riscos em projetos de capital
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Projetos de capital, megaprojetos ou de investimento, são qualquer aplicação de recursos associada aos objetivos estratégicos, seja ele tangível ou intangível, destinada a criar valor futuro para os acionistas. São projetos de duração relativamente longa, que envolvem grandes investimentos financeiros com alto grau de incerteza e riscos elevados. Esses projetos costumam ser de grande complexidade gerencial e exigem capacidade de especialização técnica e de inovação tecnologia, empregando grandes equipes multidisciplinares com a participação de várias empresas, construtores, fornecedores, equipamentos e serviços e não é incomum que apresentem grande impacto social e ambiental.TRANSCRIPT
RISCOS EM PROJETOS DE CAPITAL
Por Alexandre Lyra –PMP
Consultor em Gerenciamento de Projetos, Riscos e Construtibilidade.
Projetos de capital, megaprojetos ou de investimento, são qualquer aplicação de recursos associada aos objetivos estratégicos, seja ele tangível ou intangível, destinada a criar valor futuro para os acionistas. São projetos de duração relativamente longa, que envolvem grandes investimentos financeiros com alto grau de incerteza e riscos elevados. Esses projetos costumam ser de grande complexidade gerencial e exigem capacidade de especialização técnica e de inovação tecnologia, empregando grandes equipes multidisciplinares com a participação de várias empresas, construtores, fornecedores, equipamentos e serviços e não é incomum que apresentem grande impacto social e ambiental.
A análise de risco deve considerar três fontes de riscos: a externa, a organizacional e a do projeto. Inicialmente, a
preocupação maior é com o contexto externo no qual o projeto está inserido e inclui fatores como condições econômicas
e de mercado, tendências geopolíticas; propriedade, desapropriações ou compras relacionadas ao local do projeto;
licenças ambientais e autorizações governamentais. Esses ricos podem ser os mais críticos a ponto de inviabilizar o
projeto.
No contexto organizacional, deve-se dar maior atenção à capacidade da organização, dos sócios e parceiros no
empreendimento e da competência das empresas contratadas para executar o plano do projeto e atender aos objetivos de
custo e prazo. Além desses fatores, são igualmente importantes a política, a governança e os processos internos, a
capacitação e experiência das equipes internas, as barreiras e controles. Esses riscos retratam a capacidade da organização
em assumir riscos e afetam a relação risco/recompensa. Quanto mais madura e preparada, maiores as suas chances de
sucesso diante dos riscos.
Riscos do projeto são aqueles derivados do próprio projeto, tais como a definição do escopo, as estimativas de custos e
prazos, equipe de especialistas chave na execução, equipe de gerenciamento do projeto, projeto de engenharia, interfaces
interdisciplinares ou com outros projetos, fornecedores, subcontratadas, chuvas e greves, segurança, além daqueles
relacionados à capacidade de gerenciar projetos e ao gerenciamento de riscos.
Dentre os principais fatores de risco do projeto identificados pelo CII e que levam os projetos de capital a se distanciarem
de seus objetivos, podemos citar:
Planejamento e estimativas. Governança e gestão.
Avaliação prévia das condições dos locais. Especificações técnicas dos projetos.
Planos de comunicação e sua implementação. Interação entre as equipes multidisciplinares.
Habilidade de comunicação do gerente do projeto. Processos de tomada de decisões.
Condições contratuais. Gerenciamento de riscos.
Gestão das contingências do projeto. Prazo e orçamento irreais.
Mão-de-obra especializada. Equipe de gerenciamento de projetos.
Definição do escopo. Monitoramento e controle dos custos e do cronograma.
Identificação e tratamento das interfaces com outros projetos. Identificação e gestão de pleitos contratuais.
Processos de contratação e diligenciamento. Coordenação e controle de ordens de serviço.
O gerenciamento de riscos deve evoluir na medida em que o projeto avança em suas fases. A cada fase, novos riscos
devem ser identificados sob a perspectiva da fase atual e os riscos identificados nas fases anteriores devem ser revistos, a
fim de que suas análises sejam atualizadas à luz dos novos conhecimentos e para que se elabore um plano de resposta
para os riscos classificados como graves.
Na fase de concepção, onde o foco é pelo ponto de vista do negócio, os riscos identificados e avaliados devem ser
gerenciados por todo o ciclo de vida do produto. Na perspectiva do projeto, o gerenciamento de riscos deve ser realizado
de forma contínua, desde a concepção até a entrega final do projeto à operação. Os fatores de risco a serem considerados
nessa fase podemos incluir:
Política econômica e cambial governamental. Mudanças políticas.
Futuras direções de segmentos da indústria, mercado e/ou mercado. Principais concorrentes.
Projeção de vendas. Necessidade de capital e financiamento.
Capacidade organizacional/gerencial. Tecnologia.
Impacto ambiental sobre a área circundante. Impacto económico e social nas comunidades locais.
Necessidades de instalação e disponibilidade e a adequação do site. Suprimento e logística.
RISCOS EM PROJETOS DE CAPITAL Por Alexandre Lyra –PMP
Os riscos chave, os mais importantes, são aqueles identificados nessa fase, pois eles podem inviabilizar o projeto em
qualquer das fases subsequentes, inclusive na operação. Por exemplo, um projeto de construção de uma refinaria é
aprovado considerando-se as premissas de que os preços futuros internacionais do petróleo estarão dentro de limites
toleráveis e que existe uma demanda sustentada para a capacidade de produção planejada. O risco de que uma dessas
premissas não se realize, podem determinar a descontinuidade do projeto a qualquer momento.
Nessa fase também devem ser avaliados os impactos positivos e negativos do projeto em outros negócios já sustentados
pela organização, de forma a identificar sinergias do projeto com as unidades existentes ou mesmo prever reações por
parte de clientes e outras partes interessadas.
Nas fases subsequentes, a análise de risco está fortemente relacionada com a viabilidade econômica do projeto que é
avaliada pelo desempenho dos seus principais indicadores econômicos. Por exemplo, “a probabilidade do VPL ser menor
do que zero é superior a 90%? ”
Na análise dos principais riscos técnicos, a viabilidade do projeto pode ser determinada pelos riscos de mudanças de
escopo, por variações nos custos e prazos, pela queda no desempenho e pelos resultados do plano de resposta aos riscos.
Por exemplo, as mudanças de escopo podem descaracterizar completamente o que foi declarado no termo de abertura. Os
custos podem afetar a margem de lucro da empresa construtora de tal forma que inviabilize o projeto.
Nas fases de seleção do projeto, os riscos associados às alternativas do projeto devem ser identificados e analisados, a
fim de que se possa decidir sobre a melhor opção. Essas análises devem incluir, entre outros, os fatores financeiros e de
negócio, tecnologia, suprimento, projeto de engenharia. Do ponto de vista do negócio, os riscos de operação também
devem ser avaliados a fim de buscar proativamente minimizar os impactos dos riscos no sucesso do negócio.
No final da fase de planejamento da execução, que já inclui o projeto básico e pode incluir também o FEED, um nível
maior de detalhes se torna disponível o que, consequentemente, faz com que a análise de riscos considere também uma
quantidade maior de fatores, tais como condições contratuais, subcontratadas, fornecimento de equipamentos, mão de
obra especializada, condições climáticas, greves, licenciamento ambiental, preços de materiais, segurança, acidentes,
meio ambiente, sociedade, entre outros. Neste momento as informações sobre os riscos levantados serão melhores que
nas etapas anteriores. Ao final deverá ser atualizado o Plano de Respostas aos Riscos.
Nessa fase é oportuno estimar uma reserva de contingencia, que consiste em formar uma "reserva financeira" para cobrir
custos gerados por riscos cujos impactos e frequência são difíceis de avaliar ou cuja probabilidade de ocorrência seja
baixa, tais como chuvas, greves, falhas técnicas, acidentes, etc. Trata-se de um percentual a ser incorporado ao
investimento total, variando em função do tipo de projeto de investimento e dos riscos de cada etapa em que se encontra
o projeto. Pela sua amplitude, este valor deve ser definido no nível do negócio, com a participação das áreas de
engenharia, suprimentos, construtibilidade, riscos e planejamento. A reserva de contingencia deve ser avaliada
continuamente na medida em que os antigos riscos são mitigados e novos são identificados. Esse valor deve ser abatido
do total do projeto quando a reserva não é utilizada no tempo previsto para a ocorrência do risco, desta forma, a
contingência diminui com o avanço do projeto.
A avaliação preliminar de perigos deve verificar os reflexos e abrangência de possíveis acidentes onde deverão ser
avaliadas as consequências de um acidente no meio ambiente e na comunidade. Uma forma de tratar esses efeitos é a
utilização da técnica HAZOP (HAZard and OPerability Study) que consiste num exame estruturado e sistemático de um
produto, processo, procedimento ou sistema existente ou planejado com a finalidade de identificar os riscos para pessoas,
equipamentos, ambiente e/ou objetivos organizacionais. Nessa atividade devem participar uma equipe multifuncional em
que participem no mínimo pessoas das áreas de operação, representante das disciplinas de engenharia envolvidos na
execução do projeto e SMS e planejamento e gerenciamento de riscos, de forma a se identificar perigos potenciais de
processo e/ou deficiências de projeto.
Na fase de execução ou construção a ênfase maior é nas atividades voltadas para a entrega do projeto. É nesta fase que a
grande maioria dos eventos de risco ocorrem. Uma grande massa de informação é gradativamente produzida no decorrer
do projeto pelo aprofundamento do planejamento, no desenvolvimento do projeto de engenharia, nos processos de
suprimento, na execução das obras de construção da infraestrutura, na montagem dos equipamentos e no
comissionamento.
Outros fatores de risco devem ser considerados e incluem o projeto básico e o FEED, os contratos com as construtoras e
seus anexos, as especificações e desenhos de engenharia, os processos de compra dos equipamentos, a mobilização de
mão de obra, formação de equipes especializadas, interfaces e interferências, construtibilidade, normas e procedimentos
de qualidade, segurança contra acidentes, paralizações por chuva e greves, subcontratadas, processos administrativos e de
gestão, integração dos gerenciamento do projeto com o restante da organização, decisões gerenciais.
Na execução o gerenciamento de riscos deve fazer uso intensivo de sessões de identificação, atualização e análises
qualitativas e quantitativa dos riscos, inclusive os estratégicos, identificados nas fases de planeamento, de forma a
garantir que as ações de tratamento definidas para cada risco estejam sendo implementadas. Atenção especial deve ser
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dada aos impactos gerados a partir de mudanças de escopo, que devem ser avaliados e, caso necessário, devem conduzir a
novas avaliações de riscos. Devem ainda ser realizadas as avaliações dos riscos relacionados à execução do projeto, bem
como o acompanhamento das ações de tratamento estabelecidas.
Os custos e prazos do projeto devem ser analisados através do uso de ferramentas baseadas em simulação de Monte
Carlo, que trará como resultado, curvas de probabilidade para a variável analisada (prazo ou custo), além de análise de
sensibilidade que indicará as atividades ou itens de custo ou prazo cuja variação implicará em maior variação no custo ou
prazo final.
Uma forma bastante objetiva e prática de se avaliar o desempenho de um projeto é através do seu fluxo de caixa, ou seja,
as entradas de recursos financeiros e os gastos são projetados ao longo do ciclo de vida do projeto, com a alocação dos
vetores positivos para as entradas e negativos para as saídas. As entradas e saídas estão associadas a atividades
executadas durante o projeto, as quais estão sujeitas a eventos de riscos. Os resultados da avaliação desses riscos podem
ser projetados nos valores de fluxo de caixa, oferecendo uma poderosa ferramenta de gestão do projeto. Outra informação
bastante valiosa obtida pela simulação de monte Carlo é a probabilidade de o projeto ser concluído na data e no custo
contratados.