revista nossa uenf - julho/agosto 2009

20

Upload: fabricio-silva

Post on 10-Mar-2016

222 views

Category:

Documents


4 download

DESCRIPTION

A Revista Nossa UENF de Julho/Agosto 2009

TRANSCRIPT

Page 1: Revista Nossa UENF - Julho/Agosto 2009
Page 2: Revista Nossa UENF - Julho/Agosto 2009

Equipe AscomFúlvia D’Alessandri e Gustavo Smiderle (jornalistas responsáveis)

Felipe Moussallem (projeto gráfico)Alexsandro Cordeiro e Marcus Cunha (diagramação)

Nilza Franco Portela (técnica de nível superior)Elizabeth Cordeiro Silva (auxiliar técnico-administrativo)Maria da Penha R. OLiveira e Diego M.S. Leandro

(estagiários, distribuição)

Tiragem: 10 mil exemplares - Distribuição: gratuita e dirigidaImpresso por: Hansen Graphics Ltda.

Ascom: (22) 2739-7119 / 0800-025-2004 / [email protected] Reitoria: (22) 2739-7003

www.uenf.br

ExpedienteUniversidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro - UENF

Nesta Edição

Governador do EstadoSérgio Cabral

Secretário de Ciência e TecnologiaAlexandre Cardoso

ReitorAlmy Junior Cordeiro de Carvalho

Vice-reitorAntonio Abel Gonzalez Carrasquilla

Diretor do CBBArnoldo Rocha Façanha

Diretor do CCT Alexandre de Moura Stumbo

Diretora do CCH Teresa de Jesus Peixoto Faria

Diretor do CCTA Hernán Maldonado Vásquez

Fermentona massa

Em 16 anos, a Uenf qualificou e titulou cerca de 4 mil pessoas, sendo 1,7 mil mestres ou doutores. E não se trata de qualquer diploma: segundo o índice IGC do MEC, a Uenf está entre as 15 melhores universida-des do Brasil. De que forma esta nova massa crítica estaria influindo nos rumos do desenvolvimento do Norte/Noroeste Fluminense? Esta é a questão-chave desta edição.

Por exemplo: com a decadência da cana, a ativida-de ceramista na Baixada Campista ganhou expressão em produção e em absorção de trabalhadores. Mas a exploração da argila tem sido desordenada, e os produtos gerados por nossas olarias têm tido pouco valor agregado. Como a Universidade poderia ajudar? As pesquisas indicam a importância do levantamento prévio das áreas a serem exploradas e apontam alter-nativas para a reutilização das cavas ao final da explo-ração. Novos produtos, econômica e ambientalmente recomendados, também estão entre as contribuições dos pesquisadores da Uenf, em parceria com empre-sários e com agências de fomento como a Faperj.

Também entrevistamos estudantes premiados du-rante o Congresso Fluminense de Iniciação Científi-ca, realizado em junho, com organização conjunta da Uenf, IFF (antigo Cefet Campos) e UFF. Embora ainda jovens e iniciantes na jornada acadêmica, eles já par-ticipam de pesquisas de relevância nacional e podem ser vistos como os cientistas do amanhã.

Todo mundo diz que a educação precisa melho-rar e que um passo fundamental é a qualificação dos professores da rede pública. Pois bem: a Uenf aderiu a um esforço proposto pelo MEC e está reservando centenas de vagas em seus cursos de licenciatura, já a partir deste mês de agosto, para qualificar profissio-nais da rede pública do Norte/Noroeste Fluminense. As universidades participantes vão definir os critérios de seleção dos candidatos, mas é certo que eles não vão precisar enfrentar o vestibular.

Na entrevista em formato pingue-pongue, o pró-reitor de Extensão e Assuntos Comunitários da Uenf, Silvério de Paiva Freitas, analisa os avanços e os garga-los na implementação do diálogo entre o meio acadê-mico e os demais setores da sociedade regional. Se-gundo Silvério, o meio acadêmico está tentando fazer a sua parte para construir uma nova sociedade, mas esta construção é tarefa de todos — inclusive da gente que faz e que lê a revista NOSSA UENF. Boa leitura!

02

Evento científico reúne três instituições

Na Rota da Ciência

Toda a riqueza da argila

Produtos ambientalmentes corretos

A inspiração que vem do barro

Sobreviventes da destruição

Jovem, com ares de gente grande

Energia sem limites

Entrevista / Silvério de Paiva Freitas

Pela melhoria da Educação

03

04

06

08

09

10

12

16

18

20

Page 3: Revista Nossa UENF - Julho/Agosto 2009

03

O maior evento científico da região ficou ain-da maior este ano, com a união das três maio-res instituições de ensino superior de Campos: a Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (Uenf ), a Universidade Federal Fluminense (UFF) e o Instituto Federal Flumi-nense (IFF, antigo Cefet Campos). Juntos, eles realizaram, de 01 a 04/06, o Congresso Flumi-nense de Iniciação Científica e Tecnológica, que teve como tema central “Ciência e Religião no Terceiro Milênio”. Paralelamente, foi realizada a 9ª Mostra de Pós-Graduação da Uenf, que discu-tiu a temática “Política institucional acadêmica”.

Na abertura do evento — que congregou o 14º Encontro de Iniciação Científica da Uenf, o 6º Cir-cuito de Iniciação Científica do IFF e a 2ª Jornada de

Evento científico reúne três instituições

Congresso e Mostra de Pós movimentaram a Uenf no início de junhoIniciação Científica da UFF — o reitor da Uenf, Almy Junior, disse que a articulação das três instituições se constituía “num dos momentos mais ricos da história da Uenf ”. Ele ressaltou as con-tribuições históricas da UFF, presente em Campos há 47 anos, sendo pioneira na implantação de um núcleo distante de sua sede, bem como do IFF, cuja história está chegando ao centenário neste ano de 2009.

O diretor do Instituto de Ciências da Socie-dade e Desenvolvimento Regional da UFF, José Luís Vianna da Cruz, registrou não apenas a

No alto, abertura do Congresso de Iniciação Científica; acima, sessão de Posters

Page 4: Revista Nossa UENF - Julho/Agosto 2009

convergência entre as instituições públicas, mas também o papel da pesquisa na formação pro-fissional e o desafio da contribuição das univer-sidades para o desenvolvimento regional. José Luís citou particularmente o paradoxo da vinda de grandes investimentos para a região e a pers-pectiva do “desastre social, urbano e ambiental”, que é preciso prevenir ou minorar.

A reitora do IFF, Cibele Daher Botelho Mon-teiro, lembrou a tradição da antiga Escola Téc-nica Federal de Campos, posteriormente Cefet Campos, na área do ensino. Realçou o papel mais recente de atuar também na pesquisa e na extensão, numa experiência de união entre diferentes níveis de educação. Cibele também acentuou a importância da integração entre as instituições.

Na palestra de abertura da 9.ª Mostra de Pós-Graduação da Uenf, o pesquisador Wilson Savino, da Fiocruz, falou sobre a importância de uma polí-tica continuada de cooperação internacional na for-mação de jovens imunologistas do terceiro mundo. Temperando o relato com histórias pessoais, carre-gadas de afetividade e humanidade, Savino mostrou como a política governamental de aproximação com a América Latina e a África permitiu, do lado da oferta de financiamento, a realização de muitos projetos com países dessas duas regiões.

Em palestra sobre o tema “A religião (e a ir-religão) dos cientistas”, no âmbito do Congresso Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica, o professor Luís Carlos Petry, da PUC-SP, afirmou que a religião não é algo destoante do universo científico. Ele lembrou que muitos daqueles que fundamentaram a ciência acreditavam na idéia de Deus. Na sua opinião, a Academia deve ser um local de debates e de amplas opiniões e não de “caça às bruxas”. Em outras palavras, mesmo assuntos que hoje são considerados inapropria-dos, porque não podem ser adaptados à lógica científica, devem ser debatidos.

— Hoje nós não estamos mais sendo capa-zes de reduzir tudo ao método científico. Estamos numa fase em que precisamos construir uma outra posição, que alguns designam multidisciplinaridade. Esta é uma tarefa do porvir — disse Petry, que pessoalmente não é religioso.

Pela Uenf, participaram do evento 343 estudantes de Iniciação Científica e 157 estu-dantes de Pós-Graduação, tanto em apresen-tações orais quanto em pôsteres.

Na rota da

Alunos de IC tomam gosto pela pesquisa e almejam carreira acadêmica

A participação em projetos de Iniciação Científica é fundamental para que o aluno de graduação possa decidir melhor o seu futuro. A opinião é compartilhada por alunos que inte-gram projetos de pesquisa e foram premiados durante o 14º Encontro de Iniciação Científica da Uenf, como Érica da Silva Lopes, do 7º pe-ríodo de Engenharia e Ciência dos Materiais, e Cássio Vittorazzi, do 9º período de Agronomia.

— A Iniciação Científica nos permite sa-ber que caminho gostaríamos de seguir: se permanecemos na área acadêmica ou se par-timos para o mercado de trabalho — diz Éri-ca, que ingressou na Uenf através da reserva de vagas para estudantes de escola pública.

Seu trabalho de pesquisa, intitulado “Carac-terização da cinza da palha de cana-de-açúcar com vistas ao emprego como pozolana em ma-teriais cimentícios”, teve a orientação do profes-sor Guilherme Chagas Cordeiro, do Laboratório

de Engenharia Civil (Leciv), e foi apre-

sentado também no Encontro Nacional sobre Aproveitamen-to de Resíduos na Construção (Enarc 2009),

que ocor-reu de 8 a

ciência10/07/09, em Feira de Santana (BA).

A participação no projeto de pesquisa “Me-lhoramento de milho pipoca da Uenf e a intera-ção com produtores rurais do Norte e Noroeste Fluminense” levou o aluno Cássio Vittorazzi, do 9º período de Agronomia, a desejar con-tinuar na área acadêmica após a graduação.

— Sempre quis fazer agronomia, porque meus pais são produtores rurais. Quero conse-guir agora uma vaga no mestrado em Produção Vegetal da Uenf e continuar na área de pesquisa — diz Cássio, que teve a orientação do professor Antônio Teixeira do Amaral Junior, do Laborató-rio de Melhoramento Genético Vegetal (LMGV).

Caio Antônio Figueiredo de Andrade, que está concluindo o curso de Ciências Biológicas, também já sabe que continuará atuando como pesquisador. Um dos premiados durante o 14º Encontro de Inicia-ção Científica da Uenf, Caio já tem projeto de mestra-do e possível orientador na Universidade Federal de Viçosa (UFV), o profes-sor Renato Freire.

— Vou pes-quisar no mes-trado a fauna da Restinga de Iquipari, área que é forte candida-ta a unidade de pre-

04

Page 5: Revista Nossa UENF - Julho/Agosto 2009

ciênciaservação, mas sobre a qual quase não se tem estudos. Já fiz o inventário de 14 espécies exis-tentes no local — diz Caio, cujo trabalho de Iniciação Científica, orientado pelo professor Carlos Ramon Ruiz Miranda, do Laboratório de Ciências Ambientais (LCA), tem como título “Aspectos populacionais e comportamentais de Iguana iguana (Squamata: Iguanidae) em uma área de restauração florestal de uma mata ciliar periodicamente alagada em Porto Rico”.

Na Iniciação Científica, Evelyn de Almeida Campos, do 7º período de Ciências Sociais, teve a possibilida-de de participar de um grande proje-to de pesquisa, que reúne a Uenf e a UFRJ. O objetivo do projeto é desco-brir como se dá o mercado informal de solo nas favelas das maiores ci-dades do Brasil e da América Latina.

— Fizemos o levantamento de dados em diversas comunidades de Campos, como Margem da Linha, Baleeira, Lagoa do Vigá-rio, Vila Tamarindo, Complexo Matadouro/Tira Gosto/Goiabal, entre outros — diz Eve-lyn, que teve a orientação da professora Te-resa Peixoto, do Laboratório de Estudo do Espaço Antrópico (Leea) do Centro de Ci-ências do Homem (CCH) da Uenf. O título do projeto é “Mercados informais de solo

e mobilidade residencial dos pobres em Campos

dos Goytacazes”.

CBB“-Glucosidade do intestino médio de Aedes aegypti e sua atividade de agregação de heme”.

Magda Delorence LugonOrientadora: Marilvia Dansa de Alencar Pe-tretski (LQFPP)

“Aspectos populacionais e comportamentais de Iguana iguana (Squamata: Iguanidae) em uma área de restauração florestal de uma mata ciliar periodicamente alagada em Porto Rico”

Caio Antônio Figueiredo de AndradeOrientador: Carlos Ramon Ruiz-Miranda (LCA)

“A matéria orgânica transportada na interface da Bacia do Rio Paraíba do Sul para a Costa”

Phillipe Mota MachadoOrientador: Carlos Eduardo de Rezende (LCA)

“Análise da regulação do Promotor Salt, em Arhabidopsis thaliana, através de expressão transiente e transformação estável via Agrobac-terium tumefaciens”.

Fernanda Bueno BarbosaOrientador: Gonçalo Apolinário de Souza Filho (LBT)

“Comparação imunoquímica e hemorrágica entre a serpente africana Bitis arietans e a ser-pente brasileira Bothrops atrox”

Thais Louvain de SouzaOrientador: Wilmar Dias da Silva (LBR)

CCTA“Estabelecimento de minijardins de diferentes

genótipos de goiabeiras e araçazeiros multi-plicados previamente por sementes ou por

estaquia de ramos herbáceos”Aluna: Maria Isabela da Costa TerraOrientadora: Cláudia Sales Marinho (LFIT)

“Expressão desordenada de receptores- de estrógeno (RE-) e receptores de

progesterona (RP) em úteros de vacas com adenomiose”Bárbara S. Gonçalves da SilvaOrientador: Eulógio Queiroz de Car-valho (LSA)

“Preparação de biocatalisa-dor para obtenção de bio-diesel pela rota etílica”Vanessa Vicente Vieira AndradeOrientador: Victor Haber Perez (LTA/Uenf )

“Melhoramento de milho pipoca da Uenf

e a interação com produtores rurais do Norte e Noroeste Fluminense”

Cássio VitorazziOrientador: Antônio Teixeira do Amaral Junior

(LMGV)

“Caracterização do processo de rigor mortis dos músculos Longissimus dorsi e Triceps bra-chii de ovinos (Ovis vignei)”

Júlio César Cassaro PintoFábio da Costa Henry (LTA)

CCT“Desenvolvimento de uma interface de hardware para controle de atuadores e sensores para o Robô PAMDA”

Élisson Michael Orientadora: Sahudy Montenegro González

(LCMAT)

“Caracterização da cinza da palha de cana-de-açúcar com vistas ao emprego como pozolana em materiais cimentícios”

Érica da Silva LopesOrientador: Guilherme Chagas Cordeiro (Leciv)

“Estudo de estrutura das ligas de Ti-Nb-Mo com ENE termicamente tratadas”

Márcia Almeida SilvaOrientadora: Lioudmila Aleksandrovna Ma-tlakhova (Lamav)

“Técnicas de percepção em jogo fisicamente interativo”Sanya Carvalho dos SantosOrientador: Luis Antônio Rivera Escriba (LC-MAT)

“Processamento sísmico 2D com preservação de amplitude, marinho na Bacia de Pelotas”

Matheus Cabral Ribeiro Orientador: Luiz Geraldo Loures (Lenep/CCT)

“Estudo de amostras de biodiesel exóticas atra-vés da técnica de lente térmica”

Luiz Fernando Milleri SangiorgioOrientadora: Maria Priscila Pessanha de Castro (LCFIS)

CCH“Características da mobilidade residencial dos pobres nas favelas e do mercado informal urba-no na Região Norte Fluminense”

Evelyn de Almeida CamposOrientadora: Teresa Peixoto (Leea/CCH)

“Religião e juventude: imagens e narrativas de lideranças religiosas nas favelas”

Natália dos Santos SilveiraOrientadora: Wânia Amélia Belchior Mesquita (Lesce/CCH)

Trabalhos premiados durante

o Encontro de IC

05

Page 6: Revista Nossa UENF - Julho/Agosto 2009

Pesquisas da Uenf indicam que é necessário implementar nova metodologia para racionalizar exploração e diminuir os custos ambientais

da argila

Todaa riqueza

06

Sedimentos trazidos pelo Rio Paraíba do Sul há cerca de cinco mil anos — no período conhecido como pós-regressão marinha — for-maram os depósitos de argila que hoje alimentam as cerca de 100 ola-

rias situadas na Baixada Campista. Um dos pilares da economia local, o extrativismo de argila, no entanto, produziu um rastro de destruição na paisagem campista. Hoje, pes-quisadores da Uenf tentam rever-ter este quadro, buscando formas

de conciliar a atividade econômica com a preservação ambiental.

Estudos feitos pelo Laboratório de Engenharia Civil (Leciv) da Uenf mostram a necessidade de imple-mentar uma nova metodologia de exploração do solo, não mais base-ada no empirismo e na intuição. A exploração de qualquer área, por exemplo, não pode começar sem que se tenha ideia do que será encontrado lá dentro. Isso evita uma situação comum no mu-nicípio: o abandono de jazidas nas quais o material encontra-do não é considerado adequa-do.

— As áreas de jazida es-tão ficando cada vez mais valorizadas e também mais escassas, o que exige um planejamento mais apu-rado do uso do solo e da preservação dessas áreas — afirma o professor Jo-nas Alexandre, que co-ordena as pesquisas do

Leciv nesta área.Segundo o professor,

é importante que sejam fei-

Page 7: Revista Nossa UENF - Julho/Agosto 2009

07

da argila

Todaa riqueza

tas prospecções com o intuito de montar um perfil do solo. Além de apontar as características da argila para fins cerâmicos, o perfil do solo também serve para avaliar o seu possível uso agrícola — uma das al-ternativas apontadas pelos pesqui-sadores para aproveitamento das cavas após a sua exploração.

— As amostras coletadas devem ser analisadas em laboratório para que sejam conhecidas as proprieda-des que poderão ser obtidas após a queima da argila. O ideal é que isto seja feito por um órgão credencia-do ao poder público (estadual ou municipal), capaz de desenvolver projetos agrícolas de interesse mú-tuo — diz o professor.

Artigo publicado por Jonas Ale-xandre e colaboradores mostra um exemplo de reuso de áreas escava-das dentro de parâmetros técnicos. No estudo, a reutilização destas ca-vas com culturas de milho, feijão e quiabo apresentou lucratividade. Segundo o pesquisador, ainda po-deriam ser implementadas culturas que fazem parte das tradições regio-nais, como abacaxi e coco. Ele ob-

serva que a Uenf tem pesquisado-res nas áreas agrí-colas que podem complementar os projetos de reuso das cavas de ma-neira eficiente. É necessário ainda que os produtores possam dispor de assistência técnica e de linhas de cré-dito, além de vias de escoamento.

— O reuso das cavas já é uma exigência dos órgãos ambientais para a obtenção da licen-ça de exploração das jazidas. A su-gestão apresentada é uma alternati-va que tem por objetivo transformar gradualmente a cultura extrativista em agrícola. Através de financia-mentos direcionados (do Estado, município ou governo federal), o município pode, em curtos perío-dos, suprir necessidades agrícolas regionais e destacar-se também no cenário como exportador de deter-minadas culturas — afirma.

Algumas ideias dos pesquisa-dores da Uenf já foram colocadas em prática, como o Laboratório de Cerâmica Vermelha (Labcerv) da Fe-norte/Tecnorte, que tem por objeti-vo fazer a certificação dos produtos. Sua implantação contou com a parti-cipação de pesquisadores do Leciv e do Lamav (Laboratório de Materiais Avançados). O coordenador técnico do projeto — que teve um aporte de R$ 150 mil do Governo do Estado do Rio de Janeiro — foi o professor Carlos Maurício.

Com o apoio do Sebrae, tam-bém foi montada a Rede Cerâmica

Áreas de cana transformadas em jazidas

O aumento das áreas de explo-ração de argila, em Campos, está di-retamente ligado ao declínio da ca-na-de-açúcar. Diante da dificuldade em manter a produção, pequenos e médios proprietários optaram, nos últimos anos, por arrendar suas terras para a exploração de argila. O grande problema é que, quan-do estas voltam para as mãos dos proprietários, na maioria das vezes encontram-se completamente inviá-veis para o retorno à agricultura.

— Quem arrenda busca solu-cionar problemas financeiros, mas quando retoma as terras a situação é ainda mais grave. Isso ocorre por-que as escavações são feitas em alta profundidade, o que acaba invia-bilizando o solo para uso agrícola, gerando graves problemas sociais — diz o professor Jonas Alexandre.

Observações de campo, feitas em nove jazidas, mostraram que as escavações vão até uma profundi-dade média de três metros, limita-da geralmente pelo nível do lençol freático ou por camadas arenosas. Segundo o professor, a cada mês

são consumidas 150 mil toneladas de argila seca. Isto significa uma área escavada de 42,8 hectares por ano, caso fosse utilizada 100% da matéria-prima no processo.

— No entanto, a falta de uma metodologia do uso da argila faz com que o consumo total alcance áreas ainda maiores — diz o pro-fessor, que iniciou as pesquisas em 1994, quando fazia o seu mestrado na Uenf.

As olarias de Campos produzem cerca de 90 milhões de peças por mês, em sua maioria lajotas para ve-dação e para laje, blocos estruturais, tijolos maciços e decorativos. Juntas, as cerca de 100 olarias situadas no município geram aproximadamente três mil empregos diretos.

— De uma maneira isolada, ain-da temos jazidas para muitos anos. Mas isso depende da projeção do crescimento urbano, agropecuário e industrial do município — diz Jo-nas Alexandre, cujas pesquisas vêm ajudando a caracterizar a argila de Campos, apontando qual a mais adequada a cada peça.

de Campos (RCC), na qual os pes-quisadores da Uenf, em parceria com o Sebrae, prestam informações aos ceramistas sobre como melho-rar seus produtos para obter o selo de qualidade.

— Outro projeto nosso é a cen-tral de preparo de massa, que vem mobilizando os ceramistas. Para isso, é necessário que haja associa-tivismo, o que é muito importante

para o setor — diz o professor Jo-nas Alexandre.

A instalação do Centro Voca-cional Tecnológico de Cerâmica da Escola Técnica Estadual João Barce-los Martins também contou com a participação dos pesquisadores do Lamav e do Leciv na elaboração da grade curricular, especificação de equipamentos e definição do layout dos laboratórios.

Prof. Jonas Alexandre

Page 8: Revista Nossa UENF - Julho/Agosto 2009

Produtosambientalmente

corretosLimo – resíduodo papel

Resíduo do papel sendo incorporado à argila

resíduo de rochas ornamentais

Minimizar os impactos am-bientais e, ao mesmo tempo,

gerar produtos mais econômicos. Com este objetivo, o Laboratório de Materiais Avançados da Uenf (Lamav) vem desenvolvendo pes-quisas que incorporam resíduos

às peças ce râ micas pro-duzidas em Campos. Di-versos projetos já contam

com a parce-ria de empre-sas e olarias situadas no município.

— Cerca de 10 cerâmicas de Campos já estão incor-porando o lodo que sobra da produção de papel à massa de blocos de veda-ção (tijolos furados). Rico em celulose, esse material ainda gera economia de energia, pois a necessidade de lenha é menor — conta o professor Carlos Maurício Fontes Vieira, que coordena as pesquisas no Lamav.

Através de uma parceria com a empresa de papel Copapa, de San-

to Antônio de Pádua (RJ), a Uenf fez testes para saber a viabilidade da utilização do resíduo misturado à argila.

Garantida a qualidade dos produ-tos, as olarias passaram a receber uma quantia em dinheiro da Co-papa para fazer a incorporação do lodo à massa. Segundo Carlos Maurício, a empresa gastava três

vezes mais quando era obrigada a despejar o lodo em aterros.

Outra parceria, com a empresa ArcellorMital Tubarão, de aço bru-to, está viabilizando a pesquisa de outro resíduo industrial: a lama de alto forno, gerada no proces-so siderúrgico. Os pesquisadores da Uenf já chegaram à conclusão de que uma incorporação de 5% deste resíduo na massa cerâmica gera uma economia energética da ordem de 20%, sem interferir na qualidade do material.

— A lama de alto forno tem cerca de 25% a 30% de carbono e poder calorífico de 2 mil kcal/kg. Vamos agora entrar na fase de testes, mas já há cerâmicas usan-do este resíduo em Três Rios (RJ) e nos Estados do Espírito Santo e São Paulo — afirma Carlos Maurí-cio, lembrando que já foram feitos estudos para saber os níveis de emissões de gases poluentes, que ficaram dentro dos padrões esta-belecidos.

Em outra linha de pesquisa, o Lamav vem desenvolvendo um produto cerâmico de elevado va-lor agregado: o adoquim (bloco de cerâmica para pavimentação de ruas). O projeto de inovação tecnológica tem financiamento da Faperj e conta com a coordenação da Cerâmica Stilbe, de Campos. Os primeiros adoquins deverão ser produzidos no segundo semes-tre deste ano. Por enquanto, está sendo pesquisada a melhor formu-

08

Fotos

: Carl

os M

auríc

io Fo

ntes V

ieira

Page 9: Revista Nossa UENF - Julho/Agosto 2009

lação da massa, que deve ter gran-de resistência ao peso do tráfego, tanto leve quanto pesado. Além disso, foi construído um forno do tipo abóbada com capacidade para suportar temperaturas de até 1.100ºC.

Carlos Maurício também atua como parceiro da Cerâmica Sar-dinha, contemplada em edital da Faperj com projeto que tem por objetivo dar uma destinação am-bientalmente correta ao resíduo da serragem de rocha ornamental de Santo Antônio de Pádua por meio da incorporação em massa de pla-queta de revestimento extrudado. Também estão sendo estudados outros resíduos, como os do cor-te da cinza do bagaço da cana-de-açúcar e da lenha do eucalipto, bem como o chamote (rejeito da queima dos tijolos).

Outra linha de pesquisa do La-mav tem por objetivo desenvolver revestimento cerâmico prensado (como grês porcelanato, usado em piso), um produto de alto valor agregado. Mas esse tipo de produ-ção requer um modelo de indús-tria completamente diferente do que existe no município. Ele cal-cula que, para a instalação de uma fábrica de revestimento prensado, seria necessário um investimento de, pelo menos, R$ 20 milhões.

— Já há alguns ceramistas inte-ressados em produzir, em Campos, pastilhas de revestimento — diz Carlos Maurício, acrescentando que o município tem condições favoráveis para este tipo de inves-timento, como facilidade de es-coamento da produção (porto), insumo energético (gás) e ainda está perto dos grandes mercados consumidores.

A argila que molda os tijolos feitos em Campos também vem ajudando a despertar a veia artís-tica de muita gente. Iniciado em 2000, o projeto Caminhos de Barro começou com a ideia de capacitar as mulheres dos trabalhadores das olarias da Baixada Campista. Hoje, muitas delas, além de desenvolver o artesanato e, a partir dele, garan-tir o seu sustento, já atuam como multiplicadoras do projeto.

É o caso de Vera Lúcia Ribeiro, que há sete anos fez o curso na Es-cola de São Sebastião, onde mora, e hoje é multiplicadora do projeto. Sua prima Eudicéia Cardoso de Al-meida faz hoje o curso na Uenf e conta que já consegue arrecadar até um salário mínimo por mês com a comercialização de seus pro-dutos.

— Já fiz de tudo um pouco: doce, quentinha. Agora faço peças como fruteiras, vasos, bijuterias, que co-mercializo em casa. O trabalho aju-da a tirar os problemas da cabeça. Não tinha experiência nenhuma com artesanato em argila, mas não foi difícil — conta Eudicéia.

Segundo o professor Jonas Ale-xandre, o Caminhos de Barro faz parte do projeto “Plataforma Ce-râmica”, do Governo do Estado, que visa a incrementar a produção cerâmica em todo o Estado. Coube à Uenf a incumbência de adminis-trar as atividades ou projetos que pudessem auxiliar o polo de Cam-pos. O projeto, que envolve vários laboratórios da Uenf, divide-se nas áreas de artesanato; reuso de ca-

A inspiração

vas para agricultura e piscicultura; qualificação de matéria-prima para uso em revestimentos, tijolos e te-lhas; produção e comercialização; e novos materiais.

— Hoje o projeto Caminhos de Barro treina não só a parte artística quanto a industrial. Além de obje-tos artísticos, os alunos aprendem a produzir garrafas para alambiques, potes para doces, enfeites de ani-versário, entre outros objetos que podem ser comercializados — diz, acrescentando que, só dentro do Núcleo do projeto, na Uenf, já fo-ram formadas 40 pessoas. Há ainda satélites no distrito de São Sebas-tião e um outro a ser im-plantado em Saturnino Braga, para atender às comunidades locais.

A artesã Ivanete Maria Neves Fer-nandes resol-

veu fazer o curso para tentar me-lhorar suas peças, feitas de bagaço de cana. Já a professora Elizabeth Vieira busca um equilíbrio maior com a natureza.

— Quando venho aqui, saio muito satisfeita. O curso levanta a autoestima. Acho que é porque quando mexemos com o barro nos harmonizamos com a terra — diz Elizabeth, que é formada em Letras (Português-Inglês).

vem do barroque

09

Page 10: Revista Nossa UENF - Julho/Agosto 2009

Pesquisa da Uenf mostra que a incidência de primatas é maior nos fragmentos da Mata Atlântica que estão em melhor estado de conservação

Quanto melhor o estado de con-servação da mata, maior a incidên-

cia de primatas como o bugio e o macaco-prego. É o que pôde

observar a bióloga Roberta Miranda de Araújo em

sua pesquisa de mes-trado pelo Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Recur-sos Naturais da Uenf.

A pesquisa, concluída recentemente, mostra que há maior quantidade destas espécies em frag-

mentos maiores de mata, localizados em áreas prote-

gidas e em relevos montanho-sos.

Intitulada “Ocorrência e densidade po-pulacional de bugio (Alouatta guariba La-cépède, 1799) e macaco-prego (Cebus nigri-tus Erxleben, 1777) em fragmentos de Mata

Atlântica no Rio de Janeiro”, a pesquisa teve a orientação da professora Paula Pro-cópio de Oliveira, da Fundação Biodiver-

sitas para a Conservação da Biodiversidade, e co-orientação do professor Carlos Ramon Ruiz-Miranda, do Laboratório de Ciências Ambientais (LCA) da Uenf.

Apesar da intensa devastação a que foi

submetida, a Mata Atlântica abriga seis espé-cies de primatas nativos em seus remanescen-tes florestais situados no Estado do Rio de Janeiro: além do bugio e do macaco-prego, alvo da pesquisa, também podem ser encon-trados o muriqui (Brachyteles arachnoides E. Geoffroy, 1806), o sauá (Callicebus persona-tus E. Geoffroy, 1812), o mico-leão-dourado (Leontopithecus rosalia Linnaeus, 1766) e o sagüi-da-serra-escuro (Callithrix aurita E. Geoffroy, 1812).

— O bugio é a espécie que mais se encon-tra ameaçada de extinção, devido à destruição de seu habitat. Já o macaco-prego ainda não se encontra ameaçado de extinção, mas vem sendo alvo de caçadores e comercializado ile-galmente por traficantes de animais silvestres — afirma Roberta.

Segundo a pesquisadora, os resultados evidenciam a importância de se criar novas unidades de conservação, o que a longo pra-zo poderia contribuir para a manutenção dos habitats necessários à viabilidade das espé-cies. Outra alternativa relevante para a manu-tenção da biodiversidade ainda presente, de acordo com Roberta, seria o estabelecimento de corredores florestais.

— Estudos com primatas possuem grande relevância porque estes mamíferos podem ser usados como indicadores de conservação de áreas, na criação de unidades de conserva-

Sobreviventesda

destruição

10

Bugio

- Foto

de M

arcio

Marce

lo de

Mora

is

Page 11: Revista Nossa UENF - Julho/Agosto 2009

ção e na recuperação de áreas degra-dadas — diz, acrescentando que os re-sultados da pesquisa podem contribuir para o desenvolvimento de estratégias de manejo e conservação das espécies de primatas.

As áreas escolhidas para a realiza-ção da pesquisa foram as unidades de conservação estaduais e federais pre-sentes no Estado do Rio de Janeiro, bem como a região da Bacia Hidrográ-fica do Rio São João, que abrange os municípios de Silva Jardim, Casimiro de Abreu, Rio Bonito, Cabo Frio e São Pedro da Aldeia.

— Não há quase estudos sobre a ecologia do bugio e do macaco-prego. Nosso objetivo foi verificar a ocor-rência das espécies em unidades de conservação, bem como relacionar as consequências do processo de frag-mentação florestal sobre suas popula-ções — afirma.

Pressão antrópica atinge animais

Segundo Roberta, os primatas são vítimas da for-te pressão antrópica (provocada pela ação humana) da região de baixada. Um exemplo são as queimadas que ocorrem nas fazendas existentes ao redor das unidades de conservação que, muitas vezes, invadem as áreas protegidas. Outra ameaça constante aos re-manescentes florestais da Mata Atlântica fluminense são o desmatamento e a baixa fiscalização florestal.

— Hoje as áreas florestais do Estado estão pre-sentes principalmente em regiões montanhosas, menos acessíveis, pouco restando nas planícies, margem de rios e lagoas, bem como nos ecossiste-mas litorâneos — afirma.

Endêmico da Mata Atlântica do sudeste/sul de

Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, o bugio passa a maior parte do tempo em árvores de 15 a 20 metros de altura, sendo pouco ativo. Tal inatividade é considerada uma estratégia compor-tamental que evoluiu por ser energeticamente eco-nômica.

O macaco-prego, que ocorre nas regiões Sul e Sudeste, possui o mais diversificado habitat de ocorrência entre os primatas neotropicais, utilizan-do todos os estratos arbóreos, bem como mangue e restinga. É onívoro e vive em grupos de cinco a 30 indivíduos, sendo capaz de utilizar ferramentas ou estratégias durante o forrageamento.

11

Maca

co-Pr

ego _

Foto

de Ro

berta

Mira

nda d

e Araú

jo

Page 12: Revista Nossa UENF - Julho/Agosto 2009

Se as universida-des vivessem o tem-

po de uma pessoa, a Uenf hoje seria uma ado-lescente completando 16 anos. E como a vida

de qualquer indivíduo, a existência da Uenf também se origi-

nou de um encontro: de um lado, o mais bem-sucedido movimento popular de Campos nas últimas décadas, que colocou na Constituição Estadual a previsão de criação da Universidade; de outro lado, a mente fervilhante de um dos brasileiros mais ilustres do século XX, o profes-sor Darcy Ribeiro, autor do Plano Orientador da ‘Universidade do Terceiro Milênio’.

Embora ainda seja uma ‘adolescente’, a Uenf já nasceu com jeito de gente grande, com cur-sos de graduação, mestrado e doutorado. Aos

Jovem, com ares de gente grandeEm 16 anos Uenf formou quase 4 mil profissionais, dos quais 1,7 mil são mestres ou doutores

16 de agosto de 1993, quando foi ministrada a primeira aula no atual campus Leonel Brizola, o nascimento da primeira universidade pública regional gerava intensas expectativas.

— Todos esperavam que a Uenf fizesse por Campos e pela região o que a Unicamp teria feito por Campinas — diz o professor Mário Lopes Machado, um dos líderes do movimento pró-Uenf, lem-brando que naquela ocasião o Norte Fluminense sonhava com a retomada do progres-so de outros tempos. Por isso muita gente se pergunta onde estariam hoje, 16 anos depois, as sementes da trans-formação esperada.

A base desta mudança é a formação de gente qualificada para fazer a diferença. Desde sua im-plantação, a Uenf já graduou 2.131 profissionais (posição 01/07/09) e titulou 1.717 mestres ou

12

Arte: Marcus Cunha | Uenf

Mário Lopes Machado, líder do movimentopró-UENF

Page 13: Revista Nossa UENF - Julho/Agosto 2009

doutores (posição em 16/07/09). Para cada mes-tre ou doutor há uma dissertação ou tese, fre-quentemente abordando questões de interesse regional. Com gente qualificada, pode-se espe-rar um setor produtivo mais dinâmico em todas as áreas e um setor público dotado de melhores condições de conceber e implementar políticas públicas. Mas conhecimento não basta; é preciso acioná-lo e colocá-lo em prática.

Um exemplo concreto disto está acontecen-do em Bom Jesus do Itabapoana, no Noroeste Fluminense, onde acaba de ser implantada a pri-meira biofábrica do Estado. Uma fábrica desse tipo, que vende mudas de alta qualidade gené-tica e livres de doenças, teria sido muito útil no período de implantação do polo de fruticultura do Norte/Noroeste Fluminense, já que a importa-ção de mudas doentes tem sido apontada como um dos fatores para que o programa não tenha deslanchado como se esperava. A biofábrica Itamudas é uma iniciativa do empreendedor Evaldo Gonçalves Junior, que buscou parce-ria na Uenf para a elaboração do projeto e submissão a um edital de Inovação Tec-nológica da F a p e r j (Fun -

dação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro). Evaldo é o dono do negócio, uma pequena empresa no ramo de viveiro de mudas, e a Uenf aportou tecnologias através de três pesquisadores: os professores Alexandre Pio Viana e Ricardo Moreira de Souza e a pós-doutoranda Virgínia Silva Carvalho.

— Este é o modelo de biofábrica em que a gente acredita, onde a universidade entra com a tecnologia e o empreendedor com a gestão — avalia o reitor da Uenf, Almy Junior. Vários projetos como este, que associam a capacidade científica e tecnológica da Uenf com a iniciati-va empresarial, estão sendo desenvolvidos com apoio financeiro da Faperj. Entre eles estão in-tervenções nas áreas de viticultura, cana-de-açú-

car, cerâmica, biodiesel, energias alternativas e petróleo e gás.

Novos negócios de base tecnológica também estão surgindo da Incubadora Tecnológica de Campos dos Goytacazes (TEC Campos), criada em 2006 como consórcio envolvendo várias ins-tituições, capitaneadas pela Uenf e pelo IFF (an-tigo Cefet). A TEC Campos já lançou editais nas modalidades de pré-incubação, incubação e em-presa associada — esta, voltada para a inserção de inovação tecnológica em empresas já estabeleci-das. Mais recentemente, a Uenf constituiu a Itep (Incubadora Tecnológica de Empreendimentos Populares), que está adotando metodologias tes-tadas e aprovadas pela COPPE/UFRJ para apoiar a economia solidária na região.

Milhares de vagas em cursos para o produtor rural

A Uenf oferece alguns dos melhores cur-sos do Brasil no campo das ciências agrárias (Agronomia, Medicina Veterinária e Zootec-nia), segundo as avaliações do MEC, mas o esforço para qualificar o pessoal que lida com a terra na região tem ido além disso. Todos os anos, a Universidade oferece mais de 1 mil vagas em dezenas de cursos de curta duração através da Semana do Produtor Rural. Neste ano, na última semana de julho, o evento che-gou a sua quinta versão, com cerca de 1,2 mil vagas distribuídas entre 62 opções de cursos.

Durante a Semana do Produtor Rural, o cam-pus da Uenf se torna ponto de encontro

de agricultores, pecuaristas, trabalhadores ru-rais e até de gente que mora na cidade. A grade de cursos privilegia temas de interesse rural, como bovinocultura, suinocultura, caprino-cultura, avicultura, agroecologia e agricultura orgânica, cana-de-açúcar, plantas medicinais, piscicultura, viticultura, controle de doenças e pragas na agricultura, reprodução de animais, entre muitos outros. Para o público mais geral há cursos como “Meio ambiente e saúde pública”, “Reciclagem”, “Fabricação de presunto e de lin-guiças”, “A população como agente fiscalizador sanitário” e “O prejuízo do abate clandestino”.

— A Semana do Produtor Rural da Uenf parte de uma nova visão da Extensão. Ela proporcio-

na um diálogo entre o pesquisador e o ho-mem do campo, no qual todos podem

aprender e trocar experiências — diz o coordenador de Ex-

tensão do CCTA/Uenf, pro-fessor Fábio Cunha Co-

e lho .

13

Almy Junior, reitor da Uenf

Page 14: Revista Nossa UENF - Julho/Agosto 2009

Mais informação, mais cidadaniaUm movimento suprapartidário e aberto a

todas as colorações ideológicas está ganhando corpo em Campos com o objetivo de ampliar o controle social sobre o uso do dinheiro público no município. Com a participação de dezenas de entidades e a coordenação do sociólogo Hamil-ton Garcia, professor da Uenf, um projeto de ex-tensão da Universidade redundou na realização da I Conferência Local de Controle Social, que teve suas duas primeiras etapas realizadas em 24/06 e 09/07/09.

A Conferência é fruto do projeto de extensão “Participação Política e Estado — Implementação institucional de ações para o controle social dos governos locais”, somado à mobilização do Fó-rum Permanente de Entidades Civis, que envol-ve duas dezenas de instituições e se reúne perio-dicamente na Associação Comercial e Industrial de Campos (Acic).

— Desenhado de maneira ampla, o movimen-to não pretende substituir as iniciativas que já existem, mas sim articulá-las num espaço comum propício para o agendamento de ações concretas visando à ampliação da democracia participativa no município — explica Hamilton Garcia.

Após a segunda sessão da Conferência, foi constituído um Conselho Implantador composto por 12 setores da sociedade, representados por diversos líderes. Com a coordenação do professor Hamilton, eles serão respon-sáveis, daqui por diante, pela ampliação das ações de con-trole social sob a forma de grupos de trabalho.

Presente à segunda eta-pa da Conferência, a direto-ra Executiva do Instituto de Cidadania Fiscal (ICF), Roni Enara, estimulou os campis-tas a criarem o seu próprio Observatório Social. O ICF é uma organização dedicada à disseminação de ações voltadas para a transparência e a qualida-de da aplicação dos recursos públicos no Brasil.

— A experiência acumulada tem mostrado que é preciso mobilizar a sociedade, de forma que os Observatórios Sociais tenham a maior re-

Pós-GraduaçãoGraduaçãoAgronomia

Ciência da Computação e Informática

Ciências Biológicas

Ciências Sociais

Engenharia Civil

Engenharia de Exploração e Produção de Petróleo

Engenharia de Produção

Engenharia Metalúrgica

Licenciatura em Biologia

Mestrado e DoutoradoBiociências e Biotecnologia Ciência Animal Ciências Naturais Ecologia e Recursos Natu-rais Engenharia de Reservatório e de Exploração Engenharia e Ciência dos Materiais Genética e Melhoramento de Plantas Produção Vegetal Sociologia Política

presentatividade possível e conquistem o apoio dos órgãos fiscalizadores oficiais. Também está claro que trabalhar em rede, de maneira integra-da e padronizada, facilita o processo local e em-presta credibilidade ao trabalho do Observatório Social de cada cidade, disse Roni Enara.

14

Licenciatura em Ciências Biológicas a Distância

Licenciatura em Física

Licenciatura em Matemática

Licenciatura em Pedagogia

Licenciatura em Química

Licenciatura em Química a Distância

Medicina Veterinária

Zootecnia

MestradoCognição e LinguagemEngenharia CivilEngenharia de ProduçãoPolíticas Sociais

A primeira etapa da Conferência ocorreu em 24/06, no IFF

Pedro Cabral | UENF

Page 15: Revista Nossa UENF - Julho/Agosto 2009

Veja onde está a UenfA primeira aula da Uenf foi ministrada em Cam-

pos, aos 16 de agosto de 1993, mas hoje a Univer-sidade está espalhada por vários cantos do Estado. No campus de Macaé (RJ), por exemplo, funciona o primeiro curso de graduação em Engenharia do Petróleo do Brasil e o Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Reservatório e de Exploração. A presença da Uenf em Macaé, que começou com a area do petróleo, em instalações cedidas pelo an-tigo Cefet, hoje inclui o Laboratório de Meteorolo-gia e abriga projetos para a implantação de cursos como Engenharia de Meteorologia, Engenharia Energética e Engenharia Ambiental e Sanitária. Tudo isso num campus construído graças ao espí-rito público de uma família macaense (família Bren-nand), que doou o terreno, e ao apoio da Petrobras na construção, ainda no final da década de 1990.

Em Rio das Ostras (RJ), o Laboratório de Ci-ências Ambientais da Uenf mantém uma unidade remota de apoio à pesquisa na Reserva Biológica União. No local, que abriga uma estação meteoroló-gica e uma área laboratorial, pesquisado-res desenvolvem uma série de pesqui-sas sobre a vida animal e vegetal na

floresta, incluindo estudos sobre primatas (macaco-prego, mico-leão-dourado) e sobre os efeitos da fragmentação da mata sobre o ecossistema florestal.

Em Itaocara, Noroeste Fluminense, a Uenf realiza boa parte dos experimentos na área agrí-cola. A Unidade de Apoio à Pesquisa do Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias (CCTA/Uenf ) funciona na Estação Experimental da Pesagro-Rio, localizada numa ilha situada no en-contro do Rio Pomba com o Rio Paraíba do Sul. De lá surgiu, por exemplo, a primeira variedade de milho adaptada às condições do Norte/No-roeste Fluminense, o híbrido ‘Uenf506-6’. Em nível experimental, já é possível obter produ-tividades da ordem de 8,5 mil Kg por hectare.

Mas é através do Consórcio Cederj — que reú-ne as universidades federais e estaduais do Rio de Janeiro na oferta de ensino a distância — que a Uni-versidade se espalha ao longo de todas as regiões do Estado. A Uenf foi uma das pioneiras na adesão ao Cederj. O curso de Licenciatura em Ciências

Biológicas a distância está implantado nos polos de Bom Jesus do Itabapoana, Itaocara, Itaperuna, Macaé, Petrópolis, São Fidélis e São Francisco de Itabapoana. Já o curso de Licenciatura em Quími-ca a distância, mais recente, funciona nos polos de Angra dos Reis, Paracambi, Piraí e São Fidélis.

No início deste ano, a Uenf implantou o dou-torado interinstitucional (Dinter) em Produção Vegetal na Escola Agrotécnica Federal de Ale-gre (Eafa), cidade localizada no Sul do Espírito Santo. Os doutorandos são professores da pró-pria Eafa e do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes).

Na própria cidade de Campos, a Uenf tam-bém está presente na Casa de Cultura Villa Ma-ria — órgão suplementar dedicado à difusão da cultura —, na Estação Experimental do Colégio Agrícola Antônio Sarlo e na Estação Evapotrans-

pirométrica mantida na sede da Pesagro-Rio, em Guarus.

15

Page 16: Revista Nossa UENF - Julho/Agosto 2009

Os biocombustíveis vêm sendo apontados como uma alternativa para minimizar os impac-tos ambientais provocados pelo uso de combus-tíveis fósseis. Mas até que ponto o etanol e o biodiesel são energias realmente limpas? Para o professor Victor Haber Perez, do Laboratório de Tecnologia de Alimentos (LTA), é preciso levar em conta não só os benefícios pontuais destes produtos, como toda a sua cadeia produtiva.

— Não podemos esquecer os problemas am-bientais gerados pelo uso de agrotóxicos duran-te o plantio, o lançamento de vinhoto nos rios e seu uso inadequado nas culturas, bem como as queimadas dos canaviais e o desmatamento para a implantação de culturas oleaginosas — afirma, acrescentando que é necessário desenvolver e implantar tecnologias ambientalmente corretas para se chegar a processos mais limpos.

Mas a principal crítica à produção de biocom-bustíveis está ligada à competição com a cadeia alimentar humana. Há quem afirme que a pro-dução de matéria-prima para os biocombustíveis acarreta a diminuição da produção de alimen-tos, o que pode contribuir para o encarecimento destes produtos. O milho cultivado nos Estados Unidos e a cana-de-açúcar brasileira, usados na fabricação de etanol, são os produtos mais visa-dos.

Mas há formas de superar estes problemas. Uma delas é o etanol obtido a partir de biomassa (resíduos vegetais ou agroindustriais), também conhecido como bioetanol ou biocombustível de segunda geração. Além de não provocar im-pactos ambientais, este tipo de combustível não compete com a cadeia alimentar. Atualmente, o bagaço da cana-de-açúcar tem sido apontado como principal matéria-prima para a produção de bioetanol no Brasil. No entanto, ainda não existe uma tecnologia bem definida para sua im-plantação em escala industrial.

— O bagaço de cana-de-açúcar é, sem duvida, uma excelente matéria-prima para a produção de bioetanol. Mas precisamos estudar outras fontes naturais de biomassa, que requeiram me-

Pesquisas apontam novas possibilidades em biocombustíveis,eliminando o problema da concorrência com a cadeia alimentar

Energia sem limites

nos investimentos e insumos agrícolas, possam crescer em terras degradadas e ainda captar o carbono da atmosfera — diz Perez.

No campo do biodiesel, também já existem alternativas, como as microalgas e os microor-ganismos oleaginosos. Particularmente, além de capturar gases estufa durante seu crescimento e metabolismo, as microalgas acumulam até 80% de sua massa seca em óleo. Já os microorganis-mos oleaginosos (Single cell oils-SCO) podem acumular durante seu crescimento entre 20 e 40% de sua massa seca em óleo.

— Devido à facilidade de produção, do ponto de vista tecnológico o emprego de SCO constitui a nossa principal aposta para a produção futura de óleo para fins energéticos não concorrentes com a cadeia alimentar — diz o professor.

Seu grupo de pesquisa, “Biomagnetismo Aplicado à Engenharia de Processos da Indústria de Alimentos”, vem trabalhando no desenvolvi-mento de processos não convencionais para a produção de biocombustíveis. No caso específi-

co da produção de biodiesel, existe grande inte-resse em estudar o emprego de matérias-primas não concorrentes com a cadeia alimentar. Neste processo, os pesquisadores usam biocatalisa-dores (substâncias que atuam em reações de transformação, alterando sua velocidade) consti-tuídos por células íntegras de microorganismos (Whole cells) produtores de lipase (enzimas que atuam sobre lipídeos) intracelular, imobilizados em suportes de diferentes naturezas.

— Um grande atrativo no desenvolvimento desta nova tecnologia é o emprego de biorrea-tores assistidos por campos eletromagnéticos de baixa freqüência e intensidade. O biomagne-tismo aplicado à Engenharia de Processos é um assunto relativamente recente, que nosso grupo de pesquisa introduziu no Brasil na década de 1990, mas que na atualidade tem motivado uma intensa atividade de pesquisa na comunidade científica internacional — explica o professor.

Por outro lado, segundo Perez, existe um pre-cedente de aplicação do biomagnetismo na pro-

16

PesquisadorVictor Haber Perez

Page 17: Revista Nossa UENF - Julho/Agosto 2009

TESES DEFENDIDAS DE MARÇO A ABRIL DE 2009

dução de etanol por fermentação do melaço de cana cujos resultados foram publicados na Bio-technology Progress em 2007. Agora, a tecnolo-gia também será empregada na produção de bio-etanol de segunda geração, especificamente na etapa de fermentação, atuando diretamente na fisiologia celular das leveduras. Neste contexto, trabalho conjunto vem sendo desenvolvido com

a Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Geração de Renda da Prefeitura de Quissamã para a implantação do Laboratório de Pesquisa em Bioetanol de Segunda Geração, no Centro de Tecnologia de Engenho do município.

— Serão formados recursos humanos em atividades de pesquisa, através da participação no projeto de alunos universitários subsidiados

pelo município e de alunos da Uenf em todas as modalidades de pesquisa e extensão. Dentre os assuntos de pesquisa está o estudo de 22 varie-dades de cana-de-açúcar da região com o objeti-vo de discriminar aquelas com maior potencial para a produção de bioetanol, assim como o es-tudo de outras matérias-primas de interesse na região — explica.

BIOCIÊNCIAS E BIOTECNOLOGIA

“Caracterização de albuminas 2S de Ricinus communis L. como inibidores de a-amilase e relação estrutura-atividade de suas principais isoformas, Ric c 1 e Ric c 3.”

Doutoranda: Viviane Veiga do NascimentoOrientadora: Olga Lima Tavares Machado (LQFPP)

“Tegumentos de sementes não-hospedeiras como bar-reiras contra a penetração do bruquídeo Callosobru-chus maculatus: Ênfase no tegumento de sementes de Albizia sp.”

Mestranda: Amanda Jardim de SouzaOrientadora: Antônia Elenir Amâncio Oliveira (LQFPP)

“Homeostase de Ca2+ e H+ em levedura Saccha-romyces cerevisiae: Estresse por altas concentrações de Ca2+ e o papel de calcineurina”.

Doutoranda: Flávia Emenegilda da SilvaOrientador: Lev A. Okorokov (LFBM)

“Caracterização de uma Pirofosfatase Inorgânica So-lúvel em embriões do carrapato bovino Rhipicephalus microplus”

Mestrando: Evenilton Pessoa CostaOrientador: Carlos Jorge Logullo de Oliveira (LQFPP)

“Cianobactérias — Organização do banco de cepas e desenvolvimento de métodos de análise de microcis-tinas”

Mestranda: Thays Abreu da SilvaOrientadora: Denise Saraiva Dagnino (LBT)

“Desenvolvimento de Processo de Produção de cepas de Mycobacterium bovis CALMETTE-GUERIN (BCG) que expressa fator de virulência de Escherichia coli Enteropatogênica (EPEC)”.

Mestranda: Halyka Luzório Franzotti VasconcellosOrientador: Wilmar Dias da Silva (LBR)

ECOLOGIA E RECURSOS NATURAIS

“Ciclagem de nutrientes na Mata Atlântica de Baixada na APA da Bacia do Rio São João, RJ: Efeito do tama-nho do fragmento”

Doutoranda: Ana Paula da SilvaOrientadora: Dora Maria Villela (LCA)

ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

“Organização do trabalho e exclusão social: Um es-

tudo de caso sobre as cooperativas agropecuárias do Noroeste Fluminense”.

Mestranda: Renata Faria dos SantosOrientador: Alcimar das Chagas Ribeiro (Leprod)

“Avaliação e classificação da qualidade de serviços bancários, segundo a percepção dos clientes”

Mestranda: Alline Sardinha Cordeiro MoraisOrientador: André Luís Policani Freitas (Leprod)

GENÉTICA E MELHORAMENTO DE PLANTAS

“Avaliação pós-colheita visando melhoramento intra-populacional de genótipos de maracujazeiro amarelo (Passiflora edulis f. flavicarpa) do Programa de Melhora-mento Genético da UENF”

Mestranda: Karine Fernandes Ribas GiovanniniOrientador: Jurandi Gonçalves de Oliveira (LMGV)

“Estresse salino afeta a performace fotossintética dos genótipos CB 47-89 e CB 45-3 de cana-de-açúcar (Sac-charum sp.)”

Mestrando: Wellington Ferreira CamposOrientador: Gonçalo Apolinário de Souza Filho (LBT)

“Caracterização de um banco de germoplasma de ma-moeiro para estudo da diversidade genética”

Mestranda: Silvana Silva Red QuintalOrientador: Alexandre Pio Viana (LMGV)

“Caracterização citológica da espécie silvestre Vascon-cellea goudotina (Caricaceae)”

Mestranda: Emanuelli Narducci da SilvaOrientadora: Telma Nair Santana Pereira (LMGV)

“Desempenho morfoagronômico de linhagens avan-çadas de abóbora (Cucurbita moschata) com potencial para o lançamento de novas cultivares”

Mestranda: Graziela da Silva BarbosaOrientador: Nilton Rocha Leal (LMGV)

“Sementes de mamão Carica papaya L.: Estudos mor-foanatômicos dos componentes genéticos e dos regu-ladores do crescimento na germinação

Doutoranda: Sônia Aparecida dos SantosOrientador: Roberto Ferreira da Silva (LFIT)

PRODUÇÃO VEGETAL

“Análise de crescimento, aspectos fisiológicos e nutri-cionais na produção de vitexina em Passifloraceas em função da adubação”

Doutoranda: Cristiane Miranda Martins Orientador: Almy Junior Cordeiro de Carvalho (LFIT)

“Caracterização de rendimento das sementes e do al-bedo do maracujá para aproveitamento industrial e obtenção da farinha da casca e pectina”

Mestranda: Eliana Monteiro Soares de OliveiraOrientador: Eder Dutra de Resende (LTA)

“Efeito da fertilização sobre a fauna do solo e a serra-pilheira em plantios florestais no Norte Fluminense”

Mestranda: Liliana Parente RibeiroOrientadora: Emanuela da Gama-Rodrigues (LSOL)

“Fósforo orgânico do solo em sistemas agroflorestais de cacau no Sul da Bahia”

Doutorando: Francisco Costa ZaiaOrientador: Antônio Carlos da Gama-Rodrigues (LSOL)

“Efeito das diferentes classes texturais na dispersão do nematóide entomopatogênico Heterorhabditis bau-jardi LPP7 (Rhabditida: Heterorhabditidae)”

Mestranda: Carla Cristina da Silva PintoOrientadora: Claudia de Melo Dolinski (LEF)

“Evapotranspiração e função de produção da cultura do girassol em Campos dos Goytacazes”

Mestranda: Laureana Aparecida Coimbra PelegriniOrientadora: Elias Fernandes de Sousa (Leag)

“Qualidade do maracujá-amarelo (Passiflora edulis f. flavicarpa Degener) armazenado sob refrigeração em condições de atmosfera controlada”

Mestranda: Francinaide Oliveira da SilvaOrientador: Éder Dutra de Resende (LTA)

ENGENHARIA CIVIL

“Análise Espacial da Variabilidade da Resistência à Compressão de um Granito de Campos dos Goytaca-zes”

Mestranda: Ana Laura Cassiano Dias ÁvilaOrientador: Aldo Durand Farfán (Leciv)

“Aplicação de lógica difusa na avaliação da capacidade de carga de fundações profundas”

Mestrando: Bruno Magno Gomes RamosOrientador: Fernando Saboya Albuquerque Junior (Leciv)

“Desenvolvimento de um equipamento para a avalia-ção da compressibilidade de enrocamentos devido a processo de degradação”

Mestranda: Nájla de Oliveira Vicente CarvalhoOrientador: Paulo César de Almeida Maia (Leciv)

17

Page 18: Revista Nossa UENF - Julho/Agosto 2009

ENTREVISTA / SILVÉRIO DE PAIVA FREITAS

“Extensão é produção de conhecimento” A Pró-Reitoria de Extensão da Uenf foi criada em 1999 e, de

lá para cá, o número de atividades na área de extensão universitária teve um grande impulso. Nesta entrevista, o pró-reitor de Extensão da Uenf, professor Silvério de Paiva Freitas, fala sobre a importância da Extensão dentro da visão moderna que a concebe como instrumento de intercâmbio entre o saber acadêmico e o saber popular e não mais

como “um braço assistencial da universidade pública”. Fala ainda so-bre a necessidade de o Brasil colher mais frutos do avanço na produ-ção científica, responsabilidade que, na sua opinião, não é somente da comunidade científica, mas também da esfera governamental, através da implementação de políticas públicas que levem em conta a produ-ção acadêmica. Confira a entrevista:

Nossa Uenf: Teoricamente a extensão uni-versitária deve estar em pé de igualdade com o ensino e a pesquisa, mas frequentemente isto não ocorre. No caso da Uenf, a ênfase inicial parecia estar na pesquisa e na pós-graduação, e não no ensino de graduação e muito menos na extensão. Hoje, 16 anos depois, o senhor diria que houve al-gum progresso na busca de um melhor equilíbrio para esse conhecido ‘tripé’ do ensino-pesquisa-extensão?

Silvério: Eu não diria ‘algum’, mas sim um enorme progresso. A ênfase na pesquisa e pós-graduação foi fruto de uma opção deliberada e acertada dos fundadores da Uenf por um mode-lo com forte densidade científica. Isto era funda-mental para dar consistência a todas as inovações propostas pelo modelo, pois de outra forma se correria o risco — muito comum no nosso país — de criar novidades que se resumissem à nomen-clatura dos órgãos e instituições. Então, a base ti-nha que ser uma forte consistência científica, que se traduziu numa universidade com aproximada-mente a mesma quantidade de cursos graduação e programas de pós-graduação. Se você olhar os números até hoje, a Universidade formou algo em torno de 1.600 mestres ou doutores e 2 mil graduados.

Nossa Uenf: Nós atualizamos esse número semana passada: até julho deste ano, foram 1.717 mestres/doutores e 2.131 graduados.

Silvério: Pois é, você nota um equilíbrio que não é comum por aí...

Nossa Uenf: Sim, mas ainda não entramos no campo da extensão...

Silvério: É o que pretendo fazer agora. A Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários (Proex) foi a última a ser institucionalizada, em 1999, o que sugere o tal desequilíbrio a que você se referiu na primeira pergunta. Mas desde então, o que nós temos visto é uma forte guinada quanti-tativa e qualitativa da Uenf em direção a uma área de extensão forte e consistente.

Nossa Uenf: O senhor poderia fundamentar essa afirmação?

Silvério: No aspecto quantitativo, tínhamos 6 projetos de extensão cadastrados em fins de 2002 e saltamos para 70 projetos cadastrados em 2009. Em 2002, não tínhamos sequer implementado a figura do aluno bolsista de extensão, embora já tivéssemos há muito tempo o bolsista de Inicia-ção Científica, por exemplo. Hoje temos 100 estu-dantes bolsistas de extensão — todos necessaria-mente com excelente rendimento acadêmico — e outros 119 profissionais bolsistas na modalidade Universidade Aberta, que foi uma ação pioneira da Uenf na área de extensão. Temos ainda 33 multiplicadores que atuam em projetos que se transformaram em cartões postais da Uenf, como o Projeto em Direitos Humanos, DST AIDS, Arte na Escola, Caminhos do Barro, Feira Orgânica, Espaço da Ciência, Semana do Produtor Rural, entre tantos outros. No ano passa-do, a Proex emitiu 4.410 certificados de participação em eventos e neste ano de 2009 já foram emitidos 3.372 certificados de eventos realizados pelos servidores e discentes da Uenf.

Nossa Uenf: E o que estes números sig-nificam?

Silvério: Eles indicam um esforço na realização de programas e/ou projetos individuais ou coletivos, bem como de outras atividades que promovam a excelência da Universidade e o fortalecimento das atividades de extensão universitária. Com isso, estamos proporcionando inter-câmbio entre o saber acadêmico e o saber popular. Isso nos leva à consolidação do processo te-órico-prático e à viabilização da relação transformadora entre a Universidade e a so-

ciedade, com a efetivação de novas experiências de pesquisa-ação e consequentemente o fortale-cimento do Ensino, da Pesquisa e da Extensão da Uenf. Enfim, para a Uenf cumprir plenamente a missão para a qual foi criada, inserindo-se com lugar destacado na produção científica brasileira e participando ativamente do desenvolvimento regional, ela tem que continuar trilhando esse caminho de valorização da extensão, e deve fazer isso até com mais ênfase do que tem feito.

Nossa Uenf: O senhor não desconhece que parte do meio acadêmico tende a en-

carar o investimento na exten-são como distorção ou

desvio de foco...Silvério: Claro

que não, mas aqui é preciso abrir um parêntese. Grande parte dessa resis-tência se baseia numa visão supe-

rada do que seja a extensão univer-

sitária.

18

Page 19: Revista Nossa UENF - Julho/Agosto 2009

Essa visão, que vigorou durante muito tempo, concebia a extensão quase como um braço assis-tencial da universidade pública, ou seja, como uma instância de implementação de projetos pontuais em comunidades carentes. Olha, para tocar pro-jetos que combatam carências urgentes de curto prazo, do tipo “dar o peixe” para o cidadão não morrer de fome, existem verbas públicas especí-ficas. Tirar dinheiro da atividade acadêmica para aplicar nisso, até eu sou contra, pois é algo que precisa ser feito, mas não à custa do investimento de longo prazo na produção do conhecimento. Mas a visão moderna da extensão não tem nada a ver com isso. Modernamente, tanto a extensão como o ensino envolvem necessariamente pro-dução de conhecimento, e não apenas sua trans-missão. No caso da extensão, é realmente uma via de mão dupla, onde a universidade e setores da sociedade se debruçam sobre uma parcela pro-blemática ou relevante da realidade e constroem juntos uma abordagem crítica sobre a questão. Então, penso que muitas vezes a resistência que você menciona vem do desconhecimento desta verdadeira face da extensão. Agora, é claro que em alguns casos é só conservadorismo mesmo, e aí a gente tem que respeitar todos os pontos de vista, pois a academia é plural, ela deve ter lugar para todas as perspectivas, desde que não sejam racistas, xenófobas, fascistas, preconceituosas, e assim por diante.

Nossa Uenf: Em nível nacional, como está a questão da extensão universitária?

Silvério: Há um esforço muito grande dos membros do Fórum Nacional de Pró-Reitores de Extensão (Forproex) para o fortalecimento da extensão universitária em todo o país. Segundo a professora Laura Tavares Ribeiro Soares, presi-dente do Forproex, depois de contatos e conver-sas em Brasília com os titulares das Secretarias de Educação Continuada, Alfabetização e Diversida-de (Secad) e Educação Superior (Sesu); o secre-tário executivo do Ministério da Cultura (Minc);

o diretor de Inclusão Social do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT); e a deputada Fá-tima Bezerra; chegou-se a um consenso sobre uma nova redação na proposta da emenda 14/07/09 MEC, do PL 5245. A última versão foi enviada pelo titular da Secad, André Lázaro, responsável pelas articulações e en-tusiasta defensor da Extensão. Entre outras, as grandes vitórias foram a inclusão das po-

pulações urbanas em situação de vulnerabili-

dade social e econômica; as bolsas para alunos e professores; e a inclusão do CNPq também como agência de fomento à Extensão. Esta última inclu-são foi fruto de uma conversa posterior entre os secretários do MEC, do Minc e o diretor do MCT, bem como o representante do CNPq. Este con-cordou que a agência passe a pagar bolsas de ex-tensão com recursos repassados pelos Ministérios que hoje possuem Editais de Extensão.

Nossa Uenf: Mudando um pouco o foco da conversa, há um ponto recorrente nas discussões sobre a passagem do conhecimento do meio aca-dêmico para a realidade concreta. O que se alega é que a Uenf pode ter desenvolvido quase duas mil teses, muitas delas enfocando problemas re-gionais, mas quantas destas pesquisas de fato in-fluenciaram na solução efetiva dos problemas que elas abordam? Esta é um pergunta freqüente.

Silvério: Veja, como eu disse a extensão uni-versitária não é exatamente uma caixinha de solu-ções pontuais para problemas específicos...

Nossa Uenf: A pergunta não tem em vista es-pecificamente a extensão, mas o papel da Univer-sidade através de seus diversos mecanismos ou estruturas de intervenção na realidade. O senhor acha a crítica pertinente?

Silvério: Eu acho que este é um ponto crucial para a gente se debruçar, e não só na Uenf, mas na discussão geral da interação do meio acadêmico com os outros setores da sociedade em nível de Brasil. O básico nisso é o que todo mundo mais ou menos intui: o Brasil avançou o desejado na produção científica, mas ainda não encontrou mecanismos eficazes para colher frutos adicionais desse crescimento na produção tecnológica, que rende novas empresas de base tecnológica, novos postos de trabalho, mais arrecadação etc. Observe que estou me referindo a frutos ‘adicionais’, pois mesmo que estejamos deficientes nesse aspecto a sociedade tem um ganho enorme com a formação de pessoal qualificado e com o avanço no conhe-cimento básico sobre várias áreas. Mas reconhecer isto não significa jogar nas costas da comunidade científica toda a responsabilidade. Há ações que estão na esfera governamental, ou seja, na for-mulação e implementação de políticas públicas, que podem e devem levar em conta a produção acadêmica. Outras iniciativas estão no âmbito em-presarial, pois envolvem o que é próprio daquele meio, que é o investimento, a aposta, o risco, os ganhos e as perdas. Que eu saiba, o capitalismo funciona assim.

Nossa Uenf: O que o senhor diria especifica-mente sobre o Norte/Noroeste Fluminense, onde temos uma das 15 melhores universidades do país, segundo o MEC, mas convivemos com uma agrope-cuária em geral pouco produtiva, uma atividade de mineração em muitos casos predatória, um parque sucroalcooleiro obsoleto e, por que não admitir, um panorama de políticas públicas praticamente inacei-tável para os níveis orçamentários de alguns municí-pios? Por que a presença da universidade pública de qualidade, que não é só a Uenf, ainda não fez tanta diferença quanto se desejaria?

Silvério: Essa pergunta é muito complexa, e realmente não sei se teria uma resposta convin-cente, mas tentaria responder em duas frentes. No que se refere ao setor produtivo, ao setor privado, há toda uma questão de cultura e men-talidade que precisamos trabalhar para implantar na nossa região a médio e longo prazo. Eu, por exemplo, sou agrônomo e trabalhei muitos anos como extensionista no Norte do país, por isso co-nheço bem o desafio que é convencer o produtor a aplicar certas técnicas que são as mais indicadas, mas às vezes envolvem um trabalho mais meticu-loso, um reaprendizado, enfim, uma nova forma de fazer. Isto é um desafio em qualquer parte, mas especialmente na nossa região. Se você olhar o que foi a base da nossa economia na maior par-te das décadas anteriores, ela estava na cana, no açúcar e no álcool. Mas era uma atividade forte-mente atrelada ao apoio governamental. Quando o contexto regulatório mudou, instaurando um regime de competição, que demanda inovação e dinamismo, o setor revelou extrema fragilidade. Então, eu diria que você não muda isso da noite para o dia. A segunda vertente da resposta envol-ve a área política. Realmente, a meu ver, uma ci-dade com os recursos financeiros e a capacidade técnico-científica de Campos não pode descansar enquanto não for modelo de políticas públicas para o país. No que se refere ao comprometimen-to das lideranças políticas com o interesse públi-co, esta é uma necessidade nacional, e não só da região. Mas vejo que uma sociedade mais crítica e vigilante é fundamental, e acho que o meio acadê-mico da região está dando uma boa contribuição nesse terreno, com frutos que vão aparecendo aos poucos. Enfim, estou certo de que tem muita coisa acontecendo, e se um campista que ficou ausente durante os últimos 16 anos voltar à cida-de, com certeza ele vai perceber o que eu digo mais claramente.

19

Page 20: Revista Nossa UENF - Julho/Agosto 2009

Pela melhoria da EducaçãoUenf participa de Plano do MEC que pretende formar

professores da educação básica a partir de agosto A partir do segundo semestre deste ano, pro-

fessores que atuam na educação básica, em esco-las públicas da região, poderão ingressar em um dos cursos de Licenciatura da Uenf sem a neces-sidade de passar pelo vestibular. A Uenf é uma das 76 Instituições Públicas de Ensino Superior (Ipes) do país a participar do Plano Nacional de Formação dos Professores na Educação Básica, lançado pelo governo federal com o objetivo de assegurar a formação exigida pela Lei de Dire-trizes e Bases (LDB) a todos os professores que atuam na educação básica.

Serão destinadas 98 vagas, a partir de agos-to, para professores dos municípios de Campos, São Francisco de Itabapoana, São João da Barra, Cambuci, Cardoso Moreira, Italva e São Fidélis, distribuídas nas cinco licenciaturas da Uenf: Biologia (25 vagas), Pedagogia (15), Física (16), Matemática (19) e Química (23). Para o próximo ano, está prevista a criação de dois novos cursos de licenciatura na Uenf: Filosofia e Sociologia. Cada um deles destinará 20 vagas para os profes-sores da educação básica no primeiro semestre de 2010.

— Este quantitativo é específico para esta modalidade de ingresso. Ou seja, não haverá necessariamente alteração no número de vagas atualmente oferecidas nas licenciaturas através do Vestibular Específico da Uenf, a não ser que a Uenf tenha condições para tal — afirma a pró-reitora de Graduação da Uenf, professora Lílian Bahia, acrescentando que a Uenf vai priorizar os professores quer já possuem licenciatura, mas atuam em áreas diferentes. Neste caso, eles esta-rão fazendo a sua segunda licenciatura, cuja car-ga horária será de 800 a 1.200 horas, segundo orientação do Conselho Nacional de Educação (CNE).

O Plano oferece ainda a graduação em cursos de primeira licenciatura, cuja carga horária é, em média, de 2.800 horas, mais 400 horas de estágio para os professores sem qualquer graduação. Há ainda a modalidade Formação Pedagógica, para professores que não fizeram licenciatura, mas

possuem algum curso de bacharelado na área de docência em que atuam. No entanto, segundo o CNE, esta última modalidade apenas poderá ser ofertada para as instituições que já a possuem devidamente regulamentada.

Segundo o Ministério da Educação (MEC), existem atualmente cerca de 1,8 milhão de pro-fessores, em todo o país, atuando na educação básica. Pelo menos 1/3 deles, ou aproximadamen-te 600 mil professores, não possuem graduação ou atuam em áreas diferentes das licenciaturas em que se formaram. A meta do Plano, lançado em maio deste ano, é colocar na Universidade, entre 2009 e 2011, 331,4 mil professores, o que

corresponde a 50% da demanda levantada pelo Educacenso (censo escolar feito pelo MEC). As primeiras 54 mil vagas serão ocupadas no segun-do semestre deste ano.

A execução do Plano está a cargo da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pesso-al de Nível Superior), que mudou seu estatuto para atender às suas necessidades de adequação. Como incentivo para a adesão das universida-des, a Capes implantou uma categoria de bolsa que poderá ser concedida aos professores que venham a atuar como docentes nesse processo. As bolsas variam de R$ 900 (para uma disciplina) a R$ 1.200 (duas disciplinas).

Plataforma Freire reúne currículosOs professores da educação básica devem

fazer a pré-inscrição na Plataforma Freire, lan-çada recentemente pelo MEC, que vai reunir os currículos dos professores da educação básica. A partir destes dados, as Secretarias Estaduais de Educação organização e apresen-tarão às universidades um planejamento es-tratégico que listará os professores e as áreas nas quais deverão ser formados. Por sua vez, as universidades estabelecerão os critérios de prioridade na seleção destes professores.

Ao homologar o convênio que trata deste projeto com a Capes, o Conselho Universitário da Uenf indicou a implantação de uma comis-são, no âmbito da Câmara de Graduação, para tratar da implantação dos cursos que a Uenf deverá ofertar. Ela deverá atuar em conjunto com os membros dos colegiados dos cursos de licenciatura e será a responsável pelo pla-nejamento, acompanhamento e execução do Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica na Universidade.

—Todos os professores da Uenf, mesmo os dos cursos do bacharelado, poderão, em tese, participar como docentes nesse processo, desde que tenham formação para ministrar as disciplinas dos cursos de licenciatura para os professores da rede pública — explica a pró-reitora de Graduação da Uenf, Lílian Bahia.

Professora Lílian Bahia,

pró-reitora de Graduação da

Uenf