relatório residência agrária

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1 Universidade Federal de Santa Catarina CED- Centro de Educação Curso de Especialização em Educação no Campo e Desenvolvimento Sustentável com Base Agroecológica (Residência Agrária) Relatório de Campo: Vivências no Assentamento Conquista do Litoral Orientador: Ezequiel Moura Acadêmicas: Alzira Gonçalves Ana Claudia dos Santos Carmem A. Waskievicz Débora G. dos Santos Eloize Y. Kamei Franciane Lourenço Gisela Simonovis Letícia Melo Vanderleia Alves Fortes Florianópolis, dezembro de 2013.

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residência Agrária

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Page 1: Relatório residência Agrária

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Universidade Federal de Santa Catarina

CED- Centro de Educação

Curso de Especialização em Educação no Campo e Desenvolvimento Sustentável com

Base Agroecológica (Residência Agrária)

Relatório de Campo: Vivências no Assentamento Conquista do

Litoral

Orientador: Ezequiel Moura

Acadêmicas: Alzira Gonçalves

Ana Claudia dos Santos

Carmem A. Waskievicz

Débora G. dos Santos

Eloize Y. Kamei

Franciane Lourenço

Gisela Simonovis

Letícia Melo

Vanderleia Alves Fortes

Florianópolis, dezembro de 2013.

Page 2: Relatório residência Agrária

2

RESUMO

Este trabalho tem por objetivo apresentar as primeiras impressões obtidas através da

residência agrária, realizada por um grupo de estudantes do curso de Especialização em

Educação do Campo e Desenvolvimento Sustentável com Base na Agroecologia, da

UFSC, dentro da proposta do Programa de Residência Agrária. O programa faz parte

das ações do Pronera (Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária),

desenvolvido em parceria com o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma

Agrária) e o MDA (Ministério do Desenvolvimento Agrário).

O estágio de vivência - residência agrária - está sendo realizado em parceria com o

Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra no Assentamento Conquista no Litoral,

situado na localidade Três Barras, município de Garuva, SC. A metodologia está sendo

construída coletivamente pelos alunos e coordenadores do projeto e o curso prevê a

realização de doze módulos: 1) Módulo inicial - tempo universidade; 2) Módulo 1,

Residência agrária; 3) Módulo 2, tempo universidade; 4) Módulo 3, Residência agrária;

5) Módulo 4, tempo universidade; 6) Módulo 5, tempo universidade; 7) Módulo 6,

tempo universidade; 8) Módulo 7, residência agrária; 9) Módulo 8, tempo universidade;

10) Módulo 9, residência agrária; 11) Módulo 10, tempo universidade; 12) Módulo 11,

defesas. A partir dessa estrutura estão sendo construídos os planos de trabalho a serem

realizados nos tempos de residência.

Palavras-chave: residência agrária; assentamento; pronera.

Page 3: Relatório residência Agrária

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.........................................................................................................

4

2 DESENVOLVIMENTO............................................................................................

5

2.1 OBJETIVO GERAL..................................................................................................

5

2.1.1 Objetivos específicos.................................................................................................

5

2.2 METODOLOGIA..................................................................................................... 5

2.3 PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS................................................................ 6

2.4 RESULTADOS......................................................................................................... 6

3 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES................................................................. 12

4 APÊNDICE

A - Linha do tempo.................................................................................................... 11

B - Croqui do assentamento...................................................................................... 12

C – Croqui na unidade residencial............................................................................. 12

5 REFERÊNCIAS......................................................................................................... 13

Page 4: Relatório residência Agrária

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1. INTRODUÇÃO

O seguinte relatório é parte do Curso Especialização em Educação do Campo e

Desenvolvimento Sustentável com base na Agroecologia (residência Agrária), da

Universidade Federal de Santa Catarina, que objetiva proporcionar uma interação entre

os estudantes e a realidade estudada através de momentos de inserção nas áreas de

Reforma Agrária, e a partir desta vivência, construir um projeto de intervenção nesta

realidade.

Este trabalho esta sendo desenvolvido no Assentamento Conquista no Litoral no

Município de Garuva, em Santa Catarina, com objetivo de elaborar a primeira etapa do

diagnóstico do local – em razão da proposta de se desenvolver um projeto de

intervenção neste espaço.

Este módulo de residência agrária realizou-se nos dias 14 a 17 de Novembro de

2013, sendo que este é o primeiro de quatro etapas de inserção.

O assentamento é constituído por 15 (quinze) famílias, onde treze delas

trabalham e vivem num sistema coletivo, organizado em agrovila, e as demais

produzem e vivem individualmente. O diferencial deste assentamento é a forma

cooperada de vivência, que exclui a divisão de lotes. Os primeiros moradores foram

assentados pelo INCRA no programa de Reforma Agrária no ano de 1995, num imóvel

com área aproximada de 93 ha, onde 10 ha é a área útil do assentamento’ e as demais

fazem parte de uma reserva florestal.

A principal linha de produção deste Assentamento é o comércio de hortaliças,

cultivadas de forma convencional; criação de suínos, peixes e frangos; e a prestação do

serviço de logística e distribuição da produção dos pequenos produtores que compõem a

cooperativa.

O espaço físico é composto na agrovila por treze residências, um galpão de

seleção, armazenamento e embalagem de hortifrutigranjeiros, estufas, trilha rural,

tanques de criação de peixe, uma estrebaria, chiqueiros e um refeitório. Fora da área

produtiva há cobertura de vegetação nativa.

Page 5: Relatório residência Agrária

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2. 3. DESENVOLVIMENTO

Caracterização Histórica e Geomorfológica

O assentamento Conquista no Litoral está situado no município de Garuva, na

região norte do Estado de Santa Catarina, nas coordenadas geográficas -26º06’13.02”S

e -48º50’49.77”N, com altitude média de 15m em relação ao nível do mar.

Figura 1 – Localização do assentamento Conquista no Litoral, município de Garuva.

Fonte: Atlas Catarinense e IBGE Cidades, organizado por Eloize Kamei.

Composto por 93 hectares está localizado numa área de mata atlântica,

compreendendo a preservação da vegetação nativa em 80% do espaço; área útil de 10

hectares ocupados pela área cultivável e os espaços de vivência, moradia e trabalho.

Figura 2 – Delimitação da área útil do assentamento Conquista no Litoral.

Fonte: Google Earth, imagem aérea de 06/11/2013. Acesso em 15/11/2013, organizado por

Eloize Kamei.

Page 6: Relatório residência Agrária

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Além da área cultivada no assentamento, os produtores arrendam 5 hectares para

o plantio e pastagem de gado.

Não há divisão formal dos lotes e as duas famílias assentadas que não participam

do sistema coletivo possuem uma marcação simbólica das áreas. As áreas

individualizadas possuem em média as dimensões de 20,00m x 20,00m onde estão

construídas as moradias e há um pequeno jardim para serem usados pelas famílias. As

demais áreas são coletivas compreendendo um refeitório com cozinha, campo de

futebol, jardins, estradas, instalações da cooperativa, plantações, criações de animais,

lagoas, rio e reservas ambientais.

O refeitório e cozinha coletivos foram implantados há 13 anos, em razão das

dificuldades enfrentadas pelos moradores no armazenamento individual ocasionado pela

ausência da rede de energia elétrica. Com o inicio do cultivo de verduras e a

necessidade de maior produtividade e disponibilidade da mão de obra comprometeu a

qualidade da alimentação, além de o horário do transporte escolar condicionar a rotina.

Coletivamente puderam distribuir as responsabilidades, flexibilizar os horários e

agendar as escalas de limpeza.

O abastecimento de água se dá pela distribuição em 14 das 15 residências que

compõem o assentamento. A captação é realizada em nascente (duas, localizadas atrás

das casas) e armazenada em uma caixa com capacidade de cinco mil litros, construída

por um dos moradores. O sistema de tratamento do esgoto das 13 casas que compõem a

agrovila é através da zona de raízes, sistema construído em parceira com a escola latina

americana de agroecologia no ano de xxx, porem teve sua funcionalidade comprometida

através da enchente que cobriu toda a área no ano de 2008. Nas outras duas unidades há

o sistema de fossa e filtro.

O transporte coletivo oferecido pelo município de Garuva atende exclusivamente

os alunos da rede publica de ensino, não havendo uma rota que faça a ligação do

assentamento à sede municipal. Para acessar o município de Joinville é possível pegar

transporte na rodovia BR 101.

Quadro 1 – Aspectos gerais do assentamento e do município de Garuva:

Localização – Mesorregião IBGE Norte Catarinense

Associação dos Municípios AMUNESC – Associação dos Municípios

do Nordeste de Santa Catarina

Secretaria de Desenvolvimento

Regional de SC

SDR – Joinville

Page 7: Relatório residência Agrária

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Área territorial do município (km²) 503,5

Clima Mesotérmico úmido, com verão quente e

temperatura média de 20,5ºC.

Contagem populacional 2010 14.761 habitantes

Densidade demográfica 2010

(hab/km²)

29,41

Solo Arenoso

Bioma Mata Atlântica

Área territorial do assentamento (km²) 0,93

Relevo da área do assentamento Características de relevo da planície costeira

Vegetação predominante da área do

assentamento

Floresta tropical pluvial sob o domínio da

formação montana Fontes: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, contagem populacional 2010.

Planejamento do SEBRAE/SC.

Os solos que ocorrem na área do assentamento pertencem a duas classes,

conforme estudos realizados: área de transição entre cambissolos e neossolos de áreas

aluviais.

Fontes: Mapa de solos, 2002. EPAGRI/CIRAM/Governo do Estado de Santa Catarina.

Quadro 1. Listagem das classes de solos que ocorrem na área de estudo.

Símbolo da

classe (legenda)

Descrição

Aa2 Associação Solos Aluviais Álicos Tb A Moderado, textura média +

Glei Pouco Húmico Álico Tb, textura média, ambos fase floresta

tropical perenifólia de várzea, relevo plano.

(solos com textura arenosa e sujeitos à inundação)

Ca5 Cambissolo Álico Tb A moderado, textura argilosa, fase floresta

tropical perenifólica, relevo montanhoso e forte ondulado.

(solos com textura argilosa, favorecendo condições de umidade) Fonte: Dissertação de mestrado de Tatiana Reis. UFSC, 2012.

Page 8: Relatório residência Agrária

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Estrutura Física-Organizacional

A área cultivável é muito pequena e a terra é frágil, argilosa, além do lençol

freático superficial. Em razão de a água aflorar em profundidades superficiais, há

drenagem abaixo da área cultivável com leito de bambú, direcionando a água para

drenos e valas.

Da sede do município de Garuva há duas rotas de acesso ao assentamento: pela

Rodovia BR 101, Estrada do Rio Tres Barras, Avenida Celso Ramos e estradas vicinais,

numa distância de 11km, ou seguindo por estradas não pavimentadas através da

Avenida Celso Ramos e estradas vicinais, com a mesma distância.

Na estrutura física do galpão de comercialização/distribuição dos produtos há

duas câmaras frias, sanitários e escritório; o assentamento possui três caminhões para

realizar as entregas; um trator e um veículo para uso dos assentados.

A ocupação do local data de 1995, quando os assentados ergueram suas

moradias em lona, no entanto a rede de energia elétrica foi instalada apenas no ano

seguinte.

As casas foram edificadas no ano de 1999, em parceria com o Site Nacional de

Empregos – SINE que qualificou a mão de obra para a produção dos tijolos ecológicos

de barro prensado, utilizados na edificação das casas. Doze das edificações residenciais

seguem a mesma tipologia, com tijolos aparentes externamente e rebocados na face

interna e são compostas por varanda para abrigo de veiculo, sala, cozinha ampla, três

quartos, banheiro e lavanderia. Cada família recebeu o treinamento para o trabalho em

mutirão e o subsidio financeiro de R$2.300,00. As casas estão distribuídas ao longo da

estrada que corta o imóvel, respeitando uma distancia média de 15 metros entre as

edificações. O afastamento frontal onde está localizado o jardim é de 4 metros.

No ano 2000 foi adquirido o primeiro caminhão; em 2001 iniciaram o

fornecimento para a rede de supermercados Angeloni de Joinville; em 2008 firmaram o

contrato de abastecimento da merenda escolar, no mesmo ano em que a empresa

telefônica Oi instalou uma antena no local, que possui telefone fixo e internet sem fio,

da qual o sinal wireless abrange a agrovila. A transmissão do sinal de telefonia celular é

limitada. O sinal de telecomunicação é através de antenas parabólicas ou via satélite.

Estrutura Social do Assentamento

Page 9: Relatório residência Agrária

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O núcleo do assentamento Conquista no Litoral divide-se em equipes de trabalho

para a organização do coletivo. Essa divisão é realizada em cinco frentes: maquinário

agrícola; refeitório; produção; animais e administração – que compreende a participação

de todo o coletivo.

Cada morador é responsável por suas funções em determinado setor e nesse

permanecem durante o tempo necessário para que se atenda a demanda do coletivo. O

planejamento e a divisão do trabalho e realizada por eles, dividindo e alternando as

funções diariamente, num rodízio de atividades pré-estabelecido e pactuado entre os

próprios trabalhadores.

A distribuição das tarefas também acontece conforme a habilidade, aptidão,

capacidade e interesse pessoais. Uma característica respeitada quanto à realização do

trabalho, se dá pelo gênero: as mulheres realizam tarefas mais leves, como a ordenha e

trato do gado leiteiro, separação e embalagem de verduras; enquanto os homens já

ficam com atividades que exigem maior força física, como o corte de lenha, carga e

descarga dos caminhões e a condução dos veículos da frota. Entretanto quando as

pessoas concluem suas tarefas e responsabilidades elas passam a ir contribuir em outras

atividades.

Cada assentado trabalha 8h30 por dia, no valor de R$ 3,00 reais a hora; nos fins

de semana o valor da hora trabalhada sobe para R$ 6,00. O trabalho é visto como um

complemento ao sistema educativo e os menores, acima de 12 anos, exercem funções

como a separação e embalagem de verduras, trabalhando nas horas de folga escolar. A

função é remunerada, recebendo 75% do valor do adulto. Em conversa informal

declararam que tem um bom rendimento escolar e não se queixam da rotina.

O excedente produzido como lucro é dividido no fim do ano ou aplicado em

equipamentos e infraestrutura.

Uma parte dos trabalhadores cuida da logística de distribuição e a cooperativa

recém-fundada assumiu a distribuição dos alimentos de outros produtores. Localmente

as famílias têm uma produção estimada de 1,6 mil quilos de hortifrutigranjeiros por dia,

o que representa 48 mil quilos ao mês.

Parte das famílias fundadoras do assentamento veio do oeste do Estado de Santa

Catarina. Estiveram acampados em Garuva entre 1987 e 1995. As pessoas que

compõem o assentamento em estudo possuíam uma familiaridade com o sistema de

trabalho coletivo, por serem oriundos de famílias do campo ou trabalhares rurais, com

envolvimento prévio ou não com o movimento pela Reforma Agrária.

Page 10: Relatório residência Agrária

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A adesão ao grupo e livre, mas essa deve respeitar os regulamentos e o estatuto

da organização, no entanto, a maior parte das pessoas que vem a fazer parte do grupo é

conhecida ou indicada e ou apresentadas por conhecidos e são elas que geralmente

demonstram interesse e aptidão para participar da organização.

Atualmente o assentamento possui 15 famílias, distribuídas em 11 casas da

agrovila e duas residências que não fazem parte do sistema comunitário, sendo este

composto por 12 famílias, num total de 23 pessoas, dos quais 9 são crianças (3 em idade

escolar). O Refeitório é o espaço utilizado para as atividades em grupo; fazem 4

refeições por dia, há uma responsável por cozinhar e há escala de limpeza da cozinha;

cada pessoa lava sua louça após utilizar – há uma pia disponível para essa tarefa. Nos

fins de semana as refeições são realizadas em escala.

2. OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Realizar o conhecimento da área de estudo: Assentamento Conquista no Litoral

em Garuva, SC.

2.1.1 Objetivos Específicos

Verificar como é a estrutura físico-organizacional do assentamento e sua inserção

municipal/regional;

Verificar como é a estrutura social do assentamento e sua identidade;

2.2 METODOLOGIA

A presente pesquisa envolverá procedimentos quantitativos e qualitativos,

valendo-se da pesquisa exploratória e teórica, bibliográfica, documental, cartográfica,

fotográfica, levantamentos de dados estatísticos e da análise sobre o município de Rio

Negrinho, para compreender como se deu a dinâmica urbana e como foi a produção e a

transformação da estruturação do espaço, enquanto papel dos atores sociais.

A integração dos dois métodos de pesquisa permite que o pesquisador faça um

cruzamento de suas conclusões de modo a ter maior confiança que seus dados não são

produto de um procedimento específico ou de alguma situação particular. A união da

abordagem de dados, quantitativa e qualitativamente, é que permite uma idéia mais

Page 11: Relatório residência Agrária

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ampla e inteligível da complexidade de um problema e a combinação de metodologias

diversas no estudo do mesmo fenômeno, conhecida como triangulação, com o objetivo

de abranger a máxima amplitude na descrição, explicação e compreensão do objeto

estudado. A pesquisa qualitativa é útil para identificar conceitos e variáveis relevantes

de situações que podem ser estudadas quantitativamente. Os dois métodos, nesta

perspectiva, deixam de ser percebidos como postos para serem vistos como

complementares (Goldenberg, 1999).

Para esta pesquisa, entende-se que a realidade é definida pelos relacionamentos e

processos, onde cada um de nós afeta e é afetado pelas ações e ideias de todos os

demais - logo, não existe uma única realidade, ideia, verdade, ou resposta. Existem

muitas respostas certas e, às vezes, paradoxais – contraditórias e complementares ao

mesmo tempo.

A realidade se materializa como uma grande rede dinâmica, composta por fios

interconectados numa quantidade infinda de nós ou pontos, concretos ou abstratos,

interligados por relações de vários tipos. Por ser dinâmica, a realidade está sempre

fazendo novas conexões e por isso em constante mudança, onde analisar só um ponto ou

fio não faz sentido se não analisarmos o contexto em que ele está inserido, na mesma

lógica que generalizar a rede e não analisar os seus fios, também não faz sentido.

2.3 PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS

Fase de vivência/residência agrária:

Observação; registro fotográfico; desenho esquemático para quantificar e mapear

esquematicamente a as edificações (distribuição, número de unidades, situação,

tipologia, finalidade).

Consultar a administração pública local/INCRA/IBGE para uma pesquisa

documental sobre a estrutura fundiária do município; programas e projetos

estabelecidos para a área estudada e dados sobre a capacidade produtiva do

assentamento X impacto na economia municipal;

Identificar através da observação, registro fotográfico e croquis, consulta à mapas

(IBGE/INCRA), a estrutura fundiária do assentamento e suas especificidades (região de

mata atlântica/recursos hídricos/topografia/fertilidade do solo);

Relatar através da observação e registro fotográfico a existência de estabelecimentos

de uso coletivo (escola, igreja, salões – saúde/ensino/lazer);

Page 12: Relatório residência Agrária

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Observação e registro fotográfico quanto à infraestrutura local: abastecimento de

água; energia elétrica; destino dos resíduos sólidos (gestão); esgoto; telefonia; internet;

Acompanhar a rotina de atividades (observação participante) dos moradores do

assentamento quanto ao cultivo da terra: tradicional ou agroecológica;

Questionário para relatar o número de famílias e o perfil dos moradores: composição,

faixa etária, estrutura, origem, gênero;

Entrevista semiestruturada; gravação do áudio; registro fotográfico; Pontuar: o

resgate do histórico dos moradores: origem, condicionantes, perspectivas; relação entre

o assentamento e a cidade; questão cultural quanto às práticas (lazer, hábitos, medicina

preventiva); lideranças locais; articulação com o Movimento na escala

Estadual/Nacional; a participação feminina e as relações de gênero; a participação dos

jovens nas atividades do assentamento; questões relacionadas à evasão; grau de

satisfação.

Entrevista semiestruturada sobre a relação do trabalho, identificando e quantificando

atividades realizadas dentro e fora do assentamento enquanto fonte de renda; a relação

dos assentados com a área de preservação ambiental.

Identificar com os moradores quais programas e projetos previstos foi efetivamente

executado-efetivados; a existência/prestação de assistência técnica (assessoria e

acompanhamento); capacitações.

2.4 RESULTADOS

Essa primeira etapa de inserção no Assentamento possibilitou uma aproximação

gradativa com a realidade estudada, através da qual pode ser elaborado um resgate

histórico coletivo e a integração entre pesquisadores e moradores locais.

Na chegada foi realizada uma pequena reunião com as lideranças locais, com a

apresentação dos alunos que pesquisarão o local; a hospedagem foi realizada em uma

das unidades residenciais desocupada, que abrigava o espaço para a ciranda quando

necessária.

O acompanhamento da rotina das frentes de trabalho possibilitou uma interação

com parte dos assentados e a realização de pequenos afazeres nas áreas de uso coletivo,

como auxílio no preparo das refeições propiciaram uma aproximação e quebra de

barreiras.

Page 13: Relatório residência Agrária

13

Durante a permanência no assentamento as estudantes visitaram todas as

famílias. Uma primeira apresentação foi realizada coletivamente antes do exercício de

construção coletiva da linha do tempo e num segundo momento, em cada uma das

casas. De uma forma geral as pessoas apresentaram interesse e foram colaborativas. Nas

entrevista realizadas, através de conversas informais, foi possível obter informações

sobre os assentados, como origem, estrutura familiar e pontos de vista.

3. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

Pode se perceber que a vivencia coletiva cria laços que proporcionam uma

relação de cumplicidade e auto organização, respeitando as particularidades, diferenças

de idade e condições físicas de cada pessoa.

O sistema coletivo proporciona uma aproximação entre os moradores mas em

contrapartida acaba inibindo a realização de atividades formais, como reuniões e

encontros, porém ainda é prematura qualquer conclusão ou recomendação.

5. REFERÊNCIAS

GOLDENBERG, Mirian. A Arte de Pesquisar. 3 ed. Rio de Janeiro: Record, 1999.

MINAYO, Maria Cecília de Souza. “Ciência, técnica e arte: o desafio da pesquisa

social” in: MINAYO, Maria Cecília de Souza (org.). Pesquisa Social: teoria, método

criatividade. Petrópolis: Vozes, 2001. Pp.10-28.

Page 14: Relatório residência Agrária

14

APÊNDICES

Page 15: Relatório residência Agrária

1

Linha do tempo do assentamento Conquista do Litoral

Page 16: Relatório residência Agrária

1

Croqui de localização do assentamento

Fonte: croqui de Eloize Y. Kamei

Croqui da unidade residencial

Fonte: croqui de Eloize Y. Kamei