revista 04 - sbot-es - jan/fev/mar 2009

16
Entrevista Hélio Barroso De médico para médico: perito judicial fala sobre a importância de conhecer a legislação. 4 Matéria especial Acidentes em Mergulhos O que põe em risco os momentos de lazer na água? 10 Carta do Presidente Artigo Social Dicas SBOT-ES Raio X Vida Leve SOCIEDADE BRASILEIRA DE ORTOPEDIA E TRAUMATOLOGIA REGIONAL ESPÍRITO SANTO Informativo 04 2009 jan / fev / mar 2 3 8 12 13 14

Upload: sbotes-sociedade-de-ortopedia

Post on 17-Mar-2016

225 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

Edição número 04 da revista da SBOT-ES

TRANSCRIPT

Page 1: Revista 04 - SBOT-ES - jan/fev/mar 2009

Entrevista

Hélio BarrosoDe médico para médico: perito judicial fala sobre a importância de conhecer a legislação.

4 Matéria especial Acidentes em Mergulhos

O que põe em risco os momentos de lazer na água?

10

Carta do Presidente

Artigo

Social

Dicas SBOT-ES

Raio X

Vida Leve

SOCIEDADE BRASILEIRA DE ORTOPEDIA E TRAUMATOLOGIA REGIONAL ESPÍRITO SANTO

Informativo

04 2009

jan / fev / mar

2

3

8

12

13

14

Page 2: Revista 04 - SBOT-ES - jan/fev/mar 2009

ssumir a presidência de uma

instituição como a Sociedade

Brasileira de Ortopedia e Trau-

matologia, Regional Espírito Santo (SBOT-

ES) mais do que uma honra, é um desafio.

É a oportunidade de atuar em prol de uma

classe de profissionais, de promover ações,

de estabelecer metas e de cuidar para que

elas sejam cumpridas. É com esta certeza

que iniciamos 2009.

Neste ano, além de manter os incen-

tivos às produções científicas, foco da

gestão anterior, uma das prioridades da

Sociedade será a de promover a defesa

da classe profissional, buscando principal-

mente uma remuneração mais justa.

Um projeto ousado será a tentativa

de trazer um curso de perícia médica para

formar ortopedistas peritos, estimulando

assim a atuação de profissionais nessa

área. Além disso, o apoio às residências

médicas do Espírito Santo e às Ligas de

Trauma, da Ufes e da Emescam, também

está em nossos planos. Do mesmo modo,

Carta do Presidente

João Carlos de Medeiros TeixeiraPresidente da SBOT-ES

DiretoriaPresidente: Dr. João Carlos de Medeiros TeixeiraPrimeiro Vice-Presidente: Dr. Alceuleir Cardoso de SouzaSegundo Vice-Presidente: Dr. Adelmo Rezende F. da CostaPrimeiro Secretário: Dr. Thanguy Gomes FriçoSegundo Secretário: Dr. Adelmo Rezende Ferreira da CostaPrimeiro Tesoureiro: Dr. Antônio Tamanini Segundo Tesoureiro: Dr. Paulo Henrique Paladini

Conselho Fiscal Dr. Carlos Henrique O. de Carvalho Dr. Mássimo Nelson C. E Gurgel Dr. Flávio Vieira Somoes Dr. Ruy Rocha GusmanDr. Fábio Vassimon JorgeDr. Bianor Guasti Júnior

DelegadosDr. Geraldo Lopes da SilveiraDr. Jorge Luiz KrigerDr. Roberta R. Silveira

Comissão ExecutivaDr. João Carlos de Medeiros Teixeira

Dr. Anderson De NadaiDr. Alceuleir Cardoso de SouzaDr. Adelmo Rezende F. da CostaDr. Marcelo Nogueira da Silva

Comissão de Ensino e TreinamentoDr. Marcelo Nogueira da SilvaDr. Nelson EliasDr. Roberta R. SilveiraDr. Alceuleir Cardoso de SouzaDr. Marcelo Rezende da SilvaDr. Adriano de SouzaDr. Edmar S. da Silva JuniorDr. Jair Simmer FilhoDr. Eduardo Hosken Pombo

Comissão de Ética, Defesa Profissional e Honorários MédicosDr. Hélio Barroso dos ReisDr. Emídio Perim JúniorDr. Fernanda Silveira SilvaDr. José Eduardo Grandi Ribeiro Filho Dr. Sebastião A. M. de Macedo

Comissão de Estatuto e RegimentoDr. Anderson De NadaiDr. João Carlos de M. TeixeiraDr. Alceuleir Cardoso de Souza

Dr. Adelmo Rezende F. da Costa

Comissão de Campanhas Públicas e Ações SociaisDr. José Fernando Duarte

Dr. José Carlos Xavier do Vale

Dr. José Lorenzo Solino

Dr. Rounilo Furlani Costa

Dr. Francisley Gomes Barradas

Comissão de PresidentesDr. Pedro Nelson Pretti

Dr. Roberto Casotti Lora

Dr. José Fernando Duarte

Dr. Eduardo Antônio B. Uvo

Dr. Geraldo Lopes da Silveira

Dr. Hélio Barroso dos Reis

Dr. Jorge Luiz Kriger

Dr. José Lorenzo Solino

Dr. Akel Nicolau Akel Júnior

Dr. Clark M. Yazaki

Dr. Anderson De Nadai

Comissão de Publicação, Divulgação e MarketingDr. Anderson De Nadai

Dr. Adelmo Rezende F. da Costa

Dr. José Lorenzo Solino

Dr. Edmar Simões da Silva Júnior

Rua Abiail do Amaral Carneiro, 191, Ed. Arábica, Sala 607

Enseada do Suá. Vitória-ES. CEP 29055-220 | Telefone: 3325-3183

www.sbotes.org.br | [email protected]

Gestão 2009

Jornalista reponsávelWallace Capucho

MTB 1934/ES

RedaçãoEditor Wallace Capucho Repórteres Luiz Alberto RasseliMarcos Alves Diretor de Arte Felipe Gama Diagramação Victor MignoneArte Higor FerraçoVictor MignoneAllana Revisão Marcos AlvesProdução GráficaChico Ribeiro

[email protected]

ColaboradoresTexto Dr. Anderson De Nadai

Uma publicação

Balaio Comunicação e Designwww.balaiodesign.com.br

PublicidadeSBOT-ES

(27) 3325-3183

Impressão e acabamento

Gráfica e Editora GSA. Esta revista

foi impressa em papel couchê

fosco 115g/m²

Tiragem 7000 exemplares

Periodicidade Trimestral

Distribuição CP Distribuição e

Logística

As matérias e anúncios publicitári-os, bem como todo o seu conteúdo de texto e imagens, são aqui pub-licadas sob direito de liberdade de expressão, sendo total e exclusiva responsabilidade de seus autores/anunciantes. É expressamente proibida a reprodução integral ou parcial desta publicação ou de qualquer um de seus componen-tes (texto, imagens, etc.), sem a prévia e expressa autorização da SBOT-ES.

A pretendemos trabalhar em conjunto com

a nacional, sobretudo em campanhas,

como a que apoiamos recentemente sobre

prevenção de acidentes.

Para estimular as produções científicas

de nossos profissionais, redobraremos os

esforços para viabilizar uma sala dentro

de nossa própria sede e criar um espaço

exclusivo para pesquisas, com o devido

suporte necessário. A preocupação com a

realização de estudos na área ortopédica

também justifica as jornadas, os congres-

sos e os workshops previstos para 2009.

Em todos eles, continuaremos a convidar

profissionais capixabas para participar dos

eventos a fim de incentivá-los a produzir.

São horizontes que pretendemos alcan-

çar com muito empenho e dedicação. E os

beneficiários de todo esse processo não

são apenas aqueles que compõem esta

sociedade. Trata-se de uma conquista da

ortopedia estadual como um todo, que se

desenvolve e ganha ainda mais represen-

tatividade em nível nacional.

Nova gestão, novos desafios

Div

ulg

ação

Page 3: Revista 04 - SBOT-ES - jan/fev/mar 2009

Artigo

O que é? O manguito rotador é um grupo de músculos (subescapular, supra-espinhoso, infra-

espinhoso e redondo menor) que cobre a cabeça do úmero e tem especial importância

na estabilização, na força e na mobilidade do ombro. Ele pode sofrer lesões em grandes

traumas, porém o mais frequente é a lesão crônica com graus variáveis, que vai desde

um pequeno edema até a uma ruptura total de um ou mais músculos do manguito.

É sabido que existe relação entre a síndrome do impacto e a degeneração do manguito.

O impacto ocorre entre o manguito (geralmente no músculo supra-espinhoso), entre a

porção antero-inferior do acrômio, entre o ligamento córaco-acromial e entre a articu-

lação acromioclavicular.

O que se sente? A síndrome do impacto e a consequente lesão do manguito rotador ocorrem em fases

evolutivas:

Fase 1: edema e hemorragia

Fase 2: fibrose e tendinite

Fase 3: ruptura do tendão

Na fase 1, que é mais comum em jovens - mas passível de suceder em qualquer idade -,

surgem dores no ombro e na face lateral do braço relacionadas a movimentos repetidos

de elevação. A limitação de mobilidade e crepitação são possíveis consequências. Os

sintomas na fase 2 se assemelham. Contudo, esses estágios são reversíveis.

Com a progressão da lesão, pode ocorrer a ruptura do tendão, geralmente em pa-

cientes acima de 45 anos e com longo período de sintomas prévios. Na fase 3, além da

dor - que frequentemente é noturna - graus variáveis de perda de força, de elevação,

de abdução e de rotações, podem acontecer, é claro, dependendo do local e tamanho

da ruptura.

Como se faz o diagnóstico? Como em qualquer patologia, a anamnese e o detalhamento dos sintomas são funda-

mentais (localização da dor, frequência, intensidade, fatores desencadeantes).

O raio X simples, a ecografia e a ressonância magnética são úteis na confirmação do

diagnóstico, pois determinam a extensão da lesão.

Como tratar? Nas fases iniciais o tratamento é clínico. Analgésicos e anti-inflamatórios; evitar mo-

vimentos e atividades que provoquem dor; fisioterapia; reforço muscular e eventual

infiltração são as indicações.

Quando a terapia clínica não for eficaz e nos casos em que o tratamento cirúrgico é

mandatório (lesões traumáticas e pacientes jovens com lesão completa) a intervenção

cirúrgica se faz necessária. Neste caso, vários aspectos podem ser abordados. São eles:

acromioplastia, retirada de osteófitos acromioclaviculares, sutura do manguito, desbri-

damento da lesão e bursectomia, capsulotomia posterior, entre outros.

A cirurgia pode ser aberta ou artroscópica. Com o desenvolvimento das técnicas de

artroscopia nos últimos anos, cada vez mais a patologia do manguito rotador tem sido

tratada dessa forma.

Como prevenir? A melhor forma de prevenção é detectar e tratar a patologia no seu início, quando ele

ainda é reversível. Sabe-se hoje que a boa força muscular é fundamental para a função

normal do ombro. Também é indispensável tratar outras doenças, tais como instabili-

dades, retrações e desequilíbrios musculares que possam levar à lesão secundária do

manguito.

Lesões do Manguito RotadorAnderson De Nadai | Ortopedista, especialista em cirurgia do ombro e cotovelo

3Informativo SBOT-ES | 1º trimestre 2009

Page 4: Revista 04 - SBOT-ES - jan/fev/mar 2009

Entrevista

o dia 16 de maio de 2009, na ci-

dade de Vitória, a Comissão de

Ensino da Sociedade Brasileira

de Ortopedia e Traumatologia, Regional

Espírito Santo (SBOT-ES) propiciará aos

seus associados a oportunidade de partici-

par de um curso de Perícia Médica Judicial,

ministrado pela A. Couto Advogados As-

sociados. Segundo o ortopedista capixaba

Hélio Barroso, o curso é um dos mais impor-

tantes do País, pois traz informações que

devem ser não só do conhecimento daque-

les que buscam se especializar em perícia

médica, mas para médicos de qualquer

outra especialização. A explicação? Não

se faz mais medicina como se fazia num

passado recente. Naquela época, o exercí-

cio da profissão era cercado de uma aura

de divindade e os desígnios dos doutores

não eram discutidos, pois estes eram tidos

somente como intermediários da vontade

divina. Nos últimos anos, isso mudou e

os médicos têm sido, cada vez com mais

frequência, alvo de processos indeniza-

tórios, criminais e éticos. Nesta entrevista,

Hélio Barroso, perito médico judicial nas

áreas cível e trabalhista desde 1977 - que já

foi presidente da própria SBOT-ES e da As-

sociação Médica do Espírito Santo (Ames)

- e que também desempenha as funções

de diretor da Associação Médica Brasileira

(AMB) e membro do Conselho Regional de

Medicina do Espírito Santo (CRM-ES), en-

tre outras atribuições, fala um pouco so-

bre a atividade de perito médico e faz um

importante alerta: médicos que não têm

a mínima noção jurídica deveriam

começar a olhar esta questão

com mais interesse caso

queiram evitar possíveis

transtornos no futuro.

Processos indeni-zatórios, criminais e éticos contra médicos aumen-taram muito nos últimos tempos. As-sim, é necessário que eles tenham uma visão ampla de questões como responsabilidade civil, pe-nal e ética? É indispensável conhecer, mesmo que super-ficialmente, um pouco sobre perícia médica?

Sem dúvida. Eu sempre digo que

o médico deve reservar pelo menos

duas horas a cada semana para se

atualizar sobre esses assuntos.

O médico não é Deus, por-

tanto, está sujeito a erros.

Hoje, muitos de nós somos

submetidos a trabalhos

em ambientes minima-

mente apropriados. Falta

estrutura adequada na

maioria dos hospitais

públicos. Com o aumen-

to indiscriminado das

faculdades de medicina,

a qualificação de no-

vos profissionais ficou

a desejar e estes são

lançados num mun-

do completamente

diferente do que

era há 40 anos.

Hoje, somos

NHélio Barroso

4 Informativo SBOT-ES | 1º trimestre 2009

Page 5: Revista 04 - SBOT-ES - jan/fev/mar 2009

questionados até pelo Código de Defesa do

Consumidor (CDC). Por isso temos que con-

hecer um pouco sobre perícia médica, até

mesmo para nos defender, pois a qualquer

hora poderemos virar os réus.

Também é importante angariar ex-

periências nos Conselhos Regionais de Me-

dicina (CRMs) para aprender, por exemplo,

como funciona uma sindicância. Precisamos

saber lidar com todo o tipo de conflitos.

De certa forma, este aumento de ques-tionamentos nos CRMs, e na justiça, potencializa a profissão de perito.

As cobranças via judicial acerca de pro-

cedimentos médicos aumentaram 80% nos

últimos cinco anos. Portanto, a tendência

de valorização deste profissional é cres-

cente, assim como a exigência por profis-

sionais mais qualificados é cada

vez maior.

O que é necessário para ser perito e como se capacitar?

Todo médico é um perito por forma-

ção. Quando ele se forma, já é um técnico

em medicina. No Brasil, o médico pode ser

perito previdenciário ou judicial. Para am-

bos, é necessária a filiação em suas respec-

tivas entidades médicas e a entrega de um

currículo nas varas em que pretende atuar,

que podem ser cível, trabalhista, criminal e

até da família. Para o perito previdenciário

é necessário, além dos itens já citados, con-

hecimentos de legislação previdenciária.

De posse deste currículo, os Juízes no-

meiam aqueles que podem melhor auxiliá-

los dependendo da especialização que o

processo exigir. É aí que entra a capacita-

ção do médico, suas especializações através

de cursos. Um bom perito, e isso vale tam-

bém para todos os médicos, precisa ter

conhecimentos de medicina de trabalho e

economia da saúde; precisa entender como

funciona o sistema de saúde do país em

que ele vive para poder elaborar um bom

laudo e também se defender, quando for

preciso.

Em alguns países, como a França, não

basta ser formado em medicina. Lá, em-

bora o conhecimento geral dê ao médico

o aval técnico, ele não pode exercer esta

especialidade. Antes disso, é necessário

fazer dois anos de especialização, com

aulas de legislação previdenciária, de pro-

cesso civil e uma série de outras normas

que contribuem para a elaboração de um

laudo com todas as especificações técnicas

exigidas.

Assim como a França, não seria hora do Brasil caminhar nesta mesma direção?

Já estamos caminhando. O Projeto

Diretrizes AMB/CFM, lançado em outubro

de 2000 e ainda em desenvolvimento,

será o primeiro balizador das condutas

médicas. Ele veio para preencher este

vazio que estava sendo muito ques-

tionado pela justiça brasileira. Agora,

não bastará somente a experiência

do médico. A Medicina Baseada em

Evidência (MBE) direcionará essas con-

dutas, que serão publicadas nacional e

internacionalmente.

No último Congresso Nacional da

SBOT, em Porto Alegre, foi lançado 7º volume

do projeto. São 40 diretrizes exclusivas da

área ortopédica. Seis ortopedistas capixa-

bas participaram da elaboração dessas con-

dutas. Eu fui um deles e respondi por três

delas.

O 9º volume, também voltado para a

ortopedia, já está em andamento e conterá

mais 40 diretrizes. O mais importante é que

elas deverão ser constantemente revisadas,

pois as condutas médicas também passam

por modificações, uma vez que medicina

praticada no interior tem particularidades

diferentes da exercida nos grandes cen-

tros.

Além dessas diretrizes e dos conheci-mentos que você já citou, o que mais o médico precisa saber para elaborar uma boa perícia?

Precisa entender de Direito Médico e

conhecer bem o Código de Ética Médica,

pois nenhuma das condutas/diretrizes que

ele for executar estará isenta de respeito

ao Código. O capítulo 12 do Código fala so-

bre as responsabilidades do médico perito,

do médico auditor. Mas, volto a repetir, isso

serve para todos os médicos.

Qual a diferença entre perito e assis-tente técnico?

O assistente técnico é um perito médi-

co. Só que o assistente, mesmo respeitando

todas as normas, cumprindo o que reza o

Código de Ética Médica, trabalha para o

réu ou para o impetrante da ação. Fun-

ciona como se fosse um “promotor” ou

um “advogado de defesa”. Já o perito é de

confiança do juízo. É através do laudo dele

que o juiz irá balizar a sua decisão. Ou seja,

quem julga e decide é o juiz.

E qual é a perícia mais difícil?Trabalhei em mais de 300 perícias.

Quem conhece do assunto sabe que é um

número considerável. Em algumas atuei

como perito e em outras como assistente

técnico. As perícias mais difíceis são as que

envolvem crianças e incapazes. Emocional-

mente o médico precisa estar preparado

para o que vai enfrentar; para apresentar

de forma imparcial um laudo técnico de

muita responsabilidade que será um ponto

chave na decisão que o juiz irá tomar. Elas,

invariavelmente, correm sob segredo de

justiça.

5Informativo SBOT-ES | 1º trimestre 2009

Page 6: Revista 04 - SBOT-ES - jan/fev/mar 2009

Capa

6 Informativo SBOT-ES | 1º trimestre 2009

Page 7: Revista 04 - SBOT-ES - jan/fev/mar 2009

elativamente nova no mercado

e ainda desconhecida de alguns

profissionais da medicina, a

auditoria médica é um setor que tem sur-

preendido pela expansão nos últimos anos.

A demanda cresce em ritmo acelerado por

conta do desenvolvimento da medicina e

das novas tecnologias. Para os profissionais

que atuam nessa área, um eldorado de ga-

rantias de emprego e de boa remuneração

à frente.

Revisão, perícia, intervenção ou exame

de procedimentos realizados por organi-

zações prestadoras de serviços de saúde

(hospitais, clínicas, centros de saúde) ou de

contas provenientes desses procedimentos.

Assim é resumida a auditoria médica, que

pode ser realizada por auditores ligados

a uma organização ou fonte pagadora de

tais serviços, como: o sistema público de

saúde, as operadoras de planos de saúde

(seguradoras, cooperativas médicas, au-

togestões) ou o próprio paciente. De um

modo geral, os objetivos da auditoria

médica são promover a melhoria da quali-

dade do atendimento, divulgar e incentivar

a ética médica e garantir a qualidade da

assistência prestada e o respeito às normas

técnicas e administrativas, previamente es-

tabelecidas.

Demandas intensas, salários atraentes

- Quem trabalha hoje com auditoria re-

conhece que há certo desconhecimento por

parte da comunidade médica em relação

ao assunto, mas alerta que existem mu-

danças em trânsito e uma diversidade de

potencialidades no segmento. É o caso de

Ricardo Tadeu Magnago, médico-auditor

há mais de cinco anos, que destaca a pos-

sibilidade da auditoria deixar de ser apenas

uma área de atuação médica. “Até agora

isso não aconteceu, mas é bem provável

que, num futuro próximo, ela venha a ser

reconhecida como especialidade médica”,

explica.

Tadeu lembra que, pelo fato de ser exigido

apenas o diploma de médico para exercer

a auditoria, é difícil encontrar quem tenha

uma formação específica em auditoria e

perícia médica. Porém, o médico-auditor

acredita que, com o tempo, essa situação

vai mudar, assim como o efetivo de profis-

sionais dessa área. Segundo Tadeu, “tem

ocorrido uma procura muito grande por

esses profissionais no mercado e a remune-

ração é muito boa”. Assim, o quadro mais

provável é o aumento do número de audi-

tores atuando.

Atualmente, o CRM-ES não tem um

registro de profissionais que exercem a au-

ditoria médica no Estado, já que ela ainda

não é uma especialidade. No entanto, o

conselheiro do CRM-ES Carlos José Cardoso

estima que exista uma parcela significativa

desses profissionais em atividade no Estado

e também crê no aumento do número de

médicos-auditores para os próximos anos.

“Pelo contexto da crescente busca por

fiscalização, acredito que vai haver cada

vez mais demanda por esses profissionais

e, com isso, um despertar da comunidade

médica para o assunto”, prevê. Ainda se-

gundo o conselheiro, quanto mais rápido

for o avanço da medicina, mais cedo se

dará a efetivação dessas previsões.

Um pouco de história - De acordo com

os poucos estudos a respeito do tema, a

avaliação da assistência médica surgiu no

início do século XX, por conta da crise na

qualidade tanto do ensino de medicina

como das instituições de saúde nos Esta-

dos Unidos. Iniciou-se então o controle

exercido no treinamento médico e no

aparelhamento de hospitais. Os procedi-

mentos evoluíram e veio a criação de pro-

gramas visando à correta utilização dos

leitos hospitalares e aos critérios mínimos

de cuidados. Isso resultou na associação da

auditoria médica com a hospitalar.

No Brasil, a auditoria médica como

é conhecida hoje é relativamente nova.

Conforme o Departamento Nacional de

Auditoria do SUS (DENASUS) - órgão que

exerce atividades de auditoria e fiscaliza-

ção especializada no âmbito do Sistema

Único de Saúde -, antes de 1976 não havia

auditorias diretas em hospitais. As ativi-

dades eram realizadas pelos supervisores

por meio de apurações em prontuários de

pacientes e em contas hospitalares. Ainda

de acordo com o DENASUS, somente em

1983 foi reconhecido o cargo de médico-

auditor e a auditoria passou a ser feita nos

próprios hospitais.

Nos dias atuais, as atividades de audi-

toria encontram respaldo até mesmo na

Constituição Federal de 1988, que, em seu

artigo 197, traz o seguinte texto: “São de

relevância pública as ações e serviços de

saúde, cabendo ao Poder Público dispor,

nos termos da lei, sobre sua regulamenta-

ção, fiscalização e controle, devendo sua

execução ser feita diretamente ou através

de terceiros e, também, por pessoa física

ou jurídica de direito privado.”

Oficialmente regulamentada, a audi-

toria médica tem sido estimulada pelas

necessidades crescentes de controle das

contas dos serviços hospitalares, médicos e

complementares de diagnóstico e terapia

do SUS e dos diversos planos de saúde pri-

vados. Atualmente, os custos da medicina

tornaram-se muito altos, sendo compreen-

sível, o aumento do número de pessoas

atuando nessa área devido às necessidades

de controle desses custos.

É o que sintetiza Carlos José Cardoso,

conselheiro do Conselho Regional de Me-

dicina do Espírito Santo (CRM-ES), ao dizer

que “a privatização da medicina trouxe a

necessidade de uma maior fiscalização.”

Outro ponto importante, segundo Car-

doso, é a modernização da medicina e o

aumento dos seus custos, principalmente

em relação às novas tecnologias utilizadas.

“Num plano de saúde hoje, os gastos com

exames e procedimentos são bem maiores

do que aqueles referentes à remuneração

do médico. E são justamente os gastos com

exames e procedimentos que a auditoria

vai fiscalizar”, revela.

Atual legislação • A auditoria médica caracteriza-se como ato

médico, por exigir conhecimento técnico, ple-

no e integrado da profissão;

• O médico, desde que esteja regularizado no

Conselho Regional de Medicina da jurisdição

onde ocorreu a prestação do serviço auditado,

está habilitado a exercer qualquer atividade

de auditoria médica, dependendo de sua

capacitação, não necessitando, obrigatoria-

mente, ter título de especialista, respondendo

por seus atos, ética, civil e criminalmente.

• Residência Médica em Auditoria Médica e prova

de título para Auditoria Médica não estão pre-

vistas na Resolução nº 1.634/2002, vigente, que

dispõe sobre convênio de reconhecimento de

especialidades médicas firmado entre o Con-

selho Federal de Medicina (CFM), a Associação

Médica Brasileira (AMB) e a Comissão Nacional

de Residência Médica (CNRM).

R

Panorama mostra como anda o exercício de auditoria médica atualmente e o que é esperado para o setor nos próximos anos.

7Informativo SBOT-ES | 1º trimestre 2009

Page 8: Revista 04 - SBOT-ES - jan/fev/mar 2009

Social

POSSE DA NOVA PRESIDÊNCIA

2

1

3

2

1

3

Adelmo Rezende Ferreira da Costa, João Carlos de Medeiros Teixeira, Alceuleir Cardoso de Souza.

Anderson De Nadai, Hélio Barroso dos Reis, Adelmo Rezende Fer-reira da Costa, João Carlos de Medeiros Teixeira, Alceuleir Car-doso de Souza, Jorge Luiz Kriger.

João Carlos de Medeiros Teixeira.

Page 9: Revista 04 - SBOT-ES - jan/fev/mar 2009

POSSE DA NOVA PRESIDÊNCIA

No dia 30 de janeiro, tomou posse a nova diretoria que ficará à frente da So-

ciedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia, Regional Espírito Santo

(SBOT-ES) durante o ano de 2009. No evento realizado no auditório da Coo-

perativa dos Ortopedistas e Traumatologistas do Espírito Santo (COOTES),

Anderson De Nadai, então presidente da SBOT-ES, apresentou um balan-

ço das atividades realizadas durante sua gestão e, em seguida, fez a trans-

ferência do cargo para o ortopedista João Carlos de Medeiros Teixeira. A

cerimônia contou com a presença de associados, familiares e amigos.

5

6

Del Lopes Teixeira e João Carlos de Medeiros Teixeira.

Adelmo Rezende Ferreira da Costa, Anderson De Nadai, João Carlos de Medeiros Teixeira, Hélio Barroso dos Reis.

Anderson De Nadai apresentando o balanço da gestão 2008.

4

5

6

4

Page 10: Revista 04 - SBOT-ES - jan/fev/mar 2009

Especial

Fraturas na vértebra cervical, traumas na medula espinhal e traumatismo craniano são apenas algumas das consequências de um mergulho mal-sucedido.

10 Informativo SBOT-ES | 1º trimestre 2009

Page 11: Revista 04 - SBOT-ES - jan/fev/mar 2009

s belas praias, cachoeiras, lagoas

e rios do Espírito Santo são para

capixabas e turistas que visitam

o Estado - principalmente no verão - um

tentador convite à prática do mergulho.

Os momentos de descontração e lazer, no

entanto, podem não ter um final feliz para

alguns. Saltos mal calculados ou mergul-

hos mal-sucedidos podem render acidentes

que, quando não fatais, deixam graves

sequelas, como o traumatismo craniano e

os traumas na coluna cervical e na medula

espinhal.

Infelizmente, nem o Corpo de Bom-

beiros ou o Departamento Médico Legal

(DML) possuem estatísticas que tratem es-

pecificamente de lesões traumáticas provo-

cadas por acidentes de mergulho no Espíri-

to Santo. O DML só compila acidentes com

traumas que tiveram óbitos e os engloba

em duas categorias: “acidentes de carros”

e “outros”. Já o Corpo de Bombeiros regis-

tra apenas afogamentos, não especifican-

do se eles foram ocasionados por traumas.

A situação de registro dessas ocorrências

no resto do País não é diferente.

Uma das últimas apurações sobre o as-

sunto é um estudo da Faculdade de Saúde

Pública da Universidade de São Paulo

(USP), que fez o levantamento nacional

de internações hospitalares por tramas de

coluna, através de informações coletadas do

Sistema de Informações Hospitalares (SIH)

do Sistema Único de Saúde (SUS). Os da-

dos referentes ao período de 2000 a 2005

mostraram que, das lesões que provocaram

as internações, 20% foram causadas por

acidentes de mergulho em águas rasas.

As estatísticas no mundo também são

expressivas. Pesquisa realizada na PUCRS,

em 2005, revelou que o acidente por mer-

gulho é uma das principais causas de lesão

medular em vários países, representando

19,8% de todas as lesões medulares cer-

vicais na Polônia, 23,5% na Rússia; 4% na

Alemanha; 8,5% nos EUA; 7% na Romênia;

11,9% no Canadá e 14% na Austrália.

Especialistas recomendam atenção redo-

brada, principalmente em locais desconheci-

dos, ou seja, frequentados pela primeira

vez. Dependendo do modo como a pessoa

entra na água, corre o risco de bater com

a cabeça no fundo do local e sofrer conse-

quências graves. Nos mergulhos de cabeça

- o chamado pulo de ponta - em superfícies

rasas, caso seja atingido o leito do rio, praia

ou lagoa, o pescoço recebe todo o peso do

corpo, absorvendo o impacto e produzindo

uma brusca flexão. É aí que mora o perigo,

alerta o cirurgião de coluna, José Alexan-

dre Batista. “Esses acidentes podem ocasio-

nar fraturas ou deslocamento da vértebra

cervical, trauma da medula espinhal ou até

traumatismo craniano”, explica. Quando

isso acontece, o afogamento é certo, caso a

pessoa não seja socorrida a tempo.

Mais consequências - o neurocirurgião

Paulo Mello acrescenta outras consequên-

cias mais sérias: “Em algumas situações, o

quadro gerado pode ser o de tetraplegia

(perda dos movimentos de braços e per-

nas) e, dependendo da gravidade do aci-

dente, pode haver morte súbita por lesão

completa da medula.” Mello confirma que

no verão os casos são mais recorrentes e

revela o perfil mais comum dessas vítimas.

“Geralmente são jovens, do sexo masculino

e, muitas vezes, turistas que não têm con-

vivência com o mar e desconhecem o local

do mergulho”, conta. Outra incidência co-

mum, segundo o médico, são os casos de

pessoas alcoolizadas.

Em relação ao assunto, o conselho de

médicos, especialistas e do Corpo de

Bombeiros é unânime: antes de mer-

gulhar, é preciso conhecer bem o local,

certificar-se da exata profundidade da

piscina, lagoa, cachoeira, represa, entre

outros, e ter bom senso. Os cuidados

nunca são demais, afinal de contas, é

melhor se prevenir e garantir a diversão

dos próximos verões do que perder a

vida ou ter a sua saúde comprometida

seriamente.

Antes de mergulhar, tome nota:

Avaliação da área: os cuidados na

hora de entrar em rios, lagos e cachoei-

ras devem ser redobrados. O ideal é

verificar se existem bancos de areia ou

pedras que possam causar algum tipo de

trauma;

Profundidade: a regra é nunca confiar

no local, mesmo que a pessoa já o tenha

frequentado várias vezes. O nível da água

pode mudar, alterando assim a profundi-

dade;

Água: mergulhar numa piscina é difer-

ente de mergulhar num rio ou numa ca-

choeira, lugares que contam geralmente

com águas turvas;

Mergulhos de ponta: nesses casos, o

corpo afunda rapidamente. Os braços esti-

cados não impedem que a pessoa bata com

a cabeça. Além de traumas na coluna, po-

dem ocorrer fraturas nos braços também;

Saltos de pontes, árvores e barrancos: o

risco de acidente é ainda maior. Trata-se de

um princípio de Física básico: quanto maior

for a altura do salto, maior é a força com

que o corpo do mergulhador vai se chocar

contra algum obstáculo embaixo d’água;

Socorro de vítimas: o primeiro passo

a ser tomado é ajudar a pessoa a respi-

rar, tomando-se o cuidado de imobilizar o

pescoço da vítima. A imobilização é acon-

selhável para que se evite a rotação da

cabeça, o que pode agravar a lesão. Feito

isso, deve-se chamar socorro o quanto an-

tes para ajudar o acidentado;

Manifestação do trauma: às vezes, po-

dem ocorrer hematomas devido ao trauma

craniano ou alguma lesão na coluna cervi-

cal, mesmo sem lesão na medula. Isso pode

não ser percebido pela vítima no momento

do acidente, mas é fundamental que se

faça alguns exames para comprovar se

houve ou não algum dano.

A

11Informativo SBOT-ES | 1º trimestre 2009

Page 12: Revista 04 - SBOT-ES - jan/fev/mar 2009

Dicas SBOTES

Cinto de segurança: como e quando ele faz a diferença

o dia 19 de abril de 1994, um aci-

dente automobilístico encerrou

a carreira de um dos mais talen-

tosos jogadores que o Brasil já produziu.

Meia-atacante habilidoso, dono de arran-

cadas rápidas e objetivas, Dener Augusto

de Souza, ou simplesmente Dener, mor-

reu estrangulado pelo cinto de segurança

de seu Mitsubishi Eclipse quando este se

chocou contra uma árvore na Logoa Rodrigo

de Freitas, no Rio de Janeiro. Investigações

posteriores revelaram que Dener viajava

dormindo no banco de carona e que,ao in-

clinar demais a poltrona, anulou a eficiên-

cia do cinto de segurança. Mesmo assim,

muitos jovens passaram a recusar o uso do

dispositivo de segurança que só se tornou

obrigatório para trafegar em qualquer via

quatro anos depois.

Um ano após a morte de Dener, outro

jogador de futebol, Edmundo, envolveu-

se em um acidente automobilístico que

deixou um saldo de três óbitos. Edmundo

sofreu apenas escoriações, pois usava cor-

retamente o cinto de segurança e seu carro

tinha airbag. Estes dois pequenos relatos

demonstram como o uso correto de equi-

pamentos de segurança pode salvar vidas.

Estudos já demonstraram que o cinto de

segurança confere proteção superior ao

airbag - 65% contra apenas 8% - quando

usado isoladamente. Combinado, a mar-

gem de segurança sobe para 68%.

Passada uma década desde que o Con-

selho Nacional de Trânsito (Contran) esta-

beleceu novas regras para a condução de

passageiro, inclusive com aplicação de pe-

sadas multas e perdas de pontos na cartei-

ra, muitos motoristas e passageiros ainda

trafegam pelas ruas e estradas do País in-

fringindo a determinação. Dados da Rede

Sarah, uma rede de hospitais de reabilitação

presente em sete estados brasileiros mais o

Distrito Federal, apontam que 67,3% dos

pacientes vítimas de acidentes de trânsito

admitidos pela rede não usavam o disposi-

tivo na hora do acidente. Não é à toa que as

lesões causadas pelos acidentes de tráfego

continuam sendo as principais causas de

morte por traumatismo; a décima causa de

todas as mortes e a nona causa de morbi-

dade em todo o mundo.

Recentemente, a Câmara dos Deputa-

dos aprovou um projeto que torna o air-

bag obrigatório em todos os automóveis.

A decisão dos deputados foi apoiada

pela SBOT. A Federação Nacional da Dis-

tribuição de Veículos Automotores (Fen-

abrave) alega que a inclusão do equipa-

mento encarecerá o custo dos veículos,

mas para o secretário-geral da SBOT,

Flávio Faloppa, todo investimento em se-

gurança resulta em “economia de vidas a

longo prazo”. “Os ortopedistas, que estão

na linha de frente dos pronto-socorros e

hospitais, conhecem bem o custo pessoal

e familiar dos acidentes com veículos”,

disse o médico.

Prevenção: crianças e gestantes

Preocupado também com um alto

índice de traumatismos causados pelo

transporte inadequado de crianças, o Con-

tran, no final de 2008, editou uma nova

resolução que passará a valer a partir de

2010. A resolução torna obrigatório o uso

de cadeirinha para o transporte de crian-

ças de até sete anos e meio em carros de

passeio. Essa resolução atualiza uma regra

antiga que obrigava o uso de cinto de se-

gurança para crianças com até dez anos.

Segundo o órgão, a redução de idade

segue normas internacionais que medem

peso e altura das crianças para que elas

possam utilizar o cinto.

Mas para alguns técnicos, os motoris-

tas devem seguir mais as recomendações

de peso e de altura do que de idade. O

cinto de segurança normal no banco tra-

seiro é considerado adequado para pes-

soas acima de 36 Kg e mais de 1,45 m de

altura.

Outro tipo de passageiro que não faz o

uso adequado do equipamento por achar

que pode ser prejudicial são as gestantes.

Muitas delas ignoram a forma correta de

usá-lo colocando a si e a vida do feto em

risco. Desconforto, medo de prejudicar o

neném, são algumas das razões alegadas

para o não uso do cinto durante a gravi-

dez. Uma série experimental de colisões

com veículos avaliou o efeito da força

transmitida ao útero e concluiu que o

cinto de segurança de três pontos confere

proteção, tanto para a mãe quanto para o

feto, na ordem de 92% contra 50% quan-

do comparado ao sub abdominal. Os tes-

tes apontaram que o cinto de três pontas

pode eliminar um acréscimo de pressão no

útero gravídico na ordem de 550 mmhg

pela ação da cinta diagonal, que evita a

flexão do corpo materno sobre a pélvis.

N

12 Informativo SBOT-ES | 1º trimestre 2009

Page 13: Revista 04 - SBOT-ES - jan/fev/mar 2009

Raio X

13Informativo SBOT-ES | 1º trimestre 2009

Page 14: Revista 04 - SBOT-ES - jan/fev/mar 2009

Vida Leve

Seja no corre-corre da rotina médica ou nos cronometrados percursos do atletismo, Luiz Augusto Campinhos dá mostras de que é um especialista em superar limites.

vida corrida de um profissional

de medicina que atende em

três hospitais e ainda em uma

clínica particular, como é o caso de Luiz

Augusto Campinhos, já seria motivo sufi-

ciente para estimular apenas o descanso

nas horas vagas. Mas para Guto, como é

chamado pelos amigos, não. Mesmo após

um dia estafante de trabalho, o ortope-

dista encontra força e prazer para correr.

Trata-se de uma rotina séria de treina-

mento iniciada em 1995, mas que na ver-

dade é reflexo de um estilo disciplinado

de vida que começou aos quatro anos de

idade, primeiramente, com a natação.

Augusto é carioca de nascença, mas

por pura casualidade. No início da dé-

cada de 70, seu pai, Luiz Carlos Oliveira

Campinhos, fazia o curso de residência

médica no Rio de Janeiro quando Au-

gusto nasceu. O garoto nem teve tempo

de incorporar o estilo carioca de ser e aos

dois anos de idade mudou-se para o Es-

pírito Santo. A partir de então, passaria a

ser um capixaba de coração.

Desde pequeno o pai o incentivou a

praticar esportes. “Talvez por não poder

ser um esportista, devido às sequelas de

uma poliomelite”, conta Augusto. Mas

certamente por entender que o apren-

dizado esportivo serve como parte do

desenvolvimento psicomotor da criança

e também pela extrema importância em

A

14 Informativo SBOT-ES | 1º trimestre 2009

Page 15: Revista 04 - SBOT-ES - jan/fev/mar 2009

sua formação educacional. “Disciplina: esta

é a principal lição do esporte. Disciplina de

treinamento, de alimentação, de respeito

- pois ela nos mostra que existem pessoas

tão boas ou melhor que a gente no mundo

esportivo. O esporte propicia ensinamen-

tos que levamos conosco para o resto da

vida”, sentencia.

A disciplina que Augusto possui hoje

seguramente nasceu do esporte. E não foi

só com a natação. Depois das piscinas vi-

eram os campos de futebol, as quadras de

vôlei e de basquete, as pistas de atletismo

e também o caratê. Em nenhum momento

ele pensou em seguir a carreira esportiva;

sempre optou pelos estudos. Formou-se em

medicina e, por conta da vivência intensa

no esporte durante a infância e a juven-

tude, poderia tranquilamente ter se torna-

do um especialista ligado à área esportiva,

mas não o foi. Luiz Augusto Campinho es-

colheu a ortopedia.

Atualmente, aos 38 anos, casado e pai

de uma filha, Augusto - embora frise que

não é um corredor profissional - mantém

uma rotina de treinamento orientada por

uma estrutura semiprofissional. Ele é inte-

grante da equipe “Aprendendo a correr”,

um projeto particular de uma amiga que

utiliza os mesmos métodos científicos do

esporte de alto rendimento, mas que res-

peita o limite e as pretensões de cada um.

“Corro em média 45 km por semana. São

quatro treinos quer variam entre 3, 10,

14 e até 20 km dependendo da planilha

de treinamento. Eles acontecem sempre

à noite, mas já saí pra correr as 4 e 5h da

manhã”, conta.

Tamanha dedicação já rendeu a Au-

gusto o título de campeão estadual de

duatlon, modalidade em que o competi-

dor nada e corre. Mas um título ele vem

perseguindo e já “bateu duas vezes na

trave”: os 10 km Unimed, tradicional cor-

rida de rua com várias categorias, inclusive

a de cooperados. Ele lembra um fato cu-

rioso que aconteceu na última prova. “Eu,

o Mário Lúcio Gorza e o Luiz André Mello

- dois amigos ginecologistas -, corríamos

pela equipe da Cobra D’Água na catego-

ria cooperados. Era fato que o título ficaria

com um de nós três. Começamos a prova

e seguimos um marcando o outro. Faltan-

do 1,5 km para o final, o André acelerou,

enquanto o Mário Lúcio começou a cam-

balear e caiu. Parei para ajudar o Mário até

a chegada do atendimento e com isso perdi

um bom tempo. Cheguei em sétimo”, lem-

bra. O vencedor da prova foi outro médico:

o pediatra Adwalter De Angeli. Segundo

Augusto, De Angeli não estava inscrito

como cooperado, mas na hora reivindicou

o título e acabou levando.

A maioria das competições que Au-

gusto participa são aqui no Estado. Mas ele

já competiu em grandes provas nacionais,

como São Silvestre, Meia Maratona do Rio

e de São Paulo, a Volta da Pampulha, em

Belo Horizonte e tantas outras. “São pro-

vas com caráter apenas de participação. As-

sim como eu, existem muitos competidores

amadores. Nós sabemos os nossos limites. A

intenção de competir em lugares distantes

é motivada apenas pelo prazer de superar

um limite, de atingir seus objetivos em

relação à preparação que você fez”, diz o

ortopedista.

Para quem quer começar a correr, Au-

gusto dá algumas dicas. Antes de tudo é

preciso procurar um cardiologista e fazer

uma boa avaliação física para conhecer

os seus limites. Se já possuir um histórico,

estiver sentindo alguma dor nos membros

inferiores ou sobrepeso, procure um orto-

pedista. Ele chama atenção também para

os equipamentos, principalmente em rela-

ção ao tênis e às novas roupas de tecidos

inteligentes.

“Com a popularização de provas de 10

km nos últimos cinco anos, o objetivo de

todo mundo é terminar uma prova desta.

Depois que temos 40 ou 50 provas no cur-

rículo, queremos galgar novos desafios,

queremos ir mais além, finaliza Augusto.

Sobre os desafios que ainda buscará,

ele só tem uma certeza: a de que continu-

ará a correr por muito tempo.

15Informativo SBOT-ES | 1º trimestre 2009

Page 16: Revista 04 - SBOT-ES - jan/fev/mar 2009