revolução e contra-revolução

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A Direita Catolica contra-atacando a Esquerda Catolica, que desde muito tempo atras estah por tras de partidecos de esquerda, nominalmente o PT, o mais influente deles.TAGS: Comunismo, ICAR, Igreja Catolica Apostolica Romana, Cristianismo, Estado.

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    Revoluo e Contra-RevoluoPlinio Corra de Oliveira

    Introduo

    Catolicismo d a lume, hoje1, seu centsimo nmero, e quer assinalar o fato marcando apresente edio com uma nota especial, que propicie um aprofundamento da comunicao de alma,j to grande, que tem com seus leitores.

    ara isso, nada lhe pareceu mais oportuno do que a pu!licao de um artigo so!re o temaRevoluo e Contra-Revoluo.

    " fcil e#plicar a escolha do assunto. Catolicismo um jornal com!ati$o. Como tal, de$e serjulgado principalmente em funo do fim que seu com!ate tem em $ista. %ra, a quem, precisamente,quer ele com!ater& ' leitura de suas pginas produ( a este respeito uma impresso tal$e( pouco

    definida. " freq)ente encontrar, nelas, refuta*es do comunismo, do socialismo, do totalitarismo, doli!eralismo, do liturgicismo, do maritainismo, e de outros tantos ismos. Contudo, no se diria quetemos to mais em $ista um deles, que por a+ nos pudssemos definir. or e#emplo, ha$eria e#ageroem afirmar que Catolicismo uma folha especificamente antiprotestante ou antisocialista. -irseia, ento, que o jornal tem uma pluralidade de fins. ntretanto, perce!ese que, na perspecti$a emque ele se coloca, todos estes pontos de mira t/m como que um denominador comum, e que este oo!jeti$o sempre $isado por nossa folha.

    % que esse denominador comum& 0ma doutrina& 0ma fora& 0ma corrente de opinio& emse $/ que uma elucidao a respeito ajuda a compreender at suas profunde(as toda a o!ra deformao doutrinria que Catolicismo $eio reali(ando ao longo destes cem meses.

    2 2 2% estudo da 3e$oluo e da Contra3e$oluo e#cede de muito, em pro$eito, este o!jeti$o

    limitado.ara demonstrlo, !asta lanar os olhos so!re o panorama religioso de nosso a+s.

    statisticamente, a situao dos cat4licos e#celente5 segundo os ltimos dados oficiaisconstitu+mos 678 da populao. 9e todos os cat4licos f:ssemos o que de$emos ser, o rasil seriahoje uma das mais admir$eis pot/ncias cat4licas nascidas ao longo dos $inte sculos de $ida da;greja.

    or que, ento, estamos to longe deste ideal& odos lhesentem os efeitos, mas poucos sa!eriam di(erlhe o nome e a ess/ncia.

    'o fa(er esta afirmao, nosso pensamento se estende das fronteiras do rasil para as na*eshispanoamericanas, nossas to caras irms, e da+ para todas as na*es cat4licas. m todas, e#erceseu imprio indefinido e a$assalador o mesmo mal. em todas produ( sintomas de uma grande(atrgica. 0m e#emplo entre outros. m carta dirigida em 16?@, a prop4sito do -ia =acional de 'ode Araas, a 9ua min/ncia o Cardeal -. Carlos Carmelo de Basconcelos otta, 'rce!ispo de 9.aulo, o #mo. 3e$mo. ons. 'ngelo -ellD'cqua, 9u!stituto da 9ecretaria de stado, di(ia queem conseqncia do agnosticismo religioso dos Estados, ficou amortecido ou quase perdido na

    sociedade moderna o sentir da Igreja. %ra, que inimigo desferiu contra a sposa de Cristo estegolpe terr+$el&

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    Como se $/, dificilmente um tema poderia ser de mais flagrante atualidade.

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    ste inimigo terr+$el tem um nome5 ele se chama 3e$oluo. 9ua causa profunda umae#ploso de orgulho e sensualidade que inspirou, no dir+amos um sistema, mas toda uma cadeia desistemas ideol4gicos. -a larga aceitao dada a estes no mundo inteiro, decorreram as tr/s grandesre$olu*es da Eist4ria do %cidente5 a seudo3eforma, a 3e$oluo Francesa e o ComunismoG.

    % orgulho le$a ao 4dio a toda superioridade, e, pois, H afirmao de que a desigualdade em simesma, em todos os planos, inclusi$e e principalmente nos planos metaf+sico e religioso, um mal. " oaspecto igualitrio da 3e$oluo.

    ' sensualidade, de si, tende a derru!ar todas as !arreiras. la no aceita freios e le$a H re$oltacontra toda autoridade e toda lei, seja di$ina ou humana, eclesistica ou ci$il. " o aspecto li!eral da3e$oluo.

    'm!os os aspectos, que t/m em ltima anlise um carter metaf+sico, parecem contradit4riosem muitas ocasi*es, mas se conciliam na utopia mar#ista de uma para+so anrquico em que umahumanidade altamente e$olu+da e emancipada de qualquer religio $i$esse em ordem profunda sem

    autoridade pol+tica, e em uma li!erdade total da qual entretanto no decorresse qualquerdesigualdade.

    ' seudo3eforma foi uma primeira 3e$oluo. la implantou o esp+rito de d$ida, oli!eralismo religioso e o igualitarismo eclesistico, em medida $ari$el alis nas $rias seitas a quedeu origem.

    9eguiuselhe a 3e$oluo Francesa, que foi o triunfo do igualitarismo em dois campos. =ocampo religioso, so! a forma do ate+smo, especiosamente rotulado de laicismo. na esfera pol+tica,

    pela falsa m#ima de que toda a desigualdade uma injustia, toda autoridade um perigo, e ali!erdade o !em supremo.

    % Comunismo a transposio destas m#imas para o campo social e econ:mico.

    stas tr/s re$olu*es so epis4dios do uma s4 3e$oluo, dentro da qual o socialismo, oliturgicismo, a politique de la main tendue, etc., so etapas de transio ou manifesta*esatenuadas. 9o!re os erros atra$s dos quais se opera a penetrao lar$ada do esp+rito da 3e$oluoem am!ientes cat4licos, o #mo. 3e$mo. 9r. -. 'nt:nio de Castro aIer, ispo de Campos,

    pu!licou uma Carta astoral da maior importJnciaK.

    2 2 2

    Claro est que um processo de tanta profundidade, de tal en$ergadura e to longa durao nopode desen$ol$erse sem a!ranger todos os dom+nios da ati$idade do homem, como por e#emplo acultura, a arte, as leis, os costumes e as institui*es.

    0m estudo pormenori(ado deste processo em todos os campos em que se $em desenrolando,

    e#cederia de muito o Jm!ito deste artigo.=ele procuramos limitandonos a um $eio apenas deste $asto assunto traar de modo

    sumrio os contornos da imensa a$alancha que a 3e$oluo, darlhe o nome adequado, indicarmuito sucintamente suas causas profundas, os agentes que a promo$em, os elementos essenciais desua doutrina, a importJncia respecti$a dos $rios terrenos em que ela age, o $igor de seu dinamismo,o mecanismo de sua e#panso. 9imetricamente, tratamos depois de pontos anlogos referentes HContra3e$oluo, e estudamos algumas das suas condi*es de $it4ria.

    'inda assim, no pudemos e#planar, de cada um destes temas, seno as partes que nospareceram mais teis, no momento, para esclarecer nossos leitores e facilitarlhes a luta contra a3e$oluo. ti$emos de dei#ar de lado muitos pontos de uma importJncia realmente capital, mas deatualidade menos premente.

    Gc$r .eo /III* Enc0clica (ar$enus H la BingtCinquiLme 'nne)* de &+-III-&+'1 2 (3onne Presse)* Paris* vol 4I* p 15+6KCarta astoral so!re os ro!lemas do 'postolado oderno- 3oa Imprensa .tda* Campos* &+,7* 18 edio

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    % presente tra!alho, como dissemos, constitui um simples conjunto de teses, atra$s das quaismelhor se pode conhecer o esp+rito e o programa de Catolicismo. #or!itaria ele de suas

    propor*es naturais, se conti$esse uma demonstrao ca!al de cada afirmao. Cingimonos tosomente a desen$ol$er o m+nimo de argumentao necessrio para p:r em e$id/ncia o ne#o e#istenteentre as $rias teses, e a $iso panorJmica de toda uma $ertente de nossas posi*es doutrinrias.

    >endo Catolicismo leitores em quase todo o %cidente, pareceu con$eniente pu!licar umatraduo deste tra!alho, em separata. referimos o franc/s, j consagrado pela tradio diplomtica,

    por ser o idioma de pa+s cat4lico mais uni$ersalmente conhecido.ste artigo pode ser$ir de inqurito. % que, no rasil e fora dele, pensa e#atamente so!re a

    3e$oluo e a Contra3e$oluo o p!lico que l/ Catolicismo, que certamente dos mais infensosH 3e$oluo& =ossas proposi*es, em!ora a!rangendo apenas uma parte do tema, podem darocasio a que cada um se interrogue, e nos en$ie sua resposta, que com todo o interesseacolheremos.

    Parte I A REVOLUO

    Captulo I - Crise do Hoe Contepor!neo

    's muitas crises que a!alam o mundo hodierno do stado, da fam+lia, da economia, dacultura, etc. no constituem seno mltiplos aspectos de uma s4 crise fundamental, que tem comocampo de ao o pr4prio homem. m outros termos, essas crises t/m sua rai( nos pro!lemas dealma mais profundos, de onde se estendem para todos os aspectos da personalidade do homemcontemporJneo e todas as suas ati$idades.

    Captulo II - Crise do Hoe O"idental e Cristo

    ssa crise principalmente a do homem ocidental e cristo, isto , do europeu e de seusdescendentes, o americano e o australiano. enquanto tal que mais particularmente a estudaremos.la afeta tam!m os outros po$os, na medida em que a estes se estende e neles criou rai( o mundoocidental. =esses po$os tal crise se complica com os pro!lemas pr4prios Hs respecti$as culturas eci$ili(a*es e ao choque entre estas e os elementos positi$os ou negati$os da cultura e da ci$ili(aoocidentais.

    Captulo III - Cara"teres dessa Crise

    or mais profundos que sejam os fatores de di$ersificao dessa crise nos $rios pa+ses

    hodiernos, ela conser$a, sempre, cinco caracteres capitais51. UNIVERSAL

    ssa crise uni$ersal. =o h hoje po$o que no esteja atingido por ela, em grau maior oumenor.

    2. UNA

    ssa crise una. ;sto , no se trata de um conjunto de crises que se desen$ol$em paralela eautonomamente em cada pa+s, ligadas entre si por algumas analogias mais ou menos rele$antes.

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    um fato nico, englo!ando numa realidade total os mil inc/ndios parciais, por mais diferentes, alis,que cada um destes seja em seus acidentes.

    ' Cristandade ocidental constituiu um s4 todo, que transcendia os $rios pa+ses cristos, semos a!sor$er. =essa unidade $i$a se operou uma crise que aca!ou por atingila toda inteira, pelo calorsomado e, mais do que isto, fundido, das sempre mais numerosas crises locais que h sculos se $/m

    interpenetrando e entreajudando ininterruptamente. m conseq)/ncia, a Cristandade, enquantofam+lia de stados oficialmente cat4licos, de h muito cessou de e#istir. -ela restam como $est+giosos po$os ocidentais e cristos. todos se encontram presentemente em agonia, so! a ao destemesmo mal.

    3. TOTAL

    Considerada em um dado pa+s, essa crise se desen$ol$e numa (ona de pro!lemas to profunda,que ela se prolonga ou se desdo!ra, pela pr4pria ordem das coisas, em todas as pot/ncias da alma,em todos os campos da cultura, em todos os dom+nios, enfim, da ao do homem.

    4. DOMINANTE

    ncarados superficialmente, os acontecimentos dos nossos dias parecem um emaranhadoca4tico e ine#tric$el, e de fato o so de muitos pontos de $ista.

    ntretanto, podemse discernir resultantes, profundamente coerentes e $igorosas, daconjuno de tantas foras des$airadas, desde que estas sejam consideradas do Jngulo da grandecrise de que tratamos.

    Com efeito, ao impulso dessas foras em del+rio, as na*es ocidentais $o sendo gradualmenteimpelidas para um estado de coisas que se $ai delineando igual em todas elas, e diametralmenteoposto H ci$ili(ao crist.

    -e onde se $/ que essa crise como uma rainha a que todas as foras do caos ser$em comoinstrumentos eficientes e d4ceis.

    5. PROCESSIVA

    ssa crise no um fato espetacular e isolado. la constitui, pelo contrrio, um processocr+tico j cinco $e(es secular, um longo sistema de causas e efeitos que, tendo nascido, em momentodado, com grande intensidade, nas (onas mais profundas da alma e da cultura do homem ocidental,$em produ(indo, desde o sculo MB at nossos dias, sucessi$as con$uls*es. ' este processo !em se

    podem aplicar as pala$ras de io M;; a respeito de um sutil e misterioso inimigo da ;greja5 Ele seencontra em todo lugar e no meio de todos# sa%e ser violento e astuto Nestes 9ltimos s:culostentou reali;ar a desagregao intelectual* moral* social* da unidade no organismo misterioso deCristo Ele quis a nature;a sem a graa* a ra;o sem a $:< a li%erdade sem a autoridade< =s ve;es aautoridade sem a li%erdade > um (inimigo) que se tornou cada ve; mais concreto* com umaausncia de escr9pulos que ainda surpreende# Cristo sim* a Igreja no? "epois# "eus sim* Cristono? @inalmente o grito 0mpio# "eus estA morto< e* at:* "eus jamais eBistiu E eis* agora* atentativa de edi$icar a estrutura do mundo so%re %ases que no esitamos em indicar como

    principais responsAveis pela ameaa que pesa so%re a umanidade# uma economia sem "eus* um"ireito sem "eus* uma pol0tica sem "eus7.

    ste processo no de$e ser $isto como uma seq)/ncia toda fortuita de causas e efeitos, que seforam sucedendo de modo inesperado. N em seu in+cio possu+a esta crise as energias necessrias

    para redu(ir a atos todas as suas potencialidades, que em nossos dias conser$a !astante $i$as paracausar por meio de supremas con$uls*es as destrui*es ltimas que so seu termo l4gico.

    7'locuo H 0nio dos Eomens da '. C. ;taliana* de &1-/-&+,1 2 (-iscorsi e 3adiomessaggi)* vol /I4* p 7,+

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    ;nfluenciada e condicionada em sentidos di$ersos, por fatores e#tr+nsecos de toda ordem culturais, sociais, econ:micos, tnicos, geogrficos e outros e seguindo por $e(es caminhos !emsinuosos, $ai ela no entanto progredindo incessantemente para seu trgico fim.

    A. Decadncia da Idade Mdia

    N es!oamos na ;ntroduo os grandes traos deste processo. " oportuno acrescentar aquialguns pormenores.

    =o sculo M;B comea a o!ser$arse, na uropa crist, uma transformao de mentalidadeque ao longo do sculo MB cresce cada $e( mais em nitide(. % apetite dos pra(eres terrenos se $aitransformando em Jnsia. 's di$ers*es se $o tornando mais freq)entes e mais suntuosas. %s homensse preocupam sempre mais com elas. =os trajes, nas maneiras, na linguagem, na literatura e na arte oanelo crescente por uma $ida cheia de deleites da fantasia e dos sentidos $ai produ(indo progressi$asmanifesta*es de sensualidade e mole(a. E um paulatino deperecimento da seriedade e daausteridade dos antigos tempos. >udo tende ao risonho, ao gracioso, ao festi$o. %s cora*es sedesprendem gradualmente do amor ao sacrif+cio, da $erdadeira de$oo H Cru(, e das aspira*es desantidade e $ida eterna. ' Ca$alaria, outrora uma das mais altas e#press*es da austeridade crist se

    torna amorosa e sentimental, a literatura de amor in$ade todos os pa+ses, os e#cessos do lu#o e aconseq)ente a$ide( de lucros se estendem por todas as classes sociais.

    >al clima moral, penetrando nas esferas intelectuais, produ(iu claras manifesta*es de orgulho,como o gosto pelas disputas aparatosas e $a(ias, pelas argcias inconsistentes, pelas e#i!i*es ftuasde erudio, e lisonjeou $elhas tend/ncias filos4ficas, das quais triunfara a scolstica, e que jagora, rela#ado o antigo (elo pela integridade da F, renasciam em aspectos no$os. % a!solutismodos legistas, que se engalana$am com um conhecimento $aidoso do -ireito 3omano, encontrou emr+ncipes am!iciosos um eco fa$or$el. pari passu foise e#tinguindo nos grandes e nos

    pequenos a fi!ra de outrora para conter o poder real nos leg+timos limites $igentes nos dias de 9oOu+s de Frana e 9o Fernando de Castela.

    B. Pseudo-Reforma e Renascena

    ste no$o estado de alma continha um desejo possante, se !em que mais ou menosinconfessado, de uma ordem de coisas fundamentalmente di$ersa da que chegara a seu apogeu nossculos M;; e M;;;.

    ' admirao e#agerada, e no raro delirante, pelo mundo antigo, ser$iu como meio dee#presso a esse desejo. rocurando muitas $e(es no colidir de frente com a $elha tradiomedie$al, o Eumanismo e a 3enascena tenderam a relegar a ;greja, o so!renatural, os $aloresmorais da 3eligio, a um segundo plano. % tipo humano, inspirado nos moralistas pagos, queaqueles mo$imentos introdu(iram como ideal na uropa, !em como a cultura e a ci$ili(aocoerentes com este tipo humano, j eram os leg+timos precursores do homem ganancioso, sensual,

    laico e pragmtico de nossos dias, da cultura e da ci$ili(ao materialistas em que cada $e( mais$amos imergindo. %s esforos por uma 3enascena crist no lograram esmagar em seu germe osfatores de que resultou o triunfo paulatino do neopaganismo.

    m algumas partes da uropa, este se desen$ol$eu sem le$ar H apostasia formal. ;mportantesresist/ncias se lhe opuseram. mesmo quando ele se instala$a nas almas, no lhes ousa$a pedir dein+cio pelo menos uma formal ruptura com a F.

    as em outros pa+ses ele in$estiu Hs escJncaras contra a ;greja. % orgulho e a sensualidade,em cuja satisfao est o pra(er da $ida pag, suscitaram o protestantismo.

    % orgulho deu origem ao esp+rito de d$ida, ao li$re e#ame, H interpretao naturalista dascritura. rodu(iu ele a insurreio contra a autoridade eclesistica, e#pressa em todas as seitas

    pela negao do carter monrquico da ;greja 0ni$ersal, isto , pela re$olta contra o apado.'lgumas, mais radicais, negaram tam!m o que se poderia chamar a alta aristocracia da ;greja, ouseja, os ispos, seus r+ncipes. %utras ainda negaram o pr4prio sacerd4cio hierrquico, redu(indooa mera delegao do po$o, nico detentor $erdadeiro do poder sacerdotal.

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    =o plano moral, o triunfo da sensualidade no protestantismo se afirmou pela supresso doceli!ato eclesistico e pela introduo do di$4rcio.

    C. Revoluo Francesa

    ' ao profunda do Eumanismo e da 3enascena entre os cat4licos no cessou de se dilatar

    numa crescente cadeia de conseq)/ncias, em toda a Frana. Fa$orecida pelo enfraquecimento dapiedade dos fiis ocasionado pelo jansenismo e pelos outros fermentos que o protestantismo dosculo MB; desgraadamente dei#ara no 3eino Cristian+ssimo tal ao te$e por efeito no sculoMB;;; uma dissoluo quase geral dos costumes, um modo fr+$olo e !rilhante de considerar ascoisas, um endeusamento da $ida terrena, que preparou o campo para a $it4ria gradual da irreligio.-$idas em relao H ;greja, negao da di$indade de Cristo, de+smo, ate+smo incipiente foram asetapas dessa apostasia.

    rofundamente afim com o protestantismo, herdeira dele e do neopaganismo renascentista, a3e$oluo Francesa reali(ou uma o!ra de todo em todo simtrica H da seudo3eforma. ' ;grejaConstitucional que ela, antes de naufragar no de+smo e no ate+smo, tentou fundar, era uma adaptaoda ;greja da Frana ao esp+rito do protestantismo. a o!ra pol+tica da 3e$oluo Francesa no foi

    seno a transposio, para o Jm!ito do stado, da reforma que as seitas protestantes mais radicaisadotaram em matria de organi(ao eclesistica5

    3e$olta contra o 3ei, simtrica H re$olta contra o apaP

    3e$olta da ple!e contra os no!res, simtrica H re$olta da ple!e eclesistica, isto , dos fiis,contra a aristocracia da ;greja, isto , o CleroP

    'firmao da so!erania popular, simtrica ao go$erno de certas seitas, em medida maior oumenor, pelos fiis.

    D. Comunismo

    =o protestantismo nasceram algumas seitas que, transpondo diretamente suas tend/ncias

    religiosas para o campo pol+tico, prepararam o ad$ento do esp+rito repu!licano. 9o Francisco de9ales, no sculo MB;;, premuniu contra estas tend/ncias repu!licanas o -uque de 9a!4ia?. %utras,indo mais longe, adotaram princ+pios que, se no se chamarem comunistas em todo o sentidohodierno do termo, so pelo menos prcomunistas.

    -a 3e$oluo Francesa nasceu o mo$imento comunista de a!euf. mais tarde, do esp+ritocada $e( mais $i$a( da 3e$oluo, irromperam as escolas do comunismo ut4pico do sculo M;M e ocomunismo dito cient+fico de ar#.

    o que de mais l4gico& % de+smo tem como fruto normal o ate+smo. ' sensualidade, re$oltadacontra os frgeis o!stculos do di$4rcio, tende por si mesma ao amor li$re. % orgulho, inimigo detoda superioridade, ha$eria de in$estir contra a ltima desigualdade, isto , a de fortunas. assim,!rio de sonhos de 3ep!lica 0ni$ersal, de supresso de toda autoridade eclesistica ou ci$il, dea!olio de qualquer ;greja e, depois de uma ditadura operria de transio, tam!m do pr4priostado, a+ est o neo!r!aro do sculo MM, produto mais recente e mais e#tremado do processore$olucionrio.

    E. Monaruia! re"#$lica e reli%io

    ' fim de e$itar qualquer equ+$oco, con$m acentuar que esta e#posio no contm aafirmao de que a rep!lica um regime pol+tico necessariamente re$olucionrio. Oeo M;;; dei#ouclaro, ao falar das di$ersas formas de go$erno, que cada uma delas : %oa* desde que sai%acaminar retamente para seu $im* a sa%er* o %em comum* para o qual a autoridade social :constitu0da)D.

    ?C$r ainte-3euve* ("tudes des lundis MB;;Lme siLcle 9aint Franois de 9ales)* .i%rairie Farnier* Paris* &+1G* p 7DH@Enc0clica ('u ilieu des 9olicitudes)* de &D-II-&G+1* 3onne Presse* Paris* vol III* p &&D

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    >a#amos de re$olucionria, isto sim, a hostilidade professada, por princ+pio, contra amonarquia e a aristocracia, como sendo formas essencialmente incompat+$eis com a dignidadehumana e a ordem normal das coisas. " o erro condenado por 9o io M na Carta 'post4lica NotreCarge !postolique, de G? de agosto de 161Q. =ela censura o grande e santo ont+fice a tese do9illon, de que s a democracia inaugurarA o reino da per$eita justia)* e e#clama# (No : isto

    uma inj9ria =s outras $ormas de governo* que so re%aiBadas* por esse modo* = categoria degovernos impotentes* aceitAveis = $alta de melor&R.

    %ra, sem este erro, in$iscerado no processo de que falamos, no se e#plica inteiramente que amonarquia, qualificada pelo apa io B; como sendo em tese a melhor forma de go$erno

    praestantioris monarcici regiminis $orma G , tenha sido o!jeto, nos sculos M;M e MM, de ummo$imento mundial de hostilidade que deu por terra com os tronos e as dinastias mais $ener$eis. '

    produo em srie de rep!licas para o mundo inteiro , a nosso $er, um fruto t+pico da 3e$oluo,e um aspecto capital dela.

    =o pode ser ta#ado de re$olucionrio quem para sua tria, por ra(*es concretas e locais,ressal$ados sempre os direitos da autoridade leg+tima, prefere a democracia H aristocracia ou Hmonarquia. as sim quem, le$ado pelo esp+rito igualitrio da 3e$oluo, odeia em princ+pio, e

    qualifica de injusta ou inumana por ess/ncia, a aristocracia ou a monarquia.-esse 4dio antimonrquico e antiaristocrtico, nascem as democracias demag4gicas, que

    com!atem a tradio, perseguem as elites, degradam o tJnusgeral da $ida, e criam um am!iente de$ulgaridade que constitui como que a nota dominante da cultura e da ci$ili(ao, ... se que osconceitos de ci$ili(ao e de cultura se podem reali(ar em tais condi*es.

    Como di$erge desta democracia re$olucionria a democracia descrita por io M;;5 egundo otestemuno da Kistria* onde reina uma verdadeira democracia* a vida do povo estA como queimpregnada de ss tradiLes* que : il0cito a%ater Representantes dessas tradiLes so* antes detudo* as classes dirigentes* ou seja* os grupos de omens e muleres ou as associaLes* que do*como se costuma di;er* o tom na aldeia e na cidade* na regio e no pa0s inteiro

    ("aqui* em todos os povos civili;ados* a eBistncia e o in$luBo de instituiLes eminentementearistocrAticas* no sentido mais elevado da palavra* como so algumas academias de larga e %emmerecida $ama Pertence a este n9mero tam%:m a no%re;a 6. Como se $/, o esp+rito da democraciare$olucionria !em di$erso daquele que de$e animar uma democracia conforme a doutrina da;greja.

    F. Revoluo! Con&ra-Revoluo e di&adura

    's presentes considera*es so!re a posio da 3e$oluo e do pensamento cat4lico em facedas formas de go$erno suscitaro em $rios leitores uma interrogao5 a ditadura um fator de3e$oluo, ou de Contra3e$oluo&

    ara responder com clare(a a uma pergunta a que t/m sido dadas tantas solu*es confusas eat tendenciosas, necessrio esta!elecer uma distino entre certos elementos que se emaranhamdesordenadamente na idia de ditadura, como a opinio p!lica a conceitua. Confundindo a ditaduraem tese com o que ela tem sido in concretoem nosso sculo, o p!lico entende por ditadura umestado de coisas em que um chefe dotado de poderes irrestritos go$erna um pa+s. ara o !em deste,di(em uns. ara o mal, di(em outros. as em um e outro caso, tal estado de coisas sempre umaditadura.

    %ra, este conceito en$ol$e dois elementos distintos5

    onipot/ncia do stadoP

    R

    !!* vol II* p D&GS!locuo ao Consistrio* de &5-4I-&5+7* (Oes nseignements ontificau# Oa pai# intrieure des =ations par les moines de 9olesmes)*"escl:e M Cie* p G

    6'locuo ao atriciado e H =o!re(a 3omana* de &D-I-&+HD* -iscorsi e 3adiomessaggi* vol 4II* p 7H'

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    concentrao do poder estatal em uma s4 pessoa.

    =o esp+rito p!lico, parece que o segundo elemento chama mais a ateno. ntretanto, oelemento !sico o primeiro, pelo menos se entendermos por ditadura um estado de coisas em queo oder p!lico, suspensa qualquer ordem jur+dica, disp*e a seu talante de todos os direitos.

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    Captulo IV - As #etaor$oses do Pro"esso Re%olu"ion&rio

    Como se depreende da anlise feita no cap+tulo anterior, o processo re$olucionrio odesen$ol$imento, por etapas, de certas tend/ncias desregradas do homem ocidental e cristo, e doserros delas nascidos.

    m cada etapa, essas tend/ncias e erros t/m um aspecto pr4prio. ' 3e$oluo $ai, pois, semetamorfoseando ao longo da Eist4ria.

    ssas metamorfoses que se o!ser$am nas grandes linhas gerais da 3e$oluo, se repetem, emponto menor, no interior de cada grande epis4dio dela.

    'ssim, o esp+rito da 3e$oluo Francesa, em sua primeira fase, usou mscara e linguagemaristocrtica e at eclesistica. Freq)entou a corte e sentouse H mesa do Conselho do 3ei.

    -epois, tornouse !urgu/s e tra!alhou pela e#tino incruenta da monarquia e da no!re(a, epor uma $elada e pac+fica supresso da ;greja Cat4lica.

    Oogo que p:de, fe(se jaco!ino, e se em!riagou de sangue no >error.

    as os e#cessos praticados pela faco jaco!ina despertaram rea*es. le $oltou atrs,percorrendo as mesmas etapas. -e jaco!ino transformouse em !urgu/s no -iret4rio, com =apoleoestendeu a mo H ;greja e a!riu as portas H no!re(a e#ilada, e, por fim, aplaudiu a $olta dosour!ons. >erminada a 3e$oluo Francesa, no termina com isto o processo re$olucionrio. iloque torna a e#plodir com a queda de Carlos M e a ascenso de Ou+s Felipe, e assim por sucessi$asmetamorfoses, apro$eitando seus sucessos e mesmo seus insucessos, chegou ele at o paro#ismo denossos dias.

    ' 3e$oluo usa, pois, suas metamorfoses no s4 para a$anar, como tam!m para operar osrecuos tticos que to freq)entemente lhe t/m sido necessrios.

    or $e(es, mo$imento sempre $i$o, ela tem simulado estar morta. esta uma de suasmetamorfoses mais interessantes. =a apar/ncia, a situao de um determinado pa+s se apresenta

    como inteiramente tranq)ila. ' reao contrare$olucionria se distende e adormece. as, nasprofundidades da $ida religiosa, cultural, social, ou econ:mica, a fermentao re$olucionria $aisempre ganhando terreno. , ao ca!o desse aparente interst+cio, e#plode uma con$ulso inesperada,freq)entemente maior que as anteriores.

    Captulo V - As 'r(s Pro$undidades da Re%oluo) *as tend(n"ia+ nasid,ias+ nos $atos

    1. A REVOLUO NAS TENDNCIAS

    Como $imos, essa 3e$oluo um processo feito de etapas, e tem sua origem ltima emdeterminadas tend/ncias desordenadas que lhe ser$em de alma e de fora propulsora mais +ntima1Q.

    'ssim, podemos tam!m distinguir na 3e$oluo tr/s profundidades, que cronologicamenteat certo ponto se interpenetram.

    ' primeira, isto , a mais profunda, consiste em uma crise nas tend/ncias. ssas tend/nciasdesordenadas, que por sua pr4pria nature(a lutam por reali(arse, j no se conformando com todauma ordem de coisas que lhes contrria, comeam por modificar as mentalidades, os modos de ser,as e#press*es art+sticas e os costumes, sem desde logo tocar de modo direto ha!itualmente, pelomenos nas idias.

    1QC$r Parte I - Cap III* 7

    9

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    2. A REVOLUO NAS IDIAS

    -essas camadas profundas, a crise passa para o terreno ideol4gico. Com efeito como aulourget p:s em e$id/ncia em sua cle!re o!ra.e ":mon du idi cumpre viver como se pensa*

    so% pena de* mais cedo ou mais tarde* aca%ar por pensar como se viveu 11. 'ssim, inspiradas pelo

    desregramento das tend/ncias profundas, doutrinas no$as eclodem. las procuram por $e(es, dein+cio, um modus vivendi com as antigas, e se e#primem de maneira a manter com estas umsimulacro de harmonia que ha!itualmente no tarda em se romper em luta declarada.

    3. A REVOLUO NOS FATOS

    ssa transformao das idias estendese, por sua $e(, ao terreno dos fatos, onde passa aoperar, por meios cruentos ou incruentos, a transformao das institui*es, das leis e dos costumes,tanto na esfera religiosa quanto na sociedade temporal. " uma terceira crise, j toda ela na ordemdos fatos.

    4. OSERVA!ES DIVERSAS

    A. As "rofundidades da Revoluo no se iden&ificam com e&a"as cronol'%icas

    ssas profundidades so, de algum modo, escalonadas. as uma anlise atenta e$id/ncia queas opera*es que a 3e$oluo nelas reali(a de tal modo se interpenetram no tempo, que essasdi$ersas profundidades no podem ser $istas como outras tantas unidades cronol4gicas distintas.

    B. (i&ide) das &rs "rofundidades da Revoluo

    ssas tr/s profundidades nem sempre se diferenciam nitidamente umas das outras. % grau denitide( $aria muito de um caso concreto a outro.

    C. * "rocesso revolucion+rio no incoerc,vel

    % caminhar de um po$o atra$s dessas $rias profundidades no incoerc+$el, de tal maneiraque, dado o primeiro passo, ele chegue necessariamente at o ltimo, e res$ale para a profundidadeseguinte. elo contrrio, o li$re ar!+trio humano, coadju$ado pela graa, pode $encer qualquer crise,como pode deter e $encer a pr4pria 3e$oluo.

    -escre$endo esses aspectos, fa(emos como um mdico que descre$e a e$oluo completa deuma doena at a morte, sem pretender com isto que a doena seja incur$el.

    Captulo VI - A #ar"a da Re%oluo

    's considera*es anteriores j nos forneceram alguns dados so!re a marcha da 3e$oluo,

    isto , seu carter processi$o, as metamorfoses por que ela passa, sua irrupo no mais rec:ndito dohomem, e sua e#teriori(ao em atos. Como se $/, h toda uma dinJmica pr4pria H 3e$oluo. -istopodemos ter melhor idia estudando ainda outros aspectos da marcha da 3e$oluo.

    1. A FORA PROPULSORA DA REVOLUO

    A. A Revoluo e as &endncias desordenadas

    ' mais possante fora propulsora da 3e$oluo est nas tend/ncias desordenadas.

    por isto a 3e$oluo tem sido comparada a um tufo, a um terremoto, a um ciclone. " queas foras naturais desencadeadas so imagens materiais das pai#*es desenfreadas do homem.

    B. *s "aroismos da Revoluo es&o in&eiros nos %ermes des&aComo os cataclismos, as ms pai#*es t/m uma fora imensa, mas para destruir.

    11Op cit* .i%rairie Plon* Paris* &+&H* vol II* p 75,

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    ssa fora j tem potencialmente, no primeiro instante de suas grandes e#plos*es, toda a$irul/ncia que se patentear mais tarde nos seus piores e#cessos. =as primeiras nega*es do

    protestantismo, por e#emplo, j esta$am impl+citos os anelos anarquistas do comunismo. 9e, doponto de $ista da formulao e#pl+cita, Outero no era seno Outero, todas as tend/ncias, todo oestado de alma, todos os imponder$eis da e#ploso luterana j tra(iam consigo, de modo aut/ntico

    e pleno, em!ora impl+cito, o esp+rito de Boltaire e de 3o!espierre, de ar# e de Oenine1G

    .C. A Revoluo eas"era suas "r'"rias causas

    ssas tend/ncias desordenadas se desen$ol$em como os pruridos e os $+cios, isto , H medidamesmo que se satisfa(em, crescem em intensidade. 's tend/ncias produ(em crises morais, doutrinaserr:neas, e depois re$olu*es. 0mas e outras, por sua $e(, e#acer!am as tend/ncias. stas ltimasle$am em seguida, e por um mo$imento anlogo, a no$as crises, no$os erros, no$as re$olu*es. " oque e#plica que nos encontremos hoje em tal paro#ismo da impiedade e da imoralidade, !em comoem tal a!ismo de desordens e disc4rdias.

    2. OS APARENTES INTERST#CIOS DA REVOLUO

    Considerando a e#ist/ncia de per+odos de uma calmaria acentuada, dirseia que neles a3e$oluo cessou. assim parece que o processo re$olucionrio descont+nuo, e portanto no uno.

    %ra, essas calmarias so meras metamorfoses da 3e$oluo. %s per+odos de tranq)ilidadeaparente, supostos interst+cios, t/m sido em geral de fermentao re$olucionria surda e profunda.Eaja $ista o per+odo da 3estaurao T1S1?1SKQU 1K.

    3. A MARC$A DE RE%UINTE EM RE%UINTE

    elo que $imos 17se e#plica que cada etapa da 3e$oluo, comparada com a anterior, no sejaseno um requinte. % humanismo naturalista e o protestantismo se requintaram na 3e$oluo

    Francesa, a qual, por sua $e(, se requintou no grande processo re$olucionrio de !olche$i(ao domundo hodierno." que as pai#*es desordenadas, indo num crescendo anlogo ao que produ( a acelerao na lei

    da gra$idade, e alimentandose de suas pr4prias o!ras, acarretam conseq)/ncias que, por sua $e(, sedesen$ol$em segundo intensidade proporcional. , na mesma progresso, os erros geram erros, e asre$olu*es a!rem caminho umas para as outras.

    4. AS VELOCIDADES $ARM&NICA DA REVOLUO

    sse processo re$olucionrio se d em duas $elocidades di$ersas. 0ma, rpida, destinadageralmente ao fracasso no plano imediato. ' outra tem sido ha!itualmente coroada de /#ito, e muito mais lenta.

    A. A al&a velocidade

    %s mo$imentos prcomunistas dos ana!atistas, por e#emplo, tiraram imediatamente, em$rios campos, todas ou quase todas as conseq)/ncias do esp+rito e das tend/ncias da seudo3eforma5 fracassaram.

    B. A marca morosa

    Oentamente, ao longo de mais de quatro sculos, as correntes mais moderadas doprotestantismo, caminhando de requinte em requinte, por etapas de dinamismo e de inrcia

    1GC$r .eo /III* Enc0clica (

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    sucessi$as, $o entretanto fa$orecendo paulatinamente, de um ou de outro modo, a marcha do%cidente para o mesmo ponto e#tremo 1?.

    C. Como se armoni)am essas velocidades

    Cumpre estudar o papel de cada uma dessas $elocidades na marcha da 3e$oluo. -irseia

    que os mo$imentos mais $elo(es so inteis. orm, no $erdade. ' e#ploso desses e#tremismosle$anta um estandarte, cria um ponto de mira fi#o que fascina pelo seu pr4prio radicalismo osmoderados, e para o qual estes se $o lentamente encaminhando. 'ssim, o socialismo repudia ocomunismo mas o admira em sil/ncio e tende para ele. ais remotamente o mesmo se poderia di(erdo comunista a!euf e seus sequa(es nos ltimos lampejos da 3e$oluo Francesa. Foramesmagados. as lentamente a sociedade $ai seguindo o caminho para onde eles a quiseram le$ar. %fracasso dos e#tremistas , pois, apenas aparente. les cola!oram indireta, mas possantemente, paraa 3e$oluo, atraindo paulatinamente para a reali(ao de seus culposos e e#acer!ados de$aneios amultido incont$el dos prudentes, dos moderados, e dos med+ocres.

    5. DESFA'ENDO O(E!ES

    Bistas estas no*es, apresentase a ocasio para desfa(er algumas o!je*es que, antes disto,no poderiam ser adequadamente analisadas.

    A. Revolucion+rios de "euena velocidade e /semicon&ra-revolucion+rios0

    % que distingue o re$olucionrio que seguiu o ritmo da marcha rpida, de quem se $aipaulatinamente tornando tal segundo o ritmo da marcha lenta, est em que, quando o processore$olucionrio te$e in+cio no primeiro, encontrou resist/ncias nulas, ou quase nulas. ' $irtude e a$erdade $i$iam nessa alma de uma $ida de superf+cie. ram como madeira seca, que qualquerfagulha pode incendiar. elo contrrio, quando esse processo se opera lentamente, porque afagulha da 3e$oluo encontrou, ao menos em parte, lenha $erde. m outros termos, encontroumuita $erdade ou muita $irtude que se mant/m infensas H ao do esp+rito re$olucionrio. 0ma almaem tal situao fica !ipartida, e $i$e de dois princ+pios opostos, o da 3e$oluo e o da %rdem.

    -a coe#ist/ncia desses dois princ+pios, podem surgir situa*es !em di$ersas52 a. O revolucionArio de pequena velocidade5 ele se dei#a arrastar pela 3e$oluo, H qual

    op*e apenas a resist/ncia da inrcia.

    2 !. O revolucionArio de velocidade lenta* mas com (coAgulos) contra-revolucionArios .>am!m ele se dei#a arrastar pela 3e$oluo. as em algum ponto concreto recusaa. 'ssim, pore#emplo, ser socialista em tudo, mas conser$ar o gosto das maneiras aristocrticas. Conforme ocaso, ele chegar at mesmo a atacar a $ulgaridade socialista. >ratase de uma resist/ncia, semd$ida. as resist/ncia em ponto de pormenor, que no remonta aos princ+pios, toda feita de h!itose impress*es. 3esist/ncia por isto mesmo sem maior alcance, que morrer com o indi$+duo, e que, se

    se der num grupo social, cedo ou tarde, pela $iol/ncia ou pela persuaso, em uma gerao oualgumas, a 3e$oluo em seu curso ine#or$el desmantelar.

    2 c. O(semicontra-revolucionArio) &D5 diferenciase do anterior apenas pelo fato de que nele oprocesso de coagulao foi mais enrgico, e remontou at a (ona dos princ+pios !sicos. -e algunsprinc+pios, j se $/, e no de todos. =ele a reao contra a 3e$oluo mais pertina(, mais $i$a.Constitui um o!stculo que no s4 de inrcia. 9ua con$erso a uma posio inteiramente contrare$olucionria mais fcil, pelo menos em tese. 0m e#cesso qualquer da 3e$oluo pode determinarnele uma transformao ca!al, uma cristali(ao de todas as tend/ncias !oas, numa atitude defirme(a ina!al$el. nquanto esta feli( transformao no se der, o semicontrare$olucionrio no

    pode ser considerado um soldado da Contra3e$oluo.

    1?C$r Parte II* Cap 4III* 1

    1@C$r Parte I* cap I/

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    " caracter+stica do conformismo do re$olucionrio de marcha lenta, e do semicontrare$olucionrio, a facilidade com que am!os aceitam as conquistas da 3e$oluo. 'firmando a teseda unio da ;greja e do stado, por e#emplo, $i$em displicentemente no regime da hip4tese, isto ,da separao, sem tentar qualquer esforo srio para que se torne poss+$el restaurar algum dia emcondi*es con$enientes a unio.

    B. Monaruias "ro&es&an&es - Re"#$licas ca&'licas

    0ma o!jeo que se poderia fa(er a nossas teses consistiria em di(er que, se o mo$imentorepu!licano uni$ersal fruto do esp+rito protestante, no se compreende como no mundo s4 hajaatualmente 1Rum 3ei cat4lico, e tantos pa+ses protestantes se conser$em monrquicos.

    ' e#plicao simples. ' ;nglaterra, a Eolanda e as na*es n4rdicas, por toda uma srie dera(*es hist4ricas, psicol4gicas, etc., so muito afins com a monarquia. enetrando nelas, a3e$oluo no conseguiu e$itar que o sentimento monrquico coagulasse. 'ssim, a reale(a $emso!re$i$endo o!stinadamente nesses pa+ses, apesar de neles a 3e$oluo ir penetrando cada $e( maisa fundo em outros campos. 9o!re$i$endo..., sim, na medida em que morrer aos poucos pode serchamado so!re$i$er. ois a monarquia inglesa redu(ida em largu+ssima medida a um papel de

    aparato, e as demais reale(as protestantes transformadas para quase todos os efeitos em rep!licascujo chefe $ital+cio e hereditrio, $o agoni(ando sua$emente, e, a continuarem assim as coisas, see#tinguiro sem ru+do.

    9em negar que outras causas contri!uem para esta so!re$ida, queremos, entretanto, p:r eme$id/ncia o fator muito importante, alis que se situa no Jm!ito de nossa e#posio.

    elo contrrio, nas na*es latinas, o amor a uma disciplina e#terna e $is+$el, a um poderp!lico forte e prestigioso, por muitas ra(*es !em menor.

    ' 3e$oluo no encontrou nelas, pois, um sentimento monrquico to arraigado. Oe$ou ostronos facilmente. as at agora no foi suficientemente forte para arrastar a 3eligio.

    C. A aus&eridade "ro&es&an&e

    %utra o!jeo a nosso tra!alho poderia $ir do fato de que certas seitas protestantes so deuma austeridade que toca as raias do e#agero. Como, pois, e#plicar todo o protestantismo por umae#ploso do desejo de go(ar a $ida&

    'inda aqui, a o!jeo no dif+cil de resol$er. enetrando em certos am!iente, a 3e$oluoencontrou muito $i$a( o amor H austeridade. 'ssim, formouse um cogulo. , se !em que ela a+tenha conseguido em matria de orgulho todos os triunfos, no alcanou /#itos iguais em matria desensualidade. m tais am!ientes, go(ase a $ida por meio dos discretos deleites do orgulho, e no

    pelas grosseiras del+cias da carne. ode at ser que a austeridade, acalentada pelo orgulhoe#acer!ado, tenha reagido e#ageradamente contra a sensualidade. as essa reao, por maiso!stinada que seja, estril5 cedo ou tarde, por inanio ou pela $iol/ncia, ser destroada pela

    3e$oluo. ois no de um puritanismo hirto, frio, mumificado, que pode partir o sopro de $idaque regenerar a terra.

    D. A fren&e #nica da Revoluo

    >ais coagula*es e cristali(a*es condu(em normalmente ao entrechoque das foras da3e$oluo. Considerandoo, dirseia que as pot/ncias do mal esto di$ididas contra si mesmas, eque falsa nossa concepo unitria do processo re$olucionrio.

    ;luso. or um instinto profundo, que mostra que so harm:nicas em seus elementosessenciais, e contradit4rias apenas em seus acidentes, t/m essas foras uma espantosa capacidade dese unirem contra a ;greja Cat4lica, sempre que se encontrem em face dla.

    1Ruando o livro $oi escrito* em &+,G

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    streis nos elementos !ons que lhes restem, as foras re$olucionrias s4 so realmenteeficientes para o mal. assim, cada qual ataca de seu lado a ;greja, que fica como uma cidade sitiada

    por um imenso e#rcito.

    ntre essas foras da 3e$oluo, cumpre no omitir os cat4licos que professam a doutrina da;greja mas esto dominados pelo esp+rito re$olucionrio. il $e(es mais perigosos que os inimigos

    declarados, com!atem a Cidade 9anta dentro de seus pr4prios muros, e !em merecem o que delesdisse io ;M5 Em%ora os $ilos do s:culo sejam mais A%eis que os $ilos da lu;* seus ardis e suasviolncias teriam* sem d9vida* menor Bito se um grande n9mero* entre aqueles que se intitulamcatlicos* no les estendesse mo amiga im* in$eli;mente* A os que parecem querer caminarde acordo com nossos inimigos* e se es$oram por esta%elecer uma aliana entre a lu; e as trevas*um acordo entre a justia e a iniqidade por meio dessas doutrinas que se camam catlico-li%erais* as quais* apoiando-se so%re os mais perniciosos princ0pios* adulam o poder civil quandoele invade as coisas espirituais* e impulsionam as almas ao respeito* ou ao menos = tolerQncias dasleis mais in0quas Como se a%solutamente no estivesse escrito que ningu:m pode servir a dois

    senores o eles muito mais perigosos certamente e mais $unestos do que os inimigos declarados*no s porque les secundam os es$oros* talve; sem o perce%erem* como tam%:m porque*

    mantendo-se no eBtremo limite das opiniLes condenadas* tomam uma aparncia de integridade ede doutrina irrepreens0vel* aliciando os imprudentes amigos de conciliaLes e enganando as

    pessoas onestas* que se revoltariam contra um erro declarado Por isso* eles dividem os esp0ritos*rasgam a unidade e en$raquecem as $oras que seria necessArio reunir contra o inimigo1S.

    6. OS A)ENTES DA REVOLUO* A MAONARIA E AS DEMAIS FORASSECRETAS

    0ma $e( que estamos estudando as foras propulsoras da 3e$oluo, con$m que digamosuma pala$ra so!re os agentes desta.

    =o acreditamos que o mero dinamismo das pai#*es e dos erros dos homens possa conjugar

    meios to di$ersos, para a consecuo de um nico fim, isto , a $it4ria da 3e$oluo.rodu(ir um processo to coerente, to cont+nuo, como o da 3e$oluo, atra$s das mil$icissitudes de sculos inteiros, cheios de impre$istos de toda ordem, nos parece imposs+$el sem aao de gera*es sucessi$as de conspiradores de uma intelig/ncia e um poder e#traordinrios.ensar que sem isto a 3e$oluo teria chegado ao estado em que se encontra, o mesmo queadmitir que centenas de letras atiradas por uma janela poderiam disporse espontaneamente no cho,de maneira a formar uma o!ra qualquer, por e#emplo, a %de a 9at, de Carducci.

    's foras propulsoras da 3e$oluo t/m sido manipuladas at aqui por agentes sagac+ssimos,que delas se t/m ser$ido como meios para reali(ar o processo re$olucionrio.

    -e modo geral, podem qualificarse agentes da 3e$oluo todas as seitas, de qualquernature(a, engendradas por ela, desde seu nascedouro at nossos dias, para a difuso do pensamento

    ou a articulao das tramas re$olucionrias. orm, a seitamestra, em torno da qual todas searticulam como simples foras au#iliares por $e(es conscientemente, e outras $e(es no aaonaria, segundo claramente decorre dos documentos pontif+cios, e especialmente da nc+clica

    Kumanum Fenusde Oeo M;;;, de GQ de a!ril de 1SS7 16.

    % /#ito que at aqui t/m alcanado esses conspiradores, e particularmente a aonaria,de$esse no s4 ao fato de possu+rem incontest$el capacidade de se articularem e conspirarem, mastam!m ao seu lcido conhecimento do que seja a ess/ncia profunda da 3e$oluo, e de comoutili(ar as leis naturais falamos das da pol+tica, da sociologia, da psicologia, da arte, da economia,etc. para fa(er progredir a reali(ao de seus planos.

    1SCarta ao Presidente e mem%ros do C0rculo anto !m%rsio* de ilo* de D-III-&G57* apud ; api e la Aio$entV* Editrice !4E* Roma*&+HH* p 7D

    163onne Presse* Paris* vol I* pp 1H1 a 15D

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    =esse sentido os agentes do caos e da su!$erso fa(em como o cientista, que em $e( de agirpor si s4, estuda e p*e em ao as foras, mil $e(es mais poderosas, da nature(a.

    " o que, alm de e#plicar em grande parte o /#ito da 3e$oluo, constitui importanteindicao para os soldados da Contra3e$oluo.

    Captulo VII - A Ess(n"ia da Re%oluo

    -escrita assim rapidamente a crise do %cidente cristo, oportuno analisla.

    1. A REVOLUO POR E+CELNCIA

    sse processo cr+tico de que nos $imos ocupando , j o dissemos, uma 3e$oluo.

    A. 1en&ido da "alavra /Revoluo0

    -amos a este $oc!ulo o sentido de um mo$imento que $isa destruir um poder ou uma ordemleg+tima e p:r em seu lugar um estado de coisas Tintencionalmente no queremos di(er ordem de

    coisasU ou um poder ileg+timo.B. Revoluo cruen&a e incruen&a

    =esse sentido, a rigor, uma 3e$oluo pode ser incruenta. sta de que nos ocupamos sedesen$ol$eu e continua a se desen$ol$er por toda sorte de meios, alguns dos quais cruentos, eoutros no. 's duas guerras mundiais deste sculo, por e#emplo, consideradas em suasconseq)/ncias mais profundas, so cap+tulos dela, e dos mais sanguinolentos. 'o passo que alegislao cada $e( mais socialista de todos ou quase todos os po$os hodiernos constitui um

    progresso important+ssimo e incruento da 3e$oluo.

    C. A am"li&ude des&a Revoluo

    ' 3e$oluo tem derru!ado muitas $e(es autoridades leg+timas, su!stituindoas por outrassem qualquer t+tulo de legitimidade. as ha$eria engano em pensar que ela consiste apenas nisto.9eu o!jeti$o principal no a destruio destes ou daqueles direitos de pessoas ou fam+lias. ais doque isto, ela quer destruir toda uma ordem de coisas leg+tima, e su!stitu+la por uma situaoileg+tima. ordem de coisas ainda no di( tudo. " uma $iso do uni$erso e um modo de ser dohomem, que a 3e$oluo pretende a!olir, com o intuito de su!stitu+los por outros radicalmentecontrrios.

    D. A Revoluo "or ecelncia

    =este sentido se compreende que esta 3e$oluo no apenas uma re$oluo, mas a3e$oluo.

    E. A des&ruio da ordem "or ecelncia

    Com efeito, a ordem de coisas que $em sendo destru+da a Cristandade medie$al. %ra, essaCristandade no foi uma ordem qualquer, poss+$el como seriam poss+$eis muitas outras ordens. Foi areali(ao, nas circunstJncias inerentes aos tempos e aos lugares, da nica ordem $erdadeira entre oshomens, ou seja, a ci$ili(ao crist.

    =a nc+clica Immortale "ei, Oeo M;;; descre$eu nestes termos a Cristandade medie$al5empo ouve em que a $iloso$ia do Evangelo governava os Estados Nessa :poca* a in$luncia da

    sa%edoria crist e a sua virtude divina penetravam as leis* as instituiLes* os costumes dos povos*todas as categorias e todas as relaLes da sociedade civil Ento a Religio institu0da por esusCristo* solidamente esta%elecida no grau de dignidade que le : devido* em toda parte era

    $lorescente* graas ao $avor dos Pr0ncipes e = proteo leg0tima dos agistrados Ento oacerdcio e o Imp:rio estavam ligados entre si por uma $eli; concrdia e pela permuta amistosade %ons o$0cios Organi;ada assim* a sociedade civil deu $rutos superiores a toda a eBpectativa*

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    cuja memria su%siste e su%sistirA* consignada como estA em in9meros documentos que arti$0cioalgum dos adversArios poderA corromper ou o%scurecer) GQ.

    'ssim, o que tem sido destru+do, do sculo MB para c, aquilo cuja destruio j est quaseinteiramente consumada em nossos dias, a disposio dos homens e das coisas segundo a doutrinada ;greja, estra da 3e$elao e da Oei =atural. sta disposio a ordem por e#cel/ncia. % que se

    quer implantar ,per diametrum, o contrrio disto. ortanto, a 3e$oluo por e#cel/ncia.9em d$ida, a presente 3e$oluo te$e precursores, e tam!m prefiguras. 'rio, aom, foram

    prefiguras de Outero, por e#emplo. Eou$e tam!m utopistas em diferentes pocas, que conce!eram,em sonhos, dias muito parecidos com os da 3e$oluo. Eou$e por fim, em di$ersas ocasi*es, po$osou grupos humanos que tentaram reali(ar um estado de coisas anlogo Hs quimeras da 3e$oluo.

    as todos estes sonhos, todas essas prefiguras pouco ou nada so em confronto da 3e$oluoem cujo processo $i$emos. sta, por seu radicalismo, por sua uni$ersalidade, por sua pujana, foito fundo e est chegando to longe, que constitui algo de +mpar na Eist4ria, e fa( perguntar amuitos esp+ritos ponderados se realmente no chegamos aos tempos do 'nticristo. -e fato, pareceque no estamos distantes, a julgar pelas pala$ras do 9anto adre Noo MM;;;, gloriosamentereinante5 Ns vos di;emos* ademais* que* nesta ora terr0vel em que o esp0rito do mal %usca todosos meios para destruir o Reino de "eus* devemos pJr em ao todas as energias para de$end-lo*

    se quereis evitar para vossa cidade ru0nas imensamente maiores do que as acumuladas peloterremoto de cinqenta anos atrAs uanto mais di$0cil seria ento o reerguimento das almas* umave; que tivessem sido separadas da Igreja ou su%metidas como escravas =s $alsas ideologias donosso tempo? G1.

    2. REVOLUO E LE)ITIMIDADE

    A. A le%i&imidade "or ecelncia

    m geral, a noo de legitimidade tem sido focali(ada apenas com relao a dinastias e

    go$ernos. 'tendidos os ensinamentos de Oeo M;;; na nc+clica !u ilieu des olicitudes, de 1@ defe$ereiro de 1S6G GG, no se pode entretanto fa(er t!ua rasa da questo da legitimidade dinstica ougo$ernamental, pois questo moral gra$+ssima que as consci/ncias retas de$em considerar comtoda a ateno.

    orm no s4 a este g/nero de pro!lemas que se aplica o conceito de legitimidade.E uma legitimidade mais alta, aquela que a caracter+stica de toda ordem de coisas em que se

    torne efeti$a a 3eale(a de =osso 9enhor Nesus Cristo, modelo e fonte da legitimidade de todas asreale(as e poderes terrenos. Outar pela autoridade leg+tima um de$er, e at um de$er gra$e. as

    preciso $er na legitimidade dos detentores da autoridade no s4 um !em e#celente em si, mas ummeio para atingir !em ainda muito maior, ou seja, a legitimidade de toda a ordem social, de todas asinstitui*es e am!ientes humanos, o que se d com a disposio de todas as coisas segundo a

    doutrina da ;greja.B. Cul&ura e civili)ao ca&'lica

    % ideal da Contra3e$oluo , pois, restaurar e promo$er a cultura e a ci$ili(ao cat4lica.ssa temtica no estaria suficientemente enunciada, se no conti$esse uma definio do queentendemos por cultura cat4lica e ci$ili(ao cat4lica. 9a!emos que os termos ci$ili(ao ecultura so usados em muitos sentidos di$ersos. em se $/ que no pretendemos aqui tomar

    posio em uma questo de terminologia. que nos limitamos a usar esses $oc!ulos como r4tulosde preciso relati$a para mencionar certas realidade, mais preocupados em dar $erdadeira idiadessas realidades, do que em discutir so!re os termos.

    GQEnc0clica (;mmortale -ei* de &-/I-&GG,* 3onne Presse* Paris* vol II* p 7+G13adiomensagemde 1G-/II-&+,G, = Populao de essina* no ,' aniversArio do terremoto que destruiu essa cidade - in ( OD%sser$atore

    3omano)* edio e%domadAria em l0ngua $rancesa* de 17-I-&+,+GG3onne Presse* Paris* vol III* pp &&1 a &11

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    0ma alma em estado de graa est na posse, em grau maior ou menor, de todas as $irtudes.;luminada pela F, disp*e dos elementos para formar a nica $iso $erdadeira do uni$erso.

    % elemento fundamental da cultura cat4lica a $iso do uni$erso ela!orada segundo adoutrina da ;greja. ssa cultura compreende no s4 a instruo, isto , a posse dos dadosinformati$os necessrios para uma tal ela!orao, mas uma anlise e uma coordenao desses dados

    conforme a doutrina cat4lica. la no se cinge ao campo teol4gico, ou filos4fico, ou cient+fico, masa!range todo o sa!er humano, refletese na arte e implica na afirmao de $alores que impregnamtodos os aspectos da e#ist/ncia.

    Ci$ili(ao cat4lica a estruturao de todas as rela*es humanas, de todas as institui*eshumanas, e do pr4prio stado, segundo a doutrina da ;greja.

    C. Car+&er sacral da civili)ao ca&'lica

    st impl+cito que uma tal ordem de coisas fundamentalmente sacral, e que ela importa noreconhecimento de todos os podres da 9anta ;greja, e particularmente do 9umo ont+fice5 poderdireito so!re as coisas espirituais, poder indireto so!re as coisas temporais, enquanto di(em respeitoH sal$ao das almas.

    3ealmente, o fim da sociedade e do stado a $ida $irtuosa em comum. %ra, as $irtudes queo homem chamado a praticar so as $irtudes crists, e destas a primeira o amor a -eus. 'sociedade e o stado t/m, pois, um fim sacral GK.

    or certo H ;greja que pertencem os meios pr4prios para promo$er a sal$ao das almas.as a sociedade e o stado t/m meios instrumentais para o mesmo fim, isto , meios que, mo$idos

    por um agente mais alto, produ(em efeito superior a si mesmos.

    D. Cul&ura e civili)ao "or ecelncia

    -e todos estes dados fcil inferior que a cultura e a ci$ili(ao cat4lica so a cultura pore#cel/ncia e a ci$ili(ao por e#cel/ncia. " preciso acrescentar que no podem e#istir seno em

    po$os cat4licos. 3ealmente, se !em que o homem possa conhecer os princ+pios da Oei =atural porsua pr4pria ra(o, no pode um po$o, sem o agistrio da ;greja, manterse dura$elmente noconhecimento de todos eles G7. , por este moti$o, um po$o que no professe a $erdadeira 3eligiono pode dura$elmente praticar todos os andamentos G?. =estas condi*es, e como sem oconhecimento e a o!ser$Jncia da Oei de -eus no pode ha$er ordem crist, a ci$ili(ao e a cultura

    por e#cel/ncia s4 so poss+$eis no gr/mio da 9anta ;greja. Com efeito, de acordo com o que disse9o io M, a ci$ili(ao : tanto mais verdadeira* mais durAvel* mais $ecunda em $rutos preciosos*quanto mais puramente crist< tanto mais decadente* para grande desgraa da sociedade* quantomais se su%trai = id:ia crist Por isto* pela $ora intr0nseca das coisas* a Igreja torna-se tam%:mde $ato a guardi e protetora da civili;ao crist G@.

    E. A ile%i&imidade "or ecelncia9e nisto consistem a ordem e a legitimidade, facilmente se $/ no que consiste a 3e$oluo.

    ois o contrrio dessa ordem. " a desordem e a ilegitimidade por e#cel/ncia.

    3. A REVOLUO, O OR)UL$O E A SENSUALIDADE - OS VALORESMETAF#SICOS DA REVOLUO

    -uas no*es conce!idas como $alores metaf+sicos e#primem !em o esp+rito da 3e$oluo5 aigualdade a!soluta, li!erdade completa. duas so as pai#*es que mais a ser$em5 o orgulho e asensualidade.

    GKC$r anto omAs* -e 3egimine rincipum* I* &H e &,G7C$r Conc+lio Baticano ;* sess III* cap 1 - " &5GDG?C$r Conc+lio de >rento* sess 4I* cap 1 - " G&1G@ Enc0clica ;l Fermo roposito* de &&-4I-&+', 2 3onne Presse* Paris* vol II* p +1

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    3eferindonos Hs pai#*es, cumpre esclarecer o sentido em que tomamos o $oc!ulo nestetra!alho. ara maior !re$idade, conformandonos com o uso de $rios autores espirituais, sempreque falamos das pai#*es como fautoras da 3e$oluo, referimonos Hs pai#*es desordenadas. ", deacordo com a linguagem corrente, inclu+mos nas pai#*es desordenadas todos os impulsos ao pecadoe#istentes no homem em conseq)/ncia da tr+plice concupisc/ncia5 a da carne, a dos olhos e a so!er!a

    da $idaGR

    .A. *r%ulo e I%uali&arismo

    ' pessoa orgulhosa, sujeita H autoridade de outra, odeia primeiramente o jugo que em concretopesa so!re ela.

    =um segundo grau, o orgulhoso odeia genericamente todas as autoridades e todos os jugos, emais ainda o pr4prio princ+pio de autoridade, considerado em a!strato.

    porque odeia toda autoridade, odeia tam!m toda superioridade, de qualquer ordem queseja.

    nisto tudo h um $erdadeiro 4dio a -eus GS.

    ste 4dio a qualquer desigualdade tem ido to longe que, mo$idas por ele, pessoas colocadasem alta situao a t/m posto em gra$e risco e at perdido, s4 para no aceitar a superioridade dequem est mais alto.

    ais ainda. =um auge de $irul/ncia o orgulho poderia le$ar algum a lutar pela anarquia, e arecusar o poder supremo que lhe fosse oferecido. ;sto porque a simples e#ist/ncia desse poder tra(impl+cita a afirmao do princ+pio de autoridade, a que todo o homem enquanto tal e o orgulhosotam!m poder ser sujeito.

    % orgulho pode condu(ir, assim, ao igualitarismo mais radical e completo.

    9o $rios os aspectos desse igualitarismo radical e metaf+sico5

    2 a. Igualdade entre os omens e "eus5 da+ o pante+smo, o imanentismo e todas as formas

    esotricas de religio, $isando esta!elecer um trato de igual a igual entre -eus e os homens, e tendopor o!jeti$o saturar estes ltimos de propriedades di$inas. % ateu um igualitrio que, querendoe$itar o a!surdo que h em afirmar que o homem -eus, cai em outro a!surdo, afirmando que -eusno e#iste. % laicismo uma forma de ate+smo, e portanto de igualitarismo. le afirma aimpossi!ilidade de se ter certe(a da e#ist/ncia de -eus. -e onde, na esfera temporal, o homem de$eagir como se -eus no e#istisse. %u seja, como pessoa que destronou a -eus.

    2 !.Igualdade na es$era eclesiAstica5 supresso do sacerd4cio dotado dos poderes de ordem,magistrio e go$erno, ou pelo menos de um sacerd4cio com graus hierrquicos.

    2 c. Igualdade entre as diversas religiLes5 todas as discrimina*es religiosas so antipticasporque ofendem a fundamental igualdade entre os homens. or isto, as di$ersas religi*es de$em tertratamento rigorosamente igual. % pretenderse uma religio $erdadeira com e#cluso das outras

    afirmar uma superioridade, contrrio H mansido e$anglica, e impol+tico, pois lhe fecha o acessoaos cora*es.

    2 d.Igualdade na es$era pol0tica5 supresso, ou pelo menos atenuao, da desigualdade entrego$ernantes e go$ernados. % poder no $em de -eus, mas da massa, que manda e H qual o go$ernode$e o!edecer. roscrio da monarquia e da aristocracia como regimes intrinsecamente maus, porantiigualitrios. 94 a democracia leg+tima, justa e e$anglica G6.

    2 e. Igualdade na estrutura da sociedade5 supresso das classes, especialmente das que seperpetuam por $ia hereditria. '!olio de toda a influ/ncia aristocrtica na direo da sociedade eno tJnusgeral da cultura e dos costumes. ' hierarquia natural constitu+da pela superioridade dotra!alho intelectual so!re o tra!alho manual desaparecer pela superao da distino entre um e

    outro.GRC$r & o 1* &DGSC$r Item (m) in$raG6C$r o Pio /* Carta !postlica=otre Charge 'postolique* de 1,-4III-&+&' - ! ! * vol II* pp D&, a D&+

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    2 f. !%olio dos corpos intermediArios entre os indi$+duos e o stado, !em como dospri$ilgios que so elementos inerentes a cada corpo social. or mais que a 3e$oluo odeie oa!solutismo rgio, odeia mais ainda os corpos intermedirios e a monarquia orgJnica medie$al. "que o a!solutismo monrquico tende a p:r os sditos, mesmo os mais categori(ados, num n+$el derec+proca igualdade, numa situao diminu+da que j prenuncia a aniquilao do indi$+duo e o

    anonimato que chegam ao auge nas grandes concentra*es ur!anas da sociedade socialista. ntre osgrupos intermedirios a serem a!olidos, ocupa o primeiro lugar a fam+lia. nquanto no conseguee#tinguila, a 3e$oluo procura redu(ila, mutilla e $ilipendila de todos os modos.

    2 g.Igualdade econJmica5 nada pertence a ningum, tudo pertence H coleti$idade. 9upressoda propriedade pri$ada, do direito de cada qual ao fruto integral de seu pr4prio tra!alho e H escolhade sua profisso.

    2 h . Igualdade nos aspectos eBteriores da eBistncia5 a $ariedade redunda facilmente emdesigualdade de n+$el. or isso, diminuio quanto poss+$el da $ariedade nos trajes, nas resid/ncias,nos m4$eis, nos h!itos etc.

    2 i.Igualdade de almas5 a propaganda como que padroni(a todos as almas, tirandolhes aspeculiaridades, e quase a $ida pr4pria. 't as diferenas de psicologia e atitude entre se#os tendem aminguar o mais poss+$el. or tudo isto, desaparece o po$o que essencialmente uma grande fam+liade almas di$ersas mas harm:nicas, reunidas em torno do que lhes comum. surge a massa, comsua grande alma $a(ia, coleti$a, escra$aKQ.

    2 j. Igualdade em todo o trato social5 como entre mais $elhos e mais moos, patr*es eempregados, professores e alunos, esposo e esposa, pais e filhos, etc.

    2 W. Igualdade na ordem internacional5 o stado constitu+do por um po$o independentee#ercendo dom+nio pleno so!re um territ4rio. ' so!erania , assim, no -ireito !lico, a imagem da

    propriedade. 'dmitida a idia de po$o, com caracter+sticas que o diferenciam dos outros, e a deso!erania, estamos forosamente em presena de desigualdades5 de capacidade, de $irtude, denmero etc. 'dmitida a idia de territ4rio, temos a desigualdade quantitati$a e qualitati$a dos $rios

    espaos territoriais. Compreendese, pois, que a 3e$oluo, fundamentalmente igualitria, sonhe emfundir todas as raas, todos os po$os e todos os stados em uma s4 raa, um s4 po$o e um s4stado K1.

    2 l.Igualdade entre as diversas partes do pa0s5 pelas mesmas ra(*es, e por um mecanismoanlogo, a 3e$oluo tende a a!olir no interior das ptrias ora e#istentes todo o sadio regionalismo

    pol+tico, cultural, etc.2 m.Igualitarismo e dio a "eus5 9anto >oms ensina KGque a di$ersidade das criaturas e seu

    escalonamento hierrquico so um !em em si, pois assim melhor resplandecem na criao asperfei*es do Criador. di( que tanto entre os 'njos KKquanto entre os homens, no ara+so >errestrecomo nesta terra de e#+lio K7, a ro$id/ncia instituiu a desigualdade. or isso, um uni$erso decriaturas iguais seria um mundo em que se teria eliminado em toda a medida do poss+$el asemelhana entre criaturas e Criador. %diar, em princ+pio, toda e qualquer desigualdade , pois,colocarse metafisicamente contra os melhores elementos de semelhana entre o Criador e a criao, odiar a -eus.

    2 n. Os limites da desigualdade5 claro est que de toda esta e#planao doutrinria no sepode concluir que a desigualdade sempre necessariamente um !em.

    %s homens so todos iguais por nature(a, e di$ersos apenas em seus acidentes. %s direitos quelhes $/m do simples fato de serem homens so iguais para todos5 direito H $ida, H honra, a condi*esde e#ist/ncia suficientes, ao tra!alho, pois, e H propriedade, H constituio de fam+lia, e so!retudo aoconhecimento e prtica da $erdadeira 3eligio. as desigualdades que atentem contra estes direitos

    KQC$r Pio /II* 3adiomensagem de =atal de 16772 -iscorsi e 3adiomessaggi* vol 4I* p 17+K1C$r Parte I - Cap /I* 7KGC$r Contra os Aentios* II* H,eol4gica* I* q H5* a 1KKC$r9uma >eol4gica* I* q ,'* a HK7C$r op cit* I* q +D* a 7 e H

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    so contrrias H ordem da ro$id/ncia. orm, dentro destes limites, as desigualdades pro$enientesde acidentes como a $irtude, o talento, a !ele(a, a fora, a fam+lia, a tradio, etc., so justas econformes H ordem do uni$erso K?.

    B. 1ensualidade e li$eralismo

    ' par do orgulho gerador de todo o igualitarismo, a sensualidade, no mais largo sentido dotermo, causadora do li!eralismo. " nestas tristes profunde(as que se encontra a juno entre essesdois princ+pios metaf+sicos da 3e$oluo, a igualdade e a li!erdade, contradit4rios em tantos pontosde $ista.

    2 a. ! ierarquia na alma5 -eus, que imprimiu um cunho hierrquico em toda a criao,$is+$el e in$is+$el, f/lo tam!m na alma humana. ' intelig/ncia de$e guiar a $ontade, e esta de$ego$ernar a sensi!ilidade. Como conseq)/ncia do pecado original, e#iste no homem um constanteatrito entre os apetites sens+$eis e a $ontade guiada pela ra(o5 4ejo nos meus mem%ros outra lei*que com%ate contra a lei da mina ra;o K@.

    as a $ontade, rainha redu(ida a go$ernar sditos postos em cont+nuas tentati$as de re$olta,tem meios de $encer sempre... desde que no resista H graa de -eus KR.

    2 !. O igualitarismo na alma5 o processo re$olucionrio, que $isa o ni$elamento geral, mastantas $e(es no tem sido seno a usurpao da funo retri( por quem de$eria o!edecer, uma $e(transposto para as rela*es entre as pot/ncias da alma ha$eria de produ(ir a lament$el tirania detodas as pai#*es desenfreadas, so!re uma $ontade d!il e falida e uma intelig/ncia o!nu!ilada.specialmente o dom+nio de uma sensualidade a!rasada, so!re todos os sentimentos de recato e de

    pudor.

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    lu#ria. de outro lado, o li!eral entre$/ que a ampliao da autoridade no regime socialista nopassa, dentro da l4gica do sistema, de meio para chegar H to almejada anarquia final.

    %s entrechoques de certos li!erais ing/nuos ou retardados, com os socialistas, so, pois, merosepis4dios superficiais no processo re$olucionrio, in4cuos qui pro quoque no pertur!am a l4gica

    profunda da 3e$oluo, nem sua marcha ine#or$el num sentido que, !em $istas as coisas, ao

    mesmo tempo socialista e li!eral.2 d. ! gerao do (rocS and roll)5 o processo re$olucionrio nas almas, assim descrito,

    produ(iu nas gera*es mais recentes, e especialmente nos adolescentes atuais que se hipnoti(am como rocW and roll, um feitio de esp+rito que se caracteri(a pela espontaneidade das rea*es primrias,sem o controle da intelig/ncia nem a participao efeti$a da $ontadeP pelo predom+nio da fantasia edas $i$/ncias so!re a anlise met4dica da realidade5 fruto, tudo, em larga medida, de uma

    pedagogia que redu( a quase nada o papel da l4gica e da $erdadeira formao da $ontade.

    2 e. Igualitarismo* li%eralismo e anarquismo5 conforme os itens anteriores Ta a dU, aefer$esc/ncia das pai#*es desregradas, se desperta de um lado o 4dio a qualquer freio e qualquer lei,de outro lado pro$oca o 4dio contra qualquer desigualdade. >al efer$esc/ncia condu( assim Hconcepo ut4pica do anarquismo mar#ista, segundo a qual uma humanidade e$olu+da, $i$endonuma sociedade sem classes nem go$erno, poderia go(ar da ordem perfeita e da mais inteirali!erdade, sem que desta se originasse qualquer desigualdade. Como se $/, o ideal simultaneamentemais li!eral e mais igualitrio que se possa imaginar.

    Com efeito, a utopia anrquica do mar#ismo consiste em um estado de coisas em que apersonalidade humana teria alcanado um alto grau de progresso, de tal maneira que lhe seriaposs+$el desen$ol$erse li$remente numa sociedade sem stado nem go$erno.

    =essa sociedade que, apesar de no ter go$erno, $i$eria em plena ordem a produoecon:mica estaria organi(ada e muito desen$ol$ida, e a distino entre tra!alho intelectual e manualestaria superada. 0m processo seleti$o ainda no determinado le$aria H direo da economia os maiscapa(es, sem que da+ decorresse a formao de classes.

    stes seriam os nicos e insignificantes res+duos de desigualdade. as, como essa sociedadecomunista anrquica no o termo final da Eist4ria, parece leg+timo supor que tais res+duos seriama!olidos em ulterior e$oluo.

    Captulo VIII - A inteli.(n"ia+ a %ontade e a sensi/ilidade+ nadeterinao dos atos uanos

    's anteriores considera*es pedem um desen$ol$imento quanto ao papel da intelig/ncia, da$ontade e da sensi!ilidade, nas rela*es entre erro e pai#o.

    oderia parecer, com efeito, que afirmamos que todo erro conce!ido pela intelig/ncia para

    justificar alguma pai#o desregrada. 'ssim, o moralista que afirmasse uma m#ima li!eral seriasempre mo$ido por uma tend/ncia li!eral.=o o que pensamos. ode suceder que unicamente por fraque(a da intelig/ncia atingida

    pelo pecado original, o moralista chegue a uma concluso li!eral.m tal caso ter ha$ido necessariamente alguma falta moral de outra nature(a, o descuido, por

    e#emplo& " questo alheia a nosso estudo.

    'firmamos, isto sim, que, historicamente, esta 3e$oluo te$e sua primeira origem em uma$iolent+ssima fermentao de pai#*es. estamos longe de negar o grande papel dos errosdoutrinrios nesse processo.

    uitos t/m sido os estudos de autores de grande $alor, como de aistre, de onald, -onosoCorts e tantos outros, so!re tais erros e o modo por que foram eles deri$ando uns dos outros, dosculo MB ao sculo MB;, e assim por diante at o sculo MM. =o , pois, nossa inteno insistiraqui so!re o assunto.

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    arecenos, entretanto, particularmente oportuno focali(ar a importJncia dos fatorespassionais e a influ/ncia destes nos aspectos estritamente ideol4gicos do processo re$olucionrioem que nos achamos. ois, a nosso $er, as aten*es esto pouco $oltadas para este ponto, o que tra(uma $iso incompleta da 3e$oluo, e acarreta em conseq)/ncia a adoo de mtodos contrare$olucionrios inadequados.

    9o!re o modo por que as pai#*es podem influir nas idias, h algo a acrescentar aqui.1. A NATURE'A DECA#DA, A )RAA E O LIVRE AR#TRIO

    % homem, pelas simples foras de sua nature(a, pode conhecer muitas $erdades e praticar$rias $irtudes. ntretanto, no lhe poss+$el, sem o au#+lio da graa, permanecer dura$elmente noconhecimento e na prtica de todos os andamentos K6.

    ;sto quer di(er que em todo homem deca+do h sempre a de!ilidade da intelig/ncia e umatend/ncia primeira, e anterior a qualquer racioc+nio, que o incita a re$oltarse contra a Oei 7Q.

    2. O )ERME DA REVOLUO

    >al tend/ncia fundamental H re$olta pode, em dado momento, ter o consentimento do li$rear!+trio. % homem deca+do peca, assim, $iolando um ou outro andamento. as suas re$olta podeir alm, e chegar at o 4dio, mais ou menos inconfessado, H pr4pria ordem moral em seu conjunto.sse 4dio, re$olucionrio por ess/ncia, pode gerar erros doutrinrios, e at le$ar H profissoconsciente e e#pl+cita de princ+pios contrrios H Oei moral e H doutrina re$elada, enquanto tais, o queconstitui um pecado contra o sp+rito 9anto.

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    ode um re$olucionrio nestas condi*es estar persuadido das e#cel/ncias das suas m#imassu!$ersi$as. le no ser portanto insincero. as ter culpa pelo erro em que caiu.

    pode tam!m acontecer que o re$olucionrio professe uma doutrina da qual no estejapersuadido, ou da qual tenha uma con$ico incompleta.

    9er, neste caso, parcial ou totalmente insincero...

    arecenos que, a este prop4sito, quase no seria necessrio acentuar que, quando afirmamosque as doutrinas de ar# esta$am impl+citas nas nega*es da seudo3eforma e da 3e$oluoFrancesa, no queremos com isto di(er que os adeptos daqueles dois mo$imentos eram,conscientemente, mar#istas avant la lettre, e que oculta$am hipocritamente suas opini*es.

    % pr4prio da $irtude crist a reta disposio das pot/ncias da alma e, pois, o incremento dalucide( da intelig/ncia iluminada pela graa e guiada pelo agistrio da ;greja. =o por outrara(o que todo o 9anto um modelo de equil+!rio e de imparcialidade. ' o!jeti$idade de seus ju+(ose a firme orientao de sua $ontade para o !em no so de!ilitadas, nem de le$e, pelo !afo $enenosodas pai#*es desregradas.

    elo contrrio, H medida que o homem decai na $irtude e se entrega ao jugo dessas pai#*es,

    $ai minguando nele a o!jeti$idade em tudo quanto com as mesmas se relacione. -e modo particular,essa o!jeti$idade fica pertur!ada quanto aos julgamentos que o homem formule so!re si mesmo.

    't que ponto um re$olucionrio de marcha lenta do sculo MB; ou do sculo MB;;;,o!nu!ilado pelo esp+rito da 3e$oluo, se da$a conta do sentido profundo e das ltimasconseq)/ncias de sua doutrina, em cada caso concreto o segredo de -eus.

    -e qualquer forma, a hip4tese de que fossem todos eles mar#istas conscientes de se e#cluirinteiramente.

    Captulo I0 - 'a/, , $ilo da Re%oluo o 1sei"ontra-re%olu"ion&rio2

    >udo quanto aqui se disse d fundamento a uma o!ser$ao de importJncia prtica.

    sp+ritos marcados por essa 3e$oluo interior podero tal$e(, por um jogo qualquer decircunstJncias e de coincid/ncia, como uma educao em meio fortemente tradicionalista emorali(ado, conser$ar em um ou muitos pontos uma atitude contrare$olucionria 71.

    9em em!argo, na mentalidade destes semicontrare$olucionrios se ter entroni(ado oesp+rito da 3e$oluo. num po$o onde a maioria esteja em tal estado de alma, a 3e$oluo serincoerc+$el enquanto este no mudar.

    'ssim, a unidade da 3e$oluo trs, como contrapartida, que o contrare$olucionrioaut/ntico s4 poder ser total.

    ratamos do assunto na arte ;; Cap. M;;, 1Q.

    Captulo 0 - A "ultura+ a arte e os a/ientes+ na Re%oluo

    'ssim descrita a comple#idade e amplitude que o processo re$olucionrio tem nas camadasmais profundas das almas, e portanto da mentalidade dos po$os, mais fcil apontar toda aimportJncia da cultura, das artes e dos am!ientes na marcha da 3e$oluo.

    1. A CULTURA

    's idias re$olucionrias fornecem Hs tend/ncias de que nasceram o meio de se afirmarem com

    foros de cidadania, aos olhos do pr4prio indi$+duo e de terceiros. las ser$em ao re$olucionrio paraa!alar nestes ltimos as con$ic*es $erdadeiras, e para assim desencadear ou agra$ar neles a re$olta

    71C$r Parte I - Cap 4I* ,* !

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    das pai#*es. las so inspirao e molde para as institui*es geradas pela 3e$oluo. ssas idiaspodem encontrarse nos mais $ariados ramos do sa!er ou da cultura, pois dif+cil que algum delesno esteja implicado, pelo menos indiretamente, na luta entre a 3e$oluo e a Contra3e$oluo.

    2. AS ARTES

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    2. E+EMPLIFICAO $IST/RICA* NE)AO DO PECADO NOLIERALISMO E NO SOCIALISMO

    m cada uma de suas etapas, a 3e$oluo tem procurado su!estimar ou negar radicalmente opecado.

    A. A conceio imaculada do indiv,duo

    =a fase li!eral e indi$idualista, ela ensinou que o homem dotado de uma ra(o infal+$el, deuma $ontade forte e de pai#*es sem desregramentos. -a+ uma concepo da ordem humana, em queo indi$+duo, reputado um ente perfeito, era tudo, e o stado nada, ou quase nada, um malnecessrio... pro$isoriamente necessrio, tal$e(. Foi o per+odo em que se pensa$a que a causa nicade todos os erros e crimes era a ignorJncia. '!rir escolas era fechar pris*es. % dogma !sico destasilus*es foi a conceio imaculada do indi$+duo.

    ' grande arma do li!eral, para se defender contra as poss+$eis prepot/ncias do stado, e paraimpedir a formao de camarilhas que lhe tirassem a direo da coisa p!lica, eram as li!erdades

    pol+ticas e o sufrgio uni$ersal.

    B. A conceio imaculada das massas e do Es&ado

    N no sculo passado, o desacerto desta concepo se tornara patente, pelo menos em parte.as a 3e$oluo no recuou. m $e( de reconhecer seu erro, ela o su!stituiu por outro. Foi aconceio imaculada das massas e do stado. %s indi$+duos so propensos ao ego+smo e podemerrar. as as massas acertam sempre, e jamais se dei#am le$ar pelas pai#*es. 9eu impec$el meio deao o stado. 9eu infal+$el meio de e#presso, o sufrgio uni$ersal, do qual decorrem os

    parlamentos impregnados de pensamento socialista, ou a $ontade forte de um ditador carismtico,que guia sempre as massas para a reali(ao da $ontade delas.

    3. A REDENO PELA CINCIA E PELA TCNICA* A UTOPIA

    REVOLUCIONRIA-e qualquer maneira, depositando toda a sua confiana no indi$+duo considerado

    isoladamente, nas massas, ou no stado, no homem que a 3e$oluo confia. 'utosuficiente pelaci/ncia e pela tcnica, pode ele resol$er todos os seus pro!lemas, eliminar a dor, a po!re(a, aignorJncia, a insegurana, enfim tudo aquilo a que chamamos efeito do pecado original ou atual.

    0m mundo em cujo seio as ptrias unificadas numa 3ep!lica 0ni$ersal no sejam senodenomina*es geogrficas, um mundo sem desigualdades sociais nem econ:micas, dirigido pelaci/ncia e pela tcnica, pela propaganda e pela psicologia, para reali(ar, sem o so!renatural, afelicidade definiti$a do homem5 eis a utopia para a qual a 3e$oluo nos $ai encaminhando.

    =esse mundo, a 3edeno de =osso 9enhor Nesus Cristo nada tem a fa(er. ois o homem ter

    superado o mal pela ci/ncia e ter transformado a terra em um cu tecnicamente delicioso. peloprolongamento indefinido da $ida esperar $encer um dia a morte.

    Captulo 0II - Car&ter pa"i$ista e antiilitarista da Re%oluo

    % e#posto no cap+tulo anterior nos fa( compreender facilmente o carter pacifista, e portantoantimilitarista da 3e$oluo.

    1. A CINCIA AOLIR AS )UERRAS, AS FORAS ARMADAS E APOL#CIA

    =o para+so tcnico da 3e$oluo, a pa( tem de ser perptua. ois a ci/ncia demonstra que aguerra um mal. a tcnica consegue e$itar todas as causas das guerras.

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    -a+ uma incompati!ilidade fundamental entre a 3e$oluo e as foras armadas, que de$eroser inteiramente a!olidas. =a 3ep!lica 0ni$ersal ha$er apenas uma pol+cia, enquanto os

    progressos da ci/ncia e da tcnica no aca!arem de eliminar o crime.

    2. INCOMPATIILIDADE DOUTRINRIA ENTRE A REVOLUO E A FARDA

    ' farda, por sua simples presena, afirma implicitamente algumas $erdades, um tantogenricas, sem d$ida, mas de +ndole certamente contrare$olucionria5

    ' e#ist/ncia de $alores que so mais que a $ida e pelos quais se de$e morrer, o que contrrio H mentalidade socialista, toda feita de horror ao risco e H dor, de adorao da segurana, edo supremo apego H $ida terrena.

    ' e#ist/ncia de uma moral, pois a condio militar toda ela fundada so!re idias de honra,de fora posta ao ser$io do !em e $oltada contra o mal, etc.

    3. O 0TEMPERAMENTO DA REVOLUO INFENSO VIDA MILITAR

    or fim, entre a 3e$oluo e o esp+rito militar h uma antipatia temperamental. ' 3e$oluo,

    enquanto no tem todas as rdeas na mo, $er!osa, enredadeira, declamat4ria. 3esol$er as coisasdiretamente, drasticamente, secamente more militari, desagrada o que poder+amos chamar o atualtemperamento da 3e$oluo. 'tual, frisamos, para aludir a esta no estgio em que se encontraentre n4s. ois nada h de mais desp4tico e cruel do que a 3e$oluo quando onipotente5 a 3ssiad disto um eloq)ente e#emplo. as ainda a+ a di$erg/ncia su!siste, posto que o esp+rito militar coisa !em diferente de esp+rito de carrasco.

    2 2 2

    'nalisada assim em seus $rios aspectos a utopia re$olucionria, damos por conclu+do oestudo da 3e$oluo.

    2 2 2

    Parte II A CO*'RA-REVOLUO

    Captulo I - Contra-Re%oluo , Reao

    I. A CONTRA-REVOLUO, LUTA ESPEC#FICA E DIRETA CONTRA AREVOLUO

    9e tal a 3e$oluo, a Contra3e$oluo , no sentido literal da pala$ra, despido dascone#*es ileg+timas e mais ou menos demag4gicas que a ela se juntaram na linguagem corrente, uma

    reao. ;sto , uma ao que dirigida contra outra ao. la est para a 3e$oluo como, pore#emplo, a Contra3eforma est para a seudo3eforma.

    2. NORE'A DESSA REAO

    deste carter de reao $em H Contra3e$oluo sua no!re(a e sua importJncia. Com efeito,se a 3e$oluo que nos $ai matando, nada mais indispens$el do que uma reao que $iseesmagla. 9er infenso, em princ+pio, a uma reao contrare$olucionria o mesmo que quererentregar o mundo ao dom+nio da 3e$oluo.

    3. REAO VOLTADA TAMM CONTRA OS ADVERSRIOS DE $O(E

    ;mporta acrescentar que a Contra 3e$oluo, assim $ista, no nem pode ser um mo$imentonas nu$ens, que com!ata fantasmas. la tem de ser a Contra3e$oluo do sculo MM, feita contra a3e$oluo como hoje em concreto esta e#iste e, pois, contra as pai#*es re$olucionrias como hojecrepitam, contra as idias re$olucionrias como hoje se formulam, os am!ientes re$olucionrios

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    como hoje se apresentam, a arte e a cultura re$olucionrias como hoje so, as correntes e os homensque, em qualquer n+$el, so atualmente os fautores mais ati$os da 3e$oluo. ' Contra3e$oluono , pois, um mero retrospecto dos malef+cios da 3e$oluo no passado, mas um esforo para lhecortar o caminho no presente.

    4. MODERNIDADE E INTE)RIDADE DA CONTRA-REVOLUO

    ' modernidade da Contra3e$oluo no consiste em fechar os olhos nem em pactuar, aindaque em propor*es insignificantes, com a 3e$oluo. elo contrario, consiste em conhec/la em suaess/ncia in$ari$el e em seus to rele$antes acidentes contemporJneos, com!atendoa nestes enaquela, inteligentemente, argutamente, planejadamente, com todos os meios l+citos, e utili(ando oconcurso de todos os filhos da lu(.

    Captulo II - Reao e io/iliso ist3ri"o

    1. O %UE RESTAURAR

    9e a 3e$oluo a desordem, a Contra3e$oluo a restaurao da ordem. por ordementendemos a pa( de Cristo no reino de Cristo. %u seja, a ci$ili(ao crist, austera e hierrquica,fundamentalmente sacral, antiigualitria e antili!eral.

    2. O %UE INOVAR

    ntretanto, por fora da lei hist4rica segundo a qual o imo!ilismo no e#iste nas coisasterrenas, a ordem nascida da Contra3e$oluo de$er ter caracter+sticas pr4prias que adi$ersifiquem da ordem e#istente antes da 3e$oluo. Claro est que esta afirmao no se refereaos princ+pios, mas aos acidentes. 'cidentes, entretanto, de tal importJncia, que merecem sermencionados.

    =a impossi!ilidade de nos estendermos so!re este assunto, digamos simplesmente que, emgeral, quando num organismo se opera uma fratura ou dilacerao, a (ona de soldadura ourecomposio apresenta dispositi$os de proteo especiais. ", pelas causas segundas, o des$eloamoroso da ro$id/ncia contra a e$entualidade de no$o desastre. %!ser$ase isto com os ossosfraturados, cuja soldadura se constitui H maneira de reforo na pr4pria (ona de fratura, ou com ostecidos cicatri(ados. sta uma imagem material de fato anlogo que se passa na ordem espiritual.% pecador que $erdadeiramente se emenda tem ao pecado, em $ia de regra, horror maior do quete$e nos melhores anos anteriores H queda. " a historia dos 9antos penitentes. 'ssim tam!m, depoisde cada pro$a, a ;greja emerge particularmente armada contra o mal que procurou prostrOa.#emplo t+pico disto a Contra3eforma.

    m $irtude dessa lei, a ordem nascida da Contra3e$oluo de$er refulgir, mais ainda do que

    a da ;dade edia, nos tr/s pontos capitais em que esta foi $ulnerada pela 3e$oluo52 0m profundo respeito dos direitos da ;greja e do apado e uma sacrali(ao, em toda a

    e#tenso do poss+$el, dos $alores da $ida temporal, tudo por oposio ao laicismo, aointerconfessionalismo, ao ate+smo e ao pante+smo, !em como a suas respecti$as seq)elas.

    2 0m espirito de hierarquia, marcando todos os aspectos da sociedade e do stado, da culturae da $ida, por oposio H metaf+sica igualitria da 3e$oluo.

    2 0ma dilig/ncia no detectar e no com!ater o mal em suas formas em!rionrias ou $eladas, emfulminlo com e#ecrao e nota de infJmia, e em punilo com inque!rant$el firme(a em todas assuas manifesta*es, e particularmente nas que atentarem contra a ortodo#ia e a pure(a dos costumes,tudo por oposio H metaf+sica li!eral da 3e$oluo e H tend/ncia desta a dar li$re curso e proteo

    ao mal.

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    Captulo III - A Contra-Re%oluo e o prurido de no%idades

    ' tend/ncia de tantos de nossos contemporJneos, filhos da 3e$oluo, de amar sem restri*eso presente, adorar o futuro e $otar incondicionalmente o passado ao despre(o e ao 4dio, suscita arespeito da Contra3e$oluo um conjunto de incompreens*es que importa fa(er cessar. 9o!retudo,

    afigurase a muitas pessoas que o carter tradicionalista e conser$ador desta ltima fa( dela umaad$ersaria nata do progresso humano.

    1. A CONTRA-REVOLUO TRADICIONALISTA

    A. Ra)o

    ' Contra3e$oluo, como $imos, um esforo que se desen$ol$e em funo de uma3e$oluo. sta se $olta constantemente contra todo um legado de institui*es, de doutrinas, decostumes, de modos de $er, sentir e pensar cristos que rece!emos de nossos maiores, e que aindano esto completamente a!olidos. ' Contra3e$oluo , pois, a defensora das tradi*es crists.

    B. A meca ue ainda fume%a' 3e$oluo ataca a ci$ili(ao crist mais ou menos como certa r$ore da floresta !rasileira,

    a figueira !ra$a TTrostigma oleariaU, que, crescendo no tronco de outra, a en$ol$e completamente ea mata. m suas correntes moderadas e de $elocidade lenta, acercouse a 3e$oluo da ci$ili(aocrist para en$ol$/la de todo e matla. stamos num per+odo em que esse estranho fen:meno dedestruio ainda no se completou, isto , numa situao h+!rida em que aquilo a que quasechamar+amos restos mortais da ci$ili(ao crist, somado ao perfume e H ao remota de muitastradi*es, s4 recentemente a!olidas, mas que ainda t/m alguma coisa de $i$o na mem4ria doshomens, coe#iste com muitas institui*es e costumes re$olucionrios.

    m face dessa luta entre uma esplendida tradio crist em que ainda palpita a $ida, e uma

    ao re$olucionria inspirada pela mania de no$idades a que se referia Oeo M;;;, nas pala$rasiniciais da nc+clica Rerum Novarum, natural que o $erdadeiro contrare$olucionrio seja odefensor nato do tesouro das !oas tradi*es, porque elas so os $alores do passado cristo aindae#istentes e que se trata e#atamente de sal$ar. =esse sentido, o contrare$olucionrio atua como

    =osso 9enhor, que no $eio apagar a mecha que ainda fumega, nem romper o ar!usto partido7G.-e$e ele, portanto, procurar sal$ar amorosamente todas essas tradi*es crists. 0ma ao contrare$olucionria , essencialmente, uma ao tradicionalista.

    C. Falso &radicionalismo

    % espirito tradicionalista da Contra3e$oluo nada tem de comum com um falso e estreitotradicionalismo que conser$a certos ritos, estilos ou costumes por mero amor Hs formas antigas e

    sem qualquer apreo pela doutrina que os gerou. ;sto seria arqueologismo, no sadio e $i$otradicionalismo.

    2. A CONTRA-REVOLUO CONSERVADORA

    ' Contra3e$oluo conser$adora& m um sentido, sim, e profundamente. em outrosentido, no, tam!m profundamente.

    9e se trata de conser$ar, do presente, algo que !om e merece $i$er, a Contra3e$oluo conser$adora.

    as se se trata de perpetuar a situao h+!rida em que nos encontramos, de sustar o processore$olucionrio nesta etapa, mantendonos im4$eis como uma esttua de sal, H margem do caminhoda Eist4ria e do >empo, a!raados ao que h de !om e de mau em nosso sculo, procurando assimuma coe#ist/ncia perptua e harm:nica do !em e do mal, a Contra3e$oluo no nem pode serconser$adora.

    7GC$r t &1*1'

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    3. A CONTRA-REVOLUO CONDIO ESSENCIAL DO VERDADEIROPRO)RESSO

    ' Contra3e$oluo progressista& 9im, se o progresso for aut/ntico. no, se for a marchapara a reali(ao da utopia re$olucionaria.

    m seu aspecto material, consiste o $erdadeiro progresso no reto apro$eitamento das forasda nature(a, segundo a Oei de -eus e a ser$io do homem. or isso, a Contra3e$oluo no pactuacom o tecnicismo hipertrofiado de hoje, com a adorao das no$idades, das $elocidades e dasmquinas, nem com a deplor$el tend/ncia a organi(ar more mecanicoa sociedade humana. stesso e#cessos que io M;; condenou com profundidade e preciso 7K.

    nem o progresso material de um po$o o elemento capital do progresso cristmenteentendido. Consiste este, so!retudo, no pleno desen$ol$imento de todas as suas pot/ncias de alma, ena ascenso dos homens rumo H perfeio moral. 0ma concepo contrare$olucionria do

    progresso importa, pois, na pre$al/ncia dos aspectos espirituais deste so!re os aspectos materiais.m conseq)/ncia, pr4prio H Contra3e$oluo promo$er, entre os indi$+duos e as multid*es, umapreo muito maior por tudo quanto di( respeito H 3eligio $erdadeira, H $erdadeira filosofia, H

    $erdadeira arte e H $erdadeira literatura, do que pelo que se relaciona com o !em do corpo e oapro$eitamento da matria.

    or fim, para demarcar a diferena entre os conceitos re$olucionrio e contrare$olucionriode progresso, importa notar que o ltimo toma em considerao