revista nossa uenf 5ª edição

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UENF nossa Revista da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro - Ano 2 - Nº 1 - Março/Abril 2009 Depois do prêmio Uenf capta mais R$ 500 mil em verba federal para novo projeto de educação em direitos humanos

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Revista Nossa UENF 5ª edição

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Page 1: Revista Nossa UENF 5ª edição

UENFno

ssa Revista da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro - Ano 2 - Nº 1 - Março/Abril 2009

Depois do prêmioUenf capta mais R$ 500 mil em verba federal para novo projeto de educação em direitos humanos

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Pensando alto

Equipe Ascom

Fúlvia D’Alessandri e Gustavo Smiderle (jornalistas responsáveis)

Felipe Moussallem (projeto gráfico)

Nilza Franco Portela (técnica de nível superior)

Elizabeth Cordeiro Silva (auxiliar técnico-administrativo)

Thaís Bereta (estagiária)

Tiragem: 10 mil exemplares - Distribuição: gratuita e dirigidaImpresso por: Sumaúma Editora Gráfica

Ascom: (22) 2739-7119 / 0800-025-2004 / [email protected] Reitoria: (22) 2739-7003

www.uenf.br

ExpedienteUniversidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro

A Revista Nossa Uenf entra em seu segundo ano de vida trazendo uma pequena amostra do que a Universidade anda fazendo na área de ex-tensão. Algumas ações alcançaram visibilidade na-cional, como o trabalho de educação em direitos humanos desenvolvido junto às escolas estaduais do Norte e Noroeste Fluminense. Depois de ga-nhar o Prêmio Nacional de Educação em Direitos Humanos, em dezembro de 2008, a Uenf captou mais R$ 500 mil em verba federal para executar outro amplo projeto na mesma área. Na entrevista desta edição, o secretário de Educação Continu-ada, Alfabetização e Diversidade do MEC, André Lázaro, analisa o significado do Prêmio.

Na Uenf, o esforço é para que a extensão ande junto com o ensino e a pesquisa, como manda o manual da boa universidade. É o caso do Herbá-rio Uenf, que registra todo o acervo de plantas da região e ainda ajuda os alunos no ensino de Bo-tânica. Muitas vezes, este trabalho resulta na des-coberta de espécies ainda desconhecidas, como é o caso da Begonia ibitiocensis, encontrada no Morro do Itaoca e descrita pela primeira vez em 2004. Ameaçada de extinção, a planta virou o sím-bolo do Herbário.

No setor agrário, um dos destaques é o proje-to que busca incrementar a avicultura no Estado. Nesta matéria, os pesquisadores garantem que o Estado do Rio pode voltar a ser um dos maiores produtores de frango do país, em virtude de seu alto potencial para a produção de grãos.

Em outra reportagem, mostramos pesquisa-dores do Centro de Ciências do Homem (CCH) empenhados em preservar a memória escolar de Campos. Desde 2003, eles procuram no acervo documental do Liceu de Humanidades informa-ções que ajudem a contar essa história. A organi-zação e a catalogação estão na reta final. Agora, eles querem conscientizar os alunos sobre a im-portância histórica do Liceu.

Esta edição traz ainda informações sobre o primeiro curso de pós-graduação stricto sensu da Uenf fora do Estado. Trata-se do doutorado em Produção Vegetal, que será ministrado a partir desde ano na Escola Agrotécnica Federal de Ale-gre (Eafa), no Espírito Santo, no âmbito do pro-grama Dinter, da Capes. E muito mais.

Boa leitura!

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Nesta EdiçãoAdeus à professora Thereza Kipnis

Amostras da nossa flora

Integração pela música

No continente gelado

Resgate da história escolar

Projeto incentiva avicultura

Foco nos Direitos Humanos

Biologia para todos

Doutorado da Uenf no ES

Entrevista / André Lázaro

Governador do EstadoSérgio Cabral

Secretário de Ciência e TecnologiaAlexandre Cardoso

ReitorAlmy Junior Cordeiro de Carvalho

Vice-reitorAntonio Abel Gonzalez Carrasquilla

Diretor do CBBArnoldo Rocha Façanha

Diretor do CCT Alexandre de Moura Stumbo

Diretora do CCH Teresa de Jesus Peixoto Faria

Diretor do CCTA Hernán Maldonado Vásquez

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Page 3: Revista Nossa UENF 5ª edição

A Uenf perdeu, em setembro de 2008, uma de suas mais renomadas pesquisadoras, a professora Thereza Liberman Kipnis. Professora titular do Laboratório de Biologia do Reconhecer do Centro de Biociências e Biotecnologia (CBB) da Uenf, Thereza faleceu no dia 28/09/08, vítima de câncer, em São Paulo (SP). Membro associado da Academia Brasileira de Ciências desde 1998, Thereza deixa vasta obra científica, incluindo pelo menos 66 artigos completos publicados em periódicos nacionais ou inter-

nacionais e três capítulos de livros publicados.A Reitoria divulgou nota de pesar lamentando profundamente o fale-

cimento da pesquisadora. O professor Renato Augusto DaMatta, do CBB, viajou para São Paulo para representar a Universidade no velório e no se-pultamento. Em depoimento que mistura consternação e reconhecimen-to, o diretor do CBB/Uenf, professor Arnoldo da Rocha Façanha, registrou a obstinação da pesquisadora desde o diagnóstico até o decorrer do agra-vamento da doença.

— Mesmo mostrando-se plenamente cônscia da gravidade de sua situação e enfrentando um penoso tratamento, a professora Kip-

nis se manteve em constante contato com seus colaboradores e com a direção do CBB, orientando, apoiando e discordando

quando achava pertinente, seguindo com intensidade as ca-racterísticas que a distinguiram durante toda a vida.

Arnoldo também destaca que assinou o último dos projetos da professora Thereza submetido a uma agên-cia de fomento, cerca de um mês antes de sua morte. Seu currículo, mantido na Plataforma Lattes do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), foi atualizado ainda no mês de setembro e apresenta artigos científicos publicados em 2008. Tudo

isso expressa, na visão do diretor, uma dedicação “até o último suspiro” à ciência e à academia.

A professora Andrea Arnholdt, colega de laboratório de Thereza Kipnis desde 1995, a considera “um exemplo para toda a Universidade”, com grande contribuição para o pro-

jeto da Uenf. Também o professor Clóvis de Paula Santos, do CBB/Uenf, lembra a grande contribuição da pesquisadora

para a pesquisa com animais. Doutora em Imunologia pela USP em 1973, Thereza atuou

de 1983 a 1990 na Universidade Federal de São Paulo e de 1991 a 1995 na USP. Fez pós-doutorado em prestigiadas instituições internacionais, como Instituto Pasteur, França, NIH e Harvard University, nos Estados Unidos. A pesquisadora obteve livre-do-cência em 1985, na USP, com trabalho intitulado “Transformação de formas tripomastigotas do Trypanosoma cruzi em ativadores do sistema complemento”.

Adeus à professora Thereza Kipnis

Foto: Arquivo pessoal

Pesquisadora lutava contra um câncer e manteve atividade científica ‘até o último suspiro’

Thereza Liberman Kipnis

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flora

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Centro de Ciências do Homem

danossa

AmostrasCriado em 2005, Herbário Uenf conta com acervo de 4 mil plantas da região

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Uma espécie de biblioteca onde o acervo, ao invés de livros, é for-mado por amostras de plantas se-cas. Assim funcionam os herbários, que tiveram seu início no século XVI, na Itália, e hoje constituem uma estrutura imprescindível para o estudo de botânica. Dos 114 herbários existentes no Brasil, um funciona em Campos dos Goytaca-zes, no Centro de Biociências e Bio-tecnologia (CBB) da Uenf. Em três anos de funcionamento, o Herbário Uenf conseguiu reunir cerca de 4 mil exsicatas (amostras de plantas), a maioria proveniente das florestas remanescentes da Mata Atlântica si-tuadas na região.

Algumas delas são verdadeiras raridades, como a Begonia ibitiocensis, encontrada no Morro do Itaoca pelo botânico João Marcelo Braga, do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, e descrita pela primeira vez em 2004 pelas pesquisadoras Eliane de Lima Jacques, da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, e Maria Cândida Henrique Mamede, do Instituto de Botânica de São Paulo. Ameaçada de extinção devido à destruição de seu habitat, a planta virou o símbolo do Herbário Uenf.

— Uma outra espécie nova foi coletada recentemente em São José de Ubá. Trata-se de uma arbórea le-

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Foto:

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guminosa, que nunca foi descrita. A planta vem sendo estudada por Ha-roldo Lima, do Jardim Botânico do Rio, instituição que é nossa parceira — diz o professor Marcelo Trindade Nascimento, curador do Herbário Uenf.

Segundo o professor, as coletas se concentram basicamente nas três unidades regionais com interesse de conservação: a Floresta da Mata do Carvão (Estação Ecológica de Guaxindiba), a Restinga de Grussaí-Iquipari e a Floresta Ombrófila (Par-

que do Desengano). Uma espécie encontrada na Mata do Carvão é a Paratecoma peroba, mais conheci-da como peroba amarela. Muito usa-da para a fabricação de móveis, esta espécie foi praticamente dizimada, restando poucos exemplares.

— Na Restinga de Grussaí-Iqui-pari, há a pitanga e a aroeira da praia, por exemplo. Já no Parque do Desengano, temos o jequitibá, o palmito e várias bromélias, entre outras espécies — diz Nascimento, que vem tentando, junto ao Institu-

to Estadual de Florestas (IEF), criar novas unidades de preservação da flora regional, abrangendo a Restin-ga de Grussaí-Iquipari e o Morro do Itaoca.

O trabalho de coleta, identifica-ção e catalogação das plantas é feito por estudantes e pesquisadores. As coleções contêm plantas inteiras ou ramos com folhas, flores e, se pos-sível, frutos. A meta é chegar a um total de 10 mil exsicatas até o ano 2010.

O Herbário conta ainda com

uma carpoteca (coleção de frutos e sementes secos) e uma xiloteca (co-leção de madeiras em bloco, tronco e tecido fixado em lâminas para mi-croscópio), tendo como curadora a professora Maura da Cunha.

— Além de representar a flo-ra da região, o Herbário também possibilita a avaliação de impactos ambientais, contribui para pesqui-sas em outras áreas da ciência, a conservação de materiais históricos e a identificação de espécies — diz Nascimento.

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Fotos: acervo Herbário Uenf

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Integração pela músicaRock, MPB, música sacra... Ritmos que à pri-

meira vista podem parecer inconciliáveis, mas que, na voz dos cerca de 50 integrantes do Coral Uenf — e sob a batuta do maestro Jardel Maia —, fluem como se as diferenças não existissem. O gru-po — formado por alunos, servidores, professores e pessoas da comunidade extra-Uenf — tem pouco tempo de vida, mas já chama a atenção de quem passa pelos corredores do prédio da Reitoria nos dias de ensaio.

— Estava passando e não pude resistir quando percebi que o pessoal estava cantando. Tive que parar para ouvir. É de emocionar — diz a servidora Nilza Franco Portela, técnica de nível superior da Assessoria de Comunicação da Uenf.

Os ensaios começaram em agosto de 2008, com quase 90 integrantes. Jardel lembra que, como todo começo, não foi fácil aglutinar tantas pesso-as. Foi por este motivo que o maestro optou por ensaiar primeiro as músicas mais trabalhosas, que exigem maior empenho de cada um. Uma delas é

“Aleluia”, de Mozart, cantada a quatro vozes.— Pensei que, desta forma, já haveria uma se-

leção natural dos integrantes, como de fato acon-teceu. Muitos não tinham experiência alguma, mas acabaram ficando. Outros desistiram ao perceber como as coisas funcionam. Hoje posso dizer que o grupo está montado — diz.

A servidora Tânia Virgínia de Souza e Silva foi uma das que pensaram em desistir. Sem experiên-cia em coral, achou difíceis os primeiros ensaios, mas com o tempo mudou de ideia. Hoje se consi-dera perfeitamente integrada ao grupo.

— Além do prazer de cantar, a gente compar-tilha com os colegas de um momento de descon-tração. Os ensaios são muito divertidos — diz Tâ-nia, que atua como secretária do Laboratório de Ciências Químicas (LCQUI) do Centro de Ciência e Tecnologia (CCT).

Segundo Jardel, o mais importante, para quem está começando, não é a voz, mas a disciplina. Cumprir a rotina de ensaios, sem faltar, é o que

mais conta. Os bons resultados vêm com o tem-po.

— Não seleciono ninguém pela voz, mas pela presença, que é fundamental. Tem gente que, quando começou, tinha muita dificuldade, mas depois de vários ensaios já conseguiu avançar bas-tante — afirma o maestro.

Formado em Licenciatura em Música pela UFRJ em 2001, Jardel começou a carreira de maestro em 1995, com um grupo vocal de Campos. Em 1997, atuou no Coral do Colégio Auxiliadora e, em 1998, no da Faculdade de Filosofia de Campos. Atuando hoje, além da Uenf, no Coral da Faculdade de Di-reito de Campos e no Coral Juvenil Arte Em Canto, Jardel passou ainda pelos corais do Colégio Sale-siano e da Faculdade Salesiana de Vitória (ES).

O primeiro coral da Uenf funcionou de 1997 a 2002, tendo como regente o maestro Flávio Araú-jo. Também formado por professores, servidores e alunos da Uenf, chegou a reunir cerca de 30 in-tegrantes.

Coral Uenf reúne 50 pessoas, em sua maioria alunos e servidores

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Foto: Tarcísio Rangel do Couto

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No continente geladoO gelo na Antártica começou a derreter antes

da hora, e isto o biólogo Marcos Salomão, pes-quisador visitante da Uenf, pôde ver a olho nu. Mas a missão da qual participou durante cerca de três semanas de novembro e dezembro de 2008 tinha objetivos mais complexos: estudar a biodiversidade presente na Baía do Almirantado, na Ilha Rei George, no continente antártico.

Para tanto, Salomão esteve a bordo do navio oceanográfico Ary Rongel compondo a equipe que coletou amostras de sedimentos marítimos em diferentes profundidades. A análise física e química das amostras do fundo do mar, cruzada com dados coletados por outros pesquisadores, vai fornecer um mapa mais consistente da vida presente no continente gelado e ajudar a enten-der a dinâmica da vida no planeta.

Salomão, que é campista e aluno da primei-ra turma de Ciências Biológicas da Uenf, foi à

Antártica como membro de um grande projeto coordenado pela professora Lúcia Campos, da UFRJ. O projeto é conhecido como MABIREH, si-gla para o nome “Vida Marinha na Antártica: Bio-diversidade em Relação à Heterogeneidade Am-biental na Baía do Almirantado, Ilha Rei George, e áreas adjacentes (MABIREH)”. O MABIREH se desdobra em 12 subprojetos, um dos quais tem a coordenação do professor Carlos Eduardo de Rezende, do Laboratório de Ciências Ambientais da Uenf. É neste subprojeto, voltado para a aná-lise da composição química e física dos sedimen-tos marinhos, que Salomão está engajado.

Em relato transmitido por e-mail aos colegas do Brasil, outro membro da missão científica — o professor Marcelo Bernardes, da Universidade Federal Fluminense (Instituto de Química – De-partamento de Geoquímica) — relata a felicida-de pela consecução da maior parte dos objetivos

propostos e aborda as dificuldades enfrentadas durante o trabalho. Entre elas, um período de deriva do navio causado pelo vento intenso e questões ligadas ao detalhamento das profun-didades da baía pesquisada. Versatilidade para resolver problemas inesperados foi uma das vir-tudes exigidas durante a missão, como ocorreu durante um defeito num equipamento de inox que precisaria ser reparado sob calor.

— Apesar de contarmos com a grande ajuda do Departamento de Hidrografia e Navegação da Marinha a bordo, não tínhamos tempo hábil de mudar as estratégias — conta o pesquisador.

Salomão manteve contato com a Uenf e com a família por e-mail e por telefone celular, com qualidade de sinal que faria supor uma ligação local. Foi assim que ficou sabendo, através de sua mulher Adriane Souza, que o segundo filho do casal será uma menina.

Pesquisador da Uenf participa de missão à Antártica

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Foto: Ricardo Calado

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Pesquisadores também combatem mitos sobre a carne de frango e ovos

Projeto incentiva

avicultura

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Desafio para estudantes e professores

Frangos com o dobro do peso

O Estado do Rio de Janeiro já foi um dos maiores produtores de frango do país, mas a baixa produ-ção de grãos levou a maior parte das granjas, nas últimas décadas, para fora do Estado. Pesquisadores do Setor de Avicultura do Labora-tório de Zootecnia e Nutrição Ani-mal (LZNA) da Uenf vêm tentando reverter este quadro, através do projeto de extensão “Incentivo à avicultura e qualidade de produ-tos avícolas nas regiões Norte e Noroeste Fluminense”, coordena-do pelo professor Humberto Pena Couto.

— O Estado do Rio de Janeiro tem um alto potencial para voltar a ser um grande produtor de aves e ovos, não só por sua ótima lo-calização, próxima aos grandes centros consumidores, mas tam-bém pelo seu alto potencial de produção de grãos de alta quali-dade para a alimentação das aves, o que tornaria sua produção alta-mente competitiva e mais barata — afirma, acrescentando que hoje a produção de frango, no Estado, representa apenas 1,5% de toda a produção nacional.

Iniciado em abril de 2008, o projeto visa não só fomentar a produção de ovos e aves na re-gião, como estimular a elaboração de projetos agropecuários finan-ciados pelos programas de agri-cultura familiar, além de informar à população sobre as verdades e os mitos comumente relacionados aos produtos de origem avícola. Para tanto, são realizadas palestras em escolas, cooperativas e associa-ções de produtores rurais.

Embora a carne de frango bra-sileira seja hoje exportada para mais de 150 países — passando, portanto, por inúmeros testes de qualidade lá fora —, um mito pro-fundamente arraigado é o de que o frango de granja é produzido com hormônios — mito reforçado pelo grande tamanho dos fran-gos de granja, se comparados aos

caipiras. Humberto lembra que o bom rendimento dos frangos de granja é o resultado de 50 anos de pesquisas em melhoramento genético, manejo, nutrição e sani-dade.

— Usar hormônio em qualquer animal é considerado crime he-diondo, e dá cadeia. Se tiver qual-quer resíduo de anabolizante, a carne não passa na inspeção sani-tária feita nos países que compram o frango do Brasil — diz o profes-sor, lembrando que as granjas e abatedouros avícolas brasileiros são dotados de alto padrão sani-tário e excelente padrão de bios-seguridade.

Outro mito que os pesquisado-res da Uenf tentam combater é o de que o ovo causa doenças car-díacas. Humberto lembra que foi confirmado cientificamente que o colesterol do ovo é o HDL, ou seja, o “bom” colesterol. Ao invés de ser restringido na dieta, por-tanto, o ovo pode ser uma fonte saudável e barata de proteínas.

As palestras atingiram, até o momento, mais de mil pessoas, dentre alunos de ensino funda-mental e médio, professores e pro-dutores rurais, totalizando cerca de 10 colégios visitados. Segundo Humberto, foi possível perceber um grande nível de desinforma-ção entre os participantes acerca do valor nutricional dos produtos avícolas e a importância do país na produção de aves e ovos.

— Esperamos que, ao término do projeto, ocorra uma conscien-tização da população sobre os be-nefícios dos produtos avícolas, au-mentando o seu consumo, o que beneficiaria especialmente a po-pulação de baixa renda. Também esperamos que haja um aumento na produção avícola no Estado. A carência de apoio técnico poderá ser suprida pelos pesquisadores da Uenf, o que redundaria em melhor qualidade de vida para o produtor rural — afirma.

Em sua principal linha de pesquisa, o Setor de Avicultura do LZNA/Uenf dedica-se a estudos sobre o processamento in-dustrial de rações para frangos de corte e poedeiras. Grande parte das pesquisas tem recebido o apoio da empresa flumi-nense Rica (Reginaves Indústria e Comércio de Aves).

O esforço tem dado bons resultados. Os pesquisadores já conseguiram produzir frangos com alto ganho de peso e excelente conversão alimentar: 3.150 kg e 1,8 de conversão (kg de ração / kg de peso) — mais que o dobro de um frango comum —, em pesquisas de campo realizadas na Unidade de Pesquisa do LZNA.

Com uma produção mensal de 450 milhões de aves e 900 mil toneladas de carne de frango, o Brasil ocupa hoje o primeiro lugar na exportação do produto, sendo o 2º maior produtor. Os produtores brasileiros produzem ainda cerca de 25 bilhões de ovos anualmente, ocupando o 6º lugar entre os países produtores.

— A avicultura é o segmento mais desenvolvido da Zoo-tecnia no Brasil. A carne de frango é a mais consumida hoje pelos brasileiros, em virtude de seu baixo preço. Cada habi-tante consome em média 42 quilos de carne de frango por ano. Em seguida, vem a carne bovina (com 28 kg) e suína (14 kg) — afirma o professor Humberto Couto.

Atualmente, o setor emprega cerca de 4 milhões de pes-soas e é responsável por 1,5% do PIB. Existem dezenas de milhares de produtores de aves integrados, centenas de em-presas beneficiadoras e dezenas de empresas exportadoras distribuídas em 14 estados da federação.

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Foto: Arquivo Histórico do Liceu

Resgate da história escolar

Numa época em que o mercado de trabalho era restrito basicamente aos homens, o municí-pio de Campos foi um dos pioneiros, no Brasil, a abrir esta perspectiva também para as mulheres. Uma das poucas profissões socialmente “permiti-das” ao sexo feminino no final do século XIX era a de professora, cargo ao qual as jovens campistas podiam aspirar ao ingressar na Escola Normal de Campos (ENC), que funcionou durante 60 anos no mesmo prédio do Liceu de Humanidades de Campos (LHC).

Parte dessa história vem sendo resgatada atra-vés do projeto de extensão “Preservação do pa-trimônio histórico de instituições escolares no Norte Fluminense — o Caso da Escola Normal de Campos”, coordenado pela professora Silvia Alicia Martinez, do Laboratório de Estudos da Educação

e da Linguagem (Leel) do Centro de Ciências do Homem (CCH) da Uenf.

As fontes para o trabalho são os documentos contidos no Arquivo Histórico do LHC, que co-meçou a ser organizado pela Uenf em 2003 e que hoje, graças ao projeto vinculado ao Programa de Extensão da Universidade, está em fase final de or-ganização e catalogação, com a meta de publicar um inventário de fontes relativo aos fundos docu-mentais que ali se encontram.

Segunda instituição pública e oficial de forma-ção de professores no Estado, a Escola Normal de Campos foi criada em 26 de novembro de 1894 — cinco anos após a instauração da República —, e as aulas começaram em 1895, após a realização das obras necessárias para acomodar as suas insta-lações. Coube à Escola Normal abrir as portas do

Liceu para as primeiras mulheres — ainda que o lugar a elas reservado fosse o menos importante dentro do antigo Solar do Barão da Lagoa Dou-rada.

— Enquanto os homens ocupavam o prédio principal do Liceu, as mulheres ficavam na antiga “senzala”, atrás da “casa-grande”. Os meninos en-travam pelo portão principal. Já as meninas tinham que entrar pelo portão lateral esquerdo. Esta dis-tribuição refletia o papel da mulher na sociedade brasileira de então — diz a professora Silvia.

Só com a reforma do ensino secundário de Francisco Campos, em 1930, é que a distribuição espacial de meninos e meninas viria a ser modifi-cada. A reforma instaurou cinco anos de ginásio obrigatório como condição prévia indispensável para o ingresso no ensino Secundário e Normal.

Arquivo do Liceu revela detalhes da Escola Normal de Campos, que abriu as portas do mercado de trabalho para as mulheres

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Fotos

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Projeto de expansão urbanaUma nova legislação e a falta de

espaço do Liceu, motivada pela obri-gatoriedade do ensino ginasial, te-riam sido os principais motivos para a saída da Escola Normal — trans-formada em Instituto de Educação de Campos — do Liceu para outro prédio. Mas a sua transferência para o prédio da Avenida 28 de Março (onde hoje funciona o Isepam) es-

conde também um projeto de ex-pansão da cidade naquela direção.

— Houve uma grande resistên-cia das normalistas em ir para lá, porque aquele lugar, na época, era considerado uma “roça”. Além disso, a área onde estava localizado o Liceu já era considerada uma área nobre — observa a professora Silvia Alicia Martinez.

Mas não foi sempre assim. Em 1884, quando começou a funcionar, o Solar do Liceu também era consi-derado muito longe da cidade. Em 1887, seu então diretor, Homero Moretzohn, chegou a reclamar da localização do prédio, o que, na sua opinião, estaria dificultando o aces-so dos estudantes mais pobres, com poucos recursos para pagar as passa-

gens de bonde.— A gente percebe um discurso

diferenciado entre os liceístas de on-tem e os de hoje. Acreditamos que isso se deve à falta de conhecimento da história do Liceu, que é riquíssi-ma. Nossa próxima etapa é tentar reverter isso, recuperando a memó-ria da escola junto aos seus alunos — afirma.

A partir de então, as instalações do Solar seriam um espaço comum a todos, liceístas e normalistas. Em 1954, com a criação do Instituto de Educação de Campos, chegava ao fim a convivência entre as duas es-colas.

— O prédio do Liceu também abrigou uma Escola Modelo, na qual as normalistas davam aulas para alu-nos do curso primário. A escola, que funcionou de 1916 a 1932, incorpo-rou muitas inovações pedagógicas, grande parte delas por obra da pro-fessora campista Antônia Ribeiro de Castro Lopes — conta Maria Amélia Pinto Boynard, sub-coordenadora do projeto, cuja dissertação de mes-trado focalizou esta instituição.

— Este projeto articula a exten-são e a pesquisa. Já foram feitas diversas monografias e uma disser-

tação de mestrado com base neste arquivo. Ao mesmo tempo, estamos concluindo o inventário dos docu-mentos, que será disponibilizado ao público — diz Silvia, que em 2009 pretende realizar um trabalho de intervenção entre os alunos, focado na memória da escola, e disponibili-zar um banco de dados.

Até o momento, foram cataloga-dos cerca de 15 mil documentos e 300 fotografias. A equipe do projeto tem ainda a participação de Fernanda Agum (pedagoga, bolsista Universi-dade Aberta), Fabiana Monteiro, Mi-chele Assis e Michele Gama (alunas de Pedagogia da Uenf, bolsistas de Iniciação Científica e de Extensão), Samilla Manhães (aluna de História da Fafic, bolsista Universidade Aber-ta) e Jussara Scafura Mesquita Viana (voluntária).

Ao lado, a equipe coordenada pela professora Silvia Alicia trabalha em preciosidades como o livro de matrículas correspondente ao período de 1884 a 1942.

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Pela primeira vez em sua história, a Uenf vai ministrar um curso de pós-graduação stricto sensu em outro Estado. Num passo importante para a sua inserção nacional, a Uenf vai levar o seu doutora-do em Produção Vegetal para uma turma formada por 17 professores da Escola Agrotécnica Federal de Alegre-ES (Eafa) e outros três do Centro de Ci-ências Agrárias da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), no âmbito do programa Dinter, da Capes, que estimula a realização de cursos de pós-graduação stricto sensu interinstitucionais em todo o país.

— É um avanço muito importante no papel da Uenf de formar recursos humanos e na capacidade de interação com outras regiões — diz o reitor da Uenf, Almy Junior, lembrando que há um esforço para possibilitar que outras instituições também possam atuar na modalidade Dinter no Norte Flu-minense.

A classificação da Pós-Graduação em Produção Vegetal da Uenf na última avaliação trienal da Capes

— na qual obteve o conceito 5 — foi fundamental para a implementação do curso em Alegre. Ela per-mitiu que a instituição submetesse o projeto de im-plantação do curso ao Edital nº 01/2008 da Capes/Setec. Mas as ações começaram meses antes, com a celebração de um convênio entre as instituições envolvidas. O Dinter foi pauta de intensos debates entre o reitor da Uenf e a direção da Eafa.

— Vamos ajudar a formar doutores fora dos grandes centros educacionais do país, com o envol-vimento efetivo do nosso corpo docente e discente. Isto vai valorizar o Programa de Produção Vegetal, pois este item é de grande importância na avaliação dos cursos de pós-graduação pela Capes — afirma o coordenador do Programa, professor Ricardo Gar-cia.

Na opinião do professor, a aprovação do projeto mostra que o Programa vem atendendo aos requisi-tos de qualidade estabelecidos pela Capes. Um dos antecedentes imediatos da criação do doutorado interinstitucional foi uma cooperação com a Eafa

coordenada, do lado da Uenf, pela professora Célia Raquel Quirino, do Centro de Ciências e Tecnolo-gias Agropecuárias (CCTA/Uenf ), após entendimen-tos que culminaram na assinatura do convênio.

Os alunos que vão fazer o doutorado foram se-lecionados pela Eafa ou pela Ufes, mas também ti-veram que passar por avaliação da Uenf e da Capes. Eles terão que seguir as mesmas normas do Pro-grama e do Regimento Geral da Pós-Graduação da Uenf, como disciplinas obrigatórias, créditos, pra-zos e outros parâmetros. As aulas serão ministradas na Eafa, mas os experimentos poderão ser feitos no campus da Uenf.

O parecer positivo da comissão avaliadora, que saiu no final de 2008, menciona que o programa ‘é consolidado, apresenta maturidade técnico-cien-tífica e dispõe de corpo docente qualificado’, res-saltando ainda a contribuição do curso no sentido de garantir a ‘permanência do homem no campo’ e gerar ‘políticas de ciência e tecnologia adequadas à realidade da região envolvida’.

Programa de Produção Vegetal começa este ano o primeiro curso de pós-graduação stricto sensu extramuros da Universidade

Doutorado da Uenf no ES

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Foto:

Eafa

Page 13: Revista Nossa UENF 5ª edição

Foco nos

Direitos HumanosAbaixo, a equipe que coordenou o projeto campeão e o reitor da Uenf ao receber o troféu na cerimônia de premiação em Brasília

A conquista do Prêmio Nacional de Educa-ção em Direitos Humanos, no final de 2008, foi determinante para que a Uenf entrasse em 2009 fazendo jus a uma verba federal, no va-lor de R$ 500 mil, para a execução de mais um amplo projeto na área de direitos humanos voltado para o Norte/Noroeste Fluminense. O projeto inclui a capacitação de aproxima-damente 1,2 mil professores de ensino médio e orientação específica para portadores de necessidades especiais, incluindo deficientes visuais.

O projeto — cujos recursos provêm de uma emenda parlamentar ao Orçamento Fe-deral, de autoria do deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) — foi aprovado após entendimen-tos entre o reitor da Uenf, Almy Junior, e o ministro da Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República, Paulo Vanucchi, em dezembro.

— Nosso objetivo, agora, é consolidar uma rede multidisciplinar de cooperação nesta área, envolvendo a Uenf, escolas públicas e profissionais da área não-governamental, além das coordenadorias regionais de Educação — afirma o pró-reitor de Extensão da Uenf, Silvé-rio de Paiva Freitas.

Concedido pela OEI (Organização dos Estados Ibero-americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura), em parceria com o Ministério da Educação (MEC) e a Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República (SEDH), com patrocínio da Fun-dação SM, o prêmio foi entregue ao reitor da Uenf, Almy Junior, no dia 03/12, em cerimônia realizada no Memorial JK, em Brasília (DF).

O projeto começou em 2006, com a capa-citação dos professores da rede pública para a discussão de temas como discriminação, preconceito, violências verbais e violência so-

cial, entre outros. Recursos do MEC, da Faperj (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro), bem como o apoio da Faculdade de Direito de Campos ajudaram a confeccionar a cartilha “INFormação cidadã”, distribuída para todas as 141 escolas estaduais de ensino médio do Norte e Noroeste Flumi-nense.

Em abril de 2007, teve início uma longa preparação junto aos professores das escolas participantes, que incluiu um ciclo de pales-tras e dois módulos de oficinas pedagógicas. Uma mesa-redonda com a participação da professora Vera Candau, especialista na área, encerrou o projeto em 09/07/08, reunindo cerca de 250 profissionais da educação de 22 municípios. A partir de então, passou a vigorar a missão de professores, pedagogos e demais profissionais participantes: socializar a experi-ência para os alunos de toda a região.

A orientadora pedagógica Andrea Calil da Silva, uma das participantes, conta que os tra-balhos na sua escola — o Ciep de Travessão de Campos — foram feitos de forma paralela à capacitação na Uenf. O tema Direitos Hu-manos foi abordado em oficinas, palestras e exposições.

— A recepção foi muito boa, acima do es-perado. Nós enfocamos a questão no contex-to da nossa própria comunidade, que carece de muitos direitos humanos, tais como água tratada, esgoto, acessibilidade, entre outros. Foi um trabalho muito importante, que abriu nossos horizontes — disse Andrea.

O projeto começou com a coordenação da professora Lílian Bahia, então pró-reitora de Extensão e Assuntos Comunitários (Proex) da Uenf, que foi sucedida na Pró-Reitoria pelo professor Silvério de Paiva Freitas. A equipe da Proex participou ativamente dos trabalhos.

Uenf recebe verba federal para desenvolver projeto voltado para a cidadania inclusiva em escolas públicas

Foto: (equipe) Gustavo Smiderle - (premiação) divulgação

Page 14: Revista Nossa UENF 5ª edição

Biociências e Biotecnologia

“Avaliação in vitro da atividade antitumoral de com-postos de coordenação de ferro”Mestrando: Franz Viana BorgesOrientador: Milton M. Kanashiro (LBR/CBB)

“Efeitos de novas Tiosemicarbazonas e seus derivados sobre Leishmania amazonensis extra e.........(veio incompleto)Mestrando: Cinthia Ferreira Costa Orientador: Edésio José Tenório de Melo (LBCT/CBB)

“Modulação diferencial de Exopolifosfatases no meta-bolismo nuclear e mitocondrial durante a embriogêne-se do carrapato Riphicephalus (boophilus) microplus”Doutorando: Eldo CamposOrientador: Carlos Jorge Logullo de Oliveira (LQFPP/CBB)

“Investigação de fatores imunogenéticos associados à manifestação de retinocoroidites Toxoplásmicas em área altamente endêmica para toxoplasmose”Doutoranda: Alba Lucínia Peixoto RangelOrientadora: Lílian Maria G. Bahia de Oliveira (LBR/CBB)

“Expressão de genes de resposta a estresses ambien-tais em mutantes defectivos de milho e Arabidopsis”Doutorado: Alan Trindade BrancoOrientador: Gonçalo Apolinário de Souza Filho (LBT/CBB)

“Biogeografia de Bactérias Culturáveis Associadas à Fruteiras Tropicais”Doutorando: Samuel Tavares dos SantosOrientador: Fábio Lopes Olivares (LBCT/CBB)

Ciência Animal

“Caracterização soro-epidemiológica na erliquiose ca-nina em Campos dos Goytacazes, RJ”Mestrando: Farlen José Bebber MirandaOrientador: Antônio Peixoto Albernaz (LSA/CCTA)

“Avaliação de cultivares de capim-elefante (Pennise-tum purpureum Schum.) para ruminantes na Região Norte Fluminense”Doutorando: Fábio Nunes ListaOrientador: José Fernando Coelho da Silva (LZNA/CCTA)

“Vaccínia Bovina em Mesorregiões no Estado do Rio

de Janeiro: epidemiologia e caracterização de amos-tras de Vaccínia vírus”Doutorando: André Tavares da Silva FernandesOrientador: Carlos Eurico Pires Ferreira Travassos (LSA/CCTA)“Níveis de lisina para suínos alimentados com rações contendo subprodutos do arroz”Doutorando: Victor Libardo Hurtado NeryOrientadora: Rita da Trindade Ribeiro Nobre Soares (LZNA/CCTA)

“Hiperplasia cística endometrial em cadelas: estudo clínico, reprodutivo, histopatológico e microbiológico”Mestranda: Cristina Leite FranciscoOrientadora: Isabel Candia Nunes da Cunha (LRMGA/CCTA)

“Efeito das enzimas óxido nítrico sintaxe endotelial e induzível na capacitação in vitro induzida pela hepari-na de espermatozóides bovinos in natura”Doutoranda: Janaína Barcelos Porto Ferreira BerbariOrientadora: Maria Clara Caldas Bussiere (LRMGA/CCTA)

“Associação de polimorfismos em microssatélites com características para seleção de gado de corte”Doutoranda: Sabrina Luzia Gregio de SouzaOrientadora: Celia Raquel Quirino (LRMGA/CCTA)

“Avaliação e seleção de genótipos de capim-elefante anão para pastejo”Doutorando: Saulo Alberto do Carmo AraújoOrientador: Hernán Maldonado Vasquez (LZNA/CCTA)

“Comportamento sexual, idade à puberdade e parâ-metrso reprodutivos de machos ovinos da raça Santa Inês”Doutoranda: Aline PachecoOrientadora: Célia Raquel Quirino (LRMGA/CCTA)

“Efeito do ibuprofeno na taxa de prenhez de recep-toras inovuladas com embriões bovinos criopreserva-dos”Mestrando: Héctor Javier Narváez BedoyaOrientador: Reginaldo da Silva Fontes (LRMGA/CCTA)

“Reconstituição vesical em cães (Canis familiaris): xenoenxerto com túnica albugínea bovina conservada em glicerina a 98%”Mestranda: Letícia Leal de OliveiraOrientador: Eulógio Carlos Queiroz de Carvalho (LSA/

CCTA)

“Acupuntura no tratamento de alterações espermáti-cas de eqüinos da raça Pônei Brasileiro”Mestranda: Amanda de Melo Sant’Anna AraújoOrientador: Eulógio Carlos Queiroz de Carvalho (LSA/CCTA)

“Aplicação de técnicas moleculares e citogenéticas para triagem da presença do papilomavírus em in-fecções clínicas e latentes de animais domésticos e silvestres”Doutoranda: Rachel Siqueira de Queiroz Simões Ma-rinsOrientadora: Sílvia Regina Ferreira Gonçalves Pereira (LSA/CCTA)

“Diagnóstico molecular de Mycobacterium bovis em tecidos incluídos em parafina, via nested-PCR”Doutoranda: Alessa SiqueiraOrientador:Eulógio Carlos Queiroz de Carvalho (LSA/CCTA)

Ecologia e Recursos Naturais

“Influência da poluição orgânica e parâmetros físico-químicos na distribuição espaço-temporal e recru-tamento da comunidade macrobentônica séssil do infralitoral consolidado na região do porto de Vitória (ES)”Mestrando: Werther KrohlingOrientadora: Ilana Rosental Zalmon (LCA/CBB)

“Influência de um recife artificial marinho sobre a infauna do entorno no Litoral Norte do Estado do Rio de Janeiro”Mestranda: Catarina Dalvi BoinaOrientadora: Ilana Rosental Zalmon (LCA/CBB)

“Interferência dos processos internos de canal na hidroquímica do Rio Paraíba do Sul (RJ): área de sedimentação e sua similaridade com a dinâmica fun-cional das zonas hiporréicas”Mestrando: Aníbal Pezzini JúniorOrientador: Álvaro Ramon Coelho Ovalle (LCA/CBB)

“Evolução de estratégias reprodutivas e taxas de diver-gência em populações de Poecilia vivípara (Teleostei, Poeciliidae) na planície quaternária da região Norte Fluminense”Mestrando: José Louvise Gomes JuniorOrientador: Leandro Rabello Monteira (University of Hull)

Engenharia Civil

“Diagnóstico Ambiental do Município de São Francisco de Itabapoana”Mestrando: Adilson Marcio CoelhoOrientador: Maria da Glória Alves (Leciv/CCT)

“Fluxo de Gases e Avaliação de Parâmetros Geotéc-nicos do Solo Usado como Camada de Cobertura do Aterro de Resíduos Sólidos Urbanos da CODIN em Campos dos Goytacazes/RJ”Mestrando: Alex Mota SoaresOrientador: Sérgio Tibana

“Argamassa Geopolimérica: Avaliação de Resistência a Ácido Sulfúrico e Acético”Mestranda: Aline de Azevedo DiasOrientador: Dylmar Penteado Dias

“Estudo de Concretos com Adições Minerais de Resídu-os de Corte de Rocha e de Blocos Cerâmicos Moídos”Mestranda: Camila Aparecida Abelha RochaOrientador: Dylmar Penteado Dias

“Modelagem de Cablagem de Viaduto com Protensão Externa: Estudo de Caso”Mestranda: Caroline Vieira LannesOrientador: Sergio Luis González Garcia

“Escolha de Áreas para Implantação de Aterro no Município de Campos dos Goytacazes/RJ Utilizando Sistema de Informação Geográfica”Mestrando: Fabricia BendaOrientadora: Maria da Glória Alves

“Produção de Argamassas a Partir da Ativação Alcalina de Metacaulim e de Resíduo de Tijolo Moído por Cales Virgem e Hidratada”Mestrando: Frederico Lopes MurtaOrientadora: Dylmar Penteado Dias

“Monitoração de Recalques de um Edifício Desde o Início da Construção e Avaliação da Interação Solo-estrutura”Mestrando: Gustavo SavarisOrientadora: Patrícia Habib Hallak

“Estudo da Degradação por Sulfatos de Cálcio, de Sódio e de Magnésio de Argamassas Geopolimérica e Convencional”Mestrando: Juliana MauriOrientadora: Dylmar Penteado Dias

Teses e dissertações concluídas nos programas de pós-graduação - julho a outubro 2008

Encarte exclusivo da edição online

Page 15: Revista Nossa UENF 5ª edição

“Comparação entre Métodos de Análise para Lajes Li-sas Protendidas com Cordoalhas Engraxadas – Estudo de Casos”Mestrando: Sandro ColoneseOrientadora: Sergio Luis González Garcia

Engenharia de Produção

“Um modelo para avaliação de qualidade de vida no trabalho em universidades públicas”Mestrando: Rennata Guarino Bastos de SouzaOrientador: André Luis Policani Freitas (LEPROD/CCT)

“Previsão de carga a curto prazo: uma comparação de modelos”Mestrando: Egnaldo de Souza AlmeidaOientador: Lacir Jorge Soares (LESCE/CCH)

“Procedimento para auto-avaliação de cursos universi-tários segundo a percepção de docentes, discentes e técnicos-administrativos”Mestranda: Emanuella Aparecida FontanOrientador: André Luís Policani Freitas (LEPROD/CCT)

“O estimador de máxima verossimilhança aplicado em testes de vida sequenciais com truncagem: um estudo de caso com uma distribuição de amostragem Weibull de três parâmetros”.Mestranda: Daniele da Rocha FonsecaOrientador: Daniel Ignácio de Souza Junior (LEPROD/CCT)

Engenharia e Ciência dos Materiais

“Aproveitamento de Lama de Alto Forno em Cerâmica Vermelha.”Mestranda: Aline Vasconcelos MothéOrientador: Carlos Maurício Fontes Vieira (LAMAV/

CCT)

“Caracterização Estrutural e Propriedades do (Acrila-midometil) Acetato Propionato de Celulose Modificado Via Radicalar”Mestranda: Elaine Aparecida Santos CarvalhoOrientador: Sérgio Neves Monteiro (LAMAV/CCT)

”Processamento via Metalurgia do Pó e Caracteriza-ção de Ligas de Fé-Cu-Co para Uso em Ferramentas Diamantadas”Mestranda: Anderson de Paula BarbosaOrientador: Marcello Filgueira (LAMAV/CCT)“Estudo da Substituição do Fundente Natural por Resíduo de Rocha Ornamental em Piso Cerâmico Vi-trificado”Mestrando: Antônio José de SouzaOrientador: José Nilson França de Holanda (LAMAV/CCT)

“Estudo da Substituição do Fundente Natural por Resíduo de Rocha Ornamental em Piso Cerâmico Vi-trificado”Mestrando: Antônio José de SouzaOrientador: José Nilson França de Holanda (LAMAV/CCT)

“Estudo da Cinética do Processo de Nucleação e Cres-cimento do Diamante no sistema Ni-Mn-C”Mestrando: Valeska Secchin MacielOrientador: Ana Lúcia D. Skury “Soldagem em Campo de Tubos de Aço Inox Duplex e Super-Duplex”Mestrando: Pedro Ivo Guimarães de VasconcelosOrientador: Ronaldo Paranhos “Caracterização e Incorporação de Lodo de Estação de Tratamento de Água em Cerâmica Vermelha”Mestrando: Jean Igor Margem

Orientador: Carlos Maurício Fontes Vieira (LAMAV/CCT)

“Implementação de Sistema de Spray Pirólise com Movimento Equatorial para Deposição de Filmes Cerâ-micos Derivados de Zircônia Estabilizada com Ítria”Doutorando: Cezar Henrique Manzini RodriguesOrientador: Herval Ramos Paes Jr. (LAMAV/CCT)

“Desenvolvimento de Materiais Compósitos de Base Cerâmica para Construção Civil Usando Materiais Acu-muladores de Calor por Mudança de Fase” Doutoranda: Karine de Oliveira Godinho Orientador: José Nilson França de Holanda (LAMAV/CCT)

Genética e Melhoramento de Plantas

“Caracterização de cultivares de videira em clima tro-pical: Uma abordagem fotossintética”Mestranda: Juliana Costa GuimarãesOrientador: Ricardo Enrique Bressan-Smith (LMGV/CCTA)

“Seleção Recorrente entre Famílias de Irmãos Com-pletos da População UNB-2U de Milho Pipoca”Doutorando: Silvério de Paiva Freitas JuniorOrientador: Antonio Teixeira do Amaral Junior (LFIT/CCTA)

“Fontes de resistência, métodos de inoculação e capa-cidade de conbinação para a resisteência à Murcha-de-curtobacterium em feijão-de-vagem”Doutorando: Willian KrauseOrientador: Prof. Nilton Rocha Leal (LMGV/CCTA)

“Melhoramento genético de feijão-de-vagem (Phase-olus vulgaris L.): Avanço de Gerações Via SSD e Uso

de Índices de Seleção e Estatística P1 na Identificação de Genótipos Superiores”Doutorando: Felipe Oliveira VilelaOrientador: Antônio Teixeira do Amaral Jr (LMGV/CCTA)

“Uso de marcadores moleculares ISSR no monitora-mento da variabilidade genética na composição de grupos heteróticos em milho de pipoca”.Mestranda: Érica Cristina de OliveiraOrientador: Antônio Teixeira do Amaral (LMGV/Uenf)

Políticas Sociais

“A formação docente nas políticas educacionais inclu-sivas: Um desafio prático”Mestranda: Juliana Trigueiro Caroga Queiroga LopesOrientadora: Liéte de Oliveira Accácio (LEEL/CCH)

“Ações Políticas de melhoria da qualidade do ensino: descrição e análise da implementação da política de aceleração da aprendizagem na Região Norte Flumi-nense”Mestranda: Érica Constantini das Chagas RibeiroOrientadora: Sonia Martins de Almeida Nogueira

“Proteção social de cidadania: um estudo sobre a con-tribuição do benefício de prestação continuada – BPC para a vida dos idosos no Município de Itaperuna/RJ”Mestranda: Gutiélle Carvalhal Botelho Bustilho FariaOrientadora: Sônia Martins de Almeida Nogueira

“O desenvolvimento do Programa Habitar Brasil no conjunto Residencial Homero Linhares: Uma análise da participação social e da qualidade de vida”Mestranda: Gláuscia Prado de SouzaOrientadora: Teresa de Jesus Peixoto Faria

Page 16: Revista Nossa UENF 5ª edição

Nossa Uenf: O senhor esteve presente à soleni-dade de entrega do Prêmio Nacional de Educação em Direitos Humanos, em Brasília. Em sua opinião, qual o significado do Prêmio para a Uenf e as enti-dades parceiras, como as escolas envolvidas?

André Lázaro: O tema da educação em direitos humanos ainda é recente na agenda educacional brasileira. O prêmio é um reconhecimento ao pio-neirismo da Uenf e um estímulo para o aprimora-mento de nossas estratégias de modo a garantir que a escola pública brasileira seja um centro formador de cidadãos e cidadãs e um local de acolhimento de nossa rica diversidade sócio-cultural.

Nossa Uenf: Não sei se o senhor conhece o pro-jeto, mas quais são as suas impressões sobre o seu alcance ou a sua repercussão junto ao público que pretende atingir, a saber, o universo dos estudantes de ensino médio das escolas estaduais do Norte e Noroeste Fluminense? Como este projeto poderá colaborar com a inserção da Educação em Direitos Humanos pelo Brasil e pela América Latina?

André Lázaro: Recentemente, em novembro de 2008, ocorreu em Genebra a Conferência In-ternacional de Educação Inclusiva, convocada pela Unesco, onde 156 países debateram estratégias para garantir o efetivo direito à educação a todas as crianças, adolescentes, jovens e adultos. O que observamos é que o núcleo conceitual do direito à educação dialoga com o tema dos direitos huma-nos. A educação é um direito humano fundamen-tal na medida em que é, também, condição para acesso a outros direitos. Precisamos aprender com instituições, como a Uenf, quais são as melhores es-tratégias pedagógicas para levar o tema dos direitos humanos aos profissionais do magistério e também aos estudantes e a seus familiares. Na medida em que a Organização dos Estados Ibero-americanos – OEI – pretende levar a iniciativa do Prêmio para outros países da América Latina, o trabalho da Uenf inevitavelmente será uma referência a ser conside-

rada por todas as instituições que virão a participar desses esforços de levar os direitos humanos para o ambiente escolar.

Nossa Uenf: Até onde pode ir, na sua avaliação, a aproximação das Universidades Públicas com as escolas de ensino fundamental e médio? O que se poderia esperar da intensificação deste tipo de in-tegração?

André Lázaro: A surpresa é que nossas univer-sidades públicas tenham se distanciado tanto da educação básica, mantendo apenas o tênue e nem sempre eficiente laço do exame vestibular. O Plano de Desenvolvimento da Educação - PDE, lançado pelo Ministro Fernando Haddad e pelo Presidente Lula em abril de 2007, está apoiado na visão sis-têmica da educação que reconhece e estimula a maior aproximação entre níveis e modalidades de ensino. Assim, o PDE prevê uma forte articulação entre a Universidade, em especial as públicas, e as redes de educação básica de estados e municípios. A criação da Universidade Aberta do Brasil – rede UAB – e o debate na Capes da Educação Básica de uma Política Nacional de Formação de Profissionais do Magistério atestam o papel estratégico dessa aproximação. A inteligência que nossas universida-des agregam é necessária para, em diálogo com a escola e com seus desafios cotidianos, aprimorar a qualidade da educação e assim contribuir de modo permanente para que o direito à educação seja ga-rantido a todos e todas.

Nossa Uenf: O Norte Fluminense carrega as consequências de uma história particularmente marcada pela tragédia da escravidão negra. Os es-tigmas dessa herança se fazem presentes na escola? Como lidar com eles?

André Lázaro: Em primeiro lugar, é preciso reconhecer que a contribuição da população ne-gra à cultura brasileira transcendeu as condições brutais da escravidão e irrigou todas as esferas da vida nacional. Foram os negros os primeiros que

desempenharam funções técnicas sofisticadas, des-de a agricultura até a metalurgia e outros ofícios que já eram desenvolvidos em suas comunidades de origem. Os negros e negras, mesmo escravos, trouxeram civilização ao país, o que não deixa de ser contraditório, pois eles mesmos não eram tra-tados com um mínimo de civilidade. Em segundo lugar, é preciso politizar a educação ao mesmo tempo que ela deve ser despartidarizada. Explico: a educação trata de um projeto de vida, projeto de país e de nação. Politizar significa perguntar: esta-mos construindo uma escola que acolhe a todos e atende a cada um segundo suas potencialidades e necessidades? Esse é o debate político que, se realizado, inevitavelmente chegará à questão que sua pergunta traz. A resposta à pergunta “como li-dar com esses estigmas” será dada pelas escolas na relação com seus alunos e alunas reais, que estão ali todos os dias e que esperam receber da escola as condições para superar a herança da desigual-dade. A Lei 10.639, de 2003, já prevê a formação de professores sobre os temas da história da África e da cultura afrobrasileira. Essa é uma estratégia fundamental para que a brasilidade entre na escola pública, fazendo com que nossos alunos e alunas valorizem nossas tradições e elevem sua autoes-tima por integrarem uma cultura tão importante para sermos o país que somos.

Nossa Uenf: A Uenf foi criada há 15 anos com uma missão bem definida de atuar na transforma-ção do cenário socioeconômico da região de sua jurisdição. Como o senhor avalia que uma missão tão ambiciosa possa ser perseguida concretamen-te?

André Lázaro: A Uenf já tem dado uma impor-tante contribuição para a economia e a sociedade do Norte Fluminense. Sem missões ambiciosas, as instituições se acanham e ficam prisioneiras de suas querelas, inevitáveis, oriundas dos diversos corporativismos que perpassam todas as institui-

‘É preciso ter missões ambiciosas’Com a conquista do Prêmio Nacional de Educação em Direitos Humanos, a Uenf entra em 2009 com a responsabilidade de quem, agora, é referência nesta área, não só no Brasil como em toda a América Latina. Para André Lázaro, titular da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (Secad) do Ministério da Educação, o prêmio é antes de tudo um reconhecimento ao pioneirismo da Uenf na área de Educação em Direitos Humanos. Nesta entrevista, ele fala sobre a

necessidade de aproximar as universidades, especialmente as públicas, das redes de educação básica estaduais e municipais, da mesma forma que fez a Uenf em seu projeto “Contribuições da Educação Continuada na Formação do Professor-Pesquisador para a Vanguarda da Pesquisa em Educação”. Segundo Lázaro, a inteligência que as universidades agregam pode aprimorar a qualidade da educação e contribuir para que o direito à educação seja garantido a toda a população. Veja a entrevista:

ENTREVISTA / ANDRÉ LÁZARO

Page 17: Revista Nossa UENF 5ª edição

ções. É um prêmio para a Uenf ter em sua certi-dão de nascimento uma tarefa tão forte, ampla e significativa para nosso Estado do Rio de Janeiro. Pelo que tenho acompanhado, a Uenf lida positiva e criativamente com a missão que lhe foi confiada.

Nossa Uenf: No que se refere especificamente à educação pública, qual deve ser, em sua visão, o papel que uma universidade pública regional como a Uenf deve propor-se a desempenhar?

André Lázaro: A Universidade Pública tem compromisso estrutural e vocacional com a educa-ção pública. Creio que a Uenf deve buscar a melhor aproximação possível com as redes municipais e estadual de educação, tanto atenta à formação de professores capazes de lidar com a complexa reali-dade sociocultural da região quanto ser um centro de formação continuada, oferecendo acesso à ciên-cia, às artes e à cultura. A meu ver, a Uenf deveria ser a segunda casa de todos os professores da rede pública da região, que deveriam encontrá-la sem-pre de portas abertas para lhes dar o apoio de que necessitam para cumprir a difícil tarefa de educar as gerações.

Nossa Uenf: O senhor responde por uma se-cretaria recentemente criada no MEC e voltada para temas como o respeito à diversidade cultural, a educação indígena e áreas afins. Se é difícil me-lhorar a escola pública em aspectos mais ‘conven-cionais’, a exemplo da ‘eficiência’ do processo de

ensino-aprendizagem, o que o senhor diria sobre essas áreas que só recentemente têm merecido a atenção da sociedade? As universidades podem co-laborar nesse processo?

André Lázaro: Essas áreas vivem os mesmos problemas das chamadas “convencionais” e mais alguns, que lhes são próprios. Na verdade, a maio-ria das redes e dos sistemas educacionais dão pouca atenção à educação de jovens e adultos, à educação do campo, à educação indígena, à edu-cação para relações étnico-raciais, à educação em direitos humanos, entre outros assuntos. E perde-mos todos com esse desconhecimento. A educação indígena, por exemplo, tem exemplos grandiosos de como a escola pode ser um elemento funda-mental na coesão comunitária. Com a educação de jovens e adultos podemos aprender muito sobre a educação ao longo da vida e sobre como cada um de nós tem seus próprios saberes que devem ser considerados no processo ensino-aprendizagem. Creio que as Universidades precisam se aproximar mais do que é a vida cotidiana das escolas públicas e mobilizar sua capacidade intelectual e também política para que se tornem parceiras dessa renova-ção da educação brasileira. Renovação necessária e urgente. Com certeza os professores das escolas públicas de educação básica têm muito a nos en-sinar sobre como lidar com processos complexos, como os que eles vivem no dia-a-dia de seu traba-

lho. Saber ouvi-los é o primeiro passo para uma aliança em favor do direito à educação de crian-ças, adolescentes, jovens e adultos de nosso país. E quando falamos aqui em direito à educação, que fique bem claro: queremos garantir o direito de aprender, sejam quais forem as circunstâncias que envolvam esses alunos e alunas.

André Lázaro

Fotos: Secad /MEC

Pós-GraduaçãoGraduaçãoAgronomia

Ciência da Computação e Informática

Ciências Biológicas

Ciências Sociais

Engenharia Civil

Engenharia de Exploração e Produção de Petróleo

Engenharia de Produção

Engenharia Metalúrgica

Licenciatura em Biologia

Licenciatura em Ciências Biológicas a Distância

Licenciatura em Física

Licenciatura em Matemática

Licenciatura em Pedagogia

Licenciatura em Química

Licenciatura em Química a Distância

Medicina Veterinária

Zootecnia

Mestrado e DoutoradoBiociências e Biotecnologia

Ciência Animal

Ciências Naturais

Ecologia e Recursos Naturais

Engenharia de Reservatório e de Exploração

Engenharia e Ciência dos Materiais

Genética e Melhoramento de Plantas

Produção Vegetal

Sociologia Política

MestradoCognição e Linguagem

Engenharia Civil

Engenharia de Produção

Políticas Sociais 15

Page 18: Revista Nossa UENF 5ª edição

Biologia para todos

Se o ensino de biologia pode ser difícil para muitas pessoas, o que dizer dos deficientes visu-ais, cuja compreensão dos processos biológicos quase sempre fica restrita ao artifício da imagina-ção? Para esta parcela dos estudantes — que, pela legislação brasileira, deve ser absorvida pela rede regular de ensino —, a vontade de aprender quase sempre esbarra na falta de materiais didáticos ade-quados às suas limitações físicas.

Mas, se depender da professora Nadir Francis-ca Sant’Anna, do Laboratório de Biologia Celular e Tecidual (LBCT) da Uenf, este problema está com os dias contados. Ela é a coordenadora do projeto de extensão “Produção de atlas de embriologia e modelos anatômicos para o ensino de deficientes visuais”, que vai disponibilizar gratuitamente para as bibliotecas das escolas da região um livro com figuras em alto-relevo, voltado para as disciplinas

Atlas vai ajudar deficientes visuais a entender melhor a embriologia humana

de Biologia (Ensino Médio) e Embriologia (Gradu-ação).

— O que se vê, na prática, são deficientes visu-

ais que conseguem passar nas provas decorando os textos dos livros, mas sem entender nada. Na hora de escolher uma faculdade, eles nunca optam pela área de Biologia. Acabam escolhendo outras áreas simplesmente por falta de opção — diz Nadir. Quando ficar pronto, o kit de ensino de biologia vai contar com cerca de 15 capítulos, com legen-das em braile referentes a cada ilustração, além de

um CD contendo um texto que pode ser “lido” em DOSVOX e uma apresentação em Power point para ser projetada em sala de aula pelo professor. Enquanto o aluno normo-visual (sem deficiência visual) acompanha a apresentação pelos slides, os deficientes visuais acompanham pelo Atlas feito pela Uenf.

— Como o Atlas é muito bonito, com cores vivas, os normo-visuais também ficarão interessa-dos. Isso vai possibilitar uma interação maior entre todos. Os deficientes poderão até dar explicações aos normo-visuais, coisa que dificilmente acontece hoje em dia na área de morfologia — diz Nadir, lembrando que o material foi aprovado por pro-

fessores das escolas Isepam e Thiers Cardoso, em Campos.

Segundo a professora, a confecção do Atlas de Embriologia está na fase final. Falta apenas receber o aparelho Thermoform, já adquirido com verba Faperj — que apoiou integralmente o projeto — para a impressão das páginas em braillon (um tipo de acetato). Os esquemas em alto relevo — que ser-vem como matrizes para a reprodução das páginas — foram feitos em biscuit pela artesã Leila Maria Araújo, bolsista do Programa Universidade Aberta. Coube aos alunos da Uenf fornecer o conteúdo, com base em livros didáticos adotados por cursos de graduação na área de saúde. Uma das vantagens deste método, segundo Nadir, é o baixo custo.

— Na área de embriologia, existem poucas opções de material especializado para deficientes visuais. Os poucos que existem são muito caros, o que restringe muito o acesso — comenta a pro-fessora, acrescentando que deverá ser feita uma reunião com diretores de escolas, faculdades e universidades, bem como secretários e coorde-nadores de educação (município e estado), para tratar do assunto.

O projeto conta ainda com a participação das alunas bolsistas Cláudia Bueno Barbosa, Graziele de Sá, Renata Nogueira Ribeiro Gomes (Biólogas da Universidade Aberta), Suzana Freitas Garcez, Letícia Rocha (Alunas de Extensão da Universidade Aberta) e Jackellinne Peres e Virgínia Ribeiro Pessa-nha (Iniciação Científica), além de Priscila Soares Ladislau, Mariana da Silva Pereira e Noemi Oliveira Monteiro (Programa Jovens Talentos - Cecierj).

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