resistência do carrapato rhipicephalus (boophilus ... · as ninfas, que se alimentam de sangue e...

7
23 RPCV (2015) 110 (593-594) 23-29 Resistência do carrapato Rhipicephalus (Boophilus) microplus a acaricidas [Rhipicephalus (Boophilus) microplus resistance to acaricides] José T. Raynal 1 , Bianca C. Souza 1 , Aretha B. Silva 2 , Thiago C. Bahiense 2 , Heloísa C. Silva 2 , Roberto Meyer 1 , Ricardo W. Portela 1* 1 Laboratório de Imunologia e Biologia Molecular, Instituto de Ciências da Saúde, Universidade Federal da Bahia 2 Laboratório de Parasitologia Veterinária, Instituto de Ciências da Saúde, Universidade Federal da Bahia Resumo: Recentemente, pode-se observar o contínuo au- mento de relatos da resistência do carrapato Rhipicephalus (Boophilus) microplus (Acari: Ixodidae) a diversas bases quí- micas acaricidas disponíveis comercialmente, com descrição de mecanismos genéticos que conferem essa característica e de raças bovinas que são mais resistentes à infecção provocadas por esses ectoparasitos. Já foram desenvolvidos vários métodos para aferição da eficiência dos fármacos acaricidas, os quais podem ser empregados como base na escolha do melhor sis- tema de controle em cada situação específica. A importância dos estudos sobre o carrapato bovino reside no fato deste ser responsável por grandes prejuízos na pecuária bovina mun- dialmente, principalmente devido à redução no desempenho produtivo e reprodutivo dos animais, através da hematofagia e transmissão de doenças. Por R. (B.) microplus ser o principal ectoparasito do rebanho bovino em áreas tropicais por todo o mundo, métodos de controle devem ser implantados, para que o uso racional e prudente das possíveis alternativas de combate possam reduzir as perdas econômicas. A presente revisão teve como objetivo apresentar características biológicas de R. (B.) microplus, bem como discutir os relatos de resistência a car- rapaticidas e suas formas de ação, mecanismos genéticos que conferem ao ácaro resistência às bases químicas, e formas de aferição de eficiência desses fármacos. Palavras-chave: Acaricidas, Rhipicephalus (B.) microplus, carrapatos, resistência Summary: There are several scientific reports describing the resistance of the Rhipicephalus (Boophilus) microplus (Acari: Ixodidae) cattle tick to different commercially available acaricides, as well as descriptions of cattle breeds that present a significant natural resistance to the infection with this parasite. Different methods were already developed to determine the ex- tension of each acaricide efficacy on tick’s isolates, and many of them are used as a reference to choose the best control sys- tem in each cattle breed unit. The importance of the studies on the cattle tick is justified by the significant economic losses that this ectoparasite causes to the tropical countries beef and milk industry, mainly represented by the diminished productive and reproductive profile of the affected animals. Due to the fact that R. (B.) microplus is the most important cattle ectoparasite in many tropical areas, control methods have to be developed with the objective to reduce the economic impact of this parasite. The present bibliographic revision had the objective to present the biological characteristics of R. (B.) microplus, as well as to discuss the scientific reports of resistance to acaricides, genetic mechanisms of resistance development, and methods do deter- mine the efficacy of the different acaricides compounds. Keywords: Acaricides, Rhipicephalus (B.) microplus, ticks, resistance Introdução O carrapato R. (B.) microplus (Acari: Ixodidae) é um dos principais ectoparasitas de bovinos, ocasionando diversos problemas na pecuária bovina mundial, tais como depreciação do couro e queda na eficiência pro- dutiva dos animais. Esses carrapatos são vetores de patógenos causadores de várias doenças, tais como Babesia sp e Anaplasma marginale (Brown et al., 2006; Jonsson, 2006; Jonsson et al., 2008). Os prejuí- zos na pecuária causados por parasitas podem provocar danos de morbidade e mortalidade nos animais, com consequente queda de produção em países tropicais e subtropicais (Patarroyo et al., 2002; Pereira, 2006). No Brasil, perdas relacionadas a esse parasito são es- timadas em cerca de 1 bilhão de dólares por ano, repre- sentadas pela ação direta do parasito, e também pelo custo dos sistemas de controle, os quais representam gastos anuais de cerca de R$ 800 milhões com produ- tos químicos para o combate aos parasitas. (Martinez et al., 2004). O rebanho bovino brasileiro é composto de raças taurinas, zebuínas e mestiças, possuindo dife- rentes susceptibilidades ao desenvolvimento das fases parasitárias deste carrapato; existem ainda condições climáticas favoráveis à sobrevivência e desenvolvi- mento dos seus estágios não parasitários (Cordovés, 1997). O aumento progressivo da resistência do carrapato Rhipicephalus (Boophilus) microplus a compostos quí- micos tem como consequência o aumento também na frequência da aplicação de acaricidas, com a presença de resíduos desses produtos no leite e na carne (Vargas et al., 2003; Campos Júnior e Oliveira, 2005). O com- Correspondência: [email protected] Tel (Fax): +55 71 3283-8936.

Upload: vankhanh

Post on 12-Jul-2019

215 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Resistência do carrapato Rhipicephalus (Boophilus ... · as ninfas, que se alimentam de sangue e sofrem nova muda, liberando as metaninfas (Pereira et al., 2008). ... nas hemácias

23

RPCV (2015) 110 (593-594) 23-29

Resistência do carrapato Rhipicephalus (Boophilus) microplus a acaricidas

[Rhipicephalus (Boophilus) microplus resistance to acaricides]

José T. Raynal1, Bianca C. Souza1, Aretha B. Silva2, Thiago C. Bahiense2, Heloísa C. Silva2, Roberto Meyer1, Ricardo W. Portela1*

1Laboratório de Imunologia e Biologia Molecular, Instituto de Ciências da Saúde, Universidade Federal da Bahia2Laboratório de Parasitologia Veterinária, Instituto de Ciências da Saúde, Universidade Federal da Bahia

Resumo: Recentemente, pode-se observar o contínuo au-mento de relatos da resistência do carrapato Rhipicephalus (Boophilus) microplus (Acari: Ixodidae) a diversas bases quí-micas acaricidas disponíveis comercialmente, com descrição de mecanismos genéticos que conferem essa característica e de raças bovinas que são mais resistentes à infecção provocadas por esses ectoparasitos. Já foram desenvolvidos vários métodos para aferição da eficiência dos fármacos acaricidas, os quais podem ser empregados como base na escolha do melhor sis-tema de controle em cada situação específica. A importância dos estudos sobre o carrapato bovino reside no fato deste ser responsável por grandes prejuízos na pecuária bovina mun-dialmente, principalmente devido à redução no desempenho produtivo e reprodutivo dos animais, através da hematofagia e transmissão de doenças. Por R. (B.) microplus ser o principal ectoparasito do rebanho bovino em áreas tropicais por todo o mundo, métodos de controle devem ser implantados, para que o uso racional e prudente das possíveis alternativas de combate possam reduzir as perdas econômicas. A presente revisão teve como objetivo apresentar características biológicas de R. (B.) microplus, bem como discutir os relatos de resistência a car-rapaticidas e suas formas de ação, mecanismos genéticos que conferem ao ácaro resistência às bases químicas, e formas de aferição de eficiência desses fármacos.

Palavras-chave: Acaricidas, Rhipicephalus (B.) microplus, carrapatos, resistência

Summary: There are several scientific reports describing the resistance of the Rhipicephalus (Boophilus) microplus (Acari: Ixodidae) cattle tick to different commercially available acaricides, as well as descriptions of cattle breeds that present a significant natural resistance to the infection with this parasite. Different methods were already developed to determine the ex-tension of each acaricide efficacy on tick’s isolates, and many of them are used as a reference to choose the best control sys-tem in each cattle breed unit. The importance of the studies on the cattle tick is justified by the significant economic losses that this ectoparasite causes to the tropical countries beef and milk industry, mainly represented by the diminished productive and reproductive profile of the affected animals. Due to the fact that R. (B.) microplus is the most important cattle ectoparasite in many tropical areas, control methods have to be developed with the objective to reduce the economic impact of this parasite. The present bibliographic revision had the objective to present

the biological characteristics of R. (B.) microplus, as well as to discuss the scientific reports of resistance to acaricides, genetic mechanisms of resistance development, and methods do deter-mine the efficacy of the different acaricides compounds.

Keywords: Acaricides, Rhipicephalus (B.) microplus, ticks,

resistance

Introdução

O carrapato R. (B.) microplus (Acari: Ixodidae) é um dos principais ectoparasitas de bovinos, ocasionando diversos problemas na pecuária bovina mundial, tais como depreciação do couro e queda na eficiência pro-dutiva dos animais. Esses carrapatos são vetores de patógenos causadores de várias doenças, tais como Babesia sp e Anaplasma marginale (Brown et al., 2006; Jonsson, 2006; Jonsson et al., 2008). Os prejuí-zos na pecuária causados por parasitas podem provocar danos de morbidade e mortalidade nos animais, com consequente queda de produção em países tropicais e subtropicais (Patarroyo et al., 2002; Pereira, 2006).

No Brasil, perdas relacionadas a esse parasito são es-timadas em cerca de 1 bilhão de dólares por ano, repre-sentadas pela ação direta do parasito, e também pelo custo dos sistemas de controle, os quais representam gastos anuais de cerca de R$ 800 milhões com produ-tos químicos para o combate aos parasitas. (Martinez et al., 2004). O rebanho bovino brasileiro é composto de raças taurinas, zebuínas e mestiças, possuindo dife-rentes susceptibilidades ao desenvolvimento das fases parasitárias deste carrapato; existem ainda condições climáticas favoráveis à sobrevivência e desenvolvi-mento dos seus estágios não parasitários (Cordovés, 1997).

O aumento progressivo da resistência do carrapato Rhipicephalus (Boophilus) microplus a compostos quí-micos tem como consequência o aumento também na frequência da aplicação de acaricidas, com a presença de resíduos desses produtos no leite e na carne (Vargas et al., 2003; Campos Júnior e Oliveira, 2005). O com-

Correspondência: [email protected]

Tel (Fax): +55 71 3283-8936.

Page 2: Resistência do carrapato Rhipicephalus (Boophilus ... · as ninfas, que se alimentam de sangue e sofrem nova muda, liberando as metaninfas (Pereira et al., 2008). ... nas hemácias

Raynal J. et al. RPCV (2015) 110 (593-594) 23-29

24

bate ao carrapato está direcionado a pesquisas de es-tratégias de controle, isto é, uma combinação do uso prudente e racional dos parasiticidas disponíveis com as alternativas de controle, que levariam então à manu-tenção de populações parasitárias abaixo do seu limiar de prejuízo econômico, com um mínimo impacto am-biental (FAO, 2003). Nos estudos com o carrapato bo-vino, pode-se observar nos últimos anos o aumento dos relatos científicos sobre o desenvolvimento de resistên-cia a maioria das bases químicas disponíveis comer-cialmente, bem como sobre o esclarecimento das vias moleculares de desenvolvimento dessa resistência.

O Carrapato

Originário da Ásia, o carrapato Rhipicephalus (Boophilus) microplus é extremamente prevalente em áreas tropicais e subtropicais, tendo como principal hospedeiro o bovino (Lempereur, et al., 2010). Seu nome deriva do grego Boo (boi) e philus (amigo), ou seja, amigo do boi (Curtice, 1891). Sua origem remo-ta ao subcontinente indiano, tendo se alastrado para outras regiões do mundo com o comércio de bovinos instaurado no período do colonialismo (Hoogstraal, 1985).

Estudos de filogenia molecular por análise e com-paração de sequências de DNA permitiram caracteri-zar e determinar grande similaridade entre os gêneros Rhipicephalus (Koch, 1844) e Boophilus (Curtice, 1891). Estes estudos levaram a alteração da nomen-clatura e o gênero Boophilus passou a designar um subgênero de Rhipicephalus (Murrell e Barker, 2003). R. (B.) microplus é um carrapato monoxeno, desenvol-vendo todo o seu ciclo biológico de fase parasitária em um único hospedeiro. A fase de vida livre varia de acordo com as diferentes estações do ano. A tempera-tura e a umidade são os fatores mais importantes que influenciam a duração desse ciclo (Fortes, 2004).

A fase de vida livre inicia-se quando a fêmea ingur-gitada de sangue se desprende do hospedeiro e cai ao solo, onde procuram locais sem incidência dos raios solares diretos, com temperatura e umidade favoráveis, para iniciar a postura. O período de pré-postura dura em média três dias, quando em condições adequadas de temperatura e umidade. O período de postura dura cerca de quinze dias, sendo que no quinto dia há uma maior produção de ovos. O final da postura e a eclo-são das larvas podem levar 100 dias, em condições desfavoráveis de temperatura e umidade (Pereira et al., 2008). A fase parasitária tem início com a fixação das larvas infestantes no hospedeiro bovino, onde co-meçam alimentando-se de linfa e, em torno do oitavo dia após a fixação, sofrem a primeira muda e liberam as ninfas, que se alimentam de sangue e sofrem nova muda, liberando as metaninfas (Pereira et al., 2008).

A partir desta fase começa a diferenciação sexual. Os machos ainda jovens são denominados neandros e

gonandros, e se tornam adultos 15 dia após a fixação; são menores que as fêmeas e percorrem todo o corpo do animal, alimentando-se de sangue e fecundando várias fêmeas. A fêmea jovem é denominada neógina e, ao redor do 18° dia, quando apresenta maturidade sexual, denomina-se partenógina. Após a fecundação, a fêmea continua se alimentando de sangue, ingur-gitando-se totalmente ao fim do período parasitário, quando passa a ser denominada teleógina, se despren-dendo do animal em torno do 21° dia. A teleógina cai então no solo para iniciar a postura (Furlong, 2005). Segundo Riek (1957) e Pereira et al. (2008), teleó-ginas podem ingerir de 1 a 3 mL de sangue durante sua vida parasitária, e transformam cerca de 60% de sua massa corporal em ovos, que em média chegam a 3.000 unidades por fêmea. Um grama de ovos de R. (B.) microplus contém cerca de 20.000 ovos (Pereira et al., 2008).

As características morfológicas de R. (B.) micro-plus são: corpo pequeno sem ornamentação no es-cudo, capítulo hexagonal, coxas com dois espinhos curtos em ambos os sexos, aparelho bucal curto, hi-postômio mais longo que os palpos com placas res-piratórias circulares, sulco anal e festões ausentes. Os machos possuem quatro placas adanais longas e seu corpo termina em uma ponta aguda denomina-do prolongamento caudal, nas fêmeas o corpo termi-na normalmente em forma arredondada. Os machos apresentam coloração castanho-avermelhada, e as teleóginas coloração cinza chumbo (Aeschlimann e Morel, 1965).

Importância do carrapato: transmissão de doenças, hematofagia, perdas econômicas

Entre os ectoparasitos dos bovinos, o carrapato Rhipicephalus (Boophilus) microplus continua sen-do uma das principais causas das perdas econômicas na pecuária (Giovana et al., 2009). Além dos danos provocados na pele, são vetores de patógenos causa-dores de várias doenças (Brown et al., 2006; Jonsson, 2006; Jonsson et al., 2008), sendo que cada teleógina é capaz de causar a perda de aproximadamente 1 g de peso vivo e de 10 mL de leite em vacas em lactação (Jonsson, 2006).

A dependência do carrapato com relação à ingestão de sangue dos bovinos acarreta diversos problemas ao animal. A saliva do ácaro possui substâncias com mecanismo anticoagulante, anti-inflamatório, imunos-supressor e inibidor do sistema complemento, interfe-rindo na cascata de coagulação e reação inflamatória do hospedeiro (Oliveira et al., 2011). O grau de infla-mação varia de acordo com a sensibilidade do animal e o nível de infestação. O sangue ingerido sofre ação de substâncias hemolíticas presentes no tubo digestivo do carrapato; a fração heme da hemoglobina é liberada, pois o carrapato não é capaz de metabolizar esta fra-

Page 3: Resistência do carrapato Rhipicephalus (Boophilus ... · as ninfas, que se alimentam de sangue e sofrem nova muda, liberando as metaninfas (Pereira et al., 2008). ... nas hemácias

Raynal J. et al. RPCV (2015) 110 (593-594) 23-29

25

ção, que é transportada pelas lipoproteínas da hemo-linfa para os tecidos do carrapato (Maya-Monteiro et al., 2000). Protozoários Babesia spp podem estar pre-sentes na saliva do carrapato e, durante a ingestão de sangue, podem ser inoculados nos bovinos, penetrando nas hemácias e causando a patologia denominada ba-besiose (Willadsen, 2006).

No Brasil, o rebanho bovino é composto de raças taurinas, zebuínas e mestiças com diferentes graus de sangue, o que confere aos animais diferentes sus-ceptibilidades ao desenvolvimento das fases parasi-tárias deste carrapato, e o território nacional também apresenta variações climáticas muito propicias à so-brevivência e desenvolvimento dos seus estágios não parasitários (Cordovés, 1997). Além disso, a falta de conhecimento do ciclo parasitário e dos mecanismos de ação dos carrapaticidas onera ainda mais os custos e consequentemente diminui o lucro da produção pecu-ária, bem como aumenta a endemicidade do carrapato em algumas regiões. Perdas econômicas causadas pelo carrapato bovino nas áreas tropicais e subtropicais da América Central e do Sul foram estimadas em 7 bi-lhões de dólares (FAO, 2004).

Compostos químicos acaricidas

Os acaricidas passaram a ser usados de forma siste-mática a partir de 1896 (Angus, 1996), iniciando dessa forma o controle químico do carrapato e o desenvolvi-mento de resistência. Após 1937, com o surgimento da resistência dos carrapatos ao arsênico, o risco à saúde inerente ao contato com essas substâncias, e as preo-cupações relacionadas a resíduos, fez-se necessário o desenvolvimento de novos produtos, começando pelos organoclorados em 1946, ciclo dienos e toxafeno em 1947, formamidinas em 1975, piretróides em 1977 e lactonas macrocíclicas em 1981 (George et al., 2008).

Carrapaticidas de contato

São aplicados por meio de pulverização, imersão ou pour on, e são divididos em cinco grupos: organofos-forados, amidinicos, piretróides sintéticos, fenilpirazo-les e tretanortriterpenóides. Organofosforados são um dos grupos mais antigos de carrapaticidas, sendo ainda comercializados, e foram desenvolvidos inicialmente em 1946 (George et al., 2008). Apareceram comer-cialmente em torno de 1955 para substituir os orga-noclorados, como DDT (dimetil-difenil-tricloroetano) e BHC (benzeno-hexaclorito), os quais apresentavam alta toxicidade (Wassermann et al., 1970), resistência em diferentes es pécies de carrapatos e relatos quanto a sua persis tência no ambiente e acumulação na gordura corporal de animais (George et al., 2008). Muitos pro-dutores não mais utilizam esses produtos, por acreditar que exista resistência extensa dos carrapatos a eles, e

porque os grupos mais novos, pelo seu maior poder residual, permitam maior intervalo entre as pulveriza-ções, gerando menores gastos. Organofosforados estão disponíveis comercialmente no mercado, entretanto a maioria dos produtos dessa família está em associação com piretróides, o que provocou aumento da vida útil do produto; essa associação tem demonstrado aumento da eficiência quando comparada ao uso de uma única substância. (Furlong, 2005). Sabe-se que o mecanismo da resistência aos organofosforados tem relação com a insensibilidade a acetilcolinesterase (Foil et al., 2004; Temeyer et al., 2010), com o aumento do metabolismo das esterases localizadas no tegumento de teleóginas resistentes, e com a superexpressão dessas enzimas em larvas (Villarino et al., 2001); o citocromo P450 também mostrou ter um papel nesse processo de esta-belecimento de resistência (Li et al. 2003; Guerrero et al., 2007). No Brasil a resistência a organofosforados começou a ser descrita desde 1968 (Shaw et al., 1968).

Amidínicos é o grupo de carrapaticidas que sucedeu os organofosforados, e possuem poder residual maior (14 dias), o que permite intervalos maiores entre trata-mentos. Os mecanismos de resistência ainda não são claros, mas sabe-se que carrapatos resistentes aumen-tam a atividade enzimática de esterases e glutationa-S-transferase (Li et al., 2004); acredita-se que o mecanis-mo de resistência seja baseado na insensibilidade do sítio de ligação dos receptores de octopaminaoxidase, de monoamina e alfa-2-adreno (Jonsson e Hope, 2007; LI, 2004). Atualmente é um dos compostos mais co-mercializados no mercado, sendo amplamente aceitos pelos produtores, apesar de já ser comprovada a resis-tência (Furlong, 2005).

Piretróides sintéticos foram desenvolvidos em busca de um produto que tivesse menor toxicidade e perma-necesse mais tempo sobre o pelo e a pele dos animais (maior poder residual). São muitas as variações de pi-retróides sintéticos, embora os produtos mais comuns sejam originários principalmente da deltametrina e ci-permetrina. (Furlong, 2005). Essa família também se caracteriza por facilitar a ativação do canal de sódio, atuando no potencial de repouso normal, inibindo a sua inativação, provocando falhas no fechamento dos canais, mas curiosamente uma pesquisa com três po-pulações resistentes no Mato Grosso do Sul não encon-trou uma mutação relacionada a esse fato (Andreotti et al., 2011). Fisiologicamente, a membrana tornar-se-ia hiperexcitável e o potencial de ação seria prolongado. Inicialmente ocorrem descargas espontâneas, mas as células eventualmente ficam permanentemente despo-larizadas e inexcitáveis. Todas estas substâncias afetam o coração do carrapato, produzindo extrassístoles e outras arritmias, culminando em fibrilação, descargas espontâneas no sistema nervoso e no músculo, acarre-tando espasmos e convulsões (Rang et al, 2004). Baffi et al. (2005) também descreveram a resistência rela-cionada à atividade da esterase. Quando aplicados sob a forma de pulverização, os piretróides não apresentam

Page 4: Resistência do carrapato Rhipicephalus (Boophilus ... · as ninfas, que se alimentam de sangue e sofrem nova muda, liberando as metaninfas (Pereira et al., 2008). ... nas hemácias

Raynal J. et al. RPCV (2015) 110 (593-594) 23-29

26

grande poder residual, devendo obedecer a um interva-lo de tratamento sugerido de 21 dias. Com aplicação “pour on”, o período residual é de sete dias. A resistên-cia aos piretróides no Brasil foi inicialmente relatada por Leite (1988) no Rio de Janeiro.

Fenilpirazoles são aplicados na forma de pour on, e atuam sobre o sistema nervoso dos carrapatos, blo-queando os impulsos nervosos, paralisando-os pelo bloqueio dos canais de cloro regulados pelo ácido ga-ma-aminobutírico (GABA) nos neurônios do sistema nervoso central, e também atuando nos canais depen-dentes de glutamato (Zhao et al., 2004). Tem a desvan-tagem da proibição de uso nos animais em lactação. R. (B.) microplus resistentes ao fipronil (fenilpirazole) no Brasil foram relatados no estado de São Paulo por Castro-Janer et al. (2010), e por Raynal et al. (2013) no estado da Bahia.

Extraída das folhas e sementes da planta neem (Azadirachta indica), a azadirachtina, do grupo dos te-tranortriterpenóides, é a substância ativa responsável pelos efeitos da planta sobre artrópodes em geral. Ela é formada por um grupo de isômeros relacionados deno-minados AZ-A até AZ-G, sendo o AZ-E considerado o mais efetivo regulador de crescimento em insetos. Tem ações repelentes, inibidora do crescimento, redutora da fertilidade, além de causar distorções na metamorfose (Schmutterer, 1990). Por não ter ação fitotóxica, sendo praticamente atóxica ao homem e não deixando resí-duos no meio ambiente, além de possuir largo espectro de ação, tem demonstrado ser promissora no controle de diversas espécies de artrópodes (Saber et al., 2004; Barnard e Xue, 2004).

Carrapaticidas sistêmicos

São carrapaticidas aplicados por meio de injeções ou pour on. O princípio ativo é metabolizado pelo or-ganismo e distribuído a todo o corpo do animal trata-do, sendo ingerido pelos carrapatos através do sangue (Furlong, 2005).

As lactonas macrocíclicas avermectinas e milbemi-cinas produziram grande revolução no mercado mun-dial dos antiparasitários, por apresentarem maior po-der residual e ser eficientes também contra helmintos e miíases, sendo por isso chamados de “endectocidas” (Furlong, 2005). São derivadas de produtos obtidos com a fermentação do fungo Streptomyces avermitilis (Burg et al., 1979). Tem um modo de ação que envolve canais dependentes de glutamato, e eventualmente a modulação de canais GABA-bloqueados. Animais em lactação ou 30 dias antes do abate não podem ser tra-tados com este principio ativo, em função do nível de resíduos que permanece no leite e na carne (Furlong, 2005), com exceção da eprinomectina (Coumendouros et al., 2003). O isolamento de uma cepa resistente à ivermectina foi realizado no estado de São Paulo, Brazil (Klafke et al., 2006, 2010, 2012).

As benzofeniluréias, ou inibidores do crescimento, têm a capacidade de inibir a síntese do maior compo-nente da cutícula do carrapato, a quitina, e o subgrupo utilizado no controle do carrapato chama-se fluazuron. Ele impede que os carrapatos mudem de fase e cres-çam, além de impossibilitar a eclosão das larvas, con-trolando a população de carrapatos na pastagem. De maneira semelhante aos derivados das lactonas macro-cíclicas, também não podem ser utilizados nos animais em lactação. Os produtos representantes deste grupo são aplicados na forma pour on (Furlong, 2005).

A resistência

A resistência a inseticidas tem sido considerada como o principal problema no controle de pragas em programas da agricultura, pecuária e saúde pública. O controle químico do carrapato tem se caracterizado pelo aumento continuo da resistência, com consequen-te aumento na frequência da aplicação de acaricidas e presença de resíduos desses produtos no leite e na carne (Vargas et al., 2003; Campos Júnior e Oliveira, 2005). Para ser licenciada no Brasil, uma base química carrapaticida deve possuir eficiência igual ou superior a 95% sobre uma cepa sensível de R. (B.) microplus (Ministério da Agricultura, 1987). Com o decorrer do uso de um produto químico, alguns carrapatos da po-pulação sobrevivem. Observa-se que já existem na po-pulação de carrapatos a campo alguns indivíduos natu-ralmente resistentes, cerca de um em cada um milhão de indivíduos, antes mesmo da aplicação do fármaco, e o uso frequente do produto seleciona indivíduos resis-tentes da população, sendo esse processo chama do “es-tabelecimento do alelo resistente”. Diversos mecanis-mos de resistência foram sendo desenvolvidos como estratégia de sobrevivência pelo carrapato (Freitas et al., 2005).

Populações com diferentes características genéticas e diferentes graus de resistência aumentam pelo uso de carrapaticidas. Tais características adquiridas variam desde a redução do poder de penetração do pesticida, ao aumento do poder sequestrante de molé culas tóxi-cas, ou mesmo insensibilidade aos princípios ativos, além do aumento da detoxificação celular (Oakeshott et al., 2003). Desta forma, os pesticidas utilizados fi-cam defasados em curto espaço de tempo, tornando-se necessário aumentar a concentração de uso, mudar o princípio ativo ou combiná-los (Sutherst et al., 1983).

Bases genéticas da resistência dos animais aos carrapatos

R. (B.) microplus tem conseguido desenvolver re-sistência a grande maioria dos produtos utilizados no controle de carrapato (Bianchi et al., 2003). Introduzir meios alternativos de controle do carrapato, tais como

Page 5: Resistência do carrapato Rhipicephalus (Boophilus ... · as ninfas, que se alimentam de sangue e sofrem nova muda, liberando as metaninfas (Pereira et al., 2008). ... nas hemácias

Raynal J. et al. RPCV (2015) 110 (593-594) 23-29

27

uma melhor rotação de pastagem, e criação de raças zebuínas (Bos taurus indicus) ou sintéticas (Frisch, 1999), as quais são cruzamentos entre zebuínos e tau-rinos (Bos taurus), podem auxiliar decisivamente na diminuição da população de ectoparasitos em uma de-terminada área.

Raças zebuínas provavelmente desenvolveram a re-sistência por seleção natural, por conviverem a milha-res de anos com o R. (B.) microplus. Presume-se que as raças que durante seu período evolutivo estiveram em contato com os carrapatos acumularam grande quanti-dade de genes de pequeno efeito, e essa forma de resis-tência poligênica acumulada promoveu resposta rápida e efetiv, levando então às raças bovinas de moderada a alta resistência (Frisch, 1999). Riek (1957) descreveu dois mecanismos de resistência: (1) a inata, presente no animal na primeira infestação, e (2) a adquirida, que surge após a exposição do animal a algumas infesta-ções por carrapatos. As bases moleculares da resistên-cia são delineadas em três tipos principais: aumento da expressão de genes ou aumento da atividade de enzimas envolvidas em metabolismo de xenobióticos/detoxificadores, mutações em neurotransmissores e mutações em canais de sódio (Martin et al, 2003).

Métodos para aferição de resistência de carrapatos a acaricidas

Existem vários testes para diagnóstico da resistência aos acaricidas, podendo-se citar:

- Teste pacote larval (LPT) (Stone e Haydock, 1962), no qual os resultados para o diagnóstico da resistên-cia de R. (B.) microplus demoram cerca de seis sema-nas, sendo baseado em protocolos do Commonwealth Scientific and Industrial Research Organization (CSIRO) e o Queensland Department of Primary Industries (DPI), da Austrália. Neste ensaio, são sepa-radas 100 larvas por grupo teste em triplicata, as quais são colocadas em envelopes de papel filtro, imersos em acaricidas, e então sendo incubados em estufa a uma temperatura de 27-28°C e 70-80% de umidade relativa durante 24 h. Após isso, é feita observação usando mi-croscópio óptico, onde são registrados os números de larvas vivas e mortas, bem como as larvas que imóveis, consideradas como mortas.

- Teste de imersão larval (LIT) (Shaw, 1966), o qual não é utilizado amplamente para diagnóstico de resis-tência, pois os resultados podem levar muito tempo para ficarem prontos. É realizado com aproximada-mente 100 ovos (0,005g) acondicionados em envelo-pes de tecido TNT (1,0cm X 1,5cm). Os envelopes são incubados em temperatura de 27-28ºC e 70-80% de umidade relativa por 14 dias, até a eclosão dos ovos. Após mais 14 dias de incubação, os envelopes conten-do as larvas são submersos por 5 minutos em 10mL das soluções-teste de acaricidas. Após a evaporação do solvente, os envelopes são incubados em temperatura

de 27-28ºC e 70-80% de umidade relativa por 48h. Larvas (vivas e mortas) são contadas para avaliar o percentual de mortalidade. Normalmente os testes são feitos em triplicatas.

- Teste de imersão de adultos (AIT), o qual é aplicado em teleóginas ingurgitadas, descrito por Drummond e colaboradores (1971). São coletadas teleóginas direta-mente de bovinos, que são separadas de forma equitati-va em pelo menos 20 fêmeas por grupo, e cada grupo é imerso em uma solução-teste de compostos acaricidas por 5 minutos, sendo depois secas e colocadas em es-tufa BOD, onde ficam em uma temperatura de 27-28ºC e 70-80% de umidade relativa por 14 dias. A massa de ovos é pesada e retorna para a estufa BOD nas mesmas condições por mais 30 dias, para que ocorra a eclosão, sendo realizada pesagem das larvas após esse período.

Controle

A eficiência do sistema estratégico nas propriedades rurais varia em função de muitos fatores: número de car-rapatos na pastagem, a altura do pasto, tipo e lotação da pastagem, maior ou menor grau de sangue europeu do rebanho, como será aplicado o produto e, principalmen-te, a resistência das populações de carrapatos aos car-rapaticidas (Campos Júnior e Oliveira, 2005). Quando bem-feito, será sempre mais eficiente que o método de combate tradicional, baseado apenas na aplicação de acaricidas, dependendo do número de carrapatos visu-alizados nos animais (Furlong, 2005).

Para contornar a desvantagem da realização de tra-tamentos em épocas de chuva, uma das alternativas é programar banhos ou tratamentos com intervalos me-nores. Desta forma, caso chova no dia marcado para a aplicação, será possível retardar o tratamento dos ani-mais, que deve acontecer antes do intervalo máximo de 22 dias. Uma alternativa é deixar os animais sob uma cobertura protegidos da chuva, no mínimo por duas horas após o tratamento. Os carrapaticidas usados em imersão ou pulverização matam os carrapatos por contato, e o tempo de duas horas (sem tomar chuva) é suficiente para que os ectoparasitas se intoxiquem e morram; deve-se também aplicar os produtos no final da tarde para evitar perder eficiência em função de uma possível volatilidade do produto em contato com o sol intenso, bem como intoxicação dos animais. No caso de produtos “pour-on” ou injetáveis, tal procedimento não é necessário. As larvas começam a subir nos ani-mais mais cedo do que o esperado, por conta da lava-gem do produto pela chuva, mas isso não impedirá que morram no próximo tratamento, não interferindo no sucesso do esquema estratégico (Furlong, 2005).

A associação entre prudência e racionalidade no uso dos carrapaticidas disponíveis, com as alternativas de controle adequadas, leva a redução das perdas econô-micas e a um mínimo impacto ambiental (FAO, 2003). Dentre as regiões de um mesmo país, existem áreas que

Page 6: Resistência do carrapato Rhipicephalus (Boophilus ... · as ninfas, que se alimentam de sangue e sofrem nova muda, liberando as metaninfas (Pereira et al., 2008). ... nas hemácias

Raynal J. et al. RPCV (2015) 110 (593-594) 23-29

28

apresentam dificuldades no controle do carrapato, em função da diversidade do uso da terra para a agricultura e pecuária, além da periodicidade de chuvas e umidade relativa. Por isso, um controle satisfatório deve levar em consideração características do hospedeiro, do parasita, e do meio ambiente onde os mesmos estão inseridos.

Considerações finais

A avaliação da resistência do R. (B.) microplus a aca-ricidas, associada a métodos de controle adequados e a situação climática de cada propriedade, podem fa-zer com que novos casos de resistências se instalem de forma mais lenta, e que perdas econômicas causadas pela ação direta e indireta do carrapato sejam reduzi-das. Dessa forma, espera-se um aumento da margem de lucro do sistema pecuário, o qual tem se tornado cada vez mais competitivo e exigindo dos animas uma máxima eficiência. Para isso, os pecuaristas devem ser assessorados por médicos veterinários que possam in-terpretar estes fatores de forma adequada, e traçar es-tratégias para que os objetivos de controle do carrapato sejam alcançados.

Bibliografia

Aeschlimann A, Morel PC (1965). Boophilus geigyi (Acarina: Ixodoidea) une nouvelle tique du bétail de l’Ouest Africain. Acta Trop, 22, 162-168.

Andreotti R, Guerrero FD, Soares MA, Barros C, Miller RJ, Pérez de León AA (2011). Acaricide resistance of Rhipicephalus (Boophilus) microplus in State of Mato Grosso do Sul, Brazil. Rev Bras Paras Vet, 20, 127-133.

Angus BM (1996). The history of the cattle tick Boophilus microplus in Australia and achievement in its control. Int J Parasit, 12, 1341-1355.

Baffi MA, Pereira CD, Souza GRL, Bonetti AM, Ceron CR, Goulart RL (2005). Esterase profile in a pyrethroid-resis-tant Brazilian strain of the cattle tick Boophilus microplus (Acari, Ixodidae). Genet Mol Biol, 28, 749-753.

Barnard DR, Xue RD (2004). Laboratory evaluation of mos-quito repellents against Aedis albopitus, Culex nigripalpus, and Ochierotatus triseriatus (Diptera: Culicidae). J Econ Entomol, 4, 726-30.

Bianchi MW, Barré N, Messad S (2003). Factors related to cat-tle infestion level and resistance to acaricides in Boophilus microplus tick populations in New Caledonia. Vet Parasitol, 112, 75–89.

Brown WC, Norimine J, Knowles DP, Goff WL (2006). Immune control of Babesia bovis infection. Vet Parasitol, 138, 75-87.

Burg R, Miller BM, Baker EE, Birnbaum EE, Currie SA, Hartman R, Kong YL, Monaghan RL, Olson G, Putter RI, Tunac JB, Wallik H, Stapley EO, Oiwa R, Omura S (1979). Avermectins, new family of potent anthelmintic agents, producing organism and fermentation. Antimicrob Agent Chem, 15, 361-367.

Campos Júnior DA, Oliveira PR (2005). Avaliação in vi-tro da eficiência de acaricidas sobre Boophilus microplus

(Canestrini, 1887) (Acari: Ixodidae) de bovinos no muni-cípio de Ilhéus, Bahia, Brasil. Cienc Rur, 35, 1386-1392.

Castro-Janer E, Martins JR, Mendes MC, Namimdone A, Klafke GM, Schumaker TTS (2010). Diagnoses of fi-pronil resistance in Brazilian cattle ticks (Rhipicephalus (Boophilus) microplus) using in vitro larval bioassays. Vet Parasitol, 173, 300-306.

Cordovés CO (1997). Carrapato: controle ou erradicação. Guaíba Agropecuária (Porto Alegre).

Coumendouros K, Tancredi IP, Scott FB, Martins IVF, Sant’Anna FB, Grisi L (2003). Eficácia anti-helmíntica da eprinomectina no controle de nematóides gastrintestinais de bovinos. Rev Bras Parasitol Vet, 12, 121-124.

Curtice (1891). The biology of the cattle tick. J Comp Medi Vet Arch, 12, 313-31.

Drummond RO, Gladney WJ, whetstone TM, Ernst SE (1971) Laboratory Testing of Insecticides for Control of the Winter Tick. J Econ Entomol, 64, 686-688.

FAO (2003). Resistencia a los antiparasitarios: Estado actual con énfasis en América Latina. FAO (Roma).

FAO (2004). Guidelines resistance management and integra-ted parasite control in ruminants. FAO (Roma).

Foil LD, Coleman P, Eisler M, Fragoso-Sanchez H, Garcia-Vazquez Z, Guerrero FD, Jonsson NN, Langstaff IG, Li AY, Machila N, Miller RJ, Morton J, Pruett JH, torr S (2004). Factors that influence the prevalence of acaricide resistance and tick-borne diseases. Vet Parasitol, 125, 163-181.

Fortes E (2004). Parasitologia veterinária. Ícone (São Paulo).Freitas DRJ, Pohl PC, Vaz Jr IS (2005). Caracterização da re-

sistência para acaricidas no carrapato Boophilus microplus. Act Scient Vet, 33, 109-117.

Frisch JE (1999). Towards a permanent solution for controlling cattle ticks. Int J Parasitol, 29, 51-71.

Furlong J (2005). Carrapato problemas e soluções. Embrapa Gado de Leite (Juiz de Fora).

George JE, Pound JM, Davey RB (2008). Acaricides for controlling ticks on cattle and the problem of acaricide re-sistance. In: Ticks: biology, disease and control. Editores: Bowman AS, Nuttall PA. Cambridge University Press (Cambridge), 415-416.

Giovana C, Vogel FF, Sangioni LA, Cadore GC, Ferrari R (2009). Eficiência in vitro de acaricidas sobre carrapato de bovinos no Estado do Rio Grande do Sul, Brasil. Cienc Rur, 39, 490-495.

Guerrero FD, Bendele KG, Chen AC, Li AY, Miller RJ, Pleasance E, Varhol R, Rousseau ME, Nene VM (2007). Serial analysis of gene expression in the southern cattle tick following acaricide treatment of larvae from orga-nophosphate resistant and susceptible strains. Insect Mol Biol, 16, 49-60.

Hoogstraal H (1985). Argasid and nutaeliellid ticks as parasi-tes and vectors. Adv Parasitol, 24, 136-220.

Jonsson NN (2006). The productive effects of cattle tick (Boophilus microplus) infection on cattle, with particular re-ference to Bos indicus cattle and their crosses. Vet Parasitol, 137, 1-10.

Jonsson NN, Bock RE, Jorgensen WK (2008). Productive and health effects of anaplasmosis and babesiosis on Bos indicus cattle and their crosses, and effects of differing intensity of tick control in Australia. Vet Parasitol, 155, 1-9.

Jonsson NN, Hope M (2007). Progress in the epidemiolo-gy and diagnosis of amitraz resistance in the cattle tick Boophilus microplus. Vet Parasitol, 146, 193-198.

Page 7: Resistência do carrapato Rhipicephalus (Boophilus ... · as ninfas, que se alimentam de sangue e sofrem nova muda, liberando as metaninfas (Pereira et al., 2008). ... nas hemácias

Raynal J. et al. RPCV (2015) 110 (593-594) 23-29

29

Klafke GM, Albuquerque GM, Albuquerque GM, Miller RJ, Schumaker TTS (2010) Selection of an ivermectin-resis-tant strain of Rhipicephalus microplus (Acari: Ixodidae) in Brazil. Vet Parasitol, 168, 97-104.

Klafke GM, Castro-Janer E, Mendes MC, Namindone A, Schumaker TTS (2012). Applicability of in vitro bioassays for the diagnosis of ivermectin resistance in Rhipicephalus microplus (Acari: Ixodidae). Vet Parasitol, 184, 212-220.

Klafke GM, Sabatini GA, Abuquerque TA, Martins JR, Kemp DH, Miller RJ, Schumaker TTS (2006). Larval immer-sion tests with ivermectin in populations of the cattle tick Rhipicephalus (Boophilus) microplus (Acari: Ixodidae) from State of São Paulo, Brazil. Vet Parasitol, 142, 386-390.

Koch CL (1844). Systematische Übersicht über die Ordnung der Zecken. Arch Naturg, 217-239.

Lempereur L, Geysen D, Madder M (2010). Development and va-lidation of a PCR–RFLP test to identify African Rhipicephalus (Boophilus) microplus ticks. Act Trop, 114, 55-58.

Li AY (2004). Status of resistance to acaricides in Mexican strains of the Southern cattle Tick, Boophilus microplus (Acari: Ixodidae). Resist Pest Manag Newslet, 13, 12-17.

Li AY, Davey RB, Miller RJ, George JE (2004). Detection and characterization of amitraz resistance in the southern cattle tick Boophilus microplus (Acari: Ixodidae). J Med Entomol, 41, 193-200.

Li AY, Davey RB, Miller RJ, George JE (2003). Resistance to coumaphos and diazinon in Boophilus microplus (Acari: Ixodidae) and evidence for the involvement of an oxidative detoxification mechanism. J Med Entomol, 40, 482-490.

Martin T, Ochou OG, Vaissayre M, Fournier D (2003). Oxidases responsible for resistace to pyrethroids sensiti-ze Helicoverpa armigera (Hubner) to triazophos in West Africa. Insect Biochem Mol Biol, 9, 883-887.

Martinez ML, Silva MVGB, Machado MA, Teodora RL (2004). A biologia molecular como aliada no combate aos carrapatos. In: Simpósio da Sociedade Brasileira de Melhoramento Animal. Anais (Pirassununga), p.1-3.

Maya-Monteiro CM, Dafre S, Logullo C, Lara FA, Alves EW, Capurro ML (2000). Help a heme lipoprotein from the hemolymph of the cattle tick, Boophilus microplus. J Biol Chem, 275, 365-849.

Ministério da Agricultura (1987). Normas para registros de parasiticidas de uso pecuário na Brasil. Ministério da Agricultura do Brasil (Brasília), 19p.

Murrell A, Barker SC (2003). Synonymy of Boophilus Curtice, 1891 with Rhipicephalus Koch, 1844 (Acari: Ixodidae). System Parasitol, 56, 169–172.

Oakeshott JG, Home I, Sutherland TD, Russell RJ (2003). The genomics of insecticide resistance. Genom Biol, 4, 1-4.

Oliveira, CJF, Sá-Nunes A, Francischetti IMB, Carregaro V, Anatriello E, Silva JS, Miranda Santos IKF, Ribeiro JMC (2011). Deconstructing Tick Saliva: Non-protein molecules with potent immunomodulatory properties. J Biol Chem, 286, 10960–10969.

Patarroyo, JH, Portela RW, De Castro RO, Couto Pimentel J, guzman F, Patarroyo Me, Vargas MI, Prates AA, Dias Mendes MA (2002). Immunization of cattle with synthetic peptides derived from the Boophilus microplus gut protein (Bm86). Vet Immunol Immunopathol, 88, 163-172.

Pereira JR (2006). Eficácia in vitro de formulções comerciais de carrapaticidas em teleóginas de Boophilus microplus co-letadas de bovinos leiteiro do Vale do Paraíba, Estado de São Paulo. Rev Bras Parasitol Vet, 15, 45-8.

Pereira MC, Labruna MB, Szabó MPJ, Klafke GM (2008). Rhipicephalus (Boophilus) microplus: Biologia, controle e resistência. MedVet (São Paulo).

Rang HP, Dale MM, Ritter JM, Moore PK (2004). Farmacologia. Elsevier (Rio de Janeiro).

Raynal JT, Silva AAB, Sousa TJ, Bahiense TC, Portela RW (2013). Acaricides efficiency on Rhipicephalus (Boophilus) microplus from Bahia state North-Central re-gion. Rev Bras Parasitol Vet, 22, 71-77.

RIEK RF (1957). Studies on the reactions of animals to in-festation with ticks. I. Tick anaemia. Aust J Agricul Res, 8, 209–214.

Saber MM, Hejazi MJ, Hassan SA (2004). Effects of azadirachtin on different stags adult life table para-meters of Trichogramma cacoeciae (Hymenoptera: Trichogrammatidae). J Econ Entomol, 97, 905-10.

Santana BB, Ramos RAN, Santana MA, Alves LC, Carvalho GA (2013). Susceptibility of Rhipicephalus (Boophilus) microplus (Acari: Ixodidae) to pyrethroids and their asso-ciations in Pernambuco, Brazil. Rev Bras Parasitol Vet, 22,

276-280. Schmutterer H (1990). Properities and potencial of natu-

ral pesticides from nim tree, Azadirachta indica. An Rev Entomol, 35, 271-297.

Shaw N, Smith PF, Koostra WL (1968). The Glycolipids of Lactobacillus casei A.T.C.C. 7469 (1968). Biochem J, 107, 329.

Shaw RD (1966). Culture of an organophosphorus resistant strain of B. microplus (Can.) and an assessment of its resis-tance spectrum. Bull Entomol Res, 56, 389-405.

Stone BF, Haydock KP (1962). A method for mea-suring the acaricide susceptibility of the cattle B. microplus(Can.). Bull Entomol Res, 53, 563-578.

Sutherst RW, Maywald GF, Kerr JD, Siegeman DA (1983). The effect of the cattle tick (Boophilus microplus) on the growth of Bos indicus x Bos taurus steers. Aust J Agric Res, 34, 317-327.

Temeyer KB, Pruett JH, Olafson PU (2010). Baculovirus expression, biochemical characterization and organo-phosphate sensitivity of rBmAChE1, rBmAChE2, and rBmAChE3 of Rhipicephalus (Boophilus) microplus. Vet Parasitol, 172, 114-121.

Vargas M, Céspedes NS, Sánchez HF, Martins JR, Cépedes CO (2003). Avaliação in vitro de uma cepa de campo de Boophilus microplus (Acari : Ixodidae) resistente à Amitraz. Cienc Rur, 33, 737-742.

Villarino MA, Waghela SD, Wagner GG (2001). Histochemical localizations on esterases in integument of the female Boophilus microplus (Acari: Ixodidae) tick. J Med Entomol, 38, 780-782.

Wasserman M, Wassermann D, Lazarovici S, Coetzee LAM, Tomatis L (1970). Present state of the storage of the orga-nochlorine insecticides in the general population of South Africa. Suid-Afrik South Afric Med Tyds, 646-648.

Willadsen P (2006). Tick control: thoughts on a research agenda. Vet Parasitol, 138, 161-168.

Zhao X, Yeh JZ, Salgado VL, Narahashi T (2004). Fipronil is a potent open channel blocker of glutamate-activated chlori-de channels in cockroach neurons. J Pharmacol Experimen Therap, 310, 192-201.