revista noize #25 - julho de 2009

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Garotas Suecas Pirate Bay Da Lama ao Caos Blogosfera Musical The Teenagers Michael Jackson

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Page 1: Revista NOIZE #25 - Julho de 2009
Page 2: Revista NOIZE #25 - Julho de 2009

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Page 3: Revista NOIZE #25 - Julho de 2009

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Page 4: Revista NOIZE #25 - Julho de 2009

EDITORIAL | DE LOucO, TODO munDO TEm um pOucO.

A nAçãO ZumbI quE, LIDERADA pOR chIcO ScIEncE, mOSTROu quE DESORgAnIZAnDO pODIA SE ORgAnIZAR E gRAvOu O SEmInAL DA LAmA AO cAOS 15 AnOS ATRáS. AS gAROTA SuEcAS quE, nãO bASTASSE A cARgA gARAgEIRA ExpLOSIvA quE DEu InícIO à bAnDA, fORAm buScAR nA bLAck muSIc um DOS IngREDIEnTES ESpEcIAIS quE fALTAvAm.OS fRAncESES DO ThE TEEnAgERS, Ou A TERçA pARTE DELES quE cOnfESSOu SER mAIS DE mADOnnA E mIchAEL DO quE DE quALquER cOISA ROck.mESmO O pIRATE bAy quE, cOmO umA nOvA fAcETA DA InDúSTRIA pOp, pERmITIu quE quALquER ARTISTA chEgASSE mAIS LOngE DO quE jAmAIS SE hAvIA SOnhADO.E OS bLOgS DE múSIcA DO bRASIL E DO munDO, cLARO, quE pRESTARAm IncOnTávEIS TRIbuTOS, DISpOnIbILIZARAm IncOLETávEIS cOLETânEAS E quASE bAnALIZARAm A pALAvRA REI AO SE REfERIREm à mORTE DELE.

TuDO quE ESTá nESTA nOIZE - IncLuSIvE ELA mESmA - DEvE um pOucO Ou muITO A mIchAEL jAckSOn.

ExpEDIEnTE #25 // AnO 3 // juLhO ‘09_

fOTO DE cApA_ ESTúDIO fx

DIREÇÃO: kEnTO kOjImA pAbLO ROchA RAfAEL ROchA

COMERCIAL:pAbLO ROchA [email protected] pInhEIRO [email protected]

DIREçãO DE ARTE: RAfAEL ROchA [email protected]

DESIgn:DOugLAs gOMEs [email protected]

ASSIST. DE cRIAçãO:cRISTIAnO TEIxEIRA [email protected]

EDIÇÃO:fERnAnDO cORRêA [email protected]

REDAçãO: cAROLInA DE mARchI [email protected] jOAnA AvELLAR [email protected] RADAELLI [email protected]

REvISãO: JOÃO FEDELE DE AzEREDO [email protected]

fERnAnDA [email protected]

ASSESSORIA DE cOmunIcAçãO: mELL [email protected]

pLAnEjAmEnTO: jADE [email protected]

DISTRIbuIçãO: fRAncIScO [email protected]

FOTOgRAFIA: fELIpE nEvESTATumARcO chApARRO

nOIZE Tv: bIvISjOhnny mARcO vIcEnTE TEIxEIRARODRIgO [email protected]

NOIzE.COM.BR: [email protected]

cOLAbORADORES:SAmIR mAchADOAnA LuIZA bAZERquEDAnIEL vAughAnmARcELA jungThAíS SILvALuccA ROSSI

LAILA gARROnIfERnAnDA bOTTAguSTAvO cORRêAbRunO fELInguSTAvO mInImAuRícIO bISpO DE LImAmELy pAREDEScARLOS EDuARDO LEITELucAS TERgOLInAfELIpE guImARãESEDuARDO guSpEcARLA bARTh

mOvE ThAT jukEbOx:ALEx cORREAmARçAL RIghInETO RODRIguESwww.movethatjukebox.com

ANuNCIE NA NOIzE: [email protected]

AssINE A NOIzE: [email protected]

AgEnDA: shOws, FEsTAs E EvENTOs [email protected]

pOnTOS:fAcuLDADEScOLégIOScuRSInhOSEsTúDIOsLOjAS DE InSTRumEnTOSLOJAs DE CDsLOJAs DE ROupAsLOJAs ALTERNATIvAs

AgêNCIAs DE vIAgENsEScOLAS DE múSIcAEsCOLAs DE IDIOMAsBAREs E CAsAs DE shOwshOws, FEsTAs E FEIRAsfESTIvAIS InDEpEnDEnTES

TIRAgEM: 30.000 ExEmpLARES

cIRcuLAçãO nAcIOnAL

SE vOcê nãO

gOSTOu DA nOIZEpASSE

ADIAnTE

cOnTEúDO_LIFE Is MusIC // LEIA IsTO // NEws // BANDAs QuE vOCê nãO cOnhEcE // OnLInE // mOvE ThAT jukEbOx // gAROTAS SuEcAS // pIRATE bAy // bLOgOSfERA muSIcAL bRASILEIRA // DA LAMA AO CAOs // vIzupREzA // FFw & REw // ThE TE-ENAgERs // REvIEws // CINEMA // shOws // FOTOs // JAMMIN’

Os anúncios e os textos assinados são de responsabilidade de seus autores e não refletem

necessariamente a opinião da revista.

assine anoizenoize.com.br/assinatura

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Page 7: Revista NOIZE #25 - Julho de 2009

“Acho que, de todas formas

de arte, a música é a que

possibilita a compreensão

mais imediata do artista

pelo público. Uma de-

terminada música pode,

tanto quanto um cheiro,

me transportar de volta a

algum momento da minha

vida com as mesmas sen-

sações vividas no tempo de

que ela fez parte. Por isso

acho que a música, além de

alimentar a alma, também é

um importante elemento de

reconstrução da memória e

por isso é tão essencial.”

NOME_ Tainá MüllerPROFISSÃO_ AtrizUM DISCO_Melancolie And The Infinite Sadness | Smashing Pumpkins

Page 8: Revista NOIZE #25 - Julho de 2009

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Leia isTole

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“Uma das nossas músicas novas soa como se tivés-semos misturado Rush e pós-hardcore com beats de drum ‘n’ bass.”Tom DeLonge | Blink 182

“Teve um show numa universi-dade chamada Vassar que a molecada fritou como a gen-te nunca tinha visto. Parecia uma orgia no zoológico após um longo periodo de quarente-na entre a bicharada.” Sesa | Garotas Suecas

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“Meu negócio é o calor, quando melodia, poesia e som se encon-tram na mesma liquidez incandes-cente – isso é calor. Está no tipo de música que eu estou curtindo, e pode ser em qualquer gênero, de qualquer época. Mesmo o T. Rex tem calor – é um calor estra-nho, mas é calor. E aí você tem alguém como o Leonard Cohen, que é basicamente o sol.”Conor Oberst

“Era gigante. Na época foi o motivo por que

toquei guitarra - por causa do meu nariz.”

Pete Townshend | The Who

“O Tropicalismo foi onde a música brasileira chegou a uma encruzi- lhada. Nada do que se fez depois trouxe novidade e talvez nada mais venha a trazer.” Romulo Fróes

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www

_eric clapton, peter sunde, mos def, iggy pop, elvis costello, garotas suecas,

“Eu costumo comparar as gravado-ras de hoje com crianças de 7 anos que vão a uma loja e querem um doce, e seu pai diz não, e elas se jogam no chão gritando “eu quero, eu quero”. Eles estão acostumados com seu pai lhe dando, mas agora o pai parou de dar o que eles querem.”

Peter Sunde | do Pirate Bay, em entrevista publicada nesta edição

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“Por que você escutaria Limp Bizkit se você pode ouvir Rage Against the Machine?”

Mos Def

“Eu fiquEi iMPREssiONAdO cOM

A quANTidAdE dE APLAusOs

quE vOcê POdE REcEBER POR

quEsTiONAR A REPuTAçãO dAs

MuLhEREs dE uMA dETERMiNA-

dA cidAdE NO PALcO.” Elvis Costello

“Eu basicamente tenho ódio de produ-tores, de produtos e de ser produzido”

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Page 10: Revista NOIZE #25 - Julho de 2009

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Shows, shows e mais shows no segundo semestre. E o melhor, todos abaixo da linha do equador, aqui mesmo no Brasil. No último mês foram confirmados – e especulados – concertos para os gostos mais variados. Dos roqueiros mais clássicos aos indie rockers mais jovens, todos devem ficar felizes com as atrações que aportam por aqui no segundo semestre de 2009.

Primeiro o Beirut, que há tempos prometia uma passagem pelo país e finalmente confirmou as datas e locais dos shows no Brasil. A trupe de Zach Condon é uma das atrações confirmadas do Festival Perc Pan, que acontece nos dias 4 e 5 de setembro em Salvador (Teatro Castro Alves), 8 e 9, no Rio de Janeiro (Teatro Oi Casa Grande), e dia 11 em São Paulo (Via Funchal). Outra atração confirmada é o Friendly Fires, que vem para a segunda edição do Popload Gig. Importados para o solo brasileiro pelo guru do indie rock Lúcio Ribeiro, o FF toca no Rio de Janeiro e em São Paulo, ainda sem datas divulgadas. Quem também voltar para o clima tropical é o o Little Joy, que se apresenta no eixo RJ-SP nos dias 14 e 15 de agosto.

Quanto às especulações, Passion Pit está prometido para um grande festival – que não é o Popload Gig – mas poucas informações foram divulgadas. Quem também está quse confirmado é o ACDC. A provável tour pela América Latina já teria datas em vias de serem acertadas em Buenos Aires (no Estádio do Boca), em Porto Alegre (no dia 28 de novembro) e em algum grande estádio de São Paulo.

neWs

let there be rock!

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e._calendário de shows 2009/2, beck record

club, myspace, volta do hole, mj

Hannah W

ebster

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__GIGANTE DIGITAL | O estúdio independente Gigan-tic Group recorreu à inter-net para exibir produções que antes passavam longe dos olhos do grande público. O projeto giganticdigital.com pretende expandir o alcance dos filmes independentes e dar mais visibilidade para di-retores do gênero. As produ-ções vão ser disponibilizadas online através de um “ingres-so virtual” de US$2,99. Por enquanto, o serviço só está disponível para os Estados Unidos, mas no Brasil é pos-sível assistir a trailers, curtas e mini-documentários - sem pagar nada.

__MYSPACE MAL DAS PERNAS | O MySpace Brasil pode fechar suas portas em breve. A filial brasileira está “sob análise para possível reestruturação”, o que pode significar o seu fechamento. Em comunicado oficial divul-gado pela matriz nos Estados Unidos, o MySpace propõe uma reforma internacional no quadro de funcionários. A decisão já foi tomada pela corporação, e 300 dos 450 funcionários fora dos EUA serão demitidos. A previsão é de que pelo menos qua-tro escritórios estrangeiros encerrem suas atividades em breve – e entre eles pode es-tar o Brasil.

__O CLUBE DO DISCO | Beck está com um projeto ambicioso nas mãos: regra-var álbuns clássicos em ver-sões revisitadas. Ele recrutou alguns amigos para a emprei-tada de gravar, em apenas um dia, o clássico Velvet Under-ground and Nico, aquele da banana de Andy Warhol. O Record Club, como foi batizado o projeto, come-çou a pipocar no site oficial do músico. Os resultados da

_ouca agora´

_Beardo - Self Tittled :: Dead Kennedys - Fresh Fruits For Rotten Vegetables :: Elliott Smith - Either/Or :: Grand Funk - Survival :: Neil Young - On the Beach

regravação do clássico de Lou Reed e John Cale podem ser conferidos e valem cada segundo. Versões para “Fem-me Fatale”, “I`m waiting for my man”, “Sunday morning” e “Venus in furs” já estavam disponíveis online quando fe-chamos esta edição. Ficamos ansiosos pelo resto.

ON THE ROAD | comunidade nin-jitsu

Reprodução

Divulgação

Arte

Div

ulga

cão 5 Discos Para Se Ouvir Na Estrada:

_Buraka Som Sistema - Black Diamond_Jimi Hendrix - Cry of Love_V.A. - The Best of Sugarhill Records_Major Lazer - Guns don’t kill people, Lazers do_N.A.S.A. - The Spirit of Appolo

_Melhor coisa de sair em turnê com a CNJMostrar aos gringos que existe uma banda de rock gaú-cha que toca baile-funk misturado. _Melhor comida e bebida de turnêCoisas típicas como polvo e bacalhau. E cerveja, sempre, em qualquer lugar. Em Portugal a Super Bock Abadia e na Espanha a Mahou são boas pra qualquer hora do dia.

noize.com.br11

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__PARCERIA DE PESO |Parece que a parceria entre Josh Homme (Queens of the Stone Age), Dave Grohl (Foo Fighters) e John Paul Jones (Led Zeppelin) vai mesmo sair. Eles entraram em estú-dio para gravar um “álbum secreto”. Quem garante é Brody Dalle, esposa de Hom-me. “Não posso falar, mas acho que o projeto é bom demais. Só beats e sons que você nunca escutou antes”.

__HOLE IS BACK | Cour-tney Love vai ressuscitar o Hole para lançar Nobody’s Daughter. O disco é o se-gundo projeto solo da can-tora. Ainda não é certo se os integrantes originais vão voltar. Micko Larkin assume a guitarra principal, no lugar de Eric Erlandson. Melissa Auf Der Maur vai para os backing vocals – e pode voltar ao posto de baixista.

__A VOLTA ABORTADA DOS BEATLES | Não é só o game Rock Band que simboliza a quase-volta dos FabFour. Uma nova biografia de Paul McCartney chamada A life assegura que McCart-ney tinha vontade de reunir os Beatles e chegou a visitar John Lennon durante as gra-

__BIZARRICES SOBRE MICHAEL | Michael ainda não foi enterrado, está sem cérebro e em uma cripta emprestada. Seu velório custou mais de um milhão de dólares e quase quebrou os cofres de LA. 12 de seus fãs se suicidaram após a notícia de sua morte. No Ebay leilões de torradas com a cara do cantor ou salgadinhos Cheetos que fazem o moonwalk não param de aparecer. Um fantasma já apareceu em Neverland. Mr. Jackson foi um dos candidatos independentes mais votados nas elei-ções legislativas e locais realizadas no México. Ele também ga-nhou a honra de sua réplica substituir a tradicional estátua de manteiga em formato de vaca em uma feira agrícola dos EUA. Uma cratera da lua foi batizada com o nome do cantor, entre outras coisas muito estranhas... (Leia online e clique nas frases).

NEWS

vações de um de seus primei-ros discos solo. De acordo com depoimentos de uma ex de Lennon, ele havia comen-tado a possibilidade de um show do quarteto em 1974. Então separado de Yoko Ono, Lennon acabou nunca tocan-do com os Beatles depois de Paul ajudar a reunir o casal.

Reprodução

Divulgação

Divulgação

Divulgação

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Origem:Estocolmo, Suécia

Som:Os australianos do

Dubbly devem agradar fãs do pop rock praiei-

ro. Não é nenhum Sublime, mas tem competência e garante uma

boa brisa.

Escute:Rescue, Herbalize, Day by Day

myspace.com/dubblystyles

Origem:Londres, Inglaterra

Som:Florence é a vocalista e diz que faz um tipo

de som que Kate Bush faria se tivesse

crescido trancada numa jaula cheia de cobras no porão de uma

funerária. Mas é bem mais leve que isso.

Escute:Rabbit Heart, Are You Hurting The One You Love

myspace.com/florecenseandthemachinemusic

Origem:Porto Alegre, BRA

Som:Belas letras e arranjos que vão além do que se espera do batido

rock gaúcho. Piano e gaita se misturam a boas guitarras e um vocal

poderoso. Rock que salva vidas.

Escute:Verão, Tardes Frias, Visconde IImyspace.com/valentinosvalentinos

O que se pode esperar de um trio de ingleses que intitula o próprio som como “love music”? E se além da des-crição melosa, acrescentarmos a total ausência de guitarras e letras repletas de frases de amor? Ao contrário do que parece às expectativas, corresponde uma das bandas mais quentes deste ano. Alexis Nunez, Ben Moorhouse e Gwi-lym Gold são o Golden Silvers e juntos fazem com uma bateria, um baixo e um teclado um som cheio de referências às melhores décadas do rock. “A banda é assim por causa das pessoas envolvidas. Eu tocava teclado, e nós não sentimos que precisávamos de um guitarrista”, explica Gold. E eles não precisavam mesmo. Espécie de indie-disco-pop-syn-th-glam-rock (ufa) que foge a definições (ou ao menos as torna bem difíceis), a banda foi a vencedora do New Talent Competition de 2008 - evento que

ocorre dentro do festival Glastonbury. “Não sei se podemos dizer uma influ-ência definitiva. São todas coisas muito diferentes, de Beach Boys a Radiohead, Outkast ou Bob Dylan”. A carreira me-teórica fez com que já em 2009 o ál-bum de estréia, intitulado True Romance fosse um dos discos indispensáveis para se ter a tocar nos fones. Com suas le-tras românticas e seu som retrô quase hipnótico, o Golden Silvers só quer ser amado. Escute: A excelente faixa que deu tí-tulo ao primeiro disco dos caras “True nº9 Blues (True Romance)” tem um clipe retrô que combina perfeitamen-te com a estética da banda. “Arrows of Eros” tem uma pegada eletro e mostra todo o poder dos teclados de Gwilym Gold. “Locked up my Head” segue nas letras de amor, mas mantém o ritmo perfeito para as pistas.

bandas que vocenao conhece mas deveria conhecer_

golden silvers

Divulgação

DubbLy

Florence & the Machine

ValentinoS

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Origem:Montreal, Canadá

Som:Indie rock leve e

embalado pela voz doce da vocalista Eli-

zabeth Powell. Músicas perfeitas para quem cansou um pouco do hype pra dançar e só quer curtir um bom momento.

Escute:It’s Ok, Some Are Lakes, Summer Special

myspace.com/landoftalk

Origem:Brighton, Inglaterra

Som:O TGOAT é mais

um agrupamento de ingleses com bases no sol californiano.

Hardcore melódico e berros, como a Epitaph e a Fat Wreck gostam.

Escute:Click Click Click, Rain e Things Are What You Make

myspace.com/theghostofathousand

Origem:Los Angeles, EUA

Som:Melodias indie,

vocal feminino, bases modernas e climão

shoegaze. Um cruza-mento interessante entre My Bloody Valentine

e Smashing Pumpkins.

Escute:Lazy eye, There’s no secrets this year

myspace.com/silversunpickups

Para Rômulo Fróes, nada do que se fez depois do Tropicalismo touxe novidade para a música brasileira, e talvez nada mais venha a trazer. Ironicamente ele tem sido apontado como um dos no-mes da vez na MPB, e muito disso se deve à maneira como experimenta com diferentes elementos, inclusive eletrô-nicos, sobre sua música. “Escolhi para mim o papel de tentar desvendar novos caminhos à música brasileira”, explica. Essa busca implicou na expansão dos limites de suas canções para além do samba que carimbou seus dois primei-ros discos, acentuando a influência do rock contemporâneo, dos metais que trazem a inevitável lembrança de Los Hermanos (se bem que o pierrô dos cariocas é apaixonado e o de Fróes é lunático) e de um ar vanguardista imune a qualquer chatice emepebística. Está mais para a vanguarda sarrista de

rômulo fróes“Mutantes e Seus Cometas no País dos Baurets”, cujo andamento tem muito a ver com “Esse aí”, uma entre as 33 boas faixas de No Chão Sem o Chão. Sim, o prolixo Fróes lançou em 2009 um ál-bum duplo dividido em momentos com títulos distintos: Cala boca já morreu e Saiba ficar quieto, concordantes mais com o clima melancólico do que com os momentos de psicodelia roqueira.Escute: A linda e sutil “Astronauta”. “Deserto vermelho” e “Peraí”, que mostram como o fuzz pode acompa-nhar muito bem a poética da MPB. E o próprio Rômulo recomenda “Para fazer sucesso”: “É uma das músicas do disco novo feitas em parceria com os caras da banda, neste caso o Guilherme, que são músicos infinitamente melhores do que eu. Também gosto muito da letra do Nuno, que brinca com esse mistério do que é preciso para fazer sucesso”.

bandas que vocenao conhece mas deveria conhecer_

Divulgação

ThE ghOST Of A ThOuSAnD

SILvER SunpIckupS

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_Você não precisa gostar – ou conhecer – o trabalho do japonês Sour para curtir a idéia genial e internética que os caras tiveram para este clipe. Webcams de fãs em todo o mundo conversando em um quebra-cabeças que não cessa em surpeender.

Tags: sour hibi no neiro

sour - hibi no neiro

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mp3

_labs.ideeinc.com/multicolrEscolha de uma a 14 cores e este site filtra as

mais belas fotos do flickr em que predominem as cores escolhidas.

_theonion.comEis um site de notícias tão engraçado que torna os acontecimentos (quase) inacreditáveis. Visite e

tire suas próprias conclusões.

_O ar de nostalgia que impera em Como num filme sem um fim, recente lançamento dos gaúchos da Pública, ganha uma bela produção por parte da Baixada Nacional Filmes, que também dirigiu o documentário que acompanha o disco.

Tags: publica casa abandonada

pública - casa abandonada

_Na onda da interação entre quadro e atuação do Sour, o  Franz Ferdinand fez um vídeo bacana para seu indie com pitadas de funkarioca de “Can’t stop feeling”, em que os movimentos dos músicos dialogam criativamente com o quadro.

Tags: can’t stop feeling video

franz ferdinand

Crying Lightning | Arctic Monkeys Está rolando na rede o primeiro singles de

Humbug, próximo disco dos macacos que sai em agosto.

She wolf | Shakira Shakira está de volta, malvada e tirando a loba

do armário.

tinyurl.com/alexjamescocaDocumentário interessante em que Alex James,

baixista do Blur, vai à Colômbia conhecer o background de seu antigo vício, a cocaína.

tinyurl.com/j5demosEscute raridades do Jackson 5 antes de eles serem

revelados para o mundo.

tinyurl.com/pingwireApenas um site que reúne os milhões de fotos

postadas no twitter diariamente, sem nenhuma relação entre elas.

tiny urls

bloc party how to moonwalk stillness is the move dirty projectors Keyboard Cat true internet storyeternal moonwalk foo fighters wheels beggars bowl polvo diplo major lazers

bjsr play lilly allen id magazine pullovers 1932 michael jackson ghostwalksx brüno 2012 Megan Fox Toe pixo

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move that jukeboxm

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hatju

keb

ox.c

om_white stripes, jacko, dj hero,

radical face

__AURORA DOS WHITE | Fãs de White Stripes sedentos por disco novo em breve poderão acabar com um pouco da ansiedade. Jack e Meg estão para lançar um documentário que narra a longa turnê do duo no Canadá, dos shows em pequenos clubes até as gran-des casas de espetáculos – incluindo o menor show da história da música. A produção terá o nome de “Under Gre-at Northern Lights” e estreará dia 19 de setembro, no Festival Toronto.

__PRESOS A JACKO | Após faze-rem um grande sucesso no YouTube em 2007 com a coreografia de “Thril-ler”, que obteve mais de um milhão de acessos em uma semana, os detentos da penitenciária da província de Cebu, nas Filipinas, lançaram mais uma homena-gem o rei do pop. No vídeo, 1500 deles dançam as músicas “Ben”, “I’ll Be There” e “We Are The World”, tudo perfeita-mente ensaiado. Imagine se alguém ten-tasse algo parecido no Brasil...

__DJ HERO | Foram divulgadas mais faixas que estarão presentes no próxi-mo game da famosa série musical da Activision, que se chamará “DJ Hero”. O jogo apresentará pick-ups ao invés da famosa guitarra com botões coloridos. Entre o setlist do game encontram-se mash ups incluindo Foo Fighters e Be-astie Boys, Marvin Gaye e Gorillaz e até Justice misturado com Dizzee Rascal. As mixagens foram feitas por nomes como DJ Shadow e Daft Punk, que com todacerteza garantem a qualidade do game e um pouco de inovação para quem já cansou de gastar os dedos na “guitarra”.

_O Equivalente Americano do Sigur Rós

Radical Face é o pseudônimo de Ben Cooper responsável pela assinatura de

Ghost, seu primeiro trabalho solo. Ben in-veste em melodias simples, configuradas

sobre notas de piano e de violões acústi-cos, mas as cartas que tem na manga emolduram os diferenciais dos “folk-

ers” de mainstream.  As surpresas são instrumentos de percussão e violinos,

que fazem “Let The River In” soar como um hino nacional. Aqui, até a sutileza do

xilofone merece atenção. As pequenas orquestras que surgem remetem à obra do Sigur Rós, já que as vozes de Cooper

e Jónsi soam bem próximas.Mesmo assim, o que mais surpreende

em Ghost é o conceito: as composições contam histórias de casas antigas, usando

o que, para Cooper, seria o ponto-de vista delas mesmas. Independentemente de que substâncias se precise usar para

compor algo assim, a idéia é genial.

__Com a morte de Jacko, quem fica com a coroa do POP?

_Madonna_Justin Timberlake

_Britney Spears_Stefhany

_Lady Gagavote em movethatjukebox.com

__Resultado da Enquete de JunhoQuais foram os melhores

produtores do Arctic Monkeys?_Jim Abbiss e Alan Smyth 39%

_James Ford e Mike Crossey 36%_Josh Homme e James Ford 25%

moving

enquete

Divulgacão

Divulgação

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A Garotas Suecas, na verdade, são muito mais ga-rotos. Irina, a tecladista, é a única garota, e nem sueca é. Ela é do bairro Pompéia, em São Paulo, terra de Mutantes, famílias italianas, pizzarias, botecos, sinucas… Um cenário que pode parecer bem pouco rock’n’roll para um mal entendedor, mas que foi berço do rock nacional e de uma cena expressiva na São Paulo dos anos 70. “Quem mora aqui mesmo sou eu, mas a gente resolveu adotar o bairro, por causa de todas as bandas que gostamos que saíram daqui. Tem muita gente que ainda mora aqui, como o Luiz Carlini, que encontramos esses dias e demos até um vinil nosso.”+1

Meu Brasil brasileiroCom quase cinco anos de banda e dois discos nas

costas (o EP Dinossauros e o CD Difícil de Domar, ambos de 2008), a Garotas Suecas tem um som baseado na san-tíssima trindade black, psicodelia e garagem sessentista.

Com um adicional: música brasileira, daquela boa safra que englobou a Jovem Guarda e a Tropicália. Tantas in-fluências assim podem ser vistas ao longo do trabalho da banda. “O jeito que o Garotas Suecas soa tem muito a ver com as coisas que a gente tem ouvido nesses quatro—em breve, cinco—anos de banda. Quando nós começamos, assumíamos uma cara bem garageira sessentista, raivosa e débil-mental. Ouvíamos e fazíamos versões de Sonics, MC5, Stooges, Motown, Stax, Kinks, Stones… essas coisas. A estética que corresponde a essa sonoridade no Brasil muitas vezes esbarra na Jovem Guarda e na ‘Tropi-tralha’”, conta Sesa, o guitarrista.

A música brasileira entrou cada vez mais para o DNA musical da banda com o passar do tempo. Grande parte disso aconteceu, ironicamente, bem longe das ter-ras descobertas por Cabral. Quando morava nos Estados Unidos, Sesa trabalhava em uma loja de discos chamada

Eles se chamam Garotas Suecas e estão fazendo muito barulho, acredite. Mas em tempos pas-

sados, já foram uma dupla de folk que virou uma banda de cinco caras, que chamou uma garota

para tocar piano, ganhou uns festivais e acabou tocando no Brooklyn, no SXSW, e saindo como

uma das promessas da música na revista Spin. No meio disso também houve uma imersão—em

solo yankee—na tropicália mais puramente brasileira, e depois a conquista, quem sabe até a

redenção, da mistura bem dosada de um rock-funk-soul-groove com pitadas de Jovem Guarda,

Mutantes, Tim Maia, e um pouquinho de Jorge Ben. Tudo isso? É, tudo isso mesmo. Esse resumo

não traduz a metade da efervescência que toma conta desse sexteto paulista, mas é uma boa

introdução para uma banda tão dinâmica quanto a Garotas Suecas.

[+1] Luiz Carlini foi o guitarrista da banda Tutti Frutti. Nascida no início dos anos 1970, no bairro da Pompéia, o Tutti Frutti surgiu ao lado de nomes importantes como Os Mutantes.

garotassuecas

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[+2] O NPR é um portal de notícias com um jornalismo musical

forte e antenado no que está rolando de mais quente lá fora.

O blog da Carrie Brownstein pode ser

acessado por este link http://www.npr.org/blogs/monitormix/

[+3] Em seu blog, a revista destacou a

Garotas Suecas em uma lista de 20 atrações

imperdíveis do mega festival South by

Southwest, que reuniu 2 mil bandas.

http://sxsw.com/

[+4] A Garotas Suecas já estabeleceu

um padrão de qualidade para seus

vídeos. Confere aqui. “Corina”: tinyurl.com/

suecascorina “Difícil de Domar”:

tinyurl.com/suecasdificil “Codinome Dinamite”:

tinyurl.com/suecasdinamite

“Tropicalia in Furs”, na qual o proprietário Joel Stones Oliveira comercializava tudo o que é raridade em música brasileira. Foi nessa época que a Garotas Suecas estava em Nova Iorque para sua primeira turnê internacional, e os integrantes passavam horas na loja, ouvindo das mais reverenciadas às mais desconhecidas bandas brasileiras. Para Sesa, o resultado de toda essa mistura de música brasileira dos anos 60 e 70 com funk, soul e roque psico-délico pode ser definido como “o Sly and The Family Sto-ne sendo banda de apoio do Erasmo na gravação do Carlos, Erasmo de 1971 ou o Jorge Ben e o Luiz Melodia tocando com a Betty Davis”.

Terras EstrangeirasA passagem da banda pelos Estados Unidos ren-

deu muito mais frutos do que uma sonoridade bem esta-belecida e horas passadas em lojas de discos. Os seis ami-gos chamaram a atenção da imprensa musical lá de fora e foram citados—e muito bem recomendados—pelo blog da jornalista Carrie Brownstein, da NPR+2, na Time Out, no NY Times e na Lista da Spin para as 20 melhores atra-ções do SXSW+3. Entre nomes como DEVO e PJ Harvey, a Garotas Suecas foi classificada como “atração imper-dível” do festival. Junto aos elogios veio também uma agente em terras internacionais, e logo, mais uma turnê. “Conhecemos nossa booking agent assim, um amigo dela foi ao nosso primeiro show em julho, e acabou indo em todos os outros, então falou da gente para ela”, relembra Irina.

Fora isso, os dias de turnê americana trouxeram muitas histórias e um dos clipes mais conhecido da Garo-tas, da música “Codinome Dinamite”+4, filmado em meio a uma Nova Iorque pulsante, em pleno ano novo chinês. “Alugamos uma van e dirigimos de uma cidade pra outra, às vezes por oito horas seguidas. Rolou muita estrada, muito posto de gasolina e muito fast food”, conta Irina. Quando não estavam ocupados chegando famintos às cidades dos shows meia hora antes de subir no palco, ou enfrentando nevascas e carregando instrumento a -10°C em Roches-ter, ou a 40°C pelas ruas e metrôs de Nova Iorque, a banda aproveitava para fortalecer sua identidade. “Passar o dia inteiro junto por vinte dias, ouvindo música junto, falando de música, cantando… acho que é rico pra qualquer banda” diz Irina.

Apesar de muito cultuada como uma banda que “estourou no exterior”, a Garotas Suecas se defende: fi-zeram praticamente o mesmo número de shows dentro e fora do Brasil. Thomaz explica que os shows no Brasil

são, na verdade, bem maiores do que os dos Estados Uni-dos. Entretanto um show lá pode significar um review que vai acabar gerando frutos, como os que surgiram do NY Times ou da Spin. Para eles, não adianta nada viajar sem ter para onde voltar. A cada viagem para fora do país, construir um som mais brasileiro. É assim que a banda justifica a aparente ausência no cenário nacional, que vem sendo muito bem compensada, com shows e destaque na mídia.

Pelo independente, contra a maré do hype Um som cada vez mais brasileiro, mas sempre

mutante (como a banda que tanto os inspira) e longe de uma cena hype-independente que muitas vezes desagra-da a Garotas: Irina explica que, ao contrário de muitos artistas que consolidam vários projetos paralelos, a Ga-rotas Suecas não segmenta suas influências. Ao invés de conciliar cinco projetos diferentes, de folk pop até guitar rock, a banda prefere trazer essa mistura musical para as referências do grupo. Eles buscam crescer musical-mente como banda, mesmo que isso envolva mudar um pouco—ou muito—a sonoridade. Para a tecladista, cada um dos EPs da Garotas Suecas tem a cara de uma fase muito especifica da banda, como uma fotografia daquele momento. O primeiro é mais garagem, o segundo mais psicodélico, o terceiro mais brasileiro, mais funk. “Não temos medo de experimentar, nossa identidade ainda está em formação, e quando estiver formada, vamos ouvir coisas novas, mudar de novo”.

Enquanto o hype inunda a cena de bandas vazias tanto de forma quanto de conteúdo, a Garotas Suecas insiste em nadar contra a maré. Seja no som original em tempos de overdoses de folk e guitarras simples, ou no nome um tanto quanto peculiar para uma banda de rock, a Garotas insiste em pulsar em um ritmo diferente. Aliás, você achou que não falaríamos do nome? Erótico para alguns, curioso para outros, a cada entrevista uma expli-cação. Já foi dito que existiram garotas realmente suecas na USP e que depois de sua partida, a banda tomou o lu-gar das originais. Ou que eram três suecas que inspiraram uma canção de acasalamento chamada “Swedish Girls”. Mas, para a NOIZE, eles disseram que o nome surgiu durante uma visita a uma mãe de santo de ascendência sueca, que havia sido criada dentro do candomblé. Agora sim está explicada toda essa mistura com gosto de Brasil.

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[+1] Protocolo descentralizado de troca de arquivos, em que os hospedeiros são os próprios usuários e os sites apenas hospedam arquivos encarregados de estabelecer estas ligações.

[+2] Record Industry Association of America, grupo que assume a representação da indústria fonográfica nos EUA.

[+3] Americana condenada em junho a pagar US$ 1,9 milhões.

Em seus últimos momentos como proprietário do polêmico site Pirate Bay, um dos mais famosos repositórios de arquivos BitTorrent+1 da internet, o sueco Peter Sunde passou pelo Brasil em junho como palestrante do Fórum Internacional do Software Livre, em Porto Alegre. Foi com certa ironia que lemos, dias depois, a notícia de que o Pirate Bay fora vendido para uma companhia sueca que pretende mudar o modelo de negócios e passar a pagar direitos autorais pelos discos, filmes e softwares baixados a partir do portal. O Peter Sunde que veio ao Fisl parecia tranquilo e foi enfático ao afirmar que o PB não revertia lucro aos seus fundadores.

Os novos proprietários do Pirate Bay desembolsaram quase US$ 8 milhões na transação e já comentam que

a nova gestão visará à extinção de conteúdo ilegal no site. Postura oposta à de seus idealizadores, como fica evidente na entrevista a seguir, em que Sunde conta precisamente por que não acredita em direitos autorais, mas no retorno do dinheiro para artistas e indústria por meio de meios alternativos.

A RIAA+2 processou e ganhou uma batalha em que uma mãe de 4 filhas terá de pagar milhões. O que se tira dessa situação?É a hora de usar isso pra mostrar os valores da RIAA. A intenção deles é fazer dinheiro, e só. Eles não se importam com cultura, com a sociedade. E Jamie Thomas+3 foi a única de 35 mil pessoas que se recusou a fazer um acordo. Os outros 34.999 decidiram fazer acordo e

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pagaram entre US$ 3 e 5 mil em média, é algo como US$ 104 milhões pagos em danos por músicas baixadas. Isso mostra que eles estão processando as pessoas para ganhar dinheiro, não querem que elas parem de baixar músicas, por que eles ganham bem mais dinheiro nisso do que pelas vendas de discos. Não resolve problema algum.

Quando vocês começaram o Pirate Bay, pensavam na indústria fonográfica e nessas posições que têm de defender agora?Não, acho que essa é uma das características comuns dos membros do Pirate Bay. Nós não nos importamos, nem pensamos, nem conversamos muito sobre a indústria da música. Não temos nada a ver com eles. O PB é apenas uma rede para troca de arquivos e a gente não pode nem quer saber o que as pessoas compartilham. Mas quando começaram a mexer com a gente, não podíamos simplesmente recuar. Eu adoraria dizer que a gente pensou em tudo desde o início, mas nunca imaginei que seríamos tão grandes e isso teria essas consequências

O PB é uma organização sem fins lucrativos, mas existem muitos anúncios no site. Para onde vai esse dinheiro?A gente não lucra com o PB. O dinheiro que vem de lá tem um fim lá mesmo. Quanto menos precisamos de doações, menos pedimos doações. O dinheiro dos anúncios paga os gastos com banda, servidor. Quando tem dinheiro sobrando, iniciamos novos projetos+4, como o site de blogs BayWords, um site de hospedagem de imagens, projetos paralelos com as mesmas idéias e valores que o Pirate Bay.

Se nem vocês fazem dinheiro, como as bandas ganhariam?Há diversos artigos mostrando que quanto mais as pessoas compartilham sua música, mais dinheiro você

faz+5. O problema não é que se compartilhe música, mas que as gravadoras não querem achar um novo modelo de negócios. A gente tem tentado fazer isso com o Playbl, mas é muito difícil trabalhar junto às majors, elas não querem trabalhar com a gente, elas não querem trabalhar com ninguém. Eu acho que se eles não se abrirem e começarem a buscar alternativas, vão acabar desaparecendo. Algumas vezes eu penso que adoraria que eles desaparecessem, mas acho que eles são necessários para ajudar as bandas a fazer contatos. Mas têm que mudar esse modelo de serem a grande companhia que apenas pega todo o dinheiro do artista e passar a ser aquela que encontra fãs para os seus artistas, voltando para o que as gravadoras faziam bem no início.

Comenta-se que o p2p vai ser substituído por tecnologias de streaming e que algum dia as pessoas vão parar de baixar conteúdo da internet...Eu vou falar algo que pode parecer engraçado, mas a internet não é assim tão binária, não existe “sim” ou “não”. Acho que o streaming pode ser um complemento para o p2p. Se você implementar o streaming muito bem, a maioria das redes de p2p vão acabar. Mas a idéia das redes p2p não é de ser enormes e ter todos os usuários, então enquanto o p2p for usado e necessário para o que ele é forte, ele vai existir. Existem ótimos serviços de streaming, como o Spotify, uso para a maioria da música que escuto, mas eles apenas complementam a tecnologia p2p. Eu acho que algo intermediário seria a peça perfeita.

Em termos de negócio, as gravadoras ainda são necessárias?Eu acho que as gravadoras são necessárias principalmente para a música muito comercial, como a Britney Spears. O que eles fazem basicamente é criar produtos, eles não fazem cultura, fazem produtos que possam ser colocados

nos nao nos importamos, nem pensamos, nem

quando comecaram a mexer com a gente,

[+4] baywords.combayimg.com

[+5] tinyurl.com/fleetp2ptinyurl.com/EMIepiratariatinyurl.com/p2pmanifesto

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numa caixinha e vendidos. Se sua intenção é vender um produto, eles são necessários. Mas se você está ligado em cultura, aí eles estão arruinando tudo em vez de ajudar.

E você acha que eles podem incorporar as tecnologias que vocês desenvolvem?Eles poderiam se eles quisessem. Mas eles estão tão... eu costumo comparar as gravadoras de hoje com crianças de sete anos que vão a uma loja e querem um doce, e seu pai diz não, e elas se jogam no chão gritando “eu quero, eu quero”. Eles estão acostumados com seu pai lhe dando, mas agora o pai parou de dar o que eles querem.

E como outras grandes indústrias, como a cinematográfica, se comportam diante disso?Eles fazem mais dinheiro disso. E eu não consigo entender por que uma indústria gostaria de ganhar menos dinheiro. Só se eles querem ter mais poder nas mãos do que dinheiro, e eles provavelmente pensem que isso é mais importante.

Você acredita em conteúdo pago?Bem, sim... Muitas pessoas acreditam que só somos a favor dessa coisa de anúncios liberados e conteúdo de graça. Nós não nos preocupamos se algo custa dinheiro para ser conseguido desde que você pague pelo serviço que te entrega o material. Conteúdo deveria ser sempre de graça, mas se você quer cobrar por ele, sinta-se à vontade, eu não acho que vá funcionar. Se o iTunes removesse o DRM e estivesse disponível em todos os países, sem restrições, e cobrasse apenas pelo acesso às músicas em vez de por cada música individual, eu não teria nada contra. Eles forneceriam o serviço para as pessoas, o que seria bom para elas. O serviço é a única coisa pela qual você pode cobrar, você não pode mais cobrar por conteúdo, esse tempo acabou. Mesmo que você tente dizer que conteúdo tem um preço, você está

errado. Foi uma decisão coletiva, de que o conteúdo deveria ser de graça, e você não pode mais mudar isso. É como querer dizer que a cor azul é ruim, devemos bani-la. Você pode tentar de todas as formas, mas semprer haverá algo azul em algum lugar.

E o compartilhamento de arquivos beneficia as bandas?Definitivamente, e se você ver o livro A Cauda Longa, de Chris Anderson+6, mostra exatamente esse efeito, se você ver as vendas da Amazon, mostra exatamente esse efeito. A indústria da música ao vivo na Suécia cresceu muito nos últimos três anos, o que provavelmente tem a ver com o compartilhamento de arquivos na internet como um todo. Alguns dos artistas que tinham muitos shows agora fazem menos, porque há mais participação. O que não é ruim de maneira alguma, porque há também mais espaços para show.

Paul McCartney declarou estar contente com o processo em cima do Pirate Bay...Eu acho que grande parte da preocupação dele com a causa é que ele já não excursiona muito, está bem velho, não faz música nova+7 e todo mundo já tem sua música. Ele prefere a ideia de as pessoas comprarem sua música toda de novo, porque assim ele ganha bem mais dinheiro. E o preço só aumenta. Bandas velhas, dos anos 1980, são os mais preocupados, porque estão acostumados a ganhar dinheiro vendendo suas músicas em coletâneas de hits. Mas os novos músicos certamente fazem mais dinheiro na internet, eles se constroem na internet, não seriam nada sem ela. Se quem vem da velha mídia não mudar seus hábitos, ficará de fora da nova mídia. Você deve abraçá-la, não enfrentá-la, e esta é a única maneira de sobreviver hoje. Existem gravadoras na Suécia que colocam todo seu acervo para download na internet, inclusive no Pirate Bay. E é assim que eles ganham dinheiro.

conversamos sobre a indUstria da mUsica.

nos nao podiamos simplesmente recuar.

[+6] A Cauda Longa é uma teoria que profetiza o aumento dos mercados de nicho e uma diminuição dos mercados de hits. Ou seja, muitos nichos dentro dos quais certos produtos ou pessoas se dão bem, em vez de apenas poucos nichos dominados sempre pelos mesmos gigantes.

[+7] Na verdade, McCartney segue lançando discos. Os últimos foram Memory almost full (2007) e Electric arguments (2008), este sob o projeto The Fireman.

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O Brasil e a imprensa foram inventados quase ao mesmo tempo. Quando o português Cabral esbarrou aqui, fazia meio século que o alemão Gutenberg criara a bisavó das impressoras+1. As primeiras folhas a saírem do novo aparato não foram de jornal, mas de Bíblia. De qualquer maneira, enquanto os europeus aprendiam a es-crever e imprimir pensamentos sobre política, sociedade e artes, por aqui esses elementos eram recém constru-ídos. A música popular no Brasil dá as caras no século XVII, quando os jornais diários engatinhavam no velho mundo. Quer dizer, não se pode esperar que sejamos o país mais rico em termos de imprensa musical. Surpre-endentemente, como aconteceu com a própria canção brasileira, o jornalismo de música se saiu muito bem nes-ses poucos séculos.

Mas o reinado acabou. Hoje há abismos entre o que se publica na internet e o que é impresso diaria-mente nos jornais. Não são apenas os precipícios da ve-locidade e da qualidade da informação disseminada por blogs o que preocupa as grandes empresas da mídia e desconsola os jornalistas. Supridores de uma demanda antes desatendida, os blogs sobre música em especial são o território da riqueza em termos de informação mu-sical. Ainda que haja mais oferta do que qualidade, é só por meio da internet que se consegue acompanhar nosso mundo online. Mesmo havendo espaço para todos, o que não é bom não constitui competição com o jornalismo impresso. E o que é bom assusta porque é também ex-tremamente necessário. Enquanto os velhos veículos de

comunicação não dão conta do virtual, os blogs tornam-se catálogos desse acervo gigantesco, a subjetividade no infinito de objetividades. São filtros orquestrados por autores, e em se tratando de música, a autoralidade é um bem inalienável.

Essa é a idéia que guiou nossa seleção de blogs, a de escolher aqueles que não fossem meros copiadores e coladores, ou preguiçosos reprodutores do hype. O que não quer dizer que não sejam eles quem, muitas vezes sem querer, reforçam os mitos e tendências inventados nesse novo esquema.

OESQUEMA/Alexandre Matias é editor do caderno Link do

jornal Estado de S. Paulo. Bruno Natal é produtor e dire-tor de vídeo+2. Arnaldo Branco é cartunista do site G1 e criador do legendário personagem de HQ Capitão Pre-sença+3 . Gustavo Mini é publicitário e vocalista da banda gaúcha Walverdes+4. Os quatro juntos formam OESQUE-MA/, um dos ajuntamentos de blogs mais legais que já se viu por esses lados da América.

OESQUEMA/ é uma espécie de revista dividida em quatro cadernos, cada um com um editor responsá-vel. É claro, são, na verdade, quatro blogs que já existiam e juntaram-se para estabelecer uma relação de comple-mentação e evitar “a simples linkagem descerebrada e passação de referência adiante que infelizmente é a ativi-dade principal de muitos blogs”, como escreveu Mini em seu Conector. Embora os quatro blogs transitem por

[+1] Gutemberg criou os tipos móveis de metal, que eram milhares de letras fabricadas em chumbo fundido, organizadas para formar as páginas dos documentos posteriormente prensadas nas folhas de papel, como uma impressora primitiva.

[+2] Na Europa saiu recentemente em DVD o documentário sobre dub Dub Echoes, dirigido por Bruno Natal e com pesquisa de Chicodub.Em breve deve ser lançado no Brasil.

[+3] presa.blogger.com.br/

[+4] myspace.com/walverdes

Os bons blogs de música não são todos, mas também não são poucos. É muito nas concordâncias e discordâncias entre seus microcosmos que o

universo musical é traduzido na era da internet.

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universos semelhantes, o Trabalho Sujo de Alexandre Matias, o URBe de Bruno Natal e o Conector são os mais movimentados musicalmente.

É seguro dizer que o universo pop mundial deve um pouco à presença do blog de Matias nos navegadores de internautas brasileiros. Mas por quê? Talvez porque o Sujo, como o próprio autor carinhosamente chama seu “filho”, tenha os melhores filtros. “Encaro o Sujo como um exer-cício de linguagem que vai além do texto, acho que hoje existem formas de passar informação juntando texto, foto e vídeo, tudo ao mesmo tempo”, explica ele. Seu site é, sem dúvida, um produto desse conjunto. Além de boas seleções e indicações de vídeos e de notícias e sugestões em pri-meira mão, coroam o dia-a-dia do Sujo o tradicional post “4:20” que, explicações à parte, traz sempre humor em uma imagem ou gif animado auto-explicativo. Achar graça ou não às vezes depende de compreender o significado que a tal hora tem no imaginário universal.

Outra coisa bacana são as coletâneas de música que tanto o Trabalho Sujo quanto o URBe disponibilizam, algo inimaginável nos tempos de jornal impresso. Bruno Natal, por exemplo, postou em julho links para downlo-ad de dois CD-Rs gravados por Thom Yorke e “esqueci-dos” quando o Radiohead passou pelo país, em março. As seleções musicais deveriam ser tocadas enquanto as massas adentravam os shows dos ingleses na turnê de In Rainbows e, depois de caírem misteriosamente no colo de Natal, passaram a tocar também nos fones de ouvido dos frequentadores do URBe. Benfeitorias como essa são comuns nos bons blogs brasileiros e internacionais. Pena que, como lembra Natal, “o URBe não é um emprego, então o dinheiro tem que vir de algum outro lugar”. E se os bloggers pudessem viver dos blogs?

PoploadPoucos podem, seguindo a velha máxima que vale

para bandas independentes, escritores brasileiros e todo mundo que tem uma atividade de que realmente goste. Contrariar a regra é para poucos. Se os apaixonados por indie rock no Brasil fossem uma caravela, Lúcio Ribeiro seria um dos deuses a soprar a direção da embarcação. Mesmo escrevendo para a Folha de São Paulo, o principal ganha-pão do cara é ser “o blogueiro do Popload”.

O Popload é como um display eletrônico de ae-roporto em que se confirmam e cancelam as vindas de bandas gringas ao país. Mas não é só isso, é claro. Lúcio Ribeiro tem o trabalho com que muitos sonham: viaja o

mundo cobrindo festivais de música, conhecendo gran-des bandas antes de elas se tornarem grandes e encon-trando gente que vai fazer isso por ele quando ele retor-nar para o Brasil.

A receita do abastecimento do Popload, segundo Lúcio, é simples: “Frequento blogs nacionais, internacio-nais, jornais, revistas, rádios, twitter, facebook, youtube, myspace, converso com amigos. O caldo disso tudo me rende um post”. Cada post traz um pouco de expecta-tiva por grandes shows especulados, dicas de uma nova melhor banda do ano e um clima adolescente em suas coberturas de festivais gringos que faz o universo indie rock parecer o lugar mais divertido para se viver.

Move That JukeboxUm dos ilustres concorrentes (e seguidores) do

Popload de Lúcio Ribeiro é um blog formado por gente que sequer entrou na faculdade e ainda tem a chance de decidir, extinta a exigência do diploma, se cursa ou não cursa Jornalismo. Quem já conhece a Noize deve ter lido a seção mensal com boas doses de indie e um pouco do rock consagrado do Move That Jukebox. Poucos sabem que as resenhas de disco, entrevistas e notícias sempre novas que fazem a alegria dos fãs de indie rock são escri-tas por caras como Alex Corrêa e Cédric Fanti quando eles não estão estudando para seu primeiro vestibular.

Se jovens saindo do colégio sabem fazer bloguis-mo musical? “Fomos citados na lista de melhores blogs de música do Skol Beats em 2008, ao lado de Lúcio Ri-beiro e Bruno Natal. Já participamos de ações da Adidas, Nokia e Nike. Ainda em julho estreamos um blog na MTV chamado “Lhamas e Bananas”, para divulgar bandas de to-dos os lugares da América Latina. Estamos lançando uma parceria com a Curve Music+5”, conta Alex, que além de ser um dos principais propulsores do Move, escreve para outro dos sites de blogs mais movimentados e consisten-tes do país, o rraurl.

rraurlNão é Raul, é rraurl. Não é propriamente um blog,

mas um site citado por muitos dos blogueiros de que falamos. E não é o rock – ainda que na atual conjuntu-ra este também frequente suas páginas – o que faz o caldo do rraurl. Se hoje não faltam colaboradores para incrementá-lo, foram Gil Barbara, Gaia Passarelli e Ca-milo Rocha que deram o start na coisa 12 anos atrás. O Bate-Estaca, antiga coluna que virou o blog de Camilo no

[+5] Gravadora inglesa que lança artistas

brasileiros por toda a Europa, estreia um

podcast no Move em breve.

[+] Os citados:Oesquema.com.br/

trabalhosujoOesquema.com.br/urbe

Oesquema.com.br/conector

Oesquema.com.br/mauhumor

Popload.com.brMovethatjukebox.com

Rraurl.com.brDiscopunk.blogspot.com

Innewmusicwetrust.com.brBloodypop.com

Withlasers.blogspot.comScreamyell.com.br

Popup.mus.brSobremusica.com.br

[+] Alguns injustiçados:Tecoapple.com

Whiplash.com.brZonapunk.com.br

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rraurl, é mais dos beats do que do bongô. Segundo ele, as idéias “podem vir de ouvir um DJ, um álbum novo, ler uma notícia no jornal ou em algum portal grande, con-versar com pessoas. Ou ainda de acordar no meio da madrugada para ir no banheiro e visualizar com clareza a influência até então oculta da Máfia russa no eletro-pop britânico. Infelizmente, na maioria das vezes que isso acontece, a sobriedade do dia seguinte mostra que era tudo bobagem”. A seriedade do rraurl faz dele um dos grandes da imprensa de música digital.

Também dedicado ao digitalism, o forte do Disco Punk é disponibilizar mp3 novos para download (em especial da hypada cena eletrônica de fora). Depois de ler um texto em português sobre a última produção de Diplo ou baixar um remix de Steve Aoki e Dj AM, você se depara com um texto em inglês sobre os afro-portugue-ses Buraka Som Sistema. O maximalismo da cena eletrô-nica atual, que concilia baile-funk e rock, é acompanhado de perto, mas o título do blog serve bem para mostrar que o universo de interesse dos autores Gabriel e Isabela Talamini vai além disso.

Pop, “pop” e o jornalismoA busca pelo novo e o resgate do velho, gente

com anos de estrada e gente cujos cinco anos de expe-riência representam um terço de vida. Os blogs compe-tem e se complementam cheios de contrastes. A maneira como são organizados, com o conteúdo mais recente ocupando o topo da página, é metalinguagem, uma vez que boa parte deles se dedicam com afinco ao novo. É o caso do In New Music We Trust, que dá um jeito de fazer, para a seção “Diadia”, uma bela triagem de tudo o que hypeiros de plantão enfiam na rede. A seção “Praou-vir” dá conta de podcasts e mixtapes legais que a turma de 6 bloggers antenados nos anos 2000 pinçam na rede.

Quem quer ler gente nova como a turma do Move pode acessar o Bloody Pop, que segue a linha dominante do indie rock com os afluentes do electro e eventuais inserções do rock alternativo em posts escri-tos aos 20 e poucos anos. E quem quer 10 anos a mais de redação enfumaçada e mais propriedade em textos sobre o novo do Dinosaur Jr. ou o início da carreira de Michael Jackson deve passar pelo Ilustrada no Pop, blog de Thiago Ney e Marco Aurélio Canônico no site da Folha. Ou ainda o With Lasers, um blog bacana na linha do Trabalho Sujo e do URBe, escrito pelo editor da revista de cultura pop Rolling Stone, Paulo Terron. O site

da NOIZE também é lar de blogs pessoais bacanas e um blog de notícias atualizado, o que resulta num equi-líbrio entre o cavocar da nova cultura e um sudosismo saudável pelos bons anos do rock, da música brasileira, do soul. Que bom que tem muita gente do meio impresso se esbaldando no digital.

O Scream & Yell, liderado por Marcelo Cos-ta, une a tosquice visual do jornalismo de revista com a profundidade e a qualidade editorial do... jornalismo de revista. É a prova de que mesmo com a profusão de bandas e mudanças na indústria da música, não é preciso fazer concessões ao que quer que seja para se falar sobre bandas brasileiras e gringas sem preocupação com os as-suntos dominantes. Mas em última instância, o layout das matérias não nega: é um blog sobre música. Falando nisso, há também o Sobremúsica, de Bruno Maia e Bernardo Mortimer, que executa a tarefa árdua de escrever textos relativamente longos colocando produtores-revelação frente a frente ou cobrindo shows do TV on the Radio e do Artbrut no exterior.

Enquanto boa parte dos blogs citados acima pas-saram junho e julho falando da trágica morte do Rei do Pop, o ótimo blog recifense Pop Up! não dedicou uma linha sequer ao rei. “Tenho uma regra: o blog precisa ter conteúdo que só faça sentido ser lido porque fui eu que escrevi. A máxima dessa regra é que é melhor passar um dia sem atualizar do que atualizar com algo que já vai ser lido em todo canto”, explica Bruno Nogueira, cujo jornalismo online é dedicado em grande parte ao cenário independente brasileiro.

É irônico que enquanto os jornais batalham para não afundar, os blogs, que são um veículo de informa-ção inclusive jornalística, ao mesmo tempo (r)evolucio-nem a comunicação e sejam criticados e considerados uma “mídia menor”. Nogueira espera: “Particularmente, eu gostaria de um futuro próximo em que os blogs de música conseguissem ser veículos legítimos. As pessoas convidam Alexandre Matias para palestras e colocam no cartaz “Estado de S. Paulo” e nunca “Trabalho Sujo”. O mesmo acontece comigo”.

Autor da teoria da Cauda Longa, Chris Anderson profetizou: “O século 20 foi dos profissionais, o século 21 será o século onde amadores e profissionais competem”. É natural, então, que aqueles capazes de unir as virtu-des dos dois mundos façam o melhor jornalismo pop do momento.

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A lamase espalhaOs 15 anOs dO nascimentO dO mOvimentO manguebit

Nomes como Chico Science e Fred Zero Qua-tro refletiram sobre uma maneira diferente de enxergar as referências a sua volta e injetaram ânimo novo no cenário musical local com sua mistura de ritmos tradicionais per-nambucanos, como coco, maracatu, ciranda, caboclinho e frevo, com as batidas do funk, rock e hip-hop. A gestação do manguebit é certamente mais complexa do que a re-sumida acima, mas foi mais ou menos assim que um dos mais importantes movimentos culturais brasileiros nasceu. Dos primeiros passos até a consolidação como nova cena musical de Recife, não demoraria muito para que o resto do Brasil tomasse conhecimento de o que os mangueboys e a lama da manguetown seriam capazes.

Invasão pernambucanaEm 1993, depois da recém criada MTV Brasil dar

atenção à novidade que vinha de Recife e de uma matéria da revista Bizz assinada pelo jornalista José Teles+1 falar sobre a cena que se formava na cidade, Zero Quatro e o Mundo Livre S/A—já na ativa desde a metade década de 80—juntaram-se a Science e a recém formada Na-

ção Zumbi em uma excursão para shows em São Paulo e Belo Horizonte. Mesmo antes da partida da “caravana da coragem”, apelido que a viagem ganhou, Teles recorda que o reconhecimento de Chico e de sua banda como expoentes da música do mangue era apenas uma ques-tão de tempo. “Estava claro que eles poderiam ir longe, mas as condições para isso eram muito escassas: faltava estúdio, produtores e dinheiro. Lembro que eles me trou-xeram uma demo, eu fiz uma cópia, mandei para o Arto Lindsay+2 e também dei um toque no Miranda+3, na época na Bizz, que abriu o espaço que ele tinha na revista, o Conexão Brasil, para eu escrever uma matéria sobre os mangueboys. Deve ter sido a primeira publicada fora de Pernambuco”.

O jornalista e escritor Xico Sá, parceiro de Zero Quatro em algumas composições e que cresceu em Re-cife, lembra que, logo depois da primeira turnê no su-deste, percebeu a grandeza que tudo poderia alcançar. “Eu morava em São Paulo há pouco tempo e fui uma espécie de embaixador da turma por aqui. Depois do show da Nação no Aeroanta, as gravadoras começaram a

No início da década de 1990, segundo pesquisa feita pelo Population Crisis Committee, sediado em Washington, Recife ocupava o incômodo posto de quarta pior cidade do mundo para se viver. Situada em um estuário, cortada por rios e pela vegetação alagadiça do mangue, a cidade vivia, na época, em completa estagnação cultural. Em reação a essa total falta de alternativa, um grupo de jovens se mobilizou a fim de que a lama que os cercava não os tragasse.

[+1] O autor lançou, em 2000, o livro Do Frevo ao Manguebeat, que detalha a história musical da capital pernambucana, destacando a grande importância do movimento encabeçado por Chico Science.

[+2] Músico e produtor norte-americano que passou a infância em Recife, onde tocou na banda Contribution. De volta a Nova York no começo dos anos 80, ajudou a formar a cena no wave. Em 2002, produziu o quinto disco Nação Zumbi, que leva o nome da banda, lançado pela Trama.

[+3] Carlos Miranda, jornalista e produtor musical gaúcho que revelou bandas como Raimundos, Skank, O Rappa e Cordel do Fogo Encantado.

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procurá-los e a coisa toda aconteceu. Como amigo, sabia da força do que eles faziam, mas essa resposta imediata me espantou”, lembra.

Nação em estúdioA repercussão da chegada das duas bandas em

São Paulo foi o suficiente para que os ouvidos do centro do país se voltassem para o som que os garotos vindos de Pernambuco haviam criado. Em 1994, Chico Science & Nação Zumbi assinavam contrato com a gravadora Sony Music e, com produção do badalado Liminha, saía Da Lama ao Caos, seu hoje clássico disco de estreia e que completa 15 anos de lançamento em 2009 (uma reedição comemorativa em vinil + CD, em encarte de luxo e com faixas bônus, acaba de sair).

A batida forte dos ritmos regionais misturada às guitarras pesadas de Lúcio Maia e à poesia de Science transformaram a música brasileira. Tales vê o trabalho, ainda hoje, como muito à frente de seu tempo. “Analisan-do musicalmente, de maracatu só havia as alfaias (tambo-res). Chico tinha muito dos brincantes da cultura popular, do pastoril profano, algo que Chacrinha utilizou muito bem. As letras têm tudo a ver com os coquistas e embo-ladores de rua, mas a sonoridade era bem anos 80 e 90, do rock e da música black americana”.

Em poucas semanas, o primeiro registro sonoro de Science ao lado da Nação Zumbi se tornaria a maior novidade musical do país desde a tropicália, mas, como tudo que é novo, não surgiu sem a incompreensão dos que compravam aquela idéia. “O pessoal da Sony acredi-tava que aquela era apenas mais uma onda nova que logo passaria. A proposta inicial deles era de juntar Nação e Mundo Livre e gravar um único disco com as melhores composições de cada banda, o que mais tarde virou até piada entre a gente”, comenta Sá.

À frente dos vocais da banda desde a morte pre-matura de Science em um acidente de carro, em 1997, Jorge Du Peixe também se recorda da visão de muitas pessoas de que aquilo se tratava de uma manifestação efêmera, que em seguida se dissolveria: “Tudo aconteceu de uma maneira despretensiosa, mas a verdade é que nós tínhamos idéias formadas sobre muitas coisas, desde as nossas referências e influências até a postura frente ao público, tudo isso colocado bem claro no manifesto+4”.

Última grande manifestação organizada na música brasileira, uma das marcas do manguebit foi a velocidade com que se espalhou pelo Brasil e pelo mundo, impul-

sionado pela MTV e pelos primeiros passos da internet como plataforma de troca de informação. Ainda em 1995, Chico Science & Nação Zumbi excursionariam pela pri-meira vez na Europa—algo que se repete até hoje—e também se apresentariam no New York’s Central Park SummerStage, em Nova York, ao lado de Gilberto Gil. Du Peixe afirma que a assimilação quase imediata da música daqueles jovens do nordeste brasileiro por pessoas ao redor do planeta coloca o manguebit em igual impor-tância à bossa nova ou à tropicália. “Os momentos são distintos, as ferramentas de divulgação disponíveis há 40 ou 50 anos não eram tantas, mas éramos apenas jovens com a vontade de mostrar nossa identidade sonora e não vejo nenhuma grandiosidade desses outros movimentos para passar por cima do que criamos”.

Mangue 2000Uma década e meia passada do ano em que tudo

aconteceu para os mangueboys, e com sete discos na ba-gagem—incluindo Da Lama ao Caos e Afrociberdelia, ainda com Chico nos vocais—a Nação Zumbi segue como uma das bandas mais respeitadas no país e no exterior. A uto-pia mangue diluiu-se, mas o caminho aberto por Science permitiu que a cena musical de Recife se mantenha até os dias de hoje como uma das mais ativas do país. “Mesmo as bandas que afirmam não estar ligadas a estética criada na época têm consciência de que são resultado desse processo que começou nos anos 1990”, conta Sá. Teles completa: “Não vejo reflexos claros da batida manguebit nas bandas novas da cidade. O que existe é a inspiração na figura de Chico”.

Fora do Brasil a influência também é grande. Além de constante objeto de estudo+5 de pesquisado-res estrangeiros que vão até Recife a fim de conhecer o ambiente e conversar com as pessoas que participaram do surgimento da cena mangue, bandas como Nation Beat+6—que mistura ritmos brasileiros, entre eles o ma-racatu—têm clara inspiração no movimento criado por Science.

No dia 23 deste mês, dentro do Festival de Inverno de Garanhuns, em Pernambuco, a Nação Zumbi subirá ao palco ao lado dos amigos Arnaldo Antunes, Edgar Scandu-ra, Otto, Fred Zero Quatro e B Negão para comemorar os quinze anos do lançamento de Da Lama ao Caos. A for-ça ainda latente da obra que marca o início do manguebit mostra que os caranguejos com cérebro podem até an-dar de lado, mas com os olhos no horizonte a sua frente.

[+4] Em 1992, Fred Zero Quatro

escreveu “Caranguejos com cérebro”, o

primeiro manifesto do movimento, depois encartado na capa de Da Lama ao Caos, mas

que, originalmente tinha o objetivo de ser um

release escrito para uma coletânea que Mundo

Livre S/A. e Chico Science & Nação Zumbi

pretendiam lançar conjuntamente.

[+5] www.myspace.com/nationbeat

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E para combinar com seus headphones verde-limão, que tal esses óculos preza da Evoke? Mas cuidado que os bandidos no Brasil são ligeiros e também não de-moram a aderir ao hype.

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Se pudéssemos apertar o botão de rewind para rever tudo que Michael Jackson transformou em referência, talvez faltasse espaço na revista. Tudo o que o mais jovem e talentoso dos Jacksons tocava virava ouro. Foi ele que reinventou o videoclipe, a dança, a música, o conceito de astro mundial. Michael teve cabelo afro e usou pantalona; ficou branco e usou luva de brilhantes em uma só mão. Usou jaqueta de couro, jaqueta militar com paetê, foi zumbi, usou chapéu, disse que caneleiras de ouro podiam estar na moda, usou couro, cintos, correntes, e ainda por cima fez o moonwalk. Michael Jackson foi muito mais do que o rei do pop. Foi a referência das últimas quatro décadas. É impossível listar aqui tudo que tem um toque de Michael Jackson. Fica apenas a lembrança. Adeus, Jacko.

<< MR.JACKSON

ffw & ReW_michael vive, Toca discos do futuro,

reciclagem

Tem muita coisa que você considera lixo, que, na verdade, pode virar uma peça total-mente diferenciada. Já é até meio clichê falar em reaproveitar roupas e objetos, afinal, o retrô está na moda há muito tempo. Mas, como nós da revista NOIZE acredita-mos em um mundo melhor - e com menos desperdício - vamos compartilhar aqui algumas idéias de “reciclagem hype” retiradas de nossas próprias vidas. Por exemplo, sabe aquela fita VHS das Tartarugas Ninja que você tem perdida ai em uma gaveta? Poxa, ela pode virar uma caixinha legal para guardar qualquer tranqueira, acredite. A gente fez. Parece coisa das aulas de artesanato da Eliana (a dos dedinhos, lembram?), mas a realidade é que quase tudo que está ai atravancando os seus armários pode virar algo novo, bem mais útil e bonito. Vale tudo. Relógio de vinil, reciclagem de mó-veis, usar aquela moldura antiga do espelho da sua avó para pendurar aquele trampo do seu amigo metido a artistão. Reaproveitar é a palavra.

Que o CD está morrendo, todo mundo já sabe. A inevitável morte do formato tão controverso lançou os holofotes – mais uma vez – para cima daquela que é a imortal dentre todas as mídias: o vinil. Cada vez mais bandas, sejam elas novas ou já consagra-das, preferem investir no bolachão. Assim, fica inevitável que o mercado acompanhe essa evolução meio ao contrário, e pense em soluções modernas e inteligentes para nós tocarmos os nossos bons e - quem diria - novos LPs. O Void LP Player é a res-posta do designer Reah Jeong a essa necessidade. Diferente dos grandes e espaçosos toca-discos de antigamente, o novo player é totalmente minimalista, praticamente uma peça decorativa. Mais clean impossível, o Void LP Player é composto por apenas três partes: uma base com o amplificador, um disco móvel que gira sobre a base e uma bolinha vermelha onde está a agulha. Tudo conectado através de um imã. É o toca-discos do futuro.

FFW >> TOCA DISCOS DO FUTURO

rewind

FFW >> VHS/RECICLAGEM

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minha colecao

O Palhaço do Circo Sem Futuro é um álbum inesquecível. Principalmente por causa das letras, que são muito boas. Mas também pela percussão, que como percussionista que sou, aprecio e admiro muito.

Lançado no incendiário 1967, Forever Chan-ges é uma obra prima que vendeu pouco à época. Ainda que tenha atingido o Top 30 londrino, não se trata de um disco tão facilmente assimilável, quanto mais à época. A influência gritante de The Byrds aparece em faixas como “Live and Let Live”. O clima pastoril da orquestrada “Andmoreagain” é também uma amostra de como a psicodelia foi, mais do que uma ingênua empolgação guiada por experiências lisérgicas, um exercício de refinamento harmônico do rock. Lee contou que antevia sua morte quando gravou Forever Changes, e daí vem a letra de uma das melhores faixas da carreira da banda, “The Red Telephone”. O hit “Alone Again Or” é uma das poucas músicas não compostas pelo líder Arthur Lee. Como de praxe entre os grandes nomes do rock, Lee foi uma figura polêmica, reconhecida tanto por liderar uma das principais bandas psicodélicas dos anos 60 quanto por ser um homem violento e desequilibrado.

.: WILLIANS MARQUES_Percussionista do Teatro Mágico

.: LOVE_FOREVER CHANGES (1967)

qualquer coisa

redescoberta

_Estamos todos no avião. Tenho uma certa dificuldade de lidar com este momento. Na verdade, gosto bastante de aviões. Quando estou na minha cama, num dia

calmo, fico pensando sobre o assunto. É assombroso como uma coisa que pesa muito mais que 23 toneladas sai do chão com tanta facilidade.

Algumas pessoas tiram fotos, os lugares estao todos ocupados. Engracado por-que parece um momento especial para os outros. Eu fico mudando de faixa em faixa no mp3 player pra achar um troço bom de escutar. É a PJ Harvey. Escuto uma, mas é demasiadamente angustiante.

Mudo até achar o Peter Doherty. Achei bem bom este disco novo dele. Uma coisa sincera, sem a produção característica de atualmente. Não que não seja produzido. Ele é. Só que é diferente, mais puro, objetivo.

Acho que todo mundo, quando ouve a voz do comandante, fica tentando achar pistas. O cara vai nos levar uns 11 km pra cima. Normal pensar sobre quem é a pessoa que vai executar a tarefa.

No último mês dois aviões caíram. Um saiu do Brasil, inclusive. Eu gosto bastante de aviões, mas tento evitar.

Procedimentos ok, hora de decolar. Estou bêbado, porque é a forma que encon-trei de entrar num avião. Mais do que isso: levo sempre uma vodka, num esquema que bolei e que ninguém me impede de beber a bordo.

O tempo está nublado. Tenho medo de voar. Enfim, vamos lá. Os primeiros 23 minutos são tensos. Muita turbulência, as luzes fraquejando. Já

sai do Doherty e fui pro Bowie. Esta semana mesmo pensei que fazia um tempão que não escutava ele com calma. Não estou calmo, mas diferente de todos outros passagei-ros, me sinto bem.

O servico de bordo começa mas logo é cancelado. No último mês dois aviões caíram. Normal pensar que as coisas podem dar errado.

Os que tiravam fotos com o avião no chão, agora ficam encarando a aeromoça buscando uma expressão de conforto. A real é que estamos muito acima da terra, o tempo fechou e tomara que nada aconteça.

Tu acha que os 228 passageiros que caíram no oceano pensavam que ia dar merda?

Não me entendam errado, avião é um milagre do ser humano. Um marco da inteligência e do talento. Assim como o Hunky Dory, do Bowie.

Dentro de alguns minutos posaremos em São Paulo. Tempo instável, 15 graus. O vôo 1011 chegou sem maiores problemas. Nada deu errado, apesar dos sustos. Gosto muito de aviões, mas como é bom pisar na terra ouvindo Life on Mars.

PEDRO METZ DA PÚBLICA FALA SOBRE...

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T-SHIRT Black Sabbath; CAMISA Acervo Ruth Contreras; BLAZER Acervo Ruth Contreras;

JEANS Colcci

tHe teenaGers

Falar de bandas que começaram como uma brincadeira já é lugar co-mum, bem como contar de outras que, com uma ajudinha da Internet,

tornaram-se coisa séria. Para encarnarem os clichês em definitivo, só fal-tava os The Teenagers, como bons parisienses, serem blasé. Foi exatamen-

te essa a pose que os franceses emprestaram ao Estilo:Música quando passaram por essas bandas em junho.

Fotos: Luiz Alberto Fiebig Jr. (TATU)Assistente de Fotografia: Lucas Tergolina

Direção de Arte e Tratamento: Rafael RochaTexto e Entrevista: Maria Joana Avellar

Produção de Moda: Mely Paredes

Agradecimentos: The Teenagers, OPUS Produtora e Coca Cola Park, Carina, Ruth Contreras, Poof, Felipe Neves.

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O tédio deixado pelo Natal de 2005 inspirou Dorian, Micheal e Quentin a formar o trio. E se quatro anos depois eles visitaram o Brasil com o

rótulo “hype” brilhando em letras neon, muito disso deve-se ao Myspace. Graças ao rápido sucesso de suas gravações amadoras no site, a banda

também se encaixa no grupo de artistas que lançaram o primeiro álbum já com um público considerável. O aguardado debut Battery Check

(2008) apresentou canções bem mais polidas do que nas versões demo e projetou o grupo para além da “rede”.

Hoje, eles se destacam no emaranhado de bandas que misturam rock com eletrônico. Além da qualidade do synthpop, as letras irônicas e sem

pudor ajudam a compor a atmosfera adolescente, e quase tola, que o trio passa, sem a pretensão de fazê-lo. Um bom exemplo está no single Homecoming, que ajudou a atrair as atenções para o Myspace dos caras antes da fama repentina. A letra, em inglês, é falada, não cantada, e narra de forma explícita e quase agressiva o encontro entre um jovem britâ-nico arrogante e uma cheerleader americana apaixonada, de ambos os

pontos de vista.

T-SHIRT Acervo The Teenagers; CAMISA Sommer;

BLAZER Acervo Ruth Contreras; JEANS Acervo The Teenagers

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A história ligada à Internet combina com a aparente simplicidade do nome, “teenagers”, já que a nova geração de adolescentes é cibernética. Assim, o trio torna-se contraditório, como se tudo não passasse de uma espécie de deboche. Questionados se ainda sentem-se entediados, como

no Natal em que nasceu o grupo, a resposta é um indiferente “não”. Quando a pergunta é: e quanto aos adolescentes em geral? A resposta é apenas: “agora eles têm Internet”. Ao mesmo tempo, Quentin afirma sentir falta da época em que ouvia música sem ajuda de computadores. O tom futurista assumido pela banda não acusaria a preferência, nem

tampouco as letras provocantes. Não se engane ao pensar que no idioma original dos músicos elas também funcionariam. Dorian enfatiza que can-

ta em inglês porque “em francês, o resultado soa vergonhoso”.

Em uma passagem única e memorável pelo Brasil, e em um palco exclu-sivo para menores de idade, os amigos de longa data desmontaram sua postura aristocrática para destilar pop grudento e letras impróprias. É impossível dizer se a noite anterior ao show, na qual atacaram de DJs

em uma festa composta por pessoas mais velhas (e num lugar onde sua música toca com freqüência), combinou mais com os três. Os anos que configuram o período da vida chamado de adolescência constituem um intervalo de tempo cada vez mais longo. Quando se trata do público de

uma banda chamada The Teenagers, não poderia ser diferente.

T-SHIRT Sangue Sujo; FRAQUE Acervo Ruth Contreras;

JEANS Colcci

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_cachorro grande, dead weather, dirty projectors, the gossip, regina spektor,

reviews

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Nunca sabe o que se esperar de Regina Spektor. A moça surpreendeu positivamente em seus últimos álbuns, Chemo Limo e Begin

to Hope. No entanto, a experiência musical em Far deixa os trabalhos anteriores muito para trás. As letras elaboradas, com referências cons-tantes a judaísmo, literatura, pós-modernidade, amor e morte, fundem-se perfeitamente aos pianos oscilantes entre alegres staccatos e melan-cólicos noturnos. O resultado da coerência entre letra e música pode ser visto em todo o disco, mas três faixas são marcantes: a querida “Folding Chair”, com discreta levada reggae e com direito a imitação de golfinhos; “Machine”, tributo claro ao The Man-Machine do Kraftwerk e “Eet”, single que ganhou um videoclipe lindo com a direção de Adria Petty, parceira de longa data da moscovita. Fernanda Grabauska

A ironia do título Music for Men escorre para o conteúdo das letras românticas – todas da líder feminista, lésbica, modelo, gordinha e

diva Beth Ditto – e antecipa um pouco do que álbum reserva. Trata-se, aparentemente, de uma faixa única. 42 minutos uniformes, mas com ótimos momentos, como em “8th Wonder”, “Pop goes the world” e “Men in Love”. O trabalho não se diferencia de forma significativa dos anteriores, e a atomosfera oitentista e o vocal permanecem as me-lhores qualidades da banda. Repetindo as velhas fórmulas, The Gossip conseguiu fazer um bom CD, mas não é certo que conseguirá fugir do estigma “banda de um hit só” deixado pela estonteante “Standing in The Way of Control”. Resta, agora, aguardar os próximos remixes. Maria Joana Avellar

the GoSSiPMusic For Men

Pra quem curtiu o disco que o Animal Col-lective lançou no início do ano, Bitte Orca é de execução obrigatória. Em seu novo álbum,

o Dirty Projectors reavalia o conceito de experimentalismo e trans-forma o indie rock que fazia em um som mais eletrônico, mas sem perder suas raízes. O clímax das gravações se dá com as novas vozes que apareceram na banda de Dave Longstreth, as de Amber Coffman e Angel Deradoorian, nomes por trás dos duetos femininos mais im-pecáveis que você ouvirá em 2009. Em apenas nove faixas, Bitte Orca encontra rock, electro, afro-beat, R&B, um quarteto de cordas maravi-lhoso e a essência roubada dos musicais da Disney. Em destaque estão “Cannibal Resource”, “Stillness is the Move”, “Two Doves” e “Useful Chamber”. Ouça já. Alex Correa

DirtY ProJectorSBitte Orca

Na primeira audição, o pensamento que sur-ge é: “será isso coisa de Jack White?”. Sim, é. Mas Como o White Stripes e o Raconteurs,

o Dead Weather não é uma banda de apoio. Nos vocais está Alison Mosshart, do Kills. Os parceiros de Raconteurs Dean Fertita (QOT-SA) e Jack Lawrence (Greenhornes) assumem as guitarras, teclados e baixo. Curiosamente, o líder do White Stripes aqui toca bateria. Em Horehound, há um blues-rock que evoca White, mas a presença dos ou-tros músicos é sentida. Destacam-se os vocais intensos de Mosshart, em sintonia com a atmosfera pesada do disco, que também tem algo de progressivo. São escassas as melodias fáceis dos outros projetos de White, mas isso não é um defeito. Absolutamente. Fernanda Botta

DeaD WeatherHorehound

Na recente passagem do Oasis pelo Brasil, Liam Gallagher comparou o Cachorro Grande, que abriu os shows da banda no país, aos Rolling Stones. O quinteto gaúcho chega ao quinto disco com o respaldo dos ídolos e mostrando que o rock de primeira linha cantado em português é realidade. Gravado com equipamentos analógicos, Cine-ma tem tudo que um clássico do gênero precisa: poderosos riffs de guitarra (“Diga o que você quer escutar”), baladas inspiradas (“Por onde vou” e “Ela disse”) e toques de psicodelia (“Eileen” e “Amanhã”, essa com direito a som de cítara). Para quem os acusam de sessentistas demais, “Pessoas vazias” fecha o álbum remetendo ao Oasis dos últimos anos. Se a resenha não lhe convence, lembre do que Liam disse. Lucca Rossi   

cachorro GranDeCinema

reGina SPeKtorFar

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O primeiro álbum de Cat Power mostra o peso das composições de Chan Marshall. É assumidamente pesado e exige completa atenção de quem o escuta: caso não haja certo foco nas letras, parece tudo um pouco confuso. Letras como “Itchyhead” e “Rockets”, que misturam depressão e esperança e mostram o potencial catártico de Chan como compositora, são ideais para quem quer começar a conhecer a Cat Power dos velhos tempos, a jovem rebelde que fugiu de casa e decidiu iniciar a carreira tocando nos bares de Atlanta. O ótimo cover de “Yesterday is here”, do mestre Tom Waits, inicia uma trajetória de ótimas regravações – em seus outros álbuns, Chan transita entre Aretha Franklin e Eloy Blanco com graça, sem jamais fazer feio.

Ao contrário do que pode indicar seu nome, The Greatest não é uma compilação de o melhor de Chan Marshall, mas com certeza pode ser listado como um de seus melhores álbuns. The Greatest mostra uma Chan mais madura, que sai de sua zona de conforto e aposta em canções mais etéreas, com instrumentos diferentes de seu combo violão-guitarra-piano. As letras ainda são destaque absoluto - “Lived in Bars”, “Empty Shell” e “Islands” são garantia de identificação. Talvez pelo próprio período em que se encontrava – em uma turbulência causada pelo abuso em álcool e drogas somado a um rompimento amoroso -, Cat Power jamais comunicou tanto. É o primeiro álbum em que não há nenhuma faixa cover, em oposição a seus dois sucessores, Jukebox e Dark end of the street, compostos apenas de faixas cover.

Moon Pix pode ser considerado o álbum que sagrou Chan Marshall como cantora e compositora. Nem de longe tão pesado nas melodias quanto Dear Sir e Myra Lee, o quarto álbum de Cat Power toma um rumo mais country/blues do que o punk visto nos lançamentos anteriores. O título do álbum vem do fato de que todas as músicas têm alguma relação com a Lua ou com os ciclos lunares. Mas, à parte da proposta “lunar”, Moon Pix pode ser considerado o melhor álbum de Cat Power: todo os elementos que celebrizaram-na estão lá: o sentimento ao cantar em “Moonshiner”, a competência nas melodias em “American Flag” – cuja batida é sample de “Paul Revere”, dos Beastie Boys” – e “Colors and the Kids” e as ótimas letras em “Metal Heart” e “Cross Bones Style”

por Fernanda GrabauskaDiscografiaBásica cat PoWer

Moonpix

Dear Sir

The Greatest

A clássica MPB pas-sa longe das 13 fai-xas que compõem

o disco, e talvez seja por isso que a principal marca da cantora, a  originalidade,  permanece intacta neste segundo álbum. As presenças de reggae, blues e samba são tão fortes quanto os diferentes vocais feitos pela própria artista. Céu divide composição e microfone com nomes im-portantes da música, como Thalma de Freitas, em “Bubuia”, e Luiz Melodia, em “Vira Lata”, que a cantora compôs especialmente para o can-tor.  Não há hits como “Malemolência”, do seu primeiro trabalho, mas composições milimetri-camente pensadas, da presença do DJ ao solo do cavaquinho. Laila Garroni

Desde o sucesso do Acústico MTV, o Titãs se perdeu no cami-

nho que o levou ao posto de grande nome do rock nacional. Sacos Plásticos, seu 16° álbum de estúdio, é uma coleção de tentativas em soar novo de uma banda que depois de 27 anos de estrada parece não saber de onde tirar inspiração. Dos desnecessários flertes com o eletrônico ao riff pouco criativo de “Deixa eu Sangrar”, nada se encaixa nas 14 faixas. Na voz de Paulo Miklos, as baladas, apesar das letras ingênuas, salvam. Em “A Es-trada”, Branco Mello indaga: “O tempo passa/Ou será que quem passou fui eu?”. Por ora, os Titãs são apenas passado. Lucca Rossi      

Barulhento e talen-toso. Esse é o Dino-saur Jr. de 2009, que

acaba de lançar Farm. É o da formação origi-nal, do trio J. Mascis, Lou Barlow e Emmett Murph. Os talentosos solos de guitarra, o vo-cal distante e preguiçoso, a bateria precisa – está tudo ali, e ainda melhor colocado que em Beyond (2007). A essência é o rock’n’roll, a in-fluência de Hendrix em cada grito de guitarra, e o desalento melódico da voz é o mesmo de You’re living all over me (1987). “Said the peo-ple” é o mais triste e belo registro do álbum. Por outro lado, ouça “I want you to know”, “Your weather”, “Over it” e “I don’t wanna go there”. Ouça tudo. Gustavo Corrêa   

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PhoeniXWolfgang Amadeus Phoenix

Com uma década de existência e depois de ascender das profundezas do underground gaúcho para o extremo do mainstream na-cional, a Fresno nunca havia lançado um DVD só seu. Com o público da banda bem definido entre a meninada de espinhas na cara e com

uma horda de garotinhas na puberdade apaixonada por cada um dos integrantes da banda, O outro lado da porta é uma jogada bem pensada. Trata-se de um registro super (pós-)produzido, em estúdio, tocando 15 canções, com direito a velharias revisitadas como “Stonehenge” e depoimentos dos garotos falando sobre a banda. Como o guitarrista Vavo declarou em entrevista recente, trata-se de um agrado para ve-lhos fãs e de uma aproximação para novos. Eis um produto infalível. Não precisava muito para dar certo. Dantom Jardim

DVDS

O velho Moby está de volta, e ainda mais introspectivo. Depois de insinuar uma festa em Last Night, seu sexto disco, Wait for Me

chega sorrateiro, com uma abertura instrumental e melancólica, para logo em seguida escorrer ao som da voz elegante da cantora Amélia em “Pale Horses”. Teclados e sintetizadores acompanham a voz rou-ca em “Study War”. Tudo num clima sóbrio, sombrio, mas não neces-sariamente triste. Cada faixa é como passo para a redenção a que Moby se propõe, construindo um disco para si, com o melhor de si. Sendo assim, a belíssima faixa-título resume, em uma só, as 16 fai-xas do álbum com produção minuciosa de Ken Thomas, do Sigur Ros. Ana Luiza Bazerque

Mesmo com dez anos de vida, o Phoenix consegue soar atualíssimo em seu último dis-co, encarnando o espírito de um novo hype

francês. O synthpop que aparece aqui está longe de ser inédito, mas o quarteto surpreende ao nos fazer ouvir guitarras e synths como se fosse a primeira vez. O álbum começa infalível, com o refrão-chiclete de “Lisztomania” e a melodia grudenta de “1901”, destaques do nú-cleo de festa que dispensa remixes. O desapontamento vem logo, com “Fences” e “Love Like a Sunset”, faixas “moles” que esfriam a atmos-fera proposta pelas duas primeiras faixas do disco. No entanto, como uma fênix triunfante, a banda se redime imediatamente em “Lasso” e, a partir daí, é só soltar a franga. Alex Correa

MoBYWait For Me

A Identidade encontrou um lugar de desta-que na cena rock gaúcha, saudosa dos tem-pos de Cascavelletes e TNT e muito ligada

aos Stones, todos referências marcantes no som do quarteto. Em Anti-guidades x Modernidades, sem dar uma guinada em uma nova direção, a banda busca “chegar a outro nível musical”, como definiu o produtor Ray Z. Adicionam-se os metais, comuns na cena rock brasileira atual (vide a faixa-título, hit em potencial), e pitadas de indie rock inglês, como no início de “Pequenas doses”. Completam a mistura heterogê-nea três baladas que reafirmam a investida da banda em se aproximar do público radiófilo. Em um disco de boas novidades, canções como “He-roína de plástico” soam como repetecos – resta ver como se comportam nas explosivas apresentações da banda. Fernando Corrêa

iDentiDaDeAntiguidades X Modernidades

.: 22 de setembro_ Pearl Jam | BackspacerDia 20 de julho pipoca na rede o single “The Fixer”, dois meses antes do lançamento previsto do álbum. Backspacer terá 11 músicas em 36 minutos. “Turnê por vir”, anunciou Eddie Vedder em seu twitter. Espe-ramos que o Brasil esteja no trajeto.

MoxineElectric Kiss___Moxine é o projeto solo da guitarrista do Nati-ruts, Mônica Agena. No entanto, o EP Electric Kiss passa longe do reggae. São quatro faixas nas quais Mônica mostra intimidade com o rock das pistas de dança, com gravação legal o letras em inglês.

Lemonheads Varshons___Evan Dando e seu Lemonheads ousam um pouco neste álbum de co-vers. Versões para Leonard Cohen e Green Fuz não dão certo, todavia, o punk de G.G. Allin é amaciado para um country genuíno e Katy Perry e Liv Tyler fazem participações interessantes.

The HerbaliserSession 2___The Herbaliser é formado por Ollie Teeba e Jake Wherry, ingleses que fazem uma mistura de hip hop com jazz. Com grooves transbor-dantes esse disco é a segunda sessão de sua reunião com uma banda para tocar os instrumentais do repertório.

confira

ta por vir

FreSnoO Outro Lado da Porta

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Primeira produção cinematográfica do Canal Brasil, o documentário Loki – Arnaldo Baptista nos mostra em 120 minutos a vida e a obra do eterno mu-tante. Considerado gênio por uns e in-sano por outros, Arnaldo era a cabeça criativa dessa que é, até hoje, a mais importante banda de rock do país. Foi da cabeça desse compositor, cantor, bai-xista e pianista que vieram as idéias e arranjos mais revolucionários da música brasileira, como em Panis et circensis, Top top, ou a clássica Balada do louco. O lon-ga conta com depoimentos de compa-nheiros de música, esposas (exceto Rita Lee, que se nega a falar no ex), familiares e fãs como Tom Zé, Lobão, Sean Lennon, Devendra Banhart e até mesmo Kurt Cobain. Mostra imagens raras da época dos grandes festivais, como uma partici-pação dos Mutantes ainda adolescentes

em um programa de TV e da turnê de reencontro da banda em Londres, três anos atrás, com Zélia Duncan nos vo-cais. A narrativa é costurada por uma entrevista dada pelo músico enquanto pinta um grande e emblemático quadro em sua casa, em Juiz de Fora (MG). Tudo é contado sem pudor—drogas, depres-são e a tentativa de suicídio não são acobertadas. O filme só peca na quali-dade da imagem: um artista tão precio-sista merecia uma direção de fotografia mais primorosa. Loki conquistou o prê-mio de Melhor Documentário – Júri Popular no Festival do Rio e na Mostra de Cinema Internacional de São Paulo no ano de 2008. Como grande fã dos Mutan-tes, arrisco-me a definir o filme em uma palavra: catártico. Maurício de Lima

loKi

cinema

Herói da música popular brasileira entre as décadas de 60 e 70 ou figura marginalizada em consequência de su-posta ligação com o DOPS (o famigera-do Departamento de Ordem Política e Social)? A questão que pairou no ar du-rante anos a fio consiste na motivação da obra de Claudio Manoel, intitulada Simonal – Ninguém Sabe o Duro que Dei e também traz à tona a importância de um artista de sucesso esquecido pelo imaginário nacional.Registros impactantes e aparições es-trondosas do astro negro dividem ce-nário com as declarações inflamadas da imprensa que acabaram por condená-lo ao ostracismo.Wilson Simonal de Castro, showman no sentido mais literal da palavra, foi o herói crioulo que comandava magis-tralmente as multidões. Descobriu sua

aptidão artística ainda nos tempos de Exército, quando participava dos bailes militares. Apresentado à Bossa Nova por Luiz Carlos Miéle e Ronaldo Bôs-coli, foi produzido e dirigido por Carlos Imperial, seu mentor no chamado mo-vimento da Pilantragem, com base no samba e no soul americano. Do contrário, também foi o artista ingê-nuo e de ego insuflado que não mediu consequências e supostamente caiu na armadilha ao confessar atuação junto às forças ditatoriais do regime militar.Não restam dúvidas de que Wilson Si-monal foi uma figura controversa—du-vidosa, talvez—mas de uma genialidade e talento únicos. O filme-documentário, muito além de tentar apontar os culpa-dos ou os inocentes, retoma aspectos do que podemos chamar de herança cultural brasileira. Marcela Jung

SiMonal - ninGUÉM SaBe o DUro QUe Dei

Diretor_ Paulo Henrique

FontenelleLançamento_ 2009

Documentário_ Nota_ 4,5 de 5

Diretor_ Calvito Leal, Micael Langer

Documentário_Lançamento_ 2009

Nota_ 4 de 5

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Daigo acaba de atingir seu sonho de tornar-se violoncelista de uma pequena orquestra, quando esta vai a falência e é desfeita. Tendo empenhado todo seu dinheiro num caro violoncelo, restam as dívidas, e a solução encontrada é mudar-se para sua vila natal, com a es-posa Mika. Acaba indo trabalhar numa empresa que embalsama cadáveres para cremação, num delicado e elegante pro-cesso de lavar, vestir e maquiar o corpo na frente dos familiares com o uso de panos e cortinas, sem que se veja o cor-po. Emprego que Daigo aceita por ne-cessidade, e cuja natureza oculta da es-posa e dos amigos. Vencedor do Oscar de melhor filme estrangeiro desse ano, o filme equilibra um humor sóbrio e melancólico com momentos de instros-pecção poética: a morte e seus ritos são um evento muito mais para os vivos – e talvez a última chance de se reconciliarem consigo mesmos. Samir Machado

Resumo da trama: robôs do Bem lutam contra robôs do Mal, pessoas correm, coisas explodem – e mais de duas horas meia depois, robôs ainda lutam, pessoas ainda correm, e coisas ainda explodem. Se o primeiro Transformers conseguia di-vidir-se entre desenvolver personagens e mostrar ação e efeitos de cair o queixo, o segundo não evolui – os efeitos já não são novidade, o design dos robôs continua confuso (são 46 em cena, mas se o es-pectador conseguir diferenciar quatro, sai no lucro), fazem “uóin” e “zoing” o tempo todo tentando deslumbrar com efeitos sonoros sem sentido, e quando lutam, é difícil entender o que está acontecendo nas looongas cenas de ação que nunca parecem ir a lugar algum – exceto dar o gancho para a cena de ação seguinte. É um filme hiperativo e despropositado, assisti-lo é como suportar uma criança mimada berrando e destruindo brinque-dos. Samir Machado

a PartiDade Yogiro Takita (2009)

tranSForMerS 2 de Michael Bay (2009)

tenho alGo a te Dizerde Hanif Kureishi (2009)

O grande atrativo de Fallout 3 é a possibilidade de imersão e interação únicas que o jogo oferece, com seu cenário de mundo aberto. Mundo que, no caso, é um futuro pós-apocalíptico nuclear que, mesmo tecnologicamente avançado, parou culturalmente nos anos cinquenta. A combinação de ele-mentos de tiro em primeira pessoa, ação por turnos, exploração e survival horror, combinados com o detalhismo da ambientação, de cenários a sons, são a grande sacada que fez com que este terceiro jogo da série Fallout, agora produzido pela mesma Bethesda de Elder Scrolls IV: Oblivion e lançado no final do ano passado, tenha figurado em quase toda lista de melhores do ano. Samir Machado

FalloUt 3

games

O sexto romance do escritor e roteirista inglês Hanif Kureishi ousa ao traçar um panorama da complexa sociedade inglesa dos últimos 40 anos. Tenho Algo a te Dizer conta a história de Jamal Khan, analista londrino descendente de paquistaneses. Atormentado pelas lembranças de um assassinato não premeditado no passado, ele divide o tempo entre os pacientes que atende em seu consultório e as andanças por uma Londres de pubs suburbanos com shows de strippers e festas regadas a álcool e drogas sintéticas. Às voltas com Rafi, o problemático filho, e Miriam, a excêntrica e explosiva irmã adepta do swing e que se envolve com seu melhor amigo, o diretor de teatro de meia-idade em crise Henry, Khan busca soluções para as mal resolvidas histórias do passado e do presente. Recheado de referências à psicanálise e à cultura pop, com direito a uma aparição de Mick Jagger, “Tenho Algo a te Dizer” reflete profundamente sobre as complicadas relações humanas. Lucca Rossi

cinema livros

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shows_macaco bong, sonic youth, tommy guerrero,

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toMMY GUerreroSão Paulo, Espaço Soma, 5 de Julho

Tommy Guerrero é mais conhecido como a lenda viva do skate mundial - nos anos 80 ele foi integrante da histórica equipe Bones Brigade. Mas o skatista também é bom de groove. Com oito discos solo lançados, Guerrero faz música freestyle, na sua maioria instrumental. Mistura soul, rap, jazz e o que vier com a mesma naturalidade das manobras do skate. E Guerrero provou isso ao vivo no pequeno e bacana Espaço +Soma, onde mostrou a turnê do mais novo disco, From the Soil to the Soul (2008), com direito a algumas canções inéditas. O norte-americano foi atração do Festival Billabong de Música (3 e 4 de julho), que faz parte da programação do FestivAlma, realizado na Bienal do Ibirapuera, em São Paulo. Além da banda de Guerrero, 3 camaradas brasileiros acompanharam o músico: Curumim e Loco Sosa (percussão) e Guizado (trumpete). O guitarrista abriu a noite com “The Color of Life”, “In my Head” e “Paper Switchblade”. O público que lotava o espaço saudou “a” lenda com aplausos eufóricos. E logo de cara ficou nítido que Guerrero, além de skatista, é um ótimo guitarrista. Ele manipulou seus pedais de efeito, simulando barulhos psicodélicos, e arrancou solos de alto bom gosto musical vindos de sua guitarra Fender Stratocaster. Enquanto isso, entre um improviso e outro, a banda chacoalhava o lugar com “Paper Switchblade”, “Down at the Uptown” e o hit “So Blue its Black”. O músico Guizado serviu de intérprete para o amigo e disse que essa noite a banda tocaria alguns sons inéditos, que não foram executados nem fora do Brasil - uma delas foi a balançante “last Maverick”. E a camaragem comia solta. Curumim largou duas vezes a percussão, pegou o microfone e improvisou várias rimas.Do outro lado, Guerrero chegou até a soltar a guitarra e improvisou uma batucada com duas

garrafas vazias de cerveja. Outra boa surpresa da noitada foi a releitura jazzística para “Third Stone From The Sun”, de Jimi Hendrix. Festa garantida para os admiradores dos bons sons (texto publicado originalmente em mtv.com.br). Daniel Vaughan

Sonic YoUthNova York, United Palace Theater, 3 de julho,

Foi difícil para mim começar a escrever sobre esse show. O Sonic Youth é uma banda fundamental na minha formação, tanto de fã quanto de tocador de música, então toda e qualquer informação traz junto a marca da emoção mais desbragada. Também é complicado porque já faz alguns anos que eu não escuto regularmente os discos da banda. Acho que o último que eu efetivamente ouvi de cabo a rabo foi A Thousand Leaves e depois, como acontece com qualquer namoro, acabamos indo cada um pra um lado por divergência de interesses. O problema não é você, Sonic Youth, eu é que mudei… Cheguei ao ponto de desprezar as duas vindas deles para o Brasil. Na primeira (um show incrível no Free Jazz em 2000 que vi pela TV) me arrependi. Mas consertei pegando um excelente show dos caras depois no T In The Park em 2001 ou 2002 na Escócia. Na segunda vez, não me arrependi: várias almas declararam o show do Claro Q É Rock simplesmente chato.O show da semana passada em Nova Iorque, a meu distante ver, cai na segunda vala. Eu passei quase todo o show entediado, à medida em que a banda ia enfileirando músicas do novo The Eternal (que eu deixara pra conhecer ao vivo) misturadas com composições bem antigas, uma parte delas concentrada no bis. Este, por sinal, um show à parte. Na primeira volta ensaiada da banda, o vocalista e ainda intenso frontman Thurston Moore incitou a platéia a sair das cadeiras (aquele velho clichê de show na gringa, quase todo mundo fica sentado) e tomar a frente do palco.

Todo mundo obedeceu, menos nós da platéia superior que apenas pudemos nos levantar. A pequena quebra de decoro parlamentar e o repertório contraditoriamente refrescado por canções antigas, deu um pouco mais de vida a um show difuso.Pensei que essa seria apenas uma impressão minha derivada de um período de afastamento, mas encontrei por aí algumas resenhas que também falam sobre esse sentimento. Uma, em especial, levanta inclusive a problemática acústica do United Palace, que não privilegiou muito quem estava na platéia alta. Longe de estar inaudível, o mix que subia vinha com um reverber adicional que dificultava o entrelaçamento das três guitarras empunhadas por Moore, Ranaldo e Gordon (o baixo ficou a cargo do ex-Pavement Mark Ibold na grande maioria das músicas).Não é uma questão de falta de entrega ou de energia. Pelo contrário, a banda que tem quase 30 anos de atividade se apresenta como se seus integrantes tivessem 20 anos de idade. Moore, em especial, se balança e chacoalha como um adolescente e é bem recebido pela platéia, inclusive quando resgata mais um hábito para o revival dos anos 90: o mosh. Sim, Thurston Moore teve a petulância de se jogar em cima do público a essa altura do campeonato. Mas então, qual é o problema? Já disse lá em cima. Quase certo que não há nada de errado com a banda, eu é que estava a fim de ouvir: a) Os hits mais palatáveis de Goo, Dirty, Experimental Jet Set e Daydream Nation ou b) o trabalho mais lustrado e lírico a la The Empty Page. Não rolou a química, tudo bem. É a vida (texto publicado originalmente em oesquema.com.br/Conector). Gustavo Mini

Macaco BonGPorto Alegre, Bar Ocidente, 9 de Julho

O “artista igual pedreiro” que dá nome ao primeiro disco da Macaco Bong é uma referência ao trabalho completo

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e sem estrelismos realizado pela banda na sua gestão. Os cuiabanos fazem parte do Espaço Cubo, um núcleo que realiza todo tipo de atividade relacionada a cultura na capital mato-grossense, com direito a moeda própria aceita tanto no comércio local quanto no circuito independente. Em termos de show, o artista igual pedreiro ajuda a entender a marretada nas idéias que são o som e a apresentação do trio—muito pela proposta sonora incomum, que incorpora elementos variados numa pancada instrumental próxima do post-hardcore, mas também pela presença de palco, séria, porém simpática, e principalmente intensa. Em alguns momentos (ou em todos?) é fácil surpreender-se pensando melodias vocais para algumas das dez músicas que eles executam ao vivo, batendo os pés e sacudindo suas cabeleiras singulares.Eis que finalmente, pela primeira vez, os Bongs aportaram da distante Cuiabá na distante Porto Alegre, onde apresentaram-se no lendário Bar Ocidente, palco de boa parte do que aconteceu na cidade em termos de rock nas últimas duas décadas. Noite fria de inverno nem sempre é sinônimo de ruas de Porto Alegre vazias, mas o show pareceu validar essa relação. As 80 pessoas que assistiram a Bruno Kayapy apanhar sua Fender surrada dentro do case estavam prestes a ver uma performance seminal. Não só por uma certa remissão ao clima de novidade embasbacante de uma primeira apresentação de Jimi Hendrix ou do Pink Floyd no underground de Londres, mas porque boa parte das pessoas presentes, que só conhecia o som da Macaco por MySpaces e afins, não sabia que um show de rock instrumental como aquele era possível. O resultado do baixo seguro de Ney Hugo, da bateria versátil e cheia de quebras de Ynaiã e da guitarra visceral e expansiva de Kayapy tomou todos de assalto. Na primeira canção do show, “Amendoim”, o guitarrista abre os dedos da mão esquerda sobre o braço da guitarra

alcançando notas em extremos opostos da escala. E é assim até a última canção; mesmo quando entra a síncope do jazz, a guitarra mantém a mesma fluidez e um preenchimento tamanho que parece ser obra de duas guitarras.As músicas da Macaco têm características parecidas. Quase todas passam por curtos momentos de tranquilidade dedilhada, mas reinam a catarse, as terças que o hardcore californiano imortalizou, mas que Hendrix já usava, afinações abertas, cordas soltas. O indicador de Kayapy brinca com o bordão enquanto o dedo mínimo harmoniza e desarmoniza. Cada música foi aplaudida durante longos segundos por uma plateia que parecia realmente emocionar-se. Após tocar o disco aparentemente na íntegra e na ordem, uma fila se formou para comprar Artista Igual Pedreiro das mãos calejadas de Ney Hugo. O Macaco Bong deixa Porto Alegre como um dos shows do ano. Qualquer pedreiro ficaria contente com uma aprovação como essa. Fernando Corrêa

the KooKSSão Paulo, Via Funchal, 19 de Junho

Quando anunciaram oficialmente o show do Kooks em terras tupiniquins, meu coração se encheu de alegria. Mas o tempo foi passando, e meu orçamento não colaborava para o encontro entre Luke Pritchard e eu. Então, o Multishow fez uma promoção, e pela primeira vez na vida, eu estava entre os vencedores.Sexta feita, 19 de junho, noite fria em São Paulo. Ansiosa, parti rumo a Vila Olímpia. Depois de alguns minutos perdida, encontrei o lugar: faltavam duas horas para o show e a rua já estava cheia de moderninhos, indies e emos. Algumas cervejinhas depois, comecei reparar no público: todo mundo muito novo. Até me senti meio velha com meus 21 anos, porque o pessoal deveria ter no máximo 18! Estava até preocupada com aquele monte de menor ingerindo bebida alcoólica. Hora de entrar. Depois de pegar meus ingressos for free (cof cof), às 22h me

deparei com uma pista relativamente vazia. Às 22h10min abrem-se as cortinas e Luke e sua turma invadem o palco. Todos os grandes sucessos estavam lá: começou com “Always Where I Need To Be” colocando todo mundo pra pular. A sequência “Matchbox”, “Eddie’s Gun” e “Ooh La”, do primeiro CD, ganhou o público, e eu já pulava e dançava loucamente, gritando as letras a plenos pulmões.A banda toda é muito empolgada, se movimentando o tempo todo, pulando, gritando e jogando água na platéia. Para ingleses, que têm fama de frios, isso me surpreendeu. Durante a sexy (ui!) “Do you Wanna”, todo um jogo de luzes mágico: o telão exibia sombras de mulheres que dançavam lascivamente (UI!). Isso foi o suficiente pra fazer a galera ir à loucura e dançar a música como se fosse a última. Eu não sei se era o sotaque fortíssimo dos britânicos, ou a minha localização na pista, mas o som estava bem ruim: as músicas ficaram chiadas (ok, eu não sou especialista, tá?) e não consegui entender quase nada do que o Luke dizia, a não ser as palavras em português-de-gringo: “estámos moito feliz de está aqui”. Ouunn.Momentos mais marcantes: atendendo aos pedidos dos fãs, “Seaside” no violãozinho; Luke se jogando na platéia e os seguranças lutando para mantê-lo sob controle, em cima do palco; e o final com “Sofa Song”, uma das minhas preferidas! Além disso, a banda ainda tocou algumas músicas novas: “Love is like a Rainbow”, e “Princess of my Mind”.A experiência foi muito válida. Apesar de perceber que talvez eu não tenha mais idade pra ser groupie de bandas adolescentes, e de ter uma epifania e perceber que versos como “a, b, c, d, e, f and g / well that reminds me of when we were free” não são o que se pode chamar de geniais, eu amei. A banda tem muita presença de palco, os inglesinhos não se deixaram abater e foram firmes e fortes até o final. Thaís Silva

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Béééé: Na última edição, as fotos do show do sepultura (Via fuNchal) e de Kasper BjorKe (d-edge) são de autoria da fotó-grafa cuca pimeNtel.

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