rtro magazine junho/julho 2011

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Junho/Julho 2011

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10 número da revista rtro , revista de moda e lifestyle, portuguesa.

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rtro

Junho/Julho 2011

Índice

rtro

4 Focus on designers: Sonia Rykiel

36 Ler. Ver. Ouvir.

10 Hippies: um movimento de contracultura.

16 Model oF THe MoMenT: Rick Genest

40 rTro ir...42 WisHlisT

32 Peça da Edição: Straw Hats

22 sTop BiTcHing! sTarT a revoluTion

rtro.magazine

rtro.wordpress.com

[email protected]

Editora-chefeMargarida Cunha

RedactoresMargarida Cunha

Pedro CunhaAdriana Couto

Catarina OliveiraAndreia Mandim

Marlene RibeiroMariana Sousa Santos

Catarina FerreiraCátia Sá

Mónica DiasAna Filipa Sousa

FotografiaCatarina Oliveira

Adriana Couto

PaginaçãoManuel Costa

ModelosAna Isabel Rodrigues

ediTorial

rtro

O 10º número da RTRO surge já em ambiente de Verão. Os

festivais já são anunciados na TV, os dias de calor intenso já

se fizeram sentir e as revistas femininas já dedicam um grande

número de páginas aos seus especiais Corpo/Forma/Verão.

Desviando-nos um pouco desse padrão de conformidade e

previsibilidade, optámos por focar as revoluções como tema

central. Num cenário nacional de transição política, recorda-

mos o período hippie e questionamos a capacidade de mobi-

lização da sociedade. O espírito transcende as cores políticas

e estende-se às mais variadas expressões criativas. É assim que

Junho traz a eterna rebelde Sonia Rykiel e o modelo em ascen-

são Rick Genest, verdadeira personificação do free spirit. Traz

também muitas propostas culturais e locais a visitar – porque a

cultura reserva para si o papel de porta-voz da revolução.

Esperamos que desfrutem desta edição num tempo de

pausa bem passado. Pode ser sob o conforto de um simples

chapéu de palha, a peça protagonista deste mês. Rebeldes,

sim, mas nunca sem um chapéu nem um SPF inferior a 30.

Margarida Cunha

Editora-Chefe

4 – 5 | rtro

sonia Rykiel nasceu em 1930, em

Paris. Considerada a “Rainha das

Malhas” Sonia iniciou o seu império

ao precisar de uma camisola macia

para usar enquanto estava grávida.

Criou a sua própria sweater, e foi

experimentando com costuras do

avesso e escondendo bainhas. Por

pensar fora da casca, Sonia atingiu a

fama rapidamente, com as suas famo-

sas camisolas onde se vê claramente

a costura e com letras.

Focus on

designersSonia Rykiel

por Catarina Oliveira

De facto, a imagem de marca tornou-

se a lã fina, em cores acima de tudo como

o bege, azul e rosa. O colorblocking faz

parte também do cunho de Rykiel. O

seu sucesso atingiu um patamar ainda

mais global ao desenhar peças para a

H&M no final de 2009. Primeiro, uma

colecção de lingerie e, posteriormente,

uma gama de pronto a vestir, esgotando

quase imediatamente por todo o mundo.

Desde 1995 que a sua filha, Nath-

alie Rykiel, é directora artistíca da mar-

ca e, em pareceria com a mãe, mantém

intemporais os designs Sonia Rykiel.

A colecção de Primavera/Verão 2011 é

marcada por uma descontracção colorida.

Os chapéus e cordas de seda, com grandes

contas penduradas ao pescoço, dão-lhe

um ar requintado, associado à malha

fina dos vestidos e conjuntos, fresquíssi-

mos para a estação mais quente. O am-

arelo, padrões arrojados e, claro, color-

blocking são predominantes na colecção.

Focus on Designers

Soni

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011

Focus on Designers

Para o Outono/Inverno 2011-2012,

Sonia mostra-nos um lado mais sofisti-

cado. O vermelho marca forte pre-

sença, assim como as riscas e quadra-

dos. Os casacos são grandes e parecem

definir-se como a peça-chave para o

frio, usados mesmo por cima de magní-

ficos vestidos elegantes e de cor forte.

De notar que, ao contrário de mui-

tas grandes marcas, Sonia Rykiel pro-

duz desfiles cheios de boa disposição. As

modelos não estão sérias e desfilam sem

pestanejar. Sorriem para a plateia e ema-

nam energia. No final, não há uma fila

indiana, mas sim um grupo grande de

raparigas divertidas que mostram que as

roupas de Sonia Rykiel são fáceis de usar

e trazem alegria garantida. Uma imagem

que marca claramente a diferença. c

Soni

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vern

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11-1

2

8 – 9 | rtro

Hippiesum movimento de contracultura.

Os anos 60 marcaram o avanço dos novos tempos com a luta por novos

ideais e a necessidade de descoberta pessoal pelos jovens. Estas revoluções,

que tomaram dimensões sociais, exigiram uma mentalidade mais tolerante

por parte dos cidadãos. Era importante seguir as tendências para poder co-

existir em sociedade.

por Monica Dias

10 – 11 | rtro

O novelo dos anos 60

A década de 1960 pode ser encarada

como um novelo, cujos acontecimentos

se sucederam por intermédio de outros.

Toda a acção decorria nos Estados Unidos

da América, acabando mais tarde por se

estender ao resto do mundo.

Foi precisamente em 1960 que apare-

ceu a pílula. Este novo método contracep-

tivo revolucionou os hábitos sexuais, até

então tabu, que começavam cada vez mais

a ser debatidos entre os jovens. Para além

disso, à ideia da emancipação feminina –

as mulheres entravam em cada vez maior

número no mercado de trabalho e nas uni-

versidades – somava-se agora a noção de

sensualidade com ícones femininos que

vinham a revolucionar a moda e o mundo

do cinema desde os anos 50, como foi o

caso de Marilyn Monroe. A mulher revela-

va-se cada vez mais independente e preo-

cupada com a sua imagem.

Com as evoluções sociais que se suce-

diam, alguns direitos começaram a ser

exigidos. Desta feita, não foi só a mulher

quem tentou ganhar voz na sociedade. As

diferenças raciais começaram finalmente

a tentar ser apagadas. A discriminação

racial começou a ser contestada e conde-

nada, sobretudo depois do discurso de

Martin Luther King.

Mais tarde, as revoluções estudantis

e pouco depois o aparecimento do movi-

mento Hippie mostrou o culminar de uma

geração liderada por jovens e ideias pós-

modernistas. Para além disso, nessa socie-

dade pós-moderna as tecnologias começa-

vam a estabelecer uma relação íntima com

a cultura contemporânea dando ênfase à

noção de cibercultura.

Esta foi uma década de descoberta mas

sobretudo o apogeu de desenvolvimentos

que se encontravam em mutação desde

os anos 20. Para continuar a acompanhar

esta evolução, a sociedade precisava de

uma mentalidade mais tolerante, capaz de

aceitar tantas transformações.

E então apareceram os Hippies…

Nos anos 60, nos EUA, os jovens

começaram a questionar os valores que

regiam a sua sociedade. Debatendo-se

contra os modos de vida com que estavam

familiarizados criaram uma comunidade,

concebendo as suas próprias regras que

tinham, como expoente máximo, o amor

livre e a não-violência.

O termo hippie é proveniente de hip-

ster, alcunha que denominava aqueles que

se misturavam com os cidadãos de raça

negra. Os comportamentos dos Hippies

foram influenciados pelos Beatniks ou

Geração Beat, que os antecederam e que

eram compostos por artistas e escritores.

Os Hippies adoptaram um estilo de vida

completamente diferente daquele a que

a sociedade norte-americana estava acos-

tumada: auto-denominavam-se de nóma-

Hippies

12 – 13 | rtro

das, negando todo o tipo de violência e o

nacionalismo. Estavam contra a Guerra

do Vietname e defendiam que devia exi-

stir sempre “paz e amor” entre todos e –

como vieram mostrar à sociedade a forma

como o Ser Humano havia dominado a

natureza – eram avaliados negativamente

pela grande massa norte-americana. Este

movimento de contracultura acreditava

em filosofias como o hinduísmo ou o bud-

ismo ou em religiões de culturas nativas

norte-americanas, fazendo da meditação

quase uma norma.

A sua imagem de marca eram os longos

cabelos e, no caso do sexo masculino, tam-

bém a barba comprida, para fugir àquilo

que os demais achavam aprimorado. Ves-

tiam maioritariamente peças coloridas,

entre as quais camisas tingidas e calças de

boca-de-sino, inspirando-se fundamen-

talmente no estilo de roupa indiana. A

nível musical apreciavam sobretudo rock,

rock psicadélico, trance, blues e folk.

Influenciados por Mahatma Gandhi e

Martin Luther King, não assumiam uma

postura política, preferindo os protestos

contra a Guerra do Vietname à defesa

de qualquer um dos partidos políticos.

Tendo a paz como principal preocupação,

este movimento adoptou, como ícone

dessa luta, um símbolo retirado de uma

campanha pelo desarmamento nuclear,

em Inglaterra.

Ao amor livre juntou-se a revolução

sexual, o uso de drogas e de alucinogé-

nios. Os Hippies moveram barreiras e

passaram fronteiras, estendendo o movi-

mento por todo o mundo. Ainda hoje

são motivo de inspiração para muitos

cidadãos que não se revêem nas conven-

ções sociais. c

Hippies

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Model oF THe MoMenT:

Rick Genest - Mugler’s favourite zombie

PerfilNome: Rick GenestIdade: 25Naturalidade: Montreal, CanadáModelo desde: 2011Campanhas / Runway/ Press: Mugler F/W 2011, Video de “Born this way” de Lady GaGa, iD Magazine, Vogue Hommes Japan, Arena Homme, GQ Style.

por Catarina Ferreirafotografia Mugler Campaign

Bio: Rick Genest nasceu em 1985 num

pacato subúrbio de Montreal, Canadá. O

conservadorismo dos seus pais levou-o a

concluir o ensino secundário e a sair de

casa antes de cobrir o seu corpo com as

tatuagens que o tornaram tão conhecido

e único. A primeira foi feita aos 21 anos,

após ter conhecido o tatuador Frank Lewis,

que continua a ser o seu artista de eleição.

Três anos depois, Rick é sem dúvida um

modelo bastante fora do comum, sendo

o seu corpo uma tela onde pintou um re-

trato de um cadáver em decomposição:

um tributo aos filmes de terror que tanto

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tyle

UK

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adora.

A sua imagem peculiar tornou-o

bastante conhecido no circuito under-

ground de Montreal, onde actuava num

circus of horrors. O seu truque consistia

em deitar-se sobre uma cama de pregos.

No entanto, a falta de dinheiro obrigou

Rick a viver na rua, até ao dia em que Nico-

la Formichetti (director criativo da Mu-

gler) descobriu este diamante em bruto.

Foi ao fazer uma tatuagem que Nicola

ficou a saber quem era o tão (des)con-

hecido Zombie Boy. A partir daí, soube

que precisava de Rick para dar um toque

único e invulgar à sua colecção. Esta con-

sistia de peças bastante formais e “lim-

pas” mas, ao olhar para as imagens de

Rick, Nicola mudou a colecção por com-

pleto, tornando-a mais gótica e tirando

o máximo partido da essência de Rick.

O próximo passo de Formichetti foi

contactar Rick com a possibilidade deste

fazer um pequeno filme em Paris. Con-

tudo, Genest encontrava-se sem passa-

porte e com várias multas por pagar, por

dormir em espaços públicos. Foi aqui que

Nicola reuniu várias peças, o seu man-

ager e o seu amigo e fotógrafo Mario Vi-

vanco e foram ao encontro de Rick em

Montreal. O produto final da sessão

foi a actual campanha visual da Mugler.

O objectivo inicial de Nicola para apre-

sentação da sua primeira colecção para a

Mugler era fazer a projecção do pequeno

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UK

filme de Genest durante Fashion Week

em Paris. No entanto, após ter mostrado

a visual campaign a Lady GaGa, esta con-

venceu-o a realizar um desfile durante a

semana de moda parisiense com a presen-

ça de Rick Genest como modelo principal.

O vídeo com Genest foi projectado du-

rante o desfile de menswear de Outono/

Inverno de 2011 e este voltou a marcar

presença no desfile de pronto-a-vestir fem-

inino da mesma estação, que contou tam-

bém com Lady GaGa. A projecção de Genest

de fashion darling para o mainstream ac-

onteceu com a participação deste no vídeo

“Born this way” de Lady GaGa, onde ela

aparece com body paint a emular as tatu-

Model Of The Moment

20 – 21 | rtro

agens de Rico, como também é conhecido.

Rick Genest é agora presença habit-

ual nos concertos de GaGa e também

em várias publicações de moda mas-

culinas: Vogue Hommes Japan e GQ.

Os olhos do mundo da moda es-

tão agora em Genest. Resta-nos saber

se sobrevirá ao hype de uma indústria

em constante mudança. No entanto, é

um modelo que nunca será esqueci-

do, não só pela sua originalidade mas

pela vida que deu à marca Mugler. c

22 – 23 | rtro

sTop BiTcHing!sTarT

a revoluTion por Margarida Cunha

fotografia Catarina Oliveiramodelo Ana Isabel Rodrigues

A 12 de Maço de 2011 ocorreu por

todo o país o manifesto da Geração à Ras-

ca. O que começou como um movimento

espontâneo, sem qualquer formalidade

ou inclinação partidária, viria a tornar-se

rapidamente num fenómeno nas redes

sociais. Os seus criadores apontavam para

uma participação cívica na ordem das 60

000 pessoas. Saíram às ruas cerca de 300

000. Os objectivos primordiais consis-

tiam, como pode ler-se no site oficial, na

oposição “à deterioração das condições de

trabalho e ao desmantelamento dos direi-

tos sociais” e na demonstração de que as

“teorias acusatórias de apatia e conform-

ismo” são um mito. Contudo, o movimen-

to tomou proporções imprevisíveis – um

rastilho que os media contribuíram para

acender. Os ecos da Geração à Rasca fiz-

eram sentir-se em Espanha, onde muitos

jovens – envolvidos em movimentos cívi-

cos nas praças de todo o país – citam o

exemplo lusitano como uma inspiração.

Fugindo ao rótulo de fenómeno e am-

bicionando ir mais além de uma mera

manifestação, os

criadores do movi-

mento português

deram origem ao

Movimento 12 de

Março (M12M).

Trata-se de um

projecto “informal,

não hierárquico,

apartidário, laico

e pacífico que de-

fende o reforço

da Democracia em todas as áreas da

nossa vida” - apelando, em síntese, a

uma cidadania mais participativa.

Apesar deste cenário, impor-

ta questionar: seremos ainda ca-

pazes de nos revolucionarmos?

O conceito de revolução é generica-

mente explicado como uma mudança

fundamental, num curto espaço de tem-

po, numa estrutura – geralmente, ao nível

do poder ou da organização. As teorias

tradicionais referem que uma revolução

tem por base um estado geral de insatis-

Stop Bitching!

24 – 25 | rtro

fação, resultante de

condições de sobre-

vivência extremas.

Assim, uma deter-

minada população

deveria encontrar-se

numa situação de

carência ou necessi-

dade intensa por for-

ma a rebelar-se. Con-

tudo, James Davies

– referência no que

diz respeito ao estudo das revoluções –

afirma que, em condições de carência ex-

trema, a única preocupação é sobreviver.

Atesta ainda que, apenas numa fase de

relativo bem-estar, é possível despender

de tempo e recursos para se pensar numa

iniciativa revolucionária. Além de que, se-

gundo McCarthy & Zald, certas carências

e frustrações podem ser criadas e modela-

das por determinados grupos, consoante

os seus interesses. Ainda assim, as rev-

oluções costumam ser precedidas de um

cenário comum. De acordo com Davies,

este envolve, geralmente, um país eco-

nomicamente avançado, em que um longo

período de um bom nível de vida e de altas

expectativas conhecem um golpe inespera-

do. A esta condicionante podem eventual-

mente juntar-se um confronto de classes

– resultante do aproveitamento de uma in-

ferior por outra superior; a insatisfação da

classe intelectual – onde nascem concep-

tualmente as revoluções; um governo in-

competente e com reduzida capacidade de

liderança; irresponsabilidade financeira

por parte das instituições responsáveis e

o uso desequilibrado da força – traduzido

em tratamento diferenciado, julgamen-

tos injustos, brutalidade policial, etc.

Actualmente, a sociedade ocidental

vive um tempo de relativa estabilidade

global – alguns autores referem que o

período em que vivemos trata-se de um

capítulo histórico excepcional no que con-

cerne à disponibilidade de recursos. Os

direitos fundamentais dos cidadãos estão

garantidos na Lei. Gozamos de relativa

igualdade e liberdade de expressão. Numa

conjuntura deste tipo, haverá lugar para

as revoluções? Os investigadores Polleta

& Jasper notam uma mudança na génese

dos movimentos sociais. Estes já não são,

dizem, orientados para a obtenção de

benefícios económicos ou políticos, mas

para a mudança nos códigos culturais e

normativos dominantes. É neste contex-

to que realçam a importância daquilo a

que chamam de free spaces, instituições

fora do alcance do controlo ideológico das

estruturas de poder. Em espaços como

estes é igualmente possível a formação

de identidades colectivas: grupos fluídos

de pessoas unidas por interesses comuns,

que emergem da interacção com difer-

entes públicos – nomeadamente, aliados,

opositores, os media, autoridades estatais,

etc. Será esta a chave para uma maior con-

sciência colectiva?

As empresas – com o intuito de reforçar

os laços entre equipas de trabalho, para

uma consequente melhoria na produtivi-

dade – adoptam muitas vezes estratégias

de team building. Muito em voga estão as

casual fridays (sextas-feiras informais):

dias em que os trabalhadores são encora-

jados a vestir-se e comportar-se de forma

mais casual. Será que é disso que a socie-

dade precisa? De um casual day, em

que as pessoas são encora-

j a d a s a

Stop Bitching!

26 – 27 | rtro

abandonar as rotinas quotidianas por for-

ma a reflectirem um pouco mais acerca do

que as rodeia? Talvez não nos revolucione-

mos porque não precisamos realmente de

o fazer. Ou talvez o preço a pagar pelo

conformismo não seja tão elevado, quan-

do comparado aos esforços que uma rebe-

lião pressupõe. Talvez

estejamos à espera

de alguém que

se chegue à

frente. Ou

talvez já não haja líderes suficientemente

carismáticos para nos moverem rumo à

mudança. Ou talvez resmunguemos de

vez em quando porque era tudo o que pre-

cisávamos de fazer. Porque acreditamos

que poderíamos mudar, se quiséssemos,

mas optamos sistematicamente por não

o fazer. Ou, pura e simplesmente, talvez

sejamos cobardes.

As revoluções parecem reduzidas a

fenómeno histórico ou guião de filme,

porque um banho de sangue em que mor-

rem milhares de pessoas resulta melhor

nas mãos de um realizador do que nas

de um verdadeiro tirano. Talvez revolu-

cionarmos-nos seja demasiado primitivo

– ou talvez nos torne em algo igual ou pior

àquilo contra o que nos insurgimos.

Não será por falta de condições, pois

– hoje mais do que nunca – temos voz e

meios de a fazer ouvir. Talvez sejamos

demasiado individualistas e indifer-

entes ao outro. Talvez precisemos de

acordar a consciência individual antes

de apelarmos a movimentos colectivos.

Talvez não haja nada por que lutar.

O manifesto da Geração à Rasca – que

juntou muitos jovens mas também mui-

tos pais – chegou a ser criticado por não

ter realmente sentido – ninguém tem

culpa da conjuntura, a economia é cí-

clica, certo? Contudo, o que se viu talvez

não tenha sido a reivindicação de algo

que se perdeu mas um luto de sonhos

que nunca se concretizaram. Talvez se

tenha tratado de um desfile que juntou

300 000 expectativas falhadas, promes-

sas de bem-estar que os nossos pais nos

contaram como histórias de embalar.

Histórias com um twist inesperado no

guião. Histórias de vida com final aberto,

que nos compete a nós protagonizar. c

28 – 29 | rtro

LEITURAS DE APOIO:

Davies, J. (1962) 'Toward a Theory of

Revolution' [Onine] [http://www.jstor.org/

pss/2089714, acedido em 29/05/11].

McCarthy, J. & Zald, M.(1987) 'Resource

Mobilization And Social Movements: A Par-

tial Theory' [Onine] [http://www.jstor.org/

pss/2777934, acedido em 29/05/11].

Polletta, F. & Jasper, J. (2001) 'Collective

Identity And Social Movements' [Onine]

[http://www.jstor.org/pss/2678623, ace-

dido em 29/05/11].

30 – 31 | rtro

Aleksandra K. lookbook

32 – 33 | rtro

Peça da edição:

sTraW HaTspor Mariana Sousa Santos

Há já vários anos que os chapéus voltaram a estar na moda

e começou a ser mais frequente ver pessoas a usá-los nas ruas.

Mais recentemente, com a explosão de flores e estilo boémio

que temos vindo a assistir nas lojas, voltaram também os cha-

péus de aba mais larga, principalmente os de palha. O uso do

chapéu unissexo (boinas, chapéu de abas mais curtas ou pala de

outros tecidos) foi assim substituído pelo gosto por um estilo

mais feminino, alegre e natural.

Vivien Leigh - E Tudo o Vento Levou (1939)

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Joe Montes lookbook

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look

book

34 – 35 | rtro

Pela associação recorrente à praia é

bastante certo que vamos ver os chapéus

de palha bastantes vezes este verão, quer

nestes ambientes, festivais, ou qualquer

outra ocasião mais descontraída. É sem

dúvida um acessório que muito ajuda

a compor o estilo mais hippie e retro

que tem estado em voga nesta estação.

Aqui ficam alguns exemplos de out-

fits encontrados no site Lookbook

(http://lookbook.nu) que nos mostram

como podemos reavivar uma peça que

pode alegrar o visual mais simples,

com algumas dicas masculinas muito

úteis para um ar casual e vintage. c

Joe Montes lookbook

Kelsi

e Sh

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n lo

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ler. ver. ouvir.por Marlene Ribeiro

36 – 37 | rtro

Livro

O dia 25 de Abril de 1974: 76 fotografias e um retrato

Autores Alfredo Cunha (fotografia) e Adelino Gomes (texto)

Editora Contexto Editora

Ano 1999

Tinha pouco mais de 20 anos e saiu à rua a 25 de Abril de 1974 para gravar a

história e as estórias que ela encerra. Nesse dia, gastou 40 rolos. Foi a primeira

grande reportagem de Alfredo Cunha, fotojornalista com quase quarenta anos

de carreira.Adelino Gomes, jornalista e ex-provedor da RDP, escreve as legendas

e os textos.

DVD

Dez Curtas-Metragens Portuguesas: Festival Indie

Género Indie

Editora DVD zero Comportamento

Ano 2011

Dez curtas-metragens portuguesas inéditas. Três estão no primeiro DVD e

venceram o prémio “Novo Talento Fnac Cinema”. As restantes sete, no segundo,

foram escolhidas nas várias edições do Indie Lisboa.

1º DVD

7 Outside, de Sérgio Cruz, 2008

7 Quatro Cenas de Visionary Iraq, de Gabriel Abrantes e Benjamin Crotty, 2009

7 Carne, de Carlos Conceição, 2010

2º DVD

7 Estrela da Tarde, de Madalena Miranda, 2004

7 Assembleia, de Leonor Noivo, 2006

7 China, China, de João Pedro Rodrigues e João

Rui Guerra da Mata, 2007

7 Paisagem Urbana com Rapariga e Avião, de

João Figueiras, 2008

7 Pássaros, de Filipe Abranches, 2009

7 Fuera de Cuadro, de Márcio Laranjeira, 2010

7 A History of Mutual Respect, de Gabriel

Abrantes e Daniel Schmidt, 2010.

Ler. Ver. Ouvir.

38 – 39 | rtro

Disco

The Best of Suede

Artista Suede

Editora Farol Música

Ano 2011

Uma das reuniões mais aguardadas. Anunciaram no início do ano passado uma

mini-tournée pela Europa e depois a edição de um best of. Do segundo caso,

apetece dizer que a montanha pariu um rato. Brett Anderson escolheu as 35

faixas do CD duplo, mas pouco de novo ofereceu aos fãs. O primeiro disco parece

a colecção de singles da banda. Em compensação, o segundo apresenta alguns

B-sides e canções menos conhecidas que precisavam de ver a luz do dia. Ainda

assim, não passa de um leviano “olá, andamos por aqui”. E, contudo, para quem

não conhece Suede, é um óptimo cartão de visita. É uma amostra dos contrastes

do pop que na dicotomia do complexo e do banal sempre marcaram a sua música

e a sua carreira.

László Moholy Nagy

rtro ir...por Marlene Ribeiro

40 – 41 | rtro

BRAGA

Exposições

O quê? Comércio: Objectos com Memória

Quando? Até 2 de Outubro, de 3ª a do-

mingo

Onde? Torre Medieval do Museu Pio XII

Música

Quem? Orquestra Académica da Universi-

dade do Minho

Quando? 17 de Junho, 21h30

Onde? Theatro Circo

Quem? Secret Chiefs 3 + Wooden Wand

Quando? 26 de Junho, às 22h00

Onde? Vila

Barcelos

Música

O quê? GSM Fest

Quem? Men Eater, W.A.K.O. e Coldfear,

entre outros

Quando? 16, 17 e 19 de Junho

Onde? Termas de Eirogo

PORTO

Música

Quem? Laurie Andersen

Quando? 5 de Junho, 22h00

Onde? Casa da Música

Quem? Ryan Adams

Quando? 17 de Junho

Onde? Teatro Sá da Bandeira

Quem? Kyuss Lives!

Quando? 22 de Junho, às 21h00

Onde? Hard Club

Quem? Boris + Russian Circles + Saade

Quando? 25 de Junho , às 21h30

Onde? Hard Club

Teatro

O quê? Os 39 Degraus, adaptado do

clássico de Hitchcock

Quando? Até 12 de Junho

Onde? Teatro Rivoli

WisHlisTAqui ficam as sugestões da redacção da rtro para os meses de Maio e Junho!

Óculos de sol H&M (shop.hm.com) - Óculos de sol dão sempre jeito e gosto destes em particular

pela sua originalidade, sendo quase teashades mas não o modelo clássico. Infelizmente ainda não

os vi em nenhuma H&M por cá, e até no próprio site da marca estes só aparecem na página do

Reino Unido, daí o preço em libras. É pena. 6,99£

por Mariana Sousa Santos

Óculos de sol Demi (www.westrags.com) - Porque

o Verão está quase a chegar, os óculos de sol são

o acessório ideal para enfrentar com estilo o cal-

or que se aproxima! 8,9€

por Adriana Couto

42 – 43 | rtro

Mala Castanha (queenswardrobe.com) - Uma mala funcional para o dia-a-dia. Para a

universidade ou simplesmente um passeio pela cidade, esta mala serve para levar tudo

o que precisas e marcar a diferença!

por Catarina Oliveira

Top Branco T by Alexander Wang (lagarconne.com) - Está

demasiado calor lá fora para não querer este top. É a peça

fresca ideal para este verão. Combina com tudo o que tens no

armário e a sua forma com botões a todo o comprimento dá-

lhe um ar fora do comum e extremamente fashion.

por Catarina Oliveira

Trench coat Burberry (uk.burberry.com) - A reinvenção do clássico

trench com um toque punk. Perfeito para contrastar com um vestido

bastante feminino. 4999£

por Ana Ferreira

Óculos de sol Gucci (www.net-a-porter.com/) - Uns ócu-

los de sol rectangulares, oversized, com um pormenor de

quebra na regularidade nas hastes.Uma versão discreta e

muito bonita do acessório essencial desta estação. 250€

por Marlene Ribeiro