princípios fundamentais da Ética

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  Deontologia e princípios Éticos Princípios fundamentais da Ética INTRODUÇÃO Na sequência da formação modular de curta duração de cidadania e profissionalidade, o tema geral proposto para este trabalho consiste em abordar os temas da deontologia e os princípios éticos. Começamos assim por iniciar este trabalho definindo da melhor maneira possível, as noções essenciais de ética,moral,deontologia e doutrina. Assim, a ética, enquanto disciplina filosófica, tem por objectivo o estabelecimento de princípios ou critérios que possibilitem a fundamentação ou  justificação racional das acções e normas morais, investigando o comportamento adequado numa determinada época e na presença de uma sociedade concreta. Por sua vez a moral consiste num conjunto de regras ou códigos que gerem os comportamentos dos indivíduos de maneira a serem conforme ao que é considerado correcto, tido como dever ou como bem, na sociedade em que vivemos. Se por um lado a moral diz respeito ao agir e á prática de comportame ntos que advêm da vivência quotidiana, cabe á ética a reflexão filosófica acerca destes mesmos comportamento s. A deontologia poderá definir-se como sendo o conhecimento dos deveres, tendo por base os juízos de aprovação ou não, do correcto ou incorrecto ou condenável, do bem ou do mal, tendo em conta o ajuizamento ou críticas reais por parte da sociedade, a então chamada de ética vigente. A doutrina pode ser definida como sendo o conjunto de princípios éticos e normas jurídicas que servem como base de regulação ao exercício de uma profissão, de um sistema religioso,político,militar,entre outros. Pág. 3

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Deontologia e princípios Éticos

Princípios fundamentais da Ética

INTRODUÇÃO

Na sequência da formação modular de curta duração de cidadania e

profissionalidade, o tema geral proposto para este trabalho consiste em

abordar os temas da deontologia e os princípios éticos.Começamos assim por iniciar este trabalho definindo da melhor maneira

possível, as noções essenciais de ética,moral,deontologia e doutrina.

Assim, a ética, enquanto disciplina filosófica, tem por objectivo o

estabelecimento de princípios ou critérios que possibilitem a fundamentação ou

 justificação racional das acções e normas morais, investigando o

comportamento adequado numa determinada época e na presença de uma

sociedade concreta.Por sua vez a moral consiste num conjunto de regras ou códigos que gerem os

comportamentos dos indivíduos de maneira a serem conforme ao que é

considerado correcto, tido como dever ou como bem, na sociedade em que

vivemos.

Se por um lado a moral diz respeito ao agir e á prática de comportamentos que

advêm da vivência quotidiana, cabe á ética a reflexão filosófica acerca destes

mesmos comportamentos.

A deontologia poderá definir-se como sendo o conhecimento dos deveres,

tendo por base os juízos de aprovação ou não, do correcto ou incorrecto ou

condenável, do bem ou do mal, tendo em conta o ajuizamento ou críticas reais

por parte da sociedade, a então chamada de ética vigente.

A doutrina pode ser definida como sendo o conjunto de princípios éticos e

normas jurídicas que servem como base de regulação ao exercício de uma

profissão, de um sistema religioso,político,militar,entre outros.

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Deontologia e princípios éticos

Princípios fundamentais da ética

No contexto dos princípios éticos e morais, proponho a análise do seguintedilema moral, em que mais adiante, veremos qual a reacção ou solução dadana óptica de um Utilitarista e de uma perspectiva deontológica da moral:

“João é sargento do exército e participa numa missão de guerra num paísestrangeiro. A sua unidade, comandada por um tenente, tem como objectivoentrar numa cidade para acabar com um foco de resistência. João foi escolhidopara comandar um carro de combate. Ao chegar á cidade alvo, os carrosdispersam-se para melhor localizar os resistentes; ao avançar João podecomprovar que não há resistência e que a população, composta na sua maioriapor mulheres, crianças e idosos, não mostra sinais de hostilidade. Emdeterminado momento recebe por via rádio a ordem do seu tenente paradisparar sobre um edifício que se encontra ao seu alcance e que, segundo

informações recebidas, serve de esconderijo a um grupo de soldados inimigos.João pode constatar que se trata de uma escola em cujo pátio estão muitascrianças. Logo comunica ao tenente para que rectifique a ordem, mas aocontrário do que João espera, o tenente confirma a ordem para disparar.”

“José Cantillo Carmona e tal, Dilemas Morales”

Ora vejamos, tendo em conta este dilema moral e depois de analisado,podemos dizer que perante o mesmo, o utilitarista ou melhor, um defensor damoral utilitarista, que se identifica com a perspectiva teleológica, á partida nãoacataria a ordem do seu tenente, pois de facto, tendo em conta as possíveisconsequências daquela acção, disparar sobre o edifício, torna-se óbvia aescolha pela vida daquela população em detrimento de uma ordem queaparentemente não traz vantagens para ninguém, a não ser para o próprioJoão, pois uma ordem vinda de um superior hierárquico não acatada, poderáacarretar consequências.

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Por outro lado, e explorando mais exaustivamente o referido dilema, gostaria

de salientar que o mesmo defensor de uma moral utilitarista, e partindo para

uma situação mais extrema, se pensasse que tudo aquilo seria uma fachada e

que a escola, por exemplo era de facto um esconderijo para as forças inimigas

e que a sua eliminação traria vantagens para o rumo da sua “Guerra “evitando

assim mais mortes na população, penso que aí talvez o João optasse por 

acatar a tal ordem.

Senão vejamos, o utilitarista faz depender a validade das

suas acções da sua finalidade, ou seja das vantagens ou consequências que

as mesmas podem trazer ao Homem.

O defensor da moral utilitarista sabe que nem sempre as melhores opções são

aquelas que acabam por ter efectivamente as melhores consequências, mas

antes aquelas que apresentam a maior utilidade esperada.

Numa perspectiva de uma ética deontológica, considerando aqui a éticaKantiana, o sentido do dever de garantir e defender a vida daquelas pessoas é

superior ao sentido do dever de respeitar e cumprir a ordem do seu tenente;

torna-se pois claro que o João não acataria a ordem do seu superior 

hierárquico.

Para o deontologista, as consequências dos actos não são tudo o que

devemos ter em conta quando pretendemos saber como agir; para ele, certos

tipos de actos são intrinsecamente errados, independentemente das suasconsequências, ou seja não devemos realizá-los mesmo quando a sua

realização produz os melhores resultados; logo aqui a procura do maior bem

para o maior número de pessoas está sujeita a certas restrições que não

podem ser violadas.

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Ora sendo o deontologista um seguidor da ética cristã, que aceita os “Dez

mandamentos” acredita que não se pode matar uma pessoa, mesmo que isso

sirva para evitar que outros matem várias pessoas. Ele agirá sempre por puro

respeito pela lei moral e não conforme ao dever, pois para um deontologista a

moralidade de uma acção não se confunde com a legalidade que ela pode

implicar; uma norma ou acção como “não matarás” assume aqui um valor 

absoluto quando obedece á forma do imperativo categórico, ou lei moral e

qualquer acção moral que a respeite será sempre válida; daí agirá sempre de

modo a que a máxima da sua acção se possa universalizar e aqui, perante este

dilema, acatar a ordem do seu superior hierárquico, sabendo que ela é

claramente injusta, não é desejável nem universalizável.

Segundo o principio fundamental de uma ética Kantiana “age de tal maneira

que uses a tua humanidade, tanto na tua pessoa como na pessoa de qualquer 

outro, sempre e simultaneamente como fim e nunca simplesmente como meio.”

Em relação ao meu comportamento perante este dilema julgo que seria muito

semelhante ao de um defensor de uma ética Kantiana e muito provavelmente

não acataria a ordem do meu superior hierárquico, independentemente das

consequências que daí resultassem; embora reconheça que noutras situações

ou dilemas talvez optasse por um comportamento mais próximo de uma ética

utilitarista.

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Deontologia e princípios éticos

Princípios fundamentais da ética

Código de ética

Iremos aqui falar um pouco acerca de Códigos de ética, nomeadamente e

como exemplo, iremos ver os princípios fundamentais de um código de ética de

uma determinada empresa “Quimiparque” em que se apresenta num conjunto

de valores e atitudes que são traduzidos na prática e no dia-a-dia por normas

de conduta que ajudam a clarificar as relações entre a empresa, os seus

colaboradores e o meio exterior.

De realçar que este tipo de documentos não pretendem nem podem substituir alegislação em vigor mas sim funcionar como uma “consciência” da empresa no

sentido de uma contribuição para a actualização e modernização, que não é

nem deve ser só tecnológica. Seguidamente vamos enumerar os principais

princípios básicos orientadores deste código de ética em questão:

Dentro da esfera dos valores fundamentais destacamos os seguintes: Respeito

pelos Direitos Humanos e igualdade de oportunidades, respeito pelos direitos

dos trabalhadores, responsabilidade na protecção e defesa do meio ambiente,

luta contra todas as formas de corrupção, contra todas as formas de

exploração incluindo trabalho forcado e trabalho infantil, entre outros.

No âmbito das atitudes fundamentais salientamos:Integridade,seriedade,rigor 

credibilidade responsabilidade e procura permanente da qualidade.

No que diz respeito aos compromissos da empresa e seus colaboradores para

com os seus clientes/fornecedores e entidades oficiais, valorizam: O

cumprimento rigoroso de todos os acordos estabelecidos, na sua actividade

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empresarial a empresa desenvolverá uma prática concorrencial forte mas

sempre leal e dentro dos princípios éticos, entre outros

Por fim, em relação aos compromissos entre a empresa e os seus

colaboradores, ou seja conduta no ambiente de trabalho, salientamos: os

colaboradores deverão proteger o património da mesma, assegurando o seu

uso eficiente, e dentro das regras estabelecidas por esta, os colaboradores

comprometem-se a não exercer qualquer actividade profissional extra que

interfira com as suas atribuições ou com as actividades da empresa, esta e os

seus colaboradores não efectuarão em nome da empresa contribuições

monetárias ou de outro tipo a partidos políticos, entre outros.

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Códigos de ética e padrões deontológicos

Em relação ao tema códigos de ética e padrões deontológicos, começamos por 

referir a relação entre a ética pessoal e deontologia profissional.

A ética pessoal ou individual é a que aplica a inteligência na procura da

verdade e a vontade na busca do bem, em detrimento do mal, sempre com

liberdade em todas as circunstâncias. Esta permite que os indivíduos

reconheçam uma boa acção de uma má acção.

Sendo assim é evidente que a ética individual está relacionada com uma

construção pessoal que reflecte os valores de uma sociedade. Ela deverá ser 

um modelo analítico que o ser Humano usa de forma contínua e consciente em

todos os nossos processos de decisão. Logo será sempre uma construção

inacabada devido ao facto de a mesma estar constantemente influenciada pela

sociedade que rodeia o individuo, como a família, profissão, escola, igreja, etc.

Mas será que existe ou não conflito entre a ética individual e ética corporativa?

Podemos afirmar que sim, senão vejamos, se um individuo pretender ingressar 

numa determinada empresa é evidente que deva conhecer de perto os valores

da mesma de modo a que possa comparar os valores desta com os seus

próprios valores.

A verdade é que a maioria das empresas tentam ter uma ética empresarial

baseada nos conceitos básicos de ética dos seus colaboradores ou seja

encontrar na personalidade dos seus trabalhadores a identidade da empresa,

sem que ambas as partes percam a sua própria identidade.

Mas a questão do conflito entre estas duas éticas parece, nos dias que correm

uma utopia, pois uma vez que, os trabalhadores, face á crescente falta de

emprego, concordam muitas das vezes em trabalhar em empresas cujo código

de ética não é compatível com o seu.

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Se por um lado a ética é sobretudo uma questão de liberdade e exige por isso

criatividade por parte do individuo, devemos distinguir normas morais, normas

 jurídicas, hábitos e costumes culturais.

As normas morais são á partida regras de comportamento adoptadas em

sociedade e que visam a aplicação de valores como os de bem, justiça

dignidade, liberdade e que permitem aos indivíduos distinguir uma boa acção

de uma má acção e só terá validade se o autor moral tenha a intenção e aja

conscientemente, por puro dever moral.

Se analisarmos, facilmente concluímos que as normas morais são ideais uma

vez que valorizam a dignidade da pessoa. Mas não têm poder coercitivo ou

punitivo pois as sociedades não dispõem de castigos institucionais para as

fazer cumprir. Mas outras são muitas das vezes coincidentes com outros tipos

de normas vigentes na sociedade: Por exemplo, não roubar, é uma norma

moral mas ao mesmo tempo jurídica, pois perante a lei o roubo é considerado

crime.

A partir de certa altura, as normas morais separam-se das normas jurídicas,

fazendo estas, parte de legislação de cada País. O incumprimento das normas

 jurídicas leva á punição pois estas, ao contrário das normas morais, dispõem

de autoridade.

Mas, também contrariamente às normas jurídicas, os costumes sociais e

hábitos carecem de suporte escrito e punição legal, embora neste caso é a

própria sociedade que dispõe de mecanismos de “castigar” os “faltosos”; temos

como formas mais usuais por exemplo, a critica, o riso, o sarcasmo, a ironia,

tratar com indiferença que leva a pessoa em questão a sentir-se embaraçada

ou constrangida.

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As normas de conduta profissional no âmbito de uma deontologia de uma

profissão são inúmeras e devemos respeitá-las pois elas não são burocracias

sem utilidade, mas servem para direccionar a nossa conduta profissional para

um melhor desempenho dentro dos critérios da empresa da qual fazemos

parte.

A lista de normas organizacionais é extensa, mas gostaria de realçar as mais

pertinentes: Responsabilidade, bom relacionamento interpessoal,

aperfeiçoamento e mérito profissional, sigilo e confidencialidade profissional,

comunicação, relações com os fornecedores, relações com entidades

reguladoras, entre outras.

Ainda na relação entre normas deontológicas e normas corporativas de um

grupo de trabalho, gostaria de relembrar que cada vez mais os profissionais

estão sujeitos á utilização de meios de comunicação, nomeadamente á internet

e do correio electrónico corporativo como ferramentas de trabalho, porem, nem

todos os colaboradores têm consciência disso e cometem equívocos que

podem levar, em casos extremos á demissão.

Uma das soluções é o bloqueamento, por parte da empresa, a sites não

desejados, mas ainda assim existem empresas que monitorizam as tentativas

de acesso a esses sites bloqueados, como uma conduta que visa burlar a

política de segurança da informação da empresa.

Há que realçar aqui a relação entre responsabilidade profissional e os

diferentes contextos sociais; devemos sempre optar por uma postura discreta,

ser sempre pontual, e até ter em conta a roupa que vestimos, o cuidado com a

higiene pessoal também é importante; todas estas posturas têm como

finalidade de transparecer um bom sentido de responsabilidade, tanto

internamente com externamente, no caso de a pessoa contactar de perto com

clientes ou até fornecedores.

 

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Uma das situações que também não é recomendável é o de relações

amorosas no local de trabalho; neste campo as pessoas devem saber distinguir 

bem as coisas.

Ou seja, na maioria das empresas e profissões, ditas liberais são adoptados

códigos de ética comportamental, princípios básicos fundamentais que devem

ser sempre respeitados por ambas as partes; na minha óptica, a maior parte

das vezes estes princípios não são respeitados em muitos aspectos; por vezes

deparamo-nos com situações em que só são aplicados quando há interesse e

não como princípios fundamentais absolutos.

Para terminar esta análise, falaremos um pouco da dinâmica a ter dentro

destes contextos sociais.

Com a globalização, as empresas tentaram instituir o culto da polivalência no

trabalho; para uma empresa, ter vários funcionários que executam várias

funções é extraordinário, mas tem-se visto ao longo desse tempo de

implementação que esta política não é perfeita nem mesmo desejável.

Podemos dar aqui exemplos de países da Europa do norte, que ao invés de

optarem por esta política preferem apostar cada vez mais na especialização

pois só assim se consegue alcançar a “perfeição” e consequentemente a

produtividade; há um ditado antigo que encaixa neste quadro perfeitamente:

“Cada macaco no seu galho”

Por estes motivos é fácil de ver que a polivalência só serve o interesse das

empresas.

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Ética e desenvolvimento Institucional

Aqui iremos falar do relacionamento entre a ética e o desenvolvimento

institucional.

Já aqui foi falado da ética como um conjunto de princípios ou critérios que

 justificam racionalmente a moral. Mas por outro lado sabemos que esta está

associada às instituições/organizações.

Estas são entidades com cariz social e portanto inseridas nos costumes

sociais, tendo por objectivo principal a promoção dos indivíduos, quer no plano

profissional quer no plano social e pessoal.

Entre as diversas esferas institucionais, comecemos pela economia, que

procura sempre regular a produção, distribuição e consumo de produtos e

serviços na sociedade. É certo que aqui podemos incluir entre outras as

empresas, as associações profissionais, industria, comercio, etc.

A relação entre estas instituições e os indivíduos é clara, pois estas têm como

objectivos satisfazer as necessidades e procuras da sociedade. É então

desejável que o seu funcionamento seja o mais organizado possível até porque

abrangem quase todas as áreas fundamentais da organização social.

Estas instituições estão quase sempre em sintonia com a vida moral,

exercendo até uma acção moderadora, como é o caso da família, que para

muitos é a base da socialização primária.

O Homem em si é uma “liberdade”, “um poder ser” isto ou aquilo, e a decisão

de acatar ou seguir as normas morais será sempre um acto de liberdade, pois

com seres Humanos usufruímos de livre arbítrio que nos conduz para uma

imprevisibilidade.

Já o filósofo Jean Paul Sartre afirmava que “ o Homem está condenado a ser 

livre “.

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A ética individual nem sempre segue os padrões instituídos, e isso prova-se no

dia á dia entre os conflitos, atitudes comportamentais e no inconformismo.

Ainda na contínua relação entre ética individual e os padrões da ética

institucionais, dissequemos aqui um pouco os princípios fundamentais ou ética

a seguir, direccionada para os empresários gestores. Logo bem destacado e

explícito no seu preâmbulo lemos que: “O Homem é o fundamento, o sujeito e

o fim de todas as instituições em que se expressa a vida social”.

Em todas as estruturas existentes o Homem é o princípio ético fundamental;

cabe pois a cada um na sua singularidade contribuir para a construção de uma

sociedade cada vez mais justa e equilibrada, tendo sempre como bandeira o

bem para todos.

As instituições/empresas pretendem ser uma comunidade Humana orientada

para finalidades comuns, virada par a cooperação e não para gerar conflitos;

nesse sentido é importante a responsabilidade de cada um, contribuindo com

as suas atitudes e comportamentos que irão reflectir-se nos outros.

Mas também é verdade que cabe às instituições/empresa, informar os seus

colaboradores de uma forma adequada e honesta., sobre a vida da mesma.

Deve, esta, respeitar e promover o projecto de vida do trabalhador seja a nível

pessoal seja a nível familiar, oferecer condições de trabalho dignas,

estabelecer uma renumeração justa, cumprir e respeitar as leis do País onde a

empresa está inserida, etc…

Já na esfera das relações interpessoais, concluímos que o convívio pessoal

sempre foi um desafio para a Humanidade, devido a certas condutas

relacionadas com a individualidade, á centralização de poderes e á valorização

dos produtos em detrimento às pessoas.

Mas com o aumento da facilidade de acesso á informação e aumento dos

níveis de educação, vamos encontrar algumas mudanças; com os cidadãos

mais exigentes e conscientes, fizeram com que não se pense só na qualidade

dos produtos mas se dê importância a quem os produz.

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Ao longo dos tempos, as empresas foram percebendo que o seu sucesso se

encontra sobretudo no investimento do factor Humano, e este desenvolve-se

através de vários factores como a gerência partilhada, o trabalho Humanizado,

o desenvolvimento das pessoas e dinâmicas de grupo; esta ultima é hoje um

conceito que muitas empresas privilegiam e constitui uma ideologia interessada

nas formas de organização e na direcção de grupos através da importância

atribuída á liderança democrática.

Princípios éticos e deontológicos institucionais na mediação

de conflitos

Sendo que a ética está sempre presente, falemos um pouco do papel dos

mediadores de conflitos individuais e colectivos.

Como sabemos o conflito é uma situação de tensão em que pessoas ou grupos

de pessoas estão envolvidas, num processo de incompatibilidade.

Estamos errados se pensarmos que as sociedades se compõem de conjuntos

harmoniosos e equilibrados. Estas sim desenvolvem-se á custa de

incompatibilidades de valores e de ideologias, tal como na nossa vida pessoal

que também evolui á custa de conflitos.

Mas tudo isto é necessário e benéfico, pois sem ele, conflito, não haveria lugar 

para a evolução e mudança.

Assim sendo é pertinente dizer que o conflito tem aspectos negativos mas

também é um processo positivo na evolução global.

A questão aqui é saber lidar e gerir de forma construtiva o conflito; para isso

não devemos colocar de parte o espaço para o debate de ideias e apresentar 

sempre argumentos validos, pois se estivermos atentos facilmente concluímos

que o conflito é inevitável e necessário para o desenvolvimento da

humanidade.

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Ora assim chegamos á necessidade de encontrar estratégias para resolução

dos mesmos conflitos. Para isso iremos ver alguns princípios básicos

implementados para uma instituição que serve para mediar e cooperar, no

sentido de se atingir um objectivo ou acordo comum que agrade a ambas as

partes. Temos como exemplo o código de ética e deontologia dos mediadores

de conflitos, em que no seu preâmbulo sobressai a verdadeira essência deste

documento: “O presente código estabelece os princípios e as normas que

orientam a mediação e a acção do mediador, quer nas relações deste com

pessoas singulares ou colectivas (os mediados) que recorrem aos seus

serviços, quer entre mediadores e outros profissionais, estipulando os direitos e

deveres relativos ao mediador”.

Mais profundamente, nos seus artigos podemos ver que a actividade do

mediador baseia-se no respeito absoluto pela dignidade e direitos da pessoa

Humana.

Sendo um profissional independente e imparcial, deve sigilo absoluto e ter 

todas as competências para facilitar o diálogo entre as partes, não tomando

partido de uma mas ajudando a encontrar um acordo que satisfaça as partes

mutuamente.

A saber, ao longo da história temos vários exemplos de mediadores que

ficaram conhecidos Mundialmente, precisamente por mediarem conflitos a nível

global. Temos o caso nos anos 70 em que Henry Kissinger ministro americano

desenvolveu uma série de encontros entre Árabes e israelitas que resultou

favoravelmente durante algum tempo. Igualmente Jimmy Carter fez o papel de

mediador entre o presidente do Egipto Anwar Sadat e o primeiro-ministro

israelita. Foi conseguido um acordo que na época terminou com uma guerra

que existia desde 1948. Temos actualmente as nações unidas que se esforçam

por amenizar conflitos a nível mundial.

Para terminar esta temática, gostaria de fazer o seguinte reparo, o problema

aqui não reside no facto de haver conflitos, até porque estes como já

afirmamos existirão sempre, como factor de desenvolvimento da Humanidade,

o problema é não estarmos disponíveis para reunir condições para a suaresolução.

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Comunidade Global

1-A globalização

Podemos começar por dizer que a globalização resulta de um estreitamento da

integração e relação dos diversos Países do Mundo, nomeadamente no que se

refere ao aumento do comércio e dos movimentos de capital, ou seja com a

eliminação de várias barreiras, e abertura das fronteiras para que as trocas

comerciais e monetárias se efectuem. Verificou-se uma conjectura das

relações e interdependências que se mostra a nível Mundial no campo

económico, cultural social, etc..

Para o início deste ciclo imparável, muito contribuiu o desenvolvimento dos

meios de transporte e comunicações, fazendo chegar produtos e informações a

qualquer parte do Mundo.

Ela, globalização, está presente diariamente nas nossas vidas, seja por 

exemplo através da televisão, internet ou mesmo de uma ida a um restaurante

ou loja de um País com culturas e hábitos diferentes.

Contudo este processo, que praticamente teve início na idade média, com os

descobrimentos com as colonizações de Países até aqui desconhecidos pelos

Europeus.

Mais tarde, reforçou-se este fenómeno quando os Países começaram a trocar 

matérias-primas e produtos, serviços e até pessoas, como no caso dos

escravos. Este período ficou conhecido como a Mundialização da economia.Com a transferência de capitais e empresas entre Países atingiu-se a fase da

transnacionalização da economia.

Por volta do século XVIII a projecção político-económica ganhou força com a

revolução iniciada pelo Reino Unido, ao utilizar o carvão e o vapor como

energias aplicadas às máquinas de então. Esta fase da história ficou conhecida

por revolução industrial.

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Esta fez com que houvesse grandes mudanças, nomeadamente no

desenvolvimento dos transportes, comunicações e consequentemente na

produtividade.

O passo seguinte neste processo foi o do fornecimento de matérias-primas por 

parte das colónias, aos Países industrializados, fornecedores de produtos

industriais e de capital.

A fim de poderem explorar recursos naturais, empresas Europeias e

americanas estabeleceram-se noutros continentes, nomeadamente em África.

O passo seguinte foi o da aplicação das novas energias, electricidade e

petróleo, que por sua vez desenvolveram a utilização das comunicações e dos

motores a explosão. Foi uma fase de grande crescimento tecnológico e que

originou uma grande concentração de empresas.

Estas empresas passaram a ter necessidade de investir, de recorrer á banca e

esta competitividade ocorreu entre empresas de grandes dimensões, as

chamadas de multinacionais, em busca de um monopólio.

A uma determinada altura os Estados Unidos tinham- se transformado numa

grande potência económica, concorrendo agora com os mercados mais fortes,

como a Europa.

Com o início da primeira guerra Mundial a Europa perde terreno para os

Estados Unidos, que foram os grandes beneficiários dessa situação.

Terminada a guerra os Estados Unidos tinham- se tornado na primeira potência

económica Mundial.

A etapa seguinte, também chamada de terceira revolução industrial, foi a

introdução dos primeiros computadores e o advento da informática, que se

aplicou na ajuda às finanças, produção e investigação científica.

O aparecimento da internet, facilitou o acesso imediato a informações por parte

dos bolsistas que lhes facilitou e facilita a tomada de decisões.

Ao mesmo tempo as empresas começaram a deslocarem-se para outros

países, as multinacionais, que são empresas ou grupo delas juridicamente

ligadas, e cujo a empresa mãe ou sede se mantem no País de origem.

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No final da segunda guerra Mundial houve novamente mais tentativas para

liberalizar o comércio a nível Mundial.

Vários Países procuram regular o comércio internacional e em 1947 foi mesmo

criado um acordo geral sobre comércio e tarifas (GATT), em que tinha por 

objectivo reduzir as barreiras aduaneiras, permitindo deste modo a livre

circulação de mercadorias entre Países.

Mais tarde esta organização é substituída pela (OMC),organização Mundial do

comercio. Existem ainda outras organizações Mundiais e regionais, todas elas

com um objectivo comum, o da livre circulação de mercadorias.

Estas pretendem formas de integração através de uma união aduaneira que

consiste numa zona de livre comércio com terceiros.

O comércio vai-se intensificando entre organizações de Países-membros, um

exemplo é o da União Europeia, que através de regras fazem circular 

livremente os produtos entre os Países membros sem pagar impostos.

Hoje em dia os Estados Unidos, Europa e Japão passaram a partilhar a

hegemonia económica.

Podemos concluir que a sociedade actual caracteriza-se por uma aceleração

das trocas de bens e serviços a nível Mundial e um crescente aumento de

fluxos internacionais de pessoas e de capitais. Na origem desta globalização

estão factores como: o fim da guerra fria, o fim dos regimes comunistas, o

aumento da economia de mercado, globalização democrática, o incremento

de mecanismos internacionais, regimes de governo, entre outros.

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2-Identidade Nacional e Globalização/Regionalismo e

inserção global;

-Alguns problemas éticos/ecológicos colocados pela

Globalização;

-Perspectivas opostas acerca da Globalização.

Cada vez mais se assiste ao aparecimento de entidades político-económicas

transnacionais como é o caso das ONGs, a União Europeia, o Mercosul, o

NAFTA, entre outros.

Estas, pela sua essência, poem em causa a ideologia do nacionalismo ligado a

um território, idioma ou etnia, pois o seu objectivo ultrapassa a esfera nacional.

Por este motivo assiste-se hoje a um choque de interesses entre a soberania

interna das nações e as pretensões das redes transnacionais.É claro que desta forma as grandes potências vêm os seus ideais nacionalistas

ameaçados.

O debate em relação ao tema do que é o nacionalismo ou identidade nacional

advêm de pequenos grupos marginalizados, cujas identidades foram

suprimidas sobre Estados-Nação já estabelecidos.

Uma das principais fontes de identidade cultural é a ligação que o individuo tem

com o meio onde está inserido e focalizado.

Esta identidade cultural define-se por um conjunto de crenças e representações

simbólicas que conferem um significado ao conceito de cidadania.

Como o próprio nome diz, identidade nacional, visa acabar com as diferenças

que existem no interior de uma nação, tentando sempre que a cultura interna

seja a mais homogenia possível.

Ora por aqui se se vê que criar um estado apenas politicamente sem ter em

conta as esferas sociais, económicas, culturais, religiosas e até circunstanciais

é um desastre.

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Por outro lado a globalização pode eliminar barreiras ou fronteiras no

que diz respeito às finanças, mobilidade de pessoas e pelo crescente desafio e

responsabilidade, a relação entre o local e global apela para uma reflexão mais

efectiva sobre a tomada de decisões que são colocadas as comunidades

locais, nomeadamente no que diz respeito á gestão de recursos, á preservação

da sua identidade e á união interna.

Se isto nos parece positivo, por outro lado a globalização também trás riscos

no que diz respeito á preservação da natureza e saúde Humana, através de

agressões á natureza e ao ambiente, que contribui fortemente para o

aquecimento global, esgotando os recursos naturais e levando á extinção de

espécies animais e vegetais.

A globalização nos dias de hoje pode ser dividida em três perspectivas: os

hiperglobalizadores, os cépticos e os transformistas.

Os primeiros defendem que a globalização é inevitável e que marca uma nova

era da Humanidade, implicando a internacionalização dos fluxos de produtos e

o conceito de Estado-Nação, em que os governos nacionais deixam de poder 

controlar as questões globais.

Os cépticos por outro lado acham que se têm dado excessiva importância á

globalização e que esta só se interessa pelos aspectos económicos, pondo de

parte logo aqui os Países menos desenvolvidos.

Também não tem trazido benefícios para uma cultura global, pois apesar de

um enorme fluxo de pessoas, bens e informação, continua a haver uma

fragmentação cultural.

Por ultimo os transformistas consideram que estas mudanças feitas pela

globalização não levam a uma convergência global ou ao nascimento de uma

sociedade global, antes pelo contrario, afirmam que a globalização dá origem a

várias formas de estratificação, e assim sendo, favorece os indivíduos,

comunidades, Países, regiões que se encontram integrados em redes globais

de poder e de prosperidade em detrimento de Países mais pobres e menos

desenvolvidos que ficam á partida excluídos.

Mas apesar de tudo acham que o poder dos estados não é diminuído devido anovas formas de governo, que surgem a nível nacional, regional e global; o

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poder militar e económico dos estados com poder continuam a

desempenhar um papel preponderante.

3 - Dimensão ética no que respeita às desigualdades

económicas, sociais no âmbito da globalização.

- As ambivalências da globalização.

A globalização está a desenvolver-se de forma diferente nas diversas partes do

Mundo.

Já vimos que a globalização trouxe coisas muito benéficas mas também trouxe

coisas bastante negativas em todas as esferas de acção, social, cultural,

ecológico, etc..

De facto ela trouxe, entre outras coisas, o aumento do desemprego, a

precariedade de trabalho e respectivos contratos, uma opressão mais efectiva

aos sindicatos, exclusão social, desequilíbrios ambientais, etc..

Estes aspectos negativos, em relação á globalização, fazem com que as

ameaças á paz Mundial esteja cada vez mais presente.

Aqui o papel de algumas organizações que praticam o cooperativismo é

fundamental, elas fomentam através da solidariedade e incentivos a expansão

da cidadania e capital social; têm também influência no apoio a polos globais elocais, contribuindo assim para o desenvolvimento, integridade e valorização

Humana de maneira sustentável.

A grande riqueza económica está essencialmente concentrada nos Países

desenvolvidos e industrializados, enquanto os Países menos desenvolvidos e

desfavorecidos lutam contra uma pobreza generalizada, seja por motivos de

sobrepopulação, sistemas de saúda e educação deficientes, seja por enormes

dívidas externas.

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O pior é que esta discrepância entre Países desenvolvidos e não

desenvolvidos tem aumentado em grande escala. Para termos uma noção

desta desigualdade damos conta de um relatório de desenvolvimento Humano

de1999 das Nações Unidas, que revela que o rendimento médio da população

Mundial que vive nos Países mais ricos é sete vezes mais que o rendimento

médio de um quinto da população Mundial dos Países pobres, ou ainda, os

bens dos três Homens mais ricos do Mundo ultrapassam a soma dos produtos

internos brutos (PIB) de todos os países menos desenvolvidos.

O desenvolvimento da globalização tem dois polos dissociáveis; se por um lado

esse desenvolvimento nos trás e faz ganhar muitas coisas por outro faz-nos

perder, perdem-se valores como laços na família Humana, solidariedade,

qualidade dos produtos e alimentos que consumimos, qualidade de vida, entre

outros.

Por outro lado traz a melhoria nas áreas de transportes, saúde, novos produtos

e outras facilidades…

Mas fica aqui esta pergunta pertinente: O que é mais importante, aquilo que

ganhamos ou aquilo que perdemos? É necessário uma profunda reflexão sobre

esta questão.

Veja-se o caso de alguns Países em que as pessoas que trabalhavam a terra

foram expulsas ou viram as suas terras expropriadas pela agricultura

mecanizada/industrializada e tiveram que procurar trabalho nos grandes

centros urbanos, sem sucesso, vivem agora na miséria que é um conceito

diferente de pobreza; as pessoas podem ser pobres mas vão trabalhando e

sobrevivendo, mas na miséria as pessoas perdem a sua dignidade, tornam-se

dependentes e quase sempre humilhadas.

Esta temática, juntamente com os acontecimentos recentes devem fazer-nos

reflectir acerca do Mundo que temos e do Mundo que queremos ter.

As ambiguidades dos acontecimentos recentes, como por exemplo o da

organização terrorista “AL-QAEDA” que foi ajudada e favorecida pelos própriosAmericanos, que preferiram apoiar um grupo de radicais fanáticos em

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detrimento do apoio á sociedade civil Afegã, aquando da invasão do

Afeganistão por parte da então União Soviética.

Outro exemplo recente foi o da intervenção militar no Iraque com o intuito de

reduzir o terrorismo, o resultado foi precisamente o contrário. Verificou-se aqui

uma alteração/influência do meio, seja social, político ou religioso.

O pensador Edgar Morin numa palestra em 2007 explanou estes pontos de

vista e aconselha que quando defendemos uma causa ou ideia, devemos

sempre reflectir se em algum determinado momento o sentido e a intenção

daquilo que fizermos vai continuar no caminho desejado ou vai provocar um

efeito contrário

Devemos reflectir acerca das ambiguidades ou ambivalências da globalização

e á que ter em atenção que nos dias que correm e devido a este fenómeno,

existem organizações extremistas e terroristas que têm mais poder e

mobilidade do que instituições como o estado, partidos políticos, empresas

tradicionais ou transnacionais.

4- Ética na competitividade.

A ética em termos gerais está sempre presente em qualquer organização; ela

representa a integração do Homem na sua essência e guia o mesmo numa

melhor gestão dos seus talentos, capacidades e atitudes a ter dentro de uma

organização.

A ética, como um conjunto de valores, crenças e atitudes comportamentais

dentro de uma sociedade, está directamente ligada ao mercado competitivo; ou

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seja, a qualidade das relações interpessoais têm influência fulcral

para as empresas. Logo é correcto afirmar que quanto maior for a distância

entre o comportamento/atitude e a ética maior é o nível de stress, uma vez que

esta implica sempre uma integração com a nossa consciência.

Daí é necessário ter uma grande maturidade, consciência e porque não

coragem, para escolher a opção ética que nos conduzirá a condições de

sucesso

Agir eticamente é ser competitivo no sentido de um compromisso consigo

mesmo, ou seja se usarmos a ética em todas estas situações, ela mostrar-se-á

como uma “bússola” orientadora e ajudando-nos a agir correctamente em todas

as situações. Resultado disso; levar-nos-á a viver muito mais tranquilos, com

menos stress, logo com maior realização pessoal e profissional.

Ora por tudo isto, é fácil de constatar que, a ética é fundamental no que

respeita á nossa postura perante os negócios ou trabalho profissional. Paramelhor entendermos podemos aqui referir alguns dos critérios básicos que a

ética na competitividade deverá respeitar, tais como: Garantia de qualidade

(tem com objectivo garantir padrões de qualidade na fabricação e controle dos

produtos); os fornecedores das empresas deverão ser escolhidos a partir da

qualidade dos seus produtos e serviços; empresa e colaboradores deverão

combater todas as formas de corrupção e verificar que em todos os processos

estejam em conformidade com as leis que combatem as restrições á livreconcorrência; quanto aos colaboradores setes deverão ser sempre respeitados

pela empresa no que diz respeito aos direitos Humanos e às liberdades

individuais. O ambiente de trabalho deverá implicar sempre respeito, harmonia,

dignidade e ausência de discriminação ou coerção; qualquer infracção deverá

ser dada a conhecer ao respectivo comité de ética da empresa. Também o

património da empresa deverá ser respeitado de forma absoluta. A privacidade

deverá ser garantida referente, por exemplo, aos dados pessoais dostrabalhadores. A comunicação externa com o público deverá ser realizada de

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forma transparente e digna de crédito. A confidencialidade é outro

conceito a ter em conta no que respeita aos processos de produção, projectos,

contratos, etc.

A filantropia deverá ser praticada, por exemplo, na doação de bens e serviços

em caso de catástrofes naturais ou pessoas carenciadas, E finalmente no

âmbito da biosfera e atmosfera as empresas deverão proteger o meio

ambiente, cumprindo todas as leis e tendo em conta a consciência moral.

5 - A construção de uma cidadania Mundial inclusiva;

- Ética para a igualdade/inclusão;

- A importância de plataformas de convergência e

desenvolvimento com

vista a uma integração económica.

Falar de uma cidadania Mundial inclusiva implica dissecar um pouco a nova lei

da Nacionalidade, que foi aprovada recentemente na assembleia da República

sem qualquer voto contra.

Todos ficaram conscientes e esperançados que com esta nova lei a legalização

dos imigrantes tornar-se-á mais célere e diminuirá os procedimentos

administrativos a que estavam sujeitos.

Portugal, deu assim um passo importante quanto a um posicionamento

intercultural, contrariamente a outros Países Europeus que ainda apostam

numa mentalidade anti-imigração.

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Esta nova política por parte de Portugal em relação a este aspecto,

permite melhores condições de acolhimento aos imigrantes.

Em relação aos descendentes de imigrantes que nasceram em Portugal,

abrem-se várias opções de acesso á nacionalidade; de forma imediata para os

descendentes de terceira geração; por efeito de vontade para a segunda

geração com pelo menos um dos progenitores com cinco anos de residência 

legal no nosso País; para as crianças nascidas em Portugal e que completem o

primeiro ciclo básico (qualquer que seja o estatuto legal dos pais); ainda se

pode pedir a naturalização de um dos progenitores que complete cinco anos de

residência legal; também os prazos para pedido de naturalização aumentaram

e deixa de se ter em conta a condição financeira, entre outras.

Todas estas medidas por parte da política Portuguesa contribuíram para uma

maior abertura á cidadania inclusiva.

Mas por outro lado, Portugal impôs e espera destes novos cidadãos deveres,

para além dos direitos já adquiridos; assim como o respeito pelo nosso

património, cultural, linguístico e civilizacional.

Num ponto acho que todos concordamos, com esta multiculturalidade, Portugal

torna-se uma nação mais rica e diversificada e que coloca as pessoas numa

posição de experimentarem uma série de mudanças.

Quando se fala em integração económica esta deverá ter sempre em conta a

não discriminação entre Países que dela participam ou não.

Um dos exemplos é o “GATT” de que já falamos e que se traduz num acordo

que visa a diminuição de barreiras alfandegárias, facilitando deste modo a livre

circulação de produtos.

Há a referir que este acordo, que deveria ser planetário, não abrange todos os

Países, uma vez que alguns ainda não participam deste acordo.

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A integração económica internacional pode definir-se em vários

aspectos, tais como a existência de zonas de comércio livre; possibilidade de

cada País definir a sua política económica face a outros Países, unificação das

barreiras alfandegárias, como já foi referido; a existência de uma política

comercial externa, o mercado comum, que possibilita a circulação de mão-de-

obra; a união económica onde existe a cooperação das políticas mais

importantes, a união monetária, entre outras.

Todos estes exemplos expostos fazem parte do caso recente e no qual

estamos inseridos actualmente que é a União Europeia, que associa a união

não só económica mas também monetária, como é o caso da moeda única.

Um dos aspectos positivos de uma integração económica é a existência de

acordos supranacionais que trazem mais-valias aos Países membros.

Mas, como já vimos ao longo deste trabalho, o conceito de integração

económica internacional trás ambiguidades e muitas injustiças, ao excluir ápartida os Países mais pobres e menos desenvolvidos e até os Países não

participantes, criando desta forma enormes desequilíbrios económicos e

sociais.

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