rva 01-2009

60
GESTÃO DE RESÍDUOS TECNOLOGIA SUSTENTABILIDADE Ano 1 • n o 1 • Junho/Julho 2009 Sustentabilidade com requinte e conforto CASA COR Entrevista Olavo Alberto Prates Sachs da AESABESP Engenharia Ambiental Opção profissional ou preservação obrigatória? ÁGUA ESPECIAL Visão Ambiental e Abrelpe fazem parceria para publicação de caderno sobre Resíduos Sólidos NOSSO BEM MAIOR Dicas de compras que ajudam a preservar o planeta CONSUMO CONSCIENTE Ano 1 • n o 1 • Junho/Julho 2009 • VISÃO AMBIENTAL

Upload: karyna-bahiense

Post on 16-Mar-2016

252 views

Category:

Documents


6 download

DESCRIPTION

Revista Visão Ambiental nº 01

TRANSCRIPT

Page 1: RVA 01-2009

• GESTÃO DE RESÍDUOS• TECNOLOGIA• SUSTENTABILIDADE

Ano 1 • no 1 • Junho/Julho 2009

Sustentabilidade com requinte e conforto

CASA COR

EntrevistaOlavo Alberto Prates

Sachs da AESABESP

Engenharia Ambiental

Opção profissional ou preservação obrigatória?

ÁGUA

ESPECIALVisão Ambiental e Abrelpe fazem parceria para publicação de caderno sobre Resíduos Sólidos

NOSSO BEM MAIOR

Dicas de compras que ajudam a preservar o planeta

CONSUMO CONSCIENTE

Ano

1 • n

o 1 •

Jun

ho/J

ulho

200

9 •

VIS

ÃO A

MBI

ENTA

L

Page 2: RVA 01-2009
Page 3: RVA 01-2009
Page 4: RVA 01-2009

VISÃ

O A

MBI

ENTA

L •

JUN

HO

/JUL

HO

• 2

009

10 Mercado Ambiental Expo - uma nova economia baseada na sustentabilidade

14 Especial Casa Cor 3009 - Decoração sem agredir o meio ambiente

22 Visão Ambiental Por Rose Gottardo

24 AESABESP Entrevista com o presidente Dr. Olavo Alberto Prates Sachs

26 Evento SPFW - O luxo consciente

27 Visão Econômica Por Welinton dos Santos

6 MATÉRIA DE CAPA Água - Nosso bem maior

SUMÁRIO

30 Consumo Consciente

Dicas de compras que ajudam a preservar o ambiente

20Engenharia Ambiental

Profissão do futuro ou conseqüência do passado?

Caderno de ResíduosParceria da ABRELPE e Visão Ambientaltraz informaçõessobre o setor

32 Eco Estilo Paraquedismo - Uma relação direta com a natureza

33 Visão Política Por Laércio Benko Lopes

44 Destaque ISO 14000 - Compromisso com o futuro

45 Visão Histórica Por Antoninho Marmo Trevisan

46 Certificação Intelbras - Sinônimo de inovação e competitividade

49 Visão Legal Por Carlos Silva Filho

50 Debate Virtual Responsabilidade sobre os resíduos sólidos

54 Evento II Fórum de Riscos

56 Investimentos Bolsa Eletrônica de Resíduos FIESP

57 Visão Social Por Emiliano Milanez Graziano da Silva

58 Agenda / Radar Eventos e contatos das empresas, par-ticipantes e colaboradores desta edição

34

Entrevista com Eduardo Jorge

Secretário doMeio Ambiente

de São Paulo

28

Page 5: RVA 01-2009

VISÃ

O A

MBI

ENTA

L •

JUN

HO

/JUL

HO

• 2

009

Conhecimento é a base para a preservação

As opiniões pessoais publicadas nos artigos autorais são de responsabilidade exclusiva dos colaboradores independentes.

Tornar as coisas palpáveis, trazê-las à vida, fazê-las atraentes e interessantes, é sinônimo de realizar sonhos. Ao se fazer uma revista sobre meio ambiente, um assunto que parece tão distante da realidade, piegas para alguns, chato para outros, insignificante para muitos, pensa-se em consciência, em amor à natureza, em responsabilidade ambiental e social, e todos os outros clichês que estamos habituados a associar ao tema. Fazer uma revista diferenciada foi o ponto de partida da VISÃO AMBIENTAL, pensamos que era preciso trazer à realidade um assunto abstrato, aproximar o imaterial do cotidiano, falar de assuntos técnicos de forma leve, e mostrar que em tudo há algo de meio ambiente. Com base nisso, sem arrogância, mas com profissionalismo, pegamos para nós a tarefa de desmistificar o assunto e trabalhamos no sentido de concretizar este desejo.

Empresas e entidades do setor participaram conosco desta ideia, ajudando a torná-la real. Foi conversando com representantes delas que percebemos a ne-cessidade de aproximar o segmento empresarial e entidades do setor de resíduos e afins, da sociedade em geral, mostrando que uma atitude consciente parte de todos, e que de nada adiantam novas tecnologias e equipamentos de última geração se, na outra ponta, os cidadãos não tiverem acesso à informação, e esta informação precisa ser passada de forma atraente. Esta é a proposta da VISÃO AMBIENTAL, somos gratos ao setor por nos ter feito perceber esta necessidade, e contamos com todos para manter a revista neste patamar de qualidade.

Encontrar o ponto de equilíbrio entre a notícia e a estética visual, a parte técnica e o lúdico, a realidade e a beleza, foi nosso desafio, pois nosso intuito é atingir uma ampla gama de leitores que se interessem pelo meio ambiente de várias formas, que possam enxergar a VISÃO AMBIENTAL como opção de leitura e consulta para negócios, conhecimento e lazer, com textos de fácil entendimento, diagramação moderna e informação atualizada e isenta.

Nesta edição tratamos de assuntos diversos, que esperamos sejam do agrado de nossos leitores. A Água é tema de reflexão, Casa Cor mostra como luxo, conforto e sustentabilidade podem conviver, Eco Estilo coloca a paixão pelo esporte em parceria com o amor à natureza, Mercado de Trabalho informa sobre engenharia ambiental, Matérias sobre Certificação dão exemplos e subsídios técnicos, um Debate Virtual coloca em discussão a destinação dos resíduos sólidos, nossos articulistas descrevem sua visão do meio ambiente sob aspectos diferenciados, e no Caderno de Resíduos, que nesta edição tem o apoio ABRELPE, temos en-trevista e cobertura de eventos do setor, variedade de temas e enfoques para agradar nosso leitor.

A VISÃO AMBIENTAL pretende informar, entreter e servir de canal de comuni-cação entre o setor e a sociedade. Por isso nossos leitores, anunciantes, parceiros e colaboradores terão sempre um espaço aberto para sugerir, opinar, reclamar e participar da forma que considerar mais adequada, e é isso que esperamos. Além da publicação impressa, temos nosso portal com a versão digital da revista, complemento de matérias, informações diversas e um canal de comunicação sempre aberto, visite e participe www.rvambiental.com.br.

Boa Leitura!

Nilberto Machado, José Antonio Gutierrez e Susi Guedes

EXECUTIVO EDITORIALNilberto Machado

EXECUTIVO FINANCEIROJosé Antonio Gutierrez

EDITORA-CHEFESusi Guedes

PROJETO GRÁFICO e DIREÇÃO DE ARTE Flora Rio Pardo

JORNALISTASArielli Secco e Marta Régia Vieira

REVISÃOTathiana Barbar

COLABORADORESCélia Regina Salles, Tathiana Ribeiro da Silva, Paulo César Lamas (tratamento de imagens)

COLUNISTAS DESTA EDIÇÃOAntoninho Marmo Trevisan, Carlos Silva

Filho, Emiliano Milanez Graziano da Silva, Laércio Benko Lopes, Rose Gottardo e

Wellinton dos Santos

PUBLICIDADERuth Budrewicz

PRODUÇÃOJurema Jardin

JORNALISTA RESPONSÁVEL Susi Guedes – MTB ����7/SP

PERIODICIDADE – BimestralTIRAGEM – 6.000 EXEMPLARES

IMPRESSÃO – VOX EDITORA

ATENAS EDITORARua José Debieux, 3� Cj. �2

Santana – São Paulo/SP – CEP – 02038-030Fone: ��-11- 26�9-0110

www.rvambiental.com.br ATENDIMENTO AO LEITOR

F. ��-11- 26�9-0110 [email protected]

EXPEDIENTE

Capa: imagem água - Adam/SXC e globo - Sachin Ghodke/SXC

Fotomontagem por [email protected]

Page 6: RVA 01-2009

VISÃ

O A

MBI

ENTA

L •

JUN

HO

/JUL

HO

• 2

009

CAPA

A água não vai acabar, mas pode tornar-se indisponível. Fazer bom uso da água existente é o grande desafio da humanidade

Nosso bem maiorÁGUA

Líquido Vital, H2O, essência da vida, 70% do corpo humano, 70% do planeta Terra - que, por justiça, deveria então ser Planeta Água, salgada, doce, insípida, incolor, inodora, pura, gaseificada, turva, clara, tratada, limpa, poluída, da fonte, quente, congelada, potável, mineral, contami-nada... ou simplesmente ÁGUA... seja qual for a designação, característica, ou denominação que se dê a ela, há consenso de que seja nosso bem maior.

Não se trata de um bem finito, pelo menos não em sua quantidade – calcula-se que sejam 1,4 bilhões de km³, que se mantém praticamente inalterada há milhões de anos, o que muda em relação a estes recursos hídricos são, principal-mente, a qualidade e a possibilidade de que sejam potáveis ou tratáveis.

A demanda aumenta juntamente com a po-pulação mundial, e em direta proporção tem também aumentado de forma assustadora o mau uso dado à água, e o desprezo à condição primeira que é a preservação. Erroneamente a humanidade em geral tem a ideia de que por se tratar de um recurso natural, renovável pelo ciclo hidrológico, a água nunca vai faltar, esque-cendo-se de que a escassez ou falta dela não se restringe à quantidade de água existente, mas à possibilidade de uso da mesma.

Com custo altíssimo e muitas vezes inviabi-lidades técnicas, o tratamento da água se torna cada vez mais, uma necessidade e um problema para a humanidade, equacionar isso tudo de forma a encontrar soluções, passa por muitas

Por Susi Guedes situações que vão da conscientização e neces-sidade de pesquisas científicas até a legislação e atuação rígida no cumprimento dela.

O uso inadequado e o consumo exagerado não são fatores limitantes da quantidade de água no planeta, mas sim fator adicional que implica num círculo vicioso onde a água usada inadvertidamente e erroneamente terá que ser tratada ou terá seu uso inviabilizado, e as conse-quências disso é que são desastrosas. O enten-dimento básico necessário é de que a água uma vez poluída por produtos domésticos, resíduos industriais, acidentes naturais, ou causados pela ação direta do homem, mesmo sendo tratada, deixa resíduos nocivos ao meio ambiente, e vai se deteriorando, apesar de continuar a existir, ela tem descontinuada a sua via útil para suprir várias das necessidades humanas.

O ciclo hidrológico que permite que a água em seus vários estados possa transitar pelo planeta, tem sido usurpado em sua condição pri-meira em várias destas fases, desde as nascentes que mínguam em função do assoreamento e desmatamento, passando pelos rios que vira-ram depósito de resíduos de todo o tipo, até a própria chuva que completa o ciclo e tem sido afetada em sua frequência e quantidade, em função do aquecimento global, entramos então num ciclo que antes era virtuoso e passa a ser vicioso onde o tratamento fica cada vez mais difícil e caro, inviabilizando sua concretização em muitos casos.

A água própria para o consumo humano precisa apresentar características específicas de pureza, para evitar possíveis doenças e re-

ações adversas causadas pela ingestão de água contaminada; para se chegar a um resultado satisfatório sem alterar suas características, as estações de tratamento se utilizam de for-mas diversas para conseguir um resultado final adequado, transformando água insalubre em água potável.

Se tomarmos uma empre-sa mundialmente reconhecida por sua qualidade e excelência, como é o caso da SABESP – Em-presa de Saneamento Básico de São Paulo, são verificadas dez fases de tratamento para que água chegue potável e saboro-sa ao seu destino, todas as fases que compõem este processo exigem rigoroso controle na dosagem e utilização de produ-tos químicos que acompanham os parâmetros de qualidade; estas fases são: pré-cloração, pré-alcalinização, Fator pH, co-agulação, floculação, decanta-ção, filtração, pós-alcalinização, desinfecção, fluoretação; de acordo com a entidade estes processos garantem a qualida-de absoluta da água que nestas condições seria plenamente compatível para consumo.

Além destes processos pro- SXCVISÃ

O A

MBI

ENTA

L •

JUN

HO

/JUL

HO

• 2

009

Page 7: RVA 01-2009

VISÃ

O A

MBI

ENTA

L •

JUN

HO

/JUL

HO

• 2

009

7

fissionais utilizados em estações de tratamento há outras formas tidas como de “purificação da água” para torná-la própria para consumo hu-mano, algumas caseiras, e outras que implicam em tecnologia de ponta, entre elas estão:

Filtração: Processo rústico para a retirada de partículas suspensas do meio aquoso, como por exemplo, num coador de café.

Adsorção: Para partículas muito pequenas presentes na água e que não são eliminadas por filtração, consiste no emprego de um filtro de carvão ativo, no qual ficam aderidas estas micro partículas.

Esterilização: A eliminação dos agentes no-civos como bactérias, por exemplo, é feita pela cloração ou fervura da água. Ouro, prata, sais ou óxido de prata, além de luz ultravioleta são também excelentes agentes bactericidas, mas no caso dos metais nobres, o custo normalmente inviabiliza o processo.

Dessalinização: Feita por osmose reversa através de membranas e com auxílio de pres-surizadores, ou troca iônica onde resinas sin-téticas absorvem os sais, fazendo esta troca quimicamente.

Água destilada ou desmineralizada: Em pe-quena escala, pode ser obtida por destilação, no

caso da troca iônica ou osmose reversa tratam-se pequenas ou grandes quantidades; tendo uma água ultrapura como resultado.

ÁGUA NO BRASIL

Encontra-se em terras brasileiras uma das maiores reservas hídricas mundiais, contando com cerca de 15% da água doce superficial dis-ponível no planeta, temos ainda um dos mapas hidrogeológicos e hidroquímicos mais privile-giados do mundo, com abundância de água,

e água de qualidade, porém nossos aquíferos, nem sempre são acessíveis, e um país com dimensões continentais nem tem como ter esta distribuição de forma igualitária, na região norte temos �8% da água e apenas 7% da população do país, já o nordeste com 29% da população, usufrui de 3%, e o sudeste com 43% de toda a população brasileira, conta com apenas �% da água disponível, isto consiste num problema de logística e distribuição comple-xo, e de difícil solução.

Juntamente com Argenti-na, Paraguai e Uruguai, o Brasil partilha do Aquifero Guarani, que se estende por uma área de 1,2 milhões de km², sendo que 2/3 se encontram em território nacional. Este aquifero deveria ser uma reserva natural do pre-cioso liquido, porém pesquisas recentes constatam que o mes-mo está passando por transfor-mações e contaminações que podem comprometê-lo.

ÁGUA NO MUNDOAlém do Brasil; China, Rús-

sia e Canadá são os países que basicamente “controlam” as re-servas de água fresca mundial, o que não significa garantia de

Terras brasileiras possuem uma

das maiores reservas hídricas

mundiais, com cerca de 15% da

água doce do planeta

ETA – Estação de Tratamento de água do Guraú - Sistema Cantareira

Final do esgoto tratado

Oda

ir M

arco

s Far

ia /

Div

ulga

ção

SABE

SP

Oda

ir M

arco

s Far

ia /

Div

ulga

ção

SABE

SP

Page 8: RVA 01-2009

VISÃ

O A

MBI

ENTA

L •

JUN

HO

/JUL

HO

• 2

009

8

água abundante a toda a sua população local; há extrema irregularidade e desigualdade no aproveitamento e distribui-ção destes recursos, os fatores que levam a isso são diversos, e nem sempre dependem da vontade humana, as decisões são pontuais e autônomas, já que a soberania de cada país no uso, distribuição e preserva-ção de seus recursos hídricos, deve sempre ser respeitada.

leva em conta as di-ficuldades e muitas vezes, impossibili-dades de acesso a esta água.

Atualmente vi-vem no pior grupo mais de 500 milhões de pessoas mora-doras de regiões como o norte da África no Egito, Lí-bia e Argélia, e na Península Arábica, onde estão Arábia Saudita, Síria e Jordânia. Com cerca de 1 bilhão de habi-tantes, a Índia está no grupo de “água no limite”, e com mais de 1 bilhão de habitantes, a China se enquadra no grupo de “água insuficiente”.

Pelos cálculos da ONU o ano 2050, será mar-cado pelo aumento da população mundial que terá atingido 8,9 bilhões de pessoas, destas, 4 bilhões viverão em condições precárias, por fazerem parte do pior grupo, o de escassez crô-nica de água, podendo sofrer com problemas de saúde pública e impossibilidade de crescimento econômico, causados pela falta ou inviabilidade de acesso à água.

CONSUMOPara se calcular a quantidade diária de água

que um ser humano necessita para viver ade-quadamente, alguns parâmetros são utilizados, alguns consideram apenas as necessidades pri-márias e fisiológicas como água para beber, cozinhar e higiene pessoal, outros adicionam

CONSUMO DOMÉSTICO DE ÁGUA POR ATIVIDADE

Atividade Quantidade (em litros) Descarga no vaso sanitário tradicional 10 a 16 Minuto no chuveiro 15

Lavar roupa no tanque 150 Lavar as mãos 3 a 5 Lavar roupa com máquina de lavar 150

Lavar louça em lava-louça 20 a 25 Escovar os dentes com água escorrendo 11Lavagem do automóvel com mangueira 100Fonte: Consumo Sustentável - Manual de educação (MMA/IDEC)

A imensa quantidade de água que vimos no “planeta azul” é um engano, 97,5% são águas salgadas e 2,5% são águas doces

Túnel Reservatório de água – Morro Santa Terezinha (Morro de Santos e São Vicente)

Ano Quantidade 1950 16,8 mil m3 1998 7,3mil m3 2018 (projeção) 4,8mil m3 Fonte: UNESCO

CAPA

A imensa quantidade de água que vimos no nosso “planeta azul” é um engano, porque desta imensidão, 97,5% são águas salgadas e apenas 2,5% são águas doces. Do total de água doce: �9,5% não são acessíveis, pois se encontram nas calotas polares, em forma “neve eterna” em montanhas muito altas, ou em solos congela-dos; 30,1% estão embaixo da terra, em lençóis freáticos; 0,4% estão na superfície da terra, isso levando-se em conta além de rios e lagos, tam-bém a neblina e a umidade do solo.

A ONU – Organização das Nações Unidas, através da FAO – Organização para Alimentação e Agricultura, criou um tipo de classificação que vai da escassez e água insuficiente, até uma linha de conforto onde se encontra o Brasil por exemplo.O cálculo é feito por uma equa-ção que considera fatores de volume de água renovável e o tamanho da população, partindo de um mínimo de 1 milhão de litros de água para cada pessoa.

Na posição de escassez entendem-se os países onde há menos de 1 milhão de litros por pessoa anualmente, entre 1 milhão e 1,7 milhão, seriam os países da categoria “água no limite”, apenas um pouco melhor que a anterior que seria uma das piores situações. No grupo mais privilegiado encontra-se o Brasil com mais de 10 milhões de litros de água doce disponível por habitante anualmente, este cálculo, porém, não

SITUAÇÃO DA RESERVA DE ÁGUA DOCE POR PESSOA

NO MUNDO

Oda

ir M

arco

s Far

ia /

Div

ulga

ção

SABE

SP

SXC

SXC

Page 9: RVA 01-2009

VISÃ

O A

MBI

ENTA

L •

JUN

HO

/JUL

HO

• 2

009

9

simples gastos advindos do uso desta água.As projeções não são otimistas e preveem

que em 2025, 2,43 bilhões de pessoas estarão privadas do acesso à água passível de uso hu-mano, o que se esquece é que uma das grandes causas desta escassez é o mau uso e o desper-dício, usando o Brasil como parâmetro, se tem a impressionante marca de desperdício de 40% da água tratada, e a necessidade básica diária de 40 litros é ignorada, o brasileiro chega a uma média de consumo de 200 litros/dia.

Muito além de ser uma substância química formada por átomos de hidrogênio e oxigênio, a água é imprescindível para a sobrevivência do planeta; o que observamos é que as atitudes humanas, ou a falta delas no trato com a água,

ainda a limpeza de roupas e objetos pessoais bem como a dos ambientes. Em função disso existe grande variação das quantidades, entre 25 e 50 litros diários, o que resultaria num con-sumo da ordem de 9.125 a 18.250 litros por pessoa/ano.

Estes cálculos caem por terra se analisarmos a real disponibilidade atual, e as projeções feitas pela UNESCO para os próximos anos, o que pode ser observado na tabela que apresenta uma grande disparidade entre ideal e real.

Além dos consumos tidos como primá-rios, há outras necessidades que não podem ser ignoradas, e exigem ainda mais água para a sobrevivência e crescimento econômico. A vida em sociedade e as necessidades da vida moderna abrangem vários outros itens, como a agricultura, sistemas de saúde, limpeza pública, equipamentos domésticos como: máquinas de lavar roupa e louças, cuidados com animais de estimação, carro, e tantas outras atividades cotidianas que vão além do hábito, já se incor-poraram a uma nova realidade.

No Brasil o consumo de água é considerado exagerado e a destinação deste consumo cos-tuma ter um certo padrão, variável de acordo com a região, atividade econômica, população e prioridades, mas, de forma geral, a média na-cional de direcionamento deste consumo é de cerca de 59% na agricultura, 22 % no uso doméstico e o setor comercial, e 19% no setor industrial. A Análise destes dados deve ponderar uma equação importante sobre este consumo, é preciso considerar a geração de riqueza, ou os

Se houvesse um “tribunal

da água”, certamente não haveria

absolvição para a humanidade;

nossa pena seria a “de morte”

ALERTA• 65% das internações hospitalares no Brasil, principalmente de crianças, são causadas por doenças de veiculação hídrica. • 1 kg de agrotóxico contamina 1 bilhão de litros de água• Diarréia e as infecções parasitárias estão em segundo lugar como maior causa de mortalidade infantil no Brasil.• Apesar dos esforços, são poucas as indústrias brasileiras que tratam seus despejos antes de devolvê-los à natureza.• A energia proveniente das hidroelétricas é considerada limpa, mas em muitos casos causa imenso impacto ambiental. • São Paulo e algumas outras cidades do globo têm uma descarga de efluentes do mesmo volume que o fluxo natural dos rios que as atravessam.

podem ser consideradas insa-nas, e as consequências destes atos levam à reflexão sobre o direito humano à água, o po-der de uso que mantemos em nossas mãos não está sendo acompanhado da devida res-ponsabilidade, e se houvesse um “tribunal da água”, certa-mente não haveria absolvição para a humanidade, mas se o tribunal não existe de fato, a natureza, por si, já está dando sinais de sua sentença. Cabe refletir se vale a pena cumprir a “pena de morte” decretada por nós mesmos, ou se ainda podemos mudar nosso status de réus.

Veja em nosso portal a De-claração Universal Dos Direitos Da Água, definida pela ONU num ato em Paris, com o intui-to de harmonizar e conscienti-zar a humanidade no sentido de preservação.Fontes: www.geologo.com.br, www.comciencia.com.br, www.uniagua.org.br, www.abas.org.br, www.abinam.com.br, www.sabesp.com.br, www.moder-na.com.br, www.amigodaagua.com.br, www.environmental-expert.com, UNESCO, Divisão de Desenvolvimento Sustentável do Departamento de Econo-mia e Questões Sociais da Organização das Nações Unidas.

Barragem Pedro Beicht – Sistema

Alto de Cotia

Oda

ir M

arco

s Far

ia /

Div

ulga

ção

SABE

SP

SXC

Page 10: RVA 01-2009

MERCADO

Reunir num mesmo espaço empresas e enti-dades públicas e privadas com interesses comuns nos chamados “negócios verdes”, onde a preocu-pação com o meio ambiente é item fundamental para qualquer acordo, parceria ou negociação, foi o intuito geral da AMBIENTAL EXPO, promovendo o encontro estes expositores com público inte-ressado no tema, em conhecimento e geração de novos negócios, o resultado pode ser perce-bido pela visitação expressiva, pela promoção de intenso network, e pelo volume de negócios concretizados.

Promovida pela Reed Exhi-bitions Alcânta-ra Machado e a ABDIB -Associa-ção Brasileira da Infraestrutura e Indústria de Base, a AMBIEN-TAL EXPO - Feira Internacional de Soluções para Saneamento Básico e Meio Ambiente é a versão latino-ame-ricana da Pollutec (www.pollutec.com), maior evento do mundo voltado ao meio ambiente que acontece na França.

Segundo dados da ABDIB, nos próximos 10 anos serão investidos 21,5 bilhões/ano em meio ambiente e projetos renováveis, é a Economia Verde (Nova) X Economia Velha (fóssil)

Vários setores da indústria no mundo sofrem pressões para que a produção de máquinas, equi-pamentos e o próprio ambiente das fábricas este-jam mais preocupados e adaptados às questões ligadas ao meio ambiente, isso tem direcionado os projetos, diretrizes e foco de muitas delas, que já buscam novos caminhos de marketing e posiciona-mento estratégico para não ficarem de fora desta

nova economia.C o n f o r m e

dados forneci-dos pelo evento, essa nova preo-cupação fez sur-gir consumidores cada vez mais exi-

gentes e preocupados com seu bem-estar e o meio ambiente. Diante desta constatação, surge a “Economia Verde” ou a nova economia em todo o mundo, que, ao contrário da velha economia, chega motivada pela inovação e novos incentivos. Com foco em tecnologias limpas e energias reno-váveis, os investimentos mundiais na economia verde cresceram 30% no segundo trimestre de 2009 em relação ao primeiro deste ano. Além disso, a “Economia Verde” deve gerar um número de empregos significativos, que ainda estão em-brionários ou não existem na economia brasileira. A adoção de tecnologias verdes irá promover uma revolução no mercado de trabalho em um futuro muito próximo.

O volume de investimentos previsto no mer-

Por Susi Guedes

Segundo dados da ABDIB, nos

próximos 10 anos serão

investidos 21,5 bilhões/ano em meio ambiente

e projetos renováveis

VISÃ

O A

MBI

ENTA

L •

JUN

HO

/JUL

HO

• 2

009

10

Ambiental Expo

Uma nova economia baseada na sustentabilidadeNégocios Verdes

Acima, abertura oficial da 1ª Edição da Ambiental Expo.

Ao lado, Ilha da França, parceira oficial do evento

Div

ulga

ção

Div

ulga

ção

Page 11: RVA 01-2009

VISÃ

O A

MBI

ENTA

L •

JUN

HO

/JUL

HO

• 2

009

11

cado de soluções ambientais justifica que haja um evento deste gênero onde são discutidos e demonstrados sistemas, soluções, inovações e tendências para prevenção, tratamento e corre-ção de impactos ambientais nos segmentos de Ar, Saneamento, Solo, Ruído, Resíduo, Energia e Construção Sustentável. Já em sua primeira edição a AMBIENTAL EXPO contou com a parti-cipação de 100 marcas do Brasil, França, Itália e Alemanha, entre elas Odebrecht, Comgás, Sabesp, Caixa, Perenne, Minerbo, Clarus, todas atentas a um mercado que, segundo dados de um estudo inédito da ABDIB, deve receber investimentos públicos na ordem de R$ 200 bilhões em 10 anos, designados para os segmentos de saneamento básico, gestão de resíduos e energias alternativas, (vide quadro abaixo).

DESTAQUESHEXA EFICIÊNCIA ENERGÉTICA - sistema de

iluminação por LED´s com alimentação solar ou eólica, reduz o consumo de energia elétrica entre 45% e 95%, não emitem radiação UV, não atraem insetos, são quase totalmente recicláveis e não utilizam o mercúrio.

MIZUMO - referência nacional em Estações Compactas de Tratamento de Esgoto Sanitário - Filtros Bags, que garantem padronização, alta eficiência, rigoroso controle de qualidade e po-limento adequado ao efluente tratado; e Cabine Acústica, cuja finalidade é a de reduzir o índice de ruídos dos equipamentos eletromecânicos.

RL HIGIENE- serviços que visam tornar as ope-rações de limpeza profissional e descarte mais ecoeficientes nas empresas, coleta, descontami-nação e reciclagem de todos os componentes das lâmpadas fluorescentes; o serviço de uso racio-nal da água, por meio de um projeto totalmente customizado; e coprocessamento, serviço que consiste em uma técnica segura e ecoefetiva para o descarte dos panos descartáveis aplicados na limpeza segura das áreas de produção, utilizando estes panos como combustível para a queima nos fornos de fabricação do cimento, e os resíduos da combustão são incorporados no próprio processo de produção.

SOFTBRASIL – empresa especializada em co-municação via GPRS, oferece para o segmento de saneamento básico um conjunto de produtos e soluções de gerenciamento energético, auto-mação, telemetria, entre outros, composto por hardware e software.

TECITEC - bag desidratador, que consiste em um desaguador de polpa ou lodos de tanques, lagoas, piscinas, reservatórios ou qualquer forma de acúmulo ou estocagem, proveniente de esta-ções de tratamento de água e esgotos.

EUROAIR BRASIL – projeta e fabrica equipa-mentos para aspiração e retenção de poluentes

O CONGRESSO AMBIENTAL EXPO 2009 privi-legiou temas inéditos focados no aspecto macro-econômico do meio ambiente e sua relação com as esferas governamentais e temas verticalizados para cada segmento da Feira, com apresentação de cases de sucesso, soluções e tendências. Sob a coordenação técnica da ABDIB, o Congresso foi desenvolvido com a participação ativa do conse-lho consultivo, formado pelas seguintes entidades: CNI, ABCON, ABCE (Energia), ABCE (Engenheiros), ASFAMAS, AESBE, SELURB, CBIC e SINAENCO e contou com palestrantes internacionais, tais como: Christian Elichegaray - Gerente do Departamento

O evento traduz a necessidade

e preocupação abrangentes de entidades

e governos em encontrar

soluções e colocá-las em

prática

de Monitoramento da Qualidade do Ar da ADEME; Frédérik Me-leux - INERIS; Jacques Moussa-fir - Presidente Diretor-Geral da ARIA Technologies; Paul Procee - Banco Mundial; Serge Aflalo - Diretor Internacional da Envi-ronnment SA; Arnaldo Jardim - Deputado Federal e membro do Grupo de Trabalho respon-sável pela proposta de Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS).

O evento traduz a necessi-dade e preocupação abrangen-tes de entidades e governos em encontrar soluções e colocá-las em prática no sentido de preservação do planeta com tecnologia avançada e geração de negócios.

PROJEÇÃO DOS INVESTIMENTOS PÚBLICOS EM 10 ANOS

SETOR R$ bilhões/ano Energias alternativas 4,0 Destinação de resíduos 4,0 Água e Esgoto 13,5

TOTAL 21,5

Panorâmica da Feira D

ivul

gaçã

o

Page 12: RVA 01-2009

RODANDO TECNOLOGIA CO M SOLUÇÕES INOVADORAS

COLETA NÃO AGRESSIVA E EFICIENTE

Page 13: RVA 01-2009

RODANDO TECNOLOGIA CO M SOLUÇÕES INOVADORAS

COLETA NÃO AGRESSIVA E EFICIENTE

Rua César Cavassi, 74 Jd. do Lago - São Paulo - SP

cep: 05550-050 55-11-3783-7800

[email protected] www.rodotecltda.com.br

Page 14: RVA 01-2009

VISÃ

O A

MBI

ENTA

L •

JUN

HO

/JUL

HO

• 2

009

14

ESPECIAL

Em sua 23ª. edição, a CASA COR 2009 incorpora duas novas mostras ao já consa-grado evento; CASA HOTEL e CASA KIDS, complementando-se na arte de decorar, es-tes espaços apresentam soluções, sugestões e inovações tecnológicas no sentido do bem morar e bem viver, contando ainda com o suporte do tema SUSTENTABILIDADE, que incita criadores, empresas e visitantes em geral, a repensarem sua maneira de agir e interagir com a natureza.

Esta edição impressiona pela beleza de seus espaços, a integração de situações co-tidianas com espaços comerciais, abrangen-do ideias para empreendedores de vários segmentos como restaurantes e hotéis, e evoca a conscientização ambiental como base de seus projetos.

Sustentabilidade não passa necessaria-mente por materiais inusitados, mas eventu-almente pela utilização inusitada que pode ser dada aos mesmos, com criatividade e coerência, o que pode fazer com que objetos e materiais comuns passem a ser soluções interessantes e inteligentes para construção e decoração.

Soluções encontradas pelos arquitetos e empresas participantes, colocam em pauta a questão da nova postura que se pode ter quando da concepção de projetos ligados à construção e decoração, esta mostra amplia em vários aspectos a visão restrita e muitas vezes equivocada que se poderia ter a res-peito do uso consciente dos materiais eco-logicamente corretos, sejam eles ao natural ou industrializados, os quais podem muito bem associar sustentabilidade e requinte em espaços concebidos para que uma postura consciente possa ser inserida em ambientes

Decoração sem agredir ao meio ambiente. Aqui destacamos alguns dos 124 ambientes da mostra.

Sustentabilidade - parceira do bom gostoCASA COR 2009

de moradia, lazer, trabalho, convívio, com identidade, beleza e conforto.

Mostramos aqui alguns exemplos de espaços que encontraram no todo ou em

LOFT SUSTENTÁVEL Em um ambiente de 240m² com uma proposta 100% sustentável, o projeto possui sua base estrutural de “Steel Frame”, os fechamentos de paredes internas, externas e telhas são feitos com placas de material reciclado, produzidos pela Tetra Pak, produzido a partir da reciclagem de embalagens longa vida e são desenvolvidos com 75% de material renovável, certificado pelo FSC. No revestimento de piso, paredes e móveis foram usados madeira de demolição; produto 100% reciclado, re-

detalhes maneiras de demonstrar que sus-tentabilidade não é apenas um conceito distante, pode e deve passar a fazer parte de nossas vidas.

cuperado de casarões antigos e, após receber o devido tratamento, transforma-se em pisos e revestimentos com qualidade, durabilidade e filo-sofia sustentável. Os tapetes e tecidos foram feitos com matérias-primas que contri-buem significativamente no processo de reaproveitamento de resíduos que aleatoriamen-te são jogados na natureza. Helena Viscome idealizadora do espaço, optou pelo aqueci-mento solar de água e instalou um reservatório, receptor de águas pluviais de pias e de

drenagem de jardim, para que a água recebida seja tratada e reutilizada para jardinagem e vasos sanitários.Por ser um espaço inspirado na preser-vação do meio ambiente, a profissional também optou pelo uso de bicicletas, um sím-bolo da sustentabilidade. “O ciclismo tem se mostrado uma das melhores e mais saudáveis alternativas de transporte. A iniciativa ambiental de estimular o uso da bicicleta é apontada como necessária para a melhoria do sistema de transporte”, conclui.

Div

ulga

ção

Page 15: RVA 01-2009

VISÃ

O A

MBI

ENTA

L •

JUN

HO

/JUL

HO

• 2

009

15

AUDITÓRIO Um auditório capela, esta é a proposta apresentada por Ri-cardo Rossi em sua estreia no Casa Hotel. O ambiente possui duas áreas: de um lado, pol-tronas confortáveis. Do outro, toras de madeira provenientes de manejo florestal certificada pelo FSC (Forest Stewarship Council) e um piano de cauda marcam a descontração do espaço. Ao centro, o palco representa um altar, e pode ser usado para shows intimis-tas, casamentos ou outros fins. Segundo Rossi: “a ideia é mostrar um local multiuso, quando ele não for utilizado

para palestras e apresenta-ções, pode ser aproveitado para as pessoas relaxarem ou meditarem”, afirma. A parte central do AUDITÓRIO é cober-ta por madeira de manejo florestal certificada pelo FSC, a qual une piso e teto. Pedras verdes naturais - Greenstone vindas da Ásia compõem uma das paredes, com queda e espelho d’água. Há também iluminação cênica, piso em porcelanato rústico e uma escultura da artista Bia Doria, todos componentes pensados na ideia de intimidade sem perder a funcionalidade.

O estilista que inspirou Moema Wertheimer e Márcia Bueno Netto a criarem este ambiente é muito ligado a sustentabi-lidade, ele utiliza materiais ecologicamente corretos em várias de suas coleções, desde “fuxicos” feitos de sobras de tecidos, até jeans feitos com fibras PET, ou com algodão orgânico e sem a utilização de água no processo. O ambiente não poderia ser mais coerente na escolha de materiais, peças e parceiros. Piso da Interface FLOOR, empresa que quer

se tornar resíduo-zero, e de porcelanato da Portobello, empresa voltada ao apro-veitamento sustentado dos recursos naturais utilizados no processo fabril. A mesa de reunião é feita de uma tora única vinda de área certificada. O vidro (100% reciclável) é usado em detalhes, banheiro e até no guarda-roupa. O deck no banheiro é de bambu – que dispensa o desmatamento. Na sala de reunião, o tapete é de pele de vaca. A parede em frente à cama é revestida

de pastilhas de mamona, e o móvel para apoio da mala é feito de caixotes de madeira - obra de Leonardo Bueno. Uma escultura de Pedro Petry feita com sobras de raízes e troncos enfeita o espaço, e a cadeira de trabalho é de material reciclável. A mesa de centro é de Domingos Totora, que reutiliza sacos de cimento para criar móveis diferenciados. Já a mesa lateral do designer Sergio Fahrer, é feita de alu-mínio reciclado de fuselagem de avião.

SUITE STUDIO –CARLOS MIELE

Div

ulga

ção

Div

ulga

ção

Salv

ator

e Bu

ssac

a

Page 16: RVA 01-2009

VISÃ

O A

MBI

ENTA

L •

JUN

HO

/JUL

HO

• 2

009

16

ESPECIAL

CAFÉ NEXTEL BY DULCACafé Nextel by Dulca, do arquiteto Fábio Galeazzo, tem o tema “Maria Antonieta em tempos sustentáveis” e mostra personagens históricos e cos-tumes da nobreza francesa re-editados. Ele utilizou materiais de última geração produzidos de modo ecologicamente correto, entre eles a resina re-

novável, inéditos tecidos para revestimento, espelhos com baixa concentração de metais pesados, tapetes de mão-de-obra artesanal reproduzidos em estilo clássico e madeiras de manejo sustentável e de demolição certificadas, com total reaproveitamento dos materiais após o evento.

LAVANDERIA Ana Cristina Barbosa e José Queijo Félix são parceiros neste ambiente, de acordo com Felix, as ações susten-táveis serviram de base para a elaboração do projeto e podem ser percebidas também na ambientação do espaço. “Na parede de vidro transparente, por exemplo, distribuímos diversas pedras de sabão produzidas com a

reutilização do óleo de cozi-nha. Para alguns pode parecer algo apenas decorativo, mas a nossa missão é conscientizar as pessoas da importância do uso correto das matérias-pri-mas, contribuindo com a pre-servação do meio ambiente”, complementa. Outro destaque é a escotilha de uma máquina de lavar que traz a sensação de vivenciar o espaço como

se estivesse dentro de uma la-vanderia submersa de bolhas de sabão. Bacias e baldes de alumínio e os prendedores de madeira remetem à infância de muitos, quando eram poucos os materiais ecologica-mente incorretos, portanto a preocupação com o meio am-biente era presente, mesmo que a maioria das pessoas não se desse conta.

• 20

09

SALA DE JANTARFrancisco Cálio precisava equacionar a questão de amplitude num espaço com 5m de pé direito, a inusitada e impactante luminária em dimensões reais de um cavalo, feita em madeira chamou atenção pela imponência e criatividade, o piso todo em madeira de demolição sem

qualquer tratamento passa a ser uma parte “viva” que muda com o tempo. Outro ponto interessante do projeto foi a utilização da técnica de lam-be-lambe para forrar uma das paredes, sem química nenhu-ma; e uma geladeira vintage, customizada pela fashion designer Adriana Barra.

CASA COR 2009

Foto

s: M

arco

Ant

onio

Div

ulga

ção

Fran

Par

ente

Page 17: RVA 01-2009

VISÃ

O A

MBI

ENTA

L •

JUN

HO

/JUL

HO

• 2

009

17

BANGALÔAmbiente inspirado nos ban-galôs das ilhas Maldivas, com cara rústica, aconchegante, sem perder a elegância. Dado Castello Branco fez as paredes e as tesouras do teto em ma-deira, e a guarnição do forro em bambu, além do piso, utilizando-se de madeira cer-tificada de reflorestamento da Casa Fortaleza, que imita a de demolição. Encimando a edificação, um telhado

de taubilha industrializada também em madeira certifica-da. A sala de banho ganhou banheira inglesa, da Interbag-no; e a cozinha rústica é da Viking. Passadeiras ‘jogim’, da by Kamy, um tipo de manta que os orientais assentam no chão para fazer refeições ou mesmo como cortina para forrar tendas nas áreas desérticas, foram usadas para um ar intimista.

A convivência harmoniosa entre a natureza e a precisão das formas geométricas foi a inspiração de Cris Paola e Dani Barella para a criação do Banheiro Masculino, no Casa Hotel, resultando num ambiente capaz de criar uma atmosfera aconchegante, vi-sualmente simples e dividido em duas partes, separadas por uma porta de correr feita em vidro: uma delas foi reser-vada para a cabine sanitária e

a outra para a pia. A exatidão da geometria foi retratada na paginação do piso, em madei-ra maciça de reflorestamento e porcelanato, a exuberância da natureza está represen-tada, tanto no revestimento das paredes quanto na nova interpretação de elementos orgânicos transformados em objetos de arte, caso do lustre, com argolas doura-das mescladas com capim dourado. Uma surpresa fica

BANHEIRO PÚBLICO MASCULINO

Rôm

ulo

Fial

dini

Foto

s: Jo

ão R

ibei

ro

por conta de uma figura mas-culina, em tamanho real, to-talmente revestida em couro. As arquitetas levaram o tema sustentabilidade em conta ao reaproveitar elementos de outras mostras nesta edição, como a porta de vidro de correr, o ripado em madeira preso à parede, o vaso sanitá-rio, e algumas luminárias de embutir, este mesmo sentido elas pretendem passar aos seus clientes.

Page 18: RVA 01-2009

VISÃ

O A

MBI

ENTA

L •

JUN

HO

/JUL

HO

• 2

009

18

ESPECIALCASA COR 2009

Ambientes que se integram em conceitos de conforto, sustentabilidade e acessibi-lidade. As instalações do Spa são concebidas para associar a qualidade dos serviços oferecidos ao conforto. Piso, móveis e forro usam madeira certificada e para fugir das fórmulas já concebidas e resgatar o aspecto zen do Oriente, Dado Castello Branco fez a fachada com seixo ver-de, proveniente da Indonésia,

exatamente para integrar o ‘Jardim da Vila com Piscina’, de Gilberto Elkis. Por sua vez, uma das soluções mais inovadoras foi aferida através da matéria-prima natural utilizada no revestimento interno da piscina – a pedra vulcânica Batu Hijau, de colo-ração esverdeada, originária da Indonésia. Além disso, instalou um pequeno jardim interno e o coroou com um espelho d’água e carpas.

SPA DECA E JARDIM COM PISCINA

O ferro é uma das estrelas do projeto de Solange Marche-zzini, 260 quilos do material estão espalhados em 16 m²., o material aparece em placas que funcionam como revestimento de parede e em peças originais como a mesa Pisa e o tapete Régua. A primeira, confeccionada em discos inclinados de ferro e com iluminação interna de leds, é inspirada na famosa torre italiana. O tapete Régua traz 54 barras de ferro aplica-das ao couro bovino. Graças a diferentes técnicas de oxidação do ferro (exposição à intempérie ou de reagentes que podem ser remanejados e não poluem a natureza), com acabamento em cera de carnaúba, foi possível obter uma gama de texturas

diferenciadas - aparência de mármore, por exemplo. Outra curiosidade é que o ferro está dentro dos parâmetros de sustentabilidade: é extraído da natureza, reciclável, tem alta durabilidade, inclusão so-cial e um ótimo custo/benefí-cio. Solange também recorreu a outros materiais recicláveis, como o papel extraído do bagaço da cana-de-açúcar (novidade no mercado) e o papel alumínio, que, ao ser enrolado, substitui os cristais nos lustres e luminárias. Para aumentar o espaço, ela enco-mendou o grafite de Eduardo Kobra, que num painel gigan-te, reproduz parte da vista do MAM de São Paulo com o Jar-dim das Esculturas de Burle Marx, grande homenageado desta edição da Casa Cor.

LOJA/ SHOP DO MAM

Ricardo Caminada e Luciana Pastore provam que é possível usar produtos ecologicamente corretos até em ambientes so-fisticados. A seda das paredes poderá ser reaproveitada após

o término da mostra. Já o piso de carpete da InterfaceFlor, tem uma base de material reciclado com superfícies de nylon e outra de fibras natu-rais, como a lã.

ANTIQUÁRIO BEGAN

VISÃ

O A

MBI

ENTA

L •

JUN

HO

/JUL

HO

• 2

009

18

Foto

s: Rô

mul

o Fi

aldi

niCa

lebe

Sim

ões

Div

ulga

ção

Page 19: RVA 01-2009

VISÃ

O A

MBI

ENTA

L •

JUN

HO

/JUL

HO

• 2

009

19

O restaurante Badebec, com projeto de Mariana Albuquer-que, traz para o evento móveis e objetos ecologicamente corretos e que contribuam em sua essência para a preser-vação do meio ambiente e sustentabilidade. Designers de móveis e objetos, artistas plásticos, paisagista, grafitei-ro, fotógrafo e até trabalhos de comunidades compuseram o espaço, destaque para a base da mesa e apoio e do buffet compostos por um bloco de latinhas de alumínio compactadas e por tambores e latinhas refrigerados. Tudo para propiciar ao visitante muita arte de diversas formas e tornar a visita gastronômica ao Badebec ainda mais praze-rosa e interessante.

RESTAURANTE BADEBEC

O Refúgio do Velejador merecidamente conquistou o prêmio de sustentabilidade. Áreas espaçosas e integradas, aconchegantes e com muito verde, tiveram mobiliários em madeira sustentável, fibras e materiais naturais. Para completar, um veleiro esta-cionado no píer, homenagem ao marido da arquiteta, o ve-lejador Beto Pandian. Dos 36 itens sustentáveis do espaço, destacamos: piso em réguas de concreto que imitam madeira, tecidos reciclados de lonas de caminhão, bicas acionadas por energia solar, mochila com placas solares para notebook, madeiras certificadas, madeiras de reaproveitamento nos mobi-liários, luminárias e escultura. “Para mim, este conceito não é modismo, é uma urgência cultural, que veio para ficar e deve fazer parte das nossas vidas. Temos a obrigação de difundir essa nova forma de pensar e agir”, sintetiza a ar-quiteta Débora Aguiar sobre o tema sustentabilidade.

REFÚGIO DO VELEJADOR

Para Clélia Regina Ângelo, o processo de criação levou em conta, inclusive, fornece-dores e parceiros para que participassem com ela os que tivessem a mesma consciên-cia ambiental até no processo de fabricação. Ela escolheu luminárias com LED que proporcionam uma grande economia de energia e tem longa duração, o sofá de fibra

de palmeira da Amazônia Mó-veis; revestimento feito com lona artesanal lançada pela JRJ Tecidos com maciez extra no toque; mesas de centro e aparador feitos com madeira certificada da Tora Brasil; e bancos de madeira de demo-lição da Amazônia Móveis, com almofadas de tecidos 100% algodão confecciona-das pela Futon and Home.

VARANDA DO AUDITÓRIO

Div

ulga

ção

Rôm

ulo

Fial

dini

João

Rib

eiro

Page 20: RVA 01-2009

MERCADO DE TRABALHO

Com mais de uma década de existência, o engenheiro ambiental é um profissional que une desenvolvimento e meio ambiente

Engenharia AmbientalPor Arielli Secco

VISÃ

O A

MBI

ENTA

L •

JUN

HO

/JUL

HO

• 2

009

20

Ilust

raçã

o: d

esig

n.flo

ra@

gmai

l.com

Profissão do futuro ou conseqüência do passado?

A humanidade passou por períodos de desco-bertas, de invenções e de crescimento desenfrea-do. Hoje, as prioridades tomaram outros rumos e assuntos referentes ao impacto ambiental causado por essa expansão são temas frequentes de pes-quisas e noticiários. Até quando teremos água? Por quanto tempo ainda poderemos contar com os recursos naturais? Será que a matéria prima de tudo o que necessitamos se fará presente daqui alguns anos?

Isso tudo se reflete no mercado de trabalho e no modo de viver das pessoas. Ontem, falava-se

em prédios, grandes construções, rodovias e shoppings. Hoje, pensa-se em como recuperar o que já foi perdido. Esse tipo de reflexão abre espaço para uma profissão conside-rada nova por trabalhar uma visão voltada

exclusivamente a questões ambientais: a Engenharia Ambiental.

O curso foi criado pela Resolução 447, de 22 de setembro de 2000,

e tem sido visado como o for-mador da profissão do futuro.

O coordenador do curso de Engenharia Ambiental da Universidade do Sul de San-

ta Catarina, Roque Alberto Sánchez D’Alotto, explica: é uma

questão de evolução e amadurecimento da humanidade, e o perfil desse profis-sional segue a tendência dos últimos

anos. “É o contexto que está convergindo para que neste momento o engenheiro ambiental seja importante”, opina Roque,

que considera radical a conscientização – prin-cipalmente nos países Ocidentais – sobre a importância das questões ambientais no desenvolvimento da sociedade.

Alguns conhecimentos que fazem parte da formação desse profissional já eram apli-

Page 21: RVA 01-2009

VISÃ

O A

MBI

ENTA

L •

JUN

HO

/JUL

HO

• 2

009

21

cados em outros cursos, como Agronomia, Enge-nharia Florestal e Geologia. Porém, o coordenador destaca o fato de que o Engenheiro Ambiental estuda aspectos variados do meio ambiente de forma aprofundada.

FUNÇÕES DE UM ENGENHEIRO AMBIENTALFalar em meio ambiente é estabelecer relações

de conceitos entre todos os elementos presentes na natureza, inclusive nós, humanos. Por isso, um engenheiro ambiental é imprescindível no mo-mento de prezar pelo melhor encaminhamento dessas relações. Ele é o profissional responsável por exercer atividades como monitoramento das águas e do ar, fiscalização e assessoria ambiental de indústrias e empresas, execução e implantação de projetos sustentáveis, gestão ambiental, recu-peração de áreas, geoprocessamento, pesquisas e estudos de impactos ambientais.

Durante o curso – que geralmente tem dura-ção de cinco anos –, as disciplinas envolvem áreas diversas como biologia, cartografia, legislação e direito ambiental, física e matemática. Pode-se considerar, então, que mesmo sendo classificado como um curso das ciências exatas, a Engenharia Ambiental aplica noções de ciências humanas na formação do profissional. O perfil do aprendizado é abrangente. Roque D’Alotto comenta que essa característica reflete na heterogeneidade do corpo docente: “Temos engenheiros civis, engenheiros agrônomos, cartógrafos, químicos e advogados lecionando no curso”.

Tal integração também deve ser levada em conta no mercado de trabalho, já que várias ações necessitam da atuação conjunta de profissionais diferentes. O coordenador cita o exemplo de um

trabalho de realocação de núcleos urbanos su-pondo o caso de formação de reservatórios de usinas hidrelétricas. “O reassentamento da popu-lação atingida considera aspectos físicos, bióticos, sociais, econômicos e históricos”, explica Roque. Ele completa ressaltando que, em uma situação como essa, o engenheiro ambiental deve atuar junto a sociólogos, engenheiros civis etc.

Apesar do reconhecimento do curso pelo Ministério da Educação e da associação da pro-fissão ao Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura, estudantes e professores notam a falta de informação por parte da sociedade como obstáculo para a valorização do enge-nheiro ambiental. Daniele Baroni, aluna da 5ª fase do curso na UNISEP (PR), afirma que muitas empresas consideram esses profissionais como concorrentes, justamente por desconhecerem as vantagens que o conhecimento do engenheiro ambiental pode agregar ao mundo dos negócios. “Por ser uma profissão nova, o desconhecimen-to das pessoas sobre nossa função talvez seja a maior dificuldade no mercado de trabalho”, afirma Daniele. A estudante já trabalhava na área de topografia e optou pela profissão para ampliar seu campo de atuação profissional. Giovana Schrader, estudante da 8ª fase de En-genharia Ambiental na Unisul, por sua vez, tem objetivos diferentes para o seu futuro. Ela conta que sempre foi apaixonada por animais e quer aplicar seu conhecimento em projetos de ONGs e instituições de preservação ambiental. Para ela, o obstáculo da profissão são as barreiras políti-cas, econômicas e culturais. “Por mais que você queira melhorar o mundo, tem sempre alguém querendo impedir”, desabafa Giovana.

Mesmo que a consolidação desses profissio-nais ainda seja uma questão de amadurecimento, a abertura do mercado de trabalho é ampla e promissora para quem já está preparado. Roque D’Alotto garante: oportunidades existem tanto em centros urbanos quanto em áreas e municípios afastados e localizados no interior do país. “Há uma demanda bastante focalizada onde se tem obras de magnitude, por exemplo: duplicação de uma rodovia, construção de uma hidrelétrica, implantação de uma unidade de conservação e assim por diante”, detalha o coordenador. Ele pontua também que o profissional pode optar pela carreira autônoma ou acadêmica.

PROFISSIONAL DE DESTAQUEBernadete Batalha Batista conclui o curso ain-

da no primeiro semestre de 2009, mas já tem tudo para se tornar uma profissional de sucesso no mercado. Aos 43 anos, ela conta com orgulho os resultados que tem obtido com os Blocos Ver-des. Mas, o que é isso?

A ideia surgiu quando ela planejava temas para seu traba-lho de conclusão de curso. “Eu estava caminhando com meu filho na praia e ele cortou o pé. Aí eu vi aquele monte de resíduo na praia. Como a universidade já tinha alguns estudos sobre a resistência das conchas de os-tras e mariscos, pensei na mistura desses resíduos com as conchas”, conta Bernadete. Era o início dos Blocos Verdes, que são blocos de construção produzidos pela combinação desses materiais.

Não foi fácil encontrar quem apostasse no projeto, mas com o passar do tempo a estudante conseguiu apoio de empresas e de bolsas de pesquisa para pros-seguir com a ideia. A produção ainda é artesanal, mas a meta de Bernadete é, agora, produzir os Blocos Verdes em escala industrial para atender as encomendas.

MÉDIA SALARIALUm engenheiro ambiental ganha cerca de R$ 3.000,00, dependendo da região em que atua. (Fonte: Guia de Carreiras do G1)

REQUISITOSTer interesse pelo meio ambiente, gostar de cálculo, ter competência e conhecimento técnico, estar atualizado.

ONDE ESTUDAR?Universidade de São Paulo, Universidade de Santo Amaro (UNISA), Universidade Brás Cubas – Mogi das Cruzes, Fund. Mun. de Ens. de Piracicaba, Universi-dade Metropolitana de Santos, Universidade São Marcos, Universidade de Taubaté.

“Por ser uma profissão nova, o

desconhecimento das pessoas

sobre a função da profissão talvez seja a

maior dificuldade no mercado de

trabalho”Daniele Baroni

5ª fase de Eng. Ambiental

Page 22: RVA 01-2009

VISÃ

O A

MBI

ENTA

L •

JUN

HO

/JUL

HO

• 2

009

22

VISÃO AMBIENTAL

Rose Gottardo

10 anos da Política Nacional de Educação Ambiental-PNEA

No dia 27 de abril comemoramos timidamen-te os 10 anos da Lei 9795/99 que intitula a Política Nacional de Educação Ambiental – PNEA. Para explicá-la vamos revisitar alguns aspectos que influenciaram a elaboração da lei.

A Conferência de Tbilisi, marco da Educação Ambiental - EA no mundo, ocorrida de 14 a 26 de Outubro de 1977, em Tbilisi na Geórgia, denominada “Primeira Conferência Inter-Go-vernamental sobre EA, suas recomendações constituem a principal fundamentação para os programas educacionais na área.

No Brasil, em 1988, a Constituição Federal, no Art nº 225, estabeleceu um capítulo inteiramen-te dedicado ao meio ambiente, que a colocou entre as leis mais completas do mundo, no que se refere à área ambiental e cria a obrigatorie-dade da “...Educação Ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública”, como responsabilidade do Poder Público. A EA proposta pela CF trata de EA formal (dentro da escola) e não-formal (fora da escola).

Promulgada em 27/04/1999, a Políti-ca Nacional de Educação Ambiental - PNEA, Lei nº 9795/99, regulamentada somente em 25/06/2002, pelo Decreto nº 4281. A PNEA de-finiu seus princípios, objetivos e finalidades, além das atribuições das organizações gover-namentais e não governamentais; incorporando a dimensão ambiental na formação, especiali-zação e atualização dos educadores em todos os níveis de ensino e dos profissionais de todas as áreas.

Essa Lei representa um forte instrumento para que a EA seja cumprida, pois ela corrobora as recomendações da Conferência de Tbilisi, mas até agora não constatamos nenhum progresso na sua aplicabilidade.

A EA que defendemos é uma educação po-lítica, crítica, libertadora e emancipatória, que para ser legítima acredita no empoderamento da sociedade para decidir conscientemente. Podemos citar duas fontes importantes de em-poderamento: a escola e a mídia, induzindo a

participação da sociedade nos processos de-cisórios. Um dos instrumentos eficazes para reverter esta situação é a EA que estimula a formação de sociedades justas e ecologicamen-te equilibradas, atuando na qualidade de vida e no exercício da cidadania de cada indivíduo, parte integrante do processo.

A temática pode ser implementada no cur-rículo escolar, por meio de ativida-des, projetos, vi-sitas, mas nunca como disciplina, contemplando a Lei 9795/99 e as grandes confe -rências nacionais e internacionais.

A temática ambiental exige interdiscipli-naridade, uma disciplina, isoladamente, não dá conta da complexidade da questão. A PNEA diz que a EA tem que ser trabalhada em todos os níveis de ensino, mas infelizmente, não é o que observamos nos currículos ou na prática universitária, com exceção de cursos ambientais específicos.

Temos pouco a comemorar, principalmente na área formal o que vemos são ações pontuais, sem reflexão crítica, que possibilite ao educando questionar, entender e propor soluções. Peque-nos avanços na Educação não-formal, como a UMAPAZ (Univ. do Meio Ambiente e Cultura para Paz), que oferece, gratuitamente, formação para interessados na área ambiental.

Como educadora, luto por investimentos significativos na formação continuada, para educadores ou cidadãos comuns, pois o tema é emergente e primordial. Sugiro uma maior atuação do MEC na fiscalização das universi-dades, para que profissionais de qualquer área introduza a vertente ambiental no exercício da sua função. Com cidadãos empoderados, emancipados e participantes podemos pro-mover, hoje, um mundo mais sustentável para as futuras gerações.

Temos pouco a comemorar, principal-mente na área formal o que vemos

são ações pontuais, sem reflexão críti-ca, que possibilite ao educando ques-

tionar, entender e propor soluções

Div

ulga

ção

ROSE GOTTARDO é mestre em Educação, pós-graduada

em Educação Ambiental pela FSP-USP. Coordenadora do MBA

em Gestão Ambiental do Inst. Nacional de Pós Graduação. Foi

Diretora de Educação Ambiental das Sec. de Educação e do Verde

e Meio Ambiente da Pref. de São Paulo. Sócia da Economni

Consultoria e Projetos Ambientais. [email protected]

Page 23: RVA 01-2009
Page 24: RVA 01-2009

VISÃ

O A

MBI

ENTA

L •

JUN

HO

/JUL

HO

• 2

009

24

Entrevista com Dr. Olavo Alberto Prates Sachs

Aliado da preservação ambiental

Conhecimento compartilhado

Falar sobre recursos hídricos, saneamento básico, tratamento de água e esgoto, e seus re-síduos, é algo de interesse público, mas que aos ouvidos de leigos, às vezes, tem o tom de assunto chato, monótono e distante. Em entrevista con-cedida pelo Dr. Olavo Alberto Prates Sachs, esta conotação muda totalmente, pois o fascínio deste profissional da AESABESP pelo assunto é conta-giante, mudando o tom e tornando tudo muito atraente, principalmente quando fala sobre os projetos da associação, as preocupações e solu-ções buscadas, tendo como prioridade extrema, conscientização, educação e ações que criem o interesse pelo tema.

Com foco especial nas novas gerações, para ele, a mudança na forma de pensar é fundamental: “Antes era pensamento comum que água suja se trata, hoje a idéia é que haja conscientização para não sujar a água, isso dá menos trabalho, menor custo, e diminui o impacto ambiental”.

Segundo o Dr. Olavo, novas tecnologias que auxiliam no tratamento, controle, preservação

e novas utilizações para os resíduos, estão sur-gindo o tempo todo, desde as mais complexas até coisas simples, como o reaproveitamento do lodo que antes era apenas resíduo, tanto do tratamento da água quanto do esgoto, e agora em alguns casos já pode ser utilizado como combustível, fertilizante para refloresta-mento e alguns tipos de cultivo (desde que não haja contato direto do substrato com o alimento a ser consumido), bem como matéria prima para a construção, dando mais leveza e diversidade de opções para a usual brita, além destas, há outras novas desti-nações úteis ao que antes eram apenas resíduos, demonstrando que algumas empresas, a exemplo da SABESP, usam seu expertise em benefício do meio ambiente e do cidadão, indo além da sua função original, adaptando-se aos novos tempos e inovando, sob a visão ampla das necessidades futuras.

Diante de todas estas inovações e desafios, A FENASAN e o XX ENCON-TRO TÉCNICO, promovidos pela AE-

Por Susi Guedes

ENTREVISTA

Estande da Sabesp, em 2008, que apresentou processos de saneamento e meio ambiente adotados na Companhia

Abertura oficial do Encontro Técnico da AESabesp, em 2008, com personalidades do setor de saneamento

Olavo Alberto Prates Sachs é diretor Cultural da AESABESP - promotora da FENASAN

Foto

s: D

ivul

gaçã

o/A

ESA

BESP

Page 25: RVA 01-2009

VISÃ

O A

MBI

ENTA

L •

JUN

HO

/JUL

HO

• 2

009

25

engenheiros, químicos, biólogos, geógrafos, arqui-tetos, geólogos e profissionais de áreas distintas como, por exemplo, setor administrativo, social e jurídico, também interessados e preocupados com o meio ambiente. Tornou-se OSCIP em 2008 e pas-sou a aceitar também associados que não tenham feito parte do quadro da SABESP, para incorporar seu quadro e agregar valor e conhecimento aos projetos de responsabilidade ambiental e social. www.aesabesp.com.br

Nosso entrevistado: Engenheiro Sanitarista pela Faculdade de Ciências Tecnológicas da PUC – Campinas (1985). Pós-Graduação em Engenha-ria de Segurança do Trabalho pela FAAP (1990). MBA pelo Instituto de Tecnologia MAUA (2003). Mestre em Tecnologia Ambiental pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo – IPT (2005). Professor do curso de Engenharia e Segurança do Trabalho da UNICAMP, desde 1992. Engenheiro especialista da SABESP desde 1986, com experiên-cia nas áreas de planejamento, projeto, operação, administrativa e manutenção, trabalhando atu-almente na Divisão de Operação de Água Oeste – MOEG e Diretor Cultural da AESABESP (promo-tora da FENASAN), desde 2005.

A AESABESP, tem como objetivo

a integração dos associados,

a difusão e o intercâmbio de

tecnologia e conhecimento

SERVIÇOSFENASAN – XX Feira Nacional de Saneamento e Meio Ambiente XX – ENCONTRO TÉCNICO AESABESP DATA: 12,13, 14 de agosto de 2009 – das 13:00 às 20h.LOCAL: EXPO CENTER NORTE – Pavi-lhão Amarelo – Av. Otto Baumgart, 1.000- São Paulo / SPINFORMAÇÕES ADICIONAIS e CREDENCIAMENTO: www.fenasan.com.br F. 11-3871.3626

SABESP, e realizado pela entidade em parceria com a SABESP, se apresentam comoponto de encontro para a troca de informações e interesses comuns, como bem expressa nosso entrevistado; “compartilhar conhecimento é a maior arma que podemos ter na busca de soluções ágeis e efi-cientes para os problemas a serem enfrentados na preservação do meio ambiente”

A FENASAN e o ENCONTRO TÉCNICO, com seus expositores, palestras, debates, e pela grande possibilidade de networking, se mostram como excelente opção para se tomar contato com os lançamentos do setor, adquirir conhecimento, fazer contatos e negócios, e já é tida como re-ferência no segmento. Tendo como tema geral “Sustentabilidade, caminho para universaliza-ção do saneamento ambiental”, esta edição é marcada pela incorporação do meio ambiente ao nome e ao conceito do evento, conseguindo assim se posicionar de forma mais concreta na sua vocação original.

Sobre a AESABESP: Fundada em 1986, a As-sociação dos Engenheiros da SABESP tem como objetivo a integração dos associados, a difusão e o intercâmbio de tecnologia e conhecimento. Abriga

Visita ao Rio Tietê

Os expositores encontram um público qualificado na Fenasan, formado por técnicos, executivos e dirigentes do setor

A AESabesp conta com uma

visitação diária de 3 a 4 mil pessoas, que contemplam

tecnologias de todo o mercado.

Page 26: RVA 01-2009

VISÃ

O A

MBI

ENTA

L •

JUN

HO

/JUL

HO

• 2

009

26

EVENTOS

O maior evento de moda da América Latina lança ten-dências não apenas em roupas, calçados, maquiagem e cabelo, costuma ser pioneiro também em atitudes, e é com esta vo-cação de contemporaneidade que SÃO PAULO FASHION WEEK já vem há muitas edições atu-ando de forma a dar o exemplo no sentido de preservação do meio ambiente.

Entre as ações desta edição, estão as que já aconteceram an-teriormente, tais como cenário geral do prédio da Bienal feito com papelão, lixeiras para co-leta seletiva e compromisso carbono zero, além do evento de maneira geral, muitos desfi-les também utilizaram em seus cenários materiais recicláveis ou reaproveitáveis como papelão, madeira e tecidos.

A sala de imprensa dá o exemplo não imprimindo relea-ses ou fotos, disponibiliza todo o material num hot site de acesso exclusivo à imprensa ou cede as

O Luxo consciente

Evento sustentável está na moda

imagens que podem ser salvas no pen drive do jornalista interessado.

Aos que poderiam imaginar que ações susten-táveis empobreceriam o evento, a moda mostra que até o luxo pode contribuir para o bem do meio ambiente, 5 km de tecido formam cortinas imen-sas em um dos andares, criando um clima intimista e sedutor inspirado na França, país homenageado nesta edição, um lustre deslumbrante tomou os 3 pavimentos do prédio da bienal, e tamanha a perfeição da peça que visto de longe, ninguém ousava imaginar que fosse feito por leds e garrafas pet, mais precisamente 2,4 mil delas.

Um mural pintado no decorrer do evento homenageou looks ícones da moda, os artistas Base V, Rodrigo Bueno e Pipa, customizaram três réplicas de peças clássicas da alta costura francesa: New Look de Christian Dior, Smoking (desfile 1967) de Yves Saint Laurent e um Vestido Trapézio de Pierre Cardin, diariamente todos os artistas foram montando ao fundo um painel com a mesma ilustração usada nas réplicas, e um tipo de insta-lação usando madeira e outros materiais também recicláveis formando um lindo cenário.

Entender o conceito de sustentabilidade e utilizá-lo de forma criativa, bela e inusitada, é uma vocação não exclusiva da moda, mas que certamente a moda como manifestação de arte assumiu para si.

FOTO

S: IW

I ON

OD

ERA

Detalhe do Lustre: 2,4 mil garrafas pet e leds formam o lustre central

Reciclagem é palavra de ordem

O prédio da Bienal é revestido com cenário de papelão

Inspiração na natureza e material orgânico ajudam a compor painel

Conexão wireless, e computadores disponíveis aos visitantes

Page 27: RVA 01-2009

VISÃ

O A

MBI

ENTA

L •

JUN

HO

/JUL

HO

• 2

009

27

VISÃO ECONÔMICA

Welinton dos Santos

ALERTA DO MEIO AMBIENTESão inúmeros os avisos de alerta do meio am-

biente, mas nada ficou tão claro para o povo bra-sileiro como o verão 2008 / 2009, quando muitas cidades entraram em estado de calamidade pública, em razão de efeitos do clima.

O que está ocorrendo no Brasil, já ocorre no mundo todo, excesso de frio em alguns locais, de-sertificação de áreas, altas temperaturas, mudanças de estações e volatilidade de temperaturas num curto espaço de tempo, dentre outros.

Como o Sr. James Eprhraim Lovelock, o Ghandi da Ciência, título atribuído pela New Scientist, cien-tista respeitado mundialmente, co-menta na sua Teoria de Gaia: “O Pla-neta Terra é um super-organismo vivo que reage às ações realizadas pelos seres vivos, nossa biosfera é um sistema vivo, capaz de gerar, manter e regular suas próprias condições ambientais.

Os refugiados ambientais fo-ram percebidos em Minas Gerais, Santa Catarina, Rio de Janeiro e São Paulo, ou seja, o Planeta passa por um processo de readequação, o Homem prejudicou em muito o sistema natural da vida. As calotas de gelo do Ártico estão 33% meno-res do que em 1979, isto representará em alguns anos aumentos na temperatura em escala crescen-te, bem mais rápido do que estão sendo anunciado pelos governos à população do mundo.

A devastação provocada por efeitos climáticos começa a nos assustar, com chuvas muitos fortes no Brasil, as quais, os sistemas urbanos não conseguem dar vazão no tempo de sua projeção.

Ciclones e pequenos terremotos começam a ser percebidos no Brasil, a elevação da tem-peratura tornará inviável o plantio em diversas áreas do mundo em vários locais no Planeta a água desaparecerá.

A sociedade como conhecemos hoje mudará em função das condições climáticas do futuro, bem como movimento de ajustes de clima voltarão para as cidades, o que pode provocar escassez de alimentos.

Precisamos preparar a Humanidade para o fu-turo, ver quais os tipos de alimentos se mantem

WELINTON DOS SANTOS é Economista, Delegado

Municipal do Corecon -SP Caçapava

em altas temperaturas, além de criar programas de sustentabilidade da vida.

Investir em tecnologia de alimentos; estudo de preservação da vida; mecanismos alternativos de energia e uso; utilização consciente dos bens; polí-tica de reaproveitamento de materiais e estudos da vida vegetal, como os do Projeto Genoma, deve ser incentivada para que possa haver a possibilidade de sobrevivência da população no planeta. Atualmente com toneladas de CO2 jogada no meio ambiente e a poluição das águas e do solo, a sobrevivência do Homem na Terra está em processo de extinção,

este tipo de economia capitalista precisa de mudança rápida ou o Caos prevalecerá.

Tecnologia verde, como sabão biodegradável, equipamentos ele-trônicos verdes, energia sem fio, reciclagem, energia solar e eólica, reuso da água, tratamento de es-gotos, filtros de contenção de CO2 das fábricas e veículos, precisam ser financiadas pelos governos.

Outro fator preocupante é o volume de resíduos gerado por

cada habitante do planeta. Precisamos transformar isto em energia e recuperar as áreas degradadas, este tipo de trabalho demandará um volume enorme de esforços científicos, operacionais e financeiros, que podem gerar milhões de emprego no mundo.

O ecossistema terrestre está desequili-brado, provocando as mudanças climáticas percebidas nos últimos dois anos, a transfor-mação destes efeitos será ainda maior nos próximos, portanto, vamos nos empenhar em dar a nossa contribuição ao Pla-neta que é responsabilidade de cada um.

O alerta do meio ambiente virá com questões mais profun-das, desde estudos geológicos de várias cidades no Brasil e no mundo, que começam a sofrer a transformação do seu habi-tat até a forma como veremos o clima em nossa vida.

Div

ulga

ção

“O Planeta Terra é um

superorganismo vivo que reage às ações realizadas pelos seres vivos, nossa biosfera é um sistema vivo”

Page 28: RVA 01-2009

VISÃ

O A

MBI

ENTA

L •

JUN

HO

/JUL

HO

• 2

009

28

Entrevista com Eduardo Jorge Martins Sobrinho

De ‘cidade cinza’ a ‘cidade verde’!SÃO PAULO

Eduardo Jorge – É um avanço o executivo propor e o legislativo aprovar uma lei municipal sobre o Clima e o Aquecimento Global; é a primeira lei brasileira deste tipo, e tem mais de 50 artigos, dando diretrizes para o ordenamento urbanístico, habitação, transporte, saúde, meio ambiente, energia, etc, situando São Paulo na época da efi-ciência energética, da economia verde, do século XXI. O licenciamento de novas obras públicas e privadas condicionado a um inventário de emis-

Por Marta Régia Vieira

ENTREVISTA

Eduardo Jorge é Secretário Municipal do Verde e Meio Ambiente

de São Paulo

sões, a um plano de reciclagem de lixo ou uma ampliação da exigência de permeabilidade; bem como a diretriz para uma cidade compacta, com melhor aproveitamento do sistema de transporte público; reocupação do centro e centro expandido, limitação do crescimento nas regiões periféricas e de proteção aos mananciais, já são resultados práticos no direcionamento de uma cidade energeticamente eficiente e mais humana.

Para 2012 há uma meta de redução de 30% das emissões

O Secretário Municipal do Verde e Meio Am-biente de São Paulo, Eduardo Jorge Martins Alves Sobrinho, fala sobre a atual situação do meio ambiente na cidade

Médico sanitarista, preocupado com os efei-tos do aquecimento global e os altos níveis de poluição como causadores de dezenas de enfer-midades na população, fala sobre seu empenho em transformar a “cidade cinza”, numa cidade um pouco mais “verde”.Quais são as suas expectativas e o que destaca com relação à PMMC- Política Municipal de Mudança do Clima?

Ilust

raçã

o: Il

ker/

SXC

Div

ulga

ção

Page 29: RVA 01-2009

VISÃ

O A

MBI

ENTA

L •

JUN

HO

/JUL

HO

• 2

009

29

de gases de efeito estufa na cidade. A meta é audaciosa ou São Paulo consegue alcançar essa redução? Quais as atitudes recomendadas pela PMMC no intuito de atingir esses 30%?

Eduardo Jorge –Desde 2005 São Paulo procu-rou neutralizar as emissões do biogás em aterros sanitários. Com a inauguração da segunda usina de captação no Aterro São João em 2008 esta-mos neutralizando, já em 2009, cerca de 20% das nossas emissões de gases de efeito estufa e ainda gerando energia elétrica. Se trabalharmos na área da energia e transporte com a substituição do uso do combustível fóssil, certamente poderemos cumprir nossa meta proposta, e ainda repercutir na saúde humana.

Como funcionam as usinas de biogás dos Aterros São João e Bandeirantes e quanto eles trazem de benefício para São Paulo?

Eduardo Jorge –As usinas captam o biogás, principalmente o metano, e o transformam em energia que é repassada e abastece cerca de 600 mil pessoas. Qualquer cidade pode fazer isto, mes-mo as pequenas podem se reunir em consórcio e aplicar esta solução mitigadora.

Esses aterros comercializam créditos de carbono na bolsa de valores. Como funciona isso?

Eduardo Jorge – A cidade conseguiu que este processo fosse reconhecido por órgãos da ONU encarregados de avaliar a eficiência de mitigação de emissões de gases de efeito estufa. Assim, a Prefeitura pode fazer o primeiro leilão dos lotes de crédito de carbono na bolsa de valores; já ar-recadou R$ 7 milhões, que estão sendo utilizados em projetos ambientais e urbanísticos.

Existe alguma ação específica da Prefeitura no sentido de promover o desenvolvimento sustentável nas áreas de mananciais?

Eduardo Jorge – Sim, a Operação Defesa das Águas, lançada há dois anos. A Operação teve início nas regiões das represas Guarapiranga e Billings, estendida para proteger a biodiversidade da serra da Cantareira, e em seguida para a Zona Leste, enfrentando a degradação da várzea do rio Tietê. São medidas para impedir novas inva-sões e depredações dos mananciais e das matas da cidade, e recuperar as áreas anteriormente ocupadas de forma irregular. O resultado já é vi-sível, com ocupações irregulares às margens da represa Guarapiranga tendo sido congeladas, no-vas construções demolidas, e conscientização da população, que denuncia os vendedores de lotes ilegais. A Guarda Ambiental faz rondas diárias nas

“São Paulo é uma cidade nacional,

uma cidade mundial. Ela tem

responsabilidades e obrigações com

todo o conjunto de nosso país e com as

outras nações”

áreas de proteção usando viaturas, motos, barcos e helicópteros junto com fiscais da Secretaria do Verde e do Meio Ambiente, Secretaria do Meio Ambiente do Estado, Departamento de Uso do Solo Metropolitano e Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental. Há também ações práticas como retirada de mais de 250 tonela-das de lixo da represa Guarapiranga, trabalho permanente executado pela Sabesp, Limpurb e Subprefeituras, além de parques existentes e em fase implantação ao redor da represa.

O que a Prefeitura está fazendo no sentido de conscientizar a população da importância da coleta seletiva? O que ainda falta?

Eduardo Jorge – De 2005 para 2009 a coleta seletiva oficial cresceu de 0,5 % para 7%. Precisa-mos crescer mais investindo mais em divulgação do programa junto à população.

Existe algum projeto que incentive o uso de meios de locomoção não poluente em São Paulo? Isso seria viável?

Eduardo Jorge – A Prefeitura tem investi-do na bicicleta como meio de transporte. Em 2006 criou o Pró-Ciclista, grupo intersecretarial responsável por pensar o uso da bicicleta como meio de transporte. Há agora a possibilidade de transportar a bicicleta em vagões nos trens da CPTM e do Metrô; e possibilidade de deixar a bi-cicleta em segurança em estações do metrô onde funciona também o empréstimo de bicicleta a partir de uma parceria entre o Instituto Parada Vital, a Secretaria do Verde e do Meio Ambiente e o Metrô, com patrocínio da Porto Seguro. Hoje a cidade conta com:

19 Km de ciclovia em parques municipais;14,8 Km em ruas;16,1 Km em obras;112,9 Km em projeto, em diferentes etapas A Prefeitura prepara em conjunto com o gover-

no estadual, duas grandes ciclovias: uma ao longo do Rio Pinheiros e outra na APA do Rio Tietê.

O que é um parque linear? Existe projeto para implantação de 25 desses parques em toda a cidade. Haverá tempo hábil para que eles comecem a funcionar ainda na sua ad-ministração?

Eduardo Jorge – Recuperar fundos de vales dos rios e córregos da cidade por meio da implan-tação de áreas de lazer, saneamento e limpeza dos rios; este é o objetivo primeiro dos chamados Parques Lineares. Sua implantação propicia a con-servação das Áreas de Proteção Permanente e mi-nimizará os efeitos negativos das enchentes, além

de representarem expansão da área verde na cidade, contribui-rão para melhorar a permeabi-lidade do solo. Os parques irão também reduzir áreas de risco, na medida em que evitarão a construção de habitações irre-gulares nas áreas de várzea dos córregos. Atualmente já estão implantados sete destes, e mais de 20 estão em diferentes fases de implantação.

Existem articulações inter-nacionais no sentido de pre-servação do meio ambiente, como a Iniciativa do Ar Limpo, ICLEI (Governos Locais pela Sustentabilidade), C-40 (Cli-mate Leadership Group), Fun-dação Clinton e o PNUMA. Fale sobre essas iniciativas.

Eduardo Jorge –São Paulo é uma cidade nacional, uma cida-de mundial. Ela tem responsabi-lidades e obrigações com nosso país e com as outras nações. A primeira coisa a fazer é trabalhar a própria casa. Isso que vem sen-do feito permite que a cidade seja reconhecida com destaque em fóruns internacionais como ICLEI e C-40. São Paulo, em 2006, foi eleita para a direção mundial do ICLEI e reeleita em 2009. Foi também escolhida como uma das sete cidades que coordenam o C-40 e será a sede do próxi-mo encontro deste fórum em 2011.

Page 30: RVA 01-2009

VISÃ

O A

MBI

ENTA

L •

JUN

HO

/JUL

HO

• 2

009

30

VISÃ

O A

MBI

ENTA

L •

JUN

HO

/JUL

HO

• 2

009

30

CONSUMO CONSCIENTE

A Faber Castell é líder mundial na fabrica-ção de lápis de madeira para vários seg-mentos; a linha escolar sempre apresenta novidades estéticas e funcionais. Todos os lápis são fabricados com madeira reflores-tada e certificada pelo FSC (Forest Stewar-dship Council), isso faz com que o prazer de escrever tenha também uma conotação ecológica. www.fabercastel.com.br

Cadeira Pontaccio da Saccaro – Aliando o lado lúdico dos trançados a uma linha criativa, esta cadeira consegue unir a modernidade do aço com a delicadeza artesanal do trabalho com as fibras de bananeira - que é reaprovei-tada. A peça é decorativa, confortável, e impõe elegân-cia mesmo na simplicidade. www.saccaro.com.br

Conforto e design economizando madeira, este foi o conceito na criação da Linha Ibiza, que utiliza menor quantidade de matéria-prima do que outros produtos similares existentes no mercado, fabricada com madeira 100% certificada, a chaise é destaque da coleção. “Busca-mos a maior otimização possível da matéria-prima, para evitar desperdícios e gerar menos resíduos, aproveita-mos sobras para confecção de algumas partes”, explica Marina Otte, designer com mestrado em Engenharia Ambiental, criadora da linha. www.butzke.com.br

Bacia Deca com sistema Dual Flux - sistema com

duplo acionamento de água, liberando

três litros ou descarga completa, dependen-do da necessidade de

uso. Esta solução evita desperdício, gerando economia de água da

ordem de 40%. A troca pode ser feita de forma muito simples e rápida,

evitando quebra-que-bra e dores de cabeça.

www.deca.com.br

O setor de construção civil está se adaptando aos conceitos de sustentabilidade. A BASF tem investi-do em processos e produtos que seguem critérios de sustentabilidade e contribuem para a conserva-ção do meio ambiente. A Suvinil, marca de tintas imobiliárias da BASF, é a primeira a ter produtos atestados de acordo com os critérios do LEED (Li-derança em Energia e Design Ambiental), conceito criado pelo US Green Building Council (Conselho de Construções Verdes dos EUA) para empreendi-mentos sustentáveis. Isto possibilitará maior fluidez ao crescente mercado de construções sustentáveis, reduzindo custos de concepção, implantação e ope-ração de Green Buildings. www.suvinil.com.br

A Newcolor Etiquetas pesquisou materiais diferentes, inusitados e que virariam lixo, como: pneus, latinhas,

casca de ovo, de cebola entre outros, e deu aplicações diferenciadas a eles, utilizando-os em tags, e etiquetas de marcas e designers conhecidos. A empresa tem parcerias com entidades sociais as quais colaboram com a criação,

matéria-prima e produção; buscando assim alterna-tivas para preservar o meio ambiente e apoiar essas

instituições. Dentre os diversos processos de criação e fabricação interessantes, destaca-se o que utiliza casca

de cebola, feito pela Associação dos Ex-Presidiários, que utilizam a mesma técnica da fabricação artesanal do

papel. www.newcolor.com.br

Div

ulga

ção

Div

ulga

ção

Div

ulga

ção

Div

ulga

ção

Page 31: RVA 01-2009

VISÃ

O A

MBI

ENTA

L •

JUN

HO

/JUL

HO

• 2

009

31

VISÃ

O A

MBI

ENTA

L •

JUN

HO

/JUL

HO

• 2

009

31

F a z e r m o d a , proteger o meio ambiente e gerar renda, são alguns dos benefícios le-vantados a partir do reaproveita-

mento dos banners que a UNINOVE doa à ONG Eides desde 2008. A ideia partiu de um aluno da instituição. Até então, o destino dos banners era um estoque ou o próprio lixo. Hoje, o material informativo é transformado em bolsas e sacolas. www.uninove.com.br

Iniciado em 2007, o Projeto Ecoshoes é uma realização do Ins-tituto by Brasil em parceria com a PUC-RS. O Ecoshoes ganhou visibilidade entre as empresas do setor de componentes, que reconhecem a importância da sustentabilidade. Dispostas a reorganizar e reestruturar sua sistemática para a inclusão do plano ecologicamente correto proposto pelo projeto, 16 empresas associadas da Assintecal e mais 2 calçadistas par-ticipam do Ecoshoes, projeto financiado pelo Sebrae e pela FINEP, e apoiado pela Apex–Brasil. Os chamados “calçados verdes”, inserem o conceito de sustentabilidade à moda. Walter Rodrigues é um dos pioneiros a aderir e inserir os calçados em seus desfiles. www.assintecal.org.br

A marca Goóc, pioneira a

desenvolver calçados reciclados de borracha

de pneu, aposta numa nova estratégia de negó-

cios para os próximos cinco anos. O Projeto 2014 Goóc,

que já recebeu investimento de dois milhões de reais, prevê

produção de 20 milhões de pares de Eco Sandals – ou SPR (sandália de

pneu reciclado) – até o final de 2014; esta iniciativa espera gerar mais de 3 mil empre-

gos, além de revitalizar a indústria de vulcaniza-ção, que está com mais de 70% de sua capacidade

ociosa. www.gooc.com.br

“Sustentabilidade e Temas Fundamentais de Direito Ambiental”, é uma publicação coletiva sobre o tema. Conceituados profissionais comprometidos com o Direito Ambiental, reúnem-se, sob a organização de José Roberto Marques, Promotor de Justiça. “A Jurisprudência do Tribunal de Justiça de São Paulo em Matéria Ambiental – Tomo II”, é organizada pelo desembargador aposentado do Tribunal de Justiça de SP e mestre em Direito Ambiental pela PUC – SP, Gilberto Passos de Freitas, o livro apresenta novas pesquisas jurisprudenciais realizadas no banco de dados do Tribunal de Justiça de São Paulo. www.millenniumeditora.com.br

Os revestimentos da Solarium são ecologicamente corre-tos, por seu processo de fabricação não ser poluente, as placas cimentíceas curam sem auxílio de fornos, não utili-zando nenhuma fonte de energia extra, e não expelindo gazes poluentes na atmosfera. Além disto, são utilizados materiais reciclados na sua composição e durante sua fabricação não geram nenhum tipo de substrato. www.solariumrevestimentos.com.br

Div

ulga

ção

Divulgação

Deca Filtros Twin – Uma solução integrada, que elimina garrafas pet da natureza, uma vez que

evita a necessidade de consumo de águas emba-ladas. Os produtos contam com a tecnologia ex-clusiva da 3M Carbon Block, um sistema filtrante a base de carvão sintetizado que absorve o cloro por completo, além de retirar odores e o aspecto

turvo da água. www.deca.com.br

Div

ulga

ção

Page 32: RVA 01-2009

VISÃ

O A

MBI

ENTA

L •

JUN

HO

/JUL

HO

• 2

009

32

ECO ESTILO

“Quem ama Cuida”, este princípio cos-tuma reger esportistas que escolhem a natureza como cenário de suas práticas esportivas. Quem se lança no espaço em queda livre milimetricamente planejada tem que gostar muito de adrenalina e liberdade e ter coragem para que num tempo muito limitado esteja solto no vento em descida vertiginosa, tudo em troca da sensação de liberdade e pelo privilégio de apreciar a natureza por um outro ângulo.

A contemplação da natureza tem sido ponto de prazer e de tristeza também, porque cada vez mais é possível perceber a devastação e o pouco caso com o meio ambiente, e os cenários têm se modifi-cado a cada ano, o que leva praticantes deste esporte a preocuparem e decidirem tomar atitudes.

Alguns depoimentos de Juliana Sé, membro do Comitê de Pilotagem de Ve-lames, uma das modalidades esportivas da Confederação Brasileira de Paraque-dismo (CBPQ) e Instrutora do Centro de Paraquedismo de Boituva, expressam bem o fascínio pelo esporte e as preocupações ambientais.

O primeiro salto de Juliana foi em 1992 e de lá pra cá nunca mais parou, nem quando grávida, destemida, saltou até o 6º. mês de gestação. “No início queremos vencer nos-sos limites, sentir aquela adrenalina do salto, depois é o prazer de voar mesmo, o vôo livre é o grande momento, quando podemos nos movimentar em todas as direções e criar uma coreografia sem obstáculos. A sensa-

Uma relação direta com a natureza

ção é muito parecida com os movimentos na água”, filosofa Juliana, que morou fora do Brasil por 10 anos, experimentando a sensação de voar em outros países.

Mas a relação do paraquedismo com a natureza vai além do visual e da contempla-ção. Para que os saltos possam acontecer com segurança os paraquedistas dependem to-talmente das condições climáticas e, por isto, sabem o quão devastadoras podem ser as ações do homem sobre o meio ambiente.

Ventos, formação de nuvens, aqueci-mento do planeta, tudo isto pode influen-ciar neste esporte, assim como a devastação e a poluição que são possíveis observar lá de cima.

Acostumada com paisagens tipicamen-te brasileiras, cheias de água e muito verde, Juliana ficou muito impressionada quando saltou sobre o deserto. “Eu fiquei chocada com a falta do verde, com a aridez.”

A irresponsabilidade brasileira com o nosso verde também foi motivo de tristeza em alguns dos saltos de Juliana. “Uma vez presenciei, lá de cima, uma grande queimada numa extensa área de floresta. Fiquei incomo-dada, pois o fogo deixa uma fenda enorme. Infelizmente, esta não foi a única cena de degradação da natureza que já presenciei voando, há muito lixo nas praias e manchas de óleo no mar, já observei isso mais de perto na Ilha de Itaparica/BA e na praia de Itaguá, em Ubatuba/SP. Esta agressão me fez rever seus conceitos ambientais.

Outros esportes como surf, mergulho, canoagem, rapel, também são ligados à

natureza, mas acaba faltando a estes esportistas a iniciativa de buscar uma forma de auxiliar o planeta.

“Temos planos de fazer uma campanha para a compensação de emissão de gases de efeito estufa através do plantio de árvo-res em Áreas de Preservação Permanente, para cumprirmos a nossa parte nesta luta. Estou certa de ter a adesão dos mais de 2.300 membros da Confederação Brasilei-ra de Paraquedismo que, assim como eu, são conscientes de suas responsabilidades ambientais e queremos deixar um planeta saudável para as futuras gerações.”

“A minha preocupação com o meio ambiente e com o mundo que pretendo deixar aumentou quando tive meu filho. O Brasil é um país lindo, é uma obra de arte! Precisamos conservá-lo, mas este não é um problema só nosso, do brasileiro. É mundial! A Terra clama por respeito, para que a liber-dade de um salto de paraquedas possa ser sentida em toda a sua plenitude nos próxi-mos séculos, por muitas gerações!”

Fláv

io S

anto

ro

Por Marta Régia Vieira

Wan

der A

rmbr

ust

VISÃ

O A

MBI

ENTA

L •

JUN

HO

/JUL

HO

• 2

009

32

PAR A Q

U EDI

SM

O

Sabiá salta na Praia de Pipa, RN

Salto na Florida, EUA - Juliana Sé -

Grávida de 6 meses

Page 33: RVA 01-2009

VISÃ

O A

MBI

ENTA

L •

JUN

HO

/JUL

HO

• 2

009

33

VISÃO POLÍTICA

Laércio Benko Lopes

O interesse econômico e a preservação da vida

Precisamos voltar ao passado para entender melhor esta questão; o Brasil desde seus primórdios foi vitima da exploração econômica de suas rique-zas naturais, primeiro o pau-brasil depois o ouro e a prata, e finalmente a monocultura agrícola.

AS AÇÕES E CONSEQUENCIAS:1º - O desmatamento de praticamente toda

a mata atlântica, cujo foco era madeiras nobres como o pau-brasil, a coroa portuguesa precisava fortalecer sua economia e firmar-se como potência naval; resultado: recurso esgotado, perdas irrepa-ráveis para o ecossistema e o início da consciência predatória que se arrasta até os nossos dias.

2º - A exploração do ouro, prata e pedras preciosas em Minas Gerais provocou devastação florestal que transformou o estado num grande serrado, inadequado até para a pecuária, pois sua topografia é predominantemente montanhosa, resultado: recursos esgotados sem continuidade de outras atividades produtivas sustentáveis.

3º- A monocultura do café em São Paulo, e da cana-de-açucar no Nordeste teve o mesmo efeito, criando oligarquias, concentração de renda e devastação.

4º- O ciclo da borracha no norte, que devido a biopirataria transferiu nossa riqueza para Ásia.

Este histórico situa a origem de nossa consci-ência e visão estreita sobre o planejamento futuro de nossa economia e a atuação política, social e ambiental. Algumas perguntas são muito impor-tantes neste momento onde as sequelas ambien-tais deixam marcas profundas e irreversíveis em nosso país e no mundo.

O modelo extrativista e descontrolado escolhi-do por nós, vale a pena?O Brasil quer continuar a ser uma nação agrícola, pecuarista e mineraria ao invés de uma nação tecnológica?Exportar minério e soja, ou produtos com valor agregado e tecno-logia que geram empregos em massa?

Criar mais pastagens devastando o que resta de nosso bioma, ou investir em tecnologia de maior produtividade pecuária?

A política de assentamento rural no Norte do Brasil é inviável, pois coloca famílias nas terras

Será que as empresas continuarão a existir num futuro em que não haja

o meio ambiente?

Div

ulga

ção

LAÉRCIO BENKO LOPESé advogado Tributarista,

e dirigente regional do Partido Verde

sem o suporte financeiro e tecnológico, as conse-quencias são queimadas para mais pastagens e arrendamento da terra para pecuaristas, não será esta uma prática planejada e orquestrada?

Afinal aonde se separa a política dos interesses econômicos que elegem com seu capital, nossos governantes e legisladores, da vontade e da me-lhoria das condições de vida do nosso povo?

Política e meio ambiente são inseparáveis, a vontade e os interesses financeiros descontrolados e irresponsáveis tem que ser de-tidos, sob pena de termos mun-dialmente uma nova categoria de refugiados; “os refugiados do clima”, que estarão buscando preservar suas vidas.

Vide as enchentes no norte, furações no sul, secas pelo país; não precisamos de mais leis, e sim de manter e aplicar as que possuímos; não se pode estabelecer leis ambientais estaduais em detrimento das federais ou dar mais importância aos interesses econômicos predatórios.

“Por que esta questão especificamente com a legislação ambiental? Porque é que as outras legislações (fiscal, laboral, comercial, civil, etc.) também não podem pôr em risco a viabilidade das empresas e só a ambiental é que pode? Será que a legislação ambiental, ao contrário das outras, não serve para proteger valores reais? E se as leis ambientais não servirem exatamente para atrapalhar a vida das em-presas que estiverem dispostas a violá-las, servem para quê? “sic

Portanto devemos aprender com as lições do passado e não repe-ti-las insistentemente; enfim, cabe a pergunta : será que as empresas continuarão a existir num futuro em que não haja o meio ambiente?

Page 34: RVA 01-2009

VISÃ

O A

MBI

ENTA

L •

JUN

HO

/JUL

HO

• 2

009

34

CADERNO DE RESÍDUOS

APRESENTAÇÃOO CADERNO DE RESÍDUOS é um espaço de nossa publicação que conta

com informações técnicas, entrevistas, cobertura de eventos, e outros

dados de interesse do setor de forma mais direcionada.

Ao inserirmos um caderno especial para o tema, pensamos em abrir

espaço para compartilhar conhecimento específico, tornando-o aces-

sível e democrático; este espaço é aberto a entidades que desejem se

comunicar com nossos leitores de forma ampla, e divulgar seu trabalho

junto ao setor e à população em geral.

Esta edição tem o apoio ABRELPE - Associação Brasileira de Empresas

de Limpeza Pública e Resíduos Especiais, com nova diretoria e isenção,

se posiciona no sentido de dar acesso às informações sobre a entidade

e o setor, visando com esta atitude repercutir ciência, conhecimentos

gerais e dados que sirvam de subsídio à evolução do segmento.

Assim como a ABRELPE, outras entidades poderão solicitar participa-

ção publicitária no CADERNO DE RESÍDUOS, desde que haja sintonia

entre a entidade participante, o conteúdo da publicação, e o interesse

maior, que é possibilitar ao nosso leitor o acesso à pesquisa, soluções,

informações pertinentes, novas tecnologias, equipamentos e afins,

promovendo uma sinergia benéfica entre todos os envolvidos.

Nesta edição do CADERNO DE RESÍDUOS com o apoio ABRELPE, temos

os seguintes destaques:

• APRESENTAÇÃO DA ENTIDADE

• ENTREVISTA COM O PRESIDENTE DA ENTIDADE

• COBERTURA DA CONFERÊNCIA BEACON – ISWA – RESILIMP

• 8ª. CONFERÊNCIA PRODUÇÃO MAIS LIMPA

As matérias e assuntos abordados aqui, não são exclusivamente da entidade

apoiadora, tratam de forma abrangente assuntos de interesse do setor.

Page 35: RVA 01-2009

VISÃ

O A

MBI

ENTA

L •

JUN

HO

/JUL

HO

• 2

009

35

Uma entidade consciente e atuanteFundada em 1976, e referência na gestão

de resíduos sólidos, a ABRELPE - Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais tem como objetivo funda-mental promover o desenvolvimento técnico-operacional do setor de limpeza pública e gestão de resíduos sólidos, dentro dos princípios da preservação ambiental e do desenvolvimento sustentável.

A ABRELPE é uma associação civil sem fins lucrativos, que congrega e representa as empre-sas que atuam nos serviços de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos.

Com mais de 30 anos de atuação, colabora efetivamente com os setores público e privado, promovendo a permanente troca de informa-ções, estudos e experiências destinadas ao de-senvolvimento do setor, representa e defende seus associados junto às dinâmicas de mercado e órgãos do poder público, e é uma entidade enga-

jada em incentivar a sociedade a buscar soluções para a correta gestão de seus resíduos.

Além de sua atuação institucional e social para o equacionamento das demandas decorren-tes da gestão de resíduos, desenvolve e cultiva o relacionamento com diversas entidades, asso-ciações técnicas e empresariais, universidades e entidades de pesquisa do Brasil e do exterior, do setor de resíduos e de outros setores vinculados ao meio ambiente.

No contexto internacional, é a representante oficial da ISWA - International Solid Waste Asso-ciation, no Brasil há 15 anos.

Dar acesso amplo e irrestrito às informações sobre a entidade e o setor, visando compartilhar conhecimento que sirva de subsídio à evolução do segmento, utilizando-se de meios de comuni-cação que possam atingir a uma gama maior de leitores, que não apenas os profissionais da área, passou a ser uma das prioridades da entidade.

Dentro de uma proposta di-ferenciada de democratização do conhecimento, nesta edição da VISÃO AMBIENTAL, a ABREL-PE disponibiliza informações sobre a entidade através de seu presidente, colocando-se como elo que possibilitará que pro-fissionais e leigos, empresas e cidadãos comuns, pesquisado-res e envolvidos em situações que necessitem de solução, tenham acesso a informações pertinentes, pesquisas, novas tecnologias, equipamentos e afins, isso permitirá que a en-tidade se aproxime de novos interessados no assunto, pro-movendo benefícios amplos a todos os envolvidos.

• Aborgama do Brasil Ltda. • Ambiental Saneamento e Concessões Ltda • Ambiental Tecnologia E Tratamento Ltda • Boa Hora Central de Tratamento de Resíduos Ltda. • Cavo Serviços e Saneamento S.A. • Clean Gestão Ambiental • Constroeste Construtora e Participações Ltda. • Construtora Marquise Ltda. • Contemar Ambiental • Corpus Saneamento e Obras Ltda. • Delc Ambien-tal • Ecosystem Serviços Urbanos Ltda. • Embralixo Empr. Bragan. De Var. E Col. Lixo Ltda. • Empresa Tejofran de Saneamento e Serviços Gerais • Engetécnica Ltda. • Enob Ambiental Ltda. • Eppo Ambiental Ltda. • Forty Construções e Engenharia Ltda. • Grupo Leão & Leão • Jotagê -Engenharia, Comércio e Incorporações Ltda. • Limpel Limpeza Urbana Ltda. • Litucera Limpeza e Engenharia Ltda. • Locanty Com. Serviços Ltda. • Locavargem S/C Ltda. • MB Engenharia e Meio Ambiente Ltda. • Mosca Grupo Nacional de Serviços Ltda. • Qualix Serviços Ambientais Ltda. • Quitaúna Serviços Ltda. • Sanepav Saneamento Ambiental Ltda. • Serquip Serviços, Construções e Equipamentos Ltda. • Silcon Ambiental Ltda. • Sterlix Ambiental Tratamento de Resíduos Ltda. • TB Serviços, Transporte, Limpeza e Gerenciamento • Tecipar - Engenharia e Meio Ambiente Ltda. • Terraplena Ltda. • Torre Empreendimentos Rural e Construção Ltda. • Transresíduos Transportes de Resíduos Industriais • Tratalix Ambiental Ltda.• Unileste Engenharia S.A. • Vega Engenharia Ambiental S.A. • Viasolo Engenharia Ambiental S.A. • Vital Engenharia Ambiental S.A. • Viva Ambiental e Serviços Ltda.

• Presidente: João Carlos David • Vice-Presidente - Limpeza Pública: Alberto Bianchini • Vice-Presidente- Resíduos Especiais: Oswaldo Darcy Aldrighi • Diretor Secretário: José Carlos Ventri • Diretor Tesoureiro: Edison Gabriel da Silva • Diretor Adminis-trativo: Gilberto Belleza • Diretor de Marketing: Ricardo Gonçalves Valente • Diretor Técnico: Carlos Alberto Almeida Jr.CONSELHO FISCAL • Efetivos: Ivan Valente Benevides, Raul Vasconcellos e Marcos Sinigói • Suplentes: Maurício Bisordi e Edson Rodriguez • Conselho Consultivo: Eloy Veja, Conrado de Carvalho Alves, Luiz Carlos Scholz e Eduardo Castagnari

QUADRO ADMINISTRATIVO ABRELPE

ASSOCIADOS

Page 36: RVA 01-2009

VISÃ

O A

MBI

ENTA

L •

JUN

HO

/JUL

HO

• 2

009

36

CADERNO DE RESÍDUOS

REVISTA VISÃO AMBIENTAL – Entre as con-quistas obtidas desde a fundação da entidade, há algo que mereça destaque ?

João Carlos David - Creio que a conquista de uma participação ativa e estrategicamente posicionada no estabelecimento de alianças e parcerias com os órgãos públicos no âmbito municipal, estadual e federal e a atuação em conjunto com outras entidades correlatas do setor, seja um avanço de atitude e mentalidade, que tem nos trazido ótimos resultados.

RVA – Quais considera serem os grandes desafios na área de Gestão de Resíduos Sóli-dos no Brasil?

J. C. David – Nossa base jurídica está entre as melhores e mais atualizadas do mundo; contudo ainda necessitamos de uma fiscalização e pena-lização mais sólidas e eficazes. A ABRELPE tem firmado convênios com uma série de órgãos com o objetivo de fomentar as melhores práticas em termos de gestão ambiental principalmente com municípios, os quais necessitam de apoio tecno-lógico para realizar as mudanças. Nesse sentido, firmamos Acordos de Cooperação Técnica com diversas entidades, a saber, o IBAM – Instituto Brasileiro de Administração Municipal, a Caixa Econômica Federal e, mais recentemente, com a Secretaria de Estado do Meio Ambiente do Rio de Janeiro. Além desses Acordos de Cooperação, temos desenvolvido diversas ações conjuntas com o Ministério do Meio Ambiente, Banco Mun-dial, Secretaria Estadual de Meio Ambiente de São Paulo, entre outros.

Outro ponto muito importante para nós, em atuação conjunta com a ABETRE – Asso-

Entrevista com João Carlos David

Em entrevista exclusiva, o presidente da ABRELPE fala sobre a entidade

Conquistas, desafios e projetos

Por Marta Régia Vieira ciação Brasileira de Empresas de Tratamento de Resíduos, SELURB – Sindicato Nacional das Empresas de Limpeza Urbana, ABLP – Associação Brasileira de Resí-duos Sólidos e Limpeza Públi-ca e, em coesão com a ABDIB – Associação Brasileira da In-fra-Estrutura e Indústrias de Base, é a participação ativa na elaboração da Política Nacio-nal de Resíduos Sólidos, onde o setor privado precisa e deve ser ouvido para que não se cometam enganos e extrapolações em uma lei cujo objetivo maior é nortear todas as demais, sejam elas estaduais e/ou munici-pais e propi-ciar avanços no setor.

João Carlos David: participação ativa na elaboração da Política Nacional de Resíduos Sólidos

Div

ulga

ção/

Abr

elpe

Page 37: RVA 01-2009

VISÃ

O A

MBI

ENTA

L •

JUN

HO

/JUL

HO

• 2

009

37

RVA – Quais são seus planos à frente da ABRELPE para os próximos anos?

J. C. David – Pretendo profissionalizar a ad-ministração da ABRELPE, anseio compartilhado com a maioria de nossos associados. Acredita-mos que com essa medida nossa associação se tornará ainda mais eficaz e, sobretudo, atuará com maior transparência e vigor defendendo o meio ambiente e as ações do setor privado, sem o qual a situação dos resíduos sólidos no Brasil estaria caótica.

RVA – Sendo a ISWA tão importante, o que significou a Conferência Internacional ocorrida no Brasil no início de maio?

J. C. David –A ISWA – International Solid Wa-ste Association é a principal associação mundial para o setor de resíduos sólidos, com represen-tação em mais de 70 países, configurando-se como o principal fórum de discussão, contatos e trocas de experiência do setor no âmbito in-ternacional, sendo um exemplo de esforços para a modernização e atualização tecnológica da gestão de resíduos sólidos. A ABRELPE, além de representante da ISWA no Brasil desde 1996, ocupa a Diretoria para a América Latina, na pes-soa do nosso Vice Presidente Alberto Bianchini. Com isso temos contribuído decisivamente para a disseminação de informações atualizadas e adequadas acerca da gestão de resíduos, com informações oriundas de diversas regiões do planeta. Uma das formas de desempenharmos tal atividade é através de eventos, tal como a Conferência Internacional ISWA Beacon, que foi muito produtiva, com palestras importantes e atuais em termos de Gestão de Resíduos Sólidos, além da participação de vários palestrantes es-trangeiros, o que confere ao evento importância e representatividade.

RVA – Produzimos 170 mil toneladas de resíduos sólidos urbanos, mas apenas 140 mil são coletadas e mais de 60% deste volume não tem destino final adequado. O que considera ser a saída para reverter este panorama?

J. C. David – Sem dúvida a principal palavra neste contexto é CONSCIENTIZAÇÃO, seja da população, seja dos governantes, seja dos le-

gisladores. Enfim, a responsabilidade é de todos nós, sem exceção. Não podemos simplesmente achar que o problema é do nosso vizinho.

Neste sentido, temos colaborado muito com os resultados positivos oriundos do setor. Nós editamos o Panorama dos Resíduos Sóli-dos no Brasil desde 2003, o que nos dá maior clareza de onde estamos e para onde necessi-tamos ir. Temos a certeza de que somente com o conhecimento amplo da situação poderemos planejar e implementar as soluções adequadas que, realmente, resolvam os problemas atual-mente enfrentados.

Precisamos, ainda, melhorar e difundir a coleta seletiva, o aproveitamento dos RSU-Re-síduos Sólidos Urbanos como fonte de energia alternativa e limpa, muito difundida na Europa e Estados Unidos, a reutilização, reciclagem e reaproveitamento dos resíduos, e sobretudo, temos que diminuir a geração. O consumidor precisa atuar firme neste sentido, pois, cada um de nós, estatisticamente, gera 800 gramas de resíduos diariamente (segundo dados do panorama 2008, a geração média per capita no Brasil é de 1,080kg/hab/dia). Nós devemos ser os fiscais do meio ambiente, consumindo menos, com responsabilidade e, principalmen-te, prestigiando as empresas que atuam de forma sustentável.

RVA – Outro problema preocupante para

o meio ambiente e para a saúde pública são os resíduos de Serviços de Saúde. Nem todos têm o destino final que deveria. A solução disso depende muito mais de uma conscientização da população? Como o poder público poderia colaborar para isso?

J. C. David – Com relação à Gestão dos Re-síduos de Serviços de Saúde concordo que é um tema muito importante tanto para o Meio Ambiente quanto de Saúde Pública. Eu me atrevo a dizer que um dos melhores modelos em termos de Gestão destes resíduos é o da Capital Paulista (a Prefeitura Municipal admite que esta Gestão seja de sua responsabilidade). Sendo assim, ela faz o gerenciamento através das duas concessionárias que são responsáveis pela coleta, tratamento e destinação final dos

“A ABRELPE tem firmado

convênios com uma série de órgãos com

o objetivo de fomentar as melhores

práticas em termos de gestão

ambiental.”

Page 38: RVA 01-2009

VISÃ

O A

MBI

ENTA

L •

JUN

HO

/JUL

HO

• 2

009

38

CADERNO DE RESÍDUOS

mesmos. O que realmente é necessário, contudo, é eliminarmos a possibilidade de utilização de valas sépticas em aterros sanitários e adotarmos os tratamentos dos resíduos de forma a torná-los inertes e, consequentemente, sem risco de con-taminação, seguindo orientação da OMS. Temos várias tecnologias atualmente empregadas no Brasil e devidamente licenciadas, desde ETD- De-sativação Eletro-térmica, Microondas, Autoclave ou Incineração, com capacidade instalada para tratar a totalidade dos resíduos gerados pelos estabelecimentos de saúde do país.

RVA – O que fazer para amenizar a situação dos aterros municipais, que já estão, pratica-mente, com sua capacidade esgotada? Novas tecnologias se fazem necessárias?

J. C. David – Nossa posição sobre os aterros sanitários mantém-se alinhada à posição quanto aos serviços de Limpeza Pública. Defendemos arduamente a participação e atuação do setor privado, somando esforços com o poder conce-dente, para uma atuação consistente e susten-tável. Temos vários exemplos de investimentos do setor privado nestes empreendimentos de sucesso em aliança ou não com o setor público, contudo, sabemos que o setor privado dispõe de conhecimento técnico, capital para investir nestes empreendimentos e de forma alguma pode deixar de cumprir as exigências legais e ambientais, com o risco das sanções cabíveis nestes casos. Nesse sentido, os números já mos-tram uma relativa melhora na adequação da destinação de resíduos no Brasil, justamente em virtude da operação de novas centrais de rece-bimento de resíduos implantadas pela iniciativa privada, justamente para mitigar esse problema que maldosamente afeta as nossas cidades. Além disso, há um movimento no sentido de desen-volvimento de empreendimentos que visem à reutilização dos resíduos como fonte alternativa de energia, um tema ainda pouco explorado no Brasil o qual, certamente, terá eficácia caso haja uma regulamentação e apoio por parte dos go-vernantes. Os custos ainda são altíssimos.

RVA – Qual a sua opinião com relação ao trabalho dos catadores e das cooperativas de

reciclagem? Falta estrutura?J. C. David – Os catadores de materiais reci-

cláveis constituem-se num enorme contingente de pessoas que, por um motivo ou outro, viram nessa tarefa uma solução para o seu problema econômico. As iniciativas atualmente desenvol-vidas, apesar de válidas, não podem ser tomadas como a solução para a questão da coleta seletiva e da reciclagem no Brasil, por inúmeros fatores: apóiam-se na miséria humana, explorando a mão-de-obra dessas pessoas menos favore-cidas, que não contam com nenhum tipo de proteção, seguridade e nem perspectiva; são iniciativas muitas vezes informais e, por isso, carecem de gestão, não se configurando como um processo perene e estruturado que resolva o problema; e não há estímulo à formalização desse trabalho, mediante a criação de uma “in-dústria” da reciclagem, com o estabelecimento de estrutura formal e, portanto, detentora de direitos e deveres.

Acima de tudo são iniciativas muitas vezes sem continuidade, que não estão estruturadas com uma visão geral do ciclo desses materiais, mas são movidas unicamente por interesses econômicos imediatos que, ao menor sinal de alteração do cenário, são descontinuadas ou redirecionadas, deixando o setor carente nesse segmento. Por exemplo, antes da crise econô-mica mundial, o valor dos materiais recicláveis tinha um patamar num valor que foi reduzido consideravelmente após esse cenário. Isso oca-sionou uma grande modificação nesse segmento de coleta de recicláveis pelos catadores, que simplesmente deixaram de coletar diversos ti-pos de materiais que antes tinham a reciclagem como destino.

João Carlos David é administrador de empresas com pós-graduação em Marketing. É diretor comercial da Cavo Serviços e Saneamento S.A. desde junho de 2005; foi gerente comercial da Alcan Alumínio do Brasil Ltda. por cinco anos e atuou como Sr. Industry Manager Coating por 11 anos na Dow Chemical Inc. É membro do Comitê Estratégico de Sustentabilidade Empresarial – AMCHAM. Assumiu a presidência da ABRELPE no último dia 31 de março, e exercerá o cargo pelos próximos três anos.

“Há um movimen­to no sentido de

desenvolvimento de empreendi­

mentos que visem à reutilização dos

resíduos como fonte alternativa

de energia”

Page 39: RVA 01-2009

VISÃ

O A

MBI

ENTA

L •

JUN

HO

/JUL

HO

• 2

009

39

A 8ª Conferência Municipal Produção Mais Limpa Cidade de São Paulo, que aconteceu no último dia 26 de maio, no Memorial da América Latina, em São Paulo, reuniu mais de 2.500 pes-soas ao longo do dia, e contou com a presença de diversas autoridades municipais, estaduais e da iniciativa privada, entre eles o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab; o Secretário do Meio Ambiente do Estado de São Paulo, Francisco Graziano Neto; e os Secretários Municipais do Verde e do Meio Ambiente, Eduardo Jorge Mar-

8ª Conferência Municipal

Produção Mais Limpa Cidade de São Paulo

tins Alves Sobrinho; da Saúde, Januário Monto-ne; da Educação, Alexandre Alves Schneider; e dos Esportes, Lazer e Recreação, Walter Meyer Feldman; além do Presidente da Confederação Nacional de Serviços (CNS), Luigi Nesse.

O idealizador do evento é o vereador Gil-berto Natalini (PSDB/SP), um médico altamente engajado em causas ambientais há mais de 30 anos, que apresentou o projeto criando a Conferência Municipal de Produção Mais Limpa (P + L) em 2001, objetivando estruturar uma iniciativa pioneira na cidade partindo de um tema desenvolvido pelo Programa das Nações

Por Marta Régia Vieira “A sociedade precisa cobrar de

seus governantes, criticar, propor, participar, para

que, juntos, pos­samos encontrar

alternativas efica­zes e urgentes”

Cerimonial de Abertura da 8ª Conferência Municipal PML–Cidade de São PauloSaúde e Ambiente: impacto das mudanças climáticas

Soni

a M

ele

Auditório – Memorial da América Latina

Acer

vo R

VA

Page 40: RVA 01-2009

VISÃ

O A

MBI

ENTA

L •

JUN

HO

/JUL

HO

• 2

009

40

CADERNO DE RESÍDUOS

Unidas para o meio ambiente. Entre os resulta-dos desta iniciativa de Natalini estão os projetos de lei assinados pelo vereador, que instituem no município a reutilização de água não potável para lavagem e irrigação de espaços públicos e o reaproveitamento de material de entulho na produção de asfalto.

Trata-se de uma estratégia preventiva que permite às empresas aumentarem a eficiência dos recursos naturais, através da minimização ou reciclagem dos resíduos gerados, produzindo mais e poluindo menos.

“Há oito anos debatemos temas de muita pertinência em uma época em que muito se fala sobre preservar o meio ambiente. Além de promover uma conscientização, a Produção Mais Limpa também tem o objetivo de discutir medi-das viáveis para contornar o problema ambiental no plano municipal. O diferencial da Conferência é que procuramos atingir todo o tipo de público: população, leigos, especialistas, profissionais liberais, imprensa, educadores, estudantes, po-líticos e empresários”, diz Natalini.

Nesta edição, a P + L trouxe à tona o tema “Saúde e Ambiente: impactos das mudanças climáticas”, que foi a grande manivela que mo-veu o dia de palestras e mesas redondas, onde foram abordados os riscos que o desequilíbrio ambiental representa à saúde pública, entre eles as enchentes e a alta incidência de doenças como a dengue, a malária e a leptospirose.

Com este intuito, a programação do evento tratou de vários temas: Saúde Ambiental, De-senvolvimento, Saúde e Ambiente, São Paulo e suas Águas e São Paulo e suas Áreas Verdes: abordagem urbanística, aspectos econômicos e de saúde pública.

Durante o evento a preocupação crescente com duas grandes crises que o mundo enfrenta: a financeira e a ambiental, ficaram evidentes.

O Prefeito Kassab foi um dos que abordou a questão e acredita que a crise do meio ambiente é, sem dúvida, a mais séria e mais grave, sendo merecedora da atenção de todo o planeta.

“A sociedade precisa cobrar de seus gover-nantes, criticar, propor, participar, para que, juntos, possamos encontrar alternativas eficazes e urgentes”, disse o Prefeito em seu discurso de abertura.

Dados e pesquisas foram mostrados, traçan-do um panorama de sobrevida e preocupação

caso medidas urgentes não come-cem a ser aplicadas para reverter a tendência de degradação.

Nesse sentido, importantes co-laborações foram trazidas. Soluções inteligentes e iniciativas criativas foram apresentadas por represen-tantes da iniciativa privada, que trouxeram sua colaboração no sentido de mostrar que quando se quer, é possível!

Alternativas para economia e reaproveita-mento da água, estratégias para transformar locais contaminados ou abandonados em praças e áreas de convivência para a socie-dade, soluções práticas para reflorestar e transformar cidades de pedra em cidades mais verdes. Estes foram alguns dos princi-pais assuntos abordados durante o dia de discussões no Memorial.

Tudo alinhavado por uma exposição de artes feita de materiais reciclados reaprovei-tados na confecção de peças artísticas, saco-las, enfeites etc.; uma homenagem ao meio ambiente, na pessoa de um cantador e um pequeno intervalo durante a tarde de palestras para a prática de ginástica de relaxamento.

O evento se encerra com a leitura da Carta Compromisso (veja íntegra em nosso portal www.rvambinetal.com.br ) que sela a luta cons-tante em busca dos resultados que devem ser alcançados até a próxima Conferência, no ano que vem.

HISTÓRICO

Temas de edições anteriores:

2002 - A Saúde da Cidade – Políticas

Públicas

2003 - A P + L na Cidade e na Indústria

2004 - Ferramentas para Sustentabilidade

2005 - Gestão Ambiental

2006 - Resíduos Sólidos

2007 - Aquecimento Global

2008 - O Etanol e a Cidade de São Paulo:

Suas Perspectivas e Oportunidade.

Prefeito de São Paulo Gilberto Kassab e Secretário do Verde e Meio Ambiente Eduardo Jorge aplaudem o Vereador Gilberto Natalini (idealizador do Evento)

Soni

a M

ele

Acer

vo R

VA

Parceiros do Evento

Page 41: RVA 01-2009

VISÃ

O A

MBI

ENTA

L •

JUN

HO

/JUL

HO

• 2

009

41

Assuntos como os novos modelos sustentá-veis implantados em outros países na área de coleta seletiva e reciclagem, o aproveitamento energético e a comercialização de créditos de carbono, e outras novidades da área de resíduos sólidos foram os destaques da Conferência Internacional ISWA Beacon e da V Resilimp – Feira Internacional de Resíduos Sólidos e Serviços Públicos.

Realizada em conjunto pelo Grupo CIPA Fei-ras e Congressos e pela ABRELPE – Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais, a feira movimentou cerca de R$ 25 milhões em negócios ao reunir vários elos desse segmento, oferecendo produtos, serviços, soluções, tendências e tecnologia.

Novidades como um caminhão de coleta seletiva com emissão de ruídos reduzida e au-mento de 15% de produtividade; um sistema de trituração interna de resíduos sólidos com redução de volume dos mesmos e a entrega do Troféu Eco-Cidade à cidade de Porto Alegre/RS – foram algumas das atrações da feira,ocorrida entre os dias 5 e 7 de maio, em São Paulo, que já tem data marcada pra próxima edição 27 a 29/ 04 / 2010.

Já a Conferência, promovida pela segunda vez no Brasil pela ISWA – International Solid Waste Association ofereceu 21 palestras, e contou com renomados preletores que trataram de limpeza urbana, resíduos de serviços de saúde, resíduos industriais e reciclagem.

Entre os participantes e palestrantes, tivemos a presença de André Franco Montoro Filho - Pre-sidente do Instituto Etco, Atilio Savino - Diretor Presidente da ISWA, Antonis Mavropoulos - Dire-tor do Comitê Técnico Científico da ISWA e Bertus van Heugten - Chairman do Comitê de Coleta e Transporte da ISWA e Professor da Unesco.

“Além de sensibilizar a sociedade sobre o tema, o encontro foi excelente para troca de experiências e para trazer novas visões, concei-tos e realidades”, disse o presidente interino da

Abrelpe e ISWANa busca de um mundo melhorPor Marta Régia Vieira

“Precisamos da ajuda do Homem

branco para defender o meio

ambiente”

Palestra do Cacique Raoni que respondeu as perguntas da plateia e solicitou o apoio da população para a preservação das reservas indígenas

Acer

vo R

VA

Abrelpe, Alberto Bianchini.De acordo com Carlos Silva Filho, coorde-

nador do Departamento Jurídico e de Relações Institucionais da Abrelpe, a semente foi lançada para dar continuidade à ampliação e aprimora-mento das ações voltadas ao setor.

“Promover o desenvolvimento desse setor é a missão ABRELPE, pensamos nisso ao planejar o evento; e acreditamos que esse desenvolvimento só pode ser alcançado conhecendo o setor – por isto nós fazemos a publicação do panorama dos resíduos sólidos no Brasil; e disseminando infor-mações, porque só a partir do momento em que o público e os atores do setor as recebem, podem buscar as opções mais adequadas às realidades de cada município”, resume o coordenador.

DISCUSSÕES FUNDAMENTAISUm dos principais te-

mas abordados durante a abertura da Confe-rência diz respeito à formulação legislativa que, segundo Bianchini, está aquém daquilo que é necessário. O primei-ro projeto sobre o tema dos resíduos sólidos no país

Page 42: RVA 01-2009

VISÃ

O A

MBI

ENTA

L •

JUN

HO

/JUL

HO

• 2

009

42

CADERNO DE RESÍDUOS

data de 1991, mas pouco se avançou em termos legislativos sobre a questão. Devido à falta de legislação federal, tem se proliferado pelo país legislações estaduais tentando nortear o assunto, o que só remedia e não resolve efetivamente.

“Nós temos hoje em São Paulo, uma política estadual de resíduos sólidos já aprovada, com a qual nós da ABRELPE colaboramos bastante, além da valiosa participação do Deputado Arnaldo Jardim na Assembléia, porém a lei foi aprovada há dois anos e não foi regulamentada até hoje”, lamenta Bianchini.

Segundo ele, esta lei está servindo de base para nortear a política nacional, que está em discussão hoje em Brasília e que é aguardada ansiosamente pelo setor, mas os entraves são tantos que até os mais otimistas ficam céticos sobre a sua aprovação.

“A sistemática de reciclagem brasileira come-çou totalmente errada. Estamos criando a favela dos resíduos sólidos, quando pessoas trabalham na informalidade, sem direitos nem garantias. Enquanto os governos rotulam o trabalho dos catadores como inclusão social, dignidade e cidadania, eu chamo isso de ‘desinclusão’, pois essas pessoas não têm sequer uma luva, uma bota, uma máscara, que são condições mínimas de trabalho e saúde. Eles não têm FGTS, férias, INSS, ou seja, não têm nada. É tudo absoluta-

mente informal. Por isto, a importância deste evento que busca alternativas, novas idéias, e conhecimento de exemplos trazidos da União Européia, que servem de estímulo e incentivo para que as coisas comecem a mudar no Brasil”, sugere Bianchini.

O ciclo de palestras foi aberto por André Franco Montoro Filho, que falou sobre ética, o Cacique Raoni Metuktire, chefe Caiapó e Presi-dente do Instituto Raoni sobre a luta e defesa do meio ambiente, declarou em nome da nação indígena que: “Precisamos da ajuda do Homem branco para defender o meio ambiente”.

Assuntos diversos ligados ao tema preenche-ram a agenda, tais como: política de resíduos para o Brasil; sistema de destinação final de embala-gens de fitossanitários; manufatura reversa.

Tivemos exemplos do exterior para a nossa política de resíduos, perspectivas no setor de reciclagem de Eletroeletrônicos; tecnologias para coleta e transporte de resíduos e materiais recicláveis; compostagem de matéria orgânica na Itália e tendências no setor de reciclagem na Turquia; foram alguns dos destaques.

PANORAMA 2008Em pesquisa recente, o De-

partamento de Meio Ambiente da Câmara de Comércio e In-dústria Brasil-Alemanha identi-ficou que o mercado brasileiro é o maior da América Latina. Tanto no setor privado quanto no setor público, o mercado de gerenciamento de resíduos vem crescendo em média 5% ao ano, e, segundo o Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2008, publicado pela ABRELPE, o setor movimentou cerca de R$ 17 bilhões.

Segundo o Panorama o Bra-sil gerou em 2008 mais de 165 mil toneladas /dia de resíduos urbanos, isso dá quase 1 k de geração por habitante/dia.

A boa notícia em 2008 é sobre a destinação final dos resíduos, segundo Carlos. “Mais de 50% dos resíduos urbanos

“A sistemática de reciclagem

brasileira começou totalmente errada.

Estamos criando a favela dos

resíduos sólidos”

Abertura da Conferência Internacional ISWA-BeaconV Feira Internacional de Resíduos Sólidos e Serviços Públicos-ResilimpApresentação de Cristiana Lobo da Globo News

Rona

ldo

Bene

lli

Participantes da Conferência Internacional ISWA-Beacon-ResilimpRo

nald

o Be

nelli

Page 43: RVA 01-2009

VISÃ

O A

MBI

ENTA

L •

JUN

HO

/JUL

HO

• 2

009

43

gerados tiveram uma destinação adequada. Essa melhora veio graças às unidades que foram im-plantadas pela iniciativa privada para suprir esse déficit”, explica.

Outro dado relevante do Panorama mostra que mais de 50% dos municípios brasileiros tem alguma iniciativa no sentido de realizar a coleta seletiva. Esse número pouco representativo é fruto de dois problemas considerados muito graves no setor público: a falta de recursos e de estrutura técnica capacitada para lidar com os problemas e com as demandas atuais da gestão de resíduos.

Tomando Curitiba como exemplo, vemos a educação ambiental como princípio eficaz, com 1.828.092 habitantes a cidade investiu na reeducação com ideias, ideais e sensibilização ambiental. A cidade hoje conta com100% de seu território atendido pela reciclagem, com uma geração de 2.354 t/dia de lixo e reciclagem de 554 t/dia. A ABRELPE oferece excelente benefício aos gestores ambientais municipais no sentido de capacitá-los gratuitamente.

“Nós, da ABRELPE, defendemos o binômio público e privado: de um lado o poder público capacitado, conhecedor do setor e dos problemas seria responsável pela delegação e fiscalização do serviço; e de outro lado o parceiro privado investindo, modernizando e executando os ser-viços, recebendo o valor fixado pelo serviço que prestaria”, argumenta Carlos tentando encontrar alternativas para a constante falta de recursos do poder público.

RECICLAGEM NO BRASIL

“A coleta seletiva é o grande gargalo para a reciclagem.” A afirmação é unânime entre as associações que congregam as empresas dos segmentos mais diretamente envolvidos na fabricação de embalagens e produtos poten-cialmente recicláveis: alumínio, aço, pet, vidro, celulose e plástico.

A mesa redonda contou com a presença de Henio de Nicola, da ABAL-Associação Brasileira do Alumínio; Hélio Cepollina, da Abeaço-Associação Brasileira da Embalagem de Aço; Auri César Mar-çon, da Abipet-Associação Brasileira da Indústria do PET; Stefan David, da Abividro-Associação Técnica Brasileira das Indústrias Automáticas de Vidro; Pedro Vilas Boas, da Bracelpa-Asso-

ciação Brasileira de Celulose e Papel; e Silvia P. Rolim, da Plastivida-Instituto Sócio-Ambiental dos Plásticos.

Segundo Henio da Abal, o Brasil continua à frente de países considerados de primeiro mundo na reciclagem de latas de alumínio. “O Brasil está à frente de países como China e Estados Unidos na reciclagem em latas de alumínio – reciclamos 96,5% do que é consumido, um aumento em comparação a 2006, que foi de 94,4%”, afirma.

Mesmo reciclando quase 100% do material, ainda foi necessária a importação de 100 mil toneladas de alumínio para suprir a demanda do último ano, demonstrando que o consumo se supera a cada ano. Ainda segundo Nicola, a reciclagem de alumínio dá condições de vida a 180 mil famílias no País. Se com o alumínio os números da reciclagem quase chegam a 100%, com o papel acontece o contrário, devido à falta de cuidado na separação dos materiais recicláveis e ao seu baixo valor comercial. “A desoneração da cadeia do papel é desestimulante para a re-ciclagem”, disse Vilas Boas, da Bracelpa.

De acordo com a Abividro, várias iniciativas são desenvolvidas visando alavancar a recicla-gem do vidro no Brasil e esse incentivo à reci-clagem tem se transformado em ferramenta de combate às falsificações e ao reuso indevido das embalagens, pois empresas ilegais compram os recipientes, garrafas e frascos descartáveis para acondicionar produtos falsificados como perfumes e bebidas.

Já com relação à reciclagem de PET, Marçon, da Abipet, falou da diversidade dos mercados para PET reciclado, que tem a maior demanda na indústria têxtil. “A demanda de PET reciclado no Brasil é muito alta e, por ser um material re-sistente, desenvolveu habilitações para uso em vários segmentos. A indústria do PET tem mais de 300 empresas de reciclagem que fornecem materiais para muitas indústrias que dependem do material para produzir.”

O QUE FALTA?A unanimidade foi quanto à questão do que

falta para incrementar a reciclagem no país. Se-gundo os representantes, a tributação excessiva na cadeia do alumínio, por exemplo, que tem índice de sonegação alto, é um dos pontos cru-ciais para melhorar ainda mais a reciclagem do

material. A falta de incentivo aos catadores e a falta de polí-ticas públicas atuantes, no sen-tido de promover uma coleta seletiva eficiente, foram pontos cruciais apontados por todos, assim como a falta de uma po-lítica de educação ambiental; menos de 5% dos Municípios brasileiros tem coleta seletiva.

Outra questão discutida foi a queda do preço dos ma-teriais recicláveis, devido à crise financeira mundial, “No final de 2007, o quilo do alumínio para o catador saía por R$ 4,00, hoje é de R$ 2,20, o preço do alumínio cai na bolsa de Londres, afeta todo mundo e desestimula os catadores”, exemplifica Nicola.

Na cadeia do papel a dife-rença é ainda mais gritante: o catador recebia R$ 0,15 pelo quilo do produto, hoje recebe R$ 0,05, segundo informou Vilas Boas.

“Nós, da Abrelpe, defendemos o

binômio público e privado: de um

lado o poder público capa­

citado; e de outro lado o parceiro

privado investindo, modernizando e

executando os serviços”

Page 44: RVA 01-2009

VISÃ

O A

MBI

ENTA

L •

JUN

HO

/JUL

HO

• 2

009

44

VISÃ

O A

MBI

ENTA

L •

JUN

HO

/JUL

HO

• 2

009

44

DESTAQUE

risco de incidentes, das taxas de financiamentos e seguros. O controle das emissões ambientais contribui positivamente para o lucro econômico e aumento da competitividade. A demonstração de um enfoque ambiental responsável vem se tornando um diferencial. Organizações compro-metidas com o meio ambiente preferem fazer negócios com empresas que tenham assumido o mesmo compromisso ambiental.

A ISO 14001 foi desenvolvida com objetivo de uma economia sustentável, onde é ressaltada a necessidade das organizações estabelecerem pa-râmetros para a área ambiental. A norma se aplica a qualquer tipo de empresa, independente de seu segmento econômico e/ou objetivo social.

Para a obtenção e manutenção do certifica-do ISO 14001 a organização deve procurar uma empresa de consultoria, especializada em certifi-cação ambiental e da qualidade. Um engenheiro qualificado efetuará visitas para avaliação e análise técnica, com objetivo de fazer um levantamento inicial da situação da empresa. Concluída essa eta-pa, será executado um projeto e traçado um cro-nograma de tarefas a serem executadas. O projeto abrangerá todos os requisitos da certificação, onde a empresa terá que demonstrar a capacidade de

avaliar e planejar suas atividades, produtos e serviços; adotar pro-cedimentos padrões e planos de ação para eliminar ou diminuir os impactos ambientais sobre o meio ambiente; bem como possuir pessoal devidamente treinado. Concluído o projeto, o SGA terá sido implantado, a empresa estará atendendo a le-gislação ambiental e pronta para receber a certificação.

Por Raul Lóis Crnkovic

“A demonstração de compromisso

com o meio ambiente melhora

a confiança de clientes,

investidores e da comunidade”

Empresas que buscam certificação ambiental conquistam mercado e melhoram sua imagem colaborando com o meio ambiente

ISO 14000 - Compromisso com o futuro

RAUL LÓIS CRNKOVIC é engenheiro consultor, graduado em engenharia e administração, pós-graduado em MBA e mestrado no Brasil, com cursos de especialização nos EUA

Div

ulga

ção

Shlo

mit

Wol

f/ SX

C

Foi na década de 90 que a International Or-ganization for Standardization (ISO) constatou a necessidade de desenvolver normas que abor-dassem as questões ambientais para padronizar processos, produtivos ou não, de empresas que utilizassem recursos obtidos da natureza e/ou causassem algum dano ambiental decorrente de suas atividades.

Com esse objetivo, em 1993, a ISO criou o comitê TC 207, que lançou a série de normas ISO 14000, estabelecendo diretrizes na área de contro-le ambiental. Dessa forma nasceu a mais conheci-

da delas, a ISO 14001 criada com a meta de desenvolver o sistema de gestão ambiental das orga-nizações, ajudando-as a identi-ficar, priorizar e gerenciar seus

riscos ambientais.Quais são os bene-

fícios em se estabele-cer uma política am-biental? Inúmeros! A demonstração de compromisso com

o meio ambiente melhora a confiança

de clientes, investidores e da comunidade em geral. Proporciona uma melhoria no controle de custos por meio da

conservação de matérias-primas e energia. Reduz o

Page 45: RVA 01-2009

VISÃ

O A

MBI

ENTA

L •

JUN

HO

/JUL

HO

• 2

009

45

VISÃO HISTÓRICA

Antoninho Marmo Trevisan

Sustentabilidade do ouro branco

A boa adaptação às terras do Brasil foi a força motriz

da cana-de-açúcar, que chegou a ser chamada

de “ouro branco”

ANTONINHO MARMO TREVISAN é empresário e educador, presidente do Conselho Consultivo da BDO Trevisan, da Trevisan Consultoria e

Gestão, da Trevisan Escola de Negócios e Membro do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES)

Europa no início do século X e, anos mais tarde, considerado uma especiaria. Portugal, no início do Século XV, já dominava sua produção. Em 1516, fo-ram implantados os primeiros núcleos açucareiros no Brasil. O beneficiamento no País fez com que os portugueses se tornassem os grandes supridores mundiais. A boa adaptação às terras do Brasil foi a força motriz da cana-de-açúcar, que chegou a ser chamado na época de “ouro branco” pela riqueza que gerava. Todavia, choques internos e externos

fizeram com que, a partir da segunda metade do Sé-culo XVII, a produção fosse reduzida: desorganização do mercado, concorrên-cia antilhana – subproduto das invasões holandesas ao Brasil –, queda do pre-ço no mercado europeu,

retração das exportações e aumento do custo com a mão-de-obra escrava, o que acabou por reduzir a rentabilidade dos engenhos. Apesar das vantagens competitivas, não se conseguiu assegurar a sustentabilidade.

Agora, nesse novo boom da cana-de-açúcar, é preciso estabelecer nesse setor padrões de excelência atrelados à sustentabilidade socio-ambiental. É necessário manter o respeito pleno às prerrogativas legais dos colaboradores, com adequada remuneração do capital e visão mais ampla da estratégia empresarial do negócio. Deve-se contemplar, ainda, o relacionamento com a comunidade em que a organização atua, visando ao seu desenvolvimento educacional e econômico, e o adequado relacionamento com os trabalhadores do setor.

Além disso, o item sustentabilidade tem tam-bém componentes importantes de interface com o consumo de energia das propriedades, a utili-zação dos subprodutos para produção interna de insumos e o destino dos resíduos gerados nas usinas.

As exigências de adequação já começaram. Devemos pensar que estamos no Século XXI.

Div

ulga

ção

O setor sucroalcooleiro teve grandes avanços nas sete dé-cadas nas quais contou com forte participação de agentes privados, quase sempre com a intervenção do Estado. Sur-ge, no entanto, uma pergunta: será possível no atual ambiente econômico, político e social do mundo globalizado assegurar a sustentabilidade de uma ativida-de com grandes impactos?

A resposta depende da capa-cidade de o Estado e os agentes privados juntos estabelecerem uma visão de futuro – um objeti-vo – e trabalharem para assegu-rar sua realização. A experiência mostra que esta não é tarefa tri-vial. No entanto, deixar de lado a sua elaboração seria um erro fatal. A formulação dessa visão deve partir do conceito de sus-tentabilidade.

Entretanto, e m p r i m e i ro lugar, deve-se avaliar que a di-nâmica econô-mica do setor

sucroalcooleiro ainda é determinada pelas traje-tórias altamente correlacionadas da produção e consumo de açúcar e de álcool. Além disso, apesar das atuais vantagens econômicas, o volume de in-vestimentos necessário a sua preservação é ainda gigantesco, e está relacionado à disponibilidade de terras – sem comprometer outras culturas, ou áreas ocupadas por recursos naturais intocados –, à oferta de infra-estrutura de armazenamento e transporte e à construção de novas usinas para o processamento da cana. Assim, a sustentabilida-de sistêmica depende da sustentabilidade de cada uma das empresas da cadeia produtiva.

Chamamos a atenção para esses pontos porque a análise histórica do desenvolvimento econômico brasileiro, desde o Descobrimento, pode ser caracterizada pela exploração impiedosa, em ciclos sobrepostos, de recursos naturais relativamente abundantes.

Assim, exploramos o pau-brasil, depois o açúcar, o ouro, o café e a borracha. Em cada ciclo, a economia crescia de maneira acelerada, para depois entrar em colapso, deixando sequelas socioeconômicas. Uma avaliação dos erros e acertos de mais de quatro sécu-

los de exploração desses recursos poderia ser resumida em uma expressão, senão

inovadora, ao menos cândida: “É a sustentabilidade, estúpido”.

O açúcar foi introduzido na

Page 46: RVA 01-2009

VISÃ

O A

MBI

ENTA

L •

JUN

HO

/JUL

HO

• 2

009

46

VISÃ

O A

MBI

ENTA

L •

JUN

HO

/JUL

HO

• 2

009

46

CERTIFICAÇÃO

Preservar o meio ambiente é sinônimo de inovação e competitividade para uma das maiores empresas de telecomunicações do país

Intelbras muda depois de certificação ambiental

De Graham Bell ao ano de 2009, ter um tele-fone passou a ser cada dia mais importante. É a ele que recorremos em casos de emergência, de saudade, de negócios ou de um simples contato. Pensar em segurança também é fundamental. O crescimento do setor de segurança eletrônica em 2008 foi de 13% de acordo com a ABESE (Associação Brasileira das Empresas de Sistemas Eletrônicos de Segurança) e segue essa média desde 1999. Sobre computadores e aparelhos informatizados os comentários são dispensados quando observamos o que acontece ao nosso re-dor, já que é cada vez mais frequente a presença dessas máquinas no cotidiano das pessoas.

Mas, afinal, o que pretende essa matéria que começa o texto falando em meio ambiente e continua com Graham Bell, segurança eletrônica e aparelhos de informática? Simples – e é essa palavra que deve ser lembrada até o último ponto do texto. A Intelbras, sediada em São José/SC, é uma prova de que tudo isso pode, sim, estar em sintonia. Localizada no Distrito Industrial do muni-cípio, a empresa é uma en-tre cerca de vinte e seis indústrias que tornam a região um destaque no estado.

Uma pesqui-sa da Univali (Universidade do Vale do Ita-jaí) publicada pelo Engema (Encontro Na-cional sobre

Gestão Empresarial e Meio Ambiente) em 2007 alerta para a necessidade de um controle mais rigoroso do poder público sobre as atividades desempenhadas pelas indústrias de São José, principalmente no que condiz à gestão dos re-síduos resultantes da produção. De lá para cá a situação não mudou. O secretário de Desen-volvimento Econômico da cidade, Édio Osvaldo Vieira, afirma que não existe nenhum programa ou projeto por parte das políticas públicas que envolva industrialização e sustentabilidade em prol de melhorias no meio ambiente e comu-nidade. “Existe apenas a fiscalização das ativi-dades e a exigência de toda regulamentação necessária”, completa Édio Vieira. Diante disso, cabe às indústrias da região a conscientização e a articulação de ideias visando a práticas eco-logicamente corretas.

A Intelbras é uma das únicas empresas do

Por Arielli Secco

Foto

s Arie

li Se

cco

“Começamos fazendo

reciclagem. O papel recolhido

era utilizado pela entidade Promenor, em

que jovens reciclavam o

papel para ser vendido”

Elisa Lutz Sperber, coordenadora de Gestão de Qualidade e Meio Ambiente da Intelbras

Elisa Sperber

Page 47: RVA 01-2009

VISÃ

O A

MBI

ENTA

L •

JUN

HO

/JUL

HO

• 2

009

47

VISÃ

O A

MBI

ENTA

L •

JUN

HO

/JUL

HO

• 2

009

47

Distrito Industrial com a certificação da norma ISO 14001. Essa postura inovadora na região ainda é recente, mas já favoreceu a empresa com um prêmio pelas ações que cumpre a favor da natureza. Elisa Lutz Sperber é coordenadora de Gestão de Qualidade e Meio Ambiente e afirma que as ações da empresa voltadas à questão am-biental integram uma nova visão principalmente no setor de produção.

Elisa trabalha há 16 anos na Intelbras. Ela lem-bra que tudo começou com a coleta e reciclagem de papel, entre os anos de 2002 e 2003. “Todo o papel recolhido era utilizado por uma entidade chamada Promenor, em que jovens faziam a cole-ta interna e reciclavam o papel para ser vendido”, detalha a coordenadora. Paralelo a isso, houve uma reeducação ambiental dos colaboradores da empresa. Todos passaram a perceber uma significativa economia resultante de pequenas mudanças, como o uso controlado de materiais e aparelhos eletrônicos na área administrativa. Esse processo evoluiu para um plano de ação estruturado com a decisão de implementar a ISO 14001 na Intelbras em 2006.

MUDANÇAS COM A CERTIFICAÇÃOA ISO 14001 foi o fator determinante para a

organização da matriz em favor da adequação de algumas etapas de fabricação dos produtos. No início do processo, todos os funcionários

passaram por um treinamento que valorizava a colaboração individual no processo. O ambiente de trabalho ganhou novos elementos: lixeiras seletivas foram distribuídas em todos os corre-dores e galpões.

A empresa conta com o Programa Intelbras de Preservação Ambiental, que recebeu o prêmio Meio Ambiente Max Hablitzel, também em 2006. Desse Programa fazem parte a coleta seletiva in-terna, palestras e eventos para os colaboradores, monitoramento de águas, controle de emissões atmosféricas e a destinação correta dos resíduos feita em parceria com a Brooks Ambiental, uma empresa terceirizada.

“A partir da ISO 14001, começamos a ter um controle efetivo de tudo o que sobra da produção e hoje conseguimos reciclar cerca de 50% dos resíduos que obtemos e que antes tinham como destino aterros industriais”, explica Elisa. É uma quantificação expressiva, já que grande parte dos resíduos sólidos da empresa é eletroeletrônica e classificada como contaminada. Alguns materiais ainda não têm como destino a reciclagem. O caso mais crítico para a empresa é o das pilhas e baterias, que continuam sendo transportadas a aterros industriais de Blumenau e Joinville. O professor Fernando Santanna, coordenador do Laboratório de Gestão Ambiental na Indústria da UFSC (Universidade Federal de Santa Catari-na), alerta para as complicações que podem ser ocasionadas pela utilização de aterros. “Embora haja um procedimento especial no tratamento de lixo tóxico, os aterros industriais não deixam de ser uma bomba relógio”. Ele explica que as empresas e indústrias geradoras desse lixo são

eternos responsáveis em caso de vazamentos e acidentes am-bientais. Por isso, a Intelbras já estuda a possível substituição de baterias com níquel cádmio por baterias compostas por níquel metal-hidreto, menos tóxicas e agressivas ao meio ambiente.

Em contrapartida, a solda já é um caso que tem solução: o resíduo sólido da queima é devolvido aos fornecedores, que industrializam esse mate-rial e o transformam novamente em barras de solda. A Intelbras

“Embora haja um

procedimento especial no tratamento

de lixo tóxico, os aterros

industriais são uma bomba

relógio para o meio ambiente”

Setor de produção da Intelbras

Organização dos resíduos da produção

Fernando Santanna

Page 48: RVA 01-2009

VISÃ

O A

MBI

ENTA

L •

JUN

HO

/JUL

HO

• 2

009

48

VISÃ

O A

MBI

ENTA

L •

JUN

HO

/JUL

HO

• 2

009

48

arca apenas com as despesas desse processo de industrialização. Isso gera economia para a empresa, já que o valor é inferior ao das barras comuns. O mesmo acontece com o material das carcaças de aparelhos que não passam pelo con-trole de qualidade. Elas são recolhidas, moídas e transformadas novamente em resina para serem reutilizadas em outras peças.

INTEGRAÇÃO E INSTRUÇÃOO ponto forte da conscientização ambien-

tal na Intelbras é a comunicação entre o setor de Gestão da Qualidade e Meio Ambiente e os demais colaboradores. Palestras e eventos so-bre a importância de se preservar a natureza são frequentes e têm o objetivo de estender as ações da empresa à comunidade. E isso funciona. Pedro Paulo Machado, por exemplo, trabalha na separação e organização dos resíduos e confirma: “Depois de assistir a algumas palestras, comecei a separar o lixo em casa sempre que posso!”.

As dicas relacionadas aos cuidados com o meio ambiente passaram a ser assunto constante nas reuniões mensais das equipes. De acordo com Elisa, a mudança de hábito das pessoas foi uma das maiores dificuldades nesse processo, mas algumas diferenças já são notadas no ambiente de trabalho. É o caso dos copos de plástico des-cartáveis que foram trocados por xícaras levadas

pelos próprios funcionários. São medidas simples que geram um resultado significativo.

PARA O BEM DE TODOSEm junho, durante a Semana Interna de Saú-

de, Segurança e Meio Ambiente, uma campanha aliou sustentabilidade e causas sociais em uma parceria entre a Intelbras e a Brooks Ambiental. O objetivo era que os colaboradores trouxessem de suas casas o máximo de material reciclável que conseguissem. Tudo o que foi arrecadado será vendido e o dinheiro revertido em doações no dia das crianças. Se a experiência der certo, Elisa garante que se tornará uma campanha anual. O evento também contou com estandes da Brooks e da Comcap (Companhia Mellhoramentos Capi-tal), de Florianópolis, além de exposições sobre energia renovável e tratamento de efluentes e compostagem com equipes da Eletrosul e da Universidade Federal de Santa Catarina, entre outras atividades.

Com a ISO 14001, a Intelbras tem a responsa-bilidade de monitorar e exigir a regularidade de todos os serviços terceirizados. Uma auditoria anu-al garante a integridade da certificação. “O grande benefício da empresa é justamente a consciência de colaborar com o meio ambiente, o futuro e sua sustentabilidade. Os recursos naturais são escas-sos e precisamos deles”, opina a coordenadora

Estandes na Semana Interna de Saúde, Segurança e Meio Ambiente. Uma forma de conscientizar e entreter os colaboradores

QUANTIDADE DE RESÍDUOS SÓLIDOS OBTIDOS ATÉ

JUNHO DE 2009

QUANTIDADE DE RESÍDUOS SÓLIDOS OBTIDOS EM 2008

Papel - 65.270 kg Plástico - 12.427 kg Metais/sucata - 19.330 Kg Borra solda - 1.355 Kg Borra injeção (plástico) - 66.200 Kg

Papel - 133,7 toneladas Plástico - 42,3 toneladas Metais/sucata - 5,9 toneladas Borra de solda - 5,9 toneladas Borra de injeção - 53,3 toneladas (para reciclagem)

A meta para 2009 é aumentar a relação de resíduo reciclado/resíduo gerado

de Gestão de Qualidade e Meio Ambiente. O professor Fernando Santanna conclui ao aconselhar membros dos setores comer-cial e industrial: “o melhor é agir preventivamente, melhorando a questão econômica, estratégica e cidadã da indústria ao promo-ver a sustentabilidade”.

CERTIFICAÇÃO

Page 49: RVA 01-2009

VISÃ

O A

MBI

ENTA

L •

JUN

HO

/JUL

HO

• 2

009

49

VISÃO LEGAL

Carlos Silva Filho

Gestão de resíduos sólidos urbanos: caminhos para a solução

Verifica-se que a questão dos resíduos sólidos é muito ampla e requer certos cuidados ao ser analisada, pois sempre acaba envolvendo toda uma sociedade em seus hábitos e costumes. A gestão dos resíduos sólidos urbanos passa ne-cessariamente por uma capacitação institucio-nal, além de um indispensável apoio financeiro e técnico. Trata-se de uma utilidade oferecida ao cidadão, que envolve aspectos de saúde pública, de conservação de bens públicos, de qualidade de vida, de meio-ambiente, de importância urba-nística. Desta maneira, nota-se a importância do encaminhamento de soluções adequadas para toda a população, o que, sem dúvidas, irá acar-retar mudanças econômicas e culturais na atual sociedade.

É premente a necessidade da realização de estudos e investimentos que possibilitem a uni-versalização dos serviços de coleta, transporte e, principalmente, disposição de resíduos sólidos; o correto gerenciamento dos mesmos em todas as etapas; a recuperação das áreas degradadas e a implantação e operação de novos locais para destinação dos resíduos gerados, conforme as características e os costumes de cada local.

Os serviços de gestão de resíduos sólidos ur-banos (serviços de limpeza urbana), que incluem, basicamente, os serviços de coleta, transporte e disposição dos resíduos sólidos domiciliares; a varrição de vias e logradouros públicos, jun-tamente com a coleta, transporte e disposição dos resíduos dela provenientes; a operação de unidades de transferência e dos aterros sanitários, dentre outros, podem ser prestados diretamente pelos Municípios, ou indiretamente, através da contratação de terceiros.

Nesse último caso as formas tradicionais de execução indireta dos serviços de gestão de re-síduos sólidos urbanos são a terceirização e a concessão, sendo que a primeira ainda é a mais utilizada atualmente e a segunda figura como uma tendência em franco crescimento junto aos Municípios.

Com a publicação da Lei nº 11.079/2004 o Brasil ganhou um importante instrumento para a viabilização de investimentos em serviços de infra-estrutura não somente na esfera federal, mas também para os estados e municípios, principalmente para projetos que envolvem o setor de saneamento ambiental, aí incluída a gestão dos resíduos só-lidos urbanos. As Parcerias Público-privadas são uma nova opção de contratação dos serviços de lim-peza urbana e po-dem se configurar numa excelente oportunidade para o desenvolvimento desse setor com benefício para toda a sociedade, mas, para tanto, al-guns aperfeiçoamentos se fazem necessários, pois a limitação no comprometimento de receitas configura-se como óbice para aplicação efetiva dessa solução por parte dos Municípios.

A gestão dos resíduos sólidos urbanos passa necessariamente por

uma capacitação institucional, além de um indispensável apoio

financeiro e técnico

CARLOS SILVA FILHO é advogado, pós-graduado em Direito Administrativo

e Econômico pela Universidade Mackenzie

Div

ulga

ção

Page 50: RVA 01-2009

VISÃ

O A

MBI

ENTA

L •

JUN

HO

/JUL

HO

• 2

009

50

VISÃ

O A

MBI

ENTA

L •

JUN

HO

/JUL

HO

• 2

009

50

Atitude pessoal, educação, leis rígidas e postura consciente são senso comum na busca de soluções para a destinação de nossos resíduos

Responsabilidade sobre resíduos sólidos

A produção de bens de consumo, sejam eles de primeira necessidade, úteis ou supérfluos, implica em resíduos de diversos tipos. A destinação dada a eles é hoje em alguns aspectos um problema que precisa ser solucionado levando-se em conta vários fatores, atualmente isto acabou sendo uma responsabilidade compartilhada, onde prefeituras, indústrias, cooperativas de reciclagem e até cata-dores de rua fazem sua parte, seja por imposição de lei, estatuto da empresa, consciência ambiental ou necessidade.

Tramita no congresso um projeto de lei que visa normatizar a questão, uma comissão suprapartidá-ria cuida do assunto de forma isenta, no intuito de servir de guia para um tema de interesse comum; algumas soluções permanentes ou temporárias já foram encontradas, mas ainda há muito que se discutir com relação à responsabilidade sobre coleta e destinação destes resíduos; principalmente os industriais que possam agredir de forma mais nociva o meio ambiente, quem deveria arcar com este ônus é a equação que se tenta solucionar.

A Coluna DEBATE VIRTUAL apresentou o as-sunto em forma de perguntas a 4 pessoas de di-

ferentes áreas profissionais e de atuação, cada um com sua visão pessoal sobre o tema, tendo suas opiniões cruzadas, nos levando a refletir e agir.

Se o leitor desejar respon-der às mesmas perguntas, elas estão em nosso site, e ficarão disponíveis até o lançamento da próxima edição, assim você participa do nosso debate virtual, o qual começa aqui com nossos convidados.

Por Susi Guedes

Eduardo Paulo F. S. Costa, 21 anos, estudante da 2ª fase de Engenharia Civil da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)

Rosa Maria Rosso do Canto, Diretora Administrativa da Newcolor Ind. e Com. de Etiquetas Ltda.

DEBATE VIRTUALD

ivul

gaçã

o

Div

ulga

ção

Page 51: RVA 01-2009

VISÃ

O A

MBI

ENTA

L •

JUN

HO

/JUL

HO

• 2

009

51

VISÃ

O A

MBI

ENTA

L •

JUN

HO

/JUL

HO

• 2

009

51

Qual atitude cotidiana você tem e que considera como sendo de “consciência ambiental”?

EDUARDO PAULO - O básico: descarto as coi-sas que não têm utilidade para mim em lugares apropriados, evitando poluir as ruas.

ROSA MARIA - Desde muito cedo aprendi que temos que conservar o que temos de mais pre-cioso, que é a nossa terra, então, quando assu-mi a Newcolor Etiquetas em 2002, levei para dentro da empresa esta consciência e desde de lá trabalhamos com materiais recicldados e ecologicamente corretos, entre eles filtro de café, latas de alumínio, caixas de leite, câmaras de pneu, copos descartáveis, papéis reciclados artesanais, etc. A empresa também possui es-tação de tratamento e reaproveitamento de água e vende tudo o que pode em matéria de resíduos para a indústria de injeção de solas de borracha. Também promovemos campanhas em parcerias com escolas para arrecadação de lixo, como também palestras de conscientização para as crianças e adolescentes.

ARNALDO JARDIM - Primeiramente, é impor-

tante destacar a minha atuação parlamentar em relação aos resíduos sólidos. Fui autor da propos-ta que instituiu a Política Estadual de Resíduos Sólidos, ainda quando era deputado estadual na Assembléia Paulista. Agora, sou coordenador do Grupo de Trabalho suprapartidário responsável por elaborar uma proposta de Política Nacional de Resíduos Sólidos e acabo de entregar o re-latório final dos trabalhos e a proposta deverá entrar, em breve, na pauta de votação do Con-gresso Nacional.Particularmente, institui o princípio da sustenta-bilidade no meu escritório político em São Paulo, onde fazemos coleta seletiva, que posteriormente é encaminhada para uma entidade filantrópica voltada para o atendimento de crianças com necessidades especiais (a ADERE), utilizamos material de escritório reciclável, trocamos as descargas de válvula por aquelas com tanque acoplado. Dentro em breve, estaremos neutra-lizando as emissões do mandato e instituindo um programa de eficiência energética.

MARIA ELIZA - Creio que a consciência ambiental vai além da reciclagem do lixo que produzimos, ela está diretamente ligada aos nossos hábitos de vida. Por exemplo: sempre que compramos

Maria Elisa Lutz Sperber, Coordenadora de Gestão da Qualidade/Meio Ambiente daIntelbras S/A

Arnaldo Calil Pereira Jardim, engenheiro civil (Poli/USP), deputado federal (PPS-SP)

Div

ulga

ção

Div

ulga

ção

Foto

s ilu

stra

tivas

SXC

Page 52: RVA 01-2009

VISÃ

O A

MBI

ENTA

L •

JUN

HO

/JUL

HO

• 2

009

52

VISÃ

O A

MBI

ENTA

L •

JUN

HO

/JUL

HO

• 2

009

52

algum bem é importante perguntar - preciso realmente disso? A empresa que fabricou este bem tem preocupação com o meio ambiente? Como poderei descartá-lo ao fim do uso?O consumo consciente na minha opinião é também fator importante para a preservação do meio ambiente, pois tudo que consumimos tem origem direta ou indiretamente num re-curso natural. Quando falamos em consumo de energia elétrica ou água isto parece mais evidente e acabamos não nos atentando que tudo que consumimos é gerado pela natureza de alguma forma.

Que tipo de educação ambiental considera mais eficiente para ser aplicada junto a estudantes de nível superior e que pudessem reverter em algo prático e durável?

EDUARDO PAULO - É difícil crer que uma pes-soa de nível superior - supondo que necessite ser educada quanto a questões ambientais -, estando acostumada com os confortos que tem e com as atitudes que toma todo dia, vá ceder e mudar facilmente, pois não só eu como muitos colegas que tive ao longo da vida escolar tivemos aulas de conscientização ambiental e mudamos muito pouco ou nada. É drástico, mas uma lei de preservação do meio ambiente que traga punições severas a quem não a cumprir deve ser, a meu ver, a melhor solução.

ROSA MARIA - Acredito que se os jovens pudes-sem ter em sua grade curricular uma disciplina relacionada a preservação ambiental, onde pu-dessem ter contato direto como lixo e a perceber que a transformação deste lixo, além de ecológi-camente correto, poderia vir a ser um bom cami-nho para um negócio, ajudaria bastante, pois as pessoas têm dificuldades em enxergar algo além

de um amontoado de lixo. Mas o que realmente pode mudar esta visão atual de preservação é a conscientização das crianças desde cedo, pois estas captam e entendem com uma velocidade muito maior e cobram muito mais dos adultos uma ética frente ao meio ambiente.

ARNALDO JARDIM - Acredito que a melhor ma-neira de tratar da educação ambiental com estes alunos está na conscientização de que cada um tem o seu papel na busca da sustentabilidade. Acredito que pudemos buscar mudanças de com-portamento, como reduzir a quantidade de lixo gerado, estimular a reutilização de materiais e re-cursos naturais, além de fortalecer a reciclagem.

MARIA ELIZA - Creio que as universidades po-deriam de alguma forma incluir nos currículos atividades ligadas ao meio ambiente e instigar os alunos a desenvolver ações que possam re-fletir de alguma maneira em uma melhora na condição de vida das pessoas com vistas ao meio ambiente. Estas ações deveriam ser de cunho prático e desta forma seria possível medir se resultado efetivo.Ações em comunidades carentes, projetos de sustentabilidade, entre outros, são ações que podem trazer resultados bastante significativos, principalmente ensinando as pessoas não só dos grandes centros urbanos, mas principalmente pessoas que vivem em zonas rurais e que muitas vezes dependem da terra para sobreviver, que é possível preservar o meio ambiente e viver com dignidade. As instituições de ensino superior podem, inclusive, buscar parcerias com empresas privadas e assim colocar o conhecimento que possuem em prática e ainda melhorar a sociedade contribuindo com o meio em que vivemos.

De quem considera que seja a res-ponsabilidade de coleta dos resíduos

“A consciência ambiental

vai além da reciclagem do

lixo, ela está ligada aos

nossos hábitosde vida”

Maria Elisa

“É drástico, mas uma lei de preservação do meio ambiente com punições severas é, a meu ver, a melhor solução”Eduardo Paulo

DEBATE VIRTUAL

Page 53: RVA 01-2009

VISÃ

O A

MBI

ENTA

L •

JUN

HO

/JUL

HO

• 2

009

53

VISÃ

O A

MBI

ENTA

L •

JUN

HO

/JUL

HO

• 2

009

53

industriais de maior impacto na natureza e tidos como perigosos, a exemplo dos gases de alguns moto-res, baterias e afins? Qual a melhor maneira de coletar? Qual destinação deve ser dada e estes resíduos?

EDUARDO PAULO - A responsabilidade deve ser de quem causa o dano, direta ou indiretamente. Quanto às maneiras de coletar os resíduos e o destino que devem ter, qualquer atitude que diminua o impacto que é gerado já me parece um bom progresso.

ROSA MARIA - Acredito que ja é hora das nos-sas indústrias começarem a ter esta preocupação antes mesmo de criar um produto.O governo deve fazer a sua parte, mas é de responsabilidade de cada indústria pensar como, de que forma, onde e quando fazer esta coleta. Sabemos que para alguns materiais existem locais específicos e empresas especializadas para executar este trabalho, mas ainda há muito o que fazer.

ARNALDO JARDIM - A responsabilidade é do gerador deste resíduo. A melhor maneira baseada nas normas e sistema de gestão, considerando essencialmente a forma de transporte e acondi-cionamento do resíduos e a sua disposição final deverá sempre ser nos aterros licenciados e aptos a receberem os resíduos perigosos.

MARIA ELIZA - Creio que a responsabilidade sobre estes resíduos não deveria ser unicamen-te da indústria, mas o poder público também deveria contribuir com opções de reciclagem, parcerias na destinação, incentivo às pesquisas de novas tecnologias mais limpas, que possibilitem a utilização de materiais passíveis de reciclagem e reutilização. Programas de incentivo fiscal tam-bém são uma boa opção, para que as empresas

possam investir em soluções ecológicas e que tragam resultados na sua produtividade e asse-gurem sua sustentabilidade financeira.

Tendo como base algum tipo de resíduo industrial, e se pudesse decidir sobre a destinação deste re-síduo, qual solução prática e viável daria, em opção ao que já existe?

EDUARDO PAULO - Supondo que os resídu-os sejam altamente nocivos tanto à natureza quanto ao homem, uma solução seria encontrar novos métodos de produção e materiais menos agressivos sem, é claro, interferir na qualidade do serviço ou produto que se planeja gerar.

ROSA MARIA - Existem milhares de resíduos, no meu caso, todo resíduo de material sintético que uso vendo para a indústria calçadista, líquidos são coletados por uma empresa especializada.

ARNALDO JARDIM - Todo o esforço deve se dar em reverter o processo produtivo para se produzir mais com menos, atentando para a redução da geração de resíduos no proces-so industrial. Hoje, o processo de geração de energia a partir de resíduos, o co-processamen-to, agora, precisamos estar atentos às novas tecnologias que aperfeiçoem o potencial de aproveitamento dos resíduos.

MARIA ELIZA - O resíduo mais difícil para desti-nação são pilhas e baterias. Estes componentes são fundamentais em alguns produtos e sua destinação ainda é bastante onerosa e ambien-talmente pouco eficiente, visto que encaminha-mos para aterros industriais.O ideal seria a reciclagem dos componentes e des-ta forma este resíduo acabaria gerando benefício para a empresa e para o meio ambiente.

“É hora das indústrias começarem a ter preocupação com os resíduos, antes mesmo de criar um produto”

“Todo o esforço deve se dar em reverter o processo

produtivo para se produzir mais

com menos”

Rosa Maria

Arnaldo Jardim

Foto

s ilu

stra

tivas

SXC

Page 54: RVA 01-2009

VISÃ

O A

MBI

ENTA

L •

JUN

HO

/JUL

HO

• 2

009

54

VISÃ

O A

MBI

ENTA

L •

JUN

HO

/JUL

HO

• 2

009

54

EVENTOS

Viver em sociedade implica em riscos, minimizá-los ajuda a evitar impactos ambientais

II Fórum de RiscosAs relações do homem com o meio ambiente

costumam ser pauta recorrente em Fóruns or-ganizados pelo mundo, falar com propriedade, ética e imparcialidade sobre o assunto, além de ampliar a maneira de se analisar os riscos em âm-bitos distintos, foi destaque no II Fórum de Riscos promovido pelo Bradesco Seguros, ocorrido dia 02 de junho último.

O evento contou com palestrantes e debatedo-res de importância mundial, entre os participantes estavam, Sergio Besserman Vianna- Presidente da Câmara Técnica de Desenvolvimento Sustentável da Prefeitura do Rio de Janeiro e Conselheiro do WWF Brasil, Raquel Rolnik - Arquiteta e Urbanista pela FAU/USP e Relatora da ONU, Stephen Kanitz

- Administrador por Harvard e Articulista da Revis-ta Veja, Vik Muniz – Artista Plástico, Clarissa Lins - Diretora Executiva da Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável, André Trigueiro – jornalista da Globo News, Rudolph Giuliani – Ex-Prefeito de Nova York, além de Lázaro De Mello Brandão – Presidente do Conselho de Administra-ção, Luiz Carlos Trabuco Cappi – Diretor-Presiden-te, Ricardo Saad Affonso – Diretor-Presidente da Auto/RE; representantes do Bradesco e Bradesco Seguros, promotores do Fórum.

Lidar com os riscos em várias esferas de atua-ção da sociedade é tarefa complexa, e situações e atividades que parecem não ter qualquer rela-ção entre si, se analisadas pelo prisma ambiental acabam se misturando, e ao final percebe-se que são interdependentes, e que uma atitude que

seria considerada individual e isolada pode afetar o todo, isso foi mostrado de forma clara com a escolha de participantes que atuam em áreas distintas entre si, mas em seus posicionamen-tos miram na mesma direção – PRESERVAÇÃO DO PLANETA.

Analisar como os assuntos se entrelaçam, é interessante e leva à reflexão, porque tudo pas-sa pela mesma ponderação. Ao avaliar as formas de agir diante de catástrofes como a terrível experiência do ataque terroris-ta de 11 de setembro, Rudolph Giuliani coloca a importância

Por Susi Guedes

Luiz Carlos Trabuco Cappi – Diretor-Presidente, Rudolph Giuliani – Ex-Prefeito de Nova York e Lázaro De Mello Brandão – Presidente do Conselho de Administração - Palestrante e representantes do Bradesco e Bradesco Seguros, promotores do Fórum

Div

ulga

ção/

Cas

a da

Pho

to

Page 55: RVA 01-2009

VISÃ

O A

MBI

ENTA

L •

JUN

HO

/JUL

HO

• 2

009

55

VISÃ

O A

MBI

ENTA

L •

JUN

HO

/JUL

HO

• 2

009

55

de uma sociedade equilibrada para evitar situações que incen-tivem o terrorismo, tão danoso em suas ações, as quais muitas vezes em sua forma limitada de analisar os fatos, cegamente acabam também por compro-meter o meio ambiente, numa sociedade mais justa e igualitária nas oportunidades oferecidas, isso poderia ser evitado ou pelo menos minimizado, e até cita a questão do Biodiesel como uma das tecnologias que podem as-sociar uma ampla solução neste segmento dando mais oportuni-dades de emprego, sem interfe-rir no equilíbrio natural, ele diz: “O Brasil é referência em energia alternativa: Citei o exemplo do biodiesel quando me candidatei à presidência dos EUA.”

No aspecto empresarial, discutiu-se a importância da tomada de decisões que não excluam os investimentos no setor mesmo em tempos de crise, a preocupação dos par-ticipantes foi desde a postura do meio acadêmico, até a forma como são tratadas as questões por empresários e dirigentes de empresas públicas e privadas.

Segundo Clarissa Lins, o conteúdo acadêmico é muito flexível: “questões sócio-am-

bientais, na maioria das escolas de administração e economia, estão em matérias eletivas, não estão no currículo”, e pondera ainda que “empresas que enxergam a sustentabilidade como valor, não irão reverter suas agendas em razão da crise”. A opinião é compartilhada por Stephen Kanitz, que se impressiona com a atitude de certas empresas que mudam suas prioridades de acordo com os modismos. “Me preocupa a rapidez como as empresas abandonam temas em busca de atender outros, mais novos, hoje já não se fala em terceiro setor, por exemplo.” André Trigueiro vai ainda mais longe em sua observação do setor empresarial, “Há administradores e economis-tas hoje que são “analfabetos ambientais, isso é assustador.”

As opiniões de todos refletem a preocupação para a necessidade de que algo seja feito e com urgência, e, isso, sabemos vai além da simples conscientização, uma vez que os assuntos liga-dos ao tema têm sido amplamente discutidos, a hora é de agir, e soluções propostas que ajudem a minimizar os riscos precisam ser analisadas e postas em prática por todos, desde o cidadão comum, até o grande empresário que pode com uma decisão equivocada prejudicar a muitos e com uma análise que leve em conta o planeta, amplificar sua ação em prol de muitos, a começar pelo exemplo de gestão consciente.

Associando as declarações de alguns partici-

pantes do Fórum, podemos ter uma percepção atual da urgência de tomada de atitudes e da iniciativa pró-ativa rumo à mudança de mentali-dade, e difusão da percepção correta dos riscos assumidos por toda a sociedade caso ações efe-tivas não tomem forma. O alerta de Sérgio Bes-serman Viana é contundente “temos 100 meses para conseguirmos aquecimento global de 3ºC, senão podemos ter 7ºC de aquecimento, o que seria uma tragédia para a humanidade, dou uma dica para os investidores: nesse cenário, negócios vão morrer. Irão viver os que não emitirem gases de efeito estufa.” Já Luiz Carlos Trabuco Cappi, afirmou que “o Século 21 mostra a face dos ris-cos provocados pela mão humana, que afetam a natureza e se transformam em riscos integrados”, enquanto Ricardo Saad lembrou que o evento re-presentou uma quebra de paradigma no mercado brasileiro, ao trazer para o presente soluções que seriam postergadas para o futuro. “Saímos daqui com a visão de que devemos tomar decisões em nossas vidas, nossas empresas e na sociedade para reduzir riscos, mais importante do que mitigar riscos, é criar mecanismos para evitá-los”.

O resultado de debates de ideias que fomen-tem e incentivem atitudes conscientes trazem esperança nas soluções que partam de pessoas, empresas e sociedade para o bem comum, evi-tando riscos sempre que possível, e assumindo o compromisso de solucionar os inevitáveis.

“Saímos daqui com a visão de que devemos tomar decisões em nossas vidas, nossas empresas e na sociedade para reduzir riscos”

Marco Antonio Rossi, Diretor-Presidente do Grupo Bradesco de Seguros e Previdência, discursa sob as vistas de Ricardo Saad, Diretor-Presidente da Bradesco Auto /RE

Div

ulga

ção/

Cas

a da

Pho

to

Page 56: RVA 01-2009

VISÃ

O A

MBI

ENTA

L •

JUN

HO

/JUL

HO

• 2

009

56

VISÃ

O A

MBI

ENTA

L •

JUN

HO

/JUL

HO

• 2

009

56

INVESTIMENTOS

A Bolsa Eletrônica de Resíduos da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) com-pletou sete anos de atividade. Antes, o serviço criado em 1985 não estava disponível eletro-nicamente. Trata-se de um mecanismo de divulgação gratuito de ofertas de compra, venda e doação de re-síduos industriais recicláveis, contando, em média, com 100 acessos diários.

O objetivo é dar destinação aos resíduos, reduzir custos e con-tribuir com o meio ambiente. Para se ter idéia, a região metropolitana produz diariamente 15 mil toneladas de resíduo domiciliar e a indústria faz a sua parte ao criar mecanismos de destinação adequada.

Em 16 de abril de 2002, a Bolsa entrou em operação on-line, contabilizando 427 inscritos no ano. Em 2009, alcançou-se a marca de 2.100 empresas inscritas, ou seja, praticamente quin-tuplicou a procura desde que o serviço começou a ser oferecido pela Fiesp. Vinte e quatro Estados integram a iniciativa. Estão na liderança São Paulo - o interior é mais participativo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Paraná. As transações ocorrem prioritariamente em âmbito regional devido a questões operacionais e logísticas.

Os setores que mais procuram a Bolsa são in-dústrias (46%), recicladores (26%) e intermediários (20%), sendo, em sua maioria, pequenas e micro empresas (41%), médias (12%) e grandes (6%).

No balanço da bolsa, 66% dos produtos são ofertados contra 34% dos procurados, entre eles, plásticos, resíduos químicos, metal/metalúrgico, borracha e madeira/mobiliário.

Entre as vantagens, há duas de maior im-pacto: a conscientização de que resíduo não é lixo e sim um subproduto com potencial de comercialização, podendo dar lucro; e a redução de custos diretos de manuseio, armazenamento, transporte e destinação final, o cost avoid, que pesa no negócio. Para se ter idéia do quanto é

dispendioso dar destinação ao resíduo, no ater-ro o descarte custa de R$150,00 e R$ 300,00 a tonelada; a incineração, de R$ 2.000 a 3.000; e o co-processamento (queima em forno de cimento) de R$ 500 a 600 a tonelada.

Outros benefícios da iniciativa da Fiesp são a preservação e a melhoria da qualidade do meio ambiente e da saúde pública, o uso sustentável e racional dos recursos naturais, a valorização do resíduo que passa a ser utilizado como matéria-prima de outra empresa ou setor e a minimização de multas e/ou autuações.

Uma das conquistas a ser mais do que come-morada é que a Bolsa de Resíduos da Fiesp, como ferramenta, tem ampla aceitação em diversos setores, não só industriais, mas também gover-namentais e junto a ONGs.

Quintuplica número de

empresas cadastradas

desde que o serviço

é oferecido pela Fiesp

Completa sete anos de atividade com 2.100 empresas cadastradas e 24 estados participantes

Bolsa Eletrônica de Resíduos

SXC

A Mostra Fiesp/Ciesp de Responsabilidade Socioambiental, enquadra-se na política da entida-de de apoio à nova economia, tendo meio ambiente e sustentabilidade como eixos temáticos desta edição. A Revolução Industrial, Econômica, Ambiental, Social e Política no Pós-crise Mundial, serão os enfoques principais.Mostra Fiesp/Ciesp de Responsabilidade Socioambiental Quando: 25 a 27 de agosto - Horário: 9h às 18h Local: edifício sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), à Av. Paulista 1.313. Mais informações e inscrições: (11) 3549-4548. [email protected]

Page 57: RVA 01-2009

VISÃ

O A

MBI

ENTA

L •

JUN

HO

/JUL

HO

• 2

009

57

VISÃO SOCIAL

Emiliano Milanez Graziano da Silva

Banco de Alimentos Projeto Social de potencial ambiental

Todos sabemos que os padrões de consumo da sociedade atual são grandes estimuladores do desperdício. São milhares de produtos e “ne-cessidades” criadas que na sua maioria vão para o lixo, seja pela obsolescência tecnológica ou por serem descartáveis, gerando uma enorme quantidade de lixo destinada aos aterros sani-tários ou lixões.

O típico mau cheiro dos aterros e lixões é gerado pela matéria orgânica em decomposição, que em boa parte é formada pelo desperdício de alimentos.

Assim como papel, vidro, metais, plástico e outros materiais, os alimentos também podem ser reaproveitados, evitando que seu destino final seja o lixo, reduzindo os impactos ambientais de sua decomposição – mau cheiro, chorume, emissão de Gases do Efeito Estufa – GEE e suas conseqüentes contaminações.

O desperdício de alimentos, que começa no campo e termina na casa do consumidor, ultra-passa 1% do PIB (Produto Interno Bruto) nacional. Somente em São Paulo, as feiras livres produzem mais de mil toneladas/dia de lixo, composto por frutas, legumes e verduras. Dados da APAS -As-sociação Paulista de Supermercados- revelam outro número impressionante destas perdas: mais de 1,3 milhão de toneladas por ano que vão diretamente para o lixo.

Nos anos 70, um pesquisador alemão cal-culou que, com o volume de alimentos que o Brasil desperdiçava seria possível alimentar toda a população de seu país. Mas como combater esse problema?

Os Bancos de Alimentos surgiram como solu-ção e resposta a essa questão. Criados na década de 60 na cidade de Phoenix-EUA, espalharam-se pela Europa, México e, mais tarde, no Brasil.

Os Bancos de Alimentos brasileiros apresen-tam uma evolução do modelo inicial, até hoje praticado nos EUA. Aliam o trabalho de técnicos na seleção dos alimentos a um trabalho de edu-cação alimentar por meio do aproveitamento integral dos alimentos, consumo consciente e

cidadania. O primeiro Banco de Alimentos pú-blico do país foi criado em 24 de Novembro de 2000, pela prefeitura de Santo André e atende a milhares de pessoas, assistidas por uma centena de instituições sociais.

O objetivo principal do projeto é estabelecer uma parceria com empresas doadoras, para arre-cadar alimentos que depois de analisados, sele-cionados, re-embalados e etiquetados possam ser distribuídos para entidades p r e v i a m e n t e cadastradas. O trabalho desen-volvido em Santo André é uma refe-rência nacional e internacional mesmo sendo uma iniciativa pública.

As perdas ocorridas nos supermercados, depósitos de atacadistas e mesmo na indústria, por conta de embalagens danificadas, lotes com curto prazo de validade, problemas de rotulagem ou embalagem, somam milhares de toneladas de alimentos.

São produtos, inadequados para a comer-cialização, mas sem nenhuma restrição para o consumo humano que, uma vez doados aos Bancos de Alimentos serão retirados, sem ônus para o doador, e posteriormente distribuídos. O Banco de Alimentos opera essas trocas e garante a qualidade dos alimentos.

Uma das maiores dificuldades encontradas pelos programas de combate ao desperdício e a fome é a questão da responsabilidade Civil e Criminal dos doadores. Essa é a luta dos pro-gramas para que o Projeto de Lei denominado Estatuto do Bom Samaritano seja aprovado com urgência. Ele está em tramitação no Congresso Nacional desde 97, recebeu pareceres favoráveis em todas as comissões, não faltando nada para ser colocado em votação. Aprovado propiciará que ao invés de se transformar em chorume, GEE, ou agente de contaminação do solo, os alimentos sejam entregues a quem precisa.

O desperdício de alimentos, que começa no campo e termina

na casa do consumidor, ultrapassa 1% do PIB nacional

Div

ulga

ção

EMILIANO MILANEZ GRAZIANO DA SILVA

é engenheiro Agronômo, Consultor Especialista da

FAO/ONU e UNESCO e também Diretor da Tulipe Consultoria

em Projetos Sustentáveis – www.tulipeconsultoria.com.br

Page 58: RVA 01-2009

VISÃ

O A

MBI

ENTA

L •

JUN

HO

/JUL

HO

• 2

009

58

VISÃ

O A

MBI

ENTA

L •

JUN

HO

/JUL

HO

• 2

009

58

SXCABAL – Associação Brasileira do Alumínio

11 -5904-6450 - www.abal.org.br ABEAÇO – Associação Brasileira de Embalagem de Aço11- 3078-1688 - www.abeaco.org.br ABIVIDRO – Associação Técnica Brasileira das Indústrias Automáticas de Vidro 11- 3255-3033 - www.abividro.org.br ABRELPE - Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais11 - 3254-3566 - [email protected] - www.abrelpe.org.br Ana Cristina Barbosa e José Antonio Queijo Felix11 - 5078-8497 - [email protected] - [email protected] Antoninho Marmo Trevisan11- 3138-5002 - [email protected] - www.trevisan.com.br Atenas Consultoria Empresarial - José Antonio Gutierrez11 - 2283-2264 - [email protected] BRACELPA – Associação Brasileira de Celulose e Papel11- 3018-7800 - www.bracelpa.org.br BRADESCOSAC- 0800 704 8383 - www.bradesco.com.br BRADESCO SEGUROS0800 701 2703Butzke 47 - 3312-4000 - www.butzke.com.br Carlos R. V. Silva [email protected] Centro Nacional de Paraquedismoparaquedismo.boituva@hotmail.comwww.boituvaparaquedismo.com.br Clélia Regina Ângelo11- 3167-5956 - [email protected] Confederação Brasileira de [email protected] - www.cbpq.org.br Dado Castello Branco11 -3079-2088 - [email protected] Debora Aguiar 11- 3889-5888 - www.deboraaguiar.com.br Eco Shoes - ASSINTECAL 51 -3584-5200 - www.assintecal.org.br EIDES - Escola Industrial de Desenvolvimento Social11 - 7040-0302Emiliano Milanez Graziano da Silva [email protected] - www.tulipeconsultoria.com.br Etiquetas New Color48 -3433-1580 - [email protected] www.newcoloretiquetas.com.br Faber Castell0800 701-7068 - www.fabercastell.com.br

Fábio Galeazzo11- 3064-5306 - [email protected] - www.fabiogaleazzo.com.br Francisco Cálio11- 3031-4139 - [email protected] - www.calio.com.br Gilberto Natalini www.natalini.com.br Goóc 0800 771-5151 - [email protected] - www.gooc.com.br Helena Viscomi11- 3884-8185 - [email protected] - www.arqbrasil.com.br Intelbras0800 7042767 - www.intelbras.com.br ISWA 44 - 33 91- 44 91 - [email protected] - www.iswa.org Laércio Benko [email protected] Márcia Bueno Netto e Moema Werthelmer11- 3722-0463 / 5051-8323 - www.mbn.arq.br www.mw.arq.br Millennium Editora11 -2114-1700NR Ambiental - Nilberto Machado11- 2281-9751 - [email protected] Planalto Ind. Mecânica 62 - 3237-2400 - [email protected] www.planaltoindustria.com.br Plastivida – Instituto Sócio Ambiental dos Plásticos 11- 3816-2080 - www.plastivida.org.br Raul Lóis Crnkovic11- 5042-1703 - [email protected] Restaurante Badebec11 -5181-2155 - www.badebec.com.br Ricardo Caminada e Luciana Pastore11 - 3051-3979 / [email protected] [email protected] Ricardo Rossi11 -5821-0780 - [email protected] - www.ricardorossi.com Rodotec Ind. Com. e Prestação de Serviços Rodoviários 11- 3783-7800 - [email protected] - www.rodotec.com.br Rose [email protected] Solange Marchezinni11 - 8294-2375 - [email protected] Solarium Revestimentos0800 774-4747 - www.solariumrevestimentos.com.br Suvinil08000 117558 - www.suvinil.com.br Universidade Nove de Julho - Uninove www.uninove.br Welinton dos Santos 12-9194-5809 - [email protected] - [email protected]

AGENDA

FENASAN De 12 a 14 de agosto de 2009Das 13hs às 20hsExpo Center Norte - Pavilhão Amarelo

Av. Otto Baumgart, 1.000 Vila Guilherme - São Paulo- SP

11 - 3263 0484 / 3141 [email protected] www.fenasan.com.br

HIGIEXPO - Feira de Produtos e Serviços para

Higiene, Limpeza e Conservação Ambiental

De 05 a 07 de agosto de 2009 Das 13hs às 21hsCentro de Convenções Expo Center Norte

- Pavilhão VerdeRua José Bernardo Pinto, 333 Vila Guilherme - São Paulo - SP

www.higiexpo.com.br

Eco Business Show 2009 – Feira e Congresso Inter-

nacional de Ecologia e Sustentabilidade

De 01 a 03 de Setembro de 2009

Das 12hs às 21hs / Congresso das 8hs30 as 17hs30

Centro de Exposições Imigrantes

Rodovia Dos Imigrantes, Km 1,5 - São Paulo SP

F- 11- 3081-8860

[email protected] - www.meseventos.com.br

www.ecobusinessshow.com

MOSTRA FIESP/CIESP de Responsabilidade

Sócioambiental

De 25 a 27 de agosto de 2009

Das 9hs às 18hs

Edifício Sede da Federação das Indústrias do Estado de

São Paulo - Fiesp

Av. Paulista 1.313

F- 11- 3549-4548

[email protected] - www.fiesp.org.br

Page 59: RVA 01-2009

• Contabilidade em Regime de Outsourcing• Departamento Pessoal• Gestão de Benefícios• Escrita Fiscal• Planejamento Tributário:– Agilização na Homologação/Recuperação de Créditos junto às SRF e Fazenda Estadual– Administração de Passivo tributário com precatórios alimentares

ATENAS CONSULTORIA EMPRESARIALRua José Debieux, 35 cj 43 – Santana – São Paulo – SP – F. 11-2283-2264

www.atenasconsultoria.com – [email protected]

ECONOMIZE CAPITAL E DEFENDA SEUS DIREITOS!

n Consultoria para certificação ambiental (ISO 14000).n Análise e otimização de processos de produção. Diminuindo custos operacionais diretos e indiretos, melhorando a qualidade de produtos e serviços, e reduzindo o consumo de recursos naturais.n Contratação e intermediação de seguro ambiental.n Licenciamento junto aos órgãos ambientais (SVMA - Depave, IBAMA).n Elaboração de Relatórios de Impacto Ambiental (EIA-RIMA).n Assessoria na elaboração de Termos de Compromisso Ambiental.n Administração de passivo ambiental.n Projeto e planejamento de usinas de reciclagem – Projetos Turn-key.n Venda de máquinas e equipamentos para reciclagem de pneus, plásticos, RCD, madeira e outras.

NR AMBIENTAL

Somos importadores de sacolas de supermercado

biodegradáveis e personalizáveis com sua

logomarca. Temos preços e condições extremamente competitivas em relação às

sacolas convencionais

NR AMBIENTALRua José Debieux, 35 cj 42 – Santana – São Paulo

F. 11 2281 [email protected]

Consulte!

Page 60: RVA 01-2009

Compilação de dados segmentados provenientes de institutos de pesquisa, entidades e

associações setoriais, concentrados de forma clara, objetiva e didática numa publicação única.

INFORMAÇÕES: www.abrelpe.org.br

INFORMAÇÃO ATUALIZADA, ISENTA E CONFIÁVEL

Acesso amplo e irrestrito – transparência e atitude ABRELPE para democratizar conhecimento

e dar suporte ao setor de resíduos.