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www.registo.com.pt SEMANÁRIO Director Nuno Pitti Ferreira | 16 de Junho de 2011 | ed. 159 | 0.50 PUB Carmelo Aires em ENTREVISTA pERpETuAR TRAdIçõES ApRESENTA dENúNCIA A bRuxElAS poR fECho do muSEu do ARTESANATo Associação diz que projecto financiado pela União Europeia não foi cumprido. Redondense ganha distrital mas perde direcção Pág.23 Impasse directivo no clube que este ano ga- nhou o Distrital e a Taça do Distrito de Évora. Depois de duas assembleias-gerais, o Redondense está sem direcção. Em entrevista ao Registo, o técnico Paulo Sousa diz que o planeamento da próxima temporada está em causa, tal como a participação na III Divisão nacional. CulTuRA Intermezzo arranca dia 22 Pág.18 A música e dança flamenca do grupo espanhol Serva la Bari marca o início do Festival Internacional Músicas do Mundo Intermezzo 2011, no próximo dia 22 de Junho. Trata-se de uma iniciativa da Fundação Eugénio e Almeida que trará à cidade ritmos de Espanha, Índia e África, numa série de espectáculos a realizar até Julho. SEGuRANçA mais três sinos roubados em igrejas do Alentejo Pág.14 Tudo começou há cerca de dois anos em Be- navila (Avis): Os sinos estão a desaparecer das igrejas do Alentejo. No último fim-de-semana foram roubados mais 3 sinos em bronze que se encontravam em duas igrejas de Marvão. Os crimes estão a ser investigados pela GNR e pela Polícia Judiciária. 06/07 Luís Pardal | Registo TuRISmo férias “low cost” em Évora São já três as unidades hoteleiras de baixo custo a funcionar em Évora. Dois “hostéis” ficam localizados junto à Praça do Giraldo. Podem não oferecer todas as mordomias de um cinco estrelas, mas ganham no preço e garantem uma aposta no design e na qualidade do serviço. 11 11 Associação ambientalista Quercus atribui “qualidade de ouro” a 22 praias da costa alentejana, 9 das quais no concelho de Grândola. 12 de excelência 22 praias D.R. D.R. no Alentejo

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Edição 159 do Semanário Registo

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Page 1: Registo ed159

www.registo.com.pt

SEMANÁRIO Director Nuno Pitti Ferreira | 16 de Junho de 2011 | ed. 159 | 0.50€

PUB

Carmelo Aires em ENTREVISTApERpETuAR TRAdIçõES ApRESENTA dENúNCIA A bRuxElAS poR fECho do muSEu do ARTESANAToAssociação diz que projecto financiado pela União Europeia não foi cumprido.

Redondense ganha distrital mas perde direcção

Pág.23 Impasse directivo no clube que este ano ga-nhou o Distrital e a Taça do Distrito de Évora. Depois de duas assembleias-gerais, o Redondense está sem direcção. Em entrevista ao Registo, o técnico Paulo Sousa diz que o planeamento da próxima temporada está em causa, tal como a participação na III Divisão nacional.

CulTuRAIntermezzo arranca dia 22Pág.18 A música e dança flamenca do grupo espanhol Serva la Bari marca o início do Festival Internacional Músicas do Mundo Intermezzo 2011, no próximo dia 22 de Junho. Trata-se de uma iniciativa da Fundação Eugénio e Almeida que trará à cidade ritmos de Espanha, Índia e África, numa série de espectáculos a realizar até Julho.

SEGuRANçA mais três sinos roubados em igrejas do Alentejo

Pág.14 Tudo começou há cerca de dois anos em Be-navila (Avis): Os sinos estão a desaparecer das igrejas do Alentejo. No último fim-de-semana foram roubados mais 3 sinos em bronze que se encontravam em duas igrejas de Marvão. Os crimes estão a ser investigados pela GNR e pela Polícia Judiciária.

06/07

Luís Pardal | Registo

TuRISmo férias “low cost” em ÉvoraSão já três as unidades hoteleiras de baixo custo a funcionar em Évora. Dois “hostéis” ficam localizados junto à Praça do Giraldo. Podem não oferecer todas as mordomias de um cinco estrelas, mas ganham no preço e garantem uma aposta no design e na qualidade do serviço.

1111

Associação ambientalista Quercus atribui “qualidade de ouro” a 22 praias da costa alentejana, 9 das quais no concelho de Grândola.

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de excelência22 praias

D.R

.D

.R.

no Alentejo

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2 16 Junho ‘11

O discurso do Presidente da República no dia de Portugal revestiu especial importância, por duas razões: primeiro porque lembrou mais uma vez a necessidade de repensar a necessária coesão territorial que deve existir entre as várias regiões do país e em segundo lugar porque essa coesão territorial é tão mais necessária quanto a situação económica e financeira do país se agrava, com prejuízo dos mais desfavorecidos que invariavel-mente são as crianças, os idosos e os doentes.

Por variadas vezes, neste mesmo espaço que gentilmente me é cedido, tenho referido a impor-tância do mundo rural numa perspectiva que vai muito além da função agrícola, embora nobre, mas que raia a necessidade de manutenção das próprias fronteiras e da própria dignidade nacio-nal. Nas palavras do Presidente, sabiamente pro-feridas, “Redescobrir o valor do interior e do es-paço rural é um imperativo de portugalidade...”

É preciso manter vivas as tradições, os costu-mes e tudo aquilo que nos identifica e orgulha como região Alentejo, no nosso caso, mas é pre-ciso saber aproveitar sinergias e potencialidades para podermos redescobrir o nosso espaço, valo-rizá-lo e torná-lo sustentável, sem o descaracteri-zar. É a única forma de conseguirmos inverter a trágica tendência do despovoamento. Não é fácil e exige muita coragem, também política, não só do poder central mas também das próprias au-tarquias, tantas vezes enquistadas na singular preocupação de manutenção de um eleitorado que não interessa renovar. Eu própria, como de-putada municipal eleita pelo PSD na Assembleia Municipal de Montemor-o-Novo, por várias ve-zes já apresentei propostas no sentido de fomen-tar a fixação dos jovens e das famílias jovens no concelho, bem como a criação de mecanismos de incentivo à fixação de empresários, que nunca mereceram acolhimento por parte do executivo camarário. Sequer uma discussão séria.

Por outro lado, o despovoamento do interior do país, nunca preocupou o PS nos últimos seis anos de governação, nunca lhe foi um tema caro. Pelo contrário, o PS fez tudo o que pôde para varrer o interior do país, desde logo pela centralização de serviços e competências, esvaziando os serviços públicos, por exemplo, de autonomia adminis-trativa e financeira que lhes permitia dinamizar as economias locais ao nível dos consumíveis, nomeadamente. Esta medida foi dramática para os pequenos empresários do distrito de Évora, como todos sabemos. Curiosamente, o PS de Évora, apesar de se orgulhar de criar protagonis-tas políticos com relevância nacional, nunca foi capaz de usar a sua influência política junto do poder central no sentido de reivindicar centros de decisão para o distrito, ou de tentar inverter a

A Abrir

director Nuno Pitti Ferreira ([email protected]) Editor Luís Maneta

propriedade

PUBLICREATIVE - Associação para a Promoção e Desenvolvimento Cultural; Contribuinte 509759815 Sede Rua Werner Von Siemens, n.º16 -7000.639 Évora - Tel: 266 751 179 fax 266 751 179 Direcção Silvino Alhinho; Joaquim Simões; Nuno Pitti Ferreira; departamento Comercial Teresa Mira ([email protected]) paginação Arte&design Luis Franjoso Cartoonista Pedro Henriques ([email protected]); fotografia Luís Pardal (editor) Colaboradores Pedro Galego; Pedro Gama; Carlos Moura; Capoulas Santos; Sónia Ramos Ferro; Carlos Sezões; Margarida Pedrosa; António Costa da Silva; Marcelo Nuno Pereira; Eduardo Luciano; José Filipe Rodrigues; Luís Martins Impressão Funchalense – Empresa Gráfica S.A. | www.funchalense.pt | Rua da Capela da Nossa Senhora da Conceição, nº 50 - Morelena | 2715-029 Pêro Pinheiro – Portugal | Telfs. +351 219 677 450 | Fax +351 219 677 459 ERC.ICS 125430 Tiragem 10.000 ex distribuição Nacional periodicidade Semanal/Quinta-Feira Nº.depósito legal 291523/09 distribuição Miranda Faustino, Lda

ficha TécnicaSEMANÁRIO

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“Acordo de Governo”

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w.egoisthedonism.w

ordpress.comPedro H

enriques | Cartoonista

PortugalidadeSÓNIA RAMOS FERROJurista

A agricultura na ordem do diaRuI PEdRO AMANtEAgrónomo

Marginalizada durante anos, a agricultura nacional parece ter hoje a atenção que há muito lhe era devida. Há décadas que a pa-lavra “agricultura” não fazia parte dos dis-cursos dos principais responsáveis políticos nacionais, há anos que o sector não era enca-rado como um sector estratégico para Portu-gal. Contudo, a crise que vivemos voltou a colocar, por força das circunstâncias, a agri-cultura na ordem do dia por estar indiscuti-velmente entre as actividades que mais e me-lhor podem contribuir para a resolução dos problemas económicos que atravessamos.

Portugal tem hoje um défice alimentar de cerca de 30%, ou seja, o saldo entre o valor bruto da produção nacional de aproximada-mente 7.000 Milhões de Euros e o consumo de quase 10.000 Milhões de Euros é da or-dem dos 3.000 Milhões de Euros. Assim, o aumento da produção de alimentos em Portugal contribuirá naturalmente para o

equilíbrio orçamental ao reduzir o valor das importações. Todos os euros que podermos poupar na importação de alimentos, são eu-ros a menos nos nossos défices e na nossa divida externa.

Assistimos hoje também a uma escalada dos preços das matérias-primas e dos ali-mentos nos mercados internacionais, o que coloca o nosso país numa situação bastante vulnerável. Por exemplo, no caso dos cere-ais, Portugal produz apenas 25% das neces-sidades (produzimos apenas 11% do trigo que consumimos). Qualquer aumento global de preços terá implicações inegáveis ao nível da economia nacional dada a nossa depen-dência externa.

É necessário que Portugal produza mais e melhor! É necessário que Portugal reactive o aparelho produtivo desactivado ao longo das últimas décadas fruto de desastrosas perdas de oportunidades e de inconcebíveis desper-

dícios de fundos europeus. A agricultura na-cional foi afundada pelos anteriores governos socialistas que desprezaram e hostilizaram claramente o sector deixando-o à beira do co-lapso, sobretudo em áreas estratégicas como a produção de cereais e de leite, por exemplo.

Não nos podemos esquecer que de acor-do com a classificação da OCDE, as zonas rurais ocupam 85% do território, e aí a agri-cultura ainda significa 10% do produto e 15% do emprego. Também não nos podemos alhear da importância da agricultura para o território, o povoamento, o ordenamento, a economia ou para a ecologia do país.

Assim, é com expectativa e alguma ansie-dade que espero pelas novas linhas condu-toras da política agrícola nacional. Acredito que pode ser das dificuldades que muitas ve-zes surgem novas oportunidades e por isso acredito que os próximos anos sejam de es-perança para a produção nacional!

tendência de centralização. Ou se o fez, não ob-teve qualquer êxito. Não serviram, por isso, os interesses dos cidadãos do distrito, que souberam nas urnas, escrutinar o desempenho político do PS.

Sócrates teve uma tendência quase inexpli-cável para o litoral e para a grande polis, como homem moderno e urbano que cedo esqueceu a interioridade do seu berço. Parece que pretende agora refugiar-se numa grande metrópole euro-peia e estudar filosofia. Que pena não ter estu-dado filosofia antes de ser Primeiro-ministro. Teria percebido que o Estado de Direito é uma falácia se houver cidadãos de primeira e de se-gunda classes e é isso a que assistimos quando a desigualdade social se torna inaceitável; que não se pode apregoar o Estado Social se a eco-nomia for débil e não permitir a sustentabilidade das prestações sociais; que não se pode anunciar o facilitismo e depois exigir rigor, mérito e pro-dutividade.

Mas mais do que tudo isso, teria aprendido a escutar, a perceber os sinais em vez de se enclau-surar na sua própria ignorância e hoje, quiçá, a situação nacional poderia ser menos dramática.

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Política

Redacção | Registo

O bispo de Beja, D. António Vitalino, espera que “os novos governantes não se deixem levar por compadrios e motivações secundárias”.

Comentando o resultado das elei-ções legislativas em Portugal, no último domingo, o prelado referiu à agência Ecclesia que era “mais do que necessário haver uma mudan-ça”, visto que se vive “um período de instabilidade e o governo é o

primeiro culpado desta instabili-dade”.

Após a vitória do Parti-do Social Democrata

(PSD), António Vi-talino pede tam-

bém aos novos g o v e r n a n t e s que repartam

“os sacrifícios por todos e não apenas por aqueles que vivem do trabalho dependente”.

Ainda no campo das soluções go-vernativas, o bispo de Beja reconhe-ce que existe “um grande trabalho para fazer”, mas “há bens que não são essenciais que podem ser taxa-dos a um nível superior”.

Estando numa diocese do interior e onde se nota um aumento da de-sertificação, o prelado aconselha os políticos a “olharem com mais aten-ção” para estas regiões.

“O interior do país não tem empre-sas que fixem o pessoal e serviços necessários ao nível da educação e saúde”, por isso são obrigado a emi-grar”, lamenta o também presidente da Comissão Episcopal da Mobilida-de Humana.

O investimento no interior “é fun-

damental” porque “o litoral não tem capacidades para acolher tanta gen-te”, acrescenta.

A descoberta dos “bons recursos que existem na sociedade civil” é outro apelo deixado por António Vi-talino.

Depois das eleições com a mudan-ça do paradigma governamental, o bispo de Beja alerta que “querer um estado social à custa dos cidadãos é quase impossível”, visto que um “só funciona quando a sociedade civil está motivada”.

Apesar de condicionada pelo me-morando assinado com a troika [FMI, Comissão Europeia e Banco Central Europeu] – “há muita coisa que está escondida e que eles não po-dem dizer” - a nova legislatura deve “reforçar a esperança dos portugue-ses”, concluiu o prelado.

D. António Vitalino admite necessidade de mudanças e pede sacrifícios repartidos por todos

Bispo de Beja diz que novo governo deve evitar “compadrios”

Deputado João Oliveira defende renegociação da dívida externa

Um debate semanal, numa parceria Registo/Diana FM, reúne os deputados eleitos por Évora: Bravo Nico (PS), João Oliveira (PCP) e Luís Capoulas (PSD).O debate pode ser ouvido na íntegra na Diana FM às terças-feiras (18h00) e aos domingos (10h00). Às quintas-feiras, a troca de argumentos salta para as páginas do Registo.

pRAçA dA

REpúblICA

PCP diz que renegociação da dívida é a “face [do novo Governo] que mais interessa ao país”.

Redacção | Registo

O deputado comunista João Oli-veira diz que uma prioridadem do próximo Governo deverá ser a renegociação da dívida exter-na e não a “corrida aos lugares” do Estado, “dimensão que está a ser negociada entre PSD e CDS e a que muita gente dá muita rele-vância” (ver caixa).

Mais do que as eventuais pri-vatizações da CGD e da RTP, João Oliveira diz que o mais impor-tante é “assumir” o objectivo da renegociação, depois de os juros da dívida terem atingido máxi-mos históricos nos últimos dias.

“Quando apresentámos essa proposta o Governo dizia que era impensável. No debate eleitoral foi atacada como irresponsável. Afinal de contas, a Alemanha já defende a renegociação da dí-vida externa da Grécia ao dizer que os investidores privados e a banca têm de assumir parte da estabilização financeira do país”, sublinha.

“A situação da Grécia é muito semelhante à portuguesa”, diz o deputado do PCP, partido que irá apresentar no Parlamento uma proposta de renegociação da dívida. “”Essa é a face que mais interessa mais ao país. Os proble-mas são urgentes e não se com-padecem com esperas”.

Para o deputado socialista Bra-vo Nico, o próximo Executivo não se pode limitar a “fundir” os programas do PSD e do CDS uma vez que “há um terceiro progra-ma” que foi subscrito pelos dois e também pelo PS: O acordo com a “troika” será a “matriz deter-minante do futuro programa de Governo”.

Redacção | Registo

O presidente da Federação Distrital de Évora do PS e an-tigo ministro da Agricultura, Capoulas Santos, garantiu à Rádio Renascença que vai apoiar Francisco Assis na candidatura à liderança do PS: “Eu irei apoiar o Francisco Assis, porque neste contexto creio que é a melhor solução para o Partido Socialista”.

“Francisco Assis é não só o melhor protagonista destes quatro anos de oposição – enquanto líder parlamentar revelou ter qualidades para isso –, [como], ao mesmo tempo, [irá] preparar um projecto que o permita ser primeiro-ministro daqui a quatro anos”, sustentou ain-da Capoulas Santos

Já o actual ministro da Agricultura, António Serra-no, manifestou o seu apoio à candidatura de António José Seguro para a lideran-ça do PS, sublinhando a “mais-valia” que o deputado representa para procurar entendimentos dentro e fora do partido.

Citado pela Diana FM, Serrano destacou ainda a capacidade de Seguro para “fazer consenso”, notando que nos próximos tempos essa característica será muito importante na forma de astu-ação “dentro e fora do PS”.

Em entrevista ao Regis-to, José Calixto, presidente da Câmara de Reguengos, insistiu na “solução” Antó-nio Costa para a liderança do PS: “Não posso deixar de demonstrar a minha admi-ração pelo perfil de António Costa, mesmo sabendo da sua decisão de não se candidatar”.

Sucessãodivide socialistas

PS

“Aguardamos a apresentação do programa para saber se a margem de manobra que exis-te é aproveitada para atenuar e mitigar as dificuldades ou apro-veitada para impor uma agenda de direita, liberal, que quer apro-veita esta situação difícil de crise para impor uma matriz ideoló-gica”.

Já o deputado social-democra-ta Luís Capoulas reconhece que o “essencial” da próxima legis-latura “resulta do compromisso” com o FMI, Banco Central Euro-peu e Comissão Europeia. “Faria sentido que esse programa fos-se executado com participação activa dos três partidos que o subscreveram tendo em conta a situação verdadeiramente de emergência em que nos encon-tramos”.

“Este é o momento de se correr atrás de lugares”. Quem o diz é a líder do CDS/Beja, Sílvia Ramos, numa crónica na Rádio Pax. “O CDS Beja irá estar nos devidos lugares proporcionalmente ao nosso peso político e porque te-mos isso legitimado pelos votos que obtivemos”.

Depois de Pedro Passos Coe-lho ter garantido que não iria existir a “substituição de boys do PS pelos do PSD”, a posição do seu parceiros de coligação pare-ce ser diferente. Pelo menos em Beja: “O CDS Beja irá representar o distrito para que lhe sejam re-conhecidas as potencialidades”, diz Sílvia Ramos.

Correr atrás de lugares

Luís Pardal | Arquivo

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4 16 Junho ‘11

PolíticaD.R.

Derrota da Esquerda?

Os resultados das últimas eleições ditaram o fim do Governo PS e do consulado Sócrates à frente deste partido, a eleição de uma maioria de deputados do PSD e CDS-PP, o aumento do número de deputados da CDU e a diminuição sensível da bancada do Bloco de Esquerda.

A tentação de quem escreve e reporta notícias é apresentar estes resultados como uma derrota da esquerda e uma vitória da direita, considerando assim sufragadas não só as políticas neo-liberais, mas também a aceitação pelo povo por-tuguês da assinatura do memorando com o FMI-UE-BCE (mais conhe-cido por troika). Acontece que este tipo de análise tem tanto de ligeiro quanto tem de enganador.

A derrota substantiva do PS, in-dica que a população se encontra deveras insatisfeita com as políticas levadas a cabo, e, note-se estas nada têm de Esquerda. O resultado do PSD está bem aquém de resultados atingidos por este partido em ou-tras ocasiões, porém tanto quando parece, o facto de estar afastado no sentido de posse efectiva dos cargos

governativos, levou o eleitorado a não o identificar claramente com as políticas aplicadas – Doravante não poderá eximir-se quando for aplicar as mesmas medidas, aprofundando-as mesmo naquilo que lhe for pos-sível.

Quanto ao CDS-PP, além da sua subida não ser aquela que lhe vati-cinavam as sondagens e alguns dos afamados analistas da nossa praça, vai ter de deixar à mostra a contra-dição entre os valores que afirma defender – dizendo pretender sal-vaguardar as pensões, a produção agrícola, as pescas (mesmo fazendo tábua rasa da sua actuação aquan-do da última passagem pelo gover-no) – e o facto de ser solidário com as medidas da troika que, de facto, subscreveu.

Fossem, ou tivessem sido, de es-querda as políticas aplicadas pelo PS, as propostas apresentadas ao eleitorado, ou tivesse o PS recusado as imposições estrangeiras – coisa que não fez durante o seu mandato – sem dúvida que teríamos de falar em derrota da esquerda. Sem isso a subida percentual ligeira da CDU

CARlOS MOuRAEngenheiro

e até a deslocação de votos do BE para o PS – deslocação que aliás o protegeu de uma derrocada ainda mais acentuada – dificilmente po-dem ser consideradas como derrota da Esquerda como um todo.

A permeabilidade do eleitor sen-sível aos argumentos do BE ao voto útil no PS era obviamente mais fá-cil, para mais num contexto em que, apesar das políticas profundamente lesivas dos direitos sociais e labo-rais do povo português, este se ti-nha junto ao Partido Socialista nas presidenciais e levantado diversas vezes a questão de entendimentos à esquerda sem clarificar o que eram políticas de esquerda – coisa que tentou desajeitadamente fazer a posteriori com uma moção de cen-sura que se mostrava indefensável para quem se tinha permitido si-lenciar as criticas á governação tão poucos meses antes.

Os eleitores da CDU estavam, por seu lado, muito bem esclarecidos quanto às posições que os partidos constituintes da Coligação haviam tomado anteriormente, quanto à solidez e coerência das propostas e

discurso, uma vez que nunca, quer PCP, quer PEV haviam classifica-do de outra coisa que não fossem de políticas de direita as opções protagonizadas pelo governo PS. A não tergiversação e o contrapor atempado de uma série de propos-tas alternativas ao acordo da troika, propostas essas que acabavam de ser reconhecidas como pertinentes a nível internacional face ao des-calabro da situação grega, após um “resgate” muito similar ao acordo para Portugal, dotavam a CDU de uma capacidade de discussão e ar-gumentação que o Bloco não pos-suía e que nenhuma campanha ou beneplácito da comunicação social disfarçava – aliás é bom notar que mal os resultados foram conheci-dos há já quem esteja pelos jornais reclamando que o Bloco tem de se transformar numa força de susten-tação das políticas neoliberais, ou desaparecerá. Será? Já antes haviam prognosticado esse destino ao PCP e a sua coerência política contrariou sempre esse desiderato.

Construir Esquerda, por que o que falamos é de construir e não

de construir ou refazer ou dina-mizar, tem de passar por diálogo e entendimento, mas não um diá-logo ou entendimento qualquer e seguramente nunca um diálogo de aritméticas e de cadeiras. Um diá-logo para um Governo Patriótico e de Esquerda tem de passar por uma definição muito clara de quais as prioridades de um governo de es-querda, quais as opções que tem de tomar e quais as políticas a aplicar, sendo que o seu norte têm de ser as políticas sociais o estímulo à produção nacional e ao consumo interno, a protecção das conquis-tas dos trabalhadores e a promoção das condições de vida das popula-ções no respeito das normas cons-titucionais.

Se os partidos de direita tiveram uma vitória eleitoral, mas de um ponto de vista de futuro foram as políticas de direita que sofreram a maior derrota e uma derrota que poderá abrir num futuro não muito distante possibilidades de inverter o curso que o nosso país vêm seguin-do. Quem pode falar então em der-rota da Esquerda?

A cidadania

Quando votamos para as legisla-tivas, não votamos em pessoas, votamos em manifestos programá-ticos, em algo que gostaríamos de ver implementado durante a legis-latura, existem figuras que corpo-rizam esses manifestos, que lhes conferem ou retiram credibilidade, mas na sua essência o voto será sempre num manifesto e digo ma-nifesto, porque se trata apenas de uma proposta, algo que depende de inúmeras circunstâncias para que sendo aprovado na Assembleia da República se transforme, aí sim, em programa de governo.

A opção agora encontrada de co-ligação entre o PSD e o PP, não é a única possível; seria viável um blo-co central por exemplo, agora que Sócrates saiu de cena, como seriam possíveis outras hipóteses, se bem que menos plausíveis, como um go-verno minoritário, com suporte par-lamentar previamente negociado.

Quero com isto dizer que o voto, longe de ser uma determina-ção absoluta da vontade popular, é isso sim, uma indicação de rumo, o estabelecimento de uma linha orientadora para a legislatura. É neste contexto que se enquadram as promessas eleitorais, é destas promessas eleitorais que decorrem posteriores afirmações de desco-nhecimento do estado real da eco-nomia, ou de espartilhamento de intenções por via de compromissos pós eleitorais como as coligações ou os governos minoritários, enfim,

MIguEl SAMPAIOlivreiro

“Estivessem a fa-vor ou contra esse acordo tiveram inevitavelmente que o assumir como linha mes-tra das suas cam-panhas”.

desmontada a tenda fazem-se as contas e depois se vê.

Só que dado o momento que vive-mos a coisa não é bem assim. Estas eleições foram excepcionais, por-que se realizaram enquanto decor-ria um pedido de resgate; isso de-terminou a campanha que foi feita a partir de um acordo já existente, (ao que parece) pois os contendores estivessem a favor ou contra esse acordo tiveram inevitavelmente que o assumir como linha mestra das suas campanhas; mas determina também tudo o que se passa e virá a passar neste período pós eleitoral até à aprovação em Assembleia da República do programa de governo.

O que é interessante e constitui-rá mesmo um caso de estudo, é que sendo o acordo de resgate a peça chave do debate eleitoral ele não foi divulgado (pelo menos oficialmen-te) nem discutido, tudo se centrou na necessidade de o aceitar sem

reservas. As pessoas plebiscitaram-no sem o conhecer, sem terem a clara noção do que esse acordo im-plicará nas suas vidas. Deram como boas as asserções dos seus defen-sores, aceitaram como inevitável a sua implementação.

Seria bom, já que ninguém votou numa coligação PSD/PP, (poderiam até ter votado maioritariamente noutra qualquer coligação se isso ti-vesse sido proposto) que o próximo governo, numa atitude de boa fé e respeito pela transparência demo-crática, divulgasse esse acordo e o explicasse sob a sua perspectiva e se sujeitasse a um amplo debate no que à implementação desse acordo diz respeito.

Sei bem que virão explicações a defender que o acordo é demasiado complexo, que a maioria das pesso-as o não entenderiam, mas se o não entenderem a incompetência é de que explica, não de quem o ouve.

É que já ouvi dizer que com este acordo ficaremos ainda mais en-dividados, que teremos que rene-gociar a dívida, que temos fortes possibilidades de entrar em incum-primento… por outro lado as taxas de juros cobradas por quem nos compara títulos da dívida continua a subir…

Já que vivemos em democracia, seria bom praticá-la sem reservas, sem recurso aos subterfúgios habi-tuais.

È tudo uma questão de cidadania, ou se pratica ou então desaparece…

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Política

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Cáceres renuncia ao mandatoAutarca deixa Câmara de Portalegre para se dedicar à empresa.

Pedro Galego | Registo

O presidente da Câmara Municipal de Portalegre, José Mata Cáceres (PSD), demi-tiu-se do cargo na passada segunda-feira alegando razões de natureza pessoal. A decisão de cessar funções foi comunicada ao executivo em reunião de câmara ordi-nária. O autarca de 63 anos estava à frente dos destinos daquela capital de distrito há dez anos e invocou razões de natureza pessoal para tomar a decisão.

“Esta foi uma decisão muito ponderada e pensada de forma a não prejudicar a ci-dade e a garantir o bom funcionamento da autarquia”, declarou em comunicado.

As dificuldades financeiras da Mon-forqueijo, empresa que fundou e que ac-tualmente tem uma cota de mercado de mais de 80 por cento do queijo de origem demarcada Nisa levou a que a decisão de abandonar a câmara estivesse na cabeça de Mata Cáceres há alguns meses, tempo utilizado para preparar a sucessão e para que acontecessem as eleições legislativas.

A perda da maioria absoluta neste seu terceiro e último mandato, mas também a necessidade de voltar à liderança das suas empresas ligadas ao sector agrícola, pesaram fortemente na decisão. O edil re-fere que “as empresas precisavam da sua pessoa na gestão”.

O período de transição política ainda le-vantou a suspeita que o engenheiro agró-nomo pudesse estar de saída para ocupar um cargo na governação PSD, mas o pró-prio desmentiu categoricamente essa hi-pótese, dizendo que vai abandonar a vida política.

Segundo apurou o Registo, a presidên-cia será assumida a partir de Agosto pela actual número dois do executivo, Adelai-de Teixeira. Este cargo passará a ser ocu-pado pela vereadora Ana Manteiga. Para vereador entra Nuno Santana, número quatro social-democrata nas listas que concorreram nas autárquicas de 2009.

Mata Cáceres cumpria o terceiro e úl-timo mandato à frente da autarquia de Portalegre numa posição menos confor-tável que nos mandatos anteriores, ape-nas com maioria relativa - além dos três elementos PSD, a vereação é actualmente

composta por mais três elementos do PS e um da CDU - e com um passivo a rondar 50 milhões de euros.

O presidente cessante diz não se arre-pender de nenhum investimento que tivesse sido feito e que, apesar de terem deixado as finanças locais numa situação sensível, eles era todos necessários à cida-de e ao concelho.

Nos 10 anos que liderou o município, Mata Cáceres mudou o visual da cidade aproveitando as verbas do programa Po-lis, onde se destaca a profunda requali-ficação do centro histórico, a construção do Centro de Artes e Espectáculos e a mu-dança dos serviços da câmara para a anti-ga fábrica de lanifícios.

Aumentou ainda a zona industrial da cidade e implementou parquímetros an-tes das eleições de 2009, situação que mui-tos dizem ter-lhe custado a maioria abso-luta para o derradeiro mandato.

Acérrimo defensor dos produtos tradi-cionais e locais sempre defendeu uma estratégia de desenvolvimento com base nessas valências. Mata Cáceres acredita que o distrito de Portalegre, um dos que no País mais sofre da interioridade só pode ser atractivo se apostar naquilo que é genuinamente seu, como é o caso dos produtos alimentares, os recursos flores-tais a natureza e o património.

Uma das suas principais reivindicações perante o poder central sempre foi a cons-trução de uma auto-estrada que pudesse beneficiar a região, sobretudo numa liga-ção à auto-estrada da Beira Interior (A23) e um melhor acesso a Elvas e consequen-temente a Espanha, país onde o agora ex-autarca acreditava estar parte do segredo da modernização e progresso do distrito.

De acordo com fonte da autarquia, Mata Cáceres vai, agora, gozar um perí-odo de férias, aproveitando este tempo para executar a transição de dossiers para o novo executivo.

José Fernando da Mata Cáceres nas-ceu a 8 de Março de 1948 em Portale-gre, é Engenheiro Técnico Agrário e sempre se encontrou ligado ao meio agrícola e empresarial como o atestam os vários cargos que desempenhou ao longo da sua vida profissional.

Assumiu ainda a vice-presidência da Confederação de Agricultores Portugueses (CAP) e foi assessor do Secretário de Estado da Estruturação Agrária entre Setembro de 1981 e Julho de 1988.

Foi eleito presidente da Câmara Mu-nicipal de Portalegre nas Autárquicas de 2001, 2005 e 2009 como indepen-dente nas listas do PSD

Empresário agrícola

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6 16 Junho ‘11

Entrevista

”Se houver bom senso o Museu do Design não irá abrir portas “

Carmelo Aires, membro da direcção da associação Perpetuar Tradições que defende a manutenção do Museu do Artesanato

Luís Maneta | Registo

Qual o fundamento da quei-xa apresentada pela Perpe-tuar Tradições em Bruxelas?

Não é propriamente uma quei-xa. Trata se de uma denuncia a Bruxelas por incumprimento de regulamentos comunitários re-lativos ao financiamento de pro-jectos. Em termos práticos quer dizer que o projecto que condu-ziu à execução do Centro de Ar-tes Tradicionais, vulgo Museu do Artesanato, foi coberto finan-ceiramente, entre outros, por verbas do terceiro Quadro Co-munitário de Apoio, sendo que

esses fundos são aplicados ao abrigo de regulamentos comu-nitários que implicam uma serie de obrigações. Nomeadamente a manutenção do projecto duran-te um determinado período de tempo, tal como apresentado na candidatura, o não desvio dos objectivos do projecto e a manu-tenção dos postos de trabalho. Ou seja, aquilo para que a Co-missão Europeia deu o dinheiro tem de ser cumprido.

E isso não aconteceu no caso do Museu do Artesanato?

O projecto foi acompanhado por uma comissão cientifica

formada pela Universidade de Évora, Museu de Évora, Institu-to Português de Museus, um re-presentante da antiga Comissão Inter Ministerial para o Artesa-nato, ou seja uma comissão for-mada por pessoas competentes dentro desta área e que atestou a sua validade cientifica, tendo sido a Região de Turismo de Évo-ra que o executou e se candida-tou aos fundos comunitários.

E depois?Quando a Região de Turismo

de Évora se extinguiu e essas res-ponsabilidades passaram para a Entidade Regional de Turismo

(ERT) do Alentejo verificou-se um decréscimo do interesse da parte dessa entidade relativa-mente à manutenção das respon-sabilidades que lhe competiam por herança, digamos assim, quando ao projecto. O Museu do Artesanato foi deixado progres-sivamente ao abandono.

Desinvestiu-se?Desinvestiu-se, efecutaram-

se retiradas do acervo com jus-tificações de que os custos não cobriam minimamente as des-pesas, deixou-se de promover exposições temporárias e o nú-cleo central da exposição, valio-

sa do ponto de vista da riqueza do artesanato, foi-se perdendo. Retiraram-se verbas, funcioná-rios, até que o projecto deixou de andar para a frente. Contraria-mente àquilo que era de esperar, que depois da fase de instalação se incentivasse uma nova dinâ-mica com ligação às escolas, que estava prevista, e aos artesãos, tal como consta da memória des-critiva apresentada a Bruxelas, notou-se uma regressão de todos estes aspectos.

Acha que foi uma decisão in-tencional?

Achamos que foi intencional

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dinheiros comunitários aplica-dos ao projecto e depois a Comis-são decidirá e proporá ao Estado Membro a solução a adoptar. Se este não der resposta satisfató-ria, será interposta uma acção que pode ir até à devolução das verbas. Digo que pode ir porque haverá cenários intermédios.

O projecto inicial foi com-prometido?

Se não fosse assim não tínha-mos avançado com esta denún-cia. Antes de fazer a denúncia fi-zemos contactos e tentamos por várias vezes durante seis meses que a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Alentejo resolvesse, como era sua responsabilidade, o proble-ma do incumprimento. As res-postas que nos dão ao fim desses tempo é a de que oficiaram por duas vezes a Turismo do Alente-jo.

Houve omissão pela CCDR?Não fizeram o que lhes com-

petia no controle da aplicação das verbas num quadro comu-nitário de apoio e por isso ain-da demos uma data limite para que nos fosse dada uma resposta concreta. Ultrapassado esse pra-zo avançámos com a denúncia. Sempre dissemos que iríamos utilizar todos os meios legais ao nosso alcance para eliminar este desvirtuamento e liquidação do projecto do Museu do Artesana-to e que iríamos directamente mais acima, até Bruxelas. De-mos tempo mais do que sufi-ciente para obter uma resposta.

Esta é a única forma de parar o projecto?

Neste momento o processo está em Bruxelas onde já tem catalogado o número que o iden-tificará. A denúncia está oficial-mente registada e aguardamos que a Comissão Europeia através dos serviços competentes nos diga o que e se vai passar. Natu-ralmente que seremos também ouvidos durante o decurso deste processo.

Acredita que tudo possa vol-tar atrás e que o Museu do Ar-tesanato seja reaberto?

Não posso pensar de outra forma. Seria muito mau se um projecto que não é cumprido, que é desvirtuado, acabasse por manter-se nesta situação com a complacência das autoridades nacionais e de Bruxelas. Isso levar-nos ia a tirar outras ilações que não queremos sequer acre-ditar possam existir. Fizemos todas as diligências nacionais e elas não resultaram. Fizemos esta junto de Bruxelas e estamos convencidos que, pelo menos, o processo de criação do Museu do Design terá que parar e ser re-pensado.

Não conheço ninguém, além da Câmara de Évora, da Turis-mo do Alentejo e do próprio coleccionador que defenda

“A Câmara de Évora tem uma posição de teimo-sia em todo este processo. Tem havido pouca sensibilidade e conhecimento daquilo que é o artesanato e a arte popular em termos de con-ceitos e identifi-cação. Quando a vereadora do pelouro diz que as peças do Museu do Artesanato se podem encontrar em qualquer loja da cidade penso que mostra pouca sensibilidade so-bre o acervo que ali está”.

esta solução, pelo menos de forma pública? Porquê esta insistência no projecto?

Sabe que eu tenho feito essa pergunta a mim mesmo. O que é que levará a Câmara de Évora e o responsável da Turismo do Alen-tejo a prosseguir neste caminho? A Câmara Municipal de Évora diz que entra nisto porque a Tu-rismo do Alentejo lho propôs. A ERT diz que foi a Câmara que iniciou a abordagem com vista a uma solução para acolher a colecção de Paulo Parra. Não sei quem é que começou, quem está a falar verdade. O que é facto é que o presidente da Turismo do Alentejo, nas suas várias inter-venções públicas, tem posto uma tónica grande em tudo aquilo que é regional, na nossa matriz cultural, na nossa identidade.

Mas neste caso?Neste caso concreto, a sua ac-

tuação é totalmente ao arrepio do que diz no contexto de outras marcas de identidade cultural. Se há alguma questão de natu-reza política ou pessoal por parte destas entidades não sei. Na Per-petuar Tradições, as pessoas que estão envolvidas são de espec-tros políticos vários e aquilo que nos move são razões de verda-deira cidadania pelo que a nossa posição não é político-partidária. É uma posição política, e ainda bem que é porque representa aquilo que de mais nobre existe na política, o assumir de posi-ções em defesa daquilo em que acreditamos.

A associação não está contra um Museu do Design?

Exacto. Apenas achamos que não é compatível coexistir o Museu do Artesanato com o do Design industrial. Em primeiro lugar pelas características do es-paço, que de si já é exíguo e não podia ser considerado museu por não poder cumprir todas as alíneas que o Instituo Português de Museus exigia para que fosse considerado como tal. Depois porque esta mistura não faz sen-tido.

Como assim?O Museu do Artesanato foi

pensado para salvaguarda e di-vulgação da memória colectiva dos alentejanos traduzida na sua arte popular. Não é para ser mis-turável nem minimizada face a uma colecção de design indus-trial oriunda de um conceito de globalização e de fabricação que tem toda a sua dignidade e que, com vantagens até para própria colecção, poderia ser instalada num outro sítio. Indicámos su-gestões às pessoa que defendem essa mistura, nomeadamente nos armazéns da Palmeira, que a actual Câmara sempre deixou ao abandono inviabilizando o Museu de Arte Contemporânea de Évora, áreas no edifício dos Leões onde há um curso de de-sign e onde o próprio Museu te-ria todo o sentido existir.

Não é por falta de espaço que não se equaciona outra solu-ção?

Não, não é por falta de espa-ço alternativos. Em todo o caso,

<Depois de um investimento público de 1,3 milhões de

euros, o Museu do Artesanato reabriu em Setembro de 2007.

O espaço voltou a fechar, tendo a Perpetuar Tradições

apresentado denúncia à Comissão Europeia.>

1,3NÚMERo

“A via do diálogo deve ser privilegiada, sendo que a mistura da colecção de design com o artesanato e a arte popular, naquele espaço, é inegociável para a Perpetuar Tradições”.

Luís Pardal | Registo

porque não se encontram outras razões que justifiquem estas ati-tudes. Alguns dos argumentos utilizados, como a falta de re-cursos financeiros, acabam de-pois por vir a ser desmascarados quando aparece o protocolo assi-nado entre a entidade que tem a responsabilidade do projecto, a Câmara Municipal de Évora, e o coleccionador Paulo Parra.

Em resumo: entende que foram utilizados apoios co-munitários para um projecto que não foi executado como estava previsto. Esse dinhei-ro terá de ser devolvido?

De facto o projecto não foi exe-cutado, não foi cumprido nos prazos, objectivos e portanto agora temos vários graus de res-ponsabilização que podem ser accionados pela Comissão Euro-peia. Primeiro vai-se verificar se há ou não matéria para levantar um inquérito e nós entendemos que há. Depois serão ouvidas as entidades nacionais responsá-veis, em primeira linha, por vi-giar e estabelecer o controle dos

compreendo que é mais fácil pôr os ovos onde já existe um ninho. Está ali um espaço que foi cons-truído com verbas públicas, tem um acervo público, está no cen-tro da cidade … e depois logo se tenta arranjar maneira de dizer que a pedra lascada também é design e ligar aquilo tudo com o artesanato, com o que não pode ser justificável. Além disto, há frases e justificações para esta coexistência que são megalóma-nas e ridículas como a de Évora se poder transformar numa capi-tal do design e entrar no grande roteiro das cidades mundiais do design.

Como analisa o papel da Câ-mara de Évora em todo este processo?

O actual mandato tem mui-to poucas obras que se possam ver. A concretizar-se, o Museu do Design seria algo mais que se apresentava como realização mas mesmo assim seria um in-sucesso. A Câmara tem uma po-sição de teimosia em todo este processo. Tem havido pouca sen-sibilidade e conhecimento da-quilo que é o artesanato e a arte popular em termos de conceitos e identificação. Quando a vere-adora do pelouro diz que as pe-ças do Museu do Artesanato se podem encontrar em qualquer loja da cidade penso que mostra a pouca sensibilidade sobre o acervo que ali está e mostra des-conhecimento sobre todo o seu trajecto desde os anos 60 e todo o esforço das gerações que estive-ram na sua origem.

Falou em teimosia?Estabeleceu-se um braço de

ferro, a partir da Câmara, entre quem defende aquele projecto, o coleccionador que quer ver a sua colecção valorizada num espaço central da cidade, e as persona-lidades de mérito reconhecido que compõem a Comissão Mu-nicipal de Arte, Arqueologia e Património. A comissão pro-nunciou-se contra este projecto. E a Câmara de Évora ignora esta posição? A própria ministra da Cultura afirmou em documento escrito que o Museu do Artesa-nato tem validade para continu-ar e ser reforçado e o seu parecer é negativo relativamente à mis-tura que se pretende fazer entre arte popular com design.

Entretanto, o Museu do Ar-tesanato está fechado. E o do Design não abriu.

Já foram realizadas obras no edifício, não se sabe quais, que estão na área de protecção do Igreja de São Francisco. Foram efectuadas obras que não foram dadas a conhecer à Direcção Re-gional do Ministério da Cultura. A Primavera já lá vai e o museu ainda não está aberto, com tudo o que isso implica de prejuízo para a cidade numa altura em que o fluxo de turistas é crescente. Con-sidero que se houver bom senso o Museu do Design não irá abrir portas e a via do diálogo deve ser privilegiada, sendo que a mistu-ra da colecção de design com o artesanato e a arte popular, na-quele espaço, é inegociável para a Perpetuar Tradições.

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8 16 Junho ‘11

Política

Redacção | Registo

O CDS triplicou no concelho de Évora o crescimento eleitoral en-tre 2009 e 2011 compartivamen-te com os resultados nacionais. Nas legislativas, os centristas cresceram no concelho de Évora 36% face a 2009, enquanto a ní-vel nacional a progressão eleito-ral não foi além dos 11%.

Fonte centrista assinala que na base destes resultados está a re-candidatura de André Assis e San-tos, bem como a “insistência do partido” nas temáticas agrícolas.

Se a progressão eleitoral do PSD deixou “entusiasmadas” as estruturas locais e distritais do partido, o crescimento do CDS no concelho de Évora é visto por fontes sociais-democratas com “bastante preocupação” e um “prenúncio” da necessidade de entendimentos do ponto de vis-ta autárquico.

Em Évora, entre 2009 e 2011 o CDS passou de 2233 votos para 3051 votos. “São pouco menos do que o conseguido pelo PSD nas últimas autárquicas”, assinala a mesma fonte, acrescentando que “em contas simples, a vota-ção obtida por PSD e CDS juntos nas legislativas é superior à al-cançada pelo PS nas últimas au-tárquicas”.

Também em Elvas os resul-tados obstidos pelos centristas foram superiores à média nacio-nal, tendo o CDS obtido uma vo-tação superior à do PCP e Bloco de Esquerda juntos.

“Estava esperançado num bom resultado mas uma coisa assim parecia quase impossível. É muito simbólico ficar à frente do PCP. Tivemos um resultado melhor em Elvas do que em Bra-ga, imagine só”, desabafa Luís Abreu, um “histórico” do CDS em Elvas, confessando que ago-ra “tem a certeza” de que “valeu a pena aguentar o CDS” no período em que o partido esteve “quase morto” no Alentejo.

Para os 12,96% obtidos nas úl-timas legislativas, Luís Abreu diz que “foi decisivo o discur-so de Paulo Portas de apoio à agricultura”, o trabalho de uma “nova geração” de militantes que chegou ao CDS e a escolha do cavaleiro tauromáquico Pau-lo Caetano como cabeça-de-lista.

Bem longe estão já as memó-rias do primeiro comício de Frei-tas do Amaral no Alentejo: “Foi aqui em Elvas, na Piedade, e ti-vemos de colocar vigilantes em vários pontos-chave para não sermos apanhados de surpresa”. Passados 30 anos, a surpresa é a votação do CDS.

Subida eleitoral dos centristas no concelho foi três vezes superior à do todo nacional.

CDS cresce em Évora

Redacção | Registo

A Câmara de Évora voltou a de-bater a informação jurídica sobre o preenchimento de requisitos para atribuição de subsídios (ano de 2010), tendo tomado co-nhecimento da posição do De-partamento de Apoio Jurídico e Notariado (DAJN), expressa pela responsável pelo serviço, segun-do a qual não estão cumpridos nenhum dos critérios que per-mitem a atribuição dos subsídios aos agentes culturais e desporti-vos.

A não atribuição destes subsí-dios foi pela primeira vez admi-tida pela vereadora da Cultura em entrevista ao Registo, situa-ção que originou uma manifes-tação dos agentes culturais em Évora e cuja resolução se tem arrastado.

Na última reunião pública, o município decidiu recolher toda a informação relativa a proces-sos que envolvam compromis-sos plurianuais que a Câmara Municipal tenha assumido com algum dos agentes e, em reunião interna, apresentará aos verea-dores todo o processo, afim de que estes possam posteriormen-te tomar uma decisão final sobre

o assunto.Por outro lado, ficou uma vez

mais garantida a legalidade da atribuição de subsídios para os agentes culturais corresponden-tes à segunda tranche de 2009 e ao ano de 2011, já de acordo com o regulamento aprovado.

Na ocasião foi aprovado (com os votos a favor do PS e do PSD e as abstenções da CDU) um docu-mento técnico para tornar ain-da mais transparente e rigoroso todo o processo de apoio ao mo-vimento associativo desportivo.

Trata-se do documento técnico de ponderação conforme o arti-go 7º do Regulamento de Apoio às Associações Desportivas do Concelho de Évora e tem por ob-jectivo definir a metodologia e os critérios de apoio da Câmara Municipal de Évora ao associa-tivismo, de forma a consagrar uma prática de transparência, ri-gor e imparcialidade entre a au-tarquia e as estruturas associati-vas com intervenção desportiva.

Este documento visa opera-cionalizar o regulamento, defi-nindo todos os critérios e pon-derações a ter em consideração de modo a estabelecer o valor final do apoio. A flexibilidade deste documento permite defi-

Câmara de Évora ainda debate subsídios de 2010

nir estratégias de intervenção de acordo com a actualidade e criar incentivos para o desenvolvi-mento das diferentes áreas.

Já a proposta de critérios para a cedência de entradas gratuitas para a época balnear de 2011 foi aprovada por unanimidade.

Todos os anos chegam à Câma-ra de Évora inúmeros pedidos de entradas gratuitas nas piscinas municipais, designadamente para a realização de Ateliers de Tempos Livres, a maioria dos quais organizados com fins lu-

crativos e utilizando as instala-ções municipais sem qualquer tipo de encargo.

Face a tal e de forma a evitar, por um lado essas situações e por outro uniformizar os critérios de cedência das entradas dos diver-sos agentes sociais do concelho, é feita tomada a decisão de con-ceder 10 dias de entradas gratui-tas/ano por associação, median-te apresentação dos projectos legalmente aprovados, até ao máximo de 50 entradas por dia a grupos de ATL’s locais/Férias

Foi aprovada a apresentação de candidaturas no âmbito do empréstimo-quadro (EQ) do Banco Europeu de In-vestimento. Após análise às operações em curso da Câma-ra Municipal objecto de co-financiamento pelo QREN, constatou-se que as possíveis candidaturas deverão ter como objecto as seguintes operações: Remodelação da Rede de Água e Esgotos de S. Mancos; Tecnopólo da RUCI Corredor Azul e Beneficiação da Estrada Municipal 526 (Entre a Estrada Nacional 254 e Nª Sª de Machede.

Novo empréstimo

Desportivas devidamente lega-lizados e sem fins lucrativos.

Serão igualmente concedidos dois dias de entradas gratuitas/semana para a instituição ou grupo de crianças acolhidas em regime de internamento em instituições sociais, deven-do para o efeito ser indicado os responsáveis técnicos de acom-panhamento e o programa de actividades a desenvolver nas instalações municipais.

D.R.

Luís Pardal | Arquivo RegistoLuís Pardal | Arquivo Registo

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Regional

Luís Maneta | Registo

A Torre dos Álamos e a Igreja de São Paulo são dois exemplos de património histórico votado ao abandono. Monumentos há muito em ruínas, cujo processo de destruição se intensifica ano após ano. Na rua principal de Cano (Sou-sel) não falta quem preste infor-mações sobre o melhor caminho para a Torre do Álamo: “É seguir em direcção a Estremoz que logo encontra uma indicação com o nome da herdade”. “É bonito de ver mas está tudo a cair”, adverte um morador. “Foi lá que viveu o Camões”, acrescenta, com um nítido sublinhado no artigo defi-nido “o” não fossem subsistir dú-vidas quanto ao Camões de que se fala: “O poeta. Até já por aí se ouviu que uma parte de Os Lusí-adas foram lá escritas”.

“Não temos nenhum docu-mento que comprove a perma-nência neste local de Luís Vaz de Camões mas é provável que isso tenha sucedido pois a sua famí-lia andou por esta zona do Alen-tejo e aqui teve propriedades. Há provas disso”, explica a historia-dora Ana Machadinha.

Indiferente às certezas dos his-toriadores, a tradição popular batizou este monumento renas-centista de finais do século XV

com o nome do poeta: Torre de Camões. Mas nem isso lhe con-seguiu evitar o longo processo de degradação, acentuado ao longo de anos e anos de abando-no. “Ninguém pode garantir que um Inverno mais rigoroso não origine uma derrocada, deitan-do a construção por terra”.

Situado numa propriedade privada, em plena planície, o monumento não dispõe de qual-quer protecção por parte do Es-tado. Há dois anos, a Câmara de Sousel deu início ao processo de classificação como Imóvel de Interesse Público, mas os papéis ainda andam pelos gabinetes do Ministério da Cultura a aguar-dar decisão.

Sem isso, Ana Machadinha diz que não se poderá pensar em intervir: “Não podemos fazer obras numa propriedade priva-da. Num país onde cada um olha para o seu umbigo, não é fácil chegar a esse ponto”. Sobretudo quando entram em conflito in-teresses públicos e privados – a protecção do monumento reti-raria área à exploração agrícola e levaria mais pessoas ao local.

Com os seus três pisos, a Torre do Álamo ou de Camões perma-nece enigmática. Não se sabe quem a construiu, nem porque o fez, mas do último dos três pisos conseguem ver-se os castelos de

Abandono acentua degradação de património histórico no AlentejoA Torre dos Álamos ou de Camões, em Sousel, e a Igreja de São Paulo, em Elvas, são dois exemplos de património abandonado.

Estremoz e de Évoramonte e o Convento de Avis, o que reforça a ideia segundo a qual se trataria de uma torre de atalaia, à seme-lhança de outras existentes na zona de fronteira.

Ainda no distrito de Portale-gre, outro exemplo. Nem a can-didatura das fortificações de Elvas a Património da Humani-dade, que deverá ser analisada pela UNESCO em 2012, coloca a salvo o património histórico da cidade. Um dos exemplos de de-gradação é a Igreja de São Paulo, construída no século XVIII, cuja demolição foi evitada à tangente o ano passado, na sequência de uma petição onde foram reu-nidas mais de 2200 assinaturas contra “um acto de inqualificá-

vel desprezo pelo património edificado”.A igreja, antigo local de culto dos monges paulistas da Serra de Ossa, a única ordem masculina com origem portu-guesa, encontra-se em ruína há mais de 100 anos. Um período ao longo do qual se sucederam as derrocadas, não só na igreja mas também no complexo de edifícios onde se insere, o Quar-tel de São Paulo, que nas décadas de 60 e 70 do século XX foi local de instrução para dezenas de mi-lhares de soldados portugueses, posteriormente mandados para a guerra em África.

O espaço foi deixado ao aban-dono. E a necessidade de inter-venção no edifício acabaria por ser “apressada” quando a derro-

cada de um prédio de dois an-dares, em Março de 2010, deixou desalojadas quatro pessoas, colo-cando em risco a segurança dos moradores que vivem nas proxi-midades do quartel.

Demolir a igreja foi a solução encontrada pelo Ministério da Defesa, numa decisão que ge-rou forte contestação por parte da população e da autarquia, segundo a qual só a preservação da fachada oitocentista permite salvaguardar uma “peça funda-mental da arquitectura” da cida-de.

O processo foi parado pelo Ministério da Cultura uma vez que o projecto de intervenção nem sequer tinha sido submeti-do ao parecer das entidades res-ponsáveis pela preservação do património, apesar de a a igreja se encontrar localizada na zona de protecção das muralhas de Elvas.

O edifício foi “entaipado”. E as obras adiadas. “Vamos fazer um ponto de situação dentro em breve mas é evidente que uma situação destas não é favorável num momento em que nos can-didatamos a Património da Hu-manidade”, diz a vereadora Elsa Grilo, defendendo ser “urgente” o Ministério da Defesa recupe-rar um conjunto de valor ímpar para a história da cidade.

D.R.

D.R.

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10 16 Junho ‘11

Regional

Os movimentos de “indignados” que têm enchido as grandes praças de certas capitais e outras cidades europeias com dezenas de milhares de cidadãos (ou al-gumas centenas em Portugal) convergem em torno duma preocupação: pôr cobro à separação entre sistema político e socie-dade civil, separação que resultou do jogo normal, pacífico, da democracia represen-tativa, partidária e parlamentar. Os efeitos do sistema representativo e os seus inconvenientes são bem conhecidos e os movimentos actuais deles estão cons-cientes. Mas as soluções (práticas, pacíficas, susceptíveis de gerar largos consensos) teimam em faltar nas propostas que ema-nam das assembleias. A acção local tem os méritos que sabemos: mas ao abandonar o que se joga aos níveis nacional e europeu, a acção local, por si só, deixa por resolver o problema essencial, a autonomização da classe política em relação à sociedade civil. Por seu turno, o referendo, para além de ser tecnicamente inaplicável para deci-dir políticas quotidianas nas sociedades de grandes dimensões pode conduzir à criação duma arena de combates ideológi-cos em torno de escolhas exageradamente simplificadas que se tornam perigosas.A alteração da relação actual entre eleito-res e eleitos tem portanto que efectuar-se em dois planos: no plano institucional, pela alteração da lei fundamental e das leis que a especificam. No plano da acção cidadã, pela responsabilização – individual, e não partidária - dos eleitos pelas opções em nome das quais foram eleitos. As experiências que indicam as modalidades possíveis multiplicam-se. Desenvolvem-se as técnicas de exigên-cia de prestação de contas aos políticos por meios informais, privados (pressão presencial nas “permanências” dos eleitos, envio maciço de emails exigindo alteração de posições de voto, formação de grupos de cidadãos para exigir explicitação de posições). A estes acresce o recurso aos meios judiciais (exemplo islandês, proces-so contra gestores dos bancos arruinados), que incluem a instauração de processos contra os responsáveis por gestão pública danosa, etc. É claro que esta via depende da disponibilidade e da eficácia da justiça: mas a reputação do político envolvido em actos ilegais ou até apenas ilegítimos pode ser eficazmente posta em causa (numero-sos exemplos americanos) por impugna-ções fundamentadas e sérias. Controlo dos políticos pelos cidadãos: uma evidência? Uma revolução.

CIDEHUS - Universidade de Évora e Academia Militar

[email protected]

AntropólogoJosé Rodrigues dos Santos*

Um olhar antropológico

Crise das democracias no Ocidente: 2- A responsabilização

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Terras Dentro promove exportação de lã pretaParceria internacional entre associações de desenvolvimento local.

Redacção | Registo

No âmbito de um projecto de coo-peração entre a Terras Dentro – As-sociação para o Desenvolvimento Integrado e a Associação Francesa GAL Pays Combraille en Marche (Re-gião Limousin), deslocou-se à nossa região uma delegação francesa de 10 especialistas, entre eles técnicos, criadores e repórteres de imagem, começando a sua visita pela Ovibe-ja, onde o grupo tomou contacto com a realidade dos nossos produtores e aquilo que se produz no Alentejo em termos de ovinos merino preto.

Este projecto assenta na valori-zação da lã destes animais que não existem em França e que aquela as-sociação de desenvolvimento fran-cesa pretende importar para a sua zona de intervenção.

O objectivo é o de exportar vários rebanhos com cerca de 20 a 30 ani-mais cada, que serão introduzidos naquela região em França para ana-lisar a sua adaptação e potencial de produção de lã. Para os produtores alentejanos esta pode ser uma boa oportunidade de voltar a relançar a valorização daquilo que é hoje con-siderado por alguns criadores um sub produto dos seus rebanhos de ovinos.

A Terras Dentro conta com a co-laboração técnica e operacional da ANCORME (Associação Nacional de Criadores de Ovinos de Raça Merina) e do seu secretário técnico Tiago Per-loiro, que desde o início se disponibi-lizou para este desafio.

Foi em Outubro de 2010 que numa primeira visita exploratória os par-ceiros franceses conheceram a AN-

CORME e os seus técnicos, visitaram explorações agrícolas de vários cria-dores e tomaram contacto com a nos-sa realidade. Observaram na altura os animais em causa e discutiu-se a possibilidade de avançar com esta cooperação.

“A ideia dos nossos parceiros as-senta num conceito de fileira susten-tável da lã através do uso de fio na-turalmente colorido do merino preto evitando o recurso a produtos de ori-gem química. Para isso, industriais e criadores franceses, estão empenha-dos em desenvolver esta parceria no Departamento de Creuse, Limousin”, refere fonte da Terras Dentro.

“Necessitam de animais de raça merina preta a fim de produzirem localmente a matéria prima neces-sária. A escolha da importação dos primeiros rebanhos recaiu sobre a nossa região o que demonstra mais uma vez as potencialidades do nos-so território”.

Nesta última visita de trabalho os técnicos franceses visitaram esta-leiros de tosquia, puderam analisar a qualidade da lã e o potencial dos animais, tendo ainda realizado vi-sitas a explorações e seleccionado uma primeira remessa de efectivos a enviar ainda este ano. As fêmeas e reprodutores que darão origem a rebanhos a exportar no próximo ano também já ficaram identificados.

Num âmbito mais alargado desta fileira, a delegação esteve em Viana do Alentejo, na Oficina do Feltro, di-namizada pela Associação Cultural Colecção B. Visitaram ainda Arraio-los onde apreciaram os tapetes locais tendo sido recebidos na Câmara Mu-nicipal numa visita acompanhada

Está a decorrer em Alcáçovas até 19 de Junho a XIV Quinzena Cultural, evento promovido pela Junta de Freguesia de Alcáçovas, com o apoio da Câmara Muni-cipal de Viana do Alentejo e a participação activa de todas as instituições locais.

Esta quinzena, mais uma vez marcada pela diversidade e qua-lidade das diversas actividades dinamizadas, tem sido um pólo de atracção quer para a popula-ção local, quer para os inúmeros visitantes que vêm de fora.

Até ao próximo domingo, o programa inclui esta noite o espectáculo “O Fado e a Guitarra Portuguesa” com António Passão, João Pereira e Rute Belga, na noite de 17 de Junho um concer-to da Orquestra de Guitarras da Ensemble Monte-Mor e no dia 18 a Orquestra Juvenil de Ponte de Sôr.

No Centro Cultural poderá apreciar pintura em tela e azu-lejo, fotografia, artes plásticas e uma exposição muito particular apresentada pela Terras Dentro em parceria com a OIKOS, intitu-lada “O Meu Brinquedo – A Cria-tividade da Criança Africana”.

Quinzena Cultural

pelo GAL Monte.O projecto está agora no seu inicio

mas as perspectivas e potencialida-des do mesmo, no que toca a trazer uma mais-valia para o produto lã, com as especificidades atrás enun-ciadas, é desde já uma realidade.

D.R.

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Actual

Qualidade de ouro para 22 praias na costa alentejanaAssociação ambientalista Quercuis distingue praia que mantém qualidade da água ao longo de cinco anos.

Redacção | Registo

A associação ambientalista Quercus atri-buiu o galardão “qualidade de ouro” a 22 praias do litoral alentejano, sendo que 9 se situam no concelho de Grândola. E que Alcácer do Sal não integra a lista. A nível nacional, foram assinaladas 286 praias que cumprem as novas regras relativas à qualidade da água.

Esta lista integra uma selecção de todas as praias que em Portugal tiveram sem-pre qualidade de água classificada como boa entre 2006 e 2009 e classificada como excelente em 2010, com análises sempre excelentes ao longo da última época bal-near.

Esta avaliação efectuada pela Quercus é muito mais limitada em comparação com a atribuição da Bandeira Azul, ao ba-sear-se apenas na qualidade da água das praias, apesar de ser mais exigente neste aspecto em específico.

O “ranking” visa “realçar as garantias de praias que ao longo de vários anos (cinco, neste caso), apresentam sistema-ticamente boa qualidade, e que portanto, em nosso entender, oferecem uma maior fiabilidade no que respeita à boa qualida-de da água, confirmando ainda a sua ex-celência na última época balnear”, refere fonte da associação.

Ficam de fora desta lista as zonas balne-ares com menos de cinco anos e aquelas que só mais recentemente viram resol-vidos os seus problemas de poluição ou onde se tenha verificado na última época balnear uma qualquer análise de quali-dade inferior a excelente.

Em comparação com 2010, há mais 17 praias com qualidade de ouro, num total de 286 das 515 zonas balneares.

O concelho com maior número de praias com qualidade da água de ouro é Albufeira (com 18 zonas balneares), se-

guido de Almada e Vila Nova de Gaia (15), Torres Vedras e Vila do Bispo (10). O con-celho com maior número de praias inte-riores com qualidade de ouro é Proença-a-Nova com duas praias.

Segundo a Quercus, 92% das praias na-cionais têm agora qualidade excelente, tendo a análise sido efectuada a partir da informação pública oficial disponibiliza-da pelo Instituto da Água através do Siste-ma Nacional de Informação de Recursos Hídricos (SNIRH).

De acordo com a legislação, cada uma das praias, com excepção das novas zonas balneares, foi classificada atendendo às análises dos últimos anos.

Assim, em 2011 existem em Portugal, 515 zonas balneares (432 costeiras e 83 interiores): 447 excelentes (92%), 32 boas, 7 aceitáveis e uma má. Há mais 22 novas praias (15 costeiras e 7 interiores) do que em 2010.

A Quercus considera que continua a existir alguma vulnerabilidade à poluição, principalmente nas águas interiores, no-meadamente no que diz respeito às falhas no saneamento básico e aos problemas de gestão da bacia hidrográfica, os quais esta-rão na origem das análises más, sendo que em muitos dos casos continua a não ser pos-sível identificar uma causa evidente.

Enquanto 95% das praias costeiras ou de transição têm classificação “excelente”, no que respeita às águas interiores essa percentagem desce para 75%. Verificou-se também 20% de praias interiores “acei-táveis”, enquanto apenas 4% das praias costeiras obtiveram essa classificação. Porém, a única praia que recebeu a clas-sificação de “má” foi a praia de “Castelo do Queijo” no Porto.

Na época balnear passada (2010), 52 zo-nas balneares foram desclassificadas por diversas razões, com destaque para a má qualidade da água.

A Amieira Marina, empresa que gere os barcos-casa no Alqueva, tornou-se na única marina de interior a ser distinguida com a Bandeira Azul. A bandeira, que representa a certificação da qualidade ambiental das águas e infra-estruturas de apoio, será haste-ada no próximo fim-de-semana.

Segundo o administrador da Amieira Marina, Eduardo Lucas, “a candidatura com sucesso ao galardão Bandeira Azul, foi conseguida com alguns ajustes na sinalética geral, um reforço na informação disponi-bilizada aos clientes e essencialmente um incremento das acções de formação e sensi-bilização ambiental”.

O projecto Amieira Marina teve, desde a sua génese, elevados cuidados de ordem ambiental, já que é precisamente do desfrute e vivência da natureza em torno do Grande Lago, que assenta a sua actividade princi-pal. Trata-se do primeiro empreendimento náutico-turístico em funcionamento na

zona e engloba todos os serviços inerentes à actividade náutica, nomeadamente o aluguer de embarcações de múltiplos tipos, nomeadamente os barcos-casa, bem como os serviços na área da restauração, com um restaurante panorâmico.

Os barcos são procurados anualmente por centenas de pessoas. Graças à grande autonomia destas embarcações, os utentes poderão navegar pelo Grande Lago nas zonas autorizadas, podendo aportar com facilidade e deslocar-se a pé ou de bicicleta às povoações ribeirinhas e a outros destinos, usufruindo de todo o potencial turístico da região.

As embarcações, para além dos quartos, das instalações sanitárias e das áreas co-muns, possuem zonas de solário, de pesca, e barbecue exterior, pelo que estará garantida a ausência de monotonia para quem alugue estas embarcações.

Provas de vinhos e de azeites, cursos de

Amieira Marina e Praia do Pego com bandeira azul

Três praias de eleiçãoAlmogravePraia rodeada de arribas cobertas por um grande cordão dunar. Caracteriza-se por um areal extenso mas pouco profundo. Oferece boas acessibilida-des, zonas de circulação automóvel e áreas de estacionamento. Pelas suas características convida à prática de bo-dyboard e surf.

ComportaLocaliza-se a cerca de 8 quilómetros da aldeia do Carvalhal, concelho de Grândola. Praia de características ru-rais, com extenso areal de cor clara com um sistema dunar de grande in-teresse paisagístico e ambiental.

D.R.

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Actual

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Grândola Aberta NovaAtlânticaCarvalhalComportaGalé - FontainhasMelidesPegoTróia - Bico das LulasTróia - Mar

odemiraAlmograveMalhãoMilfontes - Farol

Milfontes - FurnasZambujeira do Mar

Santiago do Cacém Costa de Santo AndréFonte do Cortiço

Sines Porto CovoIlha do PessegueiroMorgavelSão TorpesVasco da GamaVieirinha

vela ligeira e cruzeiros, ski e wakebord são outras possibilidades de lazer em Alqueva.

pego vence concurso

O 1º prémio do concurso “Melhor Concessio-nário” promovido pelo Programa Bandeira Azul foi entregue à Herdade da Comporta, concessionária da Praia do Pego, numa cerimónia que decorreu no Oceanário de Lisboa, e que contou com a presença da Ministra do Ambiente e do Ordenamento do Território Dulce Álvaro Pássaro, do presiden-te da ABAE, José Archer e do presidente do conselho de administração da Parque Expo, Rolando Borges Martins.

Para além do prestígio alcançado com esta distinção, a Herdade da Comporta recebeu como prémio uma máquina de limpeza de praia.O Concurso “Melhor Concessionário”, patrocinado da Fundação Vodafone Por-tugal, pretende premiar as boas praticas e

Amieira Marina e Praia do Pego com bandeira azul

Três praias de eleiçãoporto CovoTornou-se conhecida em todo o país através da música de Rui Veloso. É uma praia associada a dunas, tem acesso viário pavimentado em ca-minho municipal e estacionamento para 173 lugares. Um paraíso na costa alentejana.

estimular o interesse e participação activa dos concessionários que, por estarem mais próximo dos utentes, estão também mais atentos aos problemas e necessidades senti-das nas praias.

O papel dos Concessionários/Apoios de Praia é fundamental no bom funcionamen-to das zonas balneares e sua envolvente, bem como na manutenção e adopção de comportamentos ambientalmente susten-táveis.

A Praia do Pego, no Carvalhal, é uma das nove praias com Bandeira Azul da Frente Atlântica do concelho de Grândola, a tercei-ra maior extensão de praia do mundo, com cerca de 45 quilómetros.

Praias premiadas

D.R.

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Regional

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Redacção | Registo

Sensibilizar a população para a excelên-cia da carne de porco, promovendo-a en-quanto opção saudável na dieta alimen-tar, é o objectivo da mostra de rua Pig Parade e do Mega Churrasco que terão lugar em Junho na cidade de Évora.

Com a realização desta Pig Parade, a exemplo do já sucedeu com vacas e com árvores, a organização pretende home-nagear os produtores, lavradores, técni-cos e comerciantes que se encontravam às terças-feiras na Praça de Giraldo para aqui efectuar transacções de gado dando corpo ao que mais tarde se passou a de-nominar como “o dia do porco” em Évora.

Até 28 de Junho, na Praça do Giraldo, Largo da Sé, Templo de Diana e outras zonas envolventes à da cidade, recebem esta iniciativa que culmina, no dia 29, no Jardim das Laranjeiras, com o leilão público de todas as peças, cujas receitas revertem integralmente a favor da Asso-ciação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental, de Évora.

Em altura de Santos Populares, Évo-ra será igualmente anfitriã de um mega churrasco gratuito, a 20 de Junho, a partir das 19h00, no Largo 1.º de Maio. Mais de

Pig Parade e churrasco promovem “excelência” da carne de porcoIniciativas promovem excelência da carne de porco no âmbito do Congresso Iberoamericano de Suinicultura.

800 quilos de febras, 4000 pães alenteja-nos, da Panificadora Central Eborense e 400 litros de vinhos, da Fundação Eugé-nio de Almeida, serão oferecidos à popu-lação num evento que pretende reforçar a excelência da carne de porco, uma das mais utilizadas na gastronomia alenteja-

na.Estas iniciativas estão integradas no

Congresso Ibero-Americano de Suinicul-tores (OIPORC), que de 21 a 24 de Junho decorre em Évora, com organização da Federação Portuguesa de Associações de Suinicultores (FPAS).

“É objectivo da organização reconstruir memórias afectivas e culturais junto da população da cidade de Évora e dos con-celhos limítrofes, ao relembrar uma im-portante actividade económica e social

da região” diz Joaquim Dias, presidente da Comissão Organizadora da OIPORC.

Os 500 congressistas presentes em Évo-ra, muitos deles oriundos do estrangeiro, irão debater o futuro desta fileira econó-mica, numa altura em que o sector atra-vessa uma profunda crise económica e se debate com enormes dificuldades face ao inusitado e elevado preço das matérias-primas para o fabrico de rações, que au-mentou 30 por cento em seis meses, com o consequente agravamento do custo de produção.

“O sector tem perdido competitividade no mercado nacional e internacional”, garante a organização, acrescentando que os temas em análise neste congresso “serão de grande oportunidade e impor-tância numa perspectiva futura da carne de porco”.

Fonte da FPAS explica que neste mo-mento o grande problema dos suiniculto-res é de carácter financeiro, havendo “gra-ves problemas de tesouraria para fazer face aos compromissos da cada um”.

Entre as propostas para o sector, a fe-deração exige a “suspensão imediata e transitória da cobrança da taxa SIRCA” e a expansão às médias empresas agro-alimentares dos pagamentos a 30 dias de produtos perecíveis por parte das grandes superfícies aos seus fornecedores, o que permitiria que a indústria, recebendo mais depressa, pudesse pagar mais cedo os porcos aos suinicultores.

José Ernesto Oliveira e Joaquim Dias durante a apresentação do OIPORC

Redacção | Registo

A GNR abre inquéritos. A PJ investiga. Mas os sinos continuam a ser rouba-dos um pouco por todo o Alentejo. Os últimos três “voaram” de igrejas no concelho de Marvão: dois contravam-se na Igreja de Alvarrões e o terceiro na capela do cemitério de São Salvador da Aramenha.

Conforme noticiado pelo Registo, em Arronches foi roubado um sino, em Março. Anteriormente, as atenções dos assaltantes incidiram na Igreja de Nossa Senhora das Necessidades, em Gavião, e no Mosteiro de São Bento de Cástris, próximo de Évora.

Mas o roubo de sinos já se arrasta há, pelo menos, dois anos, sem que as auto-ridades tenham conseguido identificar os autores nem recuperar os objectos roubados. O primeiro caso ocorreu em Benavila (Avis) em 2009 e, passados dois anos, até mesmo o padre Francisco Alves, à beira de completar 52 anos de ordenação sacerdotal, começa a perder a esperança no aparecimento dos sinos levados da pequena igreja de Nossa Senhora de Entre Águas.

“Ainda acredito que, por um qual-quer milagre, possam aparecer mas já passou muito tempo para ter esperança nisso”.

O padre Francisco Alves diz que não voltou a ouvir falar dos sinos. E procurá-los seria tarefa inglória: “Quem os levou, levou-os para muito longe,

talvez para Espanha. O mais certo é terem derretido o bronze para vender ou fazer outras peças”.

Também o presidente da Junta de Freguesia, José Ribeiro, diz estar descrente quanto à resolução do crime que “chocou” a terra: “Já não os devem encontrar, nunca mais se ouviu falar de nada”. Nem dos sinos, nem de outras peças, como uma imagem de São Pe-dro, igualmente roubadas da pequena igreja construída no século XV.

“Só não levaram mais porque a paró-quia mandou retirar todos os objectos de valor que ali se encontravam. Até a imagem da padroeira teve de mudar de sítio”, diz o autarca.

E assim foi. Com os assaltos e a consequente retirada das imagens dos santos, as paredes ficaram despidas e fecharam-se as portas da igreja, locali-zada no meio de um olival a cerca de 800 metros da vila.

Ficaram apenas os dois sinos em bronze, na segurança oferecida pela sua colocação bem lá no alto da torre. “Nunca acreditámos que os conseguis-sem levar. Afinal, até isso marchou”, lamenta o pároco.

Os assaltantes acederam ao interior do templo através de uma porta de ferro. Rebentaram o cadeado, subiram à torre e arrancaram os sinos. Lançaram-nos ao chão, tê-los-ão carregado para o interior de uma carrinha e deixado o local sem levantar suspeitas, apesar de levarem “às costa” dezenas de quilos.

Mais três sinos roubadosObjectos em bronze furtados de igrejas em Marvão.

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Regional

Quando o corpo falaÉ nos 93% da comunicação não-verbal que fluem todas as emoções e afectos.

Sofia Ascenso | Texto

A história do boneco de madeira criado pelo carpinteiro Geppet-to, cujo nariz crescia sempre que dizia uma mentira, faz parte do nosso imaginário infantil e ser-viu para nos ensinar que, denun-ciada pelo nosso próprio corpo, a mentira é descoberta. E tal como o do Pinóquio, também o nosso nariz “cresce”. Na mentira, em que se baseiam as nossas rela-ções interpessoais, caso contrário seria impossível a convivência pacífica e a comunicação, dá-se um aumento da pressão arterial e são libertadas substâncias que causam inchaço e formigueiro no tecido do nariz.

Conhecido como o ”efeito Pinó-quio”, o acto de coçar o nariz pode ser, de acordo com António Ri-cardo Mira, docente do Departa-mento de Pedagogia e Educação da Universidade de Évora espe-cialista na área da comunicação não-verbal, um dos muitos sig-nos enviados pelo corpo huma-no no processo de comunicação e que, tal como rilhar os dentes, lamber e mordiscar os lábios ou caminhar de um lado para o ou-tro sem direcção (movimentação peripatética), podem, sustentados por mais três elementos não-ver-bais que digam o mesmo, denun-ciar, com forte credibilidade, que o emissor não está a falar verda-de, fala de algo que o perturba ou demonstra fraqueza, inseguran-ça ou instabilidade emocional.

O ser humano é um ser de co-

municação, de interacção, e o corpo é o principal meio utiliza-do para a troca de mensagens. A body language, ou linguagem do corpo, predomina no acto de comunicação e de transmissão de mensagens e é a principal responsável pelo envio de signos que permitem ao nosso receptor a interpretação da mensagem. Muitas vezes, emissor e receptor não estão conscientes desse en-vio e apreensão de mensagens não-verbais, já que quase tudo isso se passa ao nível do incons-ciente.

Quando comunicamos, e sem nos apercebermos, 93 % da nossa mensagem é en-viada através de comuni-cação não-verbal e apenas 7% é transmitida através das palavras, consideradas “acessórias” segundo o pro-fessor. “Poderíamos admi-tir que as palavras, algu-mas vezes, apenas dizem o que o corpo não é capaz de dizer”.

Referindo-se a Albert Mehrabien (1970), António Ricardo Mira refere que, dentro desses 93% se con-sidera que 53% da mensa-gem se transmite via cor-poral e 38% via voz, outro dos elementos com maior res-ponsabilidade na comunicação entre emissor e receptor, e que transporta em si os elementos prosódicos da linguagem verbal: o tom, a duração, a intensidade, a entoação e a pausa ou silêncio.

Para o professor, é nos 93% da comunicação não-verbal que fluem todas as emoções e afectos, o “mais importante na relação e no acto da comunicação”. “Os 7%, que dizem respeito às palavras são importantes, mas só têm a ver com a informação, mais nada. Es-tão despidos de tudo o resto”.

Dá como exemplo a necessida-de que o ser humano teve de, nos meios “ditos de comunicação” como o Facebook, o SMS (short message service) ou os chats on-line, criar ícones, como os smiles ;-) :) :( “que tentam preencher a lacuna das emoções e dos afec-

tos, porque é disso que vive a comunicação interpessoal e in-tergrupal”. “A alegria, tristeza ou desânimo com que dou uma in-formação, através destes meios de comunicação de massas, não está lá e precisa de estar.”

Não centrando as preocupa-ções para um bem sucedido pro-cesso comunicativo no emissor, mas sim no receptor, o professor sempre entendeu a comunicação como sendo um dos gestos “mais altruístas do ser humano”, pois para o que emite apenas interes-sará quem recebe. À semelhança da aprendizagem da língua ma-terna, a linguagem do corpo tam-bém é aprendida implicitamente. Deveria ser aprendida, também, explicitamente.

“Podemos aprender a lingua-gem do nosso próprio corpo e pô-lo a falar da maneira que for

mais agradável para os re-ceptores. Enquanto comu-nico não estou preocupa-do comigo próprio, ou não devo estar, mas devo estar preocupado com o recep-tor.” Assim, considera que o emissor deve colocar-se como “servidor do receptor enquanto possibilitador de que este não só entenda a mensagem como a sinta, independentemente de se sentir bem ou mal.” Por-que há mensagens cujo objectivo é fazer o outro sentir-se mal. “Ao passar as nossas emoções e afectos não fazemos uma selec-

ção para só passarmos os bons. A comunicação conta com as duas vertentes”.

Políticos, actores, comunica-dores e todos aqueles que domi-nam as técnicas da comunicação não-verbal têm consciência da

utilização de determinados ex-pedientes não-verbais e do efeito que podem provocar no outro, o que os leva a utilizarem-nos de maneira consciente. No entanto, o professor considera que quan-do se é bastante consciente de uma quantidade de signos não-verbais, é possível manobrá-las mas, mesmo assim, existem sig-nos que escapam às manobras dos emissores.

“Não se consegue controlar tudo e há sempre a possibilidade de o receptor armado, aquele que está preparado para poder fazer uma avaliação consciente, veri-ficar quais são os sinais enviados pelo corpo que não são contro-lados pelo emissor, que são, de facto, verdadeiros e que emitem a verdadeira mensagem”, subli-nha.

A primeira impressão, da res-ponsabilidade da comunicação não-verbal, uma vez criada é di-fícil vir a alterar-se. Tudo o que é não-verbal em nós, até os ob-jectos que usamos, a roupa, os adereços ou a cosmética, criam a nossa máscara que faz com que causemos uma determinada im-pressão em cada uma das pessoas que nos vêem.

Com efeitos positivos ou ne-gativos, ou por vezes nefastos, a primeira impressão e o efeito de Halo, que faz com que as obser-vações subsequentes do objecto social que é avaliado venha a ser avaliado em futuras observações da mesma forma, confirmando a primeira impressão, não se dis-sociando da nossa idiossincrasia, das nossas experiências passa-das, dos nossos estereótipos, pre-conceitos e até dos estados afec-tivos pessoais e contexto em que conhecemos a pessoa.

O professor dá o exemplo. “Se sou apresentado a alguém que acaba de ter uma discussão, essa não será a altura mais favorável para ela me conhecer. Se me co-nhecesse noutra altura ver-me-ia, possivelmente, de outra ma-neira.”

Gestos, mímica, postura e atitu-de são partes da nossa linguagem corporal que transmitem men-sagens e que acompanham os nossos sentimentos verdadeiros, muitos deles criticados e escon-didos por questões culturais e/ou convenções sociais.

Fundadas nessas convenções sociais, e apesar de ser chocante dizê-lo, a verdade é que as rela-ções interpessoais são baseadas na mentira e se tal não aconte-cesse, seria impossível a convi-vência pacífica entre as pessoas.

“Mentimos para assegurar a co-municação entre nós e os outros”, refere o professor. Se jantámos em casa de amigos e se nos per-guntam se o jantar estava bom, a verdade é que dizemos, educa-damente, que sim. Mas, de facto, podemos não ter gostado de tudo da mesma maneira. “Com fre-quência não dizemos a verdade porque ela é muitas vezes inútil e pode não facilitar nem beneficiar nada nem ninguém no acto de relação/comunicação”, sublinha.

O protocolo pode ser uma ma-neira de sustentar uma mentira como se de uma verdade se tra-tasse. Porque, na mentira, somos capazes de nos gerir.

António Ricardo Mira é docente do Departamento de Pedagogia e Educação da Universidade de Évora.

Susana Rodrigues | U.E.

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16 16 Junho ‘11

Regional

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Esta actividade de comércio exercida por feirantes é regulada pelo dec.-lei nº 42/2008 de 10 de Março. uma feira é um evento autorizado pela respectiva autarquia que congrega periodicamente no mesmo espaço, vários agentes de comércio a retalho que exercem a actividade de feirante.

O exercício desta actividade só é permitido aos portadores de um cartão de feirante actualizado e nos recintos e datas previamente autorizados.

Nestes locais de venda, os tabuleiros, bancadas, pavilhões, veículos, rebo-ques ou quaisquer outros meios utilizados na venda dos produtos devem os feirantes afixar, de forma bem visível pelo público, um letreiro do qual consta o seu nome e número do cartão de feirante, bem como a afixação de preços dos produtos colocados à venda.

Neste tipo de feiras, bem como, em todos os tipos de venda são proibidas as práticas comerciais desleais, enganosas ou agressivas, sendo que todos os bens com defeito devem estar devidamente identificados e separados dos res-tantes bens, de modo a serem facilmente identificados pelos consumidores.

Para além do cartão, os feirantes deverão ter facturas ou documentos equi-valentes, comprovativos da aquisição de produtos para venda ao público, para além de recibos para poderem entregar aos consumidores, caso se venha a verificar algum defeito no bem adquirido pelo consumidor.

Não nos podemos esquecer que sempre que adquiramos, a um comerciante ou a uma empresa, um bem móvel ou imóvel, um serviço ou um direito, desti-

nados a uso não profissional, nasce uma relação de consumo entre ambos que será regulado pelo regime legal das garantias.

Os bens móveis têm uma garantia de dois anos, se surgirem defeitos nesse período, tem várias opções: reparação, substituição, redução do preço ou a devolução do dinheiro pelo vendedor. Escolha a mais apropriada. O mesmo é válido se o bem não corresponder à descrição da embalagem ou não for adequado ao uso pretendido, desde que o vendedor soubesse da intenção do consumidor.

A competência para a fiscalização, quanto ao exercício da actividade é da ASAE – Autoridade para a Segurança Alimentar e Económica, sendo que no que respeita ao cumprimento dos regulamentos de funcionamento das feiras a competência é da própria Câmara Municipal.

A dECO manter-se-á atenta a esta situação e a outras de forma a garantir a protecção e salvaguarda dos direitos e legítimos interesses dos consumidores.

Isabel Curvo (Jurista)delegação Regional de Évora

travessa lopo Serrão, n.ºs 15 A e 15 B, r/ch, 7000-629 Évoratelefone: 266744564 – Fax: 266730765

[email protected] /www.deco.proteste.pt

Vendas em feiras “Costumo frequentar várias feiras, no entanto, não tenho noção se existem algumas obrigações que os feirantes têm de respeitar na venda ao público”

Os cerca de 60% de eleitores que fizeram uso do seu direito cívico, deram uma maioria clara e confor-tável ao PSD para, com o CDS, pro-mover a mudança política, social e económica do País. Relevo estas 3 áreas para enfatizar que, de facto, a mudança será profunda e completa. Depois de uma campanha eleitoral em que abundou a demagogia, o populismo, a vitimização e o ajuste de contas, teremos agora de traba-lhar para restauramos o mínimo de viabilidade financeira como Estado soberano, que ainda tentamos ser.

Nestas épocas, com mais ênfase desde que Guterres usou a célebre expressão dos “jobs” e dos “boys” em 1995, é usual aparecer na agen-da diária a polémica da substituição das pessoas do partido A (que per-deu) pelo partido B (que ganhou), numa cascata de nomeações nacio-nal – regional – local.

Tudo isto, convém desde já clari-ficar, é cultural, justifica-se em par-te pelo nosso carácter latino, e vê-se também em países como a Espanha, Itália ou França. Somos uma socie-dade dita “orientada ao colectivo”, ao sentimento de grupo, ao laço de pertença e pouco dada a orientar as nossas decisões ao individuo, ao mérito e aos resultados. É vulgar o pensamento de “se este é um dos nossos, vamos ajudá-lo e colocá-lo naquela função”…até pelos “servi-ços que prestou ao partido!”.

Se isto é explicável não quer dizer que seja tolerável e aceitável. Direi mesmo que é totalmente impraticá-vel no futuro, se queremos de facto evoluir para uma sociedade trans-

No Jobs for the Boys?Sim, agora é mesmo a sério!

CARlOS SEzõESgestor

Defendo uma maior profissiona-lização da vida política e daquilo que considero serviço e gestão da coisa pública. Se queremos ter uma administração pública eficaz, que faça mais com menos, não podemos estar a alimentar clientelas parti-dárias. Utilizando uma expressão que ouvi há meses, diria que é ne-cessário que os partidos comecem a “descolonizar o Estado”. Cargos de execução técnica não devem ser substituídos apenas pela questão do cartão partidário. As avenças e assessorias, as nomeações para em-presas publicas e semi-publicas e até para fundações devem também deixar de lado o compadrio parti-dário.

Ajudaria bastante se a nossa Administração Pública tivesse um grau de transparência similar à dos EUA onde, no começo de cada ci-clo governativo, sabe-se, a priori, que vagam um conjunto definido de cargos de nomeação directa do Pre-sidente. Em Portugal, como não há números objectivos e os processos de nomeação aparecem avulsos nas últimas páginas dos Diário da Re-pública, temos tido os excessos que todos conhecemos.

O PSD assumiu este compromis-so! Portanto, acredito, sem qualquer ingenuidade, que desta vez é a sé-rio: não haverão mais jobs habituais para os boys do costume. Por uma questão ética, de princípios (mora-lizar a vida política e pública) e por uma questão racional e material (menos estruturas, menos recursos, mais resultados). Penso que são ra-zões suficientes!

parente, focalizada em resultados e em que o mérito seja o único factor de decisão de nomeações políticas.

Não sou um idílico que defenda a absoluta inexistência de cargos de confiança política e algumas posi-ções de assessoria e trabalho políti-co, úteis para que o que é definido na estratégia tenha impacto real na execução. Mas, como sabemos, em Portugal passámos “do 8 para o 80” (em que, nos últimos 35 anos, nin-guém é inocente), com autênticas tribos partidárias que preenchem cargos políticos e técnicos ao sabor das marés eleitorais.

“Mas, como sabemos, em Portugal passá-mos “do 8 para o 80” (em que, nos últimos 35 anos, ninguém é inocente), com autênticas tri-bos partidárias que preenchem cargos políticos e técnicos ao sabor das marés eleito-rais“.

Redacção | Registo

Promover a cooperação estra-tégica em torno de projectos âncora regionais, em par-ticular do novo Aeroporto, tendo em vista o crescimento sustentável nos domínios do desenvolvimento empresa-rial, da criação de emprego e da intercomunicabilidade institucional” é um dos prin-cipais objectivos da parceria geo-estratégica assinada entre os municípios de Alvito, Beja, Cuba, Ferreira do Alentejo e Vidigueira.

Perspectivando o desenvol-vimento dos seus territórios e, por consequência, o desenvol-vimento regional, as autar-quias assinaram o Memoran-do de Entendimento para a Cooperação Geo-Estratégica.

Apostando na afirmação dos territórios através da convergência e da cooperação estratégica pública e privada, os municípios que integram a

parceria têm como perspecti-va a criação de um ambiente favorável à consolidação do desenvolvimento sustentável.

Um dos projectos âncora para a região é o Aeroporto de Beja. O propósito fundamental no processo de arranque do aeroporto passa pelo estabe-lecimento de relações institu-cionais e empresariais entre os fornecedores de serviços de transporte aéreo e os seus potenciais clientes.

As cinco autarquias que subscrevem o Memorando – que configuram o territó-rio de maior proximidade e influência territorial do Aeroporto – consideram determinante a adopção de uma postura que favoreça a cooperação estratégica entre todos os agentes institucio-nais e privados não só para este projecto, como para ou-tros pólos de competitividade como, por exemplo, Alqueva e Porto de Sines.

Autarquias assinam memorando

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Economia & Negocios

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Pedro Galego | Registo

Depois de um tempo em que o inves-timento se centrou nas unidades de charme e de luxo, alguns empresários do sector turismo em Évora estão agora empenhados em atrair novos públicos, outros géneros de turistas, mais jovens, estrangeiros, com pouca disponibilidade financeira, mas ainda assim clientes apetecíveis que vêm fora dos percursos turísticos convencionais e que procuram alojamento low-cost.

São sobretudo os “backpackers” (palavra mais utilizada) viajantes ou mochileiros, quem mais os procura. Estes albergues assemelham-se quase na íntegra com as conhecidas pousadas da juventude portuguesas, embora para um público mais abrangente. Nesta sequên-cia estão a surgir os primeiros hostéis na cidade, três até ao momento, dois deles em pleno coração do centro histórico, a Praça do Giraldo.

Desengane-se quem pensa que low-cost é significado de menor qualidade. Podem não existir todas as mordomias de um cinco estrelas, mas, regra geral, este novo conceito é sempre inspirado e decorado com peças de design, onde impera o bom gosto e o espírito jovem.

Uma dessas unidades é o EvoraInn - ChiadoDesign situado debaixo dos arcos, próximo da histórica chapelaria, no edifício histórico de cinco pisos que foi restaurado em 2010, onde foi proclamada a República em 1910.

Segundo os responsáveis, esta unidade dá uma especial atenção à conjugação entre património, arte e design. A par dos prometidos “conforto e serenidade do alojamento”, o espaço conta na decoração com obras de autores como Júlio Pomar, Maluda, Carlos Castanheira, Ron Arad, entre outros.

Os preços podem variar entre os 58 euros (na época alta para um quarto privativo) e os 21 euros por noite se ficar num beliche dos quartos colectivos.

No lado oposto da praça, ao lado da ca-fetaria de Santo Humberto, fica o Hostel Santantão. O conceito é semelhante e as condições também, mas com uma tarifa um pouco inferior. Os preços vão desde

os 17 aos 36 euros por noite. Uma característica que nestes casos é

comum aos dois estabelecimentos, e que faz as delícias dos hóspedes, é a existên-cia de um terraço panorâmico no topo dos dois edifícios, onde se pode apreciar o casario que compõe o centro histórico eborense.

Já fora das muralhas, mas a dois passos do centro histórico, no bairro António Sérgio, fica o Evorahostel, onde o concei-to prevalece, com a possibilidade acres-cida de se poder arrendar todo o edifício por um dia por 100 euros. Uma cama individual fica por 20 euros/noite.

Turismo ”low-cost“cresce em ÉvoraTrês “hostéis” para descobrir a cidade ... a baixo preço.

Os “hostéis”, ou albergues, providen-ciam preços convidativos, socializa-ção, onde cada hóspede pode arren-dar uma cama ou um beliche, num dormitório partilhado com casa de banho partilhada, lavandaria e por vezes cozinha. Os quartos podem ser misturados entre sexos, como dividi-dos entre eles, incluindo igualmente quartos privados.

São geralmente baratos e prati-cam preços “low-cost”. Muitos têm residentes de longo termo acabando por trabalhar como recepcionistas temporariamente ou mesmo troca de acomodação gratuita – prática pouco comum em Portugal, mas que pode começar a ser praticada.

Este género de estabelecimento é muito comum pela Europa, sobretudo em Espanha e no Reino Unido, mas a moda parece estar a chegar a Portu-gal, nomeadamente ao Alentejo.

Há menos privacidade num hos-tel que num hotel. Principalmente nos quartos partilhados. Dividir um dormitório é bem diferente do que ficar num quarto privado num hotel ou numa casa de hóspedes. Mas este factor contribui, mesmo assim, para outra situação interessante: o factor social e de interacção entre os via-jantes, sendo a solução ideal para um grupo de amigos em viagem.

Preços convidativos

D.R.

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Cultura

Intermezzo

Serva la Bari abrem festival em ÉvoraRitmos de Espanha, Índia e África no Fórum Eugénio de Almeida a partir de dia 22 de Junho

Redacção | Registo

A música e dança flamenca do grupo espanhol Serva la Bari marca o início do Festival In-ternacional Músicas do Mundo Intermezzo 2011, no próximo dia 22 de Junho, pelas 19h00, no Fó-rum Eugénio de Almeida.

Em “Aires Flamencos”, os Ser-va la Bari mostram diversos estilos associados ao flamenco Palos, de que se destacam Ro-sas Y Alegrías, Tientos-Tangos, Cartagenera del pinãna, Bule-rías e Fandangos. Formado em 1999 por Joaquín Moreno (voz), Francisco Morales “El Pulga” ( guitarra flamenca) e Carlos Mil-homens (percussões ), os Serva la Bari são uma formação que transporta para o palco o dina-mismo e sentimento tradicional do flamenco, através da música e salero dos bailarinos Sofia Abra-ço e El Maleno.

O grupo tem actuado em al-gumas das principais cidades europeias e tem como objectivo, divulgar a arte e a cultura fla-menca.

Caracol Andandor (Recordan-do a Lorca y la Argentinita) é a proposta da Fundação Eugénio de Almeida para o final de tar-de de 30 de Junho. Celebrando os 80 anos de Colección de Can-ciones Populares Españolas, um trabalho discográfico do poeta e dramaturgo espanhol, Fede-rico García Lorca que, ao piano, acompanhava a cantora La Ar-gentinita, surje o projecto Ca-racol Andandor. Com diversos estilos musicais, o grupo decide recuperar o repertório, autênti-cas jóias da cultura espanhola, nascendo assim, um novo tra-balho discográfico. Com novos arranjos, interpretam temas tão populares como En el Café de Chinitas, Las Tres Hojas, Los Cuatro Muleros ou Las Morillas de Jaén. Formam o grupo Alber-to Requejo, no saxofone, Chuchi Marcos no baixo, voz de Jaime Lafuente, Jesús Ronda nas gui-tarras e Paco Tejero na bateria.

Segue-se, a 7 de Julho, “Vis-lumbres da Índia”, um espec-táculo de música e dança que retrata a alma da Índia através de quatro formas de artes perfor-mativas clássicas: Kathak (dança indiana clássica do Norte); Bha-ratnatyam (dança indiana clás-sica do Sul); Sitar (instrumento de cordas) e Tabla (instrumento de percussão).

centemente no Recife, Brasil. “As nossas Raízes” é um projecto só-cio cultural do premiado baila-rino e coreógrafo angolano, Pe-dro Vieira Dias Tomás (Petchú), director artístico e técnico do Kilandukilu desde 1999.

Intermezzo 2011 encerra a 28 de Julho com ENEA, o novo tra-balho discográfico dos ALJIBE, uma proposta musical do actual panorama folk espanhol. Enea é

uma viagem poética pela músi-ca tradicional que guia os espec-tadores para aventuras musicais de outras dimensões, ao som de ritmos e harmonias universais e incursões em mundos sonoros como os da Galiza, de Castela Leão, Castela la Mancha e Fado.

Os elementos do Grupo são Te-resa García Sierra , voz, violino e percussões, Manuel Marcos Bardera, voz, teclados, guitarra

e percussão, Domingo Martínez Martínez, guitarras, Luis Miguel Novas Moreras nas flautas, cla-rinete, dulzaina e Gaita-de-foles, Juan Rodríguez-Tembleco Yepes, na voz, acordeão, gaita-de-foles, bandurra e alaúde, José Manuel Rodríguez-Tembleco Yepes, na voz, bandurra, alaúde, baixo e percussão e Ramón Martín-Fuertes Palacios, na bandurra, alaúde e guitarra espanhola.

Fotos | D.R.

Concebido por Lajja Sambha-vnath, artista residente da Co-munidade Hindu de Portugal, esta representação revela-nos o mistério e o enigma de um país dotado de cor, vida e culturas.

A 14 de Julho sobem ao palco os Gambara, um dos grupos de referência do folk progressivo basco. Aclamados pela crítica e pelo público, os Gambara apre-sentam “Larruz”, um concerto musical com novos arranjos mu-sicais, sons e harmonias, numa reinterpretação de canções an-tigas, produzido especialmente para a sua tournée de 2011.

O grupo é composto pela so-lista María Eugenia Etxeberria, Josean Martin nas guitarras, bouzouki e mandolina, Juan Ezeiza no violino, alboka, txi-rula e txanbela, Alex Blasco Egurrola, no piano e Xabi Abur-ruzaga na trikitixa, podorritmia e voz.

Os sons e ritmos do ballet tra-dicional Angolano podem ser vistos a 21 de Julho com os Ki-landukilu. O Ballet Tradicional Kilandukilu, palavra pertencen-te ao dialecto Kimbundo que sig-nifica divertimento, é um grupo de dança e música tradicional criado em 1984, em Luanda, por jovens entusiastas pela arte de dança tradicional. Apostado em divulgar a arte africana no ge-ral, e em particular, a angolana, os Kilandukilu primam pela be-leza dos movimentos.

O Ballet Tradicional Kilan-dukilu tem formações a traba-lhar em Angola, nas províncias de Luanda e Uíge, mas também em Lisboa, Portugal, e mais re-

Redacção | Registo

A Companhia Nacional de Bailado apresenta “Uma coisa em forma de assim”, título de trabalho “descaradamente roubado” a Alexandre O’Neill e que assenta sobre a belíssima música de Bernardo Sassetti, no próximo dia 22, pelas 21h30 no Teatro Municipal Garcia de Resende, em Évora.

Este espectáculo, uma co-produção Ministério da Cultura – Direcção Regional de Cultura do Alentejo e Câmara

Municipal de Évora, insere-se na digressão nacional que a Companhia está a realizar pelos teatros municipais de todo o país para dar a conhecer ao público esta obra co-criada por um grupo dos mais impor-tantes coreógrafos portugueses: Clara Andermatt, Francisco Ca-macho, Benvindo Fonseca, Rui Lopes Graça, Rui Horta, Paulo Ribeiro, Olga Roriz, Madalena Victorino e Vasco Wellenkamp.

A união destes criadores, com percursos coreográficos muito diferentes, em torno da Compa-

nhia Nacional de Bailado, para além do simbolismo inerente que desejamos sublinhar, pre-tende conjugar as qualidades dos corpos altamente disci-plinados e tecnicizados dos intérpretes da Companhia, com a diversidade de entendimen-tos sobre a criação coreográfica contemporânea.

A coreografia e figurinos são da autoria de Clara Andermatt, Francisco Camacho, Benvin-do Fonseca, Rui Lopes Graça, Rui Horta, Paulo Ribeiro, Olga Roriz, Madalena Victorino,

Vasco Wellenkamp, enquanto que a música e interpretação musical ao piano ficam a cargo de Bernardo Sassetti.

Além de Évora, a Companhia Nacional de Bailado tem agen-dadas outras actuações em sa-las de espectáculos do Alentejo, designadamente no Pax Julia - Teatro Municipal de Beja (dia 25, 21h30) e no Centro de Artes do Espectáculo de Portalegre (dia 28, 22h00).

Os bilhetes poderão ser adquiridos nas bilheteiras das respectivas salas.

”Uma coisa em forma de assim“ no Garcia de ResendeEspectáculo da Companhia Nacional de Bailado em Évora no próximo dia 22 de Junho

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Cultura

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Redacção | Registo

A Igreja Matriz de Grândola é a próxima paragem do Festival Terras sem Sombra, no dia 18 de Junho, pelas 21h30. Edifício característico da arquitectura pombalina, oferece o intimismo adequado, aproxi-mando Sofia Gubaidulina e Johann Se-bastian Bach num repertório explorado com sensibilidade e virtuosismo por Ire-ne Lima no violoncelo e Pedro Santos no acordeão.

Leste/Oeste é o nome do concerto que aproxima três momentos culminantes d’As Sete Últimas Palavras de Cristo na Cruz, obra fundamental de Gubaidulina, compositora russa que revolucionou a música religiosa nos finais do século XX, e duas Suites para violoncelo de Bach, a n.º 1 em Sol Maior e a n.º 2 em Ré menor.

A presente edição do Festival alia-se às causas ambientais, concretamente a salvaguarda do montado, que tem um dos seus expoentes máximos na Serra de Grândola.

Na manhã do dia 19, a Herdade das Barradas da Serra, recebe um conjunto de iniciativas cujo objectivo é chamar a atenção para a importância natural e so-cioeconómica de um ecossistema muito particular, constituído por matas de so-breiros, que necessita de ser defendido.

A adopção de um sobreiral pela escola EB1–JI das Ameiras, a atribuição dos no-mes de artistas presentes no festival a ár-vores centenárias, a colocação nos sobrei-ros de ninhos construídos com canudos de cortiça virgem, a realização de uma tiragem de cortiça e a sua associação a al-guns dos melhores vinhos da região são algumas das acções agendadas.

Confirmadas estão as presenças da vio-loncelista Irene Lima e de Armando Sevi-nate Pinto, assessor da Presidência da Re-pública para a agricultura e mundo rural e presidente do conselho de curadores do

Música religiosa no Terras sem SombraA sensibilidade e o virtuosismo do violoncelo e do acordeão num concerto em Grândola.

Redacção | Registo

De 17 a 19 de Junho, a Feira do Livro de Avis leva ao espaço do mercado muni-cipal um leque alargado de actividades que vão desde o teatro às artes plásticas, com passagem pelo cinema, pelo ioga, sem esquecer a música, tudo com o intui-to de promover o livro e a leitura junto do público de todas as idades. O destaque vai para a presença de autores como Júlio Magalhães, Francisco Salgueiro e Antó-nio Costa Santos, entre outros.

A Feira do Livro de Avis abre portas ao público no dia 17, pelas 10h00 e convida os visitantes a descobrir centenas de títu-los, de várias editoras, a preços especiais. O primeiro dia do certame contempla a apresentação da peça de teatro “Dióge-nes”, pelo Teatro da Terra, que irá decorrer no Auditório Municipal “Ary dos Santos”, a partir das 10h30.

Segue-se a apresentação do livro “O Segredo dos Dragões”, pelas 11h30, com a presença do autor António Mota e da ilustradora Rute Reimão. Pelas 21h00, tem início uma “Conversa com Júlio Ma-galhães” que pretende dar a conhecer as obras e o escritor por detrás delas.

O segundo dia tem início com a exi-bição do documentário “José e Pilar”, de Miguel Gonçalves Mendes, no Auditório Municipal “Ary dos Santos”, a partir das 15h00. Depois realiza-se uma sessão de ioga para crianças orientada pela ins-trutora Rita Goldrajch. Às 19h00, o jovem escritor Tiago Carrasco apresenta o livro “Até lá abaixo” e pelas 21h00 é altura de ficar a conhecer um pouco melhor o au-tor António Costa Santos e as suas obras. Antes do final do dia há ainda lugar para a actuação do Grupo de Cantares de Ervedal.

Será também com cinema que começa o último dia da Feira do Livro, com a exi-bição do documentário “48”, de Susana de Sousa Dias, às 15h00, no auditório muni-cipal Ary dos Santos. Às 19h00, Silvia Ce-rico apresenta as suas obras. Pelas 21h00 as atenções concentram-se em Francisco Salgueiro, num conversa que visa dar a conhecer o autor, as obras publicadas, as suas motivações, etc. A encerrar a edição de 2011, os grupos de teatro “A Fantasia”, de Ervedal, e “Fazigual”, do Agrupamen-to Vertical de Escolas de Avis, protagoni-zam um espectáculo de evocação a José Saramago.

Avis recebe feira do livro

A cantora e compositora apresenta amanhã o seu novo disco “3 Dese-jos”, no auditório municipal António Chainho em Santiago do Cacém. Joana Rios faz-nos viajar por sono-ridades intensas e cinematográficas que invocam tanto as raízes da música popular como as influências de cariz erudito, assumindo-se como figura de destaque na nova geração de cantores portugueses.

Festival Terras sem Sombra.O Festival é organizado pelo Departa-

mento do Património Histórico e Artís-tico da Diocese de Beja, em colaboração com o Município e Paróquia de Grândo-la, a que se juntam nesta acção de salva-guarda do montado a WWF - World Wide Fund for Nature.

Compositora russa, Sofia Gubaidulina.

Rios em Santiago

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20 16 Junho ‘11

Roteiro

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ÉvoraTrICIClo de TeaTroO Pim teatro organiza no mês de Junho, na Casa do Alto de S. Bento, em Évora, a iniciativa triciclo de teatro – teatro para todos, a partir dos 3 anos.dia 18 - 16h – Palhacello – Pim teatrodia 25 – 16 h – Sapatos Rotos Rei louco - Carlos tecedeiro lopes

Portel FloresTa enCanTada 23 de Junho | 16h00local: Auditório MunicipalEscola Municipal de Artes do Es-pectáculo (grupo Infantil).

Portel exposIção “arTIsTas ConTra o CanCro”Até 19 de Junholocalização: Igreja de Santa Cruz Horário de funcionamento:Segunda a Sexta-feira09H00 – 12H3015H00 – 17H30Sábados e domingos14H00 – 19H00Objectivo: Angariação de fundos para a liga Portuguesa Contra o Cancro

TeaTroEstremozexposIção “30 anos de FoToGraFIa” eM esTreMoZ15 de Maio a 30 de JulhoVai estar patente na Sala de Expo-sições temporárias do Museu Mu-nicipal de Estremoz Prof. Joaquim Vermelho, a exposição “30 anos de Fotografia” colecção de Rosely Nakagawa. Esta mostra é acom-panhada por uma conferência no dia da inauguração, 15 de Maio, pelas 16h, com o título “Fotografia Brasileira Contemporânea: 1970 a 2000″, a proferir pela colecciona-dora no referido Museu. Segundo Rosely Nakagawa, a expo-sição que apresenta no Museu de Estremoz, reflecte o seu percurso profissional, pois cada imagem da colecção tem um pouco da sua história, que marca o início de uma relação profissional, com o acom-panhamento da trajectória dos fotógrafos, que se confunde com a sua formação. Esta colecção é, na realidade, o seu portfólio pessoal. A presente mostra já circulou pelo Brasil, EuA e Japão, vindo pela primeira vez para a Europa, através do Museu de Estremoz. O evento está também no progra-ma cultural do VirVer Museus 2011.

exposIçãoÉvora“enquanTo o Meu Cabelo CresCIa”16 a 18 de Junholocalização: teatro garcia de ResendeHistória construída à volta de cabeleireiros, penteados, mudan-ças de visual, sonhos e frustrações relacionadas com a imagem.

grandola“aurea” 17 de Junho | 22h30localização: Casino de tróiaO registo pop/soul de Aurea pro-mete animar a noite do Casino de tróia.

Sines“TrIo odeMIra bodas de ouro, 50 anos de Canções”18 de Junho | 21h30localização: Auditório do Centro de ArtesO trio Odemira é um dos grupos com uma história afectiva mais rica junto do público português. Vão para Odemira ainda crianças, de-vido à compra, pelos pais, de uma tipografia na localidade. Aprendem a cantar a vozes com um grupo local, os Rouxinóis do Mira.

MÚsICaArraiolos500 anos do Foral ManuelIno de arraIolos29 de Março a 30 de Outubrodentro da Reforma de actualização dos forais medievais – o de Arraio-los data de 1290 – a 29 de Março de 1511, d. Manuel outorga o cha-mado “Foral Novo” de Arraiolos.E, com início em 29 de Março de 2011, assinalamos estes cinco séculos de história, procurando conhecer mais sobre a nossa terra e as suas gentes, projectan-do um futuro melhor ainda que sobre um presente demasiado sombrio.Assim foi quando a reabilitação urbana do Centro Histórico de Arraiolos revelou novos “achados” para a história dos nossos tapetes – património cultural mundialmen-te conhecido; assim foi aquando da descoberta recente de inscrições e grafitos nas muralhas da “Praça de Armas” do Castelo; assim foi em muitos outros momentos da nossa história contemporânea.Para mais uma caminhada pela nossa história, a percorrer ao longo do ano em 7 momentos – conferências e projectos de hoje e para amanhã.

ouTroslITeraTuraÉvorapraZer eM ConheCerterças e Quartas | Hora: 10h-15hlocal: Biblioteca Pública de ÉvoraVisitas para grupos organizados.A Biblioteca Pública de Évora põe à disposição de todos os interes-sados, particularmente da comu-nidade educativa, o programa Prazer em Conhecer, com o fim de proporcionar uma apresentação da Biblioteca, das suas colecções e serviços, com destaque para o empréstimo domiciliário e a referência.

Viana do AlentejopraZer eM ConheCer21 de Junho | 21h00local: Praça da RepúblicaNo âmbito do projecto “leituras à lareira” realiza-se dia 21 de Junho, na Praça da República, em Viana do Alentejo, as leituras ao luar. ParceriaCâmara Municipal de Viana do Alentejo; Agrupamento de Escolas de Viana do Alentejo; BECRE; Colecção B; Oficina da Criança; universidade Sénior túlio Espan-ca – Pólo de Viana do Alentejo; Biblioteca Municipal de Viana do Alentejo

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Lazer

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SudOKu

nota: O objectivo do jogo é completar os espaços em branco com algarismos de 1 a 9, de modo que cada número apareça apenas uma vez na linha, grade e coluna.

A Árvore da Vida

Sugestão de livroSugestão de filme

Direcção: Terrence malick Autora: Isabel lealSinópse:

A impermanência é um dado adquirido. O equilíbrio face à impermanência é impor-tante. Vivemos dias contur-bados, trabalhamos imenso e por vezes temos pouco tempo. Vivemos momentos de crise mundial, diz-se. Momentos de crise tornam o homem mais sábio, mais responsável, mais criativo. A Meditação ajuda a optimizar o foco e a encontrar saídas criativas. As crianças são o bem mais precioso. urge dar estabilidade aos mais novos para que eles cresçam saudáveis e puros de co-ração. O trabalho começa hoje dentro de cada adulto, nos exemplos que dá, no tempo que despende com

os mais pequenos e deixa a sua criança interna brincar com eles. Crianças e adultos devem crescer em conjunto. Este livro é inédito. Contem um Cd com música mágica e meditações guiadas que deixo como uma ferramenta para substituir os castigos e as repreensões. Em lugar destas utilize a Meditação como disciplina para dar paz aos mais novos. deixe-se contagiar.

meditação para Crianças

Sinópse:

um filme americano de 2011, escrito e dirigido por terrence Malick e estre-lado por Brad Pitt, Sean Penn e Jessica Chastain. O filme mostra as origens e o significado da vida através dos olhos de uma família da década de 1950 no texas, tendo temas surreal-istas e imagens atráves do espaço e o nascimento da vida na terra, levantando comparações com 2001: A Space Odyssey, de Stanley Kubrick. O filme estreou no dia 16 de maio no Festival de Cannes, vencendo a Palma de Ouro de Melhor Filme. Foi lançado no dia 27 de maio de forma lim-itada nos Estados unidos.

Carta Dominante: 3 de Copas, que signi-fica Conclusão. Amor: Um amor antigo poderá ser esque-cido finalmente. Descubra a imensa força e coragem que traz dentro de si!Saúde: Estará melhor do que habitual-mente.Dinheiro: Esforce-se no trabalho e pode-rá conseguir a promoção que tanto deseja.Números da Sorte: 17, 25, 30, 2, 9, 28Pensamento positivo: Eu concluo tudo aquilo que começo.

Carta Dominante: 10 de Ouros, que sig-nifica Prosperidade, Riqueza e Segurança.Amor: Não deixe que o seu orgulho fira a pessoa que tem a seu lado. Preocupe-se com aquilo que você pensa sobre si pró-prio, faça uma limpeza interior.Saúde: Faça uma caminhada por semana e verá como a sua circulação sanguínea vai melhorar.Dinheiro: Tente fazer um pé-de-meia, pois mais tarde poderá vir a precisar de um dinheiro extra.Números da Sorte: 47, 12, 39, 26, 3, 37Pensamento positivo: A riqueza interior é o meu maior tesouro.

Carta Dominante: Cavaleiro de Paus, que significa Viagem longa, Partida Inespera-da.Amor: Não deixe que os assuntos profis-sionais interfiram na sua vida amorosa. Que o futuro lhe seja risonho!Saúde: A sua energia está em alta, não vai querer estar parado.Dinheiro: Poderão surgir algumas dificul-dades económicas.Números da Sorte: 21, 14, 16, 23, 45, 9Pensamento positivo: A vida é uma via-gem cheia de surpresas boas.

Carta Dominante: o Carro, que significa Sucesso.Amor: Pode estar apaixonado e ainda não se ter dado conta. Que a clareza de espírito esteja sempre consigo!Saúde: Não seja medroso e vá ao médico com mais regularidade.Dinheiro: O seu equilíbrio monetário está para breve.Números da Sorte: 28, 17, 32, 11, 49, 24Pensamento positivo: O sucesso espera por mim, porque eu mereço!

Carta Dominante: a Morte, que significa Renovação.Amor: Procure esquecer as situações me-nos positivas do seu passado afectivo. Saúde: Poderá sentir uma certa indispo-sição.Dinheiro: Segurança financeira.Números da Sorte: 23, 11, 36, 44, 29, 6Pensamento positivo: Tenho sempre o poder de renovar a minha vida.

Carta Dominante: o Imperador, que sig-nifica Concretização.Amor: A felicidade e a paixão estarão es-tampadas no seu rosto. A Vida espera por si. Viva-a!Saúde: Poderá sofrer de algumas dores musculares.Dinheiro: Poderá ter alguns gastos extra, previna-se.Números da Sorte: 49, 10, 5, 19, 11, 20Pensamento positivo: Eu concretizo os meus projectos!

Carta Dominante: a Estrela, que significa Protecção, Luz.Amor: Não seja injusto com os seus ami-gos, pense bem naquilo que diz. Uma personalidade forte sabe ser suave e leve como uma pena!Saúde: Procure o oftalmologista, pois as dores de cabeça podem estar relacionadas com cansaço ocular.Dinheiro: Tudo estará dentro da norma-lidade.Números da Sorte: 4, 17, 23, 49, 26, 1Pensamento positivo: Sei que há uma estrela que brilha por mim!

Carta Dominante: 9 de Ouros, que signi-fica Prudência.Amor: Poderá finalmente deixar os re-ceios de lado e lançar-se de cabeça na pai-xão. Aprenda a escrever novas páginas no livro da sua vida!Saúde: Cuide mais do seu cabelo e unhas.Dinheiro: Possível aumento salarial. Números da Sorte: 4, 16, 23, 48, 23, 1Pensamento positivo: Sou prudente nos passos que dou.

Carta Dominante: 8 de Paus, que significa Rapidez.Amor: Evite as discussões com o seu par, mesmo que tenha razão. A força e a humil-dade caminham de mãos dadas!Saúde: Tendência para enxaquecas. Dinheiro: Dê mais valor ao seu trabalho, e só terá a ganhar com isso.Números da Sorte: 14, 18, 26, 48, 35, 7Pensamento positivo: Adapto-me rapi-damente às novas situações.

Carta Dominante: o Diabo, que significa Energias Negativas.Amor: O seu ambiente familiar encontra-se na perfeição, aproveite a boa disposição que vos rodeia. Seja um bom professor, eduque para que os mais jovens tenham uma profis-são, mas, sobretudo, eduque-os para a vida. Saúde: Andará um pouco em baixo, faça ginástica.Dinheiro: Se pretende comprar casa, esta é uma boa altura.Números da Sorte: 15, 26, 40, 37, 4, 29Pensamento positivo: Venço as energias negativas através dos pensamentos positivos.

Carta Dominante: Valete de Ouros, que significa Reflexão, Novidades.Amor: As brincadeiras na sua relação afec-tiva serão uma constante, aproveite-as. Que a leveza de espírito seja uma constan-te na sua vida!Saúde: Não deixe que a irresponsabilidade afecte a sua saúde e procure com maior re-gularidade o seu médico.Dinheiro: Cuidado com os gastos repentinos.Números da Sorte: 9, 46, 27, 33, 21, 14Pensamento positivo: Reflicto sobre o que desejo para a minha vida e faço um esforço para o alcançar.

Carta Dominante: Rainha de Ouros, que significa Ambição, Poder.Amor: Se tem algum problema que o está a in-comodar, é tempo de o resolver. Proteja as suas emoções tornando-se cada dia que passa num ser humano mais forte e então sim, será feliz!Saúde: Tendência para algumas dores de garganta. Dinheiro: Não desespere, com a ajuda dos seus amigos conseguirá saldar possí-veis dívidas.Números da Sorte: 17, 23, 38, 9, 49, 3Pensamento positivo: A minha maior ambição é ser feliz.

Carneiro

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Telefone: 21 318 25 91 E-mail: [email protected]

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O filme segue a jornada da vida de Jack, pela inocên-cia de sua infância para as desilusões de seus anos adultos enquanto ele tenta reconciliar a complicada relação com seu pai. Jack se encontra como uma alma perdida no mundo mod-erno, procurando respostas para a origem e o significado da vida, enquanto questiona a existência da fé.

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Desporto

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Sérgio Major | Diana FM

O Redondense ficou apenas um ponto à frente do Lusi-tano de Évora. Foi uma recta final de campeonato muito intensa?

Foi. Acabámos por decidir a subida na última jornada peran-te o Escoural. Éramos um “outsi-der” desta divisão de honra. For-tes candidatos eram o Monte do Trigo e o Lusitano de Évora, que nunca tinha ficado dois anos se-guidos no Distrital. Fomos traba-lhando a pouco e pouco, vendo que tínhamos possibilidade de alcançar esse objectivo, manti-vemos o primeiro lugar desde a quinta jornada … Foi dos cam-peonatos mais competitivos, mais renhidos. Cada vez o Dis-trital tem mais qualidade, fruto da formação dos clubes.

Quando chegou ao primeiro lugar pensou que o Redon-dense poderia disputar a vi-tória no campeonato?

Nessa altura ainda não, ape-nas mais tarde quando ficámos a 6 pontos do segundo classifi-cado, o Lusitano de Évora que perdeu em casa com o Oriola. Aí sim, verificámos que conseguí-amos manter o primeiro lugar sabendo que haveria jogos difí-ceis. Depois ficámos só com um ponto de diferença mas a equipa estava unida, coesa, sabíamos que não havia margem de erro.

Qual foi o segredo do Redon-dense?

Foi tudo um pouco ... uma equipa directiva competente, com qualidade, todos a puxar pelo mesmo, a trabalhar até à exaustão, a equipa técnica com os meus colegas André Barreto e Paulinho Caraças, e os jogadores propriamente ditos que foram extraordinários.

Como foi formada a equipa?O plantel já vinha do ano pas-

sado, já tínhamos uma base de bons atletas e bons homens. O

Clube venceu o Distrital e ganhou a Taça mas está sem direcção. Planeamento da próxima época começa a ficar “apertado”.

”Crise directiva compromete participação na III Divisão “

Entrevista com Paulo Sousa, treinador do Redondense

ano passado trouxemos o maior número possível de jogadores da terra para a equipa e este ano aliámos mais alguns que estavam a jogar noutros clubes. Chegámos a um ponto em que o técnico estava lá para gerir, o grupo era tão coeso, tão forte, estava tão unido que fazia o res-to. Quando fazemos um plantel procuramos aliar ao máximo a experiência de alguns jogadores com a juventude e a irreverência de outros e isso tudo junto acaba por produzir resultados.

O plantel era dos mais fortes?Isso é um pouco subjectivos

porque pode haver bons jogado-

Paulo Sousa com o irmão, José Sousa, jogador do Redondense

distrital. Agora, sem dúvida que havia muito bons plantéis como o do Monte do Trigo que se refor-çou bastante este ano, e o Lusi-tano, não só pela qualidade dos atletas mas também pelo histo-rial que tem.

Era uma das equipas mais caras do distrital?

Isso é algo que sempre susci-tou a dúvida de muita gente. Não era. Tínhamos até o orçamento mais baixo das equipas que fica-ram nos primeiros lugares.

A equipa continua junta?Isso é outra questão … vai

haver eleições este ano, infe-lizmente já tivemos duas as-sembleias-gerais e ainda não apareceu nenhuma lista. Quero ressalvar o excelente trabalho que esta direcção fez, acabámos por subir de divisão, ganhar a taça e acabar a época com saldo financeiro positivo. A primei-ra assembleia-geral aprovou as contas mas depois não houve a eleição de uma nova direcção. Fez-se uma segundo, aparece-ram 40 e poucos sócios, ideias, vontade de ajudar mas sabemos que a III Divisão é muito mais dispendiosa, obriga a um orça-mento muito superior e é neces-sário o apoio das entidades com-petentes, como a Câmara e Junta de Freguesia, até porque a terra terá uma maior visibilidade na zona Sul do país. Este vazio directivo pode pôr em causa a participação do Redondense na III Divisão?

Claramente, estamos um pou-

co receosos porque o tempo urge e não surgem soluções. Não nos podemos esquecer que a III Di-visão começa mais cedo. Em fi-nais de Agosto estamos já a com-petir para a Taça de Portugal, o plantel tem de ser constituído o mais rapidamente possível, é preciso planear os treinos e o iní-cio da época e essa hesitação está a deixar-nos receosos, mesmo enquanto sócio.

Este é o seu clube de eleição? Sou daquela terra, fui criado

naquela terra, tenho a máxima das simpatias por aquele clube. Não fui para o Redondo para ganhar dinheiro mas para con-quistar outras coisas. Este vazio directivo deixa-me triste, não há um entendimento entre as várias partes. O Redondense foi este ano campeão em Ben-jamins, Iniciados e fez a dobra-dinha em Seniores. Isto é, num ano em que consegue três títulos e uma taça é de louvar o traba-lho feito por todos mas dá-me pena este vazio directivo.

A continuação desse traba-lho pode estar em causa?

Precisamente. Não nos po-demos esquecer que os miúdos ambicionam jogar no plantel sénior, não faz sentido estarmos a formar jovens atletas e depois não os podermos colocar no clu-be da terra, aquele que eles mais gostariam de representar. Não é só a parte desportiva que está em causa é também a humana, esta-mos ali a formar homens. Temos muita gente ligada àquele clube.

Esta situação é recorrente nos clubes?

Sim, temos o caso do Estrela de Vendas Novas, no Redondense o ano passado aconteceu a mes-ma coisa, o do Juventude com a não recandidatura de Amadeu Martinho … é recorrente porque acabam por ser quase sempre as mesmas pessoas a avançar. As pessoas estão cada vez mais des-ligadas dos clubes.

res e não termos um bom grupo, um bom plantel. Sem uma boa qualidade de atletas e sem um bom grupo não conseguíamos fazer a dobradinha, ficar em pri-meiro lugar e conquistar a Taça

Decorre nos dias 17 e 18 de Junho, no Pavilhão Gimno-desportivo de Vendas Novas, a Final Four da XIV Taça do Alentejo em seniores masculi-nos, organizada pela Associa-ção de Basquetebol do Alentejo com o apoio do Município de Vendas Novas.

Beja Basket Clube, Salesianos Évora, S.C.Campomaiorense e Salesianos Évora (sub-20) são os clubes que irão lutar pela conquista do troféu.

Os jogos das meias-finais ini-ciam-se às 19h30 de amanhã. A final será dia 18, a partir das 17h00.

Final Four em basquetebol

D.R.

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SEMANÁRIO

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Redacção | Registo

A Câmara de Serpa inaugura no próximo sábado o Musibéria - Centro Internacional de Música e Dança do Mundo Ibérico que visa difundir internacional-mente, através de actividades culturais e educacionais, a mú-sica e a dança de ascendência Luso-Espanhola existente em todo o mundo.

O centro irá acolher cursos de curta duração, simpósios e se-mestres académicos, e pretende ser um braço especializado das entidades universitárias que o utilizem, oferecendo formação em música e dança de raiz ibéri-ca a artistas.

Trata-se de um projecto inova-dor dirigido pelo músico Laurent Filipe, acompanhado por uma equipa liderada por Salwa El-Shawan Castelo_Branco, espe-cialista em Etnomusicologia, da

Universidade Nova de Lisboa.Os géneros musicais consi-

derados são : samba, tambores africanos, bossa nova, calip-so, tebe, flamenco, tango e son, chorinho, morna, kuduro, fado, rumba, coladeira, marrabenta e cante alentejano. Para Julho está agendado um primeiro módulo sobre “A Voz e a Guitarra no Fado e No Flamengo”.

Fonte da autarquia avança ao Registo que o município se pre-tende afirmar “como um espaço de música e dança, aliando as tradições e expressões culturais associadas ao Cante Alentejano com as novas tendências das músicas do mundo”.

“Neste sentido tem vindo a ser desenvolvido um conjun-to de projectos de promoção da cultura, e em particular da mú-sica, enquanto veículo de desen-volvimento sustentável, quer através de animação cultural e

social, quer da criação de infra-estruturas e espaços culturais e criativos dedicados, na área da educação, formação, exibição para a música, danças e artes as-sociadas”.

Além do Musibéria a autar-quia avançou também com a Casa do Cante, com a candida-tura de Serpa à Rede de Cidades Criativas da UNESCO.

A obra de reabilitação do edi-fício onde está instalado o Musi-béria, avaliada em cerca de dois milhões de euros começou em 2010 com intervenções na anti-ga fábrica de moagem, um edi-fício com cerca de 4 mil metros quadrados, junto às muralhas da cidade.

O Centro fica instalado em dois edifícios interligados da antiga fábrica de moagem de Serpa. O projecto inclui espaços de ensi-no, auditórios, estúdios de grava-ção e serviços de apoio.

A 2ª edição do “EDP – Musicas no Rio, os outros sons do Fluviário” promove um ciclo de concertos de música portuguesa que, em dois fins-de-semana de Julho, vão animar Mora.

As Quatro Estações de Vivaldi com a Ana Cristina Fernandes Pereira como solista (sexta 15 Ju-lho); Rão Kyao (sábado 16 Julho); Camané (sexta 22 Julho); e Júlio Pereira (sábado 23 Julho) são os nomes de cartaz e que vão actu-ar num palco colocado em ple-no rio Sorraia, em frente à praia fluvial do Parque Ecológico do Gameiro, junto ao Fluviário de Mora.

O evento pretende oferecer momentos de pura tranquilida-de num contexto cultural, pai-sagístico e inovador, como é o espaço envolvente ao Fluviário de Mora.

Numa organização conjunta da edilidade local, da G. Produ-ções Artísticas, de José Peixoto, e com o apoio da EDP, o evento in-tegra quatro temáticas diferen-tes – fado, jazz, clássico e musica popular de qualidade – apostan-do numa oferta de prestígio e cuja programação não atraia um público massivo, mas criterioso.

moura

festival do rio e do pãoRecriar o imaginário colectivo associado aos rios e ribeiras do concelho é o objectivo do Festival do Peixe do Rio e do Pão, que se realiza no dia 18 de Junho, nas ruas do centro histórico da cidade de Moura, com diversas actividades de animação: recriação histórica, teatralização e dramatização, dança, pregões populares, artesãos a trabalhar ao vivo e muitas surpresas.Este evento irá envolver os restaurantes, reinventando novas gastronomias à base de peixe que possam contribuir para a revitalização económica deste sector.os rios e a sua riqueza, neste caso, materializados na pesca e no peixe e, noutra vertente, a sua ligação com o moinho e com o pão, serão os focos principais da actividade.

musicas no rio e outros sons

Serpa inaugura Centro Internacional de música e dança Ibérica

mora CulTuRA

D.R.

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Musibéria abre dia 18.