revista letraset #2

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A surpresa lúdica no trabalho de Stefan Sagmeister Conheça os trabalhos da designer e ilustradora Karen Hofstetter Entrevista com a Designer Renata Rubim Bum bum bum 20 anos de Castelo Rá-Tim-Bum página 14 página 30 página 34 página 24 letraset Revista digital do curso de Design Gráfico da Faculdade Satc - número 2 - ago/2014

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Neste segundo número da revista Letraset procuramos discutir a produção criativa de grandes nomes do design. Nossa matéria principal discute o trabalho do designer Stefan Sagmeister, a partir de uma leitura proposta pelo designer Marcelo Pliger, que já entrevistou Sagmeister em seu estúdio em Nova Iorque. O design nacional é tratado em duas entrevistas com designers brasileiros, uma delas com Renata Rubim, um dos expoentes do design de superfície nacional, e outra com a designer gráfica Karen Hofstetter, especialista em ilustração e tipografia. Também descobrimos um excelente trabalho de curadoria de ilustração, levado a cabo pelo jornalista Thales Molina e pelo designer Victor Bianchin, que conseguiram mobilizar mais de 10 ilustradores para comemorar os 20 anos do Castelo Rá-tim-bum. Além disso, convidamos os profissionais Bruno Porto e Guilherme Sebastiany para discutir a regulamentação da profissão de designer, um dos temas mais polêmicos da comunidade de design brasileira.

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Page 1: Revista Letraset #2

A surpresa lúdica no trabalho de

Stefan Sagmeister

Conheça os trabalhos dadesigner e ilustradoraKaren Hofstetter

Entrevista com aDesigner Renata Rubim

Bum bum bum 20 anos de Castelo Rá-Tim-Bum

página 14

página 30

página 34 página 24

letrasetRevista digital do curso de Design Gráfico da Faculdade Satc - número 2 - ago/2014

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Revista Letraset - Número 24

Diretor FaculdadeCarlos Antônio Ferreira

Coordenação de EnsinoJovani Castelan

Coordenação do curso de Design GráficoDiego Piovesan Medeiros

EditoresAmanda Rodrigues AnselmoDavi Frederico do Amaral DenardiDiego Piovesan MedeirosRafael Hoffmann Maurilio

AgradecimentoLaboratório de Orientação em DesignNúcleo MultimídiaEX

PED

IEN

TE ColaboradoresÁlvaro DiasBruno PortoDiego Piovesan MedeirosGuilherme SebastianyJan Raphael Reuter BraunJovani CastelanKaren HofstetterMarcelo PligerRafael Hoffmann MaurílioRenata RubimThales MolinaThiago MendesTobias CarmargoVictor Biachin

ISSN 2357-769X

Page 5: Revista Letraset #2

Neste segundo número da revista Le-traset procuramos discutir a produção criativa de grandes nomes do design. Nos-sa matéria principal discute o trabalho do designer americano Stefan Sagmeister, a partir de uma discussão do trabalho pro-posta pelo designer Marcelo Pliger, que já entrevistou Sagmeister em seu estúdio em Nova Iorque.

O design nacional é tratado em duas entrevistas com designers brasileiros, uma delas com Renata Rubim, um dos ex-poentes do design de superfície nacional, e outra com a designer gráfica Karen Ho-fstetter, especialista em ilustração e tipo-grafia.

Também descobrimos um excelente trabalho de curadoria de ilustração, le-vado a cabo pelo jornalista Thales Molina

e pelo designer Victor Bianchin. Os dois conseguiram mobilizar mais de 10 ilus-tradores para comemorar os 20 anos do Castelo Rá-tim-bum com uma galeria de ilustrações inéditas de cada um dos per-sonagens do programa.

Além disso, convidamos os profissio-nais Bruno Porto e Guilherme Sebastiany para discutir a regulamentação da profis-são de designer, um dos temas mais polê-micos da comunidade de design brasilei-ra, principalmente agora que está em fase final de aprovação no congresso nacional.

E como sempre, contamos com textos inéditos de temas relevantes para o de-sign, como design estratégico, branding, ilustração, mídias sociais, impressão 3D e projeto gráfico. Boa leitura!

EDITORIAL

Page 6: Revista Letraset #2

sumário Endobranding

A imagem da marca vem de dentro

PRONTO 3D - Laboratório de Prototipagem e Novas Tecnologias Orientadas

Nesta edição o processo dedesenvolvimento do projeto

de Design Superfície

A Redepronto 3D

Cabeça do estudante

A comunicação construindo a marca para o público

interno.

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A resiliênciadas marcas

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Logo - muda algo mexer nele?

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A surpresa lúdica no trabalho de

Stefan Sagmeister

Os trabalhos dadesigner e ilustradora

Karen Hofstetter

Bum bum bum20 anos de

Castelo Rá-Tim-Bum

Entrevista com aDesigner

Renata Rubim

A atuação do Designer nas mídias sociais

BrainstormRegulamentação

da profissão

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Revista Letraset - Número 28

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No mundo contemporâneo, uma mar-ca não está sozinha na conquista de seus clientes, não está sozinha na

tentativa de inovação e muito menos na conquista de espaço e lucro competitivo. Para sobreviver em um mercado compe-titivo regido por uma sociedade exigente e informada, indiferente da classe social, é necessário que a personalidade de uma marca ou indivíduo assuma uma fluidez e a forma aberta desta sociedade. Den-tro deste mercado competitivo, as marcas precisam estar preparadas para mudan-ças e, também, para enfrentar desafios e conflitos. Eis que o termo resiliência pode ser aplicado e seguido dentro de uma or-ganização com o ideal de resistência e du-rabilidade.

Chegar a uma definição de resiliência é uma tarefa complicada, pois esse termo tem sido utilizado de forma distinta por inúmeros campos do conhecimento. Na engenharia, o sentido de resiliência é atri-

A resiliência das marcas

buído ao grau que uma estrutura consegue retornar ao estado original após uma per-turbação. Em ecologia, tem o significado de capacidade de um ecossistema evitar sua degradação irreversível. Já na área de psicologia, a definição de resiliência está ligada à capacidade do indivíduo de ab-sorver um trauma de maneira eficaz.

Originalmente o conceito de resiliên-cia surgiu da engenharia, em 1620, com estudos envolvendo elasticidade de ma-teriais. Uma palavra derivada do latim re-silientia, do verbo resilio (re + salio) que significa “saltar para trás”, recuperar-se, voltar ao seu estado normal.

Mesmo que aplicados de formas es-pecíficas em cada área, resiliência possui duas características em todas. A de conti-nuidade e a de recuperação na eventuali-dade de uma mudança. Atualmente, esse termo está também relacionado ao mundo empresarial e das marcas, pois no merca-do competitivo, agentes externos e inter-

Diego Piovesan

Mestre em Design pela

Universidade Federal

do Rio Grande do Sul

- UFRGS. Doutorando

em Design pela UFSC e

Coordenador do curso

de Design Gráfico da

Satc.

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nos fazem parte do cotidiano que, seja de forma micro ou macroambiental, interfe-rem no desempenho de cada organização.

Os fatores microambientais são forma-dos pelos agentes que afetam a capacida-de da empresa de produzir, como fornece-dores, logística, clientes e concorrentes. O macroambiente consiste em forças, muitas vezes fora do controle, como as demográ-ficas, econômicas, políticas e sociocultu-rais que diretamente afetam as vendas e o lucro das organizações. Um exemplo de força macroambiental que corrobora com as questões do crescimento da competiti-vidade das marcas é a gradual abertura de novos e consideráveis mercados, como a China, afetando empresas locais em diver-sos segmentos. Os agentes macroambien-tais são os mais complexos de se contro-lar ou prever. Por essas circunstâncias, as empresas podem e irão enfrentar em sua jornada algum choque econômico ou ener-gético, uma mudança tecnológica ou com-

petitiva, uma possível escassez de maté-ria-prima, ou até mesmo o encarecimento de fatores ambientais que nem eram pen-sados no planejamento da marca.

O contexto externo e interno, micro e macro, nas empresas, ampliou o risco e com isso, o tempo de existência das mar-cas. Nem todo risco pode se tornar uma crise, pois algumas vezes cria um proble-ma e oportunidades a serem exploradas. Acabam se tornando crises, pois causam sensação de perda de controle, de conse-quências. Com isso, essas crises colocam a prova a resiliência das marcas e organi-zações.

É nesse momento que a resiliência deve existir e ser ampliada, para fortalecer as marcas nessas circunstâncias de crise e fazer com que as mesmas retomem seu lu-gar no mercado de forma sadia. Empresas com o perfil resiliente desenvolvem cons-tantemente mecanismos para corrigir os problemas antes que os mesmos aconte- »

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Revista Letraset - Número 210

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Indivíduos com elevada resiliência Organizações com elevada resiliência

Autoeficácia e autoconfiança Apresentam visão de futuro e preservam sua identidade.Atraem e retêm ta lentos .

Otimismo aprendido Preservam o otimismo mesmo nos piores momentos . Cultivamo sucesso.

TemperançaTrabalho em equipe promove a temperança dos membros .Cl ima organizacional saudável preserva a normal idade,qual idade de vida e rotatividade.

Empatia Apresentam coesão interna e valores esposados . Valorizam aética e transparência .

Competência socialPreservam senso de pertencimento dos funcionários , vínculoscom cl ientes e com a rede de interessados (skakeholdersSól ida proximidade com a comunidade e sociedade, mani festapor meio da responsabi l idade socia l e boa reputação.

Proatividade

Liderança é referência inspiradora, reconhecida dentro e fora.Redes socia is são fortemente emuladas e promovem relaçãosól ida. Estratégias são formuladas e fazem sentido frente àidentidade. Manifestam capacidade empreendedora,sobretudo durante as cri ses .

Flexibilidade mentalApresentam capacidade de auto-organização depois de crise.Mani festam flexibi l idade operacional e capacidade deaprender. Toleram mudanças , fazem experimentos .

Solução de problemasApresentam capacidade de recuperação da estrutura es is temas de trabalho depois de crises . Apresentamdinamismo decorrente da quantidade de projetos executadoscom êxi to.

Tenacidade Demonstram busca pers is tente por estratégias e objetivos .Advogam causas com tenacidade.

Quadro 3. Atributos de organizações resilientes, comparados com a resiliência em indivíduos.

Fonte: Sabbag (2012, p.206).

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çam com proporções irremediáveis. A fer-ramenta base para esse cuidado é o feed-back, podendo com isso se autocorrigir e aprender enquanto crescem.

Ter a informação é a chave para o co-nhecimento das marcas, mas não é ape-nas a informação do que aconteceu, mas também do que acontecerá. A pesquisa de tendências e megatendências mundiais, mesmo para a marca regionalizada, pode ser um suporte de conhecimento na con-dução de sua empresa, pois um novo pro-duto ou serviço provavelmente terá mais sucesso se estiver de acordo com fortes tendências, e não contra elas. É interes-sante observar que as características ex-postas valem tanto para pessoas quanto para empresas e seria um tanto dicotômi-co pensar que são duas situações diferen-tes, já que as marcas e as empresas são fei-tas por e para pessoas. No quadro ao lado, percebe-se uma comparação por analogia de indivíduos e organizações com elevada resiliência.

Resiliência é a competência de indiví-

duos ou organizações que fortalece, per-mite enfrentar e até aprende com adver-sidades e desafios. Pode ser considerada como uma competência, pois pode ser aprimorada, reunindo consciência, atitu-de e habilidades que surgem nos proces-sos enfrentados no dia a dia.

Para fortalecer a resiliência de uma marca ou organização, é necessário au-mentar sua capacidade de resistência à pressão para ultrapassar os limiares crí-ticos e também preservar ou expandir a gama de nichos as quais o sistema con-segue adaptar-se de maneira saudável. Unindo esses conceitos, um exemplo sim-ples e cultural é o de flexibilidade do bam-bu, muito cultuado no Japão. O bambu re-presenta a soma de solidez e flexibilidade. Cresce com força mas possui uma mescla de solidez com leveza. Características re-silientes que as marcas devem ter, cres-cendo com força, mas possuindo flexibili-dade para lidar com todas as adversidades e assim ter uma vida longa com seus pro-dutos e serviços.

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Revista Letraset - Número 212

Jaime Troiano (presidente do Grupo Troiano, primeiro grupo de branding no Brasil) defende que a cultura da

marca deve ser primeiramente dissemi-nada internamente na organização. O que isso nos mostra é que o conceito/ima-gem da marca, antes de ser passado para o público externo, deve estar fortalecido nos corredores das organizações, ultra-passando os departamentos de Design, de Publicidade e de Marketing, para ser compartilhado em todas as estruturas in-ternas da organização.

Logo, gerir o conhecimento da marca significa planejar e definir os meios ne-cessários à sua comunicação, no sentido de proporcionar o desenvolvimento, ma-nutenção e controle da imagem da marca junto ao público interno.

Será que não podemos pensar numa relação entre o branding e o endomarke-ting, construindo um conceito que come-

ça a ser discutido no mercado de “endo-branding”?

A imagem de marca é resultado de todo o processo de interação entre a mar-ca e os seus públicos, o que resulta numa percepção na base da qual estará a maior ou menor predisposição para atribuir à marca um valor elevado no mercado. Logo, analisar a imagem de marca é estu-dar a relação organização-públicos, cuja gestão eficiente parece trazer inúmeras vantagens pela capitalização no valor da marca. E, nesse sentido, o conceito de imagem parece ser simultaneamente um produto (efeito final) e um processo (ao longo do tempo).

A comunicação é um processo inte-rativo e contínuo. E a observação mostra que o processo deve começar de dentro, de uma marca construída pela comunica-ção interna. Comunicação que não deve parar nunca.

Endobranding - A imagem da marca vem de dentrode

sign

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raté

gico

Alvaro DiasPublicitário e mestre

em Ciências da Lingua-

gem pela Unisul. Atual-

mente é doutorando na

área de Mídias do Co-

nhecimento do Progra-

ma de Pós-Graduação

em Engenharia e Ges-

tão do Conhecimento

(EGC - UFSC).

A comunicação construindo a marca para o público interno.

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O que chamamos de logo pode vir da junção de dois elementos: LOGOTI-PO, que é a particularização da escri-

ta de um nome. Ou seja, o tipo de letra (tex-to) em que ele é escrito; e o SÍMBOLO, que é um sinal gráfico que com o tempo passa a identificar um nome, ideia, produto ou ser-viço. Para simplificar, continuarei chaman-do de logo.

A opção de redesenhar o logo pode levar a grandes mudanças no reconhecimento da empresa e mesmo de sua posição no mer-cado, tanto positivas como negativas. Des-se modo, dependendo de como foi feito e se realmente era necessário fazer.

Como assim “necessário fazer”? Não é de praxe modificar o logo de vez em quan-do? A resposta é: DEPENDE!

Ficou frustrado? Calma, já explico. O motivo para a mudança deve ser avaliada e discutida com um bom profissional.

Nessa hora, vou puxar a “brasa pra nossa

Logo - muda algo mexer nele?

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sardinha”. Consideramos que um dos pro-fissionais mais bem qualificados é o DESIG-NER GRÁFICO. Mas é claro que ele poderá trabalhar com uma equipe multidisciplinar, com a colaboração de publicitários, geren-tes de marketing e de outros especialistas.

Só não confunda o DESIGNER GRÁFICO com aquele seu sobrinho que sabe mexer em softwares de edição de imagem.

O verdadeiro DESIGNER trabalha de for-ma metódica. Para ter uma ideia, além de saber tudo sobre a empresa, parte do traba-lho está em buscar uma série de informa-ções, como: qual é seu mercado? Quem é seu concorrente? E um dos mais importan-tes, quem é seu público-alvo?

No final, todo esse trabalho é o que dirá se é necessário mudar seu logo. Só depois disso é que o projeto continuará e assim possibilitar que a “cara” de sua empresa seja diferenciada das concorrentes e, ao mesmo tempo, reconhecida por seu público.

Jan Raphael Reuter Braun

Mestre em Design pela

Universidade Federal de

Santa Catarina, profes-

sor do curso de Design e

coordenador do Labora-

tório de Orientação em

Design - LOD.

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Entrevista comKaren Hofstetter

Tua formação é em publicidade, mas tra-balhas mais com design e ilustração. Che-gasse a exercer “oficialmente” a profis-são de publicitária?

Sim! Durante a faculdade e depois de formada trabalhei durante cinco anos em agência de publicidade. Em pequenas, médias e grandes. A experiência por ter transitado em agências focadas em em-balagem e PDV, em peixes grandes como W/Brasil e em agências boutiques como a Centoeseis, me trouxeram uma referência muito ampla de como e pra onde o merca-do pode se estender.

Foram através dessas experiências que eu comecei a definir onde eu mais me en-caixava, e que por fim me direcionaram a ter o modelo de trabalho que tenho hoje.

Tens um estilo bem próprio, como isso se desenvolveu? E como foi usar esse esti-lo e transformá-lo em produtos e em uma renda extra?

Pra ser sincera, tenho a sensação que o meu estilo está sempre se reinventan-do, amadurecendo. Quando olho ilustra-ções ou design que fiz há 3 anos, já tenho uma outra visão, e faria tudo diferente! É

Designer, ilustradora, publicitária, fotógrafa, necessariamente nesta des-ordem.

Karen Hofstetter, nascida em São Paulo, formou-se em publicidade, tra-balhou como diretora de arte, tomou aulas com Catarina Gushiken, estudou design gráfico na Escola Panamericana de Arte, fotografia no Senac, e nunca parou de tocar flauta.

Em 2010, Karen trocou quatro ro-das para duas e mudou-se para Berlim, onde se inspirou e espalhaou criações, misturando música, arte e pessoas.

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Ilustração “Você”Karen Hofstetter

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Ilustração “Love”Karen Hofstetter

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difícil explicar como isso se desenvolve, mas acredito que o meu traço e algumas características do trabalho são o reflexo das minhas experiências, repertório e in-fluências. Tenho de um lado uma influên-cia brasileira muito grande inspirada em flores, cores, poesia e natureza. Por outro lado, gosto da geometria e do minimalis-mo alemão. Acho que essa mistura é um pouco do que faço.

Em 2010 fiz um curso de ilustração com a Catharina Gushiken em São Paulo. Foi quando não parava de desenhar, e, en-tre o papel e o digital, comecei a ter von-tade de ver as cores espalhadas em outras superfícies! Descobri que a Society6 era uma empresa que justamente cuidava de toda a produção e envio de produtos baca-nas a partir de artes que artistas do mun-do todo enviavam - e páh! Foi um prato cheio de satisfação! Comecei a chamar os produtos que levam as minhas estampas e ilustras de #kgoodies nas redes sociais, e eles se espalharam rapidinho pelo mundo! E a renda extra, bem; faz bem pra qualquer freelancer, né?! :)

Como é teu processo de criação e quem te inspira?

Começo com o silêncio. Enquanto ra-

bisco algumas coisas, faço anotações, pre-ciso de total sossego. Na hora de produzir, aumento o som e só paro quando estou sa-tisfeita com a linha criativa.

Não acredito na inspiração que “vem do nada”. O ócio é necessário, mas só pra organizar na cabeça tudo o que vejo por aí. Tenho álbum de fotos, sou viciada em Pinterest, compro livros toda semana. Mas essas são apenas as ferramentas “mais fá-ceis” que estão por perto. Filmes, músicas, uma tarde no parque, aquela conversa de madrugada, o bar com os amigos, o almo-ço de domingo ou qualquer pessoa com quem convivo (até o padeiro que já sabe qual pãozinho eu vou levar) são as minhas maiores inspirações. Não existe um “mo-mento certo” pra se inspirar. A vida por in-teiro é mais do que inspiradora, e isso já basta.

Como (e por que) foi a decisão de mudar pra Berlim e trabalhar aí? Como tem sido a experiência?

Um recomeço de vida! Estava infeliz com o meu trabalho e com o dia a dia em SP. Nunca fui do tipo que reclamava do trânsito e da violência, mas em 2009 senti um desconforto na minha maneira de vi-ver. Nunca tinha vindo pra Berlim. Naque-

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le ano, dois amigos voltaram de lá e me disseram: “Karen, essa cidade é incrível, você precisa conhecer!” – e eu fiquei com isso na cabeça. Quando resolvi que estava na hora de mudar, não pensei duas vezes , pedi demissão e comprei uma passagem só de ida.

Foi difícil no primeiro ano, não tinha contatos profissionais, conhecia muito pouco do mercado aqui, e quando a situ-ação ficou apertada, resolvi começar a fazer alguns trabalhos como freelancer, e já que meu network no Brasil era mais amplo, vi que mesmo de Berlim o trabalho era possível. Comecei com projetos pra amigos, conhecidos, indicações, e quando me dei conta estava com o mês todo lota-do de trabalhos legais. Já tinha parceiros no Brasil e em 2010 abri minha empresa. Me estabilizei fazendo o que eu gostava, e no fim percebi que ter trocado o meu carro por uma bicicleta foi o meu maior grito de liberdade.

www.karenhofstetter.com

Instagram: @karenhofstetter

Facebook: www.facebook.com/kgoodiesanddesign

Pinterest: www.pinterest.com/karenhofstetter Ilustração “KGoodies”Karen Hofstetter

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É neste escopo que o designer pode realizar projetos para mídias sociais. En-tende-se que a comunicação das empresas deve apresentar quem é a marca e como ela se relaciona com seus clientes, isso é reflexo das estratégias organizacionais. É na criação de conteúdo que a marca e suas estratégias estão traduzidas e são apre-sentadas para o seu público. Desta forma o designer pode atuar na mediação entre o que é a empresa e qual o conteúdo a ser publicado nas mídias sociais. É claro que o designer pode atuar apenas no fim do pro-cesso e criar o conteúdo em si (infográfi-cos, imagens, games, vídeos e etc.), mas seria um subaproveitamento das compe-tências dos designers.

Portanto, o designer pode projetar as estratégias de comunicação - com base na gestão da marca - que irão balizar o que, o como e os quais conteúdos (de maneira geral) serão produzidos e publicados nas mídias sociais.

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O objetivo do design desde sempre foi o de dotar os artefatos de signi-ficado por meio de sua morfologia.

A Bauhaus formalizou o caráter unificado, global, técnico e científico, enquanto que a escola de Ulm, sua essência multidisci-plinar, racionalismo e métodos analíticos. Tais características se tornaram mais evi-dentes no século XXI, pela necessidade de projetar as relações e experiências entre os artefatos e os usuários, concebendo-os de maneira sistêmica (produtos, serviços e comunicação) e não apenas como uma única mercadoria isolada.

A evolução da prática profissional do design fez com que se deixasse de atu-ar apenas no âmbito operacional para se compor também o âmbito estratégico das empresas. A bagagem evolutiva do design lhe permite atuar neste âmbito junto a ou-tras disciplinas. Isso faz com que o desig-ner atue não apenas na ponta do processo, mas também no projeto das estratégias organizacionais.

A atuação do designer nas mídias sociais

Tobias CamargoMestrando em De-

sign Estratégico pela

Unisinos, possui gra-

duação em Design

pela Faculdade Satc

(2012). Tem experiên-

cia na área de Design

Gráfico, atuando prin-

cipalmente nos se-

guintes temas: design

web, mídias sociais,

usabilidade e marke-

ting digital.

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Revista Letraset - Número 222

Apesar do árduo e moroso processo, a regulamentação da profissão não me preocupa mais devido a relevân-

cia e destaque que o design tem ganho, principalmente na última década, perante a sociedade e dentro das diferentes esfe-ras governamentais. Felizmente, mais dia, menos dia, ela vai acontecer, é fato pra-ticamente consumado. Porém, o que deve ser evitado a todo custo é a criação de um sindicato para os designers. A principal função de um sindicato é a fiscalização das práticas incorretas da profissão, e isto não é só inviável como desnecessário no âm-bito do design gráfico e da comunicação visual, áreas em que atuo. O profissional

que usar Comic Sans ou entupir um site de degradês vai ter seu registro cassado? Aquele que pixelar uma imagem no cartaz de um show de rock será advertido e pa-gará uma multa? No que concerne os de-signers gráficos, um sindicato só serviria para onerar os profissionais e criar mais um buraco negro de recursos e burocracia. A Justiça comum já atende a grande maio-ria das questões relacionadas ao mercado de comunicação visual, e o Ministério do Trabalho – que já existe e executa esta fun-ção em outras profissões – simplesmente passaria a fiscalizar se a contratação de designers profissionais capacitados – se-gundo as definições do Projeto de Lei – está sendo feita dentro da lei.

Por Bruno Porto

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Regulamentação daprofissão de Designer

Designer gráfico, professor e con-sultor em design. Nasceu no Rio de Janeiro, onde se formou em Design Gráfico e pós-graduou em Gestão Empresarial / Marketing, tendo es-tudado também na School of Visual Arts, em Nova York.

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Tenho bons amigos, pessoas inteli-gentes e em quem confio, a favor da regulamentação. Mas tenho também

muitos bons amigos, igualmente inteli-gentes, contra. Alguns outros ainda são a favor da regulamentação, mas são contra o projeto atual de lei. Todos os lados tem ótimos argumentos. Mas e a minha opi-nião? Não sei! Não sou a favor nem contra a regulamentação, sou apenas DESCREN-TE dela. Quero e desejo muito estar erra-do, mas acredito que a regulamentação da profissão não trará nenhuma mudança nem imediata nem a longo prazo para o meu dia a dia de trabalho no escritório. Sei que pode beneficiar muito a quem depen-

de de verba pública ou privada oriunda de projetos de incentivo a cultura ou isenção fiscal. Mas este não é o meu caso e não é também a realidade de (suponho) 95% ou mais dos profissionais de design.

A ampliação, por exemplo, do SIMPLES NACIONAL para a área de Design teria um impacto mais profundo no nosso segmen-to do que qualquer regulamentação. Será que é essa a questão? Reconhecimento ou legitimação profissional? Para isso exis-tem outros caminhos.

Receio apenas que a única mudança que ocorra, infelizmente, seja a obrigato-riedade de pagamento de uma contribui-ção anual compulsória a algum Conselho Regional de Design que venha a ser forma-do, assim como já é em outras profissões regulamentadas. E acima de tudo, espero mesmo estar errado sobre tudo isso que escrevi acima!

por Guilherme Sebastiany

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Formado em arquitetura e urbanis-mo pela USP e MBA em Branding-pelo ITAE. Foi professor de design e no MBA em Branding. Com 15 anos de experiência em criação de mar-cas, possui projetos desenvolvidos no Brasil e exterior.

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Para minha surpresa, Stefan Sagmeis-ter, um dos designers mais respeita-dos do mundo, havia aceitado meu

pedido de entrevista na primeira tentati-va, com um simpático e-mail que era as-sinado com um “da adorável rua 14”. Ste-fan vivia e trabalhava em uma cobertura duplex no Chelsea, consolidado bairro ar-tístico de Nova York. Ele é um sujeito es-tranhamente alto, cerca de dois metros de altura, e me recebeu vestido em uma ele-gante roupa branca com o detalhe de uma gravata borboleta amarrada no pescoço. Poderia substituir Willie Wonka na Fábri-ca de Chocolate. Um sujeito excêntrico.

Excentricidade é uma boa palavra para resumir o trabalho de Sagmeister. Seus melhores trabalhos causam um estranha-mento que nos leva a olhá-los com mais cuidado. Ele diz que seu objetivo é tocar o coração das pessoas. Normalmente faz isso inserindo surpresas óticas e jogos lú-dicos em suas peças gráficas. A estratégia é similar à de um mágico que atrai a aten-ção da plateia. Uma cartola numa mão, um coelho na outra e subitamente surge

um liquidificador. O inesperado é que faz a plateia ser surpreendida e sorrir.

Um exemplo desse recurso no trabalho de Sagmeister é a embalagem do CD Mou-ntains of Madness. A capa do encarte tem duas imagens sobrepostas. Uma na cor vermelho e outra na cor azul. Sob o plásti-co vermelho da caixa, os traços em verme-lhos desaparecem e só conseguimos ver a foto de um homem. Quando tiramos o en-carte da caixa, o impresso azul se revela, e a foto do homem é substituída por sua imagem gritando. Surpresa.

É importante perceber, no entanto, que não se trata de qualquer surpresa. Normal-mente seus projetos ressaltam a presença humana na criação. Eles revelam o modo como a imagem foi criada. Seu trabalho mais importante provavelmente é o cartaz para uma conferência que apresentaria na academia de arte de Cranbrook. Com a ajuda de um estagiário e um estilete, Ste-fan escreveu o texto do cartaz cortando a própria pele. A foto do torso nu, com as le-tras marcadas a sangue causam impacto.

Boa parte da sua capacidade criativa

Por Marcelo Pliger

A surpresa lúdica no trabalho de Stefan Sagmeister

Designer, divide seu

tempo entre a redação

da Folha de S.Paulo,

onde trabalha desde

1997, e em seu próprio

estúdio. Mestre em

Comunicação e Se-

miótica na Pontifícia

Universidade Católica

de São Paulo (PUC-SP).

Professor de jornalismo

e design da Escola Su-

perior de Propaganda e

Marketing (ESPM).

Page 25: Revista Letraset #2

Agosto de 2014 25

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Cartaz para a AIGA Detroit

Stefan Sagmeister

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está baseada nas teorias de Edward de Bono, professor da Universidade de Ox-ford que em 1967 cunhou o termo “pensa-mento lateral”, uma técnica de solucionar problemas associando ideias indiretas que não podem ser obtidas utilizando o racio-cínio passo a passo da lógica tradicional. A criatividade, no entanto, não é a única qualidade do designer. Ele é meticuloso. Os projetos são detalhadamente elabora-dos e Stefan confessa ser obsessivo com detalhes.

Quando abriu seu estúdio, no início dos anos 90, após um tempo curto trabalhando com o americano Tibor Kalman, Sagmeis-ter focou a indústria da música. Criou pro-jetos brilhantes para músicos importantes como os Rolling Stones, Lou Reed, David Byrne e Jay-Z. Na última década passou a focar trabalhos mais corporativos, desen-volvendo projetos para grandes empresas com altos e baixos em termos criativos.

No ano passado, Sagmeister foi con-decorado com a medalha AIGA. A podero-sa associação de designers gráficos ame-ricana concede a premiação a indivíduos em reconhecimento de suas realizações no campo do design.

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H.P. Zinker “Mountains of Madness”Stefan Sagmeister

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Story Branding / Identities

Stefan Sagmeister

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Revista Letraset - Número 228

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Standard Chartered Comercial - Film & PublicidadeStefan Sagmeister

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Campanha “Aizone” Stefan Sagmeister

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Revista Letraset - Número 230

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É designer de superfícies e consultora de cores.

Autora de “Desenhando a Superfície”, Ed. Rosari -

SP, colabora com a difusão do design em projetos

industriais e educativos. Seus projetos a frente do

escritório Renata Rubim Design & Cores (RRD&C)

já receberam diversos prêmios nacionais e

internacionais.

Se observarmos nessas duas décadas que o Design de Superfície vem se forta-lecendo no Brasil, na sua visão, as empre-sas atualmente estão investido nos pro-fissionais no que diz respeito ao Design de Superfície?

Elas estão investindo nos profissionais e na área, não necessariamente elas con-seguem reconhecer qual é o profissional mais adequado e nem sempre elas optam por um profissional brasileiro, mas elas percebem que há esse interesse e essa ne-cessidade porque isso acrescenta valor a maioria dos produtos.

Entrevista comRenata Rubim

Um designer de superfície pode atuar em que áreas no mercado de trabalho?

O designer de superfície deve atuar naquilo que mais o agrada como profissio-nal, por exemplo, se uma pessoa tem uma vocação pra moda, não faz sentido traba-lhar em uma área mais técnica. Se alguém gosta muito de fazer estampas para moda, não necessariamente vai se interessar no design de superfície voltado a acessibili-dade de deficientes visuais. O design de superfície deveria ser encarado também como uma maneira de embelezar a vida dos deficientes visuais, porque eles podem

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sentir com o tato, em vez de usar os olhos. Mas não são todas as pessoas que têm uma multiplicidade de interesses. Ele pode ser mais têxtil, mais cerâmico, mais de papéis ou de moda. Não necessariamente as pes-soas têm esse vocabulário e esse interesse amplo.

Qual a área mais promissora ou que terá crescimento nos próximos anos?

Provavelmente a indústria do revesti-mento, porque o design de superfície é a pele de qualquer coisa, de qualquer produ-to. Existe um olhar muito especial para a área de revestimento, mas não é só por uma questão de moda, de tendência, é também um resultado da tecnologia cada vez mais desenvolvida. Essa área teve avanços tec-nológicos que permitem cada vez mais a exploração dessa superfície.

As universidades estão preparadas para formar esse profissional?

Eu não tenho certeza porque não faço parte de nenhum quadro acadêmico atual-mente. Minha participação tem sido mais na extensão universitária, com workshops e palestras. Mas pelo que ouço dos alunos,

muitos dos professores desconhecem ain-da a realidade do mercado. Isso não é só no design de superfície, isso é no design em geral e em outras áreas também, como na arquitetura e até na medicina. Quem não é um profissional de mercado pode discutir uma série de conceitos, técnicas e meto-dologias, mas é diferente do que conhecer o mercado, saber as diferenças de cada região, diferenças de nichos de mercado e como fazer a estratégia de prospecção, além de uma série de práticas do cotidia-no. Eu não sei se as universidades estão preparadas. Porém, não se pode generali-zar, depende do perfil do professor, depen-de de cada caso.

Pela sua experiência na área, o design de superfície pode atribuir característi-cas perceptivas e emocionais às superfí-cies dos objetos?

Sim, sem dúvida. Ele remete a asso-ciações que todos fazemos. Tanto na cor, como na textura, ele pode atrair ou repe-lir. Depende da superfície, da cor, depende de onde está trabalhada essa superfície. Qualquer elemento visual pode sempre re-meter a associações. »

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Como você vê a pesquisa em Design de Superfície nas universidades ou na indús-tria?

Acredito que são muito interessantes, mas nem sempre ligadas ao mercado, a realidade. Elas são pesquisas. A indústria mundial é muito avançada em termos de pesquisa, na indústria nacional não sei di-zer. Mesmo porque quase todos os equipa-mentos modernos das indústrias, são im-portados. Não conheço nenhuma máquina brasileira que produza resultados de alta tecnologia.

Na indústria temos hoje uma ferramen-ta aliada ao design que são as redes so-ciais. Essas tecnologias digitais roporcio-nam um contato direto com o mundo todo, não só mais fácil, mas muito mais demo-crático e menos hierárquico. É possível ter acesso a informações que os formadores de opinião e pesquisadores discutem com muita agilidade. É mais fácil conhecer os profissionais e eventos da área, como as feiras, os calendários de atividades, e isso facilita muito a vida do designer. É preciso aproveitar bem essas ferramentas e atuar de uma forma mais transversal, o designer de superfície não pode se isolar.

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Trabalhos produzidos pelaDesigner Renata Rubim

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Bum bum bum 20 anos de Castelo Rá-Tim-BumLetraset entrevistou os idealizadores de uma das maiores produções da TV brasileira

Ao produzir uma revista voltada para o público jovem, nos deparamos com o aniversário de 20 anos do Castelo Rá-

Tim-Bum, uma das maiores produções da TV brasileira e, também, um dos maiores mar-cos de nossas infâncias.

Para não deixar a data passar em branco, fomos atrás de amigos ilustradores para dar corpo a um projeto ousado: ilustrar vários elementos do programa, de personagens a cenários, passando por bonecos e criaturas fantásticas. Para a tarefa, procuramos pes-soas não apenas talentosas, mas que tives-sem sido inspiradas pelo programa quando

Thales Molina Victor Bianchin

É de Santo André, mas hoje mora em São Paulo. Formado em Jor-nalismo na Cásper Líbero. Hoje é editor da revista Mundo Estranho.

De Guarulhos, formado em bacha-rel em design pela Universidade Federal de Pernambuco. Hoje é designer da Mundo Estranho.

crianças e ainda o guardassem em sua me-mória afetiva.

Não bastaria só homenagear: assim como o Castelo mudou a TV brasileira ao criar algo novo para seu público, queríamos mostrar vi-sões diversas sobre o programa, unidas pelo conceito mas diferentes entre si, fazendo jus àquilo que o Castelo sempre pregou: a cria-tividade.

Esperamos que, assim como nós, você se divirta tanto quanto naquela época em que o Tio Victor, escandalizado pelas travessuras de Nino e seus amigos, olhava para o teto de seu Castelo e gritava “raios e trovõõõões!”.

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Como surgiu a ideia de fazer a página?Em 2007, eu e meu colega André Cid pro-

duzimos, como trabalho de conclusão do cur-so de Jornalismo, um almanaque sobre o Cas-telo Rá-Tim-Bum. Entrevistamos mais de 60 pessoas, juntamos mais de mil imagens, fize-mos um longo trabalho de apuração e conse-guimos tirar 10. Esse livro serviu de base para uma matéria que a revista Mundo Estranho (onde eu e o Thales trabalhamos) publicou este ano. Dessa matéria veio a ideia de fazer o projeto de ilustrações.

Como se desenvolveu o projeto? Vocês foram atrás dos artistas ou através da pági-na eles foram entrando em contato?

O Thales idealizou a estrutura. Ele convi-dou os ilustradores, selecionou os 50 elemen-tos a serem ilustrados e faz o trabalho de re-ceber e emoldurar as ilustras para colocar na página. A maioria dos participantes é conhe-cida do Thales do meio de design/ilustração (o Thales ilustra também). Eu conhecia al-guns deles, mas não tinha uma relação forte porque não lido muito com ilustração. Todos se mostraram bastante felizes em participar.

Já fizeram algum projeto parecido? Pre-tendem dar continuidade a esse projeto?

Não, esse é o primeiro projeto. Talvez sim. Mas, por enquanto, estamos focando a pági-na mesmo. Quando isso se encerrar, veremos qual o próximo passo. »

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Revista Letraset - Número 236

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Thales Molina

Raul Aguiar

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Tinham ideia do sucesso que seria?Não, não tínhamos. Mas a gente sabe que

o Castelo tocou muita gente e que a memória afetiva de quem era criança na época é gran-de. Acho que o mérito não é só nosso, é tam-bém do Castelo e da qualidade do programa. Eles fizeram algo que vai durar pra sempre.

Pretendem ir além do Facebook, com li-vro, e-book?

Então, ainda não sabemos. Um livro é uma possibilidade, porém vai depender de alguns fatores. A parte boa é que o conteúdo vai estar pronto, então vai depender mais da burocra-cia.

Tiveram alguma parceria da TV Cultura ou algum retorno dos atores e produtores do programa?

Não firmamos nenhuma parceria e a TV Cultura, até onde a gente sabe, não se pro-nunciou (embora seria legal se eles ficassem sabendo!). Várias pessoas da produção curti-ram a página ou comentaram por lá, incluin-do os atores Cássio Scapin, Luciano Amaral e Cinthya Rachel, o bonequeiro Jesus Seda, a cenógrafa Luciene Grecco e o co-criador Flá-vio de Souza. Ficamos muito felizes em saber que eles tomaram conhecimento do projeto e curtiram. Significa muito para nós poder “de-volver” o que eles fizeram pra gente quando éramos pequenos.

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Revista Letraset - Número 238

A impressão 3D chega ao mercado como uma tecnologia facilitadora para au-xiliar na criação de protótipos físicos

modelados em softwares CAD. Para o De-sign, o protótipo feito em 3D não é somente o poder de ver o objeto em três dimensões e sim poder analisar detalhadamente as suas principais características físicas, funcionais, estéticas e ergonômicas.

PRONTO 3DO Pronto 3D - Laboratório de Prototipa-

gem e Novas Tecnologias Orientadas – con-siste em um espaço de ensino, pesquisa e extensão na área da materialização. O labora-tório objetiva a estruturação de um ambien-te de pesquisa, criação, desenvolvimento e produção de modelos, protótipos, maquetes e produtos em escala real, auxiliando as di-ferentes etapas do processo de projeto em diversas áreas, onde a materialização se faça necessária.

A Rede Pronto 3D

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Coordenador de ensino

e professor da Faculda-

de Satc. Pesquisador e

representante institu-

cional da Satc junto ao

CNPq. Pós-doutorado

na área de Engenharia

Biomédica. Experiência

profissional focada na

docência, coordenação

e gestão acadêmica.

Jovani Castelan

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Laboratórios por Santa CatarinaO Pronto 3D conta com uma rede de labo-

ratórios de prototipagem rápida e fabricação digital, voltada às áreas de Design, Arquite-tura, Engenharias, Artes e afins.

A Rede Pronto 3D, que fica sob a gestão dos Cursos de Design de cada universidade hoje, conta com um total de 5 laboratórios espalhados pelo estado de SC, com pólos lo-calizados nas cidades de Chapecó (Unocha-pecó), Criciúma (Satc), Lages (Uniplac), Flo-rianópolis (Ufsc) e Blumenau (Furb), atuando nas áreas de prototipagem rápida e fabrica-ção digital aplicados à pesquisa e desenvolvi-mento (P&D) de novos produtos e processos, oferecendo apoio aos alunos de graduação e pós graduação, professores, consultoria e cursos em diferentes áreas. Cada pólo da Rede Pronto 3D é equipado com tecnologias aditivas (impressora 3D), subtrativas (Rou-ters CNC) e de corte a laser.

Uma das aplicações práticas da impressão 3D está nas cirurgias de reconstituição de crânio. Nesse caso, a im-pressão de um modelo 3D do crânio do paciente permite uma pré análise mais rápida e confiável da cirurgia.

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Revista Letraset - Número 240

O projeto selecionado nesta edição da revista é uma proposta de design de superfície para a cervejaria Saint Bier,

localizada em Forquilhinha-SC. Os princi-pais materiais solicitados foram uniformes para a fábrica, escritório e um padrão para ser usado por parceiros, distribuidores e gar-çons. Tanto para presentear clientes como para vender nos vários eventos e festas que a Saint Bier participa, foram propostos ain-da aventais, camisetas e bonés. Foi sugerida ainda a aplicação do projeto também ao pub, nas toalhas e guardanapos por exem-plo.

O público-alvo da Saint Bier pertence às classes A, B e C, pessoas da região sul de Santa Catarina, onde a empresa tem mais força, e também todas as pessoas que es-tiverem nas festas e eventos que a empresa participar. Quanto ao público-alvo do pub, é mais variado, pois inclui tanto os cola-

boradores quanto os frequentadores. Foi observado que o ambiente é agradável e deixa as pessoas a vontade para levar seus filhos ou reunir os amigos. Também foi no-tado que houve um aumento da visita no pub e no consumo de cerveja pelo público feminino, principalmente as mais jovens.

As informações coletadas a partir de uma entrevista com o proprietário guiaram para o início da prática projetual. Decidiu-se concentrar os esforços em materiais para o pub. Para tanto, foi realizado um brains-torm com auxílio de um mapa mental e um painel de imagens forte. Se decidiu trabalhar com dois conceitos: Aconchegante, pelo que o ambiente transmite ao visitante e coleção, pela forma como o pub é decorado, com cole-ções de garrafas, canecas e cartazes retrôs, além de outros objetos.

O processo criativo continuou com a mon-tagem de um painel para referências de co-

cabeça do estudanteProjeto desenvolvido

pelos acadêmicos:

Bruna Machado

Fabio Dalsenter

Julyssa Perito

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res. As principais referências foram dos tons ocre do malte e os tons de marrom das fotos dos barris de chope. Duas tonalidades de co-res semelhantes, harmônicas e que propor-cionam um contraste suave e agradável, sem gerar muito impacto visual e transmitindo o conceito de aconchego.

Um painel de referências gráficas foi montado, resultando na ideia de criar um rapport com elementos ligados aos ingre-dientes da cerveja, mas seguindo o conceito para fugir do clichê. Portanto, a decisão foi

de representar os itens mais comuns co-lecionados em pubs, como rótulos, tam-pinhas e garrafas. Assim foi feito um es-tudo das formas dos rótulos de garrafas de diversas marcas de cerveja. Como os materiais tem que representar a identida-de da Saint Bier, as formas estudadas foram usadas para desenvolver desenhos como se fossem rótulos que, em vez de marcas e informações, contenham elementos relacio-nados ao produto e à empresa.

O resultado foi um rapport composto

Painel de referências de projeto

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Revista Letraset - Número 242

por rótulos feitos num estilo semelhante à xilogravura, contendo ramos de malte, lúpulo, garrafa, caneca, barril de chope, brasão de Forquilhinha, logo da Saint Bier, carroça transportando barris e a água re-presentada nos traços em zig-zag. Tam-bém contém palavras como cerveja, Bier, chopp, o nome Saint Bier e o slogan: O sabor do puro malte. As cores foram aplicadas gerando dois padrões, o marrom com a es-

tampa contrastando com um tom mais claro e o ocre com a estampa contrastando com um tom mais escuro.

Primeiramente os padrões desenvolvi-dos foram aplicados em produtos relacio-nados ao pub: toalha de mesa, guardana-pos, jogo americano, avental, uniformes para garçom e cozinheiro. Também foram sugeridas quatro opções de bonés, unifor-mes para escritório e para fábrica.

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Exemplos de aplicação do

padrão em produtos

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Detalhes da

aplicação do padrão

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letrasetRevista digital do curso de Design Gráfico da Faculdade Satc - número 2 - ago/2014

[email protected](48) 3431-7664