romance do pavão misterioso

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http://mentesemrede.blogspot.com/ 1 http://mentesemrede.blogspot.com/ Romance do Pavão Misterioso João Melquíades Ferreira da Silva Eu vou contar uma história De um pavão misterioso Que levantou vôo na Grécia Com um rapaz corajoso Raptando uma condessa Filha de um conde orgulhoso. Residia na Turquia Um viúvo capitalista Pai de dois filhos solteiros O mais velho João Batista Então o filho mais novo Se chamava Evangelista. O velho turco era dono Duma fábrica de tecidos Com largas propriedades Dinheiro e bens possuídos Deu de herança a seus filhos Porque eram bem unidos. Depois que o velho morreu Fizeram combinação Porque o tal João Batista Concordou com o seu irmão E foram negociar Na mais perfeita união. Um dia João Batista Pensou pela vaidade E disse a Evangelista: Meu mano eu tenho vontade de visitar o estrangeiro se não te deixar saudade. Olha que nossa riqueza se acha muito aumentada e dessa nossa fortuna ainda não gozei nada portanto convém qu'eu passe um ano em terra afastada. Movido a motor elétrico Depósito de gasolina Com locomoção macia Que não fazia buzina A obra mais importante Que fez em sua oficina. Tinha cauda como leque As asas como pavão Pescoço, cabeça e bico Lavanca, chave e botão Voava igualmente ao vento Para qualquer direção. Quando Edmundo findou Disse a Evangelista: Sua obra está perfeita ficou com bonita vista o senhor tem que saber que Edmundo é artista. Eu fiz o aeroplano da forma de um pavão que arma e se desarma comprimindo em um botão e carrega doze arroba três léguas acima do chão. Foram experimentar Se tinha jeito o pavão Abriram a lavanca e chave Encarcaram num botão O monstro girou suspenso Maneiro como balão. O pavão de asas abertas Partiu com velocidade Coroando todo o espaço Muito acima da cidade Como era meia noite Voaram mesmo à vontade. Então disse o engenheiro: Já provei minha invenção fizemos a experiência tome conta do pavão agora o senhor me paga sem promover discussão. Perguntou Evangelista: Quanto custa o seu invento? Dê me cem contos de réis acha caro o pagamento

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Page 1: Romance do Pavão Misterioso

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Romance do Pavão Misterioso João Melquíades Ferreira da Silva

Eu vou contar uma história

De um pavão misterioso

Que levantou vôo na Grécia

Com um rapaz corajoso

Raptando uma condessa

Filha de um conde orgulhoso.

Residia na Turquia

Um viúvo capitalista

Pai de dois filhos solteiros

O mais velho João Batista

Então o filho mais novo

Se chamava Evangelista.

O velho turco era dono

Duma fábrica de tecidos

Com largas propriedades

Dinheiro e bens possuídos

Deu de herança a seus filhos

Porque eram bem unidos.

Depois que o velho morreu

Fizeram combinação

Porque o tal João Batista

Concordou com o seu irmão

E foram negociar

Na mais perfeita união.

Um dia João Batista

Pensou pela vaidade

E disse a Evangelista:

— Meu mano eu tenho vontade

de visitar o estrangeiro

se não te deixar saudade.

— Olha que nossa riqueza

se acha muito aumentada

e dessa nossa fortuna

ainda não gozei nada

portanto convém qu'eu passe

um ano em terra afastada.

Movido a motor elétrico

Depósito de gasolina

Com locomoção macia

Que não fazia buzina

A obra mais importante

Que fez em sua oficina.

Tinha cauda como leque

As asas como pavão

Pescoço, cabeça e bico

Lavanca, chave e botão

Voava igualmente ao vento

Para qualquer direção.

Quando Edmundo findou

Disse a Evangelista:

— Sua obra está perfeita

ficou com bonita vista

o senhor tem que saber

que Edmundo é artista.

— Eu fiz o aeroplano

da forma de um pavão

que arma e se desarma

comprimindo em um botão

e carrega doze arroba

três léguas acima do chão.

Foram experimentar

Se tinha jeito o pavão

Abriram a lavanca e chave

Encarcaram num botão

O monstro girou suspenso

Maneiro como balão.

O pavão de asas abertas

Partiu com velocidade

Coroando todo o espaço

Muito acima da cidade

Como era meia noite

Voaram mesmo à vontade.

Então disse o engenheiro:

— Já provei minha invenção

fizemos a experiência

tome conta do pavão

agora o senhor me paga

sem promover discussão.

Perguntou Evangelista:

— Quanto custa o seu invento?

— Dê me cem contos de réis

acha caro o pagamento

Page 2: Romance do Pavão Misterioso

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o rapaz lhe respondeu:

Acho pouco dou duzentos.

Edmundo ainda deu-lhe

Mais uma serra azougada

Que serrava caibro e ripa

E não fazia zuada

Tinha os dentes igual navalha

De lâmina bem afiada.

Então disse o jovem turco:

— Muito obrigado fiquei

do pavão e dos presentes

para lutar me armei

amanhã a meia-noite

com Creuza conversarei.

À meia-noite o pavão

Do muro se levantou

Com as lâmpadas apagadas

Como uma flecha voou

Bem no sobrado do conde

Na cumeeira pousou.

Evangelista em silêncio

Cinco telhas arredou

Um buraco de dois palmos

Caibros e ripas serrou

E pendurado numa corda

Por ela escorregou.

Chegou no quarto de Creuza

Onde a donzela dormia

Debaixo do cortinado

Feito de seda amarela

E ele para acordá-la

Pôs a mão na testa dela.

A donzela estremeceu

Acordou no mesmo instante

E viu um rapaz estranho

De rosto muito elegante

Que sorria para ela

Com um olhar fascinante.

Então Creuza deu um grito:

— Papai um desconhecido

entrou aqui no meu quarto

sujeito muito atrevido

venha depressa papai

pode ser algum bandido.

O rapaz lhe disse: — Moça

Entre nós não há perigo

Estou pronto a defendê-la

Como um verdadeiro amigo

Venho é saber da senhora

Se quer casar-se comigo.

De um lenço enigmático

Que quando Creuza gritava

Chamando o pai dela

Então o moço passava

Ele no nariz da moça

Com isso ela desmaiava.

O jovem puxou o lenço

Ao nariz da moça encostou

Deu uma vertigem na moça

De repente desmaiou

E ele subiu na corda

Chegando em cima tirou.

Ajeitou os caibros e ripas

E consertou o telhado

E montando em seu pavão

Voou bastante vexado

Foi esconder o aparelho

Aonde foi fabricado.

O conde acordou aflito

Quando ouviu essa zuada

Entrou no quarto da filha

Desembainhou a espada

Encontrou-a sem sentido

Dez minutos desmaiada.

Percorreu todos os cantos

Com a espada na mão

Berrando e soltando pragas

Colérico como um leão

Dizendo: — Aonde encontrá-lo

Eu mato esse ladrão.

Creuza disse: — Meu pai

Pois eu vi neste momento

Um jovem rico e elegante

Me falando em casamento

Page 3: Romance do Pavão Misterioso

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Não vi quando ele encantou-se

Porque me deu um passamento.

Disse o conde: — Nesse caso

Tu já estás a sonhar

Moça de dezoito anos

Já pensando em se casar

Se aparecer casamento

Eu saberei desmanchar.

Evangelista voltou

Às duas da madrugada

Assentou seu pavão

Sem que fizesse zuada

Desceu pela mesma trilha

Na corda dependurada.

E Creuza estava deitada

Dormindo o sono inocente

Seus cabelos como um véu

Que enfeitava puramente

Como um anjo de terreal

Que tem lábios sorridentes.

O rapaz muito sutil

Foi pegando na mão dela

Então a moça assustou-se

Ele garantiu a ela

Que não eram malfazejos:

— Não tenha medo donzela.

A moça interrogou-o

Disse: — Quem é o senhor

Diz ele: — Sou estrangeiro

Lhe consagrei grande amor

Se não fores minha esposa

A vida não tem valor.

Mas Creuza achou impossível

O moço entrar no sobrado

Então perguntou a ele

De que jeito tinha entrado

E disse: — Vai me dizendo

Se és vivo ou encantado.

Como eu lhe tenho amizade

Me arrisco fora de hora

Moça não me negue o sim

A quem tanto lhe adora!

Creuza aí gritou: — Papai

Venha ver o homem agora.

Ele passou-lhe o lenço

Ela caiu sem sentido

Então subiu na corda

Por onde tinha descido

Chegou em cima e disse:

— O conde será vencido.

Ouviu-se tocar a corneta

E o brado da sentinela

O conde se dirigiu

Para o quarto da donzela

Viu a filha desmaiada

Não pode falar com ela.

Até que a moça tornou

Disse o conde: — É um caso sério

Sou um fidalgo tão rico

Atentado em meu critério

Mas nós vamos descobrir

O autor do mistério.

— Minha filha, eu já pensei

em um plano bem sagaz

passa essa banha amarela

na cabeça desse audaz

só assim descobriremos

esse anjo ou satanás.

— Só sendo uma visão

que entra neste sobrado

só chega à meia-noite

entra e sai sem ser notado

se é gente desse mundo

usa feitiço encantado.

Evangelista também

Desarmou seu pavão

A cauda, a capota, o bico

Diminuiu a armação

Escondeu o seu motor

Em um pequeno caixão.

Depois de sessenta dias

Alta noite em nevoeiro

Evangelista chegou

No seu pavão bem maneiro

Page 4: Romance do Pavão Misterioso

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Desceu no quarto da moça

A seu modo traiçoeiro.

Já era a terceira vez

Que Evangelista entrava

No quarto que a condessa

À noite se agasalhava

Pela força do amor

O rapaz se arriscava.

Com um pouco a moça acordou

Foi logo dizendo assim:

— Tu tens dito que me amas

com um bem-querer sem fim

se me amas com respeito

te senta juntos de mim.

Evangelista sentou-se

Pôs-se a conversar com ela

Trocando o riso esperava

A resposta da donzela

Ela pôs-lhe a mão na testa

Passou a banha amarela.

Depois Creuza levantou-se

Com vontade de gritar

O rapaz tocou-lhe o lenço

Sentiu ela desmaiar

Deixou-a com uma síncope

Tratou de se retirar.

E logo Evangelista

Voando da cumeeira

Foi esconder seu pavão

Nas folhas de uma palmeira

Disse: — Na quarta viagem

Levo essa estrangeira.

Creuza então passou o resto

Da noite mal sossegada

Acordou pela manhã

Meditava e cismada

Se o pai não perguntasse

Ela não dizia nada.

Disse o conde: — Minha filha

Parece que estás doente?

Sofreste algum acesso

Porque teu olhar não mente

O tal rapaz encantado

Te apareceu certamente.

E Creuza disse: — Papai

Eu cumpri o seu mandado

O rapaz apareceu-me

Mas achei-o delicado

Passei-lhe a banha amarela

E ele saiu marcado.

O conde disse aos soldados

Que a cidade patrulhassem

Tomassem os chapéus de

Quem nas ruas encontrassem

Um de cabelo amarelo

Ou rico ou pobre pegassem.

Evangelista trajou-se

Com roupa de alugado

Encontrou-se com a patrulha

O seu chapéu foi tirado

Viram o cabelo amarelo

Gritaram: — Esteja intimado!

Os soldados lhe disseram:

— Cidadão não estremeça

está preso a ordem do conde

e é bom que não se cresça

vai a presença do conde

se é homem não esmoreça.

— Você hoje vai provar

por sua vida responde

como é que tem falado

com a filha do nosso conde

quando ela lhe procura

onde é que se esconde.

Evangelista respondeu:

— Também me faça um favor

enquanto vou me vestir

minha roupa superior

na classe de homem rico

ninguém pisa meu valor.

Disseram: — Pode mudar

Sua roupa de nobreza

A moça bem que dizia

Que o rapaz tinha riqueza

Page 5: Romance do Pavão Misterioso

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Vamos ganhar umas luvas

E o conde uma surpresa.

Seguiu logo Evangelista

Conversando com o guarda

Até que se aproximaram

Duma palmeira copada

Então disse Evangelista:

— Minha roupa está trepada.

E os soldados olharam

Em cima tinha um caixão

Mandaram ele subir

E ficaram de prontidão

Pegaram a conversar

Prestando pouca atenção.

Evangelista subiu

Pôs um dedo no botão

Seu monstro de alumínio

Ergueu logo a armação

Dali foi se levantando

Seguiu voando o pavão.

E os soldados gritaram:

— Amigo, o senhor se desça

deixe de tanta demora

é bom que não aborreça

senão com pouco uma bala

visita sua cabeça.

Então mandaram subir

Um soldado de coragem

Disseram: — Pegue na perna

Arraste com a folhagem

Está passando na hora

De voltarmos da viagem.

Quando o soldado subiu

Gritou: — Perdemos a ação

Fugiu o moço voando

De longe vejo um pavão

Zombou de nossa patrulha

Aquele moço é o cão.

Voltaram e disseram ao conde

Que o rapaz tinham encontrado

Mas no olho de uma palmeira

O moço tinha voado

Disso o conde: — Pois é o cão

Que com Creuza tem falado.

Creuza sabendo da história

Chorava de arrependida

Por ter marcado o rapaz

Com banha desconhecida

Disse: — Nunca mais terei

Sossego na minha vida.

Disse Creuza: — Ora papai

Me prive da liberdade

Não consente que eu goze

A distração da cidade

Vivo como criminosa

Sem gozar a mocidade.

— Aqui não tenho direito

de falar com um criado

um rapaz para me ver

precisa ser encantado

mas talvez ainda eu fuja

deste maldito sobrado.

— O rapaz que me amou

só queria vê-lo agora

para cair nos seus pés

como uma infeliz que chora

embora que eu depois

morresse na mesma hora.

— Eu sei que para ele

não mereço confiança

quando ele vinha aqui

ainda eu tinha esperança

de sair desta prisão

onde estou desde de criança.

Às quatro da madrugada

Evangelista desceu

Creuza estava acordada

Nunca mais adormeceu

A moça estava chorando

O rapaz lhe apareceu.

O jovem cumprimentou-a

Deu-lhe um aperto de mão

A condessa ajoelhou-se

Para pedir-lhe perdão

Page 6: Romance do Pavão Misterioso

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Dizendo: — Meu pai mandou

Eu fazer-te uma traição.

O rapaz disse: — Menina

A mim não fizeste mal

Toda a moça é inocente

Tem seu papel virginal

Cerimônia de donzela

É uma coisa natural.

— Todo o seu sonho dourado

é fazer-te minha senhora

se quiseres casar comigo

te arrumas e vamos embora

senão o dia amanhece

e se perde a nossa hora.

— Se o senhor é homem sério

e comigo quer casar

pois tome conta de mim

aqui não quero ficar

se eu falar em casamento

meu pai manda me matar.

— Que importa que ele mande

tropas e navios pelos mares

minha viagem é aérea

meu cavalo anda nos ares

nós vamos sair daqui

casar em outros lugares.

Creuza estava empacotando

O vestido mais elegante

O conde entrou no quarto

E dando um berro vibrante

Gritando: — Filha maldita

Vais morrer com o seu amante.

O conde rangendo os dentes

Avançou com passo extenso

Deu um pontapé na filha

Dizendo: — Eu sou quem venço

Logo no nariz do conde

O rapaz passou o lenço.

Ouviu-se o baque do conde

Porque rolou desmaiado

A última cena do lenço

Deixou-o magnetizado

Disse o moço: -Tem dez minutos

Para sairmos do sobrado.

Creuza disse: — Eu estou pronta

Já podemos ir embora

E subiram pela corda

Até que sairam fora

Se aproximava a alvorada

Pela cortina da aurora.

Com pouco o conde acordou

Viu a corda pendurada

Na coberta do sobrado

Distinguiu uma zuada

E as lâmpadas do aparelho

Mostrando luz variada.

E a gaita do pavão

Tocando uma rouca voz

O monstro de olho de fogo

Projetando os seus faróis

O conde mandando pragas

Disse a moça: — É contra nós.

Os soldados da patrulha

Estavam de prontidão

Um disse: — Vem ver fulano

Aí vai passando um pavão

O monstro fez uma curva

Para tomar direção.

Então dizia um soldado

— Orgulho é uma ilusão

um pai governa uma filha

mas não manda no coração

pois agora a condessinha

vai fugindo no pavão.

O conde olhou para a corda

E o buraco do telhado

Como tinha sido vencido

Pelo rapaz atilado

Adoeceu só de raiva

Morreu por não ser vingado.

Logo que Evangelista

Foi chegando na Turquia

Com a condessa da Grécia

Fidalga da monarquia

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Em casa do seu irmão

Casaram no mesmo dia.

Em casa de João Batista

Deu-se grande ajuntamento

Dando vivas ao noivado

Parabéns ao casamento

À noite teve retreta

Com visita e cumprimento.

Enquanto Evangelista

Gozava imensa alegria

Chegava um telegrama

Da Grécia para Turquia

Chamando a condessa urgente

Pelo motivo que havia.

Dizia o telegrama:

"Creuza vem com o teu marido

receber a tua herança

o conde é falecido

tua mãe deseja ver

o genro desconhecido."

A condessa estava lendo

Com o telegrama na mão

Entregou a Evangielista

Que mostrou ao seu irmão

Dizendo: — Vamos voltar

Por uma justa razão.

De manhã quando os noivos

Acabaram de almoçar

E Creuza em traje de noiva

Pronta para viajar

De palma, véu e capela

Pois só vieram casar.

Diziam os convidados:

— A condessa é tão mocinha

e vestida de noiva

torna-se mais bonitinha

está com um buquê de flor

séria como uma rainha.

Os noivos tomaram assento

No pavão de alumínio

E o monstro se levantou-se

Foi ficando pequenino

Continuou o seu vôo

Ao rumo do seu destino.

Na cidade de Atenas

Estava a população

Esperando pela volta

Do aeroplano pavão

Ou o cavalo do espaço

Que imita um avião.

Na tarde do mesmo dia

Que o pavão foi chegado

Em casa de Edmundo

Ficou o noivo hospedado

Seu amigo de confiança

Que foi bem recompensado.

E também a mãe de Creuza

Já esperava vexada

A filha mais tarde entrou

Muito bem acompanhada

De braço com o seu noivo

Disse: — Mamãe estou casada.

Disse a velha: — Minha filha

Saíste do cativeiro

Fizeste bem em fugir

E casar no estrangeiro

Tomem conta da herança

Meu genro é meu herdeiro.