reboco caído nº22 versão digital

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Pag 1 REBOCO CAÍDO #22

Editorial

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Dei certos destaques nesta edição. Algunscontatos sentiram falta de mais escritosmeus nos últimos números e ainda vieramos que pediram maior espaço parailustrações. Aceitei as sugestões e deimaior foco a estes pedidos. A capa é deRuan Freitas, artista que entrou em contatoe que acompanha o trampo. Nos pés dapágina 2 temos o desenho de JoséZinerman Nogueira. Na página 3 entramoscom tudo nos traços e na mensagem deTavarez. Na 4 vemos um pouco da arte deEduardo Marinho e na 7 voltamos com maisZinerman. A 10 fecha com o trabalho deIvan Silva. Tinha separado mais desenhos,contudo a limitação espacial é umaconstante no trabalho físico e temos defazer escolhas para chegar a um resultado.Quanto aos meus escritos, poderia dizerque já vai longe o tempo em que postavapelo menos uma vez ao dia, uma coisinhaqualquer, no antigo blog do Reboco e aindasobrava material inédito para outrostrabalhos. Não há tempo para tudo e temosde diminuir o ritmo em alguns pontos paraatuar em outros. Mas, contudo isso, aprodução não está parada e reuni algunsdos meus últimos escritos para espalharnas próximas páginas. Além do já dito,temos materiais de outros colabores e umasperguntinhas que fiz e me foramrespondidas pelas guerreiras da Vingançade Jennifer.

Contatos com o Reboco:

[email protected]/RebocoCaidoCaixa postal: 21819Porto Alegre, RScep.: 90050-970

www.rebococaido.tumblr.com

“Só serei verdadeiramente livre quandotodos os seres humanos que me cercam,homens e mulheres, forem igualmente

livres, de modo que quanto mais nume-rosos forem os homens livres que me

rodeiam e quanto mais profunda e maiorfor a sua liberdade, tanto mais vasta,mais profunda e maior será a minha

liberdade.”Mikail Bakunin

“Será que vivemos nós os proletários,será que vivemos? Será que os fracos

remédios que tomamos não seria adoença que nos corrói?”

Guy Debord

“Me pergunto em que tipo de sociedadevivemos, que democracia é essa quetemos onde os corruptos vivem na

impunidade, e a fome das pessoas éconsiderada subversiva.”

Ernesto Sábato

“Os escravos do século XXI não preci-sam ser caçados, transportados eleiloados através de complexas e

problemáticas redes comerciais decorpos humanos. Existe um monte delesformando filas e implorando por uma

oportunidade de trocar suas vidas porum salário de miséria. O “desenvolvi-mento” capitalista alcançou um tal

nível de sofisticação e crueldade que amaioria das pessoas no mundo tem de

competir para serem exploradas,prostituídas ou escravizadas.”

Luther Blissett

“Nossa Pátria é o mundo inteiro, nossaLei é a Liberdade.”

Pietro Gori, Canção anarquista de fins doséculo XIX

Disseram por aí

REBOCO CAÍDO #22 Pag 2Comendo Grama

Por Anita Costa Prado

Inflação, fome,Corrupção, besteirole a gente se consomeassistindo futebol.

Por Wendell Sacramento

sacode a poeirabota lenha na fogueiraestoura a bixigarala o coco e mexe a canjicademorou, não voltoufoi e não chegouo deserto é sempre alémolha o cabelo do meninoenroladocom tinta e pinceltá fudido nego véio fim de mês chegou mais cedoentão outra vez, deixa a viúva negrase alimentar do escorpião.escorrefértilo veneno sangueenergiados pilares da criaçãoseja bem vinda á nebulosa do dragão

Después de una noche tristePor Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)

Mañana dulce y cálido,lo que me lleva de vuelta al díadespués de una noche triste.

Envíame un par de zapatos aladoseso es para mí ir contra el soly celebrar con nuestra estrella más grandeel inicio de la jornada.

Lo que me va a brindarcon un nuevo aliento,

una nueva esperanza,una nueva vida.

Eso es hermoso,lo hermoso que es el despertardespués de una noche triste.

lançados ao azarPor Fabio da Silva Barbosa

crianças e adolescentes completamente aban-donadosmiséria por toda partemuitos semi-analfabetos ou analfabetos fun-cionaisnenhum futuro e um passado de terrorrevolta incompreensão solidãosó cobranças de quem nada fazmas como cobrar de quem sofreu toda priva-çãonão suporta mais abusos nunca viu afetoaí se cria o futuro do país do planeta da hu-manidade da civilizaçãoos civilizados já chegaram barbarizando oschamados selvagenscontinuam a matança nos dias de hojeé porrada de todo ladocriam seres destruídosnão há espaço para amor quando se afogaem tanta merdatudo é uma desgraçaestão criando gerações de ódio cristalizadopara depois o engravatado mandar prenderbater matarsão os catedráticos da hipocrisia querendodeterminar o que é pior para a maiorianada faz sentidoassim não vai darquando pularem o muro nada vai parar

Pag 3 REBOCO CAÍDO #22

TAVAREZ

Pag 4REBOCO CAÍDO #22

matança impostaPor Fabio da Silva Barbosa

cercados pela desgraçaperseguidos pelo infernomarginalizados pelo sistemamantidos na miséria

odiando a si próprionão conseguindo suportarlevando só porrada

PacificaçãoPor Cleber Araujo

A paz projetadaNa tropa fardadaA guerra instaladaCom a mídia comprada…Sociedade aplaudia.

Favela ecoandoA bala cantandoViúva chorandoO sangue jorrando…Inocente morria.

O pobre CoitadoHumilhado e enganadoPor esse papo furadoEstá revoltado…Com essa hipocrisia.

A descuidistaPor Fabio da Silva Barbosa

Hoje ela chegou com a bolsa cheia de cal-cinhas. Entrou no armazém e sorriu.- Olha o que eu trouxe.Era uma vendedora nata. Sempre sorriden-te, desconhecia o não. Usava de todos osargumentos. Por fim, quando não fazia avenda, saía com ar desanimado. Mas logolançava um sorriso da porta e falava algu-ma coisa engraçada. Talvez tenha usado oúltimo recurso e pelo menos garantia a pró-xima. Dessa vez ela apostara em um produ-to cujo público alvo não estava presente.Apenas homens com problemas de relaci-onamento empinando garrafas de cerveja.- Estão novinhas, acabei de roubar na…Ela se definia como descuidista. Um traba-lho muito arriscado em todas as suas eta-pas.- Dá uma força aí.Cada palavra era dita de maneira cativante.Realmente uma figura curiosa e simpática.

não consegue caminhar

é a grande maioriavendo o muro exclusorcercando e matandosó a dor só há dor

Pag 5 REBOCO CAÍDO #22A Vingança de Jennifer

Por Fabio da Silva Barbosa

Comecemos pela formação da banda e a definição do nome:A banda é formada por Amanda Paz (baixo/voz), Ana Letícia (guita/voz), Lú Barata (baixo/voz) e Kamila Lin (batera/voz). Esse nome foi inspirado no filme “A Vingança de Jennifer”(I spit on your grave, 1978), do diretor Meir Zarchi, que conta a história da Jennifer, umamulher da cidade que resolve tirar uns dias de férias numa casa isolada no interior dacidade pra concluir um livro que escrevia. Lá ela é violentada, perseguida e estuprada porquatro moradores locais, terminando quase morta. Apesar de tudo, com o tempo ela serecupera e volta pra buscar sua vingança. Escolhemos esse nome porque, pra nós, Jenniferrepresenta todxs aquelxs que já se sentiram agredidxs, violentadxs e/ou submissxs pelomachismo que nos é imposto a toda hora. Jennifer é também a resposta, o empoderamentode nós mesmos, nossas vontades, corpos e vozes. Ação para mudarmos as opressões quenos submetem. É autonomia, coragem pra ir além, mudar as coisas, quebrar tabus e padrões.

Principais influências:Bulimia, Sapamá, Bikini Kill, TPM... nessa pegada! hehe

A construção das letras e das músicas:Geralmente falamos sobre o nosso cotidiano, coisas que surgem desde conversas atéviolências na rua, trabalho, casa... Colocamos aquilo que sentimos necessidade de falarsobre, só que fazemos isso em forma de música.

Um balanço das últimas manifestações que aconteceram pelo país:A gente reconhece o papel fundamental dessas e de todos os outros tipos de manifestações.Assim como nós utilizamos a música, existem outros vários meios. Acreditamos que estaseja mais uma forma de transpor aquilo que pensamos, idealizamos e queremos.

Alguns temas para falar sobre: preconceito, violência, desigualdade social, hipocrisia:Dá pra falar sobre tudo isso numa forma geral se pegarmos como exemplo a cena em que agente participa e se insere hoje, onde temos show de hardcore pra pessoas, em suamaioria, homens brancos de classe média heterossexuais (odeio colocar na forma de rótulos,

Eis mais uma entrevista feita para onosso zine. Dessa vez o papo é com asguerreiras da Vingança de Jennifer (RS).Com muita atitude, elas falam o quepensam e gritam o que muit@s não temcoragem de sussurrar.

Con

tato

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Pag 6REBOCO CAÍDO #22mas acho que facilita pra ficar entendível). Ainda rola muito preconceito com banda só demeninas dentro dessa cena. Temos os mesmos tipos de opressão e preconceito queenfrentamos no dia a dia na sociedade dentro dessa cena que, pelo menos ao meu ver, sediz libertária. Só que não é. Quando chega as minas pra tocar, é sempre a mesma coisa, amesma choradeira de sempre. Isso sem contar o pogo, onde o cara é violento a ponto dechutar pra fora todas as minas e quando você reclama tem que ouvir coisas como “Lugarde mina não é no pogo!”, “Não quer se machucar, não entra”, ou quando você leva umaencoxada no show, quando passam a mão em você e se aproveitam pra ficar pegando noseu corpo enquanto você dança. Essas pessoas simplesmente esquecem que você temtanto direito de estar ali quanto elas. Isso é bem foda. E vai continuar sendo se simplesmentenão paramos de enxergar as pessoas como gêneros, etnias, classes sociais, ou seja lá qualrótulo, automaticamente ao olharmos uns para os outros, sem nos olharmos nos olhos.O hardcore ainda é uma coisa elitista, se pararmos pra analisar. Pegando o exemplo das pe-riferias: O que você acha que entra nesses lugares? Com certeza não é o HC. E é difícil vocêconhecer bandas e pessoas que vão até lugares como esses e proporcionem esse tipo de“sensação” pra quem tá acostumado a ouvir e se identificar nas letras de funk e/ou rap, co-mo geralmente acontece. Inserir essa realidade dentro da nossa cena, tornar isso parte de-la, também é tão importante quanto tocar num evento com bandas que você curte demais.Acreditamos que a música é ferramenta, é arma pra mudar as coisas. Sem preconceitos,sem barreiras entre pessoas. Falamos em fomentar uma cena dentro de periferias comobanda e esse tema é um dos principais projetos que temos em mente. Aguardem. hehe! Recentemente teve um acontecimento que nos levou a pensar muito sobre a presença enão presença das minas no role. Há algum tempo frequentanmos direto os shows de Ca-noas/PoA. Em geral, o público sempre foi, em sua maioria, homens. Começamos a nosquestionar se isso seria um problema e realmente achamos que sim. Chegamos nessa con-clusão visando que: constantemente, em todos os lugares, temos a opressão à mulher,que vem desde quando nascemos. Padrões e tabus enraizados em nossas cabeças pra nostornarem vítimas, objetos, coisas. Ela não usa a roupa que quer, pois pode ser estupradae ainda culpada por “pedir” por isso. Ela não pode ir e vir de um role sozinha porque é “pe-rigoso meninas andarem sozinhas à noite”. Ela, com certeza, vai pensar se é minoria e sevai ter alguém “conhecido” no role, porque como se sentir a vontade num lugar onde vocêtem olhos em sua volta te comendo de uma forma absurda? E o que fazer quando (se achanecessário ter alguém) se não tiver alguém pra recorrer num caso de abuso no pogo? Tudoisso temo que levar em consideração. A maternidade também é outro fator muito relevanteque podemos citar. Quantas minas que organizam shows conhecemos hoje? Quando vocêvai num show, quantas minas você vê?É difícil entender quando se está numa posição de privilégios. Mas vale reforçar: desdecrianças aprendemos tudo isso que acabei de citar sobre como ser, sentir e se portar. Termedo, se sentir frágil, delicada, precisando de proteção. Não reconhecer a existência dessasproblemáticas, é fechar os olhos pro machismo que ainda existe, e muito forte, dentro donosso próprio role. Com AVJ, sempre que organizamos ou tocamos em shows, esquematiza-mos discursos de empoderamento voltado pra mulheres, como “se o problema é como vir,manda recado que a gente encontra você em algum lugar e vem juntxs”, “se o problema évoltar, não se preocupa, você não tá sozinha”e esse tipo de coisa pra que se sinta segura,se sinta parte. A Vingança de Jennifer, aborda, na maioria das letras, o sentimento igualitárioe libertário.

Pag 7 REBOCO CAÍDO #22

José Zinerman Nogueira

Pag 8REBOCO CAÍDO #22

olhos furiososPor Fabio da Silva Barbosa

conheci uma meninaque apesar da pouca idadenão conseguia mais dormirnão tinha onde ir

olhos furiosospra onde você vaiolhos furiososnão entendem o que você fazolhos furiososnão me deixe sem vocêolhos furiososo que podemos fazer

a vida é o calvárioamargura e sofrimentoquerem te prendernuma parede de cimento

olhos furiososvão nos afastarolhos furiososnão deixe que te matemolhos furiosospor que tudo tem de ser assimolhos furiosos

"FALA AÊ PORRA!"Por Diego El Khouri

Pensamento colhido durante um porre:Eu sempre li com seriedade mesmo quandonão sabia ler... Meus rins se reviram e naespinha passa um vento estranho... ler éembriagar-se de múltiplos sentidos. o mer-gulho é necessário.

NasciPor Marcos Barbosa

Não nasci para ser portoe sim barcoNasci para ser tortotorto feito arco

não vá acabar

sei que vai sumirmas nunca esquecereisempre vocêsempre torcerei

olhos furiososnão pare de lutarolhos furiososnão vá se entregarolhos furiososnão vá me esquecerolhos furiososnão aguento mais sofrer

MemóriaPor Fabio da Silva Barbosa

A garotinha entrou pelo bar com uma gar-rafa vazia. Pediu que enchesse. Queria água.O calor era infernal. O dono do estabeleci-mento perguntou com quem estava. Ela dis-se que a mãe esperava na rua ao lado. Ocomerciante demonstrou preocupação e foiaté a porta. Insistiu na pergunta. A meninasaiu correndo e sumiu na esquina.Poucos minutos se passaram e voltou comuma senhora e outra criança. Todas traziamgarrafinhas vazias. O comerciante pediuque esperassem do lado de fora.Ele voltou com as garrafas cheias de águaquente da torneira. A senhora estava decostas, olhando a rua, escondendo o cho-ro que teimava em aparecer. As criançaspegaram suas garrafas e saíram brincando.Levei a garrafa da senhora.Ao vê-la ir, comentei que ela estava choran-do. O comerciante fingiu pena, uma mulherdisse que já tinham ido e não fazia sentidopensar na cena. “Já acabou!” Outro freguêsdisse que não podíamos mudar o mundo.Outro falou que não podíamos fazer nada eque o melhor era esquecer.Nunca consegui esquecer certas coisascom facilidade.

Pag 9 REBOCO CAÍDO #22

Por Panda Reis O rock surgiu entre os músicos negros enem preciso discorrer sobre isso, nemrelembrar que o eleito pela elite brancacomo Rei do Rock, aprendeu tudo nosguetos negros, viu o que os negros faziame levou para os bairros brancos, para a TVe para a mídia em geral, dai pra toda apopulação racista que adorava aqueleestilo dos negros, mas se sentiamenvergonhadas de assumir. Nasce ElvisPresley para embranquecer o rock e torná-lo mais acessível. Daí o rock ganhou omundo e, de um estilo tipicamente negro,se elitizou, se tornou a música de umajuventude branca metida a rebeldinha, quemarginalizou a participação negra no queeles próprios criaram.Não é preciso um olhar atento para seperceber que os reais inventores do estilonão têm destaque e nem reconhecimentocompatível com a real importância dosmesmos. Para ficar ainda pior, foram tiradosde destaque tendo sua presença ficado deforma muito diminuta no estilo, ou seja, decriadores á anomalias de um estilo que temorigens nos guetos, ganhou o mundo,notoriedade, mas seus herdeiros foramobrigados a permanecerem nos guetos. Aieles criam um novo estilo (o Rap), quenovamente é tomado por gente do Quilatedo Eminem, mas isso é uma outra história.Imaginem como esse afastamentoinfluenciou não só a cena musical comoum todo, mas nosso pequenounderground. O homem negro não apareceem destaque nas bandas mais extremas damúsica underground e muito menos aindanas mais bem sucedidas. Seria imperíciacom o estilo ou puramente portas fechadaspara o moleque negro, descendente deescravos que não é visto como o típicoroqueiro aceitável para uma banda? O

Underground Racista ?

racismo e o preconceito crescente no mundocontamina todas as áreas da sociedade e issonão é diferente na área musical.Desde muito cedo tive contato com a música,como acontecia em qualquer casa de negrosno final dos anos 70 e começo dos 80. Amúsica é parte constante dessa etnia. Amusicalidade flui como sangue, não só nomeu caso, mas em muitos outros. Temosherança musical forte, pois meu avô tocava,meu pai tocava, mas somos bem aceitossomente em estilos “comuns” a nossa etnia,ou seja, quando um garoto negro resolvetocar metal ou rock em geral, ele temproblemas... pois a discriminação começa naprópria casa. Mentes alienadas e moldadaspela cultura Europeia alienaram seus pais eparentes, chegando ao ponto de alienaçãocultural ser tamanha, que nem elesreconheceram a nossa “patente” em fazeressa música. Assimilaram que esse estilo deveser feito pelo branco e que devemos manter-nos nos estilos de raízes negras. Mas ... ometal veio da onde ??? E o rock foi criadopor mãos calejadas e escuras.O preconceito vai aumentando mais, fazendoo banger de pele escura e cabelo crespo sesentir um ET , o diferente, e sofrerdiretamente na pele o preconceito dentro deuma cena que sofre preconceitos. Um frontman negro então?? Por que é exótico isso ??Deveria ser normal, mais que normal, natural,mas não é isso que acontece. Vejamos o casode Derrick Green, que assumiu os vocais doSepultura. Recebeu inúmeras críticas,algumas delas muito maldosas e pré –conceituosa. Alguns comentários, que nadatinham a ver com o desempenho vocal dorapaz, pipocaram e algumas brincadeiras“inocentes” que vinham da própria bandaproliferaram a ideia que brincadeiras racistasnão é racismo (assim, levando adiante oracismo moderado). Não se deram conta quea parcela musical que sofre pré-conceitos,

REBOCO CAÍDO #22 Pag 10também cria o pré-conceito internamente. Brincadeirinhas racistas nunca foram inocentes.Por que o Mystifier ainda é visto com um olhar, no mínimo, de curiosidade? Suffocationtem muita qualidade, mas ... o Hirax. Por que uma das únicas bandas com front man negrodo mundo não tem o espaço que merecem por discos lançados e tempo de bons serviçosprestados ao metal mundial?Muitos dirão que é exagero ou pensamento perdedor, mas antes que digam isso, pergunto:Por que algumas pessoas que entraram em contato comigo (desde a época das cartas),adorando a banda que toco, elogiando, pararam de escrever e alguns até escreveramjustificando o afastamento quando receberam o cd com a foto de um negro na banda?Serei justo que 98% disso foi com contatos Europeus, ao perceberem que se tratava deuma banda de negros e mestiços. Alguns até responderam dizendo que não curtiam bandascom “pretos” na frmação!!! Alguns falavam que eu tocava demais pra um “preto”!!! Issosem falar em vários testes de recrutamento de bandas que na escolha, além de tocar bem,queriam cabelos compridos e visual “tal” e isso eliminava sem ter direito nem a testesquem não se enquadra nesses requisitos (cabelos compridos e visual europeu).Sim, nossa cena é racista como nós negros sentimos na pele escura, desde sempre, porém,nas esferas mais undergrounds, quando você vai descendo mais fundo no underground,o racismo se dissipa como fumaça... Será que o racismo é maior nos bangers maisabastados?? Será que a lobotomia familiar racial é maior na classe média e alta??? Vocêstem dúvidas ainda???Um dia a música será apenas notas musicais e não cabelos e tonalidades de pele.

Sil

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