renascimento, classicismo e humanismo

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Page 1: Renascimento, Classicismo e Humanismo

Humanismo, Classicismo e Renascimento

Os Lusíadas,

Trabalho realizado no âmbito da disciplina de Português pelos alunos Catarina

Domingues (nº8), Catarina

(nº23) e Vânia Teixeira (nº

Humanismo, Classicismo e Renascimento

Os Lusíadas, contextualização da obra

Trabalho realizado no âmbito da disciplina de Português pelos alunos Catarina

Domingues (nº8), Catarina Mateus (nº9), Gisela Baptista (nº13), Pedro Serrano

) e Vânia Teixeira (nº25) da turma A do 12º ano.

Humanismo, Classicismo e

Trabalho realizado no âmbito da disciplina de Português pelos alunos Catarina

), Pedro Serrano

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Índice

Página

Introdução_____________________________________________3

Humanismo_____________________________________________4

Classicismo_____________________________________________6

Renascimento___________________________________________8

Renascimento em Portugal___________________________11

A Literatura Renascentista em Portugal_________________13

Luís Vaz de Camões_____________________________________17

Os Lusíadas____________________________________________19

Conclusão_____________________________________________21

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Introdução

Como introdução ao estudo da obra Os Lusíadas de Luís de Camões,

o nosso grupo desenvolveu as três principais correntes que

influenciaram o autor: o Humanismo, o Classicismo e o

Renascimento.

Ao último dos três temas, o Renascimento, estão anexados dois

subtemas para que melhor se possa perceber a ligação com a obra

que irá ser estudada. Assim, também O Renascimento em Portugal

e O Renascimento na Literatura Portuguesa serão abordados.

Por fim, segue uma pequena biografia do autor, Luís Vaz de Camões

onde serão apontados os momentos mais marcantes na sua vida; e

uma análise à obra em questão na qual se faz a ligação com os

primeiros temas abordados no trabalho, para que seja possível

identificar características humanistas, classicistas e renascentistas

na obra.

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O Humanismo

O Humanismo foi um movimento cultural renascentista que tinha como princípios gerais o

Antropocentrismo e o Classicismo. Com a ajuda da imprensa influenciou áreas como a filosofia,

a literatura e a arte um pouco por toda a Europa (principalmente a Ocidental) durante o

apogeu do Renascimento, em meados do século XV.

O Antropocentrismo é uma doutrina segundo a qual o Homem é tomado como modelo e

referência; como centro do Universo, a medida de todas as coisas. Surge como uma alternativa

ao pensamento Teocêntrico da Idade Média que colocava Deus como elemento central. No

entanto, não se passou a rejeitar a ideia de Deus, esta passou apenas para pensamento

secundário. Esta doutrina contribuiu para o desenvolvimento intelectual e artístico no

Renascimento, promovendo o interesse pelo Homem, as suas características e

potencialidades. Aliadas a esta doutrina surgem outras que se encontram igualmente

presentes na mentalidade dos intelectuais quatrocentistas e nas suas obras, como o

Figura 1: O Homem de Vitrúvio. Figura representativa do Humanismo. “O Homem como a medida de todas as coisas”

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Individualismo e o Racionalismo. O Individualismo da valor ao Homem como individuo, sendo

que o valor que este tem sozinho é maior do que quando se engloba na sociedade; pretendia-

se assim promover a formação da personalidade individual, e a individualização da arte. Assim

os artistas passaram a aplicar o seu génio com rigor conceptual e técnico, guiando-se por

novas regras, novos cânones, e novos temas; deu-se o aparecimento de obras assinadas

criando deste modo uma ligação obra/autor. O Racionalismo por sua vez aludiu ao espírito

crítico que tanto influenciou as obras renascentistas, é exemplo disso a Utopia de Thomas

More.

O espírito e os valores da antiguidade clássica foram a outra grande característica do

Humanismo. O classicismo apareceu como inspiração. A par do classicismo desenvolveu-se a

valorização do presente: promove-se a língua nacional, predominam temas utópicos e de

crítica social e existe uma preocupação com a educação dos jovens que formarão as futuras

gerações. Por exemplo, nas obras de luís de Camões ou Shakespeare podemos identificar o

estilo literário e o reportório mitológico classicistas conjugados com os saberes modernos.

Toma-se a chamada consciência da modernidade. Na formação pessoal, acima da sabedoria

livresca, dá-se importância à experiência pessoal, à razão e ao espírito crítico.

Entre 1440 e 1450, na Alemanha, surge a Imprensa. Esta grande revolução que chega a

Portugal a 1494 será o principal difusor do Humanismo. Com a possibilidade da produção em

massa de livros, dá-se um grande progresso na vida cultural quatrocentista. Não só como meio

facilitador do estudo e do ensino, mas também como meio divulgador e difusor de correntes

culturais, ideias e saberes, a imprensa vai alargar horizontes geográficos e principalmente

culturais.

Deste modo a descoberta da imprensa aliada à incessante busca e leitura de manuscritos e

textos clássicos conduziu à publicação de novos manuscritos e novos textos que contribuíram

para o desenvolvimento de um novo saber e novo ensino. Temos assim a cultura ao serviço da

colectividade.

O Humanismo foi essencialmente desenvolvido por intelectuais, muitas vezes eclesiásticos ou

professores universitários que, visto repudiarem os valores da Idade Média, foram buscar

inspiração aos clássicos. Estes intelectuais são chamados humanistas e liam, traduziam,

comentavam e divulgavam textos clássicos e as sagradas escrituras. Eram, portanto, os

elementos activos na divulgação e no desenvolvimento dos valores humanistas.

São exemplos de humanistas Thomas More, Nicolau Maquiavel, Rebelais, Damião de Góis,

Montaigne e Erasmo de Roterdão. Este último serviu-se da crítica social e da ironia para

procurar recuperar valores cristãos primitivos como a humildade, caridade e fraternidade. Por

sua vez, Montaigne, humanista francês, defendia que as letras deviam enriquecer e adornar

por dentro e que o mais importante é fazer uso da razão para discernir, escolher, julgar e

duvidar das autoridades antigas.

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O Classicismo

O classicismo é um movimento estético renascentista que procura inspiração na antiguidade

clássica greco-romana. Assim como o Renascimento, tem início em Itália no século XV e

estende-se ao século XVI. Teve como principais intervenientes Dante, Petrarca e Boccaccio,

que inspiraram autores como Platão, Aristóteles ou Cícero.

Os textos clássicos foram recuperados e até mesmo recriados com um novo espírito criativo,

crítico e intervencionista. A procura entusiasta de manuscritos clássicos conduziu à

revalorização do ensino de línguas clássicas como o grego, hebreu e latim, visto que a

literatura clássica procurada pelos humanistas se encontrava na língua original. Assim, a

cultura clássica era vista como um instrumento pedagógico e de formação da personalidade do

indivíduo e da moral, promovendo o desenvolvimento das capacidades intelectuais, valores

morais e o conhecimento de si próprio e do mundo exterior.

Figura 2: David de Miguel Ângelo. Figura representativa dos cânones clássicos. “Imitar os clássicos, imitar a natureza”

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Os artistas e arquitectos italianos são influenciados pela arte e arquitectura romana. A Arte

clássica procura o equilíbrio, a harmonia, a proporção e o realismo naturalista tanto na pintura

como na literatura como na música e na arquitectura. Leonardo da Vinci, Rafael e Miguel

Ângelo, entre outros, estudaram a anatomia e o volume para chegarem mais perto das

medidas reais do corpo humano. A temática centrava-se na mitologia clássica, cenas bíblicas,

retrato e nu em que se realçava a natureza e a humanização das figuras religiosas, inventou-se

a perspectiva que dava tridimensionalidade as pinturas.

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O Renascimento

O Renascimento foi um movimento cultural e artístico que se deu entre o séc. XIV e XVI, que

começou em Itália, mais concretamente em Florença e que pôs fim á Idade Média, fazendo a

transição para a Idade Moderna.

Contextualização

Crise do Sistema Feudal e Final da Idade Média

O final da Idade Média deu-se devido a uma série de crises interligadas entre si que foram de

ordem Social, Política, Agrícola e Económica.

Crise na Agricultura e no Comércio

Nos séculos XI, XII e na primeira metade do séc. XIII a utilização de novas terras assim como o

avanço das técnicas permitiram um aumento significativo da produção agrícola e,

consequentemente, a ampliação do mercado. No entanto, na última década só séc. XIII, a

quantidade terras por ocupar era mínima assim como a qualidade das terras ocupadas, uma

vez que estavam saturadas – com baixo teor de nutrientes devido á sua utilização excessiva –

levando a agricultura a entrar numa profunda crise e consequentemente, o mercado.

Juntamente ao decréscimo dos mercados, a falta de moeda foi mais um contributo para a

profunda crise Económica que se deu no final deste século.

Fome e Doenças

Devido á insuficiente produção agrícola e á estagnação do comércio, a fome passou a ser um

grave problema assim como a consequente desnutrição que, juntamente com a falta de

higiene, levou ao início de uma série de surtos epidémicos, entre os quais, a Peste Negra, que

se alastrou por todo o Continente Europeu durante o séc. XIV, sendo responsável pela morte

de cerca de um terço da sua população, ou seja, aproximadamente 75 milhões de habitantes

causando uma enorme crise demográfica.

Conflitos, Guerras e Rebeliões

Paralelamente à fome e à peste, a sociedade feudal do século XIV deparou-se com um grande

número de guerras e revoltas. Das quais a mais importante foi a Guerra dos Cem Anos, entre

França e Inglaterra.

Por fim, um factor fundamental para a quebra das estruturas do sistema feudal foi a longa

série de rebeliões que se formaram dos servos contra os senhores feudais. Ainda que

momentaneamente derrotados, os levantes dos servos foram tornando inviável a manutenção

das relações de servidão. A partir do século XIV as obrigações feudais foram se extinguindo.

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Uma nova maneira de pensar

O Renascimento deu-se em Itália devido ao aparecimento de vestígios da Antiguidade Clássica,

entre os quais, monumentos, ruínas, obras de arte e livros que transmitiam a maneira de

pensar dessa época e que despertaram o interesse de intelectuais, estudiosos, escritores e

artistas e que levaram esses mesmos a questionar os costumes da Idade Média, dando então

preferência á maneira de pensar da Antiguidade Clássica.

Todo este interesse foi apoiado por mecenas que começaram por ser governantes ricos e

burgueses que deram um forte apoio às artes e á cultura criando um meio de sustentabilidade

para artistas, escritores e intelectuais.

Uma nova maneira de pensar tomou posse de várias cidades de Itália, baseada numa nova

visão do homem e do mundo assim como a centralização do poder do homem

(Antropocentrismo) que se opõe aos valores da sociedade da Idade Média onde Deus era a

explicação para todos os acontecimentos (Teocentrismo).

Foram, portanto, impostos novos valores e doutrinas fortemente ligados ao período Clássico e

a toda a sua arte e cultura tais como o Classicismo e o Humanismo (já anteriormente

abordados no trabalho) e o Naturalismo e o Racionalismo.

O Naturalismo foi uma doutrina filosófica e estética que valorizou a observação e a imitação

rigorosa da Natureza. O Racionalismo segue os princípios do Naturalismo embora com a

confirmação necessária por parte da razão de valores ou conhecimentos adquiridos

resultantes da observação da Natureza.

O Homem Ideal

Em conjunto com uma série de avanços a todos os níveis e com a confirmação das capacidades

do Homem dá-se o aparecimento da imposição dos cânones clássicos em todos os aspectos,

incluindo o Homem como cidadão e ser social. É então idealizado o Homem Perfeito e

Completo que cultiva a formação física, intelectual e cívica, utilizando ao máximo todas as suas

capacidades mantendo uma atitude individualista, experiencialista e racionalista assim como

um forte espírito crítico e contributivo para a sociedade.

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Arte

A arte é mais uma das vertentes do renascimento que é fortemente influenciada pelos

cânones clássicos, os quais a centralização do Homem é a base e que sofre uma evolução ao

longo do tempo em que decorre o Renascimento.

É nesta época que se dá a verdadeira e explícita ligação entre a arte e a ciência porque tem

como objectivo a representação rigorosa da natureza e do que é observado embora tudo

passe por um processo racional e matemático que permite ao artista não só representar o que

vê com rigor como lhe permite perceber as formas, as dimensões e as proporções.

Arquitectura

A permanência de vários vestígios arquitectónicos assim como de edifícios nunca deixaram de

influenciar técnica e esteticamente a arquitectura em Itália. No entanto, no Trecento o Gótico

continua a ser a linha dominante e o renascer do classicismo é visível em força no Século

Seguinte devido ao interesse pelas realizações passadas das quais, a grande influência foi a

redescoberta da obra clássica De Architectura, de Vitrúvio que foi usado como uma “Bíblia da

Arquitectura” devido ao facto de conter todos os cânones defendidos pela antiguidade clássica

assim como a explicação racional e matemática para esses mesmos. Nesta obra estão todos os

conceitos de proporção do homem, sublinhando o círculo como a forma perfeita, e

relacionando essa forma e essa proporção com a arquitectura. Foi com Filippo Brunelleschi

que começou a arquitectura classicista embora sem um referencial teórico concreto.

Foi no século XV e início do século XVI, considerado o período do Alto Renascimento, que a

arquitectura renascentista atingiu o seu aos pois respeitava todos os cânones clássicos como a

simetria, a horizontalidade e a proporção. Destaca-se um nome fundamental na arquitectura,

Leon Batista Alberti.

Pintura

A pintura foi outra vertente da arte que foi muito, senão a mais, influenciada pelo

Renascimento, não só em questões temáticas como em questões técnico-formais. Mais uma

vez representa o homem como centro do universo e como ser um racional.

Foi nesta época, na Flandres, que foi inventado o óleo de têmpera que permitiu uma maior

aproximação do real a partir de uma caracterização mais fiável de texturas, claro-escuro e

transparências. Esta nova técnica foi um enorme avanço para a pintura.

São feitos estudos da perspectiva, tentando com que ela fosse a mais rigorosa possível assim

como das proporções do corpo humano em relação aos objectos e dá-se a verdadeira ligação

entre a arte e a ciência. Um dos grandes nomes não só da pintura mas como de outras

disciplinas foi Leonardo Da Vinci que inovou uma série de técnicas, entre as quais, o sfumatto.

Escultura

Na escultura destacam-se nomes como Michelangelo, Verrochio e Ghiberti. Esta segue os

mesmos cânones da pintura e da arquitectura e também teve uma evolução significativa.

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O Renascimento em Portugal

Na sociedade portuguesa fez-se sentir uma grande dinâmica a partir do século XV mas

apesar disso e do contributo que os Descobrimentos portugueses deram para a mudança das

mentalidades e dos esforços dos monarcas na contratação de humanistas o Renascimento

chegou tarde a Portugal.

O Renascimento estendeu-se entre o século XV e o século XVI e a mistura do gótico

com as inovações do século XV deram início ao mesmo. Nesta época intensificaram-se os

contactos com a Europa, o que proporcionou a Portugal receber grandes influências dos

principais centros renascentistas, como por exemplo a Itália e a Flandres. O contacto com

outras civilizações levou a uma cultura mais variada que se reflectiu, principalmente, na arte.

Este contacto proporcionou também inúmeras importações de objectos que não eram muito

comuns em Portugal que levaram ao surgimento de novas formas artísticos resultantes dos

intercâmbios culturais entre a Europa, a África e o Oriente através dos Portugueses.

A base da economia portuguesa estava assente na agricultura, na pesca, na

comercialização do vinho, do sal, da cortiça e da madeira. A estes produtos juntam-se a

comercialização do açúcar, a importação de ouro, do marfim e mais tarde as especiarias

orientais, a seda, entre outros.

A arquitectura renascentista nunca chegaria a impor-se verdadeiramente porque a

influência do gótico prolongou-se pelo período do reinado de D. Manuel e está na origem do

estilo manuelino que foi uma modernização renascentista do gótico, realçando a decoração de

inspiração marítima e ultramarina. No reinado de D. João III é que foram construídos alguns

edifícios renascentistas como a igreja de Nossa Senhora da Graça em Évora.

Apesar do atraso relativamente a outros países, Portugal parecia recuperar, mas

começou a esvair-se numa decadência crescente. A nobreza fez renascer o espírito da cruzada

e vira-se para o combate aos mouros, foi como se recuassem para a Idade Média.

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Figura 3:Igreja de Nossa Senhora da Graça, em Évora. Exemplo de arquitectura renascentista em Portugal.

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A Literatura Renascentista em Portugal

O Renascimento no século XVI considera-se a idade de ouro devido ao aparecimento de

imensos historiadores moralistas e sobretudo poetas e escritores em geral tais como: Gil

Vicente, Bernardino Ribeiro, Sá de Miranda e Luís de Camões.

Lírica/Poesia

A literatura portuguesa do século XVI caracteriza-se sobretudo pelas influências estrangeiras

nomeadamente da Itália e pelo facto de muitos dos poemas serem de autorias nobres para

quem escrever versos era visto como um atributo, ou seja, os poemas têm uma atitude

amorosa e poética.

Durante este século desenvolveram-se vários tipos de poesia sendo os principais, a poesia

pastoril, a poesia lírica e a poesia épica também sendo referida como epopeia. Existia também

um grande fascínio pela parte dos poetas pela tragédia, mostra as influências clássicas típicas

do Renascimento.

Na poesia pastoril, foi introduzido em Portugal por Bernardino Ribeiro, as obras foram

compostas em versos de arte maior que se tratam de todos os versos com mais de oito sílabas.

Esta mudança afectou escritores tais como Luís de Camões e Gil Vicente que usaram versos de

arte maior em algumas das suas obras.

Falando na poesia lírica o poeta mais importante foi Sá de Miranda que após uma longa

viagem a Itália onde presenciou a arte e literatura renascentista trouxe consigo um novo estilo,

introduzindo na literatura portuguesa as formas da escola italiana. Entre as várias composições

líricas introduzidas algumas foram: O Soneto, A Canção, A Sextina, Versos Decassilábicos… e

muitos foram os poetas que o seguiram como António Ferreira, Diogo Bernardes…

No entanto o tipo de poesia mais importante nesta época foi a poesia épica e a epopeia, sendo

estes e a tragédia, considerados os géneros mais nobres da literatura. Estes géneros foram

redescobertos graças à admiração renascentista pelos clássicos.

Estando Portugal no seu auge devido aos Descobrimentos e Rotas Marítimas os grandes

humanistas portugueses queriam prestigiar tanto o país como a literatura e por isso ansiavam

por um poema épico que edificasse esse mesmo auge atingido por Portugal. Este género

começou a surgir também porque humanistas como António Ferreira e Garcia Resende

estimulavam outros poetas à criação da epopeia de Portugal, porque finalmente Portugal tinha

todas as condições para a criação de um poema épico, pois para além de ter as viagens e

descobertas marítimas tinha também um grande heroísmo da parte dos navegadores, e por

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isso o orgulho nacional também pressionava pelo feito desse poema como celebração mas

também glorificação dos feitos.

Para além de todos estes factores contribuíram para o aparecimento de uma epopeia

portuguesa, existia também o facto da corte querer acabar com a ideia que os Descobrimentos

tivessem motivação comercial, então queriam que esta ideia fosse proposta por uma que

mostrava o verdadeiro interesse como a expansão da fé cristã.

No entanto este pedido requeria um género, que teve o nome de Luís Vaz de Camões, que não

só escreveu a epopeia de Portugal, mas como escreveu a maior epopeia dos tempos

modernos. Camões foi o único capaz de fundir os elementos clássicos com os elementos

nacionais de modo a criar uma poesia nova e uma verdadeira épica culta nacional. Todos os

seus seguidores Francisco de Andrade, Jerónimo Corte-Real… nunca alcançaram o seu nível

não passadas as obras deles de crónicas em verso.

Dramaturgia

No teatro a pessoa que mais é preciso referir é Gil Vicente, pois fez quarenta e uma peças de

dramaturgia, entre elas catorze em português. Entre todas as suas obras estavam presentes

autos e mistérios que continham carácter sagrado e devocional; farsas, comédias d tragédias

que eram as de carácter profano.

Gil Vicente iniciou com obras religiosas nomeadamente os autos, seguindo-se pelo género

satírico e apenas no final a comédia com a floresta de enganos. As obras dele satirizavam os

novos tempos, criticavam a sociedade, a mudança de hierarquias sociais.

Todos os autores que se lhe seguiram apenas conseguiram êxitos razoáveis.

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Prosa

A prosa desenvolveu-se magistralmente no século XVI nomeadamente a prosa histórica e

científica, as crónicas de viagens, a literatura de viagens, a prosa religioso-moralista e filosófica

e os romances de cavalaria.

O romance de cavalaria foi um fenómeno literário com uma enorme popularidade na

península Ibérica.

As personagens eram princesa, donzelas e cavaleiros, exaltava o cavalheirismo e os códigos

medievais cavaleirescos, as proezas, lealdade e a ética cristã. O mais famoso em Portugal foi o

Palmeirim de Inglaterra de Francisco de Morais chegando mesmo a ser traduzido em 4 línguas

estrangeiras: castelhano, francês, italiano e inglês.

Figura 4: Auto da Barca do Inferno, de Gil Vivente. Exemplo de literatura renascentista portuguesa (Teatro).

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Nas crónicas e na literatura de viagens foram descritas com mestrias as façanhas dos

portugueses no descobrimento e conquista de novas terras e foram divulgadas pela nova

imprensa. Os exploradores visitaram e descreveram a costa de África, Índia e Brasil entre

outros. Existem breves histórias anónimas sobre naufrágios. Os principais autores foram: João

de Barros e António Galvão.

A prosa histórica pode ter como exemplo Damião de Góis, um humanista que descreveu p

reinado do rei D. Manuel I de Portugal.

Garcia Resende marcou o fim do português arcaico e o início do português moderno com a

publicação do cancioneiro Geral. Consistia no conjunto de poemas palacianos e em revelar a

valorização que a cultura começava a merecer, encorajando os portugueses a publicar as suas

obras.

Fernão de Oliveira normalizou a língua portuguesa ao publicar a gramática da língua

portuguesa, sendo também nesta altura que novas palavras foram adaptadas, aumentando o

léxico português.

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Luís Vaz de Camões

Apesar de não se saber em concreto a data em que Luís de Camões nasceu, pensa-se ter sido

entre 1524 e 1525 em Lisboa. Filho de Simão Vaz de Camões e de Ana de Sá, fidalgo da

pequena nobreza que era perfeitamente compatível com a situação de pobreza em que viveu

toda a vida.

Possivelmente terá realizado os seus estudos em Coimbra, mas esta possibilidade apoia-se

apenas na vasta cultura que ele apresenta, típica de alguém que frequentava o ensino superior

naquela época. Não se encontra, contudo, qualquer documento que comprove a sua

passagem pela universidade. Supõe-se também que um tio do poeta, D. Bento Camões, tenha

orientado os estudos de Luís de Camões.

Figura 5: Luís Vaz de Camões.

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Enquanto viveu em Lisboa, frequentou a corte, no Paço e em salões de alta nobreza e

presume-se que isso se terá devido à possibilidade de ele ser fidalgo.

Participou numa expedição militar ao norte de África (Ceuta), entre 1549 e 1551, onde sofreu

um acidente pelo qual é reconhecido: a perda do olho direito. Em 1552 regressa a Lisboa onde

vive uma “vida dupla” ora fazendo parte da corte e convivendo com damas de alta sociedade,

ora vive uma vida boémia, despreocupada, entrando em brigas e convivendo com damas “de

aluguer”.

Em 1552 também, é preso devido a uma briga com um arrieiro do rei, esta é também a razão

pela qual em 1553 parte para a Índia a pedido do rei, como forma de obter o seu perdão

completo. Na Índia, durante os três anos que lá permaneceu prestou serviço militar e cargos

administrativos, e chegou novamente a ser preso mas desta vez por dívidas que mantinha.

Após ter estado em Macau, no regresso à Índia, sofreu um naufrágio de onde se salvou a nado

e onde perdeu todos os seus bens conseguindo apenas salvar o manuscrito dos lusíadas. Em

1570, é encontrado por amigos em Moçambique vivendo uma vida de miséria e apenas

regressa a Portugal pela boa vontade dos seus amigos de lhe pagarem o bilhete de regresso.

É em 1572 que Os Lusíadas, poema épico dedicado ao rei D. Sebastião, é publicado; no

entanto para além desta obra, Luís de Camões é também o autor de uma vasta obra lírica na

qual se encontram sonetos, canções e redondilhas, chegando mesmo a existir três comédias

da sua autoria.

Retornou à sua vida de miséria durante a qual morreu no dia 10 de Junho de 1580.

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Os Lusíadas

Os Lusíadas é a obra mais emblemática de Luís Vaz de Camões, e nela podemos identificar os

ideais humanistas, clássicos e renascentistas que influenciaram o poeta no desenvolvimento

da sua obra.

Figura 6: Os Lusíadas, de Luís Vaz de Camões (capa).

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É considerada uma epopeia humanista onde se destaca um grande empenho em afirmar as

capacidades humanas, sendo portanto uma das obras onde melhor se exprimem algumas

facetas do movimento humanista. Nesta obra estão espelhadas as qualidades mais nobres do

Renascimento: a coragem e a cultura, esta última baseada não só no saber livresco mas

também no saber derivado da experiência. O Homem explora os seus limites e tenta alcançar

uma realização humana total.

É a obras clássicas como Eneida, Ilíada e Odisseia (da autoria de Virgílio) que Luís de Camões

vai buscar inspiração, sendo que Os Lusíadas seguem a linha épica destas obras clássicas.

Servindo-se de todo o arsenal mitológico da antiguidade. No entanto os clássicos foram não só

uma inspiração temática mas também formal, da antiguidade clássica se trouxeram formas

estilísticas como o soneto, a canção, a oitava-rima e o terceto e também géneros literários

como a ode, a epístola, écloga, elegia, entre outros. Apesar do uso destas convenções e

géneros literários clássicos, desenvolveu-se uma nova poética sem, no entanto, romper a velha

tradição lírica galaico-portuguesa.

A inspiração nos clássicos não se traduziu unicamente na sua imitação, mas também – e

principalmente – na competição com estas, tentando rivalizá-las ou até mesmo superá-las,

sendo este, a par com a imitação da natureza, os dois principais objectivos da literatura de Luís

de Camões, e na literatura renascentista no geral.

N’Os Lusíadas é descrita uma constante rivalidade entre os deuses da mitologia (que

representam os mais altos valores da civilização antiga) e o Homem moderno, que acaba por

superá-los, elevando o Homem à dignidade dos antigos deuses.

A obra de Luís de Camões desenvolve-se em permanente antagonismo: sensibilidade versus

inteligência; amor sensual versus amor espiritual; inocência versus sentimento de culpa;

humildade versus orgulho. Fazendo da poesia cenário de conflitos dolorosos onde existe a

busca constante pelo equilíbrio.

Luís de Camões é um petrarquista que adopta a atitude amorosa de Petrarca, os seus

processos estilísticos, o seu código retórico, a sua maneira de ver a mulher, o seu

neoplatonismo. Descreve assim, a mulher segundo as convenções temáticas e formais do

petrarquismo, falando incessantemente do amor segundo o código amoroso.

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Conclusão

Os Lusíadas têm bastantes influências Humanistas, Classicistas e Renascentistas; não só na

temática como formalmente.

Podemos dizer que o Humanismo foi um movimento cultural renascentista que tinha como

princípios gerais o Antropocentrismo e o Classicismo. O Antropocentrismo que se traduz pela

colocação do Homem no centro do Universo e tomá-lo como modelo e referência; como a

medida de todas as coisas. Por sua vez, o Classicismo traduz-se no fascínio e no interesse da

nova geração de pensadores e artistas nos autores Greco-Romanos assim como nas suas

obras, dedicando-se á sua leitura, interpretação, tradução e reprodução assim como á

aprendizagem de um valor essencial que se baseia na procura infindável do conhecimento e do

melhoramento de técnicas, no caso artístico, levando, por vezes, a superar os seus mestres.

O Renascimento surge numa época conturbada pela Crise Feudal e pelo fim da Idade Média.

Esta crise contribuiu para a origem de uma outra crise na agricultura e no comércio; para o

agravamento das fomes e doenças e para o aparecimento de conflitos, guerras e rebeliões.

Nesta época surgiu uma nova maneira de pensar, associada ao Humanismo e Classicismo já

mencionados anteriormente, e também doutrinas como o Naturalismo e o Racionalismo. É

também associado ao Renascimento que surge a ideia do Homem Ideal: um Homem completo

a todos os níveis (físico, intelectual e cívico).

O Renascimento em Portugal foi tardio e portanto as obras ditas renascentistas acabaram por

receber algumas influências maneiristas e góticas, sendo que são poucas as obras

renascentistas em Portugal.

Porém, na literatura são vários os exemplos de literatura portuguesa da época do

Renascimento, tais como Gil Vicente no género Dramático e Poético; Bernardino Ribeiro que

introduz a poesia pastoril em Portugal, Sá de Miranda na poesia lírica, Luís de Camões na

poesia épica e na epopeia e Francisco de Morais na prosa.