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  • 7/22/2019 Enciclopdia Simpozio - Filos

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    Enciclopdia Simpozio Micro Histria da Filosofia.

    HISTRIA DA FILOSOFIA MODERNA.

    ART. 2-o. FILOSOFIA POSITIVISTA.2216y840.1-a fase do 2-o perodo da fil. moderna, sculo dezenove.

    840. Introduo. O positivismo um rtulo novo, para uma nova fase de desenvolvimento do empirismo.Nasceu o nome em 1830 na Escola do socialista utpico Saint-Simon (1760-1825), e ganhou fortuna comAugusto Comte, o pensador prottipo do movimento, sobretudo na Frana. Derivado do latimpositum(=posto, o que est posto diante, situado), significa descritivamente o que se observa, ou experimenta.

    H motivos presentes no criticismo de Kant, que favoreceram ao positivismo. Ao publicar a Crtica darazo pura(1781), lanou barreiras s pretenses da metafsica. Em reduzindo os universais a uma validadeapriorstica, meramente formal, no recinto do entendimento, nada mais resta de verdadeiramente aprecivelna filosofia racionalista. O positivismo deu mais um passo, reduzindo o conhecimento ao experimentvel, oque na prtica significa uma considerao das relaes extrnsecas entre as coisas, sem que estas relaespossam ser consideradas intrinsecamente, como nas cincias positivas.

    O progresso das cincias experimentais prestigiou o positivismo. Lavoisier (1743-1793) desenvolvera aqumica; Bichat (1771-1802) fizera progredir a biologia; descobrem-se argumentos para o evolucionismodas espcies vivas, com o resultado de uma nova mundiviso, que espantava aos telogos tradicionais; osastros so vistos a girar num cu cada vez menos sacral; o desenvolvimento das cincias sociais base daobservao dos fatos reduziu a situaes meramente culturais estruturas anteriormente consideradas naturais.Estes e outros aspectos da modernidade vieram criar um clima favorvel ao positivismo, que portantodesenvoltamente proclamou a importncia dos mtodos experimentais e advertiu para as limitaes dafilosofia racionalista, sobretudo da racionalista de idias de todo autnomas da experincia.

    841. Diviso. Para ordenar didaticamente o estudo do positivismo importa atender primeiramente suaperiodizao temporal e fases de desenvolvimento, porquanto histria acima de tudo cronologia. Importaainda destacar diferenciaes de contedo, porquanto aconteceram logo diferenciaes profundas naformulao interna do sistema; em consequncia resultaram denominaes diversas, alm da distribuiogeogrfica dos seus representantes.

    a). A periodizao do positivismo, como acontecimento do segundo perodo da filosofia moderna, enquantodistinto do empirismo anterior, est em que, como um todo, o movimento se oferece com muito mais volume,tanto espacial, como qualitativo. O primeiro perodo da filosofia moderna foi eminentemente racionalista,destacando-se especialmente o racionalismo cartesiano, com as suas mais diversas formas. Entretanto, noseu final decaa fortemente em favor do empirismo, sendo o enciclopedismo na Frana uma de suasmanifestaes. Por isso, na Frana se pode mesmo falar em precursores do positivismo, como efetivamente

    http://www.cfh.ufsc.br/~simpozio/novo/2216y000.htm#indiceshttp://www.cfh.ufsc.br/~simpozio/novo/2216y810.htm#TopOfPage
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    o foram Mostesquieu (1689-1755) e Jean-Jacques Rousseau (1712-1778). O segundo perodo da filosofiamoderna, ainda que inicializado pelo racionalismo de Kant, muito mais empirista que o primeiro; os doiscampos, - racionalismo e empirismo, - se conflitam mais fortemente. A fora do empirismo se revela tambmna multiplicidade de suas denominaes, porquanto citado tambm como positivismo, neopositivismo,pragmatismo, neo-realismo, filosofia analtica, e ainda por expresses como behaviorismo, funcionalismo esimilares.

    Ainda que o segundo perodo da filosofia moderna tenha sido inicializado pelas mudanas internas do prprioracionalismo, que de cartesiano passa a ser kantiano, tambm o empirismo contribuiu para esta distinoentre primeiro e segundo perodos. Um dos elementos desta diferena est exatamente no crescimento doempirismo, que passa a estar presente em toda a parte. Outro destes elementos o desenvolvimento internodo empirismo, que assume novas formas.

    b). Do ponto de vista meramente geogrfico, implantou-se o positivismo na primeira parte do sculodezenove, na Frana, quando na dcada de 1830, Augusto Comte inaugurou seuCurso de filosofia

    positiva. A rigor, trata-se de um novo estgio do enciclopedismo anterior. Na segunda parte do sculo oestgio de crescimento do positivismo j se encontra aprecivel, e at com duas alas, a ortodoxa, comPierre Lafitte (18281881), a dissidente, com Emilio Littr (1801-1881), Hiplito Taine (1828-1893), EmlioDurkheim(1858-1917), socilogo e filsofo da educao. Afim a este movimento se encontra omaterialismo, geralmente monista; cita-se, na Frana, entre outros Le Dantec.O mesmo acontece na Inglaterra. Na continuidade do empirismo anterior, um novo empirismo acontece, aoqual com frequncia se denomina positivismo ingls. Grandes nomes do positivismo ingls: John Stuart Mill(1806-1873), Herbert Spencer (1820-1903). Surgir na Inglaterra tambm um forte racionalismo idealista,com o qual os empiristas ingleses tiveram que travar luta difcil.

    Igualmente na Alemanha, o positivismo criou uma lateral ao racionalismo, desenvolvendo inclusivenotoriamente a psicologia experimental e as cincias sociais em geral. Esteve o positivismo alemo em poucocontato inicial com o francs, mais com o ingls, notando-se bastante a influncia remota do empirismo deHume. Nomes do positivismo alemo: Ernesto Laas (1837-1885), Guilherme Schuppe (1836-1913),Ricardo Avenarius (1843-1896), Ernest Mach (1838-1916), alm das formas combinadas com oevolucionismo, materialismo, monismo, em que avulta Ernst Haeckel (1834-1919), ou ainda da psicologiaexperimental, onde o nome a considerar Gustav Fechner (1801-1887). Tambm na Alemanha cresce omonismo materialista em afinidade com o positivismo.

    Diferentemente do anterior empirismo da Inglaterra, que fora um fenmeno relativamente regionalizadoprimeiramente neste pas, depois com extenso para a Frana, o positivismo rapidamente se expandiu pelomundo, universalizando-se. Aproveitou o embalo que vinha do anterior empirismo, e mais os estmulosprovenientes do criticismo kantiano contra a metafsica e a animao dos resultados das cincias naturais.

    c). Diferencia-se internamente o sistema do positivismo em pelo menos trs diretrizes, a cientificaoucientificista, apsicolgica ou psicologista, asociolgicaou sociologista. Agora a questo do positivismocomea a se apresentar difcil para o historiador, at porque nomes comopsilogismopodem assumir vrios

    significados, o mesmo ocorrendo com cientificismoesociologismo; enfim, at mesmo o nome positivismopoder se tomado num sentido vasto, arrolando ento mais e mais denominaes, como por exemplo,pragmatismo,neo-positivismoe similares. Se se atender ao mesmo tempo a uma diviso geogrfica, senotar que certas diferenas de contedo ocorrem mais em uns pases, e no em outros.

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    O positivismo deorientao cientficase destaca pela ateno diviso das cincias. Preocupa-se com ofundamental, e portanto com o meramente fsico; neste campo progridem especialmente os positivistas a nvelde materialismoe evolucionismo. Na Frana o positivismo cientfico ocorre no mesmo Comte, como aindano materialista Le Dantec; na Inglaterra o caso do monismo evolucionista de Spencer e de Darwin. NaAlemanha o nome lembrado o de Haeckel.

    J o positivismo deorientao psicolgicareala ao homem como sendo de uma natureza especial. Eis

    quando na Frana avulta o nome de Taine; na Inglaterra o de Stuart Mill; na Alemanha o de Wilhelm Wundt.

    Enfim, o positivismo de orientao sociolgicase preocupa com a interao social dos homens a viveremem sociedade, tornando-se como que o produto da mesma. Eis a condio tpica do positivismo de E.Durkheim.

    Curiosamente Comte, vtima de situaes psquicas, no considerou a psicologia como objeto de uma cinciaespecfica. Mas ser a psicologia que marcou a primeira grande diferena de diretriz no positivismo. Em1878 Wundt criar na Alemanha um primeiro laboratrio de psicologia em Leipzig, logo imitado por toda aparte. Ainda que a psicologia experimental, como cincia positiva, no implique em posio filosofica, ela

    amparou uma diretriz no positivismo, que por sua vez se redividiu em Escola Inglesa, na qual se destacouStuart Mill, Escola alem ou matemtica, peculiar de Wundt, escola francesa ou dinamista, de TheoduleRibot.

    Finalmente aconteceu um positivismo, colocando em destaque o elemento social do homem, e que veio a serconhecido pelo nome de sociologismo, inicializando na dcada de 1890 na Frana, com Emil Durkheim (vd).

    d). Admite-se o seguinte arranjo didtico, dominantemente geogrfico:

    1) Comte e o positivismo comtiano.2) Positivismo na Frana.3) Positivismo na Inglaterra.4) Positivismo na Alemanha.5) Positivismo no mundo, fora da Europa.6) Pragmatismo.

    Os ttulos oferecidos no se excluem necessariamente. O critrio dominantemente geogrfico junta filsofospositivistas as vezes distantes entre si no contedo. Materialismo geralmente uma forma de positivismo. Porisso, os filsofos so todavia redistribuveis internamente de acordo com o aspecto que neles se destacar.Haeckel, por exemplo, se notabilizou pelo seu materialismo monista evolucionista, e no pelo aspectognosiolgico.O neopositivismo j um fenmeno penetrando a 2-a fase do segundo perodo da filosofia moderna.

    I - Comte e positivismo comtiano. 2216y843.

    843.AugusteComte (1798-1857). Filsofo francs, nascido em Montpellier. Desacreditou da f catlicaaos 14 anos. Estudou de 1814 a 1816 na Escola Politcnica de Paris. Expulso por participar de um motim

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    dos alunos, num tempo que estava sob a sensibilidade das mudanas polticas ps-napolenicas. Retornou aMontpellier, onde por curto tempo estudou medicina. Em 1817 de novo em Paris, passou a se manterministrando aulas e escrevendo para jornais. Por algum tempo foi secretrio de um banqueiro. De 1818 a1824 colaborou com o socialista utpico Conde de Saint-Simon, do qual enfim se tornou secretrio. Casouem 1825 com Carolina Massin. Deu comeo em 2 de abril de 1826 a um curso pblico de filosofia positiva.Logo abandonado pela mulher, sofreu perturbaes mentais, suspendendo o curso, o qual todavia retomouem 1829, mantendo-o at 1842, ao mesmo tempo que o publicou. Em 1944 se ligou a Matilde de Vaux.

    Morrendo esta em 1846, seu amor platnico se transformou em misticismo, com a consequente fundao dahumanidade em 1852, encontrando em Pierre Lafitte (vd) seu principal colaborador.

    Fez-se Comte conhecer como fundador do positivismo e da sociologia. o positivismo uma nova forma doempirismo, que agora assume a veste de um novo nome e se ordena em sntese ampla. Tal como j oempirismo, o positivismo se retm naquilo que no ultrapassa superfcie das coisas que se experimentem;afasta-se de conceitos meramente racionais, como, por exemplo, o de substncia. Com isso ficarameliminadas a metafsica e a psicologia racional.

    Classificou Comte as cincias pelo objeto. Em consequncia abandonou classificao subjetiva pelas

    faculdades introduzida por F. Bacon (vd) e que fora ainda divulgada pela Enciclopdia Francesa. Por sua vezo objeto foi ordenado pela ordem de generalidade decrescente, estabelecendo-se consequentemente amatemtica no topo (ou na base) das cincias positivas. Depois vem a astronomia, a fsica, a qumica, abiologia e a sociologia, com objetos progressivamente menos gerais, todavia mais complexos. A descida aocada vez menos geral pode resultar em divises materiais; no suficientemente atento a esta questo dividiuConte cincias, como a fsica, a astronomia, a geografia, que efetivamente no se diferenciam por esta via. Asociologia de Comte, como cincia positiva, se prende filosofia apenas na sua caracterizao meramenteformal. Em si mesma a sociologia somente afeta filosofia, quando se trata de defini-la e lhe discutir osmtodos. Ento ela a cincia que tem por objeto a interao social; advertir para este objeto de estudo,

    Comte teve certamente um grande mrito, ainda que tal estudo em parte sempre houvesse sido realizado. Noatinente ao mtodo, faz-se o reparo, que Comte ao dividi-la usou de expresses analgicas, e que podeminadvertidamente ser tomadas pelo sentido inadequado. Ao denomin-lafsica social, e ao dividi-la emesttica sociale dinmica social, usou uma linguagem que somente vlida em sentido analgico; usadaem sentido prprio poder acarretar equvocos.

    Em si mesma, a sociologia, como cincia positiva que , escapa filosofia; mas no deixa de ser curiosateoria comtiana da evoluo da humanidade por trs estgios: teolgico, metafsico, cientfico. Eis umahiptese, cuja validade depende da observao positiva. Contudo indiretamente ela tambm depende dateologia, da filosofia, da cincia, as quais precisam primeiramente acontecer, para depois se determinar comohistoricamente aconteceram.

    Preconizou Comte uma nova religio, a da humanidade, em que os sacerdotes so os cientistas. Tambmaqui ocorreu uma aproximao exagerada entre coisas apenas analgicas. Importa, entretanto, enaltecer oalto respeito de Comte pela Humanidade, ao ponto de elev-la condio de objeto de culto. Em princpioas coisas tm um certo direito sua individualidade, cujo respeito uma espcie de culto. O verdadeiro culto Deus no a relao entre servo e senhor, mas o respeito posio de Deus no todo; assim, importarespeitar os indivduos, a nao e finalmente humanidade. No importa apenas o patriotismo no sentidonacional; o mais completo patriotismo tambm humanitrio, e o foi onde Comte se antecipou tendncia

    atual de globalizao, ainda que fosse exageradamente enftico na linguagem usada.

    Com referncia ainda ao misticismo de Comte, referiu-se Humanidade como o Grande Ser, - Grand tre,como objeto principal do culto. So objetos de venerao tambm o Grande meio, - o espao, - e oGrande Fetiche, - a terra. Juntos constituem a trindade positiva. Acresceu ainda variados smbolos, -

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    calendrio prprio, sacerdotes, pontfices, altares, sacramentos. Em consequncia se multiplicaram associedades positivistas no mundo, com os respectivos templos, em que at o nmero de degraus de acessocontm simbolismos. Outros grupos se deixaram mesmo afetar por iniciativas similares, como foi o caso dosadmiradores de Haeckel.

    Obras:Planos de trabalhos cientficos para reorganizar a sociedade(Plan des travaux scientifiquespour rorganizer la socit, 1822);Curso de filosofia positiva(Cours du philosophie positive, 6 vols.,

    1830-1842), obra principal;Discurso sobre o esprito positivo(Discours sur l'esprit positive, 1844);Discurso sobre o conjunto do positivismo (Discours sur l'ensemble du positivisme, 1948), reunindo no4-o volume 6 opsculos editados de 1819 a 1828; Sistema de poltica positiva, instituindo a religio dahumanidade(Systme du politique positive,instituant la rligion d'Humanit, 4 vols.,1851-1854);Catecismo positivista, ou sumria exposio da religio da humanidade (Catechisme positiviste,ousommaire exposition de la religion universelle, 1852); Sntese subjetiva, ou sistema universal deconcepes prprias ao estado normal da Humanidade(Synthse subjective, ou systme universeldesconceptions propres l'tat normal de l'Humanit, 1856). Pstumos:Escritos de juventude 1816-1828,seguidos de Memria sobre a cosmogonia de La Place (crits de jeunesse 1816-1828, suivis deMmoire sur la cosmogonie de Laplace 1835, ed. 1970); Correspondncia geral e confisses(Correspondence gnrale et confessions, 2 vols., 1973).

    II - Positivismo na Frana. 2216y844.

    844. Teve Comte imediata aceitao, sobretudo nos meios empiristas. Como um todo cronolgico estepositivismo imediato a Comte se situa na segunda metade do sculo 19, tendo continuao no seguinte.

    Mas ao desenvolver o misticismo em torno das teses defendidas, sobretudo no que se refere ao culto humanidade, Comte encontrou restries, que resultou na conhecida diviso entre positivistasortodoxos,que o aceitaram, e os dissidentes, que permaneceram nas idias iniciais, expressas principalmente no Cursode filosofia positiva. Como estes ltimos, os dissidentes, formaram a maioria, ou a melhor qualidade, elesacabaram sendo denominados simplesmente os positivistas.

    Didaticamente se usa comear pelos positivistas ortodoxos, sobre os quais no se usa alongar. Na Franaesto representados por Pierre Lafitte (1823-1903), considerado sucessor imediato de Comte; na Inglaterrapor R.Congreve (1818-1899); no Brasil, Rio de Janeiro, por Miguel Lemos (1854-1917).Apesar da distncia entre um outro, acontece alguma analogia entre o positivismo ortodoxo e o espiritualismoecltico francs ocorrido na Frana do sculo 19. Assim tambm se consegue ver alguma analogia entre asociedade esprita fundada em Paris por Allan Kardec a partir de seus estudos do psiquismo.

    Atentos tambm distino entre positivismo cientfico, psicolgico, sociolgico, importa advertir que naFrana o representante dopositivismo cientfico o prprio Comte; ao positivismo cientfico so redutveisos materialistas, como Le Dantec. O positivismo francs da corrente psicolgicaest representado por uma

    legio de nomes. Um dos primeiros H. Taine, sempre citado primeiramente como dissidente. O maissignificativo certamente Thodule Ribot (1839-1916) (vd). Outros: Alfred Binet (1857-1911), Pierre Janet(1859-1947), Jean Paulhan (1884-1968), Alfred Fouille (1838-1912).

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    O positivismo francs de fundo sociolgico, ou sociologista - que destaca o elemento social na definio dohomem, tem seus precursores, ou melhor, inspiradores em Ernesto Renan (1823-1892) (vd) e Gabriel Tarde(1843-1904), este autor deAs leis da imitao (Les lois de l'immitation, 1890),A lgica social (Lalogique sociale, 1893),A oposio universal (L'opposition universelle, 1897),As leis sociais (Les loissociales, 1898). O sociologismo positivista surgiu na Frana na dcada de 1890 e teve como representantetpico Emile Durkheim (1858-1917) (vd). Ao grupo pertencem L. Lvy-Bruhl (1857-1939), Marcel Mauss(1872-1951), Paul Fauconnet (1874-1938), Celestin Bougl (1870-1940), Maurice Halbwachs (1877-

    1945).

    845. Pierre Lafitte(1823-1903). Filsofo francs, nascido em Bguey, Gironde. Inicialmente professor dematemticos, a partir de 1892 professor de histria das cincias, do Collge de France. Positivista dochamado grupo ortodoxo, que se considerou iluminado em 1842, aps a leitura do Curso de filosofiapositiva, de Augusto Comte, ao qual encontrou em 1844, restando amigos ntimos. Criada por Comte em1852 a religio positiva, foi tambm por este nomeado seu sucessor e gro sacerdote, em 1857, pouco antesde falecer. Por cincoenta anos foi "Diretor do positivismo", fazendo-se, por sua vez suceder em 1897, porCharles Jeanolle. Fundou Laffite, em 1878, o rgo oficial do positivismo ortodoxoRevue occidentale(Revista ocidental).

    Defensor das doutrinas do mestre, acentuou todavia mais do que este, uma filosofia primeira, constituda deleis gerais abstratas independentes da natureza dos fenmenos, com o que resistia s tendncias materialistasde alguns positivistas. Em poltica foi anticolonialista e pacifista, alm de republicano.

    Obras: Curso filosfico sobre a histria geral da humanidade (Cours philosophique sur l'histoiregnrakle de l'humanit, 1859); Os grandes tipos da humanidade. Apreciao sistemtica dosprincipais agentes da evoluo humana (Les grandes types de l'humanit. Apprciation systmatiques

    des principaus agents de l'volution humaine, 3 vols., 1874, 1875,1897), referentes a grandes homens;Da moral positiva (De la morale positive, 11880); Curso de filosofia primeira (Cours de philosophiepremire, 2 vols.,1889-1895).

    847. O positivismo diss identeteve na Frana como principais primeiros representantes Etienne Littr(1801-1881) (vd) e Hyppolyte Taine (1828-1893) (vd), representativos todavia mais pela qualidadeliterria.

    Outros nomes: A. De Gobineau (1816-1882); Ernest Renan (1823-1892) (vd). Este ltimo, como muitos

    outros questionaram as religies ditas reveladas, estimulados pelas limitaes resultantes do positivismo noplano metafsico.Desenvolveu-se amplamente uma sociologia de fundo positivista, com efeitos at na filosofia da educao, eento o nome a citar de Emile Durkheim (1858-1917).

    Ao positivismo se associam os filsofos do materialismo, geralmente monistas, a ele conduzidos pelagnosiologia empirista. Na Frana, estes foram Felix Le Dantec (1869-1917).

    848. Maximilien Paule Emile Littr (1801-1881). Lexiclogo e filsofo francs, nascido em Paris. Iniciouestudos de medicina, que interrompeu por causa de dificuldades materiais. Derivou ento o estudo das letrase das cincias em geral, havendo chegado a ser bem sucedido. Profissionalmente trabalhou como tradutor dojornalNational, alm de traduzir obras mestras.

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    O positivismo de Littr singelo, por vezes episdico, todavia abrilhantado pelo seu estilo e intelignciasuperior.Ao passar leitura de Augusto Comte, tratou logo de o popularizar pelo jornal ao qual servia, oque fez a partir de 1844. Discordando porm do seu autoritarismo, passou a chefiar o positivismo dissidente,o que aconteceu a partir de 1851, rejeitando tambm a religio da Humanidade, o que ento estava emcriao. J antes, em 1839, havia traduzido a Vida de Jesus, autoria de F. J. Strauss, quando tambmexcitou o questionamento das narrativas dos Evangelhos, sobretudo sobre a fantstica assertiva daressurreio. Insistiu no atesmo, como peculiar ao positivismo, entre os anos de 1863 a 1871. Nos ltimos

    anos foi um poltico conservador. Embora se controverta o alcance do fato, haveria Littr se tornado catlicono momento da morte, deixando-se ento batizar.

    Celebrizou-se com o grandeDicionrio da lngua francesa (Dictionnaire de la langue franaise, 5 vols.,1863-1872). Publicou ainda: Obras completas de Hipcrates (Oeuvres compl`tes d'Hippocrate, 1839-1861), traduo ao francs;Da filosofia positiva (De la philosophie positive, 1845); Conservao,revoluo, positivismo (Conservation, revolution, positivisme, 1852), incluindo a obra precedente;Palavras de filosofia positiva(Paroles de philosophie positive, 1859);A cincia do ponto de vistafilosfico (La science au point philosophique, 1873);Fragmentos de filosofia positiva e de sociologiacontempornea (Fragments de philosophie positive et de sociologie contemporaine, 1876).

    849. Hyppolyte-Adolphe Taine (1828-1893). Filsofo, historiador, crtico literrio, francs, nascidoVouziers, Ardennes. Em Paris estudou na Escola Normal Superior, 1849-1850. No conseguiu seraprovado para o ensino em universidade; acredita-se que fosse por causa de suas idias. Foi professor defilosofia apenas alguns meses na provncia. Preferiu estabelecer-se em Paris, mantendo-se como repetidor eescritor de artigos para a imprensa, alcanando agora o sucesso. Doutorou-se, entretanto, em letras, em1853. Conseguiu um prmio da Academia Francesa, por ;um ensaio sobre Ttio Lvio. A partir de 1864alcanou tornar-se professor de esttica e de histria das artes na Escola de Belas Artes, onde lecionou 20

    anos. Foi um investigador disciplinado da filosofia. Depois do desastre francs na guerra de 1870, verteu-semais para a histria. Atento exatido das cincias, Taine desde jovem rejeitou as verdades da religiosobrenaturalista, que recebera de sua famlia tradicionalmente catlica. A Academia Francesa o recebe emseus quadros em 1878.

    O sistema de Taine se define como um positivismo de tendncia monista, com destaque do psicolgico;encontra-se pois, como Thodule Ribot (vd), na classe do positivismo psicologista, em contraste com opositivismo cientificista. O ponto de partida gnosiolgico sensista fenomenista, aproximando-se pois deHume. O conhecimento uma alucinao verdadeira. O eu uma cadeia de estados de conscincia.Tambm foi nominalista, estabelecendo que no h conceitos universais com a correspondente realidade.Sua viso geral da realidade contm elementos do monismo e que se expressam na lei unificadora das coisas.Dali porque a teoria fundamental atinge quatro objetos : Deus, natureza, homem, sociedade. Concebeu aDeus como um axioma eterno, do qual os mltiplos fenmenos da natureza so manifestaes. Aqui opensamento de Taine apresenta analogias com o de Spinoza. Todas as coisas no mundo so dotadas pelomenos de obscura conscincia (panvitalismo), como manifestaes que so da nica grande realidadesuperior. O homem a manifestao principal de todas as manifestaes da natureza e opera cominteligncia e vontade. Finalmente o homem cria a sociedade.

    Obras, entre outras: Os filsofos franceses do sculo 19 (Les philosophes franais du 19-e sicle,1856);

    Ensaios de crtica e histria (Essais de critique e d'hitoire, 1858), a que o autor acresceu segundovolume em 1865, e a edio pstuma um terceiro, em 1893, reunindo outros ensaios do mesmo gnero;LaFontaine e suas fbulas (La Fontaine et ses ables, 1861), tese de letras;Histria da literatura inglesa(Histoire de la littrature anglaise, 1863); O positivismo ingls: Stuart Mill e o idealismo ingls: J.

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    Carlyle (Le positivisme anglais: Stuart Mill e l'idealisme anglais: J. Carlyle, 1864);Novas ensaios(Nouveaux essais, 1865);Filosofia da arte (Philosophie de l'art, 1865-1869); Teoria da inteligncia(Thorie de l'intelligence, 1870), em que advogas o mtodo experimental em psicologia;As origens daFrana contempornea (Les origines de la France contemporaine, 1871-1893); ltimos ensaios decrtica e de histria (Derniers essais de critique et d'histoire, 1892); e ainda 4 vols. de correspondncia,1901-1904.

    850.Thodule Armand Ribot (1839-1916). Filsofo e psiclogo francs, n. em Guingamp, Bretagne. EmParis estudou na Escola Normal Superior. Professor na Sorbone, desde 1885. E ainda do Collge deFrance, a partir de 1888, como catedrtico de psicologia experimental e comparada. Fundou em 1876 aRevue philosophique de la France et de l'tranger (=Revista Filosfica da Frana e do exterior), aqual dirigiu at 1916.

    O pensamento de Ribot positivista, tratando dos fenmenos psicolgicos experimentalmente, sem osprocedimentos racionalsticos que levariam atribui-los faculdades e finalmente uma alma substancial.Cedo estudou a Taine e a psicologia inglesa de Taine, Spencer, A. Bain, J. Stuart Mill, os quais lhe davam

    importncia para definir o homem. Assumiu tambm os mtodos experimentais dos psiclogos alemesFechner e Wundt, com novos desenvolvimentos. Foi considerado o fundador da psicologia francesamoderna; esta destaca geralmente mais a individualidade, ao contrrio da tendncia matematizante da alemdaquela poca. Para Ribot os fatos psicolgicos so dotados de espontaneidade vital, com influxosbiolgicos e dinmicos.

    Com referncia ao seu positivismo sem alma substancial, inclinou-se Ribot progressivamente a interpretar osfenmenos da conscincia como epifenmenos de processos fisiolgicos, diluindo pois o dualismo tradicionalnuma mesma realidade. Por causa da dependncia da vida consciente em relao s condies materiais,

    Ribot a explica por leis fisiolgicas, estabelecendo pois um paralelismo psicofsico de causa e efeito entre amatria e a conscincia. Os estados psquicos esto invariavelmente ligados a um estado nervosocorrespondente. As idias se formam por sobreposio, que comea no inconsciente e atinge como coroa opensamento. Por ltimo Ribot tambm estudou a afetividade, a qual tambm encontra suas razes na estruturafisiolgica do indivduo.

    Obras: O que David Hartley pensou sobre da associao das idias(Quid David Hartley senserit deconsociatione idearum, 1872), tese;A hereditariedade psicolgica (L'hredit psychologique, 1873);Apsicologia inglesa contempornea(La psychologie anglaise contemporaine, 1879);A psicologia alemcontempornea (La psychologie allemande contemporaine, 1879);As doenas da memria (Les

    maladies de la mmoire, 1881);As doenas da vontade (Les maladies de la volont, 1883);As doenasda personalide(Les maladies de la personalit, 1885);Psicologia da ateno (Psychologie del'attention, 1885);Psicologia dos sentimentos (Psychologie des sentiments, 1896);A evoluo dasidias gerais (L'volution des ides gnrales, 1897);Ensaio sobre a imaginao criadora(Essai surl'imagination cratrice, 1900);A lgica dos sentimentos (La logique des sentiments, 1905);Ensaiosobre as paixes (Essai sur les passions, 1907);Problemas sobre psicologia afetiva (Problmes depsychologie affective, 1909);A vida consciente e os movimentos (La vie inconsciente et lesmouvements, 1914).

    852.Ernest Renan (1823-1892). Fillogo, historiador e filsofo francs, n. em Trguier, Bretagne.Destinado inicialmente ao sacerdcio, cursou filosofia em Seminrio de Issy, 1841-1843, teologia noSeminrio Saint-Sulpice, de Paris, at 1845. Desistindo, passou Universidade, especializando-se em lnguahebraica e filologia. Doutorado de filosofia em 1852. Participou em 1860 de uma misso arqueolgica

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    Fencia e Palestina. Assumiu em 1861 a ctedra de Lnguas semitas, ou seja de hebraico, no Collge deFrance. Havendo-se referido a Jesus como apenas um homem incomparvel, provocou uma grande reao,sendo em afastado em 1864 do magistrio por interferncia de Napoleo III com vistas a evitar conflitosreligiosos. No Governo Provisrio foi restitudo ctedra. Em 1882 sobre ainda posio de administradordo Collge de France. J em 1878 houvera sido eleito para a Academia Francesa de Letras. Depois defalecido, foi levado em grande pompa ao Panteo dos notveis da Frana.

    Esteve prximo do positivismo, com muitas restries metafsica e sobretudo revelao; um cautelosoceticismo dominou seu pensamento, o que seus adversrios consideraram um diletantismo fugidio. Apesar detudo, o Deus e a religio de Renan o resultado final de uma filosofia ainda algo racional, com umatranscendncia maior que a religio da humanidade de Comte.

    Admitiu Renan um desenvolvimento contnuo do esprito humano; aqui denota afinidades com o idealismo deHegel e com o evolucionismo em geral. Neste particular Renan dado como um dos precursores dacorrente sociolgica do positivismo francs, porque destaca o processo social no desenvolvimento edefinio do homem, e de que Durkheim (vd) um dos principais representantes na Frana. Em poltica eraalgo conservador.

    Mas, mas por causa de sua competncia exegtica, se notabilizou Renan sobretudo pela interpretao liberaldos textos bblicos. Em decorrncia Renan prestigiou na Frana uma difuso ampla da exegese protestanteliberal alem, sobretudo de David F. Strauss.

    Obras: O futuro da cincia(L'avenir de la science, escrito em 1848, publicado em 1890); Averris e oaverroismo (Averros et l'averroismo, 1852);Histria geral e sistema comparado das lnguas semticas(Histoire gnrale et systhme compar des langues smitiques, 1855), uma das obras principais;Estudos de histria religiosa(tudes d'histoire religieuse, 1857);Ensaios de moral e crtica (Essais de

    morale et de critique, 1859); Vida de Jesus(Vie de Jesus, 1863); Os apstolos(Les aptres, 1863);Questes contemporneas (Questions contempains, 1868); So Paulo (Saint Paul, 1869);A reformainteletual e moral(La reforme intellectuele et moral, 1871), escrito poltico no qual se inspirou odireitismo de Barr e Maurras; O Anticristo (L'Antchrist, 1873);Dilogos filosficos (Dialoguesphilosophiques, 1873); Os Evangelhos e a segunda gerao crist(Les Evangiles et la secondgnration chrtienne, 1877);Dramas filosficos (Drames philosophiques, 1878-1886);Marco Aurlioe o fim do mundo antigo(Marc Aurle et la fin du monde antique, 1881);Recordaes da infncia eda ;juventude (Souvenir de l'enface et de la jeunesse, 1883);Folhas soltas(Feuillles detaches, 1892),esta e a obra anterior ;so muito apreciadas no gnero de memrias; Os Evangelhos (Les vangiles,1887);Histria do povo de Israel (Histoire du peuple d'Israel,5 vols., 1988-1994).

    853. Emile Durkheim(1823-1917). Socilogo francs, de origem judia, nascido em Epinal, Alscia .Estudou em Paris na Escola Normal Superior, formando-se em filosofia, 1882. Inicialmente lecionou emvrios liceus. Estudou cincias sociais em 1885 e 1886, em Paris e na Alemanha. De 1887 a 1902 professorde pedagogia e cincia social, na universidade de Bordeaux. Doutorado em 1893, com tese sobre a divisodo trabalho social. Em 1902 retorna a Paris, como suplente da cadeira de pedagogia, na Sorbonne, vindo aser titular em 1906; a referida ctedra passar a denominar-se de sociologia, em 1913.

    Praticou Durkheim o realismo social, no sentido de que a sociedade est acima dos indivduos, comoentidadesui generis, com propriedades especficas, tal como um composto qumico, que no apenas asoma das partes; existe algo acima do homem individual, a sociedade, dentro de cujo contexto ele se forma,sendo pois finalmente um produto da mesma. A partir dali desenvolveu Durkheim uma filosofia e sociologiada educao.

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    O realismo social foi por sua vez tratado como positivismo social, em que epistemologicamente s vale aexperincia, sem racionalismos. Contribuiu para esclarescimentos epistemolgicos sobre a sociologia e paradeterminao de conceitos sociais que servem a filosofia social e poltica. A sociologia de Durkheim no vno final dos problemas sociais uma soluo pela simples resoluo das classes em luta a se superarem umasas outras pela liquidao dialtica, mas pelo consenso do acordo.

    Drkheim considerado chefe da assim chamada escola sociolgica francesa, distinta da escola de cincia

    social de Le Play. Influenciou tambm a pedagogia e a filosofia da educao, exatamente porque a educao interpretada como um processo social.

    Obras:Da diviso do trabalho social(De la division du travail social, 1893);Regras do mtodosociolgico(Rgles de la mthode sociologique, 1894);O suicdio: um estudo de sociologia(Lesuicide: une tude en sociologie, 1897);As formas elementares da vida religiosa: o sistema totmicona Austrlia(Les formes lmentaires de la vie religieuse: le systhme totmique en Australie, 1912).Pstumos:Educao e sociologia(Education et sociologie, 1922); Sociologia efilosofia(Sociologie etphilosophie, 1924);Pragmatismo e sociologia(Pragmatisme et sociologie, 1955);Educao moral:um estudo sobre a teoria e a aplicao dasociologia da educao(Moral education: a study in the

    theory and aplication of the sociology of education,1961), conferncias publicadas dispersivamente entre1902 a 1906.

    854. Felix leDantec(1869-1917). Bilogo e filsofo francs, nascido em Plougastel. Em Paris estudoubiologia e fisiologia na Escola Normal Superior. Trabalhou no Instituto Pasteur, quando tambm cumpriumisses em Laos (1889-1890) e depois ao Brasil com vistas febre amarela. Em 1893mestre deconferncias numa faculdade de Lyon. A partir de 1899, lecionou biologia geral na Sorbona. Anti-metafsicono sentido tradicional, destacou a cincia, sendo neste sentido um positivista da corrente cientfica. Pertenceu

    ao grupo dos materialistas que, rompendo um tanto com o positivismo, criou uma espcie de metafsicamonista, dita tambm filosofia biolgica, em que a realidade total se reduz sempre unidade monista damatria, vida e esprito. Neste sentido no h Deus separado do mundo, nem h alma separada da matria,da qual o psiquismo apenas uma epifenmeno.

    Desenvolveu Dantec o materialismo evolucionista e difundiu a Haeckel na Frana. Referiu-se a conscinciasatmicas elementares do organismo e que tomam ulterior desenvolvimento. Reinterpretou a morte, a qual negada, como um mecanismo puramente fsico. Afastado, por conseguinte, o conceito tradicional de alma, aconscincia no passa a ser mais que um epifenmeno e um prolongamento evolutivo da evoluo biolgicageral. A natureza humana , no seu entender, fundamentalmente egosta e feroz, tudo finalmente determinado

    pelo determinismo da realidade total.

    Obras:A individualidade e o erro individualista(L'indivualit et le erreur individualiste, 1897);Oatesmo(L'athisme, 1906);Elementos de filosofia biolgica(Elments de philosophie biologique,1911); O egosmo, nica base de toda a sociedade (L'goisme, seule base de tout societ, 1971);Contra a metafsica(Contrela mtaphysique,1912); O problema da morte e da conscincia universal(Le problme de la mort et la conscience universelle, 1917).

    III - Positivismo na Inglaterra. 2216y858.

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    858. Cronologicamente, o positivismo ingls no mais que um novo alento dado ao tradicional empirismo,proveniente de Francisco Bacon, atravs de Hobbes, Locke e Hume; todavia agora ele se apresenta com umnovo sotaque, o do francs Augusto Comte, o qual no excetua sequer os litrgicos do templo daHumanidade.

    Redivide-se o positivismo ingls, naquele do sculo 19, o qual mais de expressamente leva o nome, enaquele desenvolvido sobretudo a partir do comeo do sculo 20, as vezes denominado neo-realismo,

    neopositivismo, filosofia analtica, anlise da linguagem.

    859. Positivismo ingls, do sculo 19. O Curso de filosofia positiva de Comte foi traduzido ao inglspor Harriet Martineau(1802-1876), que ainda o comentou.

    Em 1867 j havia na Inglaterra um grupo suficientemente grande de msticos ao estilo Augusto Comte,quando ento se fundou em Londres aLondon Positivist Society, que praticaria o culto religioso comalguma assiduidade ao menos at o primeiro quartel do sculo seguinte.

    O ortodoxo Richard Congreve(1818-1899) fundou o grupo positivista de Wadham, que precedeu Sociedade Positivista de Londres, de 1867, cuja prosperidade levou em 1893 a publicao da Thepositivist rewiew.

    Positivistas com pensamento prprio: John Stuart Mill (1806-1873 (vd), Herbert Spencer(1820-1903)(vd), Carveth Read(1848-1931) (vd).

    Do ponto de vista de sistema, o positivismo ingls do sculo 19 oferece as diferenas ocorridas tambm nocontinente europeu, sendo um cientfico, outro psicolgico, finalmente um terceiro sociologista.

    No modelo do positivismo deorientao cientfica, fixado dominante na realidade fsica, destacando omonismo do todo, o reducionionismo de matria e esprito, portanto o materialismo, bem como a evoluogeral da realidade, - se encontra Herbert Spencer (vd), Carveth Read (1848-1931).

    Reduzem-se ao mesmo captulo do positivismo os materialistas e, na poca, com frequncia os pensadoresevolucionistas, como por exemplo Charles Darwin (vd). O desenvolvimento do evolucionismo como doutrinafoi um mrito dos positivistas ingleses.

    No contexto do positivismo de orientao psicolgicase situam John Stuart Mill e seu grande discpuloAlexander Bain(1918-1903), este autor de Os sentidos e o inteleto (The senses and the intellect,1855),Lgica, dedutiva e indutiva(Logic, deductive and inductive, 1870).

    Quem no plano dopositivismo sociologista, na Inglaterra do sculo 19?

    861. John Stuart Mill(1806-1873). Filsofo e economista ingls, nascido em Londres. Como seu pai, ofilsofo utilitarista James Mill, empregou-se na Companhia das ndias Ocidentais (East India Company), de1823 a 1858. Parlamentar por Westminster, em 1865, havendo ento defendido oReform Bill (1867), o

    voto feminino, alguns direitos da Irlanda. No reeleito, retirou-se para Avignon, ali se entregando, maisintensamente aos trabalhos inteletuais, at falecer poucos anos depois (1873).

    Cedo passou do empirismo (de seu pai), ao positivismo de Comte. Deu novo desenvolvimento ao estudo dainduo, a que Bacon j dera incio, estabelecendo melhor suas regras: concordnciaentre os fenmenos,

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    diferenaentre eles, variaes concomitantes, finalmente resduos. No valorizou o silogismo, como alisj fizera Bacon. Alis, o nominalismo (contra os universais), praticado por Stuar Mill e peculiar aopositivismo em geral, no favorece ao silogismo; em ltima instncia, nem mesmo induo. Tratou tambmStuart Mill da estrutura das demais cincias, como dialtica e da psicologia, instituindo a esta sua condiode cincia especfica, porquanto houvera sido reduzida por Comte biologia. No deve entretanto apsicologia afastar-se da experincia fenomnica, de sorte que ficam sem sentido as faculdades e a almasubstancial a parte. Afasta, portanto, a psicologia racional.

    As cincias morais, ou a tica, estuam a conduta do homem, apoiando-se na psicologia, e no em princpiosmetafsicos normativos; desta sorte esto reduzidas ao plano positivo. Stuart Mil foi um liberal em poltica,havendo procurado fazer coincidir o bem individual com o coletivo. Na formao da sociedade relevante acausalidade dos valores individuais e altrusticos, culminando num socialismo tico. Estabeleceu tambm oliberalismo econmico. Foi um dos primeiros a escrever sobre a libertao da mulher, o que interpretadocomo reflexo dos problemas sociais do meio em que viveu e mesmo porque os preconceitos de seu tempo ofizeram demorar 21 anos para se casar com Henrriet Taylor, aps a morte do primeiro marido desta.

    O fenomenismo de Stuart Mil reduz a matria a uma possibilidade permanente de sensaes". O esprito no uma possibilidade permanente de estados de conscincia".

    Obras: Um sistema de lgica, dedutiva e indutiva, em conexo com os princpios e mtodos dapesquisa cientfica (A system of logic, ratiocinative and inductive, being a connected view of theprinciples and the methods of scientific investigation, 2 vols., 1843), com frequentes reedies;Ensaiossobre algumas questes ainda no resolvidas sobre economia poltica(Essays on unsettled questionsof political economy, 1844);Princpios de economia poltica com algumas aplicaes filosofia social(Principles of political economy, with some of their applications to social philosophy, 2 vols., 1848);Sobre a liberdade (On liberty, 1859);Pensamentos sobre a reforma parlamentar (Thougts onparlamentary reform, 1859); Consideraes sobre o governo representativo (Consideration on

    representative government, 1861); Utilitarismo(Utilitarianism, 1863);Exame da filosofia de SirGuilherme Hamilton(Examination of Sir William Hamilton's philosophy, 1865);Augusto Comte e opositivismo(Auguste Comte and positivism, 1865;Discurso inaugural da Universidade de St.Andrews, 1867;Inglaterra e Irlanda (England and Irland, 1868);A sujeio das mulheres(Thesubjection of women, 1869); Captulos e discursos sobre a questo da Irlanda (Chapters and speecheson the Irish Land question, 1870);Autobiografia (Autobiography, 1873); Trs escritos sobre religio:natureza, a utilidade da religio e tesmo, 1874; Correspondncia (Letters, 2 vols., 1910).

    862.Charles Robert Darwin(809-1882). Cientista e filsofo ingls, nascido em Shrewsbury, noShropshire. Iniciou estudos de medicina em Edinburgh, passando aos de teologia em Cambridge, alcanandoo diploma de mestre em artes (Magisterartium). Desviou-se da carreira eclesistica, passando a fixar-se noestudo das cincias naturais, at que em 1831 fosse recomendado por um cientista botnico paraacompanhar a expedio transocenica do Beagle, da Marinha inglesa, que visava dados cartogrficos. Aexpedio lhe permitiu observar diferentes formaes geolgicas, a fauna, a zoologia e mesmo o homem deCabo Verde, Amrica do Sul e Austrlia (1831-1836). Depois trabalhou alguns anos em Londressistematizando os dados colhidos, visando confirmar a teoria da evoluo. Em 1842, declinando a sua sade,retirou-se para Down, onde ainda viveu muitos anos, ali concluindo seus escritos.

    Mais cientista do que filsofo, as suas pesquisas influenciaram todavia profundamente a antropologiafilosfica e a reviso de conceitos teolgicos. Retomando hipteses de Lamarck e de seu av ErasmusDarwin, definiu e documentou melhor a evoluo das espcies vivas, com grande cuidado, vindo somente em1859 propor a hiptese da evoluo animal do homem. A seleo seria o fator geral a comandar o processo

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    de fixao das alteraes. As espcies no teriam sido, pois, criadas como classes independentes,originando-se por simples variao. Darwin ainda no conheceu o mecanismo interno das mutaesgenticas, fatores mais profundos que tambm entram em jogo na seleo.

    Obras:A origem das espcies atravs de meios naturais de seleo, ou preservao das raasfavorecidas na luta pela vida(On the origin of species by means of natural selection, or thepreservation of favoured races in the struggle for the life,1859), obra mestra da histria do

    evolucionismo; Sobre o movimento e hbitos das plantas trepadeiras (On the movements and habits ofclimbing plants, 1865);A variao dos animais e plantas sob domesticao(The variation of animalsand plants under domestications, 1868);A descendncia do homem, e seleo em relao ao sexo(The descent of man, and selection in relation to sex, 1871);A expresso da emoo no homem e nosanimais (The expression of emotions in man and in the animals, 1872). Ocorreu tambm umapublicao do dirio da Viagem de um naturalista ao arredor do mundo a bordo do navio Beagle (Anaturalist's voyage around the wordl), 3 vols., referentes aos anos de 1832 a 1836.

    863. Herbert Spencer(1820-1903).Filsofo social ingls, nascido em Derby. Recebeu toda a educao

    com preceptores particulares. Aos domingos assistia pela parte da manh ao culto quaker, com seu pai; pela,ao culto metodista, com sua me. Esta circunstncia desenvolveu seu esprito crtico, preparando-o para serum livre pensador. Preferiu os estudos de fsica e matemtica, ao das lnguas. Trabalhou como engenheiro naestrada de ferro, que ento se construa de Londres a Birmingham, de 1837 a 1846. Passou ento ao estudoda biologia e geologia. De 1848 a 1853 o jornalismo, como assessor doEconomist. Neste mesmo perodose dedicou tambm a escrever suas obras, expondo um sistema no distante do de Comte.

    Gnosiologicamente Spencer um positivista, por sua vez da corrente cienticista. Considerou os objetos domundo meramente racional como inatingveis em si mesmos, de sorte a deixar a realidade como dividida em

    cognoscvel e incognoscvel. Particularmente incognoscivel o Absoluto, o substrato permanente dosfenmenos do movimento, das mudanas, da fora, da matria, da conscincia. O absoluto a esfera dasreligies, as quais no conseguem estabelecer-se como seguras.

    No plano das coisas cognoscveis manifesta-se como lei geral a evoluo, em vez de uma criao em cadagrande alterao. Antecipou-se em alguns aspectos sobre a teoria da seleo das espcies de Darwin. Aevoluo se processa do mais simples ao mais complexo, do homogneo para o heterogneo, do maisdesorganizado para o mais organizado. A nebulosa primitiva homognea se converteu em mundosheterogneos, distintos e solidrios, como primeiro passo na evoluo csmica, de acordo com a teoriaKant-Laplace. Da combinao qumica mais complexa surgiu a vida. Por diferenciaes ascendentes se

    estabeleceram todas as espcies botnicas e zoolgicas. O surgimento do sistema nervoso se constituiu nafase mais significativa do surgimento dos fenmenos psquicos, paralelamente aos fenmenos fsicos. Novassucesses evolutivas no processo psquico deram origem aos reflexos, instintos, memria, razo sentimento,vontade. O homem surgiu como forma superior da animalidade.

    As cincias, a princpio enciclopdicas, progrediram por diferenciao. Spencer classificou as cincias numaordem de abstrao diferente da de Comte, reintroduzindo a psicologia, como tambm o fizeram outrospositivistas. Quanto sociologia, usou, como Comte a linguagem da fica e da biologia, concebendo asociedade como um organismo vivo. Haveria, pois, no corpo social fenmenos como assimilao e

    circulao. Tambm a moral evolutiva. Inicialmente o prazer era a regra determinadora nica da eleiodos atos. Depois o egosmo se transformou em altrusmo como regra prtica mais til para todos serem bemservidos. Fundamentalmente a tica de Spencer a do utilitarismo. A educao prepara o homem dentro docontexto da evoluo. Em tudo, pois, o sistema de Spencer um positivismo evolucionista, aspecto em queo admirou Henri Bergson.

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    Obras:A esfera prpria do governo (The proper sphere of governemente, 1843);Esttica social, ou ascondies da felicidade humana (Social statics, or the conditions essencial to human happiness 1850),reformulado em 1892;Ensaios, cienticos, polticos e especulativos (Ensaios, scientific, political adspeculative, 2 vols., 1858-1863), reunindo artigos anteriormente publicados em peridicos; Sistema defilosofia sinttica (System of syntetic philosophy, 1860), que prev as subsequentes, num total de 10volumes;Primeiros princpios (First principles, 1862);Princpios de biologia (Principles of biology, 2

    vols.,1864-1867);Princpios de psicologia (Principles of psychology, 1865), aumentado depois, para 2vols., 1870-1872;Principios de sociologia (Principles of sociology, 3 vols, 1876-1895);Princpios demoralidade (Principles of morality, 1892-1893). Nesta srie foram absorvidos alguns escritos anteriores a1860, quando ela iniciou. Outras obras ainda:A classificao das cincias: com adendo de razesdiscordando da filosofia de M.Comte(The classifation of the sciences: to which are added reasons fordissenting from the phylosophy of M. Comte, 1864); O estudo da sociologia (The study of sociologia,1873); O homem contra o Estado (The man versus the State, 1884);Educao (Education, 1861); Osfatores da evoluo orgnica (The factors of organic evolution, 1887);A inadequacidade da seleonatural (The inadequacy o natural selection, 1893);Uma resposta ao professor Weismann (Arejoinder to profesor Weismann, 1893); Weismanismo (Weismanism once more, 1894); Vriosfragmentos (Various fragments, 1897);Fatos e comentrios (Facts and comments, 1902);Autobiografia (Autobiography, 2 vols., 1904).

    864.Carveth Read(1806-1931). Foi professor de filosofia no University College, de Londres, 1903-1911.

    Positivista na linha do empirismo de John Stuart Mill, com aproximaes metafsica idealista. Obras: Sobreteoria da lgica: um ensaio (On theory of logic: an essay, 1878);Lgica dedutiva e indutiva (Logica

    deductive and inductive, 1898);A metafsica da natureza (The metafphysics of nature, 1905);Moralnatural e social (Natural and social morals, 1909);A origem do homem e sob suas supersties (Theorigin of man and of his superstitions, 1920, 2-a ed. com 2 vols., 1925).

    865. Neo-realismo, filosofia analtica, neopositivismo na Inglaterra.Na volta do sculo 19 para o 20,novas formas de positivismo surgiram na Inglaterra, algumas de inspirao prpria, e outras resultantes dodesenvolvimento geral da filosofia na Europa, agora em processo de integrao global, ao menos no planocultural. Atribui-se o estabelecimento do neo-realismo na Inglaterra a Jeorge Edward Moore (1873-1958)(vd), infludo por Brentano de Meinong, do Continente. Dele participam figuras de importncia no contexto

    da filosofia inglesa: Bertrand Russel (1872-1970), (vd), Alfred North Whitehead (1861-1948) (vd), C.Lloyd Morgan (1852-1936), J. Laird (1887-1946) e outros mais. O realismo de Samuel Alexander (1859-1938) caso especial, no que concerne ao conceito de realidade emergente.

    Ao novo contexto positivista da Inglaterra se ligaram dois dvenas da ustria: Ludwig Wittgenstein (1889-1951) (vd) e Karl Popper (1902-1994) (vd).

    866.George Edward Moore(1873-1958). Filsofo ingls, nascido em Londres. Estou letras em

    Cambridge, passando logo filosofia, por conselho do ento tambm jovem Bertrand Russel. No TrinityCollege de Cambridge,fellow de 1898 a 1904; lecturer de 1911 a 1925, professor, de 1915 a 1939,quando passou a lecionar nos Estados Unidos da Amrica. Diretor da revistaMind.

    Foi um dos mentores da reao contra o idealismo na Inglaterra, e com isso tambm um dos representantes,

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    com Bertrand Russel, do neo-realismo, de feio positivista. Tambm com Bertrand Russel desenvolveu afilosofia analtica. Subdividindo-se esta em vrias correntes (Carnapiana, Wittgesteinianos, teraputicos,dialticos, independentes), a escola de More tomou como base a linguagem cotidiana, coincidente com osentido comum. Aproveitou a fenomenologia de Meinong e Husserl.

    Obras, alm de grande nmero de artigos, de cuja coleta se criaram alguns dos seus livros :Princpiosticos (Principia ethica, 1903);tica (Ethics, 1912);Estudos filosficos (Philosophical studies, 1922),

    reunindo artigos, entre os quais o importanteRefutao do idealismo (The refutation of idealism, narevistaMind, 1903;A filosofia de Bertrand Russel (The philosophy of Bertrand Russel, 1944);Algunsproblemas essenciais da filosofia (Some main problems of philosophi, 1953); Textos filosficos(Philosophical papers, 1954).

    867.Alfred North Whitehead (1861-1947). Matemtico e filsofo, ingls, nascido em Ramsgate. Estudouno Trinity College, em Cambridge. Fellow em 1884. Lecionou no mesmo Trinity College matemticaaplicada e mecnica, 1885-1910. Em Londres, matemtica, de 1910 a 1924. Emigrado para os EstadosUnidos da Amrica, naturalizou-se tambm americano, sendo professor de filosofia da Universidade de

    Harvard (Cambridge, Massachussets), 1914-1937.

    J de incio teve Whitehead pela filosofia das cincias, assumindo uma posio positivista, na forma do neo-realista. Notabilizou-se sobretudo com a publicao doPrincipia mathematica, em colaborao comBertrand Russel, que fora seu aluno.

    O conhecimento, apesar de suas limitaes e subjetividades, ultrapassa a si mesmo, e alcana a realidade. Ainduo uma espcie de adivinhao. No descobre universais, mas caracteres particulares de umacomunidade. No somente conhecemos os dados, tambm as causas diretamente, no sendo estas apenas

    uma superestrutura mental. A epistemologia tambm foi desenvolvida por Whitehead, determinando asfunes e mtodos da matemtica e das cincias.

    Conduziu Whitehead seus trabalhos matemticos na direo de uma filosofia da natureza, como segunda fasede seu magistrio. Fundamentalmente um monista, porque no estabelece uma ciso entre matria eesprito, porquanto este uma funo daquela. A realidade a considera dinmica, em que distingue duas"essncias", as quais denomina acontecimentos e objetos, de que os acontecimentos constituem a matriae os objetos aforma das coisas. Os acontecimentos no mudam, mas passam a outros acontecimentos;esto interligados. Os objetos so as caractersticas atmicas da natureza; estes objetos subsistem, e soeternos; eles so o "ingrediente" dos acontecimentos.

    Por ltimo Whitehead tendeu para uma metafsica especulativa panenteista. Contrrio ao cientificismo,mecanicismo e subjetivismo, desenvolveu uma imagem orgnico-platnica do universo. Do fluxo atual dosacontecimentos somente se infere que no h substncias realmente duradouras, um devir eterno, umdinamismo radical. Para explicar este devir, temos de admitir potencialidades objetivas a se exercerem comoum cego impulso criador. Estas potencialidades tm o aspecto de serem causa eficiente e ao mesmo tempo amatria do devir. Ocorre aqui algo de similar s idias reais de Plato. Deus, de que agora fala Whitehead,no se separa do mundo, ao qual ele determina. Eis o panentesmo, como sntese explicativa final douniverso. A vida de Deus a sua criatividade. O caminho para chegar at aqui racional, e no uma intuio

    ao modo dos msticos. No se esqueceu de abordar a educao e mais especificamente a religio.Obras: Um tratado sobre lgebra universal (A treatise on universal algebra, 1898); Os axiomas dageometria projetiva (The axioms of projective geometry, 1906); Os axiomas da geometria descritiva(The axioms of descriptive geometry, 1907);Princpios matemticos (Principia mathematica, 1910-

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    1913), em colaborao com Bertrand Russel; Uma introduo matemtica (An introduction tomathematics, 1911);A organizao do pensamento, racional e cientfico (The organization of thought,educational and scientific, 1917); Uma investigao referente aos princpios do conhecimento natural(An inquiry concerning the principles of natural knowledge, 1919); O conceito de natureza(Theconcept of nature, 1920); O princpio da realidade (The principle of reality, 1922);A cincia e omundo moderno (Science and the modern world, 1926);A religio em seu devir (Religion in themaking, 1926); Simbolismo, seu significado e efeito(Simbolism, its meaning and effect, 1927); Os

    objetivos da educao e outros ensaios (The aims of education and other essays,1929);Processo erealidade (Processo e realidade. Um ensaio sobre cosmologia (Process and reality. An essay incosmology, 1929), obra de destaque;A funo da razo (The function of reason, 1929);Aventuras dasidias (Adventures of ideas, 1933);Natureza e vida (Nature and life, 1934);Modos de pensamento(Modes of thoughts, 1938);Ensaios de cincia e filosofia (Essays and philosophy, 1947), comautobiografia.

    868.Bertrand Russel(1872-1970). Filsofo ingls, n. em Trelleck, Pas de Galles (F. Mora diz emRovenscref, Monmouthpiece). Embora de famlia nobre, foi rfo aos 4 anos. Estudou no Trinity College, deCambridge, 1890-1894, havendo conquistado primeiro lugar em matemticas e cincias morais. Serviu naembaixada inglesa de Paris, 1894-1895. Lecionou no Trinity College de Cambridge, como fellow a partir de1895, como lecturer a partir de 1910. Foi uma personalidade envolvida com originalidades. Casou quatrovezes. Ao receber a herana, desfez-se dela, com vistas a viver de seu prprio trabalho. Como pacifista,teve dificuldades no curso da Grande Guerra, havendo sido impedido de lecionar em 1916. O mesmoacontecer no futuro, havendo retornado ctedra apenas em 1944. Prmio Nobel de Literatura, 1950.

    Iniciado na filosofia a partir dos empiristas ingleses, como Stuart Mill, foi um positivista bastante radical, nohavendo ultrapassado em muito os horizontes da matemtica e da fsica.

    Em colaborao com A. N. Whitehead desenvolveu a filosofia da matemtica e da logstica, alm de tentar areduo da matemtica lgica. Dali seu interesse nos matemticos e filsofos desta rea, como G. Frege(1848-1925), que havia formalizado no somente a lgica, mas tambm a matemtica. Aplicou-se lgicatradicional das relaes, tentando novos desenvolvimentos. Ampliou a lgica dos predicados. Traduziu emenunciadoslgicos os fundamentos da teoria matemtica dos nmeros reais.

    Na Inglaterra foi bertrand Russel o importador do positivismo lgico do Crculo de Viena, sendo nestacondio adversriodo hegelianismo. No obstante, por algum tempo, admitiu uma certa realidade platnicapara as relaes matemticas.

    Anti-idealista, defendeu o realismo, o qual foi reconquistando seu lugar na filosofia inglesa; dali seu lugar naneo-realismo, na Inglaterra. No curso dos anos deixou de ser muitoinsistente no realismo. Denominou-oneorrealismo(ou atomismo lgico), para distingu-lo doholismo (outotalismo), caracterstico dohegelianismo. Neste sentido assevera que um termo pode ser conhecido independentemente de suas relaescom outros termos. Os objetos reais so como que feixes de qualidades (qualia), aparnciainterrelacionadas logicamente no espao comum. Neste sentido distingue entre o conhecimento direto(tomos lgicos) e conhecimento descritivo (logicamente construdo). O espao construdo com osespaos privados de cada observador.

    Enquadrado na filosofia analtica ...

    A tica positivista de Russel formulada a partir da subjetividade dos desejos humanos. Fica sem validadeaquela tica formulada com proposies que podem ser verdadeiras e falsas a um tempo. Alm de pacifista,

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    foi um liberal e antifascista. Seu estilo fcil, por vezes assumindo formas de divulgao superficial popular, lhefacultaram grande influncia no pblico. Sua longa lista de publicaes uma alternao de escritos lgico-epistemolgicos com temas tico-sociais.

    Obras: Social democracia alem (German social democracy, 1896); Um ensaio sobre afundamentao da geometria(An essay on the foundation of geometry, 1897); Uma exposio crticada filosofia de Leibniz (A critical expsition of the philosophy of Leibniz, 1900); Os princpios da

    matemtica (Principles of mathematics, 1903);Principios matemticos (Principia mathematica,3vols.1910)-1913, com A.. N. Whitehead;Ensaios filosficos (Philosophical essays, 1910); Osproblemas da filosofia(The probems of philosophy, 1912);Nosso conhecimento do mundo exterior ...(Our knowledgeof the external world as a field for scientific method in physic, 1914);Princpios dereconstruo social(Principles of social reconstruction, 1916); Guerra o despertar do medo (War theoffspring of fear, 1916); Caminhos para a paz: socialismo, anarquismo e sindicalismo(Road tofreedom: socialism, anarchism, syndicalism,`1918);Misticismo e lgica (Mysticism and logic, 1918);Afsica do atomismo lgico (Logical atomism , 19...);ABC da relatividade (ABC of relativity, 1925); Oque eu creio (What I believe, 1925); Sobre a educao especialmente na primeira infncia (Oneducation specailly in early childhood, 1926);A anlise da matria(The analysis of matter, 1927);Ensaios cticos (Sceptical essays, 1927); Um esboo da filosofia (An outline of philosophy, 1929);Casamento e moral(Marriage and morals, 1929);A conquista da felicidade (The conquest ofhappiness, 1930); O panorama cientfico (Scientic outlook, 1931);Educao e ordem social(Education and social order, 1932);A paz contra a organizao 1813-1914 (Fredom versusorganization, 1813-1914,1934);Em louvor da ociosidade (In praise of idleness, 1935); Qual ocaminho para a paz? (Which way to peace?, 1936); Os papis de Amberleys(The Amberleys papers,1937);Poder: uma nova anlise social (Power: a new social analysis, 1938); Uma investigao sobreo significado e a verdade (An inquiry into meaning and truth, 1940); Uma histria da filosofiaocidental e suas conexes com as circunstncias polticas e sociais(A history of western philosophy

    and its connexion with political and social circonstances, 1947);Filosofia e poltica(Philosophy andpolitics, 1947); O conhecimento humano: Seus objetivos e limites(Human knowledge: Its scope andlimits, 1948);Autoridade e o individual (Authority and the individual, 1949);Ensaios impopulares(Anpopular essays, 1950); O impacto da cincia sobre a sociedade(The impact of science on society,1951), conferncias;A sociedade humana em tica e poltica (Human society in ethics and politics,1954);Porque no sou um cristo (Why I am not a christian, 1957);Lgica e conhecimento, ensaios1901-1950 (Logic and knowledge, essays 1901-1950, 1956), incluindo artigos anteriores; O futuro dacincia (The future of science, 1959); Sentido comum e guerra nuclear (Common sense and nuclearwarfare, 1959);A sabedoria do Ocidente (Wisdom of West, 1959);Minha formao filosficas (My

    philosophical development,1959); Tem o homem um futuro? (Has man a future? , 1961);Escritosbsicos de Bertrand Russel: 1903-1959 (Basic Writings of Bertrand Russel: 1903-1959, 1961);Fato efico (Fact and fiction, 1962), artigos e ensaios;Autobiografia (Autobiography, 3 vols., 1967-1969);Aarte de filosofar e outros ensaios (The art of philosophizing and other essays, 1968), reunio de ensaiosdos anos 1941 a 1944;Ensaios em anlise (Essays in analysis, 1973), outros textos dispersos reunidospostumamente.

    869. Ludwig Joseph Johann Wittgenstein (1889-1951). Filsofo austraco, nascido em Wiena, comlonga vivncia inglesa. De origem judia de ambos as partes, mas seu pai protestante, a me catlica, no foiinduzido a nenhuma das religies do contexto familiar; mas no final de sua vida revelou aproximaes com ocatolicismo. Sendo todavia seu pai um grande forjador, foi mandado estudar engenharia mecnica em Berlim,1906, e depois engenharia aeronutica em Manchester, 1908 a 1911. Sua experincia em matemtica lhedeu oportunidade de estudar os trabalhos lgicos de Frege e Russel. Em 1912 seguiu os cursos de Russel

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    em Cambridge. Soldado durante a Primeira Guerra mundial, chegou a ser preso na Itlia. Por volta de 1920leu os Evangelhos e, sob a influncia do exemplo de Tolstoi, distribuiu entre os parentes a fortuna herdada dopai, e abandonou o estudo da filosofia, optando por ensinar em escolas primrias no interior da ustria,assim procedendo de 1920 a 1927. Mas publicou em 1921 seu famoso tratado de lgica. Contactou osfilsofos do Crculo neopositivista de Viena. Revisitou Cambridge em 1929, retomando ali, em 1929, os seusestudos de filosofia. Professor assistente de 1930 a 1936. Adquiriu a cidadania inglesa em 1938. Titular dactedra de filosofia, de 1939 a 1947, falecendo 4 anos depois de cncer. Um homem sem ambies, deixou

    quase toda a sua obra em estado indito.

    Herdou Wittgenstein o esprito anti-metafsico de Kant e Schoppenhauer, situando-se logo numa posiopositivista, a de que somente as proposies sobre fatos so verdadeiras. Para alm disto, somente existe algica e a linguagem, as quais importa conhecer e pr no seu respectivo lugar, como formalismos, e nocomo realidades de validade ontolgica.

    Numa primeira fase o pensamento de Wittgenstein contm elementos ontolgicos, que sero deixados nasegunda, ou seja, ao retomar o estudo da filosofia (1929), a qual seria ento reduzida aos seus elementosmeramente lingusticos. fundamental para compreender a Wittgenstein atender ao estado dos seus

    pressupostos positivistas iniciais, para depois determinar as mudanas. Somente h fatos isolados (atmicos),isto , o mundo real composto de fatos absolutamente independentes. A linguagem somente verdadeira,quando expressa um desses fatos. A cincia, ao se ocupar destes fatos, um saber verdadeiro. A linguagem,quando afirma outras coisas, que no os fatos isolado, sem sentido, ainda que no possamos dizer que ela falsa; deste outro tipo de afirmaes sem sentido se constitui a filosofia. No temos, como responder sproposies de filosofia, seno que elas esto sem sentido. Filosofar apenas uma atividade(Taetigkeit).O ensino da filosofia deve limitar-se a mostrar quais so as proposies cientficas e quais so as semsentido, ou seja, quais so as filosficas. O resto apenas uma questo de detalhes de lgica ou de filosofiada linguagem. O segundo Wittgenstein se ocupa mais vastamente das proposies atmicas, cujas

    combinaes resultam nas "funes de verdade".

    Evidentemente que Wittgenstein teria que comear provando a assertiva positivista inicial, de que o nossoconhecimento apreende as coisas como fatos sem inter-relao, e sobretudo sem a intuio do ser. Nesteinstante todos os positivismos so contraditrios, porquanto ao se estabelecerem a si mesmos, fazem umaafirmao no factual.

    Obras: Tratado lgico-filosfico (Tractatus logico-philosophicus, 1922), ttulo adquirido na 2-a edio,na Inglaterra, j em forma de livro, e com traduo para o ingls, de C. K. Ogden e com introduo deBertrand Russel, porquanto na primeira (1921), em alemo, se intitulavaDissertao logico-filosfica

    (Logisch-philosophische Abhandlung, editado por Anais de Filosofia da Natureza, sob a direo deWilhelm Ostwald; a edio de 1933, dita 2-a, contm algumas correes;Alguma observaes sobre aforma lgica (Some remarks on logical form, artigo de 9 pginas, emProcedings of the AristotelianSpciety, Supp. Vol. 9, ano 1929, .p. 162-171).

    Pstumas:Pesquisas filosficas (Philosophische Untersuchungen,juntamente com o texto ingls, 1953);Observaes filosficas sobre os fundamentos das matemticas (Philosophical remarks int thefoundations of mathematics, 1956);Estudos preliminares s pesquisas filosficas, geralmenteconhecidos como os Livros azul e Marron (Preliminary studies for the philosophical investation,

    generally know as the Blue and the Brown Books, 1957);Livro de notas (Notebooks 1914-1916, ed.1961); Observaes filosficas (Philosophische Bemerkung, 1964), materiais recolhidos por Wittgensteinem 1930; Gramtica filosfica (Philosophische Grammatik, 1969. E assim outros e outros textos efragmentos, inclusive notas recolhidas por alunos, foram publicados no curso dos anos.

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    870. Gilbert Ryle(1900-1976). Filsofo ingls, n. em Brighton, East Sussex. Estudou em Oxford. Tambmprofessor de metafsica na Universidade de Oxford, 1947-1971 (Logos diz 1945-1968).

    Acompanhou de perto o desenrolar da filosofia alem. Realista e empirista segundo a tradio da filosofiainglesa. Ps ateno na filosofia clssica de Plato e Aristteles, como tambm ao desenrolar da filosofiaalem, de Husserl por exemplo. Confere em vrios pontos com Wittgenstein. Concentrou-se na anlise

    conceptual, dando destaque noo de categoria. Adverte que as categorias no se relacionam entre si. Ascategorias correspondem grupos de respostas perguntas distintas: que ? como ? onde?, etc., em quecada pergunta forma a respectiva classe de respostas, as quais em conjunto pertencem respectivacategoria. O erro, diz Ryle, provm quando um conceito arrolado sob uma categoria qual no pertence.

    Obras:Argumentos filosficos (Philosophical arguments, 1945); O conceito de mente (The concept ofmind, 1949);Dilemas(Dilemmas, 1954), reunio de diversos trabalhos gnosiolgicos, inclusive um sobre atartaruga perseguida por Aquiles; Um animal racional(An rattional animal, 1962);Progresso de Plato(Plato's progress,1966), em especial sobre Sofista, Parmnides, Teeteto,dilogos manifestamenteontolgicos; Textos reunidos (Collected papers, 2 vols., 1971), reunindo os principais artigos de Ryle, o

    qual havia escrito com frequncia para revistas especializadas.

    871. Karl Raymund Popper(1902-1994). Filsofo austraco, n. em Viena. Estudou na Universidade deViena, inicialmente interessado na matemtica. Habilitou-se inicialmente para o ensino elementar, depois parao mdio. Em 1925 entra a trabalhar no Instituto de Pedagogia de Viena. Doutorado em 1928. Contactaento os neopositivistas do Crculo de Viena e se torna crescentemente um filsofo profissional. No perodonazista se afastou da Europa continental. Entre 1935 e 1936 esteve em Londres, proferindo conferncias.Transferindo-se para Nova Zelndia, no Pacfico, lecionou filosofia de 1937 a 1945, no Canterbury College,

    em Christchurch. De retorno Inglaterra, lecionou no London School of Economics, inicialmente comoreader, a partir de 1950 como professor de lgica e metodologias da cincia, at 1969, quando se jubilou.Membro da Royal Society, da British Academy. Recebeu o ttulo britnico de Sir em 1965.

    E' Popper um anti-metafsico positivista. Depois de admitir a realidade das coisas, constri sobre elas umafilosofia caracterizada pelo indutivo caracterizado pela falseabilidade. Os enunciados cientficos, ao afirmaremuniversalmente, no ultrapassam o nvel da hiptese. Dentro do Crculo de Viena, ao qual costuma serintegrado, foi uma oposio interna, por causa de suas crticas a diversos pontos de vista do neopositivismoda maioria. Desconsiderou a distino entre proposio com sentido (resultante de um fato)e a sem sentido(resultante de um processo raciocinativo), porque o que importa a questo da verdade.

    Popper entende a cincia como uma colocao do problema, apresentao de uma conjetura ou teoria comosoluo, tentativa de refutar a esta. Combateu pois a forma como o Crculo de Viena tradicionalmente acolocava. A boa teoria a que pode ser refutada, isto , a que tem possibilidade de fixar condies na qualela pode ser refutada, caso estas condies no venham a se verificar. A teoria cientfica pode conseguir taiscondies pela sua forma, ainda que efetivamente ainda no tenha sido provada; as afirmativas metafsica nocontm tal forma, e por isso nunca se refutam e nem se provam. Como todo o positivista, incorre Popper nacontradio interna de sistema. Em sendo positivista, no pode colocar como uma norma absoluta, comoesta, de uma proposio possvel de ser verdade, se for refutvel; se a colocar, passa imediatamente a se

    estabelece numa teoria do conhecimento no positivista.Tambm se ocupou Popper com a filosofia da linguagem, defendendo uma posio similar de Wittgenstein.Em doutrina social preconizou a tolerncia, e advertiu contra os inteletuais que pregaram o dogmatismo e osectarismo.

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    Obras:Lgica da investigao (Logik der Forschung, 1934), traduzida ao ingls sob o ttuloLogic ofscientrific discovery, 1939);A pobreza do historicismo(The poverty of historicism, 1947);A sociedadeaberta e seus inimigos(The open society and its ennemies, 1945), contra Hegel, contra o historicismo eMarx;Conjeturas e refutaes: o desenvolvimento do conhecimento cientfico(Conjectures andrefutations:the growth of scientific knowlwdge, 1963), contra seus crticos;Focalizando o problema daracionalidade e a paz do homem (Aproach to the problem of rationality an the freedom of man, 1966);Conhecimento objetivo:um enfoque evolucionista (Objective nowledge: an evolutionary approach,

    1972);Filosofia e fsica (Philosophy and physics, 1972), ensaios;Busca sem trmino: umaautobiografia inteletual (Unended quest: An Intellectual autobiography, 1976); Osdois problemasfundamentais da teoria do conhecimento (Die beide Grundprobleme der Erkenntnisstheorie, 1979);Cincia objetiva (Objective knowledge, 1972);Pos-escrito(Postcript, 3 vols., 1982-1983); O eu o seupensamento; The self and its brain, 1977, com J. Eccles; Questo inacabada, uma autobiografiainteletual (Unended quest, an intellectual Autobiography, 1976), autobiogrfico;Realismo e o objetivoda cincia(Realisme and the aim of science, 1982);Poscriptum Lgica da investigao(Postcript tologik der Forschung ), 3 vols., 1982), referncia ao seu livro de 1934. Muitos artigos e lies publicadasem separado.

    873. Alfred Julius Ayer(1910- ). Filsofo ingls. Estudou em Eton, Oxford, Viena. Lecionou filosofia emOxford, a partir de 1933. Professor de lgica da Universidade de Londres, de 1946 a 1959. A seguir, at1970, tambm de lgica em Oxford.

    Positivista radical, sobretudo na sua primeira fase; entretanto, evitou sempre o ceticismo. Relacionou-se como neopositivismo do Crculo de Viena; atribuiu-se mesmo a um seu livro de 1936, -Linguagem, verdade elgica, - o carter de manifesto do neopositivismo ingls. um representante tpico da filosofia analtica, cujodesenvolvimento se deu sobretudo em Oxford e Cambridge, com base na reelaborao das doutrinas de

    Wittgenstein, retornado Inglaterra. A filosofia se limita ao processo analtico. A verdade, segundo Ayerrepetindo o dogma do Crculo de Viena, est apenas nas proposies verificadas pelas experincia. Quantoaos enunciados lgicos, como os matemticos, so tautolgicos. O princpio da verificabilidade, de que trataAyer, reduzido pois experincia, e o que dela resulta por anlise. Verdadeiras seriam pois apenas asproposies empricas e as tautolgicas, lgico-matemticas. As demais, como as metafsicas, sosemsentido.Todavia, o positivismo, e portanto Ayer, usam o verbo ser, sem notar que este em princpioultrapassa o tautolgico; e ainda a doutrina positivista, como doutrina, afirmao metafsica...

    A realidade do mundo exterior, segundo Ayer, no se pode de pronto descartar. Importa mostrar ondeefetivamente ocorrem aspectos subjetivos, ficando o restante tomado como verdadeiramente real, isto ,independente do conhecimento.

    A axiologia, inclusive a tica, exprime apenas preformativamente as emoes

    Obras:Linguagem, verdade e lgica(Language, truth and logic 1936), na linha do positivismo lgico doCrculo de Viena;A fundamentao do conhecimento emprico (The foundation of empiricalknowledge, 1940);Ensaios filosficos(Philosophical essays, 1954); O problema do conhecimento(Theproblem of knowledge, 1956); O conceito de uma pessoa e outros ensaios(The concept of a personand other essays, 1963);Bertrand Russel. Filsofo do sculo(Bertrand Russel. Philosopher of the

    century, 1967);As origens do pragmatismo.Estudos sobre a filosofia de C.S. Peirce e W. James(Theorigins of pragmatism0. Studies in the philosphy of C.S. Peirce and W. James, 1968);Metafsica esenso comum(Metaphysics and common sense, 1969);Russel e Moore. A herana analtica, 1971;Probabilidade e evidncia(Probability and evidence, 1972);A questo central da filosofia (Thecentral questions of philosophy, 1973);A filosofia no sculo 20(The philosophy in the 20th century,

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    1982);Paz e moralidade (Freedom and morality, 1984).

    IV - Positivismo na Alemanha e regies de lngua alem. 2216y878.

    878.Diviso. Do ponto de vista meramente geogrfico, o positivismo alemo do sculo 19 se desenvolveuem contato externo com os autores ingleses, mais do que com os franceses, como j acontecia com oanterior empirismo. No obstante o predomnio da filosofia racionalista continuou contudo firme. Do mesmomodo como no sculo 18, ou sculo das luzes, Leibniz, Wolff, Kant, o domnio de Kant e dos seusderivados idealistas continua no sculo.

    Do ponto de vista de sistema, o positivismo alemo se redivide em quadros: primeiramente ocorre um

    positivismo puro (vd 880), ao modo do tipo padro da Frana ou Inglaterra; a este quadro pertencem E.Laas, Th. Ziegler, E. Dring, F. Jodl, e a ele se reduzem tambm os materialistas em geral, como Haeckel.Paralelamente formaram-se positivismos extremistas, denominados emprio-criticismo (vd 883), de R.Avenarius, E. Mach, W. Ostwald, Th. Ziehen;filosofia da imanncia (vd 885), de W. Schuppe;filosofiado "como se", H. Vahinger (vd 886). Tambm na Alemanha, como acontecera na Frana, h tambm umpositivismo de orientao psicolgica(vd 888), representada por J. F. Herbart, R. H. Lotze, T. G.Fechner, W. Wundt.

    Finalmente, j no sculo 20, eclode a primeira vez vastamente o positivismo alemo, com o nomeneopositivismo, que teve no Crculo de Viena a sua fonte principal (vd 890).

    880. O positivismo purofoi representado na Alemanha por uma sequncia de filsofos que reagiam aokantismo e ao idealismo.

    Ernst Laas (1837-1885), nascido em Potsdam e professor em Strasburgo, autor deAs analogias daexperincia, de Kant, um estudo crtico sobre os fundamentos da filosofia terica (Kantsanalogien derErfahrung. Einige kritische Studie ber die Grundlagen der theoretischen Philosophie, 1876);Idealismo e positivismo. Uma discusso crtica (Idealismus und Positivismus. Eine kritischeAuseinandersetzung, 3 vols., 1879, 1882, 1884);

    Theobald Ziegler (1846-1918), nascido em Goepingen, professor em Strasburgo, de tendncia relativista,evolucionista, pragmatista, com a religio interpretada como um produto do sentimento, de onde enfim aimportncia da investigao positiva do social e do histrico, autor deHistria da tica (Die EthikderGriescher und Roemmer,1881); Ser e devir morais. Linhas fundamentais de um sistema de tica(Sittliches Sein und sittliches Werden. Grundlinien eines Systems der Ethik, 1890);Histria daPedagogia (Geschichte der Paedagogik, 1895), Correntes espirituais e sociais do sculo 19, (Diegeistigen und sozialen Stroemungen des 19. Jahrhunderts, 1899);Histria da tica crist(Geschichte

    der Christlichenethik, 1886); Tratado de Psicologia (Lehrbuch der Psychologie, );

    Eugen Dhring (1833-1921), professor em Berlim, antimetafsico, entendo contudo a filosofia como umaconcepo total do universo a partir de resultados cientficos, em que cabe o esprito, mas no o conjunto de

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    supersties das religies, autor deDialtica natural. Nova fundamentao da lgica, cincia e filosofia(Natrliche Dialektik.Neue logische Grundlegund de Wissenschaft und Philosophie, 1865);Histriacrtica da filosofia (Kritische Geschichte der Philosophie, 1869); Curso de filosofia (Kursus derPhilosophie, 1875);Lgica e teoria da cincia (Logik un Wissenschaftstheorie, 1878);A substituioda religio por algo mais perfeito (Der Ersatz der Religion durch Vollkommeneres, 1883);Filosofia darealidade (Wirklichkeitsphilosophie, 1895);

    Friedrich Jodl (1848-1914), nascido em Viena, professor em Praga e depois em Viena, positivista monista,mantidos o esprito como aspecto da realidade e a tica, autor deA doutrina do conhecimento de DavidHume (David Humes Lehre von der Erkenntniss, 1871); O monismo e os problemas culturais dopresente (Ser monismus und die Kulturprobleme de Gegenwart, 1911); Sobre o verdadeiro e sobre ofalso idealismo(Vom waren und vom falschen Idealismus,1914), Crtica do idealismo (Kritik desIdealismus, 1920).

    882. Ernst Heinrich Haeckel(1834-1919). Filsofo e naturalista alemo, nascido em Potsdam. Entrou

    para a classe de histria natural da Universidade de Wrzburgo. Prosseguiu estudos em Berlim e Viena, parafinalmente se doutorar em medicina. Ensinou, a partir de 1862, na Universidade de Iena, anatomiacomparada, passando em 1865 a ctedra de zoologia, em que se manteve at 1908. Mantinhacorrespondncia com o sbio alemo emigrado para o Brasil, Fritz Mller, estabelecido em Blumenau, SC,de quem recebia materiais para estudo.

    Foi Haeckel o mais popular divulgador do evolucionismo, ao mesmo tempo que criticava o obscurantismodos religiosos neste particular. Estabeleceu que em cada indivduo se repete a evoluo geral da natureza, ouseja, a ontognese uma breve recapitulao da filognese.

    Haeckel tende ao reducionismo dos contrrios, o que finalmente vai dar no monismo de matria e esprito,chamado materialismo, que no todavia o materialismo mecanicista. Estendeu a teoria do evolucionismo deDarwin a todo o universo, inclusive psquico. Defendeu um panpsiquismo, em que o esprito e a matria soapenas aspectos da mesma substncia em evoluo. Apesar do termo materialismo, se aproximou domonismo pantesta de Spinoza, o qual no procurava a Deus fora do mundo, mas dentro dele mesmo,confundindo-o com ele.

    Fundou-se em 1906, na Alemanha, uma Liga Monista Alem(Deutscher Monisbund), com base nomonismo de Haeckel.

    Obras: Morfologia geral do organismo (Generalle Morphologie der Organismus, 2 vols., 1866); Histrianatural da criao (Natrliche Schoepfungsgeschichte, 1868), obra importante, em que divide os seres vivosem unicelulares e multicelulares; Antropogenia (Anthropogenie, 1874); Objetivos e caminhos da atual histriada evoluo (Ziele und Wege der heutigen Entwicklungeschichte, 1875); Cincia livre e ensino livre (FreieWissenschaft und freie Lehre, 1878); O monismo como unio entre religio e cincia (Der Monismus alsBund zwischen Religion und Wissenschaft, 1893; Os enigmas do universo (Die Weltraetsel, 1899, sua obramais difundida e traduzida, tambm para o portugus; Maravilhas da vida (Die Lebenswunder, 1904),traduzida ao portugus; A luta da evoluo. Pensamentos (Der Kampf um den Entwicklungs. Gedanken,

    1905). Alm de obras de cincia.

    883. O empirio-criticismo, nome criado por um dos seus principais representantes, - Avenarius, -foi ummovimento caracterstico do positivismo alemo e alguns pases vizinhos. Contm muito do fenomenismo de

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    Hume, reduzindo a filosofia e a cincia ao mais econmica, simplesmente aos fenmenos. Apenas osfenmenos sensveis se fazem conhecer adequadamente. Tudo o mais resta para o horizonte do "como se",conhecido apenas negativamente. Trata-se, pois, de uma aplicao radical, e mesmo coerente, do princpiobsico do positivismo, o qual reduz a realidade ao que se experimenta, dali resultando consequentemente ofenomenismo, o anti-substancialismo, o relativismo.

    Richard Avenrius (1843-1896) chamou Emprio-criticismo, fazendo referncia a si mesmo. A realidadeconsiste em contedos de sensao. Autor Crtica da experincia pura(Kritik der reinen Erfahrung, ); Oconceito humano do mundo (Der menschliche Weltbegriff, ).

    Ernst Mach(1838-1916), nascido em Turas (Morvia), professor em Graz, Praga, Viena, criador de umempirismo puro, fenomenista, antisubstancialista, devendo inclusive as cincias fsicas tratar seus objetoscomo se fossem somente sensaes, de acordo com o principio de economia do pensamento, sendo poisassim as leis naturais seno abreviaes da pluralidade das experincias. Autor deAnlises das sensaesea proporo do fsico e psquico(Die Analyse der Empfindungenund das Verhaeltniss des Physischen

    und Psychischen, 1900); Conhecimento e erro, bosquejo para a psicologia da investigao(Erkenntnis und Irrtum, Skizzen zur Psychologie der Forschung,1905).

    Wilhelm Ostwald (1853-1932), nascido em Riga (Letnia), professor em Riga e Leipzig, Presidente daLiga Monista Alem, interpretando, com proximidade ao materialismo de Haeckel, todo o real como energia.Autor deA energia e suas transformaes (Die Energie und ihre Wandlungen, 1888);A superao domaterialismo cientfico (Die berwindung des Wissenschaftlichen Materialismus,1895);Lies defilosofia natural(Vorlesungen ber Naturphilosophie, 1902);A energia (Die Energie, 1908),

    Fundamentos energticos da cincia cultural (Energetische Grundlagen der Kulturwissenschaft,1908);Filosofia natural moderna (Moderne Naturphilosophie,3 vols., 1926-1927).

    Theodor Ziehen (1862-1950), nascido em Francfort do Meno, professor de vrias disciplinas, por ltimode Filosofia em Halle, seguiu de perto a Hume e Schuppe, com tendncias ao monismo de Spinoza,interpretando o mundo como sendo em parte uma transferncia dos nossos sentidos, autor de Teoriapsicofisiolgica do conhecimento (Psychophysioligische Erkenntnistheorie,1898); Teoria doconhecimento formula psicofisiolgica e f isicamente (Erkenntnistheorie auf psychologischer undphysikalischer Grundlage, 1915).

    885. A filosofia da imanncia, como se fez conhecer o positivismo de alguns filsofos alemes, reduziutoda a realidade ao contedo da conscincia do eu. Foi portanto um pouco mais longe que o emprio-criticismo.

    Wilhelm Schuppe (1836-1913), nascido na Silsia e professor em Greifswald, dado como representantetipo da filosofia da imanncia, a qual geralmente citada juntando imediatamente o seu nome. Segundo oimentismo de Schuppe importa desfazer no somente todo suposto metafsico do objeto, mas tambm dosujeito. Ento no eu, o sujeito e o objeto so o mesmo. No ocorre todavia o solipsismo absoluto; h vrios

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    eu's a pensar do mesmo modo, ainda que no com um s objeto. Dentre suas numerosas obras, citam-se: Opensar humano (Das menschliche Denken, 1878);Bosquejo de uma teoria do conhecimento e lgica(Grundriss der Erkenntnistheorie und Logik, 1894);A filosofia imanentista (Die immanentePhilosophie, 1897).

    886. A filosofia do "como se"(als-ob) se diz do sistema positivista relativista, pragmatista de Hans

    Vahinger (1852-1933), que consagrou esta denominao em ttulo de livro "A filosofia do como se" (DiePhilosophie des Als-Ob, 1911). Nascido em Nehren, perto de Tbingen, foi professor em Halle.Deu ao conhecimento uma interpretao biolgica, porque constitui um procedimento a benefcio prprio; apartir dali desenvolveu um positivismo pragmatista, e que ele j encontra sugerido por Friedrich AlbertLange. Neste sentido concebe, por exemplo, o eu como se fosse uma substncia. Os resultados da cinciacomo se fossem vlidos. As fices da religio como se fossem verdadeiras. A maneira de chegar a estesresultados define a filosofia de Vahinger como um positivismo idealista.

    888. Opositivismo de tendncia psicolgica, na Alemanha, desenvolveu conceito geral de realidade, em

    que o esprito parte da realidade, ainda que seja em termos monistas juntamente com a matria, em formade paralelismo fsico-psquico. Em decorrncia desta posio destacou-se o estudo da psicologia pelosmtodos experimentais, acrescendo-se finalmente, por via de acrscimo, ainda que de validade apenashipottica, a assim denominada metafsica indutiva, com a condio todavia que ela no venha conflitar comos resultados da experimentao cientfica. A validade deste procedimento est em que o processoraciocinativo da filosofia no colide necessariamente com o da cincia, de sorte que no pode ser rejeitadocomo necessariamente falso, nem como sendo uma coisa "sem sentido", como querero geralmente osrepresentantes do neo-positivismo.(vd 890).

    Sob o horizonte antimetafsico do formalismo apriorista de Kant, todavia j orientados para o positivismo,desenvolvem a psicologia experimental Johann Friedrich Herbart (1776-1841), Rudolf Hermann Lotze(1817-1881), Theodor Gustav Fechner (1801-1887), especialmente Wilhelm Wundt (1832-1920) (vd).

    889. Wilhelm Max Wundt (1933-1920). Filsofo e psiclogo alemo, nascido perto de Manheim, Baden.Filho de um pastor protestante. Estudou em Berlim, medicina e fisiologia. Professor primeiramente emHeidelberg, desde 1865, e Zurich, desde 1874. Mas foi em Leipzig que fez sucesso, onde lecionou filosofia epsicologia, 1875 a 1917, havendo criado ali o primeiro laboratrio de psicologia experimental em 1879.

    O ponto de partida de Wundt positivista, como de Comte e Spencer, mas sem radicalizao contra ametafsica, j que esta pode ser tratada sem oposio aos fatos da experincia, como uma extensoexplicativa. Progrediu, pois, Wundt na direo de uma assim chamada metafsica indutiva. Esta, para todoefeito no passa de uma hiptese, todavia fundada na ordenao dos resultados da cincia experimental. Afilosofia continua o trabalho da cincia, explicando os fatos autnticos por intermdio do princpio da razosuficiente.

    Alega Wundt que, para serem plenamente inteligveis, todos os dados do conhecimento devem ser ligadosentre si, de maneira a formarem totalidades sem contradio. Neste esforo de ordenao dos

    conhecimentos em uma grande unidade, se ultrapassa a experi