica de um conjunto de
pacientes internados na Unidade de Acidentes Vasculares Cerebrais (UAVC) do Centro Hospitalar
Universitário da Cova da Beira (CHUCB) diagnosticados com este síndrome, assim como o
intervalo de tempo desde o início dos sintomas até ao seu internamento.
Materiais e Métodos: Foi realizado um estudo de cariz retrospetivo que engloba todos os
enfartes da circulação posterior (POCI) (n=120), excluindo os lacunares, que resultaram em
internamento na UAVC do CHUCB, nos anos 2007, 2008, 2009, 2010, 2014 e 2017. Como casos
controlo, foram analisados 782 pacientes cujos acidentes vasculares cerebrais (AVC) foram
classificados como enfartes totais da circulação anterior (TACI) ou enfartes parciais da
circulação anterior (PACI). Foram analisadas as seguintes variáveis: fatores de risco; número de
visitas ao serviço de urgência (SU) do CHUCB com a mesma sintomatologia; tempo decorrido
desde o AVC até ao internamento; grau de dependência à alta; taxa de mortalidade durante o
internamento e durante o primeiro ano após o internamento; topografia da lesão; mecanismo
fisiopatológico da lesão; sinais e sintomas registados no episódio da urgência; métodos
imagiológicos utilizados.
Resultados: Os POCI’s são mais comuns no sexo masculino (53,3%). Não se verificou associação
estatisticamente significativa entre os mecanismos de lesão e a topografia da mesma (p=0,159).
Em 98,33% dos casos foi utilizado a tomografia computorizada (TC) como primeiro exame
imagiológico. Dos fatores de risco apenas a cardiopatia isquémica (p=0,005) se mostrou
estatisticamente significativa. Quanto à apresentação clínica, nenhum dos sinais avaliados no
SU se mostrou estatisticamente significativo e, dos sintomas, apenas as cefaleias (p=0,017), a
vertigem (p=0,005) e a alteração do estado de consciência (p
-
Síndrome de Wallenberg: Estudo Retrospetivo no Centro Universitário Hospitalar da Cova da Beira
v
Palavras-chave
POCI, Síndrome de Wallenberg, Tempo até ao diagnóstico, Recorrência ao SU, Vertigem.
-
Síndrome de Wallenberg: Estudo Retrospetivo no Centro Universitário Hospitalar da Cova da Beira
vi
Abstract
Introduction: Wallenberg’s Syndrome (WS) is mostly caused by occlusion of the posterior
inferior cerebellar artery (PICA), being the most common cerebrovascular syndrome of the
posterior circulation. It has an atypical clinical presentation which, associated with the lack of
early imaging translation, leads to errs and delays in the diagnosis. This study proposes to
analyse the epidemiological characteristics and clinical presentation of a set of patients
admitted in the stroke unit (UAVC) of the Centro Hospitalar Universitário da Cova da Beira
(CHUCB) diagnosed with this syndrome, as well as the interval of time since the beginning of
the symptoms until their hospital admission.
Materials and methods: A retrospective study was performed, which includes all the posterior
circulation infarcts (POCI) (n=120), excluding the lacunar, which resulted in hospital admission
in the UAVC of the CHUCB, in the years 2007, 2008, 2009, 2010, 2014 and 2017. Afterwards,
782 patients which strokes (AVC) were classified as total anterior circulation infarcts (TACI) or
partial anterior circulation infarcts (PACI) were analysed, as comparison. The following
variables were analysed: risk factors; number of trips to the emergency service (ER) of the
CHUCB with the same symptoms; time since the stroke until the hospital admission; degree of
dependency upon hospital discharge; mortality rate during hospital admission and during the
first year after hospital admission; topography of the lesion; pathophysiological mechanism of
the lesion; signs and symptoms registered in the emergency episode; imagiological methods
used.
Results: POCI are more common in the male sex (53,3%). No statistically significant association
was observed between the mechanisms of lesion and their topography (p=0,159). In 98,33% of
the cases the Computed Tomography (CT scan) was used as the first imagiological examination.
Of the risk factors only the ischemic cardiopathy (p=0,005) showed to be statistically
significant. As for the clinical presentation, none of the signs evaluated in the ER showed to be
statistically significant and, as for the symptoms, only the headaches (p=0,017), the vertigo
(p=0,005) and the change in the state of consciousness (p
-
Síndrome de Wallenberg: Estudo Retrospetivo no Centro Universitário Hospitalar da Cova da Beira
vii
Keywords
POCI, Wallenberg Syndrome, Time until diagnosis, Recurrence to the ER, Vertigo.
-
Síndrome de Wallenberg: Estudo Retrospetivo no Centro Universitário Hospitalar da Cova da Beira
viii
Índice
Dedicatória ..................................................................................................... ii
Agradecimentos ............................................................................................... iii
Resumo ......................................................................................................... iv
Palavras-chave ................................................................................................. v
Abstract......................................................................................................... vi
Keywords ...................................................................................................... vii
Índice ......................................................................................................... viii
Lista de Figuras................................................................................................. x
Lista de Tabelas ............................................................................................... xi
Lista de Acrónimos........................................................................................... xii
1. Introdução .............................................................................................. 13
2. Materiais e Métodos ................................................................................... 15
2.1 Tipo de Estudo ........................................................................................ 15
2.2 Critérios de Inclusão e de Exclusão ............................................................... 15
2.3 Recolha de Dados ..................................................................................... 15
2.4 Análise Estatística .................................................................................... 17
3. Resultados............................................................................................... 18
3.1 Análise Descritiva da Amostra ...................................................................... 18
3.1.1 Distribuição da amostra segundo a Topografia de Lesão .......................................... 18
3.1.2 Mecanismo da Lesão .................................................................................................. 19
3.1.3 Mortalidade ................................................................................................................ 20
3.2 Análise Estatística dos Fatores de Risco .......................................................... 22
3.3 Análise Estatística dos Sinais e Sintomas ......................................................... 23
3.4 Análise Estatística dos Métodos Imagiológicos utilizados ..................................... 28
3.5 Análise Estatística do Número de Visitas ao Serviço de Urgência ........................... 28
3.6 Análise Estatística do Tempo desde o AVC até ao internamento ............................ 30
3.7 Análise Estatística do Grau de Dependência à alta ............................................ 31
4. Discussão ................................................................................................ 33
5. Limitações e Potencialidades ........................................................................ 37
-
Síndrome de Wallenberg: Estudo Retrospetivo no Centro Universitário Hospitalar da Cova da Beira
ix
6. Conclusão ............................................................................................... 38
Referências Bibliográficas .................................................................................. 40
Anexos ......................................................................................................... 44
Anexo 1 - Aprovação da Comissão de Ética da Universidade da Beira Interior ................. 44
Anexo 2 – Escala do NIH .................................................................................. 45
Anexo 3 – Escala de Rankin Modificada ................................................................ 46
Anexo 4 – Escala de Barthel ............................................................................. 47
-
Síndrome de Wallenberg: Estudo Retrospetivo no Centro Universitário Hospitalar da Cova da Beira
x
Lista de Figuras
Figura 1 - Distribuição da topografia da lesão por sexo .............................................. 18
Figura 2 - Mecanismo da lesão ............................................................................ 19
Figura 3 - Mecanismos de lesão por topografia afetada. ............................................. 19
Figura 4 - Mortalidade durante o internamento ....................................................... 20
Figura 5 - Distribuição da mortalidade durante o internamento por topografia da Lesão ..... 20
Figura 6 - Mortalidade durante o primeiro ano após o internamento. ............................. 21
Figura 7 – Distribuição dos fatores de risco em 2 grupos por topografia da lesão. .............. 23
Figura 8 – Distribuição dos sintomas por topografia da lesão. ...................................... 27
Figura 9 - Distribuição dos sinais por topografia da lesão. .......................................... 27
Figura 10 – Distribuição do número de idas ao serviço de urgência por topografia da lesão. . 29
Figura 11 – Distribuição do Grupo A e do Grupo B por topografia da lesão. ...................... 29
Figura 12 – Distribuição do Grupo X e do Grupo Y por topografia da lesão. ...................... 30
Figura 13 – Avaliação do grau de dependência à alta por topografia da lesão, segundo a Escala
de Barthel. .................................................................................................... 31
Figura 14 - Avaliação do grau de dependência à alta por topografia da lesão, segundo a Escala
de Rankin Modificada. ...................................................................................... 32
-
Síndrome de Wallenberg: Estudo Retrospetivo no Centro Universitário Hospitalar da Cova da Beira
xi
Lista de Tabelas
Tabela 1 – Distribuição dos fatores de risco por topografia da lesão. ............................. 22
Tabela 2 – Frequência dos sintomas descritos no SU.. ................................................ 24
Tabela 3 – Frequência dos sinais descritos no SU.. .................................................... 24
Tabela 4 – Distribuição dos sintomas descritos no serviço de urgência por topografia da lesão.
.................................................................................................................. 25
Tabela 5 – Distribuição dos sinais avaliados no exame objetivo do SU por topografia da lesão.
.................................................................................................................. 26
-
Síndrome de Wallenberg: Estudo Retrospetivo no Centro Universitário Hospitalar da Cova da Beira
xii
Lista de Acrónimos
AB Artéria Basilar
AC Artérias Cerebelares
AV Artéria Vertebral
AVC Acidente Vascular Cerebral
bHIT Bedside Head Impulse Test
CHUCB Centro Hospitalar Universitário da Cova da Beira
HDL Lipoproteína de Alta Densidade
HINTS Head Impulse, Nystagmus, Test of Skew
LACI Enfarte cerebral lacunar
LDL Lipoproteína de Baixa Densidade
NC Nervo Craniano
NIHSS National Institute of Health Stroke Scale
OCSP Oxfordshire Community Stroke Project
PACI Enfarte cerebral parcial da circulação anterior
PICA Artéria cerebelar posterior inferior
POCI Enfarte cerebral da circulação posterior
RMN Ressonância Magnética
SAM Sistema de Apoio ao Médico
SPSS Statistical Package for the Social Sciences
SU Serviço de Urgência
SW Síndrome de Wallenberg
TACI Enfarte cerebral total da circulação anterior
TC Tomografia Computorizada
TOAST Trial of Org 10172 in Acute Stroke Treatment
UAVC Unidade de AVC
Valor-p Valor de prova
-
Síndrome de Wallenberg: Estudo Retrospetivo no Centro Universitário Hospitalar da Cova da Beira
13
1. Introdução
Os Acidentes Vasculares Cerebrais (AVC) são a segunda causa de morte e a principal causa de
morbilidade em todo o mundo (1). De forma global, a morbilidade por AVC aumentou
substancialmente nas últimas décadas devido a um aumento da população, da esperança média
vida e dos fatores de risco cardiovasculares, associado a uma diminuição das taxas de
mortalidade, especialmente em países de baixo e médio rendimento (1).
Apesar deste cenário, em 2016, em Portugal, a análise dos indicadores de mortalidade e
morbilidade demonstrou uma diminuição no que diz respeito ao paradigma das doenças
cerebrovasculares, em particular, no AVC (2). Esta diminuição deve-se, principalmente, a uma
adoção de medidas preventivas mais eficientes e a uma melhoria dos meios complementares
de diagnóstico (2).
Cerca de um quinto dos AVC’s afeta a circulação posterior e, apesar desta incidência
relativamente elevada (3), a maioria destes não é diagnosticado (4). Isto deve-se,
particularmente, à presença de sintomas não específicos e às maiores dificuldades diagnósticas
quando comparados com os AVC’s da circulação anterior (3).
Um síndrome cerebrovascular é um conjunto de sinais e sintomas que têm como causa um
evento isquémico numa determinada topografia cerebral que pode ser identificada consoante
a combinação de queixas do paciente (5).
O SW é um dos síndromes cerebrovasculares e consiste num conjunto de sinais e sintomas
provocados pela oclusão da artéria vertebral ou de um dos seus ramos, sendo o mais frequente
a artéria cerebelar posterior inferior (PICA) (6). Na prática clínica, é o síndrome cerebrovascular
mais frequente da circulação posterior, tendo como principal fator de risco a hipertensão
arterial (6). Epidemiologicamente, é mais frequente no sexo masculino, na sexta década de
idade (6).
Tendo em conta a localização da lesão, o Gold Standard para o diagnóstico é a Ressonância
Magnética (RMN) (3). Dada a não realização, de forma rotineira, deste exame em serviço de
urgência (SU), é possível que a lesão passe muitas vezes despercebida nos restantes exames
imagiológicos, o que provoca um atraso no diagnóstico (7).
Os pacientes com SW podem apresentar-se com vertigem, síndrome de Horner ipsilateral,
ataxia da marcha, perda de sensibilidade à dor e temperatura na face ipsilateral e corpo
contralateral (8). A fraqueza dos músculos bulbares também pode fazer parte da apresentação
clínica dos pacientes com SW, podendo levar a rouquidão e a disfagia (8). Apesar disto, é muito
rara a presença de todos estes sintomas em simultâneo (6), podendo ser a vertigem a única
queixa (9).
-
Síndrome de Wallenberg: Estudo Retrospetivo no Centro Universitário Hospitalar da Cova da Beira
14
Dos síndromes que têm como origem um evento cerebral isquémico, o SW é um dos que tem
melhor prognóstico, tendo como principais sequelas a instabilidade da marcha, a disfagia e a
vertigem central (6,10).
Esta apresentação atípica, associada à falta de tradução imagiológica nos métodos
convencionais, leva a erros diagnósticos (8). A prova disso é que 35% dos acidentes vasculares
da fossa posterior não são diagnosticados no serviço de urgência (9).
Uma vez estabelecido o diagnóstico, deve ser tentada a reperfusão do tecido isquémico num
intervalo de tempo máximo de 6 horas de evolução clínica (11). Posteriormente, estes pacientes
devem ser internados em unidades especializadas em AVC’s, para garantir uma monitorização
contínua e personalizada (5).
Tendo em conta que o SW é o AVC mais comum da circulação posterior (6) e que tem uma
apresentação clínica atípica quando comparado com a dos síndromes cerebrovasculares da
circulação anterior (3), os objetivos deste estudo são:
• Analisar as características epidemiológicas e a apresentação clínica de um conjunto de
pacientes internados na Unidade de AVC (UAVC) do Centro Hospitalar Universitário da
Cova da Beira (CHUCB) diagnosticados com SW;
• Analisar o intervalo de tempo desde o início dos sintomas até ao internamento dos
pacientes diagnosticados com SW e comparar com o mesmo intervalo de tempo nos
pacientes com PACI’s e TACI’s.
-
Síndrome de Wallenberg: Estudo Retrospetivo no Centro Universitário Hospitalar da Cova da Beira
15
2. Materiais e Métodos
2.1 Tipo de Estudo
Foi realizado um estudo de cariz retrospetivo, englobando todos os episódios de AVC isquémico
com origem na circulação posterior registados numa base de dados da UAVC do CHUCB, E.P.E.
nos anos de 2007, 2008, 2009, 2010, 2014 e 2017. Este estudo contou com a aprovação da
Comissão de Ética da Universidade da Beira Interior (Anexo 1) e do Conselho de Administração
do CHUCB, E.P.E..
2.2 Critérios de Inclusão e de Exclusão
Como forma de agrupar os pacientes consoante o sítio e a extensão do enfarte cerebral, foi
tida em conta a classificação da Oxfordshire Community Stroke Project (OCSP) (12). A OCSP
subdivide os AVC’s em quatro tipos: LACI (enfarte lacunar), TACI (enfarte total da circulação
anterior), PACI (enfarte parcial da circulação anterior) e POCI (enfarte da circulação posterior)
(12).
Neste estudo foram incluídos todos os pacientes internados na UAVC do CHUCB cujo AVC tinha
sido classificado segundo a OCSP como POCI, excluindo todos os lacunares. Dentro dos POCI,
foram considerados os AVC que ocorreram no território da artéria Vertebral, em particular da
PICA cuja afetação provoca o SW (6), os que ocorreram no território da artéria Basilar e os que
ocorreram no território das artérias Cerebelares Superiores e Anteroinferiores.
Posteriormente, foram analisados 782 pacientes cujo AVC isquémico tivera sido classificado
como TACI ou PACI (12), com o cariz de casos controlo.
2.3 Recolha de Dados
A recolha dos dados ocorreu entre dezembro de 2018 e fevereiro de 2019.
Os dados foram retirados da base de dados da UAVC do CHUCB e todos os dados em falta foram
recolhidos dos processos clínicos dos doentes através do programa de Sistema de Apoio ao
Médico (SAM) e através da plataforma ALERT®. Todos os pacientes internados no referido
período foram devidamente anonimizados, respeitando sempre a privacidade dos dados
recolhidos.
Para todos os pacientes da amostra, através da consulta dos respetivos processos clínicos com
recurso ao programa SAM e à plataforma ALERT®, foram recolhidos os seguintes dados:
• Género;
• Idade;
-
Síndrome de Wallenberg: Estudo Retrospetivo no Centro Universitário Hospitalar da Cova da Beira
16
• Fatores de risco (13):
o Hipertensão arterial;
o Fibrilação auricular;
o Diabetes mellitus;
o Cardiopatias isquémicas (antecedentes de enfarte agudo do miocárdio e/ou de
angina estável e/ou angina instável);
o AVC prévio ao internamento;
o Consumo de álcool;
o Tabagismo.
• Data de início dos sintomas que levaram ao internamento na UAVC do CHUCB;
• Data de internamento na UAVC do CHUCB;
• Número de visitas ao serviço de urgência do CHUCB com a mesma sintomatologia;
• Tempo decorrido desde o AVC até ao internamento (em dias) na UAVC do CHUCB;
• Bioquímica clínica:
o Colesterol LDL;
o Colesterol HDL;
o Colesterol total;
o Leucócitos;
o Neutrófilos;
o Linfócitos;
o Plaquetas.
• Classificação da NIHSS (Anexo 2) à data de entrada (14);
• Classificação da escala de Rankin Modificada (Anexo 3) à data de alta (15);
• Classificação da escala de Barthel (Anexo 4) à data de alta (15);
• Morte durante o internamento;
• Topografia da lesão, cuja classificação fora efetuada através da consulta dos relatórios
dos exames de imagem, nomeadamente, da Tomografia Computorizada (TC) ou da
Ressonância Magnética (RMN), para fazer a seguinte classificação:
o Artéria Vertebral, em particular a PICA;
o Artéria Basilar;
o Artérias Cerebelares Superiores e Anteroinferiores.
• Mecanismo fisiopatológico, classificado segundo os critérios TOAST (Trial of Org 10172
in Acute Stroke Treatment) (16):
o Aterotrombótico;
o Cardioembólico;
o Lacunares (não considerados neste estudo);
o Outras causas determinadas;
o Indeterminado.
-
Síndrome de Wallenberg: Estudo Retrospetivo no Centro Universitário Hospitalar da Cova da Beira
17
• Sintomas (cefaleia, distúrbios sensitivos, fraqueza, vertigem, sintomas vegetativos,
disfagia, incontinência de esfíncteres, distúrbios visuais, acufenos), descritos no
relatório do episódio de urgência que levou ao internamento na UAVC;
• Sinais (sinal de Babinski, ataxia da marcha, dismetria dos membros, disartria, paresia
do nervo craniano facial, paresia dos nervos cranianos bulbares, nistagmo), descritos
no relatório do episódio de urgência que levou ao internamento;
• Grau de dependência à alta, classificado com recurso às escalas de Rankin Modificada
e de Barthel:
o Doente dependente para as atividades da vida diária, no momento da alta do
internamento, quando:
▪ classificação na escala de Barthel ≤ 60;
▪ classificação na escala de Rankin Modificada ≥ 3 (15).
o Paciente independente para as atividades da vida diária, no momento da alta
do internamento, quando
▪ Classificação na escala de Barthel ≥ 65;
▪ Classificação na escala de Rankin ≤ 2 (15).
• Mortalidade durante o primeiro ano após a alta clínica do internamento na UAVC do
CHUCB.
2.4 Análise Estatística
Os dados foram recolhidos e organizados com recurso ao programa Statistical Package for the
Social Sciences (SPSS) – versão 25® para posterior análise e tratamento estatístico.
Primeiramente, foi realizada a análise descritiva para a caracterização da amostra.
Posteriormente, foi utilizado o teste do Qui-Quadrado de Pearson para comparar as frequências
das diversas variáveis com a variável “Topografia da lesão” (17).
Para a análise das variáveis contínuas, utilizámos a prova de Kolmogorov-Smirnov como forma
de verificar se a amostra seguia uma distribuição normal. Dado a não verificação do pressuposto
de normalidade, recorremos ao teste de Kruskal Wallis para amostras independentes (17).
Os testes de hipóteses foram considerados significativos para um nível de significância inferior
ou igual a 5% no valor de prova (valor-p) e marginalmente significativos quando este se
encontrou entre os níveis de significância de 5% e 10% (17).
-
Síndrome de Wallenberg: Estudo Retrospetivo no Centro Universitário Hospitalar da Cova da Beira
18
3. Resultados
3.1 Análise Descritiva da Amostra
Da base de dados correspondente aos anos de 2007, 2008, 2009, 2010, 2014 e 2017, foram
eliminados todos os casos que não tiveram natureza isquémica nem origem na fossa posterior,
assim como, todos os episódios isquémicos lacunares. Assim, de uma amostra total de 1683
pacientes que tiveram pelo menos um episódio isquémico que levou ao internamento, 120
estavam classificados como POCI. Daqui, pode-se inferir que 7,13% da nossa amostra é
constituída por POCI e os restantes 92,87% estavam classificados como LACI, PACI OU TACI.
Relativamente aos AVC’s classificados como POCI, a amostra foi constituída por 120 pessoas,
64 do sexo masculino (53,3%) e 56 do sexo feminino (46,7%). A média de idades foi de 75,28 ±
13,863 anos, com o intervalo de idades entre 27 e 95 anos.
3.1.1 Distribuição da amostra segundo a Topografia de Lesão
Relativamente à distribuição segundo a topografia da lesão constata-se que, de um total de 120
pacientes que constituíram a amostra, 60 pacientes (50,0%) foram afetados no território da
artéria Vertebral (AV), 35 pacientes (29,2%) foram afetados no território da artéria Basilar (AB)
e 25 pacientes (20,8%) têm como topografia da lesão as artérias Cerebelares (AC).
Dos pacientes que tinham afetação da artéria Vertebral, 36 eram homens (60%) e 24 eram
mulheres (40%) e tinham uma média de idades de 71,38 ± 13,710 anos. Dentro dos pacientes
que tinham como afetação principal a artéria Basilar, 11 eram do sexo masculino (31,4%) e 24
eram do sexo feminino 68,6%), sendo que tinham uma média de idades de 74,49 ± 14,292 anos.
Por último, do grupo cuja afetação principal estava localizada no território das artérias
Cerebelares, 17 eram homens (68%) e 8 eram mulheres (32%) sendo que tinham uma média de
idades de 71,36 ± 13,835 anos. Quando cruzadas as variáveis “topografia da lesão” e “sexo”
através da prova Qui-Quadrado de Pearson, obteve-se um resultado estatisticamente
significativo (p=0,007).
Figura 1 - Distribuição da topografia da lesão por sexo
3624
60
1124
35
178
25
0
20
40
60
80
Homens Mulheres Total
Distribuição da topografia da lesão por sexo
Artéria Vertebral Artéria Basilar Artérias Cerebelares
-
Síndrome de Wallenberg: Estudo Retrospetivo no Centro Universitário Hospitalar da Cova da Beira
19
3.1.2 Mecanismo da Lesão
No que toca ao mecanismo causador do evento, 44 pessoas tiveram como origem da lesão o
mecanismo cardioembólico (36,7%), 24 pessoas tiveram como principal mecanismo de lesão o
aterotrombótico (20,0%), em 47 pessoas não foi possível determinar o mecanismo que levou ao
evento (39,2%) e em 5 pessoas (4,1%) o mecanismo que levou à lesão isquémica é infrequente
(Figura 2).
Figura 2 - Mecanismo da lesão
Quando o mecanismo da lesão é o cardioembólico, a lesão localiza-se na artéria Vertebral em
38,6% dos casos, na artéria Basilar em 40,9% dos casos e nas artérias Cerebelares em 20,5% dos
casos. Já no que diz respeito ao mecanismo aterotrombótico, a topografia da lesão ocorre em
45,8% dos casos na artéria Vertebral, em 29,2% dos casos na artéria Basilar e em 25,0% dos
casos nas artérias Cerebelares. Quando não foi possível determinar o mecanismo de lesão, em
65,2% dos casos esta ocorreu nas artérias Vertebrais, em 17,4% dos casos ocorreu na artéria
Basilar, e em 17,4% dos casos ocorreu nas artérias Cerebelares.
Quando cruzadas as variáveis “topografia de lesão” e “mecanismo causador do evento” através
da prova Qui-Quadrado de Pearson, obteve-se um nível de significância p=0,143.
Na Figura 3 pode-se observar a distribuição dos 3 principais mecanismos de lesão
(indeterminado, cardioembólico e aterotrombótico) segundo a topografia afetada.
Figura 3 - Mecanismos de lesão por topografia afetada.
37%
20%
39%
4%
Mecanismo da Lesão
Cardioembólico Aterotrombótico Indeterminado Infrequente
39%
41%
20%
Cardioembólico
Artéria Vertebral
Artéria Basilar
Artérias Cerebelares
46%29%
25%
Aterotrombótico
Artéria Vertebral
Artéria Basilar
Artérias Cerebelares
66%17%
17%
Indeterminado
Artéria Vertebral
Artéria Basilar
Artérias Cerebelares
-
Síndrome de Wallenberg: Estudo Retrospetivo no Centro Universitário Hospitalar da Cova da Beira
20
3.1.3 Mortalidade
No que diz respeito à mortalidade durante o internamento, apenas 11 pacientes, de um total
de 120 que compõem a amostra, faleceram enquanto estavam hospitalizados (9,2%).
Figura 4 - Mortalidade durante o internamento
Entre os pacientes que faleceram, 4 tinham como afetação principal a artéria Vertebral (36,4%),
7 tinham como afetação principal a artéria Basilar (63,3%) e nenhum tinha como topografia de
lesão as artérias Cerebelares. Quando cruzadas as variáveis “topografia de lesão” e
“mortalidade durante o internamento” através da prova Qui-Quadrado de Pearson, foi obtido
um valor estatisticamente significativo (p=0,019), o que indica que, quando um paciente tem
um AVC que ocorre na AB, é mais provável que venha a falecer no internamento do que quando
esta lesão ocorre na AV ou na AC.
Figura 5 - Distribuição da mortalidade durante o internamento por topografia da Lesão
9%
91%
Mortalidade durante o internamento
SIM Não
47
0
56
2825
0
10
20
30
40
50
60
Artéria Vertebral Artéria Basilar Artérias Cerebelares
Mortalidade durante o internamento
Sim Não
-
Síndrome de Wallenberg: Estudo Retrospetivo no Centro Universitário Hospitalar da Cova da Beira
21
No que diz respeito ao tempo decorrido desde o internamento até à morte, este parâmetro foi
avaliado utilizando a prova de Kruskal-Wallis para variáveis independentes, que revelou um
nível de significância p=0,013. Tal indica que, quando a topografia da afetação é a AB, o tempo
decorrido até à morte é menor (média de 5 dias entre 1 e 6 dias) do que o dos pacientes que
têm a AV como afetação principal (média de 35 dias entre 15 e 130 dias).
Relativamente à mortalidade durante o primeiro ano após o internamento, das 119 pessoas cujo
status é conhecido, apenas faleceram 22 (18,5%). Neste grupo em particular, 7 faleceram
devido a um AVC cuja lesão originária foi na artéria Vertebral (31,8%), 13 dos pacientes que
faleceram tiveram como afetação a artéria Basilar (59,1%) e apenas 2 tiveram afetação das
artérias Cerebelares (9,1%). Quando cruzadas as variáveis “topografia da lesão” e “mortalidade
durante o primeiro ano após o internamento” através da prova Qui-Quadrado de Pearson, foi
obtido um nível de significância de p=0,002, mostrando que, quando é afetada a AB, a taxa de
mortalidade durante o primeiro ano após o internamento é superior comparativamente com os
pacientes cuja afetação ocorreu na AV ou na AC.
Figura 6 - Mortalidade durante o primeiro ano após o internamento.
0 10 20 30 40 50 60
Artéria Vertebral
Artéria Basilar
Artérias Cerebelares
Mortalidade durante o primeiro ano após o internamento
Não Sim
-
Síndrome de Wallenberg: Estudo Retrospetivo no Centro Universitário Hospitalar da Cova da Beira
22
3.2 Análise Estatística dos Fatores de Risco
Os fatores de risco considerados foram os seguintes: hipertensão arterial, fibrilação auricular,
diabetes mellitus, cardiopatia isquémica, antecedentes de AVC, tabagismo e alcoolismo. Da
amostra, 99 pessoas tinham hipertensão arterial, 36 pessoas tinham fibrilação auricular, 35
pessoas tinham diabetes mellitus, 18 pessoas tinham cardiopatia isquémica, 24 pessoas tinham
antecedentes de AVC, 27 pessoas eram fumadoras e 27 pessoas consumiam álcool
habitualmente.
Na tabela 1 pode-se observar a distribuição dos fatores de risco por topografia da lesão.
Tabela 1 – Distribuição dos fatores de risco por topografia da lesão. As variáveis são dicotómicas, estão representadas por n e % e foi utilizado o Teste do Qui-Quadrado de Pearson.
Fatores de Risco AV
(n=60)
AB
(n=35)
AC
(n=25)
Total
(n=120)
Valor-p
Hipertensão
Arterial (n=119)
Sim 51 (85,0%) 28 (82,4%) 20 (80,0%) 99 (83,2%) 0,844
Não 9 (15,0%) 6 (17,6%) 5 (20,0%) 20 (16,8%)
Fibrilação
Auricular (n=118)
Sim 14 (23,7%) 15 (44,1%) 7 (28,0%) 36 (30,5%) 0,115
Não 45 (76,3%) 19 (55,9%) 18 (72,0%) 82 (69,5%)
Diabetes Mellitus
(n=119)
Sim 18 (30,0%) 11 (32,4%) 6 (24,0%) 35 (29,4%) 0,777
Não 42 (70,0%) 23 (67,6%) 19 (76,0%) 84 (70,6%)
Cardiopatia
Isquémica
(n=118)
Sim 5 (8,5%) 4 (11,8%) 9 (36,0%) 18 (15,3%) 0,005
Não 54 (91,5%) 30 (88,2%) 16 (64,0%) 100 (84,7%)
AVC prévio
(n=119)
Sim 12 (20,0%) 9 (26,5%) 3 (12,0%) 24 (20,2%) 0,391
Não 48 (80,0%) 25 (73,5%) 22 (88,0%) 95 (79,8%)
Tabagismo
(n=78)
Sim 13 (36,1%) 7 (24,9%) 7 (46,7%) 27 (34,7%) 0,128
Não 23 (63,9%) 20 (74,1%) 8 (53,3%) 51 (65,4%)
Alcoolismo
(n=78)
Sim 14 (38,9%) 6 (22,2%) 7 (46,7%) 27 (34,6%) 0,209
Não 22 (61,1%) 21 (77,8%) 8 (53,3%) 51 (65,4%)
-
Síndrome de Wallenberg: Estudo Retrospetivo no Centro Universitário Hospitalar da Cova da Beira
23
Posteriormente, foi feita uma análise quanto ao número de fatores de risco que cada paciente
tinha, assumindo a frequência 2 como valor de corte (Figura 7). Quando foi cruzada esta
variável com a variável “topografia da lesão” através do teste Qui-Quadrado de Pearson,
obteve-se um valor de significância de p=0,765, o que indica que a presença de um maior
número de fatores de risco não é preditiva de ocorrência de lesão em determinada topografia.
Figura 7 – Distribuição dos fatores de risco em 2 grupos por topografia da lesão.
3.3 Análise Estatística dos Sinais e Sintomas
Quanto à análise dos sinais e sintomas presentes no serviço de urgência e que foram critério de
internamento, foram considerados dentro dos sintomas: cefaleia; distúrbios sensitivos;
fraqueza; vertigem; sintomas vegetativos; disfagia; incontinência de esfíncteres; distúrbios
visuais; acufenos; alteração do estado de consciência. Relativamente aos sinais, foram
considerados os seguintes: sinal de Babinski; ataxia da marcha; dismetria membros; disartria;
paresia do NC facial; paresia dos NC Bulbares; nistagmo.
36
2117
24
14
8
0
5
10
15
20
25
30
35
40
Artéria Vertebral Artéria Basilar Artérias Cerebelares
≤2 >2
-
Síndrome de Wallenberg: Estudo Retrospetivo no Centro Universitário Hospitalar da Cova da Beira
24
Nas tabelas 2 e 3 podemos observar, respetivamente, a análise dos sintomas e sinais registados
no relatório do episódio da urgência.
Tabela 2 – Frequência dos sintomas descritos no SU. As variáveis estão representadas por n e %.
Sintomas Sim Não Indeterminado
Cefaleia (n=37) 31 (25,8 %) 6 (5,0%) 83 (69,2%)
Distúrbios Sensitivos (n=26) 18 (15,0%) 8 (6,7%) 94 (78,3%)
Fraqueza (n=85) 53 (44,2%) 32 (26,7%) 35 (29,1%)
Vertigem (n=66) 63 (52,5%) 3 (2,5%) 54 (45,0%)
Sintomas Vegetativos (n=67) 62 (51,7%) 5 (4,1%) 53 (44,2%)
Disfagia (n=4) 2 (1,7%) 2 (1,7%) 116 (96,6%)
Incontinência de Esfíncteres (n=8) 7 (5,8%) 1 (0,8%) 112 (93,4%)
Distúrbios Visuais (n=27) 17 (14,2%) 10 (8,3%) 93 (77,5%)
Acufenos (n=6) 6 (5,0%) 0 (0,0%) 114 (95,0%)
Alteração Estado de Consciência
(n=119)
28 (23,3%) 91 (75,9%) 1 (0,8%)
Tabela 3 – Frequência dos sinais descritos no SU. As variáveis estão representadas por n e %.
Sinais Sim Não Indeterminado
Sinal de Babinski (n=33) 16 (13,3%) 17 (14,2%) 87 (72,5%)
Ataxia da Marcha (n=10) 6 (5,0%) 4 (3,3%) 110 (91,7%)
Dismetria dos Membros
(n=28)
13 (10,8%) 15 (12,5%) 92 (76,7%)
Disartria (n=61) 44 (36,6%) 17 (14,2%) 59 (49,2%)
Paresia NC VII (n=49) 34 (28,3%) 15 (12,5%) 71 (59,2%)
Paresia NC Bulbares (n=11) 2 (1,7%) 9 (7,5%) 109 (90,8%)
Nistagmo (n=26) 14 (11,7%) 12 (10,0%) 94 (78,3%)
-
Síndrome de Wallenberg: Estudo Retrospetivo no Centro Universitário Hospitalar da Cova da Beira
25
A tabela 4 mostra a distribuição da presença ou ausência dos sintomas no serviço de urgência
segundo a topografia da lesão.
Tabela 4 – Distribuição dos sintomas descritos no serviço de urgência por topografia da lesão. As variáveis são dicotómicas, estão representadas por n e % e foi utilizado o Teste do Qui-Quadrado de Pearson.
Sintomas AV (n=60) AB (n=35) AC (n=25) Total (n=120) Valor-p
Cefaleia
(n=37)
Sim 20 (90,9%) 2 (40,0%) 9 (90,0%) 31 (83,8%) 0,017
Não 2 (9,1%) 3 (60,0%) 1 (10,0%) 6 (16,2%)
Distúrbios
Sensitivos
(n=26)
Sim 9 (81,8%) 6 (75,0%) 3 (42,9%) 18 (69,2%) 0,199
Não 2 (18,2%) 2 (25,0%) 4 (57,1%) 8 (30,8%)
Fraqueza
(n=85)
Sim 19 (54,3%) 24 (77,4%) 10 (52,6%) 53 (62,4%) 0,094
Não 16 (45,7%) 7 (22,6%) 9 (47,4%) 32 (37,6%)
Vertigem
(n=66)
Sim 42 (97,7%) 5 (71,4%) 16 (100,0%) 63 (95,5%) 0,005
Não 1 (2,3%) 2 (28,6%) 0 (0,0%) 3 (4,5%)
Sintomas
Vegetativos
(n=67)
Sim 40 (95,2%) 6 (75,0%) 16 (94,1%) 62 (92,5%) 0,131
Não 2 (4,8%) 2 (25,0%) 1 (5,9%) 5 (7,5%)
Disfagia
(n=4)
Sim 2 (50,0%) 0 (0,0%) 0 (0,0%) 2 (50,0%) *
Não 2 (50,0%) 0 (0,0%) 0 (0,0%) 2 (50,0%)
Incontinência
(n=8)
Sim 1 (50,0%) 4 (100,0%) 2 (100,0%) 7 (87,5%) 0,180
Não 1 (50,0%) 0 (0,0%) 0 (0,0%) 1 (12,5%)
Distúrbios
Visuais
(n=27)
Sim 8 (66,7%) 6 (75,0%) 3 (42,9%) 17 (63,0%) 0,410
Não 4 (33,3%) 2 (25,0%) 4 (57,1%) 10 (37,0%)
Acufenos
(n=6)
Sim 3 (100,0%) 1 (100,0%) 2 (100,0%) 6 (100,0%) *
Não 0 (0,0%) 0 (0,0%) 0 (0,0%) 0 (0,0%)
Alteração da
Consciência
(n=119)
Sim 9 (15,3%) 17 (48,6%) 2 (8,0%) 28 (23,5%)
-
Síndrome de Wallenberg: Estudo Retrospetivo no Centro Universitário Hospitalar da Cova da Beira
26
A Tabela 5 mostra a distribuição da presença ou ausência dos sinais considerados no exame
objetivo realizado no serviço de urgência segundo a topografia da lesão.
Tabela 5 – Distribuição dos sinais avaliados no exame objetivo do SU por topografia da lesão. As variáveis são dicotómicas, estão representadas por n e % e foi utilizado o Teste do Qui-Quadrado de Pearson.
Sinal AV (n=60) AB (n=35) AC (n=25) Total (n=120) Valor-p
Sinal de
Babinski
(n=33)
Sim 5 (50,0%) 10 (62,5%) 1 (14,3%) 16 (48,5%) 0,103
Não 5 (50,0%) 6 (37,5%) 6 (85,7%) 17 (51,5%)
Ataxia da
Marcha
(n=10)
Sim 6 (66,7%) 0 (0,0%) 0 (0,0%) 6 (60,0%) 0,197
Não 3 (33,3%) 1 (100,0%) 0 (0,0%) 4 (40,0%)
Dismetria dos
Membros
(n=28)
Sim 8 (53,3%) 4 (57,1%) 1 (16,7%) 13 (46,4%) 0,253
Não 7 (46,7%) 3 (42,9%) 5 (83,3%) 15 (53,6%)
Disartria
(n=61)
Sim 14 (60,9%) 19 (82,6%) 11 (73,3%) 44 (72,1%) 0,257
Não 9 (39,1%) 4 (17,4%) 4 (26,7%) 17 (27,9%)
Paresia NC VII
(Facial)
(n=49)
Sim 12 (57,1%) 16 (84,2%) 6 (66,7%) 34 (69,4%) 0,176
Não 9 (42,9%) 3 (15,8%) 3 (33,3%) 15 (30,6%)
Paresia NC
Bulbares
(n=11)
Sim 0 (0,0%) 2 (50,0%) 0 (0,0%) 2 (18,2%) 0,118
Não 5 (100,0%) 2 (50,0%) 2 (100,0%) 9 (81,8%)
Nistagmo
(n=26)
Sim 10 (62,5%) 1 (33,3%) 3 (42,9%) 14 (53,8%) 0,514
Não 6 (37,5%) 2 (66,7%) 4 (57,1%) 12 (46,2%)
-
Síndrome de Wallenberg: Estudo Retrospetivo no Centro Universitário Hospitalar da Cova da Beira
27
Nas Figuras 8 e 9 pode-se observar, respetivamente, a distribuição dos sintomas e sinais
observados no serviço de urgência e que levaram ao internamento na UAVC do CHUCB, por
topografia da lesão.
Figura 8 – Distribuição dos sintomas por topografia da lesão.
Figura 9 - Distribuição dos sinais por topografia da lesão.
20
9
19
4240
2 1
8
3
9
26
24
5 6
04
6
1
17
9
3
10
16 16
02 3 2 2
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
Sintomas
Artéria Vertebral Artéria Basilar Artérias Cerebelares
56
8
14
12
0
1010
0
4
19
16
211
01
11
6
0
3
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
Sinal deBabinski
Ataxia daMarcha
Dismetriados
Membros
Disartria Paresia NCVII
Paresia NCBulbares
Nistagmo
Sinais
Artéria Vertebral Artéria Basilar Artérias Cerebelares
-
Síndrome de Wallenberg: Estudo Retrospetivo no Centro Universitário Hospitalar da Cova da Beira
28
3.4 Análise Estatística dos Métodos Imagiológicos utilizados
Dos 120 pacientes que compõem a amostra, em 118 (98,3%) o primeiro exame de imagem
utilizado foi a TC (Tomografia Computorizada) e em 2 (1,7%) foi a RMN (Ressonância Magnética).
Dos pacientes cujo único exame imagiológico utilizado fora a TC, em 87 (73,73%) esta mostrou
evidência imagiológica de isquemia em algum momento durante o internamento. Sendo que,
destes 87 pacientes, em 38 (43,68%) os sinais de isquemia eram visíveis na primeira TC
realizada, em 43 pacientes (49,43%) os sinais de isquemia apenas se tornaram evidentes na
segunda TC realizada, e em 6 (6,90%) apenas foi possível comprovar a presença de um AVC na
terceira TC. Nos restantes 31 pacientes (26,27%) não foram evidentes sinais imagiológicos de
isquemia nas TC’s realizadas, sendo que, destes, em 20 pacientes (64,52%) fora usada a RMN
como exame de controlo.
A média de dias desde o início do quadro clínico até ao aparecimento de sinais imagiológicos
de isquemia na TC é de 4,46 dias (entre 2 e 7 dias).
As lesões isquémicas foram evidentes em todos os pacientes em que fora utilizada a RMN (tanto
nos que usaram como primeiro exame, como nos que usaram como exame controlo).
3.5 Análise Estatística do Número de Visitas ao Serviço de
Urgência
No que concerne ao número de visitas ao serviço de urgência devido à mesma sintomatologia,
pode-se constatar que de um total de 120 pacientes, 103 apenas visitaram uma vez ao serviço
de urgência (85,8%), 12 precisaram de recorrer duas vezes ao serviço de urgência (10,0%) e 5
recorreram três vezes ao serviço de urgência (4,2%).
Pode-se observar que, dentro do número de pessoas que apenas necessitou de recorrer ao
serviço de urgência uma vez, 46 (44,7%) tinham a lesão isquémica no território da artéria
Vertebral, 32 (31,1%) tinham como afetação principal a artéria Basilar e que 25 (24,3%) tinham
como afetação as artérias Cerebelares. Relativamente aos pacientes que recorreram duas vezes
ao serviço de urgência, 10 (83,3%) tiveram como território afetado o da artéria Vertebral e 2
(16,7%) o território da artéria Basilar. Quanto aos doentes que necessitaram de visitar o SU três
vezes até ficarem internados, 4 (80,0%) destes tinham como afetação principal a artéria
Vertebral e apenas 1 (20,0%) tinha como afetação principal a artéria Basilar.
Quando cruzadas as variáveis “topografia da lesão” e “número de visitas ao SU” através da
prova Qui-Quadrado de Pearson, foi obtido um nível de significância de p=0,052 (nível
marginalmente significativo).
-
Síndrome de Wallenberg: Estudo Retrospetivo no Centro Universitário Hospitalar da Cova da Beira
29
Figura 10 – Distribuição do número de idas ao serviço de urgência por topografia da lesão.
Posteriormente a amostra foi dividida em dois grupos: o grupo A, que corresponde aos pacientes
que foram à urgência apenas uma vez, e o grupo B, que corresponde aos pacientes que
precisaram de recorrer ao serviço de urgência duas ou mais vezes. Do grupo A fazem parte 103
pacientes e do grupo B fazem parte 17 pacientes.
Quanto ao grupo A, 46 pacientes tiveram como topografia da lesão a artéria Vertebral (44,7%),
32 tiveram como afetação principal a artéria Basilar (31,1%) e 25 tiveram como local da lesão
as artérias Cerebelares (24,3%). Relativamente ao grupo B, 14 pacientes (82,4%) tiveram como
afetação principal a artéria Vertebral e os restantes 3 (17,6%) tiveram como afetação principal
a artéria Basilar.
Cruzando o grupo A e B com a “topografia de lesão” através do teste Qui-Quadrado de Pearson,
foi obtida uma significância p=0,009, o que indica que, quando o território arterial afetado é o
da AV, a probabilidade de recorrer ao serviço de urgência com maior frequência é superior.
Figura 11 – Distribuição do Grupo A e do Grupo B por topografia da lesão.
46
10
4
32
2 1
25
0 00
10
20
30
40
50
1 2 3
Artéria Vertebral Artéria Basilar Artérias cerebelares
45%
31%
24%
Grupo A
Artéria Vertebral
Artéria Basilar
Artérias Cerebelares
82%
18%0%
Grupo B
Artéria Vertebral
Artéria Basilar
Artérias Cerebelares
-
Síndrome de Wallenberg: Estudo Retrospetivo no Centro Universitário Hospitalar da Cova da Beira
30
3.6 Análise Estatística do Tempo desde o AVC até ao
Internamento
Foi realizada a Prova de Kruskal-Wallis para variáveis independentes através do cruzamento da
variável “topografia da lesão” com a variável “tempo em dias desde o AVC até ao
internamento”, tendo esta associação mostrado um nível de significância de p=0,005.
Analisando por topografia, quando a lesão ocorre na Artéria Vertebral a média do número de
dias desde o AVC até ao internamento é de 1 dia (entre 1 e 3 dias), na Artéria Basilar é de 0
dias (entre 0 e 1 dia) e na Artéria Cerebelar é de 1 dia (entre 0 e 2 dias).
Posteriormente, foram considerados dois grupos: no grupo X os pacientes que demoraram 1 dia
desde o AVC até ao internamento e, no grupo Y, os pacientes que esperaram mais do que 1 dia
até serem internados.
Do grupo X constaram 79 pacientes (66,9% do total) sendo que, destes, 33 (41,8% do grupo X)
tiveram como afetação principal a artéria Vertebral, 28 (35,4% do grupo X) tiveram como
afetação a artéria Basilar e 18 (22,8% do grupo X) tiveram como afetação as artérias
Cerebelares.
Do grupo Y constaram os pacientes que esperaram mais do que 1 dia até serem internados,
contando com um total de 39 pacientes (33,1% do total). Destes 39, 27 (69,2% do grupo Y)
tiveram como afetação principal a artéria Vertebral, 6 (15,4% do grupo Y) tiveram como
afetação principal a artéria Basilar e 6 (15,4%) tiveram como afetação principal as artérias
Cerebelares.
Quando cruzadas as variáveis “número de dias até ao internamento” e “topografia da lesão”
através do teste Qui-Quadrado de Pearson, foi obtido um valor-p=0,016. Desta análise,
constatou-se que, quando a topografia da lesão está na AV, os pacientes demoram mais tempo
a serem diagnosticados e, consequentemente, internados, do que os restantes POCI.
Figura 12 – Distribuição do Grupo X e do Grupo Y por topografia da lesão.
42%
35%
23%
Grupo X
Artéria Vertebral
Artéria Basilar
Artérias Cerebelares
69%
16%
15%
Grupo Y
Artéria Vertebral
Artéria Basilar
Artérias Cerebelares
-
Síndrome de Wallenberg: Estudo Retrospetivo no Centro Universitário Hospitalar da Cova da Beira
31
Como grupo de controlo, foram analisados 782 pacientes cujo AVC tivera sido classificado no
grupo TACI ou no grupo PACI. Neste grupo a média de dias desde o AVC até ao internamento foi
de 0 dias (entre 0 e 1 dia), média inferior à dos AVC’s classificados como POCI’s, em particular,
quando a afetação ocorre na artéria vertebral (média de 1 dia entre 1 e 3 dias).
3.7 Análise Estatística do Grau de Dependência à alta
Foi realizada a Prova de Kruskal-Wallis para variáveis independentes através do cruzamento da
variável “topografia da lesão” com as variáveis “escala de Rankin Modificada à alta” e “escala
de Barthel à alta”. Destas associações, obtiveram-se as seguintes correlações:
• Distribuição da Escala de Barthel dentro da mesma topografia: p=0,001;
• Distribuição da Escala de Rankin dentro da mesma topografia: p=0,001.
Para avaliar o grau de dependência após o AVC dos pacientes que compõem a amostra, foram
utilizadas as escalas de Barthel e de Rankin. Foi considerado que um doente era dependente à
alta do internamento quando a classificação na escala de Barthel fosse ≤60 ou quando a
classificação na escala de Rankin fosse ≥3 (15). Foram considerados como independentes à alta
do internamento, os pacientes cuja classificação na escala de Barthel fosse ≥65 ou quando a
classificação na escala de Rankin fosse ≤2 (15).
No Figura 13 está representada a distribuição de frequências consoante a avaliação do grau de
dependência pós-AVC por topografia da lesão, segundo a Escala de Barthel. Quando cruzados
estes dados com recurso ao teste Qui-Quadrado de Pearson, obteve-se uma significância de
p=0,037, que demonstra que, quando um AVC ocorre no território da AB a probabilidade de
ficar dependente para as atividades da vida diária é superior (comparativamente aos AVC’s nos
territórios da AV e das AC).
Figura 13 – Avaliação do grau de dependência à alta por topografia da lesão, segundo a Escala de Barthel.
0% 20% 40% 60% 80% 100%
Artéria Vertebral
Artéria Basilar
Artérias Cerebelares
Escala de Barthel
Dependente Independente
-
Síndrome de Wallenberg: Estudo Retrospetivo no Centro Universitário Hospitalar da Cova da Beira
32
No Figura 14 está esquematizada a distribuição de frequências do grau de dependência pós-
AVC por topografia da lesão, segundo a Escala de Rankin Modificada. Quando cruzados estes
dados com recurso ao teste Qui-Quadrado de Pearson, obteve-se uma significância de p=0,012,
que coincide com os resultados obtidos com a avaliação do grau de dependência segundo a
escala de Barthel.
Figura 14 - Avaliação do grau de dependência à alta por topografia da lesão, segundo a Escala de Rankin Modificada.
0% 20% 40% 60% 80% 100%
Artéria Vertebral
Artéria Basilar
Artérias Cerebelares
Escala de Rankin Modificada
Dependente Independente
-
Síndrome de Wallenberg: Estudo Retrospetivo no Centro Universitário Hospitalar da Cova da Beira
33
4. Discussão
No que diz respeito à análise dos resultados, pode-se observar que cerca de 7% da amostra do
presente estudo corresponde a POCI’s e que, nos AVC’s do território da PICA, o intervalo de
tempo desde o diagnóstico até ao internamento é de, em média, 1 dia (entre 1 e 3 dias).
Comparando com a literatura a percentagem de POCI’s na amostra do presente estudo, pode-
se verificar que esta é ligeiramente inferior aos 20% relatados (3). Tal pode dever-se ao
tamanho limitado da amostra, que impossibilita a representação ideal da população. Não
obstante, a distribuição entre homens (53,3%) e mulheres (46,7%) é semelhante, com uma
frequência ligeiramente superior no sexo masculino, o que vai de encontro aos resultados
apresentados no estudo de Strózyńska et al (18).
Relativamente à apresentação clínica dos pacientes, que engloba todos os sinais e sintomas
apresentados pelos mesmos, nenhum dos sinais se mostrou estatisticamente significativo
quando comparado com a topografia da afetação enquanto que, dos sintomas, os únicos que se
mostraram estatisticamente significativos foram: as cefaleias (p=0,017), a vertigem (p=0,005)
e a alteração do estado de consciência (p
-
Síndrome de Wallenberg: Estudo Retrospetivo no Centro Universitário Hospitalar da Cova da Beira
34
Assim, assume especial relevância o estudo das possíveis causas de vertigem e, principalmente,
dos métodos que facilitam, assim como dos que não devem ser utilizados, na diferenciação das
causas de origem central e periférica. Isto pode ser feito através do bHIT (bedside Head Impulse
Test), que constitui um método com evidência científica para realizar esta distinção (23).
Um bHIT é utilizado para avaliar a integridade do reflexo oculo-vestibular (a capacidade de
fixar um alvo quando a cabeça está em movimento) e realiza-se através da rotação da cabeça
do paciente para a direita ou para a esquerda enquanto este fixa o olhar num objeto (24). O
teste é normal se o paciente conseguir manter os olhos no alvo (24). Um bHIT normal parece
ser o melhor preditor de AVC em pacientes que se apresentam com um síndrome vertiginoso e
sem francos sintomas ou sinais neurológicos, segundo a literatura (25).
O HINTS representa um protocolo mais refinado que o anterior e inclui o bHIT, a avaliação da
presença de nistagmo (Nystagmus) e da presença de desvio oblíquo do olhar (Test of Skew)
(26). A sua utilização permite alcançar valores de sensibilidade de 100% e de especificidade de
96% na identificação de AVC’s em pacientes com vertigem e pelo menos um fator de risco
vascular (26).
No entanto, a maioria dos clínicos não está familiarizado com a utilização deste instrumento
em cenário de urgência, recorrendo essencialmente aos métodos de imagem (23) e, apesar de
a bibliografia atual sobre os meios complementares de diagnóstico para AVC’s da circulação
posterior referir que o Gold Standard é a RMN (3), a maioria dos clínicos utiliza como primeira
linha a TC para a avaliação de vertigem com origem central (27). No presente estudo o mesmo
foi verificado, com 98,3% da amostra a realizar a TC como primeiro exame de imagem e, como
esperado, sem alterações no primeiro exame de imagem realizado em 67,8% dos casos. Isto
pode dever-se a diversos motivos: à falta de disponibilidade da RMN em contexto de urgência,
à falta de conhecimento da pouca fiabilidade da TC em eventos isquémicos da circulação
posterior, ou simplesmente pelo desconhecimento da sensibilidade e especificidade do
protocolo HINTS no diagnóstico de eventos isquémicos como causa de vertigem.
Segundo a literatura, em pacientes que se apresentam com história subjetiva de vertigem no
serviço de urgência, a recolha de uma história clínica cuidada e a realização de uma avaliação
neurológica básica (avaliar a presença ou ausência de disartria, diplopia, sintomas sensitivos
ou motores unilaterais) permite identificar de forma correta a maioria dos pacientes cuja
vertigem é secundária a isquemia (28). Assim, o exame neurológico sumário e a recolha da
história clínica, devem constituir o método de avaliação standard destes pacientes no serviço
de urgência (28). No entanto, quando foram analisadas as frequências dos sinais e sintomas
avaliados, verificou-se a existência de uma grande falta de informação registada para cada
sinal e sintoma na maioria dos pacientes, sendo que é possível encontrar sintomas cuja presença
ou ausência não é descrita em 95,7% da amostra, o que introduz viés na análise dos resultados.
Esta lacuna de informação relativamente a alguns sintomas e sinais poderá ter como causa a
-
Síndrome de Wallenberg: Estudo Retrospetivo no Centro Universitário Hospitalar da Cova da Beira
35
falta de registo da história clínica dada pelo paciente, assim como do exame físico realizado
no serviço de urgência ou, como alternativa, a não realização dos mesmos.
Comparando os resultados dos tempos desde o AVC até o internamento dos POCI’s com os TACI’s
e PACI’s, vemos que nos últimos dois grupos a média de dias até ao internamento é de 0 dias,
o que significa que, a maioria dos pacientes considerados no estudo são diagnosticados no dia
em que iniciam os sintomas. Tal não acontece com o grupo POCI, em particular, quando a
topografia de lesão se encontra na artéria Vertebral e, portanto, na PICA, cuja média de dias
até ao internamento é de 1 (entre 1 e 3 dias).
Quando a suspeita é de um TACI ou PACI, a realização de uma TC no serviço de urgência permite
muitas vezes definir o diagnóstico de forma precoce, uma vez que, em AVC’s da circulação
anterior, os sinais isquémicos são visíveis, na maioria das vezes, nos exames imagiológicos (29).
Tendo em conta a baixa sensibilidade e especificidade deste método, quando comparado com
a RMN, em contexto agudo de lesões isquémicas da circulação posterior (27), este não deve ser
realizado quando a suspeita é de POCI. O uso deste método complementar de diagnóstico ao
invés da RMN, poderá levar a um maior número de idas ao SU e mais tempo de espera até ao
internamento, podendo ter um impacto significativo na mortalidade e na morbilidade da
população em causa, como comprovam outros artigos sobre o tema (30).
Por outro lado, a apresentação mais comum do SW é a vertigem (6) e , em contexto de urgência,
a vertigem pode ser muitas vezes atribuída a diagnósticos relativamente benignos (31). Uma
das possíveis consequências, poderá ser a medicação para uma patologia erroneamente
diagnosticada tendo como resultados a permanência dos sintomas e o regresso ao serviço de
urgência com a sintomatologia inicial.
Foi possível constatar que o grupo de pacientes cuja lesão isquémica estava localizada na
artéria Vertebral e, portanto, com afetação na PICA (responsável pelo SW), para além de
demorarem mais tempo a ser diagnosticados, recorrem, com uma frequência superior, mais do
que uma vez ao SU com a mesma sintomatologia, quando comparados com os grupos das
restantes topografias da lesão. Este resultado vai de encontro às duas hipóteses apresentadas
anteriormente.
Deste modo, uma possível solução para tornar o diagnóstico mais precoce, poderia passar pela
aplicação da Escala do NIH (14) no serviço de urgência a todos os pacientes com suspeita de
AVC e cuja apresentação clínica inclua a vertigem, para pesquisar a presença de sinais e
sintomas sugestivos de AVC que, de outra forma, poderiam passar despercebidos.
Quanto à variável “fatores de risco”, na análise por topografia foi registado apenas um
resultado significativo, que diz respeito à cardiopatia isquémica (p=0,005). Ao comparar a
frequência deste fator de risco por topografia de lesão, pode-se afirmar que, neste estudo, em
pacientes com algum tipo de cardiopatia isquémica, a probabilidade de sofrerem um POCI cuja
afetação seja as artérias Cerebelares é superior. Na literatura, não foi encontrada nenhuma
-
Síndrome de Wallenberg: Estudo Retrospetivo no Centro Universitário Hospitalar da Cova da Beira
36
referência a fatores de risco mais preditivos de ocorrência de um acidente vascular isquémico
em determinada topografia; os fatores de risco são até bastante semelhantes em AVC’s da
circulação anterior e posterior, não justificando a estratificação destes por territórios arteriais
(32).
No que diz respeito ao mecanismo causador do evento, pode-se afirmar que, no presente
estudo, não existem associações significativas com diferentes topografias de lesão (p=0,159).
Não foi encontrada referência à diferença de mecanismos por território arterial, no entanto,
segundo Zeng et al, quando são comparados os mecanismos de lesão dos AVC’s da circulação
anterior e posterior, o mecanismo cardioembólico é mais preditivo do primeiro (32).
Ao comparar o grau de dependência por topografia da lesão (valor-p=0,037 quando usada a
escala de Barthel e valor-p=0,012 com a utilização da escala de Rankin modificada), observou-
se que, quando a topografia da lesão foi a artéria Vertebral, a percentagem de pessoas que
ficaram dependentes para as atividades da vida diária e a percentagem de pessoas que não
ficaram foram semelhantes, já no que toca às lesões na área da artéria Basilar, 73,9% das
pessoas ficaram dependentes dos cuidados de outrem e, quando a topografia da lesão foi nas
artérias Cerebelares, apenas 36,4% das pessoas ficaram dependentes.
Segundo o estudo de Sommer et al, os pacientes diagnosticados com um AVC da fossa posterior
e que recorreram ao serviço de urgência após pelo menos 4,5 horas desde o início dos sintomas,
têm pior outcome quando comparados com um grupo semelhante de pacientes com AVC na
circulação anterior (33). Já no estudo de De Marchis et al parece não haver diferenças entre os
outcomes dos AVC’s da circulação anterior e posterior (29), enquanto que no estudo de Libman
et al os outcomes parecem ser melhores nos AVC’s da circulação posterior (19).
Apesar das várias contradições encontradas na literatura, segundo os resultados deste estudo
pode-se afirmar que os POCI’s provocaram um grau de dependência que não pode ser
desvalorizado; apesar do SW ser o síndrome cerebrovascular com melhor prognóstico (6), no
presente estudo, provocou dependência em cerca de 50% dos pacientes. Já no que diz respeito
aos AVC’s que ocorreram na região das artérias Basilares, quase 75% dos pacientes ficou com
algum grau de dependência, resultados estes que vão de encontro com a literatura (34).
No que concerne à mortalidade durante o internamento e durante o primeiro ano após a alta
do internamento na UAVC, dentro dos AVC’s classificados como POCI, esta é superior quando a
topografia da lesão envolve o território da Artéria Basilar. Pela literatura, em AVC’s provocados
pela oclusão da Artéria Basilar, cerca de 40% têm um desfecho fatal (35), o que coincide com
os resultados apresentados.
-
Síndrome de Wallenberg: Estudo Retrospetivo no Centro Universitário Hospitalar da Cova da Beira
37
5. Limitações e Potencialidades
Sendo o estudo de cariz retrospetivo, apresenta as limitações inerentes a este tipo de trabalhos,
nomeadamente no que diz respeito à correta representatividade da população: neste caso em
particular a amostra é limitada apenas a um hospital (CHUCB), aos anos de 2007, 2008, 2009,
2010, 2014 e 2017 e é constituída por um baixo número de pacientes (n=120).
Relativamente à recolha dos dados, existe informação em falta, nomeadamente no que
concerne à apresentação clínica dos pacientes assim como aos fatores de risco destes, podendo
enviesar os resultados obtidos. Por outro lado, a descrição dos sintomas e do exame físico pode
ser feita de forma diferente por profissionais de saúde distintos, podendo acrescentar algum
viés à análise.
Apesar disto, e face à pesquisa bibliográfica efetuada, pode-se constatar que existem vários
estudos que analisam a apresentação clínica atípica dos POCI’s, em particular do SW, e que
comparam os seus outcomes com os restantes tipos de AVC’s. Não obstante, a literatura é
escassa na análise dos fatores de risco e sintomatologia de POCI’s de diferentes territórios
arteriais, assim como, na comparação efetiva dos intervalos de tempo decorridos desde o início
da sintomatologia até ao diagnóstico entre episódios isquémicos da circulação anterior e
posterior.
Deste modo, este estudo é pioneiro neste tipo de análise e, apesar das limitações, pode ser
visto como um impulso para o surgimento de novos estudos relativos a este tema, que possam
ultrapassar as limitações deste e comprovar os resultados obtidos.
-
Síndrome de Wallenberg: Estudo Retrospetivo no Centro Universitário Hospitalar da Cova da Beira
38
6. Conclusão
Do presente estudo, podemos concluir que a apresentação clínica do Síndrome de Wallenberg
inclui principalmente a vertigem e as cefaleias, duas entidades que, apesar de bastante
comuns, poucas vezes são relacionadas com um evento isquémico ou, quando o são, os meios
de imagem usados para chegar ao seu diagnóstico são pouco fiáveis, como por exemplo, a TC.
Apesar disto, foi verificada a existência de diversas lacunas na informação, presente no
relatório da urgência, relativa aos sinais e sintomas dos pacientes no serviço de urgência. Tal
constatação, pode dever-se tanto à ausência da recolha da história clínica e da realização dos
exames físico e neurológico no serviço de urgência, assim como à falta do respetivo registo no
relatório do episódio urgente.
No que diz respeito ao tempo que os pacientes com SW demoraram a ser diagnosticados, neste
estudo concluiu-se que, quando comparados tanto com pacientes com outros POCI’s como com
TACI’s e PACI’s, estes, para além de demorarem mais tempo, recorrem, pela mesma
sintomatologia, com uma frequência superior ao serviço de urgência. Isto pode dever-se ao
facto de a vertigem ser o principal sintoma do SW; é um sintoma bastante subjetivo e que, na
maioria das vezes, é associado a patologias mais benignas, como por exemplo, as de origem
periférica. Como possível consequência, estes pacientes poderão ser medicados para uma
patologia erradamente diagnosticada, o que poderá levar à permanência dos sintomas e ao
regresso ao serviço de urgência com a sintomatologia inicial.
Dentro dos POCI’s, os pacientes que têm como topografia de lesão a artéria Basilar são os que
têm níveis mais elevados de dependência para as atividades da vida diária à alta, assim como
taxas de mortalidade no internamento e no primeiro ano após a alta mais elevadas. Apesar
disto, no presente estudo, 50% dos pacientes com SW ficaram dependentes de outrem e 10%
faleceram durante o primeiro ano após a alta.
O SW, quando diagnosticado de forma tardia, pode provocar uma morbilidade e mortalidade
considerável, apesar do seu bom prognóstico quando comparado com outros síndromes
cerebrovasculares. Deste modo, torna-se importante a divulgação em meio clínico da existência
desta entidade clínica e das suas particularidades, assim como, a consciencialização dos
profissionais de saúde para a recolha de uma história clínica e exame físico cuidados de todos
os pacientes, particularmente, em contexto de urgência.
Quando suspeitamos de AVC’s da fossa posterior, o exame imagiológico de eleição é a RMN,
exame este que nem sempre está disponível em serviço de urgência, o que pode ser a razão
para a pouca utilização deste exame quando comparado com a TC (tal como verificado neste
estudo). No entanto, podem ser utilizados exames à cabeceira do doente para a realização do
diagnóstico diferencial, tomando particular importância a recolha da história clínica e a
realização de um exame neurológico sumário.
-
Síndrome de Wallenberg: Estudo Retrospetivo no Centro Universitário Hospitalar da Cova da Beira
39
Torna-se relevante salientar que, uma possível solução para diminuir o intervalo de tempo
desde o AVC até ao internamento, poderia passar pela aplicação da Escala do NIH no serviço de
urgência a todos os pacientes com suspeita de AVC e cuja apresentação clínica inclua a
vertigem.
Para finalizar, importa relembrar a necessidade de novos estudos, de preferência prospetivos,
com uma amostra mais representativa da população, para conseguir confirmar com um rigor
científico superior as associações encontradas no presente estudo.
-
Síndrome de Wallenberg: Estudo Retrospetivo no Centro Universitário Hospitalar da Cova da Beira
40
Referências Bibliográficas
1. Katan M, Luft A. Global Burden of Stroke. Semin Neurol. 2018;38(2):208-211;
2. Portugal. Ministério da Saúde. Direção-Geral da Saúde. Programa Nacional para as
Doenças Cérebro-Cardiovasculares [Internet]. 2017 [acesso a 8 de janeiro de 2019].
Available from: www.dgs.pt/em-destaque/relatorio-do-programa-nacional-para-as-
doencas-cerebro-cardiovasculares-2017.aspx;
3. Schulz UG, Fischer U. Posterior circulation cerebrovascular syndromes: Diagnosis and
management. J Neurol Neurosurg Psychiatry. 2017;88(1):45–53;
4. Pawlukiewicz A, Long DA. Posterior Circulation Strokes and Dizziness: Pearls and Pitfalls.
emDocs [Internet]. 2017. [acesso a 12 de dezembro de 2018]. Available from:
http://www.emdocs.net/posterior-circulation-strokes-dizziness-pearls-pitfalls/;
5. Balami JS, Chen RL, Buchan AM. Stroke syndromes and clinical management. Qjm.
2013;106(7):607–15;
6. Lui F, Bhimji SS. Wallenberg Syndrome Pathophysiology. StatPearls [Internet]. 2018.
[acesso 11 de setembro de 2018];1–4. Available from:
http://knowledge.statpearls.com/chapter/0/31292/;
7. Lee SH, Kim JS. Acute Diagnosis and Management of Stroke Presenting Dizziness or
Vertigo. Neurol Clin. 2015;33(3):687–98;
8. Ogawa K, Suzuki Y, Oishi M, Kamei S. Clinical study of 46 patients with lateral medullary
infarction. J Stroke Cerebrovasc Dis [Internet]. 2015. [acesso 6 de janeiro de 2019];
24(5):1065–74. Available from:
http://dx.doi.org/10.1016/j.jstrokecerebrovasdis.2015.01.006;
9. Kerber KA, Brown DL, Lisabeth LD, Smith MA, Morgenstern LB. Stroke among patients
with dizziness, vertigo, and imbalance in the emergency department: A population-
based study. Stroke. 2006;37(10):2484–7;
10. Kumral E, Kısabay A, Ataç C, Çallı C, Yünten N. Spectrum of the Posterior Inferior
Cerebellar Artery Territory Infarcts. Cerebrovasc Dis. 2005;20(5):370–80;
11. Ishiyama G, Liebeskind DS, Ishiyama A. Vertebrobasilar Infarcts and Ischemia. Dizziness
Vertigo Across Lifesp [Internet]. 2018. [acesso 14 de novembro de 2018];44(2):415–435.
Available from: http://dx.doi.org/10.1016/j.otc.2011.01.012;
12. Amarenco P, Bogousslavsky J, Caplan LR, Donnan GA, Hennerici MG. Classification of
stroke subtypes. Cerebrovasc Dis. 2009;27(5):493–501;
-
Síndrome de Wallenberg: Estudo Retrospetivo no Centro Universitário Hospitalar da Cova da Beira
41
13. Boehme AK, Esenwa C, Elkind MSV. Stroke Risk Factors, Genetics, and Prevention. Circ
Res. 2017;120(3):472–95;
14. Li Khim K, Joanna D. National Institutes of Health Stroke Scale. Journal of Physiotherapy
[Internet]. 2014. [acesso 25 de janeiro de 2019]; 60(1):61. Available from:
http://dx.doi.org/10.1016/j.jphys.2013.12.012;
15. Sulter G, Steen C, Keyser DJ. Use of the Barthel Index and Modified Rankin Scale in Acute
Stroke Trials. Stroke [Internet]. 1999. [acesso a 23 de fevereiro de 2019]; 30:1538–41.
Available from: https://www.ahajournals.org/doi/full/10.1161/01.str.30.8.1538;
16. Chen PH, Gao S, Wang YJ, Xu AD, Li YS, Wang D. Classifying Ischemic Stroke, from TOAST
to CISS. CNS Neurosci Ther. 2012;18(6):452–6;
17. Maroco J. Análise Estatística com o SPSS statistics. 5ª Edição. Edições ReportNumber;
2011;
18. Strózyńska E, Fiszer U, Ryglewicz D, Zaborski J. The Impact of Risk Burden Differences
between Men and Women on the Clinical Course of Ischemic Stroke. J Stroke Cerebrovasc
Dis. 2016;25(4):843–7;
19. Hansen MD, Woolson RF, Kwiatkowski TG, Clarke WR, Adams HP, Libman RB. Differences
between Anterior and Posterior Circulation Stroke in TOAST. Cerebrovasc Dis.
2003;11(4):311–6;
20. Kutz JW. The dizzy patient. Med Clin North Am [Internet]. 2010 [acesso 4 de fevereiro
de 2019]; 94(5):989–1002. Available from:
http://dx.doi.org/10.1016/j.mcna.2010.05.011;
21. Kerber KA, Newman-Toker DE. Misdiagnosing Dizzy Patients: Common Pitfalls in Clinical
Practice. Neurol Clin [Internet]. 2015. [acesso 4 de fevereiro de 2019]; 33(3):565–75.
Available from: http://dx.doi.org/10.1016/j.ncl.2015.04.009;
22. Newman-Toker DE, Camargo CA, Hsieh YH, Pelletier AJ, Edlow JA. Disconnect between
charted vestibular diagnoses and emergency department management decisions: A
cross-sectional analysis from a nationally representative sample. Acad Emerg Med.
2009;16(10):970–7;
23. Mcdowell T, Moore F. The under-utilization of the head impulse test in the emergency
department. Can J Neurol Sci. 2016;43(3):398–401;
24. Yip CW, Glaser M, Frenzel C, Bayer O, Strupp M. Comparison of the bedside head-impulse
test with the video head-impulse test in a clinical practice setting: A prospective study
of 500 outpatients. Front Neurol. 2016;7(58);
-
Síndrome de Wallenberg: Estudo Retrospetivo no Centro Universitário Hospitalar da Cova da Beira
42
25. Newman-Toker DE, Kattah JC, Alvernia JE, Wang DZ. Normal head impulse test
differentiates acute cerebellar strokes from vestibular neuritis. Neurology.
2008;70(Issue 24, Part 2):2378–85;
26. Kattah JC, Talkad A V., Wang DZ, Hsieh Y-H, Newman-Toker DE. HINTS to Diagnose
Stroke in the Acute Vestibular Syndrome. Stroke [Internet]. 2009. [acesso 14 de
novembro de 2018];40(11):3504–10. Available from:
https://www.ahajournals.org/doi/10.1161/STROKEAHA.109.551234;
27. Kerber KA, Schweigler L, West BT, Fendrick AM, Morgenstern LB. Value of computed
tomography scans in ED dizziness visits: Analysis from a nationally representative
sample. Am J Emerg Med [Internet]. 2010. [acesso 14 de novembro de 2018]; 28(9):1030–
6. Available from: http://dx.doi.org/10.1016/j.ajem.2009.06.007;
28. Chen K, Schneider ALC, Llinas RH, Marsh EB. Keep it simple: Vascular risk factors and
focal exam findings correctly identify posterior circulation ischemia in “dizzy” patients.
BMC Emerg Med [Internet]. 2016. [acesso 4 de fevereiro de 2019];16(1):1–7. Available
from: http://dx.doi.org/10.1186/s12873-016-0101-6;
29. De Marchis GM, Kohler A, Renz N, Arnold M, Mono ML, Jung S, et al. Posterior versus
anterior circulation strokes: Comparison of clinical, radiological and outcome
characteristics. J Neurol Neurosurg Psychiatry. 2011;82(1):33–7;
30. Choi KD, Lee H, Kim JS. Vertigo in brainstem and cerebellar strokes. Curr Opin Neurol.
2013;26(1):90–5;
31. Kim JS, Lee H. Vertigo due to posterior circulation stroke. Semin Neurol. 2013;33(3):179–
84;
32. Zeng Q, Tao W, Lei C, Dong W, Liu M. Etiology and risk factors of posterior circulation
infarction compared with anterior circulation infarction. J Stroke Cerebrovasc Dis
[Internet]. 2015. [acesso 4 de fevereiro de 2019];24(7):1614–20. Available from:
http://dx.doi.org/10.1016/j.jstrokecerebrovasdis.2015.03.033;
33. Sommer P, Posekany A, Serles W, Marko M, Scharer S, Fertl E, et al. Is Functional
Outcome Different in Posterior and Anterior Circulation Stroke? Stroke.
2018;49(11):2728–32;
34. Schonewille WJ, Wijman CAC, Michel P, Rueckert CM, Weimar C, Mattle HP, et al.
Treatment and outcomes of acute basilar artery occlusion in the Basilar Artery
International Cooperation Study (BASICS): a prospective registry study. Lancet Neurol.
2009;8(8):724–30;
-
Síndrome de Wallenberg: Estudo Retrospetivo no Centro Universitário Hospitalar da Cova da Beira
43
35. Schonewille WJ, Algra A, Serena J, Molina CA, Kappelle LJ. Outcome in patients with
basilar artery occlusion treated conventionally. J Neurol Neurosurg Psychiatry.
2005;76(9):1238–41.
-
Síndrome de Wallenberg: Estudo Retrospetivo no Centro Universitário Hospitalar da Cova da Beira
44
Anexos
Anexo 1 - Aprovação da Comissão de Ética da Universidade da
Beira Interior
-
Síndrome de Wallenberg: Estudo Retrospetivo no Centro Universitário Hospitalar da Cova da Beira
45
Anexo 2 – Escala do NIH
-
Síndrome de Wallenberg: Estudo Retrospetivo no Centro Universitário Hospitalar da Cova da Beira
46
Anexo 3 – Escala de Rankin Modificada
-
Síndrome de Wallenberg: Estudo Retrospetivo no Centro Universitário Hospitalar da Cova da Beira
47
Anexo 4 – Escala de Barthel