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UNIVERSIDADE DA BEIRA INTERIOR Ciências da Saúde Síndrome de Wallenberg: Estudo Retrospetivo no Centro Hospitalar Universitário da Cova da Beira Ana Rita dos Santos Almeida Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em Medicina (Ciclo de estudos integrado) Orientador: Professor Doutor Francisco José Alvarez Pérez Covilhã, maio de 2019

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  • UNIVERSIDADE DA BEIRA INTERIOR

    Ciências da Saúde

    Síndrome de Wallenberg:

    Estudo Retrospetivo no Centro Hospitalar

    Universitário da Cova da Beira

    Ana Rita dos Santos Almeida

    Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em

    Medicina (Ciclo de estudos integrado)

    Orientador: Professor Doutor Francisco José Alvarez Pérez

    Covilhã, maio de 2019

  • Síndrome de Wallenberg: Estudo Retrospetivo no Centro Universitário Hospitalar da Cova da Beira

    ii

    Dedicatória

    À minha mãe.

  • Síndrome de Wallenberg: Estudo Retrospetivo no Centro Universitário Hospitalar da Cova da Beira

    iii

    Agradecimentos

    Ao Professor Doutor Francisco Alvarez, orientador deste projeto, pela iniciativa na definição do

    tema, por toda a acessibilidade e disponibilidade no esclarecimento de dúvidas, por todos os

    conselhos, pelo interesse sempre envolvido.

    A todos os meus amigos e família, que sempre acreditaram em mim e me apoiaram em todas

    as etapas da minha vida.

    À C’a TunaMUs, para sempre a minha família da Covilhã, por todo o apoio incondicional e

    momentos de lazer, por me ensinarem que a vida é muito mais do que estudar.

    Ao Filipe, por todas as quedas amparadas, por todas as palavras de ânimo, pelo aconchego do

    abraço sempre disponível, por todo o amor e carinho. Graças a ele aprendi a confiar nas minhas

    capacidades e a valorizar-me. Tornou-me uma pessoa melhor. Tornou o meu mundo mais

    bonito.

    Ao meu pai, que sempre me motivou para alcançar a excelência. Sem ele este sonho não seria

    possível.

    À Inês, minha irmã e amiga, pela cumplicidade e apoio, por festejar todas as minhas vitórias e,

    principalmente, por todos os desentendimentos e conflitos que me ensinaram a não me

    contentar com o fácil.

    À minha mãe, a quem dedico este trabalho, a mulher mais forte e destemida que conheço,

    pelos conselhos mais sábios, compreensão e constante encorajamento. Ensinou-me a não

    desistir ao primeiro obstáculo e a lutar sempre por todos os meus sonhos.

  • Síndrome de Wallenberg: Estudo Retrospetivo no Centro Universitário Hospitalar da Cova da Beira

    iv

    Resumo

    Introdução: O Síndrome de Wallenberg (SW) é, maioritariamente, provocado pela oclusão da

    artéria cerebelar inferior posterior (PICA), sendo o síndrome cerebrovascular mais frequente

    da circulação posterior. Tem uma apresentação clínica atípica o que, associado à falta de

    tradução imagiológica precoce, leva a erros e atrasos no diagnóstico. Este estudo propõe-se a

    analisar as características epidemiológicas e a apresentação clínica de um conjunto de

    pacientes internados na Unidade de Acidentes Vasculares Cerebrais (UAVC) do Centro Hospitalar

    Universitário da Cova da Beira (CHUCB) diagnosticados com este síndrome, assim como o

    intervalo de tempo desde o início dos sintomas até ao seu internamento.

    Materiais e Métodos: Foi realizado um estudo de cariz retrospetivo que engloba todos os

    enfartes da circulação posterior (POCI) (n=120), excluindo os lacunares, que resultaram em

    internamento na UAVC do CHUCB, nos anos 2007, 2008, 2009, 2010, 2014 e 2017. Como casos

    controlo, foram analisados 782 pacientes cujos acidentes vasculares cerebrais (AVC) foram

    classificados como enfartes totais da circulação anterior (TACI) ou enfartes parciais da

    circulação anterior (PACI). Foram analisadas as seguintes variáveis: fatores de risco; número de

    visitas ao serviço de urgência (SU) do CHUCB com a mesma sintomatologia; tempo decorrido

    desde o AVC até ao internamento; grau de dependência à alta; taxa de mortalidade durante o

    internamento e durante o primeiro ano após o internamento; topografia da lesão; mecanismo

    fisiopatológico da lesão; sinais e sintomas registados no episódio da urgência; métodos

    imagiológicos utilizados.

    Resultados: Os POCI’s são mais comuns no sexo masculino (53,3%). Não se verificou associação

    estatisticamente significativa entre os mecanismos de lesão e a topografia da mesma (p=0,159).

    Em 98,33% dos casos foi utilizado a tomografia computorizada (TC) como primeiro exame

    imagiológico. Dos fatores de risco apenas a cardiopatia isquémica (p=0,005) se mostrou

    estatisticamente significativa. Quanto à apresentação clínica, nenhum dos sinais avaliados no

    SU se mostrou estatisticamente significativo e, dos sintomas, apenas as cefaleias (p=0,017), a

    vertigem (p=0,005) e a alteração do estado de consciência (p

  • Síndrome de Wallenberg: Estudo Retrospetivo no Centro Universitário Hospitalar da Cova da Beira

    v

    Palavras-chave

    POCI, Síndrome de Wallenberg, Tempo até ao diagnóstico, Recorrência ao SU, Vertigem.

  • Síndrome de Wallenberg: Estudo Retrospetivo no Centro Universitário Hospitalar da Cova da Beira

    vi

    Abstract

    Introduction: Wallenberg’s Syndrome (WS) is mostly caused by occlusion of the posterior

    inferior cerebellar artery (PICA), being the most common cerebrovascular syndrome of the

    posterior circulation. It has an atypical clinical presentation which, associated with the lack of

    early imaging translation, leads to errs and delays in the diagnosis. This study proposes to

    analyse the epidemiological characteristics and clinical presentation of a set of patients

    admitted in the stroke unit (UAVC) of the Centro Hospitalar Universitário da Cova da Beira

    (CHUCB) diagnosed with this syndrome, as well as the interval of time since the beginning of

    the symptoms until their hospital admission.

    Materials and methods: A retrospective study was performed, which includes all the posterior

    circulation infarcts (POCI) (n=120), excluding the lacunar, which resulted in hospital admission

    in the UAVC of the CHUCB, in the years 2007, 2008, 2009, 2010, 2014 and 2017. Afterwards,

    782 patients which strokes (AVC) were classified as total anterior circulation infarcts (TACI) or

    partial anterior circulation infarcts (PACI) were analysed, as comparison. The following

    variables were analysed: risk factors; number of trips to the emergency service (ER) of the

    CHUCB with the same symptoms; time since the stroke until the hospital admission; degree of

    dependency upon hospital discharge; mortality rate during hospital admission and during the

    first year after hospital admission; topography of the lesion; pathophysiological mechanism of

    the lesion; signs and symptoms registered in the emergency episode; imagiological methods

    used.

    Results: POCI are more common in the male sex (53,3%). No statistically significant association

    was observed between the mechanisms of lesion and their topography (p=0,159). In 98,33% of

    the cases the Computed Tomography (CT scan) was used as the first imagiological examination.

    Of the risk factors only the ischemic cardiopathy (p=0,005) showed to be statistically

    significant. As for the clinical presentation, none of the signs evaluated in the ER showed to be

    statistically significant and, as for the symptoms, only the headaches (p=0,017), the vertigo

    (p=0,005) and the change in the state of consciousness (p

  • Síndrome de Wallenberg: Estudo Retrospetivo no Centro Universitário Hospitalar da Cova da Beira

    vii

    Keywords

    POCI, Wallenberg Syndrome, Time until diagnosis, Recurrence to the ER, Vertigo.

  • Síndrome de Wallenberg: Estudo Retrospetivo no Centro Universitário Hospitalar da Cova da Beira

    viii

    Índice

    Dedicatória ..................................................................................................... ii

    Agradecimentos ............................................................................................... iii

    Resumo ......................................................................................................... iv

    Palavras-chave ................................................................................................. v

    Abstract......................................................................................................... vi

    Keywords ...................................................................................................... vii

    Índice ......................................................................................................... viii

    Lista de Figuras................................................................................................. x

    Lista de Tabelas ............................................................................................... xi

    Lista de Acrónimos........................................................................................... xii

    1. Introdução .............................................................................................. 13

    2. Materiais e Métodos ................................................................................... 15

    2.1 Tipo de Estudo ........................................................................................ 15

    2.2 Critérios de Inclusão e de Exclusão ............................................................... 15

    2.3 Recolha de Dados ..................................................................................... 15

    2.4 Análise Estatística .................................................................................... 17

    3. Resultados............................................................................................... 18

    3.1 Análise Descritiva da Amostra ...................................................................... 18

    3.1.1 Distribuição da amostra segundo a Topografia de Lesão .......................................... 18

    3.1.2 Mecanismo da Lesão .................................................................................................. 19

    3.1.3 Mortalidade ................................................................................................................ 20

    3.2 Análise Estatística dos Fatores de Risco .......................................................... 22

    3.3 Análise Estatística dos Sinais e Sintomas ......................................................... 23

    3.4 Análise Estatística dos Métodos Imagiológicos utilizados ..................................... 28

    3.5 Análise Estatística do Número de Visitas ao Serviço de Urgência ........................... 28

    3.6 Análise Estatística do Tempo desde o AVC até ao internamento ............................ 30

    3.7 Análise Estatística do Grau de Dependência à alta ............................................ 31

    4. Discussão ................................................................................................ 33

    5. Limitações e Potencialidades ........................................................................ 37

  • Síndrome de Wallenberg: Estudo Retrospetivo no Centro Universitário Hospitalar da Cova da Beira

    ix

    6. Conclusão ............................................................................................... 38

    Referências Bibliográficas .................................................................................. 40

    Anexos ......................................................................................................... 44

    Anexo 1 - Aprovação da Comissão de Ética da Universidade da Beira Interior ................. 44

    Anexo 2 – Escala do NIH .................................................................................. 45

    Anexo 3 – Escala de Rankin Modificada ................................................................ 46

    Anexo 4 – Escala de Barthel ............................................................................. 47

  • Síndrome de Wallenberg: Estudo Retrospetivo no Centro Universitário Hospitalar da Cova da Beira

    x

    Lista de Figuras

    Figura 1 - Distribuição da topografia da lesão por sexo .............................................. 18

    Figura 2 - Mecanismo da lesão ............................................................................ 19

    Figura 3 - Mecanismos de lesão por topografia afetada. ............................................. 19

    Figura 4 - Mortalidade durante o internamento ....................................................... 20

    Figura 5 - Distribuição da mortalidade durante o internamento por topografia da Lesão ..... 20

    Figura 6 - Mortalidade durante o primeiro ano após o internamento. ............................. 21

    Figura 7 – Distribuição dos fatores de risco em 2 grupos por topografia da lesão. .............. 23

    Figura 8 – Distribuição dos sintomas por topografia da lesão. ...................................... 27

    Figura 9 - Distribuição dos sinais por topografia da lesão. .......................................... 27

    Figura 10 – Distribuição do número de idas ao serviço de urgência por topografia da lesão. . 29

    Figura 11 – Distribuição do Grupo A e do Grupo B por topografia da lesão. ...................... 29

    Figura 12 – Distribuição do Grupo X e do Grupo Y por topografia da lesão. ...................... 30

    Figura 13 – Avaliação do grau de dependência à alta por topografia da lesão, segundo a Escala

    de Barthel. .................................................................................................... 31

    Figura 14 - Avaliação do grau de dependência à alta por topografia da lesão, segundo a Escala

    de Rankin Modificada. ...................................................................................... 32

  • Síndrome de Wallenberg: Estudo Retrospetivo no Centro Universitário Hospitalar da Cova da Beira

    xi

    Lista de Tabelas

    Tabela 1 – Distribuição dos fatores de risco por topografia da lesão. ............................. 22

    Tabela 2 – Frequência dos sintomas descritos no SU.. ................................................ 24

    Tabela 3 – Frequência dos sinais descritos no SU.. .................................................... 24

    Tabela 4 – Distribuição dos sintomas descritos no serviço de urgência por topografia da lesão.

    .................................................................................................................. 25

    Tabela 5 – Distribuição dos sinais avaliados no exame objetivo do SU por topografia da lesão.

    .................................................................................................................. 26

  • Síndrome de Wallenberg: Estudo Retrospetivo no Centro Universitário Hospitalar da Cova da Beira

    xii

    Lista de Acrónimos

    AB Artéria Basilar

    AC Artérias Cerebelares

    AV Artéria Vertebral

    AVC Acidente Vascular Cerebral

    bHIT Bedside Head Impulse Test

    CHUCB Centro Hospitalar Universitário da Cova da Beira

    HDL Lipoproteína de Alta Densidade

    HINTS Head Impulse, Nystagmus, Test of Skew

    LACI Enfarte cerebral lacunar

    LDL Lipoproteína de Baixa Densidade

    NC Nervo Craniano

    NIHSS National Institute of Health Stroke Scale

    OCSP Oxfordshire Community Stroke Project

    PACI Enfarte cerebral parcial da circulação anterior

    PICA Artéria cerebelar posterior inferior

    POCI Enfarte cerebral da circulação posterior

    RMN Ressonância Magnética

    SAM Sistema de Apoio ao Médico

    SPSS Statistical Package for the Social Sciences

    SU Serviço de Urgência

    SW Síndrome de Wallenberg

    TACI Enfarte cerebral total da circulação anterior

    TC Tomografia Computorizada

    TOAST Trial of Org 10172 in Acute Stroke Treatment

    UAVC Unidade de AVC

    Valor-p Valor de prova

  • Síndrome de Wallenberg: Estudo Retrospetivo no Centro Universitário Hospitalar da Cova da Beira

    13

    1. Introdução

    Os Acidentes Vasculares Cerebrais (AVC) são a segunda causa de morte e a principal causa de

    morbilidade em todo o mundo (1). De forma global, a morbilidade por AVC aumentou

    substancialmente nas últimas décadas devido a um aumento da população, da esperança média

    vida e dos fatores de risco cardiovasculares, associado a uma diminuição das taxas de

    mortalidade, especialmente em países de baixo e médio rendimento (1).

    Apesar deste cenário, em 2016, em Portugal, a análise dos indicadores de mortalidade e

    morbilidade demonstrou uma diminuição no que diz respeito ao paradigma das doenças

    cerebrovasculares, em particular, no AVC (2). Esta diminuição deve-se, principalmente, a uma

    adoção de medidas preventivas mais eficientes e a uma melhoria dos meios complementares

    de diagnóstico (2).

    Cerca de um quinto dos AVC’s afeta a circulação posterior e, apesar desta incidência

    relativamente elevada (3), a maioria destes não é diagnosticado (4). Isto deve-se,

    particularmente, à presença de sintomas não específicos e às maiores dificuldades diagnósticas

    quando comparados com os AVC’s da circulação anterior (3).

    Um síndrome cerebrovascular é um conjunto de sinais e sintomas que têm como causa um

    evento isquémico numa determinada topografia cerebral que pode ser identificada consoante

    a combinação de queixas do paciente (5).

    O SW é um dos síndromes cerebrovasculares e consiste num conjunto de sinais e sintomas

    provocados pela oclusão da artéria vertebral ou de um dos seus ramos, sendo o mais frequente

    a artéria cerebelar posterior inferior (PICA) (6). Na prática clínica, é o síndrome cerebrovascular

    mais frequente da circulação posterior, tendo como principal fator de risco a hipertensão

    arterial (6). Epidemiologicamente, é mais frequente no sexo masculino, na sexta década de

    idade (6).

    Tendo em conta a localização da lesão, o Gold Standard para o diagnóstico é a Ressonância

    Magnética (RMN) (3). Dada a não realização, de forma rotineira, deste exame em serviço de

    urgência (SU), é possível que a lesão passe muitas vezes despercebida nos restantes exames

    imagiológicos, o que provoca um atraso no diagnóstico (7).

    Os pacientes com SW podem apresentar-se com vertigem, síndrome de Horner ipsilateral,

    ataxia da marcha, perda de sensibilidade à dor e temperatura na face ipsilateral e corpo

    contralateral (8). A fraqueza dos músculos bulbares também pode fazer parte da apresentação

    clínica dos pacientes com SW, podendo levar a rouquidão e a disfagia (8). Apesar disto, é muito

    rara a presença de todos estes sintomas em simultâneo (6), podendo ser a vertigem a única

    queixa (9).

  • Síndrome de Wallenberg: Estudo Retrospetivo no Centro Universitário Hospitalar da Cova da Beira

    14

    Dos síndromes que têm como origem um evento cerebral isquémico, o SW é um dos que tem

    melhor prognóstico, tendo como principais sequelas a instabilidade da marcha, a disfagia e a

    vertigem central (6,10).

    Esta apresentação atípica, associada à falta de tradução imagiológica nos métodos

    convencionais, leva a erros diagnósticos (8). A prova disso é que 35% dos acidentes vasculares

    da fossa posterior não são diagnosticados no serviço de urgência (9).

    Uma vez estabelecido o diagnóstico, deve ser tentada a reperfusão do tecido isquémico num

    intervalo de tempo máximo de 6 horas de evolução clínica (11). Posteriormente, estes pacientes

    devem ser internados em unidades especializadas em AVC’s, para garantir uma monitorização

    contínua e personalizada (5).

    Tendo em conta que o SW é o AVC mais comum da circulação posterior (6) e que tem uma

    apresentação clínica atípica quando comparado com a dos síndromes cerebrovasculares da

    circulação anterior (3), os objetivos deste estudo são:

    • Analisar as características epidemiológicas e a apresentação clínica de um conjunto de

    pacientes internados na Unidade de AVC (UAVC) do Centro Hospitalar Universitário da

    Cova da Beira (CHUCB) diagnosticados com SW;

    • Analisar o intervalo de tempo desde o início dos sintomas até ao internamento dos

    pacientes diagnosticados com SW e comparar com o mesmo intervalo de tempo nos

    pacientes com PACI’s e TACI’s.

  • Síndrome de Wallenberg: Estudo Retrospetivo no Centro Universitário Hospitalar da Cova da Beira

    15

    2. Materiais e Métodos

    2.1 Tipo de Estudo

    Foi realizado um estudo de cariz retrospetivo, englobando todos os episódios de AVC isquémico

    com origem na circulação posterior registados numa base de dados da UAVC do CHUCB, E.P.E.

    nos anos de 2007, 2008, 2009, 2010, 2014 e 2017. Este estudo contou com a aprovação da

    Comissão de Ética da Universidade da Beira Interior (Anexo 1) e do Conselho de Administração

    do CHUCB, E.P.E..

    2.2 Critérios de Inclusão e de Exclusão

    Como forma de agrupar os pacientes consoante o sítio e a extensão do enfarte cerebral, foi

    tida em conta a classificação da Oxfordshire Community Stroke Project (OCSP) (12). A OCSP

    subdivide os AVC’s em quatro tipos: LACI (enfarte lacunar), TACI (enfarte total da circulação

    anterior), PACI (enfarte parcial da circulação anterior) e POCI (enfarte da circulação posterior)

    (12).

    Neste estudo foram incluídos todos os pacientes internados na UAVC do CHUCB cujo AVC tinha

    sido classificado segundo a OCSP como POCI, excluindo todos os lacunares. Dentro dos POCI,

    foram considerados os AVC que ocorreram no território da artéria Vertebral, em particular da

    PICA cuja afetação provoca o SW (6), os que ocorreram no território da artéria Basilar e os que

    ocorreram no território das artérias Cerebelares Superiores e Anteroinferiores.

    Posteriormente, foram analisados 782 pacientes cujo AVC isquémico tivera sido classificado

    como TACI ou PACI (12), com o cariz de casos controlo.

    2.3 Recolha de Dados

    A recolha dos dados ocorreu entre dezembro de 2018 e fevereiro de 2019.

    Os dados foram retirados da base de dados da UAVC do CHUCB e todos os dados em falta foram

    recolhidos dos processos clínicos dos doentes através do programa de Sistema de Apoio ao

    Médico (SAM) e através da plataforma ALERT®. Todos os pacientes internados no referido

    período foram devidamente anonimizados, respeitando sempre a privacidade dos dados

    recolhidos.

    Para todos os pacientes da amostra, através da consulta dos respetivos processos clínicos com

    recurso ao programa SAM e à plataforma ALERT®, foram recolhidos os seguintes dados:

    • Género;

    • Idade;

  • Síndrome de Wallenberg: Estudo Retrospetivo no Centro Universitário Hospitalar da Cova da Beira

    16

    • Fatores de risco (13):

    o Hipertensão arterial;

    o Fibrilação auricular;

    o Diabetes mellitus;

    o Cardiopatias isquémicas (antecedentes de enfarte agudo do miocárdio e/ou de

    angina estável e/ou angina instável);

    o AVC prévio ao internamento;

    o Consumo de álcool;

    o Tabagismo.

    • Data de início dos sintomas que levaram ao internamento na UAVC do CHUCB;

    • Data de internamento na UAVC do CHUCB;

    • Número de visitas ao serviço de urgência do CHUCB com a mesma sintomatologia;

    • Tempo decorrido desde o AVC até ao internamento (em dias) na UAVC do CHUCB;

    • Bioquímica clínica:

    o Colesterol LDL;

    o Colesterol HDL;

    o Colesterol total;

    o Leucócitos;

    o Neutrófilos;

    o Linfócitos;

    o Plaquetas.

    • Classificação da NIHSS (Anexo 2) à data de entrada (14);

    • Classificação da escala de Rankin Modificada (Anexo 3) à data de alta (15);

    • Classificação da escala de Barthel (Anexo 4) à data de alta (15);

    • Morte durante o internamento;

    • Topografia da lesão, cuja classificação fora efetuada através da consulta dos relatórios

    dos exames de imagem, nomeadamente, da Tomografia Computorizada (TC) ou da

    Ressonância Magnética (RMN), para fazer a seguinte classificação:

    o Artéria Vertebral, em particular a PICA;

    o Artéria Basilar;

    o Artérias Cerebelares Superiores e Anteroinferiores.

    • Mecanismo fisiopatológico, classificado segundo os critérios TOAST (Trial of Org 10172

    in Acute Stroke Treatment) (16):

    o Aterotrombótico;

    o Cardioembólico;

    o Lacunares (não considerados neste estudo);

    o Outras causas determinadas;

    o Indeterminado.

  • Síndrome de Wallenberg: Estudo Retrospetivo no Centro Universitário Hospitalar da Cova da Beira

    17

    • Sintomas (cefaleia, distúrbios sensitivos, fraqueza, vertigem, sintomas vegetativos,

    disfagia, incontinência de esfíncteres, distúrbios visuais, acufenos), descritos no

    relatório do episódio de urgência que levou ao internamento na UAVC;

    • Sinais (sinal de Babinski, ataxia da marcha, dismetria dos membros, disartria, paresia

    do nervo craniano facial, paresia dos nervos cranianos bulbares, nistagmo), descritos

    no relatório do episódio de urgência que levou ao internamento;

    • Grau de dependência à alta, classificado com recurso às escalas de Rankin Modificada

    e de Barthel:

    o Doente dependente para as atividades da vida diária, no momento da alta do

    internamento, quando:

    ▪ classificação na escala de Barthel ≤ 60;

    ▪ classificação na escala de Rankin Modificada ≥ 3 (15).

    o Paciente independente para as atividades da vida diária, no momento da alta

    do internamento, quando

    ▪ Classificação na escala de Barthel ≥ 65;

    ▪ Classificação na escala de Rankin ≤ 2 (15).

    • Mortalidade durante o primeiro ano após a alta clínica do internamento na UAVC do

    CHUCB.

    2.4 Análise Estatística

    Os dados foram recolhidos e organizados com recurso ao programa Statistical Package for the

    Social Sciences (SPSS) – versão 25® para posterior análise e tratamento estatístico.

    Primeiramente, foi realizada a análise descritiva para a caracterização da amostra.

    Posteriormente, foi utilizado o teste do Qui-Quadrado de Pearson para comparar as frequências

    das diversas variáveis com a variável “Topografia da lesão” (17).

    Para a análise das variáveis contínuas, utilizámos a prova de Kolmogorov-Smirnov como forma

    de verificar se a amostra seguia uma distribuição normal. Dado a não verificação do pressuposto

    de normalidade, recorremos ao teste de Kruskal Wallis para amostras independentes (17).

    Os testes de hipóteses foram considerados significativos para um nível de significância inferior

    ou igual a 5% no valor de prova (valor-p) e marginalmente significativos quando este se

    encontrou entre os níveis de significância de 5% e 10% (17).

  • Síndrome de Wallenberg: Estudo Retrospetivo no Centro Universitário Hospitalar da Cova da Beira

    18

    3. Resultados

    3.1 Análise Descritiva da Amostra

    Da base de dados correspondente aos anos de 2007, 2008, 2009, 2010, 2014 e 2017, foram

    eliminados todos os casos que não tiveram natureza isquémica nem origem na fossa posterior,

    assim como, todos os episódios isquémicos lacunares. Assim, de uma amostra total de 1683

    pacientes que tiveram pelo menos um episódio isquémico que levou ao internamento, 120

    estavam classificados como POCI. Daqui, pode-se inferir que 7,13% da nossa amostra é

    constituída por POCI e os restantes 92,87% estavam classificados como LACI, PACI OU TACI.

    Relativamente aos AVC’s classificados como POCI, a amostra foi constituída por 120 pessoas,

    64 do sexo masculino (53,3%) e 56 do sexo feminino (46,7%). A média de idades foi de 75,28 ±

    13,863 anos, com o intervalo de idades entre 27 e 95 anos.

    3.1.1 Distribuição da amostra segundo a Topografia de Lesão

    Relativamente à distribuição segundo a topografia da lesão constata-se que, de um total de 120

    pacientes que constituíram a amostra, 60 pacientes (50,0%) foram afetados no território da

    artéria Vertebral (AV), 35 pacientes (29,2%) foram afetados no território da artéria Basilar (AB)

    e 25 pacientes (20,8%) têm como topografia da lesão as artérias Cerebelares (AC).

    Dos pacientes que tinham afetação da artéria Vertebral, 36 eram homens (60%) e 24 eram

    mulheres (40%) e tinham uma média de idades de 71,38 ± 13,710 anos. Dentro dos pacientes

    que tinham como afetação principal a artéria Basilar, 11 eram do sexo masculino (31,4%) e 24

    eram do sexo feminino 68,6%), sendo que tinham uma média de idades de 74,49 ± 14,292 anos.

    Por último, do grupo cuja afetação principal estava localizada no território das artérias

    Cerebelares, 17 eram homens (68%) e 8 eram mulheres (32%) sendo que tinham uma média de

    idades de 71,36 ± 13,835 anos. Quando cruzadas as variáveis “topografia da lesão” e “sexo”

    através da prova Qui-Quadrado de Pearson, obteve-se um resultado estatisticamente

    significativo (p=0,007).

    Figura 1 - Distribuição da topografia da lesão por sexo

    3624

    60

    1124

    35

    178

    25

    0

    20

    40

    60

    80

    Homens Mulheres Total

    Distribuição da topografia da lesão por sexo

    Artéria Vertebral Artéria Basilar Artérias Cerebelares

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    19

    3.1.2 Mecanismo da Lesão

    No que toca ao mecanismo causador do evento, 44 pessoas tiveram como origem da lesão o

    mecanismo cardioembólico (36,7%), 24 pessoas tiveram como principal mecanismo de lesão o

    aterotrombótico (20,0%), em 47 pessoas não foi possível determinar o mecanismo que levou ao

    evento (39,2%) e em 5 pessoas (4,1%) o mecanismo que levou à lesão isquémica é infrequente

    (Figura 2).

    Figura 2 - Mecanismo da lesão

    Quando o mecanismo da lesão é o cardioembólico, a lesão localiza-se na artéria Vertebral em

    38,6% dos casos, na artéria Basilar em 40,9% dos casos e nas artérias Cerebelares em 20,5% dos

    casos. Já no que diz respeito ao mecanismo aterotrombótico, a topografia da lesão ocorre em

    45,8% dos casos na artéria Vertebral, em 29,2% dos casos na artéria Basilar e em 25,0% dos

    casos nas artérias Cerebelares. Quando não foi possível determinar o mecanismo de lesão, em

    65,2% dos casos esta ocorreu nas artérias Vertebrais, em 17,4% dos casos ocorreu na artéria

    Basilar, e em 17,4% dos casos ocorreu nas artérias Cerebelares.

    Quando cruzadas as variáveis “topografia de lesão” e “mecanismo causador do evento” através

    da prova Qui-Quadrado de Pearson, obteve-se um nível de significância p=0,143.

    Na Figura 3 pode-se observar a distribuição dos 3 principais mecanismos de lesão

    (indeterminado, cardioembólico e aterotrombótico) segundo a topografia afetada.

    Figura 3 - Mecanismos de lesão por topografia afetada.

    37%

    20%

    39%

    4%

    Mecanismo da Lesão

    Cardioembólico Aterotrombótico Indeterminado Infrequente

    39%

    41%

    20%

    Cardioembólico

    Artéria Vertebral

    Artéria Basilar

    Artérias Cerebelares

    46%29%

    25%

    Aterotrombótico

    Artéria Vertebral

    Artéria Basilar

    Artérias Cerebelares

    66%17%

    17%

    Indeterminado

    Artéria Vertebral

    Artéria Basilar

    Artérias Cerebelares

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    20

    3.1.3 Mortalidade

    No que diz respeito à mortalidade durante o internamento, apenas 11 pacientes, de um total

    de 120 que compõem a amostra, faleceram enquanto estavam hospitalizados (9,2%).

    Figura 4 - Mortalidade durante o internamento

    Entre os pacientes que faleceram, 4 tinham como afetação principal a artéria Vertebral (36,4%),

    7 tinham como afetação principal a artéria Basilar (63,3%) e nenhum tinha como topografia de

    lesão as artérias Cerebelares. Quando cruzadas as variáveis “topografia de lesão” e

    “mortalidade durante o internamento” através da prova Qui-Quadrado de Pearson, foi obtido

    um valor estatisticamente significativo (p=0,019), o que indica que, quando um paciente tem

    um AVC que ocorre na AB, é mais provável que venha a falecer no internamento do que quando

    esta lesão ocorre na AV ou na AC.

    Figura 5 - Distribuição da mortalidade durante o internamento por topografia da Lesão

    9%

    91%

    Mortalidade durante o internamento

    SIM Não

    47

    0

    56

    2825

    0

    10

    20

    30

    40

    50

    60

    Artéria Vertebral Artéria Basilar Artérias Cerebelares

    Mortalidade durante o internamento

    Sim Não

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    21

    No que diz respeito ao tempo decorrido desde o internamento até à morte, este parâmetro foi

    avaliado utilizando a prova de Kruskal-Wallis para variáveis independentes, que revelou um

    nível de significância p=0,013. Tal indica que, quando a topografia da afetação é a AB, o tempo

    decorrido até à morte é menor (média de 5 dias entre 1 e 6 dias) do que o dos pacientes que

    têm a AV como afetação principal (média de 35 dias entre 15 e 130 dias).

    Relativamente à mortalidade durante o primeiro ano após o internamento, das 119 pessoas cujo

    status é conhecido, apenas faleceram 22 (18,5%). Neste grupo em particular, 7 faleceram

    devido a um AVC cuja lesão originária foi na artéria Vertebral (31,8%), 13 dos pacientes que

    faleceram tiveram como afetação a artéria Basilar (59,1%) e apenas 2 tiveram afetação das

    artérias Cerebelares (9,1%). Quando cruzadas as variáveis “topografia da lesão” e “mortalidade

    durante o primeiro ano após o internamento” através da prova Qui-Quadrado de Pearson, foi

    obtido um nível de significância de p=0,002, mostrando que, quando é afetada a AB, a taxa de

    mortalidade durante o primeiro ano após o internamento é superior comparativamente com os

    pacientes cuja afetação ocorreu na AV ou na AC.

    Figura 6 - Mortalidade durante o primeiro ano após o internamento.

    0 10 20 30 40 50 60

    Artéria Vertebral

    Artéria Basilar

    Artérias Cerebelares

    Mortalidade durante o primeiro ano após o internamento

    Não Sim

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    22

    3.2 Análise Estatística dos Fatores de Risco

    Os fatores de risco considerados foram os seguintes: hipertensão arterial, fibrilação auricular,

    diabetes mellitus, cardiopatia isquémica, antecedentes de AVC, tabagismo e alcoolismo. Da

    amostra, 99 pessoas tinham hipertensão arterial, 36 pessoas tinham fibrilação auricular, 35

    pessoas tinham diabetes mellitus, 18 pessoas tinham cardiopatia isquémica, 24 pessoas tinham

    antecedentes de AVC, 27 pessoas eram fumadoras e 27 pessoas consumiam álcool

    habitualmente.

    Na tabela 1 pode-se observar a distribuição dos fatores de risco por topografia da lesão.

    Tabela 1 – Distribuição dos fatores de risco por topografia da lesão. As variáveis são dicotómicas, estão representadas por n e % e foi utilizado o Teste do Qui-Quadrado de Pearson.

    Fatores de Risco AV

    (n=60)

    AB

    (n=35)

    AC

    (n=25)

    Total

    (n=120)

    Valor-p

    Hipertensão

    Arterial (n=119)

    Sim 51 (85,0%) 28 (82,4%) 20 (80,0%) 99 (83,2%) 0,844

    Não 9 (15,0%) 6 (17,6%) 5 (20,0%) 20 (16,8%)

    Fibrilação

    Auricular (n=118)

    Sim 14 (23,7%) 15 (44,1%) 7 (28,0%) 36 (30,5%) 0,115

    Não 45 (76,3%) 19 (55,9%) 18 (72,0%) 82 (69,5%)

    Diabetes Mellitus

    (n=119)

    Sim 18 (30,0%) 11 (32,4%) 6 (24,0%) 35 (29,4%) 0,777

    Não 42 (70,0%) 23 (67,6%) 19 (76,0%) 84 (70,6%)

    Cardiopatia

    Isquémica

    (n=118)

    Sim 5 (8,5%) 4 (11,8%) 9 (36,0%) 18 (15,3%) 0,005

    Não 54 (91,5%) 30 (88,2%) 16 (64,0%) 100 (84,7%)

    AVC prévio

    (n=119)

    Sim 12 (20,0%) 9 (26,5%) 3 (12,0%) 24 (20,2%) 0,391

    Não 48 (80,0%) 25 (73,5%) 22 (88,0%) 95 (79,8%)

    Tabagismo

    (n=78)

    Sim 13 (36,1%) 7 (24,9%) 7 (46,7%) 27 (34,7%) 0,128

    Não 23 (63,9%) 20 (74,1%) 8 (53,3%) 51 (65,4%)

    Alcoolismo

    (n=78)

    Sim 14 (38,9%) 6 (22,2%) 7 (46,7%) 27 (34,6%) 0,209

    Não 22 (61,1%) 21 (77,8%) 8 (53,3%) 51 (65,4%)

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    23

    Posteriormente, foi feita uma análise quanto ao número de fatores de risco que cada paciente

    tinha, assumindo a frequência 2 como valor de corte (Figura 7). Quando foi cruzada esta

    variável com a variável “topografia da lesão” através do teste Qui-Quadrado de Pearson,

    obteve-se um valor de significância de p=0,765, o que indica que a presença de um maior

    número de fatores de risco não é preditiva de ocorrência de lesão em determinada topografia.

    Figura 7 – Distribuição dos fatores de risco em 2 grupos por topografia da lesão.

    3.3 Análise Estatística dos Sinais e Sintomas

    Quanto à análise dos sinais e sintomas presentes no serviço de urgência e que foram critério de

    internamento, foram considerados dentro dos sintomas: cefaleia; distúrbios sensitivos;

    fraqueza; vertigem; sintomas vegetativos; disfagia; incontinência de esfíncteres; distúrbios

    visuais; acufenos; alteração do estado de consciência. Relativamente aos sinais, foram

    considerados os seguintes: sinal de Babinski; ataxia da marcha; dismetria membros; disartria;

    paresia do NC facial; paresia dos NC Bulbares; nistagmo.

    36

    2117

    24

    14

    8

    0

    5

    10

    15

    20

    25

    30

    35

    40

    Artéria Vertebral Artéria Basilar Artérias Cerebelares

    ≤2 >2

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    24

    Nas tabelas 2 e 3 podemos observar, respetivamente, a análise dos sintomas e sinais registados

    no relatório do episódio da urgência.

    Tabela 2 – Frequência dos sintomas descritos no SU. As variáveis estão representadas por n e %.

    Sintomas Sim Não Indeterminado

    Cefaleia (n=37) 31 (25,8 %) 6 (5,0%) 83 (69,2%)

    Distúrbios Sensitivos (n=26) 18 (15,0%) 8 (6,7%) 94 (78,3%)

    Fraqueza (n=85) 53 (44,2%) 32 (26,7%) 35 (29,1%)

    Vertigem (n=66) 63 (52,5%) 3 (2,5%) 54 (45,0%)

    Sintomas Vegetativos (n=67) 62 (51,7%) 5 (4,1%) 53 (44,2%)

    Disfagia (n=4) 2 (1,7%) 2 (1,7%) 116 (96,6%)

    Incontinência de Esfíncteres (n=8) 7 (5,8%) 1 (0,8%) 112 (93,4%)

    Distúrbios Visuais (n=27) 17 (14,2%) 10 (8,3%) 93 (77,5%)

    Acufenos (n=6) 6 (5,0%) 0 (0,0%) 114 (95,0%)

    Alteração Estado de Consciência

    (n=119)

    28 (23,3%) 91 (75,9%) 1 (0,8%)

    Tabela 3 – Frequência dos sinais descritos no SU. As variáveis estão representadas por n e %.

    Sinais Sim Não Indeterminado

    Sinal de Babinski (n=33) 16 (13,3%) 17 (14,2%) 87 (72,5%)

    Ataxia da Marcha (n=10) 6 (5,0%) 4 (3,3%) 110 (91,7%)

    Dismetria dos Membros

    (n=28)

    13 (10,8%) 15 (12,5%) 92 (76,7%)

    Disartria (n=61) 44 (36,6%) 17 (14,2%) 59 (49,2%)

    Paresia NC VII (n=49) 34 (28,3%) 15 (12,5%) 71 (59,2%)

    Paresia NC Bulbares (n=11) 2 (1,7%) 9 (7,5%) 109 (90,8%)

    Nistagmo (n=26) 14 (11,7%) 12 (10,0%) 94 (78,3%)

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    25

    A tabela 4 mostra a distribuição da presença ou ausência dos sintomas no serviço de urgência

    segundo a topografia da lesão.

    Tabela 4 – Distribuição dos sintomas descritos no serviço de urgência por topografia da lesão. As variáveis são dicotómicas, estão representadas por n e % e foi utilizado o Teste do Qui-Quadrado de Pearson.

    Sintomas AV (n=60) AB (n=35) AC (n=25) Total (n=120) Valor-p

    Cefaleia

    (n=37)

    Sim 20 (90,9%) 2 (40,0%) 9 (90,0%) 31 (83,8%) 0,017

    Não 2 (9,1%) 3 (60,0%) 1 (10,0%) 6 (16,2%)

    Distúrbios

    Sensitivos

    (n=26)

    Sim 9 (81,8%) 6 (75,0%) 3 (42,9%) 18 (69,2%) 0,199

    Não 2 (18,2%) 2 (25,0%) 4 (57,1%) 8 (30,8%)

    Fraqueza

    (n=85)

    Sim 19 (54,3%) 24 (77,4%) 10 (52,6%) 53 (62,4%) 0,094

    Não 16 (45,7%) 7 (22,6%) 9 (47,4%) 32 (37,6%)

    Vertigem

    (n=66)

    Sim 42 (97,7%) 5 (71,4%) 16 (100,0%) 63 (95,5%) 0,005

    Não 1 (2,3%) 2 (28,6%) 0 (0,0%) 3 (4,5%)

    Sintomas

    Vegetativos

    (n=67)

    Sim 40 (95,2%) 6 (75,0%) 16 (94,1%) 62 (92,5%) 0,131

    Não 2 (4,8%) 2 (25,0%) 1 (5,9%) 5 (7,5%)

    Disfagia

    (n=4)

    Sim 2 (50,0%) 0 (0,0%) 0 (0,0%) 2 (50,0%) *

    Não 2 (50,0%) 0 (0,0%) 0 (0,0%) 2 (50,0%)

    Incontinência

    (n=8)

    Sim 1 (50,0%) 4 (100,0%) 2 (100,0%) 7 (87,5%) 0,180

    Não 1 (50,0%) 0 (0,0%) 0 (0,0%) 1 (12,5%)

    Distúrbios

    Visuais

    (n=27)

    Sim 8 (66,7%) 6 (75,0%) 3 (42,9%) 17 (63,0%) 0,410

    Não 4 (33,3%) 2 (25,0%) 4 (57,1%) 10 (37,0%)

    Acufenos

    (n=6)

    Sim 3 (100,0%) 1 (100,0%) 2 (100,0%) 6 (100,0%) *

    Não 0 (0,0%) 0 (0,0%) 0 (0,0%) 0 (0,0%)

    Alteração da

    Consciência

    (n=119)

    Sim 9 (15,3%) 17 (48,6%) 2 (8,0%) 28 (23,5%)

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    26

    A Tabela 5 mostra a distribuição da presença ou ausência dos sinais considerados no exame

    objetivo realizado no serviço de urgência segundo a topografia da lesão.

    Tabela 5 – Distribuição dos sinais avaliados no exame objetivo do SU por topografia da lesão. As variáveis são dicotómicas, estão representadas por n e % e foi utilizado o Teste do Qui-Quadrado de Pearson.

    Sinal AV (n=60) AB (n=35) AC (n=25) Total (n=120) Valor-p

    Sinal de

    Babinski

    (n=33)

    Sim 5 (50,0%) 10 (62,5%) 1 (14,3%) 16 (48,5%) 0,103

    Não 5 (50,0%) 6 (37,5%) 6 (85,7%) 17 (51,5%)

    Ataxia da

    Marcha

    (n=10)

    Sim 6 (66,7%) 0 (0,0%) 0 (0,0%) 6 (60,0%) 0,197

    Não 3 (33,3%) 1 (100,0%) 0 (0,0%) 4 (40,0%)

    Dismetria dos

    Membros

    (n=28)

    Sim 8 (53,3%) 4 (57,1%) 1 (16,7%) 13 (46,4%) 0,253

    Não 7 (46,7%) 3 (42,9%) 5 (83,3%) 15 (53,6%)

    Disartria

    (n=61)

    Sim 14 (60,9%) 19 (82,6%) 11 (73,3%) 44 (72,1%) 0,257

    Não 9 (39,1%) 4 (17,4%) 4 (26,7%) 17 (27,9%)

    Paresia NC VII

    (Facial)

    (n=49)

    Sim 12 (57,1%) 16 (84,2%) 6 (66,7%) 34 (69,4%) 0,176

    Não 9 (42,9%) 3 (15,8%) 3 (33,3%) 15 (30,6%)

    Paresia NC

    Bulbares

    (n=11)

    Sim 0 (0,0%) 2 (50,0%) 0 (0,0%) 2 (18,2%) 0,118

    Não 5 (100,0%) 2 (50,0%) 2 (100,0%) 9 (81,8%)

    Nistagmo

    (n=26)

    Sim 10 (62,5%) 1 (33,3%) 3 (42,9%) 14 (53,8%) 0,514

    Não 6 (37,5%) 2 (66,7%) 4 (57,1%) 12 (46,2%)

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    27

    Nas Figuras 8 e 9 pode-se observar, respetivamente, a distribuição dos sintomas e sinais

    observados no serviço de urgência e que levaram ao internamento na UAVC do CHUCB, por

    topografia da lesão.

    Figura 8 – Distribuição dos sintomas por topografia da lesão.

    Figura 9 - Distribuição dos sinais por topografia da lesão.

    20

    9

    19

    4240

    2 1

    8

    3

    9

    26

    24

    5 6

    04

    6

    1

    17

    9

    3

    10

    16 16

    02 3 2 2

    0

    5

    10

    15

    20

    25

    30

    35

    40

    45

    Sintomas

    Artéria Vertebral Artéria Basilar Artérias Cerebelares

    56

    8

    14

    12

    0

    1010

    0

    4

    19

    16

    211

    01

    11

    6

    0

    3

    0

    2

    4

    6

    8

    10

    12

    14

    16

    18

    20

    Sinal deBabinski

    Ataxia daMarcha

    Dismetriados

    Membros

    Disartria Paresia NCVII

    Paresia NCBulbares

    Nistagmo

    Sinais

    Artéria Vertebral Artéria Basilar Artérias Cerebelares

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    28

    3.4 Análise Estatística dos Métodos Imagiológicos utilizados

    Dos 120 pacientes que compõem a amostra, em 118 (98,3%) o primeiro exame de imagem

    utilizado foi a TC (Tomografia Computorizada) e em 2 (1,7%) foi a RMN (Ressonância Magnética).

    Dos pacientes cujo único exame imagiológico utilizado fora a TC, em 87 (73,73%) esta mostrou

    evidência imagiológica de isquemia em algum momento durante o internamento. Sendo que,

    destes 87 pacientes, em 38 (43,68%) os sinais de isquemia eram visíveis na primeira TC

    realizada, em 43 pacientes (49,43%) os sinais de isquemia apenas se tornaram evidentes na

    segunda TC realizada, e em 6 (6,90%) apenas foi possível comprovar a presença de um AVC na

    terceira TC. Nos restantes 31 pacientes (26,27%) não foram evidentes sinais imagiológicos de

    isquemia nas TC’s realizadas, sendo que, destes, em 20 pacientes (64,52%) fora usada a RMN

    como exame de controlo.

    A média de dias desde o início do quadro clínico até ao aparecimento de sinais imagiológicos

    de isquemia na TC é de 4,46 dias (entre 2 e 7 dias).

    As lesões isquémicas foram evidentes em todos os pacientes em que fora utilizada a RMN (tanto

    nos que usaram como primeiro exame, como nos que usaram como exame controlo).

    3.5 Análise Estatística do Número de Visitas ao Serviço de

    Urgência

    No que concerne ao número de visitas ao serviço de urgência devido à mesma sintomatologia,

    pode-se constatar que de um total de 120 pacientes, 103 apenas visitaram uma vez ao serviço

    de urgência (85,8%), 12 precisaram de recorrer duas vezes ao serviço de urgência (10,0%) e 5

    recorreram três vezes ao serviço de urgência (4,2%).

    Pode-se observar que, dentro do número de pessoas que apenas necessitou de recorrer ao

    serviço de urgência uma vez, 46 (44,7%) tinham a lesão isquémica no território da artéria

    Vertebral, 32 (31,1%) tinham como afetação principal a artéria Basilar e que 25 (24,3%) tinham

    como afetação as artérias Cerebelares. Relativamente aos pacientes que recorreram duas vezes

    ao serviço de urgência, 10 (83,3%) tiveram como território afetado o da artéria Vertebral e 2

    (16,7%) o território da artéria Basilar. Quanto aos doentes que necessitaram de visitar o SU três

    vezes até ficarem internados, 4 (80,0%) destes tinham como afetação principal a artéria

    Vertebral e apenas 1 (20,0%) tinha como afetação principal a artéria Basilar.

    Quando cruzadas as variáveis “topografia da lesão” e “número de visitas ao SU” através da

    prova Qui-Quadrado de Pearson, foi obtido um nível de significância de p=0,052 (nível

    marginalmente significativo).

  • Síndrome de Wallenberg: Estudo Retrospetivo no Centro Universitário Hospitalar da Cova da Beira

    29

    Figura 10 – Distribuição do número de idas ao serviço de urgência por topografia da lesão.

    Posteriormente a amostra foi dividida em dois grupos: o grupo A, que corresponde aos pacientes

    que foram à urgência apenas uma vez, e o grupo B, que corresponde aos pacientes que

    precisaram de recorrer ao serviço de urgência duas ou mais vezes. Do grupo A fazem parte 103

    pacientes e do grupo B fazem parte 17 pacientes.

    Quanto ao grupo A, 46 pacientes tiveram como topografia da lesão a artéria Vertebral (44,7%),

    32 tiveram como afetação principal a artéria Basilar (31,1%) e 25 tiveram como local da lesão

    as artérias Cerebelares (24,3%). Relativamente ao grupo B, 14 pacientes (82,4%) tiveram como

    afetação principal a artéria Vertebral e os restantes 3 (17,6%) tiveram como afetação principal

    a artéria Basilar.

    Cruzando o grupo A e B com a “topografia de lesão” através do teste Qui-Quadrado de Pearson,

    foi obtida uma significância p=0,009, o que indica que, quando o território arterial afetado é o

    da AV, a probabilidade de recorrer ao serviço de urgência com maior frequência é superior.

    Figura 11 – Distribuição do Grupo A e do Grupo B por topografia da lesão.

    46

    10

    4

    32

    2 1

    25

    0 00

    10

    20

    30

    40

    50

    1 2 3

    Artéria Vertebral Artéria Basilar Artérias cerebelares

    45%

    31%

    24%

    Grupo A

    Artéria Vertebral

    Artéria Basilar

    Artérias Cerebelares

    82%

    18%0%

    Grupo B

    Artéria Vertebral

    Artéria Basilar

    Artérias Cerebelares

  • Síndrome de Wallenberg: Estudo Retrospetivo no Centro Universitário Hospitalar da Cova da Beira

    30

    3.6 Análise Estatística do Tempo desde o AVC até ao

    Internamento

    Foi realizada a Prova de Kruskal-Wallis para variáveis independentes através do cruzamento da

    variável “topografia da lesão” com a variável “tempo em dias desde o AVC até ao

    internamento”, tendo esta associação mostrado um nível de significância de p=0,005.

    Analisando por topografia, quando a lesão ocorre na Artéria Vertebral a média do número de

    dias desde o AVC até ao internamento é de 1 dia (entre 1 e 3 dias), na Artéria Basilar é de 0

    dias (entre 0 e 1 dia) e na Artéria Cerebelar é de 1 dia (entre 0 e 2 dias).

    Posteriormente, foram considerados dois grupos: no grupo X os pacientes que demoraram 1 dia

    desde o AVC até ao internamento e, no grupo Y, os pacientes que esperaram mais do que 1 dia

    até serem internados.

    Do grupo X constaram 79 pacientes (66,9% do total) sendo que, destes, 33 (41,8% do grupo X)

    tiveram como afetação principal a artéria Vertebral, 28 (35,4% do grupo X) tiveram como

    afetação a artéria Basilar e 18 (22,8% do grupo X) tiveram como afetação as artérias

    Cerebelares.

    Do grupo Y constaram os pacientes que esperaram mais do que 1 dia até serem internados,

    contando com um total de 39 pacientes (33,1% do total). Destes 39, 27 (69,2% do grupo Y)

    tiveram como afetação principal a artéria Vertebral, 6 (15,4% do grupo Y) tiveram como

    afetação principal a artéria Basilar e 6 (15,4%) tiveram como afetação principal as artérias

    Cerebelares.

    Quando cruzadas as variáveis “número de dias até ao internamento” e “topografia da lesão”

    através do teste Qui-Quadrado de Pearson, foi obtido um valor-p=0,016. Desta análise,

    constatou-se que, quando a topografia da lesão está na AV, os pacientes demoram mais tempo

    a serem diagnosticados e, consequentemente, internados, do que os restantes POCI.

    Figura 12 – Distribuição do Grupo X e do Grupo Y por topografia da lesão.

    42%

    35%

    23%

    Grupo X

    Artéria Vertebral

    Artéria Basilar

    Artérias Cerebelares

    69%

    16%

    15%

    Grupo Y

    Artéria Vertebral

    Artéria Basilar

    Artérias Cerebelares

  • Síndrome de Wallenberg: Estudo Retrospetivo no Centro Universitário Hospitalar da Cova da Beira

    31

    Como grupo de controlo, foram analisados 782 pacientes cujo AVC tivera sido classificado no

    grupo TACI ou no grupo PACI. Neste grupo a média de dias desde o AVC até ao internamento foi

    de 0 dias (entre 0 e 1 dia), média inferior à dos AVC’s classificados como POCI’s, em particular,

    quando a afetação ocorre na artéria vertebral (média de 1 dia entre 1 e 3 dias).

    3.7 Análise Estatística do Grau de Dependência à alta

    Foi realizada a Prova de Kruskal-Wallis para variáveis independentes através do cruzamento da

    variável “topografia da lesão” com as variáveis “escala de Rankin Modificada à alta” e “escala

    de Barthel à alta”. Destas associações, obtiveram-se as seguintes correlações:

    • Distribuição da Escala de Barthel dentro da mesma topografia: p=0,001;

    • Distribuição da Escala de Rankin dentro da mesma topografia: p=0,001.

    Para avaliar o grau de dependência após o AVC dos pacientes que compõem a amostra, foram

    utilizadas as escalas de Barthel e de Rankin. Foi considerado que um doente era dependente à

    alta do internamento quando a classificação na escala de Barthel fosse ≤60 ou quando a

    classificação na escala de Rankin fosse ≥3 (15). Foram considerados como independentes à alta

    do internamento, os pacientes cuja classificação na escala de Barthel fosse ≥65 ou quando a

    classificação na escala de Rankin fosse ≤2 (15).

    No Figura 13 está representada a distribuição de frequências consoante a avaliação do grau de

    dependência pós-AVC por topografia da lesão, segundo a Escala de Barthel. Quando cruzados

    estes dados com recurso ao teste Qui-Quadrado de Pearson, obteve-se uma significância de

    p=0,037, que demonstra que, quando um AVC ocorre no território da AB a probabilidade de

    ficar dependente para as atividades da vida diária é superior (comparativamente aos AVC’s nos

    territórios da AV e das AC).

    Figura 13 – Avaliação do grau de dependência à alta por topografia da lesão, segundo a Escala de Barthel.

    0% 20% 40% 60% 80% 100%

    Artéria Vertebral

    Artéria Basilar

    Artérias Cerebelares

    Escala de Barthel

    Dependente Independente

  • Síndrome de Wallenberg: Estudo Retrospetivo no Centro Universitário Hospitalar da Cova da Beira

    32

    No Figura 14 está esquematizada a distribuição de frequências do grau de dependência pós-

    AVC por topografia da lesão, segundo a Escala de Rankin Modificada. Quando cruzados estes

    dados com recurso ao teste Qui-Quadrado de Pearson, obteve-se uma significância de p=0,012,

    que coincide com os resultados obtidos com a avaliação do grau de dependência segundo a

    escala de Barthel.

    Figura 14 - Avaliação do grau de dependência à alta por topografia da lesão, segundo a Escala de Rankin Modificada.

    0% 20% 40% 60% 80% 100%

    Artéria Vertebral

    Artéria Basilar

    Artérias Cerebelares

    Escala de Rankin Modificada

    Dependente Independente

  • Síndrome de Wallenberg: Estudo Retrospetivo no Centro Universitário Hospitalar da Cova da Beira

    33

    4. Discussão

    No que diz respeito à análise dos resultados, pode-se observar que cerca de 7% da amostra do

    presente estudo corresponde a POCI’s e que, nos AVC’s do território da PICA, o intervalo de

    tempo desde o diagnóstico até ao internamento é de, em média, 1 dia (entre 1 e 3 dias).

    Comparando com a literatura a percentagem de POCI’s na amostra do presente estudo, pode-

    se verificar que esta é ligeiramente inferior aos 20% relatados (3). Tal pode dever-se ao

    tamanho limitado da amostra, que impossibilita a representação ideal da população. Não

    obstante, a distribuição entre homens (53,3%) e mulheres (46,7%) é semelhante, com uma

    frequência ligeiramente superior no sexo masculino, o que vai de encontro aos resultados

    apresentados no estudo de Strózyńska et al (18).

    Relativamente à apresentação clínica dos pacientes, que engloba todos os sinais e sintomas

    apresentados pelos mesmos, nenhum dos sinais se mostrou estatisticamente significativo

    quando comparado com a topografia da afetação enquanto que, dos sintomas, os únicos que se

    mostraram estatisticamente significativos foram: as cefaleias (p=0,017), a vertigem (p=0,005)

    e a alteração do estado de consciência (p

  • Síndrome de Wallenberg: Estudo Retrospetivo no Centro Universitário Hospitalar da Cova da Beira

    34

    Assim, assume especial relevância o estudo das possíveis causas de vertigem e, principalmente,

    dos métodos que facilitam, assim como dos que não devem ser utilizados, na diferenciação das

    causas de origem central e periférica. Isto pode ser feito através do bHIT (bedside Head Impulse

    Test), que constitui um método com evidência científica para realizar esta distinção (23).

    Um bHIT é utilizado para avaliar a integridade do reflexo oculo-vestibular (a capacidade de

    fixar um alvo quando a cabeça está em movimento) e realiza-se através da rotação da cabeça

    do paciente para a direita ou para a esquerda enquanto este fixa o olhar num objeto (24). O

    teste é normal se o paciente conseguir manter os olhos no alvo (24). Um bHIT normal parece

    ser o melhor preditor de AVC em pacientes que se apresentam com um síndrome vertiginoso e

    sem francos sintomas ou sinais neurológicos, segundo a literatura (25).

    O HINTS representa um protocolo mais refinado que o anterior e inclui o bHIT, a avaliação da

    presença de nistagmo (Nystagmus) e da presença de desvio oblíquo do olhar (Test of Skew)

    (26). A sua utilização permite alcançar valores de sensibilidade de 100% e de especificidade de

    96% na identificação de AVC’s em pacientes com vertigem e pelo menos um fator de risco

    vascular (26).

    No entanto, a maioria dos clínicos não está familiarizado com a utilização deste instrumento

    em cenário de urgência, recorrendo essencialmente aos métodos de imagem (23) e, apesar de

    a bibliografia atual sobre os meios complementares de diagnóstico para AVC’s da circulação

    posterior referir que o Gold Standard é a RMN (3), a maioria dos clínicos utiliza como primeira

    linha a TC para a avaliação de vertigem com origem central (27). No presente estudo o mesmo

    foi verificado, com 98,3% da amostra a realizar a TC como primeiro exame de imagem e, como

    esperado, sem alterações no primeiro exame de imagem realizado em 67,8% dos casos. Isto

    pode dever-se a diversos motivos: à falta de disponibilidade da RMN em contexto de urgência,

    à falta de conhecimento da pouca fiabilidade da TC em eventos isquémicos da circulação

    posterior, ou simplesmente pelo desconhecimento da sensibilidade e especificidade do

    protocolo HINTS no diagnóstico de eventos isquémicos como causa de vertigem.

    Segundo a literatura, em pacientes que se apresentam com história subjetiva de vertigem no

    serviço de urgência, a recolha de uma história clínica cuidada e a realização de uma avaliação

    neurológica básica (avaliar a presença ou ausência de disartria, diplopia, sintomas sensitivos

    ou motores unilaterais) permite identificar de forma correta a maioria dos pacientes cuja

    vertigem é secundária a isquemia (28). Assim, o exame neurológico sumário e a recolha da

    história clínica, devem constituir o método de avaliação standard destes pacientes no serviço

    de urgência (28). No entanto, quando foram analisadas as frequências dos sinais e sintomas

    avaliados, verificou-se a existência de uma grande falta de informação registada para cada

    sinal e sintoma na maioria dos pacientes, sendo que é possível encontrar sintomas cuja presença

    ou ausência não é descrita em 95,7% da amostra, o que introduz viés na análise dos resultados.

    Esta lacuna de informação relativamente a alguns sintomas e sinais poderá ter como causa a

  • Síndrome de Wallenberg: Estudo Retrospetivo no Centro Universitário Hospitalar da Cova da Beira

    35

    falta de registo da história clínica dada pelo paciente, assim como do exame físico realizado

    no serviço de urgência ou, como alternativa, a não realização dos mesmos.

    Comparando os resultados dos tempos desde o AVC até o internamento dos POCI’s com os TACI’s

    e PACI’s, vemos que nos últimos dois grupos a média de dias até ao internamento é de 0 dias,

    o que significa que, a maioria dos pacientes considerados no estudo são diagnosticados no dia

    em que iniciam os sintomas. Tal não acontece com o grupo POCI, em particular, quando a

    topografia de lesão se encontra na artéria Vertebral e, portanto, na PICA, cuja média de dias

    até ao internamento é de 1 (entre 1 e 3 dias).

    Quando a suspeita é de um TACI ou PACI, a realização de uma TC no serviço de urgência permite

    muitas vezes definir o diagnóstico de forma precoce, uma vez que, em AVC’s da circulação

    anterior, os sinais isquémicos são visíveis, na maioria das vezes, nos exames imagiológicos (29).

    Tendo em conta a baixa sensibilidade e especificidade deste método, quando comparado com

    a RMN, em contexto agudo de lesões isquémicas da circulação posterior (27), este não deve ser

    realizado quando a suspeita é de POCI. O uso deste método complementar de diagnóstico ao

    invés da RMN, poderá levar a um maior número de idas ao SU e mais tempo de espera até ao

    internamento, podendo ter um impacto significativo na mortalidade e na morbilidade da

    população em causa, como comprovam outros artigos sobre o tema (30).

    Por outro lado, a apresentação mais comum do SW é a vertigem (6) e , em contexto de urgência,

    a vertigem pode ser muitas vezes atribuída a diagnósticos relativamente benignos (31). Uma

    das possíveis consequências, poderá ser a medicação para uma patologia erroneamente

    diagnosticada tendo como resultados a permanência dos sintomas e o regresso ao serviço de

    urgência com a sintomatologia inicial.

    Foi possível constatar que o grupo de pacientes cuja lesão isquémica estava localizada na

    artéria Vertebral e, portanto, com afetação na PICA (responsável pelo SW), para além de

    demorarem mais tempo a ser diagnosticados, recorrem, com uma frequência superior, mais do

    que uma vez ao SU com a mesma sintomatologia, quando comparados com os grupos das

    restantes topografias da lesão. Este resultado vai de encontro às duas hipóteses apresentadas

    anteriormente.

    Deste modo, uma possível solução para tornar o diagnóstico mais precoce, poderia passar pela

    aplicação da Escala do NIH (14) no serviço de urgência a todos os pacientes com suspeita de

    AVC e cuja apresentação clínica inclua a vertigem, para pesquisar a presença de sinais e

    sintomas sugestivos de AVC que, de outra forma, poderiam passar despercebidos.

    Quanto à variável “fatores de risco”, na análise por topografia foi registado apenas um

    resultado significativo, que diz respeito à cardiopatia isquémica (p=0,005). Ao comparar a

    frequência deste fator de risco por topografia de lesão, pode-se afirmar que, neste estudo, em

    pacientes com algum tipo de cardiopatia isquémica, a probabilidade de sofrerem um POCI cuja

    afetação seja as artérias Cerebelares é superior. Na literatura, não foi encontrada nenhuma

  • Síndrome de Wallenberg: Estudo Retrospetivo no Centro Universitário Hospitalar da Cova da Beira

    36

    referência a fatores de risco mais preditivos de ocorrência de um acidente vascular isquémico

    em determinada topografia; os fatores de risco são até bastante semelhantes em AVC’s da

    circulação anterior e posterior, não justificando a estratificação destes por territórios arteriais

    (32).

    No que diz respeito ao mecanismo causador do evento, pode-se afirmar que, no presente

    estudo, não existem associações significativas com diferentes topografias de lesão (p=0,159).

    Não foi encontrada referência à diferença de mecanismos por território arterial, no entanto,

    segundo Zeng et al, quando são comparados os mecanismos de lesão dos AVC’s da circulação

    anterior e posterior, o mecanismo cardioembólico é mais preditivo do primeiro (32).

    Ao comparar o grau de dependência por topografia da lesão (valor-p=0,037 quando usada a

    escala de Barthel e valor-p=0,012 com a utilização da escala de Rankin modificada), observou-

    se que, quando a topografia da lesão foi a artéria Vertebral, a percentagem de pessoas que

    ficaram dependentes para as atividades da vida diária e a percentagem de pessoas que não

    ficaram foram semelhantes, já no que toca às lesões na área da artéria Basilar, 73,9% das

    pessoas ficaram dependentes dos cuidados de outrem e, quando a topografia da lesão foi nas

    artérias Cerebelares, apenas 36,4% das pessoas ficaram dependentes.

    Segundo o estudo de Sommer et al, os pacientes diagnosticados com um AVC da fossa posterior

    e que recorreram ao serviço de urgência após pelo menos 4,5 horas desde o início dos sintomas,

    têm pior outcome quando comparados com um grupo semelhante de pacientes com AVC na

    circulação anterior (33). Já no estudo de De Marchis et al parece não haver diferenças entre os

    outcomes dos AVC’s da circulação anterior e posterior (29), enquanto que no estudo de Libman

    et al os outcomes parecem ser melhores nos AVC’s da circulação posterior (19).

    Apesar das várias contradições encontradas na literatura, segundo os resultados deste estudo

    pode-se afirmar que os POCI’s provocaram um grau de dependência que não pode ser

    desvalorizado; apesar do SW ser o síndrome cerebrovascular com melhor prognóstico (6), no

    presente estudo, provocou dependência em cerca de 50% dos pacientes. Já no que diz respeito

    aos AVC’s que ocorreram na região das artérias Basilares, quase 75% dos pacientes ficou com

    algum grau de dependência, resultados estes que vão de encontro com a literatura (34).

    No que concerne à mortalidade durante o internamento e durante o primeiro ano após a alta

    do internamento na UAVC, dentro dos AVC’s classificados como POCI, esta é superior quando a

    topografia da lesão envolve o território da Artéria Basilar. Pela literatura, em AVC’s provocados

    pela oclusão da Artéria Basilar, cerca de 40% têm um desfecho fatal (35), o que coincide com

    os resultados apresentados.

  • Síndrome de Wallenberg: Estudo Retrospetivo no Centro Universitário Hospitalar da Cova da Beira

    37

    5. Limitações e Potencialidades

    Sendo o estudo de cariz retrospetivo, apresenta as limitações inerentes a este tipo de trabalhos,

    nomeadamente no que diz respeito à correta representatividade da população: neste caso em

    particular a amostra é limitada apenas a um hospital (CHUCB), aos anos de 2007, 2008, 2009,

    2010, 2014 e 2017 e é constituída por um baixo número de pacientes (n=120).

    Relativamente à recolha dos dados, existe informação em falta, nomeadamente no que

    concerne à apresentação clínica dos pacientes assim como aos fatores de risco destes, podendo

    enviesar os resultados obtidos. Por outro lado, a descrição dos sintomas e do exame físico pode

    ser feita de forma diferente por profissionais de saúde distintos, podendo acrescentar algum

    viés à análise.

    Apesar disto, e face à pesquisa bibliográfica efetuada, pode-se constatar que existem vários

    estudos que analisam a apresentação clínica atípica dos POCI’s, em particular do SW, e que

    comparam os seus outcomes com os restantes tipos de AVC’s. Não obstante, a literatura é

    escassa na análise dos fatores de risco e sintomatologia de POCI’s de diferentes territórios

    arteriais, assim como, na comparação efetiva dos intervalos de tempo decorridos desde o início

    da sintomatologia até ao diagnóstico entre episódios isquémicos da circulação anterior e

    posterior.

    Deste modo, este estudo é pioneiro neste tipo de análise e, apesar das limitações, pode ser

    visto como um impulso para o surgimento de novos estudos relativos a este tema, que possam

    ultrapassar as limitações deste e comprovar os resultados obtidos.

  • Síndrome de Wallenberg: Estudo Retrospetivo no Centro Universitário Hospitalar da Cova da Beira

    38

    6. Conclusão

    Do presente estudo, podemos concluir que a apresentação clínica do Síndrome de Wallenberg

    inclui principalmente a vertigem e as cefaleias, duas entidades que, apesar de bastante

    comuns, poucas vezes são relacionadas com um evento isquémico ou, quando o são, os meios

    de imagem usados para chegar ao seu diagnóstico são pouco fiáveis, como por exemplo, a TC.

    Apesar disto, foi verificada a existência de diversas lacunas na informação, presente no

    relatório da urgência, relativa aos sinais e sintomas dos pacientes no serviço de urgência. Tal

    constatação, pode dever-se tanto à ausência da recolha da história clínica e da realização dos

    exames físico e neurológico no serviço de urgência, assim como à falta do respetivo registo no

    relatório do episódio urgente.

    No que diz respeito ao tempo que os pacientes com SW demoraram a ser diagnosticados, neste

    estudo concluiu-se que, quando comparados tanto com pacientes com outros POCI’s como com

    TACI’s e PACI’s, estes, para além de demorarem mais tempo, recorrem, pela mesma

    sintomatologia, com uma frequência superior ao serviço de urgência. Isto pode dever-se ao

    facto de a vertigem ser o principal sintoma do SW; é um sintoma bastante subjetivo e que, na

    maioria das vezes, é associado a patologias mais benignas, como por exemplo, as de origem

    periférica. Como possível consequência, estes pacientes poderão ser medicados para uma

    patologia erradamente diagnosticada, o que poderá levar à permanência dos sintomas e ao

    regresso ao serviço de urgência com a sintomatologia inicial.

    Dentro dos POCI’s, os pacientes que têm como topografia de lesão a artéria Basilar são os que

    têm níveis mais elevados de dependência para as atividades da vida diária à alta, assim como

    taxas de mortalidade no internamento e no primeiro ano após a alta mais elevadas. Apesar

    disto, no presente estudo, 50% dos pacientes com SW ficaram dependentes de outrem e 10%

    faleceram durante o primeiro ano após a alta.

    O SW, quando diagnosticado de forma tardia, pode provocar uma morbilidade e mortalidade

    considerável, apesar do seu bom prognóstico quando comparado com outros síndromes

    cerebrovasculares. Deste modo, torna-se importante a divulgação em meio clínico da existência

    desta entidade clínica e das suas particularidades, assim como, a consciencialização dos

    profissionais de saúde para a recolha de uma história clínica e exame físico cuidados de todos

    os pacientes, particularmente, em contexto de urgência.

    Quando suspeitamos de AVC’s da fossa posterior, o exame imagiológico de eleição é a RMN,

    exame este que nem sempre está disponível em serviço de urgência, o que pode ser a razão

    para a pouca utilização deste exame quando comparado com a TC (tal como verificado neste

    estudo). No entanto, podem ser utilizados exames à cabeceira do doente para a realização do

    diagnóstico diferencial, tomando particular importância a recolha da história clínica e a

    realização de um exame neurológico sumário.

  • Síndrome de Wallenberg: Estudo Retrospetivo no Centro Universitário Hospitalar da Cova da Beira

    39

    Torna-se relevante salientar que, uma possível solução para diminuir o intervalo de tempo

    desde o AVC até ao internamento, poderia passar pela aplicação da Escala do NIH no serviço de

    urgência a todos os pacientes com suspeita de AVC e cuja apresentação clínica inclua a

    vertigem.

    Para finalizar, importa relembrar a necessidade de novos estudos, de preferência prospetivos,

    com uma amostra mais representativa da população, para conseguir confirmar com um rigor

    científico superior as associações encontradas no presente estudo.

  • Síndrome de Wallenberg: Estudo Retrospetivo no Centro Universitário Hospitalar da Cova da Beira

    40

    Referências Bibliográficas

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  • Síndrome de Wallenberg: Estudo Retrospetivo no Centro Universitário Hospitalar da Cova da Beira

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    Anexos

    Anexo 1 - Aprovação da Comissão de Ética da Universidade da

    Beira Interior

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    45

    Anexo 2 – Escala do NIH

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    46

    Anexo 3 – Escala de Rankin Modificada

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    47

    Anexo 4 – Escala de Barthel