silvia helena de bortoli cassiani

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Melhores Práticas na prevenção de eventos adversos graves relacionados à administração de medicamentos Silvia Helena De Bortoli Cassiani [email protected]

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Melhores Práticas na prevenção de

eventos adversos graves

relacionados à administração de

medicamentos

Silvia Helena De Bortoli Cassiani

[email protected]

Incidente com dano:

EVENTO ADVERSO

• Um evento adverso contribui para um danoao paciente.

• O dano pode ser definido como prejuízotemporário ou permanente da função ouestrutura do corpo: física, emocional, oupsicológica, seguida ou não de dor,requerendo uma intervenção.

WHO, Taxonomy. 2009.

Introdução

• Eventos adversos relacionados à medicação ocorrem freqüentemente nos hospitais embora nem sempre resultem em lesão fatal.

• Em um hospital de ensino de até 700 leitos, 2 de cada 100 pacientes admitidos experimentarão, no curso da sua terapia medicamentosa um erro na medicação, resultando num aumento do custo hospitalar de R$7000 reais por admissão.

Silvia Cassiani

EERP/USP

Introdução

• Erro na medicação: qualquer evento evitável que pode causar ou ser atribuído ao uso inapropriado do medicamento, enquanto o medicamento está sob o controle dos profissionais da saúde, paciente ou consumidor. Esses eventos podem estar relacionados à:

Prática profissional Produtos da saúde

Procedimentos e sistemas Monitoração e uso dos medicamentos

Silvia Cassiani

EERP/USP

MELHORES PRÁTICAS NA PREVENÇÃO

Soluções

• Tecnologia da informação

• Sistemas de notificação, investigação de incidentes.

• Papel do paciente

• Criação de uma cultura de segurança.

• Aspectos referentes à força de trabalho

• Treinamento

Watcher. Compreendendo a segurança do paciente. Artmed,2010

1- Tecnologia da Informação

A maioria dos erros é devida às falhas nacomunicação e transmissão de dados.

A informatização do prontuário médicorepresenta uma iniciativa importante para asegurança de pacientes.

1. Tecnologia da Informação

Meios pelos quais a tecnologia da informação pode melhorar a segurança do

paciente

- Melhora a comunicação

- Torna a informação mais prontamente acessível

- Elimina os problemas de identificação com a escrita manual

- Menor tempo de chegada da prescrição à farmácia

- Identifica mais facilmente o prescritor

- Apta a ser ligada a sistemas de notificação de reações adversas a medicamentos

- Mais facilmente integrada a sistemas de registros médicos e de suporte à decisão.

Silvia Cassiani

EERP/USP

Considerada uma das três mudanças mais efetivas

para melhorar a segurança dos pacientes na

terapêutica medicamentosa.

Erros de medicação em Hospital de Boston

diminuíram 55% quando utilizada a prescrição

eletrônica em detrimento da manual.

Prescrição Médica Eletrônica

Silvia Cassiani

EERP/USP

Registros das administrações de medicamentos(como podem ser melhorados???)

Tente administrar esse medicamento corretamente!!!

“O copiar e colar”

• “ O comando copiar-e-colar permite que a anotação deum dia possa ser copiada e usada como base daanotação do dia seguinte. Idealmente, a informação eas impressões diagnósticas antigas seriam deletas enovas seriam adicionadas. Na realidade,entretanto,não há deleção, só acrescimos. As anotações sobre oprogresso diário tornaram-se progressivamente maislongas e contém informações caducadas. A impressãodiagnóstica inicial, há muito descartada, édiligentemente anotada dia a dia. Pacientescomplicados estão no segundo PO por semanas``.

Watcher, 2010

A TECNOLOGIA AJUDA?

Silvia Cassiani

EERP/USP

--Sistemas de identificação por códigos de barra.O

computador compara o registro médico do paciente com o medicamento.Se houver algum problema, o computador alerta o profissional.Redução de cerca de 70% nas taxas de erros

-Bombas de infusão inteligentes

2- Sistemas de Notificação, Investigação de incidentes e outros

métodos.

Wachter, R.M. Compreendendo a segurança do paciente. Editora Artmed. 2010. p. 174

CARACTERÍSTICAS DE UM SISTEMA DE NOTIFICAÇÃO IDEAL

• Participação de todos os envolvidos

• Intenção e objetivos claros para todos

• Cultura de justiça

• Aspectos de responsabilidade claros, focados e inteligíveis

• Opção para notificação anônima e confidencial

• Notificação acessível a qualquer pessoa

Wachter, R.M. Compreendendo a segurança do paciente. Editora Artmed. 2010. p. 174 (Adaptado)

Características de um sistema de notificação ideal(continuação):

• Notificação fácil, com múltiplas opções

• Formulários com campos abertos e de múltipla escolha

• Análise dos dados executada por especialistas em segurança

• Retorno rápido e relevante aos envolvidos

• Liderança forte, essencial para proteger a missão e os valores

institucionais

Característica Descrição

Não punitiva Notificadores livres de retaliação ou punição por ter notificado

ConfidencialidadeA identificação do notificador nunca é revelada

Independente O sistema de notificação é independente de qualquer autoridade com

poder para punir

Análise por

especialistas

As notificações são avaliadas por especialistas, que entendam aspectos

clínicos e reconheçam as possíveis causas do evento

Agilidade As notificações são analisadas rapidamente e as recomendações sejam

prontamente divulgadas para os interessados, especialmente nos casos

graves

Foco no sistema As recomendações incidem sobre as mudanças nos sistemas, processos

ou produtos e não estão orientadas para o indivíduo

Sensibilidade O setor que recebe as notificações dissemina as recomendações, e a

organização de saúde compromete-se a implementá-la, sempre que

possível

Quadro – Características desejáveis para Sistemas de Notificação de Sucesso (WHO, 2005).

Sistema Informatizado de Notificações Voluntárias - HCRP

000000000000001111Frasco

MEDICAMENTO TESTE

XFARMA

Preencha os campos solicitados.

Escolha a opção no item: “Notificação sobre”2º

XXX000

Masculino

00/00/1900

BRAJOÃO DA SILVA

00/00/2010 14:15

Campus

Preencha os campos solicitados.3º

1. Utilizada para rever de maneira compreensiva eretrospectiva os eventos adversos e identificar ofator causal.

2. Investiga os detalhes e a perspectiva global dasituação, facilita a análise, propondo umaavaliação do sistema.

Williams,BUMC Proceedings,2001

A análise da causa- raiz (Root cause analysis)

Etapa 1: Identificação e descrição do problema.

Etapa 2: Análise da tarefa, da mudança e das

barreiras de controle.

Etapa 3: Desenho das causas e fatores de ocorrência daquele “problema”.

Etapa 4: Determinação das causas-raízes.

Etapa 5: Recomendações para evitar a recorrência.

Etapas do Métodos de Análise da Causa - Raiz

Silvia Cassiani

EERP/USP/set 2006

Caso 1

• Evento - Prescrito pelo médico atenolol, cp, 25mg, VO, às 8h, para ser administrado ao paciente. Às 8h36, o auxiliar de enfermagem consultou a requisição da farmácia e separou um cp, 100mg de atenolol e colocou em um recipiente junto com outro cp e rotulou com o nome e leito do paciente. Às 8h45, o auxiliar não consultou a prescrição médica, não confirmou , não orientou o paciente e administrou 100mg de atenolol VO.

• Conclusão: administrado 100mg de atenolol ao invés de 25mg.

Teixeira,TCA 2007

Desenho dos fatores causais

Às 8h36, o auxiliar separou um cp, 100mg de atenolol e colocou junto com outros cps em um recipiente

Foi prescrito pelo médico atenolol, cp, 25mg, VO, às 8 h, para ser administrado ao paciente

Às 8h45h, paciente recebeu 100mg de atenolol, VO, pelo auxiliar

Auxiliar consultou a requisição da farmácia

Auxiliar não consultou a prescrição médica antes administração

Auxiliar não orientou paciente

Auxiliar não confirmou paciente

Rotulou com o nome e leito do paciente.

Dispensado 100mg de atenolol pela farmácia

Teixeira,TCA 2007

Método de análise dos modos e efeitos das falhas (FMEA)

• Método para identificar de forma pró-ativa riscos no cuidado à saúde,como:

- Modos em que um processo ou desenho pode falhar.

- As causas da falha,e

- Como ele pode tornar-se seguro.

Paciente é nosso parceiro no seu tratamento !!!3- Papel dos Pacientes

Paciente -parceiro

Informação é a chave.....

Silvia CassianiEERP/USP

4- Criando uma cultura de SegurançaClassificação das instituições

Patológica“É um problema dos trabalhadores”

Calculativa“ Segurança é gerenciada”

Reativa“Segurança é importante mas as ações são após os acidentes”

Proativa“Trabalha buscando as falhas”

Generativa“ Segurança faz parte do negócio”

Aumento da informação em todos os níveis

Aumento da confiança

Silvia CassianiEERP/USP

Contexto Atual das Instituições

Como estão os ambientes de trabalho? ?

Silvia Cassiani

EERP/USP

Silvia Cassiani

EERP/USP

Medicamentos controlados???E a chave no armário???

Armários em postos de enfermagem!!

Silvia Cassiani

EERP/USP

Situação das bandejas na administração de medicamentos

Silvia Cassiani

EERP/USP

Os pacientes são identificados rotineiramente e permanecem com a identificação até a alta?

Ambiente da farmácia hospitalar

Silvia Cassiani

EERP/USP

Silvia CassianiEERP/USP

Organizando um Programa de Segurança

Kohn et al. To err is human: building a safer health system, 2000.

Otero Lopez et al. Farmacia Hospitalaria, 2002.

1- Infraestrutura

2- Princípios gerais dirigidos ao re-desenho do sistema

3- Procedimentos, práticas ou medidas de segurançaespecíficas centralizadas na melhoria dos processo

Prevenção requer o re-desenho contínuo e a implantação de sistema de segurança tornando cada vez menor a probabilidade

do erro ocorrer

Organizando um Programa de Segurança

4. Constituição de um comitê multidisciplinar comautoridade para implementar medidas e iniciativas pararedução de erros.5. Atitude pró-ativa, avaliando os riscos potenciaisreferentes à segurança de novos procedimentos etecnologia.6. Estabelecimento de um ambiente não punitivo.7. Programa de notificação voluntária de erros de

medicação

Silvia Cassiani

EERP/USP

4- Força de Trabalho

• Aiken, Sochalski y cols.(2000) confirmaram que uma enfermeira a mais por paciente e por día estava relacionado com a diminuição de até 50 % da mortalidade dos pacientes.

Hospitais

Categorias de erro

A B C D E F Total

N % N % N % N % N % N % N %

Medicamento não

autorizado7 0,9 6 0,4 8 1,2 71 4,5 8 0,8 3 0,6 103 9,8

Dose errada 21 2,6 20 1,4 23 3,7 169 11 41 4,7 3 0,6 277 26,4

Via errada 33 4,1 16 1,0 7 1,1 4 0,3 24 2,6 5 1,0 89 8,5

Horário errado 28 5,0 201 35,6 128 22,7 113 20,0 90 1,6 4 0,7 564 53,8

Paciente errado 2 0,3 5 0,3 2 0,3 2 0,1 3 0,3 2 0,4 16 1,5

TOTAL 91 8,7 248 23,6 168 16,0 359 34,2 166 15,8 17 1,6 1049 100

Distribuição dos erros de medicação por tipo e por hospital

Solução- Trabalho em Redes de Enfermagem

Silvia Cassiani

EERP/USP

6. Soluções referentes a treinamentos

• Periódicos (repetir, repetir, repetir...)

• Metodologia diversificada

• Focado na análise das ocorrências

• Atividade pós-treinamento

– caça palavras, palavras cruzadas

– sorteio de folga

• Reuniões sobre eventos adversos com toda a

equipe de enfermagem.

• Exposição da política da instituição, antes do 1º

dia de trabalho de recém admitido.

Silvia Cassiani

EERP/USP

Atividades pós -treinamentos

A B C D E F G H I J K L M N O P Q R S T U V X Z

1 p a c i e n t e c e r t o D D

2 H O R A C E R T A R O L3 I H O R A R I O S E

4 D C O N S E Q U E N C I A S D G E I

5 I O U V I A C E R T A6 L O C O R R E N C I A S C E O

7 U C O O T F P C T E R M I N O

8 I H A N L A T E N Ç A O O R R T M

9 Ç E N F E R M E I R O L T N A T A F A

10 A C O I R N M E H A F Ç A S S U M I R

11 O A T R O D I E T A S E A S C

12 G A M E D I C O M I S R O E I A

13 E R A T E C N I C A I I P V O14 M P R O C E S S O A O R R I L

15 P R E S C R I Ç A O C M A T O

16 R E G R A D E T R E S C O M P L E T A G17 C O N H E C I M E N T O R D I R I

18 V G E N E R I C O C C19 G O T E J A M E N T O N A O

HORIZONTAIS (marcada um cinza)

1. Um dos 5 certos

2. Um dos 5 certos

3. Atenção na colocação de ________nas prescrições

4. Um erro pode trazer graves _________________-

5. Um dos 5 certos

6. Se houver um erro, preencher a ficha de _____________

7. Atenção ao volume de soro infundido antes do _______________

8. ___________ redobrada ao preparar e administrar drogas

ENFIM....Quatro questões centrais

• Como apoiamos pacientes, familiares e equipe de saúde quandoas coisas dão errado?

• Como aprendemos com os nossos eventos e comoprevenimos para que outros pacientes (profissionais) não sejam

acometidos pelo mesmo tipo de evento adverso?

• Como identificamos e analisamos o problema(no sistema) que levou à ocorrência desse evento?

• Como tornar a assistência à saúde segura emtodos os locais desde as Unidades de Saúde atéos hospitais?

Silvia Cassiani

EERP/USP

Agradecida pela atenção

[email protected]

Nós não podemos tentar solucionar os problemas com as mesmas idéias e

pensamentos que tínhamos quando eles

foram criados!

Albert Einstein