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Documentos 146 Maria Luiza Franceschi Nicodemo Vanderley Porfírio da Silva Luiz Roberto Lopes de S.Thiago Miguel Marques Gontijo Neto Valdemir Antônio Laura Sistemas Silvipastoris – Introdução de Árvores na Pecuária do Centro-Oeste Brasileiro Campo Grande, MS 2004 ISSN 1517-3747 Novembro, 2004 Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Centro Nacional de Pesquisa de Gado de Corte Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

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Documentos 146

Maria Luiza Franceschi NicodemoVanderley Porfírio da SilvaLuiz Roberto Lopes de S.ThiagoMiguel Marques Gontijo NetoValdemir Antônio Laura

Sistemas Silvipastoris –Introdução de Árvores naPecuária do Centro-OesteBrasileiro

Campo Grande, MS2004

ISSN 1517-3747

Novembro, 2004Empresa Brasileira de Pesquisa AgropecuáriaCentro Nacional de Pesquisa de Gado de CorteMinistério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

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Exemplares desta publicação podem ser adquiridos na:

Embrapa Gado de CorteRodovia BR 262 Km 4, CEP 79002-970 Campo Grande, MSCaixa Postal 154Fone: (67) 368 2064Fax: (67) 368 2180http://www.cnpgc.embrapa.brE-mail: [email protected]

Comitê de Publicações da Unidade

Presidente: Ivo Martins CezarSecretário-Executivo: Mariana de Aragão PereiraMembros: Antonio do Nascimento Rosa, Arnildo Pott, CacildaBorges do Valle, Ecila Carolina Nunes Zampieri Lima, Lúcia Gatto,Maria Antonia Martins de Ulhôa Cintra, Mariana de AragãoPereira, Rodiney de Arruda Mauro, Tênisson Waldow de Souza

Supervisor editorial: Ecila Carolina Nunes Zampieri LimaRevisor de texto: Lúcia Helena Paula do CantoNormalização bibliográfica: Maria Antonia M. de Ulhôa CintraFotos da capa: Josimar Lima do NascimentoCapa: Paulo Roberto Duarte PaesEditoração eletrônica: Ecila Carolina Nunes Zampieri Lima

1a edição1a impressão (2004): 500 exemplares

Todos os direitos reservados.A reprodução não-autorizada desta publicação, no todo ou emparte, constitui violação dos direitos autorais (Lei no 9.610).CIP-Brasil. Catalogação-na-publicação.Embrapa Gado de Corte.

Sistemas silvipastoris − introdução de árvores na pecuária do Cen-tro-Oeste brasileiro / Maria Luiza Franceschi Nicodemo ... [etal.]. -- Campo Grande : Embrapa Gado de Corte, 2004.37 p. ; 21 cm. -- (Documentos / Embrapa Gado de Corte, ISSN

1517-3747 ; 146)

ISBN 85-297-0182-8

1. Pecuária. 2. Sistema silvipastoril. 3. Região Centro-Oeste.4. Brasil. I. Nicodemo, Maria Luiza Franceschi. II. Porfírio da Silva,V. III. Thiago, Luiz Roberto Lopes de S. IV. Gontijo Neto, MiguelMarques. V. Laura, Valdemir Antônio. VI. Embrapa Gado de Corte(Campo Grande, MS). VII. Título. VIII. Série.

CDD 634.99 (21. ed.)© Embrapa 2004

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Maria Luiza Franceschi NicodemoZootecnista, Ph.D., CRMV-MS No 100-Z,Embrapa Gadode Corte, Rodovia BR 262, Km 4, Caixa Postal 154,79002-970 Campo Grande, MS. Correio eletrônico:[email protected]

Vanderley Porfírio da SilvaEngenheiro-Agrônomo, Ph.D., Embrapa Florestas,Estrada da Ribeira, Km 111, Caixa Postal 319, 83411-000 Colombo, PR. Correio eletrônico:[email protected]

Luiz Roberto Lopes de S.ThiagoEngenheiro-Agrônomo, Ph.D., CREA No 852/D-Visto1.522/MS, Embrapa Gado de Corte, Rodovia BR 262,Km 4, Caixa Postal 154, 79002-970 Campo Grande,MS. Correio eletrônico: [email protected]

Miguel Marques Gontijo NetoEngenheiro-Agrônomo, Ph.D., CREA No 52.722/MG,Embrapa Gado de Corte, Rodovia BR 262, Km 4, CaixaPostal 154, 79002-970 Campo Grande, MS. Correioeletrônico: [email protected]

Autores

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Valdemir Antônio LauraEngenheiro-Agrônomo, M.Sc., CREA-MS No 5.224/D,Embrapa Gado de Corte, Rodovia BR 262, Km 4, CaixaPostal 154, 79002-970 Campo Grande, MS. Correioeletrônico: [email protected]

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Sumário

Resumo ..................................................................... 7Abstract .................................................................... 9Introdução ............................................................... 10Considerações para a introdução de sistemas silvipastorisno Brasil Central ....................................................... 12Modificações determinadas pela introdução de árvores empastagens ................................................................ 14

Influência do microclima sobre os animais ................................... 14Influência do microclima sobre forrageiras herbáceas .................... 17Efeitos do sombreamento sobre o valor nutricional das forrageirasherbáceas ............................................................................ 19

Delineamento de sistemas silvipastoris ........................ 20Introdução de árvores em pastagens ......................................... 22

Uso de árvores e arbustos no forrageamento do rebanho 23Associação de árvores forrageiras ............................................ 26Implantação e manejo de bancos de proteína ............................... 28

Considerações finais ................................................. 29Referências Bibliográficas .......................................... 31

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Sistemas Silvipastoris –Introdução de Árvores naPecuária do Centro-OesteBrasileiroMaria Luiza Franceschi NicodemoVanderley Porfírio da SilvaLuiz Roberto Lopes de S.ThiagoMiguel Marques Gontijo NetoValdemir Antônio Laura

Resumo

Sistemas silvipastoris – SSPs – combinam espécies lenhosas (árvores, arbustos,palmeiras entre outros) ao sistema de produção animal, em alguma forma dearranjo temporal ou espacial. Os SSPs são ferramentas importantes do desenvol-vimento sustentável, já que combinam produção com a conservação dosrecursos naturais. Alem de buscar atender a várias necessidades dos produtoresrurais (alimento, madeira, lenha, forragem, plantas medicinais e fibras), podemauxiliar na conservação dos solos, recuperação de microbacias, recomposiçãoordenada de áreas florestais, e manutenção da biodiversidade, entre outros. Aimplantação e o manejo de SSPs são mais complexos que em sistemas pecuáriosconvencionais, mas ainda assim, pode representar um significativo aporte derecursos, aumentando a resiliência dos sistemas de produção.

Termos para indexação: ambiente, bem-estar animal, forrageiras lenhosas,pecuária, sistemas agroflorestais.

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Silvipastoral Systems – TheIntroduction of Trees onAnimal Production in theBrazilian Savannahs

Abstract

Silvopastoral systems – SSPs – combine trees, shrubs or/and palm trees intothe animal production systems, in different arrangements over time or area.Silvopastoral systems are important tools for sustainable development,combining productivity and natural resources conservation. It aims at attendingthe needs of the farmer (food, timber, fuel, forage, medicinal plants and fiber)and it can help soil conservation, watershed recuperation, ordered planting offorests, maintenance of biodiversity, and others. The establishment andmanagement of silvopastoral systems is more complex than the traditional beefcattle production system, but SSPs can increase the resources available,therefore increasing the resilience of the production systems.

Index terms: agroforestry systems, environment, animal welfare, cattlehusbandry, forage trees.

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10 Sistemas silvipastoris − introdução de árvores na pecuária do Centro-Oestebrasileiro

Introdução

A sustentabilidade dos sistemas ecológicos tem como suporte a biodiversidade,a ciclagem de nutrientes e o fluxo de energia. Dessa forma, para manter o soloprodutivo, qualquer sistema deve incluir o maior número possível de espéciesvegetais em um mesmo cultivo ou em sucessão, manter altos níveis de matériaorgânica com alta diversidade da vida no solo, e ser o mais eficiente possível nautilização de água, luz e nutrientes. A remoção da floresta ou qualquer outravegetação natural inicia freqüentemente o processo de perda de matéria orgânicado solo. A atividade agrícola, com ênfase na monocultura, tem sido um fator deaceleração dessa degradação, que com o uso do fogo e superpastejo, inicia oprocesso de perda da estrutura do solo e voçorocamento (Franco et al., 2003).

Muitos problemas de mau uso da terra podem ser relacionados com a falta deárvores. Sua remoção tem efeitos óbvios sobre a degradação dos solos nosdeslizamentos, erosões e nos processos de salinização (Fig. 1). Há tambémpressões crescentes da sociedade para a proteção das áreas remanescentes deCerrados, consideradas hotspots de biodiversidade. Hotspots é um termoutilizado para designar uma área que contém 1.500 espécies de plantasendêmicas e que perdeu mais de 3/4 de sua vegetação original. Essas regiões,25 ao todo, cobrem 1,4% da superfície da Terra, mas abrigam mais de 60% detoda a diversidade animal e vegetal terrestre (Pinto, 2002).

Fig. 1. Efeitos da introdução de árvores na dinâmica do agroecossistema.Fonte: Altieri, 1989.

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11Sistemas silvipastoris − introdução de árvores na pecuária do Centro-Oestebrasileiro

No Estado de Mato Grosso do Sul, dos quase 36 milhões de hectares, 63% sãoutilizados com pastagens e 16% estão com florestas e outros tipos de vegetaçãonaturais. Diante da importância socioeconômica das cadeias produtivas da carnee do leite para a sociedade sul-mato-grossense e das divisas que proporcionam,o desafio é o seu desenvolvimento em bases sustentáveis e com justiça social(Silva, 2003).

As áreas de pastagem de Mato Grosso do Sul estão sob uma condição climáticaque determina estresse térmico calórico em graus mediano e severo para osanimais sem proteção, no período de outubro até março, e estacionalidade deprodução das forrageiras, com cerca de 70% na estação úmida e 30% naestação seca. Na metade sul do Estado, a ocorrência de geadas (embora deintensidade e freqüência baixas) é um agravante para a estacionalidade deprodução das forrageiras. Ambos os aspectos constituem um importante proble-ma para a pecuária na região e têm reflexos no desempenho animal (Silva, 2003).

O clima impõe um certo grau de estresse aos animais, mensurável pelasdisfunções na homeotermia, com reflexos negativos sobre a eficiência produtivae/ou reprodutiva. Essa situação pode acarretar prejuízos, por exemplo, pelodecréscimo na produção de leite (Hafez, 1973; Hardy, 1981; Cameron et al.,1989; Naãs, 1989; Müller, 1989). De todos os efeitos da presença de árvoresem pastagens, e, portanto, sobre os animais que nela vivem, o mais importantepara estes é, sem dúvida, a melhora no seu bem-estar (Silva, 2003).

O Centro-Oeste brasileiro apresenta grande potencial de aplicação de sistemasagroflorestais – SAFs –, e em especial de sistemas silvipastoris. Há enormesáreas de pastagens degradadas de criação extensiva, bacias leiteiras comproblemas de forrageamento no inverno, possibilidade de aplicação de cercasvivas, banco de proteínas e árvores de sombra (Daniel et al., 2000). Dados doInstituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 1997), citados por Silva(2003), demonstram que, em média, 29,7% dos estabelecimentos rurais doEstado apresentam renda monetária bruta negativa, o que pode ser um indício deque, entre outras causas, os atuais sistemas de uso das terras podem não estarconseguindo assegurar a capacidade produtiva dos recursos existentes.

Assim, a associação de árvores aos sistemas de produção agropecuários podecontribuir para reduzir os problemas que existem hoje no setor, com benefíciosnão apenas ao produtor rural, mas também para toda a comunidade do entorno.

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12 Sistemas silvipastoris − introdução de árvores na pecuária do Centro-Oestebrasileiro

Considerações para a introduçãode sistemas silvipastoris no BrasilCentral

Segundo previsão de organismos internacionais, o déficit mundial de madeira em2010 se aproximará dos 500 milhões de metros cúbicos por ano. Isto certamen-te trará uma forte demanda ao setor florestal, principalmente dentro dos novosconceitos de crescimento sustentado. No Brasil, podemos citar a crescentedemanda por madeira de pínus, espécie tradicionalmente consumida e cultivadaem todo o Sul e parte do Sudeste. Segundo a Sociedade Brasileira de Silvicultu-ra, a estimativa de crescimento é sair dos atuais 40 milhões de metros cúbicospara 80 milhões de metros cúbicos em 2020. Assinala-se que o balanço entreoferta e demanda de madeira de pínus já é deficitário (Paim, 2002).

As condições climáticas de praticamente todo o território nacional mostramelevado potencial natural para o desenvolvimento de atividades florestais, ooposto de países do extremo setentrional europeu, em que, apesar de contaremcom florestas naturais densas exploradas racionalmente, a reposição de umaárvore dali extraída, por exemplo, a bétula, requer um período de pelo menos 50anos para alcançar dimensões comerciais de corte. Em contraste, no Brasil épossível produzir mais de 40 metros cúbicos de madeira de eucalipto porhectare/ano após apenas sete anos de plantio. Assim, o país dispõe de extraordi-nário fator de competitividade. Paralelamente, observa-se que o setor florestalgera e mantém um grande volume de empregos permanentes (Paim, 2002).

No caso de pecuaristas que queiram implantar sistemas silvipastoris, pode-seestimar que pastagens com 200 árvores por hectare, manejadas para produzirmadeira para serraria, poderia adicionar cerca de R$ 300,00/ha/ano (Silva,2001). A lucratividade de sistemas silvipastoris tem sido demonstrada porvários trabalhos, exemplificado pelo estudo conduzido por Marlats et al. (1995),citados por Silva (2003), que compararam monocultura de floresta, monoculturade pastagens e sistema silvipastoril com 250 e 416 árvores por hectare. Essesistema apresentou as melhores taxas internas de retorno do investimentoefetuado, superando a renda líquida obtida nas monoculturas.

O sucesso da disseminação e implantação de sistemas agroflorestais depende deuma série de fatores, entre eles tecnologia apropriada; disponibilidade de mudasde boa qualidade, viabilizada pela seleção de matrizes e implantação de viveiros;

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13Sistemas silvipastoris − introdução de árvores na pecuária do Centro-Oestebrasileiro

e disseminação da informação e assistência técnica na implantação e desenvolvi-mento dos SAFs, onde a articulação dos sistemas de pesquisa e extensão éfundamental (Salam et al., 2000). Os aspectos a serem superados são principal-mente a geração de novos conhecimentos de manejo e da alteração deparadigmas orientadores das ações de pessoas e instituições envolvidas com osetor.

A importância dos sistemas silvipastoris está clara, visto que promove o desen-volvimento sustentável, já que combinam produção (alimentos, madeira, lenha,forragem, plantas medicinais e fibras) com a conservação dos recursos naturais(solos, microbacias, áreas florestais, biodiversidade, entre outros), além deaumentar o potencial para o seqüestro de carbono, contribuindo para a estabiliza-ção do clima. Infelizmente, poucos trabalhos de pesquisa em sistemasagroflorestais foram realizados na região Centro-Oeste, ao contrário de outrasregiões brasileiras, onde existem grupos de pesquisa bastante atuantes. Ofortalecimento dos grupos de pesquisa em formação e intercâmbio de informa-ções é fundamental para dar suporte ao estabelecimento de sistemasagroflorestais eficientes.

Apesar da importância ambiental, social e econômica dos plantios florestais eagroflorestais, essas atividades apresentam alto custo de implantação e manuten-ção, pois normalmente apresentam retornos financeiros mais significativos dosexto ao vigésimo quarto anos, quando são efetuados os corte finais dasflorestas. Um aspecto positivo da exploração de madeira na propriedade pecuáriaé a possibilidade de o usufruto ou o corte da madeira ser feito conforme aoportunidade da época, da rentabilidade da floresta e outros, de forma que aidade ótima de rotação, ou do desbaste, ou da talhadia, não seja necessariamen-te pré-determinada como na agricultura. Assim, os plantios florestais permitemflexibilidade nos corte de modo a maximizar os lucros (Graça et al., 2000).

Os sistemas silvipastoris devem ser delineados para minimizar os custos associa-dos à implantação e manutenção das árvores; sistemas de manejo precisam serdesenvolvidos para que a competição entre forrageiras herbáceas e árvores porluz, água e nutrientes seja adequadamente conduzida e a associação de árvores epastagem precisa ser dimensionada para tirar o melhor proveito da produção decarne e de produtos florestais (Montoya Vilcahuaman et al., 2000). Áreasconsideradas impróprias para a agricultura ou pastagens em estádio inicial dedegradação podem ser utilizadas e recuperadas por meio de sistemas

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silvipastoris. Na região Amazônica, por exemplo, a combinação de cultura demilho, paricá (Schizolobium amazonicum) e Brachiaria brizantha para a recupera-ção de pastagens degradadas foi considerada viável, e a produção de milho nostrês anos iniciais de estabelecimento do sistema reduziu os custos totais em70% (Marques, 1990).

Para avaliar o valor biológico de um sistema agroflorestal é essencial conhecer osfatores ambientais limitantes e como eles interagem. Young (1994) comentouque as principais interações dos SAFs com os recursos ambientais referem-se aomicroclima (luz, umidade do ar, temperatura e vento) e ao solo (fertilidade eerosão). A presença de árvores altera o balanço de radiação fotossinteticamenteativa e o comportamento de ventos na superfície da área (Monteith et al., 1991;Brenner, 1996; Ong et al., 1991; Bird et al., 1992; Gregory, 1995), influenci-ando a conversão dessa radiação pelo processo de fotossíntese (Ong et al.1996). O efeito combinado dessas mudanças atua sobre o balanço de energiadisponível para o meio, influenciando no uso de água pelas plantas, na produçãodestas e, também, sobre o componente animal.

Modificações determinadas pelaintrodução de árvores empastagens

Várias modificações podem ocorrer em um campo de forrageiras herbáceas pelaintrodução de árvores no sistema, quer sejam pelo solo ou pelo microclima, eque serão traduzidas em interações entre os componentes do novo sistema. Asinterações que envolvem os componentes arbóreo e forrageiro herbáceo podemdeterminar o sucesso ou não do novo sistema. O conhecimento dos efeitosresultantes dos mecanismos utilizados pelos componentes para satisfazeremsuas necessidades, explorando no mesmo espaço os recursos ambientais, torna-se importante para otimizar as interações visando, à produção do sistema e seufuncionamento global, capaz de promover a manutenção dos componentes(Silva, 2001).

Influência do microclima sobre os animaisEm sistemas silvipastoris, o padrão de sombreamento imposto pelos elementosarbóreos é importante não apenas para os componentes vegetais do sistema(Djimde et al., 1989; Sequeira & Gholz, 1991), mas, também, para os animaisque por ele circulam, uma vez que estes têm vários aspectos de caráter

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comportamental e metabólico relacionados com a quantidade de energia solarque recebem (Hafez, 1973; Encarnação & Koller,1985; Müller, 1989;McArthur, 1991). As variáveis do componente climático, que estão ao redor doanimal ou do rebanho, se traduzem pelas condições microclimáticas de tempera-tura e umidade do ar, velocidade de ventos e radiação solar. São essas variáveisque atuam sobre o animal, provocando reações em seu centro termorregulador,localizado no sistema nervoso central (Fig. 2).

Fig. 2. Pastagem degradada, sem sombreamento.

Foto: Embrapa Gado de Corte - Jornalismo.

Os animais, produtores de calor, têm sua adaptação e sobrevivência regidas porprincípios físicos, os quais envolvem a troca de calor entre seu corpo e o meioambiente que os rodeia, ou seja, por evaporação, condução, convecção eradiação. Os bovinos estão em conforto térmico quando a temperatura corporalse mantém com um mínimo de esforço do sistema termorregulador. Acima dazona de conforto (para bovinos indianos varia de 10°C a 26°C; para bovinoseuropeus, de 0,5°C a 15°C ou 20°C) há vasodilatação, suor e aumento dos

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movimentos respiratórios. Índices têm sido desenvolvidos com o intuito deestimar o conforto térmico dos animais. O índice mais utilizado para avaliação deanimais, especialmente de bovinos, tem sido o Índice de Temperatura-Umidade –THI – (Nãas, 1989; Barbosa & Silva, 1995) e o índice de Umidade-Termômetrode Globo – BGHI.

O gado bovino apresenta-se particularmente sensível às condições úmidas equentes, portanto, o oferecimento de sombra pode melhorar sua tolerância e suaprodução (Fig. 3a e 3b). Piquetes sombreados têm melhorado a eficiência daconversão de alimentos e sobrevivência do gado (Bird et al., 1992). Estudosobre disponibilidade de sombra para vacas leiteiras da raça holandesa, na regiãode Santa Maria, RS, conduzido por Carvalho (1991), mostrou aumentos naprodução do leite e do teor percentual de sólidos não gordurosos, concluindoainda que os animais mais especializados e de primeiras lactações seriam os maisafetados pela condição desfavorável de ausência de sombra. Em pastagemsombreada por renques arbóreos, os índices THI e BGHI foram menores do queem uma condição de pastagem convencional (não arborizada), sugerindomelhores condições de conforto térmico em pastagem sombreada (Silva, 1998).

Fig. 3a. Sombra natural insuficiente.Fonte: Costa, 2005.

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17Sistemas silvipastoris − introdução de árvores na pecuária do Centro-Oestebrasileiro

Influência do microclima sobre forrageiras herbáceasAs pastagens plantadas a pleno sol, com uma única espécie, tendem a ter umdossel de menor rugosidade, o que pode favorecer a movimentação laminar damassa de ar e facilitar altas velocidades de vento. Para se obter um suprimentomais adequado de CO2 para as pastagens é preciso, no entanto, que a movimen-tação do ar seja mais turbulenta (com velocidades de vento não sendo altas, nembaixas, nem constantes), de maneira a promover a difusão da concentração deCO2 e quebrar gradientes térmicos. A atenuação da velocidade do vento, obtidapela presença organizada de árvores, pode implicar no incremento do rendimentodas pastagens, basicamente por causa dos seguintes aspectos:

• economia de água (menor evaporação, tanto do solo como das plantas);• ar com maior teor de umidade, fazendo com que as temperaturas diurnas e

noturnas não oscilem muito rapidamente, evitando assim choques térmi-cos;

• otimização do suprimento de CO2;

Fig. 3b. Bovinos em pastagem sombreada.

Foto: Osni Corrêa de Souza, 2003.

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• diminuição dos danos físicos nas plantas que mantêm, então, maior áreafotossintética ativa;

• condição microclimática favorável pela conservação, nos períodos frios, docalor do solo e do ar nas áreas protegidas, e por prevenir dos ventosquentes e secos nos períodos de verão.

A presença de um estrato arbóreo em pastagens pode constituir, também, umaforma de promover a manutenção de forragem verde no inverno (Silva, 1994).As árvores constituem uma barreira contra perdas de radiação de ondas longasdurante a noite, impedindo a formação de geadas de radiação (geada branca) eos ventos gélidos e dessecantes (geada negra). Essa proteção resulta, em termospráticos, em pastagens verdes sob árvores durante o inverno. Silva et al. (1998)registraram, nas condições do noroeste paranaense, temperaturas do ar maiselevadas em até 2°C na posição sob as copas de renques arbóreos em noite deinverno, e os valores de temperatura do ar atingiram até 8°C de diferença entreas posições sombreadas e ensolaradas. Desta forma, as árvores contribuem paraa conservação de calor do solo e do ar, ao proteger a área da ação dos ventosque arrastariam a umidade do ar (Gregory, 1995).

O pasto pode ter seu crescimento comprometido pelo vento por causa dos danosfísicos causados pela agitação mecânica. Sob ventos fortes, as folhas daspastagens batem e friccionam ao mesmo tempo, dobram-se, e freqüentemente,sofrem rotação sobre o eixo longitudinal de suas hastes. Tais movimentospodem produzir fraturas permanentes, murchamento, dessecação, cloroses enecrose da ponta das folhas (queima pelo vento). Em certas instâncias, asplantas podem recuperar-se; em outras, elas podem ficar suscetíveis a umainfecção. As espécies forrageiras diferem em sua resistência ao dano físico porventos e à redução de sua capacidade fotossintética induzida pelo vento. Para amaioria das plantas forrageiras, ventos acima de 6 m.s-1 (21,6 km/hora-1) sãopotencialmente danosos (Marshall, 1967 - citado por Gregory, 1995). Fisiologi-camente, a agitação física das folhas induz o fechamento dos estômatos, além dereduzir a expansão celular; se a agitação persistir, pode reduzir totalmente osuprimento de CO2 e a fotossíntese líquida (Grace & Thompson, 1973).

Em uma comparação entre pastagem não arborizada e um sistema silvipastorilcom árvores dispostas em renques curvilíneos, Silva et al. (1998) registraramque a velocidade média dos ventos no sistema silvipastoril foram menores em26% e 61%, para um dia de inverno e um dia de verão, respectivamente. Os

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19Sistemas silvipastoris − introdução de árvores na pecuária do Centro-Oestebrasileiro

valores nominais de velocidade dos ventos registrados no sistema silvipastorilaproximavam-se muito dos valores que outros autores consideram convenientespara a maioria das culturas (1,4 a 1,6 m.s-

-1, segundo Ometto & Caramori,1981) e para a criação de animais ruminantes (1,4 a 2,2 m.s-1, Naãs, 1989).

Efeitos do sombreamento sobre o valor nutricional dasforrageiras herbáceasAlgumas das gramíneas mais usadas para a formação de pastagens no Brasil,como Brachiaria decumbens, Brachiaria brizantha e cultivares de Panicummaximum, são tolerantes ao sombreamento (Carvalho et al., 2001). Sob sombramoderada, o crescimento de gramíneas tolerantes pode ser maior que a plenosol. Postula-se que a umidade mais elevada associada a temperaturas maisamenas favoreça a mineralização do nitrogênio, pois aumenta sua disponibilidadeno solo e contribui para um melhor desempenho das pastagens. A capacidade deregeneração da folha e máxima interceptação da radiação são os fatores maiscríticos para a produção e persistência das forrageiras. A redução daluminosidade é mais crítica para plantas jovens. O efeito da sombra sobre ascaracterísticas morfológicas e produção de matéria seca das espécies forrageirastropicais foi bastante estudado, mas relativamente pouca coisa existe a respeitodos efeitos sobre o valor nutricional, e os resultados são, às vezes, conflitantes(Garcia & Couto, 1997).

Diante do exposto, percebe-se como a sombra criada pela árvore modifica omicroclima e afeta a quantidade e qualidade da forragem produzida. Comparando-se com o ambiente de pastagens desprotegidas, o microclima modificado entreas árvores pode reduzir a velocidade dos ventos, a radiação solar, baixar arelação de radiação vermelha:infravermelha, criar um regime de temperaturaameno, maior umidade, mais baixas taxas de evapotranspiração e maiores níveisde umidade no solo.

Fatores ambientais assim modificados têm um efeito significativo sobre aqualidade da forragem, já que digestibilidade da matéria seca e conteúdo denutrientes são determinados pela morfologia, anatomia e composição química daforrageira. Sob sombra, a proporção de mesofilo, mais facilmente digestível, émaior em relação à epiderme, menos digestível. As gramíneas produzidas emambientes sombreados mostram geralmente maior teor de proteína bruta, maiorteor de nitrogênio não protéico, cutículas mais finas, lâminas mais largas,elongação estimulada e desenvolvimento vascular diminuído. Entretanto, à

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medida que o nível de sombra aumenta, a concentração de carboidratos solúveisna planta diminui e pode haver um declínio concomitante de conteúdo de paredecelular. Existem informações contraditórias, com relatos de queda no teor depolissacarídeos de parede celular e teor de fibra bruta e maior digestibilidade emplantas sombreadas, em relação às produzidas ao sol. Dados de pesquisamostraram que a produção, conteúdo de fibras e de proteína da forrageira podemser mantidos sob sombra, desde que selecionadas as espécies adequadas (Lin etal., 2001).

Muitos estudos encontraram um efeito positivo do sombreamento sobre aconcentração de minerais na planta, que foi relacionada com a sua menor taxa decrescimento (Garcia & Couto, 1997). O componente arbóreo pode tambémpropiciar maior aporte de minerais pela maior reciclagem de nutrientes.

Delineamento de sistemassilvipastoris

Além da seleção e utilização de espécies forrageiras tolerantes ao sombreamento,é possível manipular a intensidade de radiação solar no sistema silvipastoril pormeio da escolha das espécies, densidade e disposição das árvores em relação aosol e ao relevo, bem como com técnicas silviculturais de manejo de copas dasárvores. A escolha de espécies adequadas à região e ao propósito que se desejaé fundamental para o sucesso dos sistemas agroflorestais.

No Brasil, sistemas silvipastoris foram inicialmente delineados para permitirmelhor aproveitamento da área e controle de plantas herbáceas sob plantaçõescomerciais de eucalipto e pinheiros. Pesquisas mostraram que a utilização debovinos e/ou ovinos em plantações de eucalipto não reduziu o crescimento/sobrevivência das árvores e reduziu o risco de incêndios e a necessidade decapinas, o custo de manutenção das árvores também foi reduzido em 52%-93%. A venda de bovinos prevê também ganhos adicionais em tempo menor,considerando-se que uma floresta traria retornos geralmente a partir do sextoano, dependendo da espécie. Na região Sul do Brasil, nos sistemas silvipastoris,as companhias madeireiras usam espécies de pinheiros, eucalipto, erva-mate ebracatinga como componentes arbóreos (Garcia & Couto, 1997). Para a regiãoCentro-Oeste, existe uma grande variedade de espécies florestais nativas compotencial de utilização em sistemas agroflorestais(Pott & Pott, 2003). Dentre

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elas, destacam-se as leguminosas, como cumbaru (Dipteryx alata), jatobá(Hymenaea stignocarpa) e vinhático (Plathymenia reticulata).

As características desejáveis nas árvores usadas em SAFs seriam fuste alto,copas pouco densas, crescimento rápido, capacidade de fornecer nitrogênio enutrientes à pastagem, adaptação ao ambiente e tolerância à seca, ausência deefeitos tóxicos sobre os animais, capacidade de fornecer sombra e abrigo, bemcomo controle da erosão (Carvalho et al., 2001). Neste sentido, modelosagroflorestais que utilizam espécies de valor comercial, com rápido crescimento eque possuam capacidade de obter nitrogênio do ar e simbiose com fungosmicorrízicos, parecem ser os mais indicados, por apresentarem funções produtivae protetora. Dentre as funções protetoras podem ser destacados o controle daerosão, a estabilidade de taludes, quebra-ventos e o aumento no estoque equalidade da água (Franco et al., 2003).

As leguminosas fixadoras de nitrogênio fornecem material formador deserrapilheira rico em N, que melhora a fertilidade do solo, reduz a erosão, previnea infestação de ervas daninhas e serve de substrato para melhorar a estruturaçãoe as propriedades biológicas do solo. Além de fixar grandes quantidades de N econtribuir com aporte elevado de biomassa ao solo, essas espécies podemcontribuir para a reciclagem de nutrientes de modo efetivo, uma vez que aqualidade do material aportado é geralmente superior àquela oriunda de espéciesnão leguminosas (Franco et al., 2003). O plantio de espécies nativas emconjunto minimiza o ataque por pragas.

Cuidados com a densidade de árvores são fundamentais para evitar osombreamento excessivo. A densidade desejável pode variar em função dasespécies utilizadas e das condições locais (clima, solo e outros). Nelder (1962)propôs um delineamento sistemático em “rodas de competição” para o estudo deum grande número de densidades populacionais em uma área experimental muitomenor que a necessária em delineamentos convencionais. Cameron et al.(1989),utilizando o delineamento proposto por Nelder, testaram densidades de plantiode eucalipto (Eucalyptus grandis) associado com pastagem predominantementede setária (Setaria sphacelata cv. Nandi), variando de 42 a 3.580 árvores/ha.Com 1,5 ano de estabelecimento, a produção máxima de biomassa arbórea foiobtida com a densidade de 3.580 árvores/ha, mas caindo com o tempo, alcan-çando uma densidade ideal de 82 árvores/ha aos 4,6 anos. Esses autorestambém observaram queda na produção da pastagem em função da densidade e

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idade de estabelecimento, variando de 1.000 árvores/ha com 1,5 ano, caindopara 300 árvores/ha aos 3,5 anos. Assim, para otimizar a produção das duas,deve-se incluir um manejo de raleamento, para manter um balanço ótimo entre oscomponentes do sistema silvipastoril.

A disposição das árvores em relação aos pontos cardeais e sob influência dorelevo é uma outra forma de se interferir na luminosidade. Nesse sentido, adisposição das árvores no sentido leste-oeste pode aumentar a incidência de luzsobre o pasto. Kohli (2001) estudou um sistema de arroz e eucalipto(Eucalyptus tereticornis) plantado segundo o diagrama de Nelder com ângulos de25° entre árvores de fileiras adjacentes. As fileiras foram numeradas no sentidohorário, começando da fileira orientada a 0°, correspondendo ao norte. Essesautores observaram que a porcentagem de panículas efetivamente cheias degrãos e a produção de grãos foram, respectivamente, 96% e 6 t/ha nas parcelasalocadas entre 48° e 72° e de 57% e 4,8 t/ha nas parcelas entre 192° e216°. No entanto, o arroz, embora seja capaz de ajustar seu comportamentofotossintético em resposta à sombra, não é uma planta perene.

Assim, suas modificações fotomorfogenéticas podem ser menos evidentes doque em pastagens perenes. Essas modificações ocorrem em resposta às condi-ções médias de radiação solar durante o seu período de crescimento (Larcher,1986), quando os órgãos de assimilação estão sendo formados, modificandoassim a estrutura da planta, a estrutura celular e atividade bioquímica, tornando aplanta mais apta para utilizar o ambiente. Assim, em uma pastagem de Brachiariabrizantha cv. Marandu, arborizada com eucalipto (Corymbia citriodora (ex.Eucalyptus citriodora)) plantada em renques, Rakocevic & Ribaski (2003) nãoverificaram diferença (P< 0,05) na produção de matéria seca produzida pelapastagem na posição entre dois renques orientados no sentido norte-sul (N-S) ouleste-oeste (L-O). Entretanto, observaram que quando não havia estresse hídrico,a orientação N-S dos renques havia permitido maior (P<0,05) teor de proteínabruta na forragem do que na orientação L-O. Eles também observaram que nasproximidades dos renques a produção de biomassa forrageira foi reduzida, porémcom elevado teor de N foliar.

Introdução de árvores em pastagensNo Brasil, o reconhecimento do valor potencial dos sistemas silvipastoris estáem crescimento, mas a utilização desses sistemas ainda é muito baixa, e depen-

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de da geração de maior volume de informações e da divulgação dos seusbenefícios econômicos e ambientais (Castro & Carvalho, 1999).

A aparente complexidade no estabelecimento e manejo dos sistemas não podeser negligenciada (Garcia & Couto, 1997) e a pesquisa pode auxiliar a entendermelhor as interações entre os fatores e a caracterizar as necessidades doscomponentes do sistema. Uma das dificuldades para a introdução de árvores empastagens é o dano provocado pelo animal em pastejo às mudas, quer seja porpisoteio ou mordiscamento, quando não há barreiras físicas de proteção a elas.Diferentes formas de proteção de mudas têm sido utilizadas, incluindo estacascom espiral de arame farpado, cercas de bambu e cerca elétrica. O plantio deárvores com culturas anuais até que seu estabelecimento esteja garantido,quando então a pastagem é formada, é uma prática economicamente viável. Umaalternativa seria a utilização de árvores de baixa palatabilidade, por causa daconcentração de compostos fenólicos ou que tenham espinhos/acúleos. Dadosde pesquisa mostraram taxa de sobrevivência de algumas espécies (jurema-preta(Mimosa tenuiflora), jurema-branca (M. artemisiana), acácia (Acacia holosericea))superior a 90% após três anos de implantação (Dias, s/d, citado por Franco etal., 2003). Repelentes podem vir a ser uma outra opção, com limitações parauso em áreas extensas, por causa do custo das aplicações periódicas, mas compotencial para áreas menores, como assentamentos e propriedades leiteiras. Umrepelente comercial à base de benzoato de denatônio (TreeGuard = produtocomercial) foi testado no estabelecimento de árvores em sistemas silvipastoris,mas apresentou baixo desempenho (Lehmkuhler et al., 2003). Entre os repelen-tes orgânicos e naturais, destacam-se fezes bovinas, alternativa testada na CostaRica (Barrios et al., 2004), e sangue seco diluído, utilizado para proteção dasárvores contra veados em países temperados (Pest Management RegulatoryAgency. Health Canada, 2003).

Uso de árvores e arbustos noforrageamento do rebanho

O alto custo de suplementos para ruminantes, especialmente da proteína, e amenor eficiência no seu uso em relação aos monogástricos são problemas quetêm direcionado a pesquisa para fontes de proteína não convencionais (Baumer,1991). Árvores e arbustos forrageiros (Fig. 4a, 4b, 4c) representam umaenorme fonte potencial de proteína para os ruminantes nos trópicos, principal-

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mente considerando-se que em sistemas silvipastoris a produção total debiomassa é maior que em monocultivos. Isso porque ocorre um melhor aprovei-tamento do espaço vertical, tanto aéreo como subterrâneo, que pressupõe umamaior captura de nutrientes e energia (Benavides, 1998), levando ao melhoraproveitamento e integração de uso dos recursos das propriedades. Em algumasregiões, a necessidade de aumentar a oferta de alimento e conceber sistemassustentáveis de produção levou ao desenvolvimento de sistemas deforrageamento em três estratos. Esse sistema envolve gramíneas e leguminosasrasteiras no estrato mais baixo, leguminosas arbustivas no segundo estrato eárvores forrageiras no terceiro. A inclusão de Stylosanthes, Centrosema, Acacia,Gliricidia e Leucaena aumentou a oferta de forragem e permitiu aumentar as taxasde lotação e ganhos de peso vivo de 2,1 UA e 122 kg/ha/ano para 3,2 UA e375 kg/ha/ano, além de aumentar a produção de lenha e reduzir a erosão dosolo (Devendra, 1991).

Em países da América Central é comum a utilização da ramagem das árvoresexistentes para forrageamento do gado. As árvores podem estar presentes naspropriedades rurais em diferentes tipos de combinações, incluindo bancosforrageiros, cercas e mourões vivos, em faixas associadas ao plantio de culturase de pastagens ou dispersas nas pastagens. Mourões vivos são usados tradicio-nalmente na Costa Rica e outros países da América Central. Esses mourõesdevem sofrer podas periódicas, e as folhas, flores e frutos de várias dessasárvores são importantes forrageiras para animais (Budowski & Russo, 1993).

A utilização de forragens arbóreas na alimentação de bovinos é mais importantepara os produtores com menor renda. Em um estudo realizado em quatromunicípios de Boaco (Nicarágua), verificou-se que cerca de 47% dos produtorescoletavam e preparavam a folhagem de árvores para ser oferecida ao rebanho(na base de 4 - 5 kg/animal/dia), especialmente para as vacas paridas no períodode seca. Outros 17% coletavam ou compravam frutos, que eram oferecidostriturados para o rebanho. Trinta espécies diferentes de árvores são utilizadaspara esse propósito, muitas vezes combinadas entre si. As árvores têm funçõesmúltiplas nesses sistemas, e também para produção de lenha, frutos paraconsumo humano, madeira, produtos medicinais, mourões vivos e sombra. Osprodutores apontam como a principal desvantagem, no uso desses recursosforrageiros, a necessidade de mão-de-obra para realizar a colheita, preparo edistribuição do material, mas que, ainda assim, essa técnica traz resultadoscompensadores, principalmente na época de seca (Cameron et al., 2001) , com

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uma redução no número de animais doentes, na incidência de enfermidades emenor mortalidade, bem como manutenção da produção de leite (Zamora et al.,2001). É durante a seca que as pastagens tropicais apresentam baixo valoralimentar, com teores de proteína bruta abaixo de 7%, resultando em baixadegradação da fibra no rúmen e conseqüente baixo consumo de matéria seca. Éexatamente nessa época do ano que árvores e arbustos forrageiros comoCalliandra, Erythrina, Leucaena e guandu (Cajanus cajan) apresentam teores deproteína bruta bastantes elevados, da ordem de 22% a 26%. Outras plantaslenhosas utilizadas, como Fícus, Acacia, Gliricidia, Prosopis e jaca (Artocarpusheterophyllus), têm valores médios de proteína entre 14% e 15%. Esse sistemade produção animal já é amplamente utilizado em propriedades rurais na Ásia,destacando-se Acacia (A. catechu, A. nilotica, A. sieberiana), mandioca (Manihotesculenta), caliandra (Calliandra calothyrus), eritrina (Erythrina variegata),figueiras (F. exasperata, F. benghalensis, F. religiosa), Gliricidia, jaca (Artocarpusheterophyllus), Albizia lebbeck, Leucaena, Prosopis (algaroba - Prosopis juliflora,P. glandulosa), guandu (Cajanus cajan), Sesbania (S. grandiflora, S. sesban) etamarindo (Tamarindus indica) (Devendra, 1991).

Existem situações onde a pressão populacional faz com que qualquer recursoalimentar disponível seja totalmente utilizado, por exemplo, no Oeste de Java,onde o uso de forrageiras lenhosas com palha de arroz é prática generalizada.Outros exemplos de países onde há utilização maciça de árvores paraforrageamento do rebanho leiteiro são: Belize (63% dos 40 pecuaristas estuda-dos) e Jamaica (70% dos produtores de leite). Em Belize, observou-se que, naspropriedades com sistemas agroflorestais, os rebanhos produziram 50% maisleite/ha/ano (705 kg versus 359 kg) e 8% mais leite/vaca/dia (5,45 kg versus 5kg) que propriedades tradicionais. Apesar do custo da mão-de-obra ser em média44% maiores nos sistemas agroflorestais, os ingressos financeiros com a vendade leite por unidade de área foram compensadores. Ainda há retorno extra dacomercialização de árvores para madeira e a negociação potencial de serviçosambientais (Alonzo et al., 2001).

Em regiões de clima árido ou semi-árido, como Norte do Paquistão, Índia eChina, espécies forrageiras lenhosas têm um grande potencial para alimentaçãoanimal e produção de madeira, mas seu estabelecimento e crescimento são maislentos. Já em climas úmidos, árvores de crescimento vigoroso, como Leucaena,Gliricidia, Sesbania e Erythrina, são mais populares. Entretanto, Gliricidia tende aperder as folhas na estação seca (tem sistema radicular superficial) (Gutteridge &

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Shelton, 1994) e Leucaena pode ser atacada severamente por psilídeos(Devendra, 1991).

Na América Latina, leguminosas lenhosas, incluindo Erythrina spp. e Gliricidiasepium são utilizadas com freqüência como mourões vivos, que também podemser manejados para fornecer forrageira de alta qualidade. Camero et al. (2001)observaram maiores produções de leite com vacas consumindo feno de jaraguá(Hyparrenia rufa) e 18% de ramos de Erythrina poeppigiana ou Gliricidia sepium,do que quando receberam uréia (7,3 e 7,4 versus 6,7 kg leite/vaca/dia), usandodietas isoprotéicas e isocalóricas. A vantagem observada com as leguminosasforrageiras, possivelmente, está associada com a maior oferta no rúmen deácidos graxos de cadeia ramificada, betaglucano e peptídeos, estimulando aatividade microbiana e a eficiência alimentar (Camero et al., 2001). Na literaturaexistem inúmeros outros relatos de desempenhos bioeconômicos positivos desuplementação de bovinos com leguminosas forrageiras. Vargas (1987) citadopor Kass et al.(1991) observou um aumento de 24% no ganho de peso denovilhos em pastejo com a suplementação de Eryrhrina cocleata (398 g/d versus524 g/d); o Centro Agronómico Tropical de Investigación y Enseñanza − CATIE− ( 1995) relatou aumento de 16% a 20% no ganho de peso de bovinos empasto de baixa qualidade, quando estes tiveram acesso de duas horas diárias aum banco de proteína formado com Erythrina beteroana; Tobon (1988), citadopor Kass et al. (1991), constatou que vacas leiteiras, em pastejo e recebendomelaço (1 kg/cabeça/dia), aumentaram a produção de leite de 8,7 kg para 9,5kg/cabeça/dia, quando a oferta de Erythrina poeppigiana aumentou de 0,19%para 0,53% do peso vivo.

Uma compilação do CATIE de resultados de pesquisa com vacas leiteiras empastejo sob condições de terras baixas de trópico úmido indicou que o uso deErytrina poeppigiana teve efeitos indiretos importantes, em termos de aumentona capacidade de suporte e aumento na reciclagem de nutrientes. Nos sistemasde trópico subúmido, a suplementação de forrageiras de baixa qualidade comfolhagem de leguminosas parece ser uma alternativa atraente para melhorar odesempenho animal (Baumer, 1991).

Associação de árvores forrageirasExistem mais de 1.200 classes de compostos químicos do metabolismo secun-dário das plantas. Os taninos são os compostos mais comuns, e suas conseqü-ências sobre a alimentação animal são variáveis. Têm a propensão de formar

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complexos químicos com proteínas e com polissacarídeos, ácidos nucléicos,esteróides, alcalóides e saponinas (Chen et al., 1991). Taninos podem aumentara proteína sobrepassante, reduzindo a oferta de nitrogênio no rúmen, ou reduzira palatabilidade e consumo. Portanto, a interpretação do valor nutricional deárvores forrageiras depende de informações sobre a natureza e ação dos taninos,bem como outros compostos secundários e toxinas, que podem interferir nosresultados de análises de rotina feitas para estimar seu valor nutricional. Istodificulta obter informações sobre o valor alimentar dessas forrageiras, mas, comosugere Baumer (1991), o indicador definitivo de valor nutricional é a medida daresposta animal. Por isso, recomenda-se que a inclusão de folhas de árvoresforrageiras na dieta não ultrapasse 30%, e, para algumas espécies, reduzir atépara 15%. Curiosamente, nessa mesma revisão (Devendra, 1991), recomenda-se, para melhores resultados, a suplementação de 30% a 50% da matéria secada dieta (de 0,9% a 1,5% do peso vivo) com lenhosas forrageiras. Para espéci-es forrageiras que não têm tanino, como Albizia lebbeck, Enterolobiumcyclocarpum, Albizia saman e Sesbania spp., as proteínas componentes,normalmente, apresentam boa solubilidade ruminal, liberando rapidamenteamônia no rúmen. Nessa situação, a disponibilidade de energia é essencial paramaximizar a síntese protéica e reduzir perdas. Já para as espécies que contêmalgum tanino, a disponibilidade de nitrogênio para as bactérias ruminais podeestar deficiente (Gutteridge & Shelton, 1994), e a complementação da dieta comfontes protéicas mais solúveis vai melhorar o desempenho animal. Diante dessasituação, a diversificação de espécies forrageiras é vista como uma ferramenta desegurança, pois a diversidade de espécies na dieta de um animal potencializa autilização dos componentes da dieta, via um metabolismo mais eficiente, oumelhora na palatabilidade e consumo (Chen et al., 1991), podendo, inclusive,reduzir possíveis efeitos tóxicos de uma determinada forrageira. Um outroaspecto é que, em situações adversas (clima, pragas e doenças), a uniformidadepode levar ao fracasso total de um cultivo, enquanto que o uso de uma combina-ção de diferentes espécies aumenta a probabilidade de sobrevivência. A magnitu-de dos efeitos associativos na digestibilidade in vitro de folhas de diversasárvores testadas mostrou variações da ordem de 4,4% a 18,1% (Chen et al.,1991). Outros trabalhos, citados por esses autores, evidenciaram o efeitopositivo da diversidade de espécies na dieta de ruminantes: Nitis et al. (1990),em que o consumo de Gliricidia aumentou de 1,7%-2,2% do peso vivo para3% do peso vivo, quando os bovinos passaram a receber, também, 40% defolhas de uma outra leguminosa; Phiri et al. (1992) mostraram que a oferta deLeucaena leucocephala:Calliandra calothyrsus (1:1) permitiu um ganho de peso,

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em cabras leiteiras, superior ao alcançado com a oferta exclusiva de Calliandra(22,6 versus 19 g/d) para um mesmo consumo de matéria seca (315-317 g/d);Bosman et al. (1995) observaram um efeito similar com Gliricidia (Leucaenaleucocephala:Gliricidia sepium), quando comparada apenas com Gliricidia,resultando em um aumento na digestibilidade (10 versus 3,6%) e no ganho depeso de cabras (8,2 g/kg0,75/dia versus 2 g/kg0,75/d).

Implantação e manejo de bancos de proteínaA escolha das espécies para o banco de proteínas deve levar em conta, emprimeiro lugar, a adaptação às condições edafoclimáticas locais, a disponibilidadede sementes, facilidade de estabelecimento, boa capacidade de competição,produtividade e persistência (em sistemas de baixa alocação de insumos). Alémdisso, devem-se selecionar plantas de bom valor nutricional e palatabilidadeaceitável (Devendra, 1991). Solos em regiões tropicais e subtropicais estãofreqüentemente associados com baixo conteúdo de minerais, tais como N, P, S,K, Ca, Mg, Cu, Mo e B e alta saturação de alumínio, condições restritivas aocrescimento radicular. Um exemplo é Leucaena, que cresce melhor em solosargilosos, alcalinos e calcários, e tem baixo desempenho em solos ácidos,saturados em alumínio e manganês (Devendra, 1991).

Uma prática agronômica que afeta a produção de forragem é a densidade deplantio das árvores. Quanto maior a densidade, maior tende a ser a produção/ha,mas a produção individual decresce. A maior densidade de plantas reduz acompetição de invasoras, além de reduzir o diâmetro das hastes. Há grandevariação na densidade ótima de plantio (de 1 a 15 plantas/m2) e a maior disponi-bilidade de água permite maior adensamento (Devendra, 1991).

A intensidade e freqüência de corte afetam a produção total de forragem e asplantas respondem de forma diferenciada, provavelmente, por causa da distribui-ção e número de gemas meristemáticas. A rebrota depois do corte depende daárea foliar residual e das reservas das raízes e caules, e a importância relativadesses fatores merece ser mais estudada (Stur et al., 1994). Pastoreios oucortes freqüentes estão associados à severa redução na biomassa radicular dospastos, arbustos e árvores, com conseqüências sobre a produtividade(Humphreys, 1991, citado por CATIE, 1995). Ao se controlar o resíduo demassa foliar após o corte, espera-se reduzir o intervalo entre cortes, aumentar aprodução anual e, acima de tudo, alongar a vida útil da planta. Entretanto, afreqüência entre cortes tem efeito importante sobre a relação folha:haste, sendo

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maior com intervalos mais curtos entre cortes. Variações na fração de folhas de31% aos 120 dias para 71% aos 30 dias foram relatadas (Devendra, 1991),com conseqüências sobre o valor nutricional. Portanto, deve-se procurar oequilíbrio entre a qualidade da massa produzida e a longevidade da planta.Intervalos de corte geralmente usados estão entre dois e quatro meses. No casode Erythrina berteroana, submetida a cortes a cada três meses, mostrou umdeclínio na produção de matéria seca comestível, de mais de 40% entre junho/1992 (3.942 kg/ha) e dezembro/1993 (1.931 kg/ha), mas quando o intervaloentre cortes passou para quatro meses, as plantas se recuperaram e a produçãode matéria seca comestível permaneceu acima de 4.000 kg/ha (CATIE, 1995).Também para Leucaena spp.foram observadas altas diferenças na produção demassa comestível com altura de corte (intensidade) entre 1-3 m e freqüência decorte entre 60-90 dias, mas é necessário considerar, também, a variaçãoqualitativa desse material. Deve-se lembrar que a altura de corte pode afetar aprodução pós-corte das espécies forrageiras, e isto pode complicar sistemas demanejo conjunto para várias espécies. Uma forma de contornar esse problemaseria a colheita de cada espécie individualmente, respeitando-se o intervalo ou aaltura de corte, em função de cada espécie. Os critérios para o manejo dos cortespoderiam ser baseados em quantidades específicas de área residual de haste efolha ao invés de uma altura fixa de corte. Até que se conheça o manejo de corteótimo para cada espécie, as decisões se baseiam em cronogramas até certoponto inflexíveis ou empíricos (Stur et al., 1994). Ressalta-se que permitir umaboa implantação da árvore antes do primeiro corte é uma prática recomendadapara garantir a produtividade (Stur et al., 1994).

Considerações finais

A produção animal nos trópicos enfrenta novos desafios, com a busca doequilíbrio entre a segurança alimentar, a conservação do meio ambiente e o bem-estar social. Sistemas produtivos baseados na combinação de forrageirasarbóreas podem contribuir para aumentar a eficiência de manejo e o uso dosrecursos naturais, bem como na sustentabilidade de propriedades rurais, emespecial, as pequenas.

A pecuária da região Centro-Oeste do Brasil, calcada em produção em pasto egrandes dimensões de área, tem ainda um problema sanitário, como a aftosa e decertificação de origem, que necessita ser equacionado. Não obstante, o avançonesses dois aspectos permanece ainda a imagem da pecuária ligada à degradação

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ambiental. Aproximadamente, 50% das áreas de pastagens existentes estãodegradadas ou em degradação. Tal imagem implica negativamente nasustentabilidade das cadeias produtivas da carne, do leite e do couro, todas deimportância socioeconômica para a região e para o país.

O governo federal lançou o novo Plano Nacional de Florestas (PNF) para, entreoutros objetivos, estar à frente da necessidade crescente de base florestalmadeireira, tanto para o consumo interno como para a balança comercial, umavez que o setor representa cerca de 8% das exportações nacionais e 4% do PIB.A grande superfície territorial da região Centro-Oeste utilizada com pastagenspoderá, se estas forem convertidas em sistemas silvipastoris, favorecer aprodução animal, melhorar a imagem da pecuária e também produzir madeirascontribuindo com os objetivos do PNF.

Com a produção de madeira na mesma área de pastagem será maior a renda porunidade de área, o que beneficia, sobremaneira, ao grande contingente deestabelecimentos rurais que têm na bovinocultura sua principal atividade e,estrategicamente, necessitam de complementaridade na renda oriunda dessaatividade.

Além disso, a combinação de árvores e pastagem em sistema silvipastorilconstitui prática de uso múltiplo da terra e promove fluxo de caixa favorável aoprodutor/investidor, amenizando o fluxo negativo que ocorre nos primeiros anosde produção madeireira convencional.

Do ponto de vista ambiental, na região Centro-Oeste, caracterizada por fragmen-tação e insulamento de remanescentes de ecossistemas naturais, os sistemassilvipastoris podem servir como corredor/trampolim biológico (stepping stone)para algumas espécies, auxiliando no ligamento dos remanescentes e doshabitats existentes.

Por fim, e não menos importante, o sistema silvipastoril constitui uma ferramentapara a otimização do diferencial já existente na bovinocultura regional e nacional:rebanhos em pasto. Com isso, pode ajudar a consolidar a bovinocultura brasileiracomo ambientalmente adequada no cenário mundial.

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