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SABEÍSMO E A RELIGIÃO IORUBANA Keyvan Bueno Nikobin

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SabeíSmo e aReligião ioRubana

Keyvan Bueno Nikobin

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SabeíSmo e a Religião ioRubana

© 1993 copyrightTodos os direitos em português reservados para:

EDITORA BAHÁ’Í DO BRASILCaixa Postal 108513800-973 Mogi Mirim SP

www.editorabahaibrasil.com.br

ISBN: 978-85-320-0215-0

1ª Edição: 19932ª Edição: 2010 (revisada)

Caso for imprimir o livro utilizar papel A4: 210 x 297 mm.

Agradecimentos ao:Apelegi Alabó Tobi de Lembaraganga (Antonio Pereira da Silva, 1951-1997)

da Casa de Caridade do Senhor do Bonfim (1981-1997) de Campinas, SP, Brasil

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ESTE TRABALHO consiste em apresentar uma das Religiões Mundiais, o Sabeísmo e um dos seus seguimentos – a Religião Iorubana – para a partir destes dados, nós, da Comu-nidade Bahá’í, podermos entender, promover e ensinar laços humanísticos vitais em benefício da compreensão espiritual entre os povos e mostrar aos seres humanos que cultuam um dos seguimentos desta Religião no Brasil, a Fé Universal, a Fé de Bahá’u’lláh e que todos somos oriundos de uma Grande Família, a Família de Deus.

... o princípio fundamental que constitui o alicerce da crença bahá’í, o princípio que a verdade religiosa não é absoluta mas relativa, que a Revelação Divina é regular, contínua e progressiva, e não espamódica ou final...1

Bahá’u’lláh nos ensina que o Báb iniciou um novo Ciclo Profético, o Ciclo das Rea-lizações, o Ciclo Bahá’í (destinado a durar não menos que 500.000 anos) e findou o Ciclo Adâmico, o Ciclo das Profecias2, iniciado por Adão a mais ou menos 6.000 anos atrás, não querendo dizer com isto que não existiram outros profetas antes de Adão, mas sim que não existem registros anteriores a Adão, e que deve ser atribuído ao seu longínquo extremo, e também às vastas mudanças às quais a Terra passou desde aquela época.3

Dentro deste Ciclo Adâmico, podemos citar nove Religiões Mundiais (em algumas delas há um grande sectarismo ou divisões em seitas):

Religião Fundador Data Livro Revelado

Sabeísmo Desconhecido 4.000 A.C.* Relatos verbaisHinduísmo Krishna 3.000 A.C.* Bhagavad-GitaJudaísmo Moisés 1.330 A.C.* ToráZoroastrianismo Zoroastro 1.000 A.C.* Zend-AvestaBudismo Buda 560 A.C.* Tri-PitákasCristianismo Cristo 1 D.C. BíbliaIslamismo Muhammad 622 D.C. AlcorãoFé Babí O Báb 1.844 D.C. BáyanFé Bahá’í Bahá’u’lláh 1.853 D.C. + 15.000 Epístolas

(*aproximadamente)

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Interessante lembrar que as Casas de Adoração Bahá’í – Templos Bahá’ís – possuem nove entradas, uma porta para cada crença, culminando em uma única cúpula – Deus, um lugar onde todos os seres humanos vão para adorá-Lo. O Sabeísmo (ou Sabeanismo ou Religião Sabeísta), cujos seguidores poderão ser cha-mados de sabeístas, sabeítas ou sabeãos (não confundi-los com os seguidores de João Batista, que não aceitaram a Cristo como o Prometido e também eram chamados de sabeãos), não possui provas definitivas, e segundo Shoghi Effendi, nem a História poderá prover detalhes suficientes e confiáveis para responder a respeito de Seu Fundador4 mas que, com certeza, foi um Mensageiro Divino; há dúvidas também sobre a correta data de inauguração da era sabeísta ou hinduísmo.5 Outras referências aos sabeístas, encontramos no Alcorão, nas Suras 2:59, 5:74 e 22:17. Podemos considerar Abraão como um seguidor desta Fé6, pois o país no qual o Sabe-ísmo foi largamente disseminado foi o Iraque (antiga Caldéia, região de Ur), tendo mais tarde se desenvolvido na África. Conta a Bíblia (Gen. 2, 10 a 14), que desta região saíam 4 rios, sendo o segundo para a África (Etiópia, terra de Cuxe). Sabemos que não existem rios saindo da Ásia para a África, sendo um dos simbolismos do Rio Maior com seus Braços, a de Deus e Seus Mensageiros. É neste período que surge a figura de Nimrod (não confundir com o rei que perseguiu Abraão), na qual, segundo historiadores africanos e europeus, após um pacto semelhante ao de Deus com Abraão, ao de Abraão para Abraão, Nimrod passa a se chamar Odudúwa, em iorubá (língua largamente usada em várias regiões da África, com muita influência no Nor-te), que traduzida para o português ficaria: Recipiente do Criador da Existência ou Fonte Geradora de Vida, criando a partir daquele instante a Religião Iorubana, juntamente com o Império e a Cultura Iorubana. É interessante frisar o nome com que Nimrod se proclamou – Recipiente do Criador da Existência, ou seja, Ele não se intitula um Deus, mas sim apenas um Recipiente, um Espaço para que Deus atue, O Vestígio de Deus, tal como Bahá’u’lláh nos ensina, que os Mensageiros de Deus são os Canais Perfeitos, de Deus para com os homens, Espelhos completamente limpos, que refletem toda a intensidade de luz que recebem. Os relatos que se seguem são pesquisas feitas por historiadores, as quais não podemos afirmar sua veracidade, mas podemos aproximarmos-nos mais e entender este povo, dos quais muitos brasileiros descendem. De todas as teorias existentes, irei me concentrar na de Cla-pperton (Travels and Discoveries in Northen and Central África 1822 / 1824) onde segundo suas próprias palavras:

“Os habitantes da província de Yarba são supostamente descendentes dos filhos de Canaã que pertenciam à tribo de Nimrod. Desse ponto de origem, avançaram para o interior da África até Yarba, onde fixaram residência. Em seu caminho, pararam em vários lugares desmembrando-se em pequenas tribos da mesma origem étnica. Assim, supõe-se que todas as tribos do Sudão que habitam as montanhas são oriundas desses, bem como os habitantes de Yao-ry. Também a mesma descrição é dada ao povo de Neofee (Nupe). No nome Lamurudu ou Namurudu podemos facilmente reconhecer a modificação fonética do nome Nimrod. Se este Nimrod era conhecido por o forte, filho de Hassoul, ou Nimrod, o guerreiro bíblico, ou ainda se ambos eram a mesma pessoa, não podemos afirmar. Porém, o conteúdo das teses não só confirma as tradições da origem, como garante a veracidade das lendas. É sabido que os descendentes de

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Nimrod (fenícios) foram levados a guerrear os filhos de Ismael e após foram perse-guidos por razões religiosas até a África.”

Os manuscritos, achados arqueológicos e lendas sobre a venerada figura do ancestral dessa raça, também acentua profundamente a forma egípcia em seu todo, sendo a mais famosa de todas as peças encontradas até os dias de hoje, e considerada uma das maravilhas de Ifé, é o Opá Oranian (monólito de Oranian), um obelisco tido como sendo o túmulo deste herói, e que possui características de origem fenícia. Nesse mesmo monólito, encontramos palavras pertencentes à Kabala hebraica inscritas de forma clara e evidente como uma mensagem à posteridade. As palavras (símbolos) são YOD, RESH, VÔ, BETH e ALEPH, definição he-braica no nome YORUBÁ e cuja tradução seria a seguinte:

YOD – A divindade por ordem da RESH – unidade psíquica do ser VÔ – deu origem BETH – ao movimento de luz, objeto central ALEPH – e estabilidade coletiva do homem.

Assim, os símbolos Yod e resh comporiam as letras Y – O – R, o símbolo Vô a letra U, o símbolo Beth a letra B e o símbolo Aleph a letra A: YOD = YO, RESH = R, VÔ = U, BETH = B, ALEPH = Á Ao mesmo tempo em que se tem a definição da origem cabalística da palavra Yorubá, temos no mesmo monólito a profecia que define a implantação do Império Yorubano por Nimrod, sob o nome de Odudúwa, fundador da antiga cidade de Ilê Ifê, berço da Cultura Iorubana. Lembramos, também, que Nimrod era descendente de Noé, neto de Cam e filho de Cuxe (Gen. 10, cap. 8 e 9), por conseguinte Abraão (ex-Abrão) descendente de Sem (filho de Noé) e Odudúwa (ex-Nimrod), eram parentes; relembrando a promessa de Deus de que os Mani-festantes de Deus seriam Seus descendentes (Gen. 12, cap. 3). [O próprio Bahá’u’lláh descende de Katurah, segunda esposa de Abraão]. Essas teses são defendidas por teólogos africanos ligados ao estudo básico da religião negra, no entanto, durante o período colonialista na África, injunções foram feitas para torcer os conceitos religiosos africanos e a maioria de suas tradições, culturas e história foram passadas verbalmente, e como sabemos, não é esta a melhor forma de se preservar os acontecimentos e fatos, pois a veracidade não pode ser provada e muitas vezes são alteradas, perdendo-se muito os conceitos originais. O africano, ao contrário do que afirmam certos autores, cultua a um só Deus, dando à natureza e seus reinos – mineral, vegetal, animal e humano – uma função vital no mundo que nos cerca. Teme e ama a água, que o afoga e aplaca sua sede – teme e ama o fogo, que queima e o aquece – teme e ama o sol, que o ilumina e seca a terra, e assim por diante. Nada acontece por acaso, e todos os fenômenos da natureza têm uma explicação lógica, consequen-temente, os fenômenos podem ser alterados, propiciados, estimulados e impedidos, tal como na vida – nascimento, circuncisão, adolescência, casamento e morte são eventos, que para

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os africanos, são de cunho altamente espiritual, pois associam suas vidas à vida da natureza numa comunhão entre Deus e o Homem. No sentido amplo da teosofia africana, o culto é monoteísta, não se aceitando a idolatria. Exatamente ao contrário do que se apregoa, a respeito, fora da África. Monoteísta sim, por cultuar a um só Deus, Onipotente, chamado na língua iorubana de Olorum ou Oludumaré ou ainda Olorumilá. Para os iorubanos, existe um envio de Manifestantes, e apesar de não saberem que isto acontece de tempos em tempos, muitos chegaram a aceitar Moisés, Cristo e Maomé – necessitam saber da vinda de Bahá’u’lláh – e existe também um acordo (ou Convênio) onde através da formação das dinastias, homens e mulheres, alguns Reis ou Rainhas e outros através de parentesco com Odudúwa, governaram regiões da África e seus povos, a ponto de se tornarem lendários ou Heróis Iorubanos. (Para os bahá’ís também é aplicado a Lei do Grande Convênio, onde Deus [Olorum, God, Dieu, Dios, Alá, etc] envia um Mensageiro de tempo em tempo para conduzir os homens a Ele, existindo também outro Convênio, onde o Manifestante deixa um escolhido para interpretar Suas Leis, Textos e Escritos Sagrados, no caso bahá’í, ‘Abdu’l-Bahá.) Numa das mais ricas lendas ou folclores, os personagens iorubanos (muitos com sua existência comprovada historicamente), instituem regulamentos para uma sociedade e as funções da família e suas organizações. Por continuar o trabalho iniciado por Odudúwa, recebem o nome de Orixá – Energia ou Guardião da Mente Humana e assevera-se que seu número sobe a centenas, mas as figuras principais são relativamente poucas, em número de 16 (pode-se multiplicar ou diminuir este número, dependendo da nação africana), cada um recebe uma responsabilidade e função na natureza e por conseguinte no mundo de Deus, sendo suas vidas, relatadas verbalmente através de lendas, passando ensinamentos morais e éticos, criando conceitos de organização social e também: respeito e entendimento com a natureza; iniciação científica (ex.: setor da medicina, através do conhecimento das plantas); exploração e incentivo ao trabalho; criação do comércio e troca de mercadorias; educação às artes; beneficiamento e melhorias das plantações e colheitas; manufatura de artefatos para culinária, vestuário, habitação e explanações sobre conceitos espirituais, tais como a morte (evolução espiritual nos vários mundos de Deus e não o conceito de reencarnação como muitos apregoam), criação do mundo, existência de um só Deus, etc. Estes Orixás, que conduzem espiritualmente o povo africano, se tornaram imortais através de suas lendas e são os elos dentro da Religião Iorubana para melhorar o contato de Deus com a Sua Maior Obra na Terra – o homem. Tal como ‘Abdu’l-Bahá, Shoghi Effendi e a Casa Universal de Justiça se tornaram a base e a guia para uma melhor compreensão e administração da Fé Bahá’í, eles, os Orixás, se tornaram a guia e o ponto mestre dos ioru-banos. Atualmente, o culto baseia-se neles e ao próprio Odudúwa, onde através de um ritual envolvendo a dança e o canto, seus adeptos circulam, dançam ao som de atabaques e entoam orações em dialetos ou línguas africanas, formando uma Roda Humana, na qual em seu centro é reverenciado o Monolito de Oraniam, simbolizando a ligação entre o Céu e a Terra ou entre Deus e os homens, portanto, é reverenciado o Intercomunicador – O Mensageiro, numa Trilogia similar ao Grande Nome Bahá’í ou à Santíssima Trindade Cristã (pesquisar a explicação de ‘Abdu’l-Bahá sobre o assunto, no livro: Respostas a Algumas Perguntas, Editora Bahá’í do Brasil). Esta facção do Sabeísmo, como citamos anteriormente, é uma das grandes heranças do iorubano, povo de pele negra que entrou por nossos portos, como escravo, nos porões

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de navios intitulados Negreiros, sob as condições mais desumanas, mas apesar de todas as fatalidades se frutificaram produzindo a Cultura Afro-brasileira, também presente na música, dança (como a capoeira, lundu, chiba, samba, jongo, etc), culinária (como o acarajé, vatapá, caruru, abará, etc), vestimentas e ornamentos e que após 400 anos puderam criar, juntamente com as outras culturas existentes no Brasil, um Conglomerado Cultural Universal. Sendo este um dos importantes pontos para o rompimento de nossos preconceitos culturais e inte-lectuais, unindo-nos no trabalho para a nossa tão almejada Unidade Mundial – Unidade na Diversidade. Como sabemos, a fase de manutenção dos impérios africanos resultou em guerras intertribais, que resultou na conquista de territórios, além de gerar a posse dos prisioneiros. Esses prisioneiros, a princípio mantidos como escravos, foram vendidos ou trocados por sal, utensílios, contas, etc, com o aparecimento dos primeiros portugueses. A tal ponto que chegou o interesse dos mercadores portugueses no produto cativo das guerras intertribais, que teve início um sistema de espionagem e intriga organizados, para levar as tribos a guerrear mais, sem que as mesmas soubessem da sua dualidade de contatos. Assim, quando os Fons invadiram Keto, Abeokutá, Ibadan e outras cidades, os prisioneiros Iorubás eram vendidos no porto de Ouidah aos portugueses. Quando a invasão era em sen-tido contrário, os Mahiis, Minas, Sombas e outros eram vendidos no porto de Lagos. Raras foram as vezes em que os Fons conseguiram atingir a capital iorubana de Oyó e raras foram as vezes também que os iorubas atingiram a capital Fon do Abomey. Daí a menor incidência de escravos Fons e Oyós no Brasil, razão pela qual seus rituais e tradições, conhecidos por Vodú e Oyóigbalé, são praticamente desconhecidos no Brasil. Em 1545, encontramos os primeiros relatos de Pedro de Gois, sobre a vinda e ne-cessidade de escravos africanos para a indústria açucareira. Daquele tempo até a proibição do tráfico de escravos, cerca de 10 a 12 milhões de negros africanos foram trazidos para o Brasil. Desse montante, em torno de 280 etnias eram encontrados nos mercados de escravos, entre elas podemos destacar os Mushi-Congos, Benguelas, Cabindas, Endembos, Iorubás, Ijeshás, Oyós, Haussas, Mandingas, Fantis, Ashantis, Minas, Fons, Mahiis, Ijebus, Fulanis, Ibos, Krobos, Bantos, Zulus, etc. Esses escravos aqui chegaram com seus rituais e tradições, encontrando o país em plena vigência da Santa Inquisição, fato que os obrigou a esconderem seus costumes. Jamais passaria pela cabeça do inquisitor que aquele era um ritual monoteísta que cultuava um mesmo Deus. No entanto, foi tido como paganismo, barbárie e subcultura dos negros escra-vos, considerados como raça inferior. Necessário seria continuar com as tradições africanas, mormente em se tratando de uma situação nova, na qual o sofrimento, a vergonha e a dor se misturavam com a humilhação. Tanto quanto os índios e os judeus, os africanos eram obrigados a adotar novos nomes, aceitando o batismo e a eucaristia. Essa imposição de novos mitos e santos brancos gerou uma união entre os africanos que, no afã de se manter fiéis às suas origens de culto, e na falta de sacerdotes da mesma etnia, se adaptaram à cultura de outros africanos, transformando culturas que na África eram regionais, em um panteão nacional. A partir deste momento criaram o nome Candomblé – Samba de Roda (ou Dança em Roda), simbolizando na ação da dança, o sincretismo da Religião Iorubana. Era preciso manter os rituais de uma forma que não despertasse dúvidas nos senhores brancos. Assim, na calada da noite, faziam o assentamento da divindade africana, enterrando uma pedra, cercada de rituais e por cima o santo da igreja católica, aquele que mais se asse-

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melhasse ao Orixá de sua terra (como explicamos anteriormente, algumas regiões cultuavam somente a um dos personagens). Assim, Ogum recebeu em cima de seu assentamento, a ima-gem de São Jorge, Oxalá recebeu a imagem de Cristo, Obaluayê recebeu a imagem de São Lázaro, e assim por diante. Quando o feitor ou inquisitor vinha fiscalizar o local, os encontrava cantando em seus dialetos para Ogum, Oxalá, Obaluayê, porém, não vendo os assentamentos que estavam por debaixo das imagens católicas, pensava que os escravos estavam cultuando a São Lázaro, a Cristo e a São Jorge, os quais poderiam ter outros nomes nos seus dialetos, porém, para eles, feitores, eram os mesmos santos católicos. Estava criado, portanto, o Sin-cretismo Católico – Fetichista, que posteriormente veio a ser as razões da Umbamba. Um dos grandes misticismos foi com o Orixá denominado “Exu”; este personagem por ter uma lenda e personalidade mais brincalhona e extrovertida, foi vinculado ao “Diabo” do catolicis-mo, gerando muitas incompreensões em torno deste assunto, mas no culto original ele é um personagem que divulga e ensina ao ser humano a melhorar sua vida, baseando-se sempre na melhoria da comunicação (entre Deus e os homens, entre os próprios homens, entre pais e filhos, etc), sempre voltado para o Bem. Os Orixás africanos consequentemente foram identificados da seguinte forma (pode-se multiplicar ou diminuir este número, dependendo da nação africana):

Yorubá (Keto) Fon (Vodú/Gegê) Angola Santo Católico

Oxalá Mahwú/Lissa Lembaraganga Cristo

Obaluayê Sakpatá Kajanjá/Kaviungo São Lázaro/Roque

Xangô Envioso Kanbaranguanje São Gerônimo

Oshossi Aguê Gongobira São Sebastião

Inhansã Abé Matamba/Oyá Santa Bárbara

Yemonjá Abotô Kaitumbá/Inaê N. Sra. Conceição

Oxum Aziri Dandalunda N. Sra. Aparecida

Exu Odin/Elegbá Bombojira/Aluvaiá Diabo/Satanáz

Ogum Gú Mucumbê/Incôssi São Jorge/Antônio

Ifá Fá Kassumbenca Guia Divina

Oxumaré Obessem Angoromea São Bartolomeu

Ibejí Hoho/Tobossa Wunje Cosme e Damião

Egum Geledê Yombe Almas outro mundo

Ossaym Neossum Catendê São Expedito

Iroko Loko Tempo São Onofre

Nanan Burukú Anabiocô Zumbarandá Santa Ana

Soponã Ajagum Kafundegi São Pedro/José

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Sabemos que hoje existem inúmeras facções iorubanas, tais como o Candomblé que originou a Umbanda e a Quimbanda; o Maculêlê; Casa de Minas (facção Dahomeana em São Luis do Maranhão); o Grupo Oyó ou Xangô em Porto Alegre; Batuque; Pará; Casa de Lia na Ilha de Itamaracá, Katimbó, entre outras. Deste montante, o misticismo ficou incontrolável e várias modificações foram inse-ridas. Dentre elas podemos ilustrar as Festas ou Cerimônias que se realizavam na África e que eram sempre vinculadas à agricultura, à época das colheitas ou plantio e aqui no Brasil se vincularam à cultuar somente aos Orixás (ex: colheita do inhame na África, comemora-se no Brasil as famosas “Águas de Oxalá”). Durante a Quaresma e Semana Santa Católica, muitos senhores e capatazes das fazendas proibiam os negros de cantarem e dançarem e até hoje muitas Casas do Culto Iorubano – denominam-se Barracão, não possuem atividades religiosas e até as proíbem nesse período. A semana do africano possuía somente 4 dias, vinculada aos 4 elementos essenciais (Terra, Fogo, Ar e Água), aos 4 fatores humanos (corpo, mente, alma e espírito), às 4 idades (infância, juventude, maturidade e velhice), às 4 estações e aos 4 pontos cardeais e quando desembarcaram no Brasil, depararam-se com a semana de 7 dias; como vinculavam seus cultos e rituais ao calendário, várias modificações foram feitas. Os sacerdotes que na África se dividiam em 4, cada um com uma função específica: o Babalorixá era responsável por manter os Orixás respeitados, prosseguindo com seus cultos; o Babalaô era responsável pelos homens, ajudando-os através do culto ao Ifá (processo de adivinhação, através de conchas do mar – búzios); o Babalosain era responsável pela saúde da tribo, conhecedor de folhas, preparava os remédios, era conhecido como “curandeiro” (hoje, através de uma universidade e um diploma e a troca do conhecimento das plantas pelo conhecimento científico, os cha-mamos de “médicos”); e por fim o Babaogê, responsável por explicar a vida após a morte e impor respeito às pessoas que passaram por esta vida, chamavam-no para cultuar aos Eguns (Mortos). Pois bem, hoje no Brasil, encontramos somente um Líder Iorubano (Pai-de-Santo ou Zelador-dos-Orixás) exercendo as 4 funções. Relembremos que quando chegavam os escravos, em seu meio poderia encontrar-se um sacerdote, mas muito ou quase impossível encontrar os 4 no mesmo mercado e comprados pelo mesmo dono da fazenda, o que acarretava na escolha de um líder entre os negros que na falta de outros, exercia as 4 funções. Outro ponto interessante é o Monolito de Oraniam, em muitas Casas Iorubanas, nem sempre ele é visível e muitos nem sabem que quando dançam em sua volta, em Roda, estão adorando à Odudúwa. Sabem que no centro da roda está algo enterrado na terra e algumas oferendas suspensas ao teto do Barracão, simbolizando oferendas para o Céu, mas não sabem seu correto significado. Outra grande ajuda à miscigenação foram os vários dialetos e nações, sem nenhuma semelhança entre si, a não ser a cor da pele (o mesmo que igualar japoneses e melanésios). Somente entre os Bantus, encontramos mais de 275 dialetos, sem falar nas línguas dos colonizadores, por isso que encontra-se em alguns rituais iorubanos, cantigas ou orações em inglês ou francês. Podemos provar, também, a visível influência dos invasores europeus nas vestimentas usadas pelos iorubanos, quando estão exercendo algum culto de grande importância (enormes saias rodadas com saiotes engomados, usadas pelos europeus no começo do século passado). O Culto Iorubano pode ser praticado em qualquer lugar. No Brasil, a prática se faz normalmente em Barracões ou Roças, preferencialmente distante da cidade, porque os toques ou rituais produzem sons muito alto e por vezes se prolongam, podendo até mesmo durar 21

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dias. A congregação dos frequentadores de um Barracão é chamado de filhos-de-Santo e é dirigido pelo Babalaô, ou Pai-de-Santo ou sacerdote iorubano. A denominação de Barracão vem das senzalas dos escravos, mas pode ser qualquer tipo de edificação; na África eram ao ar livre. No centro do Barracão encontra-se enterrado o Airíaxé (força oculta), que é ligado por um mastro ao teto, já esplanado anteriormente. Anexo ao recinto principal, ou terreiro, ficam o Sabagi e o Roncó; estes são todos locais fechados aos visitantes, são câmaras separadas. Em torno do Barracão há os Ilês (casas consagradas aos Orixás). O Sabagi é o recinto onde estão assentados os otás dos Orixás. O Roncó é onde se preparam os iaôs e recebem do Babalaô e da mãe-criadeira os ensinamentos para prosseguir com os rituais, quando se dá a iniciação ou durante as demais obrigações. No Brasil é usual colocar um altar aos mortos, denominado Casa de Balé. Os nomes e hierarquia usados em nosso país para as funções religiosas dos iorubanos, muitas como poderão notar, distoou do original. Qualquer pessoa pode assistir às cerimônias comuns do Candomblé, como visitante, sem participação, bastando solicitar permissão ao Babalaô ou qualquer iniciado. Os que tomam parte nas cerimônias são chamados de filhos-de-Santo. Àquele que embora compareça com regularidade às suas práticas, mas não se tenha ainda iniciado no culto, dá-se no nome de abiã. Depois do abiã passar por vários rituais, passa à condição de iaô. Os iaôs levam 7 anos de aprendizado para completar seu estágio. Durante esse tempo, recebem várias funções, que os vão preparando para se tornarem Babalorixás ou se mulheres, Ialorixás. Existem, também, as Equedes. São aquelas que auxiliam direta-mente ao Zelador-de-Santo, zelam pelos assentamentos e quartinhas no Sabagi e transmitem os ensinamentos de vida aos abiãs. Os Ebâmis são aqueles que após 7 anos de aprendizado como iaô, recebem este título. Ele poderá receber o Decá, ordem para iniciar outro Barracão sob sua direção, mas se continuar no mesmo, terá funções específicas e gozar de prestígios, geralmente é tratado por “paizinho ou padrinho” (equivalente, mãezinha ou madrinha ou mãe-pequena), ou ainda tio ou tia. O Babalorixá é um Ebâmi que foi levantado a esta posição depois de 7 anos de seguir o culto e seus rituais (ou comumente chamado de “feito no Santo”), nunca antes. Babalaô é o sacerdote qualificado para ministrar o culto aos Orixás, chama-se, também, de Pai-de-Santo. É um Babalorixá que recebeu de um babalaô dois poderes: o poder de iniciar outras pessoas no ritual iorubano e o poder de mão-de-búzios. Gostaria de fazer algumas explicações sobre o assunto: O Jogo de Búzios ou consulta dos oráculos de Ifá é um dos métodos usado para adi-vinhações. Encontramos atualmente vários tipos, tais como: o carteado, leitura pelas folhas de chá, pedras (usados pelos Vikings e Irlandeses), moedas (Ishing), pó de café, varetas e uma infinidade de outros. Estes processos são antigos métodos que o ser humano encontrou para promover ajuda a outro ser humano, que face à dificuldades e problemas que a vida lhe apresenta durante algum período, procura conselhos, respostas e direção em sua vida. Muitas vezes usando sua intuição, poderemos atualmente encontrar psicólogos e terapeutas exercendo esta função que outros faziam em séculos passados. A diferença básica é que estes conselheiros utilizam meios místicos para orientar as pessoas e os profissionais terapêuticos utilizam a medicina moderna para solucionar os problemas. Não quero denegrir, nem elogiar o que se fez ou o que se está fazendo, mas somente quando houver uma junção destes dois lados: psicanalistas utilizando a Religião, aceitando a existência de um Deus governando nossas vidas e por outro lado a capacidade destes conselheiros (tal como o método que os católicos utilizam na confissão) com sua carisma e em querer ajudar as pessoas através do amor que transmitem através de conselhos somente intuitivos, porém assimilando esta ajuda à

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profissionais da medicina – é que veremos eficácia nos remédios ministrados, é que veremos nosso pássaro voando – uma asa simbolizando a Ciência, a outra a Religião. Caso contrário, Bahá’u’lláh afirma que usando somente a religião, obteremos como resultado a superstição e o fanatismo e com o uso somente da ciência, obteremos o materialismo desenfreado. Voltando às hierarquias do Candomblé, temos o Babalaô que é um criador de iaôs e futuros Babalaôs. Assim, é um patriarca (ou matriarca) espiritual, que forma verdadeiras famílias ou clãs, que o reverenciam por toda a vida e o chamam respeitosamente de “Pai”. Depois temos o Tata, que é quando o Babalaô atinge 21 anos de atividades no seu Barracão. Nesta ocasião ele pode escolher um filho para funcionar como segunda pessoa e seu substituto. A seguir, existem os Vodussi, que são muito raros, em virtude das exigências, especialmente do tempo, 50 anos de culto e chefia do Barracão. Lembremos que os iorubanos, após ingressar no culto aos Orixás e realizando todos os rituais pertinentes, modificam o nome que receberam de seus pais carnais, para um nome na língua iorubá, numa tradição parecida com a de Nimrod para Odudúwa. (Ex: Maria de Fátima para Kayadijalê – Mãe dos peixes da casa). Através de sua digina (nome) em iorubá, sabe-se que a pessoa pertence a Religião Iorubana. Estas hierarquias são de obrigações e não hierarquias de direitos, apesar de muitos não entenderem esta fato, pois, quanto maior a posição maior os deveres, maior o exemplo, maior a humildade. Esta verdade, ‘Abdu’l-Bahá nos dá o exemplo do oceano, que apesar de sua grandeza, imensidão e imponência, ele se coloca em um nível mais baixo para que então possa receber as águas dos rios que fluem para ele. Fora estas, existe uma Confederação Afro-Brasileira, mas por vários problemas as encontramos somente em âmbito estadual, dificilmente unidas nacionalmente, e encontra-se várias dessas instituições a nível local, mas infelizmente, com ideias partidárias e linhas de pensamento contrárias. Meu intuito com este trabalho foi o de apresentar novos conceitos, também o de fazer um bahá’í entrar em uma Casa de Culto Iorubano ou Barracão de Candomblé, entender o que está se passando, entender as pessoas, suas origens e conceitos, tão qual se entra em uma igreja ou sinagoga ou mesquita, ou conversa-se com um padre, pastor, rabino ou sacerdote iorubano, sabendo respeitá-lo e aos que lá se abrigaram e a partir do conhecimento da Fé da pessoa poder propagar a Mensagem de Bahá’u’lláh a este povo brasileiro, sedento e cheio de esperança, muito receptivo e já executor de alguns conselhos de Bahá’u’lláh – em seus cultos podemos encontrar negros e brancos, ricos e pobres, homens e mulheres (considera-se a igualdade entre ambos), intelectuais e os menos capacitados, todos juntos se unindo em busca de algo; na busca desesperada de resgatar a Fé, de melhorar e lapidar seu interior, sua alma e mente. Não detalhei suas lendas e rituais, pois divergem e mudam de nação para nação e também dentro do mesmo ramo familiar. Também não entrei no que concerne à mediunidade que é utilizada e muito divulgada nos cultos iorubanos. Este setor é por demais polêmico e o que devemos nos ater é que inaugurou-se um novo ciclo profético, o Ciclo Bahá’í, do qual Bahá’u’lláh é a Figura Central7 e que estamos todos sendo abençoados e convidados a progredir espiritualmente, não necessitando de materializar esta espiritualidade, nem de interlocutores religiosos, sejam eles deste mundo ou do vindouro. Estão ao nosso alcance as Orações Bahá’ís, traduzidas para mais de 800 línguas e idiomas. São Orações Sagradas reveladas por Bahá’u’lláh. Podemos usá-las para adorá-Lo (a Deus), ajudar a evoluir nossos entes que já se foram e em muitas outras ocasiões. Lembrando que estas orações foram prescritas a todos os seres humanos, e que qualquer um pode usá-las,

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dando a devida atenção para se evitar o asceticismo, e que após a oração, deve vir a meditação e a ação, pois nossas palavras não devem exceder nossos atos. Utilizando também os Seus ensinamentos e leis, divulgando e conhecendo o Grande Plano de Deus: o de que através de Adão, Noé, Abraão, Odudúwa, Krishna formou-se a Família e a Tribo; através de Moisés, Zoroastro, Buda formou-se a Cidade-Estado; através de Cristo e Maomé a Nação; e através do Báb e Bahá’u’lláh formar-se-á uma e única Mega-Nação-Estado – a Unidade Mundial. É a certeza de que reconhecendo a Bahá’u’lláh, o iorubano estará também, aceitando a Odudúwa e cumprindo Seus mandamentos para os dias de hoje, prosseguindo com o trabalho e serviço a Deus, transformando nossas vidas em eterna comunhão de amor e paz com nossos semelhantes.

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Anexo 1Oração Obrigatória Curta

Revelada por Bahá’u’lláhTradução Oficial para a Língua Iorubá8

“Mosẹijẹriisii,lwọỌlọrunmi,pelwọdamilatimọỌatilatisinỌMojẹwọniakokoYinitiailagbarami,atinitiag-baraRẹ,nitiaini atinitiỌlaRẹ. KosiỌlọrunmiranbikoselwọOluranlọwọnigbaisoro,Enitikiiku,Ẹnitioledaduro.” Bahá’u’lláh

Tradução:

“Dou Testemunho, ó meu Deus, de que Tu me criaste para Te conhecer e adorar. Confesso, neste momento, minha incapacidade e Teu poder, minha pobreza e Tua riqueza. Não há outro Deus além de Ti, o Amparo no Perigo, O que subsiste por Si próprio.”

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Anexo 2CartaàIgrejadeÉfeso

(Apocalipse de São João, Bíblia, Cap. 2: 1 a 7)

Um dos esclarecimentos do Apocalipse de São João, Livro no qual é finalizado o Novo Testamento e sela a Bíblia, é todo em parábolas (como toda Bíblia), tratando de fatos e acontecimentos futuros, datas e a vinda do próximo Mensageiro. Este Livro é muito bem estudado e relatado, com base nas Cartas e estudos do Báb, Bahá’u’lláh, ‘Abdu’l-Bahá e Sho-ghi Effendi sobre o assunto, feito por Robert Riggs, em seu livro The Apocalypse Unsealed, onde foram extraídos os próximos relatos: No começo do Apocalipse, 7 cartas são dirigidas aos 7 anjos das 7 igrejas da Ásia (conclui-se que a Ásia naquele tempo era: Palestina, Arábia, Pérsia e Índia). Sendo os 7 candeeiros: Éfeso, Esmirna, Pérgamo, Tiatira, Serdes, Filadélfia e Laodiceia, onde podemos relacionar:

Revelação Significado Simbolismo Religião

Éfeso Família Paz Sabeísmo

Esmirna Mirra Benevolência Judaísmo

Pérgamo Pergaminho Justiça Hinduísmo

Tiatira Cipreste Luz Zoroastrianismo

Serdes Pedra Verdade Budismo

Filadélfia Irmandade Amor Cristianismo

Laodicéia Justos Harmonia Islamismo

Sendo assim, a primeira carta é direcionada ao Revelador do Sabeísmo.

“1Ao anjo da igreja em Éfeso escreve:Estas coisas diz Aquele que conserva na mão direita as 7 estrelas e que anda no meio dos 7 candeeiros de ouro:

Na denominação de Aquele, se refere à Bahá’u’lláh. Na Epístola O Jovem do Paraíso Bahá’u’lláh identifica a Si mesmo como A Palavra na qual dependem as almas de Todos os Profetas de Deus e Seus escolhidos.

2Conheço as tuas obras, assim o teu labor como a tua perseverança, e que não podes suportar homens maus, e que puseste à prova os que a si mesmos se declararam apóstolos e não são, e os achaste mentirosos;

3e tens perseverança, e suportaste provas por causa de meu nome, e não te deixaste esmorecer.

Apóstolos são os confiáveis; por esmorecer, também se entende fatigados.

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4Tenho, porém, contra ti que abandonaste o teu primeiro amor.5Lembra-te, pois, de onde caíste, arrepende-te, e volta à prática das primeiras obras; e se não, venho a ti e moverei do seu lugar o teu candeeiro, caso não te arrependas.6Tens, contudo, a teu favor, que odeias, as obras dos nicolaítas, as quais eu também odeio.7Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas. Ao vencedor, Dar-lhe-ei que se alimente da árvore da vida que se encontra no paraíso de Deus.”

Deus falando através de Bahá’u’lláh, está ameaçando remover sua Fé da Terra, por-que eles se desviaram dos ensinamentos originais. Nicolaítas, seguidores de Nícolas, foram rompedores do Convênio no começo do cristianismo, e aqui simbolizam os rompedores do Convênio de qualquer Fé divinamente revelada. Nícolas pode ter sido originalmente um convertido de Antióquia que é mencionado em Atos 6:5. A doutrina de Nícolas inclui a teoria de que a aceitação de Jesus Cristo colocava o crente acima das leis e moral dos não-cristãos, e o padrão de comportamento tornou-se grandemente uma questão de inclinação pessoal. A promessa que Deus está fazendo é que aquele que superar os falsos ensinamentos existentes nas atuais Igrejas (Fé), receberá vida, luz e alimento espiritual através da Manifestação de Deus, a Árvore da Vida – Bahá’u’lláh.9

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REFERÊNCIAS

1 Shoghi Effendi, Unfolding Destiny.2 Vide A Revelação de Bahá’u’lláh, vol. 2, 398.3 1683, Light of Guidance.4 1693, Light of Guidance.5 1694, Light of Guidance.6 1694, Light of Guidance.7 A Revelação de Bahá’u’lláh, vol. 1, 341.8 The Bahá’í World, 1976 – 1979, Vol. XVII, pag. 510.9 Seleção dos Escritos de ‘Abdu’l-Bahá, 28.

BIBLIOGRAFIA

1. Hinnells, John R. Dicionário das religiões. Editora Cultrix Ltda, São Paulo, Brasil, 1984.2. Fonseca Júnior, Eduardo. Dicionário Yorubá (Nago) Português. Editora Brasileira S.A., R.J., Brasil, 1988.3. Compilado por: Hornby, Helen. Light of Guidance – A Bahá’í Reference File. Bahá’í Publishing Trust, N.D., Índia, 1988.4. Woolson, Gayle. Divine Symphony. Bahá’í Publishing Trust. N.D. Índia, 1971.5. Dicionário Aurélio. Ed. Nova Fronteira. 1988.6. Folheto Bahá’í: A Unidade do Gênero Humano. Lisboa, Portugal.7. Taherzadeh, Adib. A Revelação de Bahá’u’lláh. Editora Bahá’í do Brasil, 1ª ed., 2001.8. Riggs, Robert F. The Apocalypse unsealed. Philosophical Library, inc., N.Y., USA. 1981.9. Costa, Fernando. A Prática do Candomblé no Brasil. Editora Renes, R. J., Brasil. 1974.10. Effendi, Shoghi. Unfolding Destiny. Bahá’í Publishing Trust. London, Ing. 1981.11. A Bíblia Sagrada. Traduzida para português por João F. de Almeida. Sociedade Bíblica do Brasil. 1959.12. The Koran. Traduzida do árabe para inglês por J. M. Rodwell. Everymen’s Library. London, Ingl. 1974.13. The Bahá’í World, vol. XVII, 1976 - 1979. The Universal House of Justice. Haifa, Israel. 1981.14. Verger, Pierre F. Lendas Africanas dos Orixás. Ed Corrupio.15. Bastide, Roger. O Candomblé na Bahia. Ed. Nacional. São Paulo, Brasil. 1961.

Literatura sugerida:

• Cárdenas, B. V. (w/ d.). Apuntes sobre los Sabeanos. http://bahai-library.com/file.php5?file=villar-cardenas_apuntes_sobre_sabeanos&language: Bahá’í Library Online.

• Departamento de Pesquisa da Casa Universal de Justiça (2006). Sabeísmo, Buda, Krishna, Zoroastro e Assuntos Correlatos. Mogi Mirim: Editora Bahá’í do Brasil.

• Frankl, V. E. (1982). La voluntad del sentido – Conferencias escogidas sobre logoterapia. Barcelona: Editorial Herder (4ª edição em espanhol: 2002).

• Gündüz, S. (1994). The Knowledge of Life. Journal of Semitic Studies.• Mehrabkhání, R. (1995). Los sabeos y el Sabeísmo. Apuntes Bahá’ís, 53-72.

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KEYVAN BUENO NIKOBIN, arquiteto hospitalar, formado pela Universidade Farias Brito em São Paulo, sempre se preocupou com a falta de igualdade da raça negra no Brasil. Juntamente com o Pai-de-Santo, Antonio Pereira da Silva, preparou na déca-da de 1990, este pequeno ensaio sobre esta primeira religião dos primórdios da humanidade, da qual sabemos tão pouco e temos tantos adeptos no Brasil. Após 20 anos trabalhando para o terceiro setor, sendo mais de uma década no ramo editorial, traz novamente esta edição em formato digital para ampliar os horizontes daqueles puros de coração e sem preconceitos de credo, raça ou tonalidade de pele.