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ESCOLA SUPERIOR DE ENFERMAGEM S. FRANCISCO DAS MISERICÓRDIAS RESUMO ANATOMIA E FISIOLOGIA Elaborado por: Filipe Francisco Marques dos Santos Torres Vedras Agosto 2005

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Page 1: Sebenta Anatomia

ESCOLA SUPERIOR DE ENFERMAGEM S. FRANCISCO DAS MISERICÓRDIAS

RESUMO ANATOMIA E FISIOLOGIA

Elaborado por: Filipe Francisco Marques dos Santos

Torres Vedras Agosto 2005

Page 2: Sebenta Anatomia

APRESENTAÇÃO: Este resumo constitui o meu manual de apoio à disciplina de Anatomia e Fisiologia da Licenciatura em Enfermagem da Escola Superior de Enfermagem S. Francisco das Misericórdias. O texto tem por base os diapositivos que serviram como base de estudo durante os anos lectivos de 2004/05, e absorve variados comentários e anotações produzidos durante as próprias aulas.

ÍNDICE: PARTE 1 Organização do Organismo Humano 1 O Organismo Humano, 1 2 A Base Química do Vida, 5 4 Histologia: O Estudo dos Tecidos, 8 PARTE 2 Suporte e Movimento 6 Sistema Esquelético: Histologia e Desenvolvimento, 16 7 Sistema Esquelético: Anatomia Geral, 22 8 Articulações e Biomecânica do Movimento Corporal, 38 10 Sistema Muscular: Histologia e Fisiologia, 47 11 Sistema Muscular: Anatomia Geral, 56 PARTE 3 Sistemas de Integração e de Controlo 13 Sistema Nervoso Central: Encéfalo e Medula Espinal, 64 15 Os Sentidos1, 76 16 Sistema Nervoso Autónomo, 84 17 Organização Funcional do Sistema Endócrino, 89 18 Glândulas Endócrinas, 92 PARTE 4 Regular do e Manutenção 19 Aparelho Circulatório: Sangue, 99 20 Aparelho Circulatório: Coração, 105 21 Aparelho Circulatório: Circulação e Regulação Periférica, 109 22 Sistema Linfático e Imunidade, 116 23 Aparelho Respiratório, 121 24 Aparelho Digestivo, 143 26 Aparelho Urinário, 143 PARTE 5 Reprodução e Desenvolvimento 28 Aparelho Sexual e Reprodutor, 149

"O único sitio onde o sucesso vem antes do trabalho é no dicionário." Albert Einstein

1 Com especial atenção para a Visão e Audição

Page 3: Sebenta Anatomia

Parte 1 – Organização do Organismo Humano Capitulo 1 – O Organismo Humano,

Anatomia: Ciência que estuda a estrutura e forma dos corpos, esta estuda o corpo por sistemas A. Sistémica ou por regiões A. Regional Fisiologia: Ciência que estuda a função dos organismos vivos Organização Estrutural e funcional O corpo Humano pode ser estudado em 7 Níveis estruturais: Químico: interacções entre os átomos e as combinações que formam para originar moléculas Organelo: Estrutura de pequenas dimensões, constituinte da célula que apresenta uma ou mais funções. Ex.: núcleo, mitocôndria, REL Célula: Unidade básica da vida Tecido: Conjunto de células com estrutura e função semelhantes. Existem 4 tipos: Epitelial, Conjuntivo, Muscular e o Nervoso Órgão: Formado por um ou mais tipos de tecidos com função semelhante. Ex.: estômago, coração, rim... Sistema1: Conjunto de órgãos com função semelhante. Ex.: endócrino, cardiovascular... Organismo: ou ser organizado, é qualquer estrutura viva considerada como um todo, quer seja uni ou multicelular como o Ser humano. Organismo Humano A característica comum a todos os organismos é a vida. Características essenciais da vida são: Organização: Metabolismo: Capacidade de usar energia para o desempenho de funções vitais Capacidade de resposta: Resulta na capacidade de adaptação às condições externas Crescimento: Capacidade de aumento do número ou do tamanho das células Desenvolvimento: Alterações que decorrem desde a concepção até à morte. Implica diferenciação celular, passagem de célula indiferenciada para célula especializada Reprodução: Formação de novas células ou organismos

1

1 Denomina-se sistema aos conjuntos de órgãos que tem semelhança estrutural, caso contrário designa-se aparelho

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Homeostasia:

Existência e manutenção do meio ambiente em condições constantes dentro do corpo. Manutenção de uma variável em torno de um valor normal ou ideal ou um ponto de equilíbrio. O valor da variável oscila em torno deste, estabelecendo uma amplitude normal de valores

Retroacção Negativa: Mecanismo fisiológico capaz de reduzir ou contrariar qualquer desvio ao ponto de equilíbrio. Constituído por: receptor, centro de controlo e efector. Exemplo de Mecanismo de retroacção negativa:

Retroacção Positiva: São reacções não homeostáticas e são raras em indivíduos saudáveis em que não existe compensação aos desvios do ponto de equilíbrio. Pode torna-se um ciclo vicioso e resultar na morte do organismo. Exemplo de Mecanismo de retroacção positiva: Os desvios do ponto de equilíbrio normal provocam desvios provocam desvios adicionais, a partir do valor normal quer na direcção positiva quer na direcção negativa.

2

Page 5: Sebenta Anatomia

Terminologia e planos do Corpo Humano Termos descritivos ou de referencia

<= Posição anatómica: Ser humano em pé Pés orientados para a frente Braços suspensos ao lado do corpo Palmas das mãos orientadas para a frente Polegar virado para fora

Termos descritivos: => Superior/ inferior Anterior/ posterior Cefálico/ caudal Ventral/ dorsal Proximal/ distal Medial/ lateral Superficial/ profundo

<=Plano do corpo Plano sagital mediano Plano parassagital Plano horizontal ou transversal Plano frontal ou coronal

Regiões do Corpo Membros: Superior e Inferior Tronco: Tórax, Abdómen e Pelve Zona mediana: Cabeça, Pescoço e Tronco Subdivisões do abdómen: em 4 Quadrantes ou em Grelha de 9 janelas

3

Page 6: Sebenta Anatomia

Cavidades do Corpo O tronco contém 3 grandes cavidades: - Cavidade torácica: Anteriormente apresenta o esterno, encontra-se rodeada pelas costelas e está separada da cavidade abdominal pelo músculo diafragma. Apresenta no seu interior: Cavidade pericárdica, Cavidades pleurais e o Mediastino - Cavidade pélvica: Localizada inferiormente à cavidade abdominal e internamente aos ossos ilíacos. Contém a bexiga, órgãos reprodutores e parte dos intestinos - Cavidade abdominal: tem como limite: superior o diafragma e Anterior os músculos abdominais Contém: estômago, baço, pâncreas, intestino, fígado, rins.

Membranas serosas: Cobrem os órgãos das cavidades do tronco e delimitam-nas. A - Cavidade pericárdica (Pericárdio visceral e parietal) B - Cavidade pleural (Pleura visceral e parietal) C - Cavidade abdominopélvica (Peritoneu visceral e parietal)

O peritoneu visceral de alguns órgãos encontra-se ligado ao peritoneu visceral de outros órgãos abdominopélvicos através de mesentérios. - Mesentérios: Constituído por duas camadas de peritoneu aderentes uma a outra. Tem como função segurar os órgãos abdominais à parede posterior da cavidade abdominal e proporcionam uma via para vasos sanguíneos, linfáticos e nervos alcançarem os órgãos. Outros órgãos abdominopélvicos, estão localizados junto à parede posterior da cavidade e não apresentam mesentérios, dizem-se Órgãos retroperitoniais. - Órgãos retroperitoniais: rins, glândulas supra-renais, parte dos intestinos, pâncreas, bexiga. 4

Page 7: Sebenta Anatomia

Parte 1 – Organização do Organismo Humano Capitulo 2 – A base química da vida

Moléculas Orgânicas As 4 grandes moléculas orgânicas essenciais aos organismos vivos são os Glúcidos, os Lípidos, as Proteínas e os Ácidos Nucleicos (ADN e ARN). Cada um destes grupos tem características estruturais e funcionais específicas. Glúcidos: Ou Hidratos de carbono, são moléculas polares (solúveis em água), Compostos por átomos de C, H e O e classificam-se segundo o nº de açucares presentes na estrutura: Monossacáridos, Dissacáridos e Polissacáridos

Monossacáridos: Podem ser: Trioses - 3 átomos de carbono Tetroses - 4 átomos de carbono Pentoses - 5 átomos de carbono. Ex.: Ribose e desoxirribose Hexoses - 6 átomos de carbono. Ex.: Glicose, frutose, galactose .

Dissacáridos: Moléculas compostas por 2 açucares simples ligados por uma reacção de desidratação. Ex.: Glicose + frutose = sacarose + H2O

Glicose + galactose = lactose + H2O Glicose + glicose = maltose + H2O

Polissacáridos: Moléculas compostas por vários açucares em cadeias lineares ou ramificadas. De origem: - Animal: Glicogénio: Constituído por moléculas de glicose, serve de reserva energética e é armazenado no fígado e células musculares esqueléticas - Vegetal: Amido: fonte de energia Celulose: Não serve de fonte de energia, é eliminada nas fezes e estimula o intestino)

Lípidos: Moléculas apolares (Insolúveis em água), solúveis em solventes orgânicos não polares (ex.: gorduras, fosfolípidos, esteróides e prostaglandinas), que são compostos por átomos de C, H, O, P e azoto. Gordura

5

s: Principal tipo de Lípidos, é fonte de energia e tem função de isolamento e protecção Fosfolípidos: Compostos por ácido gordo, glicerol, fosfato. São um importante componente da parede celular e são polares na extremidade do fosfato.

Page 8: Sebenta Anatomia

6

Triglicéridos: Constituem 95% das gorduras do corpo, são formados por glicerol e ácidos gordos.

Ácidos gordos: Diferem uns dos outros conforme as características da sua cadeia: Comprimento e Grau de saturação - Saturado - apresenta apenas ligações covalentes simples entre os átomos de carbono - Insaturados - apresenta uma ou mais ligações covalentes duplas entre os átomos de carbono

Proteínas: Todas apresentam C, H, O e azoto, as unidades estruturais são 20 aminoácidos. Os Aminoácidos (a.a.) são compostos por grupo carboxilo, grupo amina, H e grupo R, entre os a.a. são formadas ligações peptídicas, formam-se assim dipéptidos, tripéptidos, polipéptidos. Ex. de Ligaçã o peptídica:

Estrutura das proteínas:

Primária - sequência de a.a. Secundária - ligações de ponte de H entre a.a. Confere função à proteína Terciária - ligação covalente entre átomos de enxofre de a.a. diferentes

Page 9: Sebenta Anatomia

Quaternária - relação espacial entre proteínas Enzimas: São proteínas catalisadoras de reacções químicas, que não sofrem alteração durante o processo e diminuem a energia de activação necessária. São moléculas muito específicas Os cofactores são moléculas associadas ao centro activo da enzima, cuja função é tornar a enzima funcional. Ex.: ião magnésio, ião zinco, vitaminas. Modelos de junção enzima/ reagente: Chave-fechadura e Encaixe reduzido. Exemplo de junção enzima/ reagente, do Modelo Chave-fechadura = = = = = = = = = = = = =

= >

Ácidos nucleicos: São moléculas compostas por C, H, O, P e azoto, constituídos por nucleótidos, unidos por ligações covalentes. As bases orgânicas são: Adenina (A), Guanina(G), Citosina(C) e Timina(T) / Uracilo(U)

ADN: (Ácido Desoxirribonucleico) Formado por 2 cadeias de nucleótidos, as bases orgânicas são: A, G, C, T. As cadeias estão ligadas por pontes de H entre as bases orgânicas, que tem uma estrutura em hélice e está associado a histonas para formar a cromatina Estrutura do ADN = = = = = = = => (Ribose: Monossacárido, Pentose)

ARN: (Ácido Ribonucleico) Estruturalmente semelhante a uma cadeia simples de ADN As bases orgânicas são: C, G, A, U. (Desoxirribose: Monossacárido, Pentose) ADENOSINA TRIFOSFATO (ATP):

7

Constituída por base orgânica: Adenina, açúcar Ribose e 3 grupos Fosfato. ATP = ADP + P + Energia (Para o anabolismo e outras actividades celulares)

Page 10: Sebenta Anatomia

8

dos,

estrutura das células e a sua matriz extracelular

Parte 1 – Organização do Organismo Humano Capitulo 4 – Histologia: O estudo dos Teci

A 2, são as características usadas para

lial e o Conjuntivo são os que apresentam formas mais diversas, são pois

tecido muscular e nervoso são classificados principalmente pela sua função.

ecido Epitelial:

identificar os 4 diferentes tipos de tecido, são eles o Epitelial o Conjuntivo o Muscular e oNervoso. O tecido Epiteclassificados de acordo com a estrutura, forma das células e na relação entre a célula e omaterial que constitui a matriz extracelular. O TAs características comuns a todos os tipos de Epitélios são: - Possui pouco material extracelular - Apresenta uma membrana basal e uma superfície livre - Não existem vasos sanguíneos - Mantém a capacidade de realizar mitoses - Possume junções celulares especializadas que ligam entre si células Localização: Tubo digestivo, Exterior do corpo (pele), Vasos sanguíneos e Tracto respiratório... Função dos epitélios: (ver quadro 4-2 Função e Localização do tecido epetileal, pág. 122 e 123) - Formar barreira entre superfície livre e tecidos subjacentes - Segregar, transportar e absorver moléculas - Proteger

Classificação dos Epitélios: Em relação

Nº de camadas: Forma das células: Pavime u planas) ntoso (células achatadas o

Cúbito (forma de cubo) Simples:

Uma única camada de cé a célula estendendo-se

Cilíndrico a um cilindro)

lulas, com caddesde a membrana basal até á superfície.

(alto e delgado semelhante

Húmido Camada mais exteri por células vivas. or constituída

Presente na Boca, esófago, recto, vagina

Paviment

con Possui camadas d tendo a proteína

oso As camadas mais

profundas são constituídas por células vivas e soante o estado da

camada mais exterior das é dividido em:

Ceratinizado e células mortas, con

dura – queratina. As camadas externas de células mortas com queratina, dotam o tecido de grande resistência e

impermiabiliadade. Presente na pele

Estratificado: Mais do que uma ca penas uma dessas

Cúbito

mada de células, e acamadas de células é adjacente à membrana basal

e cilíndrico (raro) Pseudoestratificado:

Consiste em cél s à membrana

“ Cilíndrico

ulas epeteliais todas elas ligadabasal mas apenas com algumas células atingem a superfície

livre. pseudo” deve-se a este constituir uma camada de células, que

parece constituir várias camadas. O arranjo das células dá uma aparência estratificada.

Transição: É estratificado, m élulas é variável,

dependendo se é distendida ou não. as o número de c

Grosseiramente cúbico ou com muitas superfícies. O n° de camadas depende se o órgão está distendido ou não, com o órgão distendido as células tornam-se achatadas e diminui o seu nº por camada. Com o órgão não

distendido as células são cúbicas.

2 Composição das substancias não celulares que envolvem as células.

Page 11: Sebenta Anatomia

9

lassificação dos Epitélios: CEpitelio Localização Estrutura Função Imagem Pavimentoso Simples

Revestimento de vasos sanguíneos, linfáticos, alvéolos pulmonares...

Camada única de células planas

Difusão, filtração, secreção e absorção

Cúbico Simples Glândulas e canais, túbulos renais, bronquíolos

Camada única de células cúbicas. Podem apresentar cílios.

Absorção, secreção, movimento de muco

Cilíndrico Simples Glândulas,br

onquíolos , útero, intestinos,bexiga

Camada única de células altas e estreitas

Movimentação de partículas, secreção e absorção.

Pavimentoso Estratificado

Boca, faringe, laringe, esófago, ânus, vagina, Pele (queratinizado)

Camadas múltiplas de células que são cúbicas na camada basal e planas na superfície

Protecção

Estratificado Cúbico Canais de

glândulas sudoríparas, células foliculares dos ovários

Camadas múltiplas de células cúbicas

Secreção, absorção e protecção

Cilíndrico Estratificado

Laringe, canais de glândulas mamárias, uretra masculina

Camadas múltiplas de células delgadas, repousando em células cúbicas

Protecção e secreção

Cilíndrico Pseudoestratificado

Laringe, faringe, cavidade nasal, traqueia

Camada única de células altas e delgadas contactantes com membrana basal. Núcleos a níveis diferentes

Movimento de líquido

Transição Bexiga, ureteres e uretra superior

Células estratificadas que parecem cúbicas quando se encontram relaxadas e parecem pavimentosas, quando distendas

Formação de barreira permeabilida e protecção contra o efeito caustico da urina.

Page 12: Sebenta Anatomia

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unções Celulares: Função

J

: - Ligam as células mecanicamente entre si - Ajudam a formar uma barreira de permeabilidade - Fornecem um mecanismo de comunicação intercelular Localização: - Superfície basilar e lateral

As células epeteliais segregam glicoproteínas, que fixam a célula á membrana basal e entre si. Esta ligação relativamente fraca é reforçada por desmossoamas.

Tipos de junções celulares: - Desmosssomas: Ponto de adesão entre as células. Cada um contém um disco denso no ponto de adesão e um material adesivo entre as células. - Hemidesmossomas: Similar a metade de um desmossoma, liga as células epitelias a membrana basal. - Junção de hiato: Pequeno canal proteico ou junção comunicante, que podem ser encontradas nos discos intercalares - Zonula aderente: Localizada nos tecidos epiteliais simples. Formam rede de glicoproteínas na superfície lateral da célula, funciona como uma "cola" fraca que mantém as células juntas - Zonula ocludente: Perto da superfície livre forma um anel em volta da célula, funciona como um adesivo forte e também constitui uma barreira de permeabilidade

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Glândulas São órgãos de secreção de hormonas, se a glândula matem um contacto aberto com o epitélio a partir do qual se desenvolveu, existe um canal, denominam-se exócrinas, se não tem canal são endócrinas. Exócrinas: apresentam canal de excreção e são maioritariamente multicelulares Endócrinas: Segregam directamente para a corrente sanguínea As glândulas multicelulares classificam-se quanto a: Forma dos canais: Simples (canais pouco ramificados) e Compostas (com canis que se ramificam repetidamente) Terminação dos canais: Túbulos (em forma de pequenos tubos, podem ter a forma recta ou glomerulares), Ácinos (pequenos saco) e Alvéolos (um saco vazio). Estrutura das glândulas Exócrinas: A – Unicelular (Glândulas no estômago e no cólon) B - Tubulares simples rectas (Células caliciformes no intestino delgado e grosso, e nas vias respiratórias) C - Tubulares simples glomerulares (Parte inferior do estômago e do intestino delgado) D - Acínica Simples (Glândulas sebáceas da pele) E - Tubular Composta (Glândulas sebáceas da pele) F – Ramificada acínica simples (Glândulas mucosos do duodeno) G- Acínica composta (Glândulas mamárias e do pâncreas)

F

11

Tipos de glândulas: Glândulas exócrinas e tipos de secreção A - Glândulas merócrinas: As céluals da glande produzem vesículas que contém produtos de excreção e as vesículas esvaziam os seus conteúdos por exocitose. Ex: glândulas sudoríparas, porção exócrina do pâncreas

B - Glândulas apócrinas: Produtos de escreção são armazenados na célula perto do lume do canal. Uma parte da célula perto do canal que contém os produtos de secreção, destaca-se da célula e junta-se á secreção. Ex: glândula mamária C - Glândulas holócrinas: Os produtos de secreção são armazenados nas células da glândula. Células inteiras destacam-se da glândula fazendo parte da secreção. A perda das células é compensada por outras células mais profundas da glândula.

C

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juntivo Tecido Con A característica essencial que distingue este tecido dos restantes, é este ser formado por

3células separadas por abundante Matriz Extracelular . São as células especializadas dos vários tecidos conjuntivos produzem a matriz extracelular, esta é constituída por 3 componentes principais: - Fibras Proteicas; - Substancia fundamental - Liquido. Células do tecido conjuntivo: Os nomes das células terminam com sufixos que identificam as funções das células: Blastos: criam a matriz; Citos: mantêm-na; Clastos: degradam-na para reconstrução Fibras proteicas da matriz: As fibras proteicas da matriz ajudam a formar o tecido conjuntivo, existem 3 tipos de fibras: - Colagénio: Formada por 3 cadeias de polipéptidos, é forte e flexível mas pouco elástico - Reticulina (Fibras de): São fibras de Colagénio finas e curtas em rede, não são tão fortes como o Colagénio - Elastina (Fibras de): É muito elástica, as moléculas têm a forma de uma mola e formam uma rede por todo o tecido Outras Moléculas da matriz (moléculas não proteicas): Existem também 2 tipos de moléculas não proteicas que fazem parte da matriz extracelular: - Ácido hialurónico: É uma cadeia simples de polissacáridos, oleoso que tem como função lubrificar. - Proteoglicanos: Os proteoglicanos armazenam grandes quantidades de água e conferem elasticidade ao tecido. O Agregado proteoglicano é uma macromolécula formada por polissacáridos ligados a um centro proteico, em que o centro proteico liga-se ao ácido Hialurónico. Classificação do tecido conjuExistem 3 categorias principa

nis dos tecidos conjuntivos baseados nas seguintes características: o a característica principal

tivo

1 - Matriz em que as fibras sã om substância fundamental2 - Matriz com fibras proteicas e c

dominantemente líquida3 - Matriz pre

Laxo Regular ou ordenado Colagenico Propriamente dito Elástico

Denso Irregular ou não cordenado Colagenico Elástico Matriz em que as fibras são a característica principal Adiposo Especial Reticular Medula Óssea Hialina

Cartilagem Fibrosa Elastica Matriz com fibras proteicas e com substância fundamental Osso Compacto Esponjoso Matriz predominantemente líquida Sangue

3 A estrutura da matriz dá aos tecidos a maior parte das suas características principais e serve de base de classificação do tecido conjuntivo em subgrupos.

Page 15: Sebenta Anatomia

13

AÇÃO DOS TECIDOS CONJUNTIVOSCLASIFIC

1 - Matriz em que as fibras são a característica principal

4 Tecido Tendinoso

u tecido formador de sangue

turaTecido Conjuntivo Localização Estru Função Imagem

Células (fibroblastos, macrófagos e

5 Tecido Elástico 6 É a medula vermelha o

A Laxo ou celular to entre glândulas, músculos e nervos

Revestimen linfócitos), numa fina rede de fibras, a maior parte de colagénio.

Revestimento de órgãos e tecidos, Liga a pele ao

tecido subjacente

Capacidade para suportar

grandes força de tensão na

B Denso regular4 Tendões e liagamentos Fibras proteícas direcção da orientação das orientadas numa fibras, grande força de direcção tensão e resistência á

distensão.

Fibras proteícas C Elástico

Denso Ordenado 5

Cordas Vocais, vértebras e ligamentos da nuca

orientadas numa direcção

e de se encurtar como uma

borracha

Capacidade de se distender

D Denso não Ordenado colagénico

Derme e cápsulas de órgãos

Fibras dispostas em Capaz de exercer força em teia todas direcções.

E elástico Artérias Elásticas Denso não Ordenado Fibras dispostas em Capaz de exercer força em teia

várias direcções.

F Tecido Adiposo Axilas, pescoço, perto do rim

Constituído por Isolar, proteger e armazenar

adipócitos e pouca energia, existem dois tipos, matriz. a Amarela (idade) e a

castanha (gera calor e é + frequent no bés) e s be

G Tecido Reticular Gânglios linfáticos

óssea e baç, medula o

Rede de fibras de Reticulin

irregularmedisposta

Supo pa os tecidos li tico tecido hemato oético6

Medula Óssea Nas cavidades medulares d ossos.

Dois tipos a Medula amarel(formada por tecido adiposo)

a Medula vermelha

Estrutura reticumuitas célu

doras de

uç de ovos glóbulos rm lhos

rte raa nte

nfá ep

s H os lar com Prod ão n

las sangue

ve ea e

forma

Page 16: Sebenta Anatomia

CLASIFICAÇÃO DOS TECIDOS CONJUNTIVOS (cont)

2 - Matriz com fibras proteicas e com substância fundamental

C

Caixa torácica

14

I artilagem Hialina

e anéis traqueais. Forma grande parte do embrião

- Muitas fibras de Colagénio, uniformemente distribuídas, tornando-a transparente.

Pe

emflex

rmite o crescimento de ossos longobrionáibilidad

anéis traqueais

s, forma o esqueleto rio. Confere rigidez e e a Caixa torácica e

C Articulação do

jtem

bolar

Feixes de Colagénio, semelhantes

hialio qu

cartilagens e d em agregados espessos.

Torn

consestrut

s

ar flexível e capaz de suportar pressões sideráveis. Relaciona uras sujeitas a grandes

pressõe

às fibras de na. As fibras são e em outras ispõem-se

oelho e poromandi

cartilagemmais dartilagem FibrosaJ

Cepi

ntes a

lulas d

Conflexibili

voltadepois de dis

fere rigidez e maior dade, as fibras elásticas m a sua forma inicial

tendidas.

Ouvido externo,

glote.

Semelhahialina, ma

a cartilagem matriz contém e hialina.

artilagem Elástica K

L

Interior dos ossos do

crânio e nas

de ossos longos

Osso Esponjoso extremidades ose

e órgteócitos Suport e protecção de tecidos

ãos, sem o peso dos ossos sólidos

Formado por

M Osso Compacto Partes

exteriores de todos os ossos.

Dura, matriz óssea predominante.

Grande força e suporte, proporciona um revestimento exterior sólido, impedindo os ossos de serem facilmente fracturados ou perfurados

3 - Matriz predominantemente líquida

Tecido Conjuntivo Localização Estrutura Imagem N

Função

Sangue

Vasos sanguíneos e espaços intersticiais

Vasos sanguíneos e matriz Transporte de oxigénio, dióxido

líquida de carbono, hormonas, nutrientes, produtos de

excreção e outras substâncias. Protege o corpo de infecções e encontra-se envolvido na regulação da temperatura

Page 17: Sebenta Anatomia

Tecido Mu

principal característica do tecido muscular e ser contráctil e por isso mesmo é responsável pelo movimento.

ode ser classificado de acordo com a sua: Estrutura: Estriado ou Liso Função: Voluntário ou Involuntário

ssi ip c- Estriado Voluntário squelé

scular

A

P

A m existem 3 t os de mús ou

ulos: ticoE

- Estriado Involuntário Cardíaco ou - Liso Involuntário ou apenas Liso

iza Imagem

A Músculo Esquelético

Inserido nos ossos

servlulas se cilíndrica

núcleos periféricos em cada célula.

vimento do corpo; s olo voluntário

Tecido Muscular Local ção Ob

Estrutura am-se estrias. As ão grandes, longas

s, com vários Mo

Função

ob contr

B Músculo Cardíaco Coração

Observacélulas

icanúcleo centr

células encontram-se ligadas por junções de hiato denominadas discos

intercalares

Bombeia o san ntário

m-se estrias. As são cilíndricas e das com um único

alizado. As ramif

gue; sob controlo involu

C Músculo Liso

órgãos ocospele (inserinos pelos) e

glândulas

estrias, as células são fusiformes com um único

núcleo central

Regula o passagem de cont através de

tubos ou canais, controla a quantidade de luz, que entra no o linha”

na pe

Nas paredes dos , íris, do

Sem tamanho do órgão, força a

eúdos líquidos,

lho e produz a “pele de gale; sob controlo involuntário

ecido Nervoso T Caracterizado pela capacidade de c onduzir sinais eléctricos, denominados potenciais de acção.Localiza-se no Cérebro, Medula espinal, Nervos e é constituído por neurónios, que são responsáveis por esta capacidade condutora e que são suportados por células nevróglia ou glia, que alimentam, protegem e isolam o neurónio. Os neurónios (ou célula sã postos por 3 partes s nervosas) o com principais: - Corpo c ossui oelular: p núcleo - Dendritos: receptores de informação - Axónios: enviam informação Os neurónios que possuem: - Só 1 Axónio, são neurónios unipolares - 1 Dendrito +1 Axónio, são neurónios bipolares - Vários Dendritos + 1 Axónio, são neurónios Multipolares = = = >

15

Page 18: Sebenta Anatomia

2 – Suporte e Movimento Capítulo 6 – Sistema Esquelético: Histologia e Desenvolvimento Funções do Sistema Esquelético: Suporte, Protecção, Movimento, Armazenamento e Produção de elementos sanguíneos

Tendões e ligamentos: - Tendão: inserção de músculos nos ossos - Ligamento: fixam ossos a ossos

Tendões e ligamentos Semelhanças Diferenças (3)

São compostos por tecido conjuntivo denso regular, têm cor branca. Possuem fibras de Colagénio densamente compactadas.

As fibrilhas de Colagénio dos ligamentos são frequentemente menos compactas Algumas fibrilhas de muitos ligamentos são compactas Os ligamentos são geralmente mais planos

As células formadoras destes tecidos são os fibroblastos1. O crescimento de tendões e ligamentos verifica-se através de dois processos diferentes: Crescimento aposicional: A superfície de fibroblastos divide-se para produzir mais fibroblastos, que segregam matriz para o exterior das fibras existentes. Crescimento intersticial: fibrócitos proliferam e segregam matriz no interior do tecido.

Cartilagem Hialina É formada por uma rede de Colagénio (força) e proteoglicanos2 (resistência) que suporta a matriz, apresenta crescimento aposicional e intersticial e tem como função o desenvolvimento dos ossos. As células que produzem matriz nova de cartilagem mais desenvolvida denominam-se condroblastos3 Quando um condroblasto é envolvido pela matriz, torna-se um condrócito que ocupa as lacunas4

A cartilagem é rodeada por uma baínha de tecido conjuntivo de duas camadas, o Pericôndrio = = = => Este é constituído: - Camada externa constituída por tecido conjuntivo denso irregular que contém fibroblastos - Camada interna, mais delicada, com menos fibras e contém condroblastos, que produzem cartilagem nova - Vasos sanguíneos e nervos ocupam a camada externa do pericôndrio, mas não entram na matriz.

1 O fibroblasto torna-se um fibrócito quando se encontra completamente rodeado pela matriz. 2 Macromolécula que consiste em numerosos polissacáridos (cap.1) ligados a um núcleo proteico comum. Os proteoglicamos são responsáveis pelo armazenamento de água. 3 Chondros = cartilagem

164 Um espaço na matriz

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Osso Classificação dos ossos: Cada osso pode ser classificado de acordo com a sua forma em Longos, Curtos, Achatados (ou chatos) e Irregulares.

Anatomia do osso: Cada osso comprido (ou longo) em crescimento possui 3 componentes princpais - Diáfise: Forma o corpo do osso e é constituída por osso compacto - Placa epifisária: É constituida por cartilagem hialina e localiza-se entre epífise e diáfise - Epífise: Forma a extremidade do osso e é constituída por osso esponjoso. A superfície externa é composta por camada de osso compacto e superfície articular é coberta por cartilagem articular

(Distribuição num individuo adulto) Um osso é constituído por:

- Medula óssea: Divide-se em medula amarela e vermelha. = = = = = = > Medula amarela: Constituída essencialmente por tecido adiposo, encontra-se na diáfise dos ossos longos maduros

Medula vermelha: Função da formação de elementos sanguíneos, encontra-se nas epífises dos ossos longos maduros e na epífise e diáfise dos ossos dos recém-nascidos - Periósteo: Composto por duas camadas, a interna e a externa

Camada externa: Tecido conjuntivo denso fibroso irregular, que contém vasos sanguíneos e nervos

Camada interna: Formada por uma única camada de osteoblastos e alguns osteoclastos - Fibras perfurantes ou de Sharpey: Penetram o periósteo até parte exterior do osso e ajudam a fixação de tendões, ligamentos e periósteo ao osso - Endósteo: É formada por uma única camada de osteoblastos e osteoclastos, que reveste as cavidades internas dos ossos. Histologia do tecido ósseo Matriz óssea Está organizada em finas bainhas ou camadas, denominadas lamelas, constituídas por cerca de 35% material orgânico - Colagénio e 65% material inorgânico - hidroxiapatite5. A matriz óssea é produzida por osteoblastos. A partir do momento em que um osteoblasto fica rodeado por matriz é um osteócito. A matriz óssea e degrada pelos osteoclastos6

Osso esponjoso: É cosntituido por bastonetes ou placas ósseas denominadas trabéculas (do latim trave). Estas não têm vasos sanguíneos, estão orientadas ao longo das linhas de tensão do osso e têm uma camada de osteoblastos na sua superfície 5 Cristais de fosfato de cálcio 6 São células grandes com vários núcleos, que segregam ácido cítrico e láctico, que digere o Colagénio. Estas células desempenham um papel importante na remodelação óssea e na Homeostasia.

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Osso compacto: É mais denso e possui menos espaços que o osso esponjoso, têm vasos sanguíneos que penetram no osso, as lamelas, osteócitos e matriz estão orientados em seu torno. Os vasos que correm paralelos ao eixo do osso encontram-se dentro dos Canais de Havers. Os Canais de Havers são revestidos por endósteo e contém vasos sanguíneos, nervos e tecido conjuntivo laxo no seu interior. As lamelas concêntricas são camadas circulares de matriz em torno de um centro comum, o canal de Havers. Um sistema Haversiano consiste num canal de Havers, seus conteúdos e lamelas concêntricas associadas e osteócitos. Os osteóscitos recebem nutrientes e eliminam produtos de excreção através do sistema de canais no interior do osso compacto. Os vasos sanguíneos do periósteo ou do Endósteo entram no osso através dos canais perfurantes ou de Volkman. Os canais perfurantes ou de Volkman são perpendiculares ao longo eixo do osso e não se encontram rodeados por lamelas concêntricas. Os canais Haversianos recebem vasos sanguíneos dos canais de Volkman

Desenvolvimento dos ossos A Ossificação consiste na formação de osso pelos osteoblastos, que envolve dois passos: 1º Os prolongamentos citoplasmáticos dos osteoblastos estendem-se e unem-se a prolongamentos de outros osteoblastos 2º Os osteoblastos formam uma matriz óssea extracelular contendo principalmente hidroxipatite e colagénio. - Quando a matriz óssea se forma inicialmente durante o desenvolvimento fetal ou durante uma fractura, o osso resultante é denominado osso não laminar7. - Após formada, esta matriz óssea vai ser destruída pelos osteoclastos e uma nova matriz, denominada osso laminar8, é formada pelos osteoblastos, este processo é denominado remodelação.9

187 Osso não laminar - tem fibras de Colagénio orientadas em diversas direcções

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Ossificação membranosa (Ex.: clavícula e ossos do crânio) (pag.185) Ocorre a partir de membranas de tecido conjuntivo, as células não especializadas existentes no tecido vão transformar-se em osteoblastos. Há formação de osso não laminar em locais denominados de, núcleos de ossificação e a ossificação prossegue a partir dos núcleos, o osso originado é esponjoso. As células que se encontram nas trabéculas formam medula óssea vermelha As células que envolvem o osso dão origem ao periósteo Os osteoblastos em contacto com o periósteo formam osso compacto Ossificação encondral (Ex.: Maioria dos ossos do corpo e os da base do crânio ) [A] - Ocorre a partir de um "modelo" em cartilagem “Um molde cartilagíneo, rodeado por um Pericôndrio, é produzido condroblastos, que se tornam condrócitos10 envolvidos na matriz cartilagínea.” [B] - As células progenitoras formam osteoblastos e o Pericôndrio transforma-se em periósteo. “O Pericôndrio da diáfise torna-se periósteo e forma-se uma bainha ou manga óssea. Internamente os condrócitos atrofiam e forma-se cartilagem calcificada.” [C] - A primeira zona de ossificação, é a periférica que se denomina de baínha óssea, em simultâneo ocorre a mineralização da matriz entre as lacunas -cartilagem calcificada

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edula

“Um ponto principal de ossificação forma-se á medida que os vasos sanguínios e os osteoblastos invadem a cartilagem calcificada. Os osteoblastos depositam matriz óssea, formando osso esponjoso.” [D] - Forma-se osso esponjoso na diáfise - centro primário de ossificação, com a continuação da ossificação a baínha estende-se pela diáfise. “Continua o processo de formação de manga óssea, calcificação da cartilagem e produção de osso esponjoso. A cartilagem calcificada começa a formar-se na epífise.” Uma cavidade medular inicia a sua formação no centro da epífise. [E] - Os osteoclastos removem osso da diáfise para dar lugar à formação de móssea vermelha. Nos ossos longos o centro primário de ossificação está na diáfise enquanto que nas epífises se encontram os pontos secundários Na ossificação da epífise não há formação de medula vermelha “Pontos de ossificação secundários formam-se nas epífises de osso longos.”

8 Osso não laminar - As fibras estão organizadas para formar lamelas 9 Remodelação - converte osso não laminar em osso laminar. 10 Condrócitos – célula madura da cartilagem (do grego chondros = cartilagem + kytos = célula)

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Crescimento ósseo Ao contrário dos tendões, ligamentos e cartilagens, os ossos não podem ter crescimento intersticial. O crescimento dos ossos só pode ser aposicional (formação de um osso novo na sua superfície) ou encondral (crescimento da cartilagem, seguido da substituição da cartilagem pelo osso). Crescimento aposicional É responsável pelo aumento do diâmetro do osso. A camada de osteoblastos origina duas e a interna produz matriz No osso esponjoso é adicionada mais matriz à superfície das trabéculas No osso compacto há formação de mais lamelas

Crescimento encondral É responsável pelo aumento do comprimento dos ossos, este crescimento no interior da cartilagem articular é responsável pelo crescimento da epífise. Nos ossos longos o crescimento encondral da placa epifisária resulta no aumento da diáfise, Ex.: Crescimento do osseo em comprimento. “Num osso longo a cartilagem nova forma-se na placa epifisária da placa à mesma velocidade que o osso se forma na sua face diafisária. Consequentemente, a placa epifisária mantem a mesma espessura, mas o comprimento da diáfise aumenta”

Análise estrutural do osso Placa epifisária: Separa a epífise da diáfise dos ossos longos e está organizada em 4 zonas: - Zona de repouso da cartilagem: Localizada perto da epífise, apresenta condrócitos que não se dividem rapidamente - Zona de proliferação: Produzem nova cartilagem por crescimento intersticial e os condrócitos dividem-se e formam colunas - Zona de hipertrofia: Os condrócitos já existentes aumentam de tamanho e os condrócitos longe da zona de proliferação estão mais maduros e hipertrofiados - Zona de calcificação: É matriz fina e mineralizada, e os condrócitos estão mortos. Vista ao RX, aparece como uma linha radiotransparente entre a diáfise e a epífise A diáfise funde-se com as epífises entre os 12 e os 25 anos, esta fusão ocorre por ossificação da placa, à qual se passa a designar linha epifisária, nesse momento o crescimento ósseo cessou.

Cartilagem articular: Mantém-se na superfície articular dos ossos longos, não sofre ossificação e perde o pericôndrio.

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Factores que afectam o crescimento ósseo Nutricionais - Doença metabólica que afecte a velocidade de proliferação celular ou a produção de Colagénio - Carência de vitamina D, que causa deficiente absorção de cálcio que resulta em ossos pouco mineralizados originado raquitismo ou asteomalácia (ou “raquitismo adulto”). - Carência de vitamina C, que causa deficiente síntese de Colagénio, originando escorbuto

Hormonais - Hormona de crescimento do lobo anterior da hipófise aumenta o crescimento dos tecidos no geral - Hormona tiróide em falta diminui o tamanho do indivíduo - Hormonas sexuais aumentam o crescimento ósseo mas também o crescimento das placas epifisárias.

HOMEOSTASIA DO CÁLCIO O osso é o local de maior armazenamento de cálcio do corpo humano e o cálcio presente no osso está na forma de cristais, assim sendo quando os níveis séricos de cálcio: - Diminuem, os osteoclastos destroem osso - Aumentam os osteoblastos formam osso A hormona paratiróide (PTH) é a principal reguladora dos níveis séricos de cálcio ↓ Cálcio do sangue → ↑ PTH (Ex.: Tumor11) → ↑ osteoclastos ↑ Cálcio do sangue → ↓ PTH → ↑ osteoblastos ↑ Cálcio do sangue → ↑ Calcitonina → ↓ osteoclastos

Osteoporose: Frequente nas mulheres com idade superior a 40 anos, em que existe uma reabsorção óssea superior à formação, resultando em diminuição do tecido ósseo, pode levar à perda de ½ do tecido ósseo da mulher e ¼ do dos homens - Causas: ↓ Esterogénios (menopausa); ↓ Testosterona; ↓ consumo e absorção de cálcio, vitamina D e C; Pouco exercício físico - Tratamento: ↑ consumo de cálcio, vitamina C e D, exercício físico e esterogénios.

2111 Os tumores segregam grandes quantidades de PTH

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2 – Suporte e Movimento Capítulo 7 – Sistema Esquelético: Anatomia Geral Considerações Gerais: Nº total de ossos: 206

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Caixa Craniana

Função de protecção de órgãos: Olhos, Nariz, Língua, Local de implantação dentária

Parietal Direito

Temporal Direito

Osso Frontal Occipital

Esefenóide

Etmóide Maxila Direita Malar

Osso Hióide

Osso Hióide: (A -vista anterior; B - vista externa) - Osso ímpar - Não faz parte do crânio mas liga-se a este através de ligamentos e músculos - Está localizado na parte superior do pescoço.

Crânio

Vista de cima, observa-se o frontal, occipital e parietal = = = = = = = = = = => - A sutura sagital resulta da união entre os dois parietais - A sutura coronal entre os parietais e o frontal - A sutura lambdóide entre os parietais e o occipital

<=Vista posterior, observa-se a sutura lambdóide, o occipital, os parietais - Ocasionalmente formam-se ao longo da sutura lambdóide pequenos ossos supranumerários, chamados ossos Wormianos

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Vista lateral do crânio

Vista frontal do crânio

Ossos da Orbita Direita

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Ossos que constituem a Órbita =>

Ossos Parte da órbita Frontal Tecto

Esfenóide Tecto e Parede lateral Malar Parede lateral Maxila Pavimento

Lacrimal Parede interna Etmóide Parede interna Palatino Parede interna

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Ossos que formam a cavidade Nasal

Ossos Parte da cavidade Nasal Ossos Parte da cavidade Nasal Frontal Tecto Corneto Inferior Parede lateral Nasal Tecto Lacrimal Parede lateral

Esfenóide Tecto Maxilar Pavimento Etmóide Tecto, Septo e Parede lateral Palatino Pavimento e Parede lateral

Vómer Septo

A – Septo nasal visto da cavidade nasal esquerda B – Parede nasal lateral direita, vista do interior da cavidade nasal

Seios Perinasais

Seios Perinasais: Frontais, Etmoidais, Esfenoidais e Maxilares

.Vista Lateral Vista Frontal

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Pavimento da caixa Craniana (foi removido a abobada do crânio e o pavimento é visto pela sua face superior)

Vista inferior do Crânio

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Coluna vertebral

Está organizada em cinco regiões: Nº de ossos por grupos: Cervical 7 vértebras cervicais Dorsal 12 vértebras torácicas Lombar 5 vértebras lombares Sagrada 1 sacro Coccígea 1 cóccix

A coluna é constituída por 26 ossos no total Curvaturas da coluna vertebral, da criança ao adulto: - O feto só apresenta duas curvaturas. Coluna em forma de C. - Quando a criança levanta a cabeça forma-se uma curvatura anteriormente convexa. - Quando se consegue sentar, a porção lombar torna-se convexa

Existem portanto 4 curvaturas fisiológicas da coluna vertebral no adulto: - Curva cervical - anteriormente convexa - Curva torácica - anteriormente côncava - Curva lombar - anteriormente convexa - Curva sagrada - anteriormente côncava Com a idade e com alguns hábitos posicionais patológicos pode resultar em alterações nas curvaturas: - Lordose - curvatura convexa exagerada - Cifose - curvatura côncava exagerada - Escoliose - curvatura lateral exagerada

Funções da coluna vertebral: - Suporte do peso da cabeça e do tronco - Protecção da espinal-medula - Permite aos nervos raquidianos saírem na espinal-medula - É um local de inserção muscular - Permite o movimento da cabeça e do tronco

Constituição geral das vértebras: = = = = = = = = = > - Corpo - Arco - Pedículo - Lâmina - Apófise transversa - Apófise espinhosa - Apófise articular - Buraco vertebral

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É o corpo vertebral que suporta o peso m disco intervertebral

o entre os corpos vertebrais, e

lo arco vertebral

jacentes formam o canal vertebral

nga-se posteriormente a partir deste e

o pedículo encontra-se a apófise transversa, que se projecta

união das duas lâminas e projecta-se posteriormente ão

icular superior, da vértebra inferior

mbém a apófise articular superior e inferior

fise articular superior da vértebra subjacente

ta o peso m disco intervertebral

o entre os corpos vertebrais, e

lo arco vertebral

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nga-se posteriormente a partir deste e

o pedículo encontra-se a apófise transversa, que se projecta

união das duas lâminas e projecta-se posteriormente ão

icular superior, da vértebra inferior

mbém a apófise articular superior e inferior

fise articular superior da vértebra subjacente

- - Entre duas vértebras adjacentes existe u- Entre duas vértebras adjacentes existe u- Os discos proporcionam um suporte adicional e impedem o atrit- Os discos proporcionam um suporte adicional e impedem o atritsão formados por um anel fibroso e um núcleo pulposo, interior e gelatinoso. - A espinal-medula, localizada ao longo do buraco vertebral, está protegida pesão formados por um anel fibroso e um núcleo pulposo, interior e gelatinoso. - A espinal-medula, localizada ao longo do buraco vertebral, está protegida pee pela porção dorsal do corpo vertebral - Os buracos vertebrais das vértebras ade pela porção dorsal do corpo vertebral - Os buracos vertebrais das vértebras ad- O arco pode ser dividido em duas partes, uma direita e uma esquerda - O arco pode ser dividido em duas partes, uma direita e uma esquerda - Ambas são formadas por um pedículo e uma lâmina - Ambas são formadas por um pedículo e uma lâmina - O pedículo forma-se a partir do corpo e a lâmina prolo- O pedículo forma-se a partir do corpo e a lâmina proloune-se à lâmina do lado oposto - No local de união da lâmina comune-se à lâmina do lado oposto - No local de união da lâmina comlateralmente de cada lado do arco - A apófise espinhosa localiza-se nalateralmente de cada lado do arco - A apófise espinhosa localiza-se na- Os nervos raquidianos emergem da espinal-medula e passam pelos buracos de conjugaç- Os nervos raquidianos emergem da espinal-medula e passam pelos buracos de conjugaç- Estes orifícios resultam da justaposição das vértebras - Estes orifícios resultam da justaposição das vértebras - A chanfradura pedicular inferior, com a chanfradura ped- A chanfradura pedicular inferior, com a chanfradura pedformam o canal. - Encontramos taformam o canal. - Encontramos ta- Apresentam uma superfície lisa de articulação - Apresentam uma superfície lisa de articulação - A apófise articular inferior articula-se com a apó- A apófise articular inferior articula-se com a apó

Diferenças regionais nas vértebras

As vértebras têm uma configuração genérica semelhante existindo, no entanto, algumas - diferenças entre os vários grupos

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Vértebras cervicais

o as

- Apresentam corpos muito pequenos - As apófises espinhosas sãparcialmente bífid- Em cada apófise transversa existe umburaco transversário, por onde passa as artérias vertebrais.

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Atlas: Não apresenta corpo nem apófise espinhosa e tem grandes facetas articulares superiores, que se articula com os côndilos occipitais da base do Crâneo Áxis: A principal característica é a presença da apófise odontóide

Atlas Áxis Atlas/Axis

Vértebras torácicas: - Apresentam apófises espinhosas longas e finas que se dirigem para baixo - Apófises transversas compridas - As 10 primeiras apresentam facetas articulares para as tuberosidades das costelas localizadas nas apófises transversas - Nos bordos superior e inferior encontramos facetas para a cabeça das costelas

Vértebras lombares: => - Apresentam corpos largos e espessos - As apófises te espinhosas se rectangulares - As facetas art

ransversas ão fortes

iculares

com a

tas articulares

superiores estão convergentes umaoutra - As faceinferiores estão divergentes

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Page 32: Sebenta Anatomia

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értebras sagradas:V niram-se num osso único - o sacro

ormaram a crista sagrada

Podemos observar buracos sagrados anteriores e posteriores

po da primeira vértebra sagrada

- As cinco vértebras u- As apófises transversas uniram-se para formar as asas - As apófises das quatro primeiras vértebras uniram-se e f- No lugar da quinta existe o hiato sagrado - - O canal sagrado por onde se continua a espinal-medula - O promontório sagrado localiza-se na face anterior do cor

Cóccix:

ão mais inferior da

atro vértebras

rma de um triângulo

tam buracos

- É a porçcoluna vertebral - Formado por qufundidas - Tem a focom o vértice orientado inferiormente - Não apresenvertebrais nem apófises

Caixa torácica - É formada pelas vértebras torácica

ões e o coração

s, pelas costelas e pelo esterno - Forma uma estrutura protectora dos órgãos vitais tais como os pulm- Evita o colapso dos pulmões durante a respiração

Caixa torácica (ant.) Caixa torácica (post.)

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Costelas

- Temos 12 pares de costelas lam-se com as

no

são

( da 8ª à 12ª)chamamos de

10ª) unem-se

gnadas

são considerados osso longos e

rculo, Ângulo, Corpo e

s costelas articulam-se em diversos pontos:

- As 7 primeiras costelas articuvértebras torácicas e directamente com o ester- As 5 restantes articulam-se com as vértebras torácicas mas indirectamente com o esterno - As costelas verdadeiras ou vertebrosternaisas 7 superiores - Às restantes 5 costelas falsas ou vertebrocondrais - Da 5 restantes, as três 1ªs, (8ª, 9ª, ao esterno através de cartilagens costais - As 2 últimas (11ª e l2ª) costelas são deside flutuantes ou vertebrais porque só se articulam com as vértebras e apresentam a extremidade anterior livre - As costelas são formadas por: Cabeça, Colo, TubéExtremidade esternal A

s

o - articula-se com as apófises

e vai unir ao esterno

- Cabeça - articula-se com os corpos vertebraie com o disco vertebral - Tubércultransversas - Extremidade esternal - continua-se com a cartilagem costal que s

Esterno

- Osso ímpar - Formado por três partes: o manúbrio, o corpo e o apêndice xifoideu. - O manúbrio apresenta facetas articulares para a 1ª costela e para a clavícula - Na linha média do bordo superior do manúbrio encontramos a fúrcula esternal - O local de união do manúbrio com o corpo é designado de ângulo esternal - É no ângulo que se dá a articulação da 2ª costela - Da 3ª à 7ª costelas a cartilagem une-se à corpo - Não existe qualquer articulação com o apêndice xifoideu

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Esqueleto apendicular

- Formado pelos membros inferiores e superiores e pelas cinturas escapulares e pélvicas - As cinturas ligam os membros ao tronco

Membro superior: Cintura escapular: Também chamada de espádua, é constituída por dois ossos, Omoplata e Clavícula, que permitem a ligação e articulação do membro superior ao tronco.

Omoplata: (A - vista anterior e B – vista posterior) - É um osso par, achatado e triangular - O vértice do triângulo forma o ângulo inferior - A base forma o bordo superior - Temos o bordo externo ou axilar, o bordo interno ou espinhal - Podemos observar, na parte postero-externa, o acrómio que apresenta várias funções: Protecção da articulação, superfície articular para a clavícula e Inserção muscular. - A espinha da omoplata, presente na face posterior, extende-se do acrómio até ao bordo interno e divide a face em fossa supraespinhosa e fossa infraespinhosa. - Toda a face anterior se designa por fossa infraescapular. - Na porção antero-externa temos a apófise coracoideia, que é local de inserção muscular - Na face externa e superior do osso encontramos a cavidade glenoideia que é o local de articulação com o úmero - Podemos ainda observar no bordo superior a chanfradura coracoideia - Superiormente à cavidade glenoideia temos o tubérculo supraglenoideu e inferiormente a faceta infraglenoideia Clavícula: - Osso par e longo - Apresenta uma curvatura em S - A extremidade externa articula com o acrómio da omoplata - A extremidade interna articula com manúbrio esternal

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Braço: - É a parte do membro superior que vai do ombro ao cotovelo - Contém apenas o osso úmero - O úmero é um osso par e longo - Articula-se com a omoplata e com os ossos do antebraço (rádio e cúbito) Úmero: = = = = = = = = = = = => - A cabeça do úmero articula-se com a cavidade glenoideia da omoplata - O colo anatómico está localizado imediatamente a distal e forma os limites da cabeça - O colo cirúrgico encontra-se mais para distal

- Na face anterior podemos observar duas tuberosidades, em que ambas são locais de inserção muscular: o troquino e o troquiter. - Entre as duas tuberosidades encontramos a goteira bicipital, local de inserção do músculo bicípite - Localizada no corpo do osso temos a impressão deltoideia - É na extremidade inferior do úmero que se encontra a superfície articular para o rádio e cúbito. - A parte externa da superfície forma um côndilo e articula com o rádio - A parte interna forma uma tróclea e articula o cúbito - São locais de inserção muscular, o epicôndilo, que se encontra externo ao côndilo e a epitróclea que se localiza internamente à tróclea. - Na face anterior temos a fosseta radial e a coronoideia e na face posterior a fosseta olecraneana Antebraço: - Estende-se desde o cotovelo até ao punho, e éformado pelo rádio e cúbito - O rádio encontra-se no lado externo e o cúbito interno do antebraço - Ambos os ossos em proximal se articulam com o úmero e em distal com os ossos da mão Cúbito: - Osso par e longo - Na extremidade proximal/ vista anterior apresenta uma superfície articular em forma de C - grande cavidade sigmoideia ou incisura troclear - para a tróclea do úmero - Imediatamente abaixo encontramos a apófise coronoideia Rádio:- Na extremidade proximal do rádio temos a cabeça - A cabeça é côncava e articula-se com o côndilo do úmero - As paredes laterais da cabeça são lisas e articulam-se com a pequena chanfradura sigmoideia do cúbito - Na face posterior encontramos o olecrânio que é a tuberosidade que forma o cotovelo, o olecrânio é local de inserção muscular. - Na extremidade distal do cúbito há uma pequena cabeça para articular com o rádio e com os ossos do punho - No lado postero-interno da cabeça observa-se a apófise estiloideia - Quando se faz movimentos de supinação e pronação com o antebraço é a extremidade proximal do rádio que roda sobre o cúbito imóvel - Abaixo da cabeça temos uma zona de constrição denominada colo - Numa localização disto-interna do colo temos a tuberosidade bicipital - Na face externa da extremidade distal temos a apófise estiloideia

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Punho (zona de transição entre o antebraço e a mão): - É a zona localizada entre o antebraço e a mão - É formado por 8 ossos que constituem o carpo - Os ossos estão dispostos em duas filas de 4 - No conjunto os ossos são anteriormente côncavos e posteriormente convexos O carpo é constituido pelo: Pisiforme, Piramidal, Semilunar, Escafóide, Trapezóide, Trapézio, Unciforme e Grande osso

Mão (propriamente dita): - Formada pelos ossos metacárpicos e pelas falanges - Os ossos metacárpicos são cinco - Articulam-se com os ossos do carpo a proximal e com as falanges a distal - São numerados de 1 a 5, de radial para cubital - Os cinco dedos são formados por falanges - Podemos observar os ossos sesamóides - Com excepção do 1º dedo (ou polegar), todos os outros têm três falanges - Podemos designar as falanges por: 1ª -Proximal, profalange, I falange, falange 2ª -Média, mesofalange/II falange, falanginha 3ª -Distal, metafalange/ III falange, falangeta.

Membro inferior Cintura pélvica ou anca: = = = = = => - Formada por dois ossos ilíacos e um sacro - É o local de articulação do membro inferior com o tronco - Suporta o peso do corpo e protege órgãos internos - Protege o feto em desenvolvimento

Ilíaco - É formado pela fusão 3 ossos durante o desenvolvimento: ílion, ísquion e o púbis. - A fusão destes ossos localiza-se no acetábulo, onde se encontra a superfície articular para o fémur - O ílion tem uma posição anatómica superior e apresenta a crista ilíaca - A crista ilíaca termina anteriormente pela espinha ilíaca antero-superior e posteriormente pela espinha ilíaca postero-superior - A espinha ilíaca postero-superior é limitada pela grande chanfradura ciática, localizada no bordo posterior do ílion - O nervo ciático passa na chanfradura

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Ilíaco (vista interna) Ilíaco (face externa) - No bordo posterior podemos observar a superfície articular para o sacro para formar a articulação sacro-ilíaca - Na face interna temos a fossa ilíaca - O ísquion forma a porção mais inferior e posterior do ilíaco - Apresenta a tuberosidade isquiática, onde se inserem músculos da coxa - A púbis é a porção mais anterior e inferior do ilíaco - Apresenta a sínfise púbica, localizada na linha média e é o local de união com o ilíaco do lado oposto - Partindo do acetábulo e dirigindo-se para a sínfise temos a linha iliopectínea que termina anteriormente na crista pectínea

Bacia: = = = = = = = = = = = = = = = = = => - A bacia pode ser organizada em grande bacia/pelve e pequena bacia/pelve - A grande bacia localiza-se acima da linha imaginária que se origina no promontório sagrado e se prolonga pela linha iliopectínea até à crista pectínea, denominada de estreito superior da bacia - A pequena bacia é limitada superiormente pelo estreito superior da bacia e inferiormente pelo estreito inferior da bacia - O estreito inferior da bacia é limitado pelo cóccix, bordo inferior do púbis e bordo inferior da tuberosidade isquiática

Coxa: - Formada por um osso único: o fémur Fémur:

- Osso longo e par - Possui uma superfície articular para o ilíaco na sua extremidade proximal - Esta superfície tem uma forma arredondada e é designada por cabeça do fémur - Logo a distal da cabeça temos uma estreito ósseo designado de colo - Tanto o colo como a cabeça encontram-se num eixo oblíquo ao longo eixo do osso - Na extremidade proximal do longo eixo temos duas tuberosidades: Grande trocanter - externo ao colo / Pequeno trocanter - inferior e posterior ao colo

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- Na extremidade distal observamos duas superfícies de articulação com a tíbia - Estas são lisas e arredondadas - Denominam-se de côndilo interno e côndilo externo - Localizados proximalmente temos o epicôndilo interno e o epicôndilo externo - Entre os dois côndilos encontra-se a tróclea, que é o local de articulação com a rótula - Na face anterior observamos, entre os dois trocanteres, a linha intertrocanteriana - Na face posterior temos a crista intertrocanteriana a unir os dois trocanteres - Na face posterior do corpo do fémur podemos observar ao longo do mesmo a linha áspera, que se inicia a proximal na tuberosidade glútea - Esta mesma linha bifurca-se a distal em crista supracondiliana interna e externa - Entre as duas cristas temos a superfície popliteia - Entre os dois côndilos localiza-se a fossa intercondiliana Rótula: (zona do joelho, de transição entre a coxa e a perna) - Osso sesamóide par - Localizado no tendão do quadricípite femoral - Apresenta duas faces, uma anterior e uma posterior - A face posterior é lisa e articula-se com a face anterior da extremidade inferior do fémur

Perna: - Parte do membro inferior localizada entre o joelho e o tornozelo - É formada por dois ossos: tíbia e perónio

Tíbia: - Osso longo e par, localizado internamente ao perónio - Na face superior da extremidade superior da tíbia observamos as superfícies articulares para os côndilos do fémur, designadas de cavidades glenoideias da tíbia - As eminências intercondilianas localizam-se entre as cavidades - Na face anterior da extremidade superior temos a tuberosidade anterior da tíbia - Na face interna e externa temos, respectivemente, a tuberosidade interna e tuberosidade externa da tíbia - Na face anterior do corpo observamos a crista anterior da tíbia - Na extremidade inferior observamos o maléolo interno

Perónio: - Osso longo e par, localizado externamente à tíbia - Articula-se com a tíbia e com astrágalo - Apresenta na extremidade superior a cabeça do perónio, que articula com a tíbia - A extremidade inferior apresenta o maléolo externo, que se articula com a tíbia

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Tornozelo e Pé Tornozelo: - É formado por 7 ossos társicos: Cuneiforme interno, Cuneiforme intermédio, Cuneiforme externo, Cubóide, Escafóide, Calcâneo e o Astrágalo - O astrágalo articula-se com a tíbia e com o perónio e forma a articulação tibiotársica - O calcâneoforma o calcanhar e suporta o peso do corpo Pé: - É côncavo ventralmente - Os ossos metatársicos são numerados do lado interno para o externo, de Io a 5o - Também são formados por 3 falanges, excepto o dedo grande (só a I e a III.) - O 1ª dedo equivale ao polegar - É formado por: falange; falanginha; falangeta; I, II, III falange; falange proximal média e distal Pé (vista superior)

Pé (vista lateral)

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2 – Suporte e Movimento Capítulo 8 – Articulações e Biomecânica do Movimento Corporal Articulações - Classificação das articulações: Assinovais e Sinovais Assinoviais (3 tipos): - Não aderentes ou sindesmoses - Aderentes por bordos – têm 2 subtipos:

- Suturas - Sincondroses

- Aderentes por superfícies– têm 2 subtipos: - Planas ( sínfises ou anfiartroses) - Curvas (gonfoses ougonfartroses)

Sinoviais (6 tipos): - Planas ou artrodias - Em sela ou epifiartroses - Em roldana ou tróclea - Cilíndricas ou trocartroses - Esféricas ou enartroses - Elipsóides ou condilartroses

Articulações assinoviais: - Características gerais: - Consistem em 2 ossos - Aderem por meio de tecido conjuntivo fibroso ou cartilagíneo - Não têm cavidade articular - Apresentam pouco ou nenhum movimento - As suas superfícies articulares podem ser bordos, superfícies planas ou curvas - Características particulares: - Características das Articulações Não Aderentes (ou Sindesmoses): - As superfícies articulares encontram-se afastadas - Estão unidas através de ligamentos à distância ou por membranas interósseas - Existe algum movimento devido à flexibilidade dos ligamentos e membranas - Ex: sindesmose radiocubital e estilo-hioideu Características das Articulações Aderentes por bordos: Suturas: - Articulações completamente imóveis nos adultos - As superfícies de união interpenetram-se - Tecido entre os dois ossos é tecido conjuntivo denso regular - O periósteo prolonga-se sobre a articulação - Apresentam o ligamento sutural, formado pelo tecido conjuntivo e pelo periósteo - Na criança as superfícies articulares encontram-se separadas - Os bordos são locais de contínuo crescimento ósseo - Com a idade ocorre ossificação do tecido conjuntivo - Num adulto não ocorre a fusão das suturas coronal, sagital e lambdática do crâneo - A ossificação dos frontais ocorre logo após o nascimento - sinostose Sincondroses - União por meio de cartilagem hialina - São imóveis quando são temporárias, tal como as uniões dos ossos embrionários do ilíaco - Na sincondrose costoesternal existe um certo grau de movimento para os movimentos respiratórios - Mantêm-se durante toda a vida

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Características das Articulações Aderentes por superfície: Sínfises - Também designada de anfiartrose - Consiste em dois ossos de superfície plana unidos por fibrocartilagem - Algumas são articulações semi-móveis - Ex: junção do manúbrio com o corpo do esterno, sínfise púbica. • Gonfoses - Também designadas por gonfartroses - As superfícies articulares são curvas - Consistem em encaixes em cavidades - São mantidas no lugar por feixes de tecido conjuntivo regular colagénico - Apresentam mobilidade mínima - Ex: articulação dos dentes com os alvéolos

Articulações sinoviais: - Caracterizam-se por apresentar líquido sinovial no interior da cavidade articular - Esta característica permite uma grande amplitude de movimento da articulação - Encontram-se essencialmente no esqueleto apendicular - A cartilagem articular ou hialiana :cobre as superfícies ósseas das articulações sinoviais - Esta superfície macia diminui o atrito entre os ossos da articulação - Na articulação do joelho e da ATM existe uma estrutura fibrocartilagínea entre as duas cartilagens articulares - o Menisco - A envolver as superfícies articulares e o líquido sinovial encontra-se a cápsula articular - A cápsula articular é formada por duas camadas: uma cápsula fibrosa e uma membrana sinovial - A cápsula fibrosa é externa e a membrana sinovial interna e contacta directamente com o líquido sinovial - A cápsula fibrosa é uma continuação da camada fibrosa do periósteo - A membrana sinovial forra internamente a cápsula fibrosa mas não cobre as cartilagens articulares - É a membrana sinovial que produz o líquido sinovial - O líquido sinovial é lubrificante e escorregadio, características conferidas pelo ácido hialurónico - Em algumas articulações existe um prolongamento da membrana sinovial que se designa por bolsa A sua função é diminuir o atrito - Situações inflamatórias da bolsa designam-se por bursite - Estas situações levam a dor e limitação dos movimentos articulares - A nutrição da cartilagem é feita por uma rede de vasos sanguíneos que se encontra externa à articulação - A cartilagem articular pode ser nutrida pelo líquido sinovial e pelo próprio osso - Os nervos entram na cápsula e na membrana sinovial mas não na cartilagen nem na cavidade articular

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Tipos de articulações sinoviais: - A classificação deste tipo de articulações é feita de acordo com a forma das suas superfícies articulares. Existem 6 tipos de articulações sinoviais:

- Planas ou artrodias - Em sela ou apifiartroses - Em roldana ou trocleartroses

- Cilíndricas ou trocartroses - Esféricas ou enartroses - Elípticas ou condilartroses

Características particulares: - O movimento da articulação sinovial pode ser: Monoaxial, Biaxial ou Multiaxial

Articulações Planas: - Consistem em duas superfícies lisas opostas e de tamanho idêntico - São articulações monoaxiais - O movimento de rotação é limitado

- Ex: apófises articulares entre as vértebras

Articulações em sela: - Constituidas por duas superfícies articulares em forma de sela - As duas superfícies articulares estão orientadas perpendicularmente de forma a que se articulem - Apresentam movimentos biaxiais - Ex: articulação carpometacárpica do polegar

Articulações em roldana: - Formadas por um duplo cone de vértices internos e uma superfície côncava correspondente - São articulações monoaxiais - Ex: articulação do cotovelo e do joelho Articulações Cilíndricas: - Consiste numa apófise cilíndrica que roda num anel parcialmente de osso e de ligamento - São articulações monoaxiais - Só apresentam movimento de rotação em torno de um eixo - Ex: articulação da apófise odontóide de axis com o atlas Articulações Esféricas: - Consiste numa superfície articular em cabeça e outra onde se encaixa parte da cabeça - São articulações multiaxiais - Ex: articulação coxo-femural e articulação do ombro Articulações Elípticas: - São articulações esféricas modificadas - As sua superfície é mais próximo da forma elíptica que esférica - São articulações biaxiais - Ex: articulação atlantoccipital Movimentos das articulações:

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- É a estrutura da articulação e a forma como as suas superfícies articulares que condiciona os seus movimentos - A maioria dos movimentos apresenta um oposto Em relação à posição anatómica podemos ter:

- Movimento que se afasta da posição - Movimento que se aproxima Classificação dos movimentos: (Angulares,Circulares e Especiais) Movimentos angulares: - Uma parte da estrutura linear dobra-se sobre outra, modificando o ângulo entre as duas partes - Existe uma parte sólida e outra mais móvel Os movimentos angulares são: Flexão e extensão / Adução e Abdução Flexão e extensão - A flexão move uma parte do corpo numa direcção anterior ou ventral - A extensão move uma parte do corpo numa direcção posterior ou dorsal - Existe uma excepção: a articulação do joelho: Enquanto a flexão desloca a perna para posterior a extensão desloca-a para anterior - Os movimentos do pé que aproximam os dedos da perna são designados de flexão - A posição é a de andar com o calcanhar - Os movimentos do pé que afastam os dedos da perna são considerados de extensão - A posição é a de uma bailarina em pontas

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Abdução e adução: - Abdução é o movimento que afasta da linha média - Movimento de adução é aquele que aproxima da linha média - O movimento de afastar os braços é um movimento de abdução - O movimento de os colocar ao longo do corpo é um movimento de adução

Movimentos circulares:

- Consiste na rotação de uma estrutura em torno de um eixo ou no movimento em arco da estrutura Os movimentos circulares são: Rotação e Circundação Rotação: - Rodar de uma estrutura em torno de um eixo - Existe rotação externa e interna

- A rotação do antebraço é uma rotação composta por pronação e supinação - Prono significa deitar de cara para baixo - Na posição anatómica a pronação da mão volta a palma da mesma para posteior - Caso o cotovelo esteja flectido a palma da mão fica virada para baixo - Na supinação a palma da mão fica para anterior e se o cotovelo estiver flectido fica superior

Circundação: - Consiste no movimento que combina a flexão, extensão, abdução e adução - Ocorre nas articulações multiaxiais, tal como a articulação do ombro - Neste movimento o braço faz um movimento de cone com o vértice no ombro

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Movimentos especiais: - São movimentos que não se encaixam em nenhum dos anteriormente definidos - São exclusivos de uma determinada articulação Os movimentos especiais são: - Elevação e depressão - Projecção e retracção - Didução (ou lateralidade) - Oponência (do polegar) - Inversão e eversão Elevação e depressão (abaixamento) = = => - Elevação move uma estrutura para cima - Depressão move para baixo uma estrutura

Projecção e retracção - Projecção é o movimento que desloca uma estrutura no sentido anterior - Retracção é o movimento que desloca uma estrutura no sentido posterior - Ex: mandíbula

Didução (ou lateralidade) - Também designado de movimento de lateralidade - Designa o movimento da estrutura para a direita ou para a esquerda - É exclusivo da mandíbula - A lateralidade direita é contrária à esquerda

Oponência (do polegar) e retorno à posição neutra - É um movimento exclusivo do polegar em oposição aos restantes dedos

Inversão e Eversão - Inversão é o movimento do pé que coloca a sola do pé virada para a linha média (interna) - Eversão consiste no movimento do pé de forma a que a superfície plantar seja externa Movimentos combinados - A maioria dos movimentos que fazemos no nosso dia-a-dia é uma combinação dos movimentos de que falámos

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2 – Suporte e Movimento Braço: - É a parte do membro superior que vai do ombro ao cotovelo - Contém apenas o osso úmero - O úmero é um osso par e longo - Articula-se com a omoplata e com os ossos do antebraço (rádio e cúbito) Úmero: = = = = = = = = = = = => - A cabeça do úmero articula-se com a cavidade glenoideia da omoplata - O colo anatómico está localizado imediatamente a distal e forma os limites da cabeça - O colo cirúrgico encontra-se mais para distal

- Na face anterior podemos observar duas tuberosidades, em que ambas são locais de inserção muscular: o troquino e o troquiter. - Entre as duas tuberosidades encontramos a goteira bicipital, local de inserção do músculo bicípite - Localizada no corpo do osso temos a impressão deltoideia - É na extremidade inferior do úmero que se encontra a superfície articular para o rádio e cúbito. - A parte externa da superfície forma um côndilo e articula com o rádio - A parte interna forma uma tróclea e articula o cúbito - São locais de inserção muscular, o epicôndilo, que se encontra externo ao côndilo e a epitróclea que se localiza internamente à tróclea. - Na face anterior temos a fosseta radial e a coronoideia e na face posterior a fosseta olecraneana Antebraço: - Estende-se desde o cotovelo até ao punho, e éformado pelo rádio e cúbito - O rádio encontra-se no lado externo e o cúbito interno do antebraço - Ambos os ossos em proximal se articulam com o úmero e em distal com os ossos da mão Cúbito: - Osso par e longo - Na extremidade proximal/ vista anterior apresenta uma superfície articular em forma de C - grande cavidade sigmoideia ou incisura troclear - para a tróclea do úmero - Imediatamente abaixo encontramos a apófise coronoideia Rádio:- Na extremidade proximal do rádio temos a cabeça - A cabeça é côncava e articula-se com o côndilo do úmero - As paredes laterais da cabeça são lisas e articulam-se com a pequena chanfradura sigmoideia do cúbito - Na face posterior encontramos o olecrânio que é a tuberosidade que forma o cotovelo, o olecrânio é local de inserção muscular. - Na extremidade distal do cúbito há uma pequena cabeça para articular com o rádio e com os ossos do punho - No lado postero-interno da cabeça observa-se a apófise estiloideia - Quando se faz movimentos de supinação e pronação com o antebraço é a extremidade proximal do rádio que roda sobre o cúbito imóvel - Abaixo da cabeça temos uma zona de constrição denominada colo - Numa localização disto-interna do colo temos a tuberosidade bicipital - Na face externa da extremidade distal temos a apófise estiloideia

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Punho (zona de transição entre o antebraço e a mão): - É a zona localizada entre o antebraço e a mão - É formado por 8 ossos que constituem o carpo - Os ossos estão dispostos em duas filas de 4 - No conjunto os ossos são anteriormente côncavos e posteriormente convexos O carpo é constituido pelo: Pisiforme, Piramidal, Semilunar, Escafóide, Trapezóide, Trapézio, Unciforme e Grande osso

Mão (propriamente dita): - Formada pelos ossos metacárpicos e pelas falanges - Os ossos metacárpicos são cinco - Articulam-se com os ossos do carpo a proximal e com as falanges a distal - São numerados de 1 a 5, de radial para cubital - Os cinco dedos são formados por falanges - Podemos observar os ossos sesamóides - Com excepção do 1º dedo (ou polegar), todos os outros têm três falanges - Podemos designar as falanges por: 1ª -Proximal, profalange, I falange, falange 2ª -Média, mesofalange/II falange, falanginha 3ª -Distal, metafalange/ III falange, falangeta.

Membro inferior Cintura pélvica ou anca: = = = = = => - Formada por dois ossos ilíacos e um sacro - É o local de articulação do membro inferior com o tronco - Suporta o peso do corpo e protege órgãos internos - Protege o feto em desenvolvimento

Ilíaco - É formado pela fusão 3 ossos durante o desenvolvimento: ílion, ísquion e o púbis. - A fusão destes ossos localiza-se no acetábulo, onde se encontra a superfície articular para o fémur - O ílion tem uma posição anatómica superior e apresenta a crista ilíaca - A crista ilíaca termina anteriormente pela espinha ilíaca antero-superior e posteriormente pela espinha ilíaca postero-superior - A espinha ilíaca postero-superior é limitada pela grande chanfradura ciática, localizada no bordo posterior do ílion - O nervo ciático passa na chanfradura 34

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Ilíaco (vista interna) Ilíaco (face externa) - No bordo posterior podemos observar a superfície articular para o sacro para formar a articulação sacro-ilíaca - Na face interna temos a fossa ilíaca - O ísquion forma a porção mais inferior e posterior do ilíaco - Apresenta a tuberosidade isquiática, onde se inserem músculos da coxa - A púbis é a porção mais anterior e inferior do ilíaco - Apresenta a sínfise púbica, localizada na linha média e é o local de união com o ilíaco do lado oposto - Partindo do acetábulo e dirigindo-se para a sínfise temos a linha iliopectínea que termina anteriormente na crista pectínea

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Bacia: = = = = = = = = = = = = = = = = = => - A bacia pode ser organizada em grande bacia/pelve e pequena bacia/pelve - A grande bacia localiza-se acima da linha imaginária que se origina no promontório sagrado e se prolonga pela linha iliopectínea até à crista pectínea, denominada de estreito superior da bacia - A pequena bacia é limitada superiormente pelo estreito superior da bacia e inferiormente pelo estreito inferior da bacia - O estreito inferior da bacia é limitado pelo cóccix, bordo inferior do púbis e bordo inferior da tuberosidade isquiática

Coxa: - Formada por um osso único: o fémur Fémur:

- Osso longo e par - Possui uma superfície articular para o ilíaco na sua extremidade proximal - Esta superfície tem uma forma arredondada e é designada por cabeça do fémur - Logo a distal da cabeça temos uma estreito ósseo designado de colo - Tanto o colo como a cabeça encontram-se num eixo oblíquo ao longo eixo do osso - Na extremidade proximal do longo eixo temos duas tuberosidades: Grande trocanter - externo ao colo / Pequeno trocanter - inferior e posterior ao colo

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- Na extremidade distal observamos duas superfícies de articulação com a tíbia - Estas são lisas e arredondadas - Denominam-se de côndilo interno e côndilo externo - Localizados proximalmente temos o epicôndilo interno e o epicôndilo externo - Entre os dois côndilos encontra-se a tróclea, que é o local de articulação com a rótula - Na face anterior observamos, entre os dois trocanteres, a linha intertrocanteriana - Na face posterior temos a crista intertrocanteriana a unir os dois trocanteres - Na face posterior do corpo do fémur podemos observar ao longo do mesmo a linha áspera, que se inicia a proximal na tuberosidade glútea - Esta mesma linha bifurca-se a distal em crista supracondiliana interna e externa - Entre as duas cristas temos a superfície popliteia - Entre os dois côndilos localiza-se a fossa intercondiliana Rótula: (zona do joelho, de transição entre a coxa e a perna) - Osso sesamóide par - Localizado no tendão do quadricípite femoral - Apresenta duas faces, uma anterior e uma posterior - A face posterior é lisa e articula-se com a face anterior da extremidade inferior do fémur

Perna: - Parte do membro inferior localizada entre o joelho e o tornozelo - É formada por dois ossos: tíbia e perónio

Tíbia: - Osso longo e par, localizado internamente ao perónio - Na face superior da extremidade superior da tíbia observamos as superfícies articulares para os côndilos do fémur, designadas de cavidades glenoideias da tíbia - As eminências intercondilianas localizam-se entre as cavidades - Na face anterior da extremidade superior temos a tuberosidade anterior da tíbia - Na face interna e externa temos, respectivemente, a tuberosidade interna e tuberosidade externa da tíbia - Na face anterior do corpo observamos a crista anterior da tíbia - Na extremidade inferior observamos o maléolo interno

Perónio: - Osso longo e par, localizado externamente à tíbia - Articula-se com a tíbia e com astrágalo - Apresenta na extremidade superior a cabeça do perónio, que articula com a tíbia - A extremidade inferior apresenta o maléolo externo, que se articula com a tíbia 36

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Tornozelo e Pé Tornozelo: - É formado por 7 ossos társicos: Cuneiforme interno, Cuneiforme intermédio, Cuneiforme externo, Cubóide, Escafóide, Calcâneo e o Astrágalo - O astrágalo articula-se com a tíbia e com o perónio e forma a articulação tibiotársica - O calcâneoforma o calcanhar e suporta o peso do corpo Pé: - É côncavo ventralmente - Os ossos metatársicos são numerados do lado interno para o externo, de Io a 5o - Também são formados por 3 falanges, excepto o dedo grande (só a I e a III.) - O 1ª dedo equivale ao polegar - É formado por: falange; falanginha; falangeta; I, II, III falange; falange proximal média e distal Pé (vista superior)

Pé (vista lateral)

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2 – Suporte e Movimento Capítulo 8 – Articulações e Biomecânica do Movimento Corporal Articulações - Classificação das articulações: Assinovais e Sinovais Assinoviais (3 tipos): - Não aderentes ou sindesmoses - Aderentes por bordos – têm 2 subtipos:

- Suturas - Sincondroses

- Aderentes por superfícies– têm 2 subtipos: - Planas ( sínfises ou anfiartroses) - Curvas (gonfoses ougonfartroses)

Sinoviais (6 tipos): - Planas ou artrodias - Em sela ou epifiartroses - Em roldana ou tróclea - Cilíndricas ou trocartroses - Esféricas ou enartroses - Elipsóides ou condilartroses

Articulações assinoviais: - Características gerais: - Consistem em 2 ossos - Aderem por meio de tecido conjuntivo fibroso ou cartilagíneo - Não têm cavidade articular - Apresentam pouco ou nenhum movimento - As suas superfícies articulares podem ser bordos, superfícies planas ou curvas - Características particulares: - Características das Articulações Não Aderentes (ou Sindesmoses): - As superfícies articulares encontram-se afastadas - Estão unidas através de ligamentos à distância ou por membranas interósseas - Existe algum movimento devido à flexibilidade dos ligamentos e membranas - Ex: sindesmose radiocubital e estilo-hioideu Características das Articulações Aderentes por bordos: Suturas: - Articulações completamente imóveis nos adultos - As superfícies de união interpenetram-se - Tecido entre os dois ossos é tecido conjuntivo denso regular - O periósteo prolonga-se sobre a articulação - Apresentam o ligamento sutural, formado pelo tecido conjuntivo e pelo periósteo - Na criança as superfícies articulares encontram-se separadas - Os bordos são locais de contínuo crescimento ósseo - Com a idade ocorre ossificação do tecido conjuntivo - Num adulto não ocorre a fusão das suturas coronal, sagital e lambdática do crâneo - A ossificação dos frontais ocorre logo após o nascimento - sinostose Sincondroses - União por meio de cartilagem hialina - São imóveis quando são temporárias, tal como as uniões dos ossos embrionários do ilíaco - Na sincondrose costoesternal existe um certo grau de movimento para os movimentos respiratórios - Mantêm-se durante toda a vida 38

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Características das Articulações Aderentes por superfície: Sínfises - Também designada de anfiartrose - Consiste em dois ossos de superfície plana unidos por fibrocartilagem - Algumas são articulações semi-móveis - Ex: junção do manúbrio com o corpo do esterno, sínfise púbica. • Gonfoses - Também designadas por gonfartroses - As superfícies articulares são curvas - Consistem em encaixes em cavidades - São mantidas no lugar por feixes de tecido conjuntivo regular colagénico - Apresentam mobilidade mínima - Ex: articulação dos dentes com os alvéolos

Articulações sinoviais: - Caracterizam-se por apresentar líquido sinovial no interior da cavidade articular - Esta característica permite uma grande amplitude de movimento da articulação - Encontram-se essencialmente no esqueleto apendicular - A cartilagem articular ou hialiana :cobre as superfícies ósseas das articulações sinoviais - Esta superfície macia diminui o atrito entre os ossos da articulação - Na articulação do joelho e da ATM existe uma estrutura fibrocartilagínea entre as duas cartilagens articulares - o Menisco - A envolver as superfícies articulares e o líquido sinovial encontra-se a cápsula articular - A cápsula articular é formada por duas camadas: uma cápsula fibrosa e uma membrana sinovial - A cápsula fibrosa é externa e a membrana sinovial interna e contacta directamente com o líquido sinovial - A cápsula fibrosa é uma continuação da camada fibrosa do periósteo - A membrana sinovial forra internamente a cápsula fibrosa mas não cobre as cartilagens articulares - É a membrana sinovial que produz o líquido sinovial - O líquido sinovial é lubrificante e escorregadio, características conferidas pelo ácido hialurónico - Em algumas articulações existe um prolongamento da membrana sinovial que se designa por bolsa A sua função é diminuir o atrito - Situações inflamatórias da bolsa designam-se por bursite - Estas situações levam a dor e limitação dos movimentos articulares - A nutrição da cartilagem é feita por uma rede de vasos sanguíneos que se encontra externa à articulação - A cartilagem articular pode ser nutrida pelo líquido sinovial e pelo próprio osso - Os nervos entram na cápsula e na membrana sinovial mas não na cartilagen nem na cavidade articular 39

Page 53: Sebenta Anatomia

Tipos de articulações sinoviais: - A classificação deste tipo de articulações é feita de acordo com a forma das suas superfícies articulares. Existem 6 tipos de articulações sinoviais:

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- Planas ou artrodias - Em sela ou apifiartroses - Em roldana ou trocleartroses

- Cilíndricas ou trocartroses - Esféricas ou enartroses - Elípticas ou condilartroses

Características particulares: - O movimento da articulação sinovial pode ser: Monoaxial, Biaxial ou Multiaxial

Articulações Planas: - Consistem em duas superfícies lisas opostas e de tamanho idêntico - São articulações monoaxiais - O movimento de rotação é limitado

- Ex: apófises articulares entre as vértebras

Articulações em sela: - Constituidas por duas superfícies articulares em forma de sela - As duas superfícies articulares estão orientadas perpendicularmente de forma a que se articulem - Apresentam movimentos biaxiais - Ex: articulação carpometacárpica do polegar

Articulações em roldana: - Formadas por um duplo cone de vértices internos e uma superfície côncava correspondente - São articulações monoaxiais - Ex: articulação do cotovelo e do joelho

Articulações Cilíndricas: - Consiste numa apófise cilíndrica que roda num anel parcialmente de osso e de ligamento - São articulações monoaxiais - Só apresentam movimento de rotação em torno de um eixo - Ex: articulação da apófise odontóide de axis com o atlas

Articulações Esféricas: - Consiste numa superfície articular em cabeça e outra onde se encaixa parte da cabeça - São articulações multiaxiais - Ex: articulação coxo-femural e articulação do ombro Articulações Elípticas: - São articulações esféricas modificadas - As sua superfície é mais próximo da forma elíptica que esférica - São articulações biaxiais - Ex: articulação atlantoccipital

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Movimentos das articulações: - É a estrutura da articulação e a forma como as suas superfícies articulares que condiciona os seus movimentos - A maioria dos movimentos apresenta um oposto Em relação à posição anatómica podemos ter:

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- Movimento que se afasta da posição - Movimento que se aproxima Classificação dos movimentos: (Angulares, Circulares e Especiais) Movimentos angulares: - Uma parte da estrutura linear dobra-se sobre outra, modificando o ângulo entre as duas partes - Existe uma parte sólida e outra mais móvel Os movimentos angulares são: Flexão e extensão / Adução e Abdução Flexão e extensão - A flexão move uma parte do corpo numa direcção anterior ou ventral - A extensão move uma parte do corpo numa direcção posterior ou dorsal - Existe uma excepção: a articulação do joelho: Enquanto a flexão desloca a perna para posterior a extensão desloca-a para anterior - Os movimentos do pé que aproximam os dedos da perna são designados de flexão - A posição é a de andar com o calcanhar - Os movimentos do pé que afastam os dedos da perna são considerados de extensão - A posição é a de uma bailarina em pontas

Page 55: Sebenta Anatomia

Abdução e adução: - Abdução é o movimento que afasta da linha média - Movimento de adução é aquele que aproxima da linha média - O movimento de afastar os braços é um movimento de abdução - O movimento de os colocar ao longo do corpo é um movimento de adução

Movimentos circulares:

- Consiste na rotação de uma estrutura em torno de um eixo ou no movimento em arco da estrutura Os movimentos circulares são: Rotação e Circundação Rotação: - Rodar de uma estrutura em torno de um eixo - Existe rotação externa e interna

- A rotação do antebraço é uma rotação composta por pronação e supinação - Prono significa deitar de cara para baixo - Na posição anatómica a pronação da mão volta a palma da mesma para posteior - Caso o cotovelo esteja flectido a palma da mão fica virada para baixo - Na supinação a palma da mão fica para anterior e se o cotovelo estiver flectido fica superior

Circundação: - Consiste no movimento que combina a flexão, extensão, abdução e adução - Ocorre nas articulações multiaxiais, tal como a articulação do ombro - Neste movimento o braço faz um movimento de cone com o vértice no ombro

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Movimentos especiais: - São movimentos que não se encaixam em nenhum dos anteriormente definidos - São exclusivos de uma determinada articulação Os movimentos especiais são: - Elevação e depressão - Projecção e retracção - Didução (ou lateralidade) - Oponência (do polegar) - Inversão e eversão Elevação e depressão (abaixamento) = = => - Elevação move uma estrutura para cima - Depressão move para baixo uma estrutura

Projecção e retracção - Projecção é o movimento que desloca uma estrutura no sentido anterior - Retracção é o movimento que desloca uma estrutura no sentido posterior - Ex: mandíbula

Didução (ou lateralidade) - Também designado de movimento de lateralidade - Designa o movimento da estrutura para a direita ou para a esquerda - É exclusivo da mandíbula - A lateralidade direita é contrária à esquerda

Oponência (do polegar) e retorno à posição neutra - É um movimento exclusivo do polegar em oposição aos restantes dedos

Inversão e Eversão - Inversão é o movimento do pé que coloca a sola do pé virada para a linha média (interna) - Eversão consiste no movimento do pé de forma a que a superfície plantar seja externa Movimentos combinados - A maioria dos movimentos que fazemos no nosso dia-a-dia é uma combinação dos movimentos de que falámos

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Descrição das articulações corporais principais: Articulação temporomandibular (ou ATM), Articulação do ombro, Articulação da anca, Articulação do joelho, Articulação do tornozelo ATM - Articulação temporomandibular:

- A mandíbula articula-se com osso temporal - O côndilo mandibular encaixa-se na cavidade glenoideia do temporal - Esta articulação apresenta, no interior da cápsula articular, um menisco - Esta fibrocartilagem divide a articulação em cavidade superior e inferior - Esta articulação designa-se de bicondilomeniscartrose conjugada, Bicondilo (2 côndilos) + Meniscartrose (é uma condilartrose que apresenta um menisco) + Conjugada (movimentos de uma são sempre acompanhados pela outra) - Em todos os movimentos o menisco acompanha a trajectória condiliana. - Alterações da posição do menisco condicionam a amplitude dos movimentos. Os movimentos da articulação são: Abertura e fecho ou abaixamento e elevação, Projecção e retracção e Didução ou lateralidade direita e esquerda

Articulação do ombro: (ver outras imagens da página 264)

- Também designada de articulação escapulo umeral - É uma articulação esférica, que apresenta grande mobilidade e pouca estabilidade. - A cabeça do úmero articula-se com a cavidade glenóideia do úmero - Esta cavidade é pouco profunda, permitindo assim uma grande variedade de movimentos. - Apresenta movimentos de flexão, extensão, abdução, adução, rotação e circundação - O debrum glenoideu é um anel de fibrocartilagem que cobre parcialmente a cavidade glenoideia - Observa-se a presença das bolsas infra-acromial ou sub-deltoideia e da subescapular - Estas bolsas abrem para a cavidade articular - Esta articulação é mantida no lugar através de ligamentos e músculos, estes puxam a cabeça do úmero na direcção superior e interna para a cavidade glenoideia da omoplata

- Os ligamentos que posicionam a articulação são 4 ligamentos mais 1 tendão: Ligamento gleno-umeral: Tem 3 feixes: superior, médio e inferior e está localizado no lado anterior da cápsula e insere-se na cabeça do úmero e dirige-se para o bordo anterior da cavidade glenoideia Ligamento umeral transverso: Cruza entre o troquino e o troquiter e está localizado no lado lateral-anterior da cápsula e contém o tendão do bicípite, mantendo-o no lugar contra a goteira bicipital Ligamento coraco-glenoideu (ou acromial): Também designado por ligamento coraco-acromial, é um ligamento acessório que passa por cima da articulação. Insere-se na apófise coracoideia e dirige-se para o acrómio Ligamento coraco-umeral: Insere-se na apófise coracoideia e dirige-se para o colo do úmero e cruza anteriormente a cápsula Tendão do bicipite braquial: Atravessa a cápsula articular e fixa-se no tubérculo supra-glenoideu

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Articulação da anca: (ver outras imagens da página 265)

- Também designada de articulação coxo-femural - As duas superficies de articulação são a cabeça do fémur e o acetábulo do ilíaco - A acentuar o rebordo da articulação existe o debrum cotiloideu, que é um cordão fibrocartilaginoso - Esta articulação é capaz de um grande leque de movimentos, tais como: Flexão, extensão, abdução, adução, circundação e rotação. - A cápsula articular é reforçada por ligamentos e extende-se desde o rebordo cotiloideu até ao colo do fémur. - Os 5 ligamentos que posicionam a articulação da anca são:

- Lig. Transverso do acetábulo: Cruza a chanfradura isquiopúbica no bordo inferior do acetábulo - Lig. Iliofemural: Estende-se desde a espinha ilíaca antero-inferior à linha intertrocanteriana - Lig. Pubofemoral: Estende-se desde a porção púbica do debrum cotiloideu à porção inferior do colo do fémur - Lig. Isquiofemoral: Localizado posteriormente à articulação. Estende-se desde a porção púbica do acetábulo à porção superior do colo do fémur - Ligamento redondo: Estende-se desde a fóvea capital da cabeça do fémur até ao debrum cotiloideu e ligamento transverso do acetábulo. Apresenta uma pequena artéria no seu interior para nutrir a cabeça do fémur

Articulação do tornozelo - Também designada por articulação tibiotársica - A tíbia, o perónio e o astrágalo formam a articulação - É classificada de tróclea altamente modificada - O maléolo interno da tíbia e o externo do perónio formam protecções da articulação - Movimentos articulares: extensão, flexão, inversão e eversão - Existe uma cápsula e ligamentos para fortalecer a articulação, os ligamentos do tornozelo são: - Ligamento lateral interno: Está localizado na face interna da articulação e origina-se no maléolo interno da tíbia e dirige-se para o calcâneo, astrágalo e escafóide - Ligamento lateral externo: É constituido por dois feixes: - Feixe peronio-calcaneano: Independente da cápsula e origina-se no maléolo externo e termina na superfície lateral do calcâneo - Feixe peronio-astragaliano: ÉFundido com a cápsula e origina-se no maléolo externo e termina no corpo do astrágalo.

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Articulação do joelho: (ver outras imagens da página 266) - É uma articulação troclear entre o fémur e a tíbia, define-se bicondiliana. - Movimentos articulares: flexão, extensão e rotação (pouco) - Os dois côndilos da extremidade inferior do fémur são as superfícies articulares deste mesmo osso - Na tíbia temos as superfícies articulares na extremidade proximal - cavidades glenoideias - Nas superfícies articulares da tíbia encontramos meniscos de forma semilunar, que acentuam a concavidade da superfície - A articulação do joelho é posicionada por ligamentos e complementada por bolsas, os ligamentos que posicionam a articulação do joelho são: Asas da rótula: Estende-se dos bordos da rótula às tuberosidades dos côndilos femurais Ligamento rotuliano: Localizado na face anterior da articulação, estende-se desde a rótula à tuberosidade anterior da tíbia e faz parte do tendão do quadricípite Ligamento popliteu oblíquo: É um espessamento da cápsula, localiza-se na face posterior da articulação e cruza a articulação. Ligamento popliteu arqueado: Localiza-se na face posterior da articulação e estende-se desde a cabeça do perónio à cápsula fibrosa Ligamento lateral interno: Localizado do lado interno da articulação, estende-se desde a tuberosidade do côndilo interno do fémur ao bordo interno da tíbia Ligamento lateral externo: Localizado no lado externo da articulação. Estende-se desde a tuberosidade do côndilo externo do fémur à cabeça do perónio Ligamento cruzado anterior: Estende-se desde a porção antero-interna da espinha da tíbia, dirige-se posterior, superior e obliquamente até à face interna do côndilo femural externo Ligamento cruzado posterior: Estende-se desde a porção posterior da espinha da tíbia, dirige-se anterior e superiormente, até à face externa do côndilo interno do fémur Ligamento coronal: Liga os meniscos aos côndilos tibiais Ligamento transverso: Liga as porções anteriores dos meniscos interno e externo Ligamento meniscofemoral: Existem dois: um anterior e um posterior. Ligam a parte posteior do menisco externo ao côndilo interno do fémur. Um cruza anteriormente o ligamento cruzado posterior e outro posteiormente

Bolsas: Existem várias bolsas na articulação do joelho, são elas: Fundo de saco subquadricipital, Popliteia, Dos gémeos, Pré-rotuliana subcutânea, Infra-rotuliana subcutânea e Infra-rotuliana profunda. Articulação do joelho (fémur + tíbia) Tíbia Bolsas

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2 – Suporte e Movimento Capítulo 10 - Sistema Muscular: Histologia e Fisiologia Musculo esquelético: Estrutura: São fibras musculares esqueléticas associadas a tecido conjuntivo vasos e nervos As fibras musculares esqueléticas são células esqueléticas, cada fibra é uma célula cilíndrica única com diversos núcleos à periferia, junto à membrana Os mioblastos são as células embrionárias das fibras musculares, apresentam multiplos núcleos que resultam da fusão de várias células precursoras. O estímulo que transforma estas células em mioblastos é a presença de proteínas contrácteis no seu citoplasma - A alteração do tamanho dos músculos após o nascimento resulta de um aumento do tamanho das fibras e não do aumento do seu número - As fibras musculares apresentam um aspecto estriado, resultante da alternância das bandas claras e escuras - O tamanho da fibra muscular varia de acordo com o tamanho do próprio músculo - Temos fibras com comprimento de 1 a 40 mm e diâmetro de 10 a 100 jim - As fibras musculares de um determinado músculo têm todas têm um tamanho aproximado

Tecido conjuntivo (Estrutura Muscular Esquelética) Lâmina externa: envolve cada fibra muscular, é composta por fibras reticulares e é produzida pela fibra muscular. Sarcolema: é a membrana celular da fibra muscular, esta é difícil de distinguir da lâmina externa Endomísio: Rede de tecido conjuntivo laxo, que apresenta fibras reticulares, esta envolve cada fibra muscular e localiza-se por fora da lâmina externa. Perimísio: Formado por tecido conjuntivo, envolve um conjunto de fibras e respectivo endomísio. Feixe muscular: Designa um conjunto de firbras envolvidas pelo seu perimísio Epimísio: É formado por tecido conjuntivo denso fibroso e colagénico, é uma camada que envolve vários feixes que formam o músculo. Fascia: Tecido conjuntivo fibroso, localizado fora do epimísio, que separa os músculos entre si. Pode envolver grupos musculares. - Todos estes componentes se continuam uns com os outros Fibras musculares: Os núcleos das fibras musculares encontram-se à periferia, imediatamente por baixo do sarcolema, o interior da fibra está preenchida por miofibrilhas. Entre as miofibrilhas estão organelos Sarcolema: É o citoplasma sem as miofibrilhas Miofibrilhas: Estrutura filamentosa com um diâmetro aproximado de 1 a 3 µm. Estende-se de uma extremidade do músculo à outra. São formadas por dois tipos de filamentos proteícos chamados miofilamentos - Miofilamentos de actina (ou miofilamentos finos): Diâmetro: 8 nm; Comprimento: 1000 nm - Miofilamentos de miosina (ou miofilamentos grossos): Diâmetro: 12 nm; Comprimento: 1800 nm

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Sarcómeros: Os miofilamentos estão organizados em sarcómeros, estes juntam-se topo a topo para formar as miofibrilhas, é o arranjo dos miofilamentos que dá um aspecto estriado à miofibrilha. O sarcómero é a unidade entre duas linhas Z consecutivas A linha Z é formada por uma rede de proteínas em forma de disco, é nesta linha que se unem os miofilamentos de actina. - Banda I ou isotrópica ou banda clara: Engloba a linha Z e estende-se de cada lado da linha Z até aos miofilamentos de miosina - Banda A ou anisotrópica ou banda escura: O seu comprimento é o dos miofilamentos de miosina. Nas extremidades da banda A os miofilamentos de actina e miosina sobrepõem-se. - Zona H: Zona estreita composta exclusivamente por miofilamentos de miosina, no meio desta zona encontra-se uma linha escura, linha M. - Linha M: Esta linha mantém os miofilamentos de miosina no lugar

O Miofilamento de actina composto por: - Duas cadeias de actina fibrosa (ou actina F) - Moléculas de tropomiosina - Moléculas de troponina - As duas cadeias de actina F enrolam-se em dupla hélice, que se extende a todo o comprimento do miofilamento. - Cada cadeia de actina F é formada por inúmeras unidades globulares designadas de monómeros de actina globular ou actina G - Cada actina G tem um local de ligação para a miosina durante a contracção muscular - Entre a dupla hélice da actina F encontramos a tropomiosina - Cada molécula de tropomiosina cobre 7 locais activos de actina G Troponina, formada por 3 subunidades: Uma que se liga à actina, Uma que se liga à tropomiosina e outra que se liga a iões de cálcio. - As moléculas de troponina dispersam-se entre as cadeias de actina F - O complexo tropomiosina e troponina regulam a interação entre os locais activos da actina g e da miosina - Os miofilametos de miosina são compostos por muitas moléculas alongadas de miosina Molécula de miosina: Tem forma de taco de golfe e compõem-se de duas partes, um corpo e uma dupla cabeça. Todos os corpos estão juntos e dispõem-se paralelamente. - As duplas cabeças estendem-se lateralmente e o local de ligação entre a cabeça e o corpo é flexível e que se dobra durante a contracção muscular - Na dupla cabeça da molécula de miosina existe ATPase, enzima que converte ATP em energia, e uma proteína para promover a ligação com moléculas de actina - Designa-se de ponte à combinação das cabeças da miosina com os locais da actina - Na zona H não ocorre formação de pontes porque só é formada pelos corpos da miosina e não pelas cabeças

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Túbulos T e retículo sarcoplasmático Túbulos T: Também designados de transversais, regularmente dispostos. Projectam-se para dentro das fibras musculares e enrolam-se em torno dos sarcómeros, no local de sobreposicão dos dois filamentos O lúmen do túbulo está preenchido por líquido extracelular Retículo sarcoplasmático: é um retículo endoplasmático liso suspenso no sarcoplasma entre os túbulos T - As cisternas terminais são dilatações do retículo sarcoplasmático existentes perto dos túbulos T - A tríade é formada por um túbulo T e as duas cisternas terminais adjacentes - É no lúmen que é armazenado o cálcio, que foi transportado pelo retículo sarcoplasmático vindo do sarcoplasma Teoria do deslizamento dos filamentos - Durante a contracção muscular ocorre o deslizamento dos filamentos de actina sobre os de miosina - Não há encurtamento dos filamentos - O que encurta é o sarcómero - Esta contracção resulta da ligação das cabeças dos filamentos de miosina com os locais activos das moléculas de actina G - Na estrutura do sarcómero a banda I e a zona H tornam-se mais estreitas - Banda I - só apresenta actina - Zona H - só apresenta miosina - A banda A mantém-se inalterada - Banda A - apresenta actina e miosina - Na contracção as linhas Z aproximam-se e o sarcómero encurta

Fisiologia das fibras do músculoesquelético: - São as células nervosas que regulam a função das fibras nervosas - As células nervosas são os neurónios motores - O neurónio ramifica-se e cada ramo atinge uma fibra muscular - A zona de "união" do neurónio com a fibra designa-se de sinapse neuromuscular

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Sinapse neuromuscular - Formada pela terminação nervosa que se aloja numa invaginação do sarcolema - A terminação nervosa designa-se de terminal pré-sináptico - À membrana da célula muscular na zona da junção chamamos de membrana pós-sináptica - Ao espaço existente entre os dois chamamos de fenda sináptica - No terminal pré-sináptico encontramos vesículas sinápticas que apresentam no seu interior acetilcolina (neurotransmissor) - Um neurotransmissor é uma substância que é libertada na fenda sináptica através de vesículas existentes no terminal pré-sináptico e que estimula a membrana pós-sináptica Sequência de acontecimentos: - Potencial de acção atinge terminal pré-sináptico - Abertura dos canais de cálcio da membrana - Entrada de cálcio para o terminal pré-sináptico - Cálcio estimula a fusão das vesículas sinápticas - Libertação de acetilcolina para a fenda sinaptica - Acetilcolina liga-se à membrana pós-sináptica - Ocorre abertura dos canais de sódio - Há entrada de sódio no terminal pós-sináptico - Há produção de um potencial de acção - A acetilcolina que foi libertada na fenda é degradada pela enzima acetilcolinesterase, esta enzima degrada a acetilcolina em colina e ácido acético. É importante a sua função porque impede que a acetilcolina se mantenha na fenda e esteja constantemente a estimular o terminal pós-sináptico. - Assim sendo um potencial de acção pré-sináptico produz apenas um potencial de acção pós-sináptico

Potencial de acção - O mecanismo pelo qual o potencial de acção leva à contracção da fibra muscular designa-se de acopolamento excitação contração - O potencial de acção que atingiu o terminal pós-sinaptico propaga-se por todo o sarcolema - Ao atingir os túbulos T, ocorre despolarização - A despolarização é levada até ao interior da fibra muscular - Nas tríades, a despolarizaçõa leva à abertura de canais com portão de voltagem de cálcio - O cálcio é transportado para o interior do retículo sarcoplasmático - Em repouso a concentração de cálcio é 2000x maior no interior do retículo que no sarcoplasma - Quando é necessário o cálcio para a contração muscular, este sai do retículo para o sarcoplasma - Os iões de cálcio ligam-se à troponina (dos filamentos de actina) - Este é o estímulo para que o complexo troponina-tropomiosina se altere e exponha os locais activos da actina G - Estes locais são o elo de ligação com as cabeças dos miofilamentos de miosina - É esta ponte formada entre os dois miofilamentos que condiciona a contração muscular, em que a actina se desloca sobre a miosina - Após a contração muscular, a cabeça do filamento de miosina solta-se do local activo da actina, voltando ao seu lugar, estando assim pronto para outra contracção

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Fenda sináptica

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Necessidades energéticas da contracção muscular - Para a ligação, movimento e libertação da cabeça do miofilamento de miosina é necessária uma molécula de ATP - A molécula de ATP encontra-se na cabeça da molécula de miosina - ATPase transforma ATP em ADP + P - Durante a contracção muscular ocorrem muitos ciclos de ligação, movimento e libertação dos miofilamentos - Quando o potencial de acção atinge a fibra muscular, ocorre libertação de cálcio do retículo sarcoplasmático. Sequência de acontecimentos - Degradação de ATP em ADT + P - O cálcio libertado pelo retículo sarcoplasmático liga-se à troponina - Há exposição dos locais activos da actina G - Ocorre ligação da cabeça da miosina com o local activo da actina - O grupo fosfato é libertado - Movimento da cabeça de miosina - Libertação do ADP - Uma nova molécula de ATP liga-se à cabeça da miosina - Desdobramento de ATP em ADP + P - Retorno da cabeça de miosina à posição inicial

Contracção muscular - No músculo esquelético existe uma organização em unidades motoras - A unidade motora é formada por um neurónio motor e por todas as fibras musculares que este inerva Fases da Contracção muscular: - Fase de lactência: Periodo de tempo que decorre desde a aplicação do estímulo até ao início da contracção muscular - Fase de encurtamento: Periodo de tempo durante o qual ocorre contracção - Fase de relaxação: Periodo de tempo durante o qual ocorre relaxamento

Tipos de contração muscular: - Contracções isométricas: Ocorre aumento da tensão muscular, o comprimento muscular mantém-se. - Contrações isotónicas: A tensão muscular mantém-se durante a contracção, o comprimento muscular varia - Contrações concêntricas: Ocorre alongamento e encurtamento do músculo, á medida que o músculo encolhe a tensão aumenta - Contrações excêntricas: A tensão é mantida quando o músculo aumenta de comprimento - Tónus muscular: Tensão constante de um músculo durante um período de tempo alargado Fadiga - Fadiga é a diminuição da capacidade de efectuar determinado trabalho - Pode ocorrer em três locais: sistema nervoso, junção neuro-muscular e músculo - Fadiga psicológica: sistema nervoso - Fadiga muscular: falta de energia no músculo (ATP) - Fadiga sináptica: Forma menos comum, ocorre quando há potenciais de acção com muita frequência. A acetilcolina libertada pelos potenciais de acção é superior à que o organismo tem capacidade de produzir. Pode acontecer no exercício intenso 52

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Respiração anaeróbia - A respiração anaeróbia dá-se na ausência de oxigénio - Ocorre desdobramento de 1 molécula de glucose em 2 de ATP e 2 de ácido láctico - O ácido láctico é originado no ácido pirúvico - O ácido pirúvico é produzido na aeróbia - O ácido láctico, ao contrário do ácido pirúvico, entra na circulação sanguínea - A respiração anaeróbia é menos eficiente que a respiração aeróbia mas mais rápida - Permite esforço físico intenso por 1 a 3 minutos - O tempo está limitado pela deposição de ácido láctico nas fibras musculares

Respiração aeróbia - Para a respiração aeróbia é necessário oxigénio - A glucose é desdobrada em ATP, dióxido de carbono e água - A respiração aeróbia é muito mais eficiente que a respiração anaeróbia - Na respiração anaeróbia por cada molécula de glucose são produzidas duas de ATP - Em contrapartida, na respiração aeróbia, por cada molécula de glucose são produzidas até 38 moléculas de ATP - Na respiração aeróbia são usadas outras fontes de energia, tais como, ácidos gordos e aminoácidos - O ácido pirúvico é metabolisado nas mitocôndrias dando origem a ATP, CO2 e H2O - Este tipo de respiração é + eficaz para esforços longos, mas a produção de ATP é + lenta.

Carência de oxigénio: - Diferença entre a quantidade de oxigénio necessária para a respiração aeróbia durante a actividade muscular e a quantidade realmente usada - Para compensar esta carência o ritmo do metabolismo aeróbio permanece elevado mesmo depois de terminado o esforço - Este metabolismo aumentado renova as fontes de energia e repõe os níveis de ATP - O ácido láctico é convertido em ácido pirúvico e depois em glucose e os níveis de glicogénio são repostos

Fibras lentas e fibras rápidas Existem dois tipos de fibras musculares - Fibras lentas: Contraem lentamente e são mais resistentes à fadiga - Fibras rápidas: Contraem mais rapidamente e não são tão resistentes à fadiga

Fibras musculares lentas (ou intensamente oxidativas): - Contraem-se mais lentamente, têm um diâmetro menor,têm irrigação sanguínea mais desenvolvida, apresentam mais mitocôndrias e são mais resistentes. - Em tecidos com este tipo de fibras o principal meio de síntese de ATP é a respiração aeróbia. Estas fibras apresentam mioglobina1

Fibras musculares rápidas - Também designadas de fracamente oxidativas - Apresentam moléculas de miosina que desdobram o ATP mais rapidamente - Isto permite que as pontes entre os dois miofilamentos se formem mais depressa - Músculos que apresentem estas fibras têm uma rede sanguínea pouco desenvolvida - Os músculos de contracção rápida apresentam menos mioglobina e mitocôndrias - Estes apresentam muito glicogénio e estão bem adaptados ao metabolismo anaeróbio - Estes músculos apresentam uma resposta rápida mas cansam-se rapidamente

1 Mioglobina: pigmento vermelho que fixa o oxigénio, actuando como reservatório, este pigmento reforça a capacidade da célula para o metabolismo aeróbio.

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Distribuição fibras musculares - A distribuição das fibras musculares lentas e rápidas está relacionada com a função do músculo em causa - Nos músculos que têm necessidade de esforços intensos mas rápidos, predominam as fibras rápidas - As fibras lentas predominam em músculos com capacidade de esforços suaves e longos - Os músculos que apresentam fibras rápida são mais esbranquiçados devido à falta de irrigação sanguínea e de mioglobina - A carne branca (galinha) é composta por fibras rápidas - Músculos com melhor irrigação e mioglobina são mais escuros No ser humano esta distinção não é tão notória: - Todos os músculos apresentam os dois tipos de fibras, noentanto alguns músculos apresentam maior percentagem de um tipo que de outro - Nos músculos posturais predominam as fibras lentas - No membro superior são as fibars rápidas que melhor se adaptam à função - A distribuição varia de indivíduo para indivíduo, conferindo assim capacidades diferentes - Um corredor de 100 m tem maior percentagem de fibras rápidas nos seus músculos das pernas, enquanto que o da maratona terá maior percentagem de fibras lentas

Exercício físico - O exercício físico não pode alterar o tipo de fibras musculares, ou seja, não pode converter fibras rápidas em lentas e vice-versa - Com o exercício pode estimular mais um tipo de fibras e menos o outro, tudo depende do tipo de exercício - Um exercício físico que seja aeróbio aumenta a vascularização e estimula as fibras lentas - Um exercício anaeróbio faz aumentar a força e a massa muscular potenciando as fibras rápidas - Os músculos de contracção rápida treinados tornam-se resistentes à fadiga - É a estimulação que desenvolve o músculo - Músculos muito estimulados aumentam de tamanho e apresentam maior força, estão hipertrofiados - Ao contrário, músculos que não são estimulados ou treinados sofrem atrofia, exemplo dos músculos dos idosos ou dos casos em que há imobilização (fractura)

Músculo liso: Características: Células com um comprimento de 15 a 200 µm e diâmetro de 5 a 10 µm, que têm a forma de um fuso com núcleo no centro da célula. - Apresenta menos miofilamentos de actina e miosina que o músculo esquelético e os miofilamentos não estão organizados em sarcómeros, não é um tecido estriado - As células do músculo liso apresentam filamentos não contrácteis, os filamentos intermédios, estes ligam-se aos corpos densos presentes nas células e à membrana citoplasmática. O complexo filamento intermédio/ corpos densos forma o citoesqueleto intracelular - Aos filamentos intermédios liga-se a actina - Ausência de túbulos T - Retículo sarcoplasmático menos abundante - Apresenta na superfície celular invaginações denominadas de cavernas - O cálcio necessário entra na célula vindo do líquido extracelular - Apresenta uma contracção mais lenta - No músculo liso o cálcio entra na célula e liga-se a uma proteína, a calmodulina - Ao ligar-se, esta proteína activa uma enzima, a miosina quinase, e esta enzima que vai degradar o ATP e fornecer um P à miosina para ocorra a ligação com a actina. - A miosina fosfatase corta a ligação do P ao miofilamento de miosina

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- Tipos de músculo liso: Músculo liso unitário, Músculo liso multi-unitário Músculo liso unitário - Também designado de músculo liso visceral, é mais comum que o multi-unitário - Forma túnicas envolvendo órgãos - Encontra-se no tubo digestivo, reprodutor e urinário - Pode ser auto-rítmico e/ou estimulado - O tubo digestivo é auto-rítmico mas a bexiga não - Apresenta muitas fendas sinápticas - As células todas funcionam como uma unidade única Músculo liso multi-unitário - Pode ser encontrado sob a forma de túnicas, camadas, pequenos feixes ou como células isoladas - Apresenta poucas fendas sinápticas e cada célula é uma unidade independente Propriedades eléctricas do musculo liso: - O músculo liso não responde aos potenciais de acção segundo a lei do tudo ou nada - Vários potenciais de acção podem resultar numa única contracção - Após a contracção segue-se um período de relaxação lenta - No útero, ureta e tubo digestivo há potenciais de acção gerados espontaneamente - Existem células nestes casos designadas de pace-makers que têm a capacidade de gerar potenciais de acção - As hormonas também se podem ligar a canais de cálcio da membrana, promovendo assim a entrada de cálcio e resultar numa contracção Propriedades funcionais: - Contracções auto-rítmicas - Contrair-se em resposta a um brusco estiramento - Tensão constante por longo período de tempo mesmo com aumento gradual do comprimento - Amplitude de contracção permanece constante apesar de variar o comprimento - As células adaptam-se mal ao metabolismo anaeróbio - Não se desenvolve carência de oxigénio - A fadiga é rápida na carência de oxigénio Regulação: - Apresenta uma regulação involuntária - É inervado pelo sistema nervoso autónomo - As hormonas também regulam a sua acção - A adrenalina é capaz de estimular e inibir alguns dos músculos lisos - A ocitocina estimula o músculo liso do útero, especialmente durante o parto - As histaminas e as prostaglandinas também infuenciam o funcionamento do músculo liso

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2 – Suporte e Movimento Capítulo 11 – Sistema Esquelético: Anatomia Geral

Movimentos: grupos musculares - Flexão: Músculos anteriores profundos do pescoço - Extensão: Músculos da nuca - Rotação e abdução – músculos laterais e posteriores do pescoço - Esternocleidomastoideu: Músculo lateral do pescoço com Contracção unilateral (Rotação para lado oposto) e Contracção simultânea (Flexão da cabeça) 56

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Músculos da mímica: Auricular; Bucinador; Supraciliar; Triangular dos lábios; Quadrado do mento; Canino; Levantador do lábio superior; Levantador comum do lábio superior e da asa do nariz; Levantador da pálpebra superior; Borla do mento; Nasal; Occipitofrontal; Orbicular das pálpebras; Orbicular dos lábios; Subcutâneo do pescoço; Piramidal do nariz

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Músculos mastigadores: Temporal ; Masseter; Pterigoideu interno; Pterigoideu externo.

Músculos da língua: A língua é formada por músculos intrínsecos e extrínsecos, ao todo são 17 os músculos da língua. - Os músculos extrínsecos movem a língua e os músculos intrínsecos alteram a sua forma.

Músculos do pescoço: Anterior

Posterior

Posterior

Músculos supra/infra-hioideus: Supra-hioideus: Digástrico; Genio-hioideu; Milo-hioideu; Estilo-hioideu Infra-hioideus: Omo-hioideu; Esterno-hioideu; Esterno-tiroideu; Tiro-hioideu

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Músculos do tronco: - Função: Extensão da coluna, Abdução da coluna, Rotação da coluna - Dois grupos: superficiais e profundos Os músculos profundos estendem-se de vértebra para vértebra Os músculos superficiais estendem-se de vértebras para costelas

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Músculos que actuam na coluna vertebral: -Massa comum

- Iliocostal lombar - Iliocostal dorsal - Iliocostal cervical

- Pequeno complexo - Transversário do pescoço - Longo dorsal do tórax - Espinhais - Interespinhosos - Intertransversnsversários - Pequeno psoas - Semi-espinhosos

~

Músculos da respiração:

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Músculos parede abdominal: Grandes rectos do abdómen; Grande oblíquo do abdómen; Pequeno oblíquo do abdómen; Transverso do abdómen; Quadrado dos lombos Função: - Flexão e rotação da coluna - Quando a coluna está fixa, diminuem o volume da cavidade abdominal e torácica - Podem ajudar na respiração forçada, vómito, defecação, micção e parto. - Linha branca: Estende-se do apêndice xifoideu até ao púbis, passando pelo umbigo - É desprovida de músculos Pontos fracos da parede abdominal: - Triângulo de J.L.Petit - Quadrilátero de Grynfeltt - Trajecto inguinal - Linha branca - Umbigo - Linha semi-lunar de Spigel

Músculos que actuam na omoplata:

- Angular da omoplata - Pequeno peitoral - Rombóides -

Grande dentado (dentado anterior) - Subclávio - Trapézio

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Músculos que actuam no braço: Coracobraquial; Deltóide; Grande dorsal; Grande peitoral; Grande redondo; Infra-espinhoso; Infra-escapular; Supra-espinhoso; Pequeno redondo Grande peitoral: Flexor – braço estendido; Extensor – braço flectido Deltóide: Flexor – fibras anteriores; Extensor – fibras posteriores; Abdução – fibras laterais Músculos da manga ou Coifa de rotadores: Função de sustentação da cabeça do úmero na cavidade glenóideia da omoplata

Músculos que Flexão Extensão Abdução Adução Rotação

Interna Externa Deltóide X X X X X

Grande Peitoral X X X X Pequeno Peitoral

Bicípite X Grande Dorsal X X X X

Tricípite X X Supra

-espinhoso X

Infra -espinhoso

X X

Grande Redondo

X X X

Pequeno Redondo

X X X

Músculos do braço: - Bicípite braquial - Braquial anterior - Tricípite braquial

Músculos do braço / antebraço:

Músculos do braço:

- Bicípite braquial - Braquial anterior - Tricipite braquial Músculos do antebraço: - Ancónio - Longo supinador - Quadrado pronador - Redondo pronador

Movimentos do antebraço - Flexão: Braquial anterior; Bicípite braquial; Longo supinador - Extensão: Tricípite braquial; Ancónio - Supinação: Bicípite braquial; Curto supinador - Pronação: Quadrado pronador; Redondo pronador

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Músculos superficiais do antebraço que actuam na mão A: - Redondo pronador - Grande palmar; - Pequeno Palmar - Cubital anterior B: - Longo supinador - Flexor comum superficial dos dedos Músculos profundos do antebraço que actuam sobre o punho C: - Curto supinador; - Longo flexor do polegar - Flexor comum profundo dos dedos - Quadrado pronador

D: - Extensor comum dos dedos - Extensor próprio do dedo mindinho - Cubital posterior

Músculos da mão: - Músculos intrínsecos - Palmares médios - Thenares - Hipothenares Movimentos do punho/ dedos da mão - Flexão: Músculos anteriores do antebraço (ex.: Grande palmar e cubital anterior) - Extensão: Músculos posteriores do antebraço, Longo radial, curto radial e cubital posterior - Abdução e abdução dos dedos: Músculos intrínsecos da mão

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Músculos posteriores da anca:

Músculos anteriores da anca:

Músculos Posteriores da coxa: Movimentos da coxa: - Flexão: Músculos anteriores (Ilíaco e grande psoas ) - Extensão: Músculos posterolaterais (Glúteos e tensor da fascia lata) - Rotadores externos: Músculos profundos (Gémeos, obturadores, quadrado crural) - Adutores: Músculos internos

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Músculos da perna (ant. e lat.) Movimentos da perna: - Extensão: Músculos anteriores da coxa (Quadricípite crural e costureiro) - Flexão: Músculos posteriores da coxa (Bicípite crural, Semitendinoso) - Adução: Músculos internos da coxa (Adutores, recto interno e pectíneo)

Músculos da perna (post.)

Músculos do pé:

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Movimentos do pé: - Flexão do pé e extensão dos dedos: Músculos anteriores da perna - Extensão do pé: Músculos posteriores superficiais da perna - Extensão e inversão do pé e flexão dos dedos: Músculos posteriores profundos da perna - Eversão do pé: Músculos externos da perna - Extensão, flexão, abdução e adução do pé: Músculos intrínsecos do pé Tendão de Aquiles: Constituído pela união de diversos tendões - Músculos superficiais posteriores: Gémeos, Solhar, Plantar delgado - O tendão comum insere-se no calcâneo.

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Parte 3 – Sistemas de Integração e Movimento Capítulo 13 – Sistema Nervoso central: Encéfalo e Medula Espinhal Sistema nervoso - O sistema nervosos central: porção intra craniana e porção extra craniana. - O encéfalo é a porção intra craniana e está organizado em várias secções cada qual com funções específicas, este é formado por: Cérebro, Diencéfalo (tálamo e hipotálamo), Mesencéfalo, Protuberância anular ou ponte, Bulbo e Cerebelo.

Cérebro: - Constitui a porção de maiores dimensões do encéfalo - É formado por 2 hemisférios, a hemisfério esquerdo e direito estão separados ela fenda inter-hemisférica - A sua superfície apresenta numerosas pregas que se denominam circunvoluções - Estas pregas são limitadas por sulcos - Existem sulcos muito profundos que se designam de regos - Rego central ou de Rolando divide o hemisfério em circunvolução pré e pós-rolândica - Cada hemisfério está dividido em lobos - A designação do lobo é feita de acordo com o osso craniano lhe é adjacente - Lobos: Frontal, Parietal, Occipital, Temporal, Opérculo frontoparietal - O cérebro é formado por substância branca e substância cinzenta - A substância cinzenta cobre toda a superfície externa do cérebro e denomina-se córtex - Esta substância acompanha todos os sulcos e circunvoluções - No interior profundo do cérebro observamos pequenas "ilhas" de substância cinzenta, designada de núcleos da base - A restante parte é formada por substância branca - A sua constituição permite a comunicação entre os dois hemisférios e entre partes separadas do mesmo hemisfério - A substância branca está organizada em 3 tipos de fibras: Fibras de associação, Fibras comissurais e Fibras de projecção Cérebro - córtex cerebral - É no córtex cerebral que se localizam áreas funcionais, as áreas sensoriais primárias são zonas de recepção das vias sensoriais e cada área é específica para determinada sensação ou função - Áreas sensoriais primárias: Área do gosto, Córtex olfactivo, Córtex auditivo primário, Córtex visual - Áreas de associação ou secundárias: Área somestésica secundária, Área visual secundária, Área auditiva secundária. - Todas as áreas estão interligadas entre si, permitindo acções mais complexas - A área da linguagem está localizada no córtex esquerdo - Neste processo estão envolvidas 2 áreas: a área de Wernicke e a área de Broca - A primeira tem um papel fundamental na compreensão - A área de Broca é considerada como a coordenadora de acções necessárias para o processo da fala 64

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- Áreas envolvidas no processo de reprodução oral de uma palavra ouvida: - Córtex auditivo primário - recepção - Área auditiva secundária - reconhecimento - Área de Wernicke - compreensão - Área de Broca - formulação da palavra - Área pré-motora - programação movimentos - Córtex motor primário - geração movimentos

Núcleos da base - São núcleos de substância cinzenta - Localizados na porção mais inferior do cérebro - Relacionados funcionalmente - Estão ligados ao córtex cerebral, com o qual interagem - Têm um papel importante na organização e coordenação dos movimentos e postura

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Cerebelo - Também designado de cérebro pequeno - Está localizado na zona occipital do crânio - Apresenta substância branca com núcleos e córtex cinzentos - É constituído por 3 partes: Lobo floculonodular, Vermis, Hemisférios laterais Tronco cerebral - É uma porção do encéfalo - Constituída por: Bulbo, Ponte e Mesencéfalo - É um importante meio de conexão do cérebro com a medula espinhal - É responsável por funções vitais - Lesão no tronco cerebral com frequência leva à morte - É o local de origem da maioria dos nervos cranianos

Bulbo - Constitui a porção mais inferior do tronco cerebral - Continua-se inferiormente com a medula espinhal - Apresenta núcleos de substância cinzenta - Na face anterior encontramos 2 pirâmides - Estas são aglumerados de feixes nervosos descendentes - Na sua extremidade inferior estas vão cruzar - Formam uma estrutura semelhante a um X - Lado direito do cérebro controla lado esquerdo do corpo, e vice-versa - As olivas são duas saliências ovais localizadas na face anterior, lateral e superiormente às pirâmides - É no bulbo que se localizam os núcleos de alguns nervos craneanos (V, IX, X, XI, XII) - É uma via de condução de feixes nervosos ascendentes e descendentes - Alguns reflexos são controlados no bulbo e influenciam mecanismos como: tosse, espirro, vómito, respiração, deglutição...

Ponte ou protuberância - É a porção do tronco cerebral localizada logo acima do bulbo - É também uma via para nervos descendentes e ascendentes - Apresenta alguns núcleos na sua face anterior - Estes funcionam como transmissores de informação do cérebro para o cerebelo - Na porção posterior encontramos núcleos de nervos craneanos (V, VI, VII, VIII, IX) - Apresenta também centros respiratórios e do sono

Mesencéfalo - É a porção mais pequena do tronco cerebral - Está localizada acima da ponte - Apresenta núcleos de pares craneanos (/III, IV, V) - É formado por: um tecto, uma porção posterior e uma porção anterior - No tecto localizam-se os tubérculos quadrigémeos (visão e audição)

Substância reticular - Dispersa por todo o tronco cerebral - É constituida por núcleos - Responsável pela recepção dos neurónios aferentes da face - Estes neurónios são importantes no despertar e na manutenção da consciência - A substância reticular está envolvida no ritmo do 66

sono e vigília

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Nervos Craneanos - Existem 12 pares de nervos craneanos - Estão numerados de I a XII - Foram enumerados do mais anterior para o mais posterior - Funções principais: Sensorial ou sensitiva, Motora e Parassimpática - Os nervos com função sensorial ou sensitiva estão associados à visão, ao tacto e à dor - A função motora controla os músculos esqueléticos - A função parassimpática regula glândulas, músculos viscerais e cardíaco

I - Nervo olfactivo - É o responsável pelo sentido do olfacto - As suas terminações atingem a mucosa da cavidade nasal - Apresenta uma função essencialmente sensorial, permitindo a percepção dos cheiros

II - Nervo óptico - As suas terminações atingem os globos oculares - Formam uma estrutura designada de Quiasma óptico - Tem uma função sensorial - Está envolvido no sentido da visão - Transmite a informação ao cérebro (centro da visão)

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III - Nervo motor ocular comum - Inerva 4 dos 6 músculos do globo ocular e levantador da pálpebra superior - Apresenta funções motoras e parassimpáticas - As suas fibras parassimpáticas inervam os músculos lisos do olho, regulam o tamanho da pupila e a forma do cristalino

IV - Nervo patético - Inerva 1 dos 6 músculos que movimentam o globo ocular - Apresenta apenas função motora

V - Nervo trigémeo - Apresenta 3 ramos na sua constituição: - Ramo oftálmico (superior): Função sensorial - Ramo maxilar (médio): Função sensitiva - Ramo mandibular (inferior): Função sensorial e motora

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VI -

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Nervo oculomotor externo - Inerva um dos músculos responsáveis pelo movimento do globo ocular - Apresenta uma função estritamente motora

VII - Nervo Facial - Inerva todos os músculos da expressão facial, alguns músculos da garganta e do ouvido médio - Inerva as glândulas salivares submandibular a sublingual e a glândula lacrimal - Apresenta função sensorial, motora e parassimpática - Nos 2/3 anteriores da língua é sensitivo para o paladar

VIII - Nervo estato-acústico - Apresenta uma função sensorial e está envolvido no sentido da audição e do equilíbrio

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VIII - Nervo estato-acústico (vestibulococlear)

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IX - Nervo Glossofaríngeo - Inerva as glândulas salivares parótidas - Apresenta função sensorial, motora e parassimpática - Tem função motora para o músculo da faringe - No 1/3 posterior da língua é sensitivo para o paladar

X - Nervo Vago - Inerva os músculos do palato mole, laringe e faringe - Apresenta função sensitiva, motora e parassimpática - É sensorial na faringe inferior e na base da língua (paladar)

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XI - Nervo Espinhal - Inerva os músculos esternocleidomastoideu e trapézio - Apresenta função motora - É constituído por uma componente craniana e uma raquidiana - Participa na função do vago

XII - Nervo Grande Hipoglosso - Inerva músculos intrínsecos da língua e supra-hióideus - Apresenta função motora

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Medula espinhal - Porção extracraniana do sistema nervoso central

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- Estende-se desde o buraco occipital do crâneo à 2a vértebra lombar - Extensão inferior à coluna vertebral - Está organizada em 4 secções: cervical, torácica, dorsal e sagrada - Os 31 pares de nervos raquidianos têm origem na medula espinhal - Saem da coluna vertebral através dos buracos intervertebrais - Os nervos raquidianos vão enervar todo o corpo - Os nervos raquidianos direitos enervam todo o lado direito do corpo - A medula espinhal não apresenta um diâmetro uniforme - O diâmetro é maior junto ao buraco occipital - Podemos observar duas dilatações: Dilatação cervical e Dilatação lombar - As dilatações existentes na medula correspondem às secções de entrada e saída de nervos para os membros - Na dilatação cervical localiza-se a emergência dos nervos dos membros superiores - A dilatação lombar é o local de emergência dos nervos dos membros inferiores - Imediatamente a seguir à dilatação lombar existe um afunilamento, o cone medular - Para fixar a medula existe um filamento de tecido conjuntivo - O filo terminal estende-se desde a extremidade distal da medula até ao cóccix - A medula espinhal propriamente dita termina um pouco antes do termino da coluna vertebral - Os nervos que emergem na secção final da medula só saem da coluna vertebral em buracos vertebrais mais inferiores - A cauda equina é formada pelo cone medular e nervos raquidianos - A medula espinhal é formada por substância branca e cinzenta - O centro da medula é formado por substância cinzenta - Esta está organizada em dois cordões unidos internamente - Esta estrutura corresponde aos corpos celulares e dendritos - Cada um dos 2 cordões de substância cinzenta está organizado em cornos: Corno anterior, Corno posterior e Cornos laterais - É no corno anterior que se encontra os neurónios motores, podemos chamá-lo de corno motor - O corno posterior é designado de sensorial - Nos cornos laterais estão localizados os corpos celulares dos neurónios autónomos - A substância branca periférica é constituída por cordões nervosos - Está organizada em 3 cordões: Anterior, Lateral e Posterior - Os cordões são agrupamentos de feixes e os feixes são agrupamentos de neurónios - Os neurónios ascendentes transportam os estímulos até ao cérebro - Os neurónios descendentes transportam a informação do cérebro até uma zona periférica - Ao longo da medula espinhal existem raízes de nervos raquidianos - As raízes posteriores são vias aferentes à medula e - Transportam a informação da periferia para a medula - Podemos observar a presença de gânglios nas raízes posteriores - Estes gânglios correspondem aos corpos celulares dos neurónios aferentes - As raízes anteriores são eferentes da medula - Transportam informação para a periferia, a partir da medula - Os dois tipos de raiz formam, em conjunto, os nervos raquidianos - O reflexo é uma resposta automática a um estímulo, sem pensamento consciente - Os reflexos são actos controlados pelo tronco cerebral e medula espinhal

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- Os principais reflexos medulares são: Reflexo de extensão, Reflexo dos órgãos de Golgi, Reflexo de retirada. Reflexo de extensão - É o reflexo mais simples - É apenas formado por um neurónio aferente e um eferente da medula - Não há neurónio de conexão - Este reflexo está associado às fibras musculares - Apresenta 2 tipos de neurónios: neurónio motor alfa e neurónio motor gama - Os neurónios gama originam-se na medula e enervam pequenos aglomerados de fibras musculares - Os neurónios alfa originam-se em secções diferentes da fibra muscular e dirigem-se para a medula - É na medula que se observa a conexão dos dois neurónios Reflexo dos órgãos de Golgi - Os órgãos de Golgi são terminações nervosas - Localizam-se nos tendões, perto da junção com o músculo - São estimulados na contracção do músculo e tensão do tendão - O seu objectivo é impedir uma tensão exagerada do tendão - A contracção muscular e tensão do tendão de forma exagerada estimula a medula - A resposta é o reflexo dos órgãos de Golgi - Leva a uma descontracção muscular e protecção do tendão

Reflexo de retirada - Reflexo medular desencadeado por um estímulo doloroso - Neste reflexo existe uma retirada de parte do corpo do estímulo doloroso - Os receptores sensoriais recebem o estímulo (dor) e comunicam com os neurónios motores que desencadeam o reflexo - Nestes casos a acção muscular causada incide sobre músculos flexores - Tal como os outros reflexos também este tem como objectivo: Acção rápida e Protecção do organismo. 73

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Vias espinhais - Na espinhal medula existem neurónios ascendentes e descendentes - As vias ascendentes levam a informação da medula para o cérebro - As vias descendentes transportam a informação do córtex cerebral para a espinhal medula - A designação da via é feita de acordo com a origem e a terminação - A primeira parte da palavra define a origem e a segunda parte a terminação - Ex: Feixe espinotalâmico - Origem - espinhal medula e Terminação – tálamo Meninges, Ventrículos e Líquido Cefalorraquidiano

Meninges - As meninges são 3 camadas de tecido conjuntivo que cobrem todo o SNC - A camada mais externa é a dura-máter - É a camada mais espessa - Forma pregas em algumas localizações: Foice do cérebro, Foice do cerebelo, Tenda do cerebelo. - A dura-máter une-se ao periósteo da caixa craneana - A nível medular existe um espaço entre a dura-máter e o canal vertebral, espaço epidural - Este espaço é ocupado pelos nervos raquidianos, vasos, tecido gordo... - A anestesia epidural é introduzida aqui - No interior da caixa craneana existem locais de separação da dura-máter e do periósteo - Na base das pregas as duas camadas separam-se para formar os seios venosos durais - Estes espaços recebem sangue proveniente do encéfalo e líquido cefalorraquidiano - Localizada internamente à dura-máter temos a aracnóideia - Distribui-se como uma verdadeira teia de aranha - Entre as duas meninges existe um espaço apenas virtual, espaço subdural - A pia-máter é a meninge mais interna - Está em estreito contacto com a superfície do encéfalo e espinhal medula - A aracnóideia é formada por dois folhetos - Entre os dois existe o espaço subaracnoideu - Este está preenchido por LCR Ventrículos - Os ventrículos são espaços existentes no interior do encéfalo - Em cada hemisfário cerebral existe um ventrículo lateral, o 3º ventrículo está no centro do diencéfalo e 4º ventrículo está um pouco mais a baixo, ao nível da base do cerebelo. - Todos os ventrículos estão ligados entre si - O 4o ventrículo está em comunicação com 3o ventrículo, com o Canal central da medula espinhal e com Espaço subaracnoideu - Os dois ventrículos laterais comunicam com o 3o ventrículo através do buraco de Monro - O aqueduto de sylvius une o 3o e 4o

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Líquido cefalorraquidiano: Líquido semelhante ao plasma, que banha o encéfalo e espinhal medula, serve de amortecedor ou air-bag para o SNC - 80 a 90% é formado pelas células ependimárias dos ventrículos laterais - O restante é por células semelhantes no 3 o e 4o ventrículos - Os plexos coroideus são formados por - Células ependimárias - Tecido de suporte - Vasos sanguíneos - São invaginações da pia-máter para os ventrículos - O LCR é produzido nestas estruturas - O líquido circula até ao 4 o ventrículo - A passagem do LCR para o espaço subaracnoideu é feita através de 2 buracos existentes neste ventrículo: Buraco de Magendie e Buracos de Lushka - Para que o LCR seja renovado, tem de voltar à corrente sanguínea - É através das granulações de Pacchioni existentes no tecido subaracnoideu - Estas permitem a passagem do LCR para os seios durais - Desta forma atingem a corrente sanguínea novamente

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Parte 3 – Sistemas de Integração e Movimento Capítulo 15 – Sentidos Sentidos: Olfato; paladar; visão; audição Olfacto - Também designado de sentido do cheiro - Os receptores sensoriais estão localizados na região superior da cavidade nasal- Apenas a porção mais superior da cavidade nasal está envolvida no olfacto - Todo o resto faz parte do aparelho respiratório - Esta zona designa-se de recesso olfactivo - O recesso olfactivo é composto por epitélio especializado designado de epitélio olfactivo - Este epitélio apresenta cerca de 10 milhões de neurónios olfactivos - Estas células sensitivas apresentam os seus dendritos e corpo celular no epitélio olfactivo

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- Os axónios das mesmas atravessam o osso etmóide na sua lâmina crivada - Desta forma comunicam com o bulbo olfactivo - Esta estrutura sensitiva está localizada por cima da lâmina crivada - Constitui a terminação da fita olfactiva - Os impulsos transmitidos são conduzidos até ao córtex cerebral - Os dendritos dos neurónios olfactivos modificaram-se e apresentam vesículas olfactivas - Estas apresentam pequenos cílios denominados de pêlos olfactivos - As partículas do ar entranham-se no muco que cobre os pêlos olfactivos - Vão interagir com moléculas quimiorreceptoras - Os cílios dos neurónios olfactivos geram um potencial de acção no neurónio - Os axónios dos neurónios olfactivos sinapsam com dois tipos de células: Células mitrais e Células tufadas - Estas células sinapsam com neurónios de associação no bulbo olfactivo - Os estímulos são conduzidos ao córtex cerebral - Cada terminação do bulbo olfactivo termina numa área do encéfalo denominada de córtex olfactivo - O córtex está organizado em 3 áreas que são estrutural e funcionalmente diferentes: Externa, Média e a Interna - A área olfactiva externa está envolvida na percepção consciente do cheiro - A área olfactiva interna é responsável pelas reacções emocionais e viscerais aos odores - A área olfactiva intermédia tem conexões com o bulbo olfactivo e promove a modulação do cheiro nesta estrutura

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O paladar - Os gomos ou botões gustativos são as estruturas sensoriais que detectam os estímulos gustativos - Estas estruturas estão em associação com as papilas - Estes centros da percepção do paladar estão localizados maioritariamente na língua - Embora em menor n°, também as podemos encontrar no palato, lábios e garganta - Podemos distinguir 4 tipos principais de papilas gustativas: Caliciformes ou circunvaladas, Fungiformes, Foliadas e Filiformes - As papilas circunvaladas encontram-se no V lingual - As papilas fungiformes estão irregularmente espalhadas por toda a superfície dorsal da língua - As papilas foliadas encontram-se nos lados da língua - O botão gustativo é formado por uma cápsula externa e uma camada interna de células gustativas - As células gustativas apresentam pêlos gustativos - Estes terminam no poro gustativo - As substâncias dissolvem-se na saliva - Entram no poro gustativo - Ligam-se à membrana celular do pêlo gustativo - Provocam uma despolarização das células do paladar - Todos os sabores são combinações de 4 tipos básicos de sabores detectados pelos botões gustativos: Doce, Salgado, Ácido e Amargo. - O paladar sentido na língua é transportado por vários nervos para o tronco cerebral - Os pares craneanos envolvidos na transmissão do paladar são: Nervo trigémio (V), Nervo facial (VII), Nervo glossofaríngeo (IX) e Nervo vago (X). - O paladar dos 2/3 anteriores da língua são transmitidos pelo nervo facial - O glossofaríngeo transmite o paladar do 1/3 posterior da língua - O vago é responsável pela transmissão do paladar da zona da epiglote - Os nervos transmitem para o bulbo - Daqui seguem para o tálamo - Tudo termina na área do paladar no córtex cerebral

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O olho e a visão - Sistema visual: Olhos, Estruturas acessórias, Nervos, Feixes e Vias ópticas - Estruturas acessórias: Sobrancelhas, Pálpebras, Pestanas, Glândulas lacrimais, Músculos extrínsecos do olho e Conjuntivas. - Função: protecção, lubrificação e movimentação. - Sobrancelhas: Protecção da luz directa e da transpiração da testa - Pálpebras: Protecção contra objectos estranhos - Conjuntiva: Mucosa fina e transparente que cobre a superfície interna das pálpebras e a superfície anterior do olho

- Aparelho lacrimal: - Glândula lacrimal - canto superoexterno - Canal nasolacrimal - canto inferointerno - As lágrimas são produzidas na glândula, atravessam a superfície do olho e recolhidas pelos canais lacrimais que as levam ao canal nasolacrimal - As lágrimas são produzidas a um ritmo constante (1 ml/dia). A sua função: Humedecer a superfície do olho, Lubrificar as pálpebras e Transportar objectos estranhos para fora do sistema. - Constituição: água, sais, muco e enzimas

- Existem dois canais lacrimais por olho, um na pálpebra superior e outro na inferior - É no canto interno de ambas que se localiza a abertura do canal - ponto lacrimal - Este, por sua vez, está implantado na papila lacrimal, uma pequena protuberância - Os dois canais abrem para o saco lacrimal que se continua com o canal nasolacrimal

- Músculos extrínsecos do olho: Rectos superior, inferior, interno e externo e Oblíquos superior e inferior - Camada externa ou túnica fibrosa: Esclerótica e Córnea (porção anterior) - Camada média ou túnica coroideia: Corpo ciliar e íris - Camada interna ou túnica nervosa: Retina Túnica fibrosa

Esclerótica - Camada externa, firme, branca opaca- Protege as estruturas internas - Mantém a forma do olho - É local de inserção dos músculos do olho - Continua-se anteriormente pela córnea e posteriormente pelo nervo óptico

Córnea - Estrutura avascular e transparente - Tecido conjuntivo com colagénio, fibras elásticas e proteoglicanos - A superfície externa está coberta por epitélio pavimentoso estratificado - A superfície interna está coberta por epitélio pavimentoso simples

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Camadas constituintes do olho

Túnica coroideia - Camada vascular de espessura reduzida (0,1 a 0,2 mm) - Os vasos sanguíneos existentes são ramos das artérias ciliares curtas, ramos da artéria oftálmica - Anteriormente é constituída pelo corpo ciliar e pela íris - O corpo ciliar é contínuo à coroideia - Através dos seus bordos, a íris insere-se no corpo ciliar - O corpo ciliar serve de ancoragem aos ligamentos suspensores do cristalino - Os músculos ciliares funcionam como esfíncteres, a sua contracção leva à alteração da forma do cristalino - A íris é a porção colorida do olho, diferindo de pessoa para pessoa - É constituída por um músculo liso que circunda uma abertura, a pupila - A íris controla a entrada de luz na pupila - Apresenta um esfíncter pupilar que contrai a íris e o dilatador da pupila que a dilata

Túnica nervosa - Retina - Retina pigmentada - externa - Retina sensorial - interna - A retina sensorial responde à luz e apresenta células fotorreceptoras: bastonetes e cones - Na porção posterior da retina podemos observar a mácula lútea e a papila óptica - A mácula lútea é uma pequena mancha amarela com cerca de 4 mm de diâmetro - No centro desta existe a fóvea central que corresponde ao ponto de maior acuidade visual, devido à elevada concentração de células fotorreceptoras - Internamente à mácula lútea existe uma mancha branca denominada papila óptica - A papila óptica corresponde à zona de entrada dos vasos sanguíneos

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- É uma zona sem células fotorreceptoras, sendo chamada zona cega do olho

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Cristalino - Estrutura transparente e biconvexa - A parede posterior apresenta maior convexidade - Esta estrutura está suspensa pelos ligamentos suspensores do cristalino - Divide o olho em compartimento anterior e compartimento posterior

Compartimentos do olho - Compartimento anterior localiza-se anteriormente ao cristalino - É de reduzidas dimensões e está organizado em: Câmara anterior - entre a córnea e a íris e Câmara posterior - entre a íris e o cristalino. Este espaço está preenchido pelo humor aquoso. - Funções do humor aquoso: Manutenção da pressão intra-ocular, Refracção da luz e Nutrição da córnea - O compartimento posterior do olho é: muito maior que o anterior, rodeado pela retina e preenchido por humor vítreo. - As funções do humor vítreo são: Refracção da luz dentro do olho, Manutenção da pressão intra-ocular, Manutenção da forma do globo ocular e Mantém o cristalino e a retina no seu lugar - Íris - entrada da luz no olho - Cristalino, córnea e humores - focagem - Retina - geração de potenciais de acção

Retina - Retina: Sensorial e Pigmentada - Retina pigmentada: Camada única - células pigmentares (melanina) e a cor escura reforça acuidade visual porque diminui a dispersão da luz. - Retina sensorial: Formada por camadas de corpos celulares de neurónios fotorreceptores, bipolares e ganglionares. A camada fotorreceptora é a mais próxima da retina pigmentada e é constituída por cones e bastonetes, mais internamente existe uma camada plexiforme exterior

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Bastonetes - Células fotorreceptoras bipolares, envolvidas na visão não cromática e responsáveis pela visão em condições de luz reduzida. - Localizados na restante extensão da retina (12 milhões) - A porção do bastonete sensível à luz a apresenta uma forma cilíndrica e um pigmento, a rodopsina (opsina + retinal)

Cones - Células receptoras bipolares - A porção sensível à luz apresenta a forma de um cone - afunilada da base para o ápex - São responsáveis pela visão cromática e acuidade visual - Apresentam a iodopsina como pigmento visual (opsina + retinal) - Estão todos localizados na fóvea (35.000)

Vias neuronais da visão - As células fotorreceptoras recebem o estímulo visual e enviam para as camadas mais profundas - Atingida a camada ganglionar, o estímulo percorre o axónio das células que atravessa todo o interior da retina com a excepção da fóvea - Vão convergir na papila óptica e sair do olho como nervo óptico - A maioria dos axónios termina no núcleo geniculado externo do tálamo - Alguns axónios terminam no tubérculo quadrigémio superior - Os neurónios que terminam no núcleo geniculado externo do tálamo formam as fibras das radiações ópticas que se projectam no córtex visual no lobo occipital Campos visuais - Campo visual de um olho corresponde a tudo o que pode ser visto com esse olho aberto e o oposto fechado - O campo visual de um olho pode ser dividido em: parte temporal e parte nasal - A metade temporal do campo visual projecta-se na retina nasal e vice-versa - As projecções dos campos visuais e a organização das vias nervosas fazem com que as imagens provenientes da metade direita do olho se projectam para a metade esquerda do encéfalo. - A metade esquerda de cada campo visual projecta-se para a metade direita do encéfalo - Os campos visuais direitos e esquerdos sobrepõem-se - A zona comum denomina-se área de visão binocular e permite a percepção da profundidade.

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Ouvido e audição

- A estrutura auditiva está organizada em 3 partes distintas: - Ouvido externo (audição) - Ouvido médio (audição) - Ouvido interno ( audição e equilíbrio) Ouvido externo - Formado por pavilhão auricular e canal auditivo externo - Internamente termina na membrana do tímpano - O pavilhão auricular ou orelha é uma estrutura cartilagínea coberta por pele - A sua forma permite o encaminhamento do som em direcção ao canal auditivo externo - Todo o canal auditivo externo é coberto por pêlos e glândulas produtoras de cerúmen - A separar o ouvido externo do ouvido médio existe a membrana do tímpano - Apresenta uma forma oval, é delgada semitransparente - Apresenta uma epitélio pavimentoso cúbico simples na superfície interna e um epitélio pavimentoso estratificado da face

Ouvido médio - Encontra-se internamente à membrana do tímpano - Comunica com o ouvido interno por dois orifícios de pequenas dimensões: a janela redonda e a janela oval - Outras duas aberturas introduzem o ar no ouvido médio: a trompa de Eustáquio e uma abertura para as células mastóideias do temporal - A sua função é equilibrar a pressão entre o ar - No seu interior encontramos 3 ossículos: Martelo, Bigorna e Estribo - Apresentam-se dispostos em sequência e transmitem a vibração vinda da membrana do tímpano para a janela oval

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Ouvido interno - O ouvido interno é formado por uma estrutura denominada de labirinto ósseo - O labirinto ósseo está organizado em 3 partes: cóclea, vestíbulo e canais semicirculares - A cóclea está envolvida na audição, enquanto que o vestíbulo e os canais semicirculares são essenciais no equilíbrio - No interior do labirinto ósseo encontra-se o labirinto membranoso - O labirinto membranoso está preenchido por endolinfa - O espaço existente entre o labirinto ósseo e o membranoso está preenchido por perilinfa, líquido semelhante ao LCR

Vias neuronais da audição - Perto da cóclea existe uma estrutura nervosa denominada de gânglio coclear - Os neurónios do nervo coclear originados no bulbo sinapsam no tubérculo quadrigémio inferior - Um novo neurónio dirige-se para o tálamo onde sinapsa com um outro que se dirige para o córtex auditivo, localizado no lobo temporal do encéfalo

Condução do som

Equilíbrio postural - Existem duas estruturas que controlam o equilíbrio no nosso organismo: - Ouvido interno: Vestíbulo a canais semicirculares - Desencadeiam reflexos do equilíbrio - Cerebelo: Controla tónus da postura e movimentos da postura - No ouvido interno existem duas estruturas que são funcionalmente diferentes: Labirinto estático e Labirinto cinético - Labirinto estático - está envolvida na percepção da posição da cabeça, bem como da aceleração e desaceleração linear - O labirinto cinético - é constituído pelos canais semicirculares, está relacionado com a avaliação do movimento da cabeça. Esta avaliação é feita segundo os 3 planos do espaço devido à existência de um canal semicircular por cada plano

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Parte 3 – Sistemas de Integração e Movimento Capítulo 16 – Sistema Nervoso Autónomo - O sistema nervoso autónomo é formado por neurónios pré-ganglionares e pós ganglionares - O primeiro tem origem na espinhal medula e sinapsa com o segundo - Esta ligação ocorre na cadeia ganglionar simpática - A sinapse também pode ocorrer em gânglios pré-viscerais - O neurónio pós-ganglionar termina no órgão alvo - Promove acção excitatória ou inibitória - A sua regulação é maioritariamente consciente

Autónomo

- Órgão alvo: Músculo esquelético - Regulação: Consciente e inconsciente - Resposta: Contracção - N° de neurónios: 1 único - Localização corpo celular: Nervos cranianos e Espinhal medula - N° de sinapses: 1 - Baínhas axionais: Mielinizadas - Neurotransmissor: Acetilcolina - Receptores: Nicotínicos

Somatomotor - Órgão alvo: Músculo liso, cardíaco e glândulas - Regulação: Inconsciente - Resposta: Excitatória e inibitória - N° de neurónios: 2 neurónios - Localização corpo celular: Nervos craneanos, Espinhal medula e Gânglio autonómico - N° de sinapses: 2 - Baínhas axionais: Mielinizadas e Não mielinizadas - Neurotransmissor: Acetilcolina e Noradrenalina - Receptores: Nicotínicos e Muscarínicos

Sistema Nervoso Autónomo - Constituição: Sistema Simpático e Sistema Parassimpático - As diferenças baseiam-se na localização dos corpos celulares, dos neurónios pré-ganglionares do SNC, dos gânglios autonómicos e no comprimento relativo e relação dos axónios pré e pós-ganglionares

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Sistema Simpático = = = = = = = = = = => - Corpos celulares dos neurónios pré-ganglionares localizados na substância cinzenta dos cornos laterais, entre T1 e L2, também designada por divisão toracolombar - Saem da coluna vertebral em conjunto com os nervos raquidianos- Abandonam o nervo raquidiano e dirigem-se para os gânglios autonómicos - Os gânglios autonómicos unem-se para formar cadeia ganglionar simpática - Cadeia localizada ao longo da coluna vertebral - Os axónios dos neurónios pré-ganglionares têm um pequeno diâmetro e são mielinizados - A extensão entre o nervo raquidiano e o gânglio simpático é feito pelo ramo comunicante branco - Os axónios simpáticos saem da cadeia ganglionar por 4 vias diferentes: Nervos raquidianos, Nervos simpáticos, Nervos esplâncnicos e Inervação da glândula suprarenal.

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Nervos Raquidianos: - Os axónios dos neurónios pós-ganglionares voltam a entrar num nervo raquidiano pelo ramo comunicante cinzento - Estes axónios são não mielinizados - Os neurónios pós-ganglionares vão através do nervo raquidiano para os órgãos - Ex: glândulas sudoríparas, músculo liso

Nervos Simpáticos - Os axónios pós-ganglionares têm origem na cadeia simpática - Deixam o gânglio e constituem o nervo simpático - Os nervos simpáticos enervam: Órgãos torácicos, Músculo cardíaco, Músculo liso do esófago, pulmões e vasos - Na região cervical formam um plexo em torno da artéria carótida e acompanham a artéria até aos órgãos da cabeça - Inervam áreas da cabeça e pescoço não inervadas pelos nervos raquidianos - Ex.: glândulas salivares e olhos Nervos Esplâncnicos - Os axónios pré-ganglionares com origem entre T5 e T12 não sinapsam na cadeia simpática - Estes axónios constituem os nervos esplâncnicos - A sinapse com os neurónios pós-ganglionares dá-se nos gânglios pré-viscerais - Os neurónios pós-ganglionares saem dos gânglios viscerais por pequenos nervos e vão atingir os órgãos alvos. - Inervam órgãos abdominopélvicos: Pâncreas, Fígado e Próstata...

Inervação da glândula supra-renal - A medula supra-renal é uma excepção na inervação simpática - O neurónio da glândula supra-renal não sinapsa nem na cadeia simpática nem no gânglio visceral, assim, é o neurónio pré-ganglionar que inerva directamente a glândula supra-renal - O neurónio termina na medula Sistema Parassimpático - Os corpos celulares dos neurónios do sistema nervoso parassimpático estão localizados - Núcleos do tronco cerebral - Cornos laterais da substância cinzenta - O local de saída dos nervos é entre S2 e S4 - Também é chamada de divisão craniosagrada - Os axónios dos neurónios pré-ganglionares seguem os nervos cranianos ou pélvicos - Estes levam-os até aos gânglios - Os gânglios estão, geralmente, perto dos órgãos alvo- Assim, o comprimento dos axónios pós-ganglionares é muito reduzido- Os axónios cujos corpos celulares estão no tronco cerebral saem pelo: Nervo oculomotor comum (III); Nervo facial (IV); Nervo glossofaríngeo (IX) e Nervo vago (X) 86

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- O nervo vago transporta a maioria dos axónios de neurónios parassimpáticos - O nervo vago transporta fibras para: Coração, Pulmões, Esófago, Estômago, Pâncreas, Fígado, Intestino delgado e Parte superior do cólon. - Os nervos parassimpáticos que têm origem entre S2 e S4 saem pelos nervos pélvicos - Estes vão inervar: Bexiga, Cólon inferior, Recto e Órgãos reprodutores Neurotransmissores - Nas terminações nervosas simpáticas e parassimpáticas libertam-se neurotransmissores - Existem 2 neurotransmissores: Acetilcolina e Noradrenalina - Neurónio colinérgico liberta acetilcolina. Os libertadores de acetilcolina: Neurónios pré-ganglionares simpáticos, pré-ganglionares parassimpáticos e pós-ganglionares parassimpáticos - Neurónio adrenérgico liberta noradrenalina. Os libertadores de noradrenalina: Neurónios pós-ganglionares simpáticos

Receptores Colinérgicos - Localizados na membrana pós-sináptica - Local de ligação da acetilcolina - Receptores colinérgicos: Nicotínicos - Resposta excitatória e Muscarínicos - Resposta excitatória ou inibitória Receptores Adrenérgicos - Localizados na membrana pós-sináptica - Local de ligação da noradrenalina - Receptores adrenérgicos: Receptores alfa (α) e Receptores beta (β) - Resposta excitatória ou inibitória depende do tecido alvo

Regulação do SNA - Regulação: Reflexos autonómicos e Controlo pelo SNC - Os reflexos autonómicos implicam: Receptores sensoriais, Neurónios aferentes, Neurónios de associação, Neurónios eferentes e Células efectoras. - O SNC pode desencadear reflexos autonómicos, os constituintes do SNC influenciadores dos reflexos autonómicos são: a Medula espinhal, o Bulbo e o Hipotálamo

Funcionamento do SNA - Ambos, o Simpático e o Parassimpático, produzem efeitos inibitórios e excitatórios - A acção de um é sempre contrariada pela acção do outro - A maioria dos órgãos é inervada por ambos - Em alguns órgãos a acção de um sistema predomina sobre o outro - Em algumas situações as 2 partes funcionam em cooperação - As suas acções complementam-se, apresentando o mesmo objectivo - O simpático produz efeitos mais generalizados que o parassimpático - O simpático tem maior influência em condições de actividade física - O simpático diminui a actividade de órgãos não essenciais à actividade física - Em repouso mantém tensão arterial e temperatura corporal - A actividade do parassimpático é aumentada, quando em repouso se dá ingestão, digestão, micção etc.

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Parte 3 – Sistemas de Integração e Movimento Capítulo 17 – Organização funcional do sistema endócrino - No sistema endócrino as suas glândulas segregam os seus produtos para o sistema circulatório - Os produtos de excreção das glândulas endócrinas são as hormonas- As hormonas regulam actividades no organismo

- Hormona - Produzida em quantidades diminutas por um conjunto de células - Segregada para os espaços intersticiais - Entra no sistema circulatório e actua em tecidos específicos - As hormonas apresentam tecidos alvos, nos quais vão ter acção - A comunicação entre as hormonas e os tecidos alvo é feita através de sinais de amplitude modulada - Os sinais consistem em variações das concentrações da hormona - As respostas do sistema endócrino são lentas mas de duração longa - O sistema endócrino e o sistema nervoso estão intimamente ligados - O sistema nervoso pode libertar substâncias químicas reguladoras para o sistema circulatório - Estas substâncias são as neuro-hormonas - Algumas glândulas são directamente enervadas pelo sistema nervoso, influenciando a sua acção - Por outro lado algumas hormonas actuam no sistema nervoso - Existem mensageiros químicos, que são sinais e que têm como função permitir a comunicação entre diferentes tipos celulares - Existem vários tipos de mensageiros químicos intercelulares: Hormona, Neuro-hormona, Neurotransmissor, Neuromodulador, Para-hormona e Feromona. Estrutura química Estrutura química das hormonas pode ser: Proteínas, Lípidos e Glicoproteínas - As hormonas lipossolúveis difundem-se através da membrana celular e ligam-se a receptores do citoplasma ou do núcleo - As hormonas proteícas são hidrossolúveis, não se difundindo através da membrana celular. Estas ligam-se a receptores existentes na membrana celular Controlo da secreção - A segregação de uma hormona não é constante - Esta libertação funciona por feed-back negativo - Existem 3 modelos de regulação: Acção de outra substância sobre a glândula, Controlo neuronal da glândula e A hormona de uma glândula endócrina controla a secreção de outra hormona de - Certas hormonas permanecem a níveis constantes no organismo - Existem outras que são influenciadas por estímulos, tais como o stress ou o exercício físico - Outras ainda são cíclicas Transporte e distribuição - As hormonas dissolvem-se no plasma sanguíneo e podem-se encontrar livres ou ligadas a proteínas plasmáticas. - Só as hormonas na forma livre é que são activas - Normalmente a proteína é específica para determinada hormona - As hormonas encontram-se no sangue e vão se difundir através do epitélio dos capilares para o espaço intercelular - São as membranas lipossolúveis que passam com maior facilidade

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Metabolismo e excreção - Semivida - tempo necessário para reduzir a metade a concentração de determinada substância - As hormonas hidrossolúveis, como as proteínas, são rapidamente degradadas - Apresentam tempo de semi-vida curto - Este tipo de hormonas têm concentrações sanguíneas que aumentam e diminuem rapidamente - Regulam actividades de início rápido e duração curta - As hormonas lipossolúveis circulam ligadas a proteínas plasmáticas - Esta ligação condiciona um tempo de semi-vida mais longo - Há dificuldade em atravessar os capilares - Estas hormonas mantêm níveis sanguíneos constantes - A remoção das hormonas do sangue é conseguida de 4 formas: - Excreção – rim/fígado - Metabolismo – feito por enzimas no sangue, tecido alvo. - Transporte activo – para o interior da célula e reciclada - Conjugação – associação de moléculas hidrossolúveis no fígado

Hormona/tecido alvo - As hormonas, ao atingir as células alvo, ligam-se a receptores da membrana - Afectam a velocidade de determinadas reacções - Não desencadeiam novas reacções - Podem activar ou desactivar enzimas - A ligação da hormona com o receptor é específica - A hormona circula por todo o organismo mas nem todas as células apresentam receptores para a hormona - Só naquelas em que há receptores é que se verifica a acção - As células alvo nem sempre respondem da mesma forma à hormona - Em determinados casos o número de receptores vai diminuindo à medida que o tempo de exposição aumenta - Diz-se que há fadiga do tecido alvo - Este fenómeno é designado de regulação por défice - Existem dois mecanismos que causam diminuição do número de receptores: - Diminuição da velocidade de síntese dos receptores - Aumento da velocidade de degradação dos receptores - Os tecidos que apresentam regulação por défice estão vocacionados para responder a aumentos hormonais de curta duração - Também se pode verificar o fenómeno contrário, designado por regulação por excesso - Resulta de um aumento da velocidade de síntese da molécula receptora Receptores hormonais - Podemos classificar os receptores em dois tipos: receptores de membrana e receptores intracelulares - As moléculas hidrossolúveis não atravessam a membrana celular, pelo que se ligam a receptores da membrana celular - As moléculas lipossolúveis ligam-se aos receptores intracelulares, visto que facilmente atravessam a membrana celular

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Receptores de membrana - Os receptores apresentam uma porção extracelular e outra intracelular - É na porção extracelular que se liga a hormona - Esta ligação desencadeia reacções para o interior da célula - Pode ser formada uma nova molécula mensageira - Designam-se de primeiros mensageiros, as hormonas que actuam sobre as células e que se ligam aos receptores da membrana - Os segundos mensageiros são moléculas que podem ser produzidas pela membrana citoplasmática - Estes transmitem o sinal da membrana e atingem estruturas intracelulares - Existem receptores de membrana que possuem na face intracelular proteína G - Acções da proteína G: Abre canais celulares e Activa segundos mensageiros Receptores intracelulares - São moléculas proteícas no interior da célula - Podem-se encontrar livremente na célula ou no núcleo - As hormonas lipossolúveis atravessam a membrana celular e entram no citoplasma - A hormona pode-se ligar ao receptor que se encontra no citoplasma e formar um complexo receptor-hormona - Este complexo desloca-se até ao núcleo - Também pode acontecer que a hormona se difunda directamente para o interior do núcleo - Neste caso o complexo receptor-hormona é formado já no interior do núcleo - O complexo leva à formação de novas proteínas, que representam a resposta à hormona

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Parte 3 – Sistemas de Integração e Movimento Capítulo 18 – Glândulas endócrinas Glândulas endócrinas: Hipotálamo, Hipófise, Pineal, Tiróide, Paratiróide, Timo, Glândulas suprarrenais, Pâncreas, Ovários (mulher) e Testículos (homem). Hipófise e Hipotálamo - Estas duas glândulas são o local principal de interacção do sistema nervoso com o endócrino - É o hipotálamo que regula a actividade secretora da hipófise - A hipófise secreta 9 hormonas principais Morfologia da hipófise - A hipófise está localizada na sela turca do esfenóide, abaixo do infundíbulo, ao qual se liga através da haste hipofisária - Esta glândula está dividida em duas partes - Esta divisão é anatómica e funcional - Temos o lobo anterior ou adeno-hipófise e o lobo posterior ou neuro-hipófise Neuro-hipófise - Está em continuidade com o cérebro, daí vem a designação de neuro-hipófise - É uma extensão do sistema nervoso - As secreções da neuro-hipófise são as neuro-hormonas

Adeno-hipófise - No desenvolvimento embrionário a adeno-hipófise é a bolsa de Rathke - Esta estrutura nasce para o exterior da cavidade bucal do embrião - Desenvolve-se na direcção da neuro-hipófise - Quando se aproxima perde a sua ligação e torna-se lobo anterior da hipófise - Esta parte da glândula está organizada em 3 partes: Pars tuberalis, Pars distalis e Pars intermédia - As hormonas secretadas não são designadas de neuro-hormonas Hipófise e hipotálamo - Existe um sistema porta hipotálamo-hipofisário que se extende desde o hipotálamo à adeno-hipófise - É formado por uma rede capilar primária e uma rede capilar secundária - As neuro-hormonas produzidas na neuro-hipófise vão pela rede capilar primária e secundária até à adeno-hipófise - As neuro-hormonas podem ser libertadoras ou inibidoras: - As hormonas libertadoras estimulam a adeno-hipófise a produzir determinada hormona - As hormonas inibidoras diminuem a secreção da adeno-hipófise - A hormona produzida pelo lobo anterior entra na circulação sanguínea - O sistema porta hipotálamo-hipofisário funciona meio pelo qual o hipotálamo regula a acção da hipófise - As células da neuro-hipófise não é regulada pelo hipotálamo - As células da neuro-hipófise têm os seus corpos celulares no hipotálamo - Estas células apresentam axónios longos que se extendem desde o hipotálamo até à neuro-hipófise - Estes axónios formam uma via nervosa chamada feixe hipotálamo-hipofisário - O estímulo vem do corpo celular e resulta numa libertação da hormona na hipófise e que se liberta para a circulação sanguínea - Existe uma relação funcional entre o hipotálamo e a hipófise que se designa de eixo hipotálamo-hipofisário

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Hormonas da neuro-hipófise Hormona antidiurética (ADH) ou vasopressina: - Impede a produção de grandes quantidades de urina - Provoca a constrição de vasos sanguíneos - Aumenta a tensão arterial - O seu órgão alvo é o rim - É aqui que promove a retenção de água -Tal como tudo no nosso organismo, também as hormonas são controladas - Neste caso é pelo mecanismo de feed-back - Quando a tensão aumenta muito a hormona diminui a sua produção e leva à excreção de água de forma a baixar a tensão - O inverso acontece com a tensão baixa, a hormona é estimulada para que a tensão aumente por retenção de água Ocitocina: - Estimula as células do músculo liso uterino - Tem um papel importante na expulsão do feto durante o trabalho de parto - Estimula a produção de leite nas mulheres durante o período de aleitamento - A distensão do útero e a estimulação dos mamilos leva à produção de ocitocina

Hormonas da adeno-hipófise - O hipotálamo é que controla a libertação ou não das hormonas da adeno-hipófise - Todas estas hormonas: entram na circulação, apresentam um tempo de semi-vida curto, ligam-se aos receptores de membrana da célula alvo. - Algumas das hormonas regulam a função secretora de outras glândulas endócrinas e são designadas de trofinas Hormona de crescimento ou somatotrofina: - Estimula o crescimento da maior parte dos tecidos - Estimula a degradação de lípidos para serem utilizados como fonte de energia - Aumenta a síntese e o armazenamento de glicogénio - Regula os níveis de nutrientes no sangue durante o jejum Esta hormona também está controlada pelo hipotálamo - Este produz a hormona libertadora da hormona de crescimento e a hormona inibidora da hormona de crescimento - Uma baixa de glicose estimula a hormona de crescimento, assim como uma alta de a.a. - No sono profundo ocorre libertação da hormona do crescimento Hormona tirotrofina ou hormona estimuladora da tiróide: - Estimula a libertação das hormonas tiróideias pela tiróide Hormona adrenocorticotrópica ou drenocorticotrofina: - Aumenta a secreção do cortisol do cortex supra-renal - Na doença de Addison os níveis de ACTH estão cronicamente elevados Gonadotrofinas e prolactina: - As gonadotrofinas controlam o crescimento dos ovários e testículos - Existem duas gonadotrofinas: Hormona luteinizante (LH): Hormona fuliculoestimulante (FSH): - A libertação destas hormonas é controlada pela hormona libertadora das gonadotrofinas Prolactina: - Estimula a produção de leite das glândulas mamárias - É controlada pela hormona libertadora da prolactina e pela hormona inibidora da prolactina

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Tiróide - A tiroide é uma glândula formada por dois lobos unidos por um istmo - Os lobos localizam-se na porção superior da traqueia lateralmente à mesma, imediatamente abaixo da laringe. - O istmo cruza a face anterior da traqueia - Esta glândula apresenta no seu interior diversos folículos - Os folículos são pequenas esferas com uma parede composta por uma única camada de células cúbicas, - No seu interior encontramos a tiroglobulina, esta proteína é local de ligação para a hormona tiroideia. - Entre os folículos tiroideus encontram-se as células parafoliculares, estas células compõem as paredes dos folículos - A calcitonina é a hormona libertada pelas células parafoliculares, esta hormona reduz os níveis de cálcio no organismo

Hormonas tiroideias - As hormonas secretadas pela tiróide são a triiodotironina (T3) e tetraiodotironina (T4) - A tiróide produz 90% de T4 e 10% de T3 - A hormona tiroestimulante (TSH), libertada pela adeno-hipófise é fundamental na síntese e secreção das hormonas tiroideias - Esta hormona liga-se aos receptores membranares das células dos folículos tiroideus - É gerado um segundo mensageiro, o AMP cíclico - É necessária uma dieta com iodo - Sequência de acontecimentos para produção das hormonas: - Os iões iodeto são absorvidos activamente para o interior das células do folículo tiroideu - As tiroglobulinas são sintetisadas - Formação de iodo por oxidação dos iões iodeto - Um ou dois átomos de iodo ligam-se à tirosina da tiroglobulina - A tiroglobulina com a tirosina iodada é libertada no lúmen do folículo - 2 moléculas de diiodotirosina combinam-se e formam uma molécula de tetraiodotironina(T4) - 1 molécula de monoiodotirosina e 1 de diiodotirosina formam uma molécula de T3 - A tiroglobulina é levada para o interior das células tiroideias - As enzimas que actuam sobre a tiroglobulina libertam a T3 e T4 - A T3 e T4 difundem-se para o espaço intersticial e depois para os capilares da tiróide - As hormonas T3 e T4 circulam no sangue ligadas a proteínas plasmáticas - Cerca de 70 a 75% ligam-se à globulina transportadora de tiroxina (TGB) - Esta proteína é sintetizada pelo fígado - As hormonas em circulação funcionam como um reservatório circulante - Enquanto estiverem ligadas às proteínas não são activas - Apresentam o tempo de semi-vida grande, cerca de uma semana, porque não são eliminadas enquanto estiverem ligadas às proteínas plasmáticas - A hormona mais a activa e mais potente é T3 - 40% da T4 é transformada em T3 - As hormonas tiroideias difundem-se rapidamente através da membrana celular - Atingem o núcleo, onde se ligam a moléculas receptoras - Este complexo hormona-receptor interage com o DNA, levando à formação de novas proteínas - As hormonas tiroideias actuam em todo o organismo, noentanto nem todos os tecidos respondem da mesma forma - A acção nas células está relacionada com o metabolismo, crescimento e maturação - Funções da hormona tiroideia - Estimula o metabolismo da glicose, gorduras e proteínas - É também esta hormona que controla a temperatura corporal - Esta hormona também potencia a hormona de crescimento 94

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- Pode ocorrer uma hiposecreção ou hipersecreção desta hormona - A essas situações patológicas designamos de, respectivamente, hipotiroidismo e hipertiroidismo

- Hipertiroidismo: Metabolismo aumentado: - Aumento da temperatura corporal - Perda de peso - Aumento do apetite - Taquicardia -HTA - Aumento do volume tiroideu

Metabolismo diminuído: - Diminuição da temperatura corporal - Ganho de peso - Redução do apetite - Bradicárdia - Hipotensão arterial - Hipotonia muscular e apatia - Aumento de volume da glândula

- Quando o hipotiroidismo aparece na fase de crescimento, o resultado numa patologia caracterizada por atraso mental e estatura baixa, denomina-se Cretina - É a TSH que regula a secreção das hormonas tiroideias - Esta hormona não tem níveis iguais durante todo o dia, ocorre um aumento sanguíneo durante a noite - Com níveis elevados de TSH ocorre aumento da produção e secreção de T3 e T4, hipertrofia e hiperplasia - A regulação das hormonas tiroideias funciona pelo mecanismo de feed-back negativo - Situações em que ocorre aumento de T3 e T4, verifica-se uma inibição da secreção de TSH a nível da adeno-hipófise e hipotálamo - Se as hormonas tiroideias diminuirem a TSH aumenta dramaticamente - A própria TSH também tem uma hormona que a estimula, é hormona libertadora da tirotrofina (TRH) - A TRH é estimulada pelo frio e o jejum inibe a produção e libertação da TRH. Causas de hipotiroidismo

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- Deficiência de iodo - Substâncias geradoras de bócio (drogas) - Cretinismo - Ausência da tiroide - Insuficiência da hipófise - Tiroidite de Hashimoto

- Doença de graves - Tumores - Tiroidite - Niveis elevados de TSH - Libertação súbita de hormonas tiroideias

- Calcitonina: - O aumento dos níveis de cálcio é o estímulo para a secreção de calcitonina - O tecido alvo é o osso - Estimula os osteoblastos e inibe os osteoclastos - Ocorre deposição óssea, por forma a conservar o cálcio - Os níveis da hormona diminuem no sangue com a idade - Essa diminuição é mais frequente no mulher que no homem - O papel da calcitonina não está bem esclarecido - Com a remoção da tiroide não se observa um aumento nos níveis de cálcio - E possivel que outras hormonas compensem a falta da calcitonina

Glândulas paratiroideias: - São 4 pequenas glândulas - Estão localizadas na face posterior da tiroide - Estão internamente organizadas em massa ou cordões - Secretam a hormona paratiroideia (PTH)

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Hormona paratiroideia: - Tem como tecidos alvo o osso, os rins e o intestino - O seu "objectivo" é aumentar os níveis de cálcio no sangue - No osso provoca um aumento da actividade osteoclástica - Pode mesmo levar ao aumento do número de osteoclastos - O cálcio libertado entra em circulação - No rim, a PTH aumenta a reabsorção de cálcio, evitando que este seja excretado pela urina - Também no rin, a PTH leva a um aumento da vitamina D activada - Esta vitamina é necessária para a absorção de cálcio no intestino delgado - Todas estas manobras têm como objectivo aumentar os níveis sanguíneos de cálcio - Em associação com o cálcio está sempre o fosfato - A PTH promove um aumento do cálcio plasmático mas não dos fosfatos - Estes são eliminados pela urina - Tal como as outras hormonas, também a PTH é regulada pelo feed-back negativo - Quando se verifica uma diminuição dos níveis de cálcio no sangue, esta é estimulada - Quando os níveis estão elevados esta diminui a sua produção - Para esta hormona existem também situações patológicas de hipoparatiroidismo e hiperparatiroidismo - Hipoparatiroidismo: - Causa: Idiopática ou Remoção da glândula - Sintomas: ↓cálcio no sangue, Excitabilidade neuromuscular, Hipotonia do músculo cardíaco e Diarreia - Hiperparatiroidismo: - Causas: Tumores da tiróide, Dieta pobre em cálcio, gravidez, lactação - Sintomas: ↑ Níveis sanguíneos de cálcio, Deposição de sais de cálcio por todo o organismo, Ossos com reabsoração, Maior força de contracção do músculo cardíaco e Obstipação Glândulas supra-renais - Localizadas sobre o pólo superior do rim - É um órgão retroperitoneal - Estão envoltas numa cápsula de tecido conjuntivo - São compostas por duas zonas distintas: a medula e o córtex - É apartir da cápsula que partem vasos sanguíneos para irrigar a glândula - A medula é formada por aglomerados de células poliédricas - O córtex é formado por cordões de pequenas células - No córtex podemos distinguir três zonas distintas: zona glomerulosa, zona fascicular, zona reticular. - Estas 3 zonas são funcional e estruturalmente diferentes - Zona glomerulosa: Localizada imediatamente por baixo da cápsula é composta por pequenos grupos celulares (glomérulos) - Zona fascicular: É a zona mais densa do córtex e as células formam colunas que se extendem da superfície para a medula - Zona reticular: É a zona mais profunda do córtex é formada por uma estreita camada de cordões celulares organizados irregularmente 96

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Hormonas da medula supra-renal - 2 Hormonas: Adrenalina (ou epinefrina) e Noradrenalina (ou norepinifrina) - A secreção da adrenalina ocupa cerca de 80% da produção hormonal - A adrenalina aumenta os níveis de glicose no sangue - A adrenalina liga-se a receptores das células hepáticas e leva à produção de AMP cíclico - Este 2o mensageiro activa enzimas que são responsáveis pela degradação de glicogénio em glicose - A glicose é libertada para a corrente sanguínea

Acções da adrenalina: - Aumenta: Libertação de glicose pelo fígado, Libertação de ácidos gordos pelos adipócitos, Ritmo cardíaco, constrição de vasos sanguíneos viscerais, Tensão arterial, Actividade metabólica, débito cardíaco e o fluxo sanguíneo dos músculos. - Diminui: Função dos órgãos viscerais - A sua função, de uma forma generalista, é preparar o organismo para o esforço físico. - A duração de acção destas hormonas é curta, visto serem rapidamente metabolizadas, apresentam tempo de semi-vida de poucos minutos Hormonas do cortex supra-renal - O cortex secreta 3 tipos de hormonas: Mineralocorticóides, Glucocorticóides e Androgénios - Todas derivam do colesterol - À medida que são produzidas são secretadas - Circulam no sangue ligadas a proteínas plasmáticas - São metabolizadas no fígado e excretadas pelo rim - Mineralocorticóides - Produzidos na zona glomerulosa~ - Ex: aldosterona:

- ↑ eabsorção de sódio nos rins → ↑ níveis sanguíneos de sódio - ↑ Absorção de água → ↑ volume sanguíneo - ↑ Secreção de potássio na urina → ↓ níveis sanguíneos de potássio

- Glucocorticóides - Produzidos pela zona fascicular do córtex da supra-renal, ex: cortisol. - As suas acções podem ser classificadas em: Metabólicas, Desenvolvimento, Anti-inflamatórias.

- Acções metabólicas: metabolismo das gorduras e proteínas, níveis de glicemia e depósito de glicogénio nas células - Acções de desenvolvimento: Maturação dos pulmões do feto, Desenvolvimento dos receptores da adrenalina. - Acções anti-inflamatórias: ↓ intensidade da resposta inflamatória, ↓ n° de leucócitos e ↓ da libertação de substâncias químicas inflamatórias

- O cortisol é regulado pela ACTH (hormona adrenocorticotrófica), esta é libertada pela adeno-hipófise e regulada pela CRH (hormona libertadora da corticotrofina). - Altos níveis de cortisol em circulação inibem a secreção de ACTH e de CRH - Este mecanismo de feed-back negativo actua, respectivamente, na adeno-hipófise e no hipotálamo - O inverso acontece para baixos níveis de cortisol - Pode ocorrer hipo ou hipersecreção de cortisol - Hiposecreção: Hipoglicémia, Perda de peso e Depressão do sistema imunitário - Hipersecreção: Hiperglicémia, Atrofia muscular, Osteoporose e Redistribuição de gordura; na face, no pescoço e no abdómen. - Androgéneos: - Segregados pela zona reticular, ex: androstenodiona é um androgéneo fraco que vai ser convertido em testosterona - Esta tem um efeito despresível nos homens, quando comparado com a produção testicular - Na mulher leva ao aparecimento de pêlos púbicos e axilares 97

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Pâncreas - Órgão retroperitonial de pequenas dimensões - Localizado entre o estômago e o duodeno - É uma glândula endócrina e exócrina simultaneamente - A porção exócrina produz suco pancreático que vai ser transportado até ao intestino delgado

Pâncreas endócrino - A porção endócrina é formada por ilhéus pancreáticos ou de Langerhans - Produz hormonas que entram na circulação sanguínea - Os ilhéus estão dispersos por todo o pâncreas estando envolvidos pelo pâncreas exócrino - Existem entre 500.000 a 1.000.000 ilhéus - Cada um é composto por - Células alfa (20%) - produtoras de glucagon - Células beta (75%) - produtoras de insulina - Células delta (5%) - células imaturas, segregam somatostatina - As hormonas pancreáticas têm um importante papel na regulação dos níveis sanguíneos de açucar e aminoácidos - Os tecidos alvo da insulina são o fígado, o tecido adiposo e o hipotálamo - A insulina aumenta a capacidade dos tecidos alvo para captar e utilizar a glicose e os a.a. - A glicose que não é necessária é armazenada sob a forma de glicogénio no músculo e fígado - No tecido adiposo esta é armazenada sob a forma de gordura - Com excesso de insulina os níveis de glicémia desce drasticamente - Na presença de pouca insulina os níveis de glicémia aumentam - O centro de saciedade do cérebro é sensível à insulina - Sem esta não tem precepção dos níveis altos de glicémia - Se não houver insulina o indivíduo tem a sensação de fome embora com níveis de glicose altíssimos - O glucagon actua mais sobre o fígado que sobre o músculo e tecido adiposo - O efeito do glucagon é degradar o glicogénio e aumentar a síntese de glicose - Tem um efeito inverso ao da insulina - São os níveis sanguíneos de glicose que regulam a secreção de insulina - Com altos níveis de glicose a insulina tem a sua secreção aumentada - Com hipoglicémia a insulina diminui a sua secreção - Após uma refeição a secreção de insulina aumenta e em jejun diminui - A secreção de insulina também é regulada pelo sistema nervoso autónomo - A acção parasimpática aumenta a secreção de insulina - A acção simpática inibe a sua secreção - Hormonas gastrointestinais, tais como, a gastrina, a secretina e a colecistoquinina aumentam a secreção de insulina - Níveis altos de glicémia inibem a secreção de glucagon enquanto que níveis baixos a estimulam - A estimulação simpática e alguns a.a. aumentam a secreção de glucagon - Após a ingestão de uma refeição tanto a insulina como o glucagon são estimulados

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4 – Regulação e manutenção Capítulo 19 – Aparelho circulatório: Sangue Funções do sangue: Transporte, Manutenção e Protecção - Transporte: O sangue é o meio principal de transporte no corpo, transporta gases, nutrientes, produtos de degradação, etc. - Manutenção: Desempenha um papel fundamental na manutenção da homeostase. - Protecção: É assegurada pelos constituintes do sangue que fazem parte do sistema imunitário Plasma: - É um líquido amarelo pálido - É composto por 91% de água - O restante é formado por susbtâncias em suspensão, tais como: proteínas, nutrientes, iões, produtos de degradação, gases,etc - Nas proteínas plasmáticas temos a albumina, globulinas e fibrinogénio Elementos figurados - São células ou fragmentos celulares” que são componentes do sangue: Eritrócitos ou hemácias (glóbulos vermelhos), Leucócitos (glóbulos brancos) e Plaquetas (trombócitos) - Dos elementos figurados do sangue cerca de 95 % são eritrócitos - Os glóbulos brancos e as plaquetas constituem os restantes 5 % - A produção de elementos figurados designa-se de hematopoiese - Este processo ocorre na medula vermelha dos adultos - Todos os elementos figurados derivam de um tipo de células indiferenciadas chamadas células estaminais ou hematocitoblastos - É a partir destas células que se originam os precursores dos elementos figurados: - Proeritroblastos – eritrócitos; Mioblastos – granulócitos; Linfoblastos – linfócitos; Monoblastos – monócitos e Megacarioblastos - plaquetas

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Eritrócitos: Características dos eritrócitos - Representam a maior parte dos elementos figurados do sangue - O número de eritrócitos por milímetro cúbico num adulto do sexo masculino é cerca de 5,2 milhões (4,2 - 5,8) - Para o sexo feminino o valor médio é de 4,5 milhões por milímetro cúbico (3,6 - 5,2) - Apresentam a forma de discos bicôncavos com a extremidade mais espessa que o centro - É um elemento anucleado Composição dos eritrócitos - Apresenta na sua constituição a hemoglobina - Esta proteína é responsável pela coloração vermelha do eritrócito Funções dos eritrócitos - Transporte de oxigénio e dióxido de carbono - Produção de iões de bicarbonato pela anidrase carbónica - Os iões bicarbonato são a forma de dióxido de carbono transportada no sangue - Estes iões regulam o pH sanguíneo Hemoglobina - Composição e funções da Hemoglobina (componente dos eritrócitos) Composição (da hemoglobina) - Composta por 4 cadeias de proteínas e 4 grupos heme - Cada proteína está ligada a um grupo heme - O grupo heme possui um átomo de ferro - Das 4 globinas existem 2 cadeias alfa e 2 beta - O ferro é fundamental porque o oxigénio é transportado em associação com este - Cada molécula de oxigénio liga-se a um grupo heme Funções (da hemoglobina) - A hemoglobina que transporta oxigénio chama-se oxi-hemoglobina e apresenta-se de côr vermelho vivo - A desoxi-hemoglobina não transporta oxigénio e apresenta uma côr vermelho escuro Quando transporta dióxido de carbono ligado à globina chama-se carbamino-hemoglobina - Eritropoiese é o conjunto de fenómenos que leva à produção de eritrócitos a partir de uma células precursora – o hemocitoblasto - Os hemocitoblastos transformam-se em proeritroblastos - Estes sofrem várias divisões celulares dando origem aos eritroblastos primitivos - Estes vão originar os eritroblastos intermédios que se vão diferenciando e formar os eritroblastos finais - Estes vão perder o seu núcleo e formar os reticulócitos, que são eritrócitos imaturos - Finalmente, vão-se formar os eritrócitos maduros - Nesta sequência de acontecimentos é necessário vitamina B12, ácido fólico e ferro - O estímulo para esta produção é o baixo nível de oxigénio no sangue - Este estímulo provoca a produção de uma glicoproteína renal, a eritropoietina - Esta actua na medula vermelha para que ocorra maior produção de eritrócitos - Isto aumenta dos níveis séricos de oxigénio - O inverso acontece quando o oxigénio circulante é demasiado - São necessários apenas 4 dias para a transformação de hemocitoblasto em eritrócito maduro - O seu tempo de vida é de 120 dias no homem e 110 na mulher - Passado este tempo são removidos pelos macrófagos (que são glóbulos brancos específicos para estas e outras funções idênticas)

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Leucócitos (ou células brancas) - Não apresentam hemoglobina - Apresentam núcleo - A sua função é proteger o organismo de microorganismos invasores - Podem deslocar-se para o exterior dos vasos sanguíneos por diapedese - Estes são atraídos para os locais onde estão corpos estranhos por quimiotaxia - Ao identificarem os seres estranhos vão fagocitá-los - Existem cinco tipos de leucócitos (divididos em 2 grupos): - Basófilos, Eosinófilos e Neutrófilos

- Linfócitos e Monócitos - Os glóbulos brancos são classificados segundo a presenç no a / ausência de grânulos citoplasma em: granulócitos e agranulócitos - Os granulócitos (que apresentam grânulos no citoplasma) podem ser classificados de basófilos, eosinófilos e neutrófilos - Os agranulócitos (que não apresentam grânulos no seu citoplasma) são os monócitos e os linfócitos

Granulócitos: Neutrófilos - É o tipo mais comum dos leucócitos do sangue - Apresenta grânulos no citoplasma que coram quer com contrastes ácidos quer básicos - O núcleo apresenta 3 lóbos - Estes estão em circulação 10 a 12 horas - Ao sairem de circulação vivem 1 ou 2 dias Eosinófilos - Apresentam grânulos no citoplasma que coram com a eosina - Deslocam-se para um tecido que está a sofrer uma inflamação - São frequentes nas pessoas alérgicas - Reduzem a reacção alérgica Basófilos - São os leucócitos menos comuns - Apresentam grânulos no citoplasma que coram de azul com substâncias básicas - Actuam em reacções alérgicas e inflamatórias

Agranulócitos

Linfócitos: - São os leucócitos de menores dimensões - Apresentam um citoplasma muito reduzido e sem grânulos - Originam-se na medula óssea mas localizam-se no baço, amígdalas, timo e gânglios linfáticos - Existem diversos tipos de linfócitos - Desempenham papel na imunidade Monócitos - São os leucócitos de maiores dimensões - Permanecem em circulação entre 1 a 3 dias - Depois transformam-se em macrófagos - Estes vão fagocitar elementos estranhos - Monócitos em excesso denunciam infecção crónica

Plaquetas (ou trombócitos) - São fragmentos celulares sem núcleo, só com membrana e citoplasma - Apresentam a forma de um disco - Têm um tempo de vida de 5 a 9 dias - Derivam dos megacariócitos e são produzidas na medula - Apresentam um papel importante na coagulação 101

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Hemostase: - Sequência de acontecimentos que leva à cessação de uma hemorragia - Este mecanismo é muito importante para manter a homeostasia - Uma hemorragia não controlada leva a uma perda de volume sanguíneo que origina a morte - Este processo engloba 3 estádios: espasmo vascular; formação de agregados plaquetários e coagulação

- Espasmo vascular: Logo após a hemorragia dá-se uma contracção do músculo liso da parede do vaso com á intenção de diminuir a hemorragia - Agregação plaquetária: Inicia-se com a exposição do endotélio do vaso após a sua ruptura, as plaquetas aderem ao endotélio e promovem a ligação de mais plaquetas. - A acumulação de inúmeras plaquetas forma o rolhão plaquetário, este é fundamental para a paragem da hemorragia. - Alterações no número de plaquetas provoca a não correcção de pequenas hemorragias que ocorrem diariamente Coagulação- Mesmo com o espasmo vascular e a agregação plaquetária não é possível eliminar grandes hemorragias - É necessário que se forme o coágulo - Este coágulo é formado por uma rede de fibrina que detém células sanguíneas, plaquetas e líquido - Para que ocorra a formação de fibrina e a consequente coagulação é necessário que existam factores de coagulação - Estas proteínas plasmáticas desenvolvem uma cascata de acontecimentos da qual resulta a formação da fibrina - Existem duas vias de coagulação: via intrínseca e via extrínseca, que funcionam em simultâneo - Para controlar a formação do coágulo existem vários anticoagulantes - Estes estão sempre presentes - No local de uma lesão com hemorragia, a concentração de factores de coagulação é muito superior à dos anticoagulantes - Este equilíbrio entre os dois é importante para o bom funcionamento do sistema

- Exemplos de anticoagulantes no sangue: Antitrombina, Heparina, Prostaciclina - Também no meio exterior são importantes para as transfusões e análises clínicas: Heparina, EDTA, e Citrato de sódio - Dissolução do coágulo: Inicia-se poucos dias após a sua formação, é este processo que leva à dissolução chama-se fibrinólise, é promovido pela plasmina que destroi a fibrina 102

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Grupos sanguíneos - A classificação dos grupos sanguíneos faz-se segundo o sistema ABO e Rh - Existem outras classificações: lewis, duffy, kidd, kell.... - Estes grupos referem-se aos antigénios à superfície dos eritrócitos - Existem cerca de 35 grupos sanguíneos

Sistema ABO • No sistema ABO: - O sangue tipo A tem antigénios tipo A e anticorpos tipo B - O sangue tipo B tem antigénios tipo B e anticorpos tipo A - O sangue tipo AB tem antigénios tipo A e B e não tem anticorpos - O sangue tipo O não tem antigénios e tem anticorpos A e B

Sistema ABO - tipos

- A distribuição destes grupos pela população varia - Os caucasianos apresentam 41% tipo A e 9% tipo B - Os negros apresentam 27% tipo A e 20% tipo B

- Numa transfusão sanguínea o dador e o receptor devem ter tipos de sangue compatíveis para que não ocorra aglutinação - Assim pode ser administrado sangue tipo A a uma pessoa tipo A - O mesmo acontece para o sangue tipo B - Não se pode administrar sangue com antigénios diferentes dos originais, porque existem anticorpos para esse antigénio introduzido

- Assim sendo um receptor com sangue tipo AB é considerado como um receptor universal - Neste caso o sangue receptor não tem antigénios e só vai passar a ter os antigénios do dador - Um sangue tipo O é considerado dador universal

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Sistema Rh - É outro sistema de classificação e é usado em conjunto com o sistema ABO - Temos apenas dois tipos de sangue segundo este sistema: positivo e negativo - Relaciona-se com a existência ou não de antigénios Rh na superfície do eritrócito - Cerca de 85% da população é Rh positivo - Os anticorpos para o antigénio Rh normalmente não se desenvolvem - Apenas se verifica quando ocorre contacto entre um sangue Rh negativo com um positivo - Isto pode acontecer em duas situações distintas: transfusão sanguínea e gravidez - No caso de uma grávida Rh negativo ter um feto Rh positivo pode ocorrer mistura do sangue do feto com o da mãe - Na primeira gravidez a mãe produz anticorpos Rh mas não em n° suficiente para causar problemas - Diz-se que a mãe está sensibilizada para o Rh - Numa possível segunda gravidez em que o feto seja Rh positivo a mãe já tem capacidade para formar anticorpos suficientes - Nestes casos pode-se dar uma situação muito grave designada de doença hemolítica do recém-nascido - Tudo isto pode ser evitado se for administrada uma injecção de imunoglobulina anti Rh antes ou durante a gravidez

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4 – Regulação e manutenção Capítulo 19 – Aparelho circulatório: Coração O Coração - Apresenta a forma de pêra e é do tamanho de mão fechada - Localizado na caixa torácica, entre os pulmões, no mediastino - O apex do coração está orientado para baixo, para frente e para a esquerda - Composto por 4 cavidades: 2 Aurículas e 2 Ventrículos - O pericárdio é uma membrana que envolve o coração e que o fixa às estruturas adjacentes - O pericárdio visceral cobre o coração - O pericárdio parietal cobre as paredes adjacentes - Entre os dois pericárdios existe o líquido pericárdico para diminuir o atrito

O pericárdio - A parede cardíaca é composta por 3 camadas de tecido: Epicárdio, Miocárdio e Endocárdio - O epicárdio cobre externamente o coração e corresponde ao pericárdio visceral - O miocárdio é formado por músculo cardíaco - O endocárdio é constituido por uma camada de tecido conjuntivo envolta em epitélio pavimentoso simples. Cavidades cardíacas - As válvulas cardíacas são formadas a partir do endocárdio - A porção das aurículas constitui a parte anterior e superior do coração - Os ventrículos formam a extremidade inferior - Os apêndices auriculares são saliências existentes na face anterior do coração junto à união da aurícula com o ventrículo - As aurículas recebem o sangue de todo o organismo - À aurícula direita chega o sangue proveniente de todo o organismo através das veias cavas inferior e superior

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- Os vasos sanguíneos que comunicam com o coração - A veia cava inferior trás o sangue dos membros inferiores e tronco

- A veia cava superior transporta o sangue dos membros superiores e da cabeça - As veias pulmonares trazem o sangue arterial dos pulmões até á aurícula esquerda - O sangue venoso do próprio coração é trazido pelo seio coronário - Sangue venoso e arterial - No coração direito apenas circula sangue venoso - No coração esquerdo só circula sangue arterial - O sangue arterial chega através das veias pulmonares, vindo dos pulmões - É o tronco (artéria) pulmonar que leva o sangue venoso do ventrículo direito aos pulmões - Esta estrutura vai-se ramificar pouco de pois em 2 artérias pulmonares direitas e 2 artérias pulmonares esquerdas - O sangue arterial sai do coração através da artéria aorta para todo o organismo - Na face externa do coração podemos observar um sulco coronário que separa as aurículas dos ventrículos - Perpendicular e inferiormente a este temos o sulco interventricular anterior e posterior que se localizam entre os dois ventrículos - É nestes sulcos que vão passar as artérias de vascularização do tecido cardíaco - São as artérias coronárias direitas e esquerda que nutrem o coração propriamente dito - O sangue venoso proveniente do coração é drenado pelas veias cardíacas - Estas vão desembocar no seio coronário que vai levar o sangue até à aurícula direita

Face externa - vista posterior Anatomia interna do coração

- A aurícula direita apresenta 3 aberturas para as veias cava inferior, cava superior e seio coronário - A aurícula esquerda apresenta 4 aberturas para as 4 veias pulmonares provenientes dos pulmões - A dividir as duas aurículas encontra-se o septo inter-auricular - É possível ver uma ligeira depressão do lado direito do septo que provem do canal arterial existente no feto - À nascença este canal já está fechado - A comunicação entre a aurícula e o ventrículo é feite pelo canal auriculo-ventricular - O ventrículo direito tem uma abertura para o tronco pulmonar - O ventrículo esquerdo tem a abertura da artéria aorta - A separar os dois ventrículos existe o septo interventricular

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Valvulares cardíacas Em cada um dos canais auriculo-ventriculares existe uma válvula auriculo-ventricular - As válvulas são formadas por cúspides - As válvulas permitem a passagem de sangue da aurícula para o ventrículo mas não em sentido contrário - A válvula do coração direito é formada por 3 cúspides e chama-se tricúspide - A válvula do coração esquerdo designa-se de mitral ou bicúspide por só apresentar 2 cúspides na sua constituição - As pontas das cúspides localizam-se no centro da válvula - As cordas tendinosa ligam-se às pontas das cúspices e à parede interna do ventrículo - Estas cordas impedem a passagem de sangue do ventrículo para a aurícula - Quando o ventrículo está cheio de sangue as válvulas fecham-se para que haja libertação do sangue para fora - As válvulas semilunares estão presentes na aorta e no tronco (artéria) pulmonar - Estas apresentam uma forma semilunar e são formadas por 3 cúspides - A válvula aórtica e a pulmonar impede o sangue de voltar ao coração

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4 – Regulação e manutenção Capítulo 21 – Aparelho circulatório: Circulação e Regulação Periférica - O sangue arterial sai do coração através de um grande vaso - artéria aorta - Esta vai distribuir o sangue por todo o organismo através das suas ramificações - Desta forma todas as artérias são, directa ou indirectamente, originadas da aorta - A aorta está dividida em 3 porções: Aorta ascendente, Crossa da aorta e Aorta descendente - A aorta ascendente é a porção mais próxima do coração - Tem um diâmetro aproximado de 2,8 cm e 5 cm de comprimento - É nesta secção da aorta que se originam as artérias coronárias direita e esquerda - Estas artérias são as responsáveis pelo fornecimento sanguíneo ao músculo cardíaco - Dirigindo-se posteriormente e para a esquerda, a aorta forma a crossa da aorta - É nesta porção que se vão originar as artérias para a cabeça e membros superiores - Os ramos aí originados são: tronco arterial braquiocefálico, carótida comum esquerda e subclávia esquerda - O segmento seguinte é a aorta descendente, é a a sua secção de maior comprimento - Origina-se na crossa, atravessa todo o tórax e abdómen, terminando no limite superior da bacia - A aorta torácica é a sua porção que percorre o tórax do lado esquerdo do mediastino - Neste trajecto fornece vários ramos - A aorta abdominal é a extensão da aorta que vai desde o diafragma até à bacia - É a este nível que dá os seus dois ramos terminais, as artérias ilíacas primitivas direita e esquerda - Aorta descendente é constituída pela Aorta torácica e Aorta abdominal - Estas artérias vão irrigar toda a zona da bacia e membros inferiores - Durante todo o seu trajecto abdominal fornece inúmeros ramos colaterais para órgãos importantes

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Artérias da cabeça e pescoço - O sangue é proveniente dos 3 ramos da crossa da aorta - A carótida comum esquerda e subclávia esquerda são, respectivamente, o 2o e 3o ramos colaterais da crossa da aorta - O tronco arterial braquiocefálico originado da crossa, ramifica-se para formar a artérias carótida comum direita e subclávia direita - As artérias carótidas comuns dirigem-se para cima até atingirem o ângulo da mandíbula e percorrem o lado do pescoço respectivo- - Ao nível do ângulo mandibular bifurcam-se para originar os seus dois ramos terminais: carótida interna e carótida externa Na zona de bifurcação observa-se uma ligeira dilatação, o seio carotídeo A artéria carótida externa vai irrigar a face e pescoço A carótida interna penetra na caixa craniana e irriga o cérebro As artérias subclávias dão ramos que entram na cabeça e formam redes que irrigam o cérebro Os seua ramos são as artérias vertebrais

Artérias membro superior

Artérias dos membros superiores - A artéria subclávia vai irrigar o membro superior - A artéria prolonga-se por todo o membro, apresentando, noentanto, nomes diferentes ao longo do percurso - A sua secção que passa pela axila designa-se de artéria axilar - Esta continua-se com a artéria umeral que percorre o todo o braço - A artéria umeral divide-se em artéria radial e artéria cubital - Estas formam uma rede vascular na palma da mão, na qual se originam as artérias digitais Aorta torácica - Os seus ramos são ramos viscerais e ramos parietais - Os ramos viscerais vão vascularizar os pulmões, o esófago e o pericárdio - Os ramos parietais irrigam a parede do tórax Aorta abdominal - Tal como a aorta torácica, também a abdominal tem ramos viscerais e parietais - Os ramos viscerais irrigam os órgãos abdominais - Os ramos parietais irrigam o diafragma e a parede abdominal

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Artérias da bacia - É a nível da 5 a vértebra lombar que a artéria aorta abdominal se divide nas artérias ilíacas primitivas - Estas dividem-se em ilíacas externas e ilíacas internas - As artérias ilíacas internas irrigam toda a zona da bacia - Também apresentam ramos viscerais para os órgãos da cavidade pélvica - Os seus ramos parietais irrigam o períneo a as paredes da cavidade - As artérias ilíacas externas dirigem-se para os membros inferiores Artérias dos membros inferiore Artérias do membro inferior (direito) - Todas as artérias dos membros inferiores originam-se nas artérias ilíacas externas - Tal como no membro superior, também esta vai tomando nomes diferentes ao longo do seu trajecto - Inicia-se como artéria ilíaca externa, na zona do joelho designa-se de artéria popliteia - É nesta zona que se ramifica nas artérias tibial anterior e tibial posterior - A artéria tibial anterior torna-se artéria pediosa - A artéria tibial posterior passa a artéria plantar e irriga a planta do pé Rede vascular - veias

Circulação sistémica - veias - Na generalidade as veias seguem o mesmo curso das artérias e apresentam o mesmo nome - As veias são mais numerosas e com um trajecto ligeiramente diferente - As 3 principais veias que chegam ao coração são a veia cava inferior e superior e o seio coronário - As veias podem ser superficiais ou profundas e ainda formarem seios - As veias profundas são de maior calibre no tronco e abdómen - Nos membros ocorre o oposto - Os seios encontram-se na calote craniana e no coração

Veias do coração - São as veias coronárias as responsáveis pela drenagem do sangue venoso da parede do coração - Estas vão desembocar no seio coronário - Esta dilatação vai levar todo esse sangue directamente para a aurícula direita

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Veias da cabeça e pescoço - O sangue proveniente da cabeça e pescoço provem das veias jugular interna e externa - As veias jugulares externas são:de menor calibre, superficiais ou drenam o sangue da porção posterior da cabeça e pescoço - As veias jugulares internas: Têm maior calibre, são mais profundas, drenam o sangue da porção anterior da cabeça e pescoço e da face e originam-se nos seios venosos da calote craniana - As veias jugular interna e externa juntam-se à veia subclávia para formar o tronco braquiocefálico - Os dois troncos braquiocefálicos direito e esquerdo unem-se e formam a veia cava superior - Esta vai levar todo o sangue para a aurícula direita - As veias subclávias trazem o sangue dos membros superiores Veias dos membros superiores - Existe uma rede venosa na mão denominada de arcada palmar - Esta rede recolhe o sangue venoso da zona da mão e drena-o para as veias superficiais e profundas do antebraço Veias do membro superior (direito) - Na face interna do antebraço temos a veia cubital - Na face externa temos a veia cefálica - Na face anterior, entre as duas veias, temos a veia radial - A nível da face anterior do cotovelo estas 3 veias formam uma estrutura em forma de W - Ao longo do braço existe a veia basílica na face interna e a veia cefálica na face externa - Na zona da omoplata, a veia basílica torna-se veia axilar -Nesta veia axilar vai drenar a veia cafálica - A veia axilar, por sua vez, vai drenar para a veia subclávia - Esta, em conjunto com as veias jugulares, vai formar o tronco braquiocefálico que drena na veia cava superior - Mais profundamente existem as veias umerais, que acompanham todo o úmero e que se ramificam em veia radial e cubital Veias do tórax: - Existem 3 veias principais que levam o sangue do tórax para a veia cava superior: Tronco venoso braquiocefálico direito; Tronco venoso braquiocefálico esquerdo; Veia ázigos. A veia ázigos localiza-se do lado direito da coluna vertebral Veia hemiázigos ou ázigos acessória localizada no lado esquerdo drena para a veia ázigos Estas duas veias recebem o sangue venoso da parede posterior do tórax A parede anterior drena para o tronco braquiocefálico Veias do abdómen: A parede posterior do abdómen drena para as veias lombares ascendentes, estas continuam-se pela veia ázigos e hemiázigos. Tdos os órgãos e membros inferiores drenam para a veia cava inferior. As veias ilíacas primitivas unem-se para formar a veia cava inferior

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• Sistema porta - É uma rede de capilares venosos provenientes dos órgãos abdominais e que termina no fígado - A veia porta é a principal veia do sistema porta - Esta resulta da união das: veias mesentérica superior (intestino delgado), esplénica (baço, cólon e pâncreas), gástrica (estômago) e Cística (vesícula biliar) - Estes capilares trazem nutrientes dos intestinos mas também toxinas - Nas células do fígado o sangue é "filtrado" - O sangue vai sair do fígado pela veia porta inferior, indo desembocar na aurícula direita

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Veias do membro inferior direito Veias dos membros inferiores - Apresentam veias superficiais e veias profundas - As profundas seguem o trajecto das artérias - As veias tibial anterior e posterior unem-se na zona do joelho e formam a veia popliteia - Esta chama-se femural no trajecto na coxa e vai desaguar na veia ilíaca externa - Superficialmente encontramos uma rede venosa no pé designada de arcada venosa dorsal - A partir desta formam-se as veias dorsais do pé que se unem para formar a veia safena interna e safena externa - A safena interna localiza-se no lado interno da tíbia e a safena externa do lado externo do perónio

A safena externa une-se à veia popliteia, que vai tornar-se femural A safena interna continua-se pela veia ilíaca externa A veia safena interna também se designa de grande safena, enquanto que a externa se chama também pequena safena

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Tensão arterial - A pressão arterial representa a força exercida pelo sangue contra as paredes dos vasos sanguíneos - Esta força é medida em mmhg - Existem diversos métodos de medição da pressão arterial - A colocação de uma cânula num vaso é um método muito invasivo e que não pode ser praticado sistematicamente - O método mais usado é por auscultação - É necessário um esfingnomanómetro, uma braçadeira insuflável e um estetoscópio - O estetoscópio é colocado sobre a artéria umeral - A braçadeira é colocada na parte superior do braço e insuflada - Quando a artéria não produzir qualquer ruído começa-se a diminuir a pressão - O primeiro ruído indica que se retomou a circulação no vaso - O valor de pressão a que isto acontece corresponde à tensão arterial sistólica - Durante alguns segundos vão se continuar a ouvir uns ruídos na artéria - Estes sons são provocados pela passagem do sangue no vaso que ainda está sobre pressão - Estes ruídos chamam-se Sons de korothoff - À medida que a pressão vai diminuindo estes vão sendo cada vez mais espaçados e imperceptíveis - Chega a um valor de tensão em que já não se detectam os ruídos - A esta altura o sangue já não encontra resistências à sua passagem - Este valor de pressão arterial corresponde à tensão arterial diastólica - O fluxo sanguíneo é o volume de sangue que passa por um vaso num determinado período de tempo - Este fluxo depende do gradiente de pressão - Se em dois vasos houver valores de pressão iguais, então entre eles não se vai gerar nenhum fluxo - O fluxo existente nos nossos vasos arteriais é causado pelo fluxo sanguíneo do coração - Nas veias também existe pressão, mas esta não resulta do fluxo sanguíneo - Neste caso resulta de gradientes de pressão diferentes em sectores contíguos da veia - As válvulas permitem o aumento de pressão num segmento

- Factores que alteram o fluxo sanguíneo: - ↑ Resistência - ↓ fluxo

- ↑ Viscosidade - ↓ fluxo - ↑ Comprimento do vaso - ↓ fluxo

- A viscosidade representa a dificuldade que o coração tem em enviar o sangue por um vaso - Manifesta-se por uma perda de fluidez - A viscosidade está directamente relacionada com diversos factores - A quantidade de água no sangue faz diminuir a viscosidade - O elevado número de eritrócitos faz aumentar a viscosidade - Em situações de desidratação e de produção descontrolada de eritrócitos aumentam drasticamente a viscosidade sanguínea - A viscosidade exagerada é preocupante devido ao maior risco de patologia cardíaca - O coração está em esforço para conseguir levar o sangue até aos capilares - A tensão arterial também depende da capacidade de distensão do vaso - Se o vaso apresentar capacidade para se distender, então a força que o sangue exerce sobre a parede do vaso é menor - Pessoas em que a parede tem pouca capacidade de distenção têm tendência para hipertensão arterial - Existem mecanismos no corpo humano que permitem um controle da pressão arterial - Temos mecanismos rápidos e mecanismos lentos - Os barroreceptores do seio carotídeo e da crossa da aorta detectam as variações de pressão sanguínea

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- Se a pressão estiver elevada ocorre o estiramento da parede do vaso e os barroreceptores transmitem a informação ao SNC - Este centro de regulação vai contrariar a situação, causando uma dilatação nos vasos periféricos - No caso de a tensão arterial estar baixa vai ocorrer uma vasoconstrição periférica - Existem também quimioreceptores que detectam alterações nas concentrações de oxigénio e dióxido de carbono - Existem receptores no seio carotídeo e crossa da aorta que vão informar o SNC - Estes receptores causam vasoconstrição no caso de aumento de dióxido de carbono em circulação - A vasoconstrição vai levar a uma maior perfusão pulmonar da qual resulta o aumento da concentração de oxigénio - No caso da pressão arterial descer drasticamente ( abaixo de 5 mm hg) e de se observar um drecréscimo dos níveis de dióxido de carbono acciona-se a resposta isquémica do SNC - Esta resposta consiste numa vasoconstrição imediata que vai resolver os dois problemas - Para além dos factores nervosos, existem também factores hormonais: Medula supra-renal, Renina-angiotensina-aldosterona, Vasopressina e Hormona natriurética auricular.

- A estimulação da medula supra-renal resulta na produção de epinefrina: Esta hormona: Aumenta a frequência cardíaca, Aumenta o volume de sangue sistólico, provoca a vasoconstrição cutânea e visceral e a vasodilatação coronária. - Sistema renina-angiotensina- aldosterona: A renina é uma enzima libertada pelos rins que tem a capacidade de activar a angiotensina. - Esta proteína actua de forma a elevar a tensão arterial por aumento da resistência vascular periférica - Também vai estimular a produção de aldosterona que aumenta a captação de água da urina, aumentando assim a tensão arterial - Outro efeito é o aumento da sensação de sede e fome, bem como a secreção de ADH - Estes mecanismos não são tão rápidos como os nervosos mas apresentam uma duração de acção mais longa - Mecanismo da vasopressina (ADH): - A descida da pressão arterial estimula barorreceptores que vão levar à produção de ADH - Esta hormona provoca vasoconstrição, mas o seu papel principal é diminuir o débito urinário - Esta diminuição de excreção de água na urina é um mecanismo muito eficaz de aumentar a tensão arterial Mecanismo natriurético auricular: - O estímulo para a sua produção é a HTA - Este péptido libertado pelas células auriculares do coração actua no rim de forma a aumentar a excreção de água pela urina - Também provoca dilatação dos vasos sanguíneos - Estas duas acções provocam uma diminuição da tensão arterial

• Mecanismos de regulação da pressão arterial a longo prazo - Os mecanismos a longo prazo actuam em minutos ou horas - Estes são o sistema renina-angiotensina-aldosterona e a hormona natriurética auricular

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4 – Regulação e manutenção Capítulo 22 – Sistema linfático e Imunitário Sistema linfático: - É composto por vasos linfáticos, Gânglios linfáticos, Linfócitos, Linfa, Amígdalas, Timo e Baço. - As 3 funções do sistema linfático são: Equilíbrio hídrico, Absorção de gorduras e Defesa - Equilíbrio hídrico: Dos capilares sanguíneos saem todos os dias líquidos para o espaço intersticial, nem toda esta quantidade retorna aos capilares, pois existe uma parte que entra nos capilares linfáticos, que vai formar a linfa. - Absorção de gorduras: A envolver o intestino delgado existem vasos linfáticos que absorvem a gordura, que posteriormente são conduzidas ao sistema venoso - Defesa: Os linfócitos são células de defesa e o gânglios e o baço removem microorganismos invasores

Tecidos e nódulos linfáticos - O tecido linfático encontra-se: Sob as membranas, em volta dos nódulos linfáticos e no baço. - Na sua constituição estão os linfócitos e os macrófagos - O tecido não apresenta uma forma definida - Os nódulos linfáticos são arranjos de tecido linfóide numa forma aproximadamente esférica - Estão localizados no tecido conjuntivo laxo do aparelho digestivo, respiratório e urinário - Podem estar em associação e formar estruturas complexas como as placas de Meyer no intestino delgado

Amígdalas - São formações de tecido e nódulos linfáticos localizados sob a mucosa da cavidade oral e nasofaringe - Apresentam dimensões reduzidas no adulto - Formam um anel protector contra os microorganismos presentes na cavidade nasal e oral Existem 3 grupos de amígdalas - Amígadalas palatinas: Localizadas bilateralmente na junção da cavidade oral com a faringe - Amígdala faríngea: No local de união da faringe com a cavidade nasal - Amígdala lingual: Localizada na face posterior da língua

Gânglios linfáticos - São pequenas estruturas arredondadas que se distribuem ao longo dos canais linfáticos - Servem de filtro da linfa - É o local de aglomeração dos linfócitos e onde desempenha a sua função e proliferam - Os gânglios podem estar organizados em cadeias ganglionares São 3 as principais cadeias ganglionares: Cadeia cervical, Cadeia inguinal e a Cadeia axilar - Os gânglios linfáticos são cobertos por uma cápsula de tecido conjuntivo denso - Esta prolonga-se em direcção ao centro do gânglio - O tecido linfático no interior dos gânglios está organizado em duas zonas distintas: o córtex e a medula - Estes " centros de filtragem de linfa " possuem vasos aferentes que levam a linfa até eles e vasos eferentes nos quais é libertada a linfa já tratada - No gânglios existem macrófagos que removem as bactérias e todos os microorganismos estranhos da linfa - As células presentes nos gânglios linfáticos são os linfócitos, os macrófagos e as células reticulares - Os linfócitos recém-formados são libertados na linfa e podem atingir o sangue

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Baço - Órgão localizado no quadrante superior esquerdo da cavidade abdominal - Apresenta uma cápsula fibrosa externa - Podemos distinguir duas zonas: polpa branca e polpa vermelha - É irrigado pela artéria esplénica - Esta entra pelo hilo e difunde-se por todo o baço - Vai-se ramificando até aos capilares - O sangue venoso é depois recolhido por pequenas vénulas que levam o sangue até às veias esplénicas - Este órgão destroi objectos estranhos ao organismo - Destroi os glóbulos vermelhos velhos ou anormais

Timo - Órgão localizado na porção superior do mediastino - Apresenta uma forma triângular - É formado por 2 lobos - O seu desenvolvimento ocorre até à puberdade - No idoso pode ser inexistente - Os dois lobos estão envoltos por uma cápsula - Internamente o timo está organizado em córtex e medula - O timo produz linfócitos que entram na corrente sanguínea em direcção a outros tecidos linfáticos

Sistema linfático – conclusão - Toda esta rede de gânglios e vasos linfáticos forma uma defesa do organismo - Existe uma estreita relação entre o sistema circulatório e o sistema linfático - A linfa circula pelos vasos linfáticos e vai "desaguar" na veia subclávia esquerda - Esta ligação forma uma crossa que vai terminar no ângulo de Pirogoff esquerdo

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Sistema imunitário - Imunidade: Capacidade de resistir às agressões de substâncias estranhas ao organismo A Imunidade pode ser: - Imunidade inata ou resistência não específica - A capacidade de reconhecer e destruir substâncias estranhas já existe - A capacidade de destruição não aumenta com o número de exposições - Imunidade adaptativa ou resistência específica - A capacidade de reconhecer e destruir substâncias estranhas aumenta com a exposição ao agente agressor - As diferenças entre imunidade inata e adaptativa baseam-se em 2 conceitos: - Especificidade: Capacidade que o sistema imunitário apresenta de reconhecer uma substância - Memória: Capacidade que o sistema imunitário apresenta de recordar contactos prévios. Permite uma resposta mais rápida

- Imunidade inata: Sem memória - cada resposta é semelhante em cada contacto da mesma substância

- Imunidade adaptativa: Com memória, a resposta é melhorada após o Io contacto, pode levar ao não surgimento de sintomas no 2o contacto. O indivíduo diz-se imune ou imunizado Imunidade inata Componentes da imunidade inata

- Mecanismos mecânicos: Evitam entrada de microorganismos e Removem microorganismos da superfície corporal

- Mediadores químicos: Actuam directa ou indirectamente na destruição de microorganismos

- Células: Envolvidas na fagocitose - Inflamação: Mobiliza o sistema imunitário, Isola os microorganismos até estes serem

destruídos e eliminados - Mecanismos mecânicos:

- Barreiras à entrada: Pele e Mucosas - Mecanismos de expulsão: Lágrimas, Saliva, Urina, Tosse /espirro

- Mediadores químicos: Evitam a entrada de microorganismos na célula e Promovem a vasodilatação e inflamação. Ex: Complemento, Interferão, Mediadores de superfície, Histamina, Quininas, Prostaglandinas, Leucotrienos e os Pirogénios Complemento - Grupo de 20 proteínas - As reacções de activação dos vários elementos ocorrem em cascata - Constituída por uma via clássica e uma via alternativa - Via clássica faz parte da imunidade adaptativa - Via alternativa faz parte da imunidade inata - Acção das proteínas do complemento: Estimulam a lise da membrana celular bacteriana, Estimulam os macrófagos para fagocitarem as bactérias, Atração de células do sistema imunitário para o local de infecção, Induzir a inflamação. Interferão - Proteínas que protegem o organismo de infecções víricas, produzidas pelas células. - Ligam-se à superfície das células vizinhas e promovem a produção de proteínas antivirais Mediadores químicos: - Mediadores de superfície: Promovem a lise celular, Evitam proliferação microbiana e sequestra microorganismos. - Histamina: Promove vasodilatação, Aumenta permeabilidade vascular e Atrai eosinófilos - Quininas: Promovem vasodilatação, Aumenta a permeabilidade vascular, Atrai neutrófilos, - - - - Pirogénios e Estimulam a febre. - Prostaglandinas: Promovem vasodilatação, Aumenta permeabilidade vascular, Estimulam receptores da dor - Leucotrienos: Aumenta permeabilidade vascular e Atrai neutrófilos e eosinófilos

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Células - Leucócitos e derivados são o componente celular do sistema imunitário - São produzidos na medula óssea vermelha e tecido linfático - São libertados no sangue - Deslocam-se para os locais de infecção - Respondem à libertação de agentes quimiotácticos (histamina, complemento...) - Quimiotaxia: Capacidade de deslocamento para a fonte de agentes quimiotácticos - Fagocitose: Endocitose e destruição de partículas pelos fagócitos - Neutrófilos e macrófagos são células fagocitárias Macrófagos - São monócitos - Tempo de vida longo - Grande capacidade de fagocitose - Chegam ao local de infecção depois dos neutrófilos - Responsável pela maior parte da fagocitose - Produzem substâncias que resposta imunitária ( interferão, complemento...) - Localizam-se na pele, mucosas e à volta de vasos sanguíneos e linfáticos - Impedem entrada de microorganismos nos tecidos - Podem ser encontrados no interior dos vasos sanguíneos e linfáticos onde formam estruturas para filtrar os microorganismos da corrente Neutrófilos - São as primeiras células a chegar ao local da infecção - São destruídas após a fagocitose - Pús composto por: Neutrófilos, Microorganismos mortos e Tecido necrosado Basófilos - Origem na medula óssea vermelha - São glóbulos brancos móveis - Apresentam capacidade de entrar em tecidos infectados Mastócitos - Origem na medula óssea vermelha - São células imóveis - Localizam-se na pele, pulmões, tubo digestivo - Ambos promovem a libertação de histamina e leucotrienos Eosinófilos - Origem medula óssea vermelha - Células móveis - Penetram nos tecidos infectados - Produzem acção inflamatória Células natural killer: - São um tipo de lifócitos - Fazem parte da imunidade inata - Destroem a célula alvo por lise da membrana Resposta inflamatória: A inflamação é uma consequência de todas as acções desencadeadas para a eliminação do microrganismo invasor - Inflamação local - Sinais: Calor, Tumor, Rubor e Dor - A Inflamação sistémica, apresenta sinais e sintomas:

- Aumento de libertação neutrófilos - fagocitose - Aumento de libertação de pirogénios - febre - Aumento da permeabilidade vascular → ↓ volume intravascular → choque → morte

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Imunidade adaptativa - É a capacidade de reconhecer e responder a determinada substância - O agente estimulador da imunidade adaptativa é o antigénio - Os haptenos são pequenas moléculas que se ligam a outras de maior dimensão - É o exemplo da penicilina que se liga a proteínas plasmáticas e pode estimular uma resposta imunitária adaptativa Antigénios: Antigénios estranhos e Auto-antigénios

- Antigénios estranhos: São elementos não produzidos no organismo mas nele introduzidos. Ex: bactérias, vírus, pólen, medicamentos, tecidos e órgãos transplantados ...

- Auto-antigénios: São moléculas produzidas pelo organismo, Desencadeam uma resposta imunitária adaptativa. É um tipo de resposta que pode ser simultaneamente benéfica (combate a tumores) e perniciosa (doenças auto-imunes) - Tipos de imunidade adaptativa: Imunidade humoral ou mediada por anticorpos, Imunidade celular - As células B estimulam a produção de anticorpos e são responsáveis pela imunidade humoral - As células T são responsáveis pela imunidade celular As Células T:

- Células T efectoras: Células T citotóxicas e Células T de hipersensibilidade retardada - Células T reguladoras: Células T helper e Células T supressoras

- As células T e B originam-se a partir das células indiferenciadas Stem Cells - Na medula vermelha são formadas as células pré-T e pré-B - As células pré-T são percursoras das células T - As células pré-T deslocam-se para o timo onde sofrem maturação - As células pré-B formadas na medula sofrem maturação na própria medula óssea vermelha - Originam as células B - Ambas as células T maduras são libertadas na corrente sanguínea que as vais transportar até ao sistema linfático - A proporção de células T e B é de 5:1 Anticorpos: - São proteínas produzidas em resposta a um antigénio - Os anticorpos também podem ser chamados de gamaglobulinas ou imunoglobulinas - Existem 5 classes de imunoglobulinas: IgG, IgM, IgA, IgE e IgD. - Os anticorpos têm uma base formada por 4 cadeias polipeptídicas: 2 cadeias leves e 2 cadeias pesadas, em que cada cadeia leve está ligada a uma cadeia pesada, esta ligação constitui a região variável, é aqui que se dá a ligação ao antigénio. - A ligação do anticorpo interfere na capacidade de actuação do antigénio - Esta acção vai torná-lo mais susceptível à fagocitose - A ligação do antigénio conduz a uma série de reacções na região constante - Este é responsável pela activação da cascata do complemento, atracão de células e inflamação - Após o primeiro contacto são formados anticorpos para o antigénio identificado - Designamos de resposta primária - A resposta de memória ou secundária ocorre nos casos em que já houve contacto prévio - A resposta secundária dá melhor resposta que a primária - Após um segundo contacto a resposta é mais rápida e a quantidade de anticorpos produzida é maior, é por este facto que num segundo contacto os sinais e sintomas não aparecem. - O indivíduo está imune Imunidade mediada por células - Este tipo de imunidade é mediada pelas células T - É uma forma mais eficaz contra microorganismos intracelulares (vírus, fungos, parasitas...) - Ao contactarem com o antigénio, as células T diferenciam-se em células T citotóxicas e células T de memória - As células T citotóxicas: Lisam as células e Produzem citoquinas 120

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4 – Regulação e manutenção Capítulo 23- Sistema respiratório

- O sistema respiratório está organizado em vias aéreas superiores e vias aéreas inferiores - As vias aéreas superiores são constituídas pela cavidade nasal e faringe - A laringe, traqueia, brônquios e pulmões formam as vias aéreas inferiores

Nariz e cavidade nasal - A cavidade nasal faz parte das vias aéreas superiores - Continua-se posteriormente pela faringe - Os orifícios de comunicação entre elas designam-se de coanes internas - O nariz é formado pelo nariz externo e pela cavidade nasal - Estes comunicam-se pelas narinas ou coanes externas - O nariz é anteriormente formado por cartilagem - A cana do nariz é formada pelo frontal, maxilar e ossos próprios do nariz - A cavidade nasal é dividida em duas partes pelo septo - Esta estrutura é formada por cartilagem e osso - Os ossos que o formam são o vómer e o etmóide - O pavimento da cavidade nasal é formado pelo palato duro - Na parede lateral da cavidade existem 3 saliências ósseas - os cornetos - Entre estes existem meatos, que são orifícios de escoamento - No meato superior e médio está a abertura dos seios nasais - No meato inferior está a abertura do canal nasolacrimal

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Vias aéreas superiores - É o epitélio cilíndrico pseudoestratificado ciliado que cobre a superfície da cavidade nasal - Neste epitélio encontramos células especializadas na produção de muco, as células caliciformes ou de Goblet - A zona entre o nariz e a cavidade nasal é o vestíbulo - É nesta zona que se observam pêlos que representam a primeira "filtragem" do ar inspirado - Também o muco tem a função de defesa - Os microorganismos aí retidos são transportados até ao tubo digestivo, sendo posteriormente eliminados

Faringe - A faringe faz parte, simultaneamente, do aparelho respiratório e digestivo - A sua extremidade superior comunica com a cavidade nasal e oral - A sua extremidade inferior tem ligação com a laringe e com o esófago - Podemos dividir a faringe em 3 porções: nasofaringe, orofaringe e laringofaringe Nasofaringe - É a porção da faringe mais próxima da cavidade nasal - Inicia-se nas coanes e Termina na úvula - O epitélio é semelhante ao da cavidade nasal Orofaringe - Estende-se da úvula à epiglote - É nesta porção que há comunicação com a cavidade oral - O epitélio presente é estratificado de descamação Laringofaringe - Estende-se desde a epiglote até à abertura da laringe e do esófago - É coberta por epitélio estratificado de descamação Laringe - É a primeira secção das vias aéreas inferiores do aparelho respiratório - É formada por 9 cartilagens, umas pares outras ímpares - Todas elas estão ligadas entre si por intermédio de ligamentos e músculos - Cartilagens ímpares da laringe: Tiróideia, Cricóideia, Epiglote. - Cartilagens pares: Aritnóideias, Corniculadas, Cuneiformes

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- A epiglote é a cartilagem da laringe que separa o tracto respiratório do tracto digestivo - Esta desloca-se de forma a encerrar o orifício do esófago quando se está a dar a respiração - O inverso acontece quando é necessário que passe bolo alimentar ou saliva - Existem ligamentos entre a cartilagem tiroideia e as aritnoideias - Os ligamentos superiores formam as cordas vocais falsas - As cordas vocais verdadeiras são formadas pelos ligamentos inferiores - A laringe é revestida por epitélio cilíndrico ciliado pseudoestratificado - A laringite caracteriza-se por uma inflamação do epitélio das cordas vocais - É a passagem do ar pelas cordas que forma o som - Quanto mais grossas forem as cordas mais grave é o som produzido

Traqueia - É o segmento do aparelho respiratório localizado na continuação inferior da laringe - É formada por 15 a 20 aneis de cartilagem - Estes apresentam-se em forma de "C" - A parede posterior da traqueia não é formada por cartilagem - Em volta destas estruturas cartilaginosas existe músculo liso e tecido comjuntivo - Internamente a traqueia está coberta por tecido epitelial cilíndrico pseudoestratificado ciliado - Integradas neste observam-se células caliciformes

Brônquios - Os brônquios são os "ramos terminais da traqueia" - Temos dois brônquios principais, um direito e um esquerdo - Estas estruturas também se ramificam para formar os bronquíolos - Os alvéolos são os locais de troca gasosa - São formados por aneis em forma de "C" - São revestidos internamente por epitélio pseudoestratificado cilíndrico ciliado - O brônquio principal direito é mais curto, largo e vertical que o esquerdo Pulmões - Os dois pulmões apresentam uma forma cónica com a base inferior acente sobre o diafragma - O seu vértice localiza-se um pouco acima da clavícula - São considerados os maiores órgãos do corpo humano - São os principais órgãos da respiração - O pulmão direito é maior que o esquerdo e está organizado em 3 lobos - O direito apenas tem 2 lobos - A separar os lobos encontramos as cisuras - Cada um dos lobos divide-se em lóbulos - Estes encontram-se separados por septos de tecido conjuntivo - Existem 9 lobúlos no pulmão esquerdo e 10 lóbulos do pulmão direito - Os brônquios principais dividem-se em brônquios secundários - O hilo é local de entrada de brônquios, vasos e nervos nos pulmões - O pulmão direito apresenta 3 brônquios e o esquerdo apenas 2 - Cada brônquio é "responsável" por um lobo - São os brônquios terciários que fornecem o ar aos lóbulos - Estas ramificações dos brônquios secundários também originam terminações - os bronquíolos

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Lobos/lóbulos pulmonares

• Árvore brônquica: Alvéolos, Saco alveolar, Canais alveolares, Bronquíolos respiratórios, Bronquíolos terminais, Bronquíolos, Brônquios terciários, Brônquios secundários, Brônquios principais e Traqueia. - Os brônquios são revestidos por epitélio cilíndrico pseudoestratificado ciliado - Apenas os brônquios principais apresentam cartilagens em forma de "C" - Os ramos são formados por cartilagens irregulares - Perto das terminações predomina o músculo liso, em vez da cartilagem - Os bronquíolos são revestidos por epitélio cilíndrico simples ciliado - Com a diminuição do calibre, o epitélio transforma-se em cúbico simples ciliado - Chega mesmo a ser epitélio de descamação, na zona dos alvéolos

Pleura - O pulmão está envolto na pleura visceral - A nível do hilo esta continua-se pela pleura parietal - A pleura parietal cobre a face interna da caixa torácica, a face superior do diafragma e o mediastino, entre as duas pleuras existe líquido pleural Irrigação sanguínea - Existem duas vias de condução de sangue aos pulmões - Tal como todos os órgãos, também os pulmões apresentam artérias de nutrição e veias de drenagem - As artérias brônquicas irrigam os pulmões - As veias brônquicas recolhem os sangue venoso e levam-no até à veia ázigos - Paralela a esta circulação está uma rede de vasos que permite ao pulmão desempenhar a sua principal função - As trocas gasosas são efectuadas a nível alveolar - As artérias pulmonares trazem o sangue venoso do coração

- Depois da "purificação" do ar, o sangue arterial é levado de volta ao coração pelas veias pulmonares

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Músculos da respiração - O principal músculo da respiração é o diafragma - Existem músculos especializados nas expiração - os músculos baixadores das costelas - Os elevadores das costelas têm uma acção inspiratória

Trocas gasosas - As trocas gasosas ocorrem entre os alvéolos e os capilares pulmonares - A movimentação dos gases resulta de diferentes concentrações - Estas moléculas deslocam-se do ponto de maior concentração para o de menor - A pressão parcial representa a concentração de determinado gás numa dada localização

Pressão parcial - O ar é constituído por diversos gases - Os principais gases são o azoto, o oxigénio, o dióxido de carbono - O vapor de água também faz parte do ar - Existem diferentes tipos de ar - Em cada um temos proporções diferentes dos constituintes - O ar como um todo causa uma pressão total que é formada pela soma das pressões parciais dos diferentes componentes - A pressão parcial do azoto é a força causada pelo mesmo - O mesmo acontece com os outros gases - Existem diversos tipos de ar, cada qual com a sua constituição própria - O ar seco apresenta pouco dióxido de carbono e nenhum vapor de água - O azoto é o gás predominante, em todos os outros tipos o azoto mantém-se como gás predominante, no entanto as outras partes variam - É no ar alveolar que se observa maior predomínio do dióxido de carbono

Difusão dos gases - Os gases apresentam grande facilidade de difusão através dos líquidos - Existem, noentanto, gases com maior afinidade para um líquido que outros - O dióxido de carbono difunde-se com maior facilidade pela água que o oxigénio - Mesmo integrado num líquido o gás movimenta-se consoante o gradiente - A passagem dos gases pela membrana alveolar é feita através de uma fina membrana respiratória - Esta membrana respiratória é formada pela: parede do capilar, parede do alvéolo e pequeno espaço intersticial. - Vários factores influenciam a passagem dos gases através da membrana: - Espessura da membrana - Coeficiente de difusão do gás na substância da membrana - Área da superfície da membrana - Diferença da pressão parcial do gás dos dois lados da membrana Transporte de gases no sangue - Após a difusão do oxigénio dos alvéolos para os capilares sanguíneos, este vai circular ligado à hemoglobina - Ao atingir os capilares dos tecidos, difunde-se para as suas células - As células fazem o seu metabolismo e libertam dióxido de carbono - O dióxido de carbono difunde-se para os capilares sanguíneos - Este gás circula no sangue em associação com a hemoglobina - Existe sob a forma de ião bicarbonato - Atinge os capilares alveolares a difunde-se para os alvéolos

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Gradiente de difusão do oxigénio - É a diferença nas concentrações de oxigénio que permite a movimentação do mesmo - A sua pressão parcial é maior nos alvéolos e menor nos capilares - É ainda menor nas células - Este gás vai-se difundindo para os locais de menor pressão até atingir o equilíbrio

Gradiente de difusão do dióxido de carbono - O dióxido de carbono difunde-se exactamente da mesma forma - É nas células que se observa maior pressão parcial deste gás - O sangue venoso atinge os capilares nos alvéolos e difunde o dióxido de carbono - A diferença entre as concentrações deste gás é menor

Difusão de gases

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Transporte de oxigénio - A quase totalidade do oxigénio é transportado pela hemoglobina - Esta ligação é reversível - Quando existe uma concentração superior este liberta-se - Diz-se que a hemoglobina está saturada de oxigénio quando todos os grupos heme apresentam um oxigénio ligado - Este estado de saturação da hemoglobina é atingido com pressões de oxigénio acima de 80 mm Hg - Nos capilares alveolares é fácil de ocorrer esta saturação - Com valores de pressão de oxigénio inferiores, a hemoglobina não está saturada - Para pressões da ordem dos 40 mm Hg apenas 75% da hemoglobina está saturada - Os restantes 25% de oxigénio é libertado no sangue - Quanto menor a pressão de oxigénio, maior é a percentagem que está livre e disponível - Existem outros factores que afectam a ligação do oxigénio à hemoglobina - Estes funcionam independentemente da pressão de oxigénio - O pH do meio é um factor essencial - Com pH baixo a saturação da hemoglobina diminui - O inverso ocorre quando o valor de pH aumenta - O aumento da pressão de dióxido de carbono também diminui a saturação da hemoglobina - Pela acção da anidrase carbónica, o aumento de dióxido de carbono resulta num aumento dos iões de hidrogénio - Quando os níveis de dióxido de carbono diminuem, aumenta o pH, o que faz com que ocorra maior ligação de oxigénio à hemoglobina - Vários factores condicionam a ligação de oxigénio à hemoglobina - As variações existentes no organismo fazem com que a taxa de ligação também varie - Outro factor que faz variar a ligação do oxigénio à hemoglobina é a temperatura - A temperatura está directamente relacionada com o metabolismo celular - O aumento da temperatura promove uma menor ligação do oxigénio à hemoglobina - Desta forma existe maior oxigénio livre para satisfazer as necessidades das células - Assim sendo, a hemoglobina apresenta uma variação na ligação do oxigénio - Esta variação é representada pela curva de dissociação das hemoglobina - Esta curva mostra a variação da saturação da hemoglobina Transporte de dióxido de carbono - Este gás é transportado no sangue de 3 formas: Dissolvido no plasma, Ligado a proteínas plasmáticas e Sob a forma de iões bicarbonato - A mesma hemoglobina transporta oxigénio e dióxido de carbono - Quando a hemoglobina não está saturada de oxigénio, os outros locais de ligação estão ocupados com dióxido de carbono - Os locais não ocupados pelo oxigénio estão muito receptíveis ao dióxido de carbono

Ventilação - Designa-se de ventilação o processo pelo qual o ar se movimenta para dentro e para fora dos pulmões, este engloba a inspiração e a expiração - Em ambos os processos existem diferenciais nas pressões gasosas o que provoca uma movimentação de ar

- Na inspiração existe menor pressão no interior da caixa torácica que no exterior - Desta diferença resulta a entrada de ar para o aparelho respiratório - Quando a pressão é superior no interior da caixa torácica dá-se a expiração - É desta forma que o organismo tenta estar sempre em equilíbrio - É a alteração do volume torácico que causa os movimentos de ar - O aumento do volume da caixa torácica faz diminuir a pressão dos alvéolos - Esta vai provocar uma entrada de ar nos mesmos - Quando diminuimos o volume torácico a pressão intrapulmonar aumenta e sai ar 127

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Volumes a capacidades pulmonares - Espirometria: é o processo através do qual se realiza a medição dos volumes de ar que se deslocam de e para o aparelho respiratório - Espirómetro é o aparelho que se utiliza para a medição dos volumes pulmonares - Volume corrente: Volume de ar inspirado ou expirado, Cerca de 500 ml - Volume de reserva inspiratória: Quantidade de ar que pode ser inspirado, forçadamente, após a inspiração do volume corrente normal, Cerca de 3000 ml - Volume de reserva expiratória: Quantidade de ar possível de expirar forçadamente após a expiração do volume de corrente normal, Cerca de 1100 ml - Volume residual: Volume de ar que permanece nos pulmões após a expiração máxima, Cerca de 1200 ml - Capacidade inspiratória: Corresponde à soma do volume corrente com o volume de reserva inspiratória, é a quantidade máxima que uma pessoa pode inspirar. Cerca de 3500 ml -Capacidade residual funcional: Corresponde à quantidade de ar que permanece nos pulmões após a expiração normal, é a soma do volume residual e do volume de reserva expiratória, Cerca de 2300 ml - Capacidade vital: Corresponde à quantidade de ar que se consegue expelir após uma inspiração forçada. É a soma do volume de reserva inspiratória, volume de reserva expiratória e o volume corrente. É cerca de 4600 ml - Capacidade pulmonar total: É a soma do volume de reserva inspiratória, volume de reserva expiratória, volume corrente e o volume residual. Cerca de 5800 ml

o - Volumes a capacidades pulmonares, VEMS ou volume expiratório máximo por segund- Base de um estudo médico importante, que permite avaliar a funcionalidade do aparelho respiratório, consiste numa inspiração máxima seguida de uma expiração rápida e forçada. - O espirómetro avalia a quantidade de que sai por segundo - Este valor pode estar alterado em diversas situações, tais como: Asma, Tumor pulmonar e Fibrose pulmonar

Volume respiratório/ ventilação alveolar por minuto - - Volume respiratório por minuto é a quantidade de ar que entra e sai do aparelho respiratório por minuto, Corresponde ao volume corrente vezes a frequência respiratória - O volume é cerca de 6 litros por minuto - Este processo apenas mede o volume de ar que circula - Não nos dá a quantidade de ar disponível para trocas gasosas - Existem locais no aparelho respiratório que não promovem as trocas - espaço morto - Espaço morto anatómico - cavidades nasais, faringe, laringe, traqueia, brônquios - Espaço morto fisiológico . espaço morto anatómico e volume de alvéolos não funcionantes - Ventilação alveolar minuto - Volume de ar disponível para as trocas gasosas. Corresponde à diferença entre o volume corrente menos o espaço morto vezes a frequência respiratória

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4 – Regulação e manutenção Capítulo 24 - Sistema digestivo

- O aparelho digestivo divide-se em 2 grandes grupos de órgãos: - Órgãos do tubo digestivo - Órgãos anexos ao tubo digestivo - Os órgãos do tubo digestivo, ( órgãos por onde passam os alimentos), são: A boca, a faringe, o esófago, o estômago, o intestino delgado e o grosso e o ânus . - Os órgãos anexos (órgãos e estruturas que fornecem secreções que contribuem facilitar a digestão e o bom funcionamento do aparelho digestivo) são: - As glândulas salivares - Fígado com a respectiva vesícula biliar - Pâncreas. Órgãos do tubo digestivo A boca ou cavidade oral - A cavidade oral é a primeira secção do tubo digestivo - Nela estão contidos dentes que são elementos essenciais no processo de mastigação - Cavidade oral é limitada anteriormente (inicialmente, exteriormente) pelos lábios e posteriormente (atrás, em 2º plano…) pela face - As bochechas formam as paredes laterais - Cavidade oral, em termos anatómicos, pode-se dividir em: - Vestíbulo - Cavidade oral propriamente dita Vestíbulo: é a zona da cavidade oral que se encontra entre as bochechas e as arcadas dentáriasCavidade oral propriamente dita, é formada por: Arcadas dentárias com os dentes, Palato e pela Língua. 129

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tra-se a boca propriamente dita - Para dentro das arcadas encon- As arcadas dentárias superior e inferior apresentam os dentes - O palato constitui o tecto da cavidade e o pavimento é formado por músculos - A língua é um músculo móvel localizado na porção posterior da cavidade oral propriamente dita - Todas estas estruturas ajudam na mastigação - Os dentes e a língua fazem-no de uma forma mais directa - As bochechas limitam o movimento do bolo alimentar - Toda a cavidade é revestida por epitélio de descamação estratificado Língua: - A extremidade anterior (inicial, exterior ) da língua é livre mas apresenta um freio - O freio é uma prega de tecido que se insere na face inferior da língua e no pavimento da cavidade oral - A língua apresenta diversas funções tais como: ajudar na mastigação, na fala, e como órgão sensitivo do paladar. - É constituída exclusivamente por músculos - Apresenta grande mobilidade - Os 2/3 anteriores da língua apresentam papilas gustativas Os Dentes - Os dentes são as peças essenciais da trituração dos alimentos e diferenciam-se segundo a sua função. - Existem 32 dentes na dentição permanente e 20 na dentição de leite - As peças dentárias ( ou dentes) estão distribuídas pelo maxilar superior e inferior (ou mandíbula) de uma forma simétrica. - Todos estão implantados nos alvéolos dentários - O dente é formado por uma porção interna formada por tecidos moles - A sua porção externa é constituída por tecido mineralizado - Os dentes estão fixados ao alvéolo por meio de ligamentos periodontais

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Os Músculos envolvidos no processo de mastigação - Para ajudar ao processo de mastigação temos os músculos - O masséter, temporal, pterigoideu interno e externo são os músculos envolvidos na mastigação - Estes elementos activos permitem a movimentação da mandíbula contra o maxilar superior - O palato como tecto da cavidade oral é importante como elemento sobre o qual se podem pressionar os alimentos e separa a cavidade oral da nasal - A sua porção anterior é óssea e a posterior muscular As glândulas salivares - As glândulas salivares podem ser classificadas de minor e major - As glândulas minor estão espalhadas por toda a cavidade - As major são de dimensões maiores e estão mais externas à boca - Existem 3 pares de glândulas salivares: - As parótidas estão localizadas perto dos ouvidos - As sublinguais encontram-se debaixo da língua - As glândulas submaxilares localizam-se, como o nome indica, por baixo da mandíbula - Todas as glândulas salivares produzem saliva que ajuda na digestão e lubrificação

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Faringe - Em todo o comprimento da faringe existem músculos constritores da faringe (sup., médio e inf.) - O epitélio que cobre a faringe é de descamação estratificado húmido - A faringe pode ser dividida em 3 secções: nasofaringe, orofaringe e laringofaringe - Os alimentos não atravessam a nasofaringe - A faringe continua-se posteriormente pelo esófago e laringe - A laringe faz parte, exclusivamente, do aparelho respiratório Esófago

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- O esófago localiza-se posteriormente à laringe - O esófago é um canal com cerca de 25 cm que se estende-se desde a faringe até ao estômago - Está localizado anteriormente às vértebras e posteriormente à traqueia - Encontra-se englobado no mediastino e atravessa o diafragma

-Apresenta dois esfíncter, um superior e outro inferior, que limitam a passagem dos alimentos do estômago para o esófago (refluxo esofágico). - O esófago é constituído por 4 camadas: Muscular, Adventícia, Mucosa e Submucosa

ª e a 2ª) permitem o movimento ao longo do tubo - As camadas externas ( a 1- A camada mucosa é formada por tecido epitelial de descamação estratificado húmido - É na camada submucosa que se encontram glândulas de secreção - Estas (a 3ª e a 4ª) garantem a lubrificação do tubo Estômago - O estômago é um segmento do tubo digestivo que sofreu dilatação - Está localizado na parte superior esquerda do abdómen e apresenta forma e tamanho variáveis - É a continuação do esófago e comunica-se com ele através do orifício gastroesofágico - Apresenta um corpo e um fundo - O fundo é o local onde se localiza a abertura para o intestino delgado - o orifício pilórico - O esfíncter é um anel de músculo liso que abre e/ou encerra esse orifício - No estômago as camadas mucosa e submucosa apresentam numerosas pregas - São estas pregas que permitem e distenção e contracção deste órgão - As camadas musculares têm diversas orientações para permitir a movimentação do bolo alimentar - O interior do estômago é coberto por epitélio cilíndrico simples - Na mucosa abservam-se diversos orifícios de excreção das glândulas gástricas - Existem células produtoras de muco, produtoras de ácido clorídrico, segregadoras de hormonas e outras que produzem enzimas

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Intestino delgado - O intestino delgado é o segmento do tubo digestivo de maior dimensão com aproximadamente 6 metros - Está organixado em 3 porções: Duodeno, Jejuno, íleon O duodeno - O duodeno forma uma curvatura na qual a cabeça do pâncreas se encaixa - Inicia-se no piloro e termina no jejuno - Nesta porção observa-se a existência de duas saliências: a grande e pequena papila duodenal - É na grande papila que desemboca a ampola de Vater - Esta ampola resulta da união dos canais colédoco e pancreático - O funcionamento da ampola está condicionado pelo esfíncter de Oddi - No duodeno podemos observar pequenas saliências que têm como função aumentar a exposição dos alimentos à acção das enzimas - As pregas presentes orientam-se perpendicularmente ao longo eixo do duodeno - O epitélio que cobre o duodeno é cilíndrico simples - Encontramos células de absorção, células caliciformes, células endócrinas e células granulares

- O jejuno e o íleon são semelhantes ao duodeno - No íleon não se observa tanta absorção de nutrientes - As vilosidades vão diminuindo à medida que nos aproximamos do intestino grosso. - Na mucosa e submucosa do íleon existem nódulos linfáticos - placas de Peyer - A comunicação entre o íleon e o intestino grosso é feita através da junção íleocecal - Esta apresenta em esfincter ileocecal com válvula Intestino grosso - A porção proximal do intestino grosso é o cego - Esta porção localiza-se abaixo da união dos dois intestinos - Nesta depressão podemos observar um pequeno saco tubular designado de apêndice vermiforme - A sua localização no abdómen é inferior direita e apresentam vários nódulos linfáticos na sua parede - O cólon é a porção do intestino grosso que se inicia no cego e termina no anûs - É formada por 4 partes distintas: Cólon ascendente, Cólon transverso, Cólon descendente e o Cólon sigmoideu - O cólon ascendente inicia-se no cego e estende-se até ao ângulo cólico direito - O cólon transverso vai desde o ângulo cólico direito ao ângulo cólico esquerdo - O cólon descendente estende-se desde o ângulo cólico esquerdo à abertura superior da pequena bacia - O cólon sigmoideu é a porção terminal do intestino grosso, apresenta a forma de "S" e termina no recto - O epitélio cilíndrico simples que reveste o intestino grosso não apresenta pregas ou vilosidades - A camada muscular longitudinal do intestino grosso está incompleta - Há predomínio das células caliciformes - O recto - porção terminal do tubo digestivo - é um canal vertical que se inicia no cólon sigmoideu e termina no anûs ( abertura externa) - É revestido por epitélio cilíndrico simples e apresenta uma camada relativamente espessa e simples na porção superior do canal e de descamação estratificado na porção inferior. - A abertura externa do canal é o anûs. A camada muscular anal é ainda mais espessa que no recto - Existe 2 esfincteres anais: um interno e outro externo 133

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Órgãos anexos: - Fígado e pâncreas: (as glândulas salivares, apesar de não pertencerem aos órgãos do tubo já foram referidas quando estes estavam a ser estudados) Fígado: Órgão localizado no quadrante superior direito do abdómen e encostado à parede inferior do diafragma, constituido por 2 lobos principais, direito e esquerdo, e por 2 menores, o quadrado e o caudado e pesa cerca de 1360 gramas ( 1 Kg e 360 g) - Todos os canais, vasos e nervos entram e saem do fígado pelo hilo hepático - O hilo está localizado na face inferior do órgão - Os canais de excreção do fígado são os canais hepáticos direito e esquerdo - Estes dois unem-se e formam o canal hepático comum - O canal hepático comum une-se com o canal cístico, da sua união resulta o canal colédoco - O canal hepático transporta as excreções da vesícula biliar, este, juntamente com outro grande canal proveniente do pâncreas - o canal pancreático ou de Wirsung, vão-se unir e formar a Ampola de Vater - Esta abre-se no intestino delgado a nível do duodeno na grande papila duodenal - A vesícula biliar armazena a bílis e está localizada na face inferior do fígado - O fígado é revestido por uma cápsula de tecido conjuntivo que penetra no interior do órgão e divide-o - Os septos são vias para os vasos, nervos e canais - Os lóbulos formados apresentam uma forma hexagonal - Em cada vértice do lóbulo existe um sistema porta formado por 3 vasos: Artéria hepática; Veia porta hepática e o Ducto hepático. - No centro do lóbulo existe a veia central - As veias centrais unem-se e formam as veias hepáticas - Todas as veias hepáticas saem do fígado e drenam para a veia cava inferior - O espaço entre a veia central e os vértices é preenchido por hepatócitos e vasos sanguíneos - Os cordões hepáticos são formados por hepatócitos - Os vasos sanguíneos são os sinusóides hepáticos

Lóbulo hepático

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- Funções dos hepatócitos: Síntese da bílis, Armazenamento, Biotransformação e Síntese de componentes do sangue - O sangue proveniente de todo o organismo pelo sistema porta atravessa todo o lóbulo até à veia central - Desta segue para a veia cava inferior - A bílis é formada nos cordões hepáticos e circula do centro para a periferia - Sai do fígado pelos canais hepáticos do sistema porta

Vesícula Biliar - Pequena estrutura localizada na face inferior do fígado - Tem a forma de um saco e formada por 3 camadas: mucosa, muscular e serosa - O canal cístico leva a bílis até ao canal hepático comum. Estes 2 unem-se e formam o canal colédoco

Pâncreas - Ógão abdominal formado pela cabeça, corpo e cauda, tem 2 porções: endócrina e exócrina - A porção endócrina é formada pelos Ilhéus de Langerhans - Estes produzem insulina, glucagon e somatostatina - A porção exócrina do pâncreas é formada por ácinos. Estes estão organizados em lóbulos - Cada lóbulo apresenta um canal intralobular. Todos estes canais se juntam para formar o canal pancreático principal ou canal de wirsung. Este, tal como já foi referido no fígado, junto com o canal hepático, vão-se unir e formar a Ampola de Vater.

Fisiologia do aparelho digestivo – funções: - O aparelho digestivo apresenta diversas funções: Ingerir , Mastigar, Propulsionar e Misturar Ingerir: Introdução dos alimentos no estômago pela via normal - cavidade oral Mastigar: Corresponde à trituração dos alimentos e é feita pelos dentes, Permite uma melhor acção das enzimas digestivas Propulsionar: Corresponde ao movimento dos alimentos ao longo de todo o tubo digestivo - O tempo necessário para percorrer o tubo é de 24-36 horas - A deglutição permite a passagem dos alimentos da cavidade oral para o esófago - Ao longo do resto do tubo digestivo observamos movimentos peristálticos - Estes resultam de contracções da camada muscular - A sequência de contracção/relaxamento resulta na progressão dos alimentos Misturar: Algumas contracções musculares deslocam o bolo alimentar para frente e para trás - Estes movimentos permitem a mistura dos alimentos e não a sua progressão - As enzimas libertadas entram em contacto com os alimentos e degradam-os - Ao longo do trajecto do tubo digestivo são libertadas enzimas que digerem os alimentos - Os nutrientes e a água resultantes são absorvidos para o organismo - A corrente sanguínea leva os nutrientes para as células - O que não é absorvido é eliminado pelas fezes Fisiologia do aparelho digestivo – Processos: Secreção: Ao longo do tubo digestivo são libertadas secreções para lubrificar, liquefazer e digerir os alimentos. - O muco lubrifica as paredes do tubo e o bolo alimentar - Protege as paredes contra a acção de ácidos - A água presente nas secreções liquefaz os alimentos - Esta acção melhora a digestão e absorção - As enzimas são libertadas na cavidade oral, estômago, intestino, fígado e pâncreas - Estas degradam os alimentos em pequenas moléculas que são mais facilmente absorvidas

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Digestão: É processo pelo qual as moléculas orgânicas são transformadas nos seus componentes: Proteínas – aminoácidos; Glúcidos – Monossacáridos; Triglicéridos - glicerol e ácidos gordos - Podemos distinguir a digestão mecânica e a química - A digestão mecânica é executada pelos dentes e as enzimas fazem a digestão química - As vitaminas, os minerais e a água não são digeridos antes da absorção - As moléculas de grandes dimensões são digeridas para que possam ser absorvidas Absorção: Passagem de moléculas do tubo digestivo para a corrente sanguínea ou linfática

Transporte: Processo pelo qual as moléculas absorvidas são levadas até às células - Pode ser um processo directo ou indirecto - Quando são absorvidas directamente para a corrente sanguínea designa-se transporte directo - No transporte indirecto as moléculas absorvidas passam Io pela circulação linfática

Eliminação: Consiste no processo pelo qual os produtos que não foram absorvidos são eliminados. - No intestino grosso a água e os sais são absorvidos para o organismo. - Consequentemente as fezes tornam-se semi-sólidas

Fisiologia do aparelho digestivo – Nutrientes:

Glúcidos - Podem ser mono, di ou polissacáridos - Os polissacáridos são transformados em mono ou dissacáridos - A sua digestão inicia-se na cavidade oral pela acção da amilase salivar - Vai terminar no intestino pela acção da amilase ap ncreática - A transformação de dissacáridos em monossacáridos é feita pelas dissacaridases presentes no intestino - Os monossacáridos são levados até ao fígado onde são convertidos em glicose - A glicose entra nas células e é a sua principal fonte de energia

Lípidos - Moléculas insolúveis em água - 1o passo na digestão dos lípidos é a emulsificação - Neste processo as grandes gotículas de lípidos são transformadas em outras de menores dimensões - A sua digestão é concluída pelos sais biliares produzidos no fígado - Lipase: enzima segregada pelo pâncreas que digere moléculas lipídicas 137

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- Depois da digestão dos lípidos no intestino, os sais biliares ligam-se à sua superfície - Os sais apresentam uma extremidade hidrofóbica e outra hidrofílica - Estes vão formar uma cápsula envolta do lípido - É desta forma que os lípidos conseguem passar por difusão simples através da membrana do intestino - Estas partículas vão passar para o sistema linfático depois, para o circulatório e para o tecido adiposo

Proteínas - As proteínas são degradadas em cadeias polipeptídicas de menores dimensões - Pepsina - enzima segregada pelo estômago- é a 1a a actuar . - Peptidases - enzimas do pâncreas presentes na parede do intestino delgado - A peptidase degrada os polipéptidos em dipéptidos e aminoácidos - Os dipéptidos e os tripéptidos entram nas células da parede do intestino - No interior das células existem dipeptidases e tripeptidases - Estas enzimas degradam os seus produtos em aminoácidos - Os aminoácidos saem das células e entram na circulação sanguínea que os leva ao fígado

Água - Cerca de 92% da água ingerida é absorvida no intestino delgado - Uma pequena parte é absorvida no intestino grosso mas pode difundir-se nos 2 sentidos - Se o conteúdo do intestino estiver muito diluído esta vai ser absorvida - O inverso acontece se o conteúdo intestinal for muito concentrado - A água passa por gradiente de osmose - À medida que os nutrientes são absorvidos, a pressão osmótica diminui e a água é absorvida

Iões (minerais) - A maioria dos iões passa pela parede intestinal por transporte activo - Para o transporte do cálcio é necessária a vitamina D

Funções do aparelho digestivo Funções da cavidade oral - Na saliva estão contidas enzimas digestivas - A amilase salivar degrada os polissacáridos em mono ou dissacáridos - A mastigação permite destruir o revestimento externo de celulose de alguns alimentos - A saliva protege a cavidade oral de infecções - É um excelente lubrificante

- Deglutição: Apresenta 3 fases distintas: - a cefálica, - a faríngea e a esofágica - Fase cefálica: bolo alimentar é empurrado contra o palato e de seguida para a orofaringe - Fase faríngea: Palato sobe e encerra a nasofarínge, há contracção dos músculos constritores da faringe e encerramento da laringe pela epiglote. - Fase esofágica: Transporte do bolo alimentar desde o esófago até ao estômago - A movimentação do bolo alimentar pelo esófago leva ao relaxamento do esfíncter esofágico inferior - As ondas peristálticas e as contracções da musculatura do esófago resultam na movimentação do bolo alimentar

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Funções do estômago - A principal é o armanezamento e mistura do quimo - Esta mistura semi-sólida resulta da mistura do bolo alimentar com as secreções gástricas - As suas secreções são: Muco, ácido clorídrico, gastrina, factor intrínseco e pepsinogénio - As células mucosas e da parede secretam muco que reveste toda a parede interna do estômago - Esta camada protege contra a acidez do quimo e da acção da pepsina - As células parietais das glândulas gástricas do piloro secretam factor intrínseco e ácido clorídrico - Esta glicoproteína liga-se à vitamina B12 - O ácido clorídrico (funções):

- Baixa o pH gástrico para valores entre 1 e 3 - Destroi bactérias presentes nos alimentos Inactiva a amilase salivar - Promove a desnaturação das proteínas - Cria um meio favorável à actuação da pepsina

- Sequência de formação de ácido clorídrico - CO2 vindo do sangue entra na célula - Reage com H2O pela acção da anidrase carbónica - Forma-se ácido carbónico - Dissocia-se em ião bicarbonato e

ião hidrogénio - O ião bicarbonato volta à corrente

sanguínea por troca com o ião cloro - O ião cloro e o ião hidrogénio são

libertados para o estômago

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Sequência de formação de ácido clorídrico - Pepsinogénio é o precursor da pepsina - Esta enzima é formada pela presença de um pH baixo no estômago - A pepsina actua nas proteínas de forma a desdobrar as suas cadeias - Todas as secreções do estômago - São reguladas por processos nervosos e hormonais - A regulação nervosa é feita por reflexos da medula espinal e por reflexos locais do plexo intramural do tubo digestivo - A regulação hormonal é feita pela: - Gastrina - Secretina - Colecistoquinina ▪Péptido inibidor gástrico - A regulação da secreção gástrica é dividida em 3 fases: - Fase cefálica: Sensações, pensamentos, cheiros e tacto estimulam o SNC, hà condução desses estímulos ao estômago Hà libertação de gastrina - Fase gástrica: O volume dos alimentos no estômago causa distensão sendo um estímulo para as células gástricas - Fase intestinal: Esta fase é controlada pela entrada de quimo no duodeno. Com valores de pH superiores a 3 ocorre estimulação das secreções gástricas, para valores de pH inferiores a 2 as secreções são inibidas Funções do estômago as várias fases

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Mistura do conteúdo gástrico: - Existem dois tipos de ondas de contracção no estômago - As ondas de mistura são mais frequentes e permitem a mistura dos alimentos com as secreções gástricas - As ondas peristálticas levam o quimo da periferia do estômago em direcção ao piloro Esvaziamento gástrico: - Está relacionado com o tipo e o volume do alimento - Os líquidos são mais rapidamente expelidos para o duodeno, cerca de 1,5 a 2,5 horas Para o total esvaziamento gástrico são necessárias 3 a 4 horas - O piloro permite a passagem do quimo para o duodeno durante os movimentos do estômago Regulação dos movimentos: Os factores reguladores são os mesmos da secreção gástrica - Factores que inibem a secreção gástrica também: Inibem a motilidade, Aumentam a constrição do esfíncter pilórico e Diminui a velocidade de esvaziamento gástrico - Factores estimuladores da secreção gástrica resultam em acções inversas

Funções do intestino delgado - A absorção e a digestão dão-se, maioritariamente, no intestino delgado - As secreções do intestino delgado têm como função: Proteger as paredes do pH ácido do quimo , Lubrificar a parede intestinal e Manter o quimo líquido para facilitar a digestão - A secretina e a colecistoquinina libertadas pela parede intestinal estimulam a secreção hepática e pancreática - A produção de secreções da parede intestinal é estimulada pela presença do quimo no duodeno - As microvilosidades do intestino delgado aumentam a superfície de contacto do quimo com enzimas presentes nas paredes - Também o intestino delgado apresenta movimentos que permitem a deslocação do quimo ao longo do mesmo - As contracções segmentares misturam o conteúdo intestinal - As contracções peristálticas movimentam o mesmo ao longo do intestino - A presença da válvula ileocecal na terminação do intestino delgado permite maior tempo de permanência do quimo no intestino delgado - Este facto melhora a digestão e absorção do mesmo - Este esfíncter encontra-se contraído até ser atingido pelas contracções do intestino delgado

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Funções do fígado: Digestão, Excreção, Armazenamento e produção de nutrientes, Síntese de novas moléculas e a Transformação de químicos nocivos - A produção de bílis é feita pelo fígado - A secreção pode atingir os 1000 ml - Não apresenta enzimas digestivas mas neutraliza o ácido do estômago - Os hepatócitos armazenam energia sob a forma de glicogénio - Podem também armazenar vitaminas, gorduras e ferro - O fígado pode também transformar um tipo de nutrientes em excesso noutro em falta - Desempenha também um papel importante na metabolização de determinadas substâncias como os medicamentos - Algumas substâncias podem ser alteradas para poderem ser eliminadas pelos rins - Glóbulos vermelhos e brancos velhos ou defeituosos são fagocitados pelas células de kupffer presentes nos sinusóides - A albumina, o fibrinogénio e factores de coagulação são exemplos de substâncias produzidas no fígado

Funções da vesícula biliar - A vesícula apenas serve de reservatório para a bílis produzida no fígado - Tem capacidade para 40 a 70 ml - Liberta a bílis no intestino delgado em resposta à estimulação da colecistoquinina

Funções do pâncreas - O pâncreas secreta o suco pancreático - Este líquido é maioritariamente enzimático e digestivo - Os iões bicarbonato presentes no suco elevam o pH do quimo - Esta acção inibe a pepsina mas permite a acção das enzimas pancreáticas - As enzimas produzidas pelo pâncreas são secretadas na forma de precursor - O tripsinogénio, quimiotripsinogénio e a procarboxipeptidase são os percursores da tripsina, quimiotripsina e carboxipeptidase - A enteroquinase é uma enzima presente na parede intestinal que activa as "pro-enzimas" - Existem outras enzimas pancreáticas, tais como: amilase, lipase, ribonucleases e desoxirribonucleases - Também a secreção pancreática está regulada por mecanismos nervosos e hormonais - A secretina e a colecistoquinina estimulam a secreção pancreática

Funções do intestino grosso - O intestino grosso também apresenta movimentos para deslocação das fezes - Estes são mais lentos, o que faz com que demore entre 18 a 24 horas a eliminar as fezes - Durante todo o trajecto verifica-se a absorção de água, sais minerais, secreção de muco e actividade bacteriana - Apenas cerca de 80 a 150 ml de fezes são eliminadas - As secreções do intestino grosso são quase exclusivamente muco - A sua parede está revestida por células caliciformes - A maioria dos movimentos do intestino grosso são ondas peristálticas - Os movimentos de massa são ondas peristálticas que percorrem grandes segmentos - Estes são mais frequentes alguns minutos após o pequeno-almoço - O enchimento do estômago provoca os movimentos do intestino grosso - A distenção da parede do recto provoca um relaxamento do esfíncter anal interno - Esta reacção causada pela presença das fezes no local inicia o reflexo de defecação - O esfíncter anal externo tem controlo voluntário - Isto impede a expulsão involuntária das fezes

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4 – Regulação e manutenção Capítulo 23- Sistema urinário

Constituição: - Rins - formação - Bexiga - armanezamento - Uretéres - transporte do rim à bexiga - Uretra - excreção para o exterior

Rim - Órgão par - Localizado na parede posterior da cavidade abdominal - Retroperitoneal - Localizados de cada lado da coluna vertebral

Corte horizontal ao nível dos rins – vista superior

- Revestido por uma camada de tecido conjuntivo fibroso, formando a cápsula renal - No pólo superior existe uma camada de tecido adiposo, gordura peri-renal - A fáscia renal é uma baínha de tecido conjuntivo que fixa os rins à parede abdominal - O hilo, localizado no lado interno, é a via de entrada e saída de vasos, canais e nervos - A artéria renal e os nervos renais entram no rim - A veia renal e os uretéres saem do rim - No interior do rim, o hilo forma o seio renal Estruturas Rim: Zona cortical ou córtex, Tubo contornado proximal e disBowman, Medula renal, Ansa de Henle e Tubos colectores

tal, Cápsula de

- Estruturalmente o rim organiza-se em duas áreas: - Medula renal - zona interna

- Córtex ou zona cortical - zona externa - Estas duas circundam o seio renal - Na medula podemos observar estruturas piramidais, as pirâmides renais - As pirâmides continuam-se em direcção ao córtex pelos raios medulares - As colunas renais prolongam-se do córtex para a medula - A pirâmide apresenta uma base externa e um vértice interno, também denominado de papila renal - Em torno destas estruturas encontramos os pequenos cálices - Estes organizam-se em grandes cálices 143

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- A união dos diversos cálices forma o bacinete - Esta nal e vai dar origem ao ureter estrutura encontra-se no seio re- É através do ureter que sai a urina para a bexiga - Todo este trajecto se inicia na unidade estrutural do rim - o nefrónio - Esta estrutura atravessa as duas camadas da parede renal

Nefrónio - Unidade estrutural do rim: Cada Rim tem um grande nº de nefrónios e cada nefrónio ocupa sempre o córtex e a medula renal. - O nefrónio é constituído por: Cápsula de Bowman, Tubo contornado proximal, Ansa de Henle e Tubo contornado distal - O tubo colector leva a urina forma

da no nefrónio para os cálices

do nefrónio e sua distribuição pelo rim Estrutura do Rim Estrutura

- Glomérulo - conjunto de capilares localizados no interior da cápsula de Bowman - Capilares formam um "novelo" - A cápsula e o glomérulo formam o Corpúsculo de Malpighi - Os capilares que formam o glomérulo são artérias - A arteríola aferente entra na cápsula - Os constituintes do sangue vão ser transportados para a cápsula de Bowman - Pelas arteríolas eferentes sai o sangue do glomérulo - O filtrado que se encontra na cápsula vai ser transportado ao longo de todo o nefrónio - À medida que percorre o trajecto vai sofrendo alterações - O produto final é a urina

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- O processo de formação da urina inicia-se na cápsula do nefrónio, e continua pelo: Tubo contornado proximal, Ansa de Henle, Tubo contornado distal, Tubo colector, Pélvis renal ou bacinete, Uréter, Bexiga e Uretra, que comunica com o exterior. Tubo contornado proximal: Parede formada por epitélio cúbico simples, apresenta microvilosidades Ansa de Henle: Formada por ramo descendente e ascendente. A porção média é formada por epitélio simples pavimentoso Tubo contornado distal: Formado por epitélio cúbico simples. Apresenta menos microvilosidades Tubo colector: Formado da união dos tubos contornados distais. Revestido por epitélio cúbico simples - As arteríolas do glomérulo são ramos da artéria renal - Estas ramificam-se e dão origem a uma rede de arteríolas que envolve todo o nefrónio - Existe também uma rede venosa que colecta o sangue - Este vai ser drenado pela veia renal até à veia cava inferior

Estrutura do rim, do nefrónio e dos respectivos vasos sanguíneos

Ureteres: Originam-se no bacinete, dirigem-se para baixo e para a linha média e terminam na

bexiga Bexiga: Funciona como reservatório, é formado por músculo liso, está localizada na cavidade pélvica, situada atrás da sínfise púbica e érevestida por epitélio de transicção. Uretra: Transporta urina para exterior. Epitélio cilíndrico estratificado ou pseudo-estratificado

Apresenta dois esfíncteres (Anéis musculares que controlam fluxo de urina): - Esfíncter urinário interno - Esfíncter urinário externo

-

- A uretra masculina é maior que feminina Produção de urina

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- Três processos levam à formação de urina: Filtração, Reabsorção e a Excreção

Filtração - Passagem de líquido dos capilares para a cápsula de Bowman - Resulta da diferença de pressões - O fluxo sanguíneo renal corresponde a cerca de 21% do débito cardíaco - Apenas o plasma "sofre" filtração - Apenas 19% do plasma é filtrado - Taxa de filtração glomerular é a quantidade de filtrado produzida por minuto - Cerca de 99% do filtrado é reabsorvido - O restante é transformado em urina - A membrana de filtração é selectiva nas moléculas que a atravessam, apenas moléculas com menos de 7 nm de diâmetro e peso molecular inferior a 40 000 daltons, conseguem atravessar a membrana de filtração. - Albumina e hormonas proteícas atravessam a membrana

Reabsorção - O filtrado percorre o tubo contornado proximal, a ansa de Henle e o tubo contornado distal - Durante o trajecto sofre reabsorção - O filtrado reabsorvido passa para o espaço intersticial - Chega às veias renais apartir dos capilares peritubulares - Substâncias reabsorvidas: Aminoácidos, Glicose, Frutose, Sódio, Potássio, Magnésio, Cloro, etc

Produção de urina/reabsorção pode ser realizada através de diferentes processos: Co-transporte, Transporte activo, Difusão facilitada e Difusão simples.

Transporte activo secundário ou co-transporte: = = = = = = = = = = = => - Processo de transporte em associação com ião sódio - Aminoácidos, cloro, glicose e potássio - Passagem de substâncias do lúmen do nefrónio para a parede do mesmo Transporte activo: Iões potássio, Iões sódio, Iões cloro Difusão facilitada: Glicose e aminoácidos Difusão simples: Água e potássio

Glomérulo: Formação de filtrado Tubo contornado proximal: Reduz em 65% o volume do filtrado.Absorve cloro, sódio, glicose, água Ansa de Henle - Porção descendente: Entra sódio e cloro, Sai água e a Urina torna-se hipertónica - Porção ascendente: Sai sódio e cloro, a Urina torna-se hipotónica e 15% do volume do filtrado é reabsorvido Tubo contornado distal: - Sai sódio - A saída de água é controlada pela hormona anti-diurética - A ADH promove maior reabsorção de água - Entram iões hidrogénio, potássio e amónia - Estes elementos mantêm o equilíbrio ácido-base no sangue

Tubo colector: 146

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- Controlado pela ADH - Na presença da hormona torna-se permeável à saída de água - Urina torna-se hipertónica - Na sua ausência torna-se impermeável, não ocorrendo reabsorção de água - A urina formada é hipotónica

Excreção tubular - É através do filtrado renal/urina que são excretados muitas substâncias - São elementos não produzidos pelo organismo (fármacos) - Podem ser eliminados por transporte activo ou passivo - Este processo designa-se de excreção tubular

Mecanismo de concentração de urina - A concentração de urina varia de acordo com a ingestão de água - A quantidade de electrólitos e outras substâncias mantém-se independentemente do volume de urina - Este mecanismo permite a manutenção do equilíbrio hidro-electrolítico

Produção de urina: A produção da urina é controlada por: Mecanismos hormonais e Mecanismos de autorregulação. Estímulos nervosos simpáticos

Mecanismos hormonais Hormona anti-diurética

- Actua no tubo contornado distal e tubo colector - Promove a reabsorção água no nefrónio - Na hiposecreção verifica-se um aumento do volume de urina

- Pode levar a graves problemas de desidratação e desiquilíbrio electrolíticos - Diabetes insípida: Maior volume de urina, Muito diluída, Incolor e Sem sabor

Aldosterona: = = = = = = = = = = = = = = = = =>

- Aumenta a reabsorção de sódio e cloro - Aumenta a excreção de potássio e

hidrogénio - Promove a reabsorção de água

- Actua no tubo contornado distal e tubo colector - Liga-se a receptores e promovem a síntese de proteínas de transporte Renina-angiotensina

- Actua na produção da aldosterona - Actua como vasoconstritor

- Os estímulos para a sua secreção são: Diminuição da pressão sanguínea ou Diminuição de sódio e cloro no tubo contornado distal

Hormona natriurética auricular:

- Inibe a secreção de ADH - Consequências: Aumento do volume de urina produzida, Diminuição da volémia e Diminuição da pressão arterial - Segregada pela aurícula direita, Responde ao aumento de pressão Hormona anti-diurética, aldosterona e renina: ↑ = ↓ Volume urina; 147

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↑ Pressão arterial ↓ = ↑ Volume urina;

↓ Pressão arterial

Autorregulação: " Mecanismos através dos quais se consegue manter uma taxa de filtração glomerular independentemente da pressão arterial sistémica" - A autorregulação consiste na contracção e relaxamento das arteríolas renais.

Inervação simpática - Estimulação simpática provoca: Vasoconstrição de pequenas artérias, Diminuição do fluxo renal e Diminuição formação do filtrado - Esta acção é estimulada em casos de: Choque ou Esforço físico intenso

Trajecto da urina - A direcção do filtrado no nefrónio resulta da diferença de pressões - Na cápsula de Bowman a pressão é próxima de 18 mm Hg e no bacinete 0 mm Hg - Desde o bacinete até à bexiga existem contracções e ondas peristálticas que movimentam a urina

Reflexo de micção - Reflexo de micção ou eliminação de urina - É desencadeado pela distensão da parede da bexiga - Este reflexo é controlado pela medula espinhal e tronco cerebral - O ref mina nas crianças lexo de micção controlado pela medula espinhal predo- Estes estímulos levam à contracção da bexiga e relaxamento dos esfíncteres urinários interno e externo - Nos adultos é o tronco cerebral que desempenha o papel de regulação da micção - Estes impulsos controlam o esfíncter urinário externo - É entre os 2 e 3 anos de idade que surge a capacidade de inibição voluntária da micção - " Podemos dizer que num adulto o reflexo involuntário de micção da medula espinhal é contro ral " lado pela acção voluntária do tronco cereb

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Parte 5 – Reprodução e Desenvolvimento Capítulo 28 – Aparelho Sexual e Reprodutor Aparelho reprodutor masculino: - Testículos, Epidídimos, Canais deferentes, Uretra, Vesículas seminais, Próstata, Glândulas bulbo-uretrais, Bolsa escrotal e Pénis

- Bolsa escrotal: - Também designada de escroto, contém os testículos e está dividida em dois compartimentos através de um septo. A superfície da bolsa está dividida por uma rafe mediana que se continua posteriormente até ao anûs e anteriormente até à face inferior do pénis - O escroto é formado por uma camada de pele e por uma camada muscular lisa que se designa de dartos escrotal - Os músculos cremásteres da bolsa são prolongamentos dos músculos abdominais - Estes dois músculos em conjunto permitem o movimento dos testículos - Quando a temperatura externa é baixa, os músculos contraem-se, aproximando os testículos do corpo. Quando a temperatura está elevada, os músculos descontraem-se, afastando os testículos do corpo de modo a diminuir a sua temperatura - A regulação da temperatura dos testículos é importante para a formação dos espermatozóides

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Perínio: É a área entre as coxas que está limitada, à frente pelo púbis, atrás pelo cóccix e lateralmente pelas tuberosidades isquiáticas - Os músculos transversos superficial e profundo dividem o perínio em dois triângulos, estes músculos estendem-se de uma tuberosidade à outra, formando um triângulo anterior ou urogenital e um posterior ou anal - Na área do triângulo urogenital encontra-se a base do pénis e a bolsa escrotal, o ânus encontra-se no triângulo posterior

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Testículos: - São dois pequenos órgãos ovóides localizados no interior da bolsa escrotal, são glândulas endócrinas e exócrinas em simultâneo. A testosterona é a secreção endócrina e os espermatozóides são a produção exócrina - A túnica albugínea é uma cápsula de tecido conjuntivo que reveste exteriormente os testículos e os septos incompletos originados desta cápsula divide os testículos em lóbulos. Os lóbulos são formados por dois tipos de estruturas: - Túbulos seminíferos onde se desenvolvem os espermatozóides.Os túbulos seminíferos abrem-se para a rede testicular, que por sua vez leva os espermatozóides através dos canais eferentes para o epidídimo - Células intersticiais ou células de Leydig que são secretoras de testosterona

Descida dos testículos: Originalmente os testículos são órgãos retroperitoniais, estão ligados ao escroto pelo gubernáculo, a migração ocorre pelo canal inguinal até à bolsa escrotal.

Descida dos testículos

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Espermatogénese: - Até à puberdade os espermatozóides encontram-se indiferenciados - Na puberdade as células intersticiais aumentam de volume e tamanho - Inicia-se a produção de espermatozóides - Os túbulos seminíferos apresentam dois tipos celulares - Células germinativas ou espermatoblastos e as células de Sertoli ou nutritivas - As células nutritivas formam uma barreira hematotesticular que afasta as células espermáticas do sitema imunulógico - Os espermatozóides maduros possuem antigénios na sua superfície - A testosterona produzida pelas células de Leydig passa para as células de Sertoli para se ligar um receptor à sua superfície - A testosterona é transformada em dihidrotestosterona e estradiol - As células de Sertoli produzem uma proteína transportadora para a testosterona e para a dihidrotestosterona - Estas são transportadas para o epidídimo - O estradiol e a dihidrotestosterona fumentam a produção de espermatozóides - No interior das células de Sertoli encontram-se as células germinativas - Dispõem-se da periferia para o centro - Os espermatoblastos localizam-se à periferia e à medida que se vão diferenciando aproximam-se do centro da célula - Alguns espermatoblastos originam, através de mitose, os espermatócitos de primeira ordem - Estes vão dar origem aos espermatócitos de segunda ordem - Estes vão originar células de pequenas dimensões denominadas espermátides - As espermátides dão origem aos espermatozóides

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Espermotozoide: - A cabeça onde estão localizados os cromossomas - O acrossoma na extremidade da cabeça onde se localizam as enzimas necessárias para a penetração do óvulo - O segmento intermediário rico em mitocôndrias - A cauda que permite o movimento Canais - As células espermáticas vão sair dos testículos e atravessar uma série de canais eferentes até atingirem o exterior - Epidídimo - É uma estrutura em forma de vírgula localizada na face posterior do testículo - É constituído pelos canais eferentes do testículo - É o local onde ocorre maturação dos espermatozóides Canais deferentes: - Têm origem no epidídimo - Dirigem-se superiormente aos testículos - Unem-se com vasos, nervos e linfáticos para formar o cordão espermático - Esta estrutura prolonga-se ao longo do canal inguinal - Entra na cavidade abdominopélvica - Junto à próstata forma a ampola do canal deferente Canal ejaculador: - A vesícula seminal, localizada junto à ampola, apresenta um canal excretor o qual se funde com a porção terminal do canal deferente, formando o canal ejaculador - Este canal abre-se para a uretra

Uretra - Extende-se desde a bexiga até à extremidade distal do pénis - É uma via comum para a urina e para o esperma - Pode ser organizada em 3 porções: Uretra prostática, Uretra membranosa, Uretra esponjosa Uretra prostática: - É a porção mais próxima da bexiga - Está envolvida pela próstata - Local onde os canais ejaculadores libertam os espermatozóides Uretra membranosa - É a porção mais curta - Atravessa o pavimento do períneo Uretra esponjosa: - Também designada de uretra peniana - Está envolvida pelo corpo esponjoso - É a porção mais longa da uretra - Termina na extremidade distal do pénis

Pénis - É constituído por 3 porções longitudinais de tecido eréctil - A erecção resulta da intensa circulação de sangue pelas partes constituintes - As colunas laterais designam-se de corpos cavernosos - A coluna dorsal forma a glande peniana, por dilatação - A uretra abre-se para o exterior através do orifício uretral, localizado no centro da glande - Na extremidade proximal surge a raíz do pénis que é formada pelo bulbo peniano e raíz do corpo cavernoso - O perpúcio é uma prega de pele inserida na base da glande, cobrindo-a - Na face dorsal do pénis passam artérias, veias e nervos

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Glândulas acessórias Próstata - Glândula de pequena dimensão - Localizada na face posterior da sínfise púbica, na base da bexiga - Envolve a uretra prostática e os canais ejaculadores - A glândula é formada por uma cápsula de músculo liso e feixes de fibras musculares - O espaço entre as fibras é coberto por epitélio cilíndrico organizado em pequenos sacos - É para estes sacos que são excretadas as secreções prostáticas - É através dos canais prostáticos que as secreções são libertadas na uretra prostática Glândulas bulbo-uretrais: - Pequenas glândulas existentes nos jovens e que apresentam um canal excretor para a uretra membranosa

Secreções - Sémen, esperma, líquido espermático ou seminal é uma mistura formada por espermatozóides e secreções de várias glândulas - 60% do líquido provem das vesículas seminais - 30% da próstata - 10% dos testículos e das glândulas bulbo-uretrais - A emissão de esperma consiste na descarga do esperma para a uretra - A ejaculação consiste na sua emissão para o exterior do corpo atarvés da uretra

Regulação da secreção das hormonas sexuais - O hipotálamo, a hipófise e os testículos são os factores hormonais que infuenciam o aparelho sexual masculino - A hormona libertadora da gonadotrofina (GnRH) é libertada pelo hipotálamo e leva á secreção pela adeno-hipófise das gonadotrofinas - A LH e FSH são gonadotrofinas libertadas pela adeno-hipófise - A LH liga-se às células de Leydig e potencia o ritmo e secreção da testosterona - A FSH liga-se às células de Sertoli e promove a formação de espermatozóides - A testosterona é um androgénio porque estimula as características sexuais secundárias do homem, bem como o desenvolvimento dos seus órgãos sexuais - Também infuencia o comportamento sexual e mantém a produção de células espermáticas - A inibina é secretada pelas células de Sertoli e inibe a secreção de FSH pela adeno-hipófise

Efeitos da testosterona - Estimula o crescimento e desenvolvimento dos órgãos sexuais masculinos - Estimula crescimento capilar - Torna a pele e o cabelo mais grosso e áspero - Aumenta a quantidade de melanina na pele - Aumenta a secreção das glândulas sebáceas, causando acne na face - Altera a voz por hipertrofia da laringe - Ritmo metabólico mais acelerado - N° de glóbulos vermelhos é maior - Aumento da massa muscular esquelética - Determina crescimento ósseo rápido - Aumenta a deposição de cálcio no osso

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Aparelho reprodutor da mulher Ovários, Trompas uterinas, Útero, Vagina, Vulva, Seios

Aparelho genital feminino

Ovários - Pequenos órgãos situados na cavidade pélvica - Localizados de cada lado do útero - Ligados às estruturas adjacentes através de 3 pares de ligamentos: - Ligamento suspensor - Ligamento largo (mesovário) - Ligamento ovárico - A túnica albugínea é uma densa camada de tecido conjuntivo fibroso que reveste o ovário - Histologicamente podemos dividir o ovário em cortex e medula - É na medula que entram os vasos, nervos e linfáticos - No córtex estão localizados os folículos ováricos que contêm os oócitos

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Oogénese - Define-se como o processo de formação de um óvulo ou oócito secundário - As oogónias são as células precursoras dos oócitos - Estas sofrem meiose e originam oócitos de primeira ordem - Este está envolvido por células granulosas - A este conjunto chama-se folículo primordial - Durante a puberdade, com o aumento da hormona FSH, o folículo primordial é convertido em folículo primário - Nesta altura o oócito aumenta de volume e as células granulosas tornam-se cúbicas - À volta do oócito de primeira ordem forma-se a zona pelúcida - Alguns folículos primários desenvolvem-se e formam folículos secundários - As células granulosas desenvolvem-se e formam inúmeras camadas - Entre as várias camadas surgem vesículas que contêm líquido folicular - O antro é uma câmara formada pela fusão de diversas vesículas - Com o crescimento do folículo secundário, as células granulosas desenvolvem-se para formar a cápsula ou teca - Esta é formada pela teca externa ou fibrosa e a teca interna ou vascular - Quando existe um antro único, o folículo designa-se de maduro ou folículo de Graaf - No folículo maduro observa-se a deslocação do oócito para a periferia - A zona periférica designa-se de disco prolígero ou cúmulo ovárico - O oócito de Ia ordem forma um oócito de 2 a ordem e um corpo polar por um processo meiótico

Ovulação - Ocorre um aumento do volume do líquido do folículo - O oócito de 2 a ordem irrompe para o exterior do folículo - ovulação - Se não ocorrer fecundação o oócito degenera e é eliminado - É com a fecundação que o oócito completa o processo de meiose que estava interrompido levando a formação de um 2o corpo polar - O oócito passa a designar-se de ovo ou zigoto - Mesmo depois da ovulação o folículo desempenha um papel importante - Este vai-se transformar em corpo amarelo - As células granulosas e a teca aumentam o seu volume e segregam hormonas (progesterona e estrogénios) - No caso de uma gravidez o corpo amarelo continua a aumentar de tamanho e permanece durante todo o período gravítico - Se não ocorrer fecundação este degenera em 10 a 12 dias formando o corpo branco - Este leva meses ou anos a desaparecer

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Aparelho genital feminino – ovários, trompas uterinas e útero

Trompas uterinas - Também designadas de trompas de Falópio - Estão localizadas lateralmente ao útero e associadas ao respectivo ovário - Na extremidade ovárica a trompa alarga-se para formar o pavilhão ou infundíbulo - A abertura do pavilhão designa-se de óstio ou orifício abdominal As franjas são estruturas finas que limitam o óstio, são cobertas por epitélio mucoso ciliado - A ampola tubárica é a porção mais longa e dilatada da trompa - Na extremidade uterina encontramos o istmo que é uma zona mais estreita - A porção intra-uterina da trompa ou intramural atravessa a parede uterina e termina num orifício uterino - A parede da trompa de falópio é formada por 3 camadas: Túnica serosa, Túnica muscular e Túnica mucosa - A túnica serosa é a mais exterior e é formada pelo peritoneu - A túnica muscular é formada por músculo liso disposto de duas formas distintas: longitudinalmente e em anel - A túnica mucosa é a camada mais interna e é formada por epitélio cilíndrico ciliado, que auxilia o movimento do óvulo.

Útero - O útero é um órgão da cavidade pélvica - Apresenta a forma de uma pêra - A sua porção de maior volume é superior e designa-se de fundo - A porção inferior é designada de colo uterino ou cérvix - A porção entre o fundo e o cérvix é o corpo - Entre o colo e o corpo encontramos uma constrição designada de istmo - O espaço no interior do útero designa-se de cavidade uterina - Esta continua-se inferiormente pelo canal cervical - Este abre-se para a vagina através do óstio ou orifício externo do canal cervical - O útero é suportado por ligamentos uterinos e pelos músculos esqueléticos do pavimento pélvico - Ligamentos: Redondos, Largos e Útero-sagrados 156

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- A parede uterina é composta por 3 camadas: Túnica serosa ou perimétrio, Túnica muscular ou miométrio e Túnica mucosa ou endométrio - Perimétrio: É constituído pelo peritoneu - Miométrio: Camada muito espessa de fibras musculares lisas e no colo o n° de fibras musculares diminui e o tecido conjuntivo denso predomina. - Endométrio: - Formado por epitélio cilíndrico simples - Observam-se glândulas uterinas que se abrem para a cavidade uterina - Este pode ser dividido numa camada basal que é mais profuna e numa outra camada mais superficial designada de camada funcional

Canal cervical: É revestido por epitélio cilíndrico e apresenta glândulas mucosas cervicais. - O muco produzido por estas glândulas serve de barreira para a passagem de substâncias da vagina para o útero, cgom a aproximação da ovulação o muco torna-se mais fluído para a passagem dos espermatozóides

Vagina: - É um canal de cerca de 10 cm, que se estende desde o útero até ao exterior - Na parede anterior e posterior encontram-se as colunas vaginais, que são saliências longitudinais. - Transversalmente e entre as duas colunas estão as cristas ou rugas vaginais - Na extremidade uterina da vagina encontra-se o fundo de saco vaginal ou fórnix - A parede vaginal é formada por duas camadas: uma muscular e outra mucosa - A camada muscular é exterior e é formada por músculo liso - A camada mucosa é húmida e formada por epitélio de descamação estratificado - O orifício vaginal é obliterado por uma membrana mucosa, o hímen - Esta estrutura é, geralmente, perfurada para deixar passar o fluxo sanguíneo durante a menstruação - Pode ser uni ou multiperfurada - Durante a relação sexual o hímen pode ver as suas aberturas aumentadas - Os órgãos genitais externos são o vestíbulo e estruturas anexas - O vestíbulo é uma depressão onde se localiza anteriormente o meato uretral e posteriormente o orifício vaginal - Os pequenos lábios são pregas cutâneas longitudinais entre os quais está situado o vestíbulo - O clitóris é uma estrutura eréctil localizada na zona anterior do vestíbulo - O perpúcio é uma prega de pele originada nos pequenos lábios e que cobre o clitóris - Tal como o pénis, também o clitóris apresenta na sua constituição corpos cavernosos - É um órgão com muitos receptores sensitivos - Os bulbos vestibulares são estruturas erécteis localizados de cada lado do orifício vaginal - As glândulas de Bartholin e as para-uretrais estão localizadas de cada lado do vestíbulo e têm como função a secreção de muco para lubrificação do vestíbulo - Os grandes lábios acompanham o trajecto dos pequenos lábios - A união anterior dos grandes lábios forma o monte de vénus - Toda a área que é delimitada pelos grandes lábios designa-se de fenda vulvar - Períneo: Tal como no homem, é dividido em 2 triângulos pelos músculos transversos superficial e profundo - O triângulo posterior ou anal contém o orifício anal - O triângulo anterior ou urogenital contém os órgãos sexuais externos - Na linha média, entre a vagina e o anûs, encontra-se o centro tendinoso do períneo

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Órgãos genitais externos

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Glândulas mamárias - Localizadas internamente nos seios ou mamas - São órgãos produtores de leite - São glândulas sudoríparas modificadas - O mamilo, localizado no centro na mama, é rodeado por uma aréola circular - O desenvolvimento mamário nas mulheres dá-se na puberdade devido ao aumento dos estrogénios e da progesterona - Ginecomastia - aumento do volume mamário no homem - Internamente a mama é formada por lobos envoltos em tecido adiposo - Cada lobo possui um único canal galactóforo que termina à superfície do mamilo - Pouco antes de atingir a superfície do mamilo, o canal dilata-se, formando um seio galactóforo ou ampola galactófora - É nesta pequena estrutura que se acumula o leite produzido - Dentro de cada lobo existem vários lóbulos - Os lóbulos são formados por alvéolos - Os alvéolos são constituídos por ácinos - As mamas são mantidas no lugar por ligamentos suspensores da mama ou ligamentos de Cooper

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Ciclo menstrual - Consiste numa sequência de acontecimento nas mulheres maduras e não grávidas que termina com a ovulação - A duração habitual do ciclo é de 28 dias - A menstruação resulta da descamação do epitélio mucoso da cavidade uterina - 1° dia ciclo - 1° dia de menstruação - 4°/5° dia ciclo - fim da menstruação - 6°/13° dia ciclo - fase proliferativa ou folicular -14° dia ciclo - ovulação - 15°/ 28° - fase luteínica ou secretora - Novo ciclo menstrual

Ciclo ovárico - O ciclo ovárico compreende os fenómenos que decorrem no ovário durante o ciclo menstrual - Cerca de 25 folículos iniciam desenvolvimento e maturação - Apenas 1 chega a libertar o óvulo - Io - libertação de GnRH pelo hipotálamo - 2o - estimulação da adeno-hipófise - 3o - libertação de FSH e LH - 4o - estimulação do crescimento e maturação folicular - 5o - os níveis sanguíneos de estrogénios aumentam na fase folicular - 6o - causam um efeito de feed back negativo sobre a FSH e a LH - 7o - na fase folicular tardia o estrogénio causa feed back positivo na FSH e LH - 8o - pico de LH e de FSH - 9o - ovulação - 10° - diminui a produção de estrogénio e aumenta a de progesterona - 11° - Formação do corpo amarelo - 12° - aumento dos níveis de estrogénio e progesterona - 13° - diminuição de GnRH, FSH e LH - 14° - atrofia do corpo amarelo - Caso ocorra fecundação inicia-se a produção da HCG (gonadotropina coriónica humana) que impede a degeneração do corpo amarelo

Ciclo uterino - Ciclo uterino refere-se às alterações que ocorrem quer no útero quer na vagina - Estas alterações estão relacionadas com as secreções cíclicas de estrogénio e progesterona - Io - Menstruação - 2o - Proliferação do endométrio - 3o - Formação das glândulas espirais - 4o - Ovulação - 5o - Endométrio torna-se mais espesso (preparado para receber o ovo) - 6o - Diminuição dos níveis de estrogénios e progesterona - 7o - Degeneração das glândulas espirais - 8o - Expulsão do fluído menstrual - O estrogénio potencia a proliferação das células do endométrio - A progesterona inibe as contracções do músculo liso

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Gravidez Secreção hormonal na gravidez - Os espermatozoides entram no canal cervical, atingem o útero e sobem até às trompas - Neste precurso os espermatozóides perdem o capuz - Ficam assim disponíveis as enzimas necessárias para o movimento e fecundação do óvulo - Os espermatozóides sobrevivemno aparelho feminino até 72 horas - Após a ovulação o óvulo só se encontra em condições de ser fertilizado por um período de 24 horas - Para que ocorra fecundação, o acto sexual deve decorrer entre 3 dias antes e 1 dia depois - Depois da fecundação o ovo sofre diversas divisões celulares - Percorre o caminho das trompas até ao útero - Após 7/8 dias da ovulação o endométrio está receptivo - O futuro embrião ou blastómero implanta-se - É segregada a HCG (gonadotropina coriónica humana) - O corpo amarelo mantém-se funcional - Aumento dos níveis de estrogénios e progesterona - A HCG pode ser detectada na urina de uma mulher grávida - Apenas se mantém até à 16 a semana - Depois do 3 o mês de gravidez o corpo amarelo deixa de ser o principal produtor de hormonas - É a placenta torna-se um órgão endócrino, produzino as hormonas femininas - Os níveis sanguíneos aumentam progressivamente durante a gravidez Menopausa - A ausência de ciclo menstrual surge por volta dos 40/50 anos e designa-se de menopausa - A amenorreia é a ausência de ciclo menstrual - Nesta altura o número de folículos é reduzido - Durante a menopausa a mulher pode sofrer de afrontamentos, irritabilidade, perturbações emocionais, etc - Podem ser administradas pequenas doses de estrogénios durante este período

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- Pode previnir os sintomas, a osteoporose mas pode levar ao desenvolvimento do tumores do útero e da mama