quimica verde na industria de construcao

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PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM TECNOLOGIA DE PROCESSOS QUMICOS E BIOQUMICOS UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO - UFRJ

S I LV I A L A U R EA N O M EI R EL LES

Q U M I CA V E RDE : A I ND S T R I A Q U M I CA E S E US IMPACTOS NA INDSTRIA DA CONSTRUO

RIO DE JANEIRO 2009

ii

SILVIA LAUREANO MEIRELLES

QUMICA VERDE: A INDSTRIA QUMICA E SEUS IMPACTOS NA INDSTRIA DA CONSTRUO

DISSERTAO DE MESTRADO APRESENTADA AO CORPO DOCENTE DO CURSO DE PSGRADUAO EM TECNOLOGIA DE PROCESSOS QUMICOS E BIOQUMICOS, DA ESCOLA DE

QUMICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO, COMO PARTE DOS REQUISITOSNECESSRIOS PARA OBTENO DO GRAU DE MESTRE EM TECNOLOGIA DE PROCESSOS

QUMICOS E BIOQUMICOS (REA DE GESTO E INOVAO TECNOLGICA).

ORIENTADORA: PROF SUZANA BORSCHIVER, DSC.

RIO DE JANEIRO 2009

iii

FICHA CATALOGRFICA

Meirelles, Silvia Laureano Qumica Verde: a Indstria Qumica e seus impactos na Indstria da Construo. Rio de Janeiro, 2009. xv, 165p., il. (EQ / UFRJ, M.Sc., Tecnologia de Processos Qumicos e Bioqumicos, 2009) Dissertao M.Sc. Universidade Federal do Rio de Janeiro Escola de Qumica, 2009. Orientadora: Suzana Borschiver 1. Qumica Verde. 2. Construo Sustentvel. 3. Indstria Qumica. 4. Green Building. 5. Desenvolvimento Sustentvel. Teses. I. Borschiver, Suzana (Orient.). II. Universidade Federal do Rio de Janeiro. Escola de Qumica. III. Ttulo CDD.

iv

FICHA DE APROVAOSILVIA LAUREANO MEIRELLES

QUMICA VERDE: A INDSTRIA QUMICA E SEUS IMPACTOS NA INDSTRIA DA CONSTRUORIO DE JANEIRO, 31 AGOSTO DE 2009. APROVADA POR:

___________________________________________________________________________________

PROF SUZANA BORSCHIVER, D.SC. (EQ/UFRJ) - ORIENTADORA

___________________________________________________________________________________

PROF ANDREA MEDEIROS SALGADO, D.SC. (EQ/UFRJ)

___________________________________________________________________________________

KTIA ARAJO ALLENDE, D.SC. (UFF)

___________________________________________________________________________________

PROF MNICA REGINA DA COSTA MARQUES, D.SC. (IQ/UERJ)

v

DEDICO ESTE TRABALHO...A MEUS PAIS, CELSO E ELECI, PELO CONTNUO ESTMULO E APOIO, A MEUS IRMOS VICTOR E PAULA, AFIRMO QUE POSSVEL SONHAR, A TODOS OS MEUS FAMILIARES, PELO CARINHO QUE SEMPRE ME DEMONSTRARAM.

vi

AGRADECIMENTOS

AGRADEO

ESPECIALMENTE A

DEUS,

PELA PRESENA CONSTANTE EM CADA ETAPA

DESTE RDUO TRABALHO. SEM O QUAL NO PODERIA TER CONCLUDO ESTA JORNADA.

AGRADEO

MUITO MINHA ORIENTADORA,

PROF. SUZANA BORSCHIVER,

PELA

DEDICAO E COMPETNCIA PRESTADA, SEMPRE DISPONVEL QUANDO NECESSITEI.

AGRADEO AOS DIRETORES DA EMPRESA NA QUAL TRABALHO (HAGEN DO BRASIL),ESPECIALMENTE AO

NORBERTO KLECHNIOWSKY E ANDRE DYTZ, OS QUAIS CONTRIBUIRAM

BASTANTE PARA O DESENVOLVIMENTO E CONCLUSO DESTA PESQUISA.

AGRADEO A UMA GRANDE AMIGA QUE CONHECI NO MESTRADO, FLAVIA MEROLA,MAIS UMA CERTEZA DO CARINHO DE DEUS NA MINHA VIDA.

AGRADEO A TODOS OS MEUS AMIGOS (FABOLA, LVIA, RENATA, SIMONE E TANTOSOUTROS) OS QUAIS ME INCENTIVARAM MUITO PARA A REALIZAO DESTE TRABALHO.

AGRADEO

A DOIS EXEMPLOS DE PROFISSIONAIS E GRANDES AMIGOS,

SAMUEL

GHERMAN E CLIA FONSECA, O PRIMEIRO PELAME INCENTIVAR A PENSAR GRANDE.

INSPIRAO QUMICA E A SEGUNDA POR

AGRADEO

AOS

PROFESSORES JOS CONCEIO (HISTRIA)

E

SIDNEY AGUIAR

(BIOLOGIA) PELA CONTRIBUIO NOS ASSUNTOS: INDUSTRIALIZAO E ECOSSISTEMA.

vii

MENSAGEM VERDE

A PRPRIA EVOLUO SE ENCARREGAR DE MOSTRAR QUE DESENVOLVIMENTO CIENTFICOE TECNOLGICO E ECOLOGIA CONSTITUEM NA VERDADE, UMA COISA S.(*)

( *)

COSTA, LCIO: ARQUITETURA, TECNOLOGIA E MEIO AMBIENTE, EM FUNDAO BRASILEIRA PARA CONSERVAO DA NATUREZA, PG. 122, RIO DE JANEIRO, 1992, DESENVOLVIMENTO E HARMONIA COM O MEIO AMBIENTE

viii

RESUMO DA TESE APRESENTADA AO CORPO DOCENTE DO CURSO DE PS-GRADUAO EM TECNOLOGIADE

PROCESSOS QUMICOS

E

BIOQUMICOS,

DA

ESCOLA

DE

QUMICA/UFRJ MESTREEM

COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSRIOS PARA A OBTENO DO GRAU DE

CINCIAS (M.SC.).

QUMICA VERDE: A INDSTRIA QUMICA E SEUS IMPACTOS NA INDSTRIA DA CONSTRUOSILVIA LAUREANO MEIRELLES AGOSTO / 2009 ORIENTADORA: PROF SUZANA BORSCHIVER, DSC. PROGRAMA: ENGENHARIA QUMICA Em decorrncia do grave contexto ambiental, como o Aquecimento Global causado pela atividade humana, as empresas tm sido pressionadas a mudarem seus hbitos convencionais de produo e de desenvolvimento de produtos. Desde aproximadamente a dcada de 1990, a Indstria Qumica tem procurado adotar uma postura de reduo, preveno ou eliminao das causas dos impactos ambientais que tem gerado. Uma ferramenta poderosa para auxiliar esta filosofia tem sido a Qumica Verde. Da mesma forma, a Indstria da Construo tambm est passando por esta transio. Pioneiramente, pases desenvolvidos, como os EUA, criaram sistemas de avaliao ambiental das construes, atravs de um selo de certificao LEED, Leadership in Energy and Environmental Design. O Brasil vem adaptando nossa realidade desde 2007, a metodologia americana de certificao, a qual recebeu o nome de LEED Brasil. A fim de avaliar a tendncia do uso dos Princpios da Qumica Verde no Brasil, o presente estudo baseou-se nos dados obtidos pelo importante programa de premiao de inovaes verdes americano da Environmental Protection Agency (EPA) intitulado por Presidential Green Chemistry Challenge (PGCC) e posteriormente realizou um cruzamento dos dados obtidos com suas aplicaes na Indstria Qumica Brasileira. Enfim, o estudo objetiva: (i) Avaliar a tendncia da Qumica Verde em um pas desenvolvido (EUA) e compar-la com o desempenho brasileiro e (ii) Verificar se o Brasil vem inserindo este conceito para desenvolver produtos ecologicamente corretos para a Indstria da Construo. Com os dados da pesquisa foi possvel observar que o Brasil, apesar de recentemente, vem aplicando os Princpios da Qumica Verde em suas Indstrias. Alm disso, as inovaes verdes destinadas para a Construo, de ambas as naes, esto focadas em polmeros verdes (plsticos, poliuretanos, adesivos, etc.) e tintas ecologicamente corretas.

ix

ABSTRACT

OF

THESIS

PRESENTED TO THE

TEACHING BODY

OF

COURSE MASTER

OF

AFTERSCIENCE

GRADUATION IN TECHNOLOGY OF CHEMICAL AND BIOCHEMICAL PROCESSES, OF CHEMICAL SCHOOL/UFRJ, (M.SC.).AS PARTIAL FULFILLMENT FOR THE DEGREE OF OF

GREEN CHEMISTRY: THE CHEMICAL INDUSTRY AND THEIRS IMPACTS IN THE CONSTRUCTION INDUSTRYSILVIA LAUREANO MEIRELLES AUGUST/2009 ADVISOR: TEACHER SUZANA BORSCHIVER, DSC. DEPARTMENT: CHEMICAL ENGINEERING As a result of severe environmental context such as Global Warming caused by human activity, companies have been demanded to change their conventional habits of production and product development. Since about the 1990s, the Chemical Industry has sought to take a reduction, prevention or elimination of the causes of environmental impacts it has created. A powerful tool to help this philosophy has been the Green Chemistry. Similarly, the Construction Industry is also going through this transition. Pioneers, developed countries like the U.S., have created systems for environmental assessment of buildings, through a seal of certification - LEED, Leadership in Energy and Environmental Design. Brazil has adapted to our reality since 2007, the American method of certification, which received the name of LEED Brazil. To assess the trend in the use of the Principles of Green Chemistry in Brazil, this study was based on data obtained by the major program of awards for the U.S "green" innovations of Environmental Protection Agency (EPA) called Presidential Green Chemistry Challenge (PGCC), and subsequently held a crossroads of data with their applications in the Brazilian Chemical Industry. Finally, the study aims: (i) assess the trend of Green Chemistry in a developed country (U.S.) and compare it with the Brazilian performance; and (ii) verify if Brazil is using this concept to develop ecologically correct products for the Construction Industry. With the data obtained from the research, it was possible to observe that Brazil, although recently, has been applying the Principles of Green Chemistry in his industries. Furthermore, the "green" innovations designed for the construction of both nations are focused on green polymers (plastics, polyurethanes, adhesives, etc.) and paints environmentally correct.

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SUMRIOINTRODUO CAPTULO I Desenvolvimento Sustentvel e Qumica Verde 1.1 Fatos histricos que marcaram a mudana da relao do homem com a natureza 1.2 A implantao do Desenvolvimento Sustentvel 1.3 A necessria reinveno da Qumica e Indstria Qumica 1.3.1 A Versatilidade da Indstria Qumica 1.3.2 Alguns impactos causados pela Indstria Qumica 1.4 A Qumica Verde 1.4.1 Breve histrico e a Evoluo da Qumica Verde 1.4.2 Os 12 Princpios da Qumica Verde CAPTULO II - GREEN BUILDINGS: Alternativa Sustentvel para a Construo 2.1 Histrico da Construo Sustentvel no Mundo e no Brasil 2.2 Impactos causados pela Construo 2.2.1 Benefcios Scio-Econmicos 2.2.1.1 Programa de Acelerao do Crescimento (PAC) 2.2.2 Impactos Ambientais Negativos 2.3 Definies importantes da Construo Sustentvel 2.4 Construo Sustentvel 2.5 Ferramentas para Avaliao da Sustentabilidade da Construo 2.5.1 BREAM 2.5.2 GBC 2.5.3 LEEDTM 2.5.3.1 Certificao LEED Brasil 2.6 Exemplos de Green Building no Brasil 2.6.1 Agncia do Banco Real 2.6.2 Laboratrio Delboni Auriemo 2.6.3 Edifcio Cidade Nova CAPTULO III - Produtos Ecologicamente Corretos Para Construo 3.1 Exemplos de Ecoprodutos 3.1.1 Concreto 3.1.2 Areia Artificial 3.1.3 Argamassa Ambiental 3.1.4 Gesso Dry Wall 3.1.5 Geopolmeros 3.1.6 Tintas, Vernizes e Resinas 18 23 23 28 30 32 34 35 35 39 44 44 47 47 48 50 52 54 59 59 60 61 69 72 72 74 75 77 77 78 78 78 79 79 79

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3.1.7 Telha Ecolgica 3.1.8 Ecotijolo 3.1.9 Telhado Verde 3.1.10 Bambu 3.2 Versatilidade Sustentvel na Indstria da Construo 3.3 A Anlise do Ciclo de Vida dos Ecoprodutos 3.4 Sistemas de Certificao de Produtos 3.4.1 Rotulagem Ambiental 3.4.2 Associao Brasileira de Normas Tcnicas (ABNT) 3.4.3 Instituto Falco Bauer da Qualidade 3.4.3.1 Categorias do selo ecolgico Falco Bauer CAPTULO IV - A Metodologia Aplicada 4.1 A escolha do tema 4.2 A escolha do mtodo 4.3 Os momentos da pesquisa CAPTULO V - Anlise e Discusso dos Resultados ETAPA I Inovaes Premiadas pela Environmental Protection Agency (EPA) 5.1 Aplicaes dos princpios da Qumica Verde viabilizando a Construo Sustentvel 5.2 A Tendncia na utilizao dos Princpios da Qumica Verde nas Empresas Qumicas Americanas segundo as diferentes reas de Aplicao de suas Invenes 5.2.1 Empresas Qumicas Americanas premiadas 5.2.2 Anlise segundo a rea de aplicao das Inovaes Verdes 5.2.3 Anlise segundo os Princpios da Qumica Verde utilizados para as Inovaes na Indstria da Construo 5.2.4 Anlise segundo as Invenes Verdes produzidas para a Indstria da Construo ETAPA II Cruzamento das Inovaes Americanas vis--vis a Indstria Qumica Brasileira 5.3 Comparao da Conduta Verde entre as Empresas Americanas e Brasileiras frente Indstria da Construo 5.3.1 Empresas Americanas x Empresas Brasileiras 5.3.1.1 Empresas Americanas: Proctor & Gamble Company; Cook Composites e Polymers Company 5.3.1.2 Empresas americanas: Columbia Forest Products e Ashland Inc.

79 80 80 80 81 82 84 84 87 87 88 90 90 91 93 98 98 98 108 108 111 112 115 116 116 118 118 121

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5.3.1.3 Empresa americana: Cargill, Incorporated 5.3.1.4 Empresa americana: Metabolix, Inc. 5.3.1.5 Empresa americana: Basf Corporation 5.3.1.6 Empresa americana: Archer Daniels Midland Company 5.3.1.7 Empresa americana: DuPont 5.3.1.8 Empresa americana: Shaw Industries, Inc. 5.3.1.9 Empresa americana: NatureWorks LLC 5.3.1.10 Empresa americana: Viance 5.3.1.11 Empresa americana: Bayer Corporation e Bayer AG 5.3.1.12 Empresa americana: BioMetics, Inc. 5.4 Sntese CAPTULO VI - Concluses e Sugestes 6.1 Concluses 6.1.1 Aspectos gerais 6.1.2 Principais observaes 6.2 Sugestes REFERNCIAS

126 131 133 138 139 141 143 145 147 148 149 151 151 151 152 157 158

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LISTA DE FIGURASFigura 1.1 Os trs pilares do Desenvolvimento Sustentvel Figura 1.2 Indstria Petroqumica Figura 1.3 Indstria Alcoolqumica Figura 2.1 Primeiro Green Building na Amrica Latina SP (2007) Figura 2.2 Segundo reconhecimento de Green Building de So Paulo (2008) Figura 2.3 Primeiro empreendimento certificado LEED Core & Shell do Rio de Janeiro (2008) Figura 3.1 - O prdio Dynamic Tower em Dubai Figura 3.2 Aplicao da ACV para o produto de Construo Figura 3.3 Tipos de Selo Verde Falco Bauer Figura 4.1 Exemplo de pgina de busca por produtos qumicos brasileiros e seus fabricantes no stio eletrnico da Abiquim Figura 5.1 Componentes extrados da celulose 30 32 33 73 74 75 82 83 88 96 148

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LISTA DE GRFICOSGrfico 2.1 - Estimativa da contribuio das construes para o total de emisses de carbono Grfico 2.2 Segmentos de atitudes entre os profissionais da Construo comparando-se a utilizao dos termos ecolgico e sustentvel Grfico 2.3 - Conscincia e envolvimento de alguns pases em relao questo ambiental na Construo Grfico 2.4 - Estimativas do aumento do custo de uma Construo Tradicional em relao uma Construo Sustentvel Certificada Grfico 2.5 Registros LEED no Brasil Grfico 5.1 Distribuio percentual das empresas americanas por reas de aplicao das inovaes verdes, segundo o PPGC. (1996-2009) Grfico 5.2 Destaque para as 3 reas de aplicao mais verdes

51 55 57 58 72 112 114

xv

LISTA DE TABELASTabela 2.1 Investimentos do PAC 2007 a 2010 Tabela 2.2 Os benefcios do PAC para o Brasil 2007 a 2010 Tabela 2.3 Investimentos no Setor da Construo nos Pases rabes (2007) Tabela 2.4 Critrios de desempenho e questes atribudas por categoria Tabela 2.5 Categorias e questes consideradas pelo GBC Tabela 2.6 Categorias e pontuao atribuda Tabela 2.7 Nveis de Classificao LEED Tabela 3.1 Rtulos ambientais no mundo Tabela 3.2 Normas ISO 14000 para rotulagem ambiental Tabela 5.1 As 70 invenes americanas, por ordem decrescente do ano de suas criaes (2009 at 1996); as respectivas aplicaes e os princpios da Qumica Verde que foram utilizados para cada inveno. Tabela 5.2 As 54 empresas americanas X Princpios da Qumica Verde X reas de aplicao Tabela 5.3 reas de aplicao x Princpios da Q.V. Tabela 5.4 Conduta Verde Americana segundo o Programa de Premiao da EPA. Tabela 5.5 Fabricantes brasileiros de resinas alqudicas Tabela 5.6 Alguns fabricantes brasileiros de adesivos Tabela 5.7 Fabricantes brasileiros de poliuretano Tabela 5.8 Fabricantes brasileiros de tintas e preparaes qumicas auxiliares Tabela 5.9 Fabricantes brasileiros de polister Tabela 5.10 Comparao entre as inovaes verdes americanas e brasileiras 117 119 122 127 134 140 149 99 109 113 48 49 49 60 61 64 69 85 87

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LISTA DE SIGLASABIQUIM - Associao Brasileira da Indstria Qumica ABNT Associao Brasileira de Normas Tcnicas ACQ Alkaline Copper Quaternary ACS American Chemical Society ACV - Anlise de Ciclo de Vida ANTAC - Associao Nacional de Tecnologia do Ambiente Construdo BREAM - Building Research Establishement Assessment Method CBCS Conselho Brasileiro de Construo Sustentvel CCA Chromated Copper Arsenate CEBDS - Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentvel CETEM Centro de Tecnologia Mineral CIC Comisso da Indstria da Construo CMMAD - Comisso Mundial do Meio Ambiente e do Desenvolvimento COVs - Compostos Orgnicos Volteis EEE - Eficincia Energtica em Edifcios EPA Environmental Protection Agency FIESP - Federao das Indstrias do Estado de So Paulo FINEP - Financiadora de Estudos e Projetos FUNDEC Fundao para Formao Contnua em Engenharia Civil GBC Green Building Council GCI Green Chemistry Institute GEE - Gases do Efeito Estufa IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica IDHEA Instituto para o Desenvolvimento da Habitao Eolgica IFBQ Instituto Falco Bauer da Qualidade INCA Interuniversity Consortiun Chemistry for the Environmental INT - Instituto Nacional de Tecnologia IPCC - Painel Intergovernamental de Mudanas Climticas ISO International Organization for Standardization IUPAC Union for Pure and Aplied Chemistry LEED Leadership in Energy and Environmental Design

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LPP Lei de Preveno a Poluio MEK Metil Etil Cetona MIT - Massachssets Institute of Technology OMC - Organizao Mundial do Comrcio OMS Organizao Mundial da Sade ONU Organizao das Naes Unidas PAC - Programa de Acelerao do Crescimento PGCC Presidential Green Chemistry Challenge PHA - Polihidroxialcanoato PIB - Produto Interno Bruto PLA cido Polilctico PNUD - Programa de Meio Ambiente das Naes Unidas PU Poliuretano PVC Cloreto de Polivinila Q.V. Qumica Verde RSC Royal Society of Chemistry SEE Sndrome do Edifcio Enfermo UE - Unio Europia USGBC United State Green Building Council WBCSD - World Business Council for Sustainable Development WGBC World Green Building Institute WRI - World Resources Institute WWF - World Wildlife Fund WWI Worldwatch Institute

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INTRODUO

O contexto ambiental do mundo est cada vez mais crtico. As alteraes no clima esto afetando de forma crescente o modo como as empresas estabelecem seus planejamentos estratgicos, seja porque tm de enfrentar novos riscos, seja porque viram oportunidades ou esto sofrendo presses de consumidores e governos. Enfim, as organizaes no podem mais ignorar completamente a questo ambiental. No Brasil, este quadro no diferente. Devido ao Aquecimento Global, causado principalmente pelas atividades humanas, os setores da economia esto tendo que mudar suas prticas at ento utilizadas. A Indstria Qumica um exemplo desta mudana atravs da tendncia da utilizao dos Princpios da Qumica Verde para o desenvolvimento de produtos ecologicamente corretos. A onipresena dos produtos da Indstria Qumica e a sua essencialidade em qualquer atividade humana, desde tratamento de gua e esgotos, at a produo e distribuio de alimentos, a preservao e recuperao da sade e o lazer, a Construo Civil, a produo metal-mecnica e as tecnologias de informao permitem que este setor econmico seja considerado um dos mais importantes. (GALEMBECK, 2007) Outro setor impactante e que tambm est mudando seus hbitos a Construo. A Cadeia da Construo possui grande importncia scio-econmica, visto que so envolvidos vrios outros setores, gerando emprego, melhoria de infra-estrutura, etc. O Brasil, em 2007, anunciou o PAC (Programa de Acelerao do Crescimento), como iniciativa que veio a comprovar a atuao deste setor como uma poderosa alavanca para o desenvolvimento do Brasil. Aliado a isto, a utilizao das prticas de Green Buildings originada nos pases desenvolvidos possibilita a aplicao dos Princpios da Qumica Verde para o desenvolvimento de produtos ecologicamente corretos destinados a Indstria da Construo.

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Alguns exemplos de sistemas de Certificao de Green Buildings existentes no mundo so: BREAM (Building Research Establishement Environmental Assessment Method), GBC (Green Building Challenge) e LEED (Leadership in Energy and Environmental Design). No Brasil est sendo adaptado desde 2007 o sistema americano LEED Brasil. Tal ferramenta fundamental quando se deseja construir de maneira sustentvel, pois garante que todas as etapas da obra sejam avaliadas segundo os Princpios Verdes. Enfim, os caminhos para inovao verde passam por uma gesto mais eficaz dos processos de produo e consumo e tem impulsionado a Cadeia da Construo a se organizar para promover melhorias. A criao de produtos ecologicamente corretos para a Indstria da Construo se faz necessria e a produo mais limpa leva as organizaes a um maior ganho de competitividade.

Objetivos do estudo:O objetivo do trabalho a realizao de uma anlise da tendncia da utilizao dos Princpios da Qumica Verde nas Empresas Qumicas Brasileiras, principalmente para a produo de materiais ecologicamente corretos consumidos pela Indstria da Construo. Esta Indstria pode ser ferramenta para o avano econmico e social no Brasil e no mundo, contribuindo para a concretizao do Desenvolvimento Sustentvel e para o fortalecimento do Setor de Green Buildings. Essa anlise gera uma comparao das empresas qumicas americanas e brasileiras produtoras de ecoprodutos para a Construo. Essa comparao se d em 2 etapas: a Etapa I concentra-se na pesquisa de empresas americanas verdes, baseando-se nos dados do programa de premiao de inovaes da Environmental Protection Agency (EPA) intitulado por Presidential Green Chemistry Challenge (PGCC). Posteriormente, na Etapa II realiza-se o cruzamento dos dados obtidos na primeira etapa com suas aplicaes na Indstria Qumica Brasileira.

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Realizou-se, para este propsito, um estudo caracterizado como pesquisa aplicada, pois visa responder questes sobre a tendncia da aplicao de princpios da Qumica Verde na Indstria Qumica americana vis--vis a brasileira, no tocante ao desenvolvimento de produtos ecolgicos destinados Construo. O estudo tambm se caracteriza como exploratrio-descritivo, uma vez que analisa a aplicao da Qumica Verde exercida pela Indstria Qumica, possibilitando direcionamento para aes futuras, ao mesmo tempo em que descreve o processo a partir do uso de tcnica padronizada para anlise das tendncias das empresas qumicas brasileiras. Um objetivo complementar a busca de novos dados e pesquisas no campo da Qumica Verde, devido dificuldade e a carncia de informaes, pois embora seja um mtodo que em termos gerais, tenha apresentado um grande desenvolvimento nos ltimos anos, a disponibilidade de dados encontra-se bem dispersa. Houve tambm a busca constante de dados em vrias revistas tcnicas, livros e artigos pertinentes Qumica Verde e suas diversas aplicaes. Outras ferramentas de pesquisa acessadas foram stios eletrnicos especializados disponveis na Internet, como o da Environmental Protection Agency (EPA), Green Chemistry, International Union of Pure and Applied Chemistry (IUPAC), Sociedade Brasileira de Qumica (SBQ), Universidade de So Paulo (USP), Universidade Federal de So Carlos (UFSCar) e vrios outros.

Organizao do estudo:Este estudo est dividido em 6 captulos: Alm desse que introduz ao estudo, o Captulo I apresenta um panorama dos fatos histricos que marcaram a mudana da relao do homem com a natureza no mundo e no Brasil. Tais acontecimentos conduzem a humanidade implantao de um novo sistema de governo mundial: o Desenvolvimento Sustentvel. Ainda no Captulo I abordada uma ferramenta bastante til para a Indstria Qumica: a Qumica Verde, no sentido de auxiliar o fortalecimento da sustentabilidade ambiental. Este Captulo finaliza com a conceituao dos 12 Princpios da Qumica

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Verde, destacando a importncia singular de cada um como meta imprescindvel a ser trilhada quando se deseja desenvolver inovaes tecnolgicas de maneira consciente. No Captulo II feita uma abordagem sobre os Green Buildings - alternativa sustentvel para a Construo. Tendo em vista o crtico contexto ambiental, este captulo expe os impactos causados pela Construo, luz dos 3 pilares do Desenvolvimento Sustentvel econmico, ambiental e social. O Programa de Acelerao do Crescimento (PAC) considerado, neste estudo, como exemplo brasileiro dos benefcios scioeconmicos provenientes da atuao da Cadeia da Construo (Construbusiness) em contrapartida os impactos ambientais gerados por esta atividade tambm so impactantes. Ainda no Captulo II conceituada a nova forma de se construir: a Construo Sustentvel. Em seguida so apresentadas as ferramentas para avaliao da sustentabilidade da Construo, como por exemplo: BREAM (Building Research Establishement Assessment Method); GBC (Green Building Challenge) e o LEED (Leadership in Energy and Environmental Design). No Brasil destacado o sistema de avaliao da sustentabilidade adaptado da ferramenta americana, o LEED Brasil. Por fim so exibidos 3 exemplos pioneiros de Green Buildings no Brasil: a Agncia do Banco Real, o Laboratrio Delboni Auriemo e o Edifcio Cidade Nova. No Captulo III abordado Produtos Ecologicamente Corretos para a Construo, sendo eles: concreto, areia e argamassa formados a partir resduos; tintas, vernizes e resinas de fontes naturais e de baixa emisso de COVs (Compostos Orgnicos Volteis); telha ecolgica; telhado verde; utilizao de bambu como alternativa barata e de rpida reproduo, se comparado com rvores de grande porte; gesso Dry Wall, Ecotijolo e Geopolmeros so exemplos de produtos ecolgicos por utilizarem substncias e/ou processos naturais e limpos. Este Captulo III tambm apresenta uma ferramenta para auxiliar no processo de desenvolvimento de produtos ecolgicos e na preocupao ambiental: a ACV (Anlise do Ciclo de Vida). Alm disso, so exibidos 3 Sistemas de Certificao de Produtos: o da Unio Europia (EU); da Associao Brasileira de Normas Tcnicas (ABNT) e do Instituto Falco Bauer da Qualidade (IFBQ).

No Captulo IV apresenta-se a Metodologia utilizada para desenvolver o presente trabalho.

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O Captulo V apresenta a Anlise e Discusso dos Resultados e est dividido em 2 etapas: na Etapa I utiliza-se o estudo exploratrio-descritivo e tem como principal fonte de pesquisa o programa de premiao americano da EPA: Presidential Green Chemistry Challenge (PGCC) e para a Etapa II foi utiliza-se a pesquisa aplicada, atravs do cruzamento das inovaes americanas obtidas na primeira etapa com suas aplicaes nas Indstrias Qumicas Brasileiras. O Captulo VI faz uma retrospectiva do trabalho, apresentando as concluses finais. Confrontam-se os resultados alcanados com a teoria utilizada, sugerindo tambm futuros estudos e desdobramentos do assunto. Alm dos captulos descritos anteriormente de forma resumida, compem, ainda, a presente Dissertao de Mestrado as Referncias utilizadas ao longo da mesma.

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CAPTULO I

DESENVOLVIMENTO SUSTENTVEL E QUMICA VERDESer apresentado a seguir um panorama dos fatos histricos que marcaram a mudana da relao do homem com a natureza no mundo e no Brasil. Tais acontecimentos demonstram gradativamente a implantao de um novo sistema de governo mundial: o Desenvolvimento Sustentvel. Tambm ser exposto como a Qumica Verde uma ferramenta bastante til para a Indstria Qumica, no sentido de auxiliar o fortalecimento da sustentabilidade ambiental. Finalmente, sero exibidos os 12 Princpios da Qumica Verde, com destaque para a importncia singular de cada um como meta imprescindvel a ser trilhada quando se deseja desenvolver inovaes tecnolgicas de maneira consciente.

1.1 Fatos histricos que marcaram a mudana da relao do homem com a natureza

... Sculo XVIII:Em termos mundiais, at o sculo XVIII, a relao entre o homem e a natureza era de subsistncia, isto , ele desfrutava da terra em busca de sua prpria alimentao e moradia, como forma apenas de sobrevivncia, no havendo at ento, sistema econmico implantado (REYNAUD, 2005).

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Sculo XVIII:A Revoluo Industrial1 (sc. XVIII - 1780) transformou a relao de subsistncia. O homem passou a ser fator de considervel importncia nas transformaes sobre a Terra, principalmente com a inveno da mquina, fazendo com que a explorao dos recursos naturais e o crescimento da produtividade da mo-de-obra aumentassem em mais de cem vezes (REYNAUD, 2005). O crescente processo de industrializao, apesar de ter representado um marco para a evoluo econmica mundial, resultou em um grande problema ambiental, pois os recursos naturais passaram a ser utilizados como se fossem infinitos, no havendo preocupao com os impactos causados pelas atividades industriais (GOMES, 2006).

Sculo XIX:Este perodo foi marcado pela difuso da industrializao no mundo, porm no havia conscincia ambiental. O meio empresarial era dominante e focava apenas em lucro e consumo. Ainda no havia a preocupao com o meio ambiente.

Sculo XX: 1950A melhoria da qualidade de vida, resultante do desenvolvimento industrial, acarretou em um grande aumento da populao mundial. Segundo Marcondes (2005), o nmero de habitantes mundial que era de 500 milhes em 1690, cresceu para 2,5 bilhes em 1950. No Brasil, este acelerado progresso econmico destacou-se em 1950, na chamada Era Vargas2. Nesta mesma poca, a questo da escassez dos recursos naturais agravou-se, uma vez que as polticas de governo ainda mantinham-se bem distantes de uma conscincia ambiental.

1 Revoluo Industrial: o primeiro pas a instalar mquinas a vapor foi a Inglaterra, no final do sculo XVIII. No sculo XIX, a industrializao se espalhou pela Europa, EUA e Japo. No Brasil, nossa indstria se afirmou no comeo do sculo XX. (SCHMIDT, 2005) 2 Getlio Vargas investiu pesado em siderurgia e energia, e posteriormente Juscelino Kubitscheck adotou uma poltica de desenvolvimento ainda mais arrojada, a qual ficou conhecida como Cinqenta anos em cinco. (FAUSTO, 1995)

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Sculo XX: 1950 1960A partir da dcada de 50, o meio acadmico manifestou-se atravs dos ambientalistas e iniciou-se um processo de estudo e pesquisa sobre as questes ambientais e sua ligao perpetuao da vida sobre o planeta. Desta forma, nasceu a idia de Ecossistema3 e Teoria Geral dos Sistemas4 (REYNAUD, 2005). Ainda nesta poca, de acordo com Marcondes (2005), surgiram tambm as associaes pioneiras de proteo ambiental5.

Sculo XX: 1960 - 1970A dcada de 60, segundo Patrcio (2005), foi marcada mundialmente pela publicao do livro de Rachel Carson, intitulado Silent Spring6

em 1962. Esta publicao marcou o

surgimento de um movimento ecolgico, baseado em uma literatura que expressava a percepo dos limites do progresso e dos riscos associados explorao desmedida dos recursos naturais das sociedades industriais. Outra caracterstica a ser destacada desta dcada, conforme Reynaud (2005) foi o conflito de interesses entre desenvolvimentistas - que visavam incrementar economicamente a atividade humana -; contrariando os preservacionistas - os quais buscavam restringir tal atividade.

Sculo XX: 1970 - 1980A partir da dcada de 70, a movimentao ambiental alcanou o patamar dos governantes, ocorrendo em 1972 a Conferncia de Estocolmo7, na Sucia, sobre Meio Ambiente. Este ano passou a ser considerado como o ano em que o direito ambiental passou a

Ecossistema: os eclogos admitem que a natureza funciona como um sistema auto-regulvel capaz de reorganizar-se quando alterado, buscando o equilbrio entre os seus componentes. O ecossistema formado pela reunio dos seres vivos com o ambiente fsico. Os seres vivos formam a comunidade, enquanto os fatores do ambiente fsico constituem o bitopo. (MACHADO, 2005) 4 Teoria Geral dos Sistemas: surgiu com os trabalhos do bilogo austraco Ludwig Von Bertalanffy, publicados entre 1950 e 1968, permitindo reconceituar os fenmenos em uma abordagem global, a inter-relao e integrao de assuntos que so, na maioria das vezes, de natureza completamente diferentes. (BERTALANFFY, 1950) 5 A criao da FBCN - Fundao Brasileira para a Conservao da Natureza - um exemplo do surgimento das associaes pioneiras de proteo ambiental no Brasil. Ela foi criada em 1958, no Rio de Janeiro, sendo a primeira organizao ambientalista a conseguir criar e manter uma presena nacional. Vrios de seus associados eram homens capazes de influir diretamente em medidas governamentais de proteo da natureza. (ALMEIDA, 2002) 6 Obra da biloga Rachel Luoise Carson, que pela primeira vez denunciava ao mundo leigo a contaminao do meio ambiente por resduos txicos decorrentes do uso de pesticidas qumicos. (MARCONDES, 2005) 7 A Conferncia de Estocolmo contou com a presena de representantes de 113 pases, 250 organizaes no governamentais e dos organismos da ONU. Foi considerado um marco histrico-poltico internacional decisivo para o surgimento de polticas de gerenciamento ambiental. (ALMEIDA, 2002)

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ser reconhecido como ramo jurdico8. A Conferncia de Estocolmo teve o grande mrito de alertar o mundo para os malefcios que a deteriorizao do ecossistema poderia causar humanidade como um todo (JUNGSTEDT, 2002). Junto a estas marcantes transformaes governamentais, ainda na dcada de 70, surgiram as normas internacionais. Elas foram criadas com a finalidade de equilibrar a proteo ambiental e a preveno da poluio de acordo com as necessidades socioeconmicas. Conforme Silva et al. (2004), entre as diversas normas internacionais de gesto ISO International Organization for Standardization , encontra-se a ISO 140009, a qual se aplica Gesto Ambiental.

Sculo XX: 1980 - 1990A dcada de 80 foi marcada por uma srie de conferncias mundiais sobre o tema do Meio Ambiente e teve como momento marcante o ano de 1983. Este foi o ano em que a Assemblia Geral das Naes Unidas pediu ao seu secretrio geral que indicasse uma Comisso Mundial do Meio Ambiente e do Desenvolvimento (CMMAD), para elaborar um relatrio a respeito do Desenvolvimento e do Meio Ambiente, em termos mundiais. A presidncia desta comisso ficou a cargo da senhora Gro. Harlem Brundtland10, ento Primeira Ministra da Noruega (GUERRA et al., 2007). No Brasil, esse relatrio, conhecido como Relatrio Brundtland, foi publicado em 1987 sob o ttulo: Nosso Futuro Comum11

. A partir deste acontecimento, surgiu o

conceito de Desenvolvimento Sustentvel, definido da seguinte maneira: Aquele que atende s necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as geraes futuras atenderem s suas prprias necessidades. (MARCONDES, 2005)

Apesar de ser considerado um marco, diversos tratados importantes a respeito do tema j haviam sido assinados anteriormente e tambm legislaes internas de diversos pases j haviam se ocupado com problemas ambientais, tais como: a matria florestal, gua e outros. (MARCONDES, 2005) 9 Estas normas contm requisitos tcnicos sobre gesto ambiental que podem ser auditados para fins de certificao, registro e/ou autodeclarao. 10 Nascida em Oslo, em 20 de abril de 1939. Primeira mulher a chefiar um governo na Noruega (foi primeira-ministra aos 42 anos em 1981, e entre 1986 e 1996) e um partido poltico (o Social-Democrata dos Trabalhadores, de 1981 a 1992). Ministra do Meio Ambiente aos 35 anos (1974). Primeira mdica a assumir a direo-geral da Organizao Mundial da Sade (19882003). Disponvel em: http://www.ideiasocioambiental.com.br/revista_conteudo.php?codConteudoRevista=255 11 Fonte: Comisso Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento. Nosso Futuro Comum. 2 ed. Rio de Janeiro: Editora da Fundao Getlio Vargas, 1991.

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Sculo XX: 1990 - 2000Na dcada de 90 houve um consenso mundial da necessidade de preservao do meio ambiente. Em 1992, representando um marco da viso ambiental, houve uma Conferncia Internacional no Rio de Janeiro (ECO-92 ou RIO-92) com a participao de 179 chefes de Estado. Nesta Conferncia foi elaborado um documento intitulado Agenda 2112, onde os pases se comprometiam em prezar pelo Desenvolvimento Sustentvel. Apesar dos avanos ambientais obtidos - no governo e no meio acadmico -, ainda na dcada de 90, a conscientizao ambientalista empresarial era muito tmida - a dimenso ambiental era vista como um mal necessrio. No mximo se submetiam aos controles estabelecidos pelo poder pblico. As empresas mais pressionadas pela mdia e sociedade civil buscavam tomar banhos de verde, isto , recorriam rapidamente estratgia de especialistas em marketing. (ALMEIDA, 2002). Com o objetivo de despertar o setor empresarial, foi criado o Responsible Care13. Um Programa para melhorar o desempenho da indstria em relao ao meio ambiente, segurana e sade do trabalhador. No Brasil, em 1992, a ABIQUIM (Associao Brasileira da Indstria Qumica) batizou este programa de Programa de Atuao Responsvel. Dessa forma, desde 1998, os associados da ABIQUIM, tiveram que, obrigatoriamente, aderir ao Programa para permanecer na entidade. (ALMEIDA, 2002) Cinco anos mais tarde, em 1997, foi realizada no Rio de Janeiro, uma conveno especial da ONU, a Rio +5. Esta conveno foi criada com a finalidade de avaliar os avanos ambientais aps a Rio-92. Porm, os resultados no foram muito otimistas, conforme pode ser observado a seguir: a populao mundial aumentou em 450 milhes de pessoas, agravando o j dramtico problema dos assentamentos humanos; a Floresta Amaznica perdeu 2 milhes de hectares a cada ano e a da Sibria 4 milhes de hectares; o compromisso assumido em 1992 pelos pases industrializados - em no aumentar suas emisses de gases at o ano 2000 e reduz-las aos nveis de 1990 - no foi cumprido, e o que se viu foi um aumento de cerca de 10%; e o desemprego passou a tomar o cenrio mundial.Plano de ao estratgico, para tentar promover - em escala planetria - novo padro de desenvolvimento, conciliando mtodos de proteo ambiental, justia social e eficincia econmica. Disponvel em: < http://www.mma.gov.br> 13 Programa criado em 1985 pela Canadian Chemical Producers Association. Disponvel em: www.abiquim.org.br12

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Em virtude dos pssimos resultados14 obtidos, o cumprimento das promessas e metas traadas pelos pases, para a execuo da Agenda 21 no foram alcanados.

Sculo XXI:Aps 10 anos da Rio-92, em 2002, ocorreu a Rio +1015. Este evento contou com mais de mil presidentes e diretores de grandes empresas. Todos se reuniram no chamado Business Day - encontro organizado pela Business Action for Sustainable Development. Na ocasio, a ONU recomendou formalmente que as parcerias entre governos e organizaes no-governamentais envolvessem tambm as empresas (REYNAUD e MARCONDES, 2005). Dessa forma, foi a partir do sculo XXI, que se iniciou uma singela ligao dos trs poderes Acadmico, Governamental e Empresarial em prol da implantao de uma nova poltica de governo, a qual possibilitasse a coexistncia de: desenvolvimento econmico, proteo ambiental e atendimento s necessidades sociais.

1.2 A implantao do Desenvolvimento SustentvelExistem algumas definies para o termo Desenvolvimento Sustentvel. Uma das mais simples e difundidas de autoria de Lester Brown, do Worldwatch Institute (WWI)16, o qual diz: Desenvolvimento sustentvel progredir sem diminuir as perspectivas das geraes futuras.

14

Dados retirados do Boletim Informativo Desenvolvimento Urbano & Meio Ambiente. Editado pela Universidade Livre do Meio Ambiente, Curitiba, 1997, p.3. (In O Estado de S. Paulo, 7 de outubro de 1997, p. A-2). 15 A RIO +10 tambm conhecida como Cpula Mundial do Desenvolvimento Sustentvel foi realizada pela Conferncia das Organizaes das Naes Unidas (ONU) em Johannesburgo, frica do Sul. (MARCONDES, 2005) 16 Uma das maiores e mais respeitadas organizaes internacionais voltadas para a pesquisa do ecossistema. Disponvel em:

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Uma outra definio defendida pelo Conselho Empresarial para o Desenvolvimento Sustentvel CEBDS17 a seguinte: Desenvolvimento sustentvel significa adotar estratgias de negcio que atendam s necessidades da organizao, do ser humano, da comunidade, ao mesmo tempo em que mantenham os recursos naturais para as prximas geraes. A definio de Pontes & Bezerra em Organizaes Sustentveis : Descobrir e utilizar uma nova conscincia que nos permita progredir em todas as dimenses ecolgicas (humana, social, econmica e ambiental), apoiando, conservando e restaurando todos os recursos que o planeta coloca nossa disposio para as futuras geraes. (In Guimares, 2008). O economista Ignacy Sachs (2005) define que: No pode se limitar unicamente aos aspectos sociais e sua base econmica, ignorando as relaes complexas entre o porvir das sociedades humanas e a evoluo da biosfera; na realidade, estamos na presena de uma co-evoluo entre dois sistemas que se regem por escalas de tempo e escalas espaciais distintas. O Desenvolvimento Sustentvel no trata somente da reduo do impacto da atividade econmica no meio ambiente, mas principalmente das conseqncias dessa relao na qualidade de vida e no bem-estar da sociedade, tanto presente quanto futura. A figura 1.1 a seguir ilustra o conceito de Desenvolvimento Sustentvel, com destaque para a inter-relao equilibrada dos trs pilares: ambiental, social e econmico. Quando estes trs pilares coexistem de forma a respeitar seus limites, torna-se possvel a chamada Sustentabilidade (S).

17 Este Conselho uma coligao de altos executivos de 145 empresas lderes mundiais, voltadas para a excelncia ambiental e princpios do desenvolvimento sustentvel. Disponvel em: .

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ambientalS

econmico

social

S = Sustentabilidade

Figura 1.1 Os trs pilares do Desenvolvimento SustentvelFonte: Elaborao prpria.

Aps o panorama histrico ambiental do mundo e do Brasil torna-se clara a necessidade da reinveno da Indstria Qumica, visto que esta atividade apesar de trazer para o homem benefcios econmicos e sociais, tambm contribui para os srios impactos ambientais, como: emisso de Compostos Orgnicos Volteis (COVs), utilizao de matrias-primas txicas, gerao de produtos txicos, snteses qumicas sob condies extremas de temperatura e presso, etc. No tpico a seguir ser abordada a necessria reinveno da Qumica e da Indstria Qumica, contribuindo para o estabelecimento do Desenvolvimento Sustentvel.

1.3 A necessria reinveno da Qumica e Indstria QumicaEntende-se o termo reinveno, como a necessidade de sobrevivncia e crescimento que a Indstria Qumica, vista como um organismo vivo encontra-se forada pelo ambiente18, aplicao de novos processos, desenvolvimento de novos produtos, surgimento de novas empresas e operao de novas formas de gesto das j existentes. (WONGTSCHOWSKI, 2002) Dados da literatura e do meio industrial informam que a Indstria Qumica possui grande fatia de mercado: ela est entre os dois maiores setores industriais do mundo, disputando com o setor de semicondutores, equipamentos e materiais de tecnologia da informao. Alm disso, dados19 de faturamento lquido, relativos a 2007, demonstram que osA imposio do ambiente fruto dos seguintes poderes: (i) comunidade civil - influencia a poltica ambiental e o comportamento social da empresa; (ii) fornecedores e clientes - moldam o processo produtivo e os produtos de cada empresa; e (iii) empregados - limitam e influenciam a ao dos executivos. (WONGTSCHOWSKI, 2002) 19 Dados retirados do stio eletrnico da Abiquim: www.abiquim.org.br acessado em julho/2009.18

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pases que possuem as maiores empresas qumicas so, pela ordem, os Estados Unidos, China, Alemanha e Japo. Alm disso, os valores dos ativos20 da Indstria Qumica e dos seus gastos21 so elevadssimos. No Brasil22, a Indstria Qumica tambm possui papel importante na economia, ocupando a 9 posio no ranking mundial, estando na frente da Rssia, ndia e de pases que sediam empresas importantes, como a Blgica, Holanda, Finlndia e Sua. Indicadores23 econmicos comprovam esta posio, como por exemplo: o 2 lugar no setor industrial com 12% do PIB da indstria de transformao, depois da indstria de alimentos e bebidas (com 16,3%); a contribuio de o setor qumico ser da ordem de 3,1% do PIB (em 2008); o expressivo crescimento do faturamento lquido a partir de 2002 e o ganho em exportao24 no valor de US$11,9 bilhes em produtos qumicos em 2008. Toda esta poderosa influncia na economia explicada pela onipresena dos produtos da Indstria Qumica e pela sua essencialidade em qualquer atividade humana, desde tratamento de gua e esgotos, at a produo e distribuio de alimentos, a preservao e recuperao da sade e o lazer, a Construo Civil, a produo metal-mecnica e as tecnologias de informao. (GALEMBECK, 2007)

20

Em 2005, o valor das entregas da indstria norte-americana atingiu US$549 bilhes, alcanando US$ 189 bilhes na Alemanha, US$122 no Japo e superando globalmente a marca do trilho de dlares. (GALEMBECK, 2007) 21 Vrias empresas globais tm gastos de P&D superiores a US$ 1 bilho por ano, entre elas a Dow, BASF, DuPont e Bayer. 22 Mais informaes sobre a Indstria Qumica brasileira podem ser obtidas atravs do stio eletrnico da Abiquim: www.abiquim.gov.br 23 Dados extrados do stio eletrnico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE): www.ibge.gov.br 24 Fonte: Sistema Aliceweb MDIC/Secex.

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1.3.1 A Versatilidade da Indstria QumicaUm exemplo da versatilidade da Indstria Qumica pode ser demonstrado atravs da anlise de 2 cadeias distintas para obteno de produtos qumicos orgnicos, com destaque para a petroqumica (ver figura 1.2) e a alcoolqumica (ver figura 1.3).

APLICAES:

Figura 1.2 Indstria PetroqumicaFonte: Antunes, 2007.

Destacam-se algumas caractersticas: (i) a fonte de matria-prima da Indstria Petroqumica o petrleo (matria-prima fssil); (ii) o petrleo uma fonte txica e geradora de perigosas emisses; (iii) trata-se de uma fonte no-renovvel e (iv) apesar de os produtos finais obtidos desta rota possurem grande importncia para o mercado consumidor e por sua vez, para a economia mundial, eles causam srios impactos ambientais negativos, alm de danos sade.

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Legenda: MVA Acetato de Vinila Monmero PVA Acetato de Polivinila PVC / AC Acetato de Potssio / Anidrido Actico CMC - Carboximetilcelulose

Figura 1.3 Indstria AlcoolqumicaFonte: Antunes, 2007

Em contra partida, a figura 1.3 permite colocaes do tipo: (i) a fonte de matria-prima desta rota o lcool, obtido com sucesso brasileiro a partir da cana-de-acar - considerada como biomassa -; (ii) esta fonte atxica; (iii) a cana-de-acar renovvel e (iv) alguns dos produtos finais obtidos desta rota so os mesmos da indstria petroqumica, contribuindo da mesma forma economia, porm destacam-se as vantagens de seus produtos serem incuos ao meio ambiente e no causarem danos sade. Uma outra afirmao colocada por Schuchardt et al. (2001) vm ao encontro das anlises realizadas anteriormente. Eles defendem que a biomassa, alm de ser uma alternativa renovvel, tambm reduz a poluio, j que formada a partir de CO2 e H2O. Alm disso, os referidos autores fazem as seguintes consideraes: uma tonelada de biomassa25 corresponde a aproximadamente 2,9 barris de petrleo; o Brasil precisa de cerca25

O valor calorfico mdio do petrleo igual a 10.000kcal/kg e a biomassa base seca equivalente a 4.000kcal/kg .

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de 1.800.000 barris de petrleo por dia (90x106 toneladas de petrleo por ano). Toda essa demanda brasileira poderia ser suprida por 225x106 toneladas de biomassa por ano. Levando-se em conta que no mundo so produzidas cerca de 100x109 toneladas de biomassa por ano, e que a produo anual no Brasil da ordem de 21x109 toneladas de biomassa, seria necessrio somente 1% da biomassa produzida anualmente no Brasil para substituir o petrleo, o que no afetaria a produo de alimentos, nem significaria devastao ou qualquer outra forma de agresso s florestas.

1.3.2 Alguns impactos causados pela Indstria QumicaAinda em relao Indstria Qumica, apesar de contribuir para o avano econmico e para o desenvolvimento de um pas, ela tambm gera inmeros inconvenientes, como: a formao de subprodutos txicos; a contaminao do ambiente; a produo de grandes volumes de efluentes txicos gerados por vrios processos qumicos; o Aquecimento Global, etc. O Aquecimento Global resultado do aumento da emisso de gases poluentes na atmosfera. Os gases poluentes ou Gases do Efeito Estufa (GEE), como tambm so chamados, so: dixido de carbono, metano, xido nitroso, hidrofluorcarbono, perfluorcarbono e o hexafluorcarbono de enxofre. Os GEE formam uma camada espessa, de difcil disperso, causando o Efeito Estufa26. Este fenmeno ocorre, pois, estes gases absorvem grande parte da radiao infravermelha refletida pela Terra, refletindo radiao trmica. Uma importante estratgia foi elaborada a fim de frear o Aquecimento Global no mundo: o Protocolo de Kyoto. Esta estratgia foi estabelecida em uma conferncia sobre mudanas climticas em 1997, no Japo. Esta Conferncia teve como objetivo a reduo da emisso de gases por pases industrializados e contava com a adeso de no mnimo 55% dos pases responsveis pela emisso dos gases nocivos, isto , na reduo dos nveis de emisso dos GEE em 5% em comparao com os nveis de 1990. Porm, somente em fevereiro de 2005 foi implantado, atravs da adeso da Rssia27, segundo maior emissor de gases nocivos ao Efeito Estufa.O Efeito Estufa uma conseqncia da emisso de gases poluentes de diferentes fontes (atividade humana): agropecuria, queimadas, depsito de lixo, indstrias, refinarias e transportes. Extrado da Coletnea Salve o Planeta do Jornal O Globo Volume: AQUECIMENTO GLOBAL 2007. 27 A Rssia s assinou o acordo do Protocolo de Kyoto quando descobriu que a sua adeso permitiria moeda de troca para conseguir ingresso na Organizao Mundial do Comrcio (OMC).26

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Em suma, considerando-se a necessidade de um contnuo desenvolvimento econmico, social e ambiental sustentveis, com vistas manuteno e melhoria da qualidade de vida de todos, torna-se imperiosa uma nova conduta qumica para o aprimoramento de tcnicas e metodologias. Em fim, torna-se evidente que os Princpios da Qumica Verde operem como ferramenta poderosa para alavancar a sustentabilidade do sistema de produo industrial. (BOSCHEN, 2003)

1.4 A Qumica VerdeDesde aproximadamente a dcada de 1990, a Indstria Qumica tem procurado adotar uma postura de reduo, preveno ou eliminao das causas dos impactos ambientais que tem gerado. Uma ferramenta poderosa para auxiliar esta filosofia tem sido a Qumica Verde, a qual foi definida por Anastas e Warner (1998) como: A criao, o desenvolvimento e a aplicao de produtos e processos qumicos para reduzir ou eliminar o uso e a gerao de substncias nocivas sade humana e ao ambiente.

1.4.1 Breve histrico e a evoluo da Qumica VerdeEm 1991, aps a Lei de Preveno Poluio (LPP)28 dos EUA, a agncia ambiental norte-americana Environmental Protection Agency (EPA)29, atravs de seu escritrio para preveno de poluio, lanou seu programa Rotas Sintticas Alternativas para Preveno de Poluio30. Em 1993, com a incluso de outros tpicos como solventes ambientalmente corretos e compostos incuos, houve a expanso e renomeao deste programa, que a partir de ento adotou oficialmente o nome de Qumica Verde. Alguns anos depois, em 1995, foi institudo pelo Governo americano o programa de premiao Presidential Green Chemistry Challenge (PGCC)31, com o objetivo de premiar inovaes tecnolgicas que pudessem vir a ser implementadas na indstria para a reduo da28

Esta foi a primeira e nica lei que focou na preveno da poluio, ao invs do tpico tratamento e remediao. Atravs desta lei, a EPA tentou se associar com a indstria para encontrar mtodos mais flexveis e economicamente viveis no somente nas regras j existentes, mas tambm prevenindo a poluio na sua origem. (ANASTAS e WARNER, 1998) 29 Um grande nmero de informaes pode ser conseguido no stio eletrnico da EPA: http://www.epa.gov/greenchemistry, acessado em junho de 2009. 30 Linha de financiamento para projetos de pesquisa que inclussem a preveno de poluio em suas rotas sintticas. 31 A leitura analtica das pesquisas geradas por este programa permitiu autora da presente pesquisa, a gerao da fonte principal de dados para desenvolvimento do Captulo V.

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produo de resduos, em diferentes setores da produo. Anualmente so premiados trabalhos em 5 categorias, conforme a seguir: (i) (ii) (iii) (iv) (v) Acadmico; Pequenos Negcios; Rotas Sintticas Alternativas; Condies Alternativas de Reao e Desenhos de Produtos Qumicos mais seguros.

Em 1993, na Itlia, foi estabelecido o Consrcio Universitrio Qumica para o Ambiente (Interuniversity Consortium Chemistry for the Environment, INCA)32, com o intuito de reunir pesquisadores envolvidos com as questes qumicas e ambientais para a disseminao dos princpios e tpicos de interesse da qumica mais limpa ou ambientalmente correta. Em 1997 foi criado o Instituto de Qumica Verde (Green Chemistry Institute, GCI) que, desde 2001, tem parceria com a Sociedade Americana de Qumica (American Chemical Society, ACS). Outra importante instituio, a Sociedade Britnica de Qumica (Royal Society of Chemistry, RSC) lanou em 1999 o peridico Green Chemistry, com um ndice de impacto bastante relevante (4.192 peridicos em abril de 2009). Neste mesmo perodo, em 2001, a Unio Internacional de Qumica Pura e Aplicada (International Union for Pure and Applied Chemistry, IUPAC) aprovou a criao do SubComit Interdivisional de Qumica Verde e em 2006 organizou a segunda Conferncia Internacional em Qumica Verde / Sustentvel na ndia. Em 2004, dentro da Srie de textos Green Chemistry da IUPAC / INCA foi editado o livro Qumica Verde en Latinoamerica (TUNDO, 2004).

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Todos os anos, o INCA promove a Escola Internacional de Vero em Qumica Verde, a qual conta com a participao de estudantes de reas relacionadas qumica de mais de vinte pases. (LENARDO et al., 2003)

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No Brasil, segundo Sanseverino (2000), os conceitos da Qumica Verde comearam a ser difundidos mais recentemente, seja no meio acadmico, governamental ou industrial. O grupo de Sntese Orgnica Limpa do Instituto de Qumica e Geocincias da Universidade Federal de Pelotas (RS) criou a WWVerde, pgina na Internet (http://www.ufpel.tche.br/iqg/wwverde/ ) com informaes sobre a Qumica Verde. Nesta mesma direo, no incio de 2006, o Departamento de Qumica da Universidade Federal de So Carlos promoveu a sua 26 Escola de Vero, que teve como foco a Qumica Verde e contou com a participao de pesquisadores e palestrantes33 nacionais e internacionais de renome neste campo. Em janeiro de 2007 foi realizada, no Instituto de Qumica da Universidade de So Paulo (USP), a primeira Escola de Vero em Qumica Verde, e em novembro deste mesmo ano, ocorreu o primeiro Workshop Brasileiro sobre Qumica Verde, em Fortaleza, onde foi anunciada a instalao da Rede Brasileira de Qumica Verde34, a qual pretende ser o elemento institucional de promoo das inovaes tecnolgicas para as empresas nacionais, com o apoio da comunidade cientfica e o suporte das agncias governamentais. Alm disso, pesquisas brasileiras em Qumica Verde tm sido publicadas em revistas internacionais, como a Green Chemistry. Determinadas reas merecem destaque em suas pesquisas, quais sejam: (i) Desenvolvimento de catalisadores slidos - apresentam grande vantagem na sua reutilizao com o objetivo de aumentar o rendimento da reao e diminuir a formao de subprodutos. Uns dos pesquisadores brasileiros que atuam na rea de catlise so: Dalmo Mandelli PUC de Campinas; Ulf Schuchardt Universidade Estadual de Campinas e Jairton Dupont Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

(1) "Metabolic Engineering, Biosynthesis and Biotransformation", Prof. R. Verpoorte, Leiden University, Netherlands; (2) "Ionic Liquids as Green Solvents: Progress and Prospects", Prof. Robin Rogers, University of Alabama, TuscaloosaAL, USA e (3) "Microwave Assisted-Organic Synthesis", Dr. Rajender S. Varma, US Environmental Protection Agency, Cincinnati, OH-USA. 34 Esta Rede coordenada pelo professor Jos Oswaldo Carioca (UFC) e vice-coordenada pelo professor Caetano Moraes (UFRJ).

33

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(ii)

Estratgias para o desenvolvimento de sistemas de fluxo seqencial - para a diminuio do uso de reagentes, atravs do seu tratamento e reciclagem on-line. Uns dos pesquisadores brasileiros que atuam na rea de anlises em fluxo so: Fbio

Rocha Universidade de So Paulo (USP); Joaquim Nbrega Universidade Federal de So Carlos (UFSCar) e Orlando Fatibello UFSCar. (iii) (iv) Modificao de produtos comerciais - tornando-os substancialmente menos txicos35. Ancoramento de substncias quelantes em matrizes slidas - para a remoo de contaminantes de solventes. Uns dos pesquisadores brasileiros que atuam na aplicao de substncias quelantes so: Cludio Airoldi Universidade Estadual de Campinas; Alexandre Prado Universidade de Braslia e Luiza Arakaki Universidade Federal da Paraba. (v) Modificao de procedimentos sintticos - para o aumento do rendimento das reaes. Um dos pesquisadores brasileiros que atua na modificao de procedimentos sintticos : Antonio Sanseverino Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e o Centro de Pesquisa da Petrobras (CENPES). (vi) Eliminao de solventes orgnicos - usados durante o processo de produo. Uns dos pesquisadores brasileiros que atuam na eliminao de solventes orgnicos so: Cludio Airoldi Universidade Estadual de Campinas; Alexandre Prado Universidade de Braslia.

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Para maiores informaes acessar o stio eletrnico: http://chemweb.com/alchem/articles/1022229043944.html

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1.4.2 Os 12 Princpios da Qumica VerdeAs pesquisas enumeradas anteriormente e tantas outras esto sendo desenvolvidas globalmente no ramo da qumica, com a finalidade de se utilizar esta cincia como uma ferramenta para implantao e difuso do Desenvolvimento Sustentvel no mundo. Basicamente, h 12 tpicos que precisam ser perseguidos quando se pretende aplicar a qumica verde em uma indstria ou instituio de ensino e/ou pesquisa na rea da Qumica. Ento, os 12 Princpios da Qumica Verde so:

1) Preveno:Prevenir a formao de resduos melhor e menos dispendioso que a remediao ou tratamento a posteriori dos mesmos. (ANASTAS et al., 1998) A partir do momento em que se investe em tecnologias mais limpas de produo, no h necessidade de investimentos pesados no tratamento de resduos, que nem sempre resolve satisfatoriamente o problema.

2) Economia de tomos36:Deve-se procurar desenhar metodologias sintticas que possam maximizar a incorporao de todos os materiais de partida no produto final. (TROST, 1991) Verifica-se a eficcia da reao atravs da diviso do peso molecular do produto desejado pelo obtido da soma de todas as substncias produzidas nas equaes estequiomtricas envolvidas no processo. Snteses37 que envolvem reaes com boa economia de tomos (adio, rearranjos, reaes envolvendo catlise e biocatlise) so chamadas de sntese verde; quando reaes de baixa incorporao de tomos no produto final esto envolvidas (substituio, eliminao, reaes estequiomtricas de uma maneira geral), tem-se uma sntese marrom. Sheldon (2007) identifica uma outra ferramenta para avaliar a eficincia de uma reao, utilizada a nvel industrial, o chamado fator E, definido como a razo entre a soma das massas dos produtos secundrios e a massa do produto desejado, levando em considerao36 37

Conceito formulado na dcada de 1990 por Trost e Sheldon. In Cann e Connelly, 2000.

40

todas as substncias utilizadas na reao, incluindo-se os solventes (exceto gua) e a parcela de reagentes no convertidos. Quanto maior o valor do fator E, maior a massa de rejeito gerada e menos aceitvel o processo, do ponto de vista ambiental.

3) Reaes com compostos de menor toxicidade:Sempre que praticvel, a sntese de um produto qumico deve utilizar e gerar substncias que possuam pouca ou nenhuma toxicidade sade humana e ao meio ambiente. (PRADO, 2003) Warner et al. (2004) afirmam que a incorporao de materiais menos perigosos nas snteses orgnicas pode ser considerada como o corao da Qumica Verde.

4) Desenvolvimento de compostos seguros:Os produtos qumicos devero ser desenvolvidos para possurem a funo desejada, apresentando a menor toxicidade possvel. (PRADO, 2003) Lenardo (2003) acredita que os princpios 3 e 4 podem ser considerados complementares, pois envolvem tanto a toxicidade dos reagentes quanto dos produtos envolvidos em um processo.

5) Diminuio do uso de solventes e auxiliares:A utilizao de substncias auxiliares (solventes, agentes de separao, agentes secantes, etc.) dever ser evitada quando possvel ou usadas inocuamente no processo. (PRADO, 2003) Muitas reaes utilizam grandes quantidades de solventes orgnicos, que so frequentemente txicos e nem sempre sua utilizao vivel economicamente. Muitas vezes esses solventes so descartados na gua, no ar e no solo, poluindo o ambiente. Entretanto, um grande esforo est sendo feito no sentido de substituir solventes orgnicos convencionais por solventes verdes, como fluidos super crticos, lquidos inicos temperatura ambiente, hidrocarbonetos perfluorados e gua. Alternativamente, as reaes tambm podem ser

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efetuadas na ausncia de solventes, o que tambm bastante desejvel quando se busca a reduo de resduos. (LENARDO, 2003)

6) Eficincia energtica:Os mtodos sintticos devem ser conduzidos sempre que exeqvel presso e temperatura ambientes, para diminuir a energia gasta durante um processo qumico que representa um impacto econmico e ambiental (PRADO, 2003) Um dos desafios para os qumicos e engenheiros qumicos o desenvolvimento de novas reaes que possam ser efetuadas de maneira a minimizar o consumo de energia. Uma opo substituir o aquecimento convencional por fontes de energia alternativas, como as microondas e o ultrassom. (VARMA et al., 1997 e 1998)

7) Uso de substncias renovveis:Sempre que tcnica e economicamente vivel, a utilizao de matrias-primas renovveis (biomassa) deve ser escolhida em detrimento de fontes no-renovveis. (ANASTAS, 1998) A sntese de qualquer produto comea com a seleo do material de partida e, em muitos casos, esta escolha pode ser o fator mais importante a determinar o impacto ambiental de um dado processo de manufatura.

8) Evitar a formao de derivados:A derivatizao desnecessria (uso de grupos bloqueadores, proteo/desproteo, modificao temporria por processos fsicos e qumicos) deve ser minimizada ou, se possvel, evitada, porque estas etapas requerem reagentes adicionais e podem gerar resduos. (PRADO, 2003) Idealmente, uma sntese deve levar molcula desejada a partir de materiais de partida de baixo custo, facilmente obtidos, de fonte renovvel, em uma nica etapa, simples e ambientalmente aceitvel, que se processe rapidamente e em rendimento quantitativo. Alm disso, o produto precisa ser separado da mistura da reao com 100% de pureza. Obviamente esta situao ainda muito difcil de conseguir. (WENDER et al., 1997)

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9) Catlise:Os reagentes catalticos, to seletivos quanto possvel, so superiores aos reagentes estequiomtricos. (DUPONT, 2000) O desenvolvimento, nos ltimos anos, de catalisadores altamente seletivos e efetivos em transformaes complexas e difceis de serem previstas at ento, aproximou as pesquisas chamada sntese ideal. Em geral, reaes que utilizam catalisadores heterogneos so mais limpas, mais seletivas e, como h possibilidade de reciclar e reutilizar o catalisador por vrias vezes, h, invariavelmente, vantagens econmicas.

10)

Desenvolvimento de compostos degradveis:

Idealmente, deve-se dar origem a compostos que sejam degradados a produtos incuos, logo aps cumprirem a sua funo. (ANASTAS, 1998) O ambiente natural do Planeta Terra constitudo por ciclos ecolgicos, onde o resduo de um processo torna-se fonte alimentadora de outro. No passado, os materiais eram projetados para terem caractersticas robustas e resistentes aos ciclos de degradao, com o objetivo de atender s exigncias dos consumidores, por um material durvel. Porm, vrias reas ao redor do Planeta esto saturadas de materiais no degradveis o que causa grande impacto ambiental. Dessa forma, a Qumica Verde atua como uma ferramenta para criao de materiais biodegradveis.

11)

Anlise em tempo real para a preveno da poluio:

Ser necessrio o desenvolvimento futuro de metodologias analticas que viabilizem um monitoramento e controle dentro do processo, em tempo real, antes da formao de substncias nocivas. (ANASTAS, 1998) O uso dos princpios da Qumica Verde no desenvolvimento de novas tcnicas e metodologias de monitoramento de fundamental importncia para reduzir os impactos ambientais decorrentes de anlises qumicas, em atividades de manufatura, pesquisa ou regulao, de instituies pblicas ou privadas. (ZUIN, 2009)

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12)

Qumica segura para a preveno de acidentes:

As substncias, bem como a maneira pela qual uma substncia utilizada em um processo qumico, devem ser escolhidas a fim de minimizar o potencial para acidentes qumicos, incluindo vazamentos, exploses e incndios. (Mc CREED, 1999)

Solventes conhecidos como lquidos inicos tm sido propostos e avaliados por vrios grupos de pesquisa em Qumica Verde. Tais lquidos apresentam presso de vapor muito baixa, sendo virtualmente no-volteis temperatura ambiente, e tm sido utilizados com vrios propsitos como, por exemplo, solventes alternativos em snteses ou ainda como substitutos de solventes orgnicos explosivos, reduzindo a possibilidade de acidentes. (WARNER, 2004)

Finalmente, com base na viso mundial pautada nos princpios do Desenvolvimento Sustentvel, o mundo vem caminhando para uma nova economia, na qual os cidados precisam desde a sua educao primria tomar cincia das urgncias que as prximas geraes esperam. A Qumica Verde, neste sentido, funciona como um instrumento facilitador da reinveno da Indstria Qumica. Esta por sua vez, sendo desenvolvida de forma consciente, isto , alicerada no trip da sustentabilidade proporcionar invenes tecnolgicas mais saudveis.

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CAPTULO II

GREEN BUILDINGS: ALTERNATIVA SUSTENTVEL PARA A CONSTRUO

Inicialmente sero abordados alguns fatos histricos importantes da Construo Sustentvel no Mundo e no Brasil. Em seguida sero destacados os benefcios scioeconmicos gerados pela Indstria da Construo. Em contrapartida sero comparados tais benefcios com os impactos causados por uma Construo sem viso sustentvel. Tambm ser observado que a viabilidade para uma Construo Sustentvel requer mudana radical dos hbitos construtivos, isto , novos produtos, novas tecnologias, reduo do desperdcio, planejamento da obra, reciclagem e preocupao com a sociedade de um modo geral, o que contribuir para que a Construo atue de maneira relevante diminuio dos impactos ambientais.

2.1 Histrico da Construo Sustentvel no Mundo e no BrasilDe acordo com Patrcio (2005): os dois mais antigos edifcios verdes datam do sculo XIX: o Palcio de Cristal em Londres e a Galleria Vittorio Emanuele em Milo. Ambos usavam sistemas de design verde, tais como ventiladores de telhado e cmaras subterrneas de ar frio. Mais tarde, em 1973, com a crise do Petrleo38, iniciou-se uma discusso sobre edifcios energeticamente mais eficientes. O desafio era superar a crise do petrleo atravs de prdios que consumissem menos energia. Foi a partir da dcada de 90 que surgiu o termo Green Building. Tratava-se de empreendimentos que utilizassem alta tecnologia para reduzir os impactos negativos causados pela Construo ao meio-ambiente, promovendo benefcios sociais, econmicos e ambientais, durante todo o processo de concepo, execuo e operao da atividade da Construo.

38 Pases exportadores de petrleo subiram abruptamente o preo de seus produtos, forando o Ocidente a encontrar opes para seu abastecimento (PATRICIO, 2005).

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Segundo Kibert (1994), em 1993 foi criado o United State Green Building Council (USGBC). Primeiro Conselho sobre Construo Sustentvel dos Estados Unidos, onde foi discutido o futuro da Construo, no contexto da sustentabilidade. No ano seguinte criao do USGBC, foi realizada a primeira conferncia americana sobre Green Building. A partir desta conferncia foram estabelecidos 6 princpios para serem atendidos durante o processo de Construo, conforme a seguir: (1) minimizar o consumo de recursos; (2) maximizar a reutilizao dos recursos; (3) utilizar recursos renovveis e reciclveis; (4) proteger o ambiente natural; (5) criar um ambiente saudvel e no txico; (6) fomentar a qualidade ao criar o ambiente construdo. Aps 3 anos do estabelecimento dos princpios citados anteriormente, ocorreu o Primeiro Encontro sobre Construo Sustentvel na Finlndia. Naes desenvolvidas, as maiores consumidoras de energia, tiveram de repensar suas estratgias de produo e estilo de vida. A busca por maior eficincia energtica tornou-se um imperativo em todos os setores da economia, incluindo as Construes, que demandavam grandes quantidades de energia para iluminao, funcionamento e sistemas de calefao e refrigerao, por exemplo. (ARAJO, 2005) Mundialmente, em 1999, agentes chaves do Setor da Construo, isto , desde utilizadores e empreiteiros, aos projetistas definiram uma Agenda 21 para Construo Sustentvel. Esta Agenda foi uma estratgia para a adequabilidade do Setor s metas propostas pelos pases envolvidos e mais um indcio da conscientizao mundial do Setor da Construo respeito do Desenvolvimento Sustentvel. Em 2002, foi realizado em Oslo, o Congresso Mundial de Edifcios Sustentveis (Sustainable Building SB). Tal evento recebeu 1.000 participantes de 68 pases, entre os quais estava Portugal, para discutirem o conceito de sustentabilidade na Construo. Com uma viso mais renovada, as Universidades de Portugal, e o Instituto Superior Tcnico, que possua disciplinas neste domnio, atravs do Fundec (Fundao para Formao Contnua em Engenharia Civil), efetuaram cursos sobre avaliao e projeto da Construo Sustentvel, para o setor empresarial. (PINHEIRO, 2003)

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Enquanto isso, no Brasil, o incio da disseminao do conceito de Construo Sustentvel ocorreu apenas em 2007 atravs da criao do CBCS (Conselho Brasileiro de Construo Sustentvel). O CBCS foi o resultado da articulao entre lideranas empresariais, pesquisadores, consultores e profissionais atuantes. Este Conselho objetiva induzir o Setor da Construo a utilizar prticas sustentveis, que venham melhorar a qualidade de vida dos usurios, dos trabalhadores e do ambiente que cerca as edificaes. Outro marco importante da presena da Construo Sustentvel no Brasil tambm em 2007 foi a criao do GBC Brasil (Green Building Council Brasil). O GBC Brasil nasceu com o objetivo de desenvolver a Indstria da Construo Sustentvel no pas, utilizando as foras de mercado para conduzir a adoo de prticas de Green Building em um processo integrado de concepo, implantao, construo e operao de edificaes e espaos construdos. Aps 1 ano de sua criao o GBC Brasil participou do Congresso Internacional do World Green Building Council (WGBC). A presena brasileira neste congresso, no qual 30 pases discutiram prticas para o desenvolvimento da Construo Sustentvel, demonstrou a conscincia brasileira para a concretizao das metas estipuladas mundialmente para a concretizao do Desenvolvimento Sustentvel. Ainda em 2008, o GBC Brasil participou da 16 Feira Internacional da Indstria da Construo, realizada em So Paulo. O evento contou com a participao de 160 mil visitantes de todo o Brasil e do exterior. Nesta Feira a Sustentabilidade foi o tema de maior destaque. Foram abordados o conceito de Green Building, a estrutura e funcionamento do prprio GBC Brasil, alm dos conceitos para certificao e categorias existentes. Neste mesmo ano (2008), o GBC Brasil realizou o I Seminrio de Construo Sustentvel e Certificao Green Building no Brasil. Os participantes vieram de vrios estados, como Rio de Janeiro, Pernambuco, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Neste seminrio foram apresentados 2 cases de obras certificadas. O Banco Real, primeira Construo Sustentvel da Amrica do Sul, foi apresentado pelo arquiteto Roberto Oranje, e o case de ampliao do CENPES / Petrobras, a maior obra sustentvel em execuo do Brasil, foi apresentado pelo arquiteto Siegbert Zanettini, responsvel pela elaborao do projeto que tem concluso prevista para 2010. Em Salvador, em junho de 2008, autoridades renomadas do cenrio poltico nacional, Deputados Federais, Ministros, Senadores, Governadores e Prefeitos, representantes do GBC Brasil, especialistas em meio ambiente e lderes comunitrios formataram uma carta de

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solues com propostas ecologicamente corretas para tornar as cidades brasileiras um exemplo na preocupao com a sustentabilidade e a qualidade de vida dos cidados.

2.2 Impactos causados pela Construo:Segundo Pinheiro (2006) o Setor da Construo oferece grande contribuio scioeconmica, com uma forte incidncia no volume de emprego, contribuio para o PIB e formao bruta do capital fixo, tendo ainda um efeito de participao aprecivel nas restantes reas econmicas. Porm, precisa muito reavaliar os seus impactos ambientais gerados durante todo o ciclo da Construo.

2.2.1 Benefcios Scio-Econmicos:Quando o projeto de uma construo ganha vida em um canteiro de obras, inicia-se um processo de encadeamento de atividades produtivas de vrios setores econmicos, como por exemplo: Industrial, Logstico, Saneamento, Energia Eltrica e etc. A Indstria da Construo permite a melhoria destes setores e consequentemente o desenvolvimento de cada um. Esta atuao facilita o desenvolvimento scio-econmico de um pas, atravs do aumento da oferta de empregos e da melhoria da qualidade de vida da populao. Em termos tcnicos, no meio dos negcios, este ciclo de setores envolvidos pela Indstria da Construo conhecido por Construbusiness. Este termo foi estabelecido, em 1996, pela Comisso da Indstria da Construo (CIC) da Federao das Indstrias do Estado de So Paulo (FIESP), cujo objetivo era analisar a cadeia produtiva deste setor no Brasil. A seguir, ser abordado um programa brasileiro, desenvolvido em 2007 pelo Governo Federal, com o objetivo de alavancar o crescimento scio-econmico do pas atravs da Indstria da Construo.

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2.2.1.1 Programa de Acelerao do Crescimento (PAC):

O Brasil o segundo maior canteiro de obras do planeta, ficando atrs apenas da China. Um exemplo desta importncia foi a criao do Programa de Acelerao do Crescimento (PAC) em 2007 estabelecido estrategicamente pelo governo federal brasileiro. (BETING, 2008) O objetivo principal deste programa foi promover um grande desenvolvimento sustentvel para o Brasil. Consistiram em investimentos pesados em infra-estrutura para o desenvolvimento econmico e social do pas, com previso de investimentos at 2010 de um total de R$ 503 bilhes, nas reas de transporte, energia, saneamento, habitao e recursos hdricos. Na tabela 2.1, pode-se mensurar os investimentos nos 3 diferentes setores de infraestrutura, sendo eles: Logstica, Energia e Social / Urbano.

Tabela 2.1 Investimentos do PAC 2007 a 2010

LOGSTICA INVESTIMENTOS (BILHES R$) 58,3

ENERGIA 274,8

SOCIAL / URBANO 170,8

Fonte: Dados do Portal do Governo Brasileiro em nov./2008

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Na tabela 2.2 a seguir observam-se os inmeros benefcios dos investimentos do PAC para o Brasil no perodo de 2007 a 2010.

Tabela 2.2 Os benefcios do PAC para o Brasil 2007 a 2010BENEFCIOS Construo, adequao, duplicao e recuperao de: Ampliao e melhoria de: Gerao de energia eltrica: Construo de linhas de transmisso Instalao de unidades de refino e petroqumicas Construo de gasodutos Instalao de usinas de produo de Biodiesel Instalao de usinas de produo de etanol Investimento em habitao gua e coleta de esgoto Infra-estrutura hdricaFonte: Elaborao prpria39

NMEROS 45.000 km de estrada 2.518 km de ferrovias 12 portos 20 aeroportos Mais de 12.386 MW 13,826 km 4 unidades 4.526 km 46 unidades 77 unidades R$ 106,3 bilhes 22,5 milhes de domiclios 23,8 milhes de pessoas

Um exemplo da grandeza da Indstria da Construo, no mundo, pode ser notado atravs de um estudo realizado pela Cmara de Comrcio rabe Brasileira, em misso no Golfo Arbico em 2007. Esta Cmara destacou o Setor de Construo como sendo um dos mais promissores, com perspectivas de investimentos de at US$ 1 trilho nos prximos anos (2008 2010). Na tabela 2.3 observam-se alguns dos investimentos j realizados nos principais pases rabes no setor construtivo.Tabela 2.3 Investimentos no Setor da Construo nos Pases rabes (2007)PASES Kuwait Catar Dubai INVESTIMENTO (US$) 11 bilhes 49 bilhes 9,7 bilhes EMPREENDIMENTO Setor da Construo em geral Um aeroporto e oito hotis de luxo Parque de diverses Dubailand e Ilhas privadas no formato do mapa-mundi

Fonte: Elaborao prpria. Dados do site: www.desenvolvimento.gov.br

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Este investimento beneficiar 4 milhes de famlias.

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2.2.2 Impactos Ambientais NegativosApesar dos benefcios scio-econmicos observados anteriormente, a Indstria da Construo responsvel por muitos problemas ambientais, como: o aquecimento global, a emisso de CO2, alto consumo de energia, alto consumo de gua, gerao de resduos slidos, dentre outros. Dados da revista tcnica Tem Construo de 2008, relatou que a Construo consome 50% dos recursos naturais extrados da natureza, alm de gerar de 50% a 70% do volume de resduos slidos urbanos. A operao dos edifcios consome algo em torno de 50% do montante da energia gerada. Uma afirmao de Fernando Almeida, presidente executivo do CEBDS (Comit Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentvel) e um estudo do Programa de Meio Ambiente das Naes Unidas (PNUD) vieram a corroborar com os dados da revista ora citada, a respeito do impacto ambiental causado pelo Setor da Construo. Segundo eles, o setor responde, no mundo, por 40% da energia consumida e por 35% das emisses de carbono. Alm disso, outro estudo realizado em 2006, pelo professor Dr. Vanderlei M. John, do departamento de Engenharia Civil da Escola Politcnica da USP, com o apoio da Associao Nacional de Tecnologia do Ambiente Construdo (ANTAC), identificou fortes impactos causados pela Construo, conforme a seguir: (a) A gerao de resduos da Construo equivalente a 500kg/habitante.ano, quantidade superior ao do lixo urbano; (b) A queima de combustveis fsseis durante: a produo de materiais voltados para construo, como por exemplo: ao, cal, cermica e cimento; e durante o transporte de materiais e uso de edifcios, acaba gerando carbono. (c) A emisso de CO2 atravs da decomposio do calcrio (produto utilizado na Construo) gera os seguintes nmeros: 1000kg de calcrio gera 440kg de CO2. (d) Os edifcios consomem 50% da energia eltrica, usam 21% da gua, impermeabilizam o solo e contaminam a gua atravs da lixiviao de espcies qumicas perigosas.

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Outros 2 tipos de impactos ambientais so apontados pelo CBCS (2007), quais sejam: (i) Os canteiros de obras so geradores de poeira e rudo, alm de causarem eroses que prejudicam os sistemas de drenagem; (ii) A utilizao de madeira extrada ilegalmente, alm de comprometer a sustentabilidade das florestas representa sria ameaa ao equilbrio ecossistmico. Um importante estudo realizado em 2008 pelo GBC Portugal, intitulou-se por Relatrio Fatos e Tendncias - Eficincia Energtica em Edifcios (EEE). Tal estudo analisou a contribuio do total de emisses de carbono ao meio ambiente, proveniente das construes de 5 pases desenvolvidos (Frana, Alemanha, Espanha, EUA e Japo) e de 3 pases em desenvolvimento (Brasil, China e ndia). A seguir, o grfico 2.1 mostra claramente este dado.

Grfico 2.1 - Estimativa da contribuio das construes para o total de emisses de carbonoFonte: Relatrio Fatos e Tendncias - Eficincia Energtica em Edifcios (EEE) 2008.

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O grfico anterior permite algumas observaes sobre os fatos e as tendncias da eficincia energtica em Construes no mundo. Inicialmente este estudo considerou que 40% das emisses mundiais so geradas pelo setor da Construo. Desses 40%, os pases desenvolvidos so os que mais contribuem, como: a Espanha (30%), seguido da Alemanha (23%) e Frana (22%). Japo, Brasil e China esto na mdia mundial de emisso de CO2 atmosfera. J os EUA e a ndia esto a baixo da mdia, isto , o setor da Construo desses ltimos no contribui to intensamente para o aquecimento global, quando comparado com Espanha, Alemanha e Frana. Realmente nota-se que o crescimento sustentado passa necessariamente pela Cadeia da Construo, porm, cabe aos governantes mundiais articularem uma nova viso para a Construo, com maior preocupao com as futuras geraes.

2.3 Definies importantes da Construo SustentvelAntes de entrar propriamente no contexto da Construo Sustentvel faz-se necessria algumas definies. Tais definies sero destacadas a seguir, conforme Marcio Arajo, consultor tcnico do IDHEA (Instituto para o Desenvolvimento de Habitao Ecolgica)40. A seguir 9 definies importantes de tecnologias sustentveis aplicadas na Indstria da Construo Sustentvel: (a) Construo com materiais sustentveis industriais: refere-se s construes edificadas com ecoprodutos fabricados industrialmente, adquiridos prontos, com tecnologia em escala, atendendo a normas, legislao e demanda do mercado. Esta construo mais vivel para reas de grande concentrao urbana, j que so inseridas dentro do modelo scio-econmico vigente e porque o consumidor/cliente tem garantias claras, desde o incio do tipo de obra que estar recebendo. (b) Construo com resduos no-reprocessados (Earthship): consiste na utilizao de resduos de origem urbana com fins construtivos, tais como garrafas PET, latas, cones de papel acartonado, etc. Comum em reas urbanas ou em locais com despejo descontrolado de resduos slidos, principalmente onde a comunidade deve improvisar solues para prover a si mesma a habitao. Um dos exemplos mais notrios de Earthship so as favelas. No entanto,40

Este Instituto merece destaque, pois foi implantado com o intuito de divulgar os conceitos sustentveis, atravs da conscientizao de pessoal engajado neste setor.

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tambm pode ser um modelo criativo de Autoconstruo, com o uso destes mesmos resduos a partir de concepes de Ecodesign (projeto sustentvel). (c) Construo com materiais de reuso (demolio ou segunda mo): esse tipo de construo incorpora produtos convencionais descartados e prolonga sua vida til, evitando sua destinao para aterros sanitrios ou destruio por processos perigosos (como queimas ou descartes). Requer pesquisa de locais para compra de materiais, o que limita seu alcance e carter universal. Este tipo de construo s pode ser considerado sustentvel pelo prolongamento da vida dos materiais reutilizados, uma vez que estes, em geral, no tm origem sustentvel. (d) Construo alternativa: utiliza materiais convencionais disponveis no mercado, com funes diferentes das originais. um dos modelos principais adotados em comunidades carentes ou sistemas de Autoconstruo. Exemplos: aquecedor solar com peas de forro de PVC como painel para aquecimento de gua. (e) Construo natural: o sistema construtivo mais ecolgico, portanto, mais prximo da prpria natureza, uma vez que respeita o entorno; usa materiais disponveis no local da obra ou adjacncias (terra, madeira, etc.); utiliza tecnologias sustentveis de baixo custo (apropriadas) e desperdia o mnimo de energia em seus processos. Exemplos: tratamento de efluentes por plantas aquticas, energia elica por moinho de vento, bombeamento de gua por carneiro hidrulico, blocos de adobe ou terra palha, design solar passivo. um mtodo adequado principalmente para reas rurais ou para reas que permitam boa integrao com o entorno, onde haja pouca dependncia das habitaes vizinhas e das redes de gua, luz e esgoto construdas pelo poder pblico. O planejamento avanado deste sistema, que tambm se insere nos princpios da Autoconstruo, tambm conhecido como Permacultura. (f) Autotecnologia: tecnologia desenvolvida pelo prprio morador e/ou comunidade, com aplicao no prprio local. (g) Autoconstruo: Sistema construtivo em que o prprio morador e/ou comunidade constroem sua habitao, com ou sem a ajuda de um profissional da rea. (h) Sndrome do Edifcio Enfermo (SEE): Patologia catalogada pela OMS (Organizao Mundial da Sade) cuja ocorrncia se d em prdios e edifcios com m ventilao e baixa disperso de poluentes internos (gs carbnico, fumaa de cigarro e automvel, emisso e acmulo de Compostos Orgnicos Volteis). Considera-se que um edifcio est enfermo quando cerca de 20% de seus moradores ou usurios apresentam sintomas semelhantes como: irritao nasal e ocular, problemas respiratrios e mal-estares em geral.

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(i) Permacultura: neologismo estabelecido pelo australiano Bill Mollinson a partir da aglutinao das palavras perma(nente) e (agri)cultura. Trata-se de uma viso sustentada e integrada do meio ambiente, na qual a economia humana deve surgir e estruturar-se a partir da agricultura.

Tais definies referem-se a tecnologias limpas para se construir. Nota-se, na essncia de tais tecnologias, a tendncia por prticas mais simples, o reuso de materiais anteriormente descartados, o foco em recursos naturais.

2.4 Construo SustentvelConforme Almeida (2002), por ser uma atividade importante para a dimenso econmica e social, a Construo tambm deve incluir a demanda ambiental, deixando de ser uma das emissoras principais de CO2 e de rejeitos danosos, para se transformar em um referencial em gerao de energia limpa e na rea de reciclagem. Dessa forma, pioneiramente, os pases desenvolvidos vm buscando criar critrios que foquem a reduo ou soluo dos impactos ambientais gerados pela construo atravs do conceito conhecido como Green Building. No caso dos pases em desenvolvimento, essa tendncia tambm vem sendo desenvolvida. Conforme Souza et al. (2005), Construo Sustentvel : A diferena entre as Construes Verdes e as Construes Sustentveis est na equiparao das dimenses ambiental, social e econmica da segunda, enquanto que na primeira a dimenso ambiental tem maior, ou total, peso. (grifos nossos)

Na literatura existem outras definies de Construo Sustentvel. Mrcio Arajo, consultor do IDHEA, considera a seguinte definio41: Sistema construtivo que promove alteraes conscientes no entorno, de forma a atender as necessidades de edificao, habitao e uso do homem moderno, preservando o meio ambiente e os recursos naturais, garantindo qualidade de vida para as geraes atuais e futuras.41

Esta definio est de acordo com o conceito de sustentabilidade proposto pelo relatrio Brundtland, da ONU, abordado no Captulo I.

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Ainda podem-se citar outras 2 definies para Construo Sustentvel, sendo as seguintes: Aquela que, com especial respeito e compromisso com o Meio Ambiente, implica no uso sustentvel da energia (CASADO, 2005) e Aquela que reduz os impactos ambientais causados pelos processos construtivos, uso e demolio dos edifcios e pelo ambiente urbanizado (LANTING, 2005) Ainda sobre o estudo realizado em 2008 pelo GBC Portugal, mais uma anlise foi realizada. O referido estudo fez uma enquete em Portugal para avaliao da popularidade do termo sustentvel na Indstria da Construo. A pesquisa investigou percepes da sustentabilidade em relao s construes, incluindo a utilizao dos termos ecolgico e sustentvel, conforme grfico 2.2 a seguir.

Alto

Participante CpticoA empresa est altamente motivada... ... mas individualmente no est convencida Precisa de argumentos claros para o POR QUE Consciente 81% A considerar 34% Envolvido 16% Convencido porque

LderCom vontade de conduzir/adotar atitude de liderana Acredita na economia, no impacto climtico e nos incentivos regulatrios. Consciente 87% A considerar 46% Envolvido 22%

Conhecimento Pessoal

Melhorar o ambiente empresarial de apoio

Como educar

Como educar

No DisponvelPoucos nveis de conhecimento e pessimismo acerca da capacidade de reduo energtica No disponvel para as questes ambientais Inquilino mais empresarial Baixo Consciente 45% A considerar 13% Envolvido 5% Convencido porque

Entusiasta no informadoPessimista a cerca da economia, os impactos climticos e incentivos. No sabe como se envolver Passivo relativamente ao ambiente Consciente 72% A considerar 21% Envolvido 5%

Compromisso Pessoal Baixo Alto

Grfico 2.2 Segmentos de atitudes entre os profissionais da Construo comparando-se a utilizao

dos termos ecolgico e sustentvelFonte: Relatrio Fatos e Tendncias - Eficincia Energtica em Edifcios (EEE) 2008.

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O grfico anterior gerou 4 segmentos comportamentais entre os profissionais da Construo de 8 pases: Frana, Alemanha, Espanha, Japo, EUA, China, ndia e Brasil. A seguir sero classificados os 4 segmentos em ordem decrescente de conscientizao dos termos ecolgico e sustentvel: (i) Lder: Tanto a empresa quanto os indivduos esto com vontade de conduzir / adotar atitude de liderana e acredita na economia, no impacto climtico e nos incentivos regulatrios. (ii) (iii) Participante Ctico: A empresa est altamente motivada, porm os indivduos ainda no esto convencidos. Entusiasta no-informado: Pessimista a cerca da economia, os impactos climticos e incentivos. As empresas no sabem como se envolver e os indivduos esto passivos em relao ao ambiente. (iv) No Disponvel: Poucos nveis de conhecimento e pessimismo acerca da capacidade de reduo energtica. As empresas no esto disponveis para as questes ambientais e os indivduos so mais empresariais. Esta classificao foi feita com base no conhecimento pessoal e na extenso da convico pessoal ou de compromisso para com a Construo Sustentvel. Cada caixa do grfico 2.2 mostrou as caractersticas dos segmentos, incluindo o nvel de conscincia e envolvimento na Construo Sustentvel. Alm disso, importante ressaltar, que a palavra sustentvel tendeu a ser mais proeminente na Europa, enquanto ecolgico foi mais adequado sia, em especial no Japo. Pde-se perceber a conscincia relativamente alta pelas questes ligadas ao meio ambiente em Construes em todos os mercados. Porm no mbito do envolvimento, ou seja, a aplicao na prtica da teoria do assunto, ainda est muito baixa. Apenas um tero daqueles que dizem que esto conscientes, consideraram o envolvimento na Construo Sustentvel e apenas um tero deste grupo menor estiveram realmente envolvidos (11% do total). O grfico 2.3 mostra 3 diferentes nveis de envolvimento profissional dos pases que esto conscientes com a questo ambiental na Construo, os que consideraram e os que j estiveram envolvidos.

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Grfico 2.3 - Conscincia e envolvimento de alguns Pases em relao a questo ambiental na Construo (Nmeros arredondados ao nmero inteiro mais prximo)Fonte: Relatrio Fatos e Tendncias - Eficincia Energtica em Edifcios (EEE) 2008.

O grfico anterior permite a seguinte concluso: a Alemanha o pas com maior envolvimento e conscincia sobre a prtica da sustentabilidade na Construo. Enquanto que os outros pases