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Princípios Bíblicos para Interpretar a Bíblia Ilustrados em Gênesis 1-2 Richard M. Davidson Andrews University Theological Seminary UNASP 8 o Encontro Nacional de Criacionistas, SP, Brasil 22 de Janeiro de 2016

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Princípios Bíblicos para Interpretar a

Bíblia Ilustrados em Gênesis 1-2

Richard M. Davidson

Andrews University Theological Seminary

UNASP

8o Encontro Nacional de Criacionistas, SP, Brasil

22 de Janeiro de 2016

Princípios Bíblicos para Interpretar a

Bíblia

Definição de “Hermenêutica bíblica” - a

ciência/arte de interpretação bíblica;

princípios e métodos para interpretar a

Bíblia.

Teorias e Métodos Hermenêuticos do

Passado e Atuais

1. Peshat Rabínico (regras de Hillel)

2. Pós 70 CE sod Rabínico e regras Midrash

(13 regras do Rabino Ishmael)

3. Qumran raz pesher

4. Alegoria Platônica/Filônica/Alexandrina

5. Teoria Antiochene histórica/tipológica

6. Quadriga Medieval (sentido quádruplo)

Teorias e Métodos Hermenêuticos do

Passado e Atuais

7. Método histórico-gramatical

8. (Evangélicos reformadores &

conservadores)

9. Método histórico-crítico, incluindo:

10. História das religiões (estudo comparativo)

11. Criticismo literário (fonte)

12. Criticismo da forma (Formgeschichte)

13. Criticismo da tradição (Traditionsgeschichte)

Teorias e Métodos Hermenêuticos do

Passado e Atuais

13. Criticismo da redação

(Redaktionsgeschichte)

14. Criticismo do cânon (Childs, Sanders)

15. Hermenêutica do entendimento subjetivo

(Schleiermacher)

16. Neo-ortodoxia (Barth e Brunner)

17. Existencialismo (Heidegger e Bultmann)

18. Teoria metacrítica hermenêutica (Gadamer e

Pannenberg)

19. Teologia da libertação

20. Interpretação mujerista

21. Interpretação feminista

22. Interpretação womanista

23. Interpretação pós-colonial

24. Criticismo ideológico

Teorias e Métodos Hermenêuticos do

Passado e Atuais

Teorias e Métodos Hermenêuticos do

Passado e Atuais

25. Novas abordagens crítico-literárias:

26. Criticismo retórico (Muilenberg, Trible)

27. Novo criticismo literário

28. Interpretação total (Meir Weiss)

29. Estruturalismo (Levi-Strauss)

30. Semiótica

31. Criticismo narrativo (Alter)

Teorias e Métodos Hermenêuticos do

Passado e Atuais

32. Análise de discurso (linguística de texto)

33. Intertextualidade

34. Criticismo da resposta do leitor

(McKnight)

35. Desconstrucionismo (Derrida)

36. Interpretação asiática

37. Interpretação asiático americana

38. Interpretação africana

Teorias e Métodos Hermenêuticos do

Passado e Atuais

39. Interpretação afrocêntrica

40. Teologia pós-holocausto

41. Interpretação bíblica mística

42. Folclore na interpretação bíblica

43. Hermenêutica cultural

44. Interpretação teológica

45. Interpretação social-científica

Teorias e Métodos Hermenêuticos do

Passado e Atuais

46. Estudos de gênero

47. Teoria queer

48. Interpretação gay

49. Interpretação lésbica

50. Interpretação latino/latina

Como devemos proceder?

• Sem uma revelação divina específica lidando

com hermenêutica, estaremos perdidos no

labirinto.

• Se a Bíblia provê outras doutrinas bíblicas, por

que não também a doutrina da Bíblica e sua

interpretação?

• A Bíblia nos chama à conversão, não apenas à

Jesus e à doutrina, mas aos pressupostos e

procedimentos da hermenêutica bíblica.

Um “Decálogo” Hermenêutico

• Assim como o Decálogo em Êxodo 20 tem

quatro mandamentos relacionados à

dimensão vertical e seis mandamentos

relacionados à horizontal, há também quatro

pressupostos fundamentais em

hermenêutica bíblica, envolvendo a relação

divino-humana, e seis diretrizes específicas

ou procedimentos no nível horizontal para

interpretar passagens individuais.

Um “Decálogo” Hermenêutico

• Nesta apresentação vou tratar primeiro dos

quatro pressupostos fundamentais em

hermenêutica bíblica, envolvendo a relação

divino-humana.

• Depois vou examinar as seis diretrizes ou

procedimentos no nível horizontal para

interpretar passagens individuais.

Um “Decálogo” Hermenêutico

QUATRO PRESSUPOSTOS

FUNDACIONAIS OU PRINCÍPIOS

Pressupostos para Interpretação

BíblicaI. Só pelas Escrituras

(Sola Scriptura)

Somente a Bíblia é a norma normans, “norma

normativa” de verdade e fonte absoluta de

autoridade, a corte de apelação sobre todas

outras autoridades, em todas as áreas de

doutrina e prática.

Isa. 8:20: “À lei [torah] e ao testemunho

[te‘udah]: se não falarem de acordo com esta

palavra, é porque não há luz neles.”

Pressupostos para Interpretação

Bíblica

• A Bíblia rejeita todas as outras fontes de

autoridade como o árbitro absoluto da verdade:

1. tradição (Mat. 15:6: “E assim invalidastes,

pela vossa tradição, o mandamento de Deus”); cf

Col. 2:8

2. filosofia humana (Col. 2:8: “Tende cuidado

para que ninguém vos faça presa sua, por meio de

filosofias e vãs sutilezas, segundo a tradição dos

homens.”)

Pressupostos para Interpretação

Bíblica

• A Bíblia rejeita todas as outras fontes de autoridade

como o árbitro absoluto da verdade:

3. faculdades mentais e emocionais humanas

• Prov. 14:12: “Há caminho que ao homem parece

direito, mas o fim dele são caminhos da morte.”

• Mesmo antes da queda: Eva confiou em sua razão e

emoções acima da Palavra de Deus (Gên. 3)

Pressupostos para Interpretação

Bíblica• A Bíblia rejeita todas as outras fontes de

autoridade como o árbitro absoluto da

verdade:

4. ciência (I Tim. 6:20: “evitando os

falatórios profanos e vãos e as contradições

do que é falsamente chamado

conhecimento/ciência [gnosis]”)

• Não a Bíblia e Ciência, mas sola Scriptura

como a “norma normativa.”

Pressupostos para Interpretação

Bíblica• Exemplos de evangélicos colocando a

Bíblia e a ciência como autoridades iguais

de verdade:

• O resultado final é quase sempre a

difamação da autoridade bíblica nas áreas

onde ela toca em tópicos relacionados à

ciência.

Pressupostos para Interpretação

Bíblica• Karl Giberson e Francis Collins: “não cremos que

Deus proveria duas revelações contraditórias. A

revelação de Deus na natureza, estudada pela

ciência, deveria concordar com a revelação de

Deus na Bíblia, estudada pela teologia. Como a

revelação da ciência é tão clara sobre a idade da

Terra, cremos que deveríamos pensar duas vezes

antes de aderir a uma abordagem da Bíblia que

contradiz essa revelação.” (The Language of Science and

Faith: Straight Answers to Genuine Questions , 69–70.)

Pressupostos para Interpretação

Bíblica

• Richard Carlson e Tremper Longman III: “Nós

cremos que a ciência contemporânea aborda

questões sobre como processos físicos e biológicos

começaram e continuam a se desenvolver,

enquanto a teologia e a filosofia respondem o

porquê dessas mesmas questões.” (Science,

Creation and the Bible: Reconciling Rival

Theories of Origins, 13.

• Mas onde em Gên. 1-2 há uma separação entre o

como/quando e o porquê?

Pressupostos para Interpretação

Bíblica

• Sola Scriptura vai além de prima Scriptura.

• A Bíblia não é meramente a fonte primária,

mas a autoridade fundamental única

absoluta.

• A Igreja Católica Romana afirma prima

Scriptura, mas a igreja com a sua tradição

reclama o direito de interpretar a Bíblia de

forma autoritária.

Pressupostos para Interpretação

Bíblica• Corolário de sola Scriptura: Suficiência

das Escrituras.

• A Bíblia provê a estrutura, a perspectiva

divina, os princípios fundamentais, para

cada ramo do conhecimento e experiência

(II Tim. 3:16–17; Sal. 119:105; Prov. 30:5,

6; Isa. 8:20; João 17:17; Atos 17:11; II

Tess. 3:14; Heb. 4:12).

Pressupostos para Interpretação

Bíblica• “Mas Deus terá sobre a Terra um povo que mantenha a

Bíblia, e a Bíblia só, como norma de todas as doutrinas e

base de todas as reformas. As opiniões de homens

ilustrados, as deduções da ciência, os credos ou decisões

dos concílio eclesiásticos, tão numerosos e discordantes

como são as igrejas que representam, a voz da maioria —

nenhuma destas coisas nem todas em conjunto, deveriam

considerar-se como prova em favor ou contra qualquer

ponto de fé religiosa. Antes de aceitar qualquer doutrina ou

preceito, devemos pedir em seu apoio um claro - ‘Assim

diz o SENHOR’.” GC 595

Pressupostos para Interpretação

BíblicaII. A Totalidade das Escrituras (tota

Scriptura)

• Martinho Lutero manteve sola Scriptura,

mas não aceitou inteiramente tota

Scriptura.

• II Tim. 3:16-17: “Toda Escritura é

divinamente inspirada e proveitosa. . .”

• Incluídos tanto o VT como o NT.

Pressupostos para Interpretação

BíblicaII. A Totalidade da Escritura (tota Scriptura)

Exemplo: Criação

• Alguns lamentam que tão pouco é escrito

sobre a criação: apenas dois curtos capítulos

(Gên. 1-2).

• Esses dois capítulos são profundos, sem uma

palavra desperdiçada. Formam o fundamento

interpretativo do resto da Bíblia.

Pressupostos para Interpretação

BíblicaMas a Bíblia é cheia com dados re. criação:

• Gên. 1 - Deus é Elohim; o transcendente

• Gên. 2 - Deus é também Yahweh; pessoal,

bondoso, imanente autor de Concertos.

• Salmo 104 - Deus se reveste de luz como um

vestido (v. 2); forma os continentes ao elevar

montanhas (vv. 6-8).

• Jó 38:7; Prov. 8:30-31 - tema de alegria!

• Apoc. 14:6-7 - adoração do criador como teste da

verdade.

Pressupostos para Interpretação

Bíblica

Tota Scriptura (continuação): dois corolários:

A. União Inseparável do Divino e do Humano

– II Tim. 3:16: Toda Escritura é “soprada por Deus”

– II Ped. 1:19-21: “A profecia nunca tem sua origem

na vontade humana, mas seres humanos falaram

levados pelo Espírito Santo.”

– Os elementos divino e humano estão

inextricavelmente ligados, como na natureza

divina-humana da Palavra Encarnada (Heb. 4:12;

Apoc. 19:13)

Pressupostos para Interpretação

BíblicaTota Scriptura (continuação): dois corolários:

A. União Inseparável do Divino e do Humano

“Mas a Bíblia, com suas verdades dadas por Deus

expressas em linguagem de homens, apresenta

uma união do divino e o humano. Tal união

existiu na natureza de Cristo, que era o Filho de

Deus e o Filho do homem. Portanto é verdade da

Bíblia, como foi verdade de Cristo, que ‘o Verbo

se fez carne e habitou entre nós.’ João 1:14.” GC

vi

Pressupostos para Interpretação

BíblicaTota Scriptura (continuação)

A. União Inseparável do Divino e do

Humano

• Exemplo: Não se pode separar o quando e

como (questões científicas) de Gênesis do

porquê (teologia); tudo é um pacote

integrado. Teologia e história são

inseparáveis na Bíblia.

Pressupostos para Interpretação

Bíblica

Tota Scriptura (continuação):

B. A Bíblia é, não Apenas Contém, a Palavra de

Deus

• VT: 1600 ocorrências de termos “assim diz o

Senhor,” “pronunciamento do Senhor,” “Deus

disse,” e “a palavra do Senhor”

• NT iguala “Está escrito” com “Deus diz” (Heb.

1:5 -13, sete vezes)

• Cf. Mat. 4:4; I Cor. 2:13; I Tess. 2:13

Pressupostos para Interpretação

BíblicaTota Scriptura (continuação):

B. A Bíblia é, não Apenas Contém, a

Palavra de Deus

• Gen. 1-2: é a semana de seis dias apenas a

“casca” a ser tirada para chegar ao “real”

problema – que Deus é o Criador? Não!

Pressupostos para Interpretação

BíblicaIII. A Analogia (Harmonia) da Bíblia

(analogia Scripturae)

Desde que toda Escritura é inspirada pelo

mesmo Espírito e toda ela é a Palavra de

Deus, portanto há unidade fundamental e

harmonia entre suas várias partes.

Pressupostos para Interpretação

Bíblica• Três corolários:

A. “A Bíblia é seu Próprio Intérprete”

(Scriptura sui ipsius interpres) - Lk 24:44-5,

27; I Cor. 2:13: “comparando coisas

espirituais com espirituais”)

Exemplo: Qual foi a fonte de luz nos dias 1-3?

Compare Gên. 1:3 com Salmo 104:1-2

Pressupostos para Interpretação

Bíblica• Três corolários:

A. “A Bíblia é seu Próprio Intérprete” “A

Bíblia é seu próprio expositor. Uma

passagem provará ser uma chave que irá

desvendar outras passagens e, dessa forma,

a luz será lançada sobre o significado

escondido da palavra.” FE 187

Pressupostos para Interpretação

Bíblica• Segundo corolário:

B. A Consistência da Bíblia (João 10:35:

“a Escritura não pode ser quebrada”)

• “Mas eu vi que a palavra de Deus, como um

todo, é uma cadeia perfeita, uma porção

ligando-se a outra e explicando uma outra.”

EW 221

Pressupostos para Interpretação

Bíblica• Segundo corolário:

B. A Consistência da Bíblia (João 10:35:

“a Escritura não pode ser quebrada”)

• Exemplo: Gên. 1 e 2 não estão em contradição

um com o outro. Gên. 2 descreve em detalhes a

atividade criativa de Deus no sexto dia. Mais-que-

perfeito “tinha formado” para animais de Gên.

2:19 que Adão nomeou.

Pressupostos para Interpretação

BíblicaTerceiro corolário:

C. A Clareza da Bíblia (Lucas 10:26; Mat.

12:3; João 16:25, 29)

• Um texto deve ser tomado em seu sentido simples

e literal a menos que esteja sendo usada uma

figura de linguagem.

• Gên. 1-2 tem todos os sinais de prosa histórica.

Considerar o texto como algo diferente de uma

semana literal de 7 dias é violenta-lo.

Pressupostos para Interpretação

BíblicaC. A Clareza da Bíblia (continuação)

• A revelação posterior ilumina, clarifica ou

amplifica (não contradiz) verdades

anteriormente apresentadas.

• Passagens claras interpretam as menos

claras.

• Entendimento espiral à medida que uma

passagem ilumina outra.

Pressupostos para Interpretação

BíblicaC. A Clareza da Bíblia (continuação)

• Exemplo: Gên. 1 sugere uma pluralidade da

Divindade envolvida na semana da criação

(“Espírito” no v. 2; “Façamos” no v. 26), mas

passagens posteriores tornam isso mais explícito

(Prov. 8:22-31; João 1:1-3; Col. 1:16-18).

Pressupostos para Interpretação

Bíblica

IV. “Coisas espirituais são

espiritualmente discernidas” (Spiritalia

spiritaliter examinater): I Cor 2:11, 14

1. É necessário o Espírito Santo para

iluminar a mente do intérprete (João 6:45;

16:13).

2. É necessário o Espírito Santo para

transformar o coração do intérprete (João

7:17).

Pressupostos para Interpretação

Bíblica

IV. “Coisas espirituais são

espiritualmente discernidas” (continuação)

• “Sem a guia do Espírito Santo, estaremos

continuamente sujeitos a torcer as

Escrituras ou a interpretá-las mal.” 5T 704

Pressupostos para Interpretação

Bíblica

IV. “Coisas espirituais são espiritualmente

discernidas” (continuação)

• Peça o Espírito de Deus para ajuda-lo a

entender Sua Palavra em relação às origens.

Ele prometeu seu Espírito para “nos guiar

em toda a verdade.” (João 16:13)

Um “Decálogo” Hermenêutico - Parte II

Diretrizes Práticas e Procedimentos

para Interpretar Passagens Bíblicas

Diretrizes e Procedimentos para

Interpretar a Bíblia

V. Texto e Tradução

A Bíblia sublinha a necessidade de preservar as

palavras das Escrituras Sagradas (por

exemplo, Deut. 4:2; 12:32; Apoc. 22:18-19).

Princípios de estudo textual emergem das

próprias Escrituras (critério interno; a leitura

original irá explicar as outras leituras e estará

em harmonia com o resto da Bíblia).

Diretrizes e Procedimentos para

Interpretar a BíbliaV. Texto e Tradução (continuação)

A Bíblia mostra a necessidade da fiel tradução

das suas palavras numa linguagem alvo

(Neemias 8:8 - Esdras e Neemias leram da

Bíblia Hebraica e traduziram para o

Aramaico; Mat. 1:23 - “Emanuel”: Deus

conosco; Mar. 5:41; 15:22, 34; João 1:42;

Atos 9:36; Heb. 7:2 “Salem” = paz).

Diretrizes e Procedimentos para

Interpretar a BíbliaV. Texto e Tradução (continuação)

Precedente bíblico para os principais tipos de

tradução: formal “palavra por palavra;”

dinâmica “significado por significado”;

paráfrase interpretativa; fiel à forma e conteúdo.

Use uma variedade de traduções, favorecendo as

versões formais “palavra por palavra” para

estudos sérios - se as línguas originais forem

inacessíveis.

Diretrizes e Procedimentos para

Interpretar a BíbliaV. Texto e Tradução (continuação)

Aplicação a questões de origens:

Gên 5 e 11: “cronogenealogias”

• Várias versões textuais diferentes dos dados

cronológicos nestes dois capítulos: MT

(texto hebraico), LXX (tradução grega) e

Pentateuco Samaritano

Diretrizes e Procedimentos para

Interpretar a Bíblia• O consenso dos estudiosos é que o MT

preservou os números originais em sua mais

pura forma, enquanto as versões LXX e

samaritana intencionalmente

esquematizaram os números por razões

teológicas.

• Mas a despeito de que texto é escolhido, a

diferença é de apenas cerca de mil anos.

• Ainda uma criação recente!

Diretrizes e Procedimentos para

Interpretar a BíbliaVI. Contexto Histórico

• Todas as pessoas, eventos e instituições do

VT e NT são apresentados como história

direta.

• Argumentos tipológicos e teológicos dos

escritores do NT dependem da historicidade

de realidades históricas (Mat. 12; 22:41-46;

Atos 2:25-35).

Diretrizes e Procedimentos para

Interpretar a Bíblia

Escritores do VT e NT aceitam a declaração

de textos bíblicos concernentes ao autor,

data e contexto de vida do livro que estão

citando (Atos 2:25-35 [Davi]; Rom. 4:1-

12).

Por preceito e exemplo, a Bíblia sublinha a

importância de estudar o pano de fundo

histórico do material bíblico, aceitando sua

historicidade.

Diretrizes e Procedimentos para

Interpretar a BíbliaAplicação a questões das origens:

• Toledoth “gerações, história” (Gen. 2:4)

– Termo genealógico; preocupado com uma

narrativa precisa de tempo e história

– 13x no livro de Gênesis: este termo estrutura

todo o livro.

– Gen. 1-2 deve ser considerado tão histórico

como o resto do Gênesis.

Diretrizes e Procedimentos para

Interpretar a Bíblia

VII. Contexto Literário e Análise

• A Bíblia não é apenas um livro de história,

mas uma obra de arte literária.

• Limites de passagem: os escritores bíblicos

mostram consciência dos limites de passagem,

marcadores e unidades discretas da Bíblia

(Salmo 119 [acróstico a cada 8 versos]; Lucas

20:37 [a passagem “da sarça” = Êxodo 3:1-6]).

Diretrizes e Procedimentos para

Interpretar a BíbliaGêneros Literários:• “prosa de narrativa histórica” (toledoth, 13x em Gên.)

• leis (Êxodo 21:1)

• estabelecimento e renovação de concertos ( Deut. 29:1,

14, 15)

• enigmas (Juízes 14:10–18)

• crônicas da corte (I Reis 9:1)

• salmos (com várias subdivisões de tipos de salmos,

indicados no cabeçalho) ou cânticos (Cantares 1:1)

• provérbios (por exemplo, Prov. 1:1; 10:1; 25:1)

Diretrizes e Procedimentos para

Interpretar a BíbliaGêneros Literários (continuação): • oráculos proféticos (Naum 1:1)

• visões (Dan 8:1, 2)

• ação judicial de aliança (hebraico rîb, por exemplo, Miq.

6:1)

• lamentação (hebraico qînāh, Lamentações)

• evangelhos (por exemplo, Marcos 1:1)

• parábolas (por exemplo, Marcos 4:2)

• “figuras” (grego paraoimia; João 10:6; 16:25)

• epístolas (por exemplo, Rom. 16:22)

• apocalíptico (o apokalypsis de João; Apoc. 1:1).

Diretrizes e Procedimentos para

Interpretar a Bíblia• Análise poética

• Análise narrativa

• Análise do discurso

Diretrizes e Procedimentos para

Interpretar a Bíblia• Estruturas Literárias:

– Quiástica (paralelismo reverso) - Levítico

(estrutura de escalada).

– Escrita de painel (paralelismo em bloco) -

Josué, Jonas.

– A forma intensifica e destaca o significado.

Paralelismo em Bloco em Gênesis 1“No princípio” (1:1)

Tohu (“sem forma,” 1:2 )

1:3-13: Formando

1. Luz

2. Céus e águas

separados

3. Terra seca e

vegetação

7. Sábado:

Bohu (“vazia,” 1:2)

1:14-31: Preenchendo

4. Luminares

5. Habitantes do céu e

águas

6. Habitantes da terra -

animais e humanos

Palácio no Tempo!

Diretrizes e Procedimentos para

Interpretar a Bíblia

VIII. Análise Verso por Verso: Gramática,

Sintaxe, Estudo de Palavra)

• Gramática: Gên. 5 e 11: A palavra

hebraica para “gerou” (yalad) está na

forma gramatical causativa, indicando

descendentes físicos diretos, não apenas

um diagrama de linha genealógica geral

(como em muitas outras genealogias

bíblicas).

Diretrizes e Procedimentos para

Interpretar a Bíblia

VIII. Análise Verso por Verso

• Sintaxe (relacionamento de palavras na

sentença):

• Gên. 1: “um [primeiro] dia, segundo dia,”

etc.

– A palavra para “dia”, ao fim de cada dia de

trabalho, está ligada com um adjetivo numérico.

– Em outras partes no VT (359x) sempre = dia

literal.

Diretrizes e Procedimentos para

Interpretar a Bíblia

VIII. Análise Verso por Verso

• Estudo de Palavra:

• Raqia‘ (“firmamento”) (9x in Gen. 1)

– Não se refere a um domo metálico sólido, como

muitos estudiosos dizem.

– Tradução equivocada de uma palavra acadiana

na narrativa paralela de criação ANE Enuma

elish.

– Significa “expansão” ou “céu” em Gên. 1.

Diretrizes e Procedimentos para

Interpretar a Bíblia

Ver Randy Younker e Richard Davidson, “The Myth

of the Solid Heavenly Dome: Another Look at the

Hebrew raqia‘,” Andrews University Seminary

Studies 49, no 1 (Spring 2011): 125–147. (Também

no volume inédito sobre Criação no Velho

Testamento (FSC)).

Diretrizes e Procedimentos para

Interpretar a Bíblia

• Nem todas as questões de gramática e sintaxe

foram completamente decididas em relação às

origens:

• Por exemplo: “céus e terra” em Gên. 1:1

– Isto se refere ao universo todo (como um

merism), ou a esta terra e suas esferas celestiais

imediatas?

– Há evidência apontando ambos os modos.

– Devemos ser caridosos com as visões diferentes

quando a evidência é, de certo modo, ambígua.

Diretrizes e Procedimentos para

Interpretar a Bíblia

– Não devemos tentar forçar a questão, forçar

outros a crerem de nosso modo.

– Essa não é uma questão que afeta a semana de

criação literal.

– Não devemos fazer disso um teste de filiação.

– Talvez a clareza virá e vai haver um consenso,

mas ainda não é o tempo.

Diretrizes e Procedimentos para

Interpretar a Bíblia

IX. Contexto Teológico e Análise

• Uma rica teologia da criação no Velho e

Novo Testamentos• Ver: The Genesis Account of Origins and Its

Reverberations in the Old Testament, ed. Gerald Klingbeil

(Berrien Springs, MI: Andrews University Press, 2015)

Diretrizes e Procedimentos para

Interpretar a Bíblia

IX. O “Grande Tema Central” da Bíblia

• Resumido na introdução/conclusão da Bíblia

(Gên. 1-3; Jó; Apoc. 20-22):

• Inclui o tema central multifacetado: (1) criação,

(2) caráter de Deus, (3) Grande Conflito, (4) plano

de redenção centrado em Cristo, (5) Sua expiação

substitutiva, (6) o fim último do mal e recriação da

terra e (7) o lugar do santuário.

Diretrizes e Procedimentos para

Interpretar a Bíblia

O “Grande Tema Central” da Bíblia

• Ver Richard M. Davidson, “Volviendo a los

orígenes: Gén 1–3 y el centro teológico de las

Escrituras.” In Volviendo a los orígenes:

Entendiendo el Pentateuco. Ed. Alomía Merling,

Segundo Correa, Víctor Choroco, y Edgar Horna,

3–12. Ñaña, Lima: Universidad Peruana Unión-

Ediciones Theologika, 2006.

Diretrizes e Procedimentos para

Interpretar a Bíblia

O Significado mais Profundo da Bíblia

• Profecia

• Tipologia

• Simbolismo

• Parábolas

A Bíblia provê as chaves hermenêuticas para

abrir esses significados mais profundos.

Diretrizes e Procedimentos para

Interpretar a Bíblia

O Significado mais Profundo da Bíblia:

Tipologia

• A tipologia do Dilúvio NT assume e

depende da extensão global do Dilúvio

• Assim como houve um dilúvio global no

tempo de Noé, assim também haverá um

julgamento global pelo fogo no final dos

tempos (II Ped. 3:6, 7).

Diretrizes e Procedimentos para

Interpretar a Bíblia

X. Aplicação Contemporânea

• A aplicação contemporânea surge naturalmente

do significado teológico.

• (Licença NÃO homilética com o texto!)

• A Bíblia foi escrita para uma cultura específica,

mas sua mensagem é transcultural.

• A Bíblia é transtemporal/transcultural a menos

que ela própria indique o contrário.

Diretrizes e Procedimentos para

Interpretar a Bíblia

X. Aplicação Contemporânea

• Hermenêutica da Criação-Queda-Redenção (Recriação)

dos Adventistas do Sétimo Dia

– A narrativa da Criação (Gen. 1-2) estabelece o ideal

divino definido por Deus no princípio.

– O pecado trouxe uma ruptura no plano original de

Deus.

– O alvo final é um retorno ao ideal edênico divino:

Sábado, dieta, igualdade e dignidade humana, cuidado

com a criação, etc.

Conclusão

• No espírito dos Reformadores, e em

harmonia com a posição oficial da Igreja

Adventista do Sétimo Dia, convido vocês a

procurar basear todos nossos pressupostos e

princípios de interpretação, nossa fé e

prática, incluindo as questões das origens,

na absoluta autoridade da Palavra infalível

de Deus.

Recursos para mais estudos

• Richard M. Davidson, “Interpreting Scripture: An

Hermeneutical Decalogue,” JATS 4, no. 2 (1993):

95-114.

• Idem, “Biblical Interpretation,” in Handbook of Seventh-

day Adventist Theology, ed. Raoul Dederen (Hagerstown,

MD: Review and Herald, 2000), 58–104.

• Website: www.andrews.edu/~davidson.