sempre marilyn

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anorama P CINEMA Porto Alegre, quinta-feira, 26 de abril de 2012 - Nº 186 A vida da atriz nem sempre foi rodeada de glamour. Batizada como Norma Jeane Mortensen Baker, a jovem Marilyn nun- ca soube a identidade de seu pai biológico e passou a maior parte da sua infância em lares adotivos. Conhecida tanto por seus relacionamentos amorosos quanto por seus filmes, a estrela estampou manchetes do mundo todo com seus divórcios e affairs, sendo que um dos seus amantes mais ilustres foi o ex-presidente americano J.F. Kennedy. Esta atenção especial da mídia por sua vida pessoal sempre en- tristeceu a atriz, que queria ser reconhecida por suas atuações e não por seus escândalos. Os produtores sempre destaca- ram sua imagem de “loira burra” buscando maior efeito cômico em filmes como Os homens preferem as loiras, Como agarrar um mi- lionário e O pecado mora ao lado. Se sentindo limitada pelos papéis, a atriz estudou artes dramáticas para aumentar seu potencial. Após lutar contra contratos consi- derados injustos da 20th Century Fox, a atriz cria uma compa- nhia própria, a Marilyn Monroe Productions, responsável pela produção de O príncipe encanta- do, Quanto mais quente melhor e Os desajustados, seu último filme completo. Os anos finais da estrela fo- ram marcados por doenças, pro- blemas pessoais e uma má repu- tação nos bastidores. As circuns- tâncias de sua morte, declarada oficialmente como um “provável suicídio” devido a uma overdose de anfetaminas, são consideradas misteriosas até hoje. Em 1999, Marilyn foi classificada como a sexta estrela de cinema ameri- cana mais relevantesde todos os tempos pelo Instituto Americano de Cinema. Até hoje, ela é citada como símbolo pop e sex symbol da sétima arte. Sempre Mariana Amaro, especial JC “O problema está em todas aquelas pessoas ao redor”, exaspera-se o jovem Colin Clark para proteger uma indefe- sa e perdida Marilyn Monroe em Sete dias com Marilyn. Seguida sempre por incontáveis puxa-sacos e desprezada pelos homens que admira, o filme traz à tona a fragilidade e impotência de um dos símbolos do cinema americano, que deixou as telas - e a vida - há 50 anos. Baseado no livro Minha semana com Marilyn (Seoman, 158 págs., R$ 24,90), relato escrito pelo próprio Colin Clark - interpretado por Eddie Redmayne nas telas - o longa que estreia amanhã nas salas da Capital remonta os bastido- res de O príncipe encantado, primeira produção da loira na Inglaterra. Diri- gido e coestrelado pelo mito do teatro britânico, Laurence Olivier (Kenneth Branagh), O príncipe tinha como objeti- vo provar para Hollywood que a estrela Marilyn sabia atuar e que o ator Olivier poderia ser um astro. Soma-se a essa panela de pressão - a dificuldade de a atriz decorar os roteiros e chegar no horário com a rigidez - , a antipatia da equipe britânica com as excentricidades da protagonista. Clark, o terceiro assistente de direção, está no posto mais baixo da equipe de filmagem de O príncipe e se autodeno- mina o faz-tudo da produção. Então é de Lado B de uma estrela se admirar que a intocável diva resolva elegê-lo como protetor após a viagem inesperada de seu marido, o escritor Arthur Miller, aos Estados Unidos. De acordo com as memórias do jovem, Mari- lyn era uma mulher doce, mas ame- drontada com os abutres da fama, que insistiam em tentar domar seu caráter impulsivo. Mais do que o rápido flerte entre os personagens, Sete dias com Marilyn direciona os holofotes para as dores e o carisma da atriz, interpretada com sensibilidade por Michelle Williams. Porém, o filme não é a única home- nagem que chegará ao Brasil neste ano. Marilyn, que deixou milhões de fãs às lágrimas quando morreu em sua casa na Califórnia, recebe uma atenção mais acentuada em 2012 graças aos 50 anos de sua morte. Fotografias inédi- tas, remasterização de sua filmografia, biografias, documentários sobre seus últimos dias e, até, uma série de tevê em homenagem à estrela estão sendo produzidos e publicados em escala industrial. A série Smash, veiculada no Brasil pelo Universal Channel, acompanha a onda platinada e virou febre nos Esta- dos Unidos. O enredo do musical gira em torno de uma peça biográfica da atriz para a Broadway, feito nunca al- cançado com sucesso até hoje. Montan- do números de dança e compondo letras para ilustrar sua história, o universo do show está mergulhado em Marilyn. E apesar de não explorar diretamente a persona da estrela, toda simbolo- gia associada a ela está presente nas características das duas personagens que concorrem pelo papel da musa. A novata Karen Cartwright carrega a mesma naturalidade e ambição de Marilyn antes de alcançar o estrelato e a experiente Ivy Lynn representa a sensualidade, a insegurança artística e também a carência afetiva da atriz. Marilyn Diferentemente de seus papéis, estrela norte-americana não gostava de ser vista como “loira burra” Michelle Williams assume o papel da diva em filme que estreia amanhã ELLIOTT ERWITT/DIVULGAÇÃO/JC IMAGEM FILMES/DIVULGAÇÃO/JC

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Matéria sobre a estrela americana Marilyn Monroe e o filme Uma semana com Marilyn para o Jornal do Comércio.

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Page 1: Sempre Marilyn

anoramaPCINEMA

Porto Alegre, quinta-feira, 26 de abril de 2012 - Nº 186

A vida da atriz nem sempre foi rodeada de glamour. Batizada como Norma Jeane Mortensen Baker, a jovem Marilyn nun-ca soube a identidade de seu pai biológico e passou a maior parte da sua infância em lares adotivos. Conhecida tanto por seus relacionamentos amorosos quanto por seus filmes, a estrela estampou manchetes do mundo todo com seus divórcios e affairs, sendo que um dos seus amantes mais ilustres foi o ex-presidente americano J.F. Kennedy. Esta atenção especial da mídia por sua vida pessoal sempre en-tristeceu a atriz, que queria ser

reconhecida por suas atuações e não por seus escândalos.

Os produtores sempre destaca-ram sua imagem de “loira burra” buscando maior efeito cômico em filmes como Os homens preferem as loiras, Como agarrar um mi-lionário e O pecado mora ao lado. Se sentindo limitada pelos papéis, a atriz estudou artes dramáticas para aumentar seu potencial. Após lutar contra contratos consi-derados injustos da 20th Century Fox, a atriz cria uma compa-nhia própria, a Marilyn Monroe Productions, responsável pela produção de O príncipe encanta-do, Quanto mais quente melhor e

Os desajustados, seu último filme completo.

Os anos finais da estrela fo-ram marcados por doenças, pro-blemas pessoais e uma má repu-tação nos bastidores. As circuns-tâncias de sua morte, declarada oficialmente como um “provável suicídio” devido a uma overdose de anfetaminas, são consideradas misteriosas até hoje. Em 1999, Marilyn foi classificada como a sexta estrela de cinema ameri-cana mais relevantesde todos os tempos pelo Instituto Americano de Cinema. Até hoje, ela é citada como símbolo pop e sex symbol da sétima arte.

SempreMariana Amaro, especial JC

“O problema está em todas aquelas pessoas ao redor”, exaspera-se o jovem Colin Clark para proteger uma indefe-sa e perdida Marilyn Monroe em Sete dias com Marilyn. Seguida sempre por incontáveis puxa-sacos e desprezada pelos homens que admira, o filme traz à tona a fragilidade e impotência de um dos símbolos do cinema americano, que deixou as telas - e a vida - há 50 anos.

Baseado no livro Minha semana com Marilyn (Seoman, 158 págs., R$ 24,90), relato escrito pelo próprio Colin Clark - interpretado por Eddie Redmayne nas telas - o longa que estreia amanhã nas salas da Capital remonta os bastido-res de O príncipe encantado, primeira produção da loira na Inglaterra. Diri-gido e coestrelado pelo mito do teatro britânico, Laurence Olivier (Kenneth Branagh), O príncipe tinha como objeti-vo provar para Hollywood que a estrela Marilyn sabia atuar e que o ator Olivier poderia ser um astro. Soma-se a essa panela de pressão - a dificuldade de a atriz decorar os roteiros e chegar no horário com a rigidez - , a antipatia da equipe britânica com as excentricidades da protagonista.

Clark, o terceiro assistente de direção, está no posto mais baixo da equipe de filmagem de O príncipe e se autodeno-mina o faz-tudo da produção. Então é de

Lado B de uma estrela

se admirar que a intocável diva resolva elegê-lo como protetor após a viagem inesperada de seu marido, o escritor Arthur Miller, aos Estados Unidos. De acordo com as memórias do jovem, Mari-lyn era uma mulher doce, mas ame-drontada com os abutres da fama, que insistiam em tentar domar seu caráter

impulsivo. Mais do que o rápido flerte entre os personagens, Sete dias com Marilyn direciona os holofotes para as dores e o carisma da atriz, interpretada com sensibilidade por Michelle Williams.

Porém, o filme não é a única home-nagem que chegará ao Brasil neste ano. Marilyn, que deixou milhões de fãs às lágrimas quando morreu em sua casa na Califórnia, recebe uma atenção mais acentuada em 2012 graças aos 50 anos de sua morte. Fotografias inédi-tas, remasterização de sua filmografia, biografias, documentários sobre seus últimos dias e, até, uma série de tevê em homenagem à estrela estão sendo produzidos e publicados em escala industrial.

A série Smash, veiculada no Brasil pelo Universal Channel, acompanha a onda platinada e virou febre nos Esta-dos Unidos. O enredo do musical gira

em torno de uma peça biográfica da atriz para a Broadway, feito nunca al-cançado com sucesso até hoje. Montan-do números de dança e compondo letras para ilustrar sua história, o universo do show está mergulhado em Marilyn. E apesar de não explorar diretamente a persona da estrela, toda simbolo-gia associada a ela está presente nas características das duas personagens que concorrem pelo papel da musa. A novata Karen Cartwright carrega a mesma naturalidade e ambição de Marilyn antes de alcançar o estrelato e a experiente Ivy Lynn representa a sensualidade, a insegurança artística e também a carência afetiva da atriz.

Marilyn

Diferentemente de seus papéis, estrela norte-americana não gostava de ser vista como “loira burra”

Michelle Williams assume o papel da diva em filme

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