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PRIORIZAÇÃO DE PROJETOS DE TIC PARA ÁREA DE E&P EM UMA EMPRESA DE ENERGIA UTILIZANDO O MÉTODO AHP.
Frederico G Lafeta, Ricardo A Pinto, Edwin B Meza, Dalessandro S Vianna
(Petrobras/UFF)
Resumo: Tendo em vista o número elevado de informações gerenciais e o retorno que cada opção de investimento oferece, as empresas carecem de ferramentas que apoiem os gestores no processo de tomada de decisão. Como ferramenta de análise multicritério à decisão, o método AHP (Processo de Análise Hierárquica), desenvolvido na década de 70, é um dos mais utilizados por pesquisadores e gestores na atualidade. Este método possibilita a classificação e a comparação de critérios, que baseiam a tomada de decisão em problemas complexos. O presente artigo tem o objetivo de apresentar a aplicação do método de auxilio à decisão AHP para seleção e priorização de projetos de TIC (Tecnologia da Informação e Telecomunicações) em uma empresa do ramo de energia. Para isto, apresenta-se uma base teórica sobre gestão de portfólio de projetos e o método de apoio à decisão AHP. Foram avaliados dez projetos, considerando cinco critérios de escolha para determinar a prioridade final de cada um dos projetos com relação ao objetivo final. Como resultado, constatou-se que o método é bastante útil para seleção e priorização de projetos, considerando sua simples aplicação e objetividade nas respostas.
Palavras-chaves: Método AHP; Gestão de Portfolio de Projetos; Auxilio Multicritério à
Decisão
ISSN 1984-9354
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1. Introdução
No ambiente empresarial, após a conclusão do planejamento estratégico, são tomadas
ações para que os objetivos estratégicos definidos se materializem. A teoria e a prática mostram
que o gerenciamento de projetos se apresenta como a forma mais adequada para este fim. A
respeito disso, Dinsmore et al. (2009) comentam que as decisões decorrentes do planejamento
estratégico são as diretivas que motivam o início dos projetos e que as equipes do projeto devem
entender a conexão entre o planejamento e o projeto. Cleland e Ireland (2007) colocam que,
quando os processos de gerenciamento de projetos são bem desenvolvidos, sob medida para a
organização, proporcionam o máximo de benefícios.
Atualmente, as grandes empresas possuem em seu portfolio uma diversidade considerável
de projetos. Tendo em vista a escassez de recursos e limitação orçamentária, a priorização e a
seleção de projetos constitui um grande desafio. Grande parte destas empresas, selecionam e
priorizam seus projetos com base no “feeling”, no conhecimento e na experiência dos tomadores
de decisão, ainda que estejam disponíveis no meio acadêmico diversas técnicas de apoio à decisão.
O PMI (PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE, 2008) coloca que a gestão de portfolio
consiste na coleção e no gerenciamento de projetos ou programas, que são agrupados a fim de
facilitar o alcance dos objetivos estratégicos da organização.
Uma adequada seleção de projetos pode definir se a empresa obterá vantagens financeiras
no futuro. Vargas (2010) comenta que, com a dinâmica do ambiente mudando de modo jamais
visto anteriormente, fazer as escolhas certas, com base em critérios adequados e alinhados, torna-
se um fator crítico de sucesso ou até mesmo de sobrevivência organizacional.
No ambiente de uma empresa do ramo de energia não é diferente. O portfolio de projetos
de TIC (Tecnologia da Informação e Telecomunicações) para a área do E&P (Exploração e
Produção de Petróleo) normalmente é bastante extenso, passando, às vezes, de centenas de
projetos. Durante o processo de seleção e priorização, os decisores encontram dificuldades no
processo, visto que muitos projetos apresentam características técnicas complexas e nem sempre
os gerentes de projeto participam do processo decisório. O problema se agrava ainda mais porque
além dos projetos em andamento, existem novas demandas que devem ser atendidas.
É neste sentido que este trabalho se justifica. É necessário o desenvolvimento de técnicas e
métodos de auxilio à decisão, para que a seleção e priorização de projetos aconteça de forma ágil,
com critérios bem definidos e que realmente busquem atingir os objetivos estratégicos da empresa.
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Segundo Miranda e Almeida (2003), a priorização de atividades e projetos pode ser
efetuada através de métodos multicritério de apoio à decisão, que consideram a avaliação de
alternativas à luz de múltiplos critérios. Assim, dentre as diversas metodologias, caracterizadas na
literatura, podemos citar os métodos AHP (Analytic Hierarchy Process), ELECTRE, TODIM, etc.
Considerando o que foi exposto, este trabalho tem como objetivo a aplicação do método
AHP na priorização e seleção de projetos de TIC para a área de E&P em uma empresa do ramo de
energia. Inicialmente será apresentada a base teórica sobre gestão de portfolio, priorização e
seleção de projetos e os fundamentos do método AHP. Em seguida, apresenta-se uma sugestão de
uso do método AHP para seleção e priorização de projetos.
2. O método AHP como ferramenta de priorização
A tomada de decisão com múltiplos critérios (MCDM, do inglês Multiple-Criteria
Decision Making), como o próprio nome sugere, ocorre em situações em que se considera mais de
um critério, por exemplo: custo, qualidade e atendimento (DE CARLI; DELAMAROB;
SALOMONC, 2010).
O método AHP (Analytic Hierarchy Process) ou processo de análise hierárquica consiste
em um método de análise multicritério à decisão, desenvolvido por Thomas Saaty na década de 70
e é um dos métodos mais conhecidos da atualidade (VARGAS, 2010; DE CARLI;
DELAMAROB; SALOMONC, 2010). O método AHP possibilita a classificação e a comparação
de critérios, que apoiam à tomada de decisão de problemas complexos. O método requer o
desenvolvimento de uma estrutura hierárquica de critérios, que auxiliam na tomada de decisão e
contribuem para o alcance dos objetivos e das metas da organização. A hierarquização, ou ordem
de preferência dos critérios, é feita a partir da comparação dos atributos par-a-par (SAATY, 1994).
Basicamente, a utilização do AHP se inicia pela decomposição do problema em uma
hierarquia de critérios mais facilmente analisáveis e comparáveis de modo independente (Figura
1). A partir do momento em que essa hierarquia lógica está construída, os tomadores de decisão
avaliam sistematicamente as alternativas por meio da comparação, de duas a duas, dentro de cada
um dos critérios. Essa comparação pode utilizar dados concretos das alternativas ou julgamentos
humanos como forma de informação subjacente (SAATY, 2008).
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Figura 1 – Exemplo de hierarquia de critérios/objetivos
Fonte: Adaptado de Vargas (2010).
A comparação dos critérios é realizada a partir da construção de uma matriz quadrada onde
se avalia a importância de uma característica sobre a outra em relação ao critério ao qual são
comparados, utilizando-se para isto uma escala adequada. Saaty (1991) propõe a utilização da
escala de importância conforme a Tabela 1.
Tabela 1 – Escala de importância relativa
Intensidade de importância
Definição Explicação
1 Igual importância As duas atividades contribuem igualmente para o objetivo
3 Importância moderada de uma sobre a outra (um pouco mais importante)
A experiência e o julgamento favorecem levemente uma atividade em relação à outra
5 Importância grande ou essencial (muito mais importante)
A experiência e o julgamento favorecem fortemente uma atividade em relação à outra
7 Importância muito grande ou demonstrada
Uma atividade é fortemente favorecida em relação à outra. Pode ser demonstrado na prática
9 Importância absoluta A evidência favorece uma atividade em relação à outra, com o mais alto grau de certeza
2,4,6,8 Valores intermediários Quando se procura uma condição de compromisso entre duas definições
Fonte: Adaptado de Saaty (1991). A partir da avaliação par a par dos critérios utilizando a tabela de Saaty, tem-se uma matriz
de comparação, conforme a tabela 2.
Tabela 2 – Matriz de comparação entre critérios
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Fonte: Adaptado de Vargas (2010).
Após a avaliação, é feita uma análise da coerência, o que é uma das vantagens do AHP. Os
dados desses julgamentos são sintetizados, o que permite o cálculo da prioridade de cada
alternativa em relação ao foco principal. O princípio básico do AHP é a geração de um vetor de
prioridades pelo cálculo do maior vetor de cada matriz de comparação (SHIMIZU apud DE
CARLI; DELAMAROB; SALOMONC, 2010).
A prioridade (vetor de prioridade) de cada alternativa é calculada através da média
aritmética dos valores de cada um dos critérios, onde o somatório dos valores do vetor sempre
totaliza 1 (um). A verificação de inconsistência dos dados é realizada através do cálculo do maior
autovalor da matriz (λMax). Este é encontrado a partir do somatório do produto de cada elemento
do vetor de prioridade pelo total da respectiva coluna da matriz comparativa original (VARGAS,
2010).
Por fim, Saaty (2005) sugere o cálculo da taxa de consistência (CR) para afirmar se a
matriz pode ser considerada consistente. O CR é calculado com base no índice de consistência
(CI) e no índice de consistência aleatório (RI), como segue:
RI
CICR
onde,
1
n
nCI Max
sendo n igual ao número de critérios avaliados.
Cabe ressaltar, que o valor de RI é fixo e tem como base o número de critérios avaliados,
como mostrado na Tabela 3.
Tabela 3 – Índice de consistência aleatória
Fonte: Adaptado de Saaty (2005)
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Conforme ressalta Saaty (2005), para até 10% de inconsistência considera-se a matriz
como consistente.
3. Descrição do problema de priorização de projetos TIC para área do E&P
Os projetos desenvolvidos pela organização devem ser um desdobramento do portfolio de
projetos da empresa que, por conseguinte, são ou devem ser resultado do planejamento estratégico
organizacional. Cleland e Ireland (2007) recomendam que os projetos selecionados devem ter um
alinhamento estratégico com os objetivos estratégicos da organização e um alinhamento
organizacional com suas competências.
Valle et al. (2010) ressalta que os projetos derivam dos vetores estratégicos que fornecem à
organização a direção, o propósito, o horizonte de tempo e apontam os responsáveis pelo
desenvolvimento daquele vetor.
Assim, a gestão do portfólio de projetos é responsável por transformar objetivos
estratégicos em realidade. Cleland e Ireland (2007) colocam que a seleção de portfolio é uma
decisão estratégica, que determina as características favoráveis antes que um projeto seja
selecionado. Padovani Carvalho e Muscat (2010) comenta que o processo de gestão de portfólio
de projetos envolve diferentes etapas de decisão, para que projetos que agreguem mais valor às
organizações sejam selecionados e priorizados.
Kerzner (2009), propõe uma abordagem para o gerenciamento de portfolio de projetos que
envolve quatro passos: a identificação dos projetos, avaliação preliminar, seleção de projetos e
programação estratégica, conforme o esquema da Figura 2.
Neste trabalho a ênfase se dará no terceiro passo, que trata da seleção e priorização dos
projetos.
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Figura 2 – Gerenciamento de portfolio de projetos
Fonte: Adaptado de Kerzner (2006).
De modo simplificado, a priorização dos projetos em um portfólio nada mais é do que uma
ordenação baseada em uma relação entre os custos e os benefícios de cada projeto. Terão maior
prioridade os projetos em que os benefícios crescem em relação aos custos. É importante ressaltar
que essa referência a custo/benefício não se refere a critérios exclusivamente financeiros, tais
como a Taxa Financeira de Custo/Benefício, mas sim ao conceito amplo dos ganhos e dos
esforços requeridos para realizar cada projeto (VARGAS, 2010). Carvalho e Pessoa (2012)
complementam que a eficácia e a eficiência no gerenciamento do portfólio de projetos da
organização depende da utilização correta do método de classificação.
Os projetos devem ser priorizados de acordo com sua importância e contribuição para a
estratégia da organização, de forma comparativa aos demais projetos, tanto os que estão sendo
avaliados como aqueles que estão em andamento. A prioridade de cada projeto pode mudar a cada
nova avaliação, de modo que reflita as mudanças no ambiente (CASTRO; CARVALHO, 2010).
No problema aqui tratado, os projetos de TIC para área de E&P geralmente se apresentam
como subprojetos em um empreendimento maior de engenharia ou um projeto específico. Para
exemplificar, os subprojetos constituem sistemas de comunicação para uma nova plataforma de
petróleo ou um sistema de circuito fechado de televisão (CFTV) para construção de um novo
galpão de armazenagem. Quando se apresenta como um projeto específico, o escopo compreende
um sistema único e exclusivo de TIC, como a instalação ou troca de um sistema de
intercomunicação em uma plataforma de produção de petróleo.
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Os projetos são requisitados anualmente pelo cliente e geralmente são plurianuais.
Frequentemente a verba disponível para determinado ano não cobre o orçamento anual de todos os
projetos em andamento e abertura de novos projetos. Atualmente, a seleção e priorização destes
projetos acontece de forma desestruturada e com base no “feeling” de poucos decisores que, nem
sempre conhecem a fundo a realidade e o status dos projetos. A aplicação de métodos de apoio
multicritério à decisão traria ganhos ao processo de seleção e priorização de projetos como, por
exemplo, redução do tempo de processo e tomada de decisão baseada em critérios objetivos.
Cabe ressaltar que, a empresa objeto deste estudo atua no ramo de energia, com diversos
empreendimentos nas áreas de exploração e produção de petróleo e gás, abastecimento, produção
de biodiesel e etanol, usinas termelétricas, dentre outros.
4. Aplicação do método AHP
A seguir descreve-se as etapas segundo a estruturação do método AHP Clássico, sendo
utilizado o software Expert Choice versão 11 para gerar os resultados.
4.1. Estrutura hierárquica
A organização em estudo possui um limite orçamentário de doze milhões de reais para o
ano seguinte e necessita selecionar e priorizar dentre dez projetos em andamento aqueles que
ficarão dentro deste limite. Com o auxilio de dois especialistas em gerenciamento de projetos, com
mais de dez anos de experiência na área e certificados PMP (certificação em gerenciamento de
projetos pelo PMI, Project Management Institute) foram selecionados cinco critérios que serão
considerados para seleção e priorização do conjunto de projetos, conforme a Figura 3.
Figura 3 – Hierarquia de Critérios para seleção e priorização de projetos
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Alinhamento com o negócio: refere-se ao grau de contribuição para os objetivos
estratégicos da área de exploração e produção da empresa. Classificado como sem alinhamento,
baixo alinhamento, médio alinhamento e alto alinhamento. Quanto mais alinhado, mais importante
na escala de Saaty (1991).
Fase do projeto: refere-se à fase em que o projeto se encontra atualmente. Classificado
como iniciação, planejamento, execução e encerramento. Quanto mais avançado, mais importante
na escala de Saaty (1991).
Forma de atendimento: refere-se à forma com que os equipamentos, materiais e serviços
serão disponibilizados. Classificado como processo licitatório até quinhentos mil reais, processo
licitatório maior do que quinhentos mil reais, contrato de fornecimento global disponível e
recursos disponíveis. Quanto mais disponível o recurso, mais importante na escala de Saaty
(1991).
Nível de conhecimento técnico da solução: refere-se ao nível de conhecimento da
organização na solução a ser implantada pelo projeto. Classificado como sem conhecimento, baixo
conhecimento, médio conhecimento e alto conhecimento. Quanto mais elevado o conhecimento,
mais importante na escala de Saaty (1991).
Criticidade: Avaliação realizada pelo cliente ao registrar a demanda a ser atendida pelo
projeto. Classificado como baixa criticidade, média criticidade, grande criticidade e emergencial.
Quanto maior a criticidade, mais importante na escala de Saaty (1991).
4.2 Definição de prioridades
A partir da definição dos critérios para seleção e priorização dos projetos, estes foram
avaliados par a par, determinando a importância relativa entre eles e seu peso no objetivo ou meta
central, conforme Tabela 4.
Tabela 4 – Avaliação para a par dos critérios.
Alinhamento com o negócio
Fase de Projeto
Forma de Atendimento
Nível de Conhecimento
Criticidade
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10
Alinhamento com o negócio 1 5 5 5 3
Fase de Projeto 1/5 1 3 3 1/3
Forma de Atendimento 1/5 1/3 1 1 1/3
Nível de Conhecimento 1/5 1/3 1 1 1/3
Criticidade 1/3 3 3 3 1
TOTAL (SOMA) 29/15 29/3 13 13 5
Para possibilitar a interpretação e comparação das avaliações, é necessária a normalização
da matriz apresentada na tabela 4. Esta é realizada pela divisão entre cada valor e o total da
coluna. Os dados normalizados são apresentados na Tabela 5.
Tabela 5 – Avaliação par a par dos critérios normalizados
Alinhamento com o negócio
Fase de Projeto
Forma de Atendimento
Nível de Conhecimento
Criticidade
Alinhamento com o negócio 0,517 0,517 0,385 0,385 0,600
Fase de Projeto 0,103 0,103 0,231 0,231 0,067
Forma de Atendimento 0,103 0,034 0,077 0,077 0,067
Nível de Conhecimento 0,103 0,034 0,077 0,077 0,067
Criticidade 0,172 0,310 0,231 0,231 0,200
Após a normalização dos dados, deve-se calcular a contribuição de cada critério no
objetivo final (Tabela 6). Esta contribuição é determinada a partir da média aritmética dos valores
de cada um dos critérios. O resultado do vetor encontra-se na Tabela 7. O vetor de prioridade tem
grande importância no processo de tomada de decisão, visto que ele representa a contribuição
daquele peso no resultado total do processo. Neste caso em questão, o critério alinhamento com o
negócio tem um peso de 48% no resultado final do processo de seleção de projetos.
Tabela 6 – Vetor de prioridade
Prioridade
Alinhamento com o negócio 0,4807
Fase de Projeto 0,1470
Forma de Atendimento 0,0717
Nível de Conhecimento 0,0717
Criticidade 0,2289
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Tabela 7 – Cálculo do maior autovalor da matriz (λMax)
Vetor prioridade (a) 0,4807 0,1470 0,0717 0,0717 0,2289
TOTAL (b) 1,9333 9,6667 13 13 5
Resultado (a x b) 0,9294 1,4212 0,9320 0,9320 1,1443
Valor máximo (Max) 5,3588
Concluído o cálculo do vetor de prioridade dos critérios, o próximo passo é verificar a
inconsistência dos dados. Esta avaliação é feita através da taxa de consistência (CR). Para a
definição do CR, foi calculado o maior autovalor da matriz (λMax), conforme Tabela 7.
A partir do maior autovalor da matriz (λMax), calculou-se o índice de consistência CI =
0,089709. Dividindo o CI pelo índice de consistência aleatório (RI), encontrou-se a taxa de
consistência, CR = 0,08010, ou 8% de inconsistência, o que é considerado uma matriz consistente
(SAATY, 2005).
4.3 Julgamento de valores das alternativas
Após a estruturação dos critérios, foram avaliados, par a par, todos os projetos candidatos
em relação a cada critério e peso estabelecido. Desta forma, foram avaliados 10 projetos (Tabela
8) nos cinco critérios definidos. Percebe-se que o valor total necessário para todos os projetos
excede o limite estabelecido de doze milhões de reais.
Tabela 8 – Projetos candidatos
Projeto Descrição Orçamento Anual
A Implantação de sistema de circuito fechado de televisão (CFTV)
operacional para 7 sondas fixas na Bacia XYZ R$ 1.843.520,83
B Implantação de sistema de intercomunicação na plataforma CDE R$ 1.587.337,60
C Implantação de sistema de rádio VHF na Bacia XYZ R$ 1.519.398,79
D Implantação sistema de telecomunicações em sonda afretada ABC R$ 1.341.805,54
E Implantação de circuito fechado de televisão para monitoramento
da base YY R$ 2.049.809,81
F Implantação de sistema de telecomunicações para o novo centro de
treinamento ZZ R$ 1.978.104,20
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G Implantação de sistema de telecomunicações para o galpão de
armazenagem HIJ R$ 795.669,39
H Implantação de sistema de rede sem fio para área Z, na base MNO R$ 662.556,51
I Implantação de sistema de telecomunicações para o aeroporto de
GHI R$ 1.623.133,47
J Implantação de novo sistema de telecomunicações para a reforma
do prédio Alfa R$ 802.914,85
Recurso Necessário R$ 14.204.250,99
A sequência e metodologia para avalição dos projetos é a mesma utilizada para
estruturação dos critérios conforme apresentado, por isto e pela limitação de espaço, os cálculos e
comparações entre os projetos foram suprimidos. No mercado existem diversos softwares para
apoio nos cálculos do método AHP. Para determinação e julgamento dos projetos, utilizou-se o
Software ExpertChoice 11.5.
Ao se comparar os projetos par a par com o apoio do software, foi possível determinar o
peso de cada um dos projetos em relação a cada critério, conforme a seguir (Figuras 4, 5, 6, 7 e 8).
Cabe ressaltar que os resultados são consistentes, ou seja, apresentaram níveis de inconsistência
menores que 10%.
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Figura 4 – Resultados de prioridade para os projetos segundo o critério alinhamento com o negócio
Figura 5 – Resultados de prioridade para os projetos segundo o critério fase
Figura 6 – Resultados de prioridade para os projetos segundo o critério forma de atendimento
Figura 7 – Resultados de prioridade para os projetos segundo o critério nível de conhecimento
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Figura 8 – Resultados de prioridade para os projetos segundo o critério criticidade
O cruzamento entre todos os dez projetos, em todos os cinco critérios, determina a
prioridade final de cada um dos projetos com relação ao objetivo final. Como resultado final
(Figura 9), é possível perceber a contribuição de cada projeto para o resultado final do processo.
Por exemplo, o projeto C aparece como primeira prioridade, com um peso de 18,4 % na decisão
final, e o projeto F aparece em última prioridade, com peso de 4,3 % no resultado final do
processo. O resultado final do processo apresentou apenas 1% de inconsistência, se mostrando
satisfatório (SAATY, 2005).
Figura 9 – Resultados final de prioridade para os projetos
A seguir, apresenta-se a priorização final resultante do processo, ver Tabela 9.
Considerando o limite orçamentário de doze milhões, apenas oito projetos seriam conduzidos no
ano seguinte. Os projetos J e F não seriam priorizados visto que, se conduzidos, a organização
ultrapassaria o limite estabelecido. Somando-se os valores dos oito projetos selecionados, o total
necessário seria de R$ 11.424.231,84 não ultrapassando, assim, o limite estabelecido.
Tabela 9 – Resultado final da seleção e priorização de projetos
Prioridade Projeto Descrição Orçamento Anual
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1 C Implantação de sistema de rádio VHF na Bacia XYZ R$ 1.519.398,79
2 A Implantação de sistema de circuito fechado de televisão (CFTV) operacional para 7 sondas fixas na Bacia XYZ
R$ 1.843.520,83
3 D Implantação sistema de telecomunicações em sonda
afretada ABC R$ 1.341.805,54
4 G Implantação de sistema de telecomunicações para o
galpão de armazenagem HIJ R$ 795.669,39
5 I Implantação de sistema de telecomunicações para o
aeroporto de GHI R$ 1.623.133,47
6 B Implantação de sistema de intercomunicação na
plataforma CDE R$ 1.587.337,60
7 E Implantação de circuito fechado de televisão para
monitoramento da base YY R$ 2.049.809,81
8 H Implantação de sistema de rede sem fio para área Z, na
base MNO R$ 662.556,51
9 J Implantação de novo sistema de telecomunicações para a
reforma do prédio Alfa R$ 802.914,85
10 F Implantação de sistema de telecomunicações para o novo
centro de treinamento ZZ R$ 1.978.104,20
5 Conclusão
O método AHP tem se apresentado como uma importante técnica de priorização e seleção
de projetos visto sua relativa simplicidade de aplicação e desenvolvimento.
Neste artigo buscou-se apresentar o método e seus passos, assim como uma aplicação para
seleção de projetos de TIC para o E&P. Pode-se verificar a eficiência do método através dos
resultados encontrados, constituindo uma ferramenta valiosa no processo de tomada de decisão
baseada em dados e critérios objetivos.
No desenvolvimento do trabalho, o método AHP se mostrou adequado para priorização de
dez projetos. Porém, acredita-se que para um número grande de projetos o método pode não ser o
mais indicado, tornando o processo de seleção e priorização extremamente trabalhoso e demorado.
O fato corrobora com Padovani, Carvalho e Muscat (2010), que afirma que o método AHP não é o
mais indicado para processos com mais de cem projetos. Outro aspecto importante é quanto à
utilização de um software de apoio, que agiliza o processo e permite rápida correção e
identificação de erros e inconsistências.
Como limitação da pesquisa, percebeu-se que a combinação e comparação do AHP com
outros métodos de análise multicritério possa tornar o processo de seleção e priorização de
projetos mais consistente e confiável. Outra importante limitação foi a utilização de apenas dois
especialistas em gerenciamento de projetos para a escolha dos critérios e avaliação dos projetos.
Estas limitações se apresentam como oportunidade de trabalhos futuros.
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Por fim, é importante ressaltar que os métodos de apoio à decisão não devem substituir o
conhecimento dos especialistas. Qualquer método a ser aplicado deve ser adaptado para a
realidade organizacional, considerando, assim, seus níveis de maturidade, aspectos culturais,
acesso à recursos, dentre outros.
Referências
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