revista bia - jun/16
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Armário-cápsulacomo ter estilo com poucas peças
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histórias deintercâMBIO
trabalhandona internet
blogueiras contam o que é preciso para
empreender
+ tendências
JUNHO 2016
02 JUNHO 2016
P. 23DIFERENTONAS
06Equipe Saiba quem participa da revista BIA.
08carta da editora Um oi de quem criou todo esse projeto lindo.
10armário-cápsulaMuito estilo com poucas peças.
16dicas das migasElas compartilham produtos baratinhos e de qualidade.
19vá de tênisNada de salto! A moda agora é usar o bom amigo tênis.
20para assistir ainda este anoA gente te indica cinco séries que vão te fazer sentir poderosa.
22sou negra, sim!Como lidar com o preconceito e começar a se aceitar mais.
25diferentonasQuem disse que amigas não podem ter estilos diferentes?
30meu escritório é em casaNem todo mundo precisa seguir uma carreira tradicional.
34manual de sobrevivência do adolescenteAté parece nome de livro... E é! Conversamos com Camila Loures sobre o projeto.
36meu destinoé ser felizA importância do intercâmbio cultural na vida dos jovens.
40eu sou gay!Não é tão difícil assumir a homossexualidade e ser você mesma.
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JANDERSON SILVABÁRBARA LIMAKARLA LOPESBRUNA LIMA
LUIZA DE SIMONERIANE FAVATO
ANA LÍDIA LOPESKARLA RODRIGUES
LARISSA SOUZACRISTIANA CORRIERI
MARIANA MYRRHAANGÉLLICA PATERNOSTRO
Junho 2016 - BIA 00
A gente põe o coração em tudo, até no nome.
entreamar.com
Acessórios contemporâneos em cerâmica
Clicando com o Olhar
EquipeNádia Schmidt23 anosJornalista. Fala sobre moda e beleza com bom humor e simplicidade. No Youtube é conhecida como Nadica de Nádia.
Janderson Silva22 anosEstudante de Jornalismo. Gosta de tecnologia, jogos e mangás. Espera um dia conhecer o Japão.
Bárbara Lima19 anosEstudante de Jornalismo. Defende as mulheres, ama aprender sobre culturas diferentes e adora moda.
Karla Lopes 24 anosJornalista, escorpiana e apaixonada por tudo que a faz se sentir bem em frente ao espelho.
Bruna Lima18 anosEstudante de jornalismo efeminista. Viciada em séries, música e doces. Sonha em conhecer o mundo.
Marina schmidt27 anosFormada em Publicidade e pós-graduada em Marketing Estratégico. Gosta de tocar ukulele e cantar nas poucas horas vagas.
Antônio tavares 26 anosDesigner e criador da logo BIA. Ama andar de bike, viajar, desenhar e comer pizza da Domino’s.
Bruna marta27 anosEscritora, professora de idiomas e jornalista em formação. Gosta de livros, gatos, café e cinema.
Luiza de simone21 anosEstudante de publicidade e amante da astrologia nas horas vagas. Ama séries, nerdices e livros.
Riane favato30 anosFormada em Fotografia. Adora os animais, comida mineira e ir ao cinema, nas horas vagas, com o marido.
Equipe
06 JUNHO 2016
Mayara LeãoAcessórios
Hello
UMA POR TODAS ETODAS POR UMA
Por Nádia Schmidt
Eu não fui uma adolescente empoderada. Mal sabia que essa palavra existia. Vivia reproduzindo discursos que escutava, não acreditava na união das mulheres e não gostava de quem eu era.
Graças à internet eu pude aprender mais sobre o feminismo e conhecer pessoas que me ensinaram como me empoderar. Foi a partir daí que
comecei a minha desconstrução, deixando preconceitos antigos de lado e enxergando a mim e a outras mulheres de um jeito especial.
Eu gostaria de ter lido e falado mais sobre essas coisas na minha adolescência. Queria ter valorizado mais o meu corpo, as minhas qualidades e os defeitos, também.
Só após os meus vinte anos que descobri que é ok ser exatamente do meu jeitinho. Que posso gostar de
Escolhi as melhores pessoas para realizarem esse sonho comigo. Obrigada!
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ficar em casa vendo séries no Netflix, que tudo bem se eu não quiser ter o cabelo comprido e que todo mundo tem celulite.
Acho que é normal ter inseguranças quando se é jovem, mas tenho reparado como a sua geração, querida leitora, é diferente e muito mais interessante das que já passaram. Você tem acesso a informações o tempo todo, pode dar opiniões sobre qualquer assunto e é bem mais segura de si.
Eu adoro como você é divertida, estilosa e confiante. Como não deixa nada passar batido e corre atrás dos seus sonhos. Sabe que existem milhões de oportunidades no mundo e quer apenas o melhor. Eu adoraria ter sido sua amiga quando mais nova, mas posso ser agora. Ou você acha que já estou na idade de ser a tia legal dos almoços de família?
Confesso que eu não fazia ideia de qual seria o nome dessa revista. Eu queria um título que representasse o movimento feminista e, infelizmente, ele veio de uma forma triste.
Durante a criação desse piloto, um vídeo de uma garota, sendo violentada sexualmente por vários homens, foi
compartilhado na internet, como se compartilha um vídeo de um gatinho tocando teclado. O que vimos nas semanas seguintes foi de arrepiar: as mulheres se uniram para punir os culpados de uma maneira muito significativa, resultando em justiça e o debate sobre a nossa cultura. Fomos uma por todas e todas por uma.
Bia, por coincidência, significa forte e poderosa, o que combina com a mensagem dessa revista. Também tem como definição “aquela que traz felicidade” e é o que te desejo. Eu espero que esse conteúdo possa te inspirar da melhor maneira possível e te ajudar a enxergar novos caminhos durante essa fase tão bacana da sua vida. Aproveite!
Beijocas,
Nádia
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Moda
Conheça o armário-cápsula, o guarda-roupa compacto que estábombando na internet e que te permite criar looks lindos, com poucos
itens, durante uma temporada inteira.
Por Bruna Marta
Todo mundo tem uma história assim: “Comprei um monte de roupa nova, mas na hora da balada escolhi aquela camiseta predileta!” ou ainda: “Mil roupas do armário e nem uma ‘brusinha’ linda pra sair!”. Mas você não será a primeira e nem a última! Apesar de tantas novidades nas vitrines das lojas a cada coleção, a gente sabe que existem aquelas peças
com a nossa cara e das quais nós realmente precisamos. E, na contramão do consumo medido pelo “ter” e não pelo “precisar”, muitas meninas estão topando uma proposta diferente e desafiadora: o armário-cápsula.
A ideia é passar três meses com apenas 37 peças, contando partes de cima, partes de baixo e sapatos, que você realmente ame e que tenham a ver
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QUANDO O SUFICIENTE É SUFICIENTE
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com a sua personalidade. Além do exercício de autoconhecimento, ao escolher as roupas, o armário-cápsula promove ainda o consumo consciente, já que você compra menos e leva pra casa apenas aqueles itens que realmente valem a pena.
Tudo começou nos anos 1970, com a estilista norte-americana Susie Faux, criadora do termo Capsule Wardrobre – armário-cápsula em inglês - que desenvolveu a proposta de um guarda-roupa feito apenas de itens essenciais, de boa qualidade e que não saíssem de costume. Porém, ganhou a internet (e o mundo) através da blogueira Caroline Rector que, depois de outra tarde frustrada no shopping, decidiu simplificar a vida e mudar a sua maneira de lidar com a moda. No blog Unfancy, ela provou que, não apenas é possível, como relativamente fácil, viver com aproximadamente 30 peças (ou menos) durante uma estação do ano e sem gastar nem um centavo. Para chegar ao número 37, ela avaliou
quantas peças queria ou precisava de cada categoria. Para ela, a quantidade pode variar, especialmente porque há países, como o Brasil, onde as estações não são definidas e uma mesma peça pode ser usada praticamente o ano inteiro. O ideal, de acordo com a americana, é se manter entre 30 e 40, no máximo. A regra básica, no entanto, é: nenhuma compra durante três
Caroline inspira mulheres com oseu métodosimples dese vestir.
O atual armáriode Caroline podeser resumido em nove pares de sapato, nove peças de baixo, 15 peças de cima, dois vestidos e dois casacos.
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Moda
meses. O desafio e o sucesso de Caroline
inspiraram meninas no mundo inteiro a fazer o mesmo, espalhando uma corrente de consumo sustentável que está resultando em descobertas de estilo e – o melhor – dinheiro no bolso para gastar com o que realmente importa.
No Brasil, foi a Gabi Barbosa, do blog Teoria Criativa, quem primeiro testou (e amou) a ideia. A blogueira, que chama o desafio do armário-cápsula de “aventura”, foi também quem deu início ao grupo de Facebook Em Busca do Armário-Cápsula, que já passa de
quatro mil integrantes. Uma delas é a blogueira e jornalista
Nina Ribeiro, do Modices, que foi “obrigada” a aderir ao armário numa viagem e acabou conhecendo de perto as vantagens do novo estilo de vida. “Quando eu voltei pra Nova Iorque, pra morar, eu tinha a noção de que pegaria o final do verão todo, o outono e o inverno (pelo menos), então, eu tinha que fazer uma mala muito esperta, até porque eu não tinha dinheiro para comprar absolutamente nada. Eu havia aprendido na aula de Personal Shopper como fazer o armário-cápsula e tive que fazer essa escolha. Não só porque tinha apenas duas malas, mas porque quando cheguei ao meu apartamento final, eu tinha uma arara pequena e uma prateleira pra DIVIDIR com o meu namorado. Sem gavetas! Ou seja, tive que fazer mini cápsulas de acordo com a temperatura, pois algumas coisas tinham que ficar nas malas. Quando voltei pro Brasil, encontrei o velho armário abarrotado de 40 pares de sapatos de salto e percebi que, não apenas podia viver com muito menos, mas que a vida
Gabi Barbosa foia precursora doarmário-cápsulano Brasil.
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Criamos um armário apenas com peças
que a gente ama (...), então é um super
boost na autoestima.
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ficava muito mais fácil com apenas duas calças jeans em vez de 18”, conta.
Para Nina, o armário-cápsula poupa o tempo que uma pessoa gasta escolhendo um look. “Realmente, sobra energia para dedicarmos a outras coisas. Outra vantagem é que criamos um armário apenas com peças que a gente ama e que nos vestem maravilhosamente bem, então é um super boost na autoestima”, finaliza.
Quem pratica, afirma que ter um armário-cápsula, ao contrário do que pode parecer, não significa uma vida de privações ou algo extremo. Quem começa a reduzir a necessidade de TER muitas coisas no guarda-roupa, acaba reduzindo a necessidade de TER muitas coisas na vida, o que torna o dia a dia muito mais leve e criativo. O armário-cápsula é um exercício para aprender a se relacionar melhor com a moda e com o consumo, descobrir o seu próprio estilo e o principal: se divertir!
Observe a sua rotina, as peças que você mais gosta, o seu estilo e resuma tudo que você tem no menor número possível de peças. E não vale trapacear, sinceridade é fundamental! Liste tudo o que realmente precisa. Embora 37 seja o número que Caroline escolheu, você pode adaptar o armário-cápsula para a sua realidade, contanto que seja um número possível.
Lembre-se que o armário pode
e deve ter a sua cara! Inclua blusas, shorts, saias, vestidos, casacos e sapatos (sim, o número das peças deve incluí-los). As bolsas, acessórios, roupas de academia e roupas de festa podem ficar de fora.
É importante escolher uma paleta de cores que te dê um número grande de possibilidades, mas não se limite aos tons neutros. Se você AMA estampas chamativas, florais ou animal print, selecione algumas que possam conversar com o seu guarda-roupa.
COMO COMEÇAR UM ARMÁRIO-CÁPSULA?
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Nada de salto! A moda é combinar aquele bom e velho tênis em looks pro dia a dia. Vale até na hora da balada!
Caroline Johansson apostou em tênis
com jardineira.
Lina Nordin com o melhor combo: jeans + um tênis velho.
Imaan Hammam toda linda de tênis com saia.
Sofie Theobald com peças
básicas, mas bem estilosa.
DiversãoPor Luiza de Simone
HOw to get away with murderViola Davis é uma advogada e professora dura na queda. A série traz uma surpresa atrás da outra, e você não vai conseguir conter seu amor e admiração por Annalise Keating, personagem que mostra momentos de fragilidade, força, desenvoltura e garra durante cada episódio.
Jessica jonesKrysten Ritter interpreta uma super-heroína traumatizada por um relacionamento abusivo. Apesar do seu temperamento problemático e das memórias ruins, Jéssica Jones não se deixa abater diante da oportunidade de salvar outras mulheres das garras do seu ex-namorado controlador.
5 SÉRIES QUE VÃO TE FAZER SENTIR PODEROSA
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S E N S E 8Essa série não é só um poço de mulheres incríveis, como também é um grande aprendizado sobre os direitos LGBT. Criada pelas irmãs transexuais Wachowski, as mesmas de Matrix, o seriado reúne personagens femininas incríveis, mostrando a luta de cada uma dentro das suas próprias vidas. Sem falar que as cenas da segunda temporada foram gravadas na Parada do Orgulho LGBT no Brasil.
O R P H A N B L A C KSarah Manning, nascida e criada nas ruas, testemunha o suicídio de Beth, uma mulher que é a sua cópia perfeita. Ela assume a vida da moça e acaba descobrindo a existência de outras cópias iguais, cada uma vivendo uma vida paralela. O seriado trata sobre a luta que travamos pelo direito ao nosso corpo, além de nos inspirar com muitas histórias incríveis.
O R A N G E I S T H E N E W B L A C KVocê vai se impressionar com a quantidade de personagens muito maravilhosas nessa série. Cada episódio traz um flashback sobre o passado de uma delas, questionando privilégios, sexualidade e escolhas. Além disso, assistimos a uma versão dos problemas que acontecem dentro dos presídios femininos.
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SIM, EU SOU NEGRA, E VOCÊ VAI TER QUE ACEITAR
Desde pequena eu fui ensinada que ser negro não era legal. O meu cabelo não era elogiado, eu não via pessoas iguais a mim na televisão e em desfiles de moda, os meus traços não eram bem aceitos e eu recebia olhares tortos das pessoas ao verem o meu tom de pele no mesmo espaço que elas.
Não vou ser boba em dizer que as coisas hoje em dia mudaram completamente. O cabelo crespo ainda incomoda muito, poucos negros são colocados em comerciais e capas de revistas, profissionais negras ainda
têm pouquíssimo espaço em diversas áreas - especialmente quando se trata de moda e beleza- e, sim, muita gente olha torto para um negro entrando em um restaurante chique ou em qualquer local que, para a sociedade racista em que vivemos, não é o lugar dele.
Há quem diga que o racismo não existe no Brasil. Geralmente, quem fala isso por aí são pessoas que nunca vão saber, de fato, o que é racismo pelo simples fato de não sofrê-lo. É forte, é ruim e machuca, mas a gente, negro, tenta levantar a cabeça e seguir em frente. Como eu trabalho com moda e beleza, outro dia estava comentando
Por Karla LopesBeleza
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com uma amiga sobre marcas que nas redes sociais pregam a diversidade, mas, na hora de escolherem pessoas para os seus trabalhos, deixam as negras de fora. Os negros percebem isso. Aos olhos dos outros, isso pode passar despercebido, mas, me conta, quantas bases para a pele negra a sua marca de maquiagem favorita tem? E quantas mulheres negras aparecem em suas propagandas? Quantas blogueiras negras você conhece? Pensa e me conta... Pensou? São poucas, né?
Apesar disso, eu, mulher negra, não desisto. Eu me imponho. Me imponho como pessoa, como profissional, como negra. Tenho orgulho da minha cor e aprendi a valorizá-la. Descobri, sozinha, como me maquiar e que posso ter o cabelo que eu quiser: um crespo poderoso, um megahair, ser loira, ruiva ou ter os fios azuis. O que combina ou não com a minha pele sou eu quem determino. E você, irmã, também pode.
Como disse no começo deste texto, as coisas não mudaram totalmente. O que vejo que melhorou é que as mulheres negras estão se impondo. Estamos mostrando que o nosso lugar é onde desejarmos e as pessoas vão ter que engolir isso, querendo ou não. Estamos tentando, sim, conquistar espaço e mostrar
que a gente pode ser o que quiser, que somos empoderadas e livres. Sofremos ainda, não vou mentir, mas estamos tentando não ficar caladas. Mesmo que doa o olhar e as palavras racistas (que nunca são reconhecidos como tal) de outras pessoas, estamos tentando manter a cabeça erguida. Se o mundo vai mudar, eu, sinceramente, não sei. Pode ser que mude, pode ser que não, mas não vamos deixar uma sociedade preconceituosa dizer onde a gente deve estar, e o que temos que fazer e usar.
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Elas não são modelos, mas vestiram os seus looks favoritos para fotografar com as amigas. Aqui não há padrões: tem baixinha, alta, cabelos lisos, crespos, curtos e longos, cada uma com seu estilo e personalidade pra inspirar quem
gosta de ser única.
Editorial
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Babi (à esq.) veste: cropped e shorts Forever 21; tênis All Star. Cris (à direita) veste: camisa jeans Dudalina; blusa C&A; calça Track and Field; bota Garra. Styling: Nádia Schmidt
Gegê (à esq.) veste: vestido Zara; bota ZEM.
Mari (à direita) veste: blusa Aeropostale; calça
ELLUS; slipper FAB.
Carol veste: conjunto FARM; tênis Redley; brincos Lolita Az Avessas.
Larissa (à esq.) veste:blusa C&A; blusa
de frio Marisa; saia Renner; bolsa Marisa;
sapato Marisa.Bruna (à direita)
veste: camisa jeans Yintersai; vestido
Renner; bota Botero; mochila Stillo’s
Nova geração, novas profissões! Conheça quem decidiu investir no empreendedorismo na internet, um caminho alternativo para os jovens
em um mercado de trabalho tradicional.
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CapaPor Nádia Schmidt
30 JUNHO 2016
MEU ESCRITÓRIO ÉEM CASA
O Apenas Ana inspira mais
de 200 mil seguidores na
internet.
Chegou a época do vestibular e você não faz a menor ideia de qual profissão irá escolher. Desde criança, você escutou seus pais falando que a sua prima passou em medicina e que a filha da amiga da sua mãe decidiu ser engenheira. De repente, você é a salvação da sua família, a única que vai graduar em direito e passar em um concurso público. Se identificou?
Parece até um clichê da adolescência a fase que é preciso escolher o curso na faculdade. Você mal dorme pensando na cara de reprovação da sua mãe e consegue imaginar o seu pai errando o nome da sua profissão, perguntando quando você vai começar a trabalhar de verdade.
Algumas pessoas ainda não estão preparadas para a geração de jovens que acreditam que podem ganhar
dinheiro fazendo o que gostam. As blogueiras, youtubers e freelancers surgiram há pouco tempo e estão conquistando um espaço no mercado. Hoje é possível trabalhar em casa e ser a sua própria chefe, o que não combina com os serviços dentro de um escritório.
Não há idade certa para empreender, como é o caso da vlogger Ana Lídia Lopes, que criou o Apenas Ana para compartilhar assuntos de seu interesse. O blog atraiu mais público quando ela começou a registrar a sua transição capilar. Hoje, após quatro anos de muitas postagens, Ana recebe propostas comerciais e ajuda meninas que estão passando pela mesma situação.
A jovem de 17 anos acredita que o ponto principal para trabalhar na internet é ter personalidade: “Hoje
Ana Lídia pretende continuar investindo em seu blog e canal
no Youtube.
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Capaem dia há milhões de canais e blogs, então, pra uma pessoa se destacar, ela tem que ser ela mesma, porque não existe ninguém igual no mundo”, comenta. “Acho que a identificação é outro fator muito importante para atrair público. Eu sentia falta de ver meninas parecidas comigo nas revistas e na televisão, e hoje o pessoal fala muito sobre se aceitar”.
Quem está na blogosfera há mais tempo também concorda que criar um conteúdo autêntico é essencial para alcançar resultados. Thereza Chammas, do blog Fashionismo, afirma que os tempos de glamour dos blogs já passaram. “As pessoas buscam cada vez mais o real, o sentimento de que a blogueira está falando com a leitora”, conta. “Parece fácil, mas me cobro diariamente pra criar posts legais e informativos”.
Como em todo empreendimento, trabalhar na internet requer paciência e dedicação. Alessandra Garattoni, blogueira, considera que os requisitos básicos para manter um negócio são a persistência e a gestão. “A
aparente facilidade do online faz com que as pessoas se esqueçam destes conceitos”, fala. Para ela, não adianta ter um produto ou serviço incrível se a obsessão pela excelência não estiver no pacote.
O que as três empreendedoras têm em comum, além do local de trabalho, é o receio de que os jovens criem uma expectativa de ganhar dinheiro rápido e fácil. O que se vê nas redes sociais das digital influencers não foi conquistado de um dia para o outro. Há muito suor por trás das câmera, pesquisa de pautas, e noites acordadas publicando vídeos e textos.
Thereza Chammas é exemplo de que
carisma e conteúdo de qualidade são
essenciais para um empreendimento
na internet.
Qualquer pessoa pode ser bem sucedida se
trabalhar muito e correr atrás.
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Há quem também opte por fazer um curso na faculdade e tentar a vida profissional na web. Provavelmente, o trabalho será dobrado, mas é algo que pode ajudar na hora de criar um conteúdo autoral. Thereza, que, além de ser blogger, é arquiteta, concorda que ainda escolheria estudar arquitetura, mesmo se soubesse que, no futuro, seria uma blogueira. O que ela aprendeu nas aulas, como o envolvimento com a estética e o conhecimento de história da arte, aprimoram a qualidade das suas publicações.
Se o caso for adiar a matrícula da faculdade por alguns meses (ou para sempre), Ana Lídia continua batendo na tecla de que é preciso ter o pé no chão, mesmo que a pessoa acredite
em seu trabalho. “Você não precisa fazer um curso, mas também não pode ficar parada. Qualquer pessoa pode ser bem sucedida se trabalhar muito e correr atrás. Você tem que ser o melhor profissional, independente do emprego que escolher”.
Ser empreendedora não é fácil, mas vale a pena. É um exercício constante de criatividade, organização e independência. O retorno financeiro pode ser muito bom, mas nada é mais importante que sonhar. O que se repara é que, mesmo com tantas opções de profissões, a maioria dos jovens deixam de sonhar para poder garantir um emprego estável.
O primeiro passo é encontrar um tema especial que você domine. O segundo é ter disciplina e manter o ritmo de postagens. Por mais que, no início, o objetivo esteja muito longe, é com dedicação que as oportunidades aparecem. Após quatro anos de muito esforço, Ana mal imaginava que o blog se tornaria o seu trabalho. “Quando eu comecei a postar na internet, via que o que eu queria estava distante de mim, principalmente por ser uma menina do interior. Eu não desisti e, hoje, posso dizer que o meu sonho está se realizando”, finaliza.
Ale Garattoni tem uma empresa de workshops de branding e escreve sobre empreendedorismo em seu blog.
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Entrevista
MANUAL DE SOBREVIVÊNCIA DO
ADOLESCENTECamila Loures tem 21 anos e faz sucesso na internet com quase 1 milhão de inscritos em seu canal no Youtube. Recentemente, a mineira lançou
o livro Manual de Sobrevivência do Adolescente para ajudar os jovens a lidarem com essa fase cheia de novidades. Em entrevista, ela conta um
pouco mais sobre o seu novo projeto e como começou sua carreira.
Por que você decidiu escrever um livro? Eu tenho um quadro no Youtube
chamado Conselhos da Camis, onde o pessoal pergunta sobre família, escola e namoro. Como eu recebia muitos e-mails dos meus seguidores, falando que eu os ajudei, senti uma vontade muito grande de escrever o livro. Eu conto o que vai acontecer e como sobreviver à adolescência. Eu falo de primeiro beijo, espinhas, aquela festa que todos vão, o que vestir... Falo sobre bebida, porque
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muita gente se sente pressionado, né? Tipo, de ter que beber porque todos os amigos bebem. E você não precisa disso, você pode se divertir sem álcool.
Como foi o processo de criação do livro? Foi algo bem surpreendente, porque
na escola, eu gostava de português, mas eu não era boa. Eu contei com a ajuda de uma pessoa pra corrigir o texto do livro, mas toda a história foi uma criação minha. Foi legal, um novo desafio.
Por Nádia Schmidt
34 JUNHO 2016
Manual de Sobrevivência do adolescenteEditora Alto Astral
R$19,90 - Saraiva
Como você começou a fazer vídeos? Há três anos, eu estava olhando a
loja de aplicativos no celular, e um deles me chamou a atenção. Era o Vine, onde os americanos postavam vídeos curtos, de segundos, mas não era muito conhecido. Depois de algum tempo, alguns brasileiros começaram a fazer os vídeos, e eu decidi gravar alguns também. Quando eu fiz 100 mil seguidores, as pessoas falaram pra criar um canal no Youtube, onde eu poderia conversar mais com o meu público. E deu certo!
Qual é o tema mais importante do seu livro? Acho que o capítulo mais importante
é o sobre a família. Nele tem uma frase que é “Queira ou não os seus pais sempre estarão certos”, e isso é verdade, porque na adolescência a gente desobedece nossos pais e acaba se dando mal.
Você se arrepende de alguma coisa?
Eu não sofri bullying, mas eu era conhecida como a menina da zoeira e eu não gostava de estudar, o que foi um grande arrependimento. Eu tomei duas bombas e decepcionei os meus pais.
Qual conselho você daria para os jovens? Eu diria saber diferenciar a escola da
hora de brincar. Essa responsabilidade tem que estar em primeiro lugar e, claro, não ir pela cabeça dos amigos, porque você acaba fazendo algo que não quer pra agradar os outros.
Quem foi a sua inspiração na adolescência? Eu acho que por ter sido criada
em uma família unida e ter uma boa educação, eu tive discernimento de quais caminhos deveria seguir. Eu falaria que foi o que me inspirou a continuar sendo o que eu queria. Eu amava algumas artistas, mas eu nunca quis ser diferente do que eu sou.
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O MEU DESTINO É SER FELIZPor Bárbara Lima e Bruna Lima
Atraídos por novas experiências, os jovens estão cada vez mais interessados em fazer intercâmbio. Além da independência, morar em um país diferente pode ajudar a se conhecer melhor e criar caminhos inesperados para a vida.
Paola Antonini morou algumas semanas na
Ilha de Malta.
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36 JUNHO 2016
É hora de dar tchau! O novo sonho dos adolescentes é viajar e aderir ao espírito aventureiro, deixando de lado o tradicional desejo de ter um carro, trabalhar e constituir uma família. Cada vez mais intercambistas aparecem no feed de notícias do Facebook com mensagens de despedidas para se entregar ao mundo e conhecê-lo, optando por concluir o ensino médio no exterior ou fazer um curso para aprender outras línguas.
De acordo com a empresa de turismo Tia Eliane, em Belo Horizonte, o local mais procurado por quem pretende fazer intercâmbio é o Canadá, onde os jovens optam por se hospedarem, no primeiro mês, em casa de família, tornando tudo mais barato por ter café, jantar incluso e muito aconchego.
O primeiro intercâmbio que fiz foi nos Estados Unidos. Participei de um programa de work and travel, pelo qual trabalhei por três meses como camareira. Mesmo o trabalho sendo braçal, consegui aprimorar o meu inglês e voltar ao Brasil fluente.
Por causa dessa experiência , eu sempre chamava a atenção em entrevistas de emprego. Eles se interessavam mais por isso que pelos os cursos que eu havia feito no nosso país. Era um diferencial para as empresas, porque me perguntavam como tinha sido e o que eu aprendi morando fora.
Realmente foi o que me abriu muitas portas na minha profissão! Além disso, eu aprendi a me virar sozinha, administrar contas, cuidar do meu dinheiro e fazer a minha própria comida.
O INTERCÂMBIO MUDOUA MINHA VIDA
Larissa ferreira27 anospublicitária
O Canadá é o destino mais requisitado pelos jovens.
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Pedro Werneck, de 21 anos, foi um dos jovens que escolheu fazer intercâmbio no Canadá com a empresa World Study, com o objetivo de trabalhar e estudar o inglês. Em sete meses no país, ele morou em Vancouver e Banff: primeiro em uma casa de família e depois em um apartamento. “Achei bem melhor. Eu era mais livre e meu apartamento era perto de tudo que eu precisava”, contou Pedro.
Já Mariana Goulart Viana morou na Austrália por seis meses em 2002. Hoje, com 30 anos, percebe o quanto a experiência com a empresa STB foi importante para treinar a língua. Além disso, foi uma oportunidade para conhecer um novo país, com
Mariana Goulart escolheu a Austrália para
viver por seis meses.
cultura e hábitos diferentes, e trocar experiências com pessoas de outras nacionalidades. “Acho que me tornei mais independente e aprendi a respeitar as diferenças. Também me fez despertar o gosto por viagens internacionais”, afirmou.
Se você não quer morar fora por muito tempo, o ideal é escolher uma viagem de curta duração. Foi o caso da digital influencer Paola Antonini, 22 anos, que sempre quis fazer um intercâmbio para aprimorar o inglês. Após o seu acidente - ela teve que amputar a perna no final de 2014-, e de todos os seus esforços para se adaptar à prótese, resolveu abraçar a oportunidade de fazer um intercâmbio rápido. A modelo decidiu
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Viagem
ficar duas semanas na Ilha de Malta pela empresa World Study.
Paola afirma que o ideal para a viagem são duas malas de 23kg ou 32kg e mais uma mala de mão. Em seus vídeos na internet, ela dá dicas de como começar a organização: “Já ouvi várias pessoas falando que elas gostam de levar para a mala os looks já prontos, dentro dos saquinhos, só que eu não gosto”, contou. Ela gosta de misturar suas roupas, sem nada preparado na cabeça.
Mesmo com dúvidas sobre peças de roupas, dinheiro e como agir durante a viagem, as experiências fora do Brasil são oportunidades que estão sendo mais valorizadas no mercado de trabalho e no cotidiano. O intercâmbio significa quebrar barreiras, lidar com medos que você nem mesmo conhecia e aprender a lidar com o desconhecido. As recompensas são para a vida inteira!
Morei no norte da Espanha, em 2009, por seis meses. Além da experiência cultural, de viver em outro país, aprendi a ser mais independente, respeitar as diferenças, ser mais sociável e resolver meus problemas.
Na Espanha, tive a surpresa de conhecer meu marido. Namoramos durante o intercâmbio e, mesmo ele morando nos Estados Unidos e eu no Brasil, decidimos continuar juntos. Meus seis meses em Oviedo, Espanha, mudou completamente a minha vida. Hoje sou muito mais madura, responsável, e, após seis anos de relacionamento à distancia, hoje somos casados.
Recomendo a experiência para todos. Atualmente moro em Fairfax, Virgínia, nos Estados Unidos. Minha adaptação e decisão de mudar de país não teria sido a mesma se eu não tivesse morado fora antes.
O INTERCÂMBIO MUDOUA MINHA VIDA
Angélica maia28 anosAdvogada
Pedro Werneck morou em Vancouver e Banff,
no Canadá.
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Comportamento
Quando me sugeriram escrever a respeito do que é se assumir homossexual para essa publicação, logo me veio à mente um trecho de Meus desacontecimentos, livro de Eliane Brum, importante jornalista colunista do El País Brasil. “É uma viagem de dentro para dentro”, ou seja, você sabe que existe um sentimento diferente em você, mas apenas não pensou sobre como mostrá-lo para sociedade: o nukegara, a casca em japonês, já não dá mais conta de abrigar a explosão que é ser o que é. Existir por si só não basta.
Assistiram-me muitas vezes assumido. Em meu olhar envergonhado aos corpos masculinos na escola; nos beijos escondidos e amedrontados nas praças escuras; nas visitas de amigos que nunca alguém chegou a ver; nos encontros furtivos e com local marcados pelo Tinder.
Assumi a minha homossexualidade aos 18 anos, quando, em atitude desesperada, contei que meu atual namorado era na verdade mais que um simples amigo. Para minha surpresa, a reação de minha mãe foi clara e morna: “Eu já sabia”. É provável que a única pessoa que você não conheça, verdadeiramente, seja você mesma.
NUKEGARASempre pensei em meu pai
desconfortável com a situação. Nascido ainda na década de 1950, por toda a sua vida, ele quis que eu fosse lutador de boxe. Em casa, nunca citou a palavra gay ou homossexual. “Vocês têm a suas vidas”, disse ele se referindo ao meu namorado e a mim. Mas minhas palavras não vêm como uma resposta desesperada aos seus possíveis problemas leitora, e, sim, como uma outra forma de visualizar caminhos para uma construção da pessoa que você é.
Ninguém disse que seria fácil, e temos que nos acostumar a cada dia mais com essa ideia. Então, qual saída você tem? Lembre-se de quem você é e que nada nesse mundo pode anular a sua existência. Tenha pulso firme e decisões claras, não deixando margem para duvidarem da sua importância. E, o mais importante, seja você. Seja feliz!
Por Janderson Silva
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