ser professor num mundo líquido - semana acadêmica de letras - 2014

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Semana Acadêmica de Letras – UCPel 2014 PALESTRA SER PROFESSOR EM UM MUNDO LÍQUIDO Adail Sobral (PPGL – UCPel)

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Page 1: Ser Professor num Mundo Líquido - Semana Acadêmica de Letras - 2014

Semana Acadêmica de Letras – UCPel

2014PALESTRA

SER PROFESSOR EM UM

MUNDO LÍQUIDO

Adail Sobral (PPGL – UCPel)

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O radical, comprometido com a libertação dos homens, não se deixa prender em “círculos de segurança’” nos quais aprisione também a realidade. Tão mais radical quanto mais se inscreve nesta realidade para, conhecendo-a melhor, melhor poder transformá-la. (P. FREIRE)

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PRÁTICAS SITUADAS

Hoje se fala de práticas “situadas”, mas dificilmente essas práticas são mais do que novos conteúdos incorporados à escola, sem que se alterem os modos de inserção da escola na realidade de que é parte. Práticas situadas são práticas e não conteúdos. São definidas de duas maneiras: práticas sociais das quais os alunos participam diretamente, em vez de ouvir ou ler sobre elas na escola, e práticas escolares que levam em conta as vivências dos alunos e, assim, unem o sistemático da escola com o espontâneo da vida dos alunos fora da escola

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UMA CONCEPÇÃO DINÂMICA DE EDUCAÇÃO

Defendo uma concepção dinâmica de integral, uma educação que parta da realidade dos alunos, das culturas do país, da cultura local, educação em que a teoria só é legítima porque está fundada na prática, por não ir para a estratosfera, e em que a prática não se afasta da teoria, uma vez que esta pode ser um ganho, pode mostrar o que não se vê diretamente por se estar demasiado próximo das coisas na vida cotidiana.

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É ESSA A REALIDADE DA ESCOLA? Tem a escola feito isso? Ou ela tem

confundido atividades-meio com atividades-fim?

Pode a escola desvincular-se de seus contextos e ainda ser útil?

O que deve ser uma escola num mundo líquido, um mundo que q fixidez desapareceu, em que os parâmetros já não são os mesmos e mudam sem parar?

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PEDAGOGO

A escola é espaço de aprendizagem formal, mas também de socialização. Logo, lugar de convivência, de promoção da educação integral.

Quem ensina é “pedagogo”, e não me refiro ao profissional moderno assim chamado, mas a todo professor

. E o que é pedagogo? Pedagogo é aquele que possibilita o acesso à cultura, organizando o processo de formação cultural. Não se trata de um transmissor, mas de um facilitador, um organizador, da aprendizagem dos alunos. E, para isso, deve estar inserido na cultura ou culturas em que atua.

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SER PROFESSOR HOJE

Hoje, não é possível formar professores para esse papel sem modificar a concepção de professor como detentor e transmissor de saberes, entendidos como conteúdos estáticos!

Qual o novo papel dos professores? O de pedagogos, criadores de situações de aprendizagem, algo já defendido no Brasil por Paulo Freire. Partir das realidades dos alunos para promover a entrada em novas realidades.

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SER PROFESSOR HOJE

O professor, hoje, tem de ser, como diz Mark Prensky, um profissional humilde e capaz que orienta e guia; cria metas e questiona; projeta o processo de aprendizagem; descreve o contexto; estabelece critérios de rigor; garante a qualidade.

Professores na verdade não ensinam; eles expõem o saber aos alunos e estes dele de apropriam, ou não, à sua própria maneira. E essas maneiras são variadas.

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SER PROFESSOR HOJE

Claro que não se renuncia ao papel de parceiro mais experiente. De fato, a principal função dos professores é se tornar inúteis, num sentido específico: quanto menos os alunos precisarem deles, tanto mais eficientes terão eles sido! Isso é assustador para os professores-transmissores e os alunos receptores!

Mas é o ideal para um mundo líquido, para professores-guias e alunos que desejam caminhar com os próprios pés – com ajuda para não tropeçar.

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A ÉTICA DA ESCOLA HOJE

As instituições públicas devem estabelecer e implementar uma política legítima de reconhecimento das diferentes identidades existentes nas comunidades. Naquilo que têm de específico, e não a partir de um padrão nos termos do qual se definiriam os “outros”. Essa ética se baseia na ideia do igualitarismo entre os diferentes: “somos todos diferentes e, por isso mesmo, iguais”, isto é, iguais uns aos outros em nossas diferenças e especificidades, e não a partir de um padrão, sempre tendencioso, sempre “cêntrico”. As pessoas são diferentes umas das outras. O que é igual entre elas é seu valor social, seu direito de cidadania.

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IMPLICAÇÕES

Os PCNs atribuem ao professor um papel fundamental: o de modelo. Para além dos conteúdos, ele é alguém que pode ensinar o valor do saber e da cultura ao demonstrar o valor que têm para si, e não apenas afirmando esse valor.

Modelo não é, portanto, alguém que impõe um padrão, mas um exemplo de relação positiva com o saber e com o respeito às diferenças, porque tudo na vida humana são diferenças e a igualdade será sempre de direitos, nunca de condição.

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ESCOLA, UNIVERSIDADE E SER PROFESSOR Modelo é quem inspira, quem atua a partir, com e para a vida real dos alunos e não para a escola. Para inspirar, a partir, com e para a vida real dos alunos, o professor precisa aprender a valorizar os saberes e respeitar as diferenças.

Para que o professor possa ser um modelo de valorização dos saberes e de respeito às diferenças, é preciso que a escola seja um modelo de valorização dos saberes e de respeito às diferenças, um modelo de tolerância!

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ESCOLA, UNIVERSIDADE E SER PROFESSOR

Para a escola ser um modelo de tolerância,é preciso que ela desista de impor um só padrão para todos. E quanto a isso, a universidade precisa formar professores para quem a tolerância seja um valor fundamental, para quem as diferenças são um elemento a ser considerado e não um defeito a ser corrigido. Num mundo líquido, em que tudo muda muito rapidamente, a base de tudo é conviver com as diferenças.

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Obrigado

pela

atenção!