revista - luta do transporte no extremo sul

16
APRESENTACAO DO COLETIVO

Upload: luta-do-transporte-no-extremo-sul

Post on 04-Apr-2016

222 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

Apresentação do coletivo 'Luta do Transporte no Extremo Sul' que luta por um transporte digno e gratuito para a população do Grajaú, Varginha, Parelheiros e Marsilac.

TRANSCRIPT

Page 1: Revista - Luta do Transporte no Extremo Sul

APRESENTACAODO COLETIVO

Page 2: Revista - Luta do Transporte no Extremo Sul

PERIFERIA LUTACONTRA AS CATRACAS!!!

Page 3: Revista - Luta do Transporte no Extremo Sul

LU TA DO T R AN SPOR T E 3 NO EXT R EMO SUL

SUMARIOSUMARIO

PÁG. 4

PÁG. 6

PÁG. 10

PÁG. 8

PÁG. 12

Por que estamos lutando por um transporte gratuito e de qualidade?

SÓ A LUTA MUDA A VIDA!

histórico do coletivo

poder popular no extremo sul

História: Algumas lutas do transporte pelo brasil

Page 4: Revista - Luta do Transporte no Extremo Sul

LU TA DO T R AN SPOR T E 4 NO EXT R EMO SUL

Por que estamos lutando...

O transporte coletivo é fundamental para a vida na cidade. Através dele podemos acessar a tudo o que existe no espaço urbano, como, hospi-tais, escolas, áreas de lazer e cultura. No entanto, todas as vezes que usamos o transpor-te público somos obrigados a pagar a tarifa, ou seja, para ter acesso à saúde, à educação, precisamos antes passar pelas catracas, o que quer dizer que só quem tem dinheiro para o transporte pode ter acesso à cidade. E nós, usuárias e usuá-rios, sabemos que o transporte não está organizado de acordo com as nossas necessidades cotidianas, mas sim para o maior lucro dos empresários.

Os trabalhadores e traba-lhadoras que movimentam essa cidade são obrigados a enfrentar todos os dias um transporte humilhante, que muitas vezes é mais desgas-tante que o próprio expedien-

te de trabalho. Hoje, poder pú-blico e empresários, pensam a organização das nossas linhas, os horários, a quantidade de ônibus, tudo em função de seus próprios interesses. Os políticos querem se manter no poder e para isso beneficiam os empresários às nossas cus-tas. No caso do transporte, o Estado concede às empresas o direito de explorar o que para nós é um direito.

E como isso acontece?

É simples. Todas as vezes que passamos pela catraca os donos dos ônibus lucram.

Por um transpo rte gratuito e de qualidade?

Page 5: Revista - Luta do Transporte no Extremo Sul

LU TA DO T R AN SPOR T E 5 NO EXT R EMO SUL

O que na prática quer dizer: quanto mais espremidos nós andamos, mais dinheiro eles ganham. Por exemplo, se um empresário colocar 15 ônibus para circular terá menos cus-tos com manutenção, funcio-nários e combustível do que se colocar 30 ônibus. Além de economizar com esses gastos, eles lucram muito mais, pois sabem que usaremos o trans-porte de qualquer forma.

A nossa luta é para que o transporte deixe de ser trata-do como mercadoria. O Estado não pode deixar o nosso trans-

porte nas mãos dos empresá-rios, por isso é fundamental que as empresas deixem de ga-nhar todas as vezes que entra-mos nos ônibus. A princípio, o poder público poderia, por exemplo, contratar o serviço como num sistema de freta-mento de veículos e pagar as empresas por quilômetro ro-dado e não todas as vezes que giramos a catraca. Desta for-ma, seria possível colocar os ônibus para circular de acordo com a demanda das usuárias e usuários e não mais em função dos interesses das empresas.

Quando a quantidade de passageiros e passageiras dei-xar de estar diretamente as-sociada ao lucro dos empresá-rios abre-se um caminho para a tarifa e a catraca deixar de existir e só assim o transporte poderá ser de qualidade e ver-dadeiramente público.

Por um transpo rte gratuito e de qualidade?

Page 6: Revista - Luta do Transporte no Extremo Sul

LU TA DO T R AN SPOR T E 6 NO EXT R EMO SUL

SÓ A LUTA MUDA A VIDA!Os governantes sempre di-

zem que o transporte coletivo não pode ser de melhor qua-lidade ou que a tarifa zero não é possível por existirem questões técnicas envolvidas. Usam a desculpa de que não há dinheiro, não há meios de criar novas linhas ou aumen-tar a frequência dos ônibus. No entanto, sabemos que por trás das questões técnicas existem sempre as decisões políticas e que essas decisões não são to-madas em nosso favor.

Mas se o poder público e os empresários estão juntos nes-sa, como é que conseguiremos

transformar a situação da mo-bilidade na nossa cidade?

Sempre nos dizem que a solução para os problemas está no voto, que esta é a nos-sa única forma de participa-ção política, e que escolher quem vai mandar na cidade é o único meio para decidir o rumo das coisas. Sabemos que tudo isso é dito, para que, passado o período eleitoral, aceitemos todas as decisões sem reclamar. Nem os em-presários, financiadores de campanhas eleitorais, e nem os políticos querem que nós participemos de nenhuma de-

Page 7: Revista - Luta do Transporte no Extremo Sul

LU TA DO T R AN SPOR T E 7 NO EXT R EMO SUL

cisão, mantendo a situação da forma como está.

Mas as nossas necessida-des cotidianas, os nossos so-nhos, não cabem nas urnas e só conseguiremos mudar os rumos da nossa vida se nos organizarmos para cobrar, pressionar e obrigar o po-der público a ceder as nossas exigências. Somos nós que usamos o transporte todos os dias que melhor sabemos como ele deve ser, que horá-rio e por onde precisa passar!

Precisamos atuar de ma-neira direta e forçar o gover-no a adotar políticas públicas

para nós e não em favor de interesses eleitoreiros ou dos empresários da cidade. Mas tão importante quanto lutar por po-líticas públicas, é que nos orga-nizemos nós mesmos. E há mui-tas formas de fazer isso, como construir um movimento social, um coletivo, reunir as pessoas do bairro, da escola, do traba-lho para, fazer debates, mostras de vídeo, cartilhas como esta e também manifestações de rua. Precisamos fazer com as nossas próprias mãos o que achamos que deve ser feito em vez de es-perar por representantes que não nos representam.

Page 8: Revista - Luta do Transporte no Extremo Sul

LU TA DO T R AN SPOR T E 8 NO EXT R EMO SUL

1880 - Movimento popular na cidade do Rio de Janeiro conhecido como a Revolta

do Vintém, contra a cobrança de vinte réis (um vintém) nas passagens dos bon-des da cidade o que resultou na conquista

da revogação do tributo.

1930 - Protesto em Salvador contra os maus serviços e

tarifas altas dos bondes da Cia. Circular de Carris da Bahia.

1947 - A população de São Paulo se revoltou contra o aumento da tarifa do transporte e a multidão

enfurecida cercou a prefeitura na rua Libero Badaró.

1981 - Luta popular contra o aumento da tarifa em Salvador

chamada de “quebra-quebra” motivada pela categoria de

motoristas de ônibus contra os patrões.

Em junho de 2013, a população decidiu que não iria aceitar o au-mento da tarifa de 3,00 para 3,20. Foi com muita organização popular que as manifestações de rua tomaram a cidade e barraram o aumen-to, pois antes delas, ocorreram diversas conversas e atividades sobre transporte em praças, escolas e bairros. Entretanto, junho não foi um caso isolado, as lutas sociais sempre fizeram parte da nossa história:

1º Grande ato de Junho/2013 em SP.

Page 9: Revista - Luta do Transporte no Extremo Sul

2004/05 - As Revoltas da Catraca em Florianópolis demonstraram a força do

poder popular e conquistaram a revogação da tarifa.

2003 - A histórica Revolta do Buzu em Salvador parou a cidade contra o aumento e deixou seu

legado para as lutas mais recentes.

1981 - Luta popular contra o aumento da tarifa em Salvador

chamada de “quebra-quebra” motivada pela categoria de

motoristas de ônibus contra os patrões.

Estes exemplos mostram que diante da pressão e organização do povo, os governantes podem recuar. As Revoltas do Buzu e da Catraca deram corpo ao Movimento Passe Livre (MPL) por todo país. E em São Paulo, desde 2005 a população luta contra os au-mentos de tarifa e por melhorias no transporte. É também neste contexto que surge o coletivo Luta do Transporte no Extremo Sul.

Algumas lutas dotransporte pelo Brasil...

Page 10: Revista - Luta do Transporte no Extremo Sul

LU TA DO T R AN SPOR T E 10 NO EXT R EMO SUL

Desde a criação do coletivo, muitas atividades foram fei-tas pensando em reunir mais e mais pessoas para somar na luta. Algumas delas tinham como objetivo fomentar a dis-cussão sobre os problemas do

Nos dias seguintes à revo-gação do aumento da tarifa em junho de 2013, o coletivo Luta do Transporte no Extremo Sul se forma. Inicia-se um processo organizativo, com objetivo de construir e fortalecer a luta por transporte na região em con-junto com os demais usuários, aprofundando, assim, um diá-logo com a população do extre-mo sul. Somos trabalhadores e trabalhadoras, desempregados e desempregadas, estudantes, moradores e moradoras em si-tuação de luta pelo transporte.

Nos organizamos de for-ma autônoma e indepen-dente, nós mesmos pla-nejamos e decidimos os rumos de nossas ativida-des e lutas, sem depender

de nenhum partido políti-co, instituições ou empresas. Outra coisa importante é que em nosso coletivo não existem líderes, nos organizamos de igual pra igual, de forma hori-zontal e sem hierarquia.

Acreditamos que somos nós, usuárias e usuários em conjunto com as, trabalhado-ras e trabalhadores do trans-porte, que devemos decidir juntos como ele deve funcio-nar. Por isso, apoiamos a luta dos trabalhadores e trabalha-doras que decidem se organi-zar para transformar os rumos do seu cotidiano de trabalho, como no caso da luta recente de motoristas, cobradores e co-bradoras, e de metroviários e metroviárias. Entendemos que o nosso sufoco diário é fruto da mesma opressão!

COMO SURGIMOS...

NOSSAS ATIVIDADEStransporte no cotidiano dos passageiros e passageiras.

Nesse sentido, alguns co-letivos de teatro da região criaram cenas com o tema do transporte, que foram exibi-das em escolas, no Terminal

Page 11: Revista - Luta do Transporte no Extremo Sul

LU TA DO T R AN SPOR T E 11 NO EXT R EMO SUL

Grajaú, ruas e praças. Além disso, foram realizados mu-tirões para colagem de lambe--lambe (cartazes) nos postes e pontos de ônibus com dese-nhos e frases que questionam a forma como o transporte público está organizado. Ocor-reram oficinas de stencil (arte criada nos muros da cidade com spray a partir de um mol-de) em escolas e espaços cul-turais com a colaboração de artistas de rua que enxergam a arte como um meio de resis-tência contras as opressões co-tidianas.

Foram feitas intervenções em feiras de rua da região por meio de uma rádio livre popu-lar, permitindo que as pessoas registrassem num microfone aberto sua indignação e revol-ta. Também foi criada a pági-na no facebook para divulgar ações e conteúdos da luta. Para divulgação on-line e dis-cussão nas escolas, foram cria-dos dois mini documentários: o “Term. Grajaú: Humilhação Coletiva”, que trata da situa-ção degradante que todos nós enfrentamos todos os dias, e o “Primeiras chamas: atos re-gionais de junho”, que mos-

Page 12: Revista - Luta do Transporte no Extremo Sul

LU TA DO T R AN SPOR T E 12 NO EXT R EMO SUL

No fi nal de 2013 somamos com a luta dos moradores e mo-radoras da região do Marsilac, que chegam a andar até 15km a pé por falta de transporte. A luta pela criação deas duas linhas de ônibus (Reserva/Embura e Mambu/Marsilac) e contra as condições precárias das estra-das já estava sendo travada há pelo menos 1 ano. Durante esse ano, os moradores foram várias vezes à subprefeitura, partici-param de reuniões e audiências públicas, ouviram muitas pro-messas, mas nada mudou.

Cansada de andar a pé e ser enrolada pelos políticos, a co-munidade do Marsilac travou em 2014 uma luta autônoma. Através da organização de um bingo para a comunidade, os moradores e moradoras arreca-daram dinheiro para bancar por eles mesmos uma linha popular gratuita (trajeto: Mambu x Mar-silac). O objetivo dessa mobili-zação era mostrar para o poder

tra a realização de atos feitos por algumas escolas antes do aumento da tarifa de Junho de 2013. Outras ações impor-tantes foram as atividades de discussão feitas em diversas escolas e os debates públicos nas praças dos bairros.

Muitos desses corres foram realizados pensando na cons-trução de um ato de rua que aconteceu no dia 23 de outu-bro de 2013 e reivindicava me-lhorias no transporte no extre-mo sul. Essa manifestação fez parte de uma semana de lutas marcada por atos e ações espa-lhadas em várias quebradas.

PODER POPU LAR NOS BAIRROS

DO EXTREMO SUL

Page 13: Revista - Luta do Transporte no Extremo Sul

LU TA DO T R AN SPOR T E 13 NO EXT R EMO SUL

público que a implementação da linha de ônibus na região é viá-vel e de extrema importância, o busão rodou lotado o dia inteiro.

Após o silêncio das autori-dades persistir, os moradores resolveram se resolvemos nos-resolvemos nos acorrentar na prefeitura de São Paulo para pressionar pela criação imedia-ta da linha. Enquanto estáva-mos acorrentados do lado de dentro da prefeitura, também protestávamos do lado de fora. Fomos chamados para uma reu-nião na qual representantes da secretaria de transportes e da prefeitura prometeram imple-mentar a linha num prazo de 20 dias. Porém, como toda pro-messa de político não é cum-prida, a linha ainda não saiu do

PODER POPU LAR NOS BAIRROS

DO EXTREMO SULpapel.não foi criada. Mas não desistiremos de lutar, seguire-mos organizados e fortes até conseguir a criação das linhas.

Além dessas mobilizações, foram realizadas durante 2014 reuniões com toda comunidade para discutir de forma horizon-tal o problema de transporte e também atividades culturais (virada cultural popular e festa junina popular) que contaram com a presença massiva dos moradores e moradoras.

Somamos também com as lu-tas pela criação de linhas e con-tra o descaso com o transporte em outros bairros do extremo sul. Essa articulação e união dos bairros da região é essencial para o fortalecimento da luta.

Page 14: Revista - Luta do Transporte no Extremo Sul

LU TA DO T R AN SPOR T E 14 NO EXT R EMO SUL

Seguiremos lutando pelo transporte verdadeiramente público gratuito e de qualidade e contra todas as formas de opressão que possam nos atingir até que todas as catracas, grades, cercas e muros sejam derrubados.

A LUTASEGUE...

Page 15: Revista - Luta do Transporte no Extremo Sul

Em uma das cidades tomada pela luta da periferia, as simples ques-tões ganharam força, ocuparam um espaço e desenharam uma cena. De lá do fundo gritaram:

- Gente, será que essa nossa luta precisa mesmo de uma organiza-ção?

Após um silêncio os sussurros exclamaram:- Oxê, por aqui sabemos que se não estamos organizados, alguém

certamente estará nos organizando...! Eita, masss alguém quem? Durante a refl exão, as vozes dançavamecoadas nos ouvidos: -Organiiizem-se...! Ograniiizem-se enquanto é tempo! Ograziii-

nem-se...!A tal compreensão da palavra organize-se, muitas vezes ainda se

mostra embaralhada, misteriosa e de certa forma enigmática. Quan-do tentamos mastigar sua profunda importância ao debulhar sua di-gestão e complexidade abaixo eis que surge Ogra Zine: alguém apenas querendo ser ou tentando estar em algum lugar de um mundo, que para viver teve de se disfarçar.

A princípio, seu surgimento soou estranho para todos que viviam ali, Ogra tentava se libertar de seus estigmas. Era vista como monstro, demônio, vândalo de cérebro e capacidade mental reduzida, ser gigan-te dos contos de fada que se alimenta de carne humana, aquela que comete atos de insanidade. O território era dividido entre: os “povos do mau” das “pessoas de bem”. E Ogra estava lá, bombardeada numa faixa estreita que sequer sobrava, qualquer chance ou suspiro da so-brevivência era rara, parecia que não havia mais espaço nem para a revolta popular.

Ogra Zine sangrava internamente, mas resistia com fi rmeza.Com o tempo que restava se autoreconhecia ao se aproximar de suas raízes históricas e pelas vielas da ogracidade contos populares resgatavam sua ogridade. Curandeiros e feiticeiras ressurgiam a magia das cinzas, do pó, do branco, do preto, do vermelho. No sentido fi gurado que se dá ao ser ogro,corpulento de atitudes grosseiras, não querer se compor-tar nessa sociedade posta que é forçada a seguir, provoca Ogra Zine a perceber que está prestes a perder sua paciência que ainda resta.

Enquanto cansada suspirava, Ogra olhou no espelho pela janela e avistou que perder a paciência era a única saída. As pessoas que viviam ali na ogracidade se organizaram e também enxergaram um inimigo em comum: alguém que estava acima, muito distante da luta do dia a dia.E nesta batalha pela organização, pela sobrevivência, pela resis-tência do povo, enfi m, sua natureza ganhou história enquanto a paci-ência se perdia pela ogracidade.

Page 16: Revista - Luta do Transporte no Extremo Sul

NÃO ESTAMOS SÓS!

Coletivos Parceiros:Brava Cia. de Teatro

Cia. HumbaladaColetivo Katu

MEOBMovimento Passe Livre - SP

O Mal EducadoOcupação Jardim da União

Partida TeatralPassa Palavra

Projeto Raiz - Cursinho PopularRádio Várzea LivreRede Extremo SulTrupe Lona Preta

PARA SOMAR, ENTRE EM CONTATO CONOSCO:Facebook: facebook.com/LutaTransporteExtremoSul

Blog: LutaTransporteExtremoSul.noblogs.org/