jornal da vila - n07 - abril de 2006

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Ribeirão Preto, abril de 2006 - ano I - nº 7

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Jornal da Vila Tibério, bairro da zona oeste de Ribeirão Preto, tiragem de 10 mil exemplares com circulação também na Vila Amélia, Jardim Santa Luzia, Jardim Antártica, e parte do Sumarezinho e do Monte Alegre

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Page 1: Jornal da Vila - n07 - abril de 2006

Ribeirão Preto, abril de 2006 - ano I - nº 7

Page 2: Jornal da Vila - n07 - abril de 2006

2 Abril de 2006

Informativo mensal com circu-lação na Vila Tibério.

Tiragem: 5 mil [email protected]

Fones: 3610-4890Jornalista responsável: Fernan-

do Braga - MTb 11.575Colaboradores: Inês Zaparolli e

Iúri Falleiros BragaImpresso na Gráfica Verdade

Editora Ltda.- Rua Coronel Ca-misão, 1184 - Ribeirão Preto

OpiniãO

Maria Cleuza Garcia Naldi

E aí pessoal, terminando “nossas memórias”....

... Temos o sr. Pedro Antoniazzi, ali da Confecções Pedro que recentemente encerrou suas atividades... Morávamos ainda em Brodósqui, e meu pai que sempre queria “andar na linha”, vinha a Ribeirão Preto, de trem, para fazer seus ternos com o Sr. Pedro, que então tinha a alfaiataria em sua própria resi-dência, ali na Rua Conselheiro Saraiva. Ah! Impossível esquecer do Paulinho Ziotti, que “consertava calçados” – e como consertava – ali na Rua Luiz da Cunha, em frente a Antarctica, do lado de uma loja de Presentes. Hoje aposentado, é fácil encontrá-lo por ai... E ainda bem que neste ramo, podemos contar com o sr. Pedro, da Rua Santos Dumont, e já temos despontando uma nova geração, na pessoa do Mauro, ali na Rua Álvares de Azevedo.

Houve uma época em que eu fiquei fora da Vila por 13 anos, pois ao me casar, fui morar em Poços de Caldas, e voltando para Ribeirão Preto, morei no Ipiranga, Jardim Santana (ao lado do Iguatemi), Jardim Paulista e Jardim Irajá, mas nunca deixei de freqüentar a Vila, porque vir nos finais das tardes de domingo, na casa de minha irmã, que ainda hoje mora na Rua Martinico Prado, era fatal. Eu costumava dizer, que quando se adentrava pela Rua Luiz da Cunha, respirava-se melhor, o ar era mais puro, mais leve, era diferente ... o sol era mais brilhante... ali tinha a vida que faltava em outro canto qualquer. E foi ali na Rua Martinico Prado, onde moravam minha mãe, irmã e meu so-brinho, que minha filha nasceu, apesar de na época morarmos no sul de Minas Gerais. Eu quis que ela nascesse aqui. Hoje, depois de muitos anos pagando aluguel, realizei meu sonho, e moro em minha própria casa na Rua 21 de Abril. Casa Própria?... Só se fosse na VILA... E aqui quero morrer, embora esperando que demore um bom tempo,

Paixão pela “Vila” (final)

Nesta edição sai o final do artigo da leitora Cleuza Naldi, um artigo do dr. José Ernesto dos Santos, professor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto e na página 7, a farmacêutica Ana Maria Pavanelli Bezzon fala sobre a depressão

Saudade e boas lembranças da VilaRecebi, trazido pelo colega Dr.

Fernando Nobre, renomado cardiolo-gista em nossa cidade, o número 6 do Jornal da Vila. Sua leitura me trouxe muita alegria e saudade. Sou nascido na Rua Capitão Salomão (onde hoje é a Coonai) e minha família mudou-se para a Vila Tibério em 1947 quando eu tinha 2 anos. Tive a sorte crescer na Vila e nela ter tido uma infância maravilhosa. Morei durante cerca de 20 anos na Rua Álvares de Azevedo, perto do Estádio Luiz Pereira onde ainda vivem meus tios e primos.

São inúmeras as boas lembranças da Vila, entre elas, uma marcante: quando tinha 6 anos uma jovem recém-formada normalista bateu palmas no portão de minha casa e pediu autorização para minha mãe para eu freqüentar uma sala de aulas que estava organizando na rua Bar-tolomeu de Gusmão (três quadras de minha casa). Vejam que curioso, o professor procurava alunos, bem diferente das filas para matrícula em escolas que vemos ainda em nossos tempos. Nessa escola, simples, que funcionava em condições bem pre-cárias, mas onde com carinho e a dedicação da professora Dna Maria Apparecida Corrêa (com dois “pes” mesmo) e com o auxílio da Carti-lha Sodré (quem não se lembra da primeira lição: a pata nada, pata pa, nada na...) iniciei uma atividade que suponho tenha me dado muito prazer, pois a desenvolvo desde então, estu-dar. Foram dois anos de escola mista com Dna Maria Apparecida e então a transferência para o Terceiro Gru-po Escolar (hoje Sinhá Junqueira). Vários professores transmitiram o mesmo carinho, amor e respeito nesta nova escola, entre elas me lembro com carinho especial das professoras Dna Maria Leal (terceiro ano) e a Dna Marília Azevedo Barbante (quarto ano) e do Grupo Diretor Professor Alberto Ferriani. Vale a pena des-tacar que nessa época nas grandes cerimônias os professores ocupavam posições de destaque nas mesas oficiais juntamente com o Prefeito e o Vigário (então o Padre Mateus). Voltei recentemente para visitar o Terceiro Grupo Escolar e embora a

imagem da magnitude do prédio e da escada que leva ao segundo andar tenha mudado, pois aparentemente se tornaram menores, as boas lembranças renasceram como num passe de mági-ca. Das outras lembranças da infância desfrutadas com liberdade destaco o futebol no “campinho carpido” por nos mesmos e grandes ferimentos nos pés, o tempo de papagaio, da bolinha de gude, de rodar peão. Lembro-me também da Cruzada Eucarística com as aulas de Catecismo às quartas feiras da Dna Marcelina e da Dna Cecília Ferrioli, a missa das 8h aos Domingos (com a fita amarela no peito), as quermesses, com coelhos que entravam em casinhas numeradas, filmes no Salão Paroquial, filmes que sempre queimavam durante a proje-ção ... e que originavam assovios e reclamações. Lembro-me também dos fins de tarde com os vizinhos batendo papo no portão, período que precedia invariavelmente alguma novela da Radio Nacional (O Direito de Nascer durou alguns anos e quanto se falou do Albertinho Limonta e da mamãe Dolores). Depois, outros caminhos, longos e alguns penosos, Ginásio, Colégio, Faculdade e a lembrança sempre viva de colegas como os Drs. José Ângelo (médico em Araraquara), Mário Portela (médico em Franca), e outros amigos como o J.Lourenço (asa negra do grupo, pois se tornou goleiro do Comercial), o Álvaro, o Zé Tobias, o Marinho, o J. Antônio, meu primo Pedro e outros tantos, que não tenho tido contato, e que aos sá-bados, andavam em sentido contrário ao das meninas na Praça Coração de Maria. Muitos namoros e casamentos aí começaram.

As características especiais da Vila Tibério de então, como bairro de gente ordeira e trabalhadora fe-lizmente se mantém e é sempre uma grande emoção retornar aos domin-gos a feira livre e lá encontrar, entre outros, o Alemão (amigo de infância e especialista no melhor abacaxi e mamão das feiras) e lembrar de ou-tros que se foram. Enfim, a Vila não é somente um bairro de Ribeirão Preto, é um estado de espírito, pacato, aco-lhedor e inesquecível que conservo

COMPRE NO COMÉRCIO DA VILA. VALORIZE O QUE É NOSSO!

pois tenho ainda muita coisa pendente para realizar.

E ainda hoje (29/1/06), lendo o Jornal A CIDADE, emocionei-me (sempre me emociono quando o as-sunto é este... acho que é o chamado Feitiço da Vila...) diante do artigo do Dr. Divo Marino - que aliás foi meu professor de Desenho no Magistério do Otoniel Mota, - falando justamente sobre as tradições e o desenvolvimen-to de nossa Vila Tibério, destacando a idéia de engenheiro e políticos, que infelizmente ficou apenas no papel, de se fazer um viaduto saindo da Rua Bartolomeu de Gusmão, ligando a Vila ao Centro da cidade pela Rua Lafaiete. Isto seria ótimo. Então aqui eu incremento a idéia, sugerindo que se faça no tal viaduto uma bifurcação, ligando também a VILA ao Alto da Cidade, através da Rua Bernardino de Campos, Nove de Julho (qualquer coisa assim...). E o viaduto poderia se chamar Viaduto Botafogo, pois Botafogo é a marca registrada da nossa Vila. Assim ficaria um projeto perfeito e muito bonito, além de enri-quecer preciosamente a paisagem hoje tão desgastada da chamada “Baixada”.

Ah! Pessoal: não podemos nos esquecer que, daqui da nossa Vila saiu recentemente, o Vereador Capela - o “Carlinhos”, (irmão da minha grande amiga Bete – a do Pepe), que eu tenho na memória em seus 8 ou 10 anos de idade, ali na casa da Rua Santos Du-mont, nº 1126. Aproveitando o embalo, vai aí um recadinho: “Capela, a sua missão é árdua. Que Deus o abençoe em todas suas idéias, pretensões e decisões.

E por aí afora, que turbilhão de saudades vai invadindo nossa alma, fervilhando nossa mente, mexendo com nossos neurônios, trazendo mais uma, e mais uma, e mais uma recor-dação, quando desfiamos o carretel de emoções que acumulamos dentro de nós durante todos estes anos... E é sim, uma emoção muito gostosa e gratificante, podermos reviver uma his-tória da qual ainda estamos ativamente participando...

MUITA COISA MUDOU, mas as lembranças estão bem vivas e jamais se apagarão. É importante que muitos apaixonados pelo nosso bairro como eu, tentem colaborar com a manuten-ção e o crescimento deste JORNAL DA VILA. A idéia foi maravilhosa, e com certeza partiu de alguém que como nós ama, de paixão, esta VILA. E

a semente plantada deve ser cultivada, pois germinando estará perpetuando e trazendo-nos as recordações guardadas em nossos corações e tantas histórias que temos para contar. Não importa se estas sejam tristes ou alegres, se tive-ram ou não um final feliz. O importan-te é que são histórias que fizeram e ainda fazem a nossa história. Venha nos contar a sua.

Ah!... E que tal se todos que tem um empreendimento, um comércio, um serviço, uma mão de obra para ofere-cer, anunciasse aqui no JORNAL DA VILA?... Isto seria de grande utilidade, propagando nossos préstimos, nossas habilidades, e por outro lado, o que é de extrema importância, estaremos colaborando para que o JORNAL DA VILA, obtenha condições financeiras de continuar sendo impresso e distribu-ído para nosso deleite, ativando nossas emoções, trazendo à tona nossas mais profundas lembranças, porque quem um dia morou na VILA, com certeza tem muito pra relembrar e sentir sau-dade... porque A VILA é um paraíso criado por DEUS, para nos encher de orgulho... O “POUCO” de cada um de nós, fará com que cresça “MUITO” a força do nosso JORNAL DA VILA... Não podemos deixar escapar esta chan-ce maravilhosa de estarmos sempre em sintonia uns com os outros, porque lendo o jornal, apesar de sua simplici-dade, torna-se impossível, não resgatar lembranças que ficaram escondidas... porque a VILA é maravilhosa, seja para quem um dia viveu aqui ou para quem aqui hoje vive...

E pra terminar, que tal se todos nós, simpatizantes, moradores e agre-gados, VALORIZÁSSEMOS mais o COMÉRCIO DA VILA, que aí está oferecendo “na bandeja” um farto universo de lojas, bem instaladas, com os mais variados produtos, bancos, profissionais liberais, prestadores de serviços em praticamente todos os seguimentos e necessidades, além da excelente qualidade, que com certeza não fica nada a dever ao Centro da cidade, a outros bairros e nem mesmo aos Shopping Centers.

Aqui na VILA, à nossa dispo-sição, temos tudo o que possamos precisar e ainda um pouco mais.

VALORIZAR O QUE É NOSSO, É NOSSO DEVER. VAMOS NOS UNIR PESSOAL. JUNTOS CRESCE-REMOS E NOS DESTACAREMOS.

* Moradora da rua 21 de Abrilem minha lembrança com saudade e agradecimento.

Dr. José Ernesto dos SantosFaculdade de Medicina de

Ribeirão Preto

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3Abril de 2006 CiDADE

Sugestões para a Vila Tibério

Na área da antiga cervejaria Antarctica poderiam ser abertas as ruas Joaquim Nabuco e Padre Feijó. O grande problema da Vila Tibério é o isolamento. Poucas ruas dão vazão ao grande fluxo de veículos. Deveria ser como um coração que precisa de todas as suas artérias para uma saúde plena.

Acredito que a implantação de mão dupla na rua Castro Al-ves, da rua Joaquim Nabuco até a avenida Fábio Barreto vai ajudar bastante a desafogar a Martinico Prado e não vai atrapalhar em nada o trânsito daquele trecho. Isso pode ser feito já.

Fernando Luiz Romero ZiottiSuper Tintas e Escadas

Faltam opções para os jovens aqui na Vila Tibério. A Via do Café, com seus barzinhos, é muito gosto-sa. Agora para caminhar não temos nenhuma área apropriada. O ideal seria arrumar o Parque Maurílio Biagi, onde tem até pista de skate.

Luciana Kelly de SouzaSalgadinhos Pouco Espaço

R i b e i r ã o não sabe que tem um impor-tante patrimô-nio cultural no Parque Maurí-lio Biagi. Mui-tas cidades da-riam tudo para ter um cartão postal como este. A Unaerp, que tem obras de Vaccarini no teatro e vários painéis ao redor do cruzeiro representando a Via Sacra, con-tratou até profissionais para restaurar os trabalhos do mestre.

Rogério Sciência da SilvaIndustrial

A Fábrica das Meias Lupo ficou fechada por diversos anos e lá foi construído um shopping, em 2002, que revitalizou todo o centro de Ara-raquara. O entorno da fábrica que estava triste e decadente ganhou nova vida.

Foi um outro capítulo para o comércio da

Shopping Lupo de Araraquara

cidade e para a vida das pessoas.O destino da nossa antiga cervejaria

está nas mãos de Araraquara. Mais pre-cisamente da Kaiser.

Antônio Íris, o taxista cantor

Antônio Íris di San-to era chamado de Fran-cisco Alves de Ribeirão e se apresentava no au-ditório da antiga PRA-7 numa época de grandes cantores, como Moacir Franco, Luiz Afonso Xavier e Edmundo Bri-tes (da Vila Tibério).

A música sempre fez parte da vida de An-tônio Íris. Trabalhando como mecânico na Mogiana, depois no seu bar na Gonçalves Dias com o irmão Euclides e finalmente como taxista, na praça José Mortari e posteriormente no Alô Brasil, con-tinuou cantando e se apresentando.

Além de cantor era também compo-sitor. Foi autor da música Olhos Verdes da Mamãe, que com arranjo do maestro Horvildes Simões, fez sucesso nas rádio da cidade.

Outras compo-sições de Antônio Íris foram: Jogo da Vida; Canal de Suez;

Chorar, chorar; 18 horas.Recebeu convite de Otávio

Muniz para gravar na RCA, mas preferiu continuar em Ribeirão com a esposa e os filhos pequenos.

Antônio Íris faleceu em 2002.

Os olhinhos verdes da mamãe

Os olhinhos verdes da mamãeLembram os olhos verdes do seu paiO olhar sereno que eles trazemMarcam o dia-a-dia que se vai

Quando éramos todos criançasQuanto trabalho dedicouA fé em DeusQue sempre despertava

Antonio Íris/Nelson/Janice di Santo - Arranjo Horvildes Simôes

Foi o farolQue no iluminouMas o tempoMostra tudo minha gente

O tempo é implacável sim, sonhoMarca eternamente sua vidaSe vividaCom ternura do amor

Mamãe aceita esta homenagemmuito obrigado

ao nosso criador...

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4 Abril de 2006GEnTE

Seja visto em toda Vila Tibério. Anuncie no Jornal da Vila. 3610-4890

Empreendedores da Vila

O veterinário André está de volta às origens. Filho de Ângelo e neto Antônio Spanó, ele ficou com a casa, o prédio da antiga fábrica, na Rodrigues Alves, e da loja de materiais de construção, na Gonçalves Dias.

Pensando no número de veículos no centro da Vila Tibério, o casal André e a esposa Aparecida vão inaugurar, no início de maio, um grande estacionamento com mais de 2 mil m2 com entrada pelas ruas Gonçalves Dias e Rodri-gues Alves, no terreno onde ficavam a loja e a fábrica.

Para André Spanó, a Vila Tibério é única. Vai passar por um grande crescimento, mas sem perder a identidade.

Fernando Luiz Romero Ziotti (na foto com o pai, Waldemar Ziotti) sempre acreditou no potencial do bairro. Tem a loja há 26 anos, primeiro na esquina onde está o Salgadinho Piupiu e depois, já há 13 anos, na es-quina da Conselheiro Dantas com a Santos Dumont.

Tiberense nato. Aqui es-tudou, casou, reside e tem

a a empresa que atende no setor de tintas imobiliárias e escadas para profissionais, indústrias e residências.

Fernando diz que podemos comprar praticamente tudo o que precisamos sem sair do bairro, com bons preços e com qualidade de primeira. “É preciso acreditar no potencial da Vila e na capacidades de seus empreendedores”.

Super Tintas e EscadasAntônio Carlos Pimenta

Neves (na foto com a filha Carla) começou a trabalhar com sua irmã em um car-rinho de lanches na Praça José Mortari em 1980. Há 23 anos resolveu montar o seu próprio negócio e alugou um terreno onde abriu uma lanchonete na esquina da rua Padre Feijó com a Santos Dumont.

Hoje atendendo toda a Vila Tibério, também pelo serviço de entrega em do-micílio, Antônio conta com o auxílio da esposa Maria Aparecida e dos filhos Car-los Henrique e Carla.

Agora, eles estão re-formando a lanchonete, ampliando as instalações visando um atendimento ainda melhor.

Macal LanchesEstacionamento Spanó

Eles acreditam no potencial do bairro. São exemplos de persistência e sucesso

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5Abril de 2006 GEnTE

O ‘luthier’ do contrabaixoAtaíde Concario, 54 anos, ten-

do a música como profissão por mais de dez anos, em sua juventu-de, não sabia que com o tempo suas paixões iriam se encontrar.

Participante ativo do cenário musical ribeirãopretano entre o final dos anos 60 até meados da década de 80, integrou também, como contrabaixista, vários projetos experimentais. Naquele que consi-dera o mais importante - a banda Lótus, junto de Edson Angélice na guitarra, e Estevani Arantes e logo após Eduardo Tarlá na bateria, acompanhou o SOMA, movimento artístico-cultural que lutou contra a demolição do Theatro Pedro II.

Na década de oitenta, com a vinda do primeiro de seus quatro filhos com Maria Ivone, sua es-posa, abandonou gradativamente a música como profissão, que substituiu pela de funcionário pú-blico estadual, conciliando outros projetos musicais com amigos de longa convivência.

Em sua lida, somente pouco an-tes do abandono da carreira musical é que teve acesso a instrumentos de boa qualidade, e foram os próprios instrumentos “problemáticos” que lhe despertaram o senso criativo. Desde a infância um apreciador das minúcias dos trabalhos manu-ais, após ter conhecido um antigo luthier da capital, animou-se e começou a ajustar os seus instru-mentos, tornando alguns desses em verdadeiras peças de laboratório.

Após longa investigação de téc-nicas, gradual aquisição e também confecção de ferramentas, cons-truiu o seu primeiro instrumento: um sólido cavaco elétrico que fez

grande sucesso, o que lhe rendeu a encomenda de uma pequena série. Na mesma época, já havia se tornado conhecido como reparador por um serviço realizado em um contrabaixo de um amigo.

Paciente, detalhista e como se diz, um eterno aprendiz, usando da sua sensibilidade musical, lançou-se de corpo e alma nessa arte que já soma quase trinta anos da experiência.

“É o exercício da paciência, perseverança e da calma que culmina à perfeição, atributos imprescindíveis durante todo o processo de construção artesanal de um instrumento, pois que, em suas várias etapas se usa ferramentas cortantes, abrasivas etc. que podem causar prejuízos à saúde ou a perda de uma peça em estado avançado de sua construção”, afirma ele.

Segundo Ataíde, a matéria-prima é diferenciada. Ele prefere aplicar as madeiras envelhecidas naturalmente combinando-as de acordo com sua densidade, peso e coloração, e que vão definir o timbre de um instrumento musical, além de suas próprias dimensões e formas.

Realista, Ataíde sabe que são muitos os detalhes envolvidos no processo e prefere avançar no tempo separando os sonhos da re-alidade, tendo consciência de que, na verdade é muito difícil produzir instrumentos seriados, pois isto demanda grandes investimentos.

“Minha oficina é simples, foi montada com muito sacrifício e dedicação. Dotada de ferramentas leves ou adaptadas, em sua maior parte são para trabalhos executados ainda de forma artesanal, através do uso de ferramentas ma-nuais. Se, por um lado, limita a produção, por outro, favorece a personaliza-ção de cada peça, encurtando a distância entre a de se fazer um regular e um excelente instrumento musical”, diz Ataíde.

Trabalhando em sintonia com a natureza, ele entende que como existe o tempo de semear, também tem a época propícia para começar a construir instrumentos. “Por conta das oscilações climáticas de nossa região o melhor é no início de cada ano. Após o inverno e antes do início das águas os instrumentos deverão estar prontos com todo o seu madeiramento impermeabiliza-do, pois somente assim se tornarão estáveis com o passar do tempo”.

Além deste trabalho, Ataíde gosta de ler, dedilhar um violão, cultivar plantas, amigos e estar com a família. Tudo isso, afirma ele, exige também dedicação, e por isso reluta em aceitar trabalhos de res-taurações em peças de pouco valor ou que demandem a aplicação de muito tempo ininterrupto. Prefere agendar trabalhos que sejam com-pensadores para ele e para o cliente.

Ataíde reside na casa próxima ao local onde nascera, à Avenida do Café, onde mantém a sua oficina que, segundo ele é o seu último bom lugar, pois ali reina uma paz imperturbável é o ponto em que harmoniza-se interiormente, pra-ticando a sua arte.

Luthier é um espe-cialista na construção e conserto de instru-mentos musicais.

O termo luthieria designa a arte da construção de instru-mentos. A denomi-nação “luthier” tem sua origem no termo lute-maker (em in-glês, “fabricante de alaúde”).

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6 Abril de 2006GEnTE / HisTóriA

Uma lápide para Agnelli

O torcedor botafoguense Jor-ge Luiz de Almeida, que com a ajuda do comercialino Ângelo Cope-dê, comprou uma gaveta ossuária no Cemitério da Saudade para guardar os restos mortais do técnico argentino José Guillermo Agnelli, que dirigiu o Botafogo em diversas ocasiões (sendo inclu-sive campeão em 1956, quando o Botafogo subiu para a 1ª divisão).

Agnelli, que chegou a morar na Casa do Atleta na Vila Tibério e no estádio Santa Cruz, onde foi cons-truído um pequeno apartamento, morreu em 1998 aos 86 anos e foi enterrado como indigente no cemi-tério Bom Pastor. Poucas pessoas compareceram ao seu enterro.

Jorge quer colocar uma lápide na caixa funerária para indicar onde repousa, com mais dignida-de, o treinador que tantas alegrias deu ao Botafogo.

Zuíno, LAERTE, Antoninho...... Henrique e Geo. Assim

começava a linha que ainda hoje é considerada uma das melhores que o Botafogo já teve.

Laerte Jordão, hoje com 74 anos, casado com dona Ernestina e com três filhos, sete netos e dois bisnetos, é um homem tranqüilo.

Começou em 1951 no Velo Clube de Rio Claro, depois para o Marília, o CAT e o Botafogo, onde atuou de 1958 a 1961. Depois disso jogou na Ferroviária e no Comercial. Foi ainda treinador e jogador em Orlândia e na Usina Balbo, onde foi campeão amador invicto do Estado, em 1966.

Em 1962 foi escalado para jo-gar contra a Seleção Brasileira na preparação para a Copa do Chile.

Jogos inesquecíveis: 3 a 3 contra o Comercial no Costa Co-elho, em 1959, quando deu uma bicicleta e acertou o travessão no final do jogo, quase desempatando e o empate com o Santos por 2 a 2 em Vila Belmiro, também em 59, quando o Botafogo tirou o Santos da liderança e o Palmeiras acabou campeão. O time precisou sair escoltado de Santos.

Laerte é aposentado, mora em frente ao Lar Santana e dirige para as irmãs quando elas precisam.

Em setembro de 1885 foi inaugu-rada a Estação de Ribeirão Preto, que passou a ser uma das mais importantes da Mogiana.

A estrada de ferro contribuiu de forma decisiva para o desenvolvi-mento econômico de Ribeirão Preto. A comunicação com a capital e com o porto de Santos facilitou o transporte e o comércio e foi fundamental para a chegada dos imigrantes.

Com o passar dos anos, a cidade foi crescendo, a ferrovia foi desviada para fora da cidade, e, em 1965, foi construída uma nova estação no Jar-dim Independência com os trens de passageiros deixando a “velha estação” que passou a ser chamada de “Ribeirão Preto-ramal”.

A pressão de políticos, comercian-tes e do jornal “Diário da Manhã”, contrários ao processo de tombamento que corria para o velho prédio, acabou por ser mais forte: a estação, que chegou a abrigar por algum tempo um grupo escolar, foi derrubada no final de 1967. A pressão começou no início desse ano, com o jornal referindo-se à estação como “monstrengo”, “pardiei-ro”, antro de imundície e mau cheiro, e ao pátio onde estava a rotunda - oficina das locomotivas (foto), como “triângu-lo da malária”.

Em agosto de 1967, a Mogiana e a Prefeitura firmaram um acordo para a derrubada das instalações e a construção, por parte da ferrovia, da estação rodoviária no local. No mesmo mês, começaram as demolições e, em outubro, vários dos edifícios estavam no chão, inclusive o da velha estação de passageiros, da qual restou somente a plataforma. Até dezembro, pouca coisa se alterou, os trilhos continuavam passando por ali, por causa do ramal

A Estação da Mogiana

de Guatapará, que era considerado de “segurança nacional”, por unir os troncos da Mogiana e da Paulista, sendo considerado, até, a possibilidade da ampliação de sua bitola.

Em janeiro de 1968, mudaram-se as instalações que ainda estavam na rotunda e em outros prédios. A oficina do departamento de tração e a repara-ção foram para outras estações; a de locomotivas a vapor passou para as estações de Uberaba e de Franca; a de

carros e vagões, para Campinas, e as de locomotivas diesel-elétricas, para Ribeirão-nova. No mesmo mês, foi finalmente erradicada a plataforma, unindo as ruas General Osório, que começava exatamente à frente da porta de entrada da estação velha, e a rua Martinico Prado, que era a sua conti-nuação do outro lado. Antes, apenas a rua Duque de Caxias, no ponto em que mudava o seu nome para Luiz da Cunha, tinha uma passagem de nível que permitia aos automóveis cruzar a linha, exatamente ao lado da estação.

Também em janeiro, vários des-vios foram retirados e somente os tri-lhos que agora eram parte do ramal de Guatapará ainda sobraram. Com essa união, desapareceu todo e qualquer traço do velho prédio de embarque de passageiros. A estação foi transferida para um pequeno cubículo, perto de onde era a rotunda.

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7Abril de 2006 GEnTE / sAúDE

A depressão é uma doença caracterizada pela presença de uma série de sinais e sintomas de alteração do humor por mais de duas semanas de duração. A depressão pode causar no dia-a-dia das pessoas: sensação permanente de tristeza ou vazio emocional, perda de prazer nas atividades normais do dia-a-dia inclusive o sexo, sensação de falta de energia ou fadiga, distúrbios do sono (insônia, despertar precoce, dificuldade para acordar), distúrbios de alimentação (perda de apetite e peso, ou ganho de peso), sensação de culpa ou inutili-dade, irritabilidade, choro ex-cessivo, capacidade diminuída de pensar ou de se concentrar. No trabalho podemos observar também alguns sintomas típi-cos de uma pessoa com depres-são: produtividade diminuída, problemas de motivação, falta de cooperação, problemas de segurança, constante queixa de senti-se cansado, dores de cabeça e pelo corpo sem expli-cação (fibromialgias), e abuso de drogas e álcool.

Segundo dados de levan-tamentos epidemiológicos a ocorrência de depressão na população geral ao longo da

Saiba um pouco sobre a Depressão

vida está em torno de 3-4% para o sexo masculino e 5-9% para o sexo feminino.

A depressão pode levar a um comprometimento social, como problemas no relaciona-mento familiar, pessimismo, falta de cuidados consigo mes-mo, síndromes de pânico.

Para o tratamento da de-pressão temos como opção os anti-depressivos sintéticos ou químicos como, por exemplo a fluoxetina, a sertralina e outros. E os antidepressivos fitoterápi-cos como o Hypericum perfo-ratum. Vale lembrar que cabe ao médico orientar o melhor tratamento para cada caso.Ana Maria Pavanelli Bezzon

Farmacêutica

Dúvidas sobre medicamentos e manipulações podem ser esclarecidas nas seguintes farmácias da Vila Tibério:

Hypericum perforatum

Dr. Clodoaldo, há 50 anos,médico da família tiberense

Não é todo bairro que pode se orgulhar de ter um médico que atende, há 50 anos, várias gerações de moradores.

Dr. Clodoaldo Franklin de Almeida, com 75 anos, atende diariamente em seu consultório, na Gonçalves Dias, como clíni-co geral e gastroenterologista.

Em 1952 foi declarado As-pirante a Oficial do Exército pelo Centro de Preparação de oficiais da Reserva (CPOR) tendo recebido uma espada com o nome gravado pelo primeiro lugar no curso de Infantaria, em solenidade presidida pelo então presidente da República Getúlio Vargas.

Formado pela Escola de Medi-cina e Cirurgia do Rio de Janeiro, em 1955, especializou-se também em Homeopatia pelo Instituto Hah-nemanniano do Brasil (RJ).

Em 1957 foi efetivado na En-fermaria de Cirurgia Geral da Santa Casa de Ribeirão Preto.

Em setembro de 2005, foi agra-ciado como titular Emérito, a mais

Dr. Clodoaldo é filho do tradicional farmacêutico Arthur Franklin de Almei-da, formado em Pindamonhangaba e que foi proprietário da Farmácia Almeida onde atendia a tudo e a todos, desde um simples resfriado até avulsões dentárias ou ainda socorria acidentados da Antarc-tica ou da Mogiana, além da manipulação de remédios.

“Seu” Arthur, como era chamado, foi um pio-neiro. A Farmácia Almeida, na esquina das ruas

alta categoria do Colégio Brasileiro de Cirurgiões. Em outubro do mesmo ano, o Conselho Regional de Medicina conferiu-lhe diploma de boa conduta ético profissional pelos relevantes serviços prestados ao povo paulista em 50 anos de trabalho.

Foi presidente do Conselho Técnico Administrativo da Santa Casa durante 25 anos. É um dos sócios-fundadores da Unimed-RP,

onde ocupou diversos cargos de direção até 2003.

Casado, tem orgulho dos filhos, advogado, fisioterapeu-ta, engenheiro e professor de Educação Física.

Fez parte do Centro En-xadrístico de Ribeirão Preto e orgulha-se dos títulos que conseguiu jogando Xadrez. Já foi vice-campeão, em 59 e 66, representou Ribeirão Preto em Jogos Abertos e chegou a jogar duas vezes contra Mequinho que estava no auge de sua carreira, como grande-mestre:

- Perdi as duas, claro, mas dei trabalho!, afirma sorrindo.

Hoje, esbanjando vitalidade, não perde um jogo de futebol, onde atua como zagueiro no Clube de Campo da Recreativa.

Não pode ser esquecido o tra-balho do dr. Clodoaldo para que na Unidade de Saúde conste uma placa dizendo que a doação do terreno daquele posto foi feita pelo povo da Vila Tibério.

(Veja na página 8).

Arthur Franklin de AlmeidaLuiz da Cunha com a Gonçalves Dias, era uma referência em Ribeirão Preto. Foi um dos primeiros rádio-amadores da cidade e teve um dos primeiros automóveis.

Foi vereador em duas legislaturas e suplente que assumiu o cargo em outras quatro. Era um importante líder político, sendo comum a presença de prefeitos e vereadores em sua residência para pedir

orientação política.“Seu” Arthur da Farmácia morreu em 1996.

Camomila e Bem-me-Quer - Fone: (16) 3630-3598 - Rua Martinico Prado, 1.181

Flor & Erva - Fone: (16) 3636-8623Av. do Café, 375

Pharmacos - Fone: (16) 3625-5371Rua Conselheiro Dantas, 1.087

Doce Vida - Fone: (16) 3625-8172Rua Bartolomeu de Gusmão, 763

Ética - Fone: (16) 3610-6501Rua Luiz da Cunha, 839

Dr. Clodoaldo, atendendo 4 gerações

Rodízio de Pizzas R$ 6,90

Page 8: Jornal da Vila - n07 - abril de 2006

8 Abril de 2006

Se essa rua fosse minha...Gonçalves Dias

EspECiAL

Gonçalves Dias – a Rua

O poeta Antônio Gon-çalves Dias, que se orgu-lhava de ter no sangue as três etnias formadoras do povo brasileiro (branca, indígena e negra), nasceu no Maranhão em 10 de agosto de 1823. Em 1840 foi para Portugal cursar Direito na Faculdade de Coimbra. Ali, entrou em contato com os principais escritores da primeira fase do Roman-tismo português.

Em 1843, inspirado na saudade da pátria, escreveu “Canção do Exílio”.

No ano seguinte graduou-se ba-charel em Direito. De volta ao Brasil, iniciou uma fase de intensa produção literária. Em 1849, junto com Araújo Porto Alegre e Joaquim Manuel de

Macedo, fundou a revista “Guanabara”.

Em 1862 retornou à Eu-ropa para cuidar da saúde. No ano seguinte, durante a viagem de volta ao Brasil, o navio Ville de Boulogne naufragou na costa brasileira. Salvaram-se todos, exceto o

poeta que, por estar na cama em estado agonizante, foi esquecido em seu leito.

Deve-se a Gonçalves Dias a con-solidação do Romantismo no Brasil. Isso porque o poeta trabalhou com maestria todas as características ini- ciais da primeira fase do Romantismo brasileiro. De sua obra, geralmente dividida em lírica, medieval e nacio-nalista, destacam-se “I-juca Pirama”, “Os Tibiramas” e “Canção do Tamoio”.

CSE da Vila Tibério vai ser reinaugurado

A rua Gonçalves Dias começa na rua Joaquim Nabuco e termina na Via do Café. Na primeira quadra, morou o famoso Max Barstch, diretor da Antarctica e um dos fundadores da Orquestra Sinfônica de Ribeirão Preto, depois seu filho Henrique An-tônio, casado com dona Tereza, ficou morando na mesma casa. Henrique do Grupo Nós, neto de Max, começou ali o conjunto Grupo 17. Na esquina com a Luiz da Cunha ficava o armazém dos Parpinelli que depois foi vendido para os Fregonezi e, do outro lado, a famosa farmácia de Arthur Franklin de Almeida, que também foi vereador em duas legislaturas. Logo acima fica o consultório do dr. Clodoaldo, um dos filhos do farmacêutico, atendendo as famílias tiberenses e que dividia o espaço com o irmão, o dentista dr. Arthur, falecido em 1973.

Depois temos a residência do pa-triarca Antônio Spanó com a fábrica e a loja de material de construção que depois ficou com o filho Ângelo. Hoje o neto André está inaugurando um grande estacionamento que vai até a Rodrigues Alves.

Rua dos vereadores - a rua Gon-çalves Dias já nos deu três vereadores. Os dois filhos de Antônio Spanó, José (uma legislatura - 1956/59) e Mário (três - 1964/77), e Arthur Franklin de Almeida (duas legislaturas - 1948/51 e 1969/73). De 1969 a 1973 foram dois vereadores (Mário e Arthur).

Ainda no quarteirão entre Luiz da Cunha e Martinico Prado encontráva-mos as famílias Mullin, Lamas, que naquela época tinha uma fábrica de potes e manilhas, a de Jeremias Martin, de Plínio Teixeira e Ida Spanó Teixeira, de Afonso Taranto e a do calheiro Car-lucci, que ainda continua em atividade no mesmo local.

O Centro de Saúde Escola “Profª. Drª. Maria Herbênia Oliveira Duar-te” iniciou suas atividades em 1943 ocupando espaço físico conquistado pelos próprios tiberenses, hoje fun-cionando em parceria com a USP.

Em 1941, um grupo de moradores se organizou para angariar fundos e comprar um terreno para a constru-ção de um posto de saúde. Em 1942, com o dinheiro arrecadado foi com-prado um terreno na rua Gonçalves Dias, 790, por sete contos de réis, e

Na esquina com a Martinico Prado, tínhamos a padaria do João e Djalma Cano, onde hoje é o Bradesco, e a farmácia de Dalton e Terezinha Costa, hoje do sr. Bernal.

Subindo para a Santos Dumont fica a sede social do Botafogo. Re-sidiam as famílias de Ricieri Done-gá, funcionário da Antarctica; a de Amílcar e Leila Caçador, com as filhas Arlete e Sandra; a do vendedor Josimar Martins, que depois foi para Altamira, no Pará, onde foi prefeito; e as doceiras espanholas Dorotéia e Engrácia. Na esquina com a Santos Dumont, Miguel Martins e sua esposa Aparecida tinham um armazém.

Em direção à rua Dr. Loiola, mo-ravam o joalheiro Saturnino Barbosa Santos, a comerciante Alda Soldatti e José Orias. Quase na esquina com a rua Aurora, moravam João Nather e a esposa Santa Spanó. Hoje ele está com 100 anos na Casa do Vovô.

O trovador Nilton Manoel e a escritora Nininha Cabral Gutierrez são moradores e a sub-prefeitura e o antigo Posto de Puericultura que será reinaugurado são pontos de referência na Gonçalves Dias.

doado ao Instituto de Proteção e Assistência à Infân-cia e Higiene Pré-Natal, que na época era o que havia de melhor para o atendimento médico. Foi construído o Posto de Puericultura que atendeu as famílias de Vila Tibério por várias décadas.

Em virtude da dissolução do Instituto de Proteção e Assistência à Infância e Higiene Pré-Natal, em 1986, o prédio foi doado ao Instituto Santa Lydia.

Em 1996, o Instituto Santa Lydia transferiu o imóvel, a título de desapropriação amigável, para a Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto.

Em 25/6/1997, foi publicado no Diário Oficial a Lei nº 772 (de 12/6/1997) que denominou o Centro de Saúde Escola da Vila Tibério de “Profª Drª Maria Herbênia Oliveira Duarte”.

A atual reforma do CSE foi realizada pela Prefei-tura com recursos próprios.

“Em 1941, a população da Vila Tibério precisava de uma boa assistência médica no bairro. Foi formada uma comissão para arrecadar recursos para a compra de um terreno e a construção de um posto de aten-dimento médico. Na época, o que havia de melhor era o Instituto de Proteção e Assistência à Infância e Higiene Pré-Natal. O movimento popular se propôs a comprar um terreno e a doá-lo ao Instituto. A comis-são encarregada foi composta por pessoas das mais variadas profissões, homens de grande iniciativa e alto espírito comunitário. Faziam parte da comissão Arthur Franklin Almeida, Francisco Oranges, José Caliento, Adriano dos Santos, Antônio Costa Coe-lho, Plínio Carvalho, Max Bartsch, Mário Marques, Nestorio Martins da Costa, Antônio Nilo Bargamini, Radamisto Luiz Lencioni.

Foram abertas dez listas arrecadadoras, com grandes doações de firmas da Vila Tibério, da cida-de, da Associação Comercial e de todos os membros da comissão, e de um grande quantidade de doações modestas, de um e dois mil réis, feitas pelo povo da Vila Tibério. O terreno foi comprado por sete contos de réis, em janeiro de 1942.

Sem este histórico, jamais saberíamos que o Instituto de Proteção e Assistência à Infância re-cebeu o terreno doado pelo povo da Vila Tibério, sem gastar nada.

Após as reformas, deveria ser colocada uma placa em local de destaque, dizendo: “Este Posto foi construído pelo Povo da Vila Tibério”.

Este histórico é para lembrar um movimento de cidadania, ocorrido há 60 anos e desconhecido pela grande maioria da população.”

Dr. Clodoaldo Franklin de Almeida

Terreno foi comprado com dinheiro de doações

Quem foi Maria Herbênia Oliveira Duarte

A profª. drª. Maria Herbênia Oliveira Duarte Mello nasceu em Barbalha (CE), em 29 de novembro de 1950, graduada em Medicina pela Faculdade Federal do Ceará em 1971.

Realizou residência médica, mestrado e doutorado na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto. Durante todo este período, a pesquisadora Maria Herbênia, desenvolveu várias atividades no campo da pesquisa, na formação de recursos humanos e na extensão de ser-viços a comunidade, tendo várias pesquisas e trabalhos publicados. Foi casada com o prof. dr. Michel Pierre Lison, que foi vice-diretor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto - USP , não teve filhos. Faleceu em 22 de outubro de 1996.