rom.pe. lagrange

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Saint Paul. Épître aux Romains LAGRANGE, Marie-Joseph. Paris: Lecoffre J. Gabalda, 1950, p. 189-223. Tradutor: frei Manoel Borges da Silveira Ler o capítulo 8 da epístola - cf B. de Jerusalém. Comentário ao capítulo 8: A vida no Espírito. Os filhos de Deus. O amor de Deus por nós. (Tradução sem as notas e rodapés). O capítulo 8 é independente do precedente e do seguinte, forma em si mesmo uma unidade, como exposição do que há de mais sublime na vida cristã. Contudo, podemos reconhecer nesta exposição três partes bastante distintas: a vida do espírito, garantia de ressurreição (1-11); a qualidade de filhos de Deus, garantia da vida gloriosa junto de Cristo (14-30); e o amor de Deus por nós, garantia de que não seremos separados dele (31-39). Esta perspectiva sublime, tão segura da parte de Deus, supõe que os cristãos estejam decididos a viver a vida espiritual; Paulo devia mostrar- lhes o risco que eles corriam seguindo a carne; é o que constitui a passagem entre as duas primeiras partes (12- 13). Existe em todo o capítulo uma espécie de ascensão do pensamento, que acompanha um sentimento cada vez mais intenso. A vida espiritual já aparece com uma força nova que permite acompanhar a justiça, torna-nos agradáveis a Deus, e nos faz esperar a ressurreição da carne, sempre engajados na luta. A vida segundo a carne apresenta-se ainda como uma possibilidade temível que conduziria à morte. Mas, a presença do Espírito assegura-nos que somos filhos de Deus; isto é, portanto a herança com Cristo. A criatura aspira esta libertação dos filhos de Deus e nós mesmos a aspiramos; mas isso é ainda uma esperança. Então, o Espírito nos leva numa súplica que Deus atende. E o próprio Deus preparou tudo para nosso bem. Na perspectiva

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Saint Paul. ptre aux Romains LAGRANGE, Marie-Joseph. Paris: Lecoffre J. Gabalda, 1950, p. 19-!!".#rad$%or: frei Ma&oel 'or(es da )il*eiraLer o captulo 8 da epstola - cf B. de Jerusalm.Comentrioaocaptulo8! "#idano$sprito. %sfil&osde'eus. %amor de 'eus por n(s. +#rad$,-o se. as &o%as e rodap/s0.1cap2%$lo/i&depe&de&%edoprecede&%eedose($i&%e, for.ae.si.es.o$.a$&idade, co.oe3posi,-odo4$eh5de.aiss$bli.e&a*idacris%-. 6o&%$do, pode.osreco&hecer &es%ae3posi,-o%r7spar%esbas%a&%edis%i&%as: a*idadoesp2ri%o, (ara&%iaderess$rrei,-o+1-1108 a4$alidadedefilhos de 9e$s, (ara&%ia da *ida (loriosa :$&%o de 6ris%o +1;-"008 e o a.or de9e$spor &ir al($.acoisa8 por%a&%o, Kporcausa do pecado cometido e por causa da !ustia e#ercidaL +Lie%>0. J cer%o 4$edepois do cap. I, Pa$lo olha para fre&%e e e3or%a para a *ida cris%-. A :$s%i,a,a4$i, es%5 co&for.e o *. ;. Jo pe&sa.e&%o de A(os%i&ho, pelo .e&osi.plici%a.e&%e, por4$e ele e&%e&de por causa do pecado, dos pecados para os4$ais o corpo i&cli&a-se, .as aos 4$ais o esp2ri%o resis%e. Mais clara.e&%e opse$do-Pri.5sio: o Esprito vive e vivifica, a fim de que cumpramos a !ustia.1s dois se&%idos es%-o e. co&for.idade co. o do(.a cris%-o: a:$s%ifica,-o, rai>da*idaespiri%$al8o$a*idaespiri%$al co.ofo&%edasboasobras8 o se($&do es%5 .elhor si%$ado. A prese&,a do Esp2ri%o de 9e$s &a al.a, &-o ficar5 se. efei%o .es.o paraocorpo.$quele, queressuscitou%esus, vivificar, tam&m, vossoscorposmortaisdi> Pa$lo. KMor%oL &o *. 10, di> a(ora K.or%aisL acresce&%a&doK*i*ificar5L, %al*e> para e.pre(ar $.a e3press-o .ais a.pla, aplicada .es.oaos 4$e a che(ada de Jes$s e&co&%rar *i*os. Es%es ser-o, %oda*ia,%ra&sfor.ados. Pa$lo &-o falaria da ress$rrei,-o da car&e, %o.a&do Kcar&eL e.$.se&%ido pe:ora%i*o, .as, .elhor, da ress$rrei,-o dos corpos, a(ora,i.or%ais. A ress$rrei,-o do 6ris%o / a fi($ra da &ossa +M 6or I, 1;8 MM 6or ;, 1;8Ail ", !18 M #s ;, 1;0. A a,-o pessoal de $. a(e&%e foi defe&dida pelos Padresdo s/c. MN. N-o foi $.a 4$es%-o de co&s%r$,-o de frase, por4$e &o *. 9 / be. oEsp2ri%o de 6ris%o 4$e habi%a &os fi/is. A4$i, Jes$s / ress$sci%ado por 9e$s e.s$a &a%$re>a h$.a&a.1!-1". +ma *ra#e ad#ert,nciaEs%es *ers2c$los s-o $. corol5rio de %$do o 4$e precede, depois do cap. I eresol*e. %odas as ob:e,=es do I, 1.15. Mas ao .es.o %e.po eles ser*e., o *.1", sobre%$do, &a%ra&si,-oparao4$ese($e.A afir.a,-oda*idaser5a2a.pla.e&%e co&fir.ada. 1 %er.o Kde*edoresL / e. (eral .a&%ido, se:a co.oobri(a,-o ao ser*i,o, se:a por (ra%id-o. Es%e seria o se($&do se a frase fosseposi%i*a: KSomos, portanto, devedores ao espritoL. Mas co.o se %ra%a da car&e,a 4$es%-o do reco&heci.e&%o &e. se coloca. N-o es%a.os a se$ ser*i,o +cf.1,1;0. A ideia posi%i*a seria 4$e se / de*edor se($&do o esp2ri%o8 .as Pa$lo%er5 .$i%as o$%ras coisas a di>er sobre o Esp2ri%o8 ele e&cerra o 4$e se refere ?car&e.1 prada +!-"00.1;-1E. %s fil&os e os &erdeiros de 'eusJ colocada e. rele*o a pala*ra KfilhoL: es%es s-o de *erdade filhos de 9e$s,e.*e>dosi.plesa&$&ciado: es%ess-ofilhosde9e$s, li(adoao*. 1"co&%i&had$asesp/ciesdepessoa.A 4$alidadedefilhosde9e$saplica-seso.e&%e ?4$eles 4$e s-o co&d$>idos pelo Esp2ri%o de 9e$s, Pa$lo &-o dei3ad@*ida &e&h$.a sobre a &a%$re>a do esp2ri%o8 / esp2ri%o de 9e$s. Mas lo(o 4$ese %ra%a da s$a a,-o 4$e es%5 fora do ho.e., e&4$a&%o &o *. 1" cada $. se*ale da for,a espiri%$al 4$e es%5 ? s$a disposi,-o. Ai&fl$7&cia e3ercidadepe&de, &a%$ral.e&%e, da &a%$re>a do ob:e%o. A liber%a,-o es%5 co&s%a%ada &o*. 1"8 precisa*a i&dicar %a.b/. a a,-o do Esp2ri%o de 9e$s. o *. &-o di> 4$e a4$alidade de filho de 9e$s / ad4$irida pelo do. do Esp2ri%o, o 4$e seria co&%raGal. I, I, .as so.e&%e 4$e os *erdadeiros filhos de 9e$s s-o a4$eles 4$ese($e. a orie&%a,-o do se$ Esp2ri%o. A frase co&%i&$a &o *. 1E.1s *ers2c$los 15 e 1I s-o $.a esp/cie de par7&%esis para co&fir.ar os fi/is&a ideia de 4$e eles s-o filhos de 9e$s. N7-se .ais clara.e&%e, a4$i, a rela,-odes%a filia,-o e do Esp2ri%o: / $.a filia,-o ado%i*a &a 4$al o Esp2ri%o &os d5 $.se&%i.e&%o.A frase / co&s%r$2da, .ais o$ .e&os, co.o &o *. 10. A par%e &e(a%i*a &-osi(&ifica 4$e o cris%-o %e&ha recebido o$%rora de 9e$s o esp2ri%o de ser*id-o e4$e, a(ora, ele recebe o esp2ri%o de ado,-o, .as so.e&%e 4$e o esp2ri%o 4$eeles recebera. &-o / se.elha&%e ao 4$e eles %i&ha. a&%es. A&%i(a.e&%e, os(e&%ios, co.o os :$de$s, e3peri.e&%a*a. para co. a di*i&dade o se&%i.e&%o4$e os escra*os %7. para co. o se$ se&hor8 a(i&do se. afei,-o, eles a(ia.por .edodocas%i(o. 1esp2ri%o4$eoscris%-osrecebera.&-o/a4$i oEsp2ri%o )a&%o, 4$e &-o pode ser $. esp2ri%o de ser*id-o, &e. sercorrespo&de&%e a $.a disposi,-o h$.a&a. E &-o / %a.b/. $. esp2ri%o co.opri&c2pio ordi&5rio de a,-o, :5 4$e / $.esp2ri%o especial. N-o / $.adisposi,-o de esp2ri%o, .as dado por 9e$s, por%a&%o, sobre&a%$ral e. rela,-oao Esp2ri%o )a&%o de 9e$s: 4$e i&spira se&%i.e&%os de co&%ri,-o, se&%i.e&%ofilial. Pa$lo $%ili>o$, por%a&%o, as ideias corre&%es e&%re os (e&%ios, o esp2ri%o /a4$ele 4$e .ais co&*/. face ao se$ pai ado%i*o.Pa$lo e3peri.e&%a %-o be. es%e esp2ri%o 4$e ele a:$&%a-se aos 4$ais ele es%5pre(a&do (ri%a&do ao Pai. 1se($&do %er.o / a e3plica,-o do pri.eiro,e3plica,-o 4$e sai$ espo&%a&ea.e&%e dos l5bios do )al*ador. F.a e3plos-ode %er&$ra para co. oPai. 1 4$e &-o, do bo. se&so e da :$s%i,a8 / oK.$&do de cabe,a pra bai3oL. Es%e / a4$i o proble.a8 o se&%ido / .$i%o .ais.oral do 4$e f2sico, co.o ordi&aria.e&%e se coloca para es%e %er.o. 9epois dopecadodeAd-o, ascoisas&-oa&da..ais8 /$.adecep,-o, e, paraa&a%$re>a $.a esp/cie de *iol7&cia ao se$ li*re dese&*ol*i.e&%o.A %erra fico$ .aldi%a por ca$sa da fal%a de Ad-o. J por c$lpa da cria%$ra 4$eela fico$ red$>ida a es%a si%$a,-o.A cria%$ra &-o pode .ais se s$b.e%er ? ca$sa de 9e$s, por%a&%o, ? ca$sadoho.e.de4$e.elapar%ilhase$sdes%i&os, e4$e, por se$pecado, foica$sador des%as$b.iss-odacria%$ra, 4$ebe.e&%e&dido, issoacei%opor*o&%ade de 9e$s, Kpor aquele que a su&meteuL o 4$e &-o seria $.a repe%i,-oi&@%il. Mas o ho.e. &a *erdade &-o foi 4$e. s$b.e%e$ a cria%$ra, sobre%$dolhe dei3a&do a espera&,a. )< pode, por%a&%o, ser 9e$s, sobre%$do ad.i%i&do o4$e es%5 e. G&. ", 1Es. K( contudo aqui a esperanaL +)is%e.a de Rah&0. )e9e$s s$b.e%e$ a cria%$ra foi ele %a.b/. 4$e lhe de$ al($.a espera&,a li(adaco.o a co&de&a,-o aos des%i&os do ho.e..1 des2(&io de 9e$s e a espera&,a da cria%$ra: espera por4$e ela de*e serliber%ada. A liber%a,-o / e3pressa de d$as .a&eiras, &e(a%i*a eafir.a%i*a.e&%e. No se&%ido posi%i*o, Pa$lo &-o pode di>er 4$e ela (o>ar5, ela.es.a da liberdade de filhos de 9e$s. Ela &-o pode ser colocada e. p/ dei($aldade8 ela (o>ar5, por%a&%o, da liberdade i&ere&%e ao es%ado de (la es%i*esse a ser*i,o dos ho.e&scorro.pidos. Por4$ee.Pa$lo, se%ra%ase.predecorr$p%ibilidadeo$decorr$p,-o &o se&%ido &a%$ral +M 6or. 15, ;! e 508 Gal. I, 8 6ol. !, !!0. No No*o#es%a.e&%o / %o.ado &o .es.o se&%ido ! Pd. !, 1!8 e %r7s *e>es, so.e&%e &a! Pd., &o se&%ido de corr$p,-o .oral. A .es.a coisa &a li&($a(e. profa&a, ose&%idodecorr$p,-o&a%$ral /delo&(e, o.aisfre4$e&%e. Pa$lo&-oseper($&%a se / para cada cria%$ra $.a escra*id-o es%ar des%i&ada ? .$da&,a,.asfaladeescra*id-opor $.poder de.or%eao4$al %odacria%$raes%5s$b.e%ida.)e($&do 6or&elH, Pa$lo fa> apelo ao 4$e os cris%-os sabia.co.oco&fir.a,-o do 4$e ele disse das cria%$ras8 / red$>ir a .$i%o po$co o alca&cedes%e *ers2c$lo. Es%5 .$i%o .ais &o esp2ri%o des%a passa(e., *er a4$i a pro*a4$e de fa%o, a cria%$ra espera a re*ela,-o de filhos de 9e$s. Ela (e.e e, porco&se($i&%e, 9e$s o$*ir5 o se$ cla.or8 ela es%5 e. dores de (ra&de par%o. Aoipor e&(a&o 4$e JSllicher co&cl$i$ 4$e a liber%a,-o de*e es%ar .$i%o pr%e.po4$eissoes%5d$ra&do. Nai d$rar ai&da.$i%o%e.po. 14$e/cer%o/4$eo(e.ido&-ocesso$8 de*e-se, por%a&%o, es%arse($ro 4$e o fi&al che(ar5.6o.o os cris%-os sabe. des%as coisasB )e($&do Rah&, fora. os a&i.ais,por se$s sofri.e&%os e se$s (e.idos, 4$e s$(erira. es%a ideia ao Apa +Lips.TShl, Li%>. e%c0.Mas es%es a$%ores es4$ecera.-se da al$s-o ao li*ro do G&. ",1E, do 4$e eles coloca. .$i%o be. e. e*id7&ciaB Pela re*ela,-o os cris%-ossabe.4$e es%ado da &a%$re>a &-o / o 4$e de*eria ser e, ai&da pelare*ela,-o, eles sabe. 4$e ela espera por $. es%ado .elhor. J pe&sa.e&%o de6or&elH,4$ePa$loree&*iase$so$*i&%es?do$%ri&adare*ela,-o4$e)-oPedro s$p$&ha co&hecida dos Msraeli%as. 1ra, es%a re*ela,-o / a&%es os &o*osc/$s e a &o*a %erra, 4$e a libera,-o da cria%$ra pelo .a$ $so 4$e os ho.e&sfa>ia. dela. J o co&:$&%o das cria%$ras o$ a cria%$ras 4$e (e.e. :$&%o.!"-!E. %s *emidos do $spritoN-oi.por%ase%ira.osdapri.eirali,-oose&%idodeRah&: Kmasnstam&m, tendo rece&ido em ns as primcias do Esprito Santo, ns gememosL.Mases%ese&%ido/e3cl$2dopelori%.odeoposi,-oco.oprecede&%e: ao(e.idodacria%$raforade&ia)a&%oA&%-o: K.o(oraoperfeitanaqual omongeentendaoqueestorandoL. Aa,-odoEsp2ri%o )a&%o &a al.a do fiel correspo&de ? pala*ra de Jes$s: Kno sois vsque falais, mas o Esprito de vosso /aique fala em vsL +M%. 10,!00. )a&%oA(os%i&ho e3plico$ o .odo co.o co&cilia-se co. &ossa liberdade: Ko que foidito interpela, porque nos fa interpelar e conosco inspira o afeto de interpelare de gemerL, e%c. Mas seria e&fra4$ecer o se&%ido das pala*ras do Ap