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1 LIVRO DE RESUMOS Organização Club Clínica da Conchas Dep. de Medicina do Exercício Universidade Lusófona de Humanidade e Tecnologias Dep. Educação Física, Desporto e Lazer (Centro de Est. Exercício e Saúde) Dep. Psicologia (Área de Psicologia do Desporto e das Actividades Físicas) Local Auditório Agostinho da Silva, Universidade Lusófona de Humanidade e Tecnologias Campo Grande, Lisboa Comissões Comissão de Honra Alves Dinis Presidente da Sociedade Portuguesa de Educação Física Carmona Rodrigues Presidente da Câmara Municipal de Lisboa Fonseca Esteves Director do Centro de Medicina Desportiva Isabel Leal Presidente da Sociedade Portuguesa de Psicologia da Saúde Marcos Miranda Sociedade Portuguesa de Medicina Desportiva Miguel Manaças SPMD/Director Departamento Medicina Desportiva Club Clínica da Conchas Miguel Mendes Sociedade Portuguesa de Cardiologia/Presidente do Grupo de Reabilitação Cardíaca Sidónio Serpa Presidente da Sociedade Portuguesa de Psicologia do Desporto Comissão Organizadora António Palmeira (ULHT) Cláudia Madeira (CCC/ULHT) Jorge A. Ruivo (CCC) Jorge Ruivo (CCC) Kátia Almeida (ULHT) Paulo Canas (CCC) Paulo Gomes (ULHT) Rodrigo Ruivo (CCC) Sandra Martins (ULHT) Susana Veloso (ULHT) Comissão Científica Américo Baptista (ULHT/Dep Psicologia) Evangelista Rocha (Faculdade de Medicina de Lisboa) Fernando de Pádua (Instituto Nacional de Cardiologia Preventiva/ Fundação Professor Fernando de Pádua) Jorge Proença (ULHT/Dep de Educação Física, Desporto e Lazer) José Roquette (Hospital de Santa Marta) Luís Horta (ULHT/Dep de Educação Física, Desporto e Lazer) Pedro Marques Vidal (ULHT/Dep de Educação Física, Desporto e Lazer) Margarida Gaspar de Matos (Universidade Técnica de Lisboa/Faculdade de Motricidade Humana) Telles Martins (Hospital da Marinha) Exercício, Desporto e Saúde: Sinergias da Psicologia e Medicina Patrocínios Parceiros Media

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LIVRO DE RESUMOS

Organização Club Clínica da Conchas

Dep. de Medicina do Exercício Universidade Lusófona de Humanidade e Tecnologias

Dep. Educação Física, Desporto e Lazer (Centro de Est. Exercício e Saúde) Dep. Psicologia (Área de Psicologia do Desporto e das Actividades Físicas)

Local Auditório Agostinho da Silva, Universidade Lusófona de Humanidade e Tecnologias Campo Grande, Lisboa Comissões

Comissão de Honra Alves Dinis Presidente da Sociedade Portuguesa de Educação Física Carmona Rodrigues Presidente da Câmara Municipal de Lisboa Fonseca Esteves Director do Centro de Medicina Desportiva Isabel Leal Presidente da Sociedade Portuguesa de Psicologia da Saúde Marcos Miranda Sociedade Portuguesa de Medicina Desportiva Miguel Manaças SPMD/Director Departamento Medicina Desportiva Club Clínica da Conchas Miguel Mendes Sociedade Portuguesa de Cardiologia/Presidente do Grupo de Reabilitação Cardíaca Sidónio Serpa Presidente da Sociedade Portuguesa de Psicologia do Desporto

Comissão Organizadora António Palmeira (ULHT) Cláudia Madeira (CCC/ULHT) Jorge A. Ruivo (CCC) Jorge Ruivo (CCC) Kátia Almeida (ULHT) Paulo Canas (CCC) Paulo Gomes (ULHT) Rodrigo Ruivo (CCC) Sandra Martins (ULHT) Susana Veloso (ULHT) Comissão Científica Américo Baptista (ULHT/Dep Psicologia) Evangelista Rocha (Faculdade de Medicina de Lisboa) Fernando de Pádua (Instituto Nacional de Cardiologia Preventiva/ Fundação Professor Fernando de Pádua) Jorge Proença (ULHT/Dep de Educação Física, Desporto e Lazer) José Roquette (Hospital de Santa Marta) Luís Horta (ULHT/Dep de Educação Física, Desporto e Lazer) Pedro Marques Vidal (ULHT/Dep de Educação Física, Desporto e Lazer) Margarida Gaspar de Matos (Universidade Técnica de Lisboa/Faculdade de Motricidade Humana) Telles Martins (Hospital da Marinha)

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ÍNDICE Resumos de Investigadores Auto limitação do conceito de responsabilidade profissional – a desvalorização da Educação Física escolar Bom, L. Avaliação da actividade física habitual em crianças e adolescentes Santos, M.P., Flores, P., Ribeiro, J.C., Mota, J., Moreira, A. & Duarte, J.A. Avaliação da aptidão física em alunos do ensino profissional no concelho de Montemor-o-Velho Rodrigues, R. & Fonseca, P. Complexo de adónis e insatisfação corporal em indivíduos do sexo masculino Santos, I., Baptista, A. & Jesus, C. Comportamentos de saúde: implicações da prática de actividade física em estudantes da Escola Superior de Educação da Guarda Batista, P. & Pereira, H. Composição corporal e pressão arterial de crianças com excesso de peso e obesas participantes num programa de controlo de peso Rocha, P., Calheiros, L., Minderico, C., Themudo Barata, J.L. & Bragança, G. Dismorfia muscular, atitudes face à musculatura e auto-estima em indivíduos do sexo masculino Santos, I., Baptista, A. & Conceição, M. Efeito do treino na estrutura e função cardíaca em jovens nadadores Madeira, R.B., Alves, F., Pereira, P.J. & Trabulo, M. Estados de humor em idosos participantes e não participantes num programa de actividade física Moutão, J., Dutra, D., Romano, M. & Barata, N. Perspectivas para um estilo de vida mais activo numa população escolar de adolescentes Veloso, S. & Matos, M. Preditores da auto-estima global em crianças Meneses, R. & Simões, D. Programa de exercício realizado em casa: efeitos na osteoartrose do joelho em idosos Espanha, M. & Rego, A. Traumatologia do joelho e as suas implicações para a actividade desportiva no futebol

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Domingues, M. “Trilhos Alternativos”: Promover competências sociais em jovens em risco de desajustamento social Almeida, K., Sarmento, P., Rauktis M. & Bernardo, S. Resumos de Alunos Adesão ao exercício numa população universitária Silva, C.F., Martins, S. & Palmeira, A.L. Adesão ao exercício e benefícios na depressão, ansiedade e stress numa população universitária Silva, P.K.; Martins, S. & Palmeira, A. Análise da Disfunção Menstrual em Atletas: O Impacto das Variáveis Psicológicas Santos, R. & Palmeira, A. Ansiedade física social no tratamento da obesidade adolescente Campos, V., Fonseca, H., Martins, S. & Palmeira, A.

Associação entre a frequência do exercício e a saúde mental numa população universitária Lobo, F., Martins, S. & Palmeira, A. Auto-estima e exercício em adolescentes obesos Dores, P., Fonseca, H., Martins, S. & Palmeira, A. Benefícios psicológicos da actividade física: afectos positivos e negativos numa população universitária Pombo, R., Martins, S. & Palmeira, A.L. Benefícios psicológicos do exercício em população adicta: um estudo sobre os efeitos da actividade física nos níveis de stress, depressão e ansiedade Ferreira, C. & Palmeira, A. Benefícios psicológicos do exercício para os idosos Salvador, M.R. & Palmeira, A.L. Composição corporal na obesidade adolescente Brás, T., Milheiras, J., Fonseca, H., Palmeira, A. & Martins, S. Emoções e obesidade na adolescência – um estudo preliminar numa população em tratamento Monteiro, A.J., Fonseca, H., Martins, S. & Palmeira, A. Estudo da actividade física e da sua associação com o IMC numa população adolescente obesa

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Candeias, S., Alexandre, R., Fonseca, H., Martins, S. & Palmeira, A. Estudo da associação entre a auto-eficácia e a adesão à actividade física em adultos Nunes, P. & Palmeira, A. Estudo preliminar dos valores de auto-estima e ansiedade física social numa população de adolescentes obesos em tratamento Carvalho, P. M., Fonseca, H., Martins, S. & Palmeira, A. Influência da actividade física no sono e em dimensões da saúde mental Costa, T. & Gomes, P. Influências dos comportamentos alimentares dos pais nos filhos Pereira, S., Fonseca, H., Martins, S. & Palmeira, A. Ingestão alimentar de jovens obesos em tratamento Mendes, T; Fonseca, H., Martins, S. & Palmeira, A. Níveis de stress em trabalhadores-estudantes e estudantes em alunos de cursos associados à actividade física Pinto, C., Martins, S. & Palmeira, A. O sedentarismo, as emoções e a prática de exercício físico numa população universitária Janeiro, D.F, Martins, S., Palmeira, A.L. O suporte social e as diferenças entre gestantes praticantes e não praticantes Fráguas, A.& Palmeira, A. Relação entre a motivação e o IMC em adolescentes obesos Carreira, J., Passos, P., Fonseca, H., Martins, S. & Palmeira, A. Validação preliminar de um questionário de auto-percepção do sono Costa, T. & Gomes, P.

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Resumos de Investigadores

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AUTO LIMITAÇÃO DO CONCEITO DE RESPONSABILIDADE PROFISSIONAL – A DESVALORIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR Bom, L. Departamento de Educação Física – Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias Objectivo Este trabalho visa aprofundar as razões ou argumentos de diferentes profissionais com intervenção nas actividades escolares dos alunos, relativamente às condições de organização da Educação Física no currículo, designadamente no que se refere a horários, participação nas aulas de alunos com necessidades específicas de actividade física e também quanto à aplicação dos Programas nacionais de Educação Física, em particular sobre os requisitos de “Promoção da Saúde”, que é uma das principais finalidades desses Programas. O estudo permite compreender as razões que levam diversos responsáveis a decidir ou a condicionar negativamente a qualidade da actividade física que está garantida por lei aos alunos das escolas, razões que são contraditórias com os “discursos referenciais” dos próprios sujeitos, em que se valoriza a actividade física, na perspectiva da promoção da saúde. Metodologia Trata-se de um relatório parcelar de uma pesquisa multicaso, realizada em escolas identificadas por “situações-alvo”, i.e., decisões de limitação das oportunidades de participação dos alunos na actividade física em aulas de EF e /ou por condições adversas à aplicação dos Programas Nacionais de EF. Identificados os casos, foram contactados os profissionais directamente envolvidos nessas decisões ou condições negativas, solicitando-se entrevistas (abertas) sobre “a exequibilidade dos Programas Nacionais de EF” e sobre “a crítica das prescrições dos PNEF”, tendo como referência a finalidade principal de Promoção da Saúde estabelecida nesses Programas. Durante a realização das entrevistas, a “situação-alvo” (e.g. “horário” ou “faltas às aulas”, etc.) foi colocada como “exemplo” ou “problema” e, assim, discutida e argumentada especificamente. Os sujeitos deram o seu acordo à utilização do conteúdo das entrevistas, concretamente sobre a “situação-alvo”, para a nossa discussão do exercício da responsabilidade profissional, em condições de anonimato pessoal e institucional. Resultados Os resultados indicam uma elevada consciência dos sujeitos, indicada pela qualidade e extensão dos argumentos, sobre a importância da EF na promoção da saúde, no presente e o futuro dos alunos, e, ao mesmo tempo, uma identificação clara e reconhecimento das condições adversas de actividade física nas aulas resultantes das suas decisões. A posição justificativa foi argumentada em termos de (a) interesse circunstancial do aluno, (b) incapacidade de decidir correctamente, ou seja, decidir contra as deficiências do sistema. Em geral, é assumida uma atitude permissiva ou “adaptada” a tais deficiências “institucionais, políticas e culturais”. Confrontados com a contradição entre o seu “discurso referencial” e as suas decisões na “situações-alvo”, os sujeitos tendem a auto limitar o alcance da sua responsabilidade e a sobrevalorizar as responsabilidades de outros profissionais e das estruturas institucionais e políticas. Conclusões Esta metodologia e os resultados obtidos colocam pistas interessantes de desenvolvimento do estudo da responsabilidade profissional relativamente à Educação Física, numa perspectiva ética, e também a necessidade de uma análise sobre o poder das contingências e das normas informais no desempenho de papéis técnicos, mesmo quando as responsabilidades são personalizadas. São apresentadas conclusões sobre os discursos de valorização da EF na promoção da saúde e das contradições entre esses “discursos referenciais” e as decisões concretas nas “situações-alvo”.

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AVALIAÇÃO DA ACTIVIDADE FÍSICA HABITUAL EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES ASMÁTICOS Santos, M.P., Flores, P., Ribeiro, J.C., Mota, J., Moreira, A. & Duarte,J.A. Universidade do Porto, Centro de Investigação em Actividade Física Saúde e Lazer Serviço de Imunoalergologia, Hospital São João - Porto Objectivo A actividade física habitual pode promover melhorias na aptidão física com consequente diminuição da frequência ventilatória durante exercícios de moderada intensidade o que pode reduzir a incidência de crises de asma induzida pelo exercício. Há uma carência de informação acerca da participação de crianças e adolescentes asmáticos em programas de actividade física organizada. O objectivo do presente estudo foi o de avaliar os níveis e o padrão de actividade física diária de adolescentes asmáticos participantes num programa de intervenção. Metodologia Cerca de 24 crianças e adolescentes asmáticos seguidos na consulta de imunoalergologia de um hospital do Porto concordaram em participar no estudo (média de idades=13,5; d.p.=3,5 anos). Os jovens foram distribuídos aleatoriamente por 2 grupos: grupo experimental (GE) e grupo de controlo (GC). Um indivíduo do GE foi excluído por impossibilidade de participar nas sessões de actividade física organizada. Três indivíduos do GC não realizaram as avaliações. A amostra final foi composta por 20 indivíduos, sendo 11 do GE e 9 do GC. A intervenção com o GE consistiu em duas sessões semanais de actividade física organizada, durante 6 meses. O GC foi seguido na consulta. As sessões tinham como objectivo promover o gosto pela prática de actividade física e combinavam dança, jogos com bola, exercícios de coordenação, flexibilidade e força. Na terceira semana da intervenção, os jovens de ambos os grupos utilizaram acelerómetros (7164 MTI Actigraph) durante sete dias consecutivos, para a avaliação da actividade física habitual. A intensidade da actividade foi calculada a partir de pontos de corte referidos na literatura (1). O Teste t para amostras independentes foi utilizado para calcular as diferenças entre o GE e o GC. Resultados Os resultados do presente estudo mostram a ausência de diferenças significativas na quantidade e na intensidade da actividade física habitual entre o GE e o GC. A participação em actividades moderadas e intensas foi superior (p<0.05) durante os dias de semana, relativamente ao fim de semana, em ambos os grupos. Relativamente ao padrão da actividade diária, os GE apresentou valores superiores em actividade moderada e vigorosa (p<0.01), apenas na hora do dia em que ocorreu a sessão de actividade física. Conclusão Os resultados sugerem que um programa de actividade física pode ajudar no aumento da actividade física em crianças e adolescentes asmáticos, com especial incidência na actividade moderada a vigorosa. Os períodos fora do contexto escolar parecem ser muito importantes no domínio do desenvolvimento estratégico de intervenções no âmbito da saúde pública. Os nossos resultados sugerem ainda uma atenção particular à diminuição da actividade física no final de semana. 1.Puyau MR, Adolph AL, Vohra FA, and Butte NF. Validation and Calibration of Physical Activity Monitors in Children. Obesity research 10: 150-157, 2002.

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AVALIAÇÃO DA APTIDÃO FÍSICA EM ALUNOS DO ENSINO PROFISSIONAL NO CONCELHO DE MONTEMOR-O-VELHO Rodrigues, R. & Fonseca, P. Departamento de Educação Física – Associação Diogo de Azambuja Objectivos (1) Verificar diferenças estatisticamente significativas por sexos e grupos etários nos níveis de aptidão física (AF); (2) Verificar as taxas de sucesso da AF relacionada com a saúde de acordo com as medidas nas áreas de PM (Precisa Melhorar) e ZSAF (Zona Saudável de Aptidão Física) estabelecidas pelos testes do Fitnessgram para os grupos etários dos 15, 16, 17 e 18 anos. Metodologia A amostra foi constituída por 114 alunos da Associação Diogo de Azambuja no ano lectivo 2004/05, dos quais 45 são do sexo masculino e 69 do sexo feminino, com idades compreendidas entre os 15 e os 18 anos, 16,95 ± 0,95 anos (masculino) e 16,91 ± 1,07 (feminino). A AF relacionada com a saúde foi avaliada com base na bateria testes Fitnessgram: Índice de Massa Corporal (IMC); % Massa Gorda (%MG); Vaivém; Abdominais (Abdom); Extensão do Tronco (ExtTron); Extensões de Braços (ExtBraç); Senta e Alcança lado direito e esquerdo (SeatDir e SeatEsq); Flexibilidade de Ombros direito e esquerdo (FlexDir e FlexEsq). Foi utilizado o software Fitnessgram 6.0 para análise do desempenho obtidos nos testes, os quais foram classificados em duas áreas PM e ZSAF. O tratamento dos dados envolveu o cálculo de frequência, média e desvio padrão e como técnica estatística o Teste “Mann-Whitney”. O nível de significância estatística foi mantido em 5% (p≤0,05). No tratamento estatístico dos dados foi utilizado o programa SPSS 9.0 para Windows. Resultados Encontrámos diferenças estatisticamente significativas entre os sexos para o grupo de 15 anos nos testes de %MG, Vaivém, ExTron e SeatEsq. No grupo de 16 anos para os testes IMC, %MG, Vaivém e ExtBraç. No grupo de 17 anos para os testes de %MG, Vaivém, ExtBraç, Abdom, SeatEsq, SeatDir, FlexDir e no grupo de 18 anos para os testes de %MG, Vaivém e ExtBraç. Relativamente à análise das frequências (percentagens) dos níveis de AF em função das medidas critério no teste Vaivém a generalidade dos grupos etários de ambos os sexos apresentam valores abaixo da ZSAF; nos testes SeatDir e Esq verificam-se nas raparigas elevadas taxas de insucesso, ou seja, a maior percentagem encontra-se abaixo da ZSAF. Conclusões O nosso estudo pretende alertar os jovens das implicações do sedentarismo constituindo a nossa escola como um meio privilegiado para a promoção de estilos de vida activos.

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COMPLEXO DE ADÓNIS E INSATISFAÇÃO CORPORAL EM INDIVÍDUOS DO SEXO MASCULINO Santos, I., Baptista, A. & Jesus, C. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Psicologia Objectivo Foi objectivo da presente investigação estudar a influência da insatisfação corporal, da prática de exercício físico e da baixa auto-estima no desenvolvimento do Complexo de Adónis. Metodologia Participaram neste estudo 208 indivíduos do sexo masculino, 105 que frequentavam regularmente ginásios e efectuavam exercício físico de musculação e 103 indivíduos que não efectuavam exercício físico, com uma média de idades de 26,86 anos e 25,93 anos, respectivamente. O protocolo de avaliação foi constituído por um questionário de dados demográficos e pelo Exercise Beliefs Questionnaire (EBQ; Loumidis & Wells, 1998), State Self-Esteem Scale (SSES; Heatherton & Polivy, 1991), Adonis Complex Questionnaire (ACQ; Pope, Phillips, & Olivardia, 2000) e versão modificada da Breast/ Chest Rating Scale (BCRS; Thompson & Tantleff, 1992). Resultados Os resultados do teste de diferenças de médias mostraram que os praticantes de exercício físico tinham mais crenças relacionadas com o exercício físico [t(206)=-5,430; p=0,000], auto-estima mais baixa [t(206)=2,435; p=0,016] e maior complexo de Adónis do que os não praticantes de exercício físico [t(206)=-6,576; p=0,000]. As crenças relacionadas com o exercício e a insatisfação corporal revelaram-se associadas (p<0,05) ao Complexo de Adónis para os praticantes de exercício físico. Conclusões A análise de regressão multivariada permitiu concluir que a prática de exercício de musculação, associada à baixa auto-estima social (p<0,001) e à insatisfação corporal (p<0,01), é preditora da existência do complexo de Adónis.

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COMPORTAMENTOS DE SAÚDE: IMPLICAÇÕES DA PRÁTICA DE ACTIVIDADE FÍSICA EM ESTUDANTES DA ESCOLA SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DA GUARDA Batista, P. & Pereira, H.1 1 UBI, Departamento de Psicologia e Educação Objectivo A prática de actividade física poderá constituir um caminho para um estilo de vida mais saudável. Existe uma relação entre a actividade física e a saúde dos jovens, tanto física como mental, assim como, existe uma relação entre a actividade física e os outros hábitos de saúde, ou seja, a actividade física e o estilo de vida activo, como um meio de aquisição de um estilo de vida saudável, em geral. Parece então consensual associar a prática de actividade física a um conjunto de vantagens, de entre as quais se destaca a adopção de um estilo de vida mais saudável para aqueles que a praticam. Com este estudo procurámos diagnosticar os comportamentos que os estudantes da Escola Superior de Educação da Guarda adoptam relativamente à sua saúde. Metodologia Participaram neste estudo 311 estudantes (84% sexo feminino e 16% sexo masculino), de idade média 23,6 anos (18 a 40 anos). Utilizou-se como instrumento de avaliação um questionário, elaborado para o efeito. Resultados Os resultados obtidos apontam para a existência de comportamentos saudáveis, nomeadamente no que diz respeito à actividade física praticada. Verificou-se que 59% da amostra pratica actividade física e a frequência como a praticam é moderada, dispendendo cerca de 1 a 2 horas por semana. São essencialmente os estudantes mais novos os que mais praticam, e são os estudantes pertencentes ao sexo masculino os que mais horas e mais desportos praticam, bem como, os estudantes provenientes geograficamente de outros locais do país (ao contrário dos estudantes pertencentes ao distrito da Guarda). Com o presente estudo verificou-se que são os estudantes que mais praticam actividade os que têm uma melhor apreciação da sua saúde, bem como uma elevada auto-estima, apresentando no geral comportamentos mais saudáveis. Estes resultados corroboram os estudos efectuados por outros autores tais como: Cruz et al., 1996; Calado & Duarte, 2000; Faria & Silva, 2001; Jones et al., 2004… Conclusões É de todo proveitosa, uma intervenção ao nível da promoção de comportamentos de saúde em toda a população portuguesa, sobretudo na faixa etária dos jovens (muitas vezes esquecidos, fruto da vitalidade que os caracteriza) e nos distritos do interior do país, onde é notória a escassez de informação e a ausência de uma prática de actividade física regular, na generalidade.

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COMPOSIÇÃO CORPORAL E PRESSÃO ARTERIAL DE CRIANÇAS COM EXCESSO DE PESO E OBESAS PARTICIPANTES NUM PROGRAMA DE CONTROLO DE PESO Rocha, P.1, Calheiros, L.1, Minderico, C.1, Themudo Barata, J.L.1 & Bragança, G.2 1 Instituto de Exercício e Saúde; 2 Hospital Fernando Fonseca, Serviço de Pediatria Objectivo Este estudo procurou caracterizar a composição corporal e a pressão arterial (PrA) de um conjunto de crianças com excesso de peso e obesas participantes no Programa “SOPA–Saúde na Obesidade Pediátrica e Actividade Física”. Foram ainda analisadas as associações entre marcadores da composição corporal e da PrA. Metodologia A amostra foi constituída por 76 crianças com excesso de peso ou obesas, com idades compreendidas entre os 6-16 anos, sendo 36 do género feminino (idade:10.8±2.5anos; peso:64.4±19.7kg; IMC:28.2 ±4.8 kg/m2) e 40 do género masculino (idade:10.8±2.1anos; peso:64.7±18.6kg; IMC:28.0±4.5kg/m2). A percentagem de massa gorda (%MG) foi estimada pelo protocolo de Jackson-Pollock. O perímetro da cintura (PC) e da anca (PA) foram medidos de acordo com procedimentos descritos na literatura (Lohman, Roche, & Martorell, 1988). O índice de massa corporal (IMC) foi calculado dividindo o peso pelo quadrado da altura, tendo sido utilizados critérios de referência (Cole, Bellizzi, Flegal, & Dietz, 2000) para caracterização do grau de obesidade. A pressão arterial sistólica (PAS) e diastólica (PAD) foram medidas de acordo com procedimentos estandardizados. Resultados A prevalência da obesidade registada nas raparigas foi de cerca 80.6% das raparigas, tendo os rapazes registado um valor de 77.5%.A %MG estimada nas raparigas foi de 44.5%, assumindo esta o valor de 42.4% nos rapazes.Nas raparigas, o PC e o PA assumiram o valor de 88.5cm e de 98.3cm, respectivamente. Nos rapazes verificou-se um PC de 89.9cm e um PA de 97.3cm. Não foram verificadas diferenças significativas entre os géneros nas variáveis de composição corporal e de pressão arterial estudadas (p>0.05).Análises complementares efectuadas através de correlações bivariadas verificaram que a elevação do PC se encontrava associada, em ambos os géneros, não só a maiores valores de %MG (r=0.32–raparigas;r=0.23–raparazes; p<0.05) mas também PAS (r=0.27–raparigas;r=0.24–raparazes; p<0.05). Apenas nas raparigas foi verificada uma associação directa entre a PrA média e o PC (r=0.20; p<0.05). Não foram verificadas quaisquer associações entre as variáveis de PrA e, não só a %MG, mas também o PA. Conlusões Os resultados obtidos demonstraram que nesta população de crianças maioritariamente obesas, valores mais elevados de PC se associam não só a maiores valores de %MG mas também de PAS. Pelo contrário, o PA não revelou quaisquer associações com a MG e a PrA. À semelhança do verificado em populações obesas adultas, o PC em crianças apresenta-se como um marcador de risco indicador de uma composição corporal morbidogénica, reforçando a necessidade da sua avaliação em contexto clínico. Bibliografia Cole, T. J., Bellizzi, M. C., Flegal, K. M., & Dietz, W. H. (2000). Establishing a standard definition for

child overweight and obesity worldwide: international survey. British Medical Journal, 320, 1-6. Lohman, T. G., Roche, A. F., & Martorell, R. (Eds.). (1988). Anthropometric standardization reference

manual. Champaign, IL: Human Kinetics Publishers.

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DISMORFIA MUSCULAR, ATITUDES FACE À MUSCULATURA E AUTO-ESTIMA EM INDIVÍDUOS DO SEXO MASCULINO Santos, I., Baptista, A. & Conceição, M. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Psicologia Objectivo Foi objectivo do presente estudo avaliar a relação entre a auto-estima, a dismorfia muscular e as atitudes face à musculatura em indivíduos do sexo masculino. Metodologia A amostra foi constituída por 137 indivíduos (40 praticantes de musculação, 57 praticantes de outras modalidades desportivas e 40 não praticantes de desporto), com idades compreendidas entre os 18 e os 35 anos. As medidas utilizadas foram o Swansea Muscularity Attitudes Questionnaire (SMAQ, Edwards & Launder, 2000), o Adónis Complex Questionnaire (ACQ, Pope, Phillips & Olivardia, 2000), a State Self-Esteem Scale (SSES, Heatherton & Polivy, 1991), a forma reduzida da Marlow-Crowne Social Desirability Scale (MCSDS-SF, Ballard, 1992) e uma versão modificada do Body Image Teste (Pope, Phillips & Olivardia, 2000). Resultados Os resultados da ANOVA mostraram que os praticantes de musculação tinham valores mais elevados na dismorfia muscular [F (2, 138)= 16.136; p=.000], um maior desejo de musculatura [F (2, 135)= 18.787; p= .000] e tendiam a ver mais atributos positivos na musculatura [F (2, 136)= 5.390; p= .006] relativamente aos praticantes de outras modalidades e aos não praticantes de desporto. Os praticantes de musculação revelaram ainda ter um peso corporal ideal superior [F (2, 125)= 4.368; p= .015] aos praticantes de outras modalidades. Quando comparados com os não praticantes, os praticantes de musculação revelaram mais auto-estima na aparência [F (2, 136)= 5.475; p= .005]. Conclusão Conclui-se que a prática da musculação parece relacionar-se (p<.01) com a existência de dismorfia muscular e de atributos positivos face à musculatura, indicando esta associação uma atribuição do bem estar pessoal e social à prática do exercício físico.

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EFEITO DO TREINO NA ESTRUTURA E FUNÇÃO CARDÍACA EM JOVENS NADADORES Madeira, R.B.1,2, Alves, F.2, Pereira, J.G.2 & Trabulo, M.3 1 Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias 2 Faculdade de Motricidade Humana, Universidade Técnica de Lisboa 3 British Hospital, Lisboa Objectivo O objectivo do nosso estudo foi a determinação do efeito do treino de natação na morfologia e função cardíaca em jovens nadadores. Metodologia Doze atletas (género masculino) e doze não atletas, activos (género masculino), com média de idades de 15,88 ± 0,22 anos e 15,89 ± 0,23 anos, respectivamente, fizeram parte deste estudo. Foram determinadas variáveis antropométricas e de composição corporal, como peso, altura, superfície corporal (SC), percentagem de massa gorda (%MG), peso de massa gorda (PMG) e peso de massa isenta de gordura (PMIG). Através do ecocardiograma modo M e bidimensional foram avaliadas as medidas de dimensão da estrutura cardíaca em repouso, e através do Dopler pulsado a função sistólica e diastólica do ventrículo esquerdo, segundo as recomendações de Devereux et al. (1987) e da Sociedade Americana de Ecocardiografia (1978). Valores absolutos e corrigidos para o tamanho e composição corporal (de Simone G. et al, 1992; de Simone G. et al, 1995; Batterham AM, et al, 1997; Batterham AM et al, 1998) foram determinados para comparar os dois grupos através do teste “t de student” para amostras independentes. A relação entre variáveis de estrutura do ventrículo esquerdo e a sua função foi estudada através de correlações (produto momento de Pearson). Resultados Valores absolutos e relativos de diâmetro telediastólico (VEd) e telesistólico (VEs) do ventrículo esquerdo apresentaram-se superiores no grupo de atletas (p<0,05), bem como valores da massa do ventrículo esquerdo quando normalizada para a SC1,5 (p<0,05). Valores relativos da espessura da parede posterior do ventrículo esquerdo em diástole (PPVEd) e do septo interventricular em diástole (SId) tornaram-se superiores (p<0,05) no grupo de não atletas. O grupo de atletas apresentou valores absolutos e relativos superiores (p<0,01) na função sistólica do ventrículo esquerdo (volume telesistólico VTS, volume sistólico VS e débito cardíaco Q) e na função distólica (volume telediastólico VTD), no entanto não se verificaram diferenças, entre os grupos, na fracção ejectada (FEJ), fracção de encurtamento do ventrículo esquerdo (FE), ou distenssibilidade do ventrículo esquerdo (DISTVE). Da relação entre as variáveis de estrutura e de função podemos verificar a correlação positiva estatisticamente significativa (p<0,01) entre o VEd e massa do ventrículo esquerdo com o VTD (r=0,926 e r=0,685), VTS (r=0,837 e r=0,661), VS (r=0,906 e r=0,646) e Q (r=0,784 e 0,587), e VEs com VTD (r=0,820, p<0,01), VTS (r=0,911, p<0,01), VS (r=0,706, p<0,01), Q (r=0,660, p<0,01), FE (r=-462, p<0,05) e FEJ (r=0,500, p<0,01). Conclusão Os resultados do nosso estudo suportam o efeito benéfico do treino regular, já que os valores encontrados são superiores aos observados em grupos de controlo (George et al. 1999; Pluím 2000; Obert et al. 1998), sugerindo que a influência efectiva do treino regular e organizado na função diastólica é esperado, quando as condições do treino são suficientemente intensas em idades jovens e mantidas continuamente ao longo dos anos. Não existem diferenças na função do ventrículo esquerdo entre os grupos o que pode levar a concluir que não existe relação entre a geometria do coração e a função diastólica do ventrículo esquerdo no coração de atleta (avaliada através de mecanismos da câmara do ventrículo esquerdo).

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ESTADOS DE HUMOR EM IDOSOS PARTICIPANTES E NÃO PARTICIPANTES NUM PROGRAMA DE ACTIVIDADE FÍSICA Moutão, J., Dutra, D., Romano, M. & Barata, N. Escola Superior de Desporto de Rio Maior [email protected] Objectivo A evolução das tecnologias da saúde e a melhoria das condições de vida da população em geral tem-se reflectido num visível e gratificante aumento da esperança média de vida. Infelizmente, quando se verificam situações patológicas graves, esse aumento da longevidade nem sempre é acompanhado da desejável qualidade vida. Interessa não apenas “dar anos à vida”, mas, concomitantemente, “dar vida aos anos”. Por esta razão, a qualidade de vida do Idoso e suas determinantes têm sido um tema cada vez mais recorrente na investigação científica. Dado o efeito positivo que a prática de actividade física tem demonstrado ter sobre a saúde mental, qualidade de vida e bem-estar psicológico, definimos como objectivo deste estudo a avaliação do impacto de um programa de actividade física sobre os estados de humor, em praticantes Idosos. Metodologia A amostra é composta por um total de 60 indivíduos, de ambos os sexos (42 mulheres – 70% - e 18 homens – 30%), pertencentes a um lar de Idosos no Concelho de Rio Maior, com uma média de idades de 75,9 anos, compreendidas entre os 61 e os 92 anos. Desta amostra, cerca de 48,3% dos indivíduos (29 idosos, 6 masculinos e 12 femininos) participam regularmente 2 vezes por semana num programa de actividade física para a “terceira idade”. Os restantes indivíduos, 51,7 % (31 idosos, 23 masculinos e 19 femininos) não aderem ao programa de actividade física. O instrumento de avaliação utilizado foi a versão reduzida do POMS (Coor & Droppleman, 1971), constituída por 42 itens e 6 dimensões, traduzida e adaptada para a população portuguesa por Viana, Almeida e Santos (2001). Para a comparação entre os grupos de participantes e não participantes foi utilizada a técnica estatística de “t de Student”, para um nível de significância de p<0,05, após a certificação dos requisitos para a utilização desta técnica paramétrica como a homogeneidade de variância e a distribuição normal. Resultados Verifica-se que o perfil dos estados de humor difere para os dois grupos da amostra. Assim, o grupo dos idosos praticantes apresentou valores significativamente mais elevados na dimensão “Vigor” (3.52 ± 0.62), relativamente aos não praticantes (2.45 ± 0.07), e valores significativamente mais baixos nas dimensões dos estados de humor negativos como a Depressão (1.80 ± 0.64), Hostilidade (1,86 ± 0,68) e Fadiga (2,03 ± 0,89) que apresentaram os valores nos não praticantes de 2.45 ± 0.07, 2.45 ± 0.07 e 2.45 ± 0.07, respectivamente. No que diz respeito à dimensão Tensão, apesar dos valores mais baixos obtidos no grupo de praticantes (2.50 ± 0.73) comparativamente com o grupo de não participantes (2.68 ± 0.66) a diferença não foi estatisticamente significativa (p>0.05). Na dimensão Confusão-desorientação, apesar de não se registarem diferenças significativas, os idosos praticantes registaram valores mais elevados de confusão e baixa lucidez (2.41 ± 0.55) do que os não praticantes (2.18 ± 0.40). Neste particular, apesar da literatura sugerir que valores dos não praticantes devam ser, nesta dimensão, superiores relativamente aos dos praticantes, outros trabalhos realizados em Portugal e o próprio estudo de validação da versão reduzida do POMS apresentam este resultado. Esta consistência de resultados, na população portuguesa, sugere uma futura revisão desta dimensão. Conclusões Conclui-se que os idosos com programa de actividade física estão mais próximos do modelo de Saúde Mental de Morgan (1977), ou seja, são os que apresentam melhores estados de Humor. Face ao grande enfoque que é dado à componente física em programas de actividade física para Idosos, propõe-se uma igual consideração e avaliação de parâmetros relacionados com a saúde mental, dado que a motivação para a melhoria da saúde ocupa um lugar de destaque neste grupo etário.

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PERSPECTIVAS PARA UM ESTILO DE VIDA MAIS ACTIVO NUMA POPULAÇÕA ESCOLAR DE ADOLESCENTES Veloso, S.1 & Matos, M.2 1 Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias 2 Faculdade de Motricidade Humana Objectivo O objectivo deste estudo foi identificar determinantes da mudança da actividade física dos adolescentes. Método Os participantes foram estudantes do concelho de Oeiras oriundos de Escolas Básicas 2/3 e Escolas Secundárias (N= 364, com média de idades de 12.2 do 7º ano e de 15.2 do 10ºano de escolaridade, com 53.3% de raparigas). Os dados subjectivos da actividade física foram obtidos através de auto-relatos do nível actual de prática, resultantes da medida dos estádios de mudança provenientes do modelo transteórico. As variáveis preditoras em estudo provêm da teoria do comportamento planeado e do modelo transteórico. Resultados O modelo da regressão linear, utilizou valores das variáveis atitude (medida através das crenças comportamentais acerca da percepção de consequências do desempenho do comportamento e a avaliação pessoal dessas consequências), norma subjectiva e percepção de controlo do comportamento que explicam 23% da variância da intenção; e as variáveis preditoras, percepção de controlo do comportamento e intenção, explicam 21% da variância do nível de actividade física. O modelo das equações estruturais usando constructos da teoria do comportamento planeado, para os mesmos preditores, atitude, norma subjectiva e percepção de controlo do comportamento, explicam 24% da variância da intenção, e a percepção de controlo do comportamento e a intenção, explicam 21% da variância do nível de actividade física. O modelo de regressão linear usando os processos de mudança mostrou que os processos de mudança comportamentais, explicam 25% da variância da percepção de controlo do comportamento; e ambos os processos comportamentais e cognitivos, explicam 18% da variância da norma subjectiva e explicam, também, 6% da variância da atitude. Conclusão Os resultados sugerem a adequação das variáveis preditoras da teoria do comportamento planeado e os processos de mudança do modelo transteórico para explicar a prática de actividade física dos adolescentes. Os processos de mudança podem ser um recurso importante a utilizar nos programas de intervenção para promoção da actividade física dos adolescentes.

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PREDITORES DA AUTO-ESTIMA GLOBAL EM CRIANÇAS Meneses, R. & Simões, D. Universidade Fernando Pessoa, FCHS & Universidade do Porto, IBMC; Universidade do Minho & Hospital Santa Maria Maior Objectivo Identificar, de entre os componentes do Auto-conceito, os melhores preditores da Auto-estima Global em crianças. Pretende-se, assim, contribuir para a discussão sobre a relação entre Auto-conceito e Auto-estima e tentar encontrar apoio empírico para a intervenção que vise a promoção da Auto-estima em crianças. Metodologia Neste estudo, observacional transversal, foram avaliadas 55 crianças, estudantes do 4º ano (n=32 do género feminino), com idades entre os 9 e os 10 anos (M=9,45; DP=0,50), maioritariamente residentes em meio urbano (n=42) e com NSE médio (n=42). Procedeu-se à administração de um questionário sócio-demográfico e clínico e do Perfil de Auto-Percepção da versão Portuguesa de Martins, Peixoto, Mata e Monteiro (1995) do Self-Perception Profile for Children de Harter (1985). Teve lugar a auto-administração colectiva dos instrumentos, em sala de aula, na presença do professor. Recorreu-se à correlação de Pearson e à análise de regressão linear, método Stepwise. Resultados A Auto-estima Global apresentou correlações estatisticamente significativas com todas as dimensões do Auto-conceito (Competência Escolar – r(55)=0,34, p=0,009 –, Aceitação Social – r(55)=0,34, p=0,009 –, Competência Atlética – r(55)=0,46, p<0,0001 –, Aparência Física – r(55)=0,59, p<0,0001 – e Atitude Comportamental – r(55)=0,29, p=0,03). A Aparência Física foi o único preditor da Auto-estima Global (R2

a=0,341, p<0,0001), explicando 34% da sua variação. Conclusões Os dados do presente estudo sugerem que um Auto-conceito baixo ao nível da Aparência Física poderá traduzir-se numa baixa Auto-estima Global. Os resultados corroboram a literatura, apoiando a intervenção psicossocial que vise a alteração do Auto-conceito Físico destas crianças, como meio de melhorar a sua Auto-estima Global, que pode colocá-las em risco acrescido, p.e., de depressão e de comportamentos inadequados (p.e., alimentares) como meio de lidar consigo próprias. Neste contexto, a promoção da prática de exercício físico afigura-se como uma modalidade de intervenção com elevado potencial. Os resultados sublinham ainda a necessidade de procurar outros preditores mais potentes da Auto-estima Global nesta faixa etária.

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PROGRAMA DE EXERCÍCIO REALIZADO EM CASA: EFEITOS NA OSTEOARTROSE DO JOELHO EM IDOSOS Espanha, M. & Rego, A. Faculdade de Motricidade Humana, Depto. de Ciências da Motricidade Objectivos É actualmente reconhecida a importância de abordagens não farmacológicas na intervenção de diversas condições do foro reumático como principal medida terapêutica, nomeadamente do exercício físico. De acordo com o American College of Rheumatology (ACR) 1, as recomendações para a osteoartrose (OA) apontam para a realização de exercícios de flexibilidade, fortalecimento muscular e aeróbios. Os objectivos deste estudo consistiram em investigar os efeitos de um programa de exercício progressivo com a duração de oito semanas realizado em casa 2 nos principais sintomas da osteoartrose (OA) do joelho, força dos músculos extensores dos membros inferiores (FEMI) e aptidão física funcional. Metodologia A amostra foi constituída por 30 idosos divididos em dois grupos: grupo de exercício [GE; n=15; idade=69,5± 3;79; IMC(Kg/m)2 = 27,6± 3,9] e grupo de controlo (GC; n=15; idade=70,2 ± 3,42; IMC(Kg/m)2 = 28,8 ± 4,2). O diagnóstico da OA foi estabelecido segundo os critérios definidos pela ACR 3. A avaliação da dor, rigidez e limitação funcional foi realizada através do questionário WOMAC (Western Ontario and McMaster Universities Osteoarthritis Index, versão Lk 3.0). A FEMI foi avaliada através de um dinamómetro (Ergometer, Globus; Itália) 4. A aptidão física funcional foi avaliada através do teste de andar no passo normal (self paced walking – SPW) e do teste de subida e descida de degraus no passo normal (self-paced stepping – SPS). Resultados Após as oito semanas, observaram-se no GE melhorias significativas da dor (p<0,001), rigidez (p<0,0001) e limitação funcional (p<0,001), enquanto que no GC verificou-se um agravamento dos sintomas, apenas significativo na funcionalidade. Nos testes de aptidão física verificaram-se melhorias não significativas dos tempos de execução do SPW (11,79%) e do SPS (9,08%) no GE, tendo sido similares os resultados da FEMI (aumento de 4.72%). Conclusão O programa de exercício demonstrou ser uma intervenção eficaz na redução da dor e rigidez articular e melhoria da funcionalidade em idosos com osteoartrose do joelho. Referências 1 – Altman e col. (2000). Arthritis & Rheum, 43(9):1905-1915. 2 – Petrella & Bartha (2000). J. Rheum, 27(9):2215-2221. 3 – Hochberg e col. (1995). Arthritis & Rheum, 38(11):1541-1546. 4 – Rego (2003). Tese de Mestrado, FCDEF, Porto.

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TRAUMATOLOGIA DO JOELHO E AS SUAS IMPLICAÇÕES PARA A ACTIVIDADE DESPORTIVA NO FUTEBOL Domingues, M. Sport Clube Beira-mar, Departamento de Natação Objectivo O futebol caracteriza-se pela sua grande imprevisibilidade de estrutura acíclica, com constantes mudanças de direcção e velocidade e constantes impactos, executados em situações de cooperação-oposição. As consequências que advêm da traumatologia do joelho são inúmeras e todas elas de consequências não menos importantes. Constitui, portanto, objecto deste artigo tentar perceber o mecanismo traumatológico que se pode processar no joelho bem como a profilaxia requerida na prevenção do acidente. Revisão da Literatura Segundo Castro et al. o LCA é submetido a cargas em todo arco de flexo-extensão do joelho, o ligamento cruzado anterior recebe 75% da força anterior com o joelho em extensão completa e 85% com o joelho em flexão, sendo principal ligamento na deterioração da estrutura do joelho e consequente quebra do rendimento desportivo. No treino da força e velocidade do jogador de futebol, segundo Weineck (2000), dominam os exercícios que fortalecem a musculatura responsável pela produção de movimento em relação aos membros inferiores, a musculatura de extensão do joelho (quadríceps femoral), enquanto os músculos responsáveis pela flexão são frequentemente esquecidos e subestimados. Neste estudo só nos interessam as lesões do joelho, que estão directamente relacionadas com a corrida, paragens e mudanças de direcção bruscas e violentas, típicas do futebol e que podem afectar várias estruturas anatómicas do joelho. Segundo Horta e Aires (1995), os acidentes normalmente surgem de uma instabilidade relativa, com o pé fixo no solo entre duas posições extremas, onde emergem as duas situações descritas:

- Flexão, valgo, rotação externa; - Flexão, varo, rotação interna.

Como recomendações, os exercícios de cadeia cinética fechada segundo Heller, Pincivero (2003), têm vindo a ser de extrema importância no processo de reabilitação dos membros inferiores, no que toca à sua funcionalidade e a sua relação com a força muscular. Conclusão Concluindo, sabemos que a lesão do joelho especialmente do LCA é, muitas vezes, sinónimo de muitos afastamentos precoces dos relvados por esse mundo fora. No caso do futebol, o impacto directo em que são criados sucessivos torques (rotações) é muitas vezes responsável por tais lesões. O joelho tem que providenciar estabilidade enquanto permite o movimento dos saltos e rápidas mudanças de direcção. O segredo para tão comum lesão está no fortalecimento muscular e tendinoso bem como nas atitudes preventivas a adoptar como fundamentais na preservação de tão importante estrutura na globalidade do gesto desportivo. Comentários A comissão avaliadora dos resumos decidiu reformular o formato com que submeteu o seu trabalho, visto que o documento que nos enviou não respeitava as normas. O texto não foi alterado, apenas o formato. No entanto, saliente-se que não sendo um trabalho experimental, mas de uma revisão de literatura e de uma opinião, deverá procurar apoiar-se em mais estudos para a elaboração do seu poster.

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“TRILHOS ALTERNATIVOS”: PROMOVER COMPETÊNCIAS SOCIAIS EM JOVENS EM RISCO DE DESAJUSTAMENTO SOCIAL Almeida, K., Sarmento, P., Rauktis M. & Bernardo, S. Pressley Ridge Objectivo As competências sociais permitem às crianças interagir com outros de forma socialmente aceitável, constituindo os alicerces das relações interpessoais (Pulver & Fisher, 2005). Com vista à promoção de competências sociais desenvolvem-se programas habitualmente destinados a jovens com comportamentos de risco ou dificuldades interpessoais (idem). O presente estudo tem como objectivo avaliar a eficácia do programa de competências sociais, Trilhos Alternativos (TA), desenvolvido no seio de um Bairro da Damaia. Para esse efeito avaliou-se a assiduidade, o cumprimento de regras e as competências sociais, esperando-se que: 1) No final do programa, os jovens revelem competências sociais mais adequadas nas sessões do que no início; 2) A assiduidade dos jovens esteja positivamente relacionada com as competências sociais observadas no fim do programa. O estudo investiga também a influência do sistema de contingências na assiduidade e competências sociais observadas. Metodologia Este é um estudo pré-experimental, com uma amostra de 10 jovens dos 9 aos 14 anos, de etnia africana, indicados para frequentar o programa por revelarem comportamentos de risco. As principais medidas de avaliação foram 1) os registos da assiduidade; 2) os registos dos pontos alcançados nas sessões (de 0 a 5 pontos) e 3) a Checklist de Competências Sociais (CS) (traduzido de Goldstein & McGinnis, 1997), preenchida antes, durante e no final do programa. Para a análise estatística dos dados, utilizou-se o SPSS, nomeadamente o teste t para amostras emparelhadas e o teste bi-causal de Pearson. Resultados Os resultados revelam uma diferença estatisticamente significativa (p≤.01) nas 6 CS observadas entre o início e o fim do programa. O Sistema de Contingências está associado a níveis de assiduidade mais elevados (r=.91, p=.01). Ao aumentar a assiduidade, maior o tempo de participação no programa (i.e., mais sessões assistidas), que por sua vez, está associado a melhores CS Avançadas (r=.83, p=.01). Apesar destes resultados serem positivos, o estudo apresenta várias limitações: a) o desenho do estudo não permite fazer afirmações causais, apenas estabelecer associações; b) as observações das CS foram realizadas pelos monitores e c) não foram incluídas observações realizadas por pais ou professores. Os desafios para a 2ª edição dos TA são: envolver as famílias na intervenção e avaliação; aumentar o tempo de intervenção nos períodos de férias escolares, realizar mais outdoors e passeios, com vista à generalização de CS. Conclusões Os resultados dos programas de competências sociais estão longe de ser conclusivos. Em Portugal destacam-se os estudos realizados por Matos et al. (2001), com resultados positivos ao nível das competências de Solução de problemas sociais. O estudo dos TA constitui-se como um recurso de avaliação económico que permite o aperfeiçoamento contínuo do programa, a sua valorização junto de potenciais financiadores e pretende dar um modesto contributo para a comunidade científica.

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Resumos de Alunos

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ADESÃO AO EXERCÍCIO NUMA POPULAÇÃO UNIVERSITÁRIA Silva, C.F., Martins, S. & Palmeira, A.L. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Centro de Estudos de Exercício e Saúde, Portugal Objectivo Apesar dos benefícios físicos e psicológicos associados à prática de actividade física (Ribeiro, 1988; Matos & Sardinha, 1999), cada vez mais as pessoas adoptam estilos de vida sedentários. Torna-se fundamental perceber porque é que algumas pessoas são activas para a sua saúde e outras se mantém inactivas. Para desenvolver e compreender os factores que promovem comportamentos de saúde, os psicólogos de saúde, têm dado especial atenção, ao desenvolvimento dos modelos de comportamento para o exercício. Muitos modelos foram propostos, mas o mais utilizado é o modelo transteórico (Prochaska & Diclemente, 1983,1984, citado por Armitage e col, 2003). O modelo transteórico (Prochaska, Diclemente & Norcross, 1992; Prochaska & Velicer, 1997) é um modelo integrativo de mudança de comportamento e descreve como é que as pessoas modificam um problema de comportamento ou adquirem um comportamento positivo. O construto central deste modelo são os estados de mudança. O objectivo deste estudo é a descrição preliminar da variável estados de mudança, numa população universitária. Metodologia Foram estudados 151 sujeitos, alunos do departamento de Educação Física e Desporto de uma universidade, dos quais 94 do género masculino e 57 do género feminino, com uma média de idades de 27 ± 2,5 anos. Foi aplicado o questionário dos estados de mudança (EM-E), validado por Benisovich, Rossi, Norman e Nigg (1998), com versão portuguesa de Palmeira, Gomes e Teixeira (2004), o qual é constituído por 6 itens e pretende verificar o período de actividade/inactividade, através dos estados de mudança. Resultados Da análise descritiva dos estados de mudança, verificou-se que 82,1% dos sujeitos se encontravam no estado de manutenção (47,7% género masculino; 34,4% género feminino), 8,6% no estado de acção (7,3% género masculino;1,3% género feminino), 6% no estado de preparação (5,3% género masculino; 0,7% género feminino) e 3,3% no estado de pré-contemplação (2% género masculino; 1,3% género feminino). O teste chi-quadrado revelou que não existem diferenças significativas entre os géneros (p>0,05). Conclusões A maioria dos sujeitos desta amostra são activos, pois encontram-se no estado de manutenção, o que está relacionado com o facto da amostra ter sido recolhida da licenciatura de Educação Física e Desporto. O estudo vai estender-se a várias licenciaturas da universidade, ampliando-se quer a amostra, quer as variáveis a estudar.

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ADESÃO AO EXERCÍCIO E BENEFÍCIOS NA DEPRESSÃO, ANSIEDADE E STRESS NUMA POPULAÇÃO UNIVERSITÁRIA Silva, P.K., Martins, S. & Palmeira, A. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Centro de Estudos de Exercício e Saúde, Portugal Objectivo A inactividade física é um dos maiores factores de risco de doença (ACSM, 1991; Pate, et al., 1995). A prática de exercício físico regular está associada a benefícios de saúde a nível físico e psicológico (USDHHS, 1996). Portanto, parte do problema que é o sedentarismo está, também, associado à depressão, stress e ansiedade, na qual o exercício tem efeitos positivos (Landers & Arent, 2001). O exercício tem propriedades hedónicas positivas, mais claras após treino prolongado, ou seja, pode ser produzida tolerância ao exercício mesmo naqueles que inicialmente não aderem; tem efeitos antidepressivos e ansióliticos; e reduz a sensibilidade ao stress (Salmon, 2001). O objectivo deste estudo foi analisar numa população universitária, a relação da adesão ao exercício com a depressão, ansiedade e stress. Metodologia Foram estudados 152 sujeitos (96 do género masculino e 58 do género feminino) com idades de 22.9±2.5 anos, que fazem parte do Projecto + Exercício e Saúde, com uma frequência média de prática semanal de actividade física de 4.7±2.8 x/sem. Foi utilizado o Questionário dos Estados de Mudança (Palmeira, Gomes e Teixeira, 2004), versão portuguesa de EME (Benisovich, Rossi, Norman & Nigg, 1998), constituído por 6 itens, que mede o estado de mudança do indivíduo em relação ao exercício. Foi também utilizado a Escala de Depressão, Ansiedade e Stress versão portuguesa (Baptista, Santos e colaboradores, 1999) da DASS-21 (Lovibond & Lovibond, 1995), contendo 21 itens, avaliados numa escala de Likert de 4 pontos, permitindo a classificação dos indivíduos na depressão, ansiedade e stress, respectivamente, α=.77, α=.68, α=.86. Resultados A análise comparativa entre géneros realizada através do teste t de student não revelou a existência de diferenças no stress (p=0.249), na ansiedade (p=0.288) e na depressão (p=0.714). A análise comparativa entre os estados de mudança activos (manutenção e acção) e inactivos através do teste t de student, não revelou a existência de diferenças no stress (p=0.686), na depressão (p=0.437) e na ansiedade (p=0.776). A análise correlacional entre a frequência, intensidade e stress, depressão e ansiedade, realizou-se através da correlação de Pearson, não revelou a existência da associação entre estas variáveis (p=0.229). Conclusões Verificou-se na amostra analisada, uma elevada frequência semanal de actividade física (género masculino de 4.8±2.9 x/sem e feminino de 4.4±2.4 x/sem) e, visto que 124 dos sujeitos se encontram no estado de manutenção em relação ao exercício, esta situação pode estar na origem da ausência de diferenças de género e estados de mudança nos valores de stress, depressão e ansiedade. Este facto pode, ainda, ser responsável pela ausência de relação entre intensidade e frequência com as mesmas variáveis. Propõe-se que se realize este estudo em populações universitárias que não englobem maioritariamente indivíduos activos uma vez que a literatura refere que a influência do exercício nestas variáveis produz resultados mais elevados em indivíduos menos aptos e com maiores níveis das mesmas (Landers & Arent, 2001).

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ANÁLISE DA DISFUNÇÃO MENSTRUAL EM ATLETAS: O IMPACTO DAS VARIÁVEIS PSICOLÓGICAS Santos, R. & Palmeira, A. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Psicologia, Centro de estudos em Psicologia do Desporto e das Actividades Físicas. Objectivo A presente investigação tem como objectivo geral a análise preliminar da disfunção menstrual em atletas. As investigações feitas acerca do ciclo menstrual têm avançado, pois existe uma necessidade cada vez maior em compreender a mulher no seu todo e muitos têm sido os investigadores que se têm debruçado sobre este tema, que por sua vez controvertam opiniões, se de facto, o ciclo menstrual influencia ou não o desempenho desportivo das atletas. ( Williams, 1976; Shaklina, 2003) Metodologia Esta investigação foi realizada com um único momento de avaliação das participantes, constituindo deste modo um estudo transversal. A amostra é constituída por 65 atletas, praticantes de diferentes modalidades, em que a sua faixa etária se situa entre os 15 e os 25 anos de idade (M= 20,12 ± 4,68 anos). Para a realização deste trabalho utilizou-se como instrumento de avaliação: O ICP – Inventário de Câmbios Premenstruales, desenvolvido por Perez Pareja, et al., (1994). Este inventário é constituído por 40 itens, respondidos de acordo com uma escala tipo Lickert, composta por 4 pontos. Este inventário tem como objectivo medir seis dimensões de ordem inferior, sendo ainda possível agrupar estas seis dimensões em duas sub-escalas de ordem superior. A consistência interna (α de Cronbach) das sub-escalas avaliadas foi de: .92 para a Sintomatologia Física; .92 para as Emoções e Percepções Positivas e .92 para o total da medida. Resultados Com o intuito de analisar a disfunção menstrual em atletas, procedeu-se ao cálculo da análise descritiva e com base nos resultados obtidos, verificou-se que, de uma forma geral as Emoções e Percepções Positivas (M= 14,20±5,4), são mais evidentes nas atletas do que as restantes dimensões, nomeadamente: as Emoções e Perturbações Negativas (M= 12,18±9,5); a Sintomatologia Física (M= 4,43±3,8); o Impacto nas Condutas e Actividades Quotidianas e Comportamento Alimentar (M= 12,11±6,8) e o Comportamento Sexual (M= 6,83±4,5) visto a primeira dimensão apresentar um valor mais elevado. Conclusão Através da análise dos dados, constatou-se que, para a maioria das atletas, os seus pensamentos, reacções e emoções são encarados de forma positiva, uma vez que apresentam resultados mais elevados na dimensão Emoções e Percepções Positivas. No que respeita à sub-escala da Sintomatologia Física, esta parece revelar menor importância para as atletas, pois os seus resultados são inferiores em relação às outras duas sub-escalas. O Impacto nas Condutas e Actividades Quotidianas e Comportamento Alimentar, parece afectar significativamente as atletas. O mesmo não se pode dizer em relação ao Comportamento Sexual, devido ao facto deste apresentar um valor mais baixo. Tendo por base estudos já realizados por outros autores, entre os quais Carvalho (2004), e de acordo com os resultados obtidos neste estudo, houve uma proximidade de valores nas diferentes dimensões, sobretudo na sub-escala Emoções e Percepções Positivas, o que significa que numa análise preliminar, parecem existir poucas diferenças entre a disfunção menstrual nas atletas e a população normal. Em síntese, o fluxo menstrual foi considerado durante séculos um fenómeno «pouco higiénico», quando se tratava apenas de um evento meramente biológico e ao tanspô-lo para a actividade física, os medos e incertezas ganhavam nova dimensão, algo que não se confirmou neste relatório preliminar da presente investigação.

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ANSIEDADE FÍSICA SOCIAL NO TRATAMENTO DA OBESIDADE ADOLESCENTE Campos, V.1, Fonseca, H. 2, Martins, S. 1 & Palmeira, A.1 1Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Centro de Estudos de Exercício e Saúde, Portugal 2Consulta de Obesidade da Clínica Universitária de Pediatria do Hospital de Santa Maria

Objectivo Em Portugal, tal como em países desenvolvidos e em vias de desenvolvimento, tem-se assistido nas últimas décadas a um aumento preocupante da incidência de obesidade nas crianças e adolescentes. O estigma da obesidade adolescente, entre outras repercussões, afecta a ansiedade física social (AFS), que se refere a sentimentos negativos resultantes de avaliações negativas do seu físico efectuada por outros. Investigar a ansiedade física social em adolescentes pode melhorar o entendimento psicossocial juvenil, bem como a manutenção de atitudes e estilo de vida saudáveis. O estudo da AFS em adolescentes pode contribuir para um melhor entendimento das atitudes e escolhas dos adolescentes face à actividade física, bem como a experiência adolescente de forma mais genérica. O objectivo desde estudo foi analisar a ansiedade física social em adolescentes obesos presentes na Consulta de Obesidade da Clínica Universitária de Pediatria do Hospital de Santa Maria. Metodologia Foram estudados 41 sujeitos, os quais por razões logísticas, não inerentes ao presente estudo, foram divididos em dois grupos, um experimental, com prescrição de actividade física e um de controlo com prescrição de actividade física e de exercício acompanhado nas instalações da ULHT. A amostra é composta por 22 raparigas e 19 rapazes com idades de 13.6±1.7 anos e IMC 33.5±5.3 kg/m2. Foi utilizada a Escala da Ansiedade Física Social (Hart, Leary & Rejeski, 1989) cuja versão em português foi conduzida por Carvalho e Baptista (1998). Esta escala pretende medir a ansiedade que as pessoas experimentam como resposta à avaliação do seu físico feita por terceiros, contendo 12 itens, avaliados numa escala de Likert de 5 pontos. Resultados A análise descritiva mostrou que a Ansiedade Física Social apresentou um valor médio de 26.42 ± 7.57. Através do teste Mann-Whitney, verificou-se que não existem diferenças significativas quanto ao género (Z=-0.79, p=0.436), nem quanto ao grupo (Z=-0.47, p=0.642). Conclusões Este estudo permitiu aferir que não existem diferenças significativas nos níveis de ansiedade física social quanto ao género, facto que se revela curioso uma vez que estudos anteriores indicam que o sexo feminino apresenta tendencialmente níveis de ansiedade física social superiores. De igual modo, não foram observadas diferenças quanto ao grupo experimental. Com o continuar do estudo pretende-se analisar o porquê destes resultados bem como ampliar as variáveis em estudo.

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ASSOCIAÇÃO ENTRE A FREQUÊNCIA DO EXERCÍCIO FÍSICO E A SAÚDE MENTAL NUMA POPULAÇÃO UNIVERSITÁRIA Lobo, F., Martins, S. & Palmeira, A. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Centro de Estudos de Exercício e Saúde, Portugal Objectivo O sedentarismo já é considerado a doença do próximo milénio. Na verdade trata-se de um comportamento induzido por hábitos decorrentes dos confortos da vida moderna, pois, com a evolução da tecnologia à tendência cada vez mais para a substituição das actividades lazer pelas actividades automatizadas em que o ser humano, adopta cada vez mais a lei do menor esforço reduzindo assim o consumo energético de seu corpo. A Saúde mental é definida por vários critérios: Atitudes positivas em relação a si próprio; crescimento, desenvolvimento e auto-realização; Integração e resposta emocional; autonomia e autodeterminação; percepção apurada da realidade e domínio ambiental e competência social (Berger & Motl, 2001). O objectivo deste estudo é verificar se, as pessoas que praticam exercício físico com maior frequência semanal têm maiores níveis de saúde mental e se o género poderá interferir nestas diferenças. Metodologia Foram estudados 154 sujeitos (58 pessoas do género feminino, com média de idades 22,91 ± 2,64 anos), alunos dos cursos de Educação Física e Desporto ou Aptidão Física e Saúde, no âmbito do projecto + Exercício e Saúde. A escala utilizada para avaliar os níveis de saúde mental foi a SF-12. Estado Geral de saúde – The Health Survey (SF-12) foi elaborado por Ware, Kosinski e Keller (1998). O SF-12 é constituído por 12 itens e apresenta uma forma mista de resposta: itens respondidos numa escala de 5 pontos tipo likert; itens numa escala de 6 pontos tipo likert e outros numa escala dicotómica (sim/não). O SF-12 tem dois campos gerais: saúde física e saúde mental. A frequência semanal com que os sujeitos em estudo praticam exercício físico foi avaliada através de uma pergunta directa, existente no questionário aplicado. Resultados O teste t de student não revelou diferenças significativas na média da saúde mental, do género masculino e género feminino (M= 45,87 ± 9,41 e F= 45,89± 9,47; t(147)=-.02, p=.986)). A correlação de Pearson revelou a existência de uma associação positiva entre a frequência semanal e a saúde mental (r(154) =0,21; p= 0,011) Conclusões Neste estudo e com a amostra actual verificou-se que os indivíduos que apresentam uma maior frequência semanal de exercício são, também, aqueles com resultados mais elevados ao nível da saúde mental, reforçando um extenso corpo de literatura sobre os benefícios psicológicos do exercício (Biddle & Mutrie, 2001).

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AUTO-ESTIMA E EXERCÍCIO EM ADOLESCENTES OBESOS Dores, P.1, Fonseca, H. 2, Martins, S. 1 & Palmeira, A.1 1Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Centro de Estudos de Exercício e Saúde, Portugal 2Consulta de Obesidade da Clínica Universitária de Pediatria do Hospital de Santa Maria Objectivo Nos últimos anos a obesidade adolescente tem vindo a alastrar-se pela Europa. De acordo com a British Medical Association (2005), existem mais de 14 milhões de crianças e adolescentes obesos em idade escolar na União Europeia. Embora se considere que o exercício é uma solução fundamental, a sua influência no desenvolvimento da auto-estima nestas idades e em obesos é algo que ainda não está totalmente provado, embora comecem a surgir algumas investigações nesse sentido. Por exemplo, a British Medical Association (2005), apresenta um conjunto de estudos que indicam uma relação positiva quando se associa o exercício físico ao bem-estar psicológico e à auto-estima. Na sequência destes estudos, surge o objectivo da presente investigação: saber qual a importância do exercício na auto-estima de adolescentes obesos. Pretende-se estudar se adolescentes obesos que aceitaram participar numa intervenção que inclui exercício físico controlado apresentam ou não uma maior auto-estima do que aqueles que não aceitaram participar na intervenção. Metodologia Neste estudo participaram 21 utentes, com idades entre os 10 e os 17 anos, inseridos na Consulta de Obesidade da Clínica Universitária de Pediatria do Hospital de Santa Maria, no âmbito do projecto JEEP3 (Jovens Em Exercício Para a Perda de Peso) desenvolvido em parceria com a Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias. Estes utentes foram divididos em dois grupos, um que tinha acompanhamento médico e aconselhamento nutricional e um segundo grupo que para além desta abordagem também realizava exercício físico de forma controlada. Como instrumento para avaliar a auto-estima, foi utilizado o teste Rosenberg Self-Esteem Scale (Rosenberg, 1965), composto por 10 itens, com uma escala de Likert de 4 pontos. Depois de recolhidos os dados, estes foram tratados no programa Microsoft Excel e SPSS 14.0. Resultados Ao grupo 1 pertencem 14 utentes com uma média de 13.53 anos, apresentam 30.21 de média da auto-estima e 33.89 kg/m2 de IMC, enquanto que ao grupo 2 pertencem 7 utentes com uma média de13.86 anos, apresentado 29.86 de média da auto-estima e 32.41 kg/m2 de IMC. Realizou-se uma comparação com o teste Mann-Whitney e verificou-se que não existem diferenças significativas na AE entre os grupos (Z =-.45, p= .652). A correlação entre o IMC e a auto-estima, não obteve significância no teste (rho (20)= .10, p=.675). Conclusões As análises preliminares realizadas até ao momento, não permitiram observar associações entre as variáveis em estudo. Espera-se que a continuidade do estudo e a inclusão das restantes variáveis previstas na investigação relatem com maior profundidade o impacto que a prática de exercício terá sobre a auto-estima de adolescentes obesos.

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BENEFÍCIOS PSICOLÓGICOS DA ACTIVIDADE FÍSICA: AFECTOS POSITIVOS E NEGATIVOS NUMA POPULAÇÃO UNIVERSITÁRIA Pombo, R., Martins, S. & Palmeira, A.L. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Centro de Estudos de Exercício e Saúde, Portugal Objectivo O sedentarismo apresenta riscos e prevalências tão elevadas que começa a ser considerado um problema sério de saúde pública (Calmeiro & Matos, 2004). Relacionados com a promoção da saúde estão os afectos associados à actividade física, pois a forma como as pessoas se sentem durante e após o exercício poderá revelar-se crítica, para determinar se mantém a prática desportiva. Isto para além das emoções positivas serem por si só importantes consequências da prática de exercício, com repercussões na saúde (Biddle & Mutrie, 2001). No presente trabalho são analisados os benefícios psicológicos da prática de exercício ao nível dos afectos positivos e afectos negativos numa população de estudantes universitários em licenciaturas associadas à actividade física. Metodologia Estudo transversal, realizado no âmbito do “Projecto + exercício e saúde” da ULHT, em que participaram 154 alunos das licenciaturas do Departamento de Educação Física e Desporto (98 género masculino; média de idades 22.9±2.5 anos). A frequência média de prática semanal é de 4,7±2.8 x/sem. Da bateria de testes aplicada por este projecto foi utilizado o questionário PANAS (Positive and Negative Affect Scale, Watson et al, 1999), que compreende 20 itens, sendo 10 itens relativos a emoções positivas e os restantes 10 referentes a emoções negativas. Os questionários foram aplicados em dias distintos nas salas de aula. Resultados A análise comparativa entre géneros, realizada através do teste t para amostras independentes, revelou a ausência de diferenças entre indivíduos do género masculino e feminino (p>.538). Da análise comparativa entre os estados de mudança activos (i.e., manutenção e acção) e inactivos, os activos apresentaram valores mais elevados de emoções positivas (t(147)= -2.29, p=0.024). Por fim, realizou-se uma análise correlacional verificando-se a ausência de associação entre a frequência semanal de exercício e os afectos positivos e negativos. Conclusões Pode-se concluir que, apesar da amostra apresentar características peculiares (estudantes cujas licenciaturas implicam a prática de exercício), foram detectados resultados idênticos aos da revisão de vários estudos realizada por Biddle e Mutrie (2001). Nomeadamente, no que concerne à ausência de diferenças entre os géneros e à associação verificada entre a prática de actividade física e o aumento das emoções positivas. Por fim, não foram detectadas associações entre a frequência semanal e os afectos, provavelmente devido à elevada média de frequência semanal apresentada por esta população.

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BENEFÍCIOS PSICOLÓGICOS DO EXERCÍCIO EM POPULAÇÃO ADICTA: UM ESTUDO SOBRE OS EFEITOS DA ACTIVIDADE FÍSICA NOS NÍVEIS STRESS, DEPRESSÃO E ANSIEDADE Ferreira, C. & Palmeira, A. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Centro de Estudos em Psicologia do Desporto e Actividades Físicas Objectivo Entrar num tratamento de toxicodependências e deixar de usar substâncias, é normalmente acompanhado por algum medo, isolamento e níveis elevados de stress e ansiedade. Os vários anos de uso danificam o corpo, podendo o exercício físico ajudar na sua recuperação. Durante o processo de reabilitação, o exercício pode ser uma vertente importante, ao aliviar o paciente do sofrimento, da ansiedade e do stress, através dos benefícios psicológicos que lhe são reconhecidos (Biddle & Mutrie, 2001). Este estudo tem como objectivo, compreender de que forma é que a actividade física se associa ao stress, depressão e ansiedade, durante o tratamento de reabilitação para adictos. Metodologia A amostra é constituída por 47 sujeitos (pacientes) que se encontram a realizar tratamento em comunidades terapêuticas. As idades destes estão compreendidas entre os 21 e 51 anos (M = 34.61±7.18). O stress, a depressão e a ansiedade foram avaliados pela Depression Anxiety and Stress Scale (DASS, Lovibond & Lovibond, 1995; Santos, Silva & Baptista, 1999). A DASS é composta por 21 itens, respondidos numa escala tipo Lickert de 4 pontos. A consistência interna variou de: 0.87 para a depressão, a 0.91 na ansiedade e stress. Questionou-se ainda a frequência semanal da prática de exercício, criando-se dois grupos de frequência de prática (menos de 2 vezes e mais de 2 vezes por semana). Foi utilizado o t-student para amostras independentes.

Resultados Verificou-se que os pacientes com maiores níveis de frequência não apresentam menores valores de stress, depressão e ansiedade (todos com p>0.05), que os pacientes com menores níveis de frequência. Conclusões Através deste estudo, pode-se concluir que, quem pratica com frequência superior a duas vezes semanais não tem menores niveis de stress, depressão e ansiedade. Este dado, pode estar relacionado com o facto da prática de actividade física, de duas vezes semanais, não ser suficiente para um aumento dos benefícios psicológicos, já que está abaixo das recomendações para a sua obtenção (3 a 5 vezes por semana, e.g., Berger & Motl, 2001). Contudo, também se pode dever à interferência de aspectos motivacionais nos benefícios psicológicos, ao uso de medicamentos psicotrópicos, ao tempo de tratamento do paciente e aos sintomas de Abstinência a Longo Prazo (normalmente responsáveis por alterações a nível de resposta e sensibilidade ao stress e à ansiedade). No estudo global da presente investigação esses aspectos serão ponderados.

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BENEFÍCIOS PSICOLÓGICOS DO EXERCÍCIO PARA OS IDOSOS Salvador, M.R. & Palmeira, A.L. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Centro de Estudos de Exercício e Saúde, Portugal Objectivo Os benefícios psicológicos do exercício para a saúde não são automáticos e dependem de diversos factores. Berger e os seus colaboradores (2001), propuseram uma taxonomia que prevê as actividades físicas que estão mais associadas aos benefícios psicológicos do exercício: (1) actividade física agradável e que proporcione divertimento; (2) tipo de actividade, não competitiva; e (3) requisitos necessários do treino ou actividade física (intensidade moderada; duração de pelo menos 20 a 30 minutos e frequência regular (com um mínimo de 3 vezes de frequência semanal). Em Portugal, tal como na maior parte dos países industrializados, a população está cada vez mais envelhecida e o exercício vem sendo utilizado como estratégia para a manutenção e melhoria da qualidade de vida, ao nível físico e psicológico. O objectivo deste estudo foi verificar os benefícios psicológicos do exercício para os idosos e como é que estes se relacionam com a sua qualidade de vida quando comparados com outras faixas etárias. Metodologia A amostra foi constituída por 161 sujeitos (100 do sexo feminino), com idades compreendidas entre os 16 anos e os 77 anos. Do total da amostra, 94 indivíduos praticavam hidroginástica e 67 indivíduos não praticavam qualquer actividade física. Segundo critérios estatísticos os sujeitos foram divididos por três grupos: (1) entre os 16 a 34 anos- jovens (n=56); (2) entre os 35 anos e 55 anos- adultos (n=43); (3) entre os 55 e 77 anos- idosos (n=61). Foram utilizados os seguintes instrumentos: SF12 (Ware et al., 1995), tem como objectivo a aferição da qualidade de vida de cada indivíduo; Subjective Exercise Experience Scale (McAuley & Courneya, 1994), para a aferição do bem-estar psicológico, mal-estar psicológico e fadiga resultante do exercício; e a Depression Anxiety and Stress Scale (Lovibond & Lovibond, 1991), aferindo os níveis de depressão, ansiedade e stress. Existiam bons níveis de consistência interna (0.77<α<0.86). Foi utilizado o teste estatístico t-test para variáveis independentes. Resultados Os benefícios psicológicos são diferentes nos vários grupos. Assim, os jovens sedentários apresentam níveis mais altos de depressão, ansiedade, mal-estar psicológico e fadiga (p<0.01); os adultos sedentários apresentam maiores níveis de fadiga (t(41)=1.99, p<0.05); e os idosos sedentários apresentam menores níveis de bem-estar psicológico (t(57)=-3.47, p=.001). Comparando os idosos que praticam menos que 3 vezes por semana com os que praticam mais que 3 vezes, verifica-se que estes têm maiores níveis de fadiga e menores níveis de bem-estar psicológico (p<0.05). Por outro lado, verifica-se que os idosos que praticam menos que 90 minutos por semana possuem maiores níveis de bem-estar psicológico (t(57)=-3.14, p=0.003). Conclusões O tipo de exercício realizado por este grupo de idosos parece não ser o mais adequado para a promoção de benefícios psicológicos e físicos. Assim, as aulas de Hidroginástica devem ser devidamente orientadas para promoverem os benefícios desejados: prática semanal de, pelo menos, 3 vezes, intensidade moderada e duração entre 20-30 minutos, carga preconizada para a obtenção de benefícios psicológicos (Berger & Motl, 2001). Propõe-se que em estudos futuros se avalie os efeitos da aplicação das referidas cargas de exercício nestas classes. A qualidade de vida dos idosos sedentários e dos que praticam exercício não apresentam diferenças significativas, provavelmente pelo facto destes não terem uma prática continuada ao longo do tempo (praticavam em média há 11 meses), daí que os efeitos crónicos do exercício ainda não se estejam a manifestar. Em suma, verificaram-se benefícios do exercício nos jovens, que não se estenderam aos grupos etários mais avançados, provavelmente devido à qualidade da intervenção que foi disponibilizada a este grupo de trabalho. A comunidade deve estudar regularmente os efeitos do exercício nestes participantes, com o intuito de melhorar o alcance e a qualidade destas intervenções.

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COMPOSIÇÃO CORPORAL NA OBESIDADE ADOLESCENTE Brás, T.1, Milheiras, J.1, Fonseca, H. 2, Palmeira, A.1 & Martins, S. 1 1Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Centro de Estudos de Exercício e Saúde, Portugal 2Consulta de Obesidade da Clínica Universitária de Pediatria do Hospital de Santa Maria Objectivo A obesidade tem-se tornado a doença pediátrica crónica mais comum nos países desenvolvidos e em vias de desenvolvimento, com tendência para aumentar de uma forma epidémica. O meio de prevenir e tratar passa pela adopção de estilos de vida mais saudáveis, nomeadamente no que diz respeito a ingestão alimentar e à prática de actividade física. Os estudos demonstraram que crianças que são obesas entre os 10 a 13 anos, apresentam 80% de probalidades de virem a ser um adulto obeso (ACSM, 2005), com todas as consequências que lhe estão associadas. Apesar do aumento da obesidade pediátrica no nosso país (Padez e col., 2004), existem poucos programas de intervenção de perda de peso para jovens obesos. O objectivo deste estudo foi efectuar uma caracterização preliminar da composição corporal, por género, de uma amostra recrutada na Consulta de Obesidade da Clínica Universitária de Pediatria do Hospital de Santa Maria. Metodologia A amostra é constituída por 33 adolescentes obesos, com idades compreendidas entre os 10 e os 17 anos, etnia caucasiana, dos quais 17 raparigas (13,8 ± 2,0 anos) e 16 rapazes (13,4± 3,2 anos). As variáveis antropométricas e de composição corporal avaliadas incluíram: peso corporal, estatura, IMC, perímetro da cintura estimado acima das cristas ilíacas, pregas adiposas subcutâneas (tricipital e geminal) e percentagem de gordura corporal estimada por antropometria (Slaughter e col., 1988). Procedeu-se à análise descritiva da amostra e comparação entre géneros dos resultados obtidos recorrendo ao teste não-paramétrico de Mann-Whitney U. Resultados Os rapazes apresentaram valores médios superiores aos das raparigas em todas as variáveis analisadas: peso (94,3 ± 26,3 kg vs 83,5± 14,5 kg); estatura (167,2 ± 9,8 cm vs 160,6 ± 6,7 cm); IMC (33,3± 6,2 kg/m2 vs 32,3± 5,0 kg/m); percentagem de gordura corporal (63,7± 17,5 % vs 58,6 ± 12,5 %); Perímetro abdominal (105,9 ± 19,3 cm vs 96,7 ± 12,9 cm). No entanto, o teste de Mann-Whitney apenas revelou diferenças entre géneros para a estatura (p=0,029) e para o perímetro da cintura (p=0,026). Conclusão O género masculino parece evidenciar uma composição corporal associada a um perfil de maior risco para a saúde, em resultado, sobretudo, de uma maior acumulação de adiposidade ao nível abdominal. Esta última excede mesmo os valores de referência propostos como indicadores de risco acrescido para a saúde, quer pelo National Institutes of Health, quer pela International Diabetes Federation. Uma vez que o projecto no qual o presente estudo se insere ainda está a decorrer, os dados actuais representam apenas uma análise preliminar que será concluída no futuro.

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EMOÇÕES E OBESIDADE NA ADOLESCÊNCIA – UM ESTUDO PRELIMINAR NUMA POPULAÇÃO EM TRATAMENTO Monteiro, A.J. 1, Fonseca, H. 2, Martins, S. 1 & Palmeira, A.1 1Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Centro de Estudos de Exercício e Saúde, Portugal 2Consulta de Obesidade da Clínica Universitária de Pediatria do Hospital de Santa Maria Objectivo A obesidade caracteriza-se pelo excesso de massa gorda, encontrando-se esta com uma concentração acima dos níveis salutares para o indivíduo, definidos através do género, idade e composição corporal (Donatella & Davis, 1996). Actualmente, assiste-se ao aumento desta doença, sendo a população adolescente a que mais tem evidenciado esta propensão. Paralelamente, adolescentes que demonstrem elevados níveis de depressão, apresentam maiores Índices de Massa Corporal (IMC) quando atingem a idade adulta, em comparação com indivíduos não depressivos (Stunkard et al., 2003). Istvan et al. (1992), noutro estudo, mostrou uma correlação positiva entre a depressão e a obesidade feminina, mas não conseguiu comprovar o mesmo nos homens. Pretende-se, assim, com este estudo perceber se existem alterações emocionais em indivíduos obesos, e até onde as mesmas divergem entre os géneros. Metodologia A amostra deste estudo é de 21 adolescentes que fazem parte do grupo de controlo do projecto Jovens Em Exercício Para a Perda de Peso (JEEP3), dos quais 11 são rapazes e 10 são raparigas. Foi utilizada a versão portuguesa do questionário Positive Affect and Negative Affect Scale (PANAS), traduzida por Baptista et al., em 1999. Este é caracterizado por 20 itens, avaliados numa escala de Likert de 5 pontos (1= Nada ou muito ligeiramente; 5= Extremamente), de onde se pode avaliar a dimensão afectiva do indivíduo. A recolha dos dados foi realizada na Consulta de Obesidade da Clínica Universitária de Pediatria do Hospital de Santa Maria. Resultados Os resultados da análise descritiva indicam que os rapazes registaram valores de emoções positivas (EP) de M=34.10±4.58 e valores de emoções negativas (EN) de M=18.80±5.12, enquanto nas raparigas se observaram valores de EP de M=31.60±7.47 e EN de M=15.40±4.99. De seguida realizou-se um teste T de Student para amostras independentes em que se verificou não haver diferenças significativas entre os rapazes e as raparigas ao nível das emoções: EP t (18)=0.90, p= 0.379; e EN t (18)= 1.28, p= 0.214. Conclusões Apesar de não terem sido demonstradas diferenças entre as emoções dos rapazes e das raparigas, pode-se esperar que numa amostra maior essas diferenças se tornem mais evidentes. Pretende-se em análises futuras aumentar o tamanho da amostra e incluir outras variáveis (IMC e perímetro da cintura) que permitam perceber a relação entre as emoções e a composição corporal do indivíduo.

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ESTUDO DA ACTIVIDADE FÍSICA E DA SUA ASSOCIAÇÃO COM O IMC NUMA POPULAÇÃO ADOLESCENTE OBESA Candeias, S.1, Alexandre, R. 1, Fonseca, H. 2, Martins, S. 1 & Palmeira, A.1 1Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Centro de Estudos de Exercício e Saúde, Portugal 2 Consulta de Obesidade da Clínica Universitária de Pediatria do Hospital de Santa Maria Objectivo Nas últimas décadas a prevalência da obesidade entre crianças e adolescentes em todo o mundo está a atingir proporções epidémicas. A diminuição do tempo de prática de actividades físicas (AF) assim como uma nutrição desequilibrada e a herança genética parecem ser os mecanismos primários para o aumento excessivo do peso corporal. O aumento do excesso de peso e obesidade em populações adolescentes tornou-se um problema de saúde pública, com graves consequências para o futuro. Segundo a Comissão Europeia, Portugal está entre os países europeus com maior número de crianças com excesso de peso, tendo mais de 30% dos menores com idades entre os 7 e os 11 anos com excesso de peso e obesidade. O objectivo deste estudo é analisar a associação entre a prática de AF e IMC em adolescentes obesos inseridos na Consulta de Obesidade da Clínica Universitária de Pediatria do Hospital de Santa Maria, no âmbito do projecto JEEP3 (Jovens Em Exercício Para a Perda de Peso) desenvolvido em parceria com a Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias. Metodologia Foram estudados 41 sujeitos, sendo a amostra composta por 22 raparigas e 19 rapazes com idades de 13.6±1.7 anos e IMC 33.50kg/m2. Para avaliar a variável composição corporal procedeu-se à estimação do peso, da altura, pregas adiposas subcutâneas, perímetros e diâmetros corporais dos adolescentes. Para a estimação da variável actividade física utilizou-se o questionário IPAQ – International Physical Activity Questionnaire (Craig e col., 2003) versão curta, que é constituída por 9 itens, com o objectivo de caracterizar a actividade e inactividade física destes adolescentes. Resultados Verificou-se que, por semana, o valor médio de minutos a andar foi de (19.04 ±26.95 min), o valor médio de minutos em AF moderada foi de (21.75±29.39 min) e o valor médio de minutos em AF vigorosa foi de (25.75±31.13 min). Seguidamente realizou-se uma análise correlacional verificando-se que não existe associação entre o IMC e o número de minutos a andar [rho (20 =-0.08; p=0.73)], em AF moderada [rho (19=-0.10; p=0.66)] e em AF vigorosa [rho (19=-0.74; p=0.76)]. Conclusões Este estudo permitiu concluir que não foi observada qualquer associação entre o IMC e a realização de actividade física habitual em adolescentes de ambos os géneros. O facto de apresentarem uma escassa participação em AF pode constituir um factor concorrente para o ciclo de obesidade/sedentarismo. Uma redução significativa do IMC, passa pela mudança dos hábitos alimentares bem como pelo aumento da prática regular de AF dos adolescentes, passando a adoptar um estilo de vida mais saudável. Para atingir esta meta é necessário que os adolescentes obesos participem em AF de intensidade, pelo menos, moderada e no mínimo 60 minutos por dia, o que não aconteceu até à data na amostra em estudo.

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ESTUDO DA ASSOCIAÇÃO ENTRE A AUTO-EFICÁCIA E A ADESÃO À ACTIVIDADE FÍSICA EM ADULTOS Nunes, P. & Palmeira, A. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Centro de Estudos de Exercício e Saúde, Portugal Objectivo O objectivo deste estudo consiste na verificação da associação entre a auto-eficácia e a adesão à actividade física em indivíduos adultos. A literatura aponta para a existência de uma associação positiva entre a auto-eficácia para o exercício e maiores frequência de prática, pelo que se pretende verificar essa situação numa população adulta praticante de actividade física (Sallis et al., 1989, cit. Godin, 1994; Biddle & Nigg, 2000). Metodologia O presente estudo é não-experimental, transversal com uma única avaliação dos participantes. A amostra é composta por indivíduos adultos com idades compreendidas entre os 20 e os 60 anos (M = 37,2 ± 9,8 anos). Actualmente, a amostra é constituída por 68 indivíduos, 46 do género feminino e 22 do género masculino. Para a concretização deste estudo foram utilizados instrumentos psicométricos de auto-relato. Para a Auto-Eficácia foi utilizada a escala Auto-eficácia para o Exercício - AE-E - (Criada por Sallis, Pinski, Grossman, Patterson & Nader, 1988) que contém 10 itens classificados através de uma escala de Likert de 5 pontos (1- De certeza que não seria capaz; 5- De certeza que seria capaz). A versão preliminar em língua portuguesa apresentou uma consistência interna de .86 na dimensão total (Sousa & Rosa, 2003). A prática da actividade física foi estimada através de um conjunto de questões associadas à frequência semanal. Para a análise das hipóteses em investigação utilizou-se a correlação de Pearson. Resultados A análise descritiva do nível de prática derivou numa frequência média de 2,8±1,4 vezes por semana; um volume médio de 3,3±3 horas por semana e uma intensidade média de 4,3±1,6 na escala de Borg. O estudo correlacional mostrou que existe uma relação positiva e significativa entre a auto-eficácia e o nível de prática de actividade física (r (68)= 0,29; p= 0,02). Conclusão A teoria da auto-eficácia tem sido aplicada com sucesso na explicação do comportamento em contextos da actividade física. As mais fortes correlações com o exercício em adultos foram atribuídas à auto-eficácia, entendida como confiança na capacidade para praticar exercício em situações específicas (Sallis et al., 1989, cit. Godin, 1994). Este estudo preliminar parece confirmar resultados anteriores, ao confirmar a associação da auto-eficácia à prática de actividade física.

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ESTUDO PRELIMINAR DOS VALORES DE AUTO-ESTIMA E ANSIEDADE FISICA SOCIAL NUMA POPULAÇÃO DE ADOLESCENTES OBESOS EM TRATAMENTO Carvalho, P. M.1, Fonseca, H. 2, Martins, S. 1 & Palmeira, A.1 1Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Centro de Estudos de Exercício e Saúde, Portugal 2Consulta de Obesidade da Clínica Universitária de Pediatria do Hospital de Santa Maria Objectivo A Obesidade é uma condição caracterizada por um excesso de gordura corporal e que pode ser definida como uma acumulação de gordura acima do que é considerado normal para a idade, sexo e estrutura corporal (Donatella & Davis, 1996). A obesidade é hoje considerada uma doença de proporções epidémicas com uma crescente prevalência mundial, tanto em idade pediátrica como na idade adulta. Peritos concordam que as causas principais desta doença crónica são os estilos de vida sedentários e dietas hipercalóricas, como consequência de mudanças profundas a nível comportamental na sociedade ao longo dos últimos 20-30 anos. A auto-estima refere-se ao valor atribuído pela própria pessoa a certos aspectos, no âmbito dos domínios sociais e humanos (Bidlle & Mutrie, 2001; Fox, 1997). A ansiedade física social refere-se a uma avaliação interpessoal do seu potencial físico em situações sociais (Hart, Leary, & Rejeski, 1989). O objectivo deste estudo é a análise preliminar dos valores de auto-estima (Rosenberg, 1965) e ansiedade física social (Hart, Leary, & Rejeski, 1989) em adolescentes obesos. Metodologia Foram estudados 21 sujeitos (11 do género masculino e os restantes 10 do género feminino). Foi aplicada a versão portuguesa do questionário da auto-estima (RSES, Rosenberg, 1965), que contem 10 itens, avaliados numa escala de quatro dimensões (com uma pontuação de 1 a 4), permitindo a classificação do nível de auto-estima. Foi também aplicada a versão portuguesa do questionário da ansiedade física social (SPAS, Hart, Leary, & Rejeski, 1989), que contem 12 itens, avaliados numa escala de cinco dimensões (com uma pontuação de 0 a 4). Os questionários foram aplicados num programa hospitalar do HSM. Este estudo decorre no âmbito do projecto JEEP3, com uma parceria da ULHT conjuntamente com a Consulta de Obesidade da Clínica Universitária de Pediatria do Hospital de Santa Maria. Resultados A análise descritiva mostra que os rapazes tiveram um valor de auto-estima de 30.5±3.1 e as raparigas tiveram um valor de auto-estima de 29.7±4.6. Em relação à análise descritiva da ansiedade física social verificou-se que os rapazes obtiveram valores 24.6±7.3 e as raparigas obtiveram valores 28.4±7.8. Foi ainda realizado um teste de Mann-Whitney que revelou que não existem diferenças significativas entre os géneros na auto-estima (Z= -.77, p= .456) e na ansiedade física social (Z= -.81, p= .432) e uma correlação de Spearman com a auto-estima e ansiedade física social que também não revelou nenhuma associação significativa (rho (19)= -.34, p= .154). Conclusões Os resultados preliminares descritivos indicam que os rapazes, de uma forma genérica, poderão possuir um nível de auto-estima superior ao das raparigas e que o exercício poderá ser uma boa estratégia para que o nível de auto-estima aumente favoravelmente. Em relação à ansiedade física social, também aqui os resultados preliminares descritivos indicam que, de uma maneira geral, os rapazes poderão ser menos ansiosos que as raparigas.

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INFLUÊNCIA DA ACTIVIDADE FÍSICA NO SONO E EM DIMENSÕES DA SAÚDE MENTAL Costa, T & Gomes, P UniversidadeLusófona de Humanidades e Tecnologias Objectivo: Pretendeu-se analisar a influência que a actividade física tem na qualidade e quantidade de sono e ainda em dimensões da saúde mental tais como a ansiedade, depressão, stress e satisfação. Esta investigação pretende trazer uma nova visão dos benefícios da actividade física relativamente a uma das necessidades homeostáticas (sono) mais importantes para o bom funcionamento a nível psicológico e fisiológico dos indivíduos. Metodologia: A amostra foi composta por 160 estudantes universitários, 75 do sexo masculino e 85 do sexo feminino, com idades compreendidas entre os 19 e os 40 anos (M = 25,44 anos; DP = 4,566). Em relação à prática desportiva, existem 71 estudantes praticantes (44,4%) e 85 não praticantes (53,1%). Os instrumentos utilizados para a recolha dos dados foram os questionários DASS-21 (ansiedade, stress e depressão), SWLS (satisfação) e QAPS (qualidade e dificuldade de sono). Os procedimentos estatísticos e operacionais utilizados foram: Para estudar as diferenças entre praticantes e não praticantes relativamente às variáveis em estudo utilizámos o t-student para amostras independentes; No estudo das variáveis preditoras da Dificuldade de Sono e na Qualidade do Sono utilizámos duas regressões múltiplas pelo método stepwise.

Resultados: Quanto às diferenças entre os praticantes e não praticantes de actividade física em relação às variáveis em estudo, a análise dos resultados revelou que existem diferenças significativas em relação à Depressão (t= -2,285; gl=142,539; p <0,05), pois os praticantes de actividade física apresentam menores índices de Depressão (M= 2,52; DP= 2,87) do que os não praticantes (M= 3,92; DP= 4,65). Encontrámos igualmente diferenças significativas em relação à Ansiedade (t= -2,404; gl= 149,893; p <0,05). Os praticantes de actividade física apresentam menores índices de Ansiedade. Outra questão que se colocava era verificar quais as variáveis preditoras da Dificuldade de Sono. A análise dos resultados revelou que esta é prevista com recurso a quatro variáveis: género/sexo (Beta=0,423; p <0,001), que é o melhor preditor; a Idade (Beta=0,235; p <0,001); o Fumar (Beta=0,286; p <0,001), e a Satisfação com a Vida (Beta=-0,24; p <0,001). Estas variáveis explicam 26% da Dificuldade de Sono (R2Aj=0,232; Erro=2,04; F (4,102) = 8,712; p <0,001). Procedemos igualmente à verificação das variáveis preditoras da Qualidade do Sono. Os resultados revelaram que esta é prevista com recurso a duas variáveis: a Satisfação com a Vida (Beta=0,346; p <0,001), que é o melhor preditor e o Consumo de bebidas alcoólicas (Beta=-0,226; p <0,001). Estas variáveis explicam 13,5% da Qualidade de Sono, (R2Aj=0,121; Erro=1,15; F (2,127) = 9,730; p <0,001).

Conclusão: Os resultados obtidos revelam que a qualidade de sono diminui os níveis de ansiedade, stress e depressão e aumenta a satisfação com a vida. A actividade física diminui os níveis de ansiedade e depressão. A actividade física não se relaciona directamente com a qualidade de sono e dificuldades de sono.

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INFLUÊNCIAS DOS COMPORTAMENTOS ALIMENTARES DOS PAIS NOS FILHOS Pereira, S.1, Fonseca, H. 2, Martins, S. 1 & Palmeira, A.1 1Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Centro de Estudos de Exercício e Saúde, Portugal 2Consulta de Obesidade da Clínica Universitária de Pediatria do Hospital de Santa Maria Objectivo O comportamento alimentar ocupa actualmente um papel central na prevenção e tratamento de doenças. De entre vários factores de risco, um dos mais importantes para o aparecimento de obesidade na criança e adolescente é a presença de obesidade nos pais, pela soma da influência genética e do ambiente (Escrivão e col., 2000). De acordo com estimativas recentes, a criança que tem pais obesos tem 80% de hipóteses de se tornar obesa, enquanto que a proporção diminui para 50% quando apenas um dos pais é obeso (Micheletti e col., 1995). O objectivo deste estudo foi analisar a preliminarmente o comportamento alimentar dos pais e a sua associação com os comportamentos alimentares dos filhos em idade adolescente. Métodos Foram estudados 20 adolescentes, com idades compreendidas entre os 11 e os 17 anos, utentes da Consulta de Obesidade da Clínica Universitária de Pediatria do Hospital de Santa Maria, sendo 12 (60%) do género feminino e 8 (40%) do género masculino assim como 20 indivíduos progenitores. As variáveis para o estudo foram recolhidas através da aplicação do questionário de frequência alimentar da Faculdade de Ciências da Nutrição da Universidade do Porto aos utentes e a um dos progenitores que o acompanhava à consulta. Resultados Em média, os filhos apresentam uma ingestão mais elevada do que os pais ao nível do total de calorias diárias (2922.60 kcal vs 2676.65 kcal), bem como do contributo da gordura (34.35% vs 34.00%) e dos hidratos de carbono (49.25% vs 46.20%) para a ingestão calórica total. Os pais ingerem mais proteínas (21.35% vs 19.15%) do que os filhos. Conclusões De acordo com os dados preliminares recolhidos até ao momento, os hábitos alimentares parentais caracterizam-se por uma ingestão calórica diária muito elevada, derivada de uma ingestão exagerada de gordura e proteína, que parece reflectir-se nos hábitos alimentares dos filhos. No entanto, importa salientar o agravamento do comportamento alimentar dos filhos, o qual irá repercutir-se negativamente na sua saúde, levando a um aumento da prevalência dos factores de risco associados à obesidade nesta geração mais jovem.

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INGESTÃO ALIMENTAR DE JOVENS OBESOS EM TRATAMENTO Mendes, T1; Fonseca, H. 2, Martins, S. 1 & Palmeira, A.1 1Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Centro de Estudos de Exercício e Saúde 2Consulta de Obesidade da Clínica Universitária de Pediatria do Hospital de Santa Maria Introdução Segundo a OMS, a Obesidade é uma doença em que o excesso de gordura corporal acumulada pode atingir graus capazes de afectar a saúde. No caso específico da obesidade infantil, esta é definida como um índice de massa corporal igual ou superior ao percentil 95 para crianças da mesma idade e sexo. Este estudo tem como objectivo analisar a ingestão alimentar de utentes que frequentam a Consulta de Obesidade da Clínica Universitária de Pediatria do Hospital de Santa Maria. Método Este estudo consiste numa análise transversal de 20 sujeitos, dos quais 11 são do género masculino e 9 do género feminino, seleccionados de uma forma casuística, enquadrados no escalão etário 10-17 anos . A ingestão alimentar foi avaliada através da aplicação do questionário de frequência alimentar do Serviço de Higiene e Epidemiologia da Faculdade de Medicina do Porto. Resultados Realizou-se uma análise descritiva verificando-se os seguintes valores no total de calorias ingeridas 3180±2115 kcal/d; destas a percentagem associada às proteínas foi de 21,5±6,8%; aos hidratos de carbono 46,4±11,6 %; e à gordura 33,8±6,6 %. Realizou-se o teste de Mann-Whitney para comparação de géneros quanto à ingestão alimentar e verificou-se que não houve diferenças significativas relativamente às variáveis em estudo: total de calorias (z =-0.70; p=0.482); proteínas (z=-0.30; p=0.769); hidratos de carbono (z=-0.73; p=0.464); gordura (z =-0.60; p =0. 953). Conclusões A observação da ingestão alimentar entre géneros mostrou que, tanto os rapazes, como as raparigas ingerem um número muito elevado de calorias, não havendo diferenças quanto à ingestão calórica diária total, nem quanto à ingestão de macronutrientes. Na continuidade do presente estudo pretende-se analisar a associação entre estas variáveis e as preferências alimentares.

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NÍVEIS DE STRESS EM TRABALHADORES-ESTUDANTES E ESTUDANTES EM ALUNOS DE CURSOS ASSOCIADOS À ACTIVIDADE FÍSICA Pinto, C., Martins, S. & Palmeira, A. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias – Departamento de Psicologia (Centro de Estudos em Psicologia do Desporto e das Actividades Físicas) Objectivo O stress é repetidamente referido como um dos problemas da nossa sociedade em geral e dos estudantes em particular. O exercício físico regular pode vir a ser parte da solução para o combate aos efeitos nefastos do stress na saúde (Salmon, 2001), pelo que se procurou analisar uma população estudantil com uma prática regular de exercício no que respeita à sua percepção de stress, analisando se existem ou não diferenças relativamente aos níveis de stress entre os alunos que indicam ser trabalhadores/estudantes e os alunos que apenas estudam. Metodologia Esta investigação decorre segundo as normas de um estudo transversal. A amostra é constituída por 119 estudantes, dos cursos de Educação Física e Aptidão Física e Saúde de uma instituição universitária (frequência semanal de prática M=4.66±2.78 x/sem) no âmbito do Projecto + Exercício e Saúde. As idades destes estão compreendidas entre os 19 e os 36 anos (M = 22.91 anos; DP = 2.64). O instrumento utilizado para medir o Stress foi a DASS (Depression Anxiety and Stress Scale), desenhada por Lovibond e Lovibond (1995, Baptista, Santos, Silva e Baptista 1999). É composta por 21 itens respondidos numa escala tipo Lickert de 4 pontos e divididos em três sub-escalas (Stress, Depressão e Ansiedade). A consistência interna do stress foi de 0.67. Para averiguar a hipótese utilizou-se um teste t para amostras independentes (Independent Samples t – test), realizado através do SPSS.

Resultados Os resultados obtidos no presente estudo colocaram em evidência diferenças significativas entre o grupo de trabalhadores/estudantes e o grupo de estudantes (t(114) = -2.72; p = 0.008), revelando que os primeiros apresentam valores mais elevados de stress (M = 7.96; DP = 4.69) do que os segundos (M = 5.67; DP = 3.61). Conclusão Com este estudo pode-se concluir que os trabalhadores/estudantes apresentam valores mais elevados, em relação ao stress, que os estudantes. Estes resultados podem dever-se ao facto do grupo trabalhador/estudante ter uma carga horária bastante superior ao grupo de estudantes, uma vez que para além do horário das aulas (igual ao grupo de estudantes) têm um horário de trabalho que pode chegar a um máximo de 40 horas semanais. Este facto parece resultar numa inibição dos efeitos benéficos do exercício sobre o stress na população trabalhadora/estudante, levando a que se deva considerar a possibilidade de intervenções dirigidas especificamente a esta população.

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O SEDENTARISMO, AS EMOÇÕES E A PRÁTICA DE EXERCÍCIO FÍSICO NUMA POPULAÇÃO UNIVERSITÁRIA Janeiro, D.F, Martins, S., Palmeira, A.L. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Centro de Estudos de Exercício e Saúde, Portugal Introdução Estima-se que nos países desenvolvidos mais de dois milhões de mortes por ano são atribuíveis ao sedentarismo, e que 60 a 80% da população mundial não é suficientemente activa para obter benefícios na saúde. (Ferrinho, 2001). Embora estejam bem descritos os benefícios da actividade física para a qualidade de vida e bem-estar, há indícios que nos últimos anos se tem verificado uma incidência exponencial do sedentarismo. Poderá então afirmar-se que se está em boa forma só porque se está na ausência de doença? Estarão o sedentarismo, a prática de exercício físico e o bem-estar subjectivo correlacionados com a saúde? O presente estudo tem como objectivo aferir as ligações entre o exercício físico e as emoções no contexto universitário. Método Foram estudados 151 sujeitos com idades compreendidas entre 22.971±2,48 anos e com uma frequência média de sessões semanais de actividade física de 4,66±2,78 vezes/semana, alunos de cursos associados à Actividade Física. Foi utilizada uma bateria de testes que incluía o Positive and Negative Affect Schedule (PANAS, Batista et al., 1999), com o intuito de avaliar as emoções. Resultados Realizou-se uma correlação de Pearson para analisar a relação entre o número de sessões semanais de actividade física e as emoções, verificando-se que a frequência semanal não se associa às emoções positivas (r (152) =0,83; p=0,132). Em relação às emoções negativas os resultados foram semelhantes (r (149) =0,13; p=0,871. Por último, realizou-se um Teste T para aferir se existiam diferenças entre os dois géneros, algo que não se verificou, (t (150) =0,62; p=0,538). Conclusões A relação entre o número de sessões de actividade física e as emoções não foi confirmada neste estudo. Os resultados obtidos poderão estar relacionados com o facto da amostra deste estudo se caracterizar por serem alunos habituados à prática diária de actividade física, situação esta que será reanalisada quando a amostra aumentar e incluir alunos de outras licenciaturas. Esta característica também poderá estar na origem da ausência de diferenças entre géneros.

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O SUPORTE SOCIAL E AS DIFERENÇAS ENTRE GESTANTES PRATICANTES E NÃO PRATICANTES Fráguas, A. & Palmeira, A. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Departamento de Psicologia, Centro de Estudos em Psicologia do Desporto e das Actividades Físicas Objectivo Este estudo visa compreender a importância do suporte social durante a gravidez, investigando se as gestantes praticantes recebem mais suporte social que as gestantes não praticantes de exercício físico. Metodologia O desenho do estudo é transversal, não experimental. A amostra é composta por 91 grávidas (24 praticantes e 64 não praticantes, idade M=30.03±4,67 anos). Os dados foram recolhidos por instrumentos psicométricos de auto-relato, sendo o suporte social medido através da ESSS – Escala de Satisfação com o Suporte Social, criada por Ribeiro (1986), constituída por 15 itens, numa escala tipo Likert de 5 pontos, de 1 (concordo totalmente) a 5 (discordo totalmente). Esta escala está dividida em 4 sub-escalas: “Amigos”, formada por 5 itens; “Intimidade”, formada por 4 itens; “Família”, formada por 3 itens e “Actividades sociais”, formada por 3 itens. Relativamente à consistência interna, para a satisfação com os amigos é de 0,83; para a intimidade o alfa é de 0,74; para a satisfação com a família foi obtido um alfa de 0,74; para a sub-escala actividades sociais o alfa é de 0,64; o alfa total é de 0,85. Os dados foram recolhidos em diversos consultórios médicos nas cidades de Lisboa e Funchal. Resultados Realizou-se um teste t para amostras independentes não se verificando diferenças entre praticantes e não praticantes de exercício físico em relação às sub-escalas estudadas: Amigos (t(82)=0.03; p=0.979); Intimidade (t(85)=1.47; p=0.146); Família (t(83)=0.001; p=0.999); Actividades Sociais (t(85)=0.94; p=0.349). Conclusões O suporte social tem demonstrado a existência de efeitos benéficos ao nível da saúde física e mental em mulheres grávidas (Feldeman et al., 1996). Contudo, à semelhança de outros estudos, os resultados obtidos não revelam diferenças entre praticantes e não praticantes de exercício no que diz respeito ao suporte social. Provavelmente, a utilização de uma medida de suporte social específica do exercício poderá levar à obtenção de outros resultados.

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RELAÇÃO ENTRE A MOTIVAÇÃO E O IMC EM ADOLESCENTES OBESOS Carreira, J.1, Passos, P.1, Fonseca, H. 2, Martins, S. 1, Palmeira, A.1 1Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Centro de Estudos de Exercício e Saúde, Portugal 2Consulta de Obesidade da Clínica Universitária de Pediatria do Hospital de Santa Maria Introdução A obesidade adolescente é o maior problema de saúde pública por ser frequentemente sinónimo de obesidade na idade adulta (Whitaker, 1997; Guo, 2002; Goran, 2001; Kotani et al, 1997) e por estar associada a outros factores de risco (Freedman et al, 1999; Ford et al, 2001; Fergunson et al, 1998; Tounain et al, 2001; Seinivanan et al, 2002). Verifica-se que um dos maiores problemas dos adolescentes obesos é a falta de motivação para a prática de actividade física. A motivação preocupa-se com o sentido e com persistência do comportamento (Ryan, 2000). Os diversos tipos de motivação (i.e. intrínseca e extrínseca) têm consequências específicas para a aprendizagem, desempenho, experiência pessoal e bem-estar. O objectivo deste estudo é a descrição preliminar da variável motivação relacionada com o Índice de Massa Corporal (IMC) nos utentes da Consulta de Obesidade da Clínica Universitária de Pediatria do Hospital de Santa Maria. Método Foram estudadas 20 crianças (50% género feminino e 50% género masculino) com idades de 14,60 ± 1,713 anos para o género feminino e 13,50 ± 1,716 anos para o género masculino e um IMC de 34,028 ± 4,08 Kg/m2 para o género feminino e 32,817 ± 5,40 Kg/m2 para o género masculino. O Behavioural Regulation in Exercise Questionaire (Markland e Tobin, 2004) mede as diferentes dimensões do continuum motivacional previsto na Teoria da Auto-Determinação. É composto por 20 itens avaliados por uma escala de Likert de 5 pontos. A consistência interna deste questionário situa-se entre alfa=0.73 e 0.86. Resultados A técnica de correlação de Spearman não revelou a existência de qualquer correlação entre a motivação (i.e. intrínseca e extrínseca) e o IMC, no entanto revelou a tendência para existir uma correlação positiva entre a motivação regulada intrinsecamente e o IMC (p=0,064). Esta tendência mostra que quanto maior o prazer para a prática, maior o IMC, o que significa que provavelmente as crianças com maior IMC já tenham tomado consciência da necessidade de realizar actividade física para a perda de peso e melhoria de saúde, logo verifica-se a existência de uma maior motivação intrínseca. Apesar de não se verificar correlação entre a motivação (i.e. intrínseca e extrínseca) e o IMC, verifica-se uma correlação muito significativa entre a motivação introjectada e a motivação externa (r=0.60, p < .01) e ainda entre a motivação identificada e a motivação intrínseca (r=0.77, p < .01). Conclusões A motivação (i.e. intrínseca e extrínseca) não apresentou qualquer correlação com o IMC mas verificou-se uma tendência para existir uma correlação entre a motivação intrínseca e o IMC, ou seja, os adolescentes com maior IMC apresentavam igualmente uma maior motivação intrínseca. Isto ocorre, provavelmente, pela tomada de consciência destes adolescentes da necessidade do exercício físico para a perda de peso.

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VALIDAÇÃO PRELIMINAR DE UM QUESTIONÁRIO DE AUTO-PERCEPÇÃO DO SONO Costa, T & Gomes, P Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias Objectivo Construir e validar preliminarmente um instrumento de avaliação para a Qualidade do Sono e Dificuldade do Sono através de um Questionário de Auto-Percepção do Sono (QAPS). Metodologia A amostra foi constituída por 160 estudantes universitários, 75 do sexo masculino e 85 do sexo feminino, com idades compreendidas entre os 19 e os 40 anos (M = 25,44 anos; DP = 4,566). Instrumentos: O QAPS é constituído por 11 itens e as respostas são dadas numa escala de Likert de 5 pontos. Este questionário utiliza itens para a qualidade do sono, tais como “normalmente quantas horas dorme por noite”ou “como considera o número de horas que dorme por noite”. Este questionário avalia também a dificuldade do sono com itens tais como: “costuma acordar durante a noite?” ou “sente dificuldade em adormecer?”. Resultados Foi efectuada uma análise factorial dos itens do QAPS e a sua solução factorial final foi conseguida em duas interacções, sendo representada por dois factores que explicam 50,98% da variância total. O primeiro factor explica 35,27% da variância total e o segundo explica 15,71%. A Análise de Fidelidade do QAPS mostra que a consistência interna (alpha de Cronbach) foi de .81 para o primeiro factor e .68 para o segundo. As amplitudes das correlações item-total, variaram entre r = .515 e r = .769 e as correlações médias inter-item para cada um dos factores, as quais variaram entre r = .345 e r = .716. Efectuámos ainda um Estudo da Validade Concorrente entre o QAPS e o PSQI (Pittsburgh Sleep Quality Índex) de Buysse, Reynolds, Monk, Berman e Kupfer (1989). Para tal procedemos à realização dos cálculos do Coeficiente de Pearson e verificou-se que ambas as escalas do novo instrumento se relacionam da forma esperada com todas as escalas do PSQI. Conclusão Face a estes resultados conclui-se que o QAPS apresenta valores aceitáveis de consistência interna e de validade de constructo e concorrente. Propõe-se a continuidade dos estudos de validação que possam conduzir a melhoramentos neste instrumento.