revista [b+] - 28

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MARKETING: O DESAFIO DE MUDAR A MARCA IGUATEMI PARA SHOPPING DA BAHIA Tiragem auditada: 15 mil exemplares CARNAVAL Crise afeta a maior festa popular do mundo TURISMO DE NEGÓCIOS Salvador precisa voltar a ser atrativa para grandes eventos MERCADO NÁUTICO Bahia tem potencial a ser explorado MODA PRAIA Inovação garante maior faturamento R$ 9,90

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No comando da Candyall Entertainment, Carlinhos Brown dá vida a projetos que repercutem no Brasil e no exterior

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W W W. R E V I STA B M A I S . C O M . B R 1Marketing: o desafio de mudar a marca iguatemi para shopping da Bahia

Tiragem auditada:15 mil exemplares

carnaVaLCrise afeta a maior festa popular do mundo

turismo denegÓciosSalvador precisa voltar a ser atrativa para grandes eventos

mercadonÁuticoBahia tem potencial a ser explorado

moda praiaInovação garante maior faturamento

R$ 9,90

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sumário

A Bahia dos seus olhosOnline e Muralfórum de Liderança [B+]Bloco de NotasImóveis+Saúde+Mídia+

NEGÓCIOSSalvador e o turismo de negócios[C] A nova lei anticorrupção e o sistema complianceÁgua de coco sem fronteirasStartup: PastarEmpreendedorismo de salto alto[C] O espírito animal precisa nos guiar [C] É hora de pensar a Bahia do futuro

Carnaval em Criseentrevista: Carlinhos Brown

EDUCAÇÃOAprender a empreender

SUSTENTABILIDADEA novela da Orla de Salvador[C] Baía de Todos os Santos, sede da Amazônia Azul

LIFESTYLESaborO mercado das marinasRoteiro: fuja do CarnavalGuia de praiasO negócio do biquíniMarca: Picolé CapelinhaDecoração[C] Turismo de luxo na Bahia[C] Defenda a BahiaAutos&Motos+A bordo com a [B+][C] Bahia, terra sem memóriaNotas de TEC

ARTE&ENTRETENIMENTOfeiras gastronômicas em SalvadorConte aí

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[conselho editorial] César Souza, Claudio Vinagre, Cristiane Olivieri, Geraldo Machado, Ines Carvalho, Jack London, Jorge Portugal, José Carlos Barcellos, José Roberto Mussnich, Luiz Marques de Andrade Filho, Maurício Magalhães, Marcos Dvoskin, Masuki Borges, Reginaldo Souza Santos, Rubem Passos Segundo e Sérgio Nogueira

[editora-chefe]Núbia Cristina ([email protected])

[editor assistente]Pedro Hijo ([email protected])

[repórter]Victor Longo ([email protected])

[diretor de arte]Leandro Maia ([email protected])

[coordenadora de arte]Rafaela Palma ([email protected])

[designer]Gabriel Cayres ([email protected])

[projeto gráfico]Gabriel Cayres e Rafaela Palma

[colaborador - diagramação] Edileno Capistrano

[fotografia] Studio Rômulo Portela e Luciano Oliveira

[revisão] Cristiane Sampaio

[colunistas]Armando Avena, Glenda Zaine, Heloísa Braga, Iuri Barreto, Luiz Marques de Andrade Filho, Núbia Cristina, Roberto Nunes e Ruy José de Almeida Filho

tiragem auditada15 mil exemplares

revista [B+] edição 28Fevereiro 2015/Março de 2015

[periodicidade] Bimestral[impressão] Santa Marta[foto capa] Imas Pereira

A Revista [B+] pode ser lida no site (www.revistabmais.com.br), tablets, smartphones e encontrada nas principais livrarias e bancas da cidade. Encontre a [B+] nos seguintes pontos de venda: Livraria Aeroporto; Livraria Cultura (Salvador Shopping); Livraria Leitura (Salvador Norte Shopping e Shopping Bela Vista); Livraria Rodoviária; Livraria Saraiva (Salvador Shopping, Shopping Barra, Shopping da Bahia e Shopping Paralela) e bancas selecionadas.

pontos de Venda

[conselho institucional] Aldo Ramon (Júnior Achievement), António Coradinho (Câmara Portuguesa), Antoine Tawil (FCDL), Felipe Arcoverde (Abedesign-BA), Jorge Cajazeira (Sindipacel), José Manoel Garrido Gambese Filho (Abih-BA), Laura Passos (Sinapro), Pedro Dourado (ABMP), Renato Tourinho (Abap), Rodrigo Paolilo (Conaje) e Wilson Andrade (Abaf)

[presidente]Rubem Passos Segundo ([email protected] )

[diretor geral]Renato Simões Filho ([email protected])

[diretor de publicações]Claudio Vinagre ([email protected])

[diretora comercial]Adriana Mira ([email protected])

[diretora de marketing]Bianca Passos ([email protected])

[gerente comercial]Ana Carolina Pondé ([email protected])

[gerente de planejamento]Rafael Abreu ([email protected])

reserva de anúncio [email protected] / 71 3012-7477

realização Editora Sopa de Letras Ltda.

Av. ACM, 2.671, Ed. Bahia Center, sala 1101, Loteamento Cidadela, BrotasCEP: 40.280-000Salvador - BahiaTel.: 71 3012-7477

cnpJ 13.805.573/0001-34

expediente

Marketing: o desafio de mudar a marca iguatemi para shopping da Bahia

Tiragem auditada:15 mil exemplares

carnaVaLCrise afeta a maior festa popular do mundo

turismo denegÓciosSalvador precisa voltar a ser atrativa para grandes eventos

mercadonÁuticoBahia tem potencial a ser explorado

moda praiaInovação garante maior faturamento

R$ 9,90

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editorial

A mudança é intrínseca à nossa existência.

Gostando ou não, mudamos todos os dias,

desde o ventre que nos abrigou nos primei-

ros momentos de vida. Ao nosso redor, tudo

muda o tempo todo, embora a resistência às

mudanças seja algo comum. Em geral, os jo-

vens temem menos as mudanças, isso ocorre

também no mundo corporativo. As organiza-

ções com menor tempo de vida, mais enxutas,

com uma estrutura sem maiores níveis de

hierarquização, são propensas às mudanças.

É assim no Grupo [B+], que em 2014 implantou

significativas transformações e segue nessa

metamorfose nos primeiros meses deste ano.

Na edição 28, que traz um panorama sobre

os setores da economia baiana impulsionados

na alta estação, mudamos a revista. A sua

[B+] tem um projeto gráfico atualizado. Uma

tipografia de texto mais adequada à leitura,

que garante maior fluidez e conforto. Ou seja,

aumentamos nossa leiturabilidade. O novo

tamanho é compatível com o padrão das

principais revistas de negócios do mundo.

Seguindo uma tendência global, aderimos

à impressão rotográfica, que garante maior

velocidade, permitindo aumento da tiragem.

Chegamos a 15 mil exemplares e não vamos

parar por aí, pois a meta é elevar essa marca

gradativamente. Hoje, a revista de negócios

da Bahia chega a 184 municípios baianos, mas

estamos criando musculatura para aumentar,

e muito, essa capilaridade.

mudar é preciso, evoluir é inevitável

Seguimos a máxima de que elogios preci-

sam ser feitos em público, portanto, aqui vai

nosso reconhecimento à equipe de designers

do Grupo [B+], que tocou com maestria o

processo de reformulação. Rafaela Palma e

Gabriel Cayres, com a liderança do diretor de

arte, Leandro Maia, foram buscar inspiração

nas melhores revistas do mundo para deixar

a [B+] ainda mais bonita e gostosa de ler.

Mudança é música para nossos ouvidos, por

isso o tema central desta edição passeia pelas

transformações do Carnaval de Salvador, o

principal produto da indústria do entreteni-

mento, que movimenta a economia baiana

durante todo o verão.

Não é à toa que destacamos na capa uma

entrevista exclusiva à [B+] com o cantor,

compositor, percussionista, arranjador,

produtor e artista plástico Carlinhos Brown.

Salientamos aqui que esse artista multimídia

é também um empreendedor intuitivo, atento

aos detalhes da gestão de sua carreira, para

quem liderar é servir e criar oportunidades

de crescimento pessoal, profissional e social.

Ele reconhece que há crise no Carnaval da

Bahia, mas aponta novos caminhos para a

revitalização da axé music, um movimento

que celebra 30 anos.

O verão não se limita à folia momesca, por

isso você encontrará nas próximas páginas

reportagens sobre a orla de Salvador, que

precisa melhorar muito; a alta rentabilidade

da indústria de moda praia; um panorama do

turismo local; exemplos de empreendedorismo

feminino e muito mais. Nossa equipe entrevis-

tou empresários, especialistas, artistas, gestores

públicos e prestadores de serviços para mostrar

como as altas temperaturas impulsionam os

negócios. O resultado você confere agora.

Para ilustrar o processo de mudança pelo

qual passam a indústria do entretenimento

e o Grupo [B+], lembro a citação atribuída ao

genial Fernando Pessoa, escritor português

que tornou célebre a frase proferida pelo

general romano Pompeu, por volta de 70 a.C.,

de acordo com os historiadores: “Navegar é

preciso, viver não é preciso”.núbia Cristina,

editora-chefe da Revista [B+]

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Verão que somos Bahia

[01] @alvarovillela; [02] @dcampbell1988; [03] @freelipi;[04] @blogdapaloma; [05] @bruno_sa; [06] @gilmarabartilotti;[07] @joaogmvieira [08] @photobds [09] @uilmacarvalho

Quer participar? Tire uma foto da sua cidade e marque com a hashtag #revistabmais no instagram! as melhores serão publicadas na próxima edição

A [B+] embarcou nas férias dos nossos leitores e selecionou algumas fotos que mostram a Bahia através dos seus olhos

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galeria

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onlineemural

COMENTáRIOS ED.27

reCeita para CresCer em 2015“As pessoas não sabem o que querem até você mostrar pra elas. Apenas faltam empresas do varejo que ofereçam esse tipo de serviço. Públicos de todas as classes estão em contato com Mercado Livre, Bom Negócio, OLX etc. Vamos cair pra dentro dessa área, galera, já passou da hora, Bahia!”Eric Pereira, sobre e-commerce, na fanpage

marCas de referênCia“Interessante a matéria, mas admito ser muito louco isso. Sensação de uma falta de identidade, sem uma história fundamentada. De repente este é um dos motivos pelo qual descuidamos tanto dela”Bruno Sá, pela fanpage

mudar para soBreviver“Eu não indicaria empresa melhor para tratar o material fotográfico. Parabéns à equipe da Minilab”Henrique Coelho, pelo site

Capa tia sônia

“Caso fantástico! O futuro pertence àqueles que acreditam e investem na beleza dos seus sonhos”Luciana Matos, pela fanpage

“Esse cara é sucesso, vi o seu crescimento do começo, merece tudo e muito mais”Rauldenis Silva Junior, pela fanpage

“Sinto falta de notícias do interior, a Bahia extrapola os limites geográficos da RMS. De toda forma, eu gosto do trabalho de vocês, e até aqui fizeram jus. Parabéns”Philipe Brito, pela fanpage

Comentárioda edição“Não faço parte do meio de negócios, mas pude ler a [B+] e gostei muito das histórias de como surgiram as grandes marcas e empresas que fazem parte do nosso cotidiano. Mas o que gostei mesmo nessa edição foram as palavras de ânimo e incentivo a todos que se dispuseram a ler o editorial. Acredito que ajudou muitos a se sentirem mais fortes e confiantes, mesmo com todas essas notícias sobre a nossa real condição financeira e econômica”raquel santiago moreira, por e-mail

Nota da redação: Philipe, a cada edição reafirmamos o compromisso de ser a revista de negócios da Bahia. Na edição 27, por exemplo, 40% dos casos reportados são de fora da capital. além disso, desde a última [B+], ampliamos a nossa distribuição e estamos em 184 cidades do interior. obrigado pelo seu comentário.

Com a mãona massa“Palmas! Quero almoçar na sua casa!”Frida Trancoso Soares, pela fanpage

peQuena, luCrativa e sustentável“Um excelente exemplo de sustentabilidade”Ana Rita Amorim, pelo site

salvador, a pior Capital para empreender“Vontade de ver os índices de Fortaleza e Recife, certamente são belos exemplos pra nós baianos”Philipe Brito, pela fanpage

“Isso eu já sei na pele e na carne. Atualmente em Salvador só temos comerciantes? Os empresários foram embora”Marcelo Silva Bahia, pela fanpage

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As obras que ilustram a [B+] 28 são de autoria do piauiense radicado em Minas Gerais rogério fernandes, um dos principais nomes da nova geração de artistas brasileiros. Sua arte é reconhecida dentro e fora do país através de muralismos, telas, gravuras e outros produtos. A galeria do artista fica na Rua Orenoco, 137, Sion, em Belo Horizonte, Minas Gerais.

www.rogeriofernandes.com.br | (31) 3215 0092

A Revista [B+] abre espaço para que você, leitor, dê a sua opinião, faça sua crítica ou sugestão sobre as nossas matérias. O que lhe agradou? O que poderíamos melhorar? Qual a sua dúvida? Queremos saber o que você tem a dizer para que o conteúdo da [B+] esteja sempre alinhado com o que você quer ler.

site www.revistabmais.com.br e-mail [email protected] telefone 71 3012-7477

@revista_bmais /revistabmais @revistabmais

[01] Tia Sônia[02] Minilab[03] Salvador, a pior capital para empreender[04] Marcas de referência[05] Comercial Ramos

as mais Curtidas em nossa fanpage

as mais Curtidas no site

grande salvador passa a ter média alta em desenvolvimento humano “A qual ‘grande’ vocês se referem? Sinceramente, só se é a Grande Salvador dos edifícios, porque a região metropolitana dá pena!”@laradeholiveyra, pelo Twitter

prefeitura divulga informação inCorreta soBre turismo em salvador“Os órgãos públicos precisam ser mais verdadeiros naquilo que divulgam em todos os segmentos”Engeaudi Engenharia, pela fanpage

COMENTáRIOS NAS MATéRIAS DO SITE

[01] Grande Salvador passa a ter média alta em desenvolvimento humano[02] Pôr do sol na Cidade Baixa é escolhido melhor do Brasil[03] Prefeitura divulga informação incorreta sobre turismo em Salvador[04] Empresas que cuidarão da Estação da Lapa têm vínculos com a família de ACM e com a de Sarney

pôr do sol na Cidade Baixa é esColhido melhor do Brasil“O pico da minha infância e adolescência! Sempre falei isso, mas só agora foi reconhecido. Até que enfim. #muitofeliz”Mário Souza Telles, pela fanpage

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Queremos te ouvir

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Mesmo difícil, 2015 promete ser de oportunidades na Bahia e no Brasil

menos reCeio, mais ação

Apesar da expectativa de que 2015 será um ano difícil, há

aspectos da economia internacional e local que mostram um

cenário de boas oportunidades para as empresas. No entanto,

preparar-se bem é fundamental para sair ganhando. Essa foi

a principal mensagem transmitida pelos palestrantes do 22º

Fórum de Liderança [B+], Viktor Andrade e Shirley Silva, sócios

líderes da EY no Brasil e em Salvador, respectivamente. Inicia-

tiva da Editora Sopa de Letras, o 22º Fórum foi realizado pela

RSF Soluções Empresariais e Duetto Produções; contou com

patrocínio da Caixa, do Sebrae e do Governo Federal e com o

apoio da Central de Outdoor e da Uranus2.

“o piB da Bahia ainda corresponde a quase um terço do piB do nordeste. em 2015, devemos perder alguma participação com o avanço de pernambuco e ceará, mas vamos continuar à frente”Shirley Silva, durante o 22º Fórum de Liderança [B+]

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[01] Maiara Liberato (Duetto Eventos), Viktor Andrade (EY), Shirley Silva (EY) e Renato Simões Filho (Grupo [B+]); [02] Álvaro Bahia (Secretaria da Fazenda); [03] Américo Neto (Viamídia Publicidade); [04] Antonio Coradinho (Câmara Portuguesa do Comércio); [05] Carla Kuehn Veiga (Sebrae); [06] Carmen Lúcia Machado (SICM); [07] Cláudio Neves (Natulab); [08] Eduardo Moraes de Castro (Morais de Castro Produtos Químicos), [09] Eduardo Pedrosa (EY), [10] Fernando Passos (Engenho Novo); [11] Miguel Andrade (Senae); [12] Heldo Pereira Jr e José Lisboa (Deman)

fOTOS: Paulo Sousa

[22º] perspectivas para 2015 salvador

fórunsdeliderança

+ no site:veja fotos dos eventos

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inovação

novo shoppingem serrinhaO município de Serrinha, a

198 km de Salvador, ganhou

o primeiro shopping center

no começo de janeiro. O

Shopping Serrinha, admi-

nistrado pela Enashopp,

conta com 9 mil m² de área

bruta locável (ABL) e 10,5

mil m² de área construída.

Tem 40 espaços comerciais,

entre lojas, um hipermerca-

do, cinema Multiplex, com

duas salas da Orient Cine-

mas, e opções de lazer e gas-

tronomia. Com a constru-

ção do Shopping Serrinha,

que recebeu investimento

de R$ 30 milhões – sendo

parte de recursos próprios

e parte de financiamento

da Desenbahia –, a geração

de novos empregos diretos

e indiretos chegará a mais

de 1.600 postos de trabalho,

segundo a organização do

shopping. Entre as lojas

do mix há marcas como O

Boticário, Carmem Steffens,

Ótica Galindo, CL Gráfica,

Vivo, GBarbosa, Le Spaguete,

Árabe, Bom Garfo, Sashimi e

Beach Stop.

gestão pública

Portugal quer mais recursos Para a cultura

transporte

Ônibus terão faixas e viadutos exclusivos em salvadorAs obras para a construção do BRT (Bus Rapid Transit) de Salvador começarão no segundo semestre de 2015. O BRT é um sistema de transporte público no qual os ônibus trafegam em linhas exclusivas. A informação é do secretário de Mobilidade Urbana, fábio Mota. Segundo ele, o processo de licitação será aberto ainda no primeiro semestre, e já há recursos disponíveis, liberados pela Caixa. De custo estimado em R$ 1 bilhão, a obra vai ligar a Estação da Lapa à Estação Iguatemi e terá duração de 24 meses. Serão construídos viadutos nos canteiros das avenidas Vasco da Gama e Juracy Magalhães, na Rua Lucaia e na Praça Nilton Rick. As novas vias serão exclusivas para o novo transporte.

Obra para a construção do BRT de Salvador levará dois anos. Em São Paulo, ônibus do mesmo tipo já circula para testes

À frente da Secretaria de Cultura do Estado desde o dia 6

de janeiro, o novo titular da pasta, Jorge Portugal, assu-

miu o cargo prometendo seguir linha semelhante à do seu

antecessor, Albino Rubim. “Vou ser secretário de um proje-

to político que continua. Não haverá interrupção das polí-

ticas culturais vigentes. Poderemos e deveremos ampliar

no que for possível, assim como o secretário Albino Rubim

ampliou as políticas desenvolvidas pelo secretário Marcio

Meirelles no que pôde”, disse, em tom diplomático. O novo

secretário, no entanto, prometeu intensificar a luta na

captação de verba. “Travaremos uma luta incessante para

somar mais recursos ao orçamento da Cultura”, afirmou

Portugal. Nascido em Santo Amaro da Purificação, no Re-

côncavo baiano, o secretário idealizou projetos culturais e

educativos, como Aprovado, Tô Sabendo, Manoel Faustino

e Circulador Cultural.

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tUrisMo

Baía de todos-os-santos será prioridade da suinvestLevar adiante o projeto da Baía de Todos-os-Santos será prioridade absoluta na Secretaria

do Turismo durante a gestão de Nelson Pelegrino. A informação é do novo presidente da Su-

perintendência de Investimentos em Polos Turísticos (Suinvest), Fernando César Ferrero. “O

primeiro passo será tocar esse projeto, que conta com recursos de US$ 85 milhões do Banco

Interamericano de Desenvolvimento (BID)”, afirmou Ferrero em entrevista à [B+]. O projeto

incluirá a construção de píeres, de postos de serviço, além da requalificação do entorno da

baía. “Os recursos também incluem a orla de Itacaré e de Ilhéus”, lembrou Ferrero. A Suin-

vest é a executora do Programa de Desenvolvimento do Turismo no Nordeste para o Estado

da Bahia (Prodetur/NE-BA), que deu origem aos recursos do BID.

econoMia

exportaçõesem QuedaAs exportações da Bahia, que

somaram US$ 9,31 bilhões em

2014, tiveram uma retração

de 7,8% na comparação com

o ano anterior, mesmo com a

expansão de 3,8% no volume

físico embarcado, informou a

Superintendência de Estudos

Econômicos e Sociais da

Bahia (SEI). Este é o segundo

ano consecutivo de queda

nas exportações e o menor

valor registrado desde 2010,

quando as vendas externas

do estado atingiram US$ 8,9

bilhões. A queda nos preços

dos produtos exportados

pelo estado em 11% na média

foi a principal responsável

pelo desempenho negativo.

247,55

%

%

%

exportações Baianas de metais preCiosos (ouro)

Queda registrada nas exportações de Celulose

exportações deprodutos QuímiCos

MUnicÍpios

Tudo como anTes na uPBA atual presidente da União dos Municípios da Bahia (UPB), Maria Quitéria (PSB), foi reelei-

ta para o cargo. Ela venceu com facilidade o adversário, o prefeito de Santo Amaro da Puri-

ficação, Ricardo Machado (PT), com o placar de 257 votos a 69. Segundo dados da Comissão

Eleitoral, foram registrados 330 votos, número superior ao da última eleição, cuja votação

contou com a presença de 264 prefeitos. Dos votos apurados, três foram em branco. Os dois

candidatos são da base política do governador Rui Costa (PT). Muito aplaudida pelos apoia-

dores assim que o resultado oficial foi divulgado, Quitéria disse que já esperava o resultado.

“Nós construímos isso durante a campanha”, afirmou.

fOTO: Rita Barreto / Setur

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A Lei n° 13223/15, que institui a Política Estadual de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA), foi sancionada em janeiro pelo governador Rui Costa. A Secretaria do Meio Ambiente (Sema) ainda deve regulamentar a medida. “Permitirá a proteção, melhoria e conservação dos ecossistemas e da biodiversidade, por meio da valorização econômica dos serviços e o uso sustentável dos recursos naturais”, afirmou o governo do Estado em nota. A ideia do pagamento por serviços ambientais é valorizar alternativas econômicas e financeiras para os provedores de serviços ambientais. Hoje já existem pelo menos oito estados brasileiros que criaram normas sobre PSA, além de diversos projetos privados semelhantes pelo país.

A Paranapanema, maior produtora de cobre

do Brasil, inaugurou no dia 26 de janeiro

uma nova máquina em Dias D’Ávila, Região

Metropolitana de Salvador. A estimativa é que

o equipamento aumente a produção de fios de

cobre da Bahia em 60%, segundo o Governo

do Estado. O investimento é de R$ 12 milhões e

vai gerar 25 empregos diretos. Com a nova má-

quina, Trefila 4, que modela vergalhões para

transformá-los em fios de cobre, a capacidade

de produção de fios passará das atuais 50 mil

para cerca de 80 mil toneladas por ano.

inDústria

PRODUçãO DE COBRE AUMENTA NA BAHIA

fOTO

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GO

VBA

fOTO: Mateus Pereira / GOVBA

“Já conseguimos 12 avanços. A última vitória, a diminuição da alíquota para terrenos, aconteceu em dezembro. Mas temos ainda alguns pontos para debater”disse o presidente do fórum, Victor Ventin, em entrevista à [B+]

fórUM eMpresarial Da bahia

iptU volta a ser alvo DeDiscUssão coM prefeitUra

A regularização do Cadastro Informativo Municipal (Cadin), o aumento do desconto “por idade do imóvel” e a retirada dos índices de “equipamentos especiais” do cálculo do IPTU são algumas das reivindicações pendentes.

sUstentabiliDaDe

Governo sancionalei que institui paGamento porserviços ambientais

eMpreenDeDorisMo

de oLho nas oBrigações com o LeãoOs microempreendedores individuais (MEI) que

se formalizaram até dezembro de 2014 devem ficar

atentos neste início de ano, alerta o Sebrae. Os

profissionais já podem enviar a Declaração Anual do

Simples Nacional (DASN-Simei) à Receita Federal.

Gratuita e obrigatória, a declaração está disponível

no Portal do Empreendedor (www.portaldoem-

preendedor.gov.br) e resguarda os benefícios

da formalização, como aposentadoria e

salário-maternidade. O prazo legal para

a entrega do documento segue até 31

de maio, sem a possibilidade de pror-

rogação. No documento, os MEI devem

apresentar o faturamento registrado

pela empresa em 2014, além de informar se

houve contratação de funcionário.

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blocodenotas

oi, interior

A Oi decidiu reunir sob uma mesma direção, que o senhor assumiu, o atendimento a grandes corporações e pequenas e médias empresas. Qual das duas será o foco?Começamos em 2011 um movimento de oferecer serviços de

comunicação de dados e de Tecnologia da Informação para

grandes empresas e alcançamos cinco mil grupos empresariais.

A estratégia veio dando certo, e agora nosso objetivo é pegar essa

experiência e transferi-la para médias e pequenas empresas.

E essas empresas menores terão dinheiro para investir em soluções de TI? Geralmente, ter poucos recursos é um pro-blema para as empresas de menor porte.Vamos cobrar o serviço pelo uso, o que atende tanto a em-

presas grandes como as menores. Acreditamos que o uso da

tecnologia torna as empresas mais competitivas. Investir

em soluções de TI pode ser uma oportunidade para o cliente

pequeno reduzir custos.

Como é a atuação de vocês na região Nordeste e na Bahia na área B2B?O Nordeste tem sido a regional que mais cresce no mercado

corporativo (grandes empresas) nos últimos três anos. A Bahia

é um dos principais mercados da região. Uma boa forma de

perceber isso é que o antigo diretor da regional Nordeste, o

baiano Magno Vilas Boas, acaba de assumir a divisão que coor-

dena o mercado de pequenas e médias empresas no Brasil.

Entre os estados do Nordeste e suas capitais, em qual o senhor enxerga maior potencial de crescimento?Mais que comparação entre capitais, cabe uma comparação

entre capital e interior. Há uma tendência forte do crescimento

se deslocando dos grandes centros e indo para o interior.

Que regiões são mais promissoras para vocês?

A região de Feira de Santana é muito promissora, assim como

Barreiras, região onde temos ampliado os investimentos em

infraestrutura de fibra ótica. Também tem Ilhéus, onde existe

um polo interessante de TI, e a região do Litoral Norte, por

causa do turismo.

Mas é preciso ter infraestrutura suficiente para crescer nesses lugares. Vocês têm novos investimentos previstos nesse ramo?Em 2015, continuaremos fazendo investimentos em infraestru-

tura de telecomunicações no interior da Bahia, como já temos

feito, mas, por questões estratégicas, não divulgamos previsões

em números.

E há lançamentos previstos para 2015?Sim. Queremos manter o ritmo atual e lançar um novo serviço

a cada trimestre. No primeiro trimestre de 2015, já lançamos o

Oi Smart Office, com foco na gestão do trabalhador que traba-

lha em home office. Já temos engatilhados novos lançamentos

para os trimestres subsequentes.

Em entrevista exclusiva à [B+], o diretor da Unidade de Negócios Business to Business (B2B) da Oi, Maurício Vergani, revelou intenção de avançar no interior do estado, com serviços de Tecnologia da Informação, e priorizar pequenas e médias empresaspor VICTOR LONGO

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blocodenotas acontece nordeste

rio granDe Do norte

Novo governador quer alavancar minha casa, minha VidaO novo governador do Rio Grande do Norte, Robinson faria, prometeu retomar o programa Minha Casa, Minha Vida, paralisado no estado. “Vamos retirar o Rio Grande do Norte do atraso”, afirmou Robinson faria durante reunião com o Sindicato da Construção Civil do Rio Grande do Norte em meados de janeiro. “A decisão de investir no setor habitacional vai alavancar a indústria da construção civil no Rio Grande do Norte, atender às demandas da população por moradia e gerar dividendos para o setor. Nosso povo e nossa economia serão beneficiados”, afirmou o governador. Ele foi eleito pelo PSD para substituir a ex-governadora Rosalba Ciarlini (DEM), de quem foi vice.

moradias é o défiCit haBitaCional do rio grande do norte, segundo números do governo do estado. o novo governador prometeu desBuroCratizar o proCesso de Construir, agilizando inClusive as liCenças amBientais140 mil

Os filmes produzidos em Pernambuco continuam em destaque nos festivais internacionais. O festival de Roterdã conta com quatro produções pernambucanas: os longas “Prometo um dia deixar essa cidade”, de Daniel Aragão, “Ventos de Agosto”, de Gabriel Mascaro, e os curtas “Sem Coração”, de Tião e Nara Normande, e “A Copa do Mundo no Recife”, de Kleber Mendonça filho. Já o fórum festival de Berlim, conhecido como Berlinale, selecionou o longa “Brasil S/A”, de Marcelo Pedroso. O festival de Roterdã aconteceu entre os dias 21 de janeiro e 1º de fevereiro, e o festival de Berlim, entre 5 e 15 de fevereiro.

pernaMbUco

cinema pernambucano faz sucesso no exterior

Eleito governador do Ceará, o petista Camilo Santana começou sua gestão anunciando corte de gastos. As pastas da Educação, Saúde e Segurança Pública terão os recursos contingenciados em 20% nas despesas de custeio. Nas demais secretarias, a meta de contingenciamento estabelecida para 2015 é de 25%. A contenção nas despesas de custeio foi uma das determinações apresentadas por Santana em uma das primeiras reuniões com todos os secretários de Estado, no Palácio da Abolição. A reunião serviu para traçar metas de trabalhos para os próximos anos. Ele assegurou que obras estruturantes, como o Cinturão das Águas e a transposição do Rio São francisco, não serão afetadas.

ceará

Governador petista anuncia cortede despesas

O presidente do Banco do Nordeste do Brasil, Nelson de Souza, afirmou, durante visita a Teresina em meados de janeiro, que a instituição possui previsão de investimentos de R$ 2,4 bilhões em 2015 no Piauí. Ainda de acordo com ele, R$ 1,4 bilhão deve ser investido em serviços no setor de comércio e agronegócio, principalmente na região sul do estado. O valor de R$ 800 milhões é para pequenos negócios. O presidente informou que, apesar de esse ser o assegurado em orçamento, o valor pode aumentar ainda mais, dependendo da qualidade dos projetos apresentados junto ao BNB.

piaUÍ

BNB PreVê iNVestir r$ 2,4 Bilhões No Piauí

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24 R E V I STA [ B + ] f E V E R E I R O / M A R ç O D E 2 0 1 5

blocodenotas imóveis+

DESaFIOS E PErSPECTIVaS Para 2015O que esperar do mercado imobiliário baiano em 2015? A coluna Imóveis+ fez esta pergunta ao presidente da Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário da Bahia (Ademi-BA), Luciano Muricy, e ao presidente do Sindicato da Indústria da Construção do Estado da Bahia (Sinduscon-BA), Carlos Henrique Passos. Eles concordam que não será fácil crescer em um cenário de recessão econômica, agravado por problemas como a indefinição do PDDU de Salvador, aumento da outorga onerosa, dentre outros. Mas, ainda assim, os líderes empresariais mantêm os planos e metas de crescimento e a crença de que este ano será melhor do que aquele que passou.

Qual a perspectiva da Ademi-BA em rela-ção ao Plano Diretor de Desenvolvimento

Urbano de Salvador (PDDU)?“Nossa expectativa é que o PDDU seja aprovado

em 2015, mas penso que o cronograma está muito

apertado, passamos o ano inteiro de 2014 e pouca coisa avançou.

A gente torce para que ele seja mais ousado. A capital baiana carece de novas

áreas para investimentos. Temos a orla mais feia do Brasil, talvez uma das pio-

res do mundo, com subocupação. Precisamos acabar com os tabus em relação à

ocupação da orla, destravar algumas coisas”.

Um dos pontos críticos do ano passado foi o aumento da outorga onerosa (o que o construtor tem de pagar à Prefeitura para incremento no potencial construtivo), devido ao reajuste do IPTU de Salvador. Esse será um entrave para os novos projetos este ano?“O aumento da outorga onerosa, com a atualização do IPTU, chegou ao nível

insustentável. O prefeito ACM Neto encaminhou um projeto à Câmara reade-

quando os valores cobrados, mas o projeto

foi retirado para não travar a pauta, pois

não havia consenso sobre sua aprovação. A

indústria da construção emprega cerca de 50

mil trabalhadores apenas em Salvador, é um

setor intensivo em mão de obra. Problemas

como esse, somado à judicialização de PDDU e

Louos, travam os lançamentos e comprometem

empregos. Levantamento do Cadastro Geral de

Empregados e Desempregados (Caged-Minis-

tério do Trabalho) aponta que em apenas um

ano perdemos sete mil postos de trabalho na

capital baiana, quase 13% da massa salarial. As

perdas são progressivas, não há novas obras

começando, a sociedade tem de enxergar esse

quadro dramático, a tendência é que piore. O

poder público, as empresas, os empresários,

todos nós temos de ter responsabilidade sobre

isso. Faço um apelo à Câmara para que o proje-

to da outorga seja aprovado.

Qual o balanço do ano de 2014 para o merca-do imobiliário baiano?“A redução da atividade no setor começou

em 2012 e se agravou no ano passado, com o

problema de judicialização da Louos – Lei de

Ordenamento do Uso e Ocupação do Solo e

do PDDU, que provocou ainda mais retração.

Tudo isso foi somado à perda da atividade eco-

nômica. Os lançamentos estiveram no patamar

de dois a três mil unidades. Nos últimos dez

anos a gente não havia registrado um número

tão ruim. As vendas totais devem somar sete

mil unidades, mais ou menos o que ocorreu em

2013. O dado mais preocupante é o baixo volu-

me de lançamentos. Isso significa que postos

de trabalho serão cortados”.

Luciano Muricypresidente da ademi-Ba

fOTO

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Kin

W W W. R E V I STA B M A I S . C O M . B R 25

NúBIA CRISTINA

editora-chefe da revista [b+], produtora e apresentadora do cbn imóveis

Na sua avaliação, a crise econômica deve comprometer os investimentos em infraes-trutura em 2015?“O governo brasileiro precisa entender que para

voltar a crescer é preciso investir em infraes-

trutura. Não adianta criar políticas de incentivo

ao consumo. Tem de construir estradas, portos,

investir em logística, criando ciclo positivo.

Espero que em 2015 haja essa prioridade, além,

é claro, do fortalecimento dos programas de

habitação popular. O Minha Casa, Minha Vida,

por exemplo, já demonstrou sua capacidade de

realização e de absorção de trabalho e pessoas.

Além de atacar o problema do déficit habitacio-

nal, movimenta a economia e gera empregos.

Espero que o governo corte despesas, manten-

do investimentos em infraestrutura e a aposta

nos programas habitacionais”.

A capital baiana vai sediar o maior evento da indústria da construção e do mercado imobiliário. Qual a expectativa?“O Sinduscon-BA e a Ademi-BA têm o desafio

de realizar o maior e melhor Enic–Encontro

Nacional da Indústria da Construção, de 23 a

25 de setembro, em Salvador. Vamos trazer os

maiores líderes do setor no Brasil para debater

uma agenda de interesse do segmento e da

sociedade. Em princípio havia a dificuldade

de local para a realização, mas agora que

decidimos fazer o evento nas instalações do

Senai-Cimatec, com total infraestrutura, nossa

expectativa é a melhor possível”.

Carlos Henrique Passospresidente do sindusCon-Ba

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A Caixa aumentou os juros para o financiamento da casa

própria. As novas taxas entraram em vigor em janeiro, mas os

programas de habitação popular, a exemplo do Minha Casa,

Minha Vida (MCMV), foram preservados. No MCMV, que teve

2,75 milhões de unidades contratadas entre 2011 e 2014, as taxas

variam de 4,5% a 7,4% ao ano mais TR. No FGTS, variam de

4,5% a 8,4%. O aumento dos juros efetivos no financiamento

imobiliário de imóveis residenciais foi de 0,50 ponto percentual

nas linhas do Sistema Financeiro de Habitação, para contratos

de até R$ 750 mil, que têm como fonte de recursos principal a

poupança. Já para os imóveis de mais de R$ 750 mil, financiados

pelo Sistema Financeiro Imobiliário (SFI), o juro ficou até 1,80

ponto percentual mais alto.

elevação nos juros do financiamento imobiliário

ajustes no minha Casa, minha vida Líderes empresariais do mercado imobiliário baiano veem com

bons olhos a meta do governo federal de contratar três milhões

de moradias nos próximos três anos. No entanto, é preciso

que sejam implementados ajustes no Minha Casa, Minha Vida

(MCMV), a fim de evitar que os problemas atuais, como os

atrasos no pagamento às construtoras, sejam um entrave à exe-

cução do programa, alerta o diretor do Sinduscon-BA, Vicente

Mattos. O alto custo da construção e a escassez de terrenos tam-

bém afetam o MCMV. Uma novidade anunciada pelo governo,

aplaudida pela indústria da construção, é a criação de uma nova

faixa, para atender os beneficiários do programa que passaram

da faixa 1 (para famílias com renda mensal até R$ 1,6 mil) para a

faixa 2 (entre R$ 1,6 mil e R$ 3,2 mil).

26 R E V I STA [ B + ] f E V E R E I R O / M A R ç O D E 2 0 1 5

blocodenotas saúde+

NO BRAIN,NO gaIN

É possível conseguir bons resultados entre o Réveillon e o Carnaval a partir dos tratamentos estéticos?Sim, mas é preciso ter bom senso e entender que nada é instan-

tâneo e milagroso. Embora seja um período curto, em média

dois meses, na associação de dieta e atividade física é possível

obter bons resultados. E os homens têm saído cada vez mais na

frente, pois são determinados e fisiologicamente favorecidos

quando comparados às mulheres, por exemplo, no tratamento

de gordura localizada e tonificação muscular.

Quais os tratamentos mais pedidos durante o verão?Os mais procurados são a criolipólise, que utiliza o resfriamen-

to intenso e controlado local para destruir as células adiposas;

a depilação definitiva; e o microagulhamento, que é uma téc-

nica para estimular a produção do colágeno. O que as pessoas

buscam em geral é a queima de gordura localizada.

Quando o paciente está excedendo os limites do bom senso?Comumente de duas maneiras: uma quando ele deposita toda

a expectativa da busca do “corpo perfeito” apenas no tratamen-

to. Sabemos que a atividade física e a qualidade da alimenta-

ção estão no escopo do projeto. E a outra forma de exceder o

limite é quando o paciente jamais se encontra satisfeito com

o resultado. Todo tratamento requer uma resposta fisiológica,

e isso deve ser respeitado, uma vez que o paciente insiste em

extrapolar esse limite pode ser danoso a seu corpo.

Camila Carneiro

“É preciso bom senso na busca pela beleza”

Se você tem a sensação de que todos os seus amigos começaram a se importar com a saúde, com o que comem e que estão a um passo de virar maratonistas, culpe o verão. A estação motiva até o mais sedentário dos humanos a se matricular em uma academia e corrigir a dieta. Conversamos com a fisioterapeuta Camila Mattos, que destaca tratamentos estéticos ideais para quem quer resultados rápidos, e com a psicóloga e psicoterapeuta Vera Canovas sobre a masculinização das mulheres que estão em busca do corpo perfeito.

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W W W. R E V I STA B M A I S . C O M . B R 27

vera Canovas

“Hoje em dia, há uma masculinização do corpo da mulher”

Como você avalia esta onda fitness?Procurar ter um corpo que você se sinta bem, ter uma vida saudável acom uma

boa alimentação e a prática de exercícios, são hábitos saudáveis do ponto de

vista físico e psíquico. A sensação de estar se cuidando sempre traz uma valori-

zação da autoestima e um preenchimento emocional necessário ao ser humano.

As pessoas estão extrapolando na busca do corpo perfeito?Com as redes sociais, onde as pessoas vivem se expondo naquilo que elas

desejam ser, o narcisismo acaba sendo um local fácil de aprisionamento. Esse

excesso de culto à imagem é algo que deve ser olhado com muito cuidado. Dele

emergem sérias doenças psíquicas e distúrbios alimentares.

Nas mulheres as consequências desses hábitos são maiores?Psiquicamente falando, o que tenho acompanhado é uma masculinização não

apenas do corpo, mas também das atitudes dessas mulheres. Recebo mulheres

no consultório deprimidas e sofridas por uma desconexão com seu feminino.

Nós, mulheres, somos frágeis, sim! Por trás desses músculos não existe mais

espaço para os sentimentos, para pedir ajuda, para fragilizar.

Como saber se os limites do bom senso foram ultrapassados?Estar muito centrado em si mesmo, naquilo que se procura bravamente cul-

tuar, gera dificuldades de relacionamento. Os relacionamentos estão cada vez

mais descartáveis, uma vez que não posso ser frustrado, criticado, já que isso

causa uma ferida narcísica. Se isto está acontecendo, é chegada a hora de se

dar conta de que o limite do bom senso já foi ultrapassado há muito tempo. E é

válida uma reflexão.

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28 R E V I STA [ B + ] f E V E R E I R O / M A R ç O D E 2 0 1 5

blocodenotas mídia+

As agências de publicidade já estão acostumadas a descascar os mais diferentes

tipos de abacaxi. A Ideia3, agência de Salvador, encarou um desafio dos grandes

logo no começo de 2015: fazer o soteropolitano passar a chamar o Shopping

Iguatemi, centro comercial instalado na capital há quase 40 anos, de Shopping da

Bahia. A mudança, realizada no início de janeiro, se deu por divergências entre o

Aliansce Shopping Centers, que controla o empreendimento na Bahia, e o grupo

que detém a marca Iguatemi, o Jereissati. O grupo Jereissati não autorizou a re-

novação do nome, alegando que não quer mais que a marca seja usada por outros

shoppings além dos que pertencem a ele. A mudança, no entanto, veio a calhar

para o grupo baiano, pertencente à família Rique, que também tinha a intenção

de fortalecer uma marca própria no aniversário de 40 anos do grupo.

Campanha de apresentação conta com a participação de

personalidades baianas e será veiculada até o Carnaval

Depois de 40 anos, Shopping Iguatemi muda de nomepor PEDRO HIJO

o slogan virou marCa

Conversamos com Wilton Oliveira, da Ideia3, sobre a campanha de divulga-ção da nova marca.

Quando vocês foram chamados para começar o projeto de mudança?Entramos no projeto em agosto de

2014. Numa primeira fase foi feita uma

pesquisa de público do shopping, e, de

posse desse levantamento, começamos a

arquitetar a campanha. Nós formamos

um comitê que envolveu o Shopping da

Bahia, a diretoria da Aliansce, a Ideia3,

a agência David (pertencente ao grupo

Ogilvy), que foi responsável pela pesqui-

sa e planejamento inicial. Nós traçamos

toda a estratégia e criamos a campanha.

De quanto foi o investimento nesta campanha?A reformulação gira em torno de R$

3 milhões. A campanha publicitária

representa mais de 50% deste valor.

Como fazer com que o tradicional Shopping Iguatemi, que já deu nome até mesmo a uma linha de ônibus, vire Shopping da Bahia no inconsciente coletivo?Houve um investimento no nome Igua-

temi ao longo de 40 anos, então se não

gerasse estranheza da população, seria

estranho. Esse equipamento sempre

fez parte da vida das pessoas, a região

cresceu em volta dele. Com o passar do

tempo, com as novas gerações, essa rea-

daptação vai existir. É como introduzir

uma pessoa nova na família, com o tem-

po as pessoas se acostumam.

Mas o Shopping da Bahia é um novo shopping ou a mudança se deu apenas no nome?Me equivoquei quando disse que era

um novo membro da família. Na verda-

de, o que o Shopping da Bahia quer é

assumir quem ele sempre foi. É isso.

negóciosTurismo de negócios em salvador 30

[c] a nova lei anticorrupção e o sistema compliance 34experiência: água de coco obrigado 36

startup: Pastar 38empreendedorismo feminino 40

[c] É hora de pensar a Bahia do futuro 42[c] o espírito animal precisa nos guiar 44

Obra: A iraniana brincando  | Galeria Rogério fernandes

30 R E V I STA [ B + ] f E V E R E I R O / M A R ç O D E 2 0 1 5

NEGóCIOS | convenções

Há dez anos a Bahia briga para realizar o

Encontro Nacional da Indústria da Construção

(Enic), evento que reúne as principais lideranças

empresariais e políticas do país – os presidentes

Lula e Dilma Rousseff sempre marcaram pre-

sença na abertura. Em 2015, o Enic enfim será

em Salvador, mas por falta de estrutura houve

risco de o estado perder esse evento.

O coordenador do Enic 2015, Vicente Mattos,

revela que participou de várias negociações

com representantes do Governo do Estado para

tratar da reforma do Centro de Convenções

da Bahia, que há tempos não tem condições

adequadas para abrigar eventos de porte. “São

por Que salvador deixou de ser atrativa para o turismo de negóCios e eventos?Capital baiana era a terceira cidade brasileira em número de eventos internacionais, hoje perde grandes convenções, feiras e congressos para Recife, fortaleza e Natalpor RAFAEL MELLO

deficiências estruturais: nos elevadores, piso, paredes, mobiliário e, em especial, no

sistema de ar-condicionado, além dos problemas com acessibilidade”, elencou.

O diretor do Sindicato da Indústria da Construção na Bahia (Sinduscon-BA)

teve a garantia do governo de que as reformas necessárias seriam realizadas até

setembro, data do encontro, mas a falta de sinalização sobre o início das obras

acendeu o sinal vermelho, e o jeito foi procurar um plano B. O Enic 2015 será

no auditório do Senai-Cimatec, em Piatã, que tem capacidade para mil pessoas.

Como o evento é para 1,8 mil convidados, a abertura e os eventos gerais serão em

outros espaços: Teatro Castro Alves, Arena Fonte Nova e Espaço Unique.

Não é à toa que Salvador vem perdendo posições como polo de atração de

grandes eventos no Brasil. Em 2009, éramos a terceira cidade brasileira em

número de eventos internacionais, segundo ranking elaborado pela Internatio-

nal Congress and Convention Association (ICCA). Hoje, a capital baiana está em

oitava colocação.

fOTO: Alberto Coutinho

Uma construtora vai erguer e administrar o novo centro de convenções; processo de

licitação já começou

W W W. R E V I STA B M A I S . C O M . B R 31

Segundo Paulo Gaudenzi, presidente da Salvador Destination –

entidade criada no ano passado para fortalecer o turismo de eventos

–, a realização de eventos no Centro de Convenções na situação em

que está tem sido um fator negativo. “O Congresso Brasileiro de

Ginecologia e Obstetrícia teve de ser suspenso porque os elevadores

não funcionavam, faltou água, as escadas rolantes estavam paradas.

A repercussão foi muito ruim”, disse.

imagem arranhadaNo turismo de lazer, a imagem de Salvador no resto do país ainda

está abalada com a última década de abandono. “A gente precisa

retomar a confiança do turista. Perdemos muito nos últimos anos.

Para voltar, precisamos acabar com aquela imagem de uma Salva-

dor violenta, suja, com grandes problemas no transporte público

e na mobilidade urbana. São grandes desafios”, pondera o empre-

sário José Alves, presidente da Associação Baiana das Agências de

Viagem (Abav) e do Convention Bureau.

A expectativa do Governo do Estado é que a visibilidade que a

Bahia recebeu durante a Copa e a alta do dólar impulsionem o tu-

rismo doméstico e atraiam estrangeiros neste verão. A estimativa

de crescimento é de 20% (4,8 milhões de turistas), em comparação

com o ano passado.

O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis

– Bahia (Abih-BA), Manolo Garrido, avalia as projeções oficiais

como “excessivamente otimistas”. Segundo ele, um acréscimo de

5%, caso aconteça, será comemorado pelo setor. “O pós-Copa para

nós não foi bom. Vivemos uma crise econômica que se reflete em

todos os setores da economia, inclusive no turismo”, destacou.

nordeste, líder na preferênCiaSegundo pesquisa de sondagem do consumidor, realizada pelo

Ministério do Turismo no fim do ano passado, 5% dos brasileiros

que decidiram viajar mudaram os planos: em vez de sair do país,

optaram por um destino nacional. Neste ano, 80% dos que deci-

diram viajar vai ficar no Brasil. A região Nordeste segue como a

predileta do turista nacional, com 46% da preferência.

O momento favorável para o turismo doméstico começou a

mostrar resultados durante o Réveillon, quando a ocupação hote-

leira em Salvador atingiu a média de 80% – nos meses de pós-copa

na capital esse índice estacionou nos 60%, o mesmo percentual de

2013. De acordo com Luiz Henrique Amaral, presidente-executivo da

Associação Brasileira de Bares e Restaurantes na Bahia (Abrasel-BA),

os empresários do setor esperam um aumento expressivo no fatura-

mento neste verão: entre 25% e 30%.

Para atrair os turistas, empresários da hotelaria e agências de

viagens são unânimes: é necessário divulgar a Bahia. “Agora come-

çamos a ter novidades, que precisam chegar aos ouvidos dos

Em 2014, quase 60% dos eventos recebidos pelo Centro de Convenções foram formaturas. “Perdeu o sentido. O Centro de Convenções não pode ser um espaço de festas”, diz José Alves, presidente da Abav

fOTO: SECOM

fOTO

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32 R E V I STA [ B + ] f E V E R E I R O / M A R ç O D E 2 0 1 5

NEGóCIOS | convenções

turistas. Estamos voltando a ter um bom produto para ser vendido, pre-

cisa ser divulgado”, destacou Garrido, cobrando mais investimentos do

Estado e da Prefeitura em promoção dos destinos turísticos. “Nossa es-

perança é que a Prefeitura e o Estado possam trabalhar conjuntamente,

deixando as diferenças políticas de lado”, frisa o empresário José Alves.

O novo secretário de Turismo da Bahia, Nelson Pelegrino (PT), foi

adversário do prefeito ACM Neto (DEM) nas últimas eleições municipais.

Ferrenho crítico da gestão de Neto, o petista assegurou que não terá difi-

culdades de realizar parcerias com a Prefeitura da capital baiana. “Não só

a Prefeitura de Salvador, mas todas as prefeituras que tenham impacto

turístico importante. Vou trabalhar com todos”, disse.

Pelegrino concorda com os operadores de turismo quanto à necessidade

de investimentos em promoção. “A Copa foi momento de mostrar nossas

belezas para o mundo inteiro. Temos que potencializar esse saldo, vender a

Bahia. A gente tem que ter uma estratégia agressiva nesse sentido”, disse.

Para cumprir com este objetivo, os desafios para o novo secretário

não são apenas de ordem política, mas financeira. O orçamento da

Secretaria de Turismo sofreu em 2015 um corte de 22%, chegando a

R$ 106 milhões. No ano passado, dos R$ 20 milhões orçados para promo-

ção com campanhas publicitárias, 30% não foram executados devido

a contingenciamentos. Em 2015, foram alocados apenas R$ 6 milhões

para esta finalidade.

O secretário de Turismo e Cultura de Salvador, Érico Mendonça,

também afirma que em 2015 investirá mais em promoção, com participa-

ção em feiras, workshops para agências nos principais polos emissores

e convite a jornalistas, à imprensa especializada, para que conheçam as

novidades da capital. O gestor salienta que os principais projetos da Pre-

feitura para o turismo nos próximos anos serão via Prodetur Salvador,

um investimento de US$ 105 milhões, com metade dos recursos finan-

ciados pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Com esses

recursos, a Prefeitura pretende revitalizar o Centro Antigo de Salvador,

com a criação do Museu da Música e da Baianidade, além de reformar os

trechos da orla Itapuã-Stella Maris e da Praia do Cantagalo.

“Precisamos de novos produtos na linha cultural, como a Casa do Rio

Vermelho, é o nosso grande diferencial. No Forte Santa Maria, na Barra,

teremos uma exposição permanente de Carybé; e no Forte São Diogo, de

Verger”, destacou. A ideia é colocar para funcionar, no próximo verão,

um cartão único de turismo em Salvador, que dará acesso aos museus e

atrações pagas da cidade, bem como ao transporte público.

“temos que vender a bahia. a gente tem que ter uma estratégia agressiva nesse sentido”nelson pelegrino, secretário de turismo

A ideia é colocar para funcionar, no próximo Verão, um cartão único de turismo em Salvador, que dará acesso aos museus e atrações pagas da cidade, bem como ao transporte público.

fOTO: Divulgação

W W W. R E V I STA B M A I S . C O M . B R 33

Centro de ConvençõesA insatisfação com os resultados do Centro

de Convenções de Salvador é unanimidade

entre os gestores privados e públicos. Por

um lado, o Governo do Estado não consegue

sequer equilibrar as receitas com o aluguel

do espaço com as despesas de manutenção.

Entre os empresários do turismo, a frus-

tração é ver vizinhos como Recife, Natal e

Fortaleza – com equipamentos novos e mais

competitivos – atraírem a grande maioria de

eventos corporativos e acadêmicos nacionais

e internacionais.

Em 2014, o Centro de Convenções recebeu

220 eventos. Quase 60% foram formaturas.

Apenas 13% foram feiras, congressos ou

encontros, sendo apenas oito de âmbito na-

cional e um internacional. Eventos religiosos,

escolares e políticos tomam o resto da pauta

do espaço. “Perdeu o sentido, não cumpre

sua função na atração de eventos que movimentem o turismo. O Centro de

Convenções não pode ser um espaço de festas”, destacou José Alves.

O governador Rui Costa deu início a um processo que culminará com licita-

ção de Parceria Público-Privada (PPP). Uma construtora terá a incumbência de

construir e administrar o novo Centro de Convenções, em outro terreno, com

localização a ser definida. Como pagamento, o vencedor da licitação receberá o

atual Centro de Convenções, no Stiep, e o terreno. “Acredito que quem comprar

aquele prédio vai colocar abaixo e construir um projeto imobiliário. A estrutura

toda metálica na beira do mar, numa área muito salinizada, é um problema, há

um custo altíssimo de manutenção”, avalia o governador.

fOTO

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34 R E V I STA [ B + ] f E V E R E I R O / M A R ç O D E 2 0 1 5

NEGóCIOS | mundo corporativo

a NOVa LEI aNTICOrrUPçãO E OSISTEMa COMPLIaNCE

RUy JOSÉ DE ALMEIDA FILHO

sócio do escritório almeida & são paulo advogados associados

No início de 2014, ainda em fevereiro, entrou em vigor a Lei n°

12.846/2013, popularmente nominada como “lei anticorrupção”.

O seu objetivo primordial, claramente definido em sua ementa,

é o de responsabilização administrativa e civil de empresas,

sejam elas nacionais ou estrangeiras, que pratiquem atos aten-

tatórios à administração pública.

Notadamente nos últimos meses, em que notícias de escândalos diversos

saltaram aos olhos da sociedade, a lei em questão passou a ser foco de atenção

do empresariado nacional. Diversas são as inovações trazidas em seu texto, seja

com a tipificação de uma quantidade significativa de condutas como ilícitas, a

previsão de sanções de natureza administrativa e judicial ou ainda a criação de

ferramentas de estímulo a acordos de leniência para as empresas.

A lei anticorrupção essencialmente estabelece uma série de hipóteses que po-

dem ser enquadradas como atos lesivos à administração pública. Exemplos de tais

condutas vão de promessa ou efetiva concessão de vantagem indevida a agente

público, fraudes em licitações, financiamentos de atos ilícitos, dentre outras.

Responsabilizam-se por tais atos não apenas a empresa, mas também as

pessoas físicas que de alguma forma participem ou contribuam na prática do

ilícito. Note-se aí que, apesar de os administradores, partícipes, dentre outros

indivíduos, só poderem sofrer qualquer tipo de punição com a devida com-

provação de sua culpa, a pessoa jurídica, por outro lado, será responsabilizada

independentemente da prova de culpa ou dolo.

Havendo a identificação do ilícito praticado pela empresa, a legislação ofe-

rece uma gama considerável de punições. Em sede administrativa, a imposição

de multas pode ser de montante expressivo, com percentuais que variam de

0,1% a 20% do seu faturamento bruto do último exercício anterior ao processo.

Trata-se de uma margem substancial de variação, que necessariamente deverá

ser objeto de futura regulamentação.

Em âmbito judicial, por outro lado, as

sanções podem ser ainda mais severas, com

a possibilidade da determinação da perda de

bens, proibição de recebimento de incentivos

pelo poder público, suspensão ou interdição

das atividades ou, em casos mais graves, a

dissolução compulsória da pessoa jurídica.

Não mais, a despeito de qualquer mudan-

ça societária promovida com a empresa, por

fusão, aquisição, cisão ou transformações de

qualquer sorte em nada servirá de forma a

repelir as sanções impostas, havendo solida-

riedade em todas as obrigações resultantes de

eventual processo.

O empresariado, neste contexto, mais do

que nunca, deve oferecer uma atenção especial

na construção de um efetivo programa de

“compliance”, que nada mais é senão a adoção

de medidas de auditoria e controle interno,

incentivando denúncias de irregularidades e a

aplicação efetiva de códigos de ética e conduta.

Seguindo o modelo adotado pela eficaz Lei

Norte-Americana de Práticas de Corrupção no

Exterior (FCPA), bem como a Lei Anticorrupção

do Reino Unido (UKBA), a devida comprovação

pela empresa investigada de que possui um

rigoroso sistema de governança corporativa

servirá como elemento balizador para atenua-

ção substancial de eventuais penas aplicadas,

ou, possivelmente, até a sua não imposição.

Evidentemente se trata de uma legislação

que reforçará ainda mais os órgãos executivos

de fiscalização e combate à corrupção e, portan-

to, poderá se prestar como mais uma tentativa

de se coibir essa censurável conduta. Importan-

te, entretanto, que ela logo produza seus efeitos

no empresariado nacional, servindo-se como

um estímulo imediato à repreensão interna de

qualquer prática nesse sentido.OBR

A: T

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lack

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W W W. R E V I STA B M A I S . C O M . B R 35

36 R E V I STA [ B + ] f E V E R E I R O / M A R ç O D E 2 0 1 5

NEGóCIOS | experiência

São Paulo é o maior mercado para a água de coco Obrigado, do grupo Aurantiaca, mas a marca baiana quer ampliar a distribuição pelo Nordestepor LUIS FERNANDO LISBOA

E NUMa ESTEIraDE VIME BEBEr UMaÁgua de coco

A aposta no plantio e exploração de coco se consolidou como

um dos mais promissores investimentos econômicos do Brasil.

Aos poucos, o gigante da América Latina ganha feições de

destaque ao lado do maior produtor internacional: o conti-

nente asiático. Segundo dados do Sebrae, 80% da produção de

coco nacional está concentrada no Nordeste. E a Bahia ocupa

um posto significativo nesse ranking: só em 2010 o Estado

produziu mais de 500 milhões de frutos, gerando um volume

superior a R$ 220 milhões. Na música tarde em Itapuã, o poeta

carioca Vinícius de Moraes se refere ao prazer de beber água

de coco, e esse bom hábito do brasileiro, e do baiano, motiva

novos investimentos no setor.

Sabendo desse potencial, o grupo Aurantiaca lançou, em

meados de 2014, a água de coco Obrigado, um produto com

compromisso de ser fiel à água natural, da fruta. De acordo

com Douglas Cotrim, diretor de marketing da marca, em 2015

serão produzidos mais de 12 milhões de litros da água em em-

balagens de 1 l e 200 ml. “Nossa intenção é preservar o produto

ao máximo, porque a natureza já nos entrega perfeito”.

A fábrica da empresa está instalada no município de Conde,

localizado no litoral norte da Bahia, onde já investiram R$ 200

milhões. A área que concentra os coqueiros plantados e utiliza-

dos pela Obrigado corresponde a mais de 15 mil hectares.

A euforia com o crescimento do mercado influencia nos

planos de lançamento para este ano: está prevista a criação

de uma linha de sucos e chás misturados com água de coco.

Sabores como chá verde, pera e abacaxi, cranberry e um mix de

capim-santo e gengibre estão na lista.

a maior novidade da obrigado para o verão 2015 é o lançamento de uma linha de sucos e chás misturados com água de coco

fOTO

: Div

ulga

ção

W W W. R E V I STA B M A I S . C O M . B R 37

expansão paulatinaA distribuição comercial da água de coco Obrigado começou de maneira

gradual para que os parceiros não sofram rupturas de abastecimento nem

mesmo durante o verão, que é o pico das demandas. “O processo de distribuição

do produto vai ser planejado de acordo com aceitação da nossa marca”, conta

Douglas Cotrim.

Por enquanto, no Nordeste, o produto só pode ser encontrado em Salvador

(nas lojas Perini, GBarbosa e Mercantil Rodrigues), mas há propostas de expan-

são. “Ainda neste ano chegaremos a Sergipe, Alagoas, Pernambuco e Ceará”.

No caso do Sudeste, a empresa voltou todas as suas atenções para São

Paulo. “É ali que está o principal mercado dessa categoria. As ações ainda estão

concentradas na capital do estado, mas o plano é aumentar a capilarização pelo

interior”, comenta o executivo, que prefere não detalhar as cidades onde a água

de coco Obrigado pretende aterrissar.

“nossa intenção é preservar o produto ao máximo, porque a natureza já nos entrega perfeito”Douglas Cotrim, diretor de marketing da Obrigado

De coqUeiros plantaDos

12milhões

4

300

novos saboresDe ágUa De coco

De litros serão proDUziDos pela obrigaDo eM 2015

MistUraDa a sUcos e chás serão lançaDos neste verão

pessoas trabalhaM na fábrica Da obrigaDo

R$ 200milhõesinvestiDos pelo grUpo aUrantiaca no MUnicÍpio De conDe

15 milhectares

A OBRIGADOEM NúMEROSfO

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38 R E V I STA [ B + ] f E V E R E I R O / M A R ç O D E 2 0 1 5

NEGóCIOS

Entre 2012 e 2013, a seca que assolou o Nordes-

te atingiu em cheio a propriedade da família

do baiano Matheus Ladeia, de 21 anos, em

Vitória da Conquista, no sudoeste baiano. As

perdas atingiram 90% do rebanho. O gado que

não morreu com a falta d’água ficou desnutri-

do. O prejuízo? Cerca de R$ 200 mil.

Tamanha situação motivou Matheus,

que é filho de um produtor rural baiano, a

empreender no ramo do agronegócio. Embora

seja estudante de engenharia mecânica em

Salvador, o jovem sempre acompanhou de

perto a rotina do pai. E foi em meio à crise

dos últimos anos que ele decidiu mudar essa

realidade, ao fundar a Pastar.

aLugueL de pastos

NEGóCIOS | startup

Um aplicativo é a novidade da startup para 2015. “Queremos fazer da Pastar a solução mais tecnológica para o agronegócio”, diz Matheus

Depois de ver a propriedade da família, em Vitória da Conquista, perder 90% do rebanho devido à seca, o jovem empreendedor baiano Matheus Ladeia, de 21 anos, criou o site Pastar, onde o produtor rural encontra ofertas de pastos para alugar a fim de deslocar seus animais durante a estiagempor MURILO GITEL

W W W. R E V I STA B M A I S . C O M . B R 39

O site da empresa possibilita ao produtor

rural encontrar ofertas de pastos para alugar,

o que pode viabilizar o deslocamento do re-

banho durante a estiagem. A iniciativa conta

com dois sócios, além de Matheus: Caio Lima

(cursa ciências da computação), 21 anos, e o

veterinário Aureo Neve, 41.

O jovem empreendedor afirma que, ao longo

de sua jornada pelo País, pôde coletar as dificul-

dades, gargalos e anseios dos diversos produ-

tores com quem conversou, desde pequenos

criadores de gado de leite em Minas até grandes

confinamentos no oeste baiano. “O futuro do

campo está na inovação, está na implementa-

ção e adesão das novas tecnologias”, projeta.

Matheus também demonstra preocupação

com a marca da empresa. Desde o lançamento

da Pastar, em janeiro, outras novidades foram

colocadas no site. Além de anunciar e buscar

pastos gratuitamente, agora o produtor

também consegue orçar o preço do frete para

deslocar seu rebanho e contratar o serviço

de transportadoras parceiras. A escolha pela

transportadora é livre. A Pastar também

trabalha com venda de animais.

“o futuro do campo está na inovação, está na implementação e adesão das novas tecnologias”Matheus Ladeia, criador da Pastar

Outra novidade foi o lançamento, no fim do ano passado, de uma funciona-

lidade para cadastro de mão de obra e do Classificados Pastar mobile exclusivo

para pecuária – o primeiro no mundo desse tipo, segundo Matheus.

desafiosO jovem afirma que um dos desafios do projeto é o fato de que alguns produ-

tores não têm muita familiaridade com a internet. “Mesmo assim, atendemos a

todos. Aqueles que não se sentem à vontade em fechar negócio pela plataforma

podem entrar em contato por telefone”.

A Pastar atua em todo o território brasileiro, mas a maior parte da oferta de

propriedades e animais é proveniente do Recôncavo baiano, norte de Minas e

de Mato Grosso. Segundo Matheus, em seis meses de operação, 12.00 cabeças

foram transferidas para outras pastagens por intermédio da plataforma. Até o

momento, a startup já intermediou R$ 4 milhões por meio de 127 negócios.

Matheus procura deixar claro que esse valor não pertence à Pastar, que

atuou como mediadora, e tem participação a cada negócio fechado. “Nossa

meta é fazer receita a partir de 2015, com o lançamento dos produtos que colo-

caremos no mercado”.

fOTO

: Div

ulga

ção

Matheus (centro) ao lado da equipe que forma a Pastar. Startup já intermediou R$ 4 milhões por meio de 127 negócios

40 R E V I STA [ B + ] f E V E R E I R O / M A R ç O D E 2 0 1 5

Quando a paulista Maria de Lourdes Acedo se mudou para

a Bahia não imaginava que encontraria sua vocação para o

empreendedorismo no município de Mucuri, extremo sul do

estado. Dezoito anos depois, a contadora conquista o primeiro

lugar, na categoria Pequenos Negócios, do Prêmio Mulher de

Negócios – Sebrae Bahia 2014, mérito do trabalho realizado

pela empresa dela, a Astec Contabilidade.

Há 13 anos, quando abriu a empresa, percebeu a resistência

dos empresários locais, por ser ela a única contadora da região.

“Alguns clientes chegavam me sabatinando, para saber se eu

tinha habilidade e conhecimento”, conta.

De acordo com a gestora estadual do Prêmio Mulher de

Negócios, do Sebrae Bahia, Andrelina Mendes, o empreende-

dorismo feminino no estado é uma alternativa para inserir a

mulher na economia formal, especialmente no universo das

empreendedoras individuais e das empresas de menor porte.

“Havia muita informalidade. Várias mulheres que eram donas

de casa iam trabalhar informalmente como doceiras ou costu-

reiras”, relata. “Hoje, elas se formalizam mais, estudam mais,

abrem empresas e se organizam em associações”, explica.

prêmio mulher de negóCiosDe acordo com Andrelina, é possível observar o crescimento

do número de mulheres empreendedoras a partir do aumento

de inscrições no Prêmio Mulher de Negócios, realizado anu-

almente pelo Sebrae, que terá a 11ª edição em 2015. “O número

de inscrições tem crescido ano a ano, embora de 2013 para 2014

tenha havido um percentual menor de crescimento”, afirma,

sem divulgar números.

Na Bahia, o setor de beleza é um dos que mais atraem em-

preendedoras. “A mulher tem mais afinidade com esse tipo de

negócio”, justifica. Mas ela acrescenta que segmentos como os

de alimentação natural e de produtos rurais têm tido crescente

participação feminina.

Pesquisas confirmam que a Bahia é o quarto estado com maior número de mulheres empreendedoras por LORENA DIAS

RECONHECIMENTO AO EMPREENDEDORISMO FEMININO

Maria de Lourdes, vencedora do Prêmio Mulher de Negócios 2014: “Alguns clientes chegavam me sabatinando, para saber se eu tinha habilidade e conhecimento”, diz

NEGóCIOS | mulher

fOTO: João Alvarez / Sebrae

W W W. R E V I STA B M A I S . C O M . B R 41

“Mulheres empreendedoras têm determinação, coragem, otimismo, assumem riscos calculados, amam o que fazem e a cada momento estão inovando” Scheila Anunciação, proprietária da loja Bahia Mixx Brasil

“Em geral as mulheres estão à frente de empresas farmacêuticas. Essa é uma área em que a mulher atua mais”Claudia Aguiar, sócia da rede de farmácias flora

negóCio em famíliaA família teve um papel fundamental para que

a baiana Edna Resch iniciasse a produção de

licor artesanal. Ela vivia uma crise no casamen-

to e um dos motivos era que seu marido não

queria que trabalhasse. “Minha sogra me acon-

selhou: ‘Pegue meu livro de receitas, vou lhe

ensinar a ficar rica’”, conta Edna, com saudades

da dona Antonieta. Foi assim que as receitas

preparadas pela sogra, desde 1942, tornaram-se

o negócio de Edna Resch, há 15 anos.

Hoje, o licor da Vó Nieta tem 66 sabores,

desde tradicionais, como o de jenipapo, até os

mais exóticos, como jaca e melancia. As garra-

fas dos licores são vendidas na sua antiga casa,

localizada no bairro do Bonfim, que virou um

galpão apenas para a fabricação e venda do pro-

duto, assim como no restaurante do seu marido.

Apesar de já ter recebido propostas de expandir

o negócio, até mesmo para o exterior, ela ainda

analisa com calma as possíveis mudanças. “O

desafio de financiar o projeto e passar para o

industrializado é perder a qualidade”, afirma.

No Brasil, as mulheres empreendedoras

em estágio inicial são a maioria, correspon-

dendo a 52,2%, de acordo com a pesquisa GEM,

realizada pelo Sebrae em 2013. No Nordeste,

chama atenção a proporção de mulheres em-

preendedoras por necessidade, que correspon-

dem a 42,9%. O percentual de empreendedoras

por oportunidade no Brasil é de 66,2%.

Segundo dados do IBGE, entre os donos de

negócios existentes no Brasil, 31% são mulhe-

res e 69% são homens. As mulheres empre-

gadoras correspondem a 31,58%, enquanto as

empregadoras com mais de seis empregados

na Bahia correspondem a 29%. Além disso,

entre 2001 e 2011, houve um aumento de 21%

no número de mulheres donas do próprio ne-

gócio no país, de acordo com a Pesquisa GEM,

realizada pelo Sebrae em 2013.

em BusCa da inovaçãoA empresária Scheila Anunciação, proprie-

tária da loja Bahia Mixx Brasil, localizada na

orla da Barra, afirma que algumas caracte-

rísticas mais marcantes nas mulheres, como

A antiga casa de Edna Resch virou galpão para armazenamento dos

licores que produz

sensibilidade e comprometimento, contribuem para a gestão dos negócios.

Após 23 anos trabalhando na área de rádio e TV, Scheila aproveitou a inaugura-

ção do novo calçadão do Farol da Barra para abrir uma loja de produtos locais,

voltados para turistas, que também vende artigos para presentes. Ela já pensa

em ampliação e abertura de novas unidades da Bahia Mixx Brasil. “Mulheres

empreendedoras têm determinação, coragem, otimismo, assumem riscos calcu-

lados, amam o que fazem e a cada momento estão inovando”, afirma Scheila.

E foi assumindo riscos calculados que a farmacêutica Claudia Aguiar

tornou-se sócia da rede de farmácias Flora, que tem cinco unidades na capital

baiana. Ela morava no Rio de Janeiro quando foi convidada para implantar a

área de manipulação homeopática da Flora. Trabalhou na área técnica da em-

presa durante quatro anos, até que em 2005 passou a fazer parte da sociedade,

que já era formada por três mulheres. “Em geral as mulheres estão à frente de

empresas farmacêuticas. Essa é uma área em que a mulher atua mais”, opina.

fOTO

: Joã

o Al

vare

z

42 R E V I STA [ B + ] f E V E R E I R O / M A R ç O D E 2 0 1 5

NEGóCIOS | economia

LUIz MARQUES DE ANDRADE FILHO

economista, superintendente da fea-Ufba, e professor de finanças e economia

2015 começou e com ele os nossos desafios. Te-

remos um ano difícil, mas é sempre bom lem-

brar que é justamente nos piores momentos

que surgem oportunidades. Temos problemas

macroeconômicos sérios a enfrentar e a nossa

presidente reeleita tomou uma decisão impor-

tante ao colocar no comando da economia do

seu governo um profissional sério, respeitado e

– pecado mortal – com ligação com a oposição

e com os banqueiros internacionais, já que nos-

so ministro trabalhou no FMI, em Washington,

por alguns anos.

A inflação no topo da meta e pressiona-

da para cima. As contas públicas em total

desordem e com déficit primário, o que levou

à necessidade absurda de aprovação de lei que

altera as regras da Lei de Diretrizes Orçamen-

tárias, no fim do ano, e flexibilizou o alcance

do resultado primário. Um déficit gigantesco

em conta corrente, o que, juntando os dois

déficits agora citados, produzem o que se cha-

ma de déficits gêmeos: um buraco interno fiscal em paralelo

a um buraco nas contas internacionais, implicando extrema

necessidade de financiamento. A economia desacelerada e os

escândalos da Petrobras, que, mais que problemas políticos,

podem trazer problemas também na órbita econômica, dada

a relevância da empresa no conjunto da economia brasileira;

tudo isso nos mostra que não será fácil a nossa economia neste

ano ímpar. Ufa!!

Contudo, não há bem que sempre dure e nem ruindade

bastante que não se acabe. Os problemas precisam ser enfren-

tados e trabalhados. Mas é fundamental defender a tese de

que os nossos problemas econômicos foram gerados por nós

mesmos, internamente. O discurso de que a economia brasilei-

ra parou de crescer pelos problemas econômicos internacio-

nais não se sustenta. Dou apenas dois argumentos.

O primeiro: estudo recente do Banco Mundial mostra que

a participação do comércio internacional dentro da economia

brasileira é extremamente baixa. A soma das exportações e

importações em relação ao PIB brasileiro foi na média dos

últimos anos de apenas 35% da economia. Em uma lista de 178

países fomos o de menor resultado, perdendo para Argentina

e Cuba. Isso sem falar nos campeões Hong-Kong e Singapura

com imenso volume de comércio internacional nas das suas

economias. Ora, se a participação da economia internacional é

tão pequena dentro da nossa economia, não tem razoabilidade

crer que foi a queda da atividade econômica internacional que

nos trouxe problemas de crescimento.

O segundo: trabalhando a média de crescimento econômico

dos períodos presidenciais de FHC, Lula e Dilma, apenas no

segundo mandato de Lula, embalados pelo boom das commo-

dities e pelo endividamento das famílias, que pressionou para

cima a demanda interna, estivemos com crescimento acima da

média mundial (30,6% acima da média). Nos demais períodos

estivemos abaixo da média mundial, em especial nos últimos

quatro anos (quando crescemos em média apenas 45,1% da

média mundial. Veja no gráfico).

Os problemas são nossos. Temos que resolvê-los. Para os

empresários será um ano duro, mas as oportunidades sempre

aparecem, o animal spirit nunca dorme. Vamos em frente.

O ESPírITO aNIMaL PrECISa NOS gUIar

% crescimento do PIB Brasil em relação ao % de crescimento do PIB mundial, nos últimos 5 períodos presidenciais

fhc 1

71,1%

fhc 2

61,4%

lUla 1

70,2%

lUla 2

130,6%

DilMa

45,1%

120,0%

140,0%

20,0%

100,0%

0,0%

80,0%

60,0%

40,0%

fONTE: fMI

W W W. R E V I STA B M A I S . C O M . B R 43

Apagão, bandeiras tarifárias e anúncios de aumento do preço do quilowatt/hora. O ano de 2015 parece reservar péssimas notícias para os consumidores de energia, especialmente para o bolso deles. foi analisando esse cenário que os baianos Rafael e Ricardo Menezes enxergaram oportunidade em meio à crise energética.

Desde abril do ano passado, os sócios são distribuidores exclusivos da Lumilight do Brasil na Bahia. Para trazer os aparelhos da empresa pernambucana para o estado, Rafael e Ricardo investiram quase R$ 1 milhão. Em dez meses,

eles faturaram R$ 400 mil. “O crescimento foi exponencial e o interesse dos clientes é muito grande em função do cenário político-econômi-co”, diz Ricardo.

O equipamento de energia que mudou a maneira de os irmãos verem a crise energética foi o chamado “filtro capacitivo automatizado”, batizado de “filtro capacitivo inteligente” pela Universidade de São Paulo (USP). O laudo da USP

os interessados em empreender na tecnologia devem enviar e-mail [email protected] ou ligar para os distribuidores do filtro na bahia: rafael Menezes: (71) 9983-2062ricardo Menezes (71) 8150-0679

constatou que o aparelho, que pode ser instalado na rede elé-trica de casas, lojas e indústrias, reduz as perdas de energia como um todo.

“Os desperdícios são elimi-nados e o tempo de vida útil dos equipamentos eletroeletrôni-cos aumenta. O filtro ainda tem uma placa DTS, que protege os aparelhos de um raio ou de uma queda brusca de energia”, expli-ca o inventor do filtro inteligen-te, Luiz Henrique Bueno. O filtro já é vendido em 19 estados e Distrito federal.

Segundo Ricardo, a diminui-ção do consumo ativo de ener-gia é, em média, de 5% a 20%. Em uma universidade baiana que comprou o equipamento, por exemplo, essa redução atingiu 20%. Outro cliente dos sócios, um condomínio de alto padrão na capital, notou uma redução de 19,64% do consumo ativo. “Essa diminui-ção vai depender da estrutura e dos aparelhos do cliente, mas geralmente o filtro se paga em 15 meses”, afirma Ricardo.

Os distribuidores querem agora expandir o negócio para o interior da Bahia. “O investimento para se credenciar como revendedor nas regiões determinadas pela empresa vai ser de R$ 150 mil, com uma excelente margem de lucro”, diz Ricardo. Eles pretendem ter revendedores em todas as microrregiões da Bahia. “Acreditamos muito no potencial do interior, porque o movimento migra-tório para a capital está diminuindo e o mercado em algumas cidades ainda é pouco concorrido”, analisa o distribuidor da Lumilight do Brasil.

informe publicitário

Crise de energia traz oportunidade para empreendedores

“os desperdícios são eliminados e o tempo de vida útil dos equipamentos eletroeletrônicos aumenta”

Rafael e Ricardo, distribuidores da Lumilight do Brasil na Bahia

EM DEz MESES, BAIANOS fATURARAM R$ 400 MIL EM VENDA DE SISTEMA INSTALADO EM REDE ELÉTRICA, QUE REDUz DESPERDíCIO, E PROCURAM POR REVENDEDORES NO INTERIOR

44 R E V I STA [ B + ] f E V E R E I R O / M A R ç O D E 2 0 1 5

NEGóCIOS | novos rumos

ARMANDO AVENA

escritor, economista, professor da Ufba e diretor do portal bahia econômica

É hOra DE PENSar a BahIa DO FUTUrO

O governador Rui Costa precisa criar um grupo

de trabalho para repensar a economia baiana.

Isso porque a Bahia está de frente para um

novo enigma baiano, aquele dos anos 50, quan-

do a excessiva especialização na exportação de

cacau impedia maior desenvolvimento no estado.

Agora estamos frente a novo enigma, mas ele parece o

mesmo. A economia baiana continua fortemente vinculada às

commodities internacionais, e isso gera enorme instabilidade

na nossa economia. Seja na agricultura, na cadeia do petróleo,

nos minérios, o que se verifica é que estamos aprofundando

nossa dependência às commodities.

No momento, a queda do preço do minério de ferro, que

está colocando em xeque o projeto de exploração da jazida de

ferro em Caetité, traz sérias repercussões em duas obras de

infraestrutura fundamentais para nosso estado: o Porto Sul e

a Ferrovia Oeste-Leste. A economia baiana também tem fortes

ligações com outra cadeia vinculada a commodities, a cadeia

produtiva do petróleo, e o escândalo na Petrobras fez refluir os

negócios e os investimentos nessa área.

Um exemplo emblemático de como o escândalo da Petrobras

afeta a economia baiana é o que vem ocorrendo com a Enseada

Indústria Naval S.A. o maior investimento privado em curso no

estado, da ordem de R$ 2,6 bilhões, que foi afetado indiretamen-

te pela crise e obrigado a demitir mais de mil trabalhadores.

Outros setores, como a metalurgia, vinculado ao mercado in-

ternacional, também sofrem os efeitos da crise, e recentemente

a Gerdau, produtora de aço, anunciou a paralisação de sua usina

localizada em Camaçari, em função da delicada situação da

empresa, com a queda das vendas de aço no mercado brasileiro.

Esses são apenas alguns exemplos que mostram a neces-

sidade de repensar o modelo econômico da Bahia, de dar-lhe

novo rumo, tentando ampliar a transformação de bens no

nosso território, aumentando o conteúdo tecnológico da nossa

produção, diversificando a economia e colocando a infraestru-

tura certa no local certo.

OBRA: frida, Van Gogh e Dalí / Rogério fernandes

W W W. R E V I STA B M A I S . C O M . B R 45

46 R E V I STA [ B + ] f E V E R E I R O / M A R ç O D E 2 0 1 5

carnaval

Empresários do entretenimento somam

esforços para dar vida nova ao Carnaval de

Salvador, festa que tem perdido espaço para

outras regiões do país e sofrido com a desa-

celeração da economia, especialmente nos

últimos quatro anos. Apesar de ter deixado de

ser deficitária para a Prefeitura de Salvador

desde o ano passado, a folia vem demonstran-

do sinais de redução em volume de negócios.

Líderes empresariais ouvidos com exclusivi-

dade pela [B+] revelaram que têm reduzido

seus negócios na festa e migrado para outros

estados, mas continuam buscando o melhor

modelo para reestruturar a folia.

Para tirar o Carnaval da UtiIniciativa privada quer dar nova vida à folia, mas festa tem perdido peso no faturamento das empresas, que têm migrado para outros estadospor VICTOR LONGO ilustrações BCAYRES

W W W. R E V I STA B M A I S . C O M . B R 47

Mesmo mantendo certo otimismo para a festa deste

ano, devido a fatores sazonais, todos os proprietários de

empresas do entretenimento ouvidos pela reportagem

admitem que o setor é um dos que mais têm sofrido

com a desaceleração econômica. “É verdade que o mer-

cado não está muito bem, mas as expectativas para este

ano são as melhores possíveis, porque esperamos que,

com a alta do dólar, os brasileiros optem por vir para

o Carnaval de Salvador em vez de ir para o exterior”,

disse o empresário Nei Ávila, sócio da NER Esporte e

Entretenimento, empresa que detém as marcas Reino

da Folia, Camarote do Reino e os blocos Me Abraça e

Cocobambu. “Como o Carnaval será mais cedo este ano,

os turistas também terão mais dinheiro para gastar

durante a festa”, acredita.

Nei admite, porém, que o setor tem sofrido impactos

negativos da economia. “O país está em crise. Isso se

reflete em qualquer segmento”, justifica. “No setor do

entretenimento ocorre um decréscimo porque o consu-

midor que quer economizar deixa de ir a um teatro, a

um show, a uma festa. Estamos à porta de uma recessão

e isso tem reflexos”, considera.

Os negócios do grupo NER, que têm se expandido

Brasil afora, não têm crescido dentro da folia baia-

na, devido à baixa demanda. “Os nossos blocos têm

sofrido mais, mas o camarote ainda tem se mantido

estável”, afirmou Nei, que divide os negócios com os

sócios Eduardo Ramos e Ricardo Lélis. Este ano, um

dos blocos que pertenciam ao grupo, o Me Ama, tra-

dicionalmente comandado pelo cantor André Lellis,

será extinto do Carnaval. A razão: o artista resolveu

tocar no Carnaval de Aracaju. “Foi uma decisão do

próprio artista”, afirmou Ávila. Premiada pela reali-

zação da Copa do Mundo em Natal, a NER já atua em

Natal, Alagoas, Paraíba e Santa Catarina, onde ingres-

sou recentemente.

Apesar de os negócios do grupo terem, gradativa-

mente, migrado para outros estados, Nei é otimista,

afirma que o período de crise econômica é um chamado

aos empresários para uma “agenda próativa” e elogia

a festa. “O Carnaval de Salvador ainda é o melhor do

Brasil”, diz. O Camarote do Reino, carro-chefe do grupo,

funcionará de quinta a terça-feira e terá como atrações

Leo Santana, Harmonia do Samba, Carlinhos Brown,

Duas Medidas, Thiaguinho e Aviões do Forró. Os preços

de um dia variam de R$ 370 a R$ 960, mas podem ser

reduzidos quando comprados em pacotes.

Sócio-proprietário da Central do Carnaval e presidente

da Associação Brasileira de Entretenimento (Abre-BA), o

empresário Joaquim Nery também tem sentido os efeitos da

crise econômica nos seus negócios. “O Carnaval de Salvador

de 2015 vive o reflexo do que está acontecendo na economia

nacional. Em relação aos blocos, temos uma expectativa de

que as vendas caiam em 20% em relação ao ano passado,

mas esperamos que o mesmo não ocorra com as vendas dos

camarotes”, afirmou. “O lazer é sensível ao comportamento da

economia”, sustenta. O grupo empresarial inclui a produtora

Cara Caramba, o Camarote do Nana e o Camarote da Central,

os blocos Camaleão e Nana Banana, além das lojas física e vir-

tual da Central do Carnaval. Nessas lojas são comercializados

23 blocos e 10 camarotes.

Retrato de um mercado estagnado é o que ocorre, por

exemplo, com o bloco Camaleão, campeão de vendas da

Central e considerado um dos blocos “VIP” entre foliões, de-

vido aos preços elevados. Nos dois últimos anos, o valor dos

abadás subiu apenas 6%, menos que a inflação acumulada

no período. “No ano retrasado, o abadá do domingo custava

R$ 840. Este ano, custa R$ 890”, disse. No passado, o abadá do

Camaleão já chegou a superar os R$ 1.000. Os dois camarotes

da Central do Carnaval também não tiveram incremento

significativo de preço. A diária isolada do Camarote do Nana

varia entre R$ 520 e R$ 790. O espaço receberá Harmonia do

Samba, Psirico, Timbalada, Pablo, É o Tchan e Duas medidas,

além de Filhos de Jorge e Negra Cor. O Camarote da Central

custa de R$ 200 a R$ 440 por dia.

olhar Para a rUaDe acordo com Vitor Urpia, sócio-diretor do Camarote Oceania,

a reestruturação do Carnaval de Salvador passa pela necessi-

dade de o empresariado ter um olhar mais voltado para a festa

de rua e menos para os espaços internos dos seus camarotes.

“o Carnaval PreCisa aPrender Um PoUCo Com seU PróPrio Passado, voltando a ser PrinCiPalmente na rUa. Banda em Camarote é Um grande eqUívoCo”Vitor Urpia, sócio-diretor do Camarote Oceania

48 R E V I STA [ B + ] f E V E R E I R O / M A R ç O D E 2 0 1 5

carnaval

“Essa tendência de levar grandes atrações para os camarotes se fortaleceu

muito de dois anos para cá, mas acredito que ela deve se reverter”, opina. “Sim-

plesmente, não é economicamente viável manter um camarote pagando cachês

altíssimos”, considera.

Seguindo essa visão, a estratégia adotada pelo Camarote Oceania nos últimos

anos foi dar fim aos shows internos e voltar as atenções para a festa da rua.

Antes funcionando no Edifício Oceania, próximo ao Farol da Barra, o camarote

se mudou para o Bahia Flat, espaço com uma varanda mais ampla e com melhor

visibilidade para o lado externo. “Identificamos que nosso público não ia para

o camarote para ver banda, mas sim para ver as atrações que passavam na rua”,

disse Urpia. A varanda do Bahia Flat é bem maior que a do Edifício Oceania. O

camarote, que funciona sempre das 14h às 4h, também deixou de trabalhar com a

contratação de bandas. O preço de um dia varia entre R$ 250 e R$ 550.

Urpia também admite que a situação econômica do país tem prejudicado

o setor do entretenimento. “Como a economia brasileira está próxima de uma

recessão, a tendência é que a demanda pelo Carnaval diminua”, diz. “Para re-

verter essa situação, o Carnaval precisa aprender um pouco com seu próprio

passado, voltando a ser principalmente na rua. Banda em camarote é um

grande equívoco”, opina.

esPaço feChadoOutra sugestão para dar novos rumos ao Carnaval é a de destinar um espaço

específico fechado ao desfile de blocos privados, extinguindo o já consolidado

sistema do desfile separando os foliões com cordas. “Seria um local como, por

exemplo, o Parque de Exposições, onde o folião teria que pagar para entrar.

Não precisaria de cordas, teria banheiros, praça de alimentação e uma estrutu-

ra mais organizada”, imagina o sócio-diretor do Grupo Eva, André Silveira.

“Em contrapartida, os blocos participantes se comprometeriam a tocar

um dia de trio sem cordas na rua, como hoje já fazemos”, complementa.

André acredita que o Carnaval nos moldes atuais já vive um processo

de saturação. “Há cerca de 25 anos, quando começou o sistema de blocos,

isso era uma novidade muito grande e virou um grande sucesso”, relembra.

“Porém esse mesmo sucesso foi uma das razões para o sistema de blocos

começar a saturar. O Carnaval cresceu muito, as ruas ficaram muito cheias

e a operação de blocos muito difícil”, queixa-se. Segundo ele, o novo sistema

proposto permitiria uma melhor organização, além da redução do custo,

“este ano vai ser melhor Para nós, mas não vamos esgotar os aBadás. no Contexto do Carnaval Como Um todo, o qUe estamos vendo é qUe todos os BloCos estão Perdendo em vendas”André Silveira, sócio-diretor do Grupo Eva

W W W. R E V I STA B M A I S . C O M . B R 49

sem a necessidade de contratar cordeiros. Um bloco gasta, em média, R$ 100

mil por dia só com segurança, diz ele.

O movimento de renovação do Grupo Eva não se resume à substituição de

Saulo Fernandes por Felipe Pezzoni. Assim como os outros grupos empresa-

riais, a tendência do Eva é a redução do peso do Carnaval de Salvador em todo

o portfólio do grupo. “O Carnaval ainda é o nosso maior evento, mas o peso

tem diminuído. Antes, correspondia a cerca de 30% do negócio. Hoje, a cerca

de 15%”, disse André, que controla o grupo com os sócios Maurício Magalhães,

Hunfrey Ataíde e Ricardo Martins. “Hoje vemos o nosso negócio mais como a

banda e menos como os blocos”, explica. Ao longo de 2014, a banda fez shows

pelo Brasil inteiro e pretende consolidar esse trabalho em 2015.

Entre março de 2014 e março deste ano, o Grupo Eva espera registrar

um crescimento de 15% no faturamento, também devido à base de compara-

ção baixa, com os efeitos negativos da saída de Saulo Fernandes em 2013.

“Este ano vai ser melhor para nós, mas não vamos esgotar os abadás. No con-

texto do Carnaval como um todo, o que estamos vendo é que todos os blocos

estão perdendo em vendas”, afirma. Além da Pipoca do Eva, o grupo sairá com

dois blocos: o Eva e o Nu Outro. O abadá do Eva, que chegou a custar R$ 350

no último ano de Saulo, hoje custa R$ 230 por dia. O preço do Nu Outro caiu

de R$ 300 para os atuais R$ 180.

CamarotesO Grupo Eva também desistiu de levar adiante a parceria com o Ilê Aiyê, que

levou ao funcionamento, em 2014, do Camarote Ilê-Eva, no circuito do Centro.

“Foi uma boa experiência, mas não teve para nós a rentabilidade esperada”,

afirmou André. “E continuar ia de encontro ao nosso propósito de focar mais na

banda”, completou. A [B+] apurou que o Camarote do Ilê corre o risco de não ser

construído este ano, justamente devido ao fim da parceria e à existência de pro-

blemas financeiros com origem no ano passado. “Ficamos no vermelho no ano

passado e os patrocínios de 2015 são incertos”, disse um membro da diretoria do

Ilê, que pediu sigilo.

Esse não é o único caso de dificuldades vividas por quem mantém camaro-

tes no Carnaval soteropolitano. Um dos indicativos de retração na folia baiana

é a análise do histórico do número de camarotes registrados na Superinten-

dência de Controle e Ordenamento do Uso do Solo do Município (Sucom)

para funcionamento durante a festa. Em 2012, 54 camarotes haviam sido

registrados. Em 2013, esse número caiu para 47. Já em 2014, o total caiu para 38,

uma queda de 29,6%. Até o fechamento desta edição, os números de 2015 não

haviam sido fechados.

Entre os mais tradicionais de Salvador, um dos camarotes que não serão

erguidos este ano será o da revista Contigo. Os responsáveis pelo empreen-

dimento não quiseram conceder entrevista sobre o tema. Resumiram-se a

confirmar, via e-mail, que o camarote não seria aberto este ano. Outros casos

emblemáticos de camarotes que fecharam foram o da charutaria Menendez

Amerino e o da cantora Claudia Leitte. A redução de camarotes ocorreu tanto

no circuito Barra-Ondina como no Centro.

50 R E V I STA [ B + ] f E V E R E I R O / M A R ç O D E 2 0 1 5

carnaval

Corte de verBaA Secretaria de Cultura do Estado, responsável por financiar o Carnaval dos blocos

afro, parte da programação da pipoca e dos carnavais de cidades do interior, redu-

ziu em 31% os gastos com a festa entre 2013 e 2015. Em 2013, a verba destinada ao

Carnaval foi de R$ 14,5 milhões. A previsão é que, este ano, o valor investido seja de

R$ 10 milhões. Por meio da assessoria de imprensa, a Secult afirmou que a redução

tem a ver com o contingenciamento das contas por parte do Governo do Estado.

Em coletiva à imprensa no mês de janeiro, o prefeito de Salvador, ACM

Neto, afirmou que o Carnaval da capital baiana não terá patrocínio do governo

estadual. Até aquele momento, o Estado ainda devia à Prefeitura R$ 2,5 mi-

lhões da cota de patrocínio do ano passado, de acordo com o prefeito. Em nota,

o Governo do Estado declarou que o pagamento da dívida seria solucionado da

maneira mais adequada. Até o fechamento desta edição, a Petrobras não havia

respondido às solicitações da Prefeitura referentes ao patrocínio do Carnaval.

Em 2014, a empresa injetou R$ 7 milhões no evento.

De acordo com ACM Neto, o valor do Carnaval de 2015 está orçado em mais

de R$ 50 milhões. No ano passado, o custo divulgado pela Prefeitura foi de R$

30 milhões, com arrecadação de R$ 38 milhões das cotas de patrocínio da folia.

Mesmo com o orçamento superior e a falta de patrocínio do Estado e da União,

o prefeito garantiu que não haverá déficit para os cofres municipais. Segundo o

prefeito, o município recorreu à iniciativa privada para custear a festa. De acordo

com o presidente da Salvador Turismo (Saltur), responsável pela organização do

Carnaval, Isaac Edington, as cotas dos quatro maiores patrocinadores reúnem R$

28,8 milhões. A Schin e a Itaipava vão destinar R$ 10,2 milhões, cada uma; o Itaú,

R$ 4,2 milhões e a Air Europa, também R$ 4,2 milhões. Os dois principais, as cerve-

jarias Schin (Barra/Ondina) e Itaipava (Campo

Grande e Centro Histórico), têm exclusividade

na venda de bebidas nos circuitos. Até o fe-

chamento desta edição, a Prefeitura negociava

com um quinto grande patrocinador.

faBriCação de aBadásA estagnação do Carnaval de Salvador tem tra-

zido efeitos negativos à indústria de fabricação

de abadás. É o que mostra, por exemplo, a expe-

riência da empresa Fortiori Camisetas. “Nosso

faturamento cresceu até 2011, mas de lá para cá,

está caindo bastante”, afirmou o sócio-proprie-

tário da empresa, Hasama Teixeira. “Isso ocorre

por vários motivos: os consumidores têm

gastado menos com entretenimento por causa

da situação da economia, além da concorrência

com carnavais como os do Rio de Janeiro, São

Paulo, Recife e Florianópolis”, exemplifica.

Segundo ele, a empresa, que produzia 45

mil peças por dia em 2011, hoje produz, em

média, 4,5 mil no mesmo período. A empresa

tem Axé Mix, Reino da Folia e Central do

Carnaval como principais clientes e 80% da

produção, realizada em Caetité, destinada ao

Carnaval e festas de Salvador. Ele não acredi-

ta em uma melhoria de curto prazo. “Para que

o Carnaval de Salvador volte a ter a mesma

pujança de antes, só a partir de 2018”, diz.

No mercado de produção de abadás, que

conta com aproximadamente 15 empresas no

Estado, só têm crescido aquelas que têm bus-

cado outros mercados além da folia momesca

da capital baiana. É o caso da empresa Camisa

de Latinha, dirigida pelo empresário João

Neto. “As vendas na Bahia são muito sazonais.

Por isso, avançamos no Brasil inteiro em mica-

retas e outras festas”, afirma. Em 1996, quando

foi fundada, a empresa só vendia na Bahia.

Hoje, 80% da produção vai para o Sudeste e o

Sul do país.

Outra solução foi se dedicar às festas pro-

mocionais e de bairros. “Não adianta ficar só

nos circuitos principais do Carnaval”, afirma.

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52 R E V I STA [ B + ] f E V E R E I R O / M A R ç O D E 2 0 1 5

Novos projetos no exterior, sobretudo na Europa e Estados Unidos, a consolidação do Museu Du Ritmo, em Salvador, como um espaço que reúne importante acervo da música negra do mundo, além da execução de ações inovadoras na seara do “empreendedorismo espiritual, social e étnico”, tudo isso está nos planos de Antônio Carlos Santos de freitas para 2015. Em entrevista exclusiva à [B+], o cantor, compositor, percussionista, arranjador, produtor e artista plástico Carlinhos Brown enumera suas prioridades e conquistas no ano passado, demonstrando que é também um gestor intuitivo, parceiro de suas equipes de trabalho, capaz de aproveitar oportunidades para empreender e movimentar a indústria cultural, mesmo em um cenário de crise econômica.por NúBIA CRISTINA

empreendedorismo

a Copa do Mundo no Brasil

trouxe para o artista empre-

endedor o aprendizado com

uma iniciativa que não deu

certo. Brown fez associação

com a empresa The Marketing Store para a pro-

dução e comercialização da caxirola, instrumento

que acabou banido dos estádios, mesmo antes

da Copa das Confederações, em 2013, por decisão

conjunta do governo, da Fifa e do Comitê Organi-

zador Local (COL). Entretanto, o torneio lhe trou-

xe ampla visibilidade no cenário internacional,

que acabou abrindo portas em vários países.

A marca Carlinhos Brown nunca esteve tão

forte. O sucesso de mais uma temporada no The

Voice Brasil, do qual participa como técnico desde

novembro de 2012, aumentou a visibilidade do

trabalho do artista, gerando novas oportunidades.

Brown associa sua imagem às marcas Schin, Caixa,

Pepsi e Chilli Beans. Recentemente, assinou um

contrato com a indústria baiana Natulab, tornan-

do-se o garoto-propaganda do energético Se Agitte.

capa | brown

W W W. R E V I STA B M A I S . C O M . B R 53

Em 2 de fevereiro de 2007, Carlinhos Brown fez o show de inauguração do Museu Du Ritmo, localizado no Mercado do Ouro, no bairro do Comércio. Construído em 1879, o mercado abriga-va boxes para a venda de produtos diversificados e teve a estrutura demolida em 2005, ano em que foi repaginado para sediar a Casa Cor Bahia. Foi abando-nado depois do evento até ser reaberto por Brown, que investiu recursos próprios na compra e recuperação do espaço, com o sonho de transformar o local em um misto de casa de espetácu-los, galeria de arte, museu e escola de inclusão.

“O museu ainda não

está como eu quero, porque

ali precisa ser um lugar de

acervo. Não se trata apenas

de uma casa de shows. O

projeto é criar um centro

com o melhor da música

negra do mundo. Nos moldes

do Museu da Língua Portu-

guesa, de São Paulo. Temos

um acervo gigante, com o

trabalho de Michael Jackson,

Miriam Makeba, Buddy Guy,

tudo nos foi doado. A Cae-

tanave (trio elétrico de 1972,

criado por Orlando Tapajós

para homenagear Caetano

Veloso), o Rigoletto (escultu-

ra do século 17 fundida em

bronze inglês) e centenas

de instrumentos musicais –

dentre eles uma guitarra de

James Brown autografada

– estão comigo e fazem parte

desse legado que eu tenho a

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capa | nova orla

responsabilidade de preser-

var. O Museu Du Ritmo ficou

pequeno, e por isso estamos

desenvolvendo o BahiaTunes,

um braço desse trabalho de

preservação. Trata-se de uma

plataforma na internet para

compilar a história da música

na Bahia, fonte de pesquisa.

Isso será positivo e lucrativo,

pois a internet está buscando

conteúdo, a gente está prepa-

rando, organizando, e vamos

disponibilizar esse conteúdo

raro, uma mina de ouro”.

Hoje o museu abriga eventos de sucesso, como o Sarau Du Brown, a Enxaguada Du Bonfim, o projeto Pérolas Mistas e os ensaios da Timbalada, mas o artista quer retomar o trabalho de promoção social envolvendo a comunidade do Pilar.

“O Mercado do Ouro foi

um local de tráfego de escra-

vos, onde se negociou gente.

O rei nigeriano da cidade

de Oyo, Alaafin de Oyo, Oba

Adeyemi III, quando esteve

em Salvador no ano passado,

pediu para visitar esse lugar

porque queria conhecer o

local por onde seus antepas-

sados chegaram ao Brasil.

Transformar o espaço em

uma casa de acervo e de espe-

táculos, onde se promovem

a arte e a alegria, é reparação

para o povo negro, pois volta

para as nossas mãos a história

do nosso passado, para que a

gente cuide espiritualmente.

Esse é um empreendedorismo

espiritual e étnico. Minha ex-

pectativa para este ano é con-

A música “La la la (Brazil 2014)”, produzida por ele em parceria com a cantora Shakira, se tornou a mais compartilhada da história do Facebook. Eles cantaram juntos na final da Copa do Mundo

Em dezembro, Brown lançou o CD Sarau du Brown - Ritual Beat System e abriu a temporada 2015 do sarau, que reúne convidados e presta homenagem aos 30 anos da axé music

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ção

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tinuar servindo, porque assim

eu estarei bem no papel para

o qual fui incumbido. Liderar

é servir, não é ser ditador, é

dar ao outro a possibilidade

de crescimento”.

O sucesso de mais uma tem-porada no The Voice Brasil, do qual participa como técni-co desde novembro de 2012, ampliou a visibilidade do trabalho do artista, gerando novas oportunidades.

“Fui convidado para fazer

parte da bancada do programa

La Voz Kids, o The Voice para

crianças da TV espanhola, na temporada de 2015. Tenho recebido

muitos convites para participar de concertos, em Miami (EUA) e

na Europa. As portas estão se abrindo cada vez mais. Difícil mes-

mo é encontrar tempo para atender a todas as demandas. Vou

me concentrar mais na Europa neste verão. O The Voice trouxe

ao público a compreensão de quem é o Carlinhos, do trabalho

que faço além do Carnaval. Como o programa não tem script, ele

consegue mostrar o perfil do artista baiano, que fala com a alma,

diz o que pensa. Considero essa visibilidade para mim e para

Claudinha (Claudia Leitte) uma vitória da axé music”.

A Copa do Mundo no Brasil projetou a marca Carlinhos Brown no mercado internacional. A música “La la la (Brazil 2014)”, pro-duzida por ele em parceria com a cantora Shakira, ultrapassou a marca dos cinco milhões de compartilhamentos e se tornou a mais compartilhada da história do Facebook. Foram mais de 500 milhões de visualizações no youTube.

“Chegamos a números

alarmantes: La la la foi um dos

clipes mais vistos de todos os

tempos na história da música.

Shakira tem um carisma enor-

me, fiquei muito feliz quando

ela me chamou para compor

essa música, produzir com ela.

A música também abriu por-

tas no cenário internacional.

Uma pesquisa realizada por

agências de São Paulo apontou

que estive entre as dez pessoas

com maior exposição na TV

brasileira durante a Copa, ao

lado de Neymar, Fátima Ber-

nardes, Ivete Sangalo. Fiquei

feliz e surpreso com isso”.

Para transformar talentos e habilidades em projetos e ações empreendedoras, Brown criou a empresa Candyall Entertainment há 20 anos. Em 2014, ele deixou a produtora Janela do Mundo, e a Nariz de Borracha, produtora do próprio artista, passou a gerir a carreira dele.

“A figura do manager é

bem-vinda, mas nem sempre

é viável, por isso vários

artistas acabam tomando

o rumo que eu tomei e con-

tratam gerentes de negócios

com experiência e visão de

mercado. Esses profissionais

acabam captando as melho-

res oportunidades. Isso está

funcionando muito bem co-

migo. Hoje eu tenho a Andrea

Mota no papel de gerente de

negócios. Além da parceria da

Co.nz, uma empresa gigante,

que também faz captação e

prospecção. Tenho consul-

O artista fez show de encerramento do projeto Domingo no TCA; a música Por Causa de Você, um hino à axé music, foi cantada pelo público

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56 R E V I STA [ B + ] f E V E R E I R O / M A R ç O D E 2 0 1 5

tores econômicos, que buscam novas oportunidades no mercado nacional

e internacional. É muito importante saber o que está acontecendo lá fora,

prospectar no mercado internacional”.

Não por acaso a palavra crise é rechaçada por Brown. Os shows do Museu Du Ritmo atraem milhares de pessoas durante todo o verão. No Carnaval, ele lidera o Camarote Andante, bloco sem cordas, com trio elétrico inde-pendente, que se apresenta no Circuito Dodô (Barra-Ondina). O artista fará todo o percurso no chão. Além disso, vai comandar o tradicional Arrastão no dia 18, Quarta-feira de Cinzas.

“Empreender é sacudir a poeira; se há crise, temos de ser mais criativos,

trabalhar mais. Eu não tenho a expectativa de ver surgir bonança financeira

ao fazer música, mas hoje ela tem outras formas de oportunizar, é o grande

invólucro para outras coisas. A música precisa ser composta, gravada, para

chegar às pessoas. Ela pode, inclusive, render bem monetariamente. Para que

hoje eu possa compor e gravar tanto, eu investi ao longo do tempo. Temos

um núcleo com quatro estúdios aqui no Candeal. Essa estrutura dá força

ao trabalho, no momento em que estamos inspirados a gente vai e grava. Eu

não vejo crise no Carnaval de Salvador, ele está mudando. Em relação à axé

music, ela passa por uma fase cíclica, normal nesses 30 anos. Quando a gente

compra um tênis, ele envelhece, desgasta com o tempo. É o que está aconte-

cendo com esse estilo, que passa por trans-

formações. Não precisamos maquiar isso,

estamos criando outras formas de andar,

outros calçados, outros caminhos”.

As relações entre artistas e músicos tendem a ser cada vez mais profissionais, na opinião de Carlinhos, que fez a doação de um terreno em Massarandupió (Litoral Norte) no qual almeja ver construído um abrigo para músicos idosos. Ele procura investidores interessados na iniciativa.

“Não contabilizo quantos empregos

meus projetos geram porque esse número é

variável. O mais importante é que o tempo

todo nós formamos profissionais, estimula-

mos o empreendedorismo, porque muitos

artistas seguem para a carreira solo, tocam

projetos independentes. A relação entre

músicos e artistas é cada vez mais profissio-

nal. O que faço é gerir bem as receitas para

que todos sejam acolhidos e remunerados

adequadamente. A questão da aposentadoria

dos músicos é algo que me inquieta. Tenho

um terreno em Massarandupió, uma área de

120 mil metros quadrados, que posso doar

para que ali seja construído um espaço para

abrigar músicos idosos, um estúdio, não um

asilo, para que eles sejam assistidos. Procuro

investidores interessados”.

capa | brown

Técnico do The Voice Brasil, Brown foi convidado para fazer parte da bancada do programa La Voz Kids, o The Voice para crianças da TV espanhola, na temporada de 2015

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educaçãoempreendedorismo ao pé da letra 58

@

Obra: O homem que chorou na noite púrpura  | Galeria Rogério fernandes

58 R E V I STA [ B + ] f E V E R E I R O / M A R ç O D E 2 0 1 5

EDUCAçãO | empreendedorismo@

Ninguém tem dúvida de que 2015 será um ano de baixo crescimento econômi-

co. Investir em educação para o empreendedorismo ou mesmo em programas

para a melhoria da gestão é a saída para enfrentar a crise. As estatísticas de

instituições especializadas no assunto, a exemplo do Instituto Euvaldo Lódi

(IEL) e do Sebrae, comprovam que a busca pela qualificação traz os melhores

resultados.

Dados do IEL mostram um aumento de 69% nas vendas das empresas

participantes do Programa de Qualificação de Fornecedores (PQF), principal

compilado de treinamentos oferecido pela entidade. “Os empresários tam-

bém registraram um aumento de 48,2% na geração de empregos e de 41,2% na

produtividade”, afirma o gerente de capacitação empresarial do IEL Bahia,

André Pinto, citando levantamento feito em 2013. “Os custos da produção foram

reduzidos em 11,5%”, disse.

CONhECIMENTO pARA ENFRENTAR A CRISEInvestir em educação empreendedora, ou cursos de gestão, é a alternativa para quem quer enfrentar os desafios do cenário de baixo crescimento

por VICTOR LONGO

Aperfeiçoamento de gestão, controle de qualidade, segurança e saúde do trabalho foram alguns dos aspectos melhorados depois das aulas

O investimento necessário para isso, no

entanto, não é baixo. Para participar do pro-

grama, o empresário precisa pagar R$ 9.580. O

público-alvo do PQF são empreendedores que

almejam vender ou prestar serviços para as

indústrias. O pacote de cursos – com duração

de dois anos – inclui 110 horas de treinamen-

tos, consultorias e avaliações periódicas. As

empresas que concluem os programas e são

aprovadas recebem selos de qualificação. “As

grandes organizações são muito exigentes na

hora de comprar”, afirma André. O PQF é o

curso mais procurado no IEL.

fOTO: Rômulo Portela

W W W. R E V I STA B M A I S . C O M . B R 59

O empresário Elton Carvalho, sócio-proprietário da EcoSys-

tem, fabricante de etiquetas e rótulos, participou do progra-

ma e teve acesso a aulas de marketing, gestão, segurança do

trabalho, qualidade, responsabilidade social e finanças. Ele

aponta as melhorias alcançadas na empresa após o início da

participação nos cursos, em meados de 2013. “Além de aperfei-

çoarmos a gestão e o controle de qualidade, melhoramos muito

a segurança e a saúde do trabalho, além da responsabilidade

social”, avalia. Na gestão, por exemplo, Elton implantou um

regime de cumprimento de metas e avaliação de resultados.

“Tudo isso teve um resultado prático para a empresa. Apesar

de 2014 ter sido um ano difícil para todos, reduzimos o desper-

dício e conseguimos aumentar a produtividade, as vendas e o

faturamento”, disse.

O IEL oferece outros cursos, tanto na plataforma online

como presencial, cujos investimentos variam de R$ 300 a R$

4 mil. As cargas horárias variam de 20 a 180 horas. Os cursos

a distância são os mais baratos, a partir de R$ 300, e incluem

temas como gestão empresarial, liderança e desenvolvimento

pessoal. Novos cursos, como a Escola de Líderes (R$ 4 mil) e

o de Compras Sustentáveis (sem preço determinado), serão

lançados em 2015.

menor CustoPor sua vez, o Sebrae Bahia oferece opções mais baratas,

voltadas tanto para microempreendedores individuais como

para empresas de pequeno porte. “Neste momento da econo-

mia, cheio de incertezas, buscar capacitação é um diferencial

para aqueles que desejam se consolidar no mercado. É preciso

investir em conhecimento”, afirmou Nílzon Spínola Júnior,

analista da Central de Treinamento do Sebrae, em Salvador. Se-

gundo ele, o curso mais procurado é o Treinamento Gerencial

Básico (TGB), que dá noções de administração, fluxo de caixa,

gestão de estoque etc. “No ano passado, 25% das empresas

atendidas buscaram esse curso”, disse Nílzon.

A forte procura indica que, apesar de crescente, a busca

por educação empreendedora ainda é inicial na capital baiana,

especialmente entre microempreendedores individuais. “Esse

é o curso em que todo mundo começa. Oferece noções iniciais”,

diz Nílzon. Em 2013, o Sebrae abriu nove turmas do TGB na

Bahia. No ano passado, foram 12. Ele destaca a importância de

cursos como esse para evitar o fechamento de empresas nos

primeiros anos de vida. “Mais de 50% das empresas no Brasil e

na Bahia fecham as portas nos dois anos iniciais. O TGB ajuda

a combater esse fenômeno”, explicou. O curso custa R$ 120 e

tem duração de 15 horas. Os outros dois cursos mais procura-

dos são o Na Medida, sobre gestão financeira (R$ 200, com 20%

“Neste momento da economia, cheio de incertezas, buscar capacitação é um diferencial para aqueles que desejam se consolidar no mercado. É preciso investir em conhecimento”Nílzon Spínola Júnior, analista da Central de Treinamento do Sebrae em Salvador

IEL, Sebrae e Endeavor são alguns dos órgãos que oferecem cursos

da demanda em 2014), e a oficina Sei Administrar (grátis, com

16%). Outro programa de destaque ministrado pelo Sebrae é o

Empretec, desenvolvido pela Organização das Nações Unidas e

oferecido na Bahia desde 1996. O programa já formou mais de

cinco mil empresários, preparando-os para o mercado.

Natural de Feira de Santana, a empresária Miralva de Souza

Batista, proprietária da loja Esquina 43, no bairro do Candeal,

em Salvador, fez vários cursos e tem colhido frutos. “Fiz cursos

como o Empretec, o Sei Empreender, além de oficinas sobre for-

mação de preços, atendimento ao cliente e marketing”, enumera.

O resultado é que desde 2002, quando sua loja era um pequeno

armarinho de apenas oito metros quadrados, ela só faz crescer.

“Saí do aluguel, comprei um novo espaço, abri uma loja maior,

mudei o nome de ‘Lojinha’ para ‘Esquina 43’ e diversifiquei o ne-

gócio”, conta. Além de artigos de armarinho, ela passou a comer-

cializar roupas. “Enquanto minha empresa cresce, vejo muitos

colegas fecharem as portas das suas lojas porque não procuram

se qualificar”, conta. “Buscar conhecimento é essencial para um

negócio dar certo, especialmente em um ano difícil como 2015”,

fOTO: Silvia Torres

60 R E V I STA [ B + ] f E V E R E I R O / M A R ç O D E 2 0 1 5

eDUcação | empreendedorismo

diz. Além do Sebrae, outras instituições, como a Endeavor Brasil, oferecem cursos

de preços acessíveis. Com investimentos a partir de R$ 59, a maioria dos treina-

mentos é oferecida em plataforma online e tem curta duração.

perfilApesar de o fenômeno ser recente, o microempreendedor baiano tem buscado

cada vez mais conhecimento. “Ele tem percebido que se formalizar é bom e que

também é necessário investir em capacitação. Com isso, a demanda por cursos

tem crescido nos últimos anos”, afirmou Nilzon, do Sebrae, que projeta um aumen-

to de 10% nos treinamentos oferecidos em 2015. De 2013 para 2014, esse aumento

foi de 30%. O analista observa ainda uma tendência maior ao associativismo. “Os

empresários têm percebido, por exemplo, que ao se unirem para comprar têm um

maior poder de barganha, independentemente de concorrência”, completa.

André, do IEL, também percebe uma mudança na visão dos fornecedores e

prestadores de serviço às indústrias. “O empresário de 2014 já não é o mesmo

de 20, 30 anos atrás. Ele já experimentou outras capacitações, traz um conhe-

instituto euvaldo lódi(iel Bahia)procure: uma das 12 unidades do IEL na Bahiaacesse: www.fieb.org.br/iel

seBrae Bahiaprocure: o ponto de atendimento do Sebrae mais próximoacesse: www.ba.sebrae.com.brligue: 0800-570-0800

endeavor Brasilacesse: cursos.endeavor.org.bracesse: educacaoempreendedora.org.br

fiz cursos como o Empretec, o Sei Empreender, além de oficinas sobre formação de preços, atendimento ao cliente e marketing”Miralva de Souza Batista, proprietária da loja Esquina 43

cimento mínimo, obteve

bons resultados e atribui

uma importância maior à

educação empreendedo-

ra”, afirma. “Quer menor

conhecimento teórico e

mais cursos práticos”, diz. A

maioria das empresas que

buscam os cursos do IEL é de

natureza familiar, com até 60

empregados. São lideradas

por homens entre 30 e 50

anos. “A principal mudança

em relação aos últimos anos

é o aumento da participação

das mulheres e jovens. Há 15

anos, por exemplo, a maioria

dos empresários tinha de 40

a 60 anos e elas participavam

bem menos”, observa.

Um aumento na demanda

por cursos também é esperado

em 2015. Entre 2012 e 2014, o

IEL formou, em média, mil

empresas por ano. Para 2015, a

expectativa é que esse número

chegue a 1,5 mil, um movimen-

to gerado tanto pelo aumento

da oferta como da demanda.

onde encontrar cursos?

fOTO: João Alvarez

susTenTaBilidadeorla sem quiosques 62

[c] Baía de Todos os santos, sede da amazônia azul 66

Obra: frida e o Boi Bumbá  | Galeria Rogério fernandes

62 R E V I STA [ B + ] f E V E R E I R O / M A R ç O D E 2 0 1 5

Considerada por muitos como uma das

maiores feridas de Salvador nos últimos anos,

a falta de infraestrutura da orla atlântica

dificilmente estará cicatrizada neste verão,

embora a prefeitura houvesse anunciado em

julho do ano passado que metade dos novos

equipamentos ficaria pronta até dezembro e o

restante no primeiro semestre de 2015.

Com isso, baianos e turistas terão de se

contentar novamente com as polêmicas es-

truturas temporárias disponibilizadas pelas

cervejarias no início do ano passado – os kits

Temporada 2015 marca, negativamente, o quinto verão em que baianos e turistas ficam sem uma infraestrutura adequada nas praias de Salvador. Novos quiosques ainda não saíram do papelpor MURILO GITEL

verão novo, novela velha

SUSTENTABILIDADE | nova orla

W W W. R E V I STA B M A I S . C O M . B R 63

incluem tendas móveis, cadeiras e sombrei-

ros, mas desagradam tanto aos barraqueiros

como a boa parte dos frequentadores, inco-

modados com as frequentes cobranças pelos

equipamentos.

O projeto das novas barracas promete

120 quiosques de madeira e alvenaria ao

longo de toda a orla atlântica (de Tubarão até

Stella Maris – e das ilhas), instalados sobre

os calçadões, com os tamanhos de 30 m², 50

m² e 100 m², e dotados de ligação de água e

esgoto. “As barracas terão mesas e cadeiras e

poderão funcionar como restaurantes, já que

serão implantadas na calçada. Terão cozinha,

estarão prontas para o preparo de alimen-

tos”, explicou à época o então secretário de

Desenvolvimento, Turismo e Cultura (Sedes),

Guilherme Bellintani.

Em janeiro, a reportagem da [B+] procurou

as três empresas baianas que conquistaram

a concessão de construção, exploração e

manutenção dos quiosques a fim de obter

informações sobre os prazos das obras, mas

encontrou dificuldades. A Holz Engenharia

Ltda. informou que não sabe precisar uma

data para entrega dos quiosques e que as

obras sequer começaram. Já a RPH Engenha-

ria Ltda. e a Saneando Projetos de Engenharia

e Consultoria Ltda. não retornaram nossas

tentativas de contato.

Também procuramos a Secretaria Muni-

cipal de Ordem Pública (Semop), que infor-

mou caberem a ela apenas o licenciamento,

a fiscalização e o ordenamento em relação à

utilização do espaço público. Já a assessoria

de comunicação da Secretaria de Cultura e

Turismo (Secult) nos orientou a procurar a

Casa Civil, contudo não conseguimos contato

por telefone nem resposta via e-mail.

impasseO presidente da Associação dos Comerciantes

de Barracas de Praia da Orla Marítima de

Salvador (ACBPOMS), Alan Rebelato, acredita

que os novos quiosques estarão concluídos

até março ou no meio do ano, “quando as

reformas do Jardim de Alah/Armação, Piatã e

Itapuã estiverem finalizadas”.

Rebelato afirma que tem pressionado a

Prefeitura na tentativa de conseguir uma

reunião com as empresas que construirão os

quiosques. “Precisamos saber como vai ficar a

situação dos trabalhadores. Já fui a todas as

empreiteiras, mas elas são muito fechadas”,

reclama. O presidente da associação espera

que a promessa de que os quiosques serão

sublocados aos barraqueiros seja cumprida.

“Caso descumpram, iremos acionar a Justiça e

embargar tudo”, ameaça.

2009Permissionários atuam com

barracas de praia na faixa de areia na orla atlântica de Salvador. Alguns são

irregulares

2010 A Justiça federal ordena a

derrubada das 352 barracas de praia. A ação tem início

no dia 23 de agosto, em cumprimento à decisão do

juiz da 13ª Vara Cível federal, Carlos D’Ávila Teixeira

2013Uma audiência de

conciliação civil pública é promovida pelo juiz Carlos D’Ávila Teixeira. Na ocasião,

a Prefeitura apresenta o projeto de reestruturação

da orla

2014Os kits padronizados pela

Prefeitura são entregues aos barraqueiros por meio das cervejarias. Removíveis, os equipamentos contam com

tenda móvel, mesas, cadeiras e sombreiros.

Em julho, a Prefeitura divulga o projeto dos novos quiosques da orla (feitos de

madeira e alvenaria), que serão construídos por três

empresas e, posteriormente, sublocados. Metade deveria ser entregue até dezembro

e o restante no primeiro semestre de 2015.

2015Em janeiro, nos primeiros dias do verão baiano, a população

segue sem os novos quiosques, utilizando ainda as estruturas provisórias.

As obras de requalificação dos trechos Jardim de Alah/

Armação, Piatã e Itapuã estão em andamento

Improviso: baianos terão de se contentar com estruturas

temporárias disponibilizadas por cervejarias

linha do tempo

fOTO: Tereza Torres

64 R E V I STA [ B + ] f E V E R E I R O / M A R ç O D E 2 0 1 5

No Rio de Janeiro, o consórcio Orla Rio

administra os 309 quiosques, que subloca

os espaços. O valor do aluguel varia de R$

300 a R$ 10 mil. Os pontos são alugados para

pequenos comerciantes, como donos de bares

e restaurantes.

desafioEm 2009, antes de começar o processo de

demolição das barracas por ordem da Justiça

Federal, havia 512 permissionários nas praias

soteropolitanas. Uma determinação do Poder

Judiciário, porém, limita em 200 o número de

permissionários na faixa de areia.

A titular da Semop, Rosemma Maluf,

ressalta que o maior desafio é administrar os

interesses conflitantes em relação à utilização

do espaço público. “Desde a derrubada das

barracas, há aproximadamente seis anos, as

praias não tinham uma regulamentação da

atividade informal na faixa de areia”, lembra a

secretária, ao citar o imbróglio entre a última

gestão municipal, a Superintendência do Pa-

trimônio da União (SPU) e a Justiça Federal.

situaçãoEnquanto faltam definições sobre o projeto

dos novos quiosques, baianos e turistas são

obrigados a se contentar com as estruturas

provisórias. A polêmica é sobre a cobrança

pelos kits com sombreiro e cadeiras, feita por

barraqueiros a quem frequenta o local, embo-

ra tais equipamentos tenham sido entregues

gratuitamente pelas cervejarias.

No dia 9 de janeiro, a medida foi alvo de

reclamação da vice-prefeita de Salvador,

Célia Sacramento (PV), que publicou carta

aberta no Facebook criticando a cobrança. Ela

relatou ter pagado R$ 15 para usar sombreiro

e cadeiras.

Cobrar pelo kit é proibido. Os barraqueiros

já haviam solicitado a autorização para tal

cobrança. No entanto, a Superintendência de

Defesa do Consumidor (Procon) considerou a

medida indevida e não permitiu, durante reu-

nião com representantes da prefeitura e dos

comerciantes de praia, em fevereiro de 2014.

Os barraqueiros alegam que o valor pago pelas pessoas é única e exclu-

sivamente para ajudar a manter os equipamentos. “Defendo uma cobrança

simbólica, de R$ 5 a R$ 10, mas o que me dá raiva é que alguns abusam no valor,

principalmente em praias como Piatã, Flamengo e Stella”, admite Alan Rebelato.

A Semop informou que realiza as devidas apreensões quando identifica o

uso de mesas e cadeiras fora do padrão pelos permissionários, mas que a ques-

tão da cobrança diz respeito ao Código de Defesa do Consumidor e os frequen-

tadores que se sentirem lesados devem fazer uma queixa ao Procon.

A cobrança costuma dividir opiniões e estimula, muitas vezes, que o banhis-

ta traga seu próprio kit de casa. Foi o que fez o publicitário Ivan Dourado, 45

anos, que levou cooler com cerveja, cadeiras e sombreiro para curtir o sol na

Praia do Corsário. “Faço de tudo para não ter que gastar com nada aqui. Por isso

trago tudo de casa”, explica.

sUstentabiliDaDe | nova orla

Projeto das novas barracas promete 120 quiosques ao longo da Orla

Atlântica. Nas imagens, projetos de Piatã e Jardim dos Namorados

Ao todo, serão construídos 120 quiosques de madeira e alvenaria na orla marítima de Salvador, nos principais pontos turísticos e nas ilhas da cidade

IMAG

EM: D

ivul

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W W W. R E V I STA B M A I S . C O M . B R 65

66 R E V I STA [ B + ] f E V E R E I R O / M A R ç O D E 2 0 1 5

SUSTENTABILIDADE | patrimônio

algumas poucas palavras são

reconhecidas nas línguas mais

faladas do mundo. Táxi, hotel,

hospital e Amazônia são algu-

mas delas. Ao redor do globo,

livros escolares, de ficção, de história e científi-

cos revelam a importância da Amazônia para

o equilíbrio do clima e da vida no planeta. Uma

floresta de 5,5 milhões de km², com a maior con-

centração de biodiversidade do mundo. Esta é a

Amazônia Verde, classificada em primeiro lugar

entre as sete Maravilhas da Natureza.

Emoldurando a costa brasileira está a

Amazônia Azul, um inteligente conceito criado

pela Marinha do Brasil, chamando a atenção

para o potencial estratégico desse desconhe-

cido e inexplorado patrimônio nacional. “Uma

outra Amazônia em pleno mar, assim chamada

pelos seus incomensuráveis recursos naturais

e grandes dimensões, uma área maior do que a

Amazônia Verde brasileira”. Com 4,5 milhões de

km², a Amazônia Azul é um polígono formado

pelos 8,5 mil km da costa brasileira, abrangen-

do 17 estados e mais de 400 municípios; e mais

as 200 milhas marítimas (370 km) de largura do

mar territorial, definidas internacionalmente

pela Convenção das Nações Unidas sobre

os Direitos do Mar (CNUDM), ratificada por

156 países, como Zona Econômica Exclusiva

(ZEE). Qual será o valor dos ativos da lâmina

d’água, do solo oceânico e do subsolo (província

mineral e as reservas do pré-sal), desse imenso

território da Amazônia Azul?

Fundada em 1811 e sediada às margens da

Baía de Todos-os-Santos (BTS), a Associação

Comercial da Bahia – ACB, ciente da influên-

cia que a BTS (70% do PIB da Bahia) exerce

sobre a economia do Estado, articula com a

Marinha do Brasil trazer para a BTS a inteli-

gência dos debates nacionais e decisões sobre

Baía DE TODOS-OS-SaNTOS, SEDE Da aMazôNIa azUL

EDUARDO ATHAyDE

Diretor da associação comercial da bahia e do WWi (Wordwatch institute no brasil)

a Amazônia Azul. Posicionada no centro da costa brasileira e berço da civiliza-

ção nacional, a maior baía tropical do mundo foi declarada pela ACB, através da

Carta da BTS, assinada por empresários, acadêmicos e sociedade civil organiza-

da, como sede natural da Amazônia Azul.

Com maior costa litorânea brasileira (1.183 km), porto natural da BTS e po-

tencial a ser explorado nos recursos do mar, a Bahia não tem a cadeia produtiva

da indústria naval desenvolvida. Oportunidades estão à vista. A Universidade

da Petrobras, por exemplo, com interesses na área, pode organizar nas margens

da BTS o seu centro off-shore em parceria com o Campus Integrado de Manufa-

tura e Tecnologia – Cimatec, centro de excelência da Federação das Indústrias,

criando o “Cimatec Mar”.

Por outro lado, a poderosa indústria turística internacional, que gera US$ 6

trilhões de renda na economia mundial e mais 120 milhões de empregos diretos,

poderá ser atraída com outra força. Debutando internacionalmente como sede

da Amazônia Azul, a Bahia, com passaporte novo, usado para mostrar o mesmo

potencial com outro olhar, será apresentada ao mundo e aos seus atentos inves-

tidores movidos a GPS, no Google Earth, com novas credenciais. O turismo da

Bahia – que precisa de sustentabilidade – tem esta joia muito pouco explorada.

O que estamos esperando?

OBR

A: Tw

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Rogé

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aPoio:

lifesTylecongelados gourmet 68

mercado náutico 70dicas de turismo anti folião 74

guia do litoral baiano 78moda praia 80

marca: Picolé capelinha 82

decoração para fugir do verão 84 [c] Turismo de luxo na Bahia 86

[c] defenda a Bahia 88autos&motos+ 90

a bordo com a [B+] 94notas de Tec 96

aPoio:

Obra: A bela e o desejo | Galeria Rogério fernandes

68 R E V I STA [ B + ] f E V E R E I R O / M A R ç O D E 2 0 1 5

LIfESTyLE | sabor APOIO:

Quem não leva muito jeito para a cozinha, quer praticidade e não abre mão de um cardápio requintado aprova a iniciativapor PEDRO HIJO

fotos RôMULO PORTELA

De acordo com o recente estudo Consumer

Watch Express Shopper, em média, 61% dos

consumidores brasileiros optam por alimen-

tos congelados. A conveniência e a praticidade

são os elementos mais procurados por quem

prefere ter à mesa um produto pronto para

consumo. De olho nessa fatia de mercado,

os sócios Laurent Rezette e Daniel Frota

lançaram, há dois anos, a Babette, uma linha

gourmet de congelados.

A missão da empresa, segundo Daniel, é

tirar o estigma de que comida congelada é algo

ruim ou de baixa qualidade. Nada de lasanhas

ou empanados de frango, a dupla aposta em

alimentos requintados, “para que aqueles que

não têm muito jeito no fogão também possam

impressionar”, comenta o chef belga Laurent.

“O prato vem 98% pronto, basta colocar os pa-

cotinhos de plástico em uma panela com água

fervente por alguns minutos e servir”, completa.

A produção da Babette começou em uma

cozinha caseira e, com o crescimento da

demanda, ampliou para uma fábrica de 600

m2 em Lauro de Freitas, que conta com 16 fun-

cionários. A marca já está em grandes redes,

como Sam’s Club, Perini, Carrefour e, ainda

em 2015, estará no Wallmart. “Só aí serão mais

de 400 pontos de venda”, diz Daniel. A dupla

procura um terreno em Simões Filho para

ampliar a fábrica.

No primeiro trimestre deste ano, a Babette

vai lançar uma linha voltada para empresas

e até o meio do ano uma linha de churrasco

congelado, que se somarão às já existentes

linhas de chocolate, molhos, patês e pratos.

Para a [B+], Laurent e Daniel apostaram no

filet au poivre, primeiro lançamento da marca.

CONgELaDOS gOUrMET

Daniel Frota (à esquerda) e Laurent Rezette: “queremos facilitar a vida das pessoas”

W W W. R E V I STA B M A I S . C O M . B R 69

RECEITAfilet aU poivre

ingredientes• 4 medalhões de filé mignon de aproximada-

mente 180g cada

• Conhaque

• 2 colheres (sopa) de grãos de pimenta verde

• 80 ml de vinho tinto

• 30 g de farinha de trigo

• 20 g manteiga

• Sal a gosto

modo de preparoEm uma frigideira, esquente partes iguais de

manteiga e acrescente os filés. Quando estive-

rem grelhados e quase no ponto desejado, re-

tire-os da frigideira. Acrescente o conhaque à

frigideira ainda no fogo, derretendo as partes

grudadas na panela, recuperando assim o sa-

bor da carne grelhada, o famoso “déglaçage”.

Adicione o vinho e deixe que o molho reduza

um pouco. Corrija a textura com farinha e o

sal, se necessário, e acrescente a pimenta verde

por último.

Pode servir com purê de mandioquinha!

70 R E V I STA [ B + ] f E V E R E I R O / M A R ç O D E 2 0 1 5

LIfESTyLE | turismo náutico

navegar É mais do que PrecisoEntidades empresariais lideram campanha para inserir o nome da Baía de todos-os-santos entre as baías mais lindas do mundo, a fim de estimular o turismo e a prática de esportes náuticospor LORENA DIAS

Maior baía tropical do Atlântico, segunda maior do mundo e a maior

do Brasil, a Baía de Todos-os-Santos (BTS) precisa explorar todo o seu

potencial para o turismo náutico. A localização geográfica privilegiada

– ela é rota natural das correntes marítimas –, e as condições climáticas

favoráveis, que possibilitam uma navegação segura, são os pontos a favor.

De acordo com o presidente da Câmara Portuguesa de Comércio da Bahia,

Antonio Coradinho, a BTS é um dos melhores locais do mundo para a prá-

tica do iatismo (esportes com barcos à vela). “Mas, infelizmente, não temos

um calendário de grandes eventos internacionais”, ressalta.

Amante dessa prática esportiva e um defensor da BTS, Coradinho

está liderando uma campanha para colocar a maior baía do Brasil na lis-

ta das Mais Lindas Baías do Mundo. Para isso, conta com uma aliada de

peso, a prefeita da cidade de Setúbal (Portugal), Maria das Dores Meira,

que deve assumir a presidência desse seleto clube em maio deste ano.

Ele apresentou a BTS à prefeita no ano passado. Ela se comprometeu a

levar a campanha à votação e por isso o presidente da Câmara Portu-

guesa busca apoio dos prefeitos das cidades que são banhadas pela

baía. “Se o nome for aprovado, a BTS terá visibilidade global, um fator

decisivo para estimular o turismo náutico e a realização de eventos

esportivos”. A Câmara Portuguesa e a Associação Comercial da Bahia

estão abraçando essa causa.

W W W. R E V I STA B M A I S . C O M . B R 71

fOTO: BCayres

Coradinho defende ainda que o Estado ofereça estímulo

à iniciativa privada para o investimento em pesca oceânica.

“Além disso, é preciso divulgar melhor a BTS no mundo, junto

às pessoas que praticam esportes à vela”. “Acompanho a agenda

de eventos náuticos na Bahia e afirmo que se promove pouco.

Temos potencial para melhorar muito esse calendário”, diz.

serviçosO verão é a estação mais esperada por empreendedores que

vendem produtos ou prestam serviços voltados para o turismo

náutico. “O proprietário de lancha costuma usar mais o equi-

pamento nesta época. Ele circula mais pela marina e demanda

serviços de manutenção”, afirma a diretora da Bahia Marina,

Leilane Loureiro. Segundo ela, neste período há um aumento de

solicitação de vagas temporárias por navegações de fora, assim

como um fluxo mais intenso de turistas estrangeiros.

A principal fonte de renda do segmento é o aluguel de va-

gas para embarcações. A Baía de Todos-os-Santos, que é com-

posta por 13 municípios, possui um total de 2.561 vagas (secas

e molhadas), distribuídas em 11 marinas e clubes privados, de

acordo com levantamento feito pela Secretaria de Turismo do

Estado em 2010. Número que é insuficiente para a expansão do

turismo náutico na região. “Muita gente quer comprar barco e

não tem onde colocá-lo”, ressalta a diretora da Bahia Marina.

Foi o que aconteceu com o engenheiro Sandoval Matos.

Quando se deparou com a dificuldade de encontrar um local para

guardar o veleiro que desejava adquirir, ele resolveu comprar

uma marina, em vez da embarcação. Assim, em 2005, surgiu o Píer

Salvador, localizado no bairro da Ribeira. “No início, o que me sus-

tentava eram as pessoas que davam volta ao mundo de barco. O

brasileiro quase não faz turismo náutico”, lembra Sandoval, que já

recebeu cerca de 270 veleiros estrangeiros de 24 países diferentes.

Com baixas expectativas para este verão, o proprietário do

Píer Salvador está com ocupação abaixo da sua capacidade,

cerca de 35% das vagas estão desocupadas. Hoje, ele lamenta

oferecer apenas vagas molhadas para seus clientes. “Quem

tem vaga seca está bem, por causa das lanchas, que só podem

ser guardadas em local seco. Outros que começaram depois de

mim, por terem área seca, estão faturando bem mais”, relata.

A Marina Porto Bonfim, por exemplo, que trabalha apenas

com vagas secas, já estava com todas as vagas preenchidas

antes mesmo de o verão começar. “A procura aqui é muito

Baía de Todos-os-Santos possui 2.561 vagas para embarcações, número que é insuficiente para a

expansão do turismo náutico na região

72 R E V I STA [ B + ] f E V E R E I R O / M A R ç O D E 2 0 1 5

lifestyle | turismo náutico

grande e 90% dos clientes são locais”, informou a geren-

te comercial Flora Franco. Com clientes fixos que pagam

aluguel mensal, o estabelecimento ainda oferece outros

serviços, como manutenção das embarcações, seguran-

ça 24h e embarcações de apoio.

venda de produtosPara intensificar o movimento neste período, as marinas

também investem na prestação de outros serviços, como

a venda de produtos. É o caso da Bahia Marina. “A novi-

dade deste verão é a Villa CR, projeto em formato pop up

store, que reúne os segmentos beauty, bolsas, acessórios,

décor, gastronomia, joias e moda”, explica a diretora

Leilane Loureiro.

Já o Píer Salvador, na Ribeira, passou a investir no

seu Brechó Náutico, que já existe há sete anos e possui

mais de cinco mil itens. “Com preços em conta, tudo

se vende. E atualmente o brechó já movimenta mais

dinheiro do que a própria loja do píer”, conta o proprie-

tário Sandoval Matos.

Bons negóCios para as esColas de mergulhoO verão movimenta as escolas de mergulho da capital

baiana, por causa do clima e do aumento no fluxo de

turistas. “Salvador e a Baía de Todos-os-Santos têm

condição privilegiada para essa atividade, porque o mar

possui boa visibilidade, água quente, vários naufrágios

e ótimos pontos de mergulho”, explica o instrutor da

Bahia Scuba, Márcio Brito.

A opção mais procurada é o “batismo”, primeira expe-

riência de mergulho recreativo acompanhada de um ins-

trutor. Durante a atividade é possível admirar a diversi-

ficada vida marinha, além de conhecer naufrágios, como

o do navio norueguês Blackadder, localizado na praia da

Boa Viagem. “O mais legal é que você tem uma perspecti-

va diferente, de observar tudo que tem ao seu redor. E ao

voltar para a superfície, você se sente renovado”, destaca

Jorge Galvão, instrutor da escola Águas Abertas.

Mas falta apoio com relação à divulgação desse

potencial náutico, segundo o gerente de uma das escolas

de mergulho mais antigas da capital baiana, a Dive

Bahia. “Nós temos um dos maiores pontos de mergulho

do Brasil e o próprio baiano não conhece as riquezas

que a gente tem aqui”, afirma Mateus Harfush, ressal-

tando que também é preciso melhorar a estrutura e

acessibilidade para que os turistas possam aproveitar as

atividades com maior conforto.

fOTO: Luciano Oliveira

fOTO

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ção

Sandoval Matos comprou uma marina, em vez do veleiro

W W W. R E V I STA B M A I S . C O M . B R 73

NA

PANTONE RED 032 C

74 R E V I STA [ B + ] f E V E R E I R O / M A R ç O D E 2 0 1 5

LIfESTyLE | sossego

fOTO

: Div

ulga

ção

Enquanto Salvador espera 600 mil turistas para o Carnaval, a aversão à

festa movimenta o turismo em todos os destinos da Bahia em que a ordem

é relaxar. Saiba quais são as opções, se você quer sair da capital e ficar bem

longe dos trios elétricos.por RAFAEL MELLO

fuja da folia

W W W. R E V I STA B M A I S . C O M . B R 75

lençóisSe você procura total isolamento e tranquilidade ou busca trilhas em belíssi-

mas localidades, Lençóis é a melhor opção. Com rotas famosas, como o Vale do

Paty, Cachoeira da Fumaça, Cachoeirão, Funis, Morro do Castelo ou Pai Inácio,

a região ainda oferece programas para quem prefere a prática de esportes radi-

cais, que vão desde arvorismo, bungee jumping, rapel, tirolesa, cavalgada,

a voo livre e canoagem.

O Hotel Canto das Águas fica em Lençóis, na Chapada Diamantina, um

dos cinco destinos mais procurados da Bahia. Devido à grande procura no

período do Carnaval, toda a rede hoteleira só reserva quartos para hóspedes

que se interessarem por pacotes de quatro diárias. Os preços também são

diferentes. No Canto das Águas, o pacote para um casal na suíte mais simples

– com vista para jardim interno, cama box,

ar-condicionado e TV por assinatura – sai

por R$ 2.442, valor 57% mais caro que a tarifa

convencional de alta estação. “Tem turista

de fora, mas a maioria vem de Salvador, são

pessoas que estão fugindo da folia. Casais

maduros ou com filhos, com idade entre 30 e

60 anos”, destaca o gerente do hotel, Ney Pau-

lo Pereira. Segundo ele, ao menos metade da

ocupação é de antigos clientes que retornam

todos os anos.

fOTO

: em

sent

ido

horá

rio -

Jota

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Reis

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76 R E V I STA [ B + ] f E V E R E I R O / M A R ç O D E 2 0 1 5

LIfESTyLE | sossego

fOTO

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ata,

Div

ulga

ção,

Div

ulga

ção

Port

o S

egur

o

porto seguroEm Porto Seguro, os donos de grandes resorts tentam combinar

tranquilidade com agito. De frente para o mar, dentro das áreas

privativas, o turista tem complexos com piscina, sauna, acade-

mia, espaços esportivos e opções de lazer para crianças. Caso

queiram dar um pulinho na vila, encontrarão ruas com trios

elétricos, outras com as tradicionais marchinhas e charangas,

que animam quem gosta de um Carnaval mais tranquilo.

O diretor-geral do La Torre Resort, Luigi Rotunno, destaca

que o forte da terra do descobrimento durante o reinado de

Momo é a variedade. “Há opções para todos os gostos, desde

o pop e rock em Arraial, MPB em Trancoso, trio elétrico na

Passarela do Descobrimento, charangas nos bairros centrais e

bandas diversas nos hotéis e casas de shows”, elenca.

O setor hoteleiro de Porto Seguro fatura alto com o Carna-

val, porque lá o período de festas se prolonga até o domingo

da semana seguinte. É que, na cidade, na Quarta-feira de

Cinzas começa uma espécie de micareta, em que participam

as principais atrações do Carnaval de Salvador. “Muitos

fazem opção por duas semanas interligadas de festa no lugar

em que nasceu o Brasil, outros vão embora, e chegam turistas

que curtiram Salvador e em seguida vêm a Porto Seguro”,

explica o gestor.

Não à toa, as reservas para o Carnaval no resort esgotaram

antes de esgotarem as do Réveillon, mesmo com valor cerca

de 20% superior. Na suíte mais simples, a diária no período é

de R$ 1 mil, com serviço all inclusive. Com 900 leitos, o hotel

chega a faturar R$ 3,6 milhões no mês de Carnaval.

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litoral norteO Litoral Norte baiano é o destino que recebe maior fluxo de turistas na Bahia

durante o período carnavalesco – depois de Salvador – de acordo com a Secreta-

ria Estadual de Turismo. Dos grandes resorts às pousadas, quem não reservou

com ao menos um mês de antecedência tem de contar com alguma desistência

para poder se hospedar.

A Pousada Refúgio da Vila, que em 2014 recebeu o troféu Travel Choice do

Trip Advisor, conta com a popularidade digital para esgotar as reservas do

período três meses antes. Os preços são 15% mais caros que a tarifa de alta

estação. As quatro diárias para o quarto duplo mais simples somam R$ 3 mil,

com direito a academia, sala de massagem e piscina.

“Nossos 30 apartamentos estão todos ocupados para o feriadão desde

novembro. Por estarmos próximos de Salvador, Praia do Forte recebe tanto os

turistas que desejam apenas tranquilidade, como aqueles que vêm passar o

Carnaval em Salvador, mas preferem ir e voltar, se hospedando aqui”, afirmou

a gerente da pousada, Isabela Lamenha.

Ela reconhece, todavia, que a maioria dos hóspedes é formada por clientes

que voltam todo ano, soteropolitanos que saem da capital para descansar. “Então

vem muita família, mas recebemos vários

casais”, disse. Para esse público, em Praia do

Forte e Imbassaí a programação carnavalesca é

de pequenos blocos de percussão e metais, que

passeiam pela vila.

O empresário José Alves, proprietário das

agências Salvatur e Bahia Travel e presidente

da Associação Baiana das Agências de Via-

gem (Abav), salienta que o turismo de baixo

deslocamento, em que as pessoas vão de carro

e gastam poucas horas para chegar ao desti-

no, deve ganhar território neste verão, devido

à alta do dólar e à crise econômica. “Em vez de

viagens a Miami ou a Buenos Aires, pessoas

que todos os anos viajam para o exterior

estão preferindo ficar por aqui, ir ao Litoral

Norte, por exemplo”, destaca o empresário.

78 R E V I STA [ B + ] f E V E R E I R O / M A R ç O D E 2 0 1 5

LIfESTyLE | roteiro

Está de férias e quer fugir dos points do litoral da Bahia? Selecionamos cinco praias que ainda têm muito a revelar para turistas e baianos

por ANDRÉA CASTRO

alÉm do horiZonTe, eXisTe um lugar...

Se você que ir para a praia, mas está cansado dos roteiros

repetidos, dos preços altíssimos e da multidão, fique tranquilo.

Felizmente, do norte ao sul do estado da Bahia, diversos mu-

nicípios ainda guardam boas opções de praias para visitar, re-

laxar, se divertir e até pensar em investir em um bom negócio.

O turismo eminente pode oferecer grandes vantagens.

praia de moreré BoipebaBem ao lado do estuário do Rio do Inferno está o verda-

deiro paraíso. A Ilha de Boipeba, inserida no arquipélago de

Tinharé, reserva um cenário paradisíaco: a Praia de Moreré.

Com infraestrutura turística básica e rústica, os principais

atrativos são as piscinas naturais, barreira de corais e os

bancos de areia. Para quem gosta de sossego, a tranquili-

dade impera por lá. Na praia, há restaurantes simples, mas

que agradam aos mais requintados paladares.

Como chegar: parta por Valença, Torrinha, Graciosa, Cairu

ou Morro de São Paulo. De Valença, a viagem de lancha

dura cerca de 1h20. Em Boipeba, ainda é necessário pegar

um trator até Moreré.

Quanto pagar: a hospedagem em campings sai por até

15 reais a diária. Para quem não abre mão de conforto, há

pousadas com preços que variam de 120 a 900 reais.

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fOTO: João Ramos / Bahiatursa

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praia do satu CaraívaPara quem deseja curtir um cenário paradisíaco sem se entregar ao ócio, dar

uma boa esticada nas canelas na Praia do Satu pode ser uma boa opção. Próxi-

ma a bem frequentada Praia do Espelho, a praia é habitada apenas pelo ilustre

cidadão que dá nome ao local, seu Satu. Além de tranquilidade e uma paisagem

de encher os olhos, o visitante pode contar com uma água de coco gelada, após

uma longa caminhada, e muitas histórias interessantes contadas por seu Satu.

Uma boa opção também é se banhar nas lagoas de água doce. Os visitantes

ficam hospedados em Caraíva, que conta com boa estrutura hoteleira.

Como chegar: o visitante deve atravessar a barra do rio Caraíva a pé ou nadan-

do na maré baixa e caminhar cerca de 3 km na direção norte.

Quanto pagar: as diárias em Caraíva variam na alta temporada entre 150 e

350 reais.

praia de suBaúma entre riosA Praia de Subaúma se encontra com o Rio Subaúma em uma grande bacia,

que se torna mais um atrativo local. Quando a maré está baixa, os arrecifes

formam piscinas naturais excelentes para quem quer relaxar. Para quem gosta

de movimento, a praia também é bastante propícia para a prática de esportes

náuticos, como caiaque e windsurfe. Uma boa opção é caminhar até o farol ou

visitar o mirante do cruzeiro, que oferece uma vista panorâmica da região. Com

boa infraestrutura, há vários restaurantes e barracas de praia e abriga uma das

sedes do projeto Tamar.

Como chegar: a praia fica a 120 km do aeroporto de Salvador. A via de acesso en-

tre a Linha Verde e a vila é asfaltada e mede 7,5 km até a Praça Senhor do Bonfim.

Quanto pagar: o valor da hospedagem pode variar de 80 a mais de 500 reais, a

depender da pousada ou hotel.

CumuruxatiBa PradoCumuruxatiba reúne algumas das mais

encantadoras praias do sul do estado. A

cultura local tem o seu auge no Cumuruxatiba

Festival, um evento que revela o talento dos

moradores locais. Visitando Cumuru entre os

meses de julho e novembro, ainda é possível

ter uma maravilhosa vista das acrobacias

executadas pelas baleias jubartes.

Como chegar: a partir de Prado, existem duas

formas de se chegar. A estrada principal é

a opção mais longa: 9 km de asfalto e 31 km

de chão, normalmente bem conservada. A

segunda alternativa é mais curta (32 km),

no entanto, por ser um percurso de terra, o

acesso fica complicado em épocas chuvosas.

De avião, pode desembarcar em Porto Seguro,

Cumuruxatiba fica a 242 km.

Quanto pagar: na alta estação, com 130 a 300

reais, o casal pode se hospedar em uma das

mais de 50 pousadas ou no único hotel da

localidade.

taipu de fora MaraúO mar da Baía de Camamu, trechos de mata

atlântica, trilhas, lagoas e cachoeiras fazem de

Taipu ou Taipus de Fora, como também é con-

hecido, um destino imperdível. São 7 km de

extensão de praia banhados por águas claras,

com imensas piscinas naturais. Uma ótima

pedida é fazer um mergulho para apreciar os

peixes que habitam as suas águas cristalinas.

Ainda pouco explorada pelos baianos, já é

desfrutada na alta temporada por turistas de

outros estados. Durante a maior parte do ano,

a localidade é tranquila.

Como chegar: saindo de Salvador, uma opção é

pegar o ferryboat, seguir de carro ou ônibus em

direção a Nazaré das Farinhas e ir até Camamu.

De lá, pegar uma lancha até Barra Grande e um

táxi ou jardineira ao destino final.

Quanto pagar: na alta estação, o casal pode

pagar uma diária de 250 a 700 reais em

hospedagem.

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80 R E V I STA [ B + ] f E V E R E I R O / M A R ç O D E 2 0 1 5

Biquínis, sungas, saídas de praia, bonés, bermudas sintéticas,

camisetas. Itens indispensáveis no guarda-roupa de quem

mora no litoral ou vai passar as férias na praia. Neste filão

da indústria da moda, em que a marca estampada na peça

vale menos e a qualidade e originalidade são o diferencial, as

pequenas e médias empresas baianas mostram que é possível

disputar com as grandes.

A maior marca genuinamente baiana de moda praia é a

Costa Leste. Está presente em três shoppings de Salvador

e possui lojas na Estrada do Coco, Praia do Forte e Aracaju.

Completando 20 anos de fundação em 2015, a empresa reúne

entre seus sócios irmão e cunhados, que receberam em 2001

do casal Maria e Joel Viterbo a atribuição de tocar o negócio.

A mudança na gestão deu certo, e no ano seguinte a fábrica

da Costa Leste foi inaugurada em Salvador, com uma área de

400 m². Hoje, 90 funcionários são responsáveis pela confec-

ção de 50 mil peças anuais e venda nas lojas.

Inovação e investimento em alta qualidade são os segredos do bom faturamento das empresas de

moda praia durante o verãopor RAFAEL MELLO

SE BIQUíNI TIVESSE BOLSO, ELE ESTARIA CHEIO

Segundo uma das sócias,

Sofia Azevedo Virtebo, com

a demanda de lojas que

vendem multimarcas em

outros estados e no exte-

rior, a fábrica produz o ano

todo. “Lançamos as coleções

primavera-verão a partir de

julho e outono-inverno a

partir de abril, mas algumas

são feitas nos períodos de

transição das estações, os

chamados previews”, disse. O

faturamento da Costa Leste,

em 2014, foi de R$ 5 milhões.

Com novos negócios à vista

para exportação e abertura

de franquias, a perspectiva

é que neste ano as vendas

aumentem 10%.

Na atual coleção, assina-

da pela estilista Carol Galo,

15 estampas são utilizadas

em seis a nove modelos de

biquínis e maiôs, além de

roupas, saídas e acessórios.

“Desde o início prezamos

muito pela qualidade de

nossas peças, que têm de

ter requinte no desenho e

perfeição na produção e

material usado, para confor-

to de quem usa”, ressalta a

empresária.

LIfESTyLE | ModafO

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“Nossas saídas de praia são diferenciadas, peças que possuem um conceito específico, usadas tanto como saídas quanto como roupa, para um pós-praia ou um passeio de verão” Letícia Leony, proprietária da loja Madame de Laço

Criada há dois anos,

a Madame de Laço vive o

outro lado da indústria da

moda praia baiana. Inaugu-

rada em 2013, a marca come-

ça a demonstrar potencial de

crescimento. Mesmo com as

vendas quase que exclusiva-

mente pela internet, faturou

no ano passado R$ 340 mil e

espera, com a coleção deste

verão, um lucro líquido de R$

180 mil.

A proprietária da marca,

a empresária Letícia Leony,

tem apenas 26 anos. Ela

é a própria estilista que

cria as peças. Formada em

arquitetura e em design de

interiores, trabalhou nas

duas áreas. Mas foi com a

marca de moda praia que

ela conseguiu a realização

profissional. Uniu um antigo

dom de desenhar as próprias

roupas, exercitado desde os

13 anos, com um bom negó-

cio. “A moda era um sonho e

a arquitetura era a realidade

do meu dia a dia”, disse.

Ela conta que, no início, a

ideia de uma amiga sua era

criar um site para vender

biquínis para amigas e

conhecidas, com a ajuda das

redes sociais. Após um ano

de funcionamento, Letícia

viu potencial no negócio e

decidiu comprá-lo. Abriu

uma loja física, que só atende

com agendamento, está em

negociação para vender em

lojas de shopping e nego-

cia com exportadores para

mandar parte da produção

também à Itália, o berço da

moda, ainda neste ano.

A principal fonte de receita, todavia,

ainda é a venda virtual, através do site e das

redes sociais. “É a mais importante fonte

de comunicação com nossos clientes, onde

divulgamos nossos produtos, no Instagram,

onde mais de três mil seguidores acompa-

nham diariamente as novidades, vão para o

site e compram”, destacou.

O grande salto da empresária para fazer

a marca crescer foi a ampliação na variedade

de produtos. “Nossas saídas de praia são di-

ferenciadas, peças que possuem um conceito

específico, usadas tanto como saídas quanto

como roupa, para um pós-praia ou um pas-

seio de verão. A ideia é que minha cliente, ao

fazer a mala para passar o final de semana

na praia, tenha um volume reduzido, pois as

peças que usar à noite poderá usar também

no outro dia, na praia”, revela Letícia.

A estratégia teve reflexo nas vendas e

forçou mudanças na produção. Se antes o

biquíni de lacinho, que dá nome à marca, era

o principal produto, agora a produção anual

de saídas de praia chega a 3,6 mil peças; o

dobro da produção de biquínis, que é de 1,8

mil. “Outra novidade que deu certo foi a

linha fitness, com saída o ano todo, e hoje

responde por 2,1 mil peças ao ano”, completa

a empresária. Para dar conta do serviço, dois

funcionários cuidam da operação comercial

e 16 trabalham na confecção, que fica em

Lauro de Freitas.

Letícia Leony comemora o sucesso da Madame de Laço: só em 2014, a empresa faturou R$ 340 mil com vendas exclusivas pela internet

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Os mais de 40 anos de trajetória da marca Picolé Capelinha no mercado baiano

fizeram a fama dos produtos ultrapassar as fronteiras geográficas. Quem com-

prova isso é Rosilene Andrade, gerente administrativa da empresa e filha do

criador dos picolés, o baiano Antônio Mota. Ela conta que diariamente chegam

pedidos para abertura de franquias em outras cidades. “Ainda não temos inten-

ção de trabalhar com outros pontos, porque nosso trabalho é muito artesanal.

Mas temos fiéis revendedores autorizados”.

Hoje chamada de Sorveteria Capelinha,

a empresa marca presença em eventos da

cidade, a exemplo de casamentos e batizados,

oferecendo picolés personalizados e entrega

delivery. Até bares já produzem drinques com

os mais famosos sabores, morango e coco.

Desde que se juntou ao time do pai, a turis-

móloga Rosilene quis modernizar a logística,

estimulando a criação de uma marca, atuando

em redes sociais, como Instagram e Facebook,

além de implantar as embalagens e palitos

personalizados. “O Picolé Capelinha está no

mercado há muito tempo. Toda mudança gera

uma desconfiança inicial, mas é uma barrei-

ra que você tem que romper”, explica. Para

Antônio, o segredo do sucesso é exatamente

a manufatura. “O nosso picolé é 100% fruta,

um pouco de água e açúcar. Não tem aditivos,

conservantes ou emulsificantes”.

Ele explica que a estrutura não foi amplia-

da, mas existem profissionais que manuseiam

a receita de sucesso há mais de 20 anos. A

empresa possui estrutura familiar e opta por

não divulgar números de produção diária

ou dados de faturamento. “Temos mais de 20

sabores no nosso cardápio. Nossa preocupa-

ção é manter o produto bem-feito. É isso que

importa”, sentencia.

A Sorveteria Capelinha marca presença em eventos da cidade como casamentos e batizados, oferecendo picolés personalizados, entrega delivery e até bares já produzem drinks com os seus mais famosos sabores como morango e coco

A BAhIA NUM pALITOPresente tanto nas areias das praias quanto em eventos corporativos, o Picolé Capelinha agora enfrenta o desafio de se modernizar sem perder a tradiçãopor LUIS FERNANDO LISBOA fotos RôMULO PORTELA

LIfESTyLE | marca

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84 R E V I STA [ B + ] f E V E R E I R O / M A R ç O D E 2 0 1 5

Há quem ame o verão e goste de sentir o calor do asfalto das

ruas durante esta época do ano. Quem entra no apartamento

da designer baiana Daniela Lopes percebe que ela não faz bem

este perfil. O clima refrescante dos aparelhos de ar-condiciona-

do e o conforto dos sofás convidam para que a gente repouse e

por ali permaneça por algumas horas batendo papo.

Ao reformar o apartamento de 130 metros quadrados, loca-

lizado no bairro do Candeal, em Salvador, Daniela tinha uma

ideia em mente: criar um espaço em que ela pudesse imprimir

sua personalidade, agradar ao marido e filhas e ainda ser aco-

lhedor para seus amigos. A champanheira ao lado da poltrona

não engana: Daniela ama a companhia das pessoas por ali mes-

mo, em um ambiente em que ela possa se reconhecer.

Esse reconhecimento passa pelo ato de colecionar objetos

e dispô-los da forma mais organizada. “Meu marido brinca que

não há mais espaço para eu juntar coisas, mas sempre existe”,

comenta rindo. Na decoração, Daniela faz questão de mostrar

o anjo que ganhou de uma amiga, o elefante que comprou na

África e o ovo, peça-chave do centro de mesa, que ganhou de

presente de um cliente. Tudo ali, ao alcance da mão, milimetri-

camente posicionado.

A designer Daniela Lopes juntou tudo que mais gosta dentro de seu apartamento para aproveitar o conforto, chamar os amigos e evitar os agitos das ruas quentes da capital baianapor PEDRO HIJOfotos LUCIANO OLIVEIRA

deiXa o Verãopra Mais tarDe

LIfESTyLE | decoração

Há seis anos, Daniela reformou o apartamento

e o deixou com a cara dela: “gosto de estar em ambientes acolhedores”

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OVO O objeto destaca-se por ter as mesmas cores predominantes no ambienteCHAMPANHEIRA “É o objeto que eu mais uso, chamo meus amigos e fazemos nossos encontros”, diz DanielaESCRAVOS Os porta-livros são o ponto alto da mesa decorativaPROTEçãO O anjo decorativo foi dado de presente por uma amiga

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LIfESTyLE | turismo de luxo

GLENDA zAINE

ceo da JuststyleMagrOTa aLTErNaTIVaFuja da folia do começo de ano em três destinos que ficam longe da agitação

praia do forteUm lugar cheio de bossa, praias com deliciosas piscinas naturais e uma vibração

incrível. Uma vila charmosa com lojinhas descoladas, cafés charmosos, Praia

do Forte é um destino que se faz necessário repetir, seja para passar um fim de

semana ou para fugir do Carnaval. Praia, sol, belezas naturais e um vaivém de

um público bonito e animado fazem de Praia do Forte um destino notável. Uma

oração na Capela de São Francisco de Assis, um dos mais famosos cartões-postais

da Praia do Forte, em frente à praia onde se encontram alguns barcos de pesca

ancorados, que oferecem um espetáculo à parte em meio a uma puxada de rede.

Onde ficar: Pousada Refúgio da Vila, charmosa, elegante e cheia

de estilo, oferece instalações confortáveis, além de uma inesquecí-

vel gastronomia que agrada aos mais exigentes comensais.

tranCosoDescoberto pelos hippies nos anos 70, atrai pessoas de todas as partes do mundo

e mais um seleto público do Sudeste. O quadrado é o grande cartão-postal do

lugar com seu lindo casario colorido ao redor da Praça São João. Considerado

um dos mais valiosos sítios históricos do sul da Bahia, Trancoso possui muitos

restaurantes espalhados pelo quadrado, que servem uma excelente gastronomia.

Onde ficar: o Uxua Casa Hotel & Spa, localizado no quadrado, é o

único brasileiro a entrar na seleta lista de ouro da Conde Nast Trave-

ler dos hotéis favoritos em todo o mundo. Com apenas nove quartos

espalhados por diferentes casas nativas ao redor do quadrado – faz

da rusticidade, alto estilo. As casinhas de telha vã e pisos de cimento

e madeira, suas camas com finos lençóis de linho e seus simples e

elegantes móveis e arte locais. O bar da praia, instalado em um barco

de pescador, também é um destino imperdível na bela Trancoso.

vale do CapãoPara aqueles que estão em busca de paz, tranquilidade, um lugar incrível e

inesquecível, o Vale do Capão, localizado no município de Palmeiras, é uma

ótima opção. Com sua beleza deslumbrante, o Capão é um destino memorável

para aqueles que são amantes da natureza. Trilhas, cachoeiras, rios e ainda uma

área de preservação da mata atlântica. Um verdadeiro paraíso ecológico!

Onde ficar: a Pousada Lagoa das Cores, considerada a melhor

pousada da Chapada Diamantina, é um lugar mágico, cercado

por montanhas, exibe charme e bom gosto com uma estrutura

de SPA. Um verdadeiro oásis de paz e tranquilidade com uma

incrível vista privilegiada de todo o vale. Além de todo o conforto

inserido no cenário deslumbrante, a pousada oferece uma gastro-

nomia maravilhosa.

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LIfESTyLE | cidadania

Em minha última viagem ao Recife

fiz amizade com um taxista local

e para todo canto que ele me

levava e para cada ponto turístico

que me apresentava a explicação

sempre começava da mesma maneira: aqui é o

maior isso, ali é o maior aquilo, aquela é a pri-

meira do Brasil, aquele é o maior alguma coisa

do Norte-Nordeste e Pernambuco é o melhor

lugar do mundo.

Apaixonado que sou por Recife e seus

habitantes, divirto-me com a chamada “mega-

lomania pernambucana”, aquele sentimento

único de amor à própria terra, que se traduz no

dia a dia através de diálogos como os que eu

tive com o taxista. Sua arte, cultura, história,

paisagens e tudo que remeta à identidade per-

nambucana são apropriadas e alardeadas pelos

seus moradores, e esses, por sua vez, ainda que

não intencionalmente, acabam funcionando

como os melhores assessores de marketing que

Pernambuco poderia ter.

Todo esse bairrismo geralmente é visto

sob um aspecto negativo. Exagero, complexo

enrustido de inferioridade, falta de senso

crítico e visão limitada de mundo são algumas

considerações que costumam ser injustamen-

te apontadas aos bairristas. Mas, pergunto:

desde quando orgulhar-se do lugar ao qual

você pertence não é algo admirável?

Um dia, nós, baianos, também já fomos

assim. Talvez por conta de uma boa propagan-

da quase institucionalizada da tal “baianidade

nagô” – reproduzida na mídia governamental,

na literatura, na música, no teatro e em várias

outras linguagens – ou talvez porque viver aqui

realmente já foi sinônimo de paz, alegria e tran-

quilidade, um dia a Bahia já foi divulgada como um paraíso. O lugar onde ninguém

nasce, estreia, como diria Nizan Guanaes. De uns tempos para cá, por outro lado,

esses e outros epítetos vêm perdendo o sentido, em especial quando confrontados

com a dura realidade, que insiste em se opor às virtudes do nosso estado.

Para um que diz que temos o melhor Carnaval há outros dez que afirmam

ser o mais violento. Para cada dez que falam das praias mais lindas existem ou-

tros cinquenta que lembram a orla urbana mais feia. Essa queda de braço entre

otimistas e pessimistas e a contraposição dos diferentes discursos podem ser

analisadas através da nossa capacidade de ver o copo meio cheio ou meio vazio.

E o grande dilema no qual nos encontramos, nesse caso, reside na ideia de que,

em tese, não haveria mais espaço para se orgulhar e defender uma Bahia que

teria deixado de existir e se tornado indefensável.

Então, por que não buscar um ponto de equilíbrio? Criticar sim, cobrar

sempre, permanecer inertes jamais. Todavia, que isso também não nos impeça

de aprender com nossos vizinhos pernambucanos a vestir a camisa e impulsio-

nar uns aos outros para descobrirmos as soluções. Ser bairrista não é fechar os

olhos para eventuais defeitos e observar apenas as virtudes. Ser bairrista pode

ajudar a desenvolver o nosso autoconhecimento, a sensação de pertencimento,

a nossa identidade e a conscientização com o futuro do nosso lugar. Ser bairris-

ta também é amar, e vamos combinar uma coisa: ter amor pela Bahia não é nem

um pouco difícil.

POr qUE VOCê DEIxOU DE DEFENDEr a BahIa?

OBRA: frida e as Girafas/ Rogério fernandes

IURI BARRETO

criador da página guia de sobrevivência do soteropobretano, que acumula mais de 50 mil fãs no facebook

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LIfESTyLE | auto&motos

Sumidas dos holofotes por

conta da crise econômica de

2009 nos Estados Unidos, as

grandes picapes voltaram

à tona e foram destaque

nos estandes das principais

fabricantes do Salão de

Detroit 2015. Com o preço do

barril do petróleo em baixa

e a melhoria das condições

financeiras, as picaponas,

conhecidas como truck full-

size, estão mais uma vez em

alta nos EUA.

Nada de carros compac-

tos e motores com potên-

cias reduzidas. Este ano, as

estrelas de Detroit foram as

repaginadas Ford F-150, em

sua versão Raptor, RAM 1500

Rebel e a Chevrolet Colorado,

eleita a Truck of The Year, a

premiação mais conceituada

do mercado americano.

Mas as japonesas Nissan

e Toyota também apresen-

taram as novas Titan XD e

Tacoma, respectivamente.

Entre as qualidades estão o

tamanho de mais de cinco

metros de comprimento,

tração integral e motorzão

V8, com potência superior

a 300 cavalos.

ROBERTO NUNESdetroit, a meca das grandes picapesDepois da crise de 2009 nos Estados Unidos, os modelos full-size estão de volta com as novas ford f-150 Raptor e a Toyota Tacoma

ford f-150 raptorA Raptor é a evolução da F-150, picape de grande volume de vendas nos Estados Unidos.

Tem a opção do novo motor 3.5 EcoBoost, de segunda geração, com 417 cavalos de potên-

cia e torque de 60 kgfm, mais potente e eficiente que o V8 6.2 anterior. O propulsor está

associado ao câmbio de 10 velocidades. Além disso, o modelo possui um sistema de tração

sob demanda, com a 4x4 integral, nova calibração no motor, do controle de tração, freio

ABS e do controle de estabilidade. São seis modos predefinidos: Normal, para condução

diária; “Street”, para direção na cidade; “Wheater”, para rodar na chuva, neve ou gelo;

“Mud and sand”, para trilhas de lama e areia; “Baja”, para rodagem no deserto em alta

velocidade; e “Rock”, para andar em baixa velocidade nas pedras.

Jornalista especializado na indústria automotiva desde 2002

fOTO

: Div

ulga

ção

W W W. R E V I STA B M A I S . C O M . B R 91

toyota taComaIrmã maior da nossa Hilux, a picape Tacoma entra

no universo dos modelos com generoso espaço na

caçamba, dimensões avantajadas e motorização

potente. A Toyota reservou espaço para expor seus

modelos 4x4 no estande. A nova Tacoma traz um

motor 2.7, de quatro cilindros. A opção do pro-

pulsor maior 3.5 V6, de tecnologia D-45. A Toyota

Tacoma destaca-se também pela conectividade

com um carregador de celular sem fio. No visual, a

grade proeminente é ladeada por novos faróis com

luz diurna em LED (opcional). Sob o capô, ela traz

dois tipos de motorização: a 2.7 de quatro cilindros

e a 3.5 V6, com injeção direta de combustível.

dodge ram 1500 reBelA Chrysler, hoje controlada pela italiana Fiat, tem a marca

RAM. Nos Estados Unidos, a picapona RAM 1500 tem lá seus

fiéis seguidores. No salão, a fabricante revelou a nova versão

Rebel, modelo com visual mais agressivo e uma enorme logo

na grade. Seu visual frontal é valorizado pelos faróis escureci-

dos e tomadas de ar no capô, que ajudam a refrigerar o propul-

sor V6 3.6 Pentastar, de 306 cavalos e 37,1 kgfm de torque; e o V8

5.7 Hemi, de 395 cavalos e 56,6 kgfm. Ambos são administrados

por um câmbio automático de oito velocidades. As vendas nos

Estados Unidos começam no meio deste ano. A nova picapona

possui faróis em LED e um snorkel superior com duas saídas.

A Rebel vem com console central renovado com suporte para

tablet ou smartphone integrado.

92 R E V I STA [ B + ] f E V E R E I R O / M A R ç O D E 2 0 1 5

lifestyle | auto&motos

nissan titan xdA japonesa Nissan está em alta em todo o mundo. Nos Es-

tados Unidos, oferece os sedãs Sentra e Altima e picapes de

grande porte. Na feira de Detroit, usou parte do estande para

expor os modelos para o mercado americano. Um deles é a

picapona Titan XD, com novo motor Cummins 5.0 V8 turbo-

diesel, 310 cavalos de potência e 76,68 kgfm de torque. Assim,

consegue oferecer força para rebocar até 5.443 kg, além de 907

kg de carga útil. A fabricante equipa a nova Titan com uma

gama de equipamentos. Algumas versões possuem câmera de

ré no retrovisor, detector de pontos cegos e assentos diantei-

ros, com efeito zero gravidade (inspirados em tecnologias da

Nasa). A picapona vem com as trações 2WD e 4WD s em todas

as versões.

gmC CanyonA GMC é uma das marcas mais tradicionais no assunto

picapes. A nova geração da Canyon chega para brigar

com a Toyota Tacoma, líder de mercado entre os ‘trucks’

compactos do país. O projeto foi elaborado pelas filiais,

brasileira e tailandesa, do grupo GM e apresenta uma

enorme grade frontal cromada, alinhada a um conjunto

de faróis retangulares. Em menores proporções, é uma

cópia maior da nossa S10. No interior, a GMC Canyon

traz bancos com revestimento em couro, detalhes em

aço escovado e apliques em madeira. Sob o capô, a opção

dos motores são o 2.5, de 198 cv e 25,7 kgfm, e o 3.6 V6, de

304 cv e 37,2 kgfm. No ano que vem, a Canyon receberá o

mesmo 2.8 turbodiesel da S10.

fOTO: Tereza Torres

W W W. R E V I STA B M A I S . C O M . B R 93

os passos do futuro da hyundaiA Hyundai tem sido um das marcas que mais inovam em design. Seu estilo

inovador está nas formas da carroceria de seus modelos em todo o mundo.

Desta vez, a marca sul-coreana revelou o futuro do Hyundai SantaCruz. O car-

ro-conceito destaca-se também pela funcionalidade. Tem uma caçamba com

extensor que permite levar mais carga, além de atributos visuais modernos,

como a grade hexagonal, a abertura invertida das portas traseiras, o desenho

futurista dos faróis e lanternas e as luzes de neblina em LED. O propulsor 2.0

turbodiesel rende 190 cv e 41,7 kgfm de torque. Já a tração é integral. A Hyundai

não adiantou se o projeto será realmente produzido.

novo land rover na áreaA Land Rover apresentou o novo Discovery Sport. O modelo é o substituto direto do

Freelander 2 em todo o mundo. Eduardo Castro, gerente da Rota Premium (revenda

Land Rover na Bahia), diz que o Discovery Sport deve estar disponível a partir de

março – no mais tardar em abril. Chega importado da Inglaterra e vai brigar com

o Volvo XC60, Audi Q5, Hyundai SantaFe e BMW X3. O carro herda a mecânica do

Evoque, com os já conhecidos motores 2.0 turbo a gasolina, de 240 cavalos, e o 2.2

turbodiesel que gera 190 cavalos, ambos recalibrados e acoplados à transmissão

automática da alemã ZF de nove velocidades. Sairá na faixa dos R$ 180 mil.

2016 vem aíMarcos Munhoz, vice-presidente da General Motors do Brasil, diz que o ano de

2015 deve passar rápido. Munhoz acredita em um período de retração das vendas

dos carros zero quilômetro ao longo do ano. Para ele, há uma desconfiança exces-

siva do brasileiro. “Hoje já há crédito dos bancos para o financiamento e, mesmo

assim, o nosso consumidor está com o pé atrás, sem querer comprometer sua

renda na compra de um carro”, explica. “O ano será igual ou bem pior do que

o de 2014. Só iremos voltar a crescer a partir de 2016”, garante.

extintor aBC fiCa para aBrilNo Brasil, há leis que pegam e outras fi-

cam no esquecimento. Quem lembra do

kit primeiros socorros? Agora é a vez do

extintor do tipo ABC. Ironicamente, a

obrigatoriedade do equipamento – que

deveria ser a partir do dia 1º de janeiro –

foi adiada e começa a valer no dia 1º de

abril. Depois da falta do equipamento

nas lojas em todo o país, o Conselho

Nacional de Trânsito (Contran) oficia-

lizou a prorrogação do extintor ABC

– que controla incêndio produzido por

diversos tipos de material – nos carros

nacionais. O descumprimento da norma

resultará em multa de R$ 127,69, cinco

pontos na carteira de habilitação e

retenção do veículo para regularização.

curtinhas...

94 R E V I STA [ B + ] f E V E R E I R O / M A R ç O D E 2 0 1 5

LIfESTyLE | a bordo com a [B+]

[01]

[04]

[02]

[05]

[03]

[06]

[01] Claudio Freitas e Flavia Gonçalves (Leiaute); [02] Eder Galindo e Fabiana Ribeiro (Propeg); [03] João Dude (Leiaute); [04] Marcio Beauclair (Africa); [05] Marcio Beauclair (Africa) e Pedro Dourado (Uranus2); [06] Verena Guerreiro e Vera Rocha (Rocha)

“o planejamento preCisa ConeCtar, simplifiCar e ser funCional”marCio BeauClairCom o know-how de quem coleciona na prateleira cinco leões em Cannes, Mar-

cio Beauclair se encontrou com representantes do mercado de mídia baiano

para dividir sua experiência durante a terceira edição do A Bordo com a [B+]. O

atual diretor-geral de planejamento da agência Africa e consultor de branding

e planejamento falou sobre os desafios de atender a grandes marcas e posicio-

ná-las no insconsciente popular. “O planejamento precisa conectar, simplificar

e ser funcional. Não adianta elaborar a melhor estratégia se, no outro dia, seu

objetivo não for alcançado”, comentou Beauclair.

Outro desafio, segundo o palestrante, é fazer a marca acompanhar as

mudanças da sociedade. “Pergunte-se: a sua marca está clara na cabeça das

pessoas? Então, é comum surgir um problema: ninguém mais sabe o que se

passa na cabeça das pessoas”, disse. O resultado acontece quando o pla-

fOTOS: Anderson Pereira

nejamento vira estratégia, de acordo com

Beauclair. “É preciso encontrar o porquê

da marca e saber como fazer aquilo”. Uma

forma sugerida por Beauclair é descobrir o

propósito da empresa e trabalhá-lo em cada

canal de maneira diferente, de modo que o

contato entre marca e consumidor torne-se

uma experiência.

Realizado pelo Grupo [B+], o A Bordo com

a [B+] já trouxe para Salvador Maurício Ma-

galhães, da agência Tudo, e Fernando Martos,

diretor comercial da RPC.

W W W. R E V I STA B M A I S . C O M . B R 95

LIfESTyLE | arquitetura

TrISTE BahIa FERNANDO PEIxOTO

arquiteto.o texto abaixo foi veiculado na coluna rindo pra não chorar, da rádio Metrópole

Quando você pensa em Viena, vêm à mente valsa e música

clássica. Se você pensa no Rio, a paisagem, a geografia, o Pão de

Açúcar, Copacabana, Ipanema é o que vem à sua mente.

Mas se você pensa em Salvador, a memória é arquitetônica.

Mesmo sem considerar nível social ou cultural, a imagem men-

tal e comum da nossa historia é de coisas construídas: Pelouri-

nho, Forte São Marcelo, igrejas, Elevador Lacerda e por aí vai.

De repente, e por alguma razão, a partir de grande parte do

século XX essa memória arquitetônica desapareceu, e nossa

tradição e identidade se transferiram para a música. Mesmo

os poucos exemplos de boa arquitetura nesse período têm

sido sistematicamente destruídos e degradados com a total

indiferença de todos.

O Instituto do Cacau está abandonado, a casa de Raul Faria,

na Barra, e a Casa de Gantois, na orla, dois dos pouquíssimos

exemplos de arquitetura modernista residencial na Bahia, já

não existem há muito tempo.

Mais recentemente, mas ainda no século passado, a casa de

Walter Fernandez na encosta de Ondina, com projeto de meu

amigo Gilberbet Chaves, foi demolida para dar lugar a um pré-

dio. Essa casa era, no meu julgamento, um fantástico exemplo

de implantação, modernidade e referência cultural, à altura do

que já se fez de melhor no Brasil e no mundo.

Se me fosse dado o direito de escolher dois projetos para

constar em uma seleção global de projetos da segunda metade

do século XX, a casa de Walter Fernandez e as passarelas de

Lelé seriam, na Bahia, as escolhas capazes de não nos cons-

tranger pela mediocridade, plágio e falta de qualidade.

É muito curioso e estúpido achar que sem presente há

futuro. Não é a beleza arquitetônica, nem mesmo a solução

funcional perfeita, que tornam uma obra um valor a preservar,

mas, sim, sua representatividade de uma época.

Modernizar uma construção, seu funcionamento e adaptar

às novas necessidades é pratica corrente em todos os lugares

do mundo, sem que isso signifique a descaracterização de sua

identidade e valor.

As inúmeras estações de trens em Nova Iorque e em toda

a Europa são exemplos, dentre outros inúmeros exemplos, de

intervenções feitas sem que se perca o valor dos prédios que

abrigam. Aqui bastaria citar o Unhão de Lina Bo Bardi.

As intervenções na Estação da Lapa, pior que o fato em si,

são apenas mais um exemplo sintomático de nossa prática

atual. Aqueles prédios paulistizados, a arquitetura periguete

vigente (periguete porque novinha dá para enganar, mas com a

idade vai virar um tribufu), a boquinha da garrafa ou o chiclete

com banana vão desmoralizar frente aos meus netos meu

direito ao discurso de idoso de que “no meu tempo era melhor”.

Parece que atualmente na Bahia, nos extremos das classes

sociais, somente shopping e barraca de cerveja são empreendi-

mentos com capacidade de sucesso. Triste Bahia.

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96 R E V I STA [ B + ] f E V E R E I R O / M A R ç O D E 2 0 1 5

Como parte das comemorações do centenário de nascimento

de Irmã Dulce, as Obras Sociais que levam o nome da freira

lançaram um game de aventura. No aplicativo, o usuário

assume a missão de ajudar Irmã Dulce a resgatar desabriga-

dos das ruas. “Irmã Dulce Abrindo Portas” foi desenvolvido

pelas empresas baianas Team Zeroth e Virtualize Soluções

Criativas e levou três meses para ser concluído. Segundo Tia-

go Pessoa, diretor da Virtualize, existe uma ideia de expansão

do jogo. “Estamos estudando como exportar o game para

plataformas móveis e assim atingir um público maior”, conta.

Para jogar, basta acessar a fanpage das Obras Sociais Irmã

Dulce no Facebook.

cinaMaticO aplicativo permite a criação de vídeos curtos. Depois de editado, o app permite que o usuário compartilhe ou salve o vídeo

5 apps graTuiTos Para TurBinar seu insTagram

pic JointerAplicativo para montagens de fotos que oferece diversas molduras. Você ainda pode controlar a espessura das bordas

lapse itCrie vídeos e diminua ou aumente suas velocidades para criar efeitos, e qualquer um achará que você é profissional

repixAlém de recursos comuns de edição, o aplicativo oferece uma série de pincéis com efeitos. Para dar aquele colorido em seu Insta

picsartEfeitos, efeitos e mais efeitos! O aplicativo é ideal para quem quer dar um up nas fotos. Ainda há opção de desenhos à mão livre

irmã dulCe vira jogo de videogame

Pesquisa feita pela Kantar Worldpanel mostra que 45% dos compradores brasileiros optam por tablets que custam menos que R$ 600. De janeiro a julho do ano passado, houve um crescimento de 41% desse tipo de consumo no país.Outro levantamento, desta vez feito pelo Ibope, mostra que 75% dos brasileiros preferem adquirir aplicativos gratuitos.

um olho na teCnologia e outro no Bolso

notasdetec

arTe & enTreTenimenTo

É dia de feira! 98

Obra: menina do Brasil | Galeria Rogério fernandes

98 R E V I STA [ B + ] f E V E R E I R O / M A R ç O D E 2 0 1 5

Feira gastronômica estimula economia criativa de rua, gerando exposição de marca e aproximação com o públicopor FLORA RODRIGUEZ fotos IGOR CORREIA

Barraquinhas Para TODO CaNTO

ARTE & ENTRETENIMENTO | cultura

W W W. R E V I STA B M A I S . C O M . B R 99

Cá entre nós, o baiano já está acostumado ao mercado de comida de rua. O

tabuleiro da baiana de acarajé e as barraquinhas de beiju estão aí há anos e são

marcas da capital baiana. No entanto, um novo modelo de negócio com pegada

gourmet, mas acessível, começa a dar os primeiros passos em Salvador.

Gastronomia sofisticada a preços populares é o lema da maior feira de culi-

nária realizada atualmente na capital. A Feira da Cidade, realizada durante os

fins de semana, tira os chefs das cozinhas de restaurantes luxuosos e os coloca

embaixo de barraquinhas, assim mesmo, de cara com quem consome.

“Convidamos os chefs a irem para as ruas, a pensarem na gastronomia como

arte. Ser transformador em Salvador é muito mais do que cozinhar uma comida

além do dendê, é ousar e entender de cultura de rua”, conta Carla Maciel, jorna-

lista, produtora cultural e idealizadora do evento junto a agência Agosto.

Com pelo menos 43 barracas que vão do gastrô ao artesanato, música,

brechós, vendas de vinis e mais, A Feira da Cidade conta com moeda própria e

oferta produtos – entre comida e artesanato – por até R$ 50.

No projeto em que a grande maioria dos expositores são jovens talentos, es-

tão nomes como Eduardo Bertollucci, Tiago Falcão, Mateus Valverde, Duda Lima,

Mércia Barreto, Isadora Alves e outros que se revezam durantes as edições.

“Ir para as ruas e sentir esse feedback e no outro dia chegar com novas op-

ções é ser transformador. E muitas vezes isso vem daqueles clientes de restau-

rantes refinados, só que nas ruas”, conta Carla.

CresCimentoA especialista em gastronomia Andrea Torres,

proprietária do Maria Margarida Atelier, co-

menta que a iniciativa faz parte de um notável

crescimento da gastronomia baiana, que na

última década vem se destacando nacionalmen-

te. “É uma maneira de garantir produtos nossos,

da terra, manipulados com técnica e qualidade

além de preços acessíveis”, comenta.

Para quem ainda se arrastava no ritmo

das produções, hoje é preciso virar noites

para dar conta de um dia inteiro de feira.

A chef Duda Lima ampliou seu quadro de

funcionários para conseguir participar da

feira. “Eu só fazia encomendas e participava

de pequenos eventos e hoje eu tenho uma

equipe ótima. É fantástico e financeiramente

rentável, viro noite com o maior prazer do

mundo”, brinca a confeiteira.

O culinarista Mateus Valverde abriu mão

da chefia do Le Cordon Bleu, na Austrália,

“Vejo a feira como uma revolução gastronômica, afinal, estar cara a cara com o público é a melhor maneira de divulgar o que existe dentro da cozinha”Mateus Valverde, chef

“Vivemos em uma cidade mal aproveitada com relação a essas oportunidades externas, essa é a chance que temos para sair de shoppings e não nos limitarmos apenas às praias”Duda Lima, chef

100 R E V I STA [ B + ] f E V E R E I R O / M A R ç O D E 2 0 1 5

arte & entreteniMento | cultura

Feira da Cidade oferece gastronomia de qualidade a preços populares. Os chefs são tirados da cozinha e ficam frente a frente com o consumidor

“Convidamos os chefs a irem para as ruas, a pensarem na gastronomia como arte. Ser transformador em Salvador é muito mais do que cozinhar uma comida além do dendê, é ousar e entender de cultura de rua”Carla Maciel, idealizadora da feira da Cidade

W W W. R E V I STA B M A I S . C O M . B R 101

“Sair das redes sociais e ir para as ruas, onde todos podem ver o meu trabalho, só me ajudou a crescer como marca e em saldo exponencial”Isadora Alves, artesã

para viver dos lucros da Feira da Cidade. O convite para participar do projeto o

inspirou para que criasse novos pratos. “Vejo a Feira como uma revolução gas-

tronômica, afinal, estar cara a cara com o público é a melhor maneira de divul-

gar o que existe dentro da cozinha”, exalta o chef. “Gastronomia não é só servir

pratos complicados e com nomes bonitinhos, é consciência social também. Por

isso busco estimular pequenos produtores, como os de Maragojipe, que é de

onde vem a minha carne de fumeiro, por exemplo”, completa.

A economia criativa do projeto questiona exposição de marca e atitude ino-

vadora. O evento patrocinado pela Prefeitura de Salvador busca parceiros que

compreendam a cultura local como prioridade, pensando desde a confecção da

identidade visual até o desenvolvimento, turismo, educação e respeito com a

locação dos espaços.

“Não adianta fazer apenas um prato bonito e gostoso, existe também aquela

marca e o que ela faz pelo mundo. Também não queremos impor ou agredir os

moradores da região, buscamos empreendedores que pensem além do negócio”,

afirma Carla Marciel.

o projeto fora da Caixa“A intenção é ocupar os espaços”, diz Carla. O formato itinerante, fora da

caixa, leva o evento para praças de diferentes bairros a cada semana, como

a Barra, Imbuí, Pituba, Rio Vermelho, Itaigara e Ribeira, além da Feira de São

Joaquim, onde atraiu cerca de 10 mil visitantes. Foi com um evento na Feira

de São Joaquim, inclusive, que foram iniciadas as comemorações do Réveillon

2014 de Salvador.

“Eu ouvi dizer que algumas pessoas que moram na capital nunca haviam

ido ao Parque da Cidade. É surpreendente como A Feira tem mudado isso!”,

conta Duda Lima. A culinarista Andrea Torres reforça: “Vivemos em uma

cidade mal aproveitada com relação a essas oportunidades externas, essa é

a chance que temos para sair de shoppings e não nos limitarmos apenas às

praias”, afirma.

Com a extinção da feira do Mauá, que acontecia há tantos anos em pontos

turísticos, novos e antigos artesãos de toda a região apostam no novo movi-

mento como meio de sustentabilidade através da arte. Segundo a produção,

expositores aumentaram em até 60% o seu

faturamento. “Sair das redes sociais e ir para

as ruas, onde todos podem ver o meu traba-

lho, só me ajudou a crescer como marca e em

saldo exponencial”, diz Isadora Alves, dona da

marca Com Amor, Dora.

Isadora aponta ainda que a economia

da cidade gira após o evento, quando os

feirantes correm para comprar mais material

para a próxima edição. “Logo na segunda-

feira, visito o comércio da Avenida Sete de

Setembro atrás de tecidos e novas estampas.

Nós (feirantes) estamos o tempo inteiro

pensando em renovação, tanto para a marca

quanto para o próprio evento em si”, explica

a manufatureira.

Para participar da feira da Cidade basta enviar fotos dos seus trabalhos, com currículo e texto descritivo, para o [email protected] informações ligar para (71) 3481-8105

102 R E V I STA [ B + ] f E V E R E I R O / M A R ç O D E 2 0 1 5

informe publicitário

Se o seu sonho sempre foi fugir com o circo, durante o Carnaval deste ano essa fantasia será possível. A folia momesca vai abrir passagem para o picadeiro no Camarote Schin 2015, que terá temática circense durante os seis dias de Carnaval. Com localização privilegiada (bem no começo do circuito Barra – Ondina), o Camarote Schin receberá personalidades, estrelas e ainda oferecerá aos convidados shows de um time de peso da música brasileira, com todo o conforto e serviços peculiares ao camarote escolhido como o segundo melhor de 2014.

De acordo com Douglas Costa, vice-presi-dente de marketing da Brasil Kirin, a Bahia é um ponto estratégico para a empresa e o Carnaval é o momento mais apropriado para que a marca esteja presente. “A Schin está presente no Carnaval de Salvador desde 2001 e é muito bom poder participar ativamente desta festa”, diz.

respeitável público,o Camarote schin chegouA BRASIL KIRIN, UMA DAS PATROCINADORAS DO CARNAVAL DE SALVADOR 2015, COM UMA COTA DE CERCA DE R$ 10 MILHõES, ALÉM DE CAMAROTE PRóPRIO VAI PATROCINAR OUTROS TRêS E MAIS 18 BLOCOS

Além do Camarote Schin, a Brasil Kirin é uma das patrocinadoras do Carnaval de Salvador 2015. Com cota de investimento que gira em torno dos R$ 10 milhões, a Brasil Kirin ainda irá patrocinar 18 blocos (entre eles, Coruja, Meu e Seu e Cheiro) e mais três camarotes (Camarote Salvador, Cerveja e Cia e Oceania).

Em 2015, o Camarote Schin mantém o compromisso de se destacar entre as varandas da festa. Além da vista privilegiada, o espaço contará com dois espaços VIP, elevador, serviço de transporte de ida e volta, além de cardápio elaborado pela chef Patrícia Borges, SPA e cuidados especiais com o visual dos convidados.

O picadeiro da Schin ganhou lona de circo, espaço para fotografias no estilo “atirador de facas”, mágicos e até cartomante. Um telão garantirá que o folião não perca nenhum momento da festa, mesmo que esteja conferindo um dos mais de 15 shows que serão realizados durante os dias de Camarote.

lineupSete atrações juntam-se ao músico Leandro Sapucahy em shows durante os dias de folia. Paula Passarelli, gerente de marketing da Brasil Kirin, diz que ao selecionar as atrações deste ano a busca foi por diversidade rítmica. “O palco do Camarote Schin será uma boa pedida para quem gosta de diversidade. Teremos Ivete Sangalo, Michel Teló, falcão, vocalista da banda O Rappa, Carlinhos Brown,

Da esquerda para a direita: roberval Dórea (gerente de eventos norte e nordeste da brasil Kirin), acM neto (prefeito de salvador), Douglas costa (vice-presidente de marketing), aurélio leiro (diretor regional de vendas) e isaac edington (presidente da salvador turismo)

carlinhos brown, Érico brás e tonho Matéria durante lançamento do camarote schin 2015

W W W. R E V I STA B M A I S . C O M . B R 103

coletiva de lançamento do camarote schin 2015 reuniu grandes nomes da axé Music. estrelas, como ivete sangalo (ao lado), se apresentarão no camarote durante os dias de folia

felipe Pezzoni, da Banda Eva, Samuel Rosa, do Skank, e Thiaguinho. É atração para ninguém botar defeito”, diz. Além dos cantores, a festa vai rolar até as 5 da manhã, com shows de DJs.

Leandro Sapucahy, mestre de cerimônias do Camarote pelo segundo ano, contou que a parceria com a Schin deu certo e não vê a hora de repetir. “O circo tem muito a ver com improvisação e o nosso show no Camarote é muito aberto, vários cantores sobem para dar uma canja e essa mistura é muito boa”, comentou.

muito obrigado, axéNo ano em que a Axé Music completa 30 anos, o Camarote Schin preparou uma homenagem não só para esse movimento cultural baiano, mas para os foliões pipoca: um palco onde cantarão estrelas que ajudaram a construir a música baiana. Todos os dias, das 20h às 23h, um cantor subirá na Varanda do Axé para entoar hinos que todo o Brasil conhece. Estão programados shows de Márcia freire, Tonho Matéria, Buck Jones, Márcia Short, Robson Moraes e Gerônimo.

“A Varanda do Axé é uma chancela de que esse movimento musical deu certo”, comenta Carlinhos Brown. “Desde 2001, a presença da Brasil Kirin nos dá o aval de que o nosso trabalho está dando certo e somos muito agradecidos por isso. Esse agradeci-mento será em forma de música”, completa.

ALÉM DO CARNAVALA Schin não deixa a folia acabar com outras ações durante o verão • Patrocínio do Réveillon de Salvador• Apoio ao vendedor ambulante• Lata especial para a época• Patrocínio de ensaios de Verão – A Melhor Segun-da-feira do Mundo, Pérolas Mistas, Saulo, Sarau Du Brown, Ensaios do Bloco Pirraça

104 R E V I STA [ B + ] f E V E R E I R O / M A R ç O D E 2 0 1 5

SãO LázarO: TraDIçãO E FÉ

Meus olhos piscaram pelo

menos umas quatro vezes

até que eu acreditei que

de fato estava vendo um

padre, vestido com batina,

abaixar sua cabeça e permitir em uma postura

de reverência, e até gostar, que a mãe de santo

com todo ritual da Bahia, desse nele um banho

de pipoca para limpar seu corpo e sua alma.

Trajada como baiana, num branco impecá-

vel, com todos os balangandãs, a mãe de santo

tinha em uma das mãos as pipocas e, na outra,

um ramo de folhas verdes, que batia no corpo

do padre como quem pedia a Deus, numa

espécie de oração murmurada, que livrasse e o

protegesse de todos os males.

Ela benzia o padre pedindo para Omolu e o

padre rezava para São Lázaro!

Pela expressão no rosto do padre, porque o

corpo fala, li que ele pedia para que São Lázaro

compreendesse o ato, que era coisa da Bahia,

onde as tradições quebram todas as regras.

Com espírito aguçado de uma repórter, fui

chegando cada vez mais perto com o microfo-

ne em punho. Me aproximei preparada para

levar um fora, convicta de que pelo menos o

padre pediria para que a câmera fosse desliga-

da. Isso não aconteceu! Continuei gravando e,

para a minha surpresa, tanto o padre quanto

a mãe de santo apenas lançaram sobre mim

um olhar displicente e definitivo. Entendi

em fração de segundos que por nada neste

mundo o encanto daquele momento poderia

ser quebrado!

Quem é doido de invadir a privacidade de

uma mãe de santo dando banho de pipoca em

um padre em frente de uma igreja na Bahia?

Na Bahia, um banho de pipoca na segunda-

feira tem o poder de curar as chagas, de livrar

o homem das doenças, e as rezadeiras usam

as folhas consideradas sagradas para complementar o trabalho de descarrego

contra todos os males. A mistura de pipoca e de folhas funciona quase como

um exorcismo implacável!

O padre, imóvel, olhava para o céu, e a mãe de santo, de olhos fechados,

cumpria o trabalho na maior concentração e fé!

Busquei o melhor ângulo para registrar naquele recanto da Federação o

mais fiel retrato do Brasil: o padre branco, quase um português, tomando banho

de pipoca, rezando para São Lázaro; a mãe de santo negra, vestida de África,

praticamente incorporada com Omolu e a maniçoba do índio fervendo na pane-

la ali pertinho para a festança preparada para depois dos preceitos e rituais.

Na Bahia, fé e festa são inseparáveis! Sagrado e profano absolutamente

incorporados ao cotidiano de uma gente que não se explica, mas que se sente.

Uma gente que reza, que acende a vela para o santo, mas que veste a cor do

dia do orixá. Uma gente que se ajoelha na igreja e que bate a cabeça no chão

no terreiro.

Uma gente que acredita que todos os caminhos levam a Deus. Naquele dia

eu aprendi a respeitar o silêncio e senti a oração para São Lázaro e para Omolu

no banho de pipoca no padre. Naquele dia eu entendi a Bahia e me apaixonei

definitivamente por ela!

conteaí

HELOISA BRAGA

Jornalista e radialista especializada em turismo

OBRA: A Menina do Haiti / Rogério fernandes

W W W. R E V I STA B M A I S . C O M . B R 105

106 R E V I STA [ B + ] f E V E R E I R O / M A R ç O D E 2 0 1 5

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páginas amarelas

GERENTE DE PRODUçãO INDUSTRIALLocal de trabalho: Juazeiro (BA) • Atuar com condução de projeto e start up de planta de hidrogenação, interesterificação, margarina e gordura vegetal da indústria. Gerenciar controle de produção de gorduras, trabalhar com responsabilidade nas áreas de segurança, custos e projetos, buscando otimizar a eficiência do processo, mantendo o pessoal motivado para o cumprimento de suas tarefas. Estabelecer cronogramas de produção, manutenção, fornecer suporte às áreas administrativas no trato de assuntos de recursos humanos, controle e informática. Participar da tomada de decisões em conjunto com as demais áreas, como manutenção, logística / PCP, comercial e qualidade. Participar do desenvolvimento de novos produtos, elaborar e implementar orçamento da fábrica, fazer controle e redução dos custos em conjunto com o diretor industrial. Experiência com gestão de equipe de manufatura em produção de gorduras e margarinas.Formação: Ensino Superior completo em Engenharia de Produção.Domínio do pacote Office. Desejável conhecimento em ERP TOTVS - ProtheusBenefícios: Assistência médica / medicina em grupo, celular fornecido pela empresa, combustível, estacionamento, participação nos lucros, tíquete-alimentação, tíquete-refeiçãoregime de contratação: CLT (Efetivo)Horário: Comercial.informações adicionais: Ter disponibilidade para viagens e horas extras.Salário: A CombinarFonte: www.catho.com.br

GERENTE ADMINISTRATIVO FINANCEIROFormação: Ensino superior completo em direito, ciências contábeis, economia, engenharia ou administração. pós-graduação na área contábil ou financeira.Necessária sólida experiência em cargos correlatos. Local de trabalho: Salvador (BA)idioma: Inglês intermediário, pacote Office avançado.experiência/Conhecimentos: Área contábil; processos de tesouraria; planejamento e controle orçamentário; controle financeiro de projetos; administração de fluxo de caixa.interessados devem enviar currículo com gerente administrativo financeiro no campo assunto e pretensão salarial no corpo do e-mail para [email protected]

DIRETOR GERALLocal: Santo António de Jesus - BARepresentar a faculdade em substituição ao diretor geral na sua ausência ou impedimento. Colaborar diretamente para materialização das diretrizes e ações previstas pela direção geral. Responder pela gestão acadêmica institucional. Elaborar anualmente relatório final das atividades desenvolvidas no âmbito acadêmico e encaminhar para a direção geral. Representar a instituição em eventos internos / externos perante as autoridades e instituições de ensino Selecionar projetos e atividades de extensão de maior visibilidade para a faculdade. Encaminhar quando pertinente às decisões dos colegiados de cursos para a direção a fim de encaminhá-la ao CONSEP.• Experiência como vice diretor.• Ensino Superior. Desejável Pós-graduação Stricto Sensu.

Salário: R$ 8.000,00Fonte: www.catho.com.br

ANALISTA DE DEPARTAMENTO PESSOALAuxiliar nos processos do Departamento pessoal, como: admissões, demissões, folha de pagamento, férias, afastamento, abonos, rescisões, nas questões previdenciárias INSS, encargos sociais, FGTS e IR, lançamentos para pagamento em banco,fazer a inclusão e exclusão dos funcionários em assistências médica e odontológica, atuar com conectividade social, informação CAGED, RAIS e DIRF, efetuar cálculo de rescisão GRRF, controle de férias, controle de ponto, contribuições sindicais e taxas assistenciais, além de orientar e executar tarefas referentes a toda rotina de pessoal.

Benefícios: Assistência médica, assistência odontológica, combustível, estacionamento, vale-transporte.Local: Salvador (BA)Perfil: ProfissionalFonte: www.catho.com.br

ExECUTIVO DE VENDASIrá atuar com prospecção e novos clientes, planejamento e agendamento de visitas, acompanhamento de negociações e todas as funções pertinentes ao cargo.Experiência na área.Formação: Ensino Superior completo em áreas relacionadas.idiomas: Inglês - Avançado Conhecimento em logística de transporte internacional e conhecimento técnico em equipamentos transportadores.Fonte: www.catho.com.br

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