revista noize #52 - abril de 2012

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Raul Seixas, Nada Surf, The Naked And Famous, João Brasil, The Shins, Dave Grohl, Titãs, SXSW, Howler, Killer on the Dancefloor

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Page 1: Revista Noize #52 - Abril de 2012
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1. Ariel Martini_ Ainda insiste em fazer fotos de shows. flickr.com/arielmartini2. Lucas Neves_ Fotógrafo. Queria usar óculos, mas usou aparelho.Trabalha na bandits graphiks, no inverno é meio ruivo e fora isso não tem quase nada ao seu favor. Não que ruivo...3. Lalai e Ola_ Lalai trabalha com mídias sociais, mas sua paixão é música. É DJ e produz a festa CREW. O Ola trocou a Suécia pelo Brasil, o design pela música e fotografia.4. Renata Simões_ Renata Simões, 34, é jornalista. Já produziu documentários, apresentou os programas Vídeo Show e Urbano, colabora com revistas e sites e ainda tem um programa diário no rádio em São Paulo, onde mora. 5. Nicolas Gambin_ Jornalista freela. Aprecia tocar The Meters com amigos nas horas vagas.6. Leandro Furini_ Fotógrafo, formado em comunicação visual, e dono do blog OneDV com mais dois amigos.7. Daniel Sanes_ Jornalista por formação, lunático por opção e roqueiro de nascimento. Um dos editores de música do site www.nonada.com.br.8. Thany Sanches_ Não sabe andar de patins, detesta ver seus lápis de cor desarrumados e ainda não ganhou o Miss Brasil. Adora Gal Costa, poetas russos e vento na cara. É fotógrafa, pintora, bailarina e mãe.9. Fernando Halal_ Jornalista malemolente, fotógrafo de técnica zero e cinéfilo dodói. Não morre sem ver um show do Neil Young . www.flickr.com/fernandohalal10. Rafa Carvalho_ É jornalista, se arrisca em voo solo no Killer.155.wordpress.com e tem a péssima mania de estar sempre online.11. Marcos Faria_ Marcos Faria jura que esta é a última vez que trabalha como jornalista. Todas as vezes.12. Dani Arrais_ Jornalista, nasceu em Recife, mora em São Paulo há quase cinco anos. Começou o donttouchmymoleskine.com há quatro anos e de repente viu que falava de amor quase o tempo todo.13. Leonardo Bomfim_ Jornalista e diretor de cinema. Edita o freakiumemeio.wordpress.com14. Flávia Lhacer_ É stylist e figurinista da dupla Debbies. Com o tempo que sobra ela borda e tricota sem parar.15. Samuel Esteves_ É nóis que tá. samuelesteves.com16. Tony Aiex_ Tony Aiex é editor, repórter, blogueiro, tradutor e tem mais discos que amigos!

• EXPEDIENTE #52 // ANO 6 // ABRIL ‘12_

• FOTO DE CAPA_RAFAEL ROCHA.

Produção:FELIPE GUIMARÃESANDRÉ CHAVES

• COLABORADORES

DIREÇÃO: Kento Kojima Pablo Rocha Rafael Rocha

DIRETOR DE CRIAÇÃO: Rafael Rocha [email protected]

EDITORA-CHEFE: Cristiane Lisbôa cristianelisboa @noize.com.br

EDITOR:Tomás Bello [email protected]

REDATORES:Marília [email protected] [email protected]

DESIGN: Felipe Guimarães ASSIST. ARTE:André Chaves

COMERCIAL: Pablo Rocha [email protected] Hernandes [email protected]

ADMINISTRATIVO:Pedro [email protected]

NOIZE FUZZ

GERENTE:Leandro Pinheiro

COORDENADOR:Henrique Dias

EDITORA-CHEFE:Lidy Araujo

EDITORES:Fabiano Tissot Lara Mizoguchi

PLANEJADORES:Bruno Nerva Igor Beron

REDATORES:Ariadne CercalBruna Valentini Carolina FerronatoFrancieli SouzaLaryssa AraujoLeonardo SerafiniLuciano BragaMartim FogaçaPedro BarretoYago Roese

T.I.:Aletsiram Castro

ANUNCIE NA NOIZE: [email protected]

ASSINE A NOIZE: [email protected]

DISTRIBUIÇÃO:[email protected]

PUBLICIDADESÃO PAULO:Letramí[email protected](11) 3062.5405 (11) 3853.0606

ASSESSORIA JURÍDICA: Zago & Martins Advogados

PONTOS:FaculdadesColégiosCursinhosEstúdios Lojas de InstrumentosLojas de DiscosLojas de RoupasLojas AlternativasAgências de Viagens Escolas de MúsicaEscolas de Idiomas Bares e Casas de Show Shows, Festas e Feiras Festivais Independentes

TIRAGEM: 30.000 exemplares

CIRCULAÇÃO NACIONAL

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REVISTANOIZE.

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“Música realmente inspira o meu trabalho. O Raw

Power é, definitivamente, um dos meus álbuns favo-ritos. Ele traduz o que é a Waves 4 Water. De certa

forma, nós somos uma ONG punk rock. A ma-

neira como trabalhamos, como estamos no mundo

das Organizações Interna-cionais, é vista por muitos

como punk, diferente. Bem, entre a UNICEF e outras, nós parecemos

nem falar a mesma lín-gua. Elas são muito presas

a burocracias e nós sem-pre tentamos contornar

essa merda toda, fazendo o que temos que fazer.”

NOME_Jon Rose

O QUE FAZ_ Surfista profissional,

fundou a Waves 4 Water, ONG que trabalha para

garantir que comunidades carentes ao redor do

mundo tenham acesso à água limpa e potável.

UMA MÚSICA_“Penetration”,

do Iggy and The Stooges.

Page 12: Revista Noize #52 - Abril de 2012

RUFUS WAINWRIGHT _ revelando que as letras mais críticas

de seu novo álbum são inspiradas em Gaga,

que representa algo “previsível e chato”

“LADY GAGA NÃO TEM

UMA SÓ MÚSICA BOA.”

Page 13: Revista Noize #52 - Abril de 2012

“Eu odeio artistas que não gostam ou fogem da fama e do dinheiro. Se você não gosta de fama, saia do meio musical. Se você não gosta de dinheiro, assine um cheque para Gene Simmons.” GENE SIMMONS, VOCALISTA

E BAIXISTA DO KISS

“Violento mesmo é o amor, o resto é só cara de mal.” EMICIDA

“O Damon Albarn deveria se aposentar.” MIKE SKINNER, A.K.A. THE STREETS

“Quando a minha filha Kate [Hudson] casou com um rock star inglês eu não me preocupei. O que importa é se a relação é boa. O que as pessoas fazem não é necessariamente o que elas são.” GOLDIE HAWN, ATRIZ _ ao comentar o casório da filha, tam-

bém atriz, com o vocalista do Muse Matt Bellamy

“Eu não sou louco, é o mundo que não enten-de minha lucidez.” RAUL SEIXAS

“Tenho certeza da importância que é fazer a experiência de liberar as drogas. Se-ria como a bebida. Seria comprar cocaína como se compra cerveja, livremente. E se cuidaria dos cocainômanos como se cuida dos alcoólatras.” GILBERTO GIL

“O Spotify vai ultrapassar o iTunes em dois anos.” SEAN PA-

RKER, FUNDADOR DO NAPSTER _ segundo

ele, o serviço de streaming pode render

mais dinheiro às gravadoras do que à Apple

“Não vai ser um remake, e sim uma verda-deira sequência com Michael Keaton como o personagem título, Beetlejuice.” SETH

GR AHAME-SMITH, AUTOR DA CL ÁSSICA COMÉDIA DE TIM

BURTON, L ANÇADA EM 1988 _ ao explicar o “novo” Os Fantas-

mas Se Divertem

“No meio do caminho fiquei sabendo que seria pai. Iria coincidir com o lançamen-to. Como não dá pra atrasar o filho, atrasei o disco.” CURUMIN _ ao justificar a demora de um

ano pra lançar Arrocha, seu terceiro álbum

“Rodolfo não sabe o que é amor. Amor não se mede em palavras, se mede nas atitu-des.” DIGÃO, GUITARRISTA E VOCALISTA DO R AIMUNDOS _

ao comentar o encontro acidental com o ex companheiro de ban-

da no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo

“Eu estava meio doente durante as grava-ções do álbum, e isso me custou caro. Eu estava com nojo de mim mesmo.” RYAN JAR-

MAN, GUITARRISTA E VOCALISTA DO THE CRIBS _ confessando

que entrou numa bad após o fim do namoro com Kate Nash

“Nosso novo álbum soa adul-to e triste.” BETH DITTO, VOCALISTA

DO THE GOSSIP _ ao avaliar que A Joyful

Noise é mais maduro que os discos ante-

riores da banda

“Simon Cowell não é quali-ficado para ser um jurado de música.” TOM JONES, CANTOR BRITÂNICO

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__TOCA RAUL | “Se você vai tentar, vá até o fim. Caso contrário, nem comece.” A frase do véio [sic] Bukowski sintetiza as escolhas de pauta desta edição. Não sei você, mas a gente gosta é de quem não teme o fim do túnel. Mesmo que ainda não dê pra ver a luz. Por isso, Titãs e os 25 anos de Cabeça Dinos-sauro, disco que ensinou uma geração a cantar balançando – com força – a cabeça pra frente e pra trás. Nada Surf e a sobrevivência – de cabeça erguida – dos caras que estavam lá quando o indie, que agora você conhece como verdade, começou a virar pop. E pra deixar claro o que a gente pensa, respeita: Raul Seixas. Um baiano que começou a car-reira imitando Elvis, virou executivo da música, bruxo, profundo conhecedor de óvnis, par-ceiro de um certo futuro escritor de sucesso mundial e um dos maiores roqueiros deste país. Com tudo que um roqueiro tem direito: sucessos, lendas urbanas, sexo, drogas e um final infeliz estampado no jornal. Então pega o ovo de chocolate que você escondeu debaixo da cama e senta, que lá vem história. Cristiane Lisbôa

Page 15: Revista Noize #52 - Abril de 2012

Foto: Ola Persson

Page 16: Revista Noize #52 - Abril de 2012

A Associação Brasileira dos Produtores de Disco diz que o mercado fonográfico

tupiniquim bateu nos R$ 373,3 milhões em 2011. Cresceu 8,4% em relação ao ano an-terior. Com um detalhe: 53% desse número

vieram da venda de CDs, 31% de DVDs musicais e 32% de serviços como downloa-ds, música digital e ringtones pra telefones celulares. E todo mundo aí dizendo que a internet tava colocando o sistema abaixo...

8,4POR

__RECORD STORE DAY | Sabe aquelas lojinhas pequenas, perdidas entre os bairros, devoradas por grandes cadeias internacionais? Pois é, o Record Store Day é um dia em que artistas e fãs de música se unem pra lembrar a importância das lojas de disco independentes. Ano após ano, algumas das bandas mais legais do planeta lançam material exclusivo pra comemorar a data. Já rolou gente como Metronomy, Iggy Pop, Miike Snow, Vaccines, Arcade Fire e Bob Dylan. Neste ano, Arctic Monkeys, Wilco, Jack White e The Clash já pro-meteram coisa nova pro dia 21 de abril, o Record Store Day 2012. Só nos resta esperar pra ouvir as músicas que vêm por aí...www.recordstoreday.com/

__50 ANOS| Em uma tarde de no-vembro, em 1962, Bob Dylan entrou em estúdio pra gravar seu primeiro álbum. Registrou as 13 cancões em apenas seis horas, deu à bolacha o seu próprio nome. Tudo por um valor que hoje equivale a R$ 5.520. Fazendo os cálculos, percebemos: são 50 anos. É quase o dobro da idade da maioria dos escrivinhadores da nossa redação. Aliás, algumas mães por aqui nem eram nasci-das. Ou seja, 50 anos é muita estrada.

O anúncio da primeira edição do Lollapa-looza no Brasil foi uma explosão de alegria pra todos os músico-maníacos de plantão. Teriam a chance de ver muitos dos seus

artistas favoritos pela primeira vez em ter-ras tropicais. Toda essa euforia resultou no

seguinte: em cerca de 24 horas, os ingressos da pré-venda se foram. No melhor estilo

chute na porta e soco na cara.

24HORAS

Recém rolou em Austin, no Texas, um dos maiores festivais de música, cinema e

tecnologia do mundo. O South by Southwest é berço de novas ideias e referência pra um montão de coisas que você vai ver ao longo do ano. Foi lá que a Home Front, uma ONG de apoio aos desabrigados da cidade norte-

-americana, juntou forças com a agência BBH em uma ação de cara inovadora: eles usaram 13 moradores de rua como pontos de acesso Wi-Fi. A ideia? Chamar atenção

para o problema dos sem-teto, e de quebra facilitar o acesso à internet dos frequenta-

dores do festival. Se a causa deu certo ainda é uma incógnita, mas tudo o que rolou no

SXSW você confere ali na página 50.

CENTO

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I’M A HOMELESS, A 4G HOTSPOT

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Philip A. e Fatu. São eles os paulistanos que atendem por Killer on the Dancefloor quando estão atrás das picapes. O duo já remixou M.I.A. e Phoenix, se estabeleceu entre os grandes da nova música eletrônica brasileira, e agora lança seu álbum de estreia. Com participações de Copacabana Club, Turbo Trio, Holger e MC C4bal, Criminal é tão rock quanto disco, tão indie quanto electro. E já está nas prateleiras.

O mundo da música está conturbado. Não é raro ver bandas reclamando do mercado, da pirataria, dos downloads... E vocês são DJs, o que talvez seja pior. Por que então lançar um álbum físico?Todo músico sempre tem a vontade de ver um disco seu na prateleira de uma loja, ou no playlist de algum DJ que você admira. Foi por isso que resolvemos fazer o Criminal.

Criminal tem várias parcerias legais. Mas e se vocês pudessem escolher qualquer artista pra participar

do seu próximo disco, quem seria?Ah, teriam algumas boas opções… O Steph e o Dave, do Soulwax / 2ManyDjs, o Xavier e o Gaspard do Justice, quem sabe o Guy e o Thomas do Daft Punk... Por aí vai.

Qual a melhor música pra dançar agarradinho na pista?Sem dúvida “Teach Me Tiger”, da April Stevens.

Com tantas madrugadas no currículo, já estão quase virando vampiros?Acho que dizer que minha cama é um sarcófago responde a pergunta com bastante clareza (gargalhadas).

E a trilha sonora perfeita pra um domingo pós- -balada sob o comando do KOTD?O mais legal seria sempre acordar ouvindo a Radio Nova, de Paris.

5 PERGUNTASE UMA TAÇA DE PICO SOUR COM KILLER ON THE DANCEFLOOR

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_ “Vi esse filme mais de vinte vezes. Conheço as cenas de trás pra frente e sei cantar todas as músicas. É um filme completo. Tem um roteiro brilhante, humor, música, dança, direção de arte, ótimos atores… Gene Kelly será pra sempre meu muso. Não é à toa que finalmente comecei a fazer aulas de sapateado…”

@Beth_garcez: ‘#SinginInTheRain=#Cantandonachuva, completan-do 60 anos...amo este filme, um clássico do cinema!

@LuciaClSloan: Gene Kelly in toto proprio. Potrei morire. #singinintherain

@Andarko: Happy 60th Anniver-sary to my favorite movie of all time #SinginInTheRain, as funny, charming & entertaining as ever!

FILME | Cantando na Chuva #SINGININTHETAIN

BLOG | This is Not Porn

_ “Blog com fotos raras e quase sempre hilárias de todo tipo de celebridade. Diversão garantida…”thisisnotporn.net/

PERFIL DO TWITTER | @laricatotal

_ “Pra quem, como eu, não é um gênio da culinária. (Eu não gosto de cozinhar, mas peço um delivery delicioso...)”

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Page 21: Revista Noize #52 - Abril de 2012

Blubell é cantora, compositora e apegada ao violão. Lançou o disco Eu Sou do Tempo Em Que A Gente Se Telefonava

e com ele foi – literalmente – até o Japão. É uma das atra-ções da primeira edição do Lollapalooza Brasil.

Convidado do mês I Blubell

REMIX | Dudu Tsuda - Let Them In

_ “A versão de ‘Let’em In’, do Paul McCartney, que está no disco solo do Dudu Tsuda. Quentinho, recém-saído do forno. Beleza pura! Aliás, o disco todo é lindo.”

_“Muita gente pensa que não, mas ela sabia cantar, e muito bem. Na verdade, ela foi se aperfeiçoando ao longo da carreira e dos diversos musicais em que atuou. Ela chegou a se aproximar da Ella Fitzgerald e até ajudá-la na carreira, quando rodou a baiana pra que Ella se apresentasse no clu-be Mocambo, em Hollywood - que, até então, se recusava a receber artistas negros. Conseguida a façanha, Marilyn assistiu da primeira fila a todos os shows que Ella fez naquela temporada.”

DESCOBERTA | Marilyn - Marilyn Monroe

UM ARTISTA PARA CONHECER | Corinne Bailey Rae

_ “Quando lançou o disco homônimo, em 2006, ela foi apontada como revelação do jazz contemporâneo. Com The Sea (2010), dois anos após a morte do marido, o saxofonista Jason Rae, ela apresentou o que, pra mim, é uma obra prima. E pop. O disco tinha tudo pra ser triste e é, na verdade, uma daquelas obras que fazem a gente lembrar como é bonito simplesmente estar vivo.”

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Page 22: Revista Noize #52 - Abril de 2012

Foram duas mil bandas em dez dias. Você imagina o caos? Você imagina a quantidade de música a que fomos subme-tidos? Seria necessária uma revista inteira sobre o festival. E ainda faltaria espaço. : ) Então, aqui na coluna está apenas o que tem que, tem que, tem que, tem que: ouvir.

Daughter, trio londrino, fez um show épico em uma pe-quena igreja de Austin. A maioria das pessoas não sabia exatamente o que estava acontecendo – um show da igreja? Será? –, mas todo mundo se rendeu à melancolia de um show acústico lindo de chorar. No final, Elena Tonra foi aplaudida de pé. Ouça “LOVE”.

Enquanto esperávamos Daniel Johnston, fomos presentea-dos com um ótimo show “glitch-folk” do Motopony, banda de Seattle que em 2011 lançou álbum homônimo. Aliás, ele foi feito pra ficar no repeat.Ouça aí:

facebook.com/ohdaughter http://motoponymusic.comhttp://sxsw.com/music

_Por Lalai e Ola Persson

MAS DEVERIA_

ESPECIAL SXSW 2012

O londrino debutou em 2011, já abriu a tour da Adele e foi compa-rado a Van Morrison. Tá bom pra você? Pois ele acaba de assinar com a Polydor. Ouça Home Again, álbum de estreia que parece coisa de veterano.

Ouça: myspace.com/mikeksongs

Tom Morello, do Rage Against the Machine, nos surpreendeu com este projeto que nasceu em 2003. Pra surpresa geral, é folk com muita gaita e pouca guitarra elétrica, que só aparece em poucas faixas. O mais re-cente álbum, World Wide Rebel Songs, foi lançado em 2001.

Ouça: nightwatchmanmusic.com

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Michael Kiwanuka Tom Morello: The Nightwatchman

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Page 24: Revista Noize #52 - Abril de 2012

_ por Renata Simõesrenatasimoes.com

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Mulheres cheias de atitude encaram a câmera de maneira que o espectador se sente imprescindível, preso por aquele olhar. Só que nenhuma delas existe de fato. Juan Francisco Casas usa caneta esferográfica e fotos de amigos para criar mulheres fortes e sedutoras que poderiam ter acabado de cruzar a sua rua.

bit.ly/ySIJqD

O mundo imaginário – o seu, e não o do Dr. Parnassus – espera para ser explorado. Coloque “Cachaça Mecâ-nica”, cantada por Erasmo, pra tocar nos seus ouvidos, compre o ticket e viaje confortavelmente.

Caminhando por uma floresta no meio da Escócia você descobre pes-soas camufladas no espaço, refletindo a paisagem ao seu redor. Rob Mu-lholland criou uma série de instalações feitas em espelho em formato de gente, seis silhuetas batizadas como Vestige. O projeto, idealizado como temporário, tornou-se permanente graças aos pedidos da população.

bit.ly/yBOb2R

Enquanto a tecnologia corre atrás de reproduzir em imagem a resolução do olho humano, cresce o número dos que se aproveitam das qualidades técni-cas para criar sua interpretação da realidade. Como uma singela brincadeira com a certeza de quem vê, as imagens hiper-rea-listas, as situações cotidianas, os ambientes que podem ser fami-liares são usados de maneira dis-torcida, trabalhando na fronteira do que existe e do que está

apenas na mente de quem o vê. O fotógrafo Janne Parviainen, de Helsinque, começou seu projeto desenhando esqueletos e outras figuras a partir da luz e passou os últimos quatro anos fotogra-fando-as em diversas situações. Uma mesa de jantar forrada de lamen brilhante, homens de luz no carrinho de bate-bate. Será que brilhamos de felicidade ou quando estamos entediados? Are you really lost?

bit.ly/GRj5d4

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Page 26: Revista Noize #52 - Abril de 2012

_Por Daniela Arraisdonttouchmymoleskine.com

Não conhecia o som da banda Cassidy, formada por Nicola Sultanum e Rodrigo Coelho, até ver o clipe de “Lust in Poison”.A dupla é de Recife. O clipe, também – foi produzido pela Bateu Castelo. E o duo faz um som bem legal, usando muito sintetiza-dor e buscando inspiração nos anos 1980.

Os espanhóis do coletivo BoaMistura pas-saram um tempinho na favela Vila Brasilân-dia, zona norte de São Paulo, para fazer a intervenção urbana Luz nas Vielas.Eles fizeram pinturas tridimensionais com as palavras beleza, amor, doçura, firmeza e orgulho. Lindo demais.

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Rosie and Me é uma banda de Curitiba que faz “melodramatic popular song”. Precisa de mais pra gente achar uma fofura? Ouçam “Light You Up”, que não sai do repeat por aqui: bit.ly/H8G7iG

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Page 27: Revista Noize #52 - Abril de 2012

ingressos:bilheteria do teatro do bourbon countrytelentrega ingresso show (51) 8401 0555

ingresso rápido 4003 1212opuspromocoes.com.br

25 de abrilquarta-feiragigantinho

e

realização:promoção:ingressos:

Page 28: Revista Noize #52 - Abril de 2012

_Por Flávia Lhacere Thany Sanchesthedebbies.tumblr.com

pentequetepenteia.tumblr.com

Parecida com o design e o fecho do bolsão utilitário da “bolsa-carteiro”,

agora em versão mini e bicolor.Superfeminina :).

Metalizado nelas! Tendência que mais se desta-cou na última temporada de moda. Vale misturar

os brilhos e o metalizado com peças básicas, como camiseta, jeans e o bom e velho All Star.

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Page 30: Revista Noize #52 - Abril de 2012

WHISKY RUIMBISNAGUINHA

“A gente gosta de whisky medíocre, bem ruim mesmo.”

1. A SEGUNDA EMENDA DA CONSTITUIÇÃO DOS EUA PREVÊ UM “ESTADO LIVRE, NO QUAL O DIREITO DOS CIDADÃOS DE POR-TAREM ARMAS NÃO SEJA INFRINGIDO”. 2.MICK JAGGER TEM 68 ANOS DE IDADE. KEITH RICHARDS? TAMBÉM. ESTÃO À FRENTE DOS ROLLING STONES DESDE 1962. 4.UÍSQUE: S.M. AGUARDENTE DE CEREAIS (CEVADA, AVEIA, CENTEIO) QUE CONTÉM CERCA DE 50% DE ÁLCOOL. “GOSTAMOS MUITO PORQUE VIVEMOS EM MINNESOTA, E LÁ É TRISTE”, GARANTE O QUINTETO.

“Porque nós somos americanos.” “Eles são uma banda de rock de pai. Isso é legal.”

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4.

“Meu Deus, isso é muito uma influência! A gente não tem isso lá…”

ARMAS THE ROLLING STONES

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Page 31: Revista Noize #52 - Abril de 2012

AVIÕESOPRAH

TWIN PEAKS NEVE

“É lindo, inspirador e do mal. E o mal sempre vence.”

“Vivemos dentro deles. Dormimos dentro deles. É uma influência muito grande.”

5.TWIN PEAKS, CULTUADA SÉRIE DE TV CRIADA POR MARK FROST E PELO CINEASTA DAVID LYNCH. PAROU DE IR AO AR EM 1991, MAS AINDA HOJE É TIDA COMO OBRA-PRIMA. 6.MINNESOTA RECEBE ENTRE 50 E 180 CENTÍMETROS DE NEVE POR ANO. NO INVERNO, A TEMPERATURA CHEGA A -21°C. 7.DURANTE VINTE E CINCO ANOS, OPRAH WINFREY COMANDOU O PROGRAMA THE OPRAH WINFREY SHOW. NASCEU POBRE, NO MISSISSIPPI, MAS JÁ FOI ELEITA A AFRO-AMERICANA MAIS RICA DO SÉCULO XX.

“Ela veio do gueto e hoje é o que é. É uma hood bitch.”

POR HOWLER_ Jordan Gatesmith, Brent Mayes, Ian Nygaard, Max Petrek e France Camp são

de Minneapolis, EUA. Para a NME, foram a terceira Best New Band de 2011. Para quase todo mundo, são a melhor banda de todos os tempos da última semana.

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8.

“Em Minnesota neva muito, e a gente cresceu brincando na neve.”

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Page 32: Revista Noize #52 - Abril de 2012

TOCARaul Seixas é o nome mais pedido em rodas de violão – sobretudo após a décima caixa de cerveja ou o quinto litro de vinho. Ainda hoje, 20 anos após sua morte, é um dos artistas que mais vendem no país,

cerca de 300 mil cópias por ano.

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Page 33: Revista Noize #52 - Abril de 2012

Texto: Cristiane Lisbôa e Marcos Faria Fotos: Divulgação

Agradecimento especial ao Raul Seixas Oficial Fã Clube / Sylvio Passos

RAULTem admiradores na galeria do rock, na lista dos mais ricos, nos abrigos de mendigos e nas lojas de

vinis raros+1 no Japão. Foi a primeira pessoa a usar jaqueta de couro e topete na Bahia. Misturou Elvis com Luiz Gonzaga. E acaba de ressuscitar. De novo.

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Salvador, Bahia, anos 50. Raul não gostava de brin-quedo nenhum, nem de pião, nem de bola. Gastava o tempo devorando a biblioteca do pai, desenhando histórias em quadrinhos e se preocupando com a certeza de que era louco, mas que ninguém da família queria contar a verdade. Ficou três anos na 1ª série. Fugia do colégio para visitar uma casa que chamava Cantinho da Música. Gostava de canções cubanas, de baião. Com 12, 13 anos fazia shows no interior da Bahia em que se jogava no chão imitando Little Richard. Quando cumprimentava alguém, girava três vezes em torno do próprio corpo. Morava perto do consulado norte-americano e era obcecado pelo modo de vida em inglês.

“Nunca mais vou me esquecer disto: eles carre-gavam uma latinha, dessas latinhas de lanche de escola, e essa latinha era cheia de 45 rotações. Tinha Chuck Berry, Elvis, tinha tudo.” Raul Seixas

Foi pela grama do vizinho que o menino estra-nho conheceu o rock. E aí começou a dançar com as empregadas da casa, a usar couro, camisa com a gola levantada, cabelo com goma, olhar lânguido. Passou a ter má fama com as mães da moças de família. E boa fama com as filhas das mães de família. Montou algumas bandas com amigos, com a irmã, até que, em 1967, chegou a Raulzito e os Panteras, grupo fundado para tocar exclusivamente rock’n’roll. Vale deixar claro

que, na década de 60, o rock não era nada no Brasil. Só havia espaço para a bossa nova, João Gilberto, banquinho e violão. A Jovem Guarda – o que havia de mais parecido com os Panteras – era desprezada pela crítica. A briga só teve fim com a Tropicália, quando os Mutantes, Caetano e Gil adotaram a guitarra. Mas antes disso, bem antes, Raulzito apavorava no solo.

Sem ter mais espaço na Bahia, já casado com a filha de um pastor protestante norte-americano,+2 ele decidiu que era hora de ir pro Rio de Janeiro. Com uma ajudinha de Roberto Carlos e Chico Anysio, de quem havia ficado amigo, Raul consegue contrato com a gravadora Odeon e finalmente lança um disco. Foi um fracasso. Raulzito e os Panteras viraram banda de apoio de Jerry Adriani, que na época era um dos can-tores de maior sucesso no país, com canções como “Um Grande Amor” – cujo refrão era “Amor eu já sei que você me tem / Pois meu coração já é seu também”.

Depois de um tempo, Raul voltou pra Salvador. Certo de que precisava ser menos hermético para fazer sucesso. Em depressão porque ainda não sabia como. Comprou uma motocicleta, encarnou James Dean e novamente apavorou a cidade de todos os santos. Até que aconteceu um milagre.

O INÍCIO

[+1] Os vinis do Raul podem custar de

R$ 30 a R$ 1.000 na internet. Já o raríssimo LP inaugural do cantor, Raulzito e Os Panteras,

custa hoje R$ 5 mil.

[+2] O cantor forjou o fim de sua banda,

Raulzito e Os Panteras, só pra convencer

o sogro de que era um dito cidadão

respeitável e poder se casar com a namorada Edith Wisner. Também

fez vestibular – e passou – para Direito,

Letras e Filosofia. Eles casaram, a banda

voltou e ele não foi pra faculdade.

“Era um menino quieto, do tipo perigoso.”

D. Maria Eugênia, mãe de Raul

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O FIM

Já nos anos 80, ele tentou outra vez. Lançou Abre-te Sésamo e teve várias faixas censuradas. Sim, ainda existia censura no Brasil. Bem nessa época, fez um show em uma cidade do interior de São Paulo e tava tão bêbado e tão pirado que o delegado o prendeu, alegando que ele era um impostor. “De madrugada me ligou um delegado dizendo que um impostor tinha tomado o lugar do Raul, e eu dizia que não, que era o Raul, e o delegado dizia ‘mas ele nem sabe onde nasceu o Chacrinha+3, se fosse artista mesmo ia saber’”, conta Kika Seixas, a quarta das suas cinco companheiras.

Em 83, mais um tempo com a cabeça fora da água. Cantou “Carimbador Maluco” para o especial infantil Plunct, Plact Zuuum+4, e o álbum Raul Seixas, que continha a canção, ganhou disco de ouro. O sucesso resultou em um novo contrato com a Som Livre, que rendeu Metrô Linha 743. A calmaria e o sucesso não esquentaram cadeira. Logo a roda-viva de álcool, drogas e crises recomeçou. Novamente ele perdeu muito.

Lá pelo meio de 86, Marcelo Nova, da banda Camisa de Vênus, disse que pegou nas duas mãos de Raul e o levou a fazer shows, novamente. Mesmo

fazendo apenas metade dos shows por conta da sua fragilidade física, voltou a ser reverenciado pelo público. O resultado dos 50 shows feitos pelo país inteiro virou o disco A Panela do Diabo, lançado pela Warner em 89, no mesmo mês em que Raul Seixas foi encontrado morto em sua cama, no apartamento de São Paulo. O disco vendeu 150.000 mil cópias. No dia 22 de agosto de 1989, uma multidão acompanhou o enterro do ídolo em Salvador. Mas o caixão que desceu ao túmulo, sob um coro de milhares de vozes gritando “Raul, Raul”, era só um corpo. O mito mesmo não se foi.

Nos anos seguintes, vieram muitos outros discos, homenagens, especiais, confusões, eternas aber-turas de baú e materiais póstumos. Uma geração de roqueiros que nem era nascida quando Os Panteras barbarizavam em Salvador descobria que o diabo é pai do rock, e Raul, o seu padrinho. A admiração virou culto, materializado em eventos como a Passeata Raul-seixista, que todos os anos toma as ruas de São Paulo.

Agora, nas telas, o mito volta a mostrar força no documentário Raul - O Início, o Fim e o Meio. Com depoimentos de gente como Caetano Veloso, Zé Ramalho e Tom Zé. E uma controversa mosca que aparece na Suíça (existem moscas na Suíça?) justa-mente quando Paulo Coelho+5 começa a falar. Até o fechamento desta edição, o doc já havia sido assistido por 23,8 mil espectadores. Segundo a Paramount (distribuidora), essa é a segunda abertura em público de um documentário brasileiro (atrás de Pelé Eterno) e a primeira de um documentário musical nacional.

Ou seja, o Raulseiximo voltou. Por cima, de terno e pronto pro aplauso.

“Seus imbecis, se não fosse esse cara ninguém

estaria aqui hoje.” Marcelo Nova, para os punks que

vaiavam Raul no Circo Voador, 1988.

[+3] Chacrinha fez fama na TV, onde teve quatro programas diferentes e inventou frases como “Ô, Teresinha!” e “Na televisão nada se cria, tudo se copia”. Lançou para a fama vários músicos como Roberto Carlos e o próprio Raul Seixas.

[+4] Em 1983, a Globo lançou uma série de musicais infantis. O primeiro deles foi Plunct, Plact Zuuum, que teve roteiro e trilha feitos especialmente para o programa. Além da famosa “Carimbador Maluco”, do Raul, teve também composição de Lulu Santos e Nelson Motta, cantada por Fafá de Belém, e Maria Bethânia cantando Jon Lucien.

[+5] Paulo Coelho é hoje escritor de fama mundial, com fãs como Madonna e Bill Clinton (entenda como um elogio. Ou não.). E imortal da Academia Brasileira de Letras.

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DISCOGRAFIA RAUL

1968_Raulzito e os Panteras

1971_Sociedade da Grã--Ordem Kavernista Apresenta Sessão das 10

1973_Krig-ha, Bandolo!

1973_Os 24 Maiores Sucessos da Era do Rock

1974_Gita

1975_Novo Aeon

1976_Há 10 Mil Anos Atrás

1977_Raul Rock Seixas

1977_O Dia Em Que a Terra Parou

1978_Mata Virgem

1979_Por Quem os Sinos Dobram

1980_Abre-te Sésamo

1983_Raul Seixas

1984_Metrô Linha 743

1984_Ao Vivo - Único e Exclusivo

1987_Uah-Bap-Lu--Bap-Lah-Béin--Bum!

1988_A Pedra De Gênesis

1989_A Panela do Diabo ( Com Marcelo Nova )

1991_Eu Raul Seixas (Show na Praia do Gonzaga, Santos, 1982)

1993_Raul Vivo

1994_Se o Rádio Não Toca.. ( Gravado ao vivo em Brasília, em 1974)

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Jerry Adriani convenceu Evandro Ribeiro, o então presidente da gravadora CBS, de que Raulzito daria um grande produtor. Assim, ele voltou pra cidade maravilhosa e depois de ter quase passado fome deu a volta por cima. Usando um terno bem cortado. Nes-sa época – comecinho dos anos 70 – Raul assumiu para si mesmo que fazer letra de música era diferente de fazer poesia. Começou então a ser gravado por ídolos da Jovem Guarda. De Renato e seus Blue Caps a Odair José, o casting da gravadora lançava hits assinados pelo futuro maluco-beleza. Que obviamente não se conformava com a sombra.

Aproveitou então uma viagem do chefão da gravadora, juntou-se a Sérgio Sampaio, Edy Star e Mí-riam Batucada para formar a Sociedade da Grã-Or-dem Kavernista, gravando o anárquico Sessão das 10. Misturou harpa com descarga de banheiro, circo com iê iê iê. Segundo a lenda, foi demitido pela ousadia. Mas quem conhece a história do princípio ao fim vê que depois daquilo não dava para continuar nos bastidores. Raul tomava, definitivamente, o caminho do palco.

Em 72 ele ficou entre os finalistas do Festival Internacional da Canção com “Let Me Sing, Let Me Sing”, uma mistura de Elvis com Luiz Gonzaga. Pouco depois, leu uma matéria sobre óvnis publicada numa revista riponga, em que viu pela primeira vez o nome de um certo Paulo Coelho.

Pausa para respirar. Aqui a luz começa a ficar difusa nesta história.

Em 74, Raul, agora não mais Raulzito, gravou Krig-ha, Bandolo! , seu primeiro disco solo. Aliás, Krig-ha, Ban-dolo! é nada mais nada menos que o grito do Tarzan para avisar que os inimigos estão chegando. Deu certo. Paulo Coelho aprendeu com o novo parceiro as manhas para escrever letras de sucesso. E o álbum que lançou “Metamorfose Ambulante”, “Al Capone”, “Mosca na Sopa” e “Ouro de Tolo” jogou o cantor no meio da arena. A imprensa e o público do país todo tentavam entender o que estava acontecendo.

Missão difícil. Nessa época, os dois parceiros decidiram se aprofundar nas teorias de Mr. Crowley (saiba mais: da música homônima de Ozzy Osbourne), um bruxo inglês que se autointitulava a Besta 666. Entraram para a Ordem do Templo do Oriente, que seguia os seus ensinamentos e cujo principal conselho era justamente “Faze o que tu queres, há de ser tudo da Lei”.

Inspirados no tal cara estranho, os dois com-puseram – viva – a canção “Sociedade Alternativa”, que quase, quase saiu de fato do disco para a vida real.

O MEIO

“Perguntam se faço música para a Classe A ou Classe

C. Não faço nada disso. Mi-nha música é fácil, é para

todas as culturas.” Raul Seixas

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RAUL SEIXAS

“Eu pertencia a uma sociedade esotérica na época, em 74, que me deu um terreno em Minas Gerais para eu construir uma cidade chamada Cidade das Estrelas, onde o advogado era o não advogado, o policial era o não policial, os conceitos e os valores eram trocados, né?”, explica Raul, enquanto come um hot dog com mostarda em um vídeo craquelado pelo tempo. Os moradores dessa cidade seriam as pessoas que estivessem prontas para o Trem das 7, que, além de ser uma das canções mais conhecidas da dupla, é como eles chamavam a Era de Aquário, que até hoje ninguém sabe direito se já começou.

O símbolo da sociedade alternativa era uma mistura de chave com cruz egípcia e vinha sempre acom-panhado da palavra Imprimatur, que em latim quer dizer “imprima-se”. Era o termo usado pela Igreja Católica medieval para autorizar publicações aprovadas pelo Papa.

Junte a toda essa informação o abandono do terno, os cabelos revoltos, o colete sem camisa, o cigarrinho de artixta [sic] e os panfletos distribuídos nos shows, e pronto. Raul Seixas e Paulo Coelho foram “convidados” a se esclarecer com os milicos. Segundo Paulo, os dois ficaram felizes porque achavam que o governo levava a sério a ideia. “Claro que uma semana depois a gente tava preso.” E foram torturados por vários dias para confessar os nomes dos participantes/mandantes da sociedade alternativa. “Literalmente, foi choque no saco”, resumiu Raul muitos anos depois.

Eles foram liberados depois de jurar de pé junto que não tinham pacto com ninguém além do diabo. Ora, o diabo era parceria dos milicos. Tava tudo certo, eles seriam só exilados em Nova York. Raul deu no pé, desa-pareceu. Foi cantar country music nas calçadas e passar o chapéu em busca de uns trocados, enquanto a imprensa diria que era uma viagem de trabalho para solidificar parceria com John Lennon.

Durante a estadia nos EUA, o LP Gita, gravado poucos meses antes, começou a fazer muito, muito sucesso, chegando a 600.000 cópias, disco de ouro. Febre nacional, convites para aparecer no Chacrinha, con-tando que não só passaram vários dias com Lennon como conheceram Bob Dylan e otras personas más. Colou. Era anos 70, bicho, não tinha internet, câmera digital, Skype, celular. Mil anos depois (mais ou menos em 2011), Paulo Coelho desmentiu toda a história em uma entrevista para o Fantástico. E com detalhes sórdidos: ficaram dias na frente da casa do ex-Beatle até ele passar e eles gritarem histéricos. Só.

Na volta, na crista da onda, Raul foi terminan-temente proibido de falar sobre o assunto, apesar de ser considerado apenas “subversivo”, e não perigoso. E não me entenda mal, mas taí uma verdade, não? Um tempinho depois, no meio de um show, ele – cuja música “Rock das Aranhas” havia sido censuradíssima – esqueceu as recomendações.

“Todo compositor brasileiro tinha obrigação de receber um dicionário dessa grossura [mostra o ta-manho com as duas mãos] com as palavras proibidas. Inclusive uma proibida é – não sei por quê – povo, gente, universidade, escola.” O tal povo aplaudiu.

Em 75, lançou o disco Novo Aeon – aeon vem a ser uma era (2.148 anos), ou o tempo exato que a Terra leva pra girar 360o –, que tem uma de suas canções mais populares ainda hoje, “Tente Outra Vez”. Apesar disso, nem 60 mil cópias foram vendidas. No ano seguinte, o LP Há Dez Mil Anos Atrás vendeu um pouco mais. Mas aquele mundo todo começou a ruir. A parceria com Paulo Coelho acabou depois de os dois saírem no tapa. Os três discos lançados nos anos seguintes, apesar dos sucessos “O Dia Em Que A Terra Parou” e “Maluco Beleza”, por exemplo, tiveram vendagem mediana.

E o roqueiro, já diabético e com pavor de insulina diária, caiu no álcool, perdeu o pâncreas, teve crises de hepatite, entrou em depressão e se afundou nas drogas. Não exatamente nessa ordem.

Pode rir.

Bruxos, sucesso, a besta, a igreja católica, fracasso, amizade, sexo,

cachorro-quente, drogas, guitarras e rock’n’roll. Falei que era pra respirar.

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Moqueca e feijoada. É o que Daniel Lorca gosta de cozinhar quando está em casa, longe dos aeropor-tos, hotéis e palcos. “Eu cozinho quase todas as noites. E não gosto de cozinhar pra menos de 15 pessoas”, emenda o baixista do trio nova-iorquino Nada Surf. Um indie veterano que já pensa em outra carreira? Quem sabe um indie veterano que não consegue largar o velho sex, drugs and rock ‘n’ roll, com carnaval todas as noites? Nenhum dos dois, garante ele. “Eu gosto mesmo é de toda aquela cerimônia de reunir os amigos, sentar em volta da mesa. É uma coisa social mesmo. Conversa verdadeira, não como ficar sentado em frente à televisão.”

Se a cena descrita por Daniel lembra a casa de seus avós em uma churrascada de domingo, as preferências gastronômicas do cara não têm o toque brasileiro por acaso. Em 2004+1, na única vez em que estiveram no país, Lorca, o baterista Ira Elliot e o vocalista Matthew Caws se apaixonaram. Pelas pessoas, pelos lugares, pela maneira de viver e, claro, pelas apresentações que fizeram. Tinham o sonho de voltar

com mais frequência. Fizeram tal promessa aos fãs de cima do palco do Teatro Odisseia. Nunca conseguiram cumpri-la.

“Nós dissemos que tocaríamos no Rio com a mesma frequência que tocamos em Los Angeles. E queríamos realmente fazer isso. Mas descobrimos que era muito mais difícil do que havíamos pensado”, lembra o baixista. Ele diz que Mathew se apaixonou perdidamente pela cidade maravilhosa. Amor à primei-ra vista. “Na época eu estava me mudando de Nova York pra Paris e ele dizia coisas tipo ‘Pô, você agora tem o seu lugar em Paris, por que eu não arranjo um lugar pra mim aqui no Rio?’. ‘Faz isso mesmo, vai ser bom pra você’, eu dizia.” Dias depois, lá estava Mathew novamente sentado na sala de seu apartamento, no Brooklyn.

O Nada Surf é o tipo de banda que um gringo chamaria de survivors. Tiveram seu primeiro hit na distante década de 90, tempo em que as pessoas ainda sintonizavam uma tal de MTV pra conhecer as últimas novidades sonoras de Londres ou Nova York. Na cola,

NADA SURF:

NADA SURF

survivorsSete discos. Quase duas décadas de música. Briga com

gravadora e um tapa no rótulo de one hit wonders. Após oito anos,o Nada Surf volta ao Brasil cheio de saudade. Com novo álbum e a receita da sobrevivência indie.

[+1] Naquele ano, o Nada Surf fez show em cinco cidades, quase todos com ingressos esgotados. Era a tour de Let Go, um dos melhores álbuns da banda.

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foram abandonados pela gravadora. Deram de cara com os anos 2000, com a chegada do mp3, viram o indie virar pop e, no meio do caminho, foram colecio-nando bons álbuns, sempre mantendo uma cadeira cativa no coração dos fãs. “Eu acho que nós sempre tivemos sorte”, simplifica Daniel. E perseverança, ele poderia acrescentar. Uma boa dose dela.

Pra entender essa história é preciso voltar a junho de 1996. Foi ali que o trio viu chegar às pra-teleiras High/Low+2, seu álbum de estreia, pra muitos lembrado como o disco de “Popular”. Com guitarras distorcidas, alternâncias entre momentos calmos e pe-sados, entre vocal falado, cantado e berrado, a canção ainda respirava o ar pós-grunge – e pós-Nirvana – que alimentava o rock norte-americano nos anos que sucederam a morte de Kurt Cobain. A música traçava uma espécie de “guia da popularidade”, repleto de sarcasmo, cheio de raiva e ironia+3. Em questão de semanas, “Popular” ganhou status de hit, incendiou as college radios norte-americanas e ganhou alta rotativi-dade na então influente Music Television.

O mundo parecia perfeito. A “sorte”, como diz o músico, parecia estar ao lado da banda. Até chegar o segundo disco.

Em The Proximity Effect, a gravadora Elektra não enxergou uma “nova Popular”. Tentou fazer com que o grupo gravasse alguns covers, canções radio

friendly, que fariam o papel do grande hit. Daniel, Ira e Mathew não receberam bem a ideia. Acreditavam que a bolacha estava artisticamente perfeita. Em setembro de 98, enquanto rodavam a Europa em uma turnê sold out, ouviram a notícia: a Elektra não vai lançar o álbum, está largando vocês. Os próximos anos foram na Justiça, dias e noites em infindáveis batalhas pela recuperação dos direitos de sua obra+4.

Eram outros tempos, a internet ainda engati-nhava, estar sem gravadora significava uma incógnita pra muitos artistas. O Nada Surf, por outro lado, via justamente ali o seu futuro.“É até engraçado”, lembra o baixista, que desde lá mantém os longos dreadlocks. “Eu sou programador, então tinha uma boa ideia do que estava acontecendo, imaginava o que iria rolar mais adiante. Mas ninguém sabia o que era a internet. A gente visitava as gravadoras, eu falava pra eles sobre mp3 e tudo que eles diziam era ‘vocês estão sonhan-do! Ninguém nunca vai fazer esse tipo de coisa, ouvir música dessa maneira’. Eles não acreditavam, chega a ser cômica a lembrança.”

Daniel lembra que, já no segundo álbum, ele mesmo criou o website do grupo, com diversas ações interativas, impensáveis pra época. Fez o trio perceber que era possível viver por conta própria. “Nós abraça-mos a internet desde o primeiro dia. Porque percebe-mos que quem está roubando os fãs de música são as

[+2] O trio foi descoberto por Ric

Ocasek, líder da lendária banda new

wave The Cars. Ric se apaixonou por uma demo que ouviu e,

logo depois, acabou produzindo a estreia

do Nada Surf..

[+3] “I’m head of the class/I’m popular/I’m

a quarter back/I’m popular/My mom says

I’m a catch/I’m popular/I’m never last picked/I

got a cheerleader chick”, canta Mathew

no refrão

[+4] A banda só foi lançar o disco em

2000, dois anos depois de gravá-lo. Pra isso

teve que criar um selo, o MarDev.

“Ninguém sabia o que era a internet. A gente visitava as gravadoras, eu falava pra eles sobre mp3 e tudo

que eles diziam era ‘vocês estão sonhando! Ninguém nunca vai fazer esse tipo de coisa, ouvir música dessa

maneira’. Eles não acreditavam, chega a ser cômica a lembrança.” - Daniel Lorca

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NADA SURF

gravadoras, elas não repassam quase nada ao artista. Então se é pra não fazer dinheiro com isso, tudo bem. Mas então que as pessoas tenham a chance de ouvir nossos discos por aí, não importa como.”

A visita ao Brasil, mais uma vez, se mostrou transformadora pra banda. Se não no cardápio, ao menos na relação com o público e a música.“Em um dos locais em que iríamos tocar, nós terminamos de passar o som e fomos sair pra comer. Chegamos na rua e tinha essa fila enorme na frente do club. Nós não tínhamos ideia, não sabiamos o que pensar. ‘Que diabos vocês estão fazendo aqui?’, perguntávamos. ‘Como assim, vocês têm uma legião de fãs na cidade’, respondiam. E tudo por conta da internet.”

Desde cedo, o Nada Surf se deu conta de uma sentença que ainda hoje não é assimilada por alguns dinossauros da indústria do entretenimento: você não pode dizer não ao progresso. E, embora continuem lançando álbuns no formato convencional, têm a noção de que isso não passa de romantismo.

“As pessoas não ouvem mais um álbum inteiro. Nesse sentido, é até um pouco melancólico continuar fazendo”, reconhece o baixista. “Nós poderíamos simplesmente lançar uma música nova a cada dois meses, lancá-la na internet e pronto. Mas nós somos excessivamente românticos, não fazemos música pra todos. Fazemos música pra pessoas que ainda gostam de ouvir um disco.”

Pra velha guarda indie, os que “ainda gostam de ouvir um disco”, o Nada Surf está em uma espécie de lugar sagrado do gênero, perto de onde vivem nomes como Pavement, Weezer, Teenage Fanclub e Sonic Youth. Como alguns destes, parecem estar sempre em busca da canção perfeita, do pop em sua verdadeira essência. Vivem o lado romântico da música, como confessa o próprio Daniel Lorca. Nesse sentido, nada mais apropriado do que gravar um álbum à moda antiga – ao vivo, um músico ao lado do outro, sem CTRL C / CTRL V a cada acorde mal tocado ou tempo perdido.

Em The Stars Are Indifferent to Astronomy+5, primeiro álbum de canções inéditas desde 2008, Ma-thew, Ira e Daniel resolveram olhar pra eles mesmos.

Buscaram ir além, sim, mas ficando em casa. Foram atrás do novo, porém fazendo o que mais os anima desde sempre: tocar. Juntos.

“Nós havíamos feito esses três shows em Nova York onde tocamos um álbum a cada noite. E tinha música que nunca havíamos tocado ao vivo antes, então tivemos que reaprendê-las, reaprender os próprios discos. Foi aí que nos demos conta: ‘Cara, já fizemos tanto aquele processo cuidadoso de compor, experimentar as músicas em diferentes andamentos, mais lento, mais rápido, quem sabe tentar de uma ma-neira diferente... É hora de realmente aprendermos a tocar essas músicas desde o início, senti-las e gravá-las da forma que elas saírem ali, no estúdio, com nós três lado a lado’”, conta o baixista.

O trio foi então ao Headgear, estúdio que fica no coração do Brooklyn, na esquina de onde moram os três. Gravaram tudo ao vivo, de pé, instrumentos pendurados no corpo. Como se estivessem em cima do palco, no calor do show. E como pouquíssimos artistas fazem hoje. “Os backing vocals nós criávamos na cozinha do meu loft, enquanto eu cortava alho pra fazer a janta”, sorri Lorca. Porque quando o assunto é Nada Surf, a conversa sempre dá um jeito de voltar pro universo dos comes e bebes.

Ao ouvir as dez tracks de The Stars Are Indiffe-rent..., você sente o desprendimento, o clima reunião de amigos. Que ecoa não apenas nas canções de riffs simples, de belas harmonias vocais e recheadas com as típicas letras melancólicas e nostálgicas de Mathew Caws. Mas também na indiferença ao indie, pop, grunge ou qualquer que seja o rótulo do momento. Eles estão fazendo música pra eles mesmos, pelo ro-mantismo, e pra aqueles que ainda curtem se atirar na poltrona, apertar o play e ouvir um disco do início ao fim. Sem apelar pro forward, ou pro shuffle. Ao ouvir as dez tracks de The Stars Are Indifferent to Astronomy, você tem uma clara ideia de como vai encontrar o Nada Surf em palcos brasileiros após oito anos+6.

Só não se esqueça de levar na mochila uma boa garrafa de vinho. E quem sabe aquele rango caprichado pra completar o encontro.

[+5]

[+6] Entre 22 de abril e 05 de maio o trio se apresenta em São Paulo, Curitiba, no Rio de Janeiro, em Recife, Fortaleza e Belém. http://migre.me/8u9MO

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SXSWSOUTH by southwest 2012

“Finalmente fui para o Texas conferir o SXSW, um dos maiores fes-

tivais do mundo, onde muitas bandas estouram - The Strokes, White

Stripes e Foster the People são ótimos exemplos. Até o fechamento

desta edição, certamente não terei me recuperado de tantos dias

ouvindo música boa e observando mais do que os meus olhos po-

diam ver. Além disso, os números oficiais ainda não saíram. Mas é

certo que, neste ano, o festival bateu o seu próprio recorde. E mais

de 200 mil pessoas passaram por Austin.

Os eventos acontecem em todos os cantos da cidade. É só olhar pro

lado que tem algo rolando. Na rua, no bar, no clube, no cinema. Se

a Terra fosse o planeta da música, ele seria o SXSW.

Foram cerca de duas mil bandas se apresentando. Em muitas delas

eu jamais tinha ouvido falar e, exatamente por isso, fui ouvir, ver,

sentir. Que é este o grande lance de um festival: encontrar algo

novo, que será no futuro próximo.

E se o futuro próximo da música depender do SXSW, estaremos

todos muito bem, meu amigo. ”

Texto e fotos por Ola Persson

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Uma música cai na internet. Circula entre blogs do mundo inteiro. É ovacionada por músico-maníacos de plantão sedentos pelo next big thing. Vira hit na rede, toma de assalto as pistas de dança e pronto: nasceu a sua nova banda favorita. Você já viu esse filme dezenas de vezes. Não há novidade alguma na narrativa. O detalhe nessa história é a locação: Nova Zelândia.

Com apenas quatro milhões e meio de habitantes e “mais ovelhas do que gente”,+1 não dá pra dizer que o pequenino país banhado pelo mar da Tasmânia seja uma fábrica de talentos musicais. “A Ladyhawke estourou”, diriam os wannabe indie. Sim, ela conseguiu ter uma track animando festinha hipster mundo afora depois de ser adotada pela imprensa britânica. E só. Ou você sabe dizer agora, de bate pronto, outra de suas músicas que não “Paris is Burning”? “Acontece que, ao mesmo tempo em que a nossa cena musical é realmente pequena, ela pode ser extremamente compreensiva com seus artistas, dando muito apoio”, garante David Beadle. E o baixista do The Naked and Famous tem razão.

Enquanto artistas de um país imenso como o Brasil sofrem pra ouvir seus nomes anunciados em FMs água com açúcar, uma banda kiwi+2 com um single em mãos tem a certeza de que uma rádio como

a 95bFM+3 vai tocá-la com gosto. E sem jabá. Em Auckland, a “metrópole” neozeolandesa, também está a Kiwi FM, dedicada exclusivamente a tocar a produ-ção local. Sem contar o NZ Music Month+4, quando a música do país ganha atenção especial de rádios, canais de TV, jornais e revistas. É assim que ganham impulso nomes bacanas como Liam Finn, The Checks, Fat Freddy’s Drop e The Mint Chicks. E os “pelados e famosos”, claro. Um dos raros casos a ecoar além mar. “Esse empurrão definitivamente veio por conta da internet. Quando do lançamento de “Young Blood” em sites como o YouTube e blogs, nossa música pôde viajar a outros países com uma rapidez incrível, antes mesmo de sermos reconhecidos pelo público ou por gravadoras estrangeiras”, lembra David.

Foi em junho de 2010 que o quinteto colocou “Young Blood” nas prateleiras. Música climática, recheada de sintetizadores, de ar um tanto melodra-mático. Mas com um beat de chacoalhar o esqueleto, refrão de grudar na testa e letra perfeita pra gritar aos quatro ventos: “Eu tenho vinte e poucos anos, sim, e daí?”+5.

Não à toa, o single foi direto ao número 1 das paradas em sua terra natal. Encerrou um jejum local de três anos. A partir dali, o grupo saiu em uma turnê sold out pela vizinha Austrália e fechou a temporada

THE NAKED AND FAMOUS

[+1] A lã era o principal produto agrícola exportado pela Nova Zelândia até o início do século XX. Ainda nos 60’s, significava mais de um terço da receita de exportações do país.

[+2] O apelido de “kiwi” vem de uma ave de mesmo nome. Espécie de símbolo do país, tem o tamanho de um pequeno frango e está em perigo de extinção.

Kiwi é como carinhosamente chamam um sujeito nascido na Nova Zelândia. Cinco deles, conhecidos no mundinho indie como

The Naked and Famous, estão deixando o apelido de lado. Querem conquistar o mundo.

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[+3] Inicialmente uma rádio pirata criada por

estudantes em 1969, a bFM hoje é a maior

estação de rádio da Nova Zelândia quando

o assunto é música alternativa. Vale ouvir!

http://www.95bfm.co.nz/

[+4] São eventos e ações especiais que a Comissão de Música da NZ promove ao

redor do país durante o mês de maio. Ocorre desde 2000, e já serviu

pra lançar muito artista, assim como

fortalecer o mercado fonográfico local.

[+5] “The bittersweet between my teeth/

Trying to find the in-betweens/Fall back in

love eventually/Yeah yeah yeah yeah”, diz

o refrão.

dentro da Sound of 2011 – a famosa lista de apostas da BBC que, em outros anos, já teve Adele, MGMT, Florence + the Machine e Lady Gaga. Ou seja, definitivamente uma conquista a ser celebrada. “Nós somos a primeira banda da Nova Zelândia a fazer parte de algo assim, então só pode significar coisas boas”, comentou a vocalista Alisa Xayalith à época. E de fato significou. De lá pra cá, o Naked quebrou a barreira de fã ao dividir o palco com nomes do naipe de Nine Inch Nails e tem sido atração constante em festivais grandiosos como o inglês Glastonbury e o Lollapalooza, em Chicago, EUA. Há algumas semanas, o grupo ainda comemorou sua estreia em solo tupi-niquim. E não soma mais de dois dias consecutivos de folga até o início de junho. Diante de uma temporada dessas, difícil até escolher um destaque. “Toda essa experiência tem sido incrivelmente única”, confessa David Beadle. “Agora, uma coisa em que todos nós concordamos é que o Fuji Rock festival, no Japão, foi um momento extraordinário. Porque não é todo dia que você tem a chance de se apresentar pra um público genuinamente animado, em um país que é culturalmente tão distante de nós. Foi realmente uma coisa inexplicável.”

Críticos de todos os cantos já tentaram encontrar explicações pro sucesso internético do Naked and Famous, mesmo em países de culturas distintas, como carimba o baixista. Derek Sedam, por exemplo, da conceituada rádio californiana KROQ, diz que o quinteto faz música que reflete de forma direta o tempo em que vivemos. “Todas aquelas emoções que sentimos ao entrar em 2012 e além”, emenda ele. “Como quando ouvi pela primeira vez ‘Time To Pretend’, do MGMT.” O músico parece concordar. “’Young Blood tem uma letra e um tema musical que são fáceis de ser assimilados por um grande grupo de pessoas. É algo fantástico”, comemora. “Nós vemos muita integridade na música que fazemos, e vamos continuar batalhando por isso como artistas e como banda, onde quer que nos leve.”

Poderia levá-los à televisão, David deveria acrescentar. Quem sabe ao mundo dos games? Desde o estouro de “Young Blood”, os kiwis já viram músicas

suas servirem de trilha sonora pra seriados badalados como Gossip Girl e The Vampire Diaries, além de jogos milionários tipo FIFA 12. Suas contas bancárias agradecem. “Porque não é apenas uma maneira muito legítima de fazer dinheiro com a música, mas também uma forma bastante inteligente de expor sua obra a um novo grupo de pessoas”, avalia.“Com o rádio, as pessoas escolhem sintonizar uma estação específica, e assim esperam ouvir um certo tipo de música. Com algo como trilha pra televisão, os artistas têm a opor-tunidade de ter sua música exposta a um público que, se não fosse assim, talvez não soubesse que tal banda ou gênero musical existissem.”

Passados quase dois anos do lançamento de “Young Blood”, é inegável que as pessoas hoje “sabem” que o Naked and Famous existe. Mais do que isso, lotam shows quando o grupo cruza o planeta em direção a Rio de Janeiro e São Paulo. Na apresentação no Cine Jóia, por exemplo, não era difícil ver almas ani-madas cantando em coro as letras do vocalista Thom Powers. E não só das que compõem o hit maior dos caras, mas de tracks como “Girls Like You” – ambas do álbum de estreia da banda, o elogiado Passive Me, Aggressive You+6. “Da capa com um globo digital em cima de uma paisagem analógica, passando pelas letras e a dinâmica vocal feminina/masculina, um álbum que circula em meio a polaridades”, opina David sobre a obra que ajudou a criar.

Opostos que não parecem atrair o quinteto apenas quando estão com instrumentos em mão. Afinal, ao mesmo tempo em que elogiam o cenário musical da “Terra da Grande Nuvem Branca” e dizem ser fãs de conterrâneos como os Mint Chicks, afirmam não se considerar verdadeiros kiwis. “A maioria das coisas que compõem um ‘verdadeiro kiwi’ são coisas para as quais nós não damos muita bola, como churrascos e rugby”, revela ele. Talvez por isso que a banda tenha resolvido trocar as ovelhas de sua terra natal pelos tabloides de Londres. E, quem sabe por esse mesmo motivo, a vocalista Alisa Xayalith tenha terminado o show em Sampa afirmando que, definiti-vamente, eles vão voltar.

Ok, Alisa, no worries. Estaremos por aqui.

noize.com.br

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THE NAKED AND FAMOUS

The Phoenix Foundation

“Composições tão boas não surgem com tanta frequência”, garante o

The Guardian. É música atmosférica, elegante, pop e quase dançante.

Um álbum: Buffalo, de 2011.

OUTROS KIWIS DE QUE VOCÊ PODE GOSTAR

Pra conhecer mais artistas da Nova Zelândia, leia o QR

Code acima com a câmera de seu smartphone e vá direto

ao noize.com.br

Fat Freddy’s Drop

Meio dub, meio reggae, tão funk quanto soul, essa big band é uma instituição neozeolandesa. Trilha sonora perfeita pra um churrasco com os amigos ou um fim de tarde na praia.Um álbum: Dr Boondigga and the Big BW, de 2009.

The Mint Chicks

Se os Buzzcocks encontrassem os Pixies ou o Devo, eles soariam como os Mint Chicks. Rock

nervoso, mas de boas melodias. Pop, embora sempre com um toque experimental.

Um álbum: Crazy? Yes! Dumb? No!, de 2006.

Flight of the Conchords

Atores, músicos, comediantes e compositores. O duo Bret McKenzie e Jemaine Clement já é hit na HBO, encarou os Simpsons e tem um Grammy no currículo. Se você ainda não os viu – ou ouviu – está atrasado.Um álbum: I Told You I Was Freaky, de 2009.

Os dois – únicos – grandes centros culturais do país ficam na Ilha Norte: Auckland e a capital Wellington. Tudo se concentra por lá, desde brechós e lojas de vinis a festivais como o Big Day Out. Ou seja, se você for pra Nova Zelândia já sabe onde gastar algumas noites.

Wellington

Auckland

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Page 60: Revista Noize #52 - Abril de 2012

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Page 61: Revista Noize #52 - Abril de 2012

“Inspirada num canto do Xingu, a pulsação primi-tiva e tribal da faixa-título abre o disco e mostra o pau.” Com essa frase, no dia 25 de junho de 1986, a Folha de São Paulo abriu a matéria “Dinossauro na cabeça”, do jornalista Marcos Augusto Gonçalves. Os Titãs lançavam o terceiro, e até então mais corajoso, disco da carreira. Gonçalves comparou o grupo a uma tribo de guerreiros em pé de festa e de guerra: “Batucam e gritam. Os dinos-sauros descem dos viadutos e se escondem nos edifícios”.

Arnaldo Antunes, Branco Mello, Charles Gavin, Marcelo Fromer, Nando Reis, Paulo Miklos, Sérgio Britto e Tony Bellotto. Todos no mesmo palco. Os Titãs do Iê-Iê que haviam se conhecido na escola, no final dos anos 70, em plena ditadura militar, agora eram universitários e já não carregavam o Iê-Iê na identidade. E se por um lado o nome simplificou, por outro, a identidade se tornava mais complexa. Era hora de acordar. A tribo de guerrei-ros assumia o posto de porta-voz de uma geração que ficou calada por muito tempo e dava os primeiros pas-sos rumo à democratização do país. Cabeça Dinossauro marcou uma virada estética na carreira dos Titãs e fez muita gente gritar junto.

As duas gravuras que estampam o disco+1, ambas de Leonardo da Vinci, expressam uma dua-lidade entre barbárie e civilização, o dinossauro e o homem. Explicam – ou ilustram – a performance dos caras: selvagem. Assim como a sonoridade do álbum. Mas pra você entender exatamente o

que estamos falando é preciso contextualizar. Cabeça Dinossauro foi lançado nos anos 80,

quando a juventude passou a existir novamente e respirou após o sufoco dos Anos de Chumbo+2. Mú-sica era apenas LP, fita cassete e rádio. E o Brasil estava carente de entretenimento. Charles Gavin lembrou ao Jornal do Brasil que o público precisava tanto de informação que, no primeiro Rock in Rio, em 1985, aplaudiu a parede de Marshalls do Whitesnake antes mesmo de eles entrarem no palco. “A plateia aplaudiu os amplificadores, literalmente aplaudiu o equipamento da banda, não tinha ninguém no palco, só equipamen-tos.” E ainda que os Titãs não tenham sido convidados para o evento, faziam parte de uma geração de artistas brasileiros que estavam levantando a voz. Finalmente. Ultraje a Rigor, RPM, Ira!, Barão Vermelho e Kid Abelha, Blitz. Tudo era muito pouco pra quem tinha tanta sede.

Embalados por esse background efervescente, os Titãs estavam prontos para uma reviravolta. Para o músico e radialista Arthur de Faria, “o Cabeça Dinossauro foi uma entrada desse rock de bermudas na idade adul-ta. Ou, talvez melhor: a saída da infância pra entrar na rebeldia raivosa da juventude”. E a rebeldia raivosa veio em forma de letras e melodias, traduzidas pelo produtor Liminha, ex-Mutante, que trabalhou com inúmeros ar-tistas e grupos brasileiros, entre eles Ultraje a Rigor, João Gilberto, Luis Melodia, O Rappa, Jorge Ben e Raul Seixas.

O produtor buscava veracidade para o som dos

TITÃS

[+1] A capa do disco leva como base o esboço de Leonardo da Vinci chamado A Expressão de um Homem Urrando. E a contracapa recebeu Cabeça Grotesca, também do gênio e pintor italiano.

[+2] Anos de Chumbo: final de 1968. Edição do AI-5. A ditadura, que havia começado em 1964, endurecia. Até março de 1974, o Brasil viveu em clima de guerrilha. Com o fim do governo Médici, o país dava os primeiros – e lentos – passos rumo à democracia. Com a promulgação da Constituição de 1988, Lei Suprema do Brasil que priorizava os direitos fundamentais e as eleições diretas, finalizou-se o período de redemocratização, iniciado em 1985 pelo então presidente José Sarney.

Em pé de festa, mais que de guerra, os Titãs comemoram 25 anos de Cabeça Dinossauro - um álbum antológico do rock brasileiro.

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Titãs, que queriam fazer algo fora do padrão sem perder o vigor. “Cheguei a apostar com o Bellotto uma garrafa de Jack Daniel’s. A gente tem a chance de dar certo pelo avesso. Vamos ganhar disco de ouro”, disse Branco, em entrevista à jornalista Lorena Calabria. Branco assumiu também que escolheram a música mais estranha para ser a faixa de trabalho: “AA UU”. Ainda nesse bate-papo, os Cabeças se defenderam da acusação de se apropriar do punk: “Isso é ‘coisa da imprensa’ (risos). Diziam que era oportunismo nosso. É que a gente era mesmo uma banda meio brega no início (gargalhada). Nessa época, sim, os punks hostilizavam, jogavam cerveja. Com o Cabeça, fomos respeitados”.

Quem? Leo Henkin, do Papas da Língua, encontrou justamen-te nesse desejo irreverente dos Titãs o motivo para delirar ao assistir aqueles jovens universitários. “Eram a síntese do que se ouvia na época. Influenciados pelo punk, pelo ska, pelo reggae. As pessoas se identifica-vam. O disco foi a catarse de uma geração que queria botar muita coisa pra fora. Que agora podia falar. A capa, a pressão, os timbres, a mixagem maravilhosa, a performance, simbolizavam muitas formas de arte. Eles inspiravam tanto em forma quanto em conteúdo.”

“A gente ficava chocado com a capa, com aquela pintura muito louca – o Titãs ficou desse jeito, a capa tem muito do som. Eu tinha 9 anos, era moleque. Quan-do tocava ‘Porrada’, a gente saia se batendo entre os irmãos, e até as primas ficavam bem loucas dançando na sala.” Maurício Fuzzo, da banda Locomotores, segue ad-mirando a irreverência daquela bomba de 1986. O mix entre o punk rock violentíssimo e a abrangência pop da banda foi, e é, o diferencial para o músico. “Tinha humor, e os palavrões nada tinham a ver com apelação. Eram raiva e indignação. Um som único”, relembra. Para Mau-rício, se o álbum fosse lançado hoje, não seria tão legal:

“Os tabus estão menores, e o palavrão foi banalizado”.Márcio Paz também gritava “vão se foder”, no

auge dos seus 21 anos, com os amigos, e ainda jura que a palavra saía do peito, não do disco. Hoje comunica-dor e DJ, seguiria gritando. “Cabeça Dinossauro foi um puta álbum de rock. A galera gritava a música toda.

Eles falavam o que a gente queria falar, sem frescura.” Mal sabia por onde começar a olhar o palco. “Cada um deles era único, tinham diferentes maneiras de atuar, cantar, compor, pra finalmente transformar a essência do grupo em som.” Márcio não tem dúvi-das: “É o melhor álbum de rock já gravado no Brasil, porque mistura coragem, qualidade e produção”.

Ácido e rasteiroCabeça Dinossauro vendeu 300 mil cópias e deu o primeiro disco de ouro aos Titãs. Duas décadas depois do lançamento, ocupava a 19ª posição na lista dos 100 maiores discos da música brasileira feita pela revista Rolling Stone, em 2007. E, quase trinta anos mais tarde, Paulo Miklos afirma que as canções continuam potentes e atuais. “Estive numa delegacia recentemente aqui em São Paulo para registrar um B.O. e tirei fotos com a turma do plantão. Mais uma vez ficou evidente como as canções são precisas.” É desse álbum um dos maiores hits da carreira da banda, “Polícia”, que foi tocada pela maioria das bandas de rock do Brasil. Lamenta: “Infelizmente, muitos dos problemas que abordamos nas músicas permanecem os mesmos”.

Hoje Para os Titãs, com trinta anos de carreira, a atual turnê de aniversário representa uma imersão em emoções e memórias - e o resultado, ainda assim, é um show conceitual rígido com faixas tocadas na ordem do disco e com arranjos originais. Branco Mello, Paulo Miklos, Sérgio Britto e Tony Bellotto são acompanhados pelo baterista Mário Fabre, que substituiu Gavin após sua saída.+3 E, sim, a turnê reserva surpresas. “A segunda parte do show contempla o lado mais radical do nosso repertório, além de músicas inéditas”, revela o vocalista.

A temporada de sete dias em São Paulo, no SESC Belenzinho, encerrou-se no dia 17 de março. Os ingressos estavam esgotados em apenas duas horas e meia de venda. O show Cabeça Dinossauro deve ainda viajar pelo Brasil neste primeiro semestre de 2012.

A gente vai atrás. E você?

[+3] Charles Gavin deixou a banda

em 2010 e agora é produtor musical. Arnaldo Antunes partiu em 1992 e,

assim como Nando Reis, que saiu do grupo

após a gravação do álbum A Melhor Banda de Todos os Tempos da Última Semana, seguiu carreira solo. Marcelo

Fromer morreu em um acidente de trânsito durante a

produção desse álbum, em 2001.

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Page 63: Revista Noize #52 - Abril de 2012

“Semana passada* estávamos ensaiando para o disco

novo da Tulipa**, no estúdio Loop, em Pinheiros, São Pau-

lo. Na sala 1, Miklos, Branco, Britto e Bellotto ensaiavam.

Tulipa começou a ficar agitada. ‘Nossa, eles tocaram esta

música! Nossa, eles tocaram aquela! Nossa que loucura.’

No café soubemos que eles estavam reensaiando Cabeça

Dinossauro para uma temporada. Os meninos da ban-

da ficaram loucos (temos uma diferença de 30 anos).

Amo os Titãs, como banda e individualmente - quero

dizer, pessoalmente. Nos anos 80, eu tocava na Isca de Polí-

cia***, de Itamar Assumpção****. Nós éramos a coisa mais

importante que estava acontecendo. No Teatro Lira Paulis-

tana, os meninos e seus cortes de cabelo esquisitos pediam

para ensaiar quando o espaço que ocupávamos ficava livre.

Nós lotávamos sem parar a sala Funarte da Alameda Noth-

mann (uns 200 lugares). Eles surgiram e começaram a lotar

o Ginásio do Ibirapuera!!! Tentei a ir a dois shows lá e não

entrei nem como músico nem como jornalista. Grande!!!

Não dei bola para o Cabeça Dinossauro. Mas fui

atingido culturalmente por ele. Achava demais a loucura

sequencial que uma banda de oito pessoas permitia. Tal-

vez conheça todas as músicas, mas nunca tive o disco.

Era mais velho já. Que bom que quem lotava a Funarte ou

o Ginásio do Ibirapuera ainda está aí. Anyway, Titãs forever!”

_LUIZ CHAGAS, um dos importantes nomes da Vanguarda Paulista, como era

chamada a geração de músicos que nos anos 70-80 começava a gravar seus

discos de forma independente.

* Esta entrevista foi feita em março de 2012. ** Tulipa Ruiz, filha de Luiz Chagas e uma das revelações da música brasileira contemporânea. *** Isca de Polícia, banda criada em 1981 para acompanhar Itamar Assumpção e mudar o que se conhecia como música brasileira. **** Itamar Assumpção. Sem palavras. http://bit.ly/H8TSvn

TITÃS //063

Page 66: Revista Noize #52 - Abril de 2012

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Color Blocking porque a gente ainda não superou os anos 80 e caveira porque a gente é muito roquenrôw.Feita de gesso e pintada à mão.

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Page 67: Revista Noize #52 - Abril de 2012

A marca de óculos Oliver Peoples sempre traz alguma coisinha nova a cada coleção. Depois dos vídeos com Devendra Banhart, Elijah Wood e Shirley Manson (veja aqui: http://bit.ly/olivervideo), chegou a vez do Beck entrar em cena. Em parceria com a grife, o músico tra-balhou dois anos para lançar um óculos que fosse a sua cara. E pelo jeito, conseguiu. O Beck Double Helix não é um par de olhos qualquer: ele é três em um. Como? Uma supertecnologia permite que, de frente, você perceba que é só mais um oclinhos de listras. Até que você se dá conta que o sujeito usando o dito--cujo vira pra direita e troca pra uma armação marrom. E depois, para uma vermelha. E depois… – oh wait!Não é feitiçaria, é tecnologia.Preço: sob consultaOnde encontrar: http://www.oliverpeoples.com/

BECK DOUBLE HELIX_

Olha que beleza, Silvio. Produtos que você não precisa ter mas vai querer mesmo assim.

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A Instaprint é uma impressora que imprime as fotos direto do seu Instagram. Funciona assim: você tira a foto e coloca ela no Instagram com o local onde você está ou com uma hashtag pré-programada. Assim que você postá-la, a Instaprint imprime o clique, em forma de Polaroid e com os comentários dos seus amigos. A ideia inicial é que a impressora seja usada em fes-tas – e para isso dá pra comprar o “pacote” com o número de Instaprints necessárias para o seu even-to. Eles variam entre uma e quatro impressoras, e todas incluem um número proporcional de papel para a impressão. Mas avisamos: prepare o seu bolso.

Preço: entre US$ 399 e US$ 1.449Onde encontrar: http://instaprint.me

INSTAPRINT_

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Page 68: Revista Noize #52 - Abril de 2012

Quem quer dinheirooo? Quem quer camisetaaa?

“A primeira vez que fui para a Argentina com minha banda foi em 2004. Era uma turnê com os Forgotten Boys. Lá eu ganhei uma camiseta de um selo independen-te local chamado Rastrillo Records, do meu amigo Pirulo. Já de volta a São Paulo, fizemos fotos de divulgação para um disco e eu vesti a camiseta. A partir dele, toda vez que vou fazer alguma foto realmente importante ou em que preciso me sentir bem, é ela que eu visto. Hoje já está toda fodida, rasgada e velha... mas, quanto mais, melhor.”

1. Camiseta dos Ramones: “Estou viciado nela. Tenho usado direto nas minhas apresentações, já tá até pegando mal”.2. Teclado AKAI: “Sempre levo esse tecladinho caso tenha que produzir alguma coisa”.3. Óculos de sol: “Fundamental para as noites que acabam pela manhã”.4. Óculos de grau: “Uso eles quando trabalho no computa-dor. Como passo a maior parte do tempo trabalhando, não vivo sem eles”.5 e 6. Macbook e MPD AKAI: “São minhas armas no palco. Não vivo sem os dois”.7. Fones de ouvido: “Sem eles a vida de quem está em volta de mim seria um inferno”.

_JOÃO BRASIL, DJ e produtor.

CAMISETA COM HISTÓRIA DENTRO DA MOCHILA

_CHUCK HIPOLITHO, músico da banda Vespas Mandarinas, DJ, diretor e VJ da MTV.

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Page 69: Revista Noize #52 - Abril de 2012

MARCA:VANS

ONDE ENCONTRAR:VANSDOBRASIL.COM

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Page 70: Revista Noize #52 - Abril de 2012

Com essa frase aí ao lado, retirada do filme cult de Zach Braff, o The Shins conquistou de vez o seu lugar no coração dos “alterna-tivos”. Era fácil, afinal, apostar nas palavras de uma sorridente e maluquete Natalie Portman oferecendo seus headphones a um desconhecido na sala de espera do hospital.

Port of Morrow traz de volta aquela sensação de conforto que só o Shins é capaz de ofe-recer. Confirmando a evidente influência dos Beach Boys nos genes da banda, estão lá a superfície delicada e os falsetes quase oníri-cos do vocalista James Mercer. A chicletuda “Simple Song” é o típico single que irá man-ter o grupo relevante por um bom tempo. “September” é um calmante mais eficaz que muito tarja preta, e a melodia espacial da faixa-título poderia estar em Kid A. O fato é que a banda cresceu, e Mercer talvez sinta falta da época em que não tinha tantos com-promissos pela frente. Ele jamais escreveu uma música ruim, mas o tédio infelizmente avança em boa parte do álbum – vide as fra-quinhas “It’s Only Life” e “No Way Down”.

No geral, a impressão é de que faltou ousa-dia, faltou assumir riscos. Porque toda boa banda possui um título menor em sua discografia, e o The Shins acaba de ganhar o seu. Não há motivo para pânico. Fernando Halal

Port of MorrowSBME Special Mkts

Pra quem gosta de: Modest Mouse, Beach Boys e The Morning Benders

Para ouvir o álbum na íntegra:Leia o QR Code ao lado com a câmera do seu smartphone.

THE SHINS

Ouça no talo

LEGENDAS

Dá um caldo

É, legal Seu ouvido não merece

“Esta canção vai mudar sua vida!” - Natalie Portman, em Hora de Voltar

Page 71: Revista Noize #52 - Abril de 2012

VIVENDO DO ÓCIOO Pensamento é um ÍmãDeckdisc

Pra quem gosta de: Moptop, The Strokes e Forgot-ten Boys

MIIKE SNOWHappy to YouDowntown Records/Columbia

Pra quem gosta de: Delphic, Miami Horror e Passion Pit

O Pensamento É Um Ímã não destoa do passado da Vivendo do Ócio: rocks corretos e com forte apelo indie. Mas os arranjos, a timbragem e a gravação, tudo soa melhor.

A banda comeu poeira. Tanto que confessa, na meia-balada “Nostal-gia”, que ameniza o clima acelerado do álbum, o outro lado do beli-gerante ato de largar uma cena-porto-seguro e pegar a estrada em busca de novas cores. Nessa busca o grupo canta a sua “Saudade da Bahia” – no interlúdio, entre refrão e solo, são recitados trechos de “O Incriado”, poema de Vinicius de Moraes: “Como está longe o mar/Como é dura a terra sob mim.”

Outra ode a Salvador e ponto alto do repertório é “Radioativida-de”, que convida, em forma de hit radiofônico, a um passeio pelas ruelas da capital baiana. Construída em beat eletrônico (novidade para eles), “Dois Mundos” traz acordes dissonantes e flerta com Los Hermanos, como se viesse a hora de bradar “Chega de Sauda-de!”. Nicolas Gambin

Quando o Miike Snow liberou “Devil’s Work”, ainda no ano pas-sado, surgiu um ponto de interrogação: o que esperar do segundo álbum do trio sueco? A perturbadora faixa conta com pianos eté-reos, sopros dramáticos e mais psicodelia do que o usual. Depois, os caras soltaram o grudento electropop “Paddling Out” e “The Wave”, que, com seu ritmo marcial, parecia fazer o meio-campo entre as outras duas.

A verdade é que o alto nível dessas três músicas, lançadas junto de vídeos viajandões – sobre a criação de uma nova raça, represen-tada pelo sujeito sem camisa correndo aí na capa do disco – não é mantido no decorrer de Happy to You. Bons momentos? “Preten-der”, um irrecusável convite às pistas, e a densa “Black Tin Box”, com participação da amiga e conterrânea Lykke Li, estão entre eles.

Happy to You é um ótimo disco, sem dúvida. Mas, no geral, fica a sensação de que o Miike Snow pode ainda mais. Daniel Sanes

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Page 72: Revista Noize #52 - Abril de 2012

Universal

KILLER ON THE DANCEFLOOR

SLEIGH BELLS

Mom & Pop

Pra quem gosta de:The Kills, Metric e Ladytron

Reign of TerrorCRANBERRIES

Lab 344

Pra quem gosta de:The Smiths, Florence + the Machine e R.E.M.

Roses

FELIPE CORDEIRO

Ná Music

Pra quem gosta de:Los Hermanos, Karnak e Mundo Livre S/A

Kitsch Pop CultFRANKIE ROSE

Slumberland

Pra quem gosta de:Crystal Castles, Cocteau Twins e Beach House

Interstellar

BRUCE SPRINGSTEEN

Sony Music

Pra quem gosta de:Bob Dylan, Mumford & Sons e The Pogues

Wrecking Ball

3Plus Music

Pra quem gosta de:Chromeo e Simian Mobile Disco

Criminal

ESTELLE

Warner Music

Pra quem gosta de:Janelle Monáe, John Legend e Missy Elliott

All Of MeTHE PHENOMENAL HANDCLAP BAND

Pra quem gosta de:Blondie, Scissor Sisters e Roxy Music

Form and Control

ANTI-FLAG

Side One Dummy

Pra quem gosta de:NOFX, Cólera e The Clash

The General StrikeMACY GRAY

429 Records

Pra quem gosta de:Corinne Bailey Rae, Mark Ronson e Amy Winehouse

Covered

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Page 73: Revista Noize #52 - Abril de 2012

DISCOTECA BÁSICABob Dylan

Por Daniel Sanes

THE FREEWHEELIN’ BOB DYLAN | O mestre do folk se consagra, já neste disco de 1963, como o maior poeta da música pop. A faixa de abertura é nada menos que “Blowin’ in the Wind”, o hino/manifesto de uma geração.

HIGHWAY 61 REVISITED | Em 1965, Dylan chocou ao eletrificar o folk e mudar a história. De “Like a Rolling Stone” a “Desolation Row”, tudo soa perfeito. Nem os que o chamaram de Judas podem negar.

E NEM TÃO BÁSICADonovanSunshine Superman

Quando Donovan surgiu com suas canções folk, logo foi tachado de

“a versão britânica de Bob Dylan”. Sunshine Superman, seu terceiro disco, marca uma guinada importante: é o momento em que o trovador escocês sai de vez da sombra pesada

do ídolo norte-americano. A psicodelia dá o tom, de forma nada usual, numa aproximação eletrificada (o jovem Jimmy Page passeava pelo estúdio) aos temas medievais favoritos do compositor. Da viagem otimista (faixa-título) à bad trip (“Season of the Witch”), trata-se de um item obrigatório da discografia lisérgica da década de 1960.

ODD FUTURE

Columbia

Pra quem gosta de:Wu-Tang Clan, Tyler, The Creator e DMX

OF Tape Vol. 2

PAUL WELLER

Yep Roc

Pra quem gosta de:Blur, Kaiser Chiefs e Richard Ashcroft

Sonik Kicks

TRUPE CHÁ DE BOLDO

Independente

Pra quem gosta de:Mutantes, Karina Buhr e Tropicália

Nave Manha

LEE RANALDO

Matador Records

Pra quem gosta de:Sonic Youth, The Rakes e Guided by Voices

Between the Times & the Tides

HOUSSE DE RACKET

Love Da Records

Pra quem gosta de:Two Door Cinema Club, Ladyhawke e Phoenix

Alésia

BLOOD ON THE TRACKS | Após uma série de altos e baixos na carreira, o poeta ressurge com um belo álbum em 1975. “Tangled Up in Blue” e “Idiot Wind” trazem o velho Dylan de volta, afiado e irônico.

Por Leonardo Bomfim

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NADA A PERDER

_Dave Grohl . Pergunte para um grupo de roqueiros o que eles acham sobre o trabalho dele no Foo Fighters, Queens Of The Stone Age e tantos outros e a resposta será a mesma: “O cara é foda”. O livro Dave Grohl - Nada A Perder, recém lançado no Brasil pela Edições Ideal, traz a história do queridinho do rock desde seus tempos de hardcore até os quase 20 anos de sucessos do Foo Fighters - passando pelo período em que morou com Kurt Cobain. Traduzido por Tony Aiex (Tenho Mais Discos Que Amigos!, eu mesmo, prazer), o livro traz Grohl em seu lado pessoal, profissional e sua relação com as pessoas a sua volta e com a mídia. Seus primeiros ensaios, a paixão pelo rock, a infância pobre, os primeiros acordes de Beatles em um violão velho e muito mais estão lá para que você veja além do que foi revelado no documentário Back And Forth, do ano passado. Se irá continuar amando o cara, você só saberá depois de ler o livro!

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Page 75: Revista Noize #52 - Abril de 2012

1. Nirvana | Além de tudo, Grohl foi baterista do Nirvana. A banda lide-rada por Kurt Cobain contou com as performances do guitarrista Pat Smear durante os últimos anos de existência.

3. Germs | Em 1979, o Germs lan-çou seu primeiro e único disco de es-túdio, o aclamado (GI). Mas o sucesso da banda foi interrompido devido à morte de seu vocalista, Darby Crash, em 1980. Quem também esteve no line-up do grupo, tocando bateria, foi Belinda Carlisle, que viria a se tornar a líder do The Go-Go’s anos depois.

5. John Lennon | Ao lado de seu parceiro de banda, Paul McCartney, o cara escreveu algumas das músicas mais importantes de todos os tempos, como “Yesterday”. A canção, lançada original-mente no disco Help!, de 1965, entrou no livro dos recordes - o Guinness - como a música que mais recebeu grava-ções de outros artistas no mundo todo.

2. Pat Smear | Georg Ruthenberg, o desengonçado guitarrista que tocou no Nirvana e depois de idas e vindas está de volta ao Foo Fighters, é mais conhecido como Pat Smear, e foi re-crutado por Cobain devido às suas participações no Germs, influente e barulhenta banda punk do final dos anos 70.

4. Darby Crash |Um punk mui-to louco, que fundou o Germs e foi comparado no livro de Dave Grohl a uma “mistura de Johnny Rotten com Sid Vicious”. Morreu de overdose de heroína em 7 de dezembro de 1980, justamente um dia antes da morte de John Lennon - o que fez com que sua morte passasse despercebida.

6. Paul McCartney | Paul McCart-ney era o baixista e outra figura impor-tante do quarteto de rock mais famoso da história. Na ativa até hoje, Paul já tem show marcados no Brasil novamente este ano e fez um dos shows mais ba-canas do Grammy 2012, em que par-ticipou de uma jam com nomes como Bruce Springsteen e Dave Grohl.

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Page 76: Revista Noize #52 - Abril de 2012

_FOSSO É O LU-GAR QUE FICA DE

FRENTE AO PAL-CO. DIRETAMENTE

DALI, OS SHOWS DE MARÇO.

CÉU/ SESC VILA MARIANA/ SÃO PAULO - SP

“Você sabe que um show foi bom quando decidir as melhores fotos é uma tarefa muito difícil. Céu começa saída do mar, com seu vestido sereia e colar concha. Chega à terra de índigo, com seu pai, chorando com o palhaço. Enfrenta sua timidez com a voz poderosa. A plateia se levanta. Céu é nossa estrela.” Depoimento e foto: ARIEL MARTINI

Você sabe: rapadura é doce. Mas não é mole. Ninguém lembra disso quando vê o fotógrafo no show, bem na

frente, lugar privilegiado, cara a cara com o ídolo, nariz no palco. Mal sabem que não pode ter flash. Que ele só

vai ficar ali durante algumas músicas. Que o tênis tá

molhado, o estômago tá roncando, as costas moídas

e o nariz descascou de tanto sol. Que fotógrafo de show tem que contar tanto com a sorte quanto com a

técnica. E que nunca dá pra fechar os olhos e curtir o

som. Nas próximas páginas, os melhores shows do mês.

E algumas verdades.

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“Tive que me meter no meio das rodas punk e tentar sair ileso dos empurrões e dancinhas. Musicalmente, foi foda demais, uma legítima aula de punk rock old school.” Depoimento e foto: RAFA ROCHA

JELLO BIAFRA / BECO 203/ PORTO ALEGRE - RS

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ROGER WATERS/ ESTÁDIO BEIRA-RIO / PORTO ALEGRE - RS

“Ir ao show do Roger Waters é como ir a um grande museu. Música, história, genialidade e efeitos visuais perfeitos com engaja-mento político sério se unem em um verdadeiro show. Uma obra

atemporal que precisa ser compreendida pelo mundo. Inesquecível. Depoimento e foto: LUCAS NEVES

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“O Bixiga 70 fez mais uma apresentação impecável, dessa vez no suntuoso Auditório Ibirapuera. O show teve participação de Luisa

Maita, que cantou uma música de seu pai, Amado Maita. O canaden-se Philippe Lafreniere, da Souljazz Orchestra, também participou.”

Depoimento e foto: ARIEL MARTINI

BIXIGA 70/ AUDITÓRIO IBIRAPUERA/ SÃO PAULO - SP

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“Com mini atraso a banda entra no palco e o primeiro som parecia ser o predileto da maioria das pessoas, assim como vários na sequência. A dedicação banda/público era mútua.

O hit mais esperado, ”Young Blood”, ficou por último. Banda não volta pro bis, mesmo com público enlouquecido.”

Depoimento e foto: SAMUEL ESTEVES

THE NAKED AND FAMOUS/ CINE JOIA/ SÃO PAULO - SP

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Os diálogos mais surreais travados por esta redação que vos fala enquanto esta revista que você acabou de ler era produzida. É tudo verdade. Ou não.

-- Olha, eu sei que tu é mulher... Mas tá tarde, não tem ninguém pra quem eu possa falar isso...-- Ai, meu Deus. -- A Erykah Badu.-- Quem?-- A Erykah Badu. Aquela. -- Ah. O que tem?-- Tem um bundão, cara. Um bundão sinistro. -- Você quer que eu comente isso?-- Não precisa. Tudo bem. É que eu preci-sava dizer.

-- Tá. -- E a Madonna?-- Ninguém da Noize gosta da Madonna.-- Eu gosto.-- Ninguém gosta. Sério.-- Que idiotice. Quem não gosta da Madonna?-- Sabe que tem uma teoria de que a Xuxa ia parir a reencarnação do Raul Seixas?-- Tipo a Xuxa mãe do Raul?-- Meio isso.-- Mas faz superpouco que ele morreu.-- E daí?-- Daí que não daria tempo.-- Nossa, é mesmo, esse é o único empeci-lho pra que essa teoria seja verdade.-- Cabeça Dinossauro é um puta nome

de banda. Melhor que Titãs. Não acha?-- Não. Melhor que Nada Surf.-- Não.-- Que inveja do Ola e da Lalai. -- Lá não tem Chicabon.-- Sabe o que mais me irrita, o que me deixa puta?-- Quê?-- Deus.-- Como assim, Deus?-- Filho da puta.-- Cara. Filho da puta?-- Tanta hora pra fumar cigarrinho de artis-ta e ele fuma bem quando tá escrevendo o roteiro da minha vida.

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