proposta esec serra.da.canoa

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P P r r o o p p o o s s t t a a p p a a r r a a c c r r i i a a ç ç ã ã o o d d e e U U n n i i d d a a d d e e d d e e C C o o n n s s e e r r v v a a ç ç ã ã o o n n a a S S e e r r r r a a d d a a C C a a n n o o a a , , M M u u n n i i c c í í p p i i o o d d e e F F l l o o r r e e s s t t a a / / P P E E Recife, Abril de 2012

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Page 1: Proposta esec serra.da.canoa

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Recife, Abril de 2012

Page 2: Proposta esec serra.da.canoa

2

GOVERNO DO ESTADO DE PERNAMBUCO

SECRETARIA DE MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE – SE MAS

AGENCIA ESTADUAL DE MEIO AMBIENTE - CPRH

Governador: Eduardo Henrique Accioly Campos

Vice – Governador: João Soares Lyra Neto

COMITÊ EXECUTIVO PARA IMPLANTAÇÃO DAS UCs DE PERNA MBUCO

(Decreto nº 36.627 de 8 de junho de 2011)

Sérgio Luis de Carvalho Xavier Secretário de Meio Ambiente e Sustentabilidade – SEMAS

Hélvio Polito Lopes Filho Secretário Executivo de Meio Ambiente e Sustentabilidade – SEMAS

Hélio Gurgel Cavalcanti Diretor Presidente da Agência Estadual de Meio Ambiente – CPRH

Maria Vileide de Barros Lins Diretora de Recursos Florestais e Biodiversidade – CPRH

Giannina Cysneiros Bezerra Superintendente Técnica – SEMAS

Nahum Tabatchnik Gerente da Unidade de Gestão de Unidades de Conservação – CPRH

EQUIPE TÉCNICA Ana Cláudia Sacramento SEMAS

Elba Borges CPRH Giannina Cysneiros SEMAS

João Oliveira CPRH Jóice Brito CPRH

José Cordeiro SEMAS Joselma Figueirôa CPRH

Liana Melo CPRH Lígia Alcântara CPRH

Marilourdes Guedes SEMAS Nahum Tabatchnik CPRH Samanta Della Bella CPRH Tassiane Novacosque CPRH

Page 3: Proposta esec serra.da.canoa

3

PROPOSTA PARA CRIAÇÃO DE UMA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO

NA SERRA DA CANOA, MUNICÍPIO DE FLORESTA / PE

1. CONTEXTO

2. JUSTIFICATIVA PARA CRIAÇÃO DA UNIDADE DE CONSERV AÇÃO

3. CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO DE FLORESTA/PE

3.1. Localização

3.2. Aspectos Físicos: geologia, geomorfologia e clima

3.3. Aspectos Socioeconômicos

3.3.1 – População

3.3.2. Aspectos Históricos

3.3.3 - Caracterização Socioeconômica

4. ANTECEDENTES DO PROCESSO PARA CRIAÇÃO DA UC NA SERRA DA

CANOA

5. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA PROPOSTA PARA CRIAÇÃO DA

UNIDADE DE CONSERVAÇÃO

5.1 Localização e Abrangência

5.2 Aspectos Biológico

5.2.1 - Aspectos Fisiográficos

5.2.2. Vegetação e Flora

5.2.3 - VEGETAÇÃO DA SERRA DA CANOA E ENTORNO

5.2.3.1 - Componente lenhoso

5.2.3.2 - Componente herbáceo

5.2.4 – Fauna

5.2.4.1 - Mastofauna

5.2.4.2 - Avifauna

6- O SISTEMA ESTADUAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

7. JUSTIFICATIVA PARA A UNIDADE DE CONSERVAÇÃO A SE R CRIADA

8. OBJETIVOS DA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO A SER CRIADA

9. PROPOSIÇÃO DE CATEGORIAS DE MANEJO

10. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

11. ANEXOS

Page 4: Proposta esec serra.da.canoa

4

FIGURAS

Figura 1 - Localização do Município de Floresta/PE

Figura 2 – Mapa da área proposta para criação da Unidade de Conservação Serra da

Canoa em Floresta/PE

Figura 3 – Fotos A e B, vista parcial da área da Serra da Canoa em floresta/PE

Figura 4 – Espécies da Caatinga: A - Espécie de Cactácea (facheiro), B – Bromeliácea

(macambira) e C - Euphorbiacea (marmeleiro) que caracteriza a área da Serra da canoa

em Floresta/PE.

Figura 5 – Vista parcial da fisionomia da área de 11.720 ha que abrange a Serra da

canoa em Floresta/PE.

Figura 6 - Espécies da Caatinga: Espécies encontradas em frutificação ou floração na

área dev 11.720 ha que abrange a área da Serra da Canoa em floresta/PE.

Figura 7 - Imagens de mamíferos capturados e/ou observados nas RPPNs Maur[icio

Dantas e Cantidiano Valgueiro por Cruz et al. 2005. A- Leopardus tigrinus (gato-do-

mato) B- Cerdocyon thous (raposa), C- Callithrix jacchus (sagüi), D- Tamandua

tetradactyla (tamanduá-mirim).(Fonte: Fotos A e B – A. Gambarini (site: Intituto Pró-

carnívoros), Foto C – Jóice Brito, Foto D – site: Parque Estadual de Dois Irmãos).

Figura 8 – Imagens de Aves registradas nas RPPNs Mauricio Dantas e Cantidiano

Valgueiro por Farias et al. 2005. A- Amazona aestiva (papaguaio-verdadeiro) B-

Eupetomena macroura (beija-flor-rabo-de-tesoura), C- Paroaria dominicana (galo-de-

campina), D- Rhea americana (ema). (Fonte: Fotos A, B e C – OAP (site: OAP), Foto

D – Jóice Brito).

Figura 9 - Imagens da Herpetofauna registradas nas RPPNs Mauricio Dantas e

Cantidiano Valgueiro por Borges-Nojosa et al. 2005. A- Tantilla melanocephala (cobra-

cipó) B- Bufo granulosus (sapo-cururu), C- Iguana iguana (camaleão), D- Micrurus

ibiboboca (cobra-coral).(Fonte: Fotos A, B, C e D – Borges-Nojosa et al. 2005).

Page 5: Proposta esec serra.da.canoa

5

QUADROS

QUADRO I - LISTA DE ÁREAS PRIORITÁRIAS PARA CRIAÇÃO DE UNIDADES DE

CONSERVAÇÃO NO BIOMA CAATINGA EM PERNAMBUCO.

QUADRO II - UNIDADES DE CONSERVAÇÃO NO BIOMA CAATINGA EM

PERNAMBUCO.

QUADRO III - LISTA DAS ESPÉCIES OBSERVADAS NA ÁREA DA SERRA DA

CANOA SEGUINDAS COM SEU NOME VULGAR E FORMA DE VIDA.

QUADRO IV - LISTA DAS ESPÉCIES DE UM HECTARE NA CAATINGA SENSU

STRICTO DA RPPN MAURÍCIO DANTAS, BETÂNIA/FLORESTA, PERNAMBUCO.

CITADO PELOS AUTORES: COSTA et al, 2009 e RODAL et al, 2008.

QUADRO V – LISTA DA MASTOFAUNA NAS RPPN’S MAURÍCIO DANTAS E

CANTIDIANO VALGUEIRO (FONTE: CRUZ et al., (2005)).

QUADRO VI – LISTA DA AVIFAUNA NAS RPPN’S MAURÍCIO DANTAS E

CANTIDIANO VALGUEIRO (FONTE: FARIAS et al., (2005)).

QUADRO VII – LISTA DA HERPETOFAUNA NAS RPPN’S MAURÍCIO DANTAS E

CANTIDIANO VALGUEIRO (FONTE: BORGES-NOJOSA et al., (2005)).

Page 6: Proposta esec serra.da.canoa

6

APRESENTAÇÃO

A presente Proposta foi elaborada pela equipe técnica da Secretaria de Meio

Ambiente e Sustentabilidade de Pernambuco – SEMAS e da Agência Estadual de Meio

Ambiente - CPRH, que compõe o Comitê Executivo para Criação e Implantação de

Unidades de Conservação de Pernambuco, atendendo demanda da SOS Caatinga (ONG

sediada no município de Floresta), o Comitê Estadual da Reserva da Biosfera da

Caatinga – CERBCAA e da CODEVASF.

Page 7: Proposta esec serra.da.canoa

7

PROPOSTA PARA CRIAÇÃO DE UMA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO NA SERRA DA CANOA, MUNICÍPIO DE FLORESTA/PE

1. CONTEXTO

A conservação da biodiversidade se constitui uma das diretrizes do governo

estadual. Em junho de 2007, o Plano Estratégico Ambiental de Pernambuco, endossado

pelo Governador Eduardo Campos, definiu seis programas, dentre eles, o Programa IV –

Conservação da Biodiversidade que estabelece como ação prioritária, a criação do Sistema

Estadual de Unidade de Conservação - SEUC. Em 2009, após discussões com a sociedade

civil e aprovação no Conselho Estadual de Meio Ambiente - CONSEMA, ele foi instituído

por meio da Lei Estadual nº 13.787. Este ato significa um marco para a estruturação de

ações mais efetivas por parte do governo de Pernambuco, no que se refere à proteção de

seu patrimônio natural.

O Programa de Conservação da Biodiversidade, instituído no artigo 49 do

SEUC, define uma série de metas e atividades voltadas à promoção da proteção in situ

dos biomas e ecossistemas existentes em Pernambuco. Este Programa está estruturado a

partir de oito componentes, destacando-se a “Identificação de Áreas Prioritárias para

Criação de Unidades de Conservação Estaduais” e “Criação de Novas UCs Estaduais”.

O estabelecimento do SEUC e do Programa de Conservação da Biodiversidade reflete o

compromisso com uma política pública voltada para a sustentabilidade socioambiental,

com uma visão de futuro onde o desenvolvimento equilibrado e a melhoria da qualidade

de vida do povo pernambucano é a meta a ser atingida.

Quando se considera o bioma caatinga e sua situação de proteção, fica evidente a

necessidade de ação governamental nesta área. Apesar de ser o único bioma

exclusivamente brasileiro, cujo patrimônio biológico não é encontrado em nenhum

outro lugar do mundo além do nordeste do Brasil, só há pouco tempo é que a caatinga

vem alcançando o destaque merecido. Durante muitos anos alguns mitos foram criados

em torno de sua diversidade biológica, principalmente relacionados à sua

“homogeneidade”, ao baixo número de espécies e de endemismos e ainda ao fato de ter

sido considerado um bioma pouco alterado.

Page 8: Proposta esec serra.da.canoa

8

Estes mitos foram desfeitos a partir de estudos e projetos desenvolvidos

especificamente para a caatinga, quando o Ministério do Meio Ambiente, por meio do

projeto Conservação e Utilização Sustentável da Biodiversidade Brasileira – PROBIO

elaborou o documento “Avaliação de Ações Prioritárias para a Conservação da

Biodiversidade da Caatinga”. Dentre seus objetivos, destaca-se a identificação de áreas

prioritárias de conservação, baseado em critérios de importância biológica, de

integridade dos ecossistemas e de oportunidades para ações de conservação da

biodiversidade, assim como a busca de alternativas para utilização sustentável dos

recursos naturais (MMA/PROBIO, 2002).

Considerando a demanda da SOS Caatinga, juntamente com o Comitê Estadual

da Reserva da Biosfera da Caatinga – CERBCAA, que indicou concomitantemente

áreas nos municípios de Floresta, Serra Talhada e São Caetano, e a Secretaria de Meio

Ambiente e Sustentabilidade – SEMAS, instituiu o Grupo de Trabalho para a

identificação de áreas para criação de unidades de conservação na caatinga. Com este

objetivo, foi realizado em maio do ano de 2011 o “I Workshop para Definição de Áreas

Prioritárias para Criação de Unidades de Conservação no Bioma Caatinga do Estado de

Pernambuco”, onde estas áreas foram definidas, a partir de proposições e justificativas

das instituições participantes.

QUADRO I - LISTA DE ÁREAS PRIORITÁRIAS PARA CRIAÇÃO DE

UNIDADES DE CONSERVAÇÃO NO BIOMA CAATINGA EM PERNAMBUCO

ÁREA

MUNICÍPIO

Serra da Matinha Carnaíba Região do São Francisco Afrânio

Região de Itaparica Parnamirim Pedra do Cachorro (Ampliação) São Caetano

Serra das Abelhas, Serra das Tabocas Exu Serra da Canoa Floresta

Calha do São Francisco Belém do São Francisco, Tacaratu, Santa Maria da Boa Vista

Brejo da Princesa, Carro Quebrado Triunfo Fazenda Saco Serra Talhada

Negreiros (Ampliação) Serrita Serra do Recreio Lagoa Grande

Região de Itaparica Cabrobó Mirandiba Mirandiba

Page 9: Proposta esec serra.da.canoa

9

2. JUSTIFICATIVA PARA CRIAÇÃO DA UNIDADE DE CONSERV AÇÃO

A Caatinga é uma fitofisionomia característica da região nordeste e se estende

do Piauí até o norte de Minas Gerais. A origem do nome é tupi e significa mata branca,

fazendo referência ao fato de apresentar, na estação seca, árvores com caules

esbranquiçados que, na ausência de folhas, dão o tom claro àquela vegetação. O bioma

no nordeste ocupa uma área aproximada de 955.755,29 km², (CNRBCAA/SECTMA,

2004) e é o único exclusivamente brasileiro o que significa que grande parte do seu

patrimônio biológico não se encontra em nenhum outro lugar do mundo. Sua flora

inclui, pelo menos, 932 espécies, sendo 380 endêmicas, ou seja, exclusivas da caatinga

(RBCAA/2002). Em Pernambuco ele ocupa uma área de 81.723,97km², o que

representa 8,55% da área total do bioma (CNRBCAA/SECTMA, 2004).

O bioma Caatinga é o segundo maior do país, recobrindo 52% da região

Nordeste; entretanto é também um dos menos conhecidos, no que se refere a sua

biodiversidade. Possui espécies florísticas das famílias: cactáceas, bromélias,

euforbiáceas e leguminosas, onde ficam em estado de dormência e perdem suas folhas

na estação seca. Possui também uma grande diversidade de espécies de animais,

englobado um grande número de formações e associações vegetais, fisionômica e

floristicamente diferentes. Dos grandes tipos de vegetação do Brasil é a caatinga, o mais

heterogêneo, apresentando sempre um aspecto novo, seja de um local para outro, seja na

mesma região em estações diferentes (EGLER, 1951). As caatingas são consideradas

como uma das formações mais heterogêneas do Brasil, variando bastante de acordo com

a região onde se instala, adquirindo feições quase que completamente diferentes,

comportando-se de forma múltipla ao ser exposta a diferentes condições de clima,

relevo, solo etc.

Estudada por Dárdano de Andrade Lima, Dora do Amarante Romariz, Walter

Egler entre outros, os quais grandemente contribuíram para os estudos fitogeográficos,

as caatingas dividem-se em dois grandes grupos: as caatingas hipoxerófilas e caatingas

hiperxerófilas que se diferenciam por região de ocorrência, bem como por disporem em

Page 10: Proposta esec serra.da.canoa

10

diferentes proporções de fatores como umidade, condições de exposição ou não aos

ventos, natureza do solo e topografia.

As espécies vegetais encontradas nas caatingas possuem uma característica

peculiar por terem a capacidade de se modificar para a luta travada com as condições

climáticas mais adversas. Este fenômeno é denominado “xeromorfismo”. As plantas

dessas formações, mesmo quando de uma mesma espécie, mudam completamente, a

ponto de ficarem quase que irreconhecíveis, ao menor sinal de umidade, dando assim

caráter hiperxerófilo ou hipoxerófilo às espécies. A sépia paisagem da caatinga pode se

transformar em poucas horas, esverdeando-se levemente, com alguns milímetros de

chuva.

A caatinga hipoxerófila predomina sobre a região Agreste e nos refúgios

expostos úmidos do Sertão. É mais densa em sua apresentação, com porte predominante

arbustivo ou arbóreo-arbustivo, por dispor de totais pluviométricas mais elevadas e

chuvas melhor distribuídas que nas regiões da caatinga hiperxerófila.

A vegetação da caatinga sofre influência preponderante do clima, pois se

encontra sempre subordinada a elevada deficiência hídrica, que é originada pela baixa

pluviosidade e grande evapotranspiração, associadas a má distribuição das chuvas ao

longo do ano e a abaixa capacidade de retenção de água dos solos. Tais particularidades

levaram a uma diversidade de variações fisiológicas e comportamentais das espécies

existentes no local ao longo da evolução, que garantem sua sobrevivência a partir de

uma melhor adaptação e aquisição de recursos do ambiente.

No município de Floresta a vegetação predominante é a caatinga hiperxerófila

(IBGE, 2006), encontra-se inserido na unidade geoambiental da Depressão Sertaneja,

que representa a paisagem típica do semi-árida nordestino, caracterizada por uma

superfície de pediplanação bastante monótona, com relevo predominantemente suave a

ondulado. É esta caatinga que caracteriza fisiograficamente o sertão, apresentando

elevado xeromorfismo causado pelas condições áridas sertanejas. A caatinga

hiperxerófila é relativamente densa, arbustiva ou arbórea de pequeno porte. Espécies

como a faveleira (Cnidoscolus phyllacanthus), pinhão- bravo (Jatropha pohliana) e

xique xique (Pilocereus gounellei), contribuem para denunciar este quadro de rígida

Page 11: Proposta esec serra.da.canoa

11

aridez, sendo que a última citada, pode ser encontrada no Agreste, em áreas mais secas e

em torno de afloramentos rochosos. Destaca-se ainda que Andrade-Lima (1989)

caracteriza as espécies quipá (Oputinia inamoena), canafístula (Cassia martiana)

também como indicadoras de áreas bastante áridas.

O estudo e a conservação da biodiversidade da caatinga constituem em um dos

maiores desafios do conhecimento científico brasileiro. Um dos problemas encontrados

no bioma é a enorme carência de conhecimento científico sobre a biota, evidenciando a

necessidade de mais pesquisas no que se refere a inventários faunísticos e florísticos.

Por outro lado, este bioma vem sofrendo graves danos em conseqüência do

processo de ocupação humana que ocorre desde o século XVI, quando suas áreas

começaram a ser utilizadas para a atividade pecuária e plantação de algodão. A

utilização da caatinga ainda está vinculada a pratica extrativista, seja pastoril, agrícola

ou madeireira, incluindo o desmatamento e as queimadas, o que tem provocado a

degradação ambiental com perdas irrecuperáveis para a sua diversidade biológica,

acelerando o processo de erosão e o declínio da fertilidade do solo e da qualidade da

água. (CNRBCAA/SECTMA, 2004).

Estima-se que cerca de 100 mil hectares de caatinga apresentam mostras

significativas de degradação pela ação do homem na luta pela sobrevivência. A

identificação de áreas para conservação da caatinga é um importante instrumento para a

proteção de sua biodiversidade.

No workshop realizado na cidade de Petrolina/PE em 2002, que resultou na

publicação “Avaliação e Ações Prioritárias para a Conservação da Biodiversidade da

Caatinga”, ficou evidente o quanto a caatinga está desprotegida em suas escassas e

relevantes áreas ainda existentes e a importância de se criar Unidades de Conservação,

como forma de garantir a preservação e conservação dos seus recursos naturais.

Apesar de sua importância biológica, a caatinga pernambucana ainda possui

um número bastante reduzido de unidades de conservação, principalmente no âmbito

estadual, conforme Quadro II, abaixo:

Page 12: Proposta esec serra.da.canoa

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QUADRO II - UNIDADES DE CONSERVAÇÃO NO BIOMA CAATINGA EM

PERNAMBUCO

UNIDADES DE CONSERVAÇÃO FEDERAIS

Unidades de Conservação Categoria de Manejo Municípios Área UC Parque Nacional do Catimbau

Proteção Integral Buíque/ Ibimirim/Tupanatinga

62.300,00

RPPN Reserva Cabanos Uso Sustentável Altinho 6,00 APA Chapada do Araripe Uso Sustentável Araripina/ Bodocó/

Cedro/ Exu/ Ipubi/Moreilândia/ Serrita/ Trindade

374.916,32

RPPN Jurema Uso Sustentável Belém de São Francisco

267,50

RPPN Siriema Uso Sustentável Belém de São Francisco

290,93

RPPN Umburana Uso Sustentável Belém de São Francisco

131,02

RPPN Maurício Dantas Uso Sustentável Betânia/ Floresta 1.485,00 RPPN Cantidiano Valgueiro Floresta 285,00 Floresta Nacional Negreiros Uso Sustentável Serrita e Parnamirim 3.000,00 REBIO de Serra Negra Proteção Integral Floresta, Tacaratu e

Inajá 1.100,00

UNIDADES DE CONSERVAÇÃO ESTADUAIS

Unidades de Conservação Categoria de Manejo Municípios Área UC RPPN Pedra do Cachorro Uso Sustentável São Caetano 22,90 RPPN Karawa-tá Uso Sustentável Gravatá 101,58 Parque Estadual Mata da Pimenteira

Proteção Integral Serra Talhada 887,24

Estas unidades de conservação representam muito pouco do bioma, carecendo de

informações para alguns grupos florísticos e para a maioria dos grupos faunísticos,

tornando evidente a necessidade de ampliação da pesquisa e da proteção da caatinga no

Estado.

Buscando uma nova abordagem para o enfrentamento da questão, o governo de

Pernambuco vem trabalhando no sentido de fortalecer a implementação de políticas

públicas conectadas, compatibilizando e integrando as diversas áreas temáticas que se

relacionam, direta ou indiretamente.

Page 13: Proposta esec serra.da.canoa

13

O SEUC, estabelecido em 2009, definiu, dentre outras diretrizes, que “no

conjunto das unidades de conservação, estejam representadas amostras significativas e

ecologicamente viáveis das diferentes populações, habitats e ecossistemas do Estado de

Pernambuco e das suas águas jurisdicionais, salvaguardando o patrimônio biológico,

geológico, geomorfológico, espeleológico, arqueológico, paleontológico e, quando

couber, histórico e cultural” (Artigo V, inciso I).

O Programa de Conservação da Biodiversidade de Pernambuco, que tem como

objetivo contribuir para o fortalecimento e sustentabilidade do SEUC, estabelece metas

que refletem expectativas por uma proteção mais efetiva dos recursos naturais no

Estado.

A Política Estadual de Enfrentamento às Mudanças Climáticas – Lei 14.090/10,

o Artigo 11 estabelece a criação de unidades de conservação como uma das estratégias

de redução de emissões a serem implementadas na conservação da biodiversidade e das

florestas.

Na Política Estadual de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da

Seca – Lei nº 14.091/10, o Artigo 3º, inciso II, estabelece como um de seus princípios, a

preservação, conservação e recuperação da biodiversidade, da agrobiodiversidade e do

equilíbrio ecológico do semiárido pernambucano. O Art. 4º, inciso VI, define como um

dos objetivos específicos, a criação e implantação de novas Unidades de Conservação

(UCs) de proteção integral e de uso sustentável no Bioma Caatinga.

Assim, a criação de unidades de conservação na caatinga vem ratificar o

compromisso estabelecido nas políticas públicas do governo estadual em avançar na

proteção de seus biomas.

3. CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO DE FLORESTA

3.1. Localização

O Município de Floresta está localizado a 434 km a oeste da cidade de Recife,

na mesoregião do São Francisco Pernambucano e microregião do Sertão de Itaparica.

Limita-se a norte com o município de Serra talhada, Betânia e Custódia, a oeste com

Page 14: Proposta esec serra.da.canoa

14

Carnaubeira da Penha e Itacuruba, a sul com Inajá, Tacaratu, Petrolãndia e o Estado da

Bahia, a leste com Ibimirim. A área municipal ocupa 3.874,9 Km, inserida nas folhas

editada pela Diretoria do Serviço Geográfico do Ministério, Airi (SC-24X-A-V),

Floresta (SC-24X-A-IV) Topanaci (SB 24-X-A-I), Betânia (SC 24X-A-II e SC 24 X-A-

III). A sede municipal apresenta altitude de 316m de altitude. O acesso á cidade de

Floresta, partindo de Recife é feito pela BR- 232 até o povoado do Cruzeiro do

Nordeste, em seguida a BR-110 por um percurso de 60 Km até a cidade de Ibimirim,

depois pega a PE- 360 por um trecho de 106 Km a cidade de Floresta. (Figura 1)

(CPRM, 2005)

Figura 1 - Localização do Município de Floresta

3.2. Aspectos Físicos: geologia, geomorfologia , clima e recursos hídricos

O município de Floresta encontra-se inserido, geologicamente na Província da

Borborema, sendo constituído pelos litotipos dos complexos Floresta, Sertania, Serra de

Jabitacá, Cabrobó e Belém do São Francisco, situado em uma área de Pediplano em

plena Depressão Sertaneja (CPRM, 2005). Na região a litologia predominante é

composta por rochas pré-cambrianas, em alguns trechos recobertos por chapadas

residuais (Brasil, 1983). Os solos predominantes da região são uma associação de

Planossolo, Solonetz, solodizado, solos Litólicos entróficos, Regossolos eutróficos e

Recife

Floresta

Page 15: Proposta esec serra.da.canoa

15

distróficos e Bruno não cálcico (Embrapa, 2003). O município de Floresta está inserido

na unidade geoambiental da Depressão Sertaneja, que é caracterizada por uma

superfície de pediplanação (CPRM, 2005).

O clima é BSh’w, segundo a classificação de Köppen, temperatura média anual

em torno de 25ºC. A precipitação e o déficit hídrico médios anuais são de 511 e 890 mm

e a temperatura média mensal varia de 22,8º a 26,5º (Ministério da Agricultura, 2003) .

As chuvas são concentradas entre quadra chuvosa desenvolve-se entre os meses de

janeiro e abril (Instituto Nacional de Meteorologia, 2006).

Quanto aos recursos hídricos, encontra-se inserido nos domínios da macro Bacia

do São Francisco, Bacia Hidrográfica do Pajeú e do Grupo de Bacias de pequenos Rios

Interiores. Seus principais tributários são: os rios São Francisco, Pajeú e os riachos do

Capim Grosso, da Lagoinha, do Navio, das Porteiras, do Papagaio, entre outros.

O recurso hídrico subterrâneo inserido no município é denominado de Domínio

Hidrogeológico Interticial, Domínio Karsticofissural e no Domínio Hidrogeológico

Fissural. O Domínio Interticial é composto de rochas sedimentares da Formação

Tacaratu, Gurpo Brotas e de Depósitos aluvionares e dos Depósitos Colúvioeluviais. O

Domínio Karstico-fissural representa os calcários da formação Santana. O Domínio

Fissural é formado de rodas do embasamento cristalino que englobam o sub-domínio

das rochas metamórficas, constituído da Formação barra Bonita, Complexo São

Caetano, Complexo Vertentes e Complexo Belém do São Francisco (CPRM, 2005).

3.3. Aspectos Socioeconômicos

O município de Floresta localiza-se na mesorregião do São Francisco

Pernambucano na microrregião denominada Itaparica, e ocupa, de acordo com Anuário

Estatístico de Pernambuco (1994), uma área de 3.690,3 km2, com altitude variando de

300 a 1.050m. A sede municipal se situa a 433 km de distância de Recife e apresenta as

seguintes coordenadas geográficas: 8036' de latitude sul e 38034' de longitude oeste de

Greenwich.

Page 16: Proposta esec serra.da.canoa

16

Criado em 20 de junho de 1907, pela Lei nº 867, o Município é constituído dos

distritos de Floresta (sede), Airi, Carnaubeira e Olho D’água do Padre, Nazaré do Pico,

Carqueja e dos povoados: Varjota, Gravata de São Francisco, Juazeiro de São

Francisco, Jaburu, Massapê e Santa Paula.

3.3.1 – População

O município apresenta baixa densidade demográfica, em relação ao estado, e

forte tendência à urbanização (taxa de 59%). A relação população rural/população total

apresentou decréscimo ao longo do período 1970/1990, com tendência semelhante para

os dados globais do Estado de Pernambuco, o que indica esvaziamento considerável no

meio rural (EMBRAPA, 2001).

Essa transferência de recursos humanos do meio rural para as zonas urbanas é

fato preocupante e carente de soluções alternativas, o que requer atenção especial e

urgente do Poder Público, no sentido de amenizar essa situação

Dados do censo IBGE/2010 afirmam que a população total residente é de 29.285

habitantes. São 14.431 homens e 14.854 mulheres. Os habitantes da zona urbana

totalizam 31.094 enquanto que os da zona rural são 18.364. Os indicadores

demográficos apontam uma taxa de urbanização de 62,9%, rural de 37,1% e densidade

demográficas de 6,7%, média de moradores por domicílio de 4,5 pessoas e taxa anual de

crescimento demográfico (91/2000) –1,75. A renda média mensal do chefe do domicílio

é 2,36 salário mínimo.

3.3.2 – Aspectos Históricos

A cidade de Floresta teve sua origem a partir de uma fazenda de gado

denominada Fazenda Grande de propriedade do capitão José Pereira Maciel e localizada

às margens do rio Pajeú, e em 1777 o capitão José Pereira Maciel mandou construir a

capela de Nossa Senhora do Rosário o que fez surgir o povoado do Senhor Bom Jesus

dos Aflitos da Fazenda Grande. Só no ano de 1907, a vila de Floresta foi elevada à

Page 17: Proposta esec serra.da.canoa

17

condição de cidade e sede do município. No início da colonização da área onde se

localiza o município de Floresta, os padres das primeiras missões estabelecidas às

margens do rio São Francisco atuaram na catequese dos indígenas

3.3.3 - Caracterização Socioeconômica

O município de Floresta tem como atividades principais a pecuária, a agricultura

de sequeiro e, em algumas áreas, a presença da agricultura irrigada. Em geral, a

agricultura de sequeiro é de subsistência e a pecuária é conduzida de forma extensiva,

ambas utilizando baixos padrões tecnológicos, além de estarem descapitalizadas e

vulneráveis às variações climáticas. Isso leva as populações dependentes dessas

atividades, principalmente as menos favorecidas, na maior parte das situações, ao

extrativismo (exploração da caatinga através da venda de lenha e/ou de carvão), com a

conseqüente superexploração dos recursos, como forma de gerar renda (Pernambuco,

1999). Esse tipo de exploração da caatinga acelera o processo de degradação ambiental.

Segundo dados do IBGE (média anual do período 1994/1997), os principais

produtos agrícolas cultivados com irrigação são: tomate, melancia, cebola, melão e

banana. Com relação à agricultura dependente de chuvas, os principais produtos

cultivados foram milho, feijão e mandioca. Em termos de valor da produção, verifica-se

claramente a importância da agricultura irrigada na economia municipal. Ela estabelece

vínculos com o mercado externo e intensifica as diferenças socioeconômicas em relação

às áreas de agricultura de sequeiro. Entretanto, é preciso evitar o manejo inadequado da

irrigação, principalmente no que diz respeito à ausência de drenagem, pois alguns solos

da área apresentam alta susceptibilidade à salinização. No que se refere à atividade

pecuária, o município tem como principais rebanhos (dados do IBGE - média anual no

período 1990/1998): bovinos (27.617 cabeças), ovinos (32.433 cabeças) e caprinos

(168.153 cabeças). Estes rebanhos apresentam, em geral, baixa produtividade,

decorrente, principalmente, da escassez de alimentos durante o período seco

(EMBRAPA, 2001).

Page 18: Proposta esec serra.da.canoa

18

4. ANTECEDENTES DO PROCESSO PARA CRIAÇÃO DA UC NA SERRA DA

CANOA

O processo de criação da Unidade de Conservação, ora apresentada, foi iniciado

em 2010 a partir de uma demanda da sociedade civil (SOS Caatinga e CERBCAA) que

indicava áreas importantes para criação de Unidade de Conservação. Houve então um

interesse institucional da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e

do Parnaíba – CODEVASF, em regularizar a reserva legal de projetos de irrigação, por

meio da aquisição de área para regularização de Unidade de Conservação Estadual,

conforme disposto no Art. 44 do Código Florestal vigente, que trata da possibilidade do

proprietário rural ser desonerado da obrigação da averbação da reserva legal em

propriedades rurais mediante doação, ao órgão ambiental competente, de área localizada

no interior de Unidade de Conservação de domínio público, pendente de regularização

fundiária.

Em junho de 2010, foi realizada vistoria técnica da CPRH, com o objetivo fazer

o reconhecimento das áreas indicadas pelo CERBCAA, em atendimento a diversas

instituições, e iniciar o processo de discussão. Foi elaborado o relatório técnico

(Relatório Técnico, CPRH- DRFB/UGUC Nº 014/2010 de 15.06.2010) onde foi

confirmada a viabilidade da área de Floresta para criação da UC.

Quanto ao processo de regularização da reserva legal do perímetro de Irrigação

da CODEVASF (Projeto Senador Nilo Coelho), foi protocolado junto a CPRH o Ofício

nº 027/2011 da CODEVASF propondo medidas a fim de que o artigo do Código

Florestal sobre a desobrigação da averbação de Reserva Legal fosse utilizado. Em

resposta ao Ofício CODEVASF foi elaborada a Cota Jurídica da CPRH nº 021/2011 –

JPR, que conclui a viabilidade desta proposta, no entanto a CODEVASF deverá

protocolar na CPRH requerimento padrão para averbação de Reserva Legal atrelada à

elaboração de Termo de Responsabilidade para a doação em atendimento ao artigo 44

do Código Florestal, alertando que a Unidade de Conservação deve ser criada anterior a

averbação da Reserva Legal.

Page 19: Proposta esec serra.da.canoa

19

De posse desta informação, realizou-se vistoria conjunta com

CPRH/SEMAS/CODEVASF para identificação e reconhecimento de área de interesse

para a criação de Unidades de Conservação e definir seu o perímetro.

Foi confirmado que a área vistoriada apresenta com grande potencial para a

criação de Unidade de Conservação considerando a riqueza da diversidade biológica

existente.

5. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA PROPOSTA PARA CRIAÇÃO DA

UNIDADE DE CONSERVAÇÃO

5.1 Localização e Abrangência

A área que se pretende criar a Unidade de Conservação em Floresta está

localizada na Depressão Sertaneja, constando de 11.720 hectares, incluindo a Serra da

Canoa e propriedades localizadas no pediplano da Serra. A área recebe influência das

Unidades de Conservação Maurício Dantas e Cantidiano Valgueiro, ambas RPPN’s

(Reserva Particular do Patrimônio Natural), instituídas pelo IBAMA. Adotou-se como

critério para definição do seu perímetro a utilização, sempre que possível, de limites

físicos existentes (estradas, rios, riachos) associado ,à vegetação densa da caatinga o que

coincidiu com a cota topográfica de 400m, da Carta da SUDENE, base cartográfica

extraída das folhas: SC. 24-X-A-II (MI -1365), SC.24-X-A-V(MI -1443) e SC.24-X-A-

IV(MI-1442) escala 1:100.000, produzida a partir de varredura digital dos fotolitos

cedidos pela Diretoria de Serviço Geográfico do Exército – 3º Divisão de

Levantamento.

Page 20: Proposta esec serra.da.canoa

Figura 2 – Mapa da área proposta para criação da Unidade de Conservação Serra da Canoa em Floresta/PE.

Page 21: Proposta esec serra.da.canoa

5.2 Aspectos Biológicos

5.2.1 - Aspectos Fisiográficos

O município de Floresta está inserido na unidade geoambiental da Depressão

Sertaneja, que representa a paisagem típica do semi-árido nordestino, caracterizada por

uma superfície de pediplanação bastante monótona, relevo predominantemente suave-

ondulado, cortada por vales estreitos, com vertentes dissecadas. Elevações residuais,

pontuam a linha do horizante. Esses relevos isolados testemunham os ciclos intensos de

erosão que atingem grande parte do sertão nordestino. A vegetação é basicamente

composta por caatinga Hiperxerófila com trechos de Floresta caducifólia (CPRM,

2005).

Figura 3 - Fotos A e B vista parcial da área da Serra da Canoa em Floresta/PE

A

B

Page 22: Proposta esec serra.da.canoa

22

5.2.2. Vegetação e Flora

Das províncias biogeográficas presentes no território brasileiro (Cabrera

&Willink 1973), a da caatinga, com aproximadamente os mesmos limites da área de

clima semi-árido do nordeste brasileiro é uma das maiores e mais desconhecidas. Sua

variada cobertura vegetal está, em grande parte, determinada pelo clima, relevo e

embasamento geológico que, em suas múltiplas interrrelações, resultam em ambientes

ecologicamente variados. A heterogeneidade da flora e da fisionomia da cobertura

vegetal dessa província decorre de dois gradientes de umidade, um no sentido norte-sul,

que se manifesta em uma diminuição das precipitações e outro oeste-leste, que se

expressa com um aumento do efeito da continentalidade (Rodal, et all., 2008).

De acordo com Veloso et al. (1991), a savana-estépica é a tipologia vegetal

característica, sendo localmente chamada da caatinga.

A savana-estépica, denominada caatinga sensu stricto, ocorre especialmente nas

terras baixas entre serras e planaltos, considerados como depressão sertaneja. A

depressão representa um extenso conjunto de pediplanos ora rodeado por extensos

planaltos, ora entremeado por relevos residuais com variadas dimensões como chapadas

e bacias sedimentares, maciço e serras (Rodal & Sampaio 2002).

A caatinga apresenta grande variação fisionômica, principalmente quanto à

densidade e ao porte das plantas. Mudanças em escala local, a poucas dezenas de

metros, são facilmente reconhecíveis e geralmente ligadas a uma alteração ambiental

claramente identificável. O maior porte das plantas nos vales e do menor sobre lajedos e

solos rasos, em conseqüência da maior e menor disponibilidade hídrica. As variações

numa escala de regiões, abrangendo milhares de quilômetros quadrados, são mais

difíceis de identificar, em virtude dos limites difusos, da causalidade múltipla e da

variabilidade local interna a cada uma delas. Apesar desta dificuldade, várias tentativas

de identificação de tipos regionais de caatinga têm sido feitas, desde a de Luetzelburg

(1922-1923) até a de Andrade-Lima (1981). De uma maneira geral temos a caatinga

Xérofíditica ou xeromófica com elementos de áreas mais secas e as mais mésicas e

áreas de encostas e de altitude em áreas úmidas.

Page 23: Proposta esec serra.da.canoa

23

A distribuição espacial de árvores e arbustos pode variar de acordo com as

variáveis ambientais, através de uma escala espacial de vários hectares (Harms, 2001) e

espera-se que este padrão possa também ser visualizado para as populações de

herbáceas, o que na região da caatinga nordestina ainda é pouco investigado, apesar de

tratar-se do componente da vegetação de maior importância para o conhecimento da

biodiversidade neste ecossistema (Silva, 2003; Araújo, et al., 2002; Araújo, 2003)

Crawley (1997) observou que os variados níveis de organização de vida das

plantas de determinada área tem sido útil para caracterizar a vegetação, uma vez que,

em geral, reflete a fisionomia da cobertura vegetal. A região da savana-estépica, onde

predomina a caatinga sensu stricto, tipologia vegetal característica e de maior extensão

na região semi-árida do Nordeste, caracteriza-se pela presença de fanerófitos de

pequeno porte ( árvores), caméfito (arbusto) e terófitos (plantas anuais).

Até o momento para a área proposta para a criação da Unidade de Conservação,

podem-se observar as seguintes espécies e formas de vida encontradas na área da Serra

da Canoa e propriedades do entorno, conforme Quadro III.

Figura 4: Espécies da Caatina: A – Espécie de cactácea (facheiro), B – bromeliáceas (macambira) e C – euphorbiacea (marmeleiro), que caracteriza a área da Serra da Canoa , Floresta/PE.

A B

CC

Page 24: Proposta esec serra.da.canoa

24

QUADRO III - LISTA DAS ESPÉCIES OBSERVADAS NA ÁREA DA SERRA DA CANOA SEGUIDAS COM O SEU NOME POPULAR E FORMA DE VIDA.

Família / Espécie Nome Vulgar/Forma de Vida 1. Anacardiaceae Myracrodium urundeuva Allemão Aroeira/árvore Schinopsis brasiliensis Engler Braúna/árvore Spondias tuberosa Arruda Imbuzeiro/árvore 2. Apocynaceae Aspidosperma pyrifolium Mart. Bananinha/árvore A. cuspa S. F. Blake ex Pittier Pereiro/arbusto 3. Arecaceae Syagrus oleracea Becc. Catolé 4. Bignoniaceae Tabebuia impetiginosa (Mart. ex DC.) Standl. Ipê-roxo/árvore 5. Boraginaceae Cordia trichotoma (Vell.) Steud. arbusto C. verbenacea DC. árvore 6. Bromelicaceae Bromelia karatas L. erva Bromélia laciniosa Mart. Ex Schultez macambira/ erva Tillandsia gardneri Lindl. epífitas T. recurvata L. epífitas T. streptocarpa Baker caroá 7. Burseraceae Commiphora leptophloeos (Mart.) J. B. Gillet Imburana-de-cambão/árvore 8. Cactaceae Cereus jamacaru DC. Mandacaru/arbusto Harrisia adscendens (Gürke) Britton & Rose Rabo-de-raposa/arbusto Pilosocereus chrysostele (Vaupel) Byles & G. D. Rowley

Facheiro/arbusto

P. gounellei (F. A. C. Weber ex K. Schum.) Byles & G. D. Rowley

Xique-xique/arbusto

Tacinga inamoena (K. Schum.) N. P. Taylor & Stuppy

Quipá/erva

9. Celastraceae Maytenus rigida Mart. Bom Nome C. pisonioides Taub. Mufumbo/arbusto 10. Euphorbiaceae Cnidoscolus loefgrenii (Pax & H. Hoffm.) Pax & K. Hoffm.

Cansanção/arbusto

Croton blanchetianus Baill. Marmeleiro/arbusto C. glandulosus L. arbusto C. heliotropiifolius Kunth Velame/arbusto C. hirtus L´Hir. C. rhamnifolioides Pax & K. Hoffm. Marmeleiro Jatropha molissima (Pohl) Baill. Pinhão/arbusto Manihot dichotoma Ule Maniçoba/arbusto Sapium glandulosum (L.) Morong Burra-leiteira/árvore

Page 25: Proposta esec serra.da.canoa

25

Sebastiania macrocarpa Müll. Arg. Leiteiro/árvore 11. Fabaceae Amburana cearensis (Allemão) A. C. Sm. Imburana-de-cheiro/árvore

Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan Angico/Angico-de-

caroço/árvore Bauhinia cheilantha (Bong.) Steud. Pata-de-vaca/Mororó/arbusto Chamaecrista sp. subarbusto Libidibia ferrea (Mart. ex Tul.) L. P. Queiroz Pau-ferro/árvore Mimosa arenosa Poir. Jurema M. modesta Mart. arbusto M. ophtalmocentra Mart. ex Benth. Jurema/arbusto M. tenuiflora (Willd.) Poir. Jurema-preta/arbusto Parapiptadenia zehntneri (Harms) M. P. Lima & H. C. Lima

Angico-monjolo/árvore

Piptadenia stipulacea (Benth.) Ducke Jurema-branca/arbusto Poincianella pyramidalis (Tul.) L. P. Queiroz Catingueira/árvore Senna macranthera (Coll) H. S. Irwin & Barneby Canafistula-de-besouro/arbusto S. uniflora (Mill.) H. S. Irwin & Barneby Fedegoso/subarbusto S. spectabilis (DC.) H. S. Irwin & Barneby Canafístila-de-rama/árvore 12. Malvaceae Ceiba glaziovii (Kuntze) K. Schum. Barriguda/arbusto Pseudobombax marginatum (A. St.-Hil., Juss. & Cambess.) A. Robyns

Embiratanha

13. Moraceae Ziziphus joazeiro Mart. Juazeiro/árvore

5.2.3 - VEGETAÇÃO DA SERRA DA CANOA E ENTORNO

A área proposta para criação da Unidade de Conservação na Serra da Canoa,

ainda não possui levantamento do componente biótico e físico. Desta maneira, tomou-se

como base os levantamentos do componente biótico (flora e fauna) das áreas das

RPPN”s Maurício Dantas e Cantidiano Valgueiro, ambas sob influência direta da

Unidade de Conservação Estadual a ser criada.

5.2.3.1 - Componente lenhoso

Costa et al. (2009) realizaram levantamento da flora vascular e das formas de

vida das plantas da Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Maurício Dantas ,

onde foram realizadas excursões mensais durante 15 meses de janeiro de 2002 a abril de

2003, para englobar dois períodos chuvosos.Foram coletadas 101 espécies distribuídas

Page 26: Proposta esec serra.da.canoa

26

em 39 famílias botânicas, destacando-se Euphorbiaceae e Mimosaceae, pela riqueza de

espécies. Na identificação do hábito, houve predomínio de herbácea, com 60 espéceis.

Na avaliação por formas de vida, 36 espécies são terófitos, 23 fanerófitos. A vegetação

de caatinga distingue-se da dos demais tipos caducifólios do semiárido (carrasco e

floresta decidual) pela menor proporção de fanerófitos e pela maior de terófitos.

Rodal et al. (2008) concluíram que na área da RPPN Maurício Dantas, foram

amostrados todos os indivíduos vivos com diâmetro do caule ao nível do solo ≥ a 3 cm e

altura ≥ a 1 m, presentes em um hectare. Foram registradas 28 espécies de um total de

3.140 plantas com área basal total de 18,5m², isto demonstra que os levantamentos das

áreas de depressão sertaneja situadas em áreas de pediplano, tendem a apresentar

diâmetros menores, que aqueles situados em áreas próximas a riachos ou serras.

Cavalcanti et al (2003) realizaram mapeamento de fitofisionomias da região do

médio do vale do Pajeú, onde identificaram quatro fitofisionomias de vegetação

caducifólia (caatinga sensu strictu). Foram denominada quatro fitofisionomias, as fito 1

e 2 para a área da RPPN Maurício Dantas e as fito 3 e 4 para a RPPN Cantidiano

Valgueiro. Para as quatro fitofisionomias foram amostradas 21 espécies, distribuídas em

9 árvores, 14 arbustos, 14 subarbustos e 7 suculentas. Para árvores e arbustos na

fitofisionomia 1 e 2 apresentaram maior riqueza, onde houve um destaque para o

componente subarbustivo para a fito 2. Os resultados indicam que as fitos 1 e 2 tiveram

maior concentrada nos componentes arbóreo e arbustivo e que as fito 3 e 4 tiveram

menor riqueza geral. As variações na riqueza ocorreram basicamente no componente

lenhoso (árvores e arbusto).

Rodal et al. (2003) realizaram seis expedições consecutivas e reconheceram

diferentes biótipos na RPPN Maurício Dantas, onde analisaram a repartição espacial de

comunidade de plantas lenhosas. Foram encontrados 2.055 caules distribuídos em 23

famílias, 64 espécies e concluíram que apesar da aparente homogeneidade da vegetação

de Caatinga (sensu strictu) da área da RPPN Maurício Dantas, os resultados indicam um

complexo gradiente abiótico, com reflexo na fisionomia e estrutura das plantas

lenhosas. Fernandes et al. (2003) realizaram estudo polínico a partir do

levantamento florístico das plantas vasculares na RPPN Maurício Dantas, onde coletou-

Page 27: Proposta esec serra.da.canoa

27

se flores ou botões para estudo polínico, foram estudados grãos de polém de 36

espécies das famílias.

5.2.3.2 - Componente herbáceo

Pessoa et al. (2003) realizaram mapeamento das fitofissionomias da região do

médio Vale do Pajeú, onde identificaram quatro fitofissionomias de vegetação

caducifólia espinhosa (caatinga sensu strictu). Foram denominada quatro

fitofissionomias as fito 1 e 2 para a área da RPPN Maurício Dantas e as fito 3 e4 para a

RPPN Cantidiano Valgueiro. A avaliação do estrato herbáceo resultou em 67 espécies e

28 famílias. As diferentes áreas não variaram na riqueza das espécies e sim em termos

de maior ou menor número de espécies por parcela. Do modo geral as áreas 3 e 4

apresentam maior número de famílias com uma única espécie. Apesar das áreas serem

floristicamente similares nota-se que os níveis internos de similaridade entre as parcelas

das áreas 3 e 4 foram superiores as das áreas 1 e 2, sugerindo uma maior

homogeneidade nas parcelas das áreas 3 e 4. Assim foi possível diferenciar duas

comunidades uma para as parcelas das áreas 1 e2 e outra para a área 3 e 4.

Lima et al (2008) realizaram estudo de chuva de sementes em uma área de

vegetação na RPPN Maurício Dantas, onde descreveram a composição e a densidade da

chuva de sementes em um hectare de vegetação de caatinga. Quarenta coletores de

sementes de 0,25m² cada foram instalados e visitados mensalmente por um ano. Foram

depositados 76 sementes/m² e 26 espécies. Os indivíduos de Tillandsia spp.

(Bromeliaceae) contribuíram com a maioria (49%) das sementes. Não houve correlação

estatística entre a densidade de deposição de sementes e a precipitação mensal. A

autocoria prevaleceu nas sementes de plantas (árvores e arbustos).

Page 28: Proposta esec serra.da.canoa

28

QUADRO IV - LISTA DAS ESPÉCIES DE UM HECTARE NA CAATINGA SENSU

STRICTO DA (RPPN) MAURÍCIO DANTAS, BETÂNIA/FLORESTA, PERNAMBUCO.

CITADA PELOS AUTORES: COSTA et al, 2009 e RODAL et al., 2008

FAMÍLIA ESPÉCIE

Acanthaceae Ruellia cf. geminiflora Kunth

Amaranthaceae Alternanthera cf. tenella Colla

Alternanthera SP. 1

Gomphrena vaga Mart.

Anacardiaceae Myracrodruon urundeuva Allemão

Schinopsis brasiliensis Engler

Apocynaceae Aspidosperma pyrifolium Mart.

Asclepiadaceae Ditassa glaziovii E. Fourn.

Asclepiadaceae Marsdenia cf. dorothyae Fontella & Morillo

Asteraceae Ageratum conyzoides L.

Centratherum punctatum Cass.

Conocliniopsis prasiifolia (DC) R. M King & H. Rob.

Delilia biflora (L.) Kuntze

Flaveria bidentis (L.) Kuntze

Lagascea mollis Cav.

Tridax procumbens L.

Boraginaceae Cordia leucocephala Moric.

Heliotropium ternatum Vahl.

Neoglaziovia variegata (Arruda) Mez

Tilandsia loliacea Mart. Ex Schult. F.

Tilandsia recurvata (L) L.

Tilandsia streptocarpa Baker

Commiphora leptophloeos (Mart.) Gillet.

Cactaceae Arrojadoa rhodantha (Gürke) Britton & Rose

Cereus jamacaru DC

Melocactus oreas Miq.

Opuntia inamoena K. Schum.

Opuntia palmadora Britton & Rose

Pilosocereus gounellei (F.A.C.Weber) Byles & G.D.Rowley

Caesalpiniaceae Bauhinia cheilantha (Bong.)

Caesalpinia gardneriana Benth.

Page 29: Proposta esec serra.da.canoa

29

Senna macranthera (DC. Ex Collad.) H.S. Irwin & Barneby

Senna uniflora (Mill.) H.S.Irwin & Barneby

Capparaceae Capparis flexuosa Vell.

Cleome diffusa Banks ex DC.

Cleome guianensis Aublet

Cleome lanceolata (Mart. & Zucc.) H.H.lltisl

Commelinaceae Callisia filiformis (M. Martens & Galeotti) D.R.Hunt

Commelina obliqua Vahl

Ipomoea SP.

Jacquemontia SP.

Cyperaceae Cyperus cuspidatus Humb., Bonpl. & Kunth

Erythroxilaceae Erythroxylum pungens O.E Schulz.

Euphorbiaceae Bernardia sidoides (Klotzsch) Mull.Arg.

Chamaesyce hyssopifolia (L.)

Cnidoscolus bahianus (Ule) Pax & K. Hoffm.

Cnidoscolus loefgrenii (Pax & K.Hoffm.) Pax & K.Hoffm.

Cnidoscolus quercifolius Pohl

Croton blanchetianus Baill.

Croton glandulosus L.

Croton lobatus L.

Croton rhamnifolioides Pax & K. Hoffm.

Jatropha mollissima Pohl & Baill.

Jatropha ribifolia (Pohl) Baill.

Manihot SP.

Phyllanthus heteradenius Müll. Arg.

Phyllanthus niruri L.

Fabaceae Centrosema virginianum (L.)

Macroptilium martii (Benth)

Loranthaceae Phoradendron SP.

Lythraceae Cuphea circaeoides SM. Ex Sims

Malvaceae Gaya elingulata Krapov, Três & Fem.

Herissantia crispa (L) Brizicky

Sida SP.

Mimosaceae Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenam

Mimosa ophthalmocentra Mart. Ex Benth.

Page 30: Proposta esec serra.da.canoa

30

Mimosa tenuiflora (Willd.) Poir.

Piptadenia stipulaceae (benth.) Ducke

Molluginaceae Mollugo verticillata L.

Nyctaginaceae Guapira noxia (Netto) Lundell

Oxalidaceae Oxalis divaricata Mart. Ex Zucc.

Phytolaccaceae Microtea paniculata Moq.

Poaceae Aristida adscensionis L.

Chloris rupestris (Ridl.) Hitchc.

Leptochloa filiformis (Pers.) P. Beauv.

Panicum trichoides Sw.

Paspalum fimbriatum Kunth

Tragus berteronianus Schult.

Tripogon spicatus (Nees) Ekman

Urochloa molis (Sw) Morrone & Zuloaga

Polygalaceae Polygala brizoides A. St. – Hil. & Moq.

Portulacaceae Portulaca alatior Marq. Ex Rohrb.

Portulaca oleracea L.

Primulaceae Samolus sp.

Rubiaceae Diodia apiculata (Willd. Ex Roem. & Schult) K. Schum

Mitracarpus acabrellus Benth.

Sapindaceae Cardiospermum corindum L.

Scrophulariaceae Angelonia sp.

Selaginellaceae Selaginalla convoluta (Arn.)

Sterculiaceae Melochia tomentosa L.

Waltheria macropoda Turcz.

Waltheria rotundifolia Schrank

Tiliaceae Corchurus argutus L.

Tumeraceae Piriqueta racemosa (Jacq.) Sweet.

Verbenaceae Lantana camara L.

Lantana sp. 1

Lantana sp. 2

Lippia gracilis Schauer

Vitaceae Cissus simsiana Schult. & Schult.

Page 31: Proposta esec serra.da.canoa

31

Figura 5: Vista parcial da fisionomia da Área de 11.720 ha que abrange a Serra da Canoa Floresta/PE.

Page 32: Proposta esec serra.da.canoa

32

Figura 6: Espécies da caatinga encontradas em frutificação ou floração na Área de 11.720 ha que abrange a Área da Serra da Canoa, Floresta/PE.

Page 33: Proposta esec serra.da.canoa

33

5.2.4 – Fauna

A redução drástica das áreas naturais do Bioma Caatinga, determinada pela ação

antrópica, não representa boas perspectivas para a conservação, visto que a perda da

diversidade biológica e genética gera redução na capacidade de adaptação das espécies

às mudanças ambientais, aumentando drasticamente as possibilidades de extinção.

Por muito tempo a Caatinga foi tida como um Bioma pobre, sem uma fauna

própria, mas estudos recentes mostraram que a Caatinga é diversa com elementos

faunísticos adaptados ao ambiente seco e com informações particulares na sua história

de vida, todavia pouco se conhece esses mecanismos de adaptação para a maioria dos

táxons (MMA, 2001). Tais estudos apontam que a fauna de vertebrados do Bioma

Caatinga está constituída por 240 espécies de peixes, 51 de anfíbios, 116 da répteis,

510 de aves, sendo 347 exclusivas do Bioma e 148 de mamíferos.

Na região do médio vale do Rio Pajeú, especificamente nas Reservas

Particulares do Patrimônio Natural Maurício Dantas e Cantidiano Valgueiro,

recentemente foram realizados levantamentos faunísticos para diversos taxons. Devido a

proximidade entre estas Unidades de Conservação e a área de 11.720,00 hectares que

abrange a Serra da Canoa acredita-se que haja similaridade entre estas áreas,

especialmente entre as que abrangem a Serra da Canoa e a RPPN Maurício Dantas, pois

estas possuem vegetação mais densa, conforme descrito por Cruz et al. (2005); Farias et

al. (2005); Borges-Nojosa et al. (2005) e pelo que pode ser verificado nas visitas

técnicas (equipe CPRH/SEMAS) realizadas na Serra da Canoa.

5.2.4.1 – Mastofauna

Cruz et al. (2005) identificou que as duas RPPNs alcançaram alta

dissimilaridade para os mamíferos, já que a fitofisionomia e altitude são diferentes,

porém como a área da Serra da Canoa possui vegetação mais densa é provavel que não

haja tanta dissimilaridade desta com a RPPN Maurício Dantas. Contudo a existência de

oito espécies em comum entre as RPPNs apontou que talvez o curto período do

levantamento e o ineditismo das comparações dos dados possa ter influnciado

negativamente os resultados Cruz et al. (2005).

Page 34: Proposta esec serra.da.canoa

34

Estes estudos realizados por Cruz et al. (2005) nas RPPNs Maurício Dantas e

Cantidiano Valgueiro, foram entre os dias 11 e 21 de março de 2003 (período chuvoso)

e 28 de setembro e 09 de outubro do mesmo ano (período seco), com a utilização das

metodologias de captura com trabalho de campo e no laboratório, observação em

campo, identificação através dos vestígios (registro indireto) e entrevistas, tendo

registrado 21 espécies das famílias Didelfidae (cassaco), Cervidae (veado catingueiro),

Callithrichidae (sagüi), Dasypodidae (tatupeba), Mymecophagidae (tamandua mirim),

Felidae (gato do mato), Canidade (raposa), Mephitidae (camganbá), Echimyidae

(punaré) e Molossidae (morcego) (todas com apenas 1spp.), Caviidae (mocó),

Desmodontidae (morcego) e Noctilionidae (morcego) (com 2spp. cada) e

Phyllostomidae (morcego) (4spp.).

Destes, o Leopardus tigrinus (gato do mato) é o único que faz parte da lista

oficial de animais ameaçados de extinção do IBAMA (MMA, 2004), integrando o

status de vulnerável; o Kerodon rupestris (mocó) é endêmico e o Noctilio albiventris

(morcego) foi um novo registro para a caatinga de Pernambuco.

Também foi registrado, através de entrevistas, a presença de Cebus apella

(macaco-prego) e o desaparecimento do Tolypeutes tricintus (tatu-bola).

O mesmo levantamento realizado por Cruz et al. (2005) nas RPPNs Maurício

Dantas e Cantidiano Valgueiro foi realizado nos estados da Paraíba e Ceará,

identificando que o número de espécies generalistas, com amostragem nestes três

Estados é pequeno, contando apenas com o Didelphis albiventris (cassaco), o Callithrix

jacchus (sagüi), o Thrichomys apereoides (punaré ou rabudo) e o Artibeus planorostris

(morcego); ainda quanto as generalistas, as espécies amostradas em metade das

fitofisionomias levantadas e presentes nas RPPNs Maurício Dantas e Cantidiano

Valgueiro foram o Procyon cancrivorous (guará), a Cerdocyon thous (raposa) e o Galea

spixii (preá).

Estes dados mostram que as espécies generalistas estiveram presentes em menor

quantidade quando se comparado as, consideradas neste levantamento, espécies

especialistas em habitats ou outro recurso importante. Segundo Cruz et al. (2005) “isto

Page 35: Proposta esec serra.da.canoa

35

sugere que muitas adaptações com respeito ao meio físico, às condições ecológicas e à

bióta das espécies devem estar presentes”.

“A caatinga é um bioma multiplo e , ao mesmo tempo, suas várias “partes”

(ou seus vários tipos fitofisionômicos) são indissociáveis. Parece ser dessa

diversidade que ela surgiu, a partir da qual se mantém e todos os seus

grupos faunísticos parecem refletir essa variedade.” Cruz et al. (2005)

QUADRO V – LISTA DA MASTOFAUNA NAS RPPNs MAURÍCIO DANTAS E CANTIDIANO VALGUEIRO (Fonte: Cruz et al. (2005))

RPPN Maurício Dantas

RPPN Cantidiano Valgueiro Grupo Taxonômico Nome Popular

Forma de Registro

Forma de Registro

DIDELPHIMORPHIA

Didelphis albivantris*** cassaco c

ARTIODACTYLA

Mazama gouazoupira veado-catingueiro o ri

CARNIVORA

Cerdocyon thous** raposa o c/o

Leopardus tigrinus* gato-do-mato ri ri

Conepatus semistriatus canganbá c

Gallictis sp furão ri

Procyon cancrivorous** guará ri

CHIROPTERA

Molossus molossus c

Noctilio leporinus o

Noctilio albiventris o

Desmodus rotundus c

Diphylla ecaudata c

Lonchophylla mordaz c

Mimom crenullatum c

Page 36: Proposta esec serra.da.canoa

36

Trachops cirrhosus c c

Artibeus planirostris*** c c

PRIMATES

Callithrix jacchus*** sagüi c o

RODENTIA

Kerodon rupestris mocó o

Galea spixii** préa ri

Thichomys apereoides*** punaré c

XENARTHRA

Euphactus sexcintus tatu-peba o

Tamandua tetradactyla tamanduá-mirim ri

Legenda: C – captura; O – Observação direta; RI – Registro indireto; * Ameaçado de extinção, ** Generalistas com abrangencia em metade das fitofisionomias, *** Generalistas com ocorrencia em todos os estados levantados (PE, CE e PB).

Figura 7 - Imagens de mamíderos capturados e/ou observados nas RPPNs Maur[icio Dantas e Cantidiano Valgueiro por Cruz et al. 2005. A- Leopardus tigrinus (gato-do-mato) B- Cerdocyon thous (raposa), C- Callithrix jacchus (sagüi), D- Tamandua tetradactyla (tamanduá-mirim).(Fonte: Fotos A e B – A. Gambarini (site: Intituto Pró-carnívoros), Foto C – Jóice Brito, Foto D – site: Parque Estadual de Dois Irmãos).

A B

C D

Page 37: Proposta esec serra.da.canoa

37

5.2.4.2 – Avifauna

Farias et al. (2005) aponta para uma avifauna diversa com 165 espécies

levantadas para as RPPNs Maurício Dantas e Cantidiano Valgueiro, o que corresponde

a 49% das espécies descritas para o Bioma (347 espécies). Adicionando-se dados

secundários, principalmente os registros de Coelho (1987) e da OAP este número

aumenta para 216 espécies, porém estas espécies não foram observadas em campo por

Farias et al. (2005).

Deste total de 165 espécies levantadas para as duas RPPNs 99 estavam presentes

nas duas Unidades de Conservação, portanto acredita-se que estas espécies também

ocorram na área de 11.720 hectares que abrange a Serrra da Canoa, já que ela está

localizada entre estas duas Unidades.

Dentre as espécies inventariadas foi detectada a presença de Penelope jacucaca

(jacu-verdadeiro) que está na lista oficial de animais ameaçados de extinção do IBAMA

(MMA, 2004) no status de vulnerável; porém ainda há a possibilidade da existência de

mais duas espécies desta lista oficial, sendo elas o Carduelis yarellii (pintassilgo do

nordeste), vulnerável e o Pyrrhura anaca (cara-suja), criticamente em perigo, ambas

descritas por Coelho (1987) para a Reserva Biológica de Serra Negra. A REBIO é uma

Unidade de Conservação Federal (ICMBio) com predomínio de vegetação caracteristica

de Brejo de altitude, estando localizada nos município de Floresta, Tacaratu e Inajá e

próximo as duas RPPNs e a Serra da Canoa.

Neste estudo Farias et al. (2005) também registrou a presença de sete espécies

endêmicas, sendo elas o Caprimulgus hirundinaceus cearae (bacurauzinho-da-

caatinga), o Anopetia gounellei (rabo-branco-de-cauda-larga), o Sakesphorus cristatus

(choca-do-nordeste), o Gyalophylax hellmayri (joão-chique-chique), o Megaxenops

parnaguae (bico-virado-da-caatinga), o Paroaria dominicana (galo-de-campina), e o

Icterus jamacaii jamacaii (concriz ou corrupião), além do registro de três novas

espécies descritas para o Estado de Pernambuco, são elas o Knipolegus nigerrimus

(maria-preta-de-garganta-vermelha), o Accipter superciliosus (gavião-miudinho), e o

Campephilus melanoleucos (pica-pau-de-topete-vermelho).

Page 38: Proposta esec serra.da.canoa

38

Segundo Farias et al. (2005) no Estado de Pernambuco a região onde estão

localizadas estas duas RPPNs possuem a maior concentração de aves da Família

Psittacidae do Estado, num total de sete espécies, porém destas sete apenas quatro foram

inventariadas no levantamento de campo realizado por Farias et al. (2005), as outras

foram identificadas por Coelho (1987) dentre elas o ameaçado Pyrrhura anaca (cara-

suja).

Para este levantamento realizado em abril de 2003 (período chuvoso) e outubro

de 2004 (período seco) Farias et al. (2005) utilizou as técnicas de observação de campo,

registros fotográficos e gravação das vocalizações, além da utilização de dados

secundários.

Ainda para avifauna Leal et al. (2006) também realizou levantamentos na RPPN

Maurício Dantas, e além das espécies de beija-flores Chorostilbon aureoventris,

Chrysolampis mosquitus, Eupetomena macroura e Heliomaster squamosus também

inventariados por Farias et al. (2005) identificou também a presença do Phaethornis

gounellei, que não foi observada em flores, tendo sido apenas registrada sua presença na

área do levantamento. Segundo Leal et al. (2006) tal fato pode ter ocorrido em

conseqüência desta espécie ocorrer, preferencialmente, em “ambientes florestais” e com

pouca perturbação antrópica e na RPPN haver indícios de perturbação.

QUADRO VI – LISTA DA AVIFAUNA NAS RPPNs MAURÍCIO DANTAS E CANTIDIANO VALGUEIRO (Fonte: Farias et al. (2005))

Registro Grupo Taxonômico

RPPN Maurício Dantas

RPPN Cantidiano Valgueiro

TINAMIFORMES

TINAMIDAE

Crypturellus parvirostris x

Crypturellus tataupa x x

Nothura boraquira x

Nothura maculosa #

PELECANIFORMES

PHALACROCORACIDAE

Page 39: Proposta esec serra.da.canoa

39

Phalacrocorax brasilianus #

RHEIFORMES

RHEIDAE

Rhea americana x

PODICIPEDIFORMES

PODICIPEDIDAE

Tachybaptus dominicus x

Podilymbus podiceps x

CICONIIFORMES

ARDEIDAE

Ardea alba x

Egretta thula x x

Bubulcus ibis x x

Butorides striatus x

Tigrisoma lineatum x x

CATHARTIDAE

Sarcoramphus papa x

Coragyps atratus x x

Cathartes aura x x

Cathartes burrovianus x x

ANSERIFORMES

ANATIDAE

Dendrocygna viduata x

Dendrocygma autumnalis x

Anas bahamensis x

Netta erythrophthalma x

Amazonetta brasiliensis x x

Sarkidiornis sylvicola x x

Cairina moschata x x

FALCONIFORMES

ACCIPITRIDAE

Elanus leucurus ^

Page 40: Proposta esec serra.da.canoa

40

Gampsonyx swainsonii x

Chondrohierax uncinatus ^

Accipiter bicolor ^

Accipiter superciliosus #

Buteo melanoleucus x

Buteo albonotatus #

Rupornis magnirostris x x

Parabuteo unicintus x

Buteogallus urubitinga #

Heterospizias meridionalis x

Geranospiza caerulescens x x

FALCONIDAE

Herpetotheres cachinnans x x

Micrastur ruficollis #

Milvago chimachima x

Caracara plancus x x

Falco femoralis x x

Falco sparverius x x

GALLIFORMES

CRACIDAE

Penelope jacucaca AM x

GRUIFORMES

ARAMIDAE

Aramus guarauna x

RALLIDAE

Gallinula chlropus x x

Porphyrula martinica #

CARIAMIDAE

Cariama cristata x x

CHARADRIIFORMES

JACANIDAE

Jacana jacana x x

Page 41: Proposta esec serra.da.canoa

41

CHARADRIIDAE

Vanellus chilensis x x

Vanellus cayanus x x

Charadrius collaris x

SCOLOPACIDAE

Tringa solitaria x

Tringa melanoleuca x

RECURVIROSTRIDAE

Himantopus himantopus x x

COLUMBIFORMES

COLUMBIDAE

Patagioenas picazuro x x

Zenaida auriculata x x

Columbina minuta x

Columbina talpacoti x

Columbina picui x x

Scardafella squammata x x

Leptotila verreauxi x x

PSITTACIFORMES

PSITTACIDAE

Primolius maracana ^

Aratinga acuticaudata ^

Aratinga leucophthalmus x

Aratinga cactorum x x

Pyrrhura anaca ̂AM

Forpus xanthopterygius x x

Amazona aestiva x x

CUCULIFORMES

CUCULIDAE

Coccyzus melacoryphus x x

Piaya cayana x

Crotophaga ani x x

Page 42: Proposta esec serra.da.canoa

42

Guira guira x

Tapera naevia x x

STRIGIFORMES

TYTONIDAE

Tyto alba x

STRIGIDAE

Otus choliba x x

Glaucidium brasilianum x x

Speotyto cunicularia x

CAPRIMULGIFORMES

NYCTIBIIDAE

Nyctibius griseus x x

CAPRIMULGIDAE

Chordeiles pusillus x

Caprimulgus rufus x

Caprimulgus parvulus x

Caprimulgus hirundinaceus EN x

Hydropsalis torquata x x

APODIFORMES

APODIDAE

Tachornis squamata x

TROCILIDAE

Anopetia gounellei EN x x

Eupetomena macroura x x

Anthracothorax nigricollis x

Chrylampis mosquitus x x

Chlorostilbon aureoventris x x

Amazilia versicolor #

Amazilia fimbriata ^

Heliomaster squamosus x x

TROGONIFORMES

TROGONIDAE

Page 43: Proposta esec serra.da.canoa

43

Trogon curucui x

CORACIIFORMES

ALCEDINIDAE

Ceryle torquata x

Chloroceryle amazona x

PICIFORMES

GALBULIDAE

Galbula ruficauda x

BUCCONIDAE

Nystalus maculatus x x

PICIDAE

Pucumnus fulvescens x

Colaptes melanochloros x x

Piculus chrysochloros x x

Drycopus lineatus x x

Campephilus melanoleucos #

PASSERIFORMES

FORMICARIIDAE

Taraba major x

Sakesphorus cristatus ^ EN

Thamnophilus doliatus x

Thamnophilus pelzelni ^

Thamnophilus torquatus ^

Myrmorchilus strigilatus x x

Herpsilochmus artricapillus ^

Formicivora melanogaster x x

Hylopezus ochroleucus ^ EN

FURNARIIDAE

Furnarius leucopus x

Furnarius figulus x x

Synallaxis frontalis x x

Poecilurus scutatus ^

Page 44: Proposta esec serra.da.canoa

44

Gyalophylax hellmayri EN x x

Certhiaxis cinnamomea x x

Phacellodomus rufifrons x

Pseudoseisura cristata x x

Megaxenops parnaguae ^ EN

DENDROCOLAPTIDAE

Sittasomus griseicapillus x x

Dendrocolaptes platyrostris ^

Xiphorhynchus picus ^

Lepidocolaptes angustirostris x x

Campylorhamphus trochilirostris ^

TYRANNIDAE

Phyllomyias fasciatus x

Camptostoma obsoletum x x

Phaeomyias murina x x

Suiriri suiriri x x

Myiopagis viridicata x x

Elaenia spectabilis x x

Elaenia mesoleuca ^

Serpophaga subcristata x x

Stigmatura napensis x

Euscarthmus meloryphus x x

Hemitriccus margaritaceiventer x x

Todirostrum cinereum x x

Tolmomyias flaviventris x x

Myiophobus fasciatus ^

Cnemotriccus fuscatus ^

Xolmis irupero x

Knipolegus nigerrimus #

Fluvicola albiventer x

Fluvicola nengeta x x

Arundinicola leucocephalas x

Page 45: Proposta esec serra.da.canoa

45

Satrapa icterophrys x

Hirundinea ferruginea x

Machetornis rixosus x

Casiornis fusca x x

Myiarchus tyrannulus x x

Philohydor lictor ^

Pitangus sulphuratus x x

Megarhynchus pitangua x x

Myiozetetes similis x x

Myiodynastes maculatus x x

Empidonomus varius x x

Tyrannus melancholicus x x

Xenopsaris albinucha x

Pachyramphus viridis x

Pachyramphus polychopterus x x

Pachyramphus validus x

HIRUNDINIDAE

Tachycineta albiventer x x

Progne tapera #

Progne chalybea x x

Notiochelidon cyanoleuca #

CORVIDAE

Cyanocorax cyanopogon x x

TROGLODYTIDAE

Tryothorus longirostris x x

Troglodites musculus x x

MUSCICAPIDAE

Polioptila plumbea x x

Turdus rufiventris x x

Turdus leucomelas #

Turdus amaurochalinus x

MIMIDAE

Page 46: Proposta esec serra.da.canoa

46

Mimus saturninus x x

VIREONIDAE

Cyclarhis gujanensis x x

Vireo olivaceus ^

Hylophilus amaurocephalus x

EMBERIZIDAE

Parula pitiayumi ^

Basileuterus flaveolus ^

Coereba flaveola x

Compsothraupis loricata x x

Thlypopsis sordida x

Nemosia pileata #

Tachyphous rufus ^

Thraupis sayaca x x

Thraupis palmarum #

Euphonia chlorotica x x

Euphonia violácea ^

Tangara cayana ^

Conirostrum speciosum x x

Zonotrichia capensis x x

Ammodramus humeralis x x

Sicalis luteola x

Emberizoides herbicola #

Volatinia jacarina x x

Sporophila lineola x x

Sporophila nigricollis x

Sporophila albogularis x x

Sporophila leucoptera #

Sporophila bouvreuil x

Arremon taciturnus ^

Coryphospingus pileatus x x

Paroaria dominicana EN x x

Page 47: Proposta esec serra.da.canoa

47

Saltator similis

Cyanocompsa brissoni x

Icterus cayanensis x x

Icterus jamacaii EN x x

Agelaius ruficapillus x x

Leistes superciliaris x x

Gnorimopsar chopi #

Agelaioides fringillarius x

Molothrus bonariensis x x

FRINGILLIDAE

Carduelis yarrelli ^AM

PASSERIDAE

Passer domesticus x

Legenda: x – Ocorrência para as RPPNs Maurício Dantas e Cantidiano Valgueiro; # – Ocorrência para Pernambuco (OAP); ^ - ocorrência para Pernambuco (Coelho, 1987); AM – Espécies ameaçada de extinção; EN – Endêmica para a Caatinga (Fonte: Farias et al, 2005).

Figura 8 - Imagens de Aves registradas nas RPPNs Mauricio Dantas e Cantidiano Valgueiro por Farias et al. 2005. A- Amazona aestiva (papaguaio-verdadeiro) B- Eupetomena macroura (beija-flor-rabo-de-tesoura), C- Paroaria dominicana (galo-de-campina), D- Rhea americana (ema). (Fonte: Fotos A, B e C – OAP (site: OAP), Foto D – Jóice Brito).

A B

C D

Page 48: Proposta esec serra.da.canoa

48

5.2.4.3 – Herpetofauna

A herpetofauna nas RPPNs Cantidiano Valgueiro e Maurício Dantas foi

levantada por Borges-Nojosa et al. (2005) tendo sido registrada a presença de 41

espécies, distribuídas entre 19 de anfíbios (Bufonidae, Hylidae, Leptodactylidae,

Microhylidae e Pipidae) e 22 de répteis, destes foram 10 lagartos (Gekkonidae,

Iguanidae, Scincidae, Teiidae e Tropiduridae), 09 serpentes (Boidae, Colubridae,

Elapidae e Viperidae) e 03 quelônios (Kinosternidae, Testudinidae e Chelidae).

Para este levantamento, realizado no ano de 2003 por Borges-Nojosa et al.

(2005), foram utilizadas as metodologias de busca ativa (coleta manual e observação

visual) nos períodos seco e chuvoso, e captura com armadilhas de queda (pitfall)

exclusivamente no período seco.

Conforme esperado por Borges-Nojosa et al. (2005) o número de espécies

levantadas no período chuvoso (18 anfíbios e 18 répteis) o foi maior que no período

seco (07 anfíbios e 12 répteis). No período seco a RPPN Maurício Dantas ainda

dispunha de açudes e corpos d’água que serviram de refúgio e habitat para os anfíbios,

enquanto que na RPPN Cantidiano Valgueiro, neste mesmo período, todas as lagoas

temporárias estavam secas e as poucas espécies de anfíbios coletadas estavam as

margens do Rio Pajeú.

Este levantamento também registrou três novas espécies de anfíbios para o

Estado de Pernambuco, todas coletadas apenas no período chuvoso, sendo Physalaemus

albifrons (jia) e Proceratophrys cristiceps (sapo-boi) para as duas RPPNs, e

Trachycephalus atlas (hilídeo de grande porte) apenas para a RPPN Maurício Dantas.

Page 49: Proposta esec serra.da.canoa

49

QUADRO VII – LISTA DA HERPETOFAUNA NAS RPPNs MAURÍCIO DANTAS E CANTIDIANO VALGUEIRO (Fonte: Borges-Nojosa et al. (2005))

Forma de Registro

Família Espécie Nome Popular

Per

íodo

RPPN Maurício Dantas

RPPN Cantidiano Valgueiro

Anfíbios Chuv CAQ CAQ

Bufo granulosus Sapo-cururu Seco CAQ CAQ

Chuv CAQ CAQ BUFONIDAE

Bufo paracnemis Sapo-cururu Seco CAQ/OBS CAQ/OBS

Chuv CAQ CAQ/OBS Hyla raniceps Rã

Seco --- OBS

Chuv CAQ --- Hyla soaresi Rãzinha

Seco --- ---

Chuv CAQ/OBS CAQ Phyllomedusa gr. hypochon-drialis

Rãzinha verde Seco --- ---

Chuv CAQ --- Scinax pachycrus Rãzinha

Seco --- ---

Chuv CAQ/OBS CAQ Scinax x-signatus Rãzinha

Seco CAQ CAQ

Chuv CAQ ---

HYLIDAE

Trachycephalus atlas

---------- Seco --- ---

Chuv CAQ CAQ/OBS Leptodactylus fuscus

Jia, Caçote Seco --- ---

Chuv --- --- Leptodactylus labyrinthicus

Jia Seco OBS ---

Chuv CAQ CAQ Leptodactylus gr. ocellatus

Jia Seco CAQ CAQ

Chuv CAQ/OBS OBS Leptodactylus troglodytes

Jia Seco --- ---

Chuv CAQ CAQ

LEP

TO

DA

CT

ILID

AE

Physalaemus albifrons

Jia Seco --- ---

Page 50: Proposta esec serra.da.canoa

50

Chuv CAQ CAQ/OBS Physalaemus cicada

Caçote Seco --- ---

Chuv CAQ CAQ Pleurodema diplolistris

Sapo Seco --- ---

Chuv CAQ/OBS OBS Proceratophrys cristiceps

Sapo-boi Seco --- ---

Chuv --- CAQ Pseudopaludicola sp.

---------- Seco --- OBS

Chuv CAQ --- MICROHYLIDAE Dermatonotus

muelleri Sapo-boi

Seco --- ---

Chuv CAQ (3G) --- PIPIDAE Pipa carvalhoi ----------

Seco --- ---

Lagartos Chuv --- CAQ

Briba brasiliana Briba, víbora, lagartixa Seco CAQ/CM CAQ

Chuv CAQ OBS Gymnodactylus geckoides

Briba, víbora, lagartixa Seco CAQ/CM CAQ/CM

Chuv CAQ --- Lygodactylus klugei

---------- Seco CAQ/OBS ---

Chuv CAQ CAQ

GEKKONIDAE

Phyllopezus

pollicaris Briba, víbora, lagartixa Seco CAQ CAQ

Chuv OBS --- IGUANIDAE Iguana iguana Camaleão

Seco --- ---

Chuv --- OBS SCINCIDAE Mabuya cf. heathi Calango liso

Seco --- ---

Chuv CAQ/OBS CAQ/OBS Cnemidophorus ocellifer

Calango verde Seco CM CM

Chuv --- OBS TEIIDAE

Tupinambis merianae

Tejo Seco --- ---

Chuv CAQ OBS TROPIDURIDAE

Tropidurus hispidus Calango Seco

CAQ/CM/ OBS

CAQ/CM/ OBS

Page 51: Proposta esec serra.da.canoa

51

Chuv CAQ OBS

Tropidurus semitaeniatus

Calango-de-lajedo

Seco

OBS CAQ/CM/

OBS

Serpentes Chuv --- ---

BOIDAE Boa constrictor Cobra-de-veado, jiboia Seco OBS ---

Chuv CAQ --- Leptodeira annulata

Jararaquinha Seco --- ---

Chuv CAQ CAQ/OBS Oxyrhopus trigeminus

Cobra-coral Seco

Chuv --- CAQ Philodryas natterei Cobra-cipó

Seco --- ---

Chuv --- --- Philodryas olfersi* Cobra-verde

Seco --- ---

Chuv --- --- Tantilla melanocephala

Cobra-cipó Seco CM ---

Chuv CAQ CAQ

COLUBRIDAE

Thamnodynastes atrigilis

Cobra-cipó Seco --- ---

Chuv --- CAQ ELAPIDAE Micrurus ibiboboca Cobra-coral

Seco --- ---

Chuv --- --- VIPERIDAE Crotalus durissus Cascavel

Seco --- OBS

Testudines Chuv --- ---

CHELIDAE Phrynops geoffroanus

Cágado Seco --- OBS

Chuv --- --- KINOSTERIDAE Kinosternon

scorpioides Muçuã

Seco OBS ---

Chuv OBS --- TESTUDINIDAE Geochelone

carbonaria Jabuti

Seco OBS ---

Legenda: CAQ – Captura em armadilha de queda; CM – Captura manual; OBS – Observação manual; G – Coleta de um lote de girinos; Philodryas olfersi* – Observado na Cidade de Betânia (Fonte: Borges-Nojosa et al, 2005).

Page 52: Proposta esec serra.da.canoa

52

Figura 9 - Imagens da Herpetofauna registradas nas RPPNs Mauricio Dantas e Cantidiano Valgueiro por Borges-Nojosa et al. 2005. A- Tantilla melanocephala (cobra-cipó) B- Bufo granulosus (sapo-cururu), C- Iguana iguana (camaleão), D- Micrurus ibiboboca (cobra-coral).(Fonte: Fotos A, B, C e D – Borges-Nojosa et al. 2005).

6- O SISTEMA ESTADUAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

O Sistema Estadual de Unidades de Conservação – SEUC foi instituído por meio

da Lei Estadual nº 13.787 de 8 de junho de 2009, entendendo-se por unidade de

conservação o “espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas

jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituído pelo Poder

Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de

administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção”. Dentre seus

objetivos, destacam-se:

• Contribuir para a preservação e a restauração da diversidade de ecossistemas

naturais estaduais;

• Promover a utilização dos princípios e práticas de conservação da natureza no

processo de desenvolvimento sustentável estadual;

Page 53: Proposta esec serra.da.canoa

53

• Proteger, no âmbito estadual, as características relevantes de natureza geológica,

geomorfológica, espeleológica, arqueológica, paleontológica e, quando couber,

histórica e cultural;

• Recuperar ou restaurar ecossistemas degradados;

• Ampliar a representatividade dos ecossistemas estaduais como unidades de

conservação;

• Proporcionar meios e incentivos para atividades de pesquisa científica, estudos e

monitoramento ambiental;

• Favorecer condições e promover a educação e interpretação ambiental, a recreação

em contato com a natureza e o ecoturismo;

• Priorizar os ecossistemas que se encontrem mais ameaçados de alteração,

degradação ou extinção.

As unidades de conservação – Uc’s integrantes do Sistema Estadual de

Unidades de Conservação – SEUC dividem-se em dois grupos, com características

específicas:

• Unidade de Proteção Integral – Com o objetivo básico de preservar a

natureza, sendo admitido apenas o uso indireto dos seus recursos

naturais.

• Unidade de Uso Sustentável – Com o objetivo básico de compatibilizar

a conservação da natureza com o uso sustentável de parcela de seus

recursos naturais.

As categorias de manejo das UCs do grupo de Proteção Integral são:

• Reserva Biológica – REBIO,

• Estação Ecológica – ESEC,

• Parque Estadual – PE,

• Monumento Natural – MONA, e

• Refúgio de Vida Silvestre – RVS.

Page 54: Proposta esec serra.da.canoa

54

As categorias de manejo das UCs do grupo de Uso Sustentável são:

• Área de Proteção Ambiental – APA,

• Área de Relevante Interesse Ecológico – ARIE,

• Reserva de Fauna ,

• Floresta Estadual – FLOE,

• Reserva Extrativista – RESEX,

• Reserva de Desenvolvimento Sustentável – RDS,

• Reserva de Floresta Urbana – FURB, e

• Reserva Particular do Patrimônio Natural – RPPN.

Os objetivos e as características básicas de cada categoria de manejo estão

apresentados em anexo.

7. JUSTIFICATIVA PARA A UNIDADE DE CONSERVAÇÃO A SER

CRIADA

Conforme estabelecido no SEUC, dentre os principais objetivos quando da

criação de uma Unidade de Conservação estão: (i) contribuir para a preservação e a

restauração da diversidade de ecossistemas naturais; (ii) recuperar ou restaurar

ecossistemas degradados e (iii) ampliar a representatividade dos ecossistemas estaduais

protegidos como unidades de conservação.

Tendo em vista a fragilidade do ecossistema da Caatinga caracterizado pela forte

pressão antrópica exercida pelas atividades carvoeiras e agropecuárias, considerando o

pouco conhecimento existente sobre a biodiversidade deste bioma, além da importância

que a criação de unidade de conservação na caatinga representa para a ampliação da

representatividade ecológica dos ecossistemas naturais protegidos em Pernambuco,

entende-se que é de extrema importância a criação de uma Unidade de Conservação

Estadual neste Domínio.

Apesar de poucos estudos sobre a biodiversidade da área, os aspectos biológicos

que foram observados em Unidades de Conservação próximas levam a conclusão que a

Page 55: Proposta esec serra.da.canoa

55

área que abrange a Serra da Canoa apresenta bom estado de conservação, sendo

caracterizada pela fitofisionomia de caatinga stricto sensu com indivíduos de porte

arbustivo-arbóreo. Portanto, a criação de uma unidade de conservação vem ao encontro

dos objetivos de conservação do bioma caatinga em Pernambuco, constituindo-se mais

uma oportunidade para o aprofundamento do conhecimento e difusão do seu valor

enquanto patrimônio biológico do Estado.

8. OBJETIVOS DA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO A SER CRIADA

A especificação dos objetivos de conservação e manejo da área é o primeiro

passo para a definição da categoria de UC que melhor se adéqua a estes objetivos.

Assim, foi definido como função primordial para a criação da unidade de conservação

da Serra da Canoa e áreas adjacentes o seguinte:

• Preservar a sua diversidade biológica;

• Proteger as espécies endêmicas, raras e ameaçadas de extinção, através

de atividades que visem à conscientização e sensibilização da população

regional;

• Promover e apoiar meios e incentivos para atividades de pesquisa

científica, estudos e monitoramento ambiental sobre a caatinga

pernambucana, articulando com as diversas instituições superiores de

ensino e pesquisa existentes na região, criando um pólo cientifico sobre o

estudo da caatinga;

• Favorecer condições e promover atividades ecopedagógicas, tais como a

educação e interpretação ambiental, promovendo contato direto dos

estudantes Pernambucanos com a caatinga strictu sensu;

• Criar refúgio para a biodiversidade na região;

• Possibilitar a criação de um Mosaico de Unidades de Conservação e a

formação de Corredores Ecológicos na Caatinga;

• Incentivar ações que promovam a recuperação das áreas degradadas.

Page 56: Proposta esec serra.da.canoa

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9. PROPOSIÇÃO DE CATEGORIA DE MANEJO

O Sistema Estadual de Unidades de Conservação – SEUC, já abordado

anteriormente, define categorias de UCs de Proteção Integral e de Uso Sustentável. A

definição de uma categoria de manejo deve estar relacionada aos objetivos de

conservação que se deseja alcançar para uma determinada área, considerando para isso

além da significância ecológica da sua fauna e flora, os atributos naturais e inserção no

contexto nacional e regional. A criação da Unidade de Conservação em Floresta além

de aumentar a representatividade do Bioma Caatinga legalmente protegido no Estado de

Pernambuco, deve compatibilizar a preservação da diversidade biológica, tendo em

vista a existência de espécies endêmicas, raras e ameaças de extinção nas RPPNs

Cantidiano Valgueiro e Maurício Dantas, que são áreas de influência direta, com a

realização de pesquisas e atividades voltadas ao conhecimento e valorização do bioma

caatinga. Neste sentido, foi considerado como melhor opção o grupo de Proteção

Integral.

Considerando os objetivos de manejo, dentre as categorias que fazem parte do

Grupo de Proteção Integral, a que melhor se enquadrou para definição da categoria de

manejo para área proposta foi Estação Ecológica, tendo em vista que esta categoria visa

à preservação da diversidade biológica, realização de pesquisa científica e educação

ambiental.

Desta forma a criação da Estação Ecológica Serra da Canoa representa mais uma

porção importante do Bioma Caatinga a ser preservada no Estado de Pernambuco.

Page 57: Proposta esec serra.da.canoa

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