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Resumo Obras da Uva RELAÇÃO DE OBRAS E AUTORES INDICADOS PARA O PROCESSO SELETIVO UVA 2016.1 As obras para o vestibular UEVA 2016.1 já foram divulgadas. Tratam-se dos livros a seguir: 1. Dona Guidinha do Poço, de Manuel de Oliveira Paiva; 2. Olhai os Lírios do Campo, de Érico Veríssimo; 3. Menino de Engenho, de José Lins do Rego; 4. A Escrava Isaura, de Bernardo Guimarães; 5. O Grande Mentecapto, de Fernando Sabino.

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Resumo Obras da Uva

RELAÇÃO DE OBRAS E AUTORES INDICADOS PARA O PROCESSO SELETIVO UVA 2016.1

As obras para o vestibular UEVA 2016.1 já foram divulgadas. Tratam-se dos livros a seguir:

1. Dona Guidinha do Poço, de Manuel de Oliveira Paiva;

2. Olhai os Lírios do Campo, de Érico Veríssimo;3. Menino de Engenho, de José Lins do Rego;4. A Escrava Isaura, de Bernardo Guimarães;

5. O Grande Mentecapto, de Fernando Sabino.

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1. A Escrava Isauraautor:

Bernardo Guimarães• Contexto • Sobre o autor

Bernardo Guimarães conseguiu destaque entre os escritores do romantismo especialmente por sua abordagem do tema escravidão. A Escrava Isaura representa um marco na literatura abolicionista.

• Importância do livroA Escrava Isaura se tornou um livro muito popular já na época de sua publicação graças ao apelo abolicionista mesclado ao sentimentalismo. O romance foi um sucesso sobretudo entre o público feminino que se compadeceu do sofrimento da heroína cativa.

• Período históricoO livro de Guimarães foi publicado em 1875, época em que a escravidão era questionada por muitos intelectuais. A abolição da escravatura de fato só aconteceu em 1888.

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Personagens • - Isaura: escrava de pele branca, é filha de um português com uma escrava negra.

Foi criada como filha pela família que a possuía, porém, com a morte da matriarca que era sua protetora fica a mercê das crueldades de seu filho, Leôncio.

• - Leôncio: com a morte dos pais se torna o dono de Isaura. É casado, porém apaixonado pela escrava. Homem sem escrúpulos fará todo o possível para possuí-la

• - Álvaro: homem rico, se apaixona por Isaura e fica extremamente chocado com a maneira como ela é tratada. Faz todo o possível para libertá-la e pretende se casar com ela, mesmo ciente do escândalo que isso representa.

• - Miguel: Pai de Isaura, homem simples e trabalhador.

• - Belchior: jardineiro da casa, também é apaixonado por Isaura. Homem deformado, pretende se casar com a escrava.

• - Malvina: Esposa de Leôncio, simpatizava com Isaura até que percebeu as reais intenções de seu marido em relação à moça.

• - Rosa: escrava bonita, porém invejosa da atenção que todos dão a Isaura.

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A Escrava Isauraautor: Bernardo Guimarães

• Resumo • Isaura, escrava de pele branca, foi criada como filha na família em que

serve. Foi durante muito tempo a protegida da matriarca, que prometeu que após a sua morte a moça deveria ser liberta. Entretanto, esse último desejo não foi satisfeito e Isaura se tornou propriedade de Leôncio, um jovem sem caráter que por ela se interessa, apesar de casado.

• A beleza da jovem cativa desperta paixões em vários dos personagens, além de Leôncio, o jardineiro Belchior, o feitor da fazenda e até o irmão de Malvina, esposa de Leôncio, fazem propostas à moça.

• O pai da escrava, um homem livre chamado Miguel, reúne a vultosa quantia que fora pedida pelo pai de Leôncio para libertá-la, porém, o vilão encontra uma maneira para descumprir a promessa do pai, fingindo luto por sua morte. Inconformada com a situação, Malvina retorna para a casa de seus pais, fato que deixa Leôncio livre para atormentar Isaura.

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• O pai de Isaura, Miguel, decide então fugir com a filha para o nordeste do país. Os dois se instalam em Recife e adotam novos nomes. Chegando a Recife, Isaura muda seu nome para Elvira e Miguel para Anselmo (para ninguém os descobrirem).Na nova cidade Isaura conhece Álvaro, homem por quem se apaixona e é correspondida. Ele fica sabendo que ela é uma escrava fugida da pior maneira, ao levá-la a um baile um estudante (Martinho) a denuncia na frente de todos. Isaura é obrigada, então, a assumir sua condição, Álvaro, porém, defende a amada. Descoberta, Isaura volta a ser escrava de Leôncio. Numa manobra, Isaura é convencida a se casar com Belchior, porém, antes que a cerimônia fosse realizada, surge Álvaro, que havia descoberto a falência de Leôncio e adquirido sua dívida. Dessa forma, ele passa a ser dono de todas as propriedades do vilão, incluindo Isaura. Leôncio se mata e a história tem um desfecho feliz.

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• Análise • Uma vez que A Escrava Isaura se trata de uma obra romântica, seu enredo segue a

risca todas as convenções da escola literária. A construção dos personagens, por exemplo, obedece às fórmulas do gênero: Isaura, a protagonista, é extremamente idealizada, portadora de todo tipo de virtudes e de uma beleza que acompanha essa nobreza de caráter, além disso é uma defensora ferrenha de sua honra e não aceita nenhum tipo de galanteio até encontrar o homem que chega a amar. O mesmo vale para Álvaro, seu par.

• Os vilões, por sua vez, são dotados exclusivamente de características negativas, sendo incapazes de gestos bondosos. Personagens como Belchior, que tem todo tipo de defeito físico, refletem também em sua constituição física suas falhas de caráter.

• O amor também é construído de acordo com as convenções românticas. Isaura e Álvaro se apaixonam à primeira vista, como costumava acontecer nos folhetins da época. Sobre a linguagem, como obra romântica, a adjetivação é intensa e elaborada, são abundantes as descrições tanto das personagens quanto da natureza que as cerca, outro valor vinculado ao romantismo. Além disso, o romance apresenta foco narrativo na terceira pessoa.

• Embora seja contraditório que o símbolo da literatura abolicionista brasileira fosse uma escrava branca e educada, esse elemento se torna compreensível quando se reflete sobre o público que acompanhava esse tipo de romance na época. Dessa forma, mesmo destoando do perfil dos escravos africanos, o enredo do livro teve grande impacto para uma parcela da sociedade.

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ESCRAVA ISAURA01. Em poucas palavras o livro se resume em: a. Estudos sobre o culto, o direito, as instituições da Grécia e de Roma. b. No livro são contadas as aventuras e desventuras de uma bela escrava mestiça em busca de sua liberdade. c. Reporta-se um episódio da História do Brasil: a luta travada entre as cidades de Olinda e Recife, nos anos de 1710 e 1711. d. Conta a história de Macabéa, personagem protagonista, vinda de Alagoas para o Rio de Janeiro, onde vivia com mais quatro colegas de quarto, além de trabalhar como datilógrafa.02. O vilão leviano, devasso e insensível que, de "criança incorrigível e insubordinada" a adolescente que sangra a carteira do pai com suas aventuras, acaba por tornar-se um homem cruel e inescrupuloso era: a. Álvaro b. Belchior c. Dr. Geraldo d. Leôncio03. A protagonista e antagonista são, respectivamente: a. Isaura e Belchior b. Rosa e Álvaro c. Isaura e Miguel d. Isaura e Leôncio04. Uma linda escrava de cor de marfim, Isaura, morava em uma magnífica fazenda, no município de Campos de Goytacazes, no estado de: a. São Paulo b. Bahia c. Rio de Janeiro d. Pará 05. Qual era o nome que Isaura atendia em seu disfarce, quando estava em Recife? a. Elvira b. Tomásia c. Rosa d. Josefa 06. O autor explorou uma das questões mais polêmicas da sociedade brasileira da época relativas a: Escrava Isaura |Bernardo Guimarãesa.Drogas b. Ética e ciência c. A escravidão. d. Religião. 07.Apaixonado por Isaura, o grande obstáculo que Álvaro precisa vencer é o fato de ser Isaura propriedade legítima de Leôncio. Como ele resolve isso? a. Tratara bem aos escravos e amparara Juliana, mãe de Isaura, nas suas desditas com o pai de Leôncio. b. Não deixava de amar os prazeres, o luxo, a elegância, e, sobretudo as mulheres. c. Dispõe-se a unir-se com Isaura, mesmo sabendo que escandalizaria a sociedade. d. Vai à corte, descobre a falência de Leôncio, adquire seus bens e desmascara o vilão. Liberta Isaura e casa-se com ela, desafiando, assim, os preconceitos da sociedade escravocrata.

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• Dona Guidinha do Poço, de Manuel de Oliveira Paiva

• Obra do autor cearense Manuel de Oliveira Paiva, Dona Guidinha do Poço resgata elementos da cultura nordestina e pormenores da vida interiorana, na história de uma mendiga que, no final do século XIX, era alvo de piadas nas ruas, por ter sido condenada pela Justiça de Quixeramobim pelo assassinato do próprio marido. A tragédia inclui elementos de vingança, prisões e mortes.

• É a saga da fazendeira Marica Lessa. Essa via foi devassada pelo historiador Ismael Pordeus que teve acesso em cartório de Quixeramobim, ao processo em que a poderosa fazendeira Marica Lessa respondeu pelo assassinato de seu marido o Cel. Domingos d´Abreu e Vasconcelos por volta de 1853. A fazendeira poderosa amasiou-se com um sobrinho do marido, Senhorinho Pereira, e contratou o executante do crime contra seu consorte. Descoberta a trama, a desditosa dama foi condenada a muitos anos de prisão, vindo a cumprir sua pena na cadeia pública de Fortaleza. Ao ser solta, semi-enlouquecida e depauperada, perambulava pelas ruas da capital até quando morreu como indigente. Foi nessa história real que se baseou Oliveira Paiva para escrever Dona Guidinha do Poço.

• É um romance modelar do realismo brasileiro. Compromissado com a realidade, ele mostra uma história que realmente aconteceu, mudando os nomes dos personagens e acrescentando alguns detalhes ficcionais e ilustrativos. Depois há a coragem do autor em introduzir na sua linguagem o rico latifúndio linguístico regional. O falar da região aparece como forma de trazer não só o homem mas principalmente sua fala para dentro do enredo. Além disso há outra realidade cruciante no romance, que ainda hoje se faz presente na região do semiárido nordestino que é a seca.

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2 Dona Guidinha do poço• Enredo• Narra a história da poderosa Margarida Reginaldo de

Oliveira Barros, dona de cinco fazendas, prédios, gado, prataria e muitos escravos. Mulher bravia e apaixonada, envolve-se com um sobrinho de seu marido, soldado elegante e vaidoso. Este, acusado de homicídio, esconde-se na casa do tio, que desconfiado de seus amores com a mulher, Dona Guidinha resolve entregá-lo à polícia. Como vingança, Dona Guidinha, manda um caboclo matar o marido, e, como sempre altaneira, é conduzida a prisão, sob vaias da população.

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• Foco narrativo• Em função do tempo, o narrador é a voz que conta um

“causo”. Jogralc ontador, assegura, através de sua narração, o tempo cósmico-simbólico e restaura, no jogo de corda bamba, o equilíbrio. Narrador sem rosto, voz discretamente onisciente e onipresente, porque situada em outro tempo: a história contada já aconteceu. Mas, se algumas pistas são maliciosamente jogadas cá e lá, ele guarda a surpresa do final (que conhece), mantendo o ouvinte-leitor preso ao narrar.

• Alguém conta uma história: o clássico narrador na terceira pessoa vai nos narrar o que sucedeu no Poço da Moita. Vemos na narrativa outras vozes surgirem e vários narradores proliferarem. O narrador de Dona Guidinha é um homem culto, com belo manejo de língua, conhecedor do latim e que julga desabusadamente a sociedade.

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Tempo• Dona Guidinha do Poço passa-se em dois anos, distribuídos ao longo dos 5 Livros:

dois meses para o Livro I (o amor despontando); um mês para o Livro II (o amor se consuma em posse); onze meses para o Livro III (a paixão cega); novamente um mês para o Livro IV (o drama) e um mês ou mais para o Livro V (desenlace). Um preâmbulo de abertura completa a conta.

• O tempo cronológico, convencional e linear, com discretos flash backs, é altamente marcado, em dias, meses e até, por vezes, horas. Uma precisão, a mais óbvia, é, no entanto, insidiosamente escamoteada: o ano dos acontecimentos. Sabe-se que Guida era pequena na seca de 25 (“em 25, ela era ainda pequenota...” p. 56) e que tem, no momento da narrativa, mais de 30 anos. Essa inesperada imprecisão aponta para um desdobramento temporal entre o enunciado e o narrado: na verdade, a história de Guida pertence ao passado, é um “causo”, contado em outro momento. Aconteceu, “foi verdade” (a prova, as marcas de datas), no tempo da história.

• Ao tempo cronológico, exterior e ao tempo psicológico, interior, soma-se um tempo cósmico, cíclico, marcado pelas estações. Assim o Livro I é o da seca, em março; no Livro II vêm as chuvas de abril e maio; o Livro III, o mais extenso, cobre as quatro estações – primavera, verão, outono, inverno e novamente as chuvas; o Livro IV retorna à primavera e o Livro V, ao verão.

• Tempo cósmico, que é o tempo real do sertão e também o do mito e que, como as outras dimensões, dilui-se no final.

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• RESUMO OLHAI OS LÍRIOS DO CAMPO, de Érico Veríssimo

Escrito em 1938, a obra Olhai os lírios do campo torna-se um marco na obra de Érico Veríssimo.

É um romance urbano e narra a história de Eugênio, um rapaz de origem humilde que sente vergonha de sua família por ser pobre, mas mesmo com muito esforço dá ao rapaz a oportunidade de estudar em ótimos colégios, levando o jovem a formar-se em Medicina.

No dia de sua formatura, conhece Olívia, uma jovem simples, de extrema sensibilidade, bom-senso, equilíbrio e de um excelente coração que se aproxima de Eugênio e torna-se para ele um porto seguro em seus conflitos e juntos vão trabalhar no Hospital do Coração.

Olívia tenta mostrar a Eugênio que a felicidade não depende do dinheiro ou do sucesso, mas da paz que advém da boa consciência, de fazer as coisas certas e de servir o próximo.

Os jovens se envolvem amorosamente, mas Eugênio nunca a assume verdadeiramente.Olívia vai trabalhar numa cidade do interior, e depois da partida da moça, Eugênio noiva

com Eunice, uma jovem rica filha de um empresário, apenas por interesse e casa-se com ela.

A história é dividida em duas partes, sendo a primeira narrada em estilo flash-back, onde as memórias de Eugênio vem à tona durante uma viagem que ele faz de uma cidadezinha no interior até Porto Alegre.

Eugênio vai à Porto Alegre a pedido de Olívia que está doente em um hospital. Neste caminho, lembra-se dos dias de casamento infeliz com Eunice, como agora trabalha para o sogro e não dedicava-se mais à Medicina. E sobretudo, lembra da filha que tivera com Olívia, Anamaria, que estava sendo criada pela mãe desde que esta fora embora de Porto Alegre. Ao chegar ao hospital, Olívia morre e Eugênio decide abandonar Eunice e dedicar-se à criação de Anamaria.

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• Ele volta a ser médico, trabalhando com os pobres junto com o Dr. Seixas, e em meio a esta mudança de Eugênio, ele encontra verdadeiramente a paz interior.

• O título da obra é retirado do Sermão da Montanha, onde Cristo fala aos seus apóstolos, em uma analogia, que a verdadeira felicidade está em cuidarmos das coisas simples e não nos preocuparmos com as coisas complexas.

• Nas palavras de Olívia: "Estive pensando muito na fúria com que os homens se atiram à caça do dinheiro.  É essa a causa principal dos dramas, das injustiças, da incompreensão da nossa época.  Eles esquecem o que têm de mais humano e sacrificam o que a vida lhes oferece de melhor: as relações de criatura para criatura.  De que serve construir arranha-céus se não há mais almas humanas para morar neles?

• Quero que abras os olhos, Eugênio, que acordes enquanto é tempo.  Peço-te que pegues a minha Bíblia que está na estante de livros, perto do rádio, leias apenas o Sermão da Montanha.  Não te será difícil achar, pois a página está marcada com urna tira de papel.  Os homens deviam ler e meditar esse trecho, principalmente no ponto em que Jesus nos fala dos lírios do campo, que não trabalham nem fiam, e no entanto nem Salomão em toda a sua glória jamais se vestiu como um deles.

• Está claro que não devemos tomar as parábolas de Cristo ao pé da letra e ficar deitados à espera de que tudo nos caia do céu.  É indispensável trabalhar, pois um mundo de criaturas passivas seria também triste e sem beleza.  Precisamos, entretanto, dar um sentido humano às nossas construções.  E quando o amor ao dinheiro, ao sucesso, nos estiver deixando cegos, saibamos fazer pausas para olhar os lírios do campo e as aves do céu.”

• O autor mostra os processos de transformação de Eugênio: da condição de indivíduo guiado mais pela expectativa dos outros do que por si mesmo, para a condição de indivíduo autônomo e consciente de si, sujeito de suas próprias decisões.

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• OLHAI OS LÍRIOS DO CAMPO, de Érico Veríssimo• Análise da Obra• Olhai os lírios do campo é um dos mais famosos de Érico Veríssimo e foi publicado em 1938 -

Modernismo de Segunda Fase.• A ambientação urbana da história dá margem à abordagem dos efeitos de um capitalismo

devastador sobre a vida dos personagens. O romance narra a trajetória existencial do personagem principal, Eugênio, seus contatos sociais e seus dilemas interiores. Portanto, a narrativa centra-se em seus conflitos e vicissitudes.

• Nesta obra deve-se destacar o lirismo romântico da história de Eugênio, descobrindo que o dinheiro não traz felicidade, exatamente nos moldes do romance urbano de 30, de caráter socialista. Destaca-se também sua ambição traçada a partir de uma vida difícil, que alimenta-o de amargor e determinação na busca de sua afirmação material. E ainda, o grande sucesso dessa dramática história de amor, pode ser creditado à habilidade do autor de construir personalidades psicológicas complexas: ninguém é só bom nem só ruim na obra.

• Para retratar essa relação problemática do homem com a sociedade, Érico Veríssimo construiu o romance Olhai os lírios do campo de maneira que o personagem principal fosse mostrado em dois momentos. No primeiro momento, ele é conduzido, em seus comportamentos, pelas expectativas sociais; obedece aos valores de sua classe, é incapaz de perceber-se enquanto ser. Ele faz de tudo para ter sucesso e ser aceito: trabalha em função de uma máscara e não do próprio rosto. No segundo momento, o romancista mostra os processos de transformação de Eugênio: da condição de indivíduo coisificado, guiado mais pela expectativa dos outros do que por si mesmo, para a condição de indivíduo autônomo e consciente de si, sujeito de suas próprias decisões.

• A narrativa, portanto, se divide em duas partes com 12 capítulos cada uma, sendo a primeira o cruzamento de dois níveis temporais: o presente e o passado. Assim, nesta narrativa de vários planos temporais, entrelaça-se uma crítica à sociedade fútil e vazia, ao acúmulo de riquezas e à conseqüente hipocrisia das relações sociais. A primeira parte é intensa e cheia de um interesse que jamais enfraquece. Na segunda parte, porém, esse interesse declina, e a história se dilui numa série de episódios anedóticos sem unidade emocional

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AmbienteO ambiente do romance é a cidade de Porto Alegre. As personagens vivem na metrópole de ruas movimentadas, tráfego intenso, automóveis, telefones, cinemas e teatros; edifícios altos, gente rica, monopólios; gente pobre, sindicatos, miséria e doença. Vivem os movimentos da contradição e da crise. Foco narrativoToda a narrativa é formalmente estruturada na terceira pessoa a partir de um ponto de vista externo do narrador. PersonagensEugênio Fontes: homem profundamente pessimista, infeliz e complexado. Profissão: médico. Filho de um alfaiate pobre, Eugênio teve uma infância e adolescência cheias de dificuldades. À medida que ia crescendo, nutria um misto de vergonha e repúdio a si mesmo em decorrência da pobreza de sua família. Sua motivação era "ser alguém", adquirir posição social e não ter que passar pelas humilhações que julgava ter passado na infância. Na faculdade, conhece uma jovem, Olívia, pela qual se apaixona e nutre um relacionamento de amizade, cumplicidade e amor. Porém, devido a sua ambição, Eugenio deixa Olívia para casar-se com uma jovem rica. Passa a viver uma vida de aparências, adultérios e eternas contradições, deixando para trás seu verdadeiro amor e a filha que teve ela, Anamaria. Olívia: grande amor de Eugênio e colega de trabalho. Olívia é mais uma das clássicas figuras femininas de Érico, que transparece doçura e compreensão frente às inquietudes dos personagens masculinos, mas que não esconde uma grande força e determinação. Assim como Eugenio, Olívia cursa a faculdade de medicina em Porto Alegre com dificuldades. A sua visão realista e compreensão do comportamento humano fazem com que ela encare seu relacionamento com Eugenio de forma honesta, entendendo as limitações que este poderia ter em virtude da ambição e das eternas contradições emocionais do médico. Olívia também pode ser encarada, de certa forma, como uma representante feminista de Erico, pois apesar de aceitar as limitações de Eugenio, ela luta em manter a carreira de médica e cria a filha Anamaria sozinha. Eunice: esposa de Eugênio. Rica, fútil e vazia. Filha do empresário Vicente Cintra, conquista Eugênio com sua fortuna, casando-se com ele e se tornando a oportunidade de que o médico necessitava para se destacar na sociedade. Angelo: pai de Eugênio. O próprio Eugênio nos revela pormenores sobre seu pai e seus sentimentos para com ele:

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• Análise da obra

Narrado em 1ª pessoa por Carlos Melo (personagem), que aponta suas tensões sociais envolvidas em um ambiente de tristeza e decadência, é o primeiro livro do ciclo da cana-de-açúcar. Publicado em 1932, Menino do Engenho é a estréia em romance de José Lins do Rego e já traz os valores que o consagraram na Literatura Brasileira.

Durante a década de 30 do século XX, virou moda uma produção que se preocupava em apresentar a realidade nordestina e os seus problemas, numa linguagem nova, introduzida pelos participantes da Semana de Arte Moderna de 22. José Lins do Rego seria o melhor representante dessa vertente, se certas qualidades suas não atenuassem fortemente o tom crítico esperado na época.

A intenção do autor ao elaborar a obra Menino de Engenho, era escrever a biografia de seu avô, o coronel José Paulino, que considerava uma figura das mais representativas da realidade patriarcal nordestina. Seria também a autobiografia das cenas de sua infância, que ainda estavam marcadas em sua mente. Mas o que se constata é que o biógrafo foi superado pela imaginação criadora do romancista: a realidade bruta é recriada através da criatividade do gênero nordestino.

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• É a história típica, natural e sem retoques de uma criança, Carlos, órfão de pai e mãe, que, aos oito anos de idade, vem viver com o avô, o maior proprietário de terras da região - coronel José Paulino.Carlos é criado sem a repressão familiar e mesmo sem os cuidados e atenções que lhe seriam necessários diante das experiências da vida. Vê o mundo, aprende o bem e o mal e chega a uma provável precocidade acerca dos hábitos que lhe eram "proibidos", mas inevitáveis de serem adquiridos.Pela ausência de orientação, toma-se viciado, corrompido, aos 12 anos de idade. Além dos problemas íntimos do menino, desorientado para a vida e para o sexo, temos a análise do mundo em que vivia, visto por Carlos, que é o narrador-personagem.Carlos vê o avô como um verdadeiro Deus, uma figura de grandiosidade inatingível. O engenho é o mundo, um império, de onde o coronel José Paulino dirige e guia os destinos de todos. E, em conseqüência, Carlos considera-se, e é considerado pelos servos, escravos e agregados, o “coronelzinho” cujas vontades têm que ser rigorosamente realizadas.Descreve com emoção a vida dos escravos, a senzala, o sofrimento e os castigos do “tronco”. Uma cena a ser destacada é a “enchente” do rio, vista com admiração e susto por Carlos, constituindo uma descrição de grandiosidade bíblica.Também vêm à tona as superstições e crendices comuns entre as camadas populares, como a do “lobisomem”.O romance tem como cenário a região limítrofe entre Pernambuco e Paraíba, o que pode ser deduzido pelas descrições da paisagem e da vida dos engenhos de açúcar.Os bandidos e cangaceiros, comuns na região, são mostrados como única forma de reação social de um povo oprimido.

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• Personagens

Carlinhos - É o narrador do romance. Órfão aos quatro anos, tornou-se um menino melancólico, solitário e bastante introspectivo. De sexualidade exacerbada, mantém, aos doze anos, a sua primeira relação sexual, contraindo “doença-do-mundo” - a popular gonorréia.

Coronel Zé Paulino - É o todo-poderoso senhor de engenho - o patriarca absoluto da região. Era uma espécie de prefeito - administrava pessoalmente, dando ordens e fazendo a justiça que ditava a sua consciência de homem bom e generoso.

Tia Maria - Irmã da mãe de Carlinhos (Clarisse), torna-se para este a sua segunda mãe. Querida e estimada por todos pela sua bondade e simpatia, era chamada carinhosamente de Maria Menina.

Velha Totonha - É uma figura admirável e fabulosa. Representa bem o folclore ambulante dos contadores de histórias.

Antônio Silvino - Representa bem o cangaceiro sempre temido e respeitado pelo povo, em virtude de seu senso de justiça, tirando dos ricos e protegendo os fracos. Compõe bem a paisagem nordestina.

Tio Juca - Não chega a representar um papel de destaque no romance. Por ser filho do senhor de engenho, fazia e desfazia (sobretudo sexo com as mulatas), mas não era punido. De certa forma, representa o papel de pai de Carlinhos.

Lula de Holanda - Embora ocupe pouco espaço, o Coronel Lula é uma personagem relevante, pois representa o senhor de engenho decadente que teima em manter a fachada aristocrática.

Sinhazinha - Embora não fosse a dona da casa (era cunhada do Coronel), mandava e desmandava no governo da casa-grande. Era odiada por todos por seu rigor e carranquice, e pode ser identificada com as madrastas ruins dos contos populares.

Negras - Restos do tempo de escravidão, destacam-se a negra Generosa, dona da cozinha, a vovó Galdina, que vivia entrevada numa cama.

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01. A história do Menino de Engenho inicia-se com: a. a morte de seu pai b. a morte de sua mãe c. a ida do menino para ao engenho d. a ida do menino para o colégio.02. Para os meninos e para os negros e negras da fazenda, Tia Sinhazinha era considerada: a. Fada b. Bruxa c. Mãe d. Madrinha03. Com a morte da mãe, Carlinhos foi levado para: a). O engenho do avô, em Minas Gerais. B). O engenho do avô, no nordeste do Brasil. C). O colégio em Recife d). O engenho do avô, em São Paulo.

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Enredo •

"O grande mentecapto"

O grande mentecapto acompanha a história de Viramundo, uma espécie de Dom Quixote que vaga por Minas tentando resolver os problemas do mundo, no limite entre a realidade e a loucura.

Enquanto segue, ingênuo, lutando por sua causa, Viramundo alimenta o sonhor omântico com a filha do governador de Minas, Marília. Esta sua ilusão é alimentada por falsos amigos, que forjam cartas de amor. Em seu delírio, o real e o ilusório se confundem, fazendo com que ele não se abale com os insucessos, não tema nada nem ninguém.

Viramundo tinha uma cultura geral incomum, vinda também do passado de militar e de seminarista. Não era conhecido, mas acaba ficando famoso pelos casos em que se envolve. Sua esquisitice e suas respostas prontas a todas as indagações fazem com se acredite tratar-se de um louco manso e inofensivo. Na verdade, o autor discute o tempo todo o limite entre a sanidade e a loucura; Viramundo é louco, mas quem não é? Surgem personagens estranhos, como o próprio diretor de um hospício que é mais estranho do que seus internos.

Com o tempo e os seguidos insucessos, Viramundo acaba se desiludindo. Acaba descobrindo que seus amigos e as cartas de amor de Marília eram falsos. Termina na solidão, acabando vitimado pelo próprio irmão, pagando por um crime que não cometeu, no fim de uma trajetória comparada a Via-Crúcis de Cristo, inclusive em seu sacrifício final.

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O Grande Mentecapto, de Fernando Sabino

• O Grande Mentecapto, romance de 1979, o autor elabora uma trama a partir da experiência que teve como aspirante no Quartel de Cavalaria de Juiz de Fora, com a nítida intenção de homenagear as pessoas humildes, simples e puras. Já na epígrafe da narrativa, "Todo aquele, pois, que se fizer pequeno como este menino, este será o maior no reino dos céus.". nota-se a vontade de elevar os puros, os inocentes e os ingênuos. Em alguns pontos, O Grande Mentecapto também é um épico. Cobre décadas da história de um homem que, aparentemente, na vida real, teve momentos mais descontraídos. O romance O Grande Mentecapto segue a tradição das narrativas picarescas. Nessas narrativas, encontramos como protagonista o pícaro, espécie de anti-herói que tem como traços marcantes a astúcia, o nomadismo e o humor.

• Na maioria das vezes, ainda que haja exceções, sua loucura do personagem Viramundo se acrescenta à mendicância e à perambulação, circunscritas a limites que podem ser os da cidade ou uma parte dela, ou ainda, em certos casos, ampliarem-se para áreas rurais do município e mesmo abranger cidades vizinhas. De fato, a personagem principal de O Grande Mentecapto pratica a mendicância e perambula por várias cidades mineiras.

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• Temática• A loucura é explorada. O autor parece convidar o leitor

a uma reflexão sobre a origem e o convívio com a ideia da excentricidade do comportamento humano. Viramundo pode ser considerado um louco, mas quem não o é? O que a sociedade considera loucura? Como classificar e tratar os indivíduos que atuam em dissonância com aquilo que se considera normalidade? A sociedade mostrada no romance está povoada de tipos que comumente chamamos de loucos: os habitantes de Mariana agem desvairadamente ao tentar linchar D. Peidolina; o diretor do hospício é mais estranho que os próprios internos do manicômio; o capitão Batatinhas é absolutamente alienado. Há no decorrer de toda a narrativa o questionamento da fragilidade dos limites entre a sanidade e a loucura.

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• Enredo• Na linha da novela picaresca em que o personagem desloca-se por

um espaço indefinido, à cata dos conflitos, para resolvê-los heroicamente, Viramundo vive uma seqüência de peripécias acontecidas no Estado de Minas Gerais, contracenando com personagens dos mais variados matizes e comportando-se sempre como o bem-intencionado, o puro, o ingênuo submetido às artimanhas e maldades de um mundo que ainda não está de todo resolvido. Andarilho, louco, despossuído, vagabundo, idealista. Marginal em uma sociedade que não entende e em que não se enquadra, o Viramundo instaura um sentimento de ternura e de pena por todos aqueles que, em sua simplicidade, sofrem o descaso, a ironia, a opressão e a prepotência.

• Viramundo põe em suas ações tresvariadas a esperança de realizar-se emocionalmente com a sua idealizada e inalcançável Marília, filha do governador de Minas Gerais. Sua ilusão alucinada é reforçada pelos pseudo amigos que o enganam com falsas cartas de amor e incentivam sua loucura mansa e seu sonho impossível.

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• Viramundo conhece que o mundo é uma grande metáfora e o trata com idealismo como se ele fosse real. Consertar o mundo é sua missão e ele se dedica a ela com toda a força de sua decisão, não se deixando abalar pelo insucesso, pelo ridículo, pela violência ou pelo vitupério. Em seu delírio, o irreal e o real andam de mãos dadas, não há a separação entre o concreto e o abstrato, e por isso o herói não se abala física ou emocionalmente com nada com que se defronte: não teme os fortes, os violentos; não se assusta com fantasmas e nem com ameaças; aceita resignadamente o que a vida lhe reserva.

• Percebe-se aqui que, além de pícaro, nosso herói pode ser considerado como bufão, pois jacta-se tolamente sobre supostas capacidades de resolver as injustiças e o desacerto do mundo. Não tem qualquer ligação definitiva com a vida; não assume compromissos; é desprezado e usado por aqueles com os quais se relaciona.

• A pureza deste aventureiro é a crítica à hipocrisia das relações humanas em um mundo que perdeu o sentido da solidariedade e da fraternidade. Sua alegria ingênua e desinteressada opõe-se ao jogo bruto dos interesses malferidos, ao conservadorismo e à arrogância. Porta-voz dos loucos, dos mendigos, das prostitutas, o Viramundo conhece os meandros da enganação e da falsidade dos políticos e dos poderosos.

• A crítica à mesmice, ao chavão e ao clichê faz-se pela presença da paródia a muitos autores e personagens historicamente conhecidos.

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• Viramundo não era conhecido, mas termina por criar fama em razão dos casos incríveis em que se envolve. Sob a aparência imunda de um mendigo está um sujeito com cultura geral incomum. Sua fala de homem conhecedor surpreende e sua experiência de ex-seminarista e ex-militar confunde e admira aqueles com quem convive. Sua esquisitice e suas respostas prontas a todas as indagações fazem com se acredite tratar-se de um louco manso e inofensivo.

• No limiar da consumação de sua caminhada, Viramundo mudou. No começo era idealista e cheio dos cometimentos da paixão. Manteve-se assim durante muito tempo até encarar a dura realidade da convivência humana. A série de acontecimentos em que figura como perdedor física e emocionalmente faz com que se desiluda. Descobre que as cartas de amor eram falsas; os amigos eram falsos; sua crença era falsa. Por todo lado só encontra sofrimento, opressão, hipocrisia. Está só, absolutamente só, e a solidão é tudo que lhe resta.

• Seu fim é emblemático. Morre vitimado pelo próprio irmão. Paga por um crime que não cometeu. A intertextualidade bíblica é evidente: compara a trajetória e o comportamento de Viramundo com a Via-Sacra do Cristo, em todos os sentidos, inclusive no sacrifício final.